OS$8 'DS3 •'• VH1NID i o'Í PLANTA

D O REAL PALÁCIO DE CINTR

8 — Sala de D. Sebastião, do Con- 21 — Sala das Colunas ou selho ou da Audiência de Alonso V 9 » das Pegas 22 —Terreiro de Meca 10 » de Jantar ou dos Leões 23 — Passagem para a Sala dos 11 » das Sereias, da Galé Brasões AÃ e BB—Corpo manoelino (Apo- ou Camará do Ouro 25 —Prisão de Afonso VI sentos de Maria Pia e D. Luís) 12 Casa de trinchar 29 —Pátio da Carranca 1 — Porta principal 13 Sala da Coroa 30— Sala dos Árabes 2 —Pátio d'entrada 14 Passagem 31 — Pátio do Esguicho ou Central 3 —Escuda exterior 15 Pátio de Diana 32 — Tanque dos cisnes 4 —Sala d'entrada 16 » do LeSo 36 — Coro da capela 5— » dos archeiros 17 Sala das Galés 37 — Capela 6— » dos reposteiros e do 18 Terraço 38 — Sacristia porteiro da cana 19 Jardim de Lindarala 39 —Tribuna Real 7 — » dos cisnes 20 Pátio dos Tanqulnhos 41 — Cosínhas BRASÃO DE CINTRA MONUMENTOS DE

Coleção de Vulgarlsação Artisticó-Monumental sob o alto patrocínio da ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES E DO CONSELHO NACIONAL DE TURISMO

OBRA LOUVADA PELO MINISTÉRIO DA INSTRUÇÃO

N.°7 NUNO CATHARINO CARDOSO

Premiado com a Medalha de Ouro na Exposição Internacional do Rio de Janeiro (1922) e Oficial da Ordem Militar de S. Tiago da Espada

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Noticia Historicó-Arqueológica e Artística do Paço da Vila, do Palácio da Pena e do Castelo dos Mouros

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Fotografias de Alvão & Ca Capa de Amoroso Lopes Desenhos e tarjas de Manoel Abella y Fernandez Reproduções de O Paço de Cintra, do Conde de Sabugosa

1930 Litografia Nacional—Edições PORTO CINTRA

ENCANTADORA e bela Vila de Cintra, «retiro sau- dosissimo onde se esquecem máguas», no dizer feliz e inspirado de Qarrett, «Éden Glorioso», que Byron enalteceu no Child Harold e Luisa Sigea, dama ilustre da famosa corte da Infanta D. Maria, também memorou num poema latino, oferecido ao Papa Paulo III, e que é, segundo afirma Gil Vicente, um verdadeiro Jardim do Paraíso Terreal Que Salomão mandou A um rei de Portugal, dista apenas vinte e oito quilómetros de Lisboa, percurso que, realisado em comboio, pôde ser feito em meia hora. Justamente considerada por nacionais e por estrangeiros como uma das mais aprasiveis regiões do mundo, Cintra é, incon- testavelmente, quer de verão, quer de inverno, sempre linda. Povoação muito antiga, a Vila de Cintra foi conquistada MINISTÉRIO OA JUSTIÇA E NI6QWS DEPARTAMENTO DE IMPRENSA definitivamente aos mouros em 1147, por D. Afonso Henriques, e BIBLIOTECA teria sido habitada, primitivamente, por túrdulos e gregos, a dar crédito a informações cuja fonte não me parece bastante autorizada. NUMERO PATA Na Geografia Nubiense, escrita pelo Xerife Eldrisi, dedi- *; cada a Rogério Rei da Sicília, que viveu em 1090, ha referencias de Cintra, ao contrário do que afirmam alguns autores, deve ter a esta localidade a que então se chamava Sentra ou Chentra ('). sido efectuada depois da tomada de Lisboa aos mouros, também em 1147. o No tempo dos romanos fazia parte dos Campos Olisiponenses e usufrúia, por essa razão, segundo assevera Plínio, os direitos de município romano, de que igualmente gosavam os habitantes f 8 J -^ -f-z. 4— de Lisboa, única cidade da Lusitânia que tinha tal privilégio. Da dominação romana e goda ficaram bem poucos vestí- gios em Cintra e seus arredores. Nas faldas da serra de Cintra houve, segundo consta, um templo dedicado ao Sol e á Lua, cuja inscrição resava assim :

Soll et Lunse -f -f f Cosclus Acedlus Perenis Leg. Aug. Pró. Prov. Lusit f -p An. XXXVIII. O primeiro foral de Cintra data de 9 de Janeiro de 1154, Siglas do Paço de Cintra o qual foi confirmado em 1189 por D. Sancho I, o povoador, e Conquistada aos mouros em 1093, por Afonso IV de Castela, Cintra reformado por D. Manuel I, em 1514. cahiu de novo em poder destes, até que, em 1109, a retomou o Na Camará Municipal de Cintra, que é de estilo neó-manue- Conde D. Henrique de Borgonha. lino, existe uma cópia iluminada deste foral, cujo original foi escri- Da rebelião dos mouros contra a soberania do Conde pto em pergaminho. D. Henrique fala, nestes termos, a História dos Godos: Em 1472 foi concedido aos «Et paulo post primo sequente circiter anno cum Cintra oficiais e homens «boons» da Vila defecisset, audita morte regis Alfonsi, recuperata est a comité de Cascais o traslado do referido Henrico regis género et patri Alfonsi primi regis Portugalia:». foral, o qual pagou oitenta reis e Mandada reedificar por D. Afonso Henriques, a conquista foi feito por «Rui lopes». Azulejos do Paço de Cintra A Vila de Cintra compreendia, então, apenas trinta casais, (i) Vide Vestígios da língua arábica em Portugal, por Frei João de sendo os seus limites, como é natural, diferentes dos de hoje. Sousa, citado por Juronrenha na Cintra pinturesca e por António A. R. da Cunha, na nova edição do referido livro. Estes iam de Almosquer até á serra e por onde parte o 10 11 caminho publico que conduz a Cabrelas até á serra, águas verten- deste ultimo monarca, aplicada a Cintra, uma justa disposição: tes até ao Monte, e por onde parte o caminho que vai para Chi- não poder pessoa alguma habitar em mais do que uma casa. leiros, até ao rio Galamar. Cintra era habitada em 1154 por 30 Outros reis concederam também diversas regalias aos habi- moradores cristãos. tantes desta vila. Assim, D. Afonso III, por carta dada em Guima- O foral, acima aludido, estabelecia, como era de uso nessa rães em 2 de fevereiro de 1261, época, leis militares, criminais, impostos, alcaválas e meneios. quitou os moradores de Cintra Esse documento continha algumas curiosas disposições, tais de determinadas rendas que lhes como as que se referem ao dote que o noivo devia dar á noiva, eram impostas. e que era o seguinte: D. Afonso IV concedeu «Um par de sapatos ou cendalhas, uma structa, uma aos besteiros do Couto de Cintra Azulejos do Paço de Cintra pele, um manto, e trinta soldos, dote que o noivo o privilégio de não pagarem certos impostos, exceto para fazimento perdia quando desmanchasse o casamento e lhe era e refazimento dos muros. entregue se fosse a noiva que não quizesse casar». D. João I concedeu á Camará de Cintra o privilégio de Outras disposições eram deste teor: poder dispor de certos empregos, se eles anteriormente estivessem «As viuvas, emquanto se conservassem nesse estado, sob sua alçada. gosavam dos mesmos direitos e honras que, em vida, D. Duarte, pela graça de Deus, rei de Portugal e dos Algarves tinham seus maridos». e de «Cepta», encantado com «os mui boos ares e aguas e as mui «Concedia aos soldados que pelejassem pela fé, que espaçadas vistas dos Paços de Cintra», também concedeu a esta não fossem tão longe que não podessem vir pernoitar ^y Vila, por Carta datada de 24 de Julho de 1436, a casa, exceto se se tratasse de lutas com os mouros». F "varias regalias, o que comprova o apreço em que «Multava o marido que não prezasse a honra e a I^S a tinha. fama de sua mulher, e estabelecia os seguintes im- I J D. João II seguiu o exemplo de seu pai, postos: o caçador que matasse a tiro ou a laço um favorecendo com várias disposições os moradores veado, pagava meio lombo; o de porco, um costado; Sigla gótica do de Cjnt tais como a que perrnitja cortarem lenha canteiro executor o de coelhos, três com as suas peles, em cada ano». do repuxo da vila nas matas para fazerem a festa do Espirito Santo, D. Fernando, o formoso e inconstante, e D. João I confir- de Cintra D Manuel I acrescentou os privilégios dados maram os antigos privilégios da Vila de Cintra, o que também aos moradores desta ridente Vila que ajudassem nas obras dos sucedeu com D. Afonso V, o qual deu licença aos moradores para Paços, prerrogativas que foram respeitadas pelos seus sucesores, que corressem os lobos uma vez por ano. É ainda do reinado incluindo os Filipes, e confirmou o alvará d'El-Rei D. João II, feito

12 13 em Santarém em 27 de Maio de 1484, concedendo licença para valor poético exalto no meu Cancioneiro da Musa Regia (S. Paulo- a referida festa do Espirito Santo (') se realisar em Cintra na Brasil), figuravam os padroados, alcaidarias, colheitas, direitos, etc. Sala dos Infantes e poder ser cortada toda a lenha que fosse Por escritura lavrada em 9 de junho de 1345, a qual foi necessária para esse efeito. assinada pelos comendadores que sabiam escrever, a Rainha Por Carta datada de 1497 D. Manoel confirmou o privilégio D. Brites fez escambo dos_bens que que tinha a Vila de Cintra, dado por D. Afonso V, em 1460, para possuía na Ega e Torre da Murta com que a feira durasse cinco dias, principiando dois dias antes do dia os que a Ordem de Cristo tinha em de Santo António e findando dois dias depois, e concedeu grandes Cintra, devolvidos dos Templários. regalias e liberdades aos que a ela fossem, não sendo presos nem Alem destas doações, muitas demandados pelos malefícios que tivessem cometido. outras foram feitas nos primeiros tem- D. João III, por licença datada de Évora, em 15 de novembro pos da monarquia á Ordem de milí- de 1535, permitia que a Camará de Cintra desse bodo no dia de cias e corporações. Corpus Christi, como era de costume ime- Entre estas doações figura a morial, aplicando uma quarta parte das esmo- datada da era de 1190, ano de Cristo las que tirassem para a fábrica das freguesias. de 1152, doação de casas em Cintra D. Sebastião e D. Henrique, por alva- á Ordem do Templo. rás, permitiram á Camará de Cintra poder ter médico. Finalmente, Filipe II e Filipe III, Engastada nas faldas da serra Siglas do Paço de Cintra também por alvarás, determinaram que os que tem o seu nome e cuja altitude lavradores de Cintra podessem usar dos Quadro d'azulejos de Cintra máxima orça por cerca de 530 metros, serra que finda próximo seus privilégios. do , extremo ocidental da terra portuguesa e da D. Diniz doou Cintra a sua esposa a Rainha Santa Izabel e Europa, e que os antigos geógrafos também conheciam por «Pro- D. João I, em 4 de dezembro de 1385, seguiu-lhe o exemplo, montório Artabrico», «Olissiponense» ou «Magno», da Serra de pois fez doação ao Conde D. Henrique, a seus filhos e filhas, Cintra, a que os Mouros chamavam «Monte da Lua» ou de «Cinthia», netos e bisnetos, de «todos os paços que nós avemos e de direito dela fala Camões nestes termos, no canto III, estrofe LVI dos Lusíadas: devemos d'haver e que os avião os reis que ante nós foram». E nas serras da Lua conhecidas Na doação feita á esposa de D. Diniz, rei trovador cujo Subjuga a fria Cintra o duro braço, Cintra, onde as Naiades escondidas Nas fontes, v3o fugindo ao doce laço, (i) A descrição desta festa vem no cap. 37, livro J, pag. 132 da Historia Seráfica, de Frei Manoel da Esperança. Onde Amor as enreda brandamente, Nas aguas acendendo fogo ardente. 14 15 Possuindo dos mais belos e sugestivos pontos de vista, «onde a terra se acaba e o mar começa», Cintra é admirável pelo seu con- junto, em quê predomina uma vegetação mais que exuberante e sem rival, dando-lhe um extranho e fascinador encanto.

* * * Muito amada pelos reis e_ príncipes portugueses, em Cintra nasceu e faleceu D. Afonso V, e nesta ridente vila foi que D. João I decidiu a expedição a Ceuta: na mesma residiram, num gesto de piedade, devido a D. João II que habi- tou Cintra por diver- sas veses, os judeus Azulejos do Paço de Cintra expulsos de Castella. o. A Cintra andam ligados outros factos históricos, como se verá a mais adiante. E porque a Vasco da Gama, como a Pedro Alvares Cabral, a Fernão de Magalhães e a tantos outros portugueses ilustres, estava destinado dar novos Mundos ao Mundo e conquistar o orbe, já descobrindo o Caminho Maritimo para a índia e o Brasil, já fazendo a primeira viagem de circumnavegação, passando, portanto, c «por mares nunca dantes navegados», e «por perigos e guerras D esforçados mais do que o permitia o poder humano», D. Manuel I, o «Venturoso», que também apreciava deveras Cintra, ia muitas veses do alto da sua Serra interrogar o Oceano, a ver se ele lhe dava novas de Vasco da Gama e dos seus intemeratos companheiros. Cárcere do infeliz D. Afonso VI, que esteve preso oito 16 anos no antigo Palácio Real, Cintra foi também habitada por D. Pedro I (como se vê das cartas de 22 e de 24 de Junho de 1396, a primeira que concede privilégios a Serpa, e a segunda pela qual manda entregar o castelo de Labo- reiro a Gil Gonçalves de Abreu, Chancelaria D de D. Pedro, livro I, fl. 24), D. Fernando, tn o D. Duarte, D. Luiz I, D. Carlos I e D. Manoel II. 2 Cintra, a famosa Cintra, ou Ia Sierra í mas Hermosa que yo sento en esta vida,

13 segundo a classificou Gil Vicente, mereceu ffi Azulejo hispanó-árabe £ O esta valiosissima e preciosa referencia a do Paço de Cintra fi> TJ O Licknowsky : C 3 d* P É o mais belo de todos os pontos da terra; M &t' O e foi julgada a oitava maravilha do mundo 0B 2« *l g"" por outro estrangeiro ilustre, Armando Dayot. oto °a. g3 S™ 0 Por isso, como de Sevilha, a bela cidade andaluza, uma das i'í, pérolas artísticas da Hespanha e que com Alhambra e Granada Po . a• aO fazem o justo orgulho da nação visinha, póde-se, dizer, afoitamente, £. o destas regiões privilegiadas: -"" D. Quem não viu Cintra e Sevilha Não viu maravilhas. Assim é, de facto: Quem sentado No musgo de tuas rocas escarpadas .x S Espairecendo os olhos satisfeitos Por céus, por mares, por montanhas, prados, Não sentiu arrobar-se-lhe a existência, Poisar-lhe o coração suavemente Sobre esquecidas penas, amarguras, Anciãs, lavor da vida ? ( Oarrett-Caniõcí, Canto V, Estancia XII) 17 Segundo o parecer do autorisado heraldista Afonso Dornel- las, apresentado na douta Associação dos Arqueólogos, o brasão de Cintra compõe-se d'est'aríe : « De vermelho com uma torre torreada mourisca de ouro, aberta e ilumi- O ANTIGO PAÇO REAL nada de azul sobre um monte de penhascos de negro. A torre superior, carregada das quinas antigas de Portugal e acompanhada de dois crescentes de prata enci- mados por duas estrelas do mesmo metal. Coroa mural de quatro torres, por serem assim as coroas que representam as vilas. Bandeira esquartelada de ama- relo e de azul por serem estes os esmaltes da torre torreada, peça princi- Situado na Praça da República (antiga Praça D. Amélia), pal das Armas. Por debaixo das Armas, uma fita branca com letras pretas. tendo em frente um interessante chafariz, o Paço de Cintra é de Cordões e borlas de ouro e de azul, que são as cores da bandeira. Lança e haste origem árabe, segundo afirmam alguns escritores, como o Conde de ouro». de Sabugosa, Juromenha, Vilhena Barbosa e Abade de Castro, quer pela sua disposição geral arquitectónica, quer pela forma dos páteos interiores e jardins e distribuição de fontes e lagos, quer, finalmente, pelas denominações de origem árabe que ainda se conservam nele, tais como Jardim de Lindaraia, Terraço de Meca, etc., ('). Outros autores afirmam, pelo contrário, que o Paço de Cintra não é mais que a sucessão de outro Paço, o qual desde D. Diniz existia nesta vila e que era conhecido por Paço da Rainha, não sendo, portanto, árabe a sua origem. Eu opino pela primeira hipótese acima citada, que é tam- bém a de Haupt. Corte de reis e príncipes portugueses e na qual foram rece-

(]) Alem destes, conserva outros vestígios da sua origem árabe, tais como: a guarnição de azulejos que circumda uma das portas da Sala das Sereias, a tradição que dá os walis mouros como habitando um alcáçar em Cintra; a arquitectura exterior com ameias mouriscas e arcos de ferradura, etc.

13 19 bidos, entre outros, Qil Vicente, Sá de Miranda, Bernardim Diogo Gil, vedor das obras do Paço, no tempo de Ribeiro, Paula Vicente e, em 1429, a Embaixada de Filipe o Bom, D. Afonso V. em que tomou parte João Van Eick, o Paço de Cintra passou Diogo Gomes, pintor que pintou, dourou e renovou pinturas. outróra por diferentes modificações e acrescentamentos. Diogo Rodrigues, mestre dos canos de chumbo. Doado, como já disse, por D. João I ao Conde D. Henrique, Gomes de Paiva, serrador da madeira para as obras da a quem foi mais tarde confiscado, datam do tempo daquele Estrebaria de Meca. monarca, pai da «ínclita geração», as Gonçalo Gomes, pintor que renovou as pinturas nas câma- obras de reconstrução deste Palácio, ras dos paços e na capela. tendo sido edificadas no seu reinado Joham André, carpinteiro. as cosinhas, a Sala dos Infantes, Joham Cordeiro, mestre de carpintaria (ganhava sessenta mais tarde chamada dos Cisnes, e a reais por dia). Sala da Audiência. Joham, criado de Gonçalo Gomes, que ajudou a renovar São curiosas e variadas as diver- pinturas. sas siglas que, a cada passo, se obser- Jorge Francês, serrador da madeira para as obras da Estre- vam neste Palácio, e entre as quais baria de Meca. Escudo de \j. juãu l citarei, por exemplo, as que se vêem Luiz Eannes, serrador de madeira para as obras da citada sobre o portão d'cntrada na porta manuelina da Sala dos Estrebaria. do Paçu de Cintra Brasões. Pêro de , carpinteiro. Apesar d:t falta de noticias que ha acerca dos nomes dos Pêro Fernandes, que executou trabalhos idênticos aos de arquitectos e principais pintores que prestaram serviço no Paço de Diogo Gomes. Cintra, o «Livro truncado da receita e despesa de André Gonçal- Pêro Fernandez, pedreiro que assentou lageas no Laranjal ves» dá nota dos seguintes artífices que nele trabalharam: do sol e rebocou o jogo da pela. Pêro de Torres, «que arryncou», castou, acarretou, lavrou Affonso Alvarez, «batifolha» que dourou a capela. e assentou duas janellas na casa da fazenda. Affonso Fernandes, pedreiro que assentou lageas no Patim O Conde de Sabugosa inclina-se para que Boitaca ou das Damas. Boutaca tivesse tido alguma influencia na construção das cantarias Álvaro Fernandes, carpinteiro. do Paço de Cintra, do mesmo modo que pensa que Álvaro Pedro António /;> Joliam Rodrigues, mestre de «pedrarya» do ou Gonçalo Eannes fossem alguns dos pintores do mesmo Paço, P iço di» Cintra. o qual teve também como mestre d'óbras Martinho Rodrigues. 21 Foi nos anos de 1505 a 1507 que principiaram as obras Armas, os quais mostram as diferenças que hoje se encontram em executadas no reinado de D. Manuel I, as quais começaram pelo relação ao que foi outróra o Paço de Cintra ('). lado ocidental. Depois, foi o Paço aumentado com o torreão em Assim, o aspecto exterior é bem diferente do que era anti- que está a Sala dos Brasões, executando-se a sua pintura, sendo gamente. Para comprová-lo basta dizer que, no tempo de feita, por fim, a ala oriental onde existem belas janelas manuelinas, a que se seguiram outras obras. Com o terramoto de 1755 so- freu bastante o Palácio a que me es- tou referindo, havendo experimen- tado, mais tarde, reparações que n2o obedeceram á traça primitiva. Azulejos do Paço de Cintra Tais são, resumidamente, as D. Afonso V, o Paço de Cintra era cercado de denso arvo- principais modificações porque redo formando mata. Mas, mesmo que passou o Paço de Cintra, nada assim não acontecesse, bastava uma rápida mais se podendo asseverar, infe- análise do seu actual exterior comparado com o lizmente, acerca do nome dos desenho que nos oferece o mencionado livro de artistas que, embelesando-o, lega- Duarte de Armas para se observar as ram á posteridade tão valiosas Canto d'azulejoJ s Janela manoelina do Paço de Cintra modificações por que tem passado e lhe doPaçodeCin tra obras de arte. dão um aspecto bem diferente, e a conti- Se, por um lado, é muito útil para o estudo comparativo nuação de irregularidades de forma que o caracterisam. do antigo Palácio Real de Cintra a consulta do citado «Livro Misto dos estilos gótico, mourisco e manuelino, o Paço de truncado da receita e despesa de André Gonçalves», almoxarife Cintra avista-se de longe, predominando, num conjunto híbrido, do Paço, pelas informações que dá sobre certos nomes que hoje já não são conhecidos no Palácio e suas dependências, tais como (l) O livro que encerra os referidos desenhos tem 136 folhas e está na Torre do Tombo. a Varanda da Rainha, o Patim das Damas, o Pomar da Rainha, O seu frontispício diz: «Este liuro he das fortalezas que sam situadas no extremo de portugall e castella feyto per duarte darmas escudeyro da casa e outros, que ainda persistem, embora modificados, como o da do muyto alto e poderoso e serenjsymo Rey e Sor dom emanuell ho primeyro Rey de portugall e dos algarues daquem e dallem maar em afryea Senhor de Estrebaria de Meca, o Jogo da Péla, etc, não é por outro lado gujnee e da conqujsta e nauegaçoom e comercyo da ethiopia aRahia pérsia e menos necessária a análise do livro dos desenhos de Duarte de da índia e etc.» 22 23 as suas duas grandes chaminés, que recordam, embora em ponto em xadrez branco e verde, como os da Sala dos Cisnes. No maior, as da Sempre Noiva, de Arraiolos, bonita vila alemtejana tempo deste monarca vinham os azulejos de Belém, em caixões onde existem, como noutras terras dessa província e na do sobre cavalgaduras, segundo informa no seu livro o almoxarife Algarve, curiosos espé- André Gonçalves. Outros cimens de arte manue- são policromos, variando lina, a que me referirei entre três a cinco as cores em outros estudos. que neles se vêem. No corpo central Lisos ou em relevo, ha janelas e capiteis e de pavimento, como os mouriscos, janelas gemi- da Sala de D. Afonso VI, nadas com fustes e colu- abundam nos azulejos deste nelos góticos. Paço os mais variados moti- Ferragens dos secs. XVII e XVIII do Paço de Cintra A ala direita, ao vos geométricos e vegetais, contrário da central que representando cachos d'uvas, parras, esferas armilares, maçarocas é joanina, patenteia es- e flores de liz, variando de sala para sala e nos revestimentos tilo manuelino, apre- e nas guarnições. sentando uma série de E é tal a exuberância e quantidade de azulejos magníficos lindas janelas que tam- que apresenta este Palácio, que vem a propósito transcrever as bém se vêem noutros merecidas palavras de Jacquemart: corpos deste Palácio. «Portugal esl en quelque sorte lê nouveau monde de Ia céramique». Porta do l.o pavimento do corpo inanoelino O Paço de Cintra do Paço de Cintra é um valioso museu Assim é, de facto. de cerâmica, possuindo em avultado numero azulejos mui raros. Se os azulejos dão a Cintra e ao seu Paço um lugar de Tem-nos de todos os tempos, desde os autênticos azulejos alto e justo destaque no campo da Arte, assim como a Portugal, árabes, como os da porta da Sala das Sereias, até outros mais que possue, nesse género, uma vasta série de azulejos notáveis, modernos, como os azuis e brancos da Sala dos Brasões e da como os da Bacalhôa, do Palácio dos Marquezes de Fronteira Sala do Esguicho ou do Banho, e de todas as formas e feitios. (Bemfica), do Hospital de S. José, da Penha Verde, etc, não Uns são monócromos, lisos, quasi todos do tempo de D. Manoel I, menor lho dão as decorações dos tectos da Sala dos Brasões, da 24 25 Sala dos Cisnes, e da Sala das Pegas, sendo a primeira destas salas justamente considerada como uma das mais belas de todo o mundo. O antigo Palácio Real da Vila de Cintra patenteia muitas e curiosas manifestações de estilo manuelino. Entre as principais sobresai o admirável conjunto de portas e janelas que, embora dispersas, tanto chamam a atenção do visitante curioso. DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS SALAS E DEPENDÊNCIAS DO PALÁCIO NACIONAL DE CINTRA

O Palácio Nacional de Cintra pôde ser visitado de três modos, sendo preferível, porém, o primeiro abaixo indicado. Do primeiro e segundo vai-se da parte antiga para a moderna. Do terceiro visita-se o Palácio, seguindo-se da parte moderna para a antiga. Primeiro modo de visitar o Palácio: 1) Principia-se pela Sala dos Archeiros e vai-se terminar na mesma sala, passando-se sucessivamente por: 2) a Cosinha 3) a Sala dos Árabes 4) a Capela 5) a Sala dos Pagodes ' 6)0 Quarto onde D. Afonso VI ouvia missa 7) a Sala que serviu de prisão a D. Afonso VI 8 ) a Sala dos Brasões, das Armas, dos Escudos ou dos Viados 9) o Páteo da Carranca 10) a Sala da Coroa ll)o Páteo de Diana

26 27 12 ) a Sala de Trinchar Após ter-se subido alguns degraus, fica a modesta porta 13) a Sala de Jantar que dá entrada no Palácio. Percorrido um pequeno corredor, e to- 14) o Páteo do Leão mando por uma escada em espiral, da renascença joanina, vai-se ter á: 15) a Sala da Galé, das Sereias ou Camará de Ouro 1) Sala dos Archeiros, cuja descrição será feita a seguir 1(3) a Sala das Pegas á da Sala da Au- 17) o Páteo Central ou do Esguicho e a Sala do Banho diência (19). Desta 18) a Sala dos Cisnes Sala passa-se para a 19) a Sala da Audiência ou Terraço de D. Sebastião. 2) Cosinha, Voltando-se atraz, passa-se desta ultima sala (19) para a bastante ampla, di- a Sala dos Cisnes e desta para a primeira, a Sala dos Archeiros, vidida por arcos seguindo-se depois para as restantes do Palácio, ou sejam as seguin- ogivais, com jane- tes, que teem muito menor importância : las do mesmo esti- (20 e 21) duas salas contíguas á dos Archeiros; lo, geminadas, do (22) uma terceira sala a seguir a estas duas; tempo de D. João I. (23) o quarto de dormir de D. Maria Pia; É desta cosinha que (24 a 26), respectivamente, a sala de toilette, a sala de partem as duas visitas e o quarto de banho. grandes chaminés a que já me referi. A visita ao Palácio feita segundo o sobredito itinerário: As paredes Subindo ao patamar que antecede o átrio, encontra-se uma são revestidas, até fonte renascença e, á esquerda, uma porta que parece ser de San- meia altura, por Porta da Sala dos Archeiros sovino, «cujo caixilho está cinzelado de finíssima decoração vege- azulejos azuis. tal salpicada de putti, que se alteia do bojo canelado de albarra- No primeiro arco ogival vê-se a coroa portuguesa assentando das semelhantes a candelabros» ('). sobre os escudos português e italiano, cercados por louros, e Do átrio, que tem quatro arcos abatidos com capiteis mou- ladeados pelas iniciais M. P. Em baixo lê-se a seguinte inscrição: riscos, disfruta-se um esplendido panorama da parte alta da Vila Luzos, ás -armas pela Fé, pelo Rey e pela Pátria. e do Castelo dos Mouros. Tomando por uma escada, passa-se á 3) Sala dos Árabes, notável pelos esplendidos azulejos e (') Virgílio Correia — A escultura em Portugal no primeiro terço do século XVI, in Arte e Arqueologia, n.o l, Coimbra, 1930. curiosos motivos ornamentais que a embelesam e entre os quais 28 29 sobresáem os frisos e os alisares das portas, características estas que belos do Palácio, alguns em mosaico, constituindo junto ao altar- existem noutras salas. mór um original tapete retangular que, infelizmente, está bas- É considerada como uma das partes mais antigas do Palácio, tante mal conservado. sendo, por conseguinte, da primitiva. O tecto da Capela, que parece datar de D. João I, é todo Esta sala era, dantes, o pavilhão central do Paço. artezoado no estilo mourisco (mudéjar), produzindo um bonito O chão é de ladrilho e possue, ao centro, uma fonte de efeito pelas suas cores e pelo conjunto. mármore, cercada de ladrilhos e de azulejos sevilhanos, modelo No tecto desta Capela sobresai o escudo de D. Manoel I. mussulmano. No arco do Altar-Mór, lê-se a seguinte inscrição:

Os azulejos do alisar são ver- Ovos Onnes : Qvi des, azuis e brancos, de lindo esmalte, Transitis : Per Viam Atendlte : E Vldete Si com reflexos metálicos. Es Dolor: Sicvt Dolor Os do friso reproduzem flores Meus. de liz e massarocas em relevo. É feito o pavimento no lavor de alfarge, obra dos fins do Tem cinco portas ogivais com sec. XIV ou do principio do XV. belos azulejos de cuenca e em relevo, Supõe Haupt que a Capela Mor fosse a antiga mesquita sendo a mais digna de nota, pelos árabe. seus admiráveis azulejos de corda 5 e 6) Sala dos Pagodes e Quarto onde D. Afonso VI seca e facha de mosaicos, a que leva ouvia missa. São duas dependências sem interesse de maior. Na á escada e uma janela com capiteis primeira ha três curiosos pagodes de marfim, vindos do Rama- de estilo mourisco, a qual deita para Ihão em 1836, e que pertenciam a D. Carlota Joaquina. A segunda o Páteo Central, cuja descrição será é um pequeno quarto onde D. Afonso VI ouvia missa. Janela manoelina do páteo da feita na sua devida altura (17). 7) Sala de D. Afonso VI. capela do Paço de Cintra 4) Capela e Coro. Deixando a Sala dos Pagodes cncontra-se, ao lado esquerdo, A capela, cuja invocação é a esta sala que tem de notável os azulejos do pavimento, de corda do Espirito Santo, tem três portas. Uma deita para o Terreiro seca, autentico mosaico sevilhano do século XV, em azul, castanho de Meca. e branco. Outra, partindo da Sala dos Árabes, conduz a uma pequena Foi nesta sala que D. Afonso VI esteve preso muitos escada que, por sua vez, leva ao Coro da Capela, que é de uma anos, até que a morte se compadeceu dele em 12 de setembro de só nave, possuindo exemplares de azulejos dos mais antigos e 1683, depois de, em vão, ter esperado que o libertassem. 30 31 O lagêdo deste compartimento apresenta-se gasto pelo cons- tante passear do monarca deposto. Por cima deste pavimento ha uma janela interessante.

8) Sala dos Brasões, das Ar- ^« mas, dos Escudos ou dos Viados.

1 *&*#**'• ' ;;í! Passado um pequeno corredor, entra-se nesta f sala, que Anselmo Braamcamp Freire descreve minucio- samente, por uma bonita porta dis- tilo manuelino, ornada com siglas, existentes também nos alisares de mármore. A Sala dos Brasões, que foi mandada construir por D. Manuel I, é uma das mais belas e imponentes do Palácio Nacional de Cintra e, sem hipérbole, do mundo. A ela se refere Watson nos termos mais justos e elogiosos. Tem 14 x 13™. Ladrilhada de tijolo, as paredes são forradas com belos e grandes quadros de azulejos azuis e brancos, do século XVII, repre- sentando diversas scenas de caça. Tem sete janelas. Algumas delas, tais como as que deitam para o Jar- Tecto mudéjar ou mosarábe da capela do Paço de Cintra dim da Lindaram, conservam ainda 32 os elegantes ferros primitivos, sendo magnifico o scenário qu disfruta o visitante: dum lado vê-se a Pena, do outro, os da Ericeira e de Mafra. Ornamentada com setenta e duas cabeças de cervos, tendo cada uma, como emblema, os escudos e os nomes das principais famílias no- bres de Portugal, completam este con- junto as armas de oito infantes e infantas portuguesas ou sejam as dos infantes D. João, D. Luiz, D. Fernando, D. Afonso, D. Henrique, D. Duarte, e das infantas D. Isabel e D. Beatriz. Do meio do tecto surgem as armas e a coroa do Rei Venturoso, e, dos octógonos e retangulos que o formam, aparecem, numa magia de cores e de motivos esplendentes e evocadores, brasões e veados, dando- Porta da Sala dos Brasõe s lhes grande realce o dourado, o azul, o branco, o vermelho e o cinzento, cores que abundam neste salão tão histórico, em que estão gravados os nomes das prin- cipais famílias de linhagem, segundo indica o livro do Armeiro Mor, de António Rodrigues ('), e cujos brasões o Conde de

(i) Aboins, Abreus, Aguiares, Albuqucrques, Almadas, Almeidas, Andradas, Albergarias, Arcas, Ataides, Azevedos, Barretos, Betancourts, Borges, Britos, Cabrais, Carvalhos, Castel-Brancos, Castros, Cerqueiras, Côrte-Reais, Costas, Couttnhos, Cunhas, De-Eças, Farias, Febos-Moniz, Ferreiras, Foios, Gamas, Gois, Gouveas, Henriques, Lemos, Limas, Lobatos, Lobos, Malafaia s, Manoeis, Masca renhas, Meiras, Meios, Mendonças Furtados, Menezes, Mirandas, Motas, Mouras, Nogueiras, Noronhas, Pachecos, Peçanhas, Pereiras, Pestanas, Pimenteis, Pintos, Queirozes, Ribeiros, Sampaios, Sãs, Serpas, Silvas, Siqueiras, Soto-Maiores, Sousas, Tavares, Tavoras, Teixeiras, Valentes, Vasconcelos, e Vieiras.

Tapete d'azulejos da capela de Cintra 3 33 Sabugosa reproduz, a cores, no seu magnifico livro O Paço 11) Páteo de Diana. de Cintra (')• Seguindo por uma porta mainelada, que fica em frente da 9) Páteo da Carranca. escada que conduz á Sala da Corôa, vai-se ter a este páteo, onde Retrocedendo, vindo da Sala dos Brasões, e descendo, existe uma fonte renascença, a qual é considerada como um dos encontra-se do lado direito uma janela que deita para o Páteo da mais lindos modelos da escul- Carranca, assim conhecido tura portuguesa no século XVI, pela carranca de barro pin- segundo afirma o Conde de tado que nele existe, repre- Sabugosa. sentando um sileno. No Páteo de Diana ha É ura pequeno páteo, uma curiosa janela mude j ar com fustes de bases octógonas, ladeado de bancadas reves- miniatura das janelas da Sala tidas de azulejos de dife- das Pegas, Sala de jantar, etc. rentes épocas e entre as quais figuram alguns com 12 e 13) Sala de Trin- esferas armilares e outros char e de Jantar. com desenhos árabes. Outra porta conduz á 10) Sala da Coroa. primeira destas salas, na qual Fonte do Páteo de Diana Continuando a descer, ha vários armários com louças !/> surge, no fim da escada, a de Limoges e da Vista Alegre, com as iniciais M. P. (Maria Pia), leva á Sala da marcadas a dourado. Coroa, cujo nome provem Uma segunda porta dá ingresso na Sala de Jantar, rica- Janela da Sala das Sereias da corôa ^ com ^ ^^ mente decorada com azulejos de corda seca. de D. José I, apresenta no tecto. Tem várias portas ogivais, com Esta sala tem três portas e igual numero de janelas. silhares de azulejos sevilhanos e nacionais. Por uma, divisa-se o Castelo dos Mouros; por outra, a Penha Verde; a terceira janela deita para o Páteo do Leão. Tem inte- (2) Entre os escudos da Sala dos Brasões figuram os dos Tavoras, os ressantes fustes e capiteis. São emolduradas por fachas de azule- quais foram apagados após o suplicio sofrido por esses fidalgos, tragédia que inspirou a Camillo Castello Branco algumas das suas mais empolgantes páginas jos com esferas armilares, azulejos árabes dos mais raros. acerca do martírio da Marqueza de Tavora. O abade de Castro, no seu livro sobre o palácio, diz que as pinturas A precinta é formada por azulejos com folhas de parra em desta sala foram feitas por Francisco Dansila, Duarte de Armas e Jorge Afonso e retocadas por Bento Coelho da Silveira. relevo. A guarnição apresenta recortes de massarócas árabes.

34 35 16) Sala das Pegas. As molduras das portas têem azulejos de formas geométricas, A Sala das Pegas era a antiga sala de leitura da Rainha 14) Páteo do LeSo. D. Maria Pia. Uma das mais antigas do Palácio Real, data do rei- Revestido de azulejos, deita para a sala antecedente. Este nado de D. João I, e nela se realisaram, outróra, audiências régias Páteo,, com a sua fonte e o seu tanque, é do reinado de D. João I. e almoçaram Guilherme II e Eduardo VII, assim como em 1885 Ha nele azulejos de desenhos vários, sendo um desses o banquete em honra de Capelo e Ivens. modelos notável por ser diferente de todos os outros existentes no Rasgam-na janelas geminadas e decoram-na azulejos de antigo Palácio Real de Cintra. corda seca. 15) Sala da Galé, das Sereias ou Camará de Ouro. Engalanam o tecto, formando triângulos, cento e trinta e seis A porta do fundo da Sala de Trinchar dá passagem para pegas, cujas cabeças, papos e caudas são pretas, sendo branca a Sala da Galé, uma das mais a plumagem. Cada pega segura uma rosa e tem no bico uma tarja notáveis deste Palácio, pela com este dizer: «Por bem». decoração cerâmica do século A esta Sala está ligada um curioso episódio, convertido em XVI que apresenta. lenda, passado entre D. João I e uma dama da sua corte, D. Mecia, caso Vê-se a um canto desta a que se refere Garrett no volume I do Romanceiro, nestes termos: sala uma porta de mármore. A pega é negra e palreira O que sabe vae contando... Tem três portas adorna- Muito paira, paira a pega das com azulejos sevilhanos Que sempre ha de estar pairando. de corda seca, com belo esmal- Mas porque: ....quer Deus que os chocalheiros te, sendo dignos de nota os Guardem ás veses falando alisares e frisos, dos estilos o segredo dos sisudos, que eles não guardam calando. gótico e renascença. foi a própria pega que se encarregou de espalhar a frase do rei: Esta Sala não deve ser «Foi por bem!» lhe disse o rei, confundida com a Sala das seu acordo recobrando: Porta árabe da Sala da Galé ou das Sereias Gales, tarnbem curiosa e em « Foi por bem! ». « Por bem », repete A pega em torno voando. cujos motivos ornamentais se vê a bandeira portuguesa com as «Por bem, por bem », grasna a tonta armas reais, naus, etc., ('). De má malícia cuidando co'a chocalheira da língua andar o caso enredando. '(') A estas salas referiu-se, nestes termos, Bartholomé de Vilhalba y Estaria, em El Peregrino curioso y grandezas de Espana: E, deste modo, tudo acabou em bem. «Tiene uma sala maravillosa, y atra que llaman La galera bien curiosa». 37 36 Admira-se nesta lindíssima Sala: chuveiro oculto, jorros de agua. Os azulejos das paredes, fugindo Um esplendido fogão renascença, de mármore, que se diz do estilo vulgar neste Palácio, representam scenas cortezãs. Tem ter vindo do Paço de Almeirim, e que Haupt considera como das \ um lindo pórtico manuelino. obras mais perfeitas da escul- \ Da Sala do Banho teem-se ocupado diferentes auctores, tura estrangeira existente em ^upondo-se que antes do terramoto era ricamente decorada. Portugal. 18) Sala dos Cisnes. Um belo lustre de Vene- za; um rico contador hispanó- Do Páteo Central passa-se para a Sala dos Cisnes, nome árabe, de que ha outro belo que lhe provem de ter pintados, no tecto, graciosos cisnes. exemplar no Palácio da Pena, Uma das mais belas e interessantes do antigo Palácio Real e os seus bonitos azulejos que de Cintra, esta sala era dantes também conhecida pela Sala dos a forram até meia altura. Infaktes ou' Sala Grande, visto ser a maior do 17) Páteo Central ou do edifício. Foi mandada construir por D. João í e a Esguicho e Sala do Banho. ela alude D. Duarte. O tecto foi já modificado, pelo Da Sala das Pegas pas- menositres vezes. São do tempo de D. Manoel I sa-se para o Páteo Central a portal da entrada, a guarnição de azulejos e a do Palácio. chaminé\ O pavimento é de pedra, Nolseu tecto, que Watson classificou de mara- em xadrez. As paredes são vilhoso, vêem-se em vime e sete caixotões octó- revestidas de azulejos brancos gonos, com molduras douradas e pintadas em u n a d u a e verdes, desenho árabe. alegres côr^s, predominando o dourado, vinte e v^'n d a d a ™a ,a dos c snes Ao centro deste Páteo sete cisnes, cada um em sua posição. y admira-se um interessanterepu- Esta sàja, revestida de excelentes azulejos, está mobilada Porta da Sala das Pegas cho d'estilo manuelino, for- com simplicidade. mado por três colunas torcidas, e encimado por um grupo de Não deVem passar desapercebidos a porta que conduz á meninos nus, segurando três escudos das armas reais portuguesas. Sala da Audiência e os pormenores das janelas e portas. Deste formoso páteo observam-se os ajimezes da Sala das Tem cinco, janelas que deitam para o sul. São bipartidas, Sereias, dos Árabes e das Pegas. sendo a coluna central de mármore e os arcos de ferradura den- A Sala do Banho é de origem árabe. Dela brotam, dum tada, tipo mourisco. Os capiteis pertencem ao estilo árabe.

38 39 19) Sala da Audiência ou Terraço de D. Sebastião. 20 e 21) Outras duas salas. Esta sala encontra-se a seguir á Sala dos Cisnes. Enfei- A esta ultima sala segue-se outra, na qual existe um tam-na, num todo simples e gracioso, magníficos azulejos com / Gobelino precioso, que levou 23 anos a tecer e que representa parras, esferas armilares, etc. uma audiência concedida por Luiz XVI ao pintor Lebrun* Deita para a Serra e para o Jardim da Preta. Este magnifico tapete tem as seguintes cores: azul, cinzento O abade de Castro afirma que foi nesta sala onde D. Seba/- e verde. tião deu a sua ultima audiência, o que não está provado. D'ahi/o 22) Na terceira sala estão expostos, alem de um tapete ser também con/ie- representando os Pescadores em Bloisfontaine, vinte e dois qua- cida pela Sala /do dros, entre os quais merecem ser citados: o retraio de D. Catarina Conselho. / de, Bragança, feito por Godfrey Kneller, outro que se imagina ser Foi neste re- de Ribera, representando Galileu, outro que se supõe ser o retraio canto do Pa/ácio, de D, Sebastião e, finalmente, um esboço de Sequeira. cujo pavimento é A estas salas segue-se um terraço, dividido por arcos, de tijolo e mármore, três de frente e dois ao fundo, e do qual se disfruta um atraente Quadros d'azulejos de Cintra onde, segundo resa e lindo panorama: Cintra e Serra, S. Pedro, a Estefania, abrangendo a tradição, Camões leu a D. Sebastião parte do seu imortal/poema, algumas quintas e vivendas. os Luziadas. l 23) Quarto de dormir de D. Maria Pia. Tem uma cadeira e bancos revestidos de azulejos./ Retrocedendo, volta-se á Sala dos Cisnes e desta passa-se Continuando a visita entra-se noutra sala, cujo tecto tem á l.a Sala por onde se começou a visita, isto é pela: / o brasão e as armas de D. Estefania e de D. Pedro V, e que l) Sala dos Archeiros, na qual se vêem /silhares de foi o quarto de dormir de D. Maria Pia. azulejos de cuenca e de relevo, tendo ainda a ornamentá-la qua- Nele se encontra um valioso espelho de cristal de Veneza, dros, contadores, tapeçarias, etc. encimado por uma cabeça e por garras de leão. Contíguas a Na primeira destas salas, Sala de Espera /dos Archeiros, esta sala ficam a Sala de Toiletie, de Visitas e o Quarto de existe um quadro feito por D. Carlos em \885(LomlJa do Tejo—Em Banho (24 a 26). frente de Vila Franca), uma sumptuosa mesa de mármore com Quem quiser visitar todas as dependências deste Palácio embutidas de cores e dois Gobelinos oferecidos por Luiz XVI, pôde ainda ver diversos terraços, o Jardim de Lindaraia, o Páteo representando urn deles, segundo se julga, a chegada de Vasco dos Tanquinhos, o Terreiro de Meca, o Jogo da Péla, o Jardim da Gama a Calicut. da Preta, etc. 41 40 E, deste modo, fica feita a descrição do antigo Palácio Rial da Vila de Cintra: «Rainha das terras, moradia de reis: . ..amena estancia, throno de vicejante primavera.

(Garrett— Camões) O PALÁCIO DA PENA

O antigo Mosteiro de Nossa Senhora da Pena foi edificado, segundo refere a tradição, no local em que apareceu uma imagem da Virgem e onde já lhe havia sido levantada uma pequena • ermida. Situado num dos mais altos cumes da Serra de Cintra, famosa região que Byron classificou de «quadro maravilhoso de variada belesa», nele pagou D. João II, em 1493, um voto que durou onze dias, conforme diz Garcia de Rezende. A esta cerimónia apenas assistiram o rei e a rainha, ficando ao redor a corte em tendas «onde se agasalhavam muito bem, e a todos se dava de comer em muita perfeição». Foi D. Manoel I quem, em 1503, mandou construir, em madeira, o primeiro mosteiro de Nessa Senhora da Pena, o qual deu aos monges Jerónimos. Mais tarde, andando o mesmo monarca a caçar na Serra de Cintra, avistou algumas das quinzes naus que, sob o comando de Vasco da Gama, vinham pela segunda vez da índia. Para solenisar o feliz e imprevisto acontecimento mandou, então, erigir um novo mosteiro sob a citada invocação, incluindo, segundo afirma o abade de Castro, egreja, claustro, dormitório,

42 43 oficinas, campanário, etc., «tudo de laçaria de pedra, sendo uma deste Palácio, sob a direção do Barão de Eschwege, e bem assim i da rocha e outra de Anca». dos dois portais d'estilo árabe, sendo um deles cópia da porta Esta obra foi começada em 151.1, gastou oito anos e custou do Palácio da Justiça existente em Alhambra. trinta mil cruzados, sendo, destinada a dezoito monges. Ha quem afirme, e com fundamento, que o risco primitivo Em 30 de setembro de 1743 um raio incendiou este mos- do Convento é de Botaca, Boytac ou Boutaca. teiro, causando-lhe graves danos, que foram mandados reparar por Em dezembro de 1885 faleceu D. Fernando, passando a posse D. João V. do Palácio da Pena para sua segunda esposa, a sr.a Condessa Em 1755, o terra- d'Edla; mas por carta moto motivou-lhe novos de lei de 25 de Junho e grandes prejuízos, o de 1889 o Palácio da que também sucedeu ao Pena ficou sendo, as- Castelo dos Mouros. sim como o Castelo Abandonado era dos Mouros, do Esta- 1834, teve a sorte de ser do, que os comprou comprado em 1838 por e. pagou por 310 con- D. Fernando, o qual deu tos, valor do inven- A Pena ( obra manoelina ) A Pena (Segundo Duarte cTArmas) pelo Convento de Nossa tário orfanológico. Da Arte Port, 1895 Da Arte Portug., 1895 Senhora da Pena, casas Comparando o e hospedarias juntas e aspecto do Mosteiro da Pena com o que é hoje a entrada do a cerca com terras de semeadura, pinha! e mata, e Castelo dos Palácio da Pena, vê-se que ha pontos de contacto entre eles, Mouros, 761 mil reis, ficando obrigado a cuidar da sua conserva- apesar das diversas modificações porque passou a parte antiga. ção, visto ser um monumento nacional e conter a egreja um Assim, existem ainda, embora modificadas, a escadaria, a retábulo de primorosa escultura. torre do relógio, a torre cónica e a egreja. O claustro também Começaram as obras em 1841 ('), sendo reedificado o data desse tempo. edifício destruído pelo terramoto. Concluída a estrada, e ampliado o adro da egreja, assente sobre rochedos, principiou em 1844 a construção da parte moderna O Palácio da Pena foi mandado edificar por D. Fernando de Saxe Coburgo-Gota, esposo de D. Maria II, no local em que, ]) Custaram mais de 300 contos. em 1503, D. Manoel I determinou que fosse construído o Mos- 44 45 teiro atraz referido, destinado á penitencia dos monges de Santa Do terraço trazeiro do Palácio observa-se uma bela rosácea Maria de Belém. e uma elegante e linda janela em estilo manuelino, imitando a do Misto dos estilos manuelino, neó-árabe e neó-gótico (de Convento de Cristo, de . que são surpreendentes modelos do primeiro estilo citado: Santa É grandioso e extraordinariamente vasto o panorama que Maria de Belém, o Convento de Cristo, a Capela Imperfeita da se disfruta deste terraço e do próprio Palácio, sentinela vigilante Batalha, etc.), o Palácio da Pena que, altivo, se divisa de todas caracterisada por bastiões e ameias, isolado entre montes de exu- as cercanias de Cintra e até de muitos pontos de Lisboa e da berante vegetação, assim como do zimbório da Pena, que tem margem esquerda do Tejo, patenteia, quer visto de perto, quer de 106 degraus e fica a 529 metros de altitude, e do qual se vê: ao longe, um conjunto soberbo que agrada e se impõe. Norte, o Oceano e as Berlengas; ao sul, o Cabo-Espichel e uma O trajeto até este Palácio é feito atravez de uma estrada parte da Extremadura; a Leste, Lisboa e o Tejo; e ao Oeste o completamente orlada por arvores frondosas, e vai apresen- Cabo da Roca, extremo ocidental da Europa. tando, de momento a momento, aspectos diferentes e belos Avista-se, ainda, do Palácio da Pena, que está edificado nas em que a alma se enleva. anfractuosidades da Serra de Cintra: Colares, a Praia das Maçãs E ante os olhos do visitante vão aparecendo, então, lindas e todas as pequenas aldeias e povoações pertencentes ao concelho, quintas, habitações elegantes e sumptuosas, como o Palácio do sr. e muito distante, as torres do enorme Convento de Mafra, con- Carvalho Monteiro, em pastiche manuelino, o Castelo dos Mouros e, junto este que mereceu as seguintes palavras a Bersteiner: ao longe, completando este quadro, a que nada falta, o vasto Oceano. «Nem a mais ousada fantasia poderia imaginar Atingida a grande subida que conduz á Pena, a estrada qualquer coisa de mais belo.» segue para os Capuchos, Peninha, Almoçageme e Cabo da Roca, pontos também dignos de serem vistos. A entrada para o Palácio da Pena póde-se fazer ou pela Porta dos Lagos, que defronta com uma das Portas de Sarilho do Castelo dos Mouros, ou pela porta principal do Palácio. Seguindo por esta, atravessa-se parte do belo Parque da Pena. Passados a ponte levadiça, que dá á Pena urn aspecto de castelo feudal (cuja chave da porta de entrada tem 400 anos), e o túnel que se lhe segue, chega-se a um terraço do qual se avista a fachada do Palácio, chamando logo a nossa atenção a soberba porta a que já aludi e a Janela do Gigante.

46 47 O QUE HA DE MAIS NOTÁVEL NO PALÁCIO DA PENA

O Palácio da Pena, como o da Vila, é digno de nota sob muitos pontos de vista. A visita ao Palácio da Pena inicia-se pela Capela. 1.° —Capela. Á esquerda de quem entra, e em sentido contrário ao Altar Mor, ha uns tíelos vitrais com as cores amarela, vermelha, branca e azul, representando Nossa Senhora da Pena, S. Jorge, Vasco da Gama e D. Manuel I. A Capela da Pena é toda forrada de azulejos brancos e verdes; são polícromos no coro e na Capela Mor. Foram mandados colocar por Filipe II de Portugal; o tecto é de laçaria de pedra com as armas reais nos fechos, tendo florões e cruzes de Cristo. Vejamos, agora, como o Conde de Arnoso descreve, na Arte e Natureza em Portugal, esta Capela: «No corpo da Capella ha dois altares. O que fica da parte do Evangelho é dedicado a Nossa Senhora da Pena, e o do lado da Epistola, a S. Jeronimo. O retábulo do altar-mór é de alabastro, com magnificas colum- nas de mármore preto, ornado de figuras em relevo, representando

4 49 umas a Anunciação do Anjo Gabriel, a apresentação de Nossa veio da índia, ornada com uma grande esmeralda; e só pela rainha Senhora no Templo, e outras o nascimento de Cristo e a adoração citada, uma lâmpada de prata ('). dos Reis Magos. O sacrário, também de alabastro, tem esculpidos, 2.°) Coro. em baixo relevo, os Passos da Paixão Ao fundo do Coro que pega com a Capela, e que é da do Senhor. primitiva, existe outro vitral e uma cadeira oferecida por D. João V. Todo o retábulo é guarnecido por 3) Sacristia. um gracioso cordão de alabastro donde Na Sacristia, que é abobadada, vê-se: pendem frutos, folhagens e flores em Um São Manoel, de uma só peça e um Cristo, também em festões. marfim; duas cópias de quadros reproduzindo Virgens de Murilo, etc. D'uma grande beleza e valor foi 4) Galeria. este retábulo esculpido por certo Nicolau, dádiva de D. João lil depois do feliz Do Coro passa-se, por uma porta, para a galeria superior nascimento na vila de Alvito de seu filho do Claustro na qual estão expostos nas paredes: Azulejos do Paço de Cintra o Principe D, Manoel. Uma inscripção Uma valiosa coleção de pratos hispanó-árabes, outros da do tempo, gravada no tabernáculo, assim o atesta» ('). coleção de D. Fernando (China, Japão e Rato), um prato pintado Este retábulo custou quatro mil cruzados. por D. Carlos e outro por D. Fernando, alusivo a Caíharina da Foi seu auctor, não Nicolau Romano, mas sim, como afirma Rússia, e diversas armas gentílicas. Existem, ainda, diversas cadeiras Duarte Nunes de Leão, outro Nicolau, decerto Nicolau Chanterenne, de Córdova. que ligou o seu nome aos Jerónimos, ao Panteon dos Silvas, á 5) Claustro. egreja de Santa Cruz (Coimbra), etc. Desta galeria admira-se um pequeno mas curioso claustro, Á esquerda do altar-mór assenta um alto relevo d'alabastro, que lembra os lindos e tão vulgares pátios de Sevilha por alguns auctores considerado como obra do século XII. Este claustro é um modelo de estilo manuelino na sua fase A Nossa Senhora da Pena foi oferecido: por D. Manuel I e gótica, com dois tramos de cada lado, separados por fortes botaréos. pela rainha D. Maria uma coroa feita com o primeiro ouro que As paredes estão revestidas de azulejos quinhentistas. 6) Quarto de dormir da Rainha D. Amélia de Orléans.

(i) Joannes III Emmanuelis Fil. Fernandi Nep. Edvardi Pronep. loannls I. Passados os mais que modestos quartos do veador e da Abnepos Portugal et Alg. Rex Afric. Aethiop. Arabic. Persic. Indic Ob Felicem Partum Cataririae. (i) Entre os monges deste convento que, por suas virtudes, merecem Reglnae Conlvgis Incomparabilis Suscepto Emmanvele Filio Principe especial citação, mencionarei: Frei Braz de Barros, l.o bispo de Leiria; Frei Aram Cum Signis Pôs. Dedicavitq. Ann. M. D. XXXII. Pedro de Ribafria, etc. 50 51 dama de companhia, chega-se ao quarto de dormir da ex-rainha, representando a morte do Duque de Guise, louça de Saxe e cujos tectos e paredes, em amarelo, cinzento, branco e dourado, Sévres, etc. lembram as decorações do estilo árabe de Alhambra e Córdova, 10 a 15) Segue-se a sala dos telefónios, de recepções par- • ticulares, a ante-camara, etc., decoradas com belos moveis e louças. Na primeira vêem-se um guarda fato, que se diz ser do século XV, e pratos da China, etc. Numa das salas, na de entrada, existe na parede, um curioso alto relevo em mármore de Garrara, alusivo á Batalha do Touro, dada em 2 de março de 1486. Na sala de espera, que dá ingresso ao vasto Salão de Recepções, ha um lustre de cristal da Bohemia com cachos de uvas. O tecto é imitação do Alcáçar de Sevilha. 16 e 17) A estas salas seguem-se o quarto de dormir e escritório de D. Manoel II. Um pequeno corredor e uma escada conduzem a um dos mirantes do Palácio, do qual se abrange um vasto e magnifico panorama. Termina-se a visita, finalmente, descendo um pequeno lanço de escadas que fica fronteiro á escadaria da Capela por onde se Palácio da Pena — Arcaria ameada dum terraço iniciou a visita. O Palácio da Pena possue antigos e bons azulejos, sendo de que temos tão poucos modelos, e entre os quais figura o belo Salão da Bolsa do Porto. alguns quinhentistas. 7 e 8) Sala de Toiíette e de Leitura. Tem vários objectos curiosos. Na sala de leitura ha dois quadros feitos por D. Carlos, intitulados: Torre de Outão e Pôr do Sol, e outros representando D. José I e D. Catarina de Bragança. 9) No escritório da ex-Rainha, existe: Um belo contador hispanó-árabe, dois quadros em espuma, 52 53 O PARQUE DA PENA

Neste parque ha belos lagos, muitas fontes e vários jardins repletos de mimosas flores, o que o tornam assas opulento no seu conjunto. Leva, por isso, muitas horas a percorrer e mereceu esta apreciação do grande musico Ricardo Strauss: Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itá- lia, a Sicília, a Grécia, o Egito e nunca vi nada, nada que valha a Pena. É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verda- deiro jardim de Klin- gsor—e lá no alto está o castelo do Santo Graal. Dispondo duma ve- Azulejos do Paço de Cintra getação sem par, notável não só p.elos exemplares rarissimos que possue como pela sua vetus- tez e peio carinho com que são tratados os espécimens da sua magni- ficente flora, o Parque da Pena, cuja área é de cerca de 200 hecta- res de superfície, pôde ser percorrido por três itinerários diferentes. 55 Do alto de Santo António, da Cruz Alta e de Santa Cata- rina disfruta-se um vasto, soberbo e inolvidável panorama. Eis os principais pontos a visitar neste parque: Cruz Alta, a 540 Metros ( altura máxima da Seira de Cintra). Jardim das Camélias. O CASTELO DOS MOUROS Jardim da Condessa. Feteira do Jardim das Camélias. Feteira do Jardim da Condessa. O Castelo dos Mouros é justamente considerado como Fonte dos Passarinhos. monumento nacional e um dos muitos velhos castelos, dignos de Museu florestal. especial citação, existentes em Portugal. Regato das Perdizes. Dá-lhe um aspeto muito típico a sua extensa muralha Tapada do Mouco, etc. coroada de ameias, parte de origem antiga, parte moderna. O Parque da Pena não é menos belo e encantador do que Da Torre Real (a quarta torre que se encontra antes de se o notável Parque de Monserrate. chegar á Porta da Traição aberta no lado poente), que fica a 434 metros de altitude, e para chegar á qual é necessário subir cerca de 500 degraus cavados na própria rocha, gosa-se, bem como de outros pontos deste castelo, um vasto e soberbo panorama. Muito antigo, ha quem afirme que o Castelo dos Mouros foi edificado pelos Túrdulos, no ano 3382, e depois reedificado pelos mouros no ano 713 da nossa era, após a batalha que per- deu D. Rodrigo, o ultimo rei godo, contra Tarifa Abenzaca, na Andaluzia ('). Foi reconstruído por D. Sancho I que, por carta passada ao anadel e besteiros de Cintra, «os isenta de pagarem ensacas e entalhas, nem outra cousa nenhuma, salvo no fazimento e refazi- mento dos muros, determinação dada aos Alvazis Veedores».

(i) Não conheço qualquer documento que comprove que os Túrdulos tivessemi estado de facto, em Cintra, pelo que dou pouco crédito a esta versão.

56 57 Em 1373, D. Fernando I guarnece-o, maníendo-se assim de vistoria, a pedido do rei consorte, o qual requereu o afora- durante dez anos. Era então governador deste castelo, por parte de mento phathiozim, tendo-o assignado, como seu procurador, o barão de Eschwege ('). O Castelo dos Mouros, tem ainda vestígios de uma antiga ermida e possue uma cisterna que se supõe ser do tempo dos mouros. Seguindo a estrada, pela esquerda, vai-se ter a S. Pedro; pela direita, ao Castelo dos Mouros, após haver-se passado pela antiga egreja gótica de Santa Maria, fundação primitiva de D. Afonso Azulejos do Paço de Cintra Henriques, notável pela sua pia de agua benta e capela poligonal. Uma porta de sarilhos dá ingresso neste Castelo, do mesmo D. Leonor, D. Henrique Manoel de Vilhena, conde de Cêa e Cintra. modo que outra porta dá sabida perto do Portão dos Lagos do O Castelo dos Mouros foi tomado pelo Condestavel, auxiliado Parque da Pena. por tresentas lanças, á vista do referido governador traidor. Bem cuidado, o Castelo dos Mouros apresenta belas ruas Tem cinco torres e defronta com o Palácio da Pena. de verdura, com sombras acolhedoras. Os habitantes de Cascais tinham o privilégio de, duas veses por ano, vir guardá-lo, pelo que apenas pagavam meia jugada, O) Eis as condições d'este aforamento: Primeiro — Que não poderá fazer outro algum uso do referido terreno imposto real beseado no numero de juntas de bois. que não seja o de construir nelle um passeio publico. Segando — Que será obrigado a conservar todas as Muralhas e Vestígios Teve como primeiro governador ou alcaide mor Ruy Fer- antigos que tornam aquelle logar Monumento de recomendação e que bem longe de os deteriorar os aumentará fazendo nelles todos os reparos necessários sem que nandes, seguindo-se lhe Gil Martins, mordomo-mór de D. Afonso III, de forma alguma altere a sua Architectura, e plantar de Arvores silvestres, ou Arbustos todos os sítios que se mostrarem susceptíveis daquella plantação. Pedro Eanes, «portei teente Sentra», e no reinado de D. Fernando, Terceiro—Que será obrigado a deixar no sobredito Castelio uma entrada franca e publica, para por ella poderem entrar e sahir livremente sem impedi- Pedro Afonso, etc. D. João II deu esta alcaidaria a Gonçalo de mento algum em todo o tempo e sempre, todas e quaisquer pessoas sem excepção de algumas que se quiserem utilisar do passeio publico do sobredito Castello dos Azevedo, a qual foi confirmada por D. Manoel I, e incluía as carce- Mouros, sem que em tempo algum lhes seja negada a entrada ou salda deste, indo de paseio. ragens e pena d'armas, a coima, sangue, vento, força, pescado da Concluída a medição e confrontação (*), os avaliadores declararam debaixo de juramento de seus cargos «que julgavam e avaliavam aquelle terreno medido alcaidaria, etc. e confrontado na quantia de trinta mil reis como livre de qualquer ónus ou encargo e que constituído em praso phathiozim perpetuo com as condições n'este Apesar do papel que desempenhou nas lutas contra os auto declarado, avaliavam no foro annual de duzentos reis com a reputação de Laudemio á razão de vintena no caso de venda». mouros, a breve trecho a história deixou de falar deste castelo, (*) Estas eram as seguintes: «Pelo lado do Norte e quasi em linha reta até á esquina do extremo da até que, abandonado, a 16 de dezembro de 1839 D. Fernando Cerca do Mosteiro da Pena, duzentas braças; pelo lado do Sul partindo em sítios com as paredes do Castello até encontrar a Cerca da Pena, a duzentas braças; tomou-o de aforamento á Camará de Cintra, pelo foro anual de 240 pelo lado do Nascente, que faz frente á Vila e não contem senão penedos, cem reis!! Fez-se, no próprio castelo, aos 4 d'outubro de 1839, o auto braças, e pelo lado do Poente confinando com os Muros da Cerca cincoenta braças.» 58 59 SALA DOS BRASÕES

DISCRIMINAÇÃO DOS MESMOS

A — Armas reais: De prata, cinco esctideíes de azul em cruz, carregados cada um de cinco besantes, bordadura de vermelho carregada de sete castelos d'ouro. Coroa fechada de dois meios círculos. Timbre: serpe alada, nascente, d'ouro. B — Infante D. João: O mesmo, diferençado por um banco de pinchar d'ouro, de dois pendentes. Elmo de prata posto de três quartos, sem timbre. Coroa de oito florões passada no colo do elmo. C — Infante D. Henrique: O mesmo de D. Fernando. D — Infante D. Duarte: O mesmo de D. Fernando. E—Infante D. Fernando: O mesmo do infante D. Luiz, com a diferença dos pendentes do banco de pinchar serem trancha- dos d'ouro e prata, tendo no ouro guatro palas de vermelho e na prata uma águia de negro. F—Infante D. Luiz: O mesmo do infante D. João, com a diferença dos pendentes do banco de pinchar serem tranchados de prata, tendo em chefei e em ponta um castelo (?) de vermelho e nos flancos uma águia de negro. G — Infante D. Afonso: O mesmo de D. Fernando.

61 : H— Infanta D. Beatriz: O mesmo de D. Isabel. 7 — Continhas; De ouro, cinco estrelas de cinco pontas /—Infanta D. Isabel: Escudo em lisonja, partido: o 1.° de de vermelho. Timbre: leopardo de vermelho armado d'ouro, carre- prata liso, o 2.° de prata, cinco escudetes d'azul em cruz, carre- gado d' de cinco pontas d'ouro sobre a espádua e segurando gados cada um de cinco besantes do campo; bordadura de ver- na garra dextra uma capela de flores de vermelho e ouro. melho carregada de sete castelos d'ouro. 8 — Noronhas: Esquartelado: o 1.° e 4.° das armas do l—Cunhas: De ouro, nove cunhas d'azul. Timbre: grifo reino; o 2.° e 3.° de vermelho, castelo d'ouro, o campo man- (sem azas) nascente d'ouro, linguado de vermelho, carregado sobre telado de prata com dois leões batalhantes de púrpura armados de o peito dos moveis do escudo. vermelho, bordadura de escaques d'ouro e de veirado de vermelho 2 — Castros: De ouro, treze arruelas d'azul. Timbre: leão e prata, de vinte peças. Timbre: leão do escudo, nascente, armado nascente d'ouro, armado e linguado de vermelho. de vermelho. 3 — Menezes: De ouro, escudete à antiga, cosido do mesmo 9 — Côrte-Reais: De vermelho, seis costas de prata firma- e carregado dum anel com pedra, tudo d'ouro perfilado, a pedra das nos flancos do escudo, postas em faxa e dispostas em duas apontada ao cantão sinistro da ponta. Timbre: uma donzela palas, chefe de prata carregado de cruz de vermelho. Timbre: braço nascente d'encarnação, vestida de prata, guarnecida d'ouro e armado de ferro guarnecido d'ouro, a mão d'encarnação empu- semeada de vieiras cosidas do mesmo, cabelos soltos, a mão sinis- nhando uma bandeira de duas pontas de prata, hasteada de sua tra na cinta e a dextra segurando o escudeíe das armas. cor e carregada duma cruz suspensa de vermelho. 4 — Eças: De prata, cinco escudetes à antiga postos em 10 — Sãs: Enxaquetado de prata e azul de seis peças em cruz e apontados ao centro, cada um carregado de doze besantes faxa e oito em pala. Timbre: um búfalo nascente de negro com do campo postos em trez palas ; os escudetes sobrepostos ao cor- argola d'ouro nas ventas. dão de S. Francisco de sua cor, com seus nós e posto em cruz, 11—Lobos: De prata, cinco lobos passantes de negro. em aspa e orla. Timbre: uma águia de azul armada de vermelho, Timbre: um dos lobos. carregada sobre o peito d'uma cruz potentea cosida de negro. 12 — Mouras: De vermelho, sete castelos d'ouro, 3, l 3. 5 — Ataydes: De azul, quatro barras de prata. Timbre: Timbre: um dos castelos. onça andante d'azul carregada, das peças do escudo. 13 — Britas: De vermelho, nove lisonjas de prata apontadas, 6 — Castros: De azul, seis besantes de prata. Timbre: a moventes do chefe, da ponta e dos flancos do escudo, e cada uma roda de navalhas de S.ta Catarina, a roda de sua cor, as navalhas carregada d'um leão de púrpura. Timbre: um leão aleopardado de de prata ('). púrpura, linguado de vermelho. 0) Estas armas teem os esmaltes do escudo trocados, não se podendo explicar tal erro em brasão tão conhecido. O timbre aqui pintado é o privativo 14 — Abreus: De vermelho, cinco azas d'ouro cortadas em dos Castros do morgado de Penha Verde e foi adoptado por D. Álvaro de Castro, filho de D. João de Castro, ilustre progenitor daquela casa. sangue. Timbre: uma das azas. 62 63 15 — Castel-Brancos: De azul, leão d'ouro, armado e linguado negro em cada um. Timbre: aza d'ouro carregada de um S de vermelho. Timbre: leão aleopardado d'ouro, armado e linguado de negro. ; de vermelho. 20 —Henriques: De vermelho, castelo d'ouro, o campo 16 — Azevedos: Esquartelado: o l .o e 4.° d'ouro, águia de mantelado de prata com dois leões batalhantes de púrpura, lingua- negro; 2." e 3.° de azul, cinco estrelas d'oito pontas de prata, borda- dos de vermelho. Timbre: o castelo. dura cosida de ver- 21—Tavoras: De ouro: cinco faxas ondadas d'azul e prata (?). melho e carregada Timbre (desfeito). de oito aspas d'ouro. 22— Limas: Partido de dois traços: o 1.° d'ouro, quatro 17—Atinadas: palas de vermelho; o 2.° cortado: a de prata, leão de púrpura, De ouro, banda d'a- b de prata, três faxas xadrezadas d'ouro e vermelho de duas tiras, zul carregada de o 3.° cortado do b do 2.° sobre o a do mesmo. Timbre: leão duas cruzes floridas aleopardado de púrpura. do campo, vasias da 23 — Febos Monizes: Esquartelado: o 1.° e 4.° d'azul, cinco banda, que é acom- estrelas d'oito pontas d'ouro; o 2.° e 3.° esquartelado: a de verme- panhada de duas lho, cruz florida d'oiro vasia de campo, b de prata, três faxas águias de vermelho, d'azul, c de prata, leão de vermelho, d de vermelho, leão d'ouro. membradas d'ouro. Timbre: leão aleopardado de vermelho, armado de prata. s Timbre: uma das 24 — Manoeis: Esquartelado: o 1.° e 4.° de vermelho, aza águias arm ada e d'ouro terminada por mão do mesmo, que empunha uma espada de prata guarnecida d'ouro; o 2.° e 3.° de prata, leão de púrpura, Planta do tecto da Sala dos Brasões membrada d'ouro. 18 —Alberga- armado e linguado de vermelho. Timbre: os moveis do 1." quartel. rias: De prata, cruz florida de vermelho vasia de campo, borda- 25 — Almeidas: De vermelho, seis besantes d'ouro entre dura de prata carregada de oito escudetes d'azul, cada um sobre- uma dobre cruz, e bordadura do mesmo. Timbre: águia de vermelho, carregado de cinco besantes do campo. Timbre: dragão volante armada e membrada d'ouro, carregada de seis besantes no peito. de vermelho, armado a'ouro. 26 — Andrades: De verde, banda de vermelho perfilada 19 — Mendonças Furtados: Pranchado de verde e oiro, d'ouro, sahindo das cabeças de duas serpes do mesmo. Timbre: no verde do chefe pala de vermelho perfilada d'ouro, no da dois pescoços de serpe d'ouro batalhantes e atados de vermelho. ponta a mesma peça um pouco em banda; no ouro um 5 í1) de 27 — Albuquerques: Esquartelado: o 1.° e 4." de prata, cinco

(>) Os S S primitivamente deviam ser elos quebrados de correntes. escudetes d'azul em cruz, carregados cada um de cinco besantes do 64 5 65 campo, e um filete de negro sobposto em banda; o 2.° e 3.° de ver- coberta por uma cótica de vermelho. Timbre: ramo de nogueira de melho, cinco flores de liz, d'ouro. Timbre: uma aza de vermelho. verde com ouriços abertos, vendo-se dentro nozes d'oiro. 28 — Silvas: De prata, leão de púrpura, armado e linguado 38—Gamas: Enxaquetado d'oiro e vermelho, de três peças de vermelho. Timbre leão d'ouro. em faxa e quatro em pala, sendo as vermelhas carregadas cada uma 29 — Meios: De vermelho, seis besantes de prata entre uma de duas faxas de prata, e sobre o 5." escaque está um escudete dobre cruz e bordadura d'ouro. Timbre: uma águia de negro, de prata, carregado de cinco escudetes d'azul sobrecarregados cada armada e membrada de vermelho, carregada dos seis besantes do um de cinco besantes de prata. Timbre: naire nascente, vestido de escudo sobre o peito. branco, braços nus, na mão direita segurando ao ombro um pau e na 30—Vasconcelos: De negro, três faxas veiradas de vermelho esquerda, em forma defensiva, o escudete das quinas das armas. e prata de duas ordens. Timbre: leão de negro armado e linguado 39—Serpas: De verde, leão d'oiro, acompanhado de dois de vermelho e carregado das peças do escudo. castelos de prata em chefe e dum dragão volante d'oiro em ponta. 31—Pereiras: De vermelho, cruz florida de prata e vasia Timbre: o dragão. de campo. Timbre: a cruz do escudo entre duas azas de prata. 40 — Valentes: De vermelho, leão d'oiro. Timbre: o leão. 32—Souzas: Esquartelado o 1.° e 4.° das armas do reino, 41 — Teixeiras: De negro, cruz potentêa de prata, vasia do com um filete negro sobreposto em banda; o 2.° e 3.° de vermelho, campo. Timbre: unicórnio nascente e volvido de prata. uma caderna de crescentes de prata. Timbre: um castelo d'ouro. 42 — Lobatos: De vermelho, três castelos de prata, borda- 33 — Mirandas: De ouro, aspa de vermelho acompanhada dura d'oiro, carregada de oito lobos de negro. Timbre: um dos de quatro flores de liz de verde. Timbre: aspa d'ouro com duas castelos com um lobo nascente da torre do meio. flores de liz de verde sahindo dos braços superiores da aspa. 43 — Souto-Maiores: De prata, três faxas enxaquetadas de 34 — Cabrais: De prata, duas cabras passantes e sotopóstas vermelho e prata de duas tiras. Timbre: leão de prata, armado e de vermelho, e armadas de negro. Timbre: uma das cabras. linguado de vermelho e carregado com as três faxas do escudo. 35 — Ribeiros: Esquartelado: o 1.° e 4.e d'ouro, quatro 44 — Pachecos: De oiro, duas caldeiras de negro, carrega- palas de vermelho; o 2.° e 3." de negro, trez faxas veiradas de das de três faxas veiradas d'oiro e vermelho e com os encaixes prata e vermelho. Timbre: um lyrio d'ouro florido de duas peças. das azas garguladas para fora de três cabeças e pescoços de serpe 36 — Lemos: De vermelho, cinco cadernas de crescentes de vermelho. Timbre: dois pescoços de serpe d'oiro, batalhantes e d'ouro. Timbre: águia nascente de vermelho carregada dum min- linguados de vermelho. guante d'ouro. 45 — Pessanhas: De prata, banda de vermelho carregada 37 — Nogueiras: De ouro, banda mais larga que o usual, de três flores de liz d'oiro postas no sentido da banda. Timbre: enxaquetada de verde e prata de cinco peças, tendo a tira do meio as três flores de liz apontadas em pala. 66 67 46 — Costas: De vermelho, seis costas de prata postas em 57—Arcas ou Arsas: Esquartelado: o I.° e 4.° d'oiro, faxa de faxa, dispostas ern pala e firmadas nos flancos do escudo. Timbre: vermelho; o 2.° e 3.° enxaquetado de vermelho e oiro de nove peças. duas costas passadas em aspa e atadas de vermelho. 58 — Goios: Cortado: o 1.° partido de prata com três palas 47—Borges: De vermelho, leão d'oiro, bordadura d'azul, car- de púrpura e vermelho com um castelo d'oiro; o 2.° de prata, três regada de oito flores de Hz d'oiro. Timbre: leão áleo pardado d'oiro. pintas d'arminhos de negro. Timbre: torre d'oiro. 48 — Aguiares: De oiro, águia de vermelho armada e 59 — Pimenteis: Esquartelado: o 1.° e 4.° de vermelho, membrada de negro e carregada sobre o peito dum crescente de três faxas d'oiro; o 2.° e 3.° de verde, cinco vieiras de prata com prata. Timbre: os móveis do escudo. o de dentro para fora; bordadura do escudo de prata, carregada 49— Vieiras: De vermelho, seis vieiras d'oiro. Timbre: uma de dez cruzes potentêas de negro. Timbre: toiro nascente de ver- vieira entre dois bordões de S. Tiago, de vermelho, passados em melho com as unhas e armado d'oiro. aspa, ferrados e atados d'oiro. 60—Cerveiras (')•' Esquartelado: o 1.° e 4.° de vermelho, cruz 50 — Farias: De vermelho, torre de prata entre duas flores florida d'oiro; o 2.° e 3." d'oiro liso; bordadura de todo o escudo de Hz do mesmo e acompanhada de mais três, postas em chefe. de prata, dividida em quatro partes pelo prolongamento das linhas Timbre: a torre sobrepujada por uma flor. do esqúartelamento, sendo duas dessas partes lisas e as duas 51 — Gouveias: Partido: o 1.° de vermelho, seis besantes correspondentes ao 1.° e 4.° quartel cada uma carregada de cinco de prata entre uma dobre cruz e bordadura d'oiro; o 2.° de prata, escudetes d'azul, sobrecarregados cada um de cinco besantes de seis arruelas d'azul. Timbre: a águia de vermelho. 52—Pintos: De prata, cinco crescentes de vermelho. Timbre: prata. Timbre: cerva passante de sua cor. leão nascente de vermelho. 61 —Siqueiras: De azul, cinco vieiras d'oiro. Timbre: uma 2 53 — Motas: De verde, cinco flores de Hz d'oiro. Timbre: vieira ( ). uma das flores entre duas plumas verdes. 62—Ferreiras: De vermelho, quatro faxas d'oiro. Timbre: 54 — Carvalhos: De azul, estrela d'oito pontas dentro duma ema de prata, armada de vermelho. caderna de crescentes de prata. Timbre: cisne de sua cor armado e '63—Malafaias: De vermelho, castelo de prata lavrado de. membrado doiro. negro e sobrepujado na torre do meio por um corpo volante de 55 — Aboins: Esquartelado: o 1.° e 4.° enxaquetado d'oiro negro. Timbre: os moveis do escudo. e azul de três peças em faxa e três em pala; o 2." e 3.° d'oiro três 64 — Sampaios: Esquartelado: o 1.° e 4.° d'oiro, águia de palas d'azul. Timbre: dois braços vestidos d'azul, as mãos, d'encarna- vermelho; o 2.° e 3.° enxaquetados d'oiro e azul de quatro peças ção segurando um taboleiro enxaquetado d'oiro e azul de nove peças. 56 — Meiras: De vermelho, cruz d'oiro florida e vasia de (') Em virtude dos restauros lê-se erradamente Cerqueiras. Até 1655 estava escrito Cerveiras. campo. Timbre: alão passante de negro, linguado de vermelho. (2) As vieiras com a parte côncava para fora.

68 69 em pala e cinco em faxa; bordadura de todo o escudo de ver- melho carregada de oito SS de prata. Timbre: uma das águias ('). 65 — Mascarenhas: De vermelho, três faxas d'oiro. Timbre: leão nascente de vermelho, armado de negro e carregado com as três faxas do escudo. 66—Tavares: De ouro, cinco estrelas de oito pontas de vermelho. Timbre: cavalo branco nascente, bridado d'oiro. 67—Queirozes: Esqúartelado: o 1.° e 4.° d'oiro, seis cres- centes de vermelho; o 2.° e 3.° de prata, leão de vermelho. Timbre: CINTRA o leão nascente. 68 — Coelhos: Destruído. 69 — Barretes: De prata, dez pintas d'arminho de negro, Cintra est à peine à 28 Kilomètres de Lisbonne, parcours 3, 4 e 5. Timbre: donzela nascente, vestida d'arminhos, cabelos sol- qui peut être fait en une demi-heure par chemin de fer. tos, braço direito curvado e a mão como que apontando para cima, Lieu charmant ou l'on oublie lês tristesses, selon 1'heureuse braço esquerdo também curvado, mas com a mão apoiada na anca. pensée de Qarrett, lê notable poete portugais, Cintra est en vérité, 70 — Pestanas: De prata, três faxas de vermelho. Timbre: un Éden glorieux, comme lê dit dans Child Harold, Byron, l'un dês onça nascente de prata. admirateurs de cette merveilleuse région de revê et de fantaisie, que 71 — Gois: De azul, seis cadernas de crescentes de prata. Licknowsky considere lê plus beau de tous lês coins de Ia terre et Timbre: dragão volante d'oiro. qu'Armand Dayot appelle Ia huitième merveille du monde. 72 — Bettencourts'. De prata, leão de negro, armado e lin- Conquise sur lês Maures en 1147 par D. Afonso Henriques, lê * guado de vermelho. Timbre: o leão. fondateur de Ia nationalité portugaise, Ia première charte de Cintra * * * date de 1154 et contient de curieuses dispositions. Por baixo de toda a pintura dos brasões, no friso das paredes, Elle se trouve enchâssée sur Ia cime de Ia montagne qui em grandes letras doiradas, distribue-se esta quadra: porte son nom et dont l'altitude est à peu près de 530 mètres. Pois com esforços leais Cette montagne qui termine tout près du Cap de Roca, Serviços foram ganhadas extrémité occidentale de 1'Europe, est appelée par lês géographes Com estas e outras tais anciens «lê Promontoire Artabico, Olissiponense, Magno». Devem de ser conservadas. Lês Maures appelaient Ia Montagne de Cintra «lê Mont de (De O Paço de Cintra, do Conde de Sabugosa) (J) Primitivamente os SS deviam ser éios quebrados de correntes. Ia Lune» ou de Cinthia. 70 71 Três appréciée par lês nationaux et par lês étrangers, surtout par lês róis portugais et par maints princes qui y résidèrent, Cintra, qui possède lês plus beaux et lês plus inspirateurs points de vue du globe et qui nous offre un climat splendide, soit en été, soit en hiver, est toujours, incontestablement, plus que jolie, autant par son bei ensemble que par son exuberante et incomparable végéta- tion qui lui donne un étrange enchantement, au point de pouvoir L'ANCIEN PALAIS ROYAL aisément appliquer à Cintra, cê qu'on dit de Séville: Qui n'a pás vu Cintra N'a pás vu de merveiile. Lê Palais National de Ia Ville de Cintra, ancien Palais Royal, d'origine árabe, qui a souffert maintes modifications au temps de Jean I, Jean II, Manuel I, etc.—est assez notable, par Ia beauté A une petite distance de Ia station du chemin de fer se de quelques plafonds de sés salles et de sés carreaux, quelques-uns trouve 1'édifice de 1'Hôtel de ville, de style «néo-manuelino» avec hispano-arabes. sã belle fontaine couronnée par Ia Croix du Christ. Ce palais, orne de quelques jolies fenêtres «manuelinas» A mesure que l'on avance, un aspect enchanteur apparaít; mérite qu'on lê visite attentivement. On y jouit du plaisir que au loin, eleve et altier, on aperçoit lê Chateau de Ia Pena et une nous offre un vaste et magnifique panorama. partie du Château dês Maures; sur lê coteau de Ia montagne, toute Après avoir franchi lê portique aux trois ares, et monte un revêtue de verdure, on voit dês maisons dispersões parmi lês feuil- petit escalier en spirale, on arrive à Ia Salle dês Archers (Archeiros), lages touffus. Ia première à visiter. En bas, Ia rivière, et plus loin, lês maisons de Cintra et De celle-cí on passe à Ia Cuisine, divisée par dês ares lê Palais de Ia Ville avec sés deux cheminées íypiques. ogivaux du temps de Jean I. Presque à 1'entrée de Ia Vílle, cn trouve une curieuse fon- De Ia Cuisine on se dirige à Ia Salle á Manger dês Árabes, taine de style mauresque. notable par sés splendides carreaux et par sés motifs ornementaux qui embellissent lês frises et lês lambris dês portes. C'est ici qu'on admire, au centre de Ia Salle, une fontaine en marbre, garnie de carreaux de Séville et d'oú l'on passe à Ia Chapelle qui contient lês plus beaux et lês plux anciens carreaux de cê Palais et dont lê plafond est lambrissé.

73 Plus loin: II y a dans cette salle un beau lustre de Venise et un riche La Salle dês Pagodes aux trois pagodes d'ivoire; Ia salle compteur hispano-arabe semblable à celui du Falais da Pena. ou fut emprisonné et ou est mort Alphonse VI, salle ornée de La Salle de Bains (Banhos) et La Cour Centrale, qul vraie mosaíque de Séville du XV siècle, en bleu, blanc et brun. possède un réservoir occulte et un joli jet «manuelino». La Salle dês Blasons (Brasões), dês Armes ou dês Cerfs, De cette belle Cour on remarque lês fenêtres dites «ajime- l'une dês plus belles et dês plus somptueuses du Falais. zes» dês Salles dês Sirenes, dês Árabes et dês Pies. Elle est ornée de soixante deux têtes de cerfs, chacune La Salle dês Cygnes, ainsi nommée à cause dês cygnes d'elles ayaní, comme emblême, lês écus et lês noms dês princi- du plafond, est Ia plus grande du palais, primitivement connue sous pales familles nobles de Portugal du XV siècle et du temps de lê nom de Salle dês Infants (Infantes) ou Grande Salle. Manuel I, lê «Bienheureux», sous lê règne duquel Vasco da Watson considérait une merveille lê plafond de cette Salle, Gama découvrit lê chemin maritime dês Indes. l'une dês plus belles du Palais. Sept grands tableaux de carreaux décorent lês murs de cê C'est ici que se réalisa lê Conseil d'Etat qui decida, au Salon, ou lês ors abondent. temps du rói Sébastien, 1'expédition à Alcácer Kibir. La Cour de Ia Carranca. La Salle d'Audience (Audiência) ou Ia Terrasse de La Salle de Ia Couronne (Coroa), ornementée de carreaux D. Sébastien, qui possède de magnifiques carreaux. nationaux et de Séville. Cest dans cette Salle, suivant Ia tradition, que Louis de La Cour de Diana. Camões lut sés Lusiades au rói Sébastien. La Salle à Manger (Jantar) et Ia Salle ou l'on découpe (Trin- En revenant à Ia Salle dês Cygnes, qui conduit à Ia Salle char), celle-ci garnie de vaisselle de Saxe et de Sèvres ayant appar- dês Archers, on remarque dês carreaux de cuenca et en relief. tenue à Ia reine Maria Pia. Cest dans cette Salle que se trouve un tableau de feu lê rói La Cour du Lion. Carlos I et deux gobelins dont l'un represente 1'arrivée de Vasco La Salle de Ia Galère (Galé) ou dês Sirenes (Sereias), de Gama à Callicut. également l'une dês plus belles du Falais National, dú à sã déco- Viennent ensuite: ration de céramique du XVI siècle, enrichie d'une jolie porte de Trois autres salles. Dans Ia deuxième de cês salles est exposé marbre et de carreaux de Séville en cordelière. un précieux gobelin, pour 1'exécution duquel il a faliu 23 ans, et La Salle dês Pies (Pegas), Pune dês plus anciennes du Falais qui represente une audience accordée par Louis XVI au peintre Royal et ou déjeunèrent Guillaume II et Edouard VII. Lebrun; dans Ia troisième, il y a 22 tableaux parmi lesquels il Cent trente six têtes de pies décorent son plafond. A cês têtes s'en trouve un que l'on suppose être de Ribéra et un curieux tapis: est liée une légende curieuse du temps de Jean I. «Pêcheurs de Bloisfontaine». 74 75 Ensuite on traverse une petite terrasse, d'oú l'on jouit d'un splendide panorama. Et l'on passe à 1'ancienne chambre à coucher de Ia reine Maria Pia, dont lê plafond porte lê blason et lês armes de Ia reine Stéphanie et de Pierre V, puis au Cabinet de toilette ou Salon et à Ia bien modeste salle de bains. LÊ PALAIS DE LA PENA * * *

Celui qui voudra visiter plus minutieusement lê Palais de L'ancien Monastère de Notre-Dame de Ia Pena a été édifié, Cintra pourra voir encore d'autres terrasses, lê Jardin de Lindaraia, d'après Ia tradition, à Ia place ou une image de Notre-Dame est Ia cour dês Petits Bassins (Tanquinhos), lê Plateau de Meca, Ia apparue et ou l'on avait déjà eleve une petite chapelle. Cour Centrale, lê Jeu de Paume (Péla), lê Jardim de Ia Négresse. Cest Manuel I qui, en 1503, fit construire, en bois, lê premier monastère de Notre-Dame de Ia Pena, et lê remit aux moines «Jerónimos». Plus tard, afin de commémorer lê fait d'avoir aperçu de Ia Montagne de Cintra quelques-uns dês vaisseaux qui, pour Ia deuxième fois, sous lê commandement de Vasco da Gama, venaient dês Indes — il ordonna en 1511 de réédifier cê monastère, oeuvre qui mit huit ans à être exécutée. En 1755 lê tremblement de terre causa de graves préjudices ã cê monastère. Presque abandonné, Ferdinand II 1'acheta en 1834, et lê fit agrandir et transformer en 1'actuel palais. Après Ia mort de cê monarque il devint en 1889 possession de 1'Etat. Malgré toutes lês modifications qu'il a subies il a encore dês points de contact avec 1'ancien Monastère et lê palais actuei, comme on lê voit par 1'escalier qui donne accès à Ia chapelle; par Ia tour de 1'horloge; par Ia tour conique, et par 1'église qui, avec lê cloítre, datent de 1'état primitif.

76 77 Lê Falais de Ia Pena fut édifié, comme il a été dit, par Ce magnifique ensemble mérita Ia suivante référence de Ferdinand II à Ia place ou, en 1503, Manuel I determina que lê Beresteiner: monastère de Ia Pena soit construit pour être destine à Ia pénitence «Pás même Ia fantaisie ia plus hardie ne pourrait imaginer dês moines de Sainte Marie de Belém. quelque chose de plus beau». Mélange dês styles «manuelino», néo-manuelino, néo-arabe et néo-gothique (desquels Sainte Marie de Belém, lê Couvent du L'intérieur du Palais de Ia Pena est intéressant. Lês vitraux Christ, Ia Chapelle Imparfaite de Batalha, sont de surprenants polychromes de Ia Chapelle, lê plafond et lê retable du Grand-Autel modeles du -style primitif mentionné), lê Palais de Ia Pena que l'on aperçoit, tout altier, de tous lês environs de Cintra et même en albâtre, attirent l'attention du visiteur: Dans Ia Sacristie, un beau Christ en ivoire ; de certains points de Lisbonne et de Ia rive gaúche du Tage, Dans Ia Galerie, plusieurs plats hispano-arabes, dês chaises offre, vu de près, ou de loin, un magnifique ensemble qui plait et qui s'impose. de Cordoue; Lê Cloitre, qui rappelle lês Cours de Séville; Lê trajet que l'on fait à travers une route bordée d'arbres La Chambre à coucher de Ia reine Amélie, en style árabe, touffus pour arriver au Palais est enchanteur; on y admiie de et lê Salon de Réception, avec sés beaux vitraux, etc. belles maisons, dês chalets, lê vaste «Petit Palais» de Mr. Carvalho II y a dans cê Palais de magnifiques meubles, dês objets Monteiro, en pur style «Manuelino» et, au loin, 1'Océan. d'art, de Ia vaisselle de Saxe et de Sèvres, de «Vista Alegre», etc. Une fois Ia grande montée atteinte, Ia porte principale s'offre à nous. La Chambre à coucher et lê bureau de Manuel H sont En traversant lê Pare on arrive au Palais, et tout de suite plus que simples. Après, on prend un escalier qui conduit à l'une dês tours une belle porte, modele de celle du Palais de Justice d'Alhambra élevées de cê Palais et duquel on jouit d'une magnifique vue, et et Ia Penetre du Géant (Gigante), attirent notre attention. l'on se rend à Ia terrasse d'oú l'on a commencé Ia visite. Lorsqu'on dépasse lê pont-levis, dont Ia clef de Ia porte a Lê Pare de Ia Pena est grandiose et beau. II possède de 400 ans, on entre sur une deuxième terrasse d'oú l'on jouit d'une magnifiques exemplaires d'une rare flore qui tombent de vétusté, imposante vue qui est encore plus vaste vue dês tours élevées de cê Palais, vigilante sentinelle caractérisée par dês remparts et dês dês lacs, etc. créneaux, perdue entre lês monts d'inégale végétation. Au loin, bien loin, on aperçoit, pendant lês jours clairs, lê grandiose Couvent de Mafra et lê Cap de Roca, extrémité occidentale de 1'Europe.

78 79 CHÂTEAU DÊS MAURES

Ce três vieux château, construit par lês «Turdules» en l'an 3382, selon certains auteurs, et reconstruit par lês Maures en l'an 713 de notre èie, est un typique exemplaire guerrier avec sés cinq tours et avec sés longues murailles, crénelées, appartenant à diverses époques. II assista aux luttes de Ia fondation de Ia nationalité, et fut une deuxième fois réédifié par Sancho I (1185-1211). II fait face au Palais de Ia Pena.

De Ia Tour Royale (Ia 4 eme avant Ia Porte de Ia Trahison) à 434 m- d'altitude, dont il faut monter lês cinq cents marches creu- sées dans Ia roche pour y arriver—on jouit d'un admirable panorama. II perdit vite sã valeur défensive, et pour cette raison il fut abandonné, cê qui causa sã destruction. En 1839, cependant, lê rói consort Ferdinand, qui lê fit transformer en un pare enchanteur et original, en prit possession. Dans cê château on trouve dês vestiges d'un ancien ermitage et d'une clterne probablement du temps de Ia domination árabe.

(Trad. de M.me Claire de Jeancourt Gouveia et de Francisco da Silva Gouveia).

C 81 CINTRA

Cintra is 28 kilometres from , a distance that can be covered by the train in half an hour. It is in the apt expression of the celebrated Portuguese 'poet Qarrett, «the retreat of an ever affectionate, regretful longing where griefs are forgotten»; «a glorious Éden», as Lord Byron, one of the admirers of this wonderful dream and fairy land, calls it in his Chl'de Harold; «the most beautiful spot on earíh» in the words of Licknowski; and «the eighth wonder of the world», according to Armand Dayot. It was wrested from the in 1147 by D. Affonso Henriques, the founder of the Portuguese nationality, and its first charter dating from 1154 contains some curious provisions. It is situated at the foot of a chain of hills whose height averages about 530 meíres, and which terminates in the Cabo da Roca, the westernmost point of Europe, called by ancient geogra- phers the «Artabic, Lisbon, or Great» Promontory; the Cintra chain was called by the Moors the «Mount of the Moon» or «Cynthia». Greatly appreciated by natives and foreigners, especially by the Portuguese kings and several Princes who lived there, Cintra, 83 which possessas the finest and most suggestive prospects in th e woríd and boasts of a splendid climate both in summer and winter, is always unquestionably more than fair, not only by reason of its lovely ensemble, but also from its exuberant, peculiar, and unrivailed vegetation, whích imparts a strange charm to it, só much só, thal we can boldly apply to Cintra what is said of Seville: THE OLD ROYAL No tnarvel can he be sald to have seen Who hás not beheld Cintra. The National Palace of the town of Cintra, the old Royal At a short .distance from the railwey station stands the Palace, which is of Moorish origin and underwent many modifica- Town Hall, built in the neo-Manoelino style, with its lovely fountain tions in the time of D. João I, D. João II, D. Manoel I, etc., is surmounted by the Cross of Christ. rather remarkable, owing to the beauty of some of the ceilings of As one proceeds, the charming prospect widens; in the dis- its rooms and the very precious enamelled tile-work, some of it tance rises bold and lofty the Pena castle and part of that of the being Hispano-Moorish. Moors; on the mountain side ali clothed in verdure several scat- This palace, in the exterior of which some pretty Manueiino tered buildings can be seen peeping out from amongst rich masses windows stand out prominently, deserves a careful visit, and from of foliage. it an ample and magnificent panorama can be enjoyed. After pas- Below is the River, and farther away are the houses of sing the three-arched hall and going up a small winding staircase, Cintra and the town Palace with its two typical chimneys. you come to the Sala dos Archeiros the first to be visited. At the entrance almost of the town there is a curious foun- From it you go to the Kitchen, divided by pointed dating tain in the Moorish style. from the time of king D. Jo3o I. From the Kitchen, you proceed to the Arabs'Dining Hall (Sala de Jantar dos Árabes) remarkable for its splendid enamelled tiles and ornamental devices embellishing the lintéis and posts of the doors. In the middle stands a marble fountain with Seville enamelled tile work. From this hall you reach the Chapei, which contains speci- mens of the finest and oldest enamelled tiles in the Palace. and hás a panelled ceiling. 85 84 Then come : attached a curious legend of an event that took place in the time The Pagada Room (Sala dos Pagodes), containing three of D. João I. There is in the room a beautiful Venice lustre and marble pagodas, the Room where D. Affonso VI was kept a rich Hispano-Arab closet with drawers, like the one in the imprisoned and died, covered with authentic Seville mosaic work . of the 15 th cent., blue, brown and white; The Bath-room and the Central Court, with a hidden The Hall of the Coats-of-Arms, of Arms, or the Deer Ha.ll shower-bath and a beautiful manuelino jet of water. From this (Sala dos Brasões), one of the finest and most sumptuous in the beautiful Court can be seen the «aiimezes» (twin arched windows) Palace. It is ornamented with seventy-two heads of deer, having of the «Mermaids'Room*, of those of the Arabs and the Magpies. each of them as an emblem the shields and names of the prin- The Swans'Room (Sala dos Cisnes), só called from the th cipal noble families of Portugal in the 15 cent., and in the time swans on the ceiling. It is the largest room in the Palace, and wàs of D. Manoel I, the «Fortunate», during whose reign Vasco da originaily known as the Room of the Infantes or the Large Room. Gama discovered the maritime way to índia. The walls of this Watson gives the epithet of marvellous to the ceiling of this hall on which there is abundant gilding, are adorned with seven room, one of the most beautiful in the Palace. In it met the State large pictures in enamelled tile work; Council that decided on the expedition to Alcacer-Kibir in the The Frown Court (Páteo da Carranca); time of D. Sebastião. The Crown Room (Sala da Coroa), with ashlars covered The Audience Room (Sala da Audiência) or Terrace of with Seville and national enamelled tiles; D. Sebastião. It contains magnificent enamelled tile work. It was Diana's Court; in this room tradition says Luiz de Camões read the Lusiad to The Dining and the Carving Halls (Sala de Jantar and D. Sebastião. Corning back to the Swans'Room, you proceed from Sala de Trinchar), the latter containing Saxony and Sèvres porcelain it to the ls' Room, that of the «Archeiros», where there are ashlars ware that belonged to D. Maria Pia. covered with enamelled tiles. It contains a painting by the late The Lion Court; monarch D. Carlos I, and two gobelins, one of them representing The Galley or the Mermaids'Room, (Sala da Galé ou das the arrival of Vasco da Gama at Calicut. Sereias), one of the most remarkable in the National Palace, owing Besides these there are: to its ceramic decoration of the 16 th cent. It hás a lovely marble Three other Rooms in the second of which is exposed a door and Seville enamelled tiles. superb gobelin, that took 33 years to weave and represents an The Room of the magpies, (Sala das Pegas), one of the audience granted by Louis XVI to Lebrun the painter. In the third oldest in the Royal Palace, and where William II and Edward VII of these rooms there are 22 pictures among which is one sup- breakfasted. The ceiling is adorned with 136 magpies, to which is posed to be the work of Ribera, and a curious carpet «Fishers at

87 Bloisfontaine. Then you pass on to a small terrace from which a splendid panorama can be enjoyed. After comes the old bed-róom of the Queen Dowager D. Maria Pia, the ceiling of which bears the coat-of-arms of Queen D. Estephania and D. Pedro V, the Dressing-room, the Drawing room, and the more than modest bath-room. Whoever wishes to visit the Palace of Cintra more minutely THE PENA PALA CE will see several other terraces, the Garden of Lindarais, the Çourí (dos Tanquinhos), the Terrace of Mecca, the Bali Court, and the Negress's Garden. The old monastery of our Lady of Pena was built, according to tradition, on a site where an image of our Lady appeared, and where a litlle chapei had been already erected to her. It was D. Manuel I who in 1503 ordered the first monastery of our Lady of Pena to be constructed in wood, and gave it to the monks called «Jerónimos». Later on, to commemorate his having seen from the Cintra range of hills some of the ships that were returning from índia for the second time, under the command of Vasco da Gama, he ordered the monastery to be rebuilt in 1511, and 8 years were spent in the execution of the work. In 1755 the earthquake did great damage to this monastery. Being almost abandoned, it was bought by D. Fernando II in 1834 , who enlarged it and transformed it into the actual palace. On the death of that monarch, it passed in 1889 into the posses- sion of the State. In spite of ali the modifications it underwent, there still exist points of contact between the old monastery and the actual Palace, as can be seen in the staircase that gives entrance to the

89 Chapei, in the clock tower, in the conical tower, and in the church Away in the distance can be descried in clear weather the and cloister which date from the beginning. imposing structure of the Convent of Mafra and Cape Roca, the The Pena Palace was ordered to be built, as hás been said, westernmost point of Europe. by D. Fernando, on the spot where in 1503 D. Manoel I deter- This splendid panoramic picture is thus deservedly alluded mined that there should be erected the Pena monastery for the to by Beresteiner: «not even the boldest fancy could picture any- practice of penance on the part of the monks of St. Mary of Belém. thing fairer». A mixture of the Manuelino, neo-Manuelino, neo-Moorish, The interior of the Pena Palace is very curious. The atten- and neo-Gothic styles, (admirable models in the first mentioned tion of the visitor is called to the polychromatic stained glass-win- one being: St Mary of Belém, the Convent of Christ, the Incom- dows of the chapei, the ceiling, and the alabaster reredos of the plete Chapeis of Batalha) the Pena. Palace, which in its towering high altar, etc. In the Sacrísty there is a beautiful ivory figure height can be seen from ali the surroundings of Cintra, and even of Christ. from many places in Lisbon and the left bank of the Tagus, offers In the gallery notice is to be taken of several Hispano- in its entirety, whether seen from near or from afar, a superb Moorish plates and Cordova chairs. picture both pleasing and imposing. The cloister reminds one of the Seville courts. The drive to this Palace is a charming one, and is made The sleeping apartment of Queen D. Amélia, in the Moorish along a road bordered with shady trees disclosing lovely gardens style, calls one.'s attention, as does also the Reception Room, and residences, the vast Mansion of Mr. Carvalho Monteiro ín puré with its beautiful stained glasswindows. Manuelino style, and in the distance, the ocean. This palace contains magnificent furniture, art objects, Saxony, Arriving at the top you find yourself in front of the main Sèvres, and Vista Alegre porcelain, etc. entrance. After crossing the Park you come to the Palace, your The bedroom and cabinet of D. Manuel II are simple in attention being at once struck by a beautiful which is a copy extreme. of that of the Palace of Justice at Alhambra, and by the Gianfs From this place you now either go by a staircase leading Window (Janela do Gigante). to one of the turrets of the Palace whence a magnificent view After crossing the drawbridge (the key of which is 400 can be had, or else rerurn to the terrace where the visit was years old), you reach a second terrace whence you enjoy a íascina- begun. ting prospect, which becomes more ample still when seen from The Pena park is grand and beautiful, and possesses magni- the turrets of this Palace, which is like to a vigilant sentinel, ficent old specimens of rare flora, ponds, etc. crowned by bastions and battlements, and set in the midst of mounts of unrivalled vegetation. 90 91 THE

This extremely old castle constructed by the Turduli in the year 3382,. according to some authors, and reconstructed by the Moors in 713 A. D., is a typical warlike specimen with its exten- sive embattled ramparts that belong to different epochs, and its five towers. It witnessed the struggles for the foundation of the Portu- guese nationality, and was a second time rebuilt by D. Sancho I (1185-1211). It faces the Pena Palace. From the Torre Real (Royal Tower), the 4 th before coming to the Qate of Treason, 434 metres high, only to be reached by climbing up five hundred steps cut out in the live rock, an admi- rable panorama can be enjoyed. It soon lost its defensive value and was abandoned in con- sequence, the result being its ruin. In 1839 however, the king- consort, D. Fernando, took charge of it, and transformed it into a charming and original park. In the Castle there still exist traces of an ancient Chapei and a cistern very possibly coeval with the Moorish Dominion. (Transi, by James Machin).

93 BIBLIOGRAFIA

Alem das chrónicas de Fernão Lopes, Azurara e Rui de Pina : O Paço de Cintra — Conde de Sabugosa O Paço de Cintra—Visconde de Castilho Monumentos de Portugal — Vilhena Barbosa A Arte e a Natureza em Portugal — Conde de Arnoso Cintra Pinturesca — Visconde de Juromenha Cintra Pinturesca — Nova edição—A. A. R. Cunha Descripção do Palácio Real da Villa de Cintra — Abade A. D. Castro e Souza Memória histórica sobre a origem do real mosteiro de TV.a S.a da Pena — Abade Castro e Souza Lês Arts en Portugal — Raczinsky Brasões da Sala de Cintra — Braancamp Freire Portugue.se Archtíecíure — Watson A Renascença em Portugal— Haupt Cerâmica Portuguesa — Joaquim de Vasconcellos Cerâmica Portuguesa — José Queiroz Santuário Mariano—Fr. Agostinho de Santa Maria Lisbon and Cintra — Inchbold Lissabon and Cintra — Haupt Voyages en Portugal — James Murphy Portugal — Ferdinand Denis Rainhas de Portugal — Fonseca Benevídes Portugal Monumental — Pereira d1 Almeida Arte e Natureza — Latino Coelho Lusíadas— Camões Pavimentos — Liberato Teles Dicionário dos architectos — Souza Viterbo A corte de D. Maria / —Beckford Cintra, Collares — Lino d'Assumpção Guia de Cintra — Eusebio Santos Novo guia de Lisboa e arredores— 1863 Guia de Portugal (Bibl. Nacional) —Vol. I Guia Illustrado de Cintra e arredores (2.a edição)—Nuno Catharlno Cardoso

Arte Portuguesa, 1895 — Universo Pitoresco I e III- - Universo Ilustrado, 1880 —Boletim da Associação dos Archeólogos, IX e X - Portugal Artístico, 1905 — O Archeólogo, III — Domingo Ilustrado, 1897. 95 INDEX

PÃO. Cintra 9 O antigo Paço Rial 19 Descripção das principais salas e dependências do Palácio Nacional de Cintra ... 27 O Palácio da Pena 43 O que há de mais notável no Palácio da Pena 49 O Parque da Pena 55 O Castelo dos Mouros 57 Sala dos brasões—Discriminação dos mesmos 61 Tradução francesa 7! Tradução inglesa 83 Bibliografia 95 C£- >3 '

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Paço Real — Fachada geral Ralais Royal — Façade générale Royal Palace — General façade uiooj aqBJB an«s —

Paço Real — Janelas manoelinas da ala direita Palais Royal Penetres manuelinas de 1'aile droite Royal Palace — Manuelino windows in the right SIUJB jo SJKO3 aq; jo uiooa suosBig sap SI[BS — saosujg sop BIBS

Paço Real —Tecto mudéjar da capela Palais Royal — Toit mauresque de Ia chapelle Royal Palace Aíoorish ceiling of chapei aí !

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Paço Real — Tecto da Sala dos Brasões Palais Royal — Plafond de Ia Salle dês Blasons Royal Palace — Ceiling of the Room of the Coats of arms J4HO3 S.UO.n 3MX — 3DB|Bd UOJT np 4nO3 — |K.

Paço Real —Aspeto visto do Pátio de Diana Palais Royal — Aspect vu de Ia Cour de Diana Royal Palace — Aspect of same seen from Diana's Court — 9DB|Bd sap SUES iB/Coa siB[Bd SEP B|B

Paço Real — Sala dos Cisnes Palais Royal — Salle dês Cygnes Royal Palace — The Swans'room mooj.spjeuusw JO Xai|B3 ai» jo sauaajs sap no saaieg B| ap a|[Bs EJ ap puojBij — SB.I343S SBp no 3|BQ Bp B|BS Bp

Paço Real — Tecto da Sala dos Cisnes Palais Royal — Plafond de Ia Salle dês Cygnes Royal Palace — Ceiling of the SwansYoom Paço Real — Pátio Central ou do Banho Palais Royal — Cour Centrale ou du Bain Royal Palace —Central or Bath Court M 75 *'ff

Paço Real — Uma varanda Palais Royal — Un balcon Roya! Palace — A verandah AiX smoi jo ui[aqoJ3 ai|j. AIX sinoi ap unaqoS ai — )B/

Paço Real — As cosinhas Palais Royal — Lês cuisines Royal Palace — The kitchens S o. 3a

Castelo dos Mouros — Torre e muralha ameadas Château dês Maures — Tour et muraille crénelées The Moors'CastIe — Embattled tower and ramparts 6. S á

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Castelo dos Mouros — Conjunto de torres e cortinas ameadas Château dês Maures — Groupe de tours et courtines crenelees The Moors' Castie — Embattled towers of ramparts euad jo lunom aiu BI ap np juoui aq Op OJJQUI Q

Palácio da Pena — Vista geral Palais de Ia Pena — Vue générale Pena Palace — General view T Palácio da Pena — Fachada principal Palais de Ia Pena — Façade principale Pena Palace — Main entrance Ill

Palácio da Pena — Interior da porta principal Palais de Ia Pena — Intérieur de Ia porte principale Pena Palace — Inside of principal doorway Palácio da Pena — Uma perspectiva Palais de Ia Pena — Une perspective Pena Palace — A prospect «S.» iw 㣠o s -5'

Palácio da Pena — Um terraço com colunas is de Ia Pena — Une terrasse avec dês colonnes Pena Palace — A columned terrace Palácio da Pena — Janela e rosácea manuelinas Palais de Ia Pena — Penetre et rosace manuelines Pena Palace — Manoelino wíndow and rose-window Palácio da Pena Retábulo d'alabastro da capela Palats de Ia Pena Retable en albâtre de Ia chapelle Pena Palace — Alabaster reredos of chapei Palácio da Pena — Cristo no túmulo do retábulo d'alabastro Palais de Ia Pena — Christ dans lê totnbeau du retable d'albâtre Pena Palace — Christ entombed in the alabaster reredos Castelo dos Mouros — Vista geral Château dês Maures — Vue générale The Moors' Castle — General view Palácio da Pena — A Virgem com o Menino do retábulo d'alabastro Palais de Ia Pena — La Vierge du retable d'albâtre Pena Palace — Virgin with child in the alabaster reredos o «B f s!! l 0 8 CO iO. (U -Q. CÁ" 0 | o 's i 5 O U «J 5; p ^; CA •o 3 U 1 "3 cc CA bc _bst O o 0 S o Í2 Q. CU O u cd Q *u Q o "c? ^ Z. CU C 1 u o a 5. g- g 3 o „ u o a a o- CA Z "o" CA O c (O o u •= O" = S • 2 hCd. o -» cd *^ (V "eu t "td

architect o Ernest Korrodi . O.

ra l e egreja s d Cedofeit a S . Francisco ) — pel o c assos . itello , S . Pedro Encarnaçã o e Pena ) — pel Dr i s Reai e do Mouros ) — po r Nun o Catharin •a Z t 8°° *5 •o i. _w o CO 1 Q. •a O O C U CU 0 73 U o CO O CU cj o •< ° 'eu o. ,2 a tw cd "9 Q. «í "3 0 (J -J cd CA CO a. •Hl *£ "ã ríf u '« -2 w) ti u ar o C C a» cd cd 0. Cd W XM QJ )O cd _O 0 5 t/3 2 2 E y u c O l l s C O *S (A z d 0 õ

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Palácio da Pena— Aspecto visto do páteo posterior Palais de Ia Pena — Aspect vu de Ia cour intérieure Pena Palace — Aspect of same seen from the back court