Streaming: Produção, Tecnologia E Campo Musical
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PUC - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Igor Fediczko Silva Streaming: produção, tecnologia e campo musical Mestrado em Ciências Sociais Orientador: Professor Doutor Rafael De Paula Aguiar Araújo São Paulo, 2018 PUC - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Igor Fediczko Silva Streaming: produção, tecnologia e campo musical Mestrado em Ciências Sociais Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Ciências Sociais, sob a orientação do Prof. Dr. Rafael Araújo Orientador: Professor Doutor Rafael De Paula Aguiar Araújo São Paulo, 2018 Banca Examinadora ____________________________ ____________________________ ____________________________ Quem dera eu fosse um músico que só tocasse os clássicos, a platéia chorando e eu contando os compassos. P. leminski Agradecimentos Escrevo esse primeiro parágrafo de agradecimento como a última tecla no meu computador. Finalizo esse trabalho com um agradecimento especial: agradeço à minha mãe, que acompanhou todo o trajeto de minha pesquisa, minhas aulas. Metade ao meu lado, contando para todos os amigos e parentes, e a outra metade em alma, espírito e luz. Minha guia de todos os momentos. Só depois de minha mãe se acidentar e não estar mais perto de mim que descobri que ela contava para todas as suas amigas e amigos que o filho dela estava fazendo mestrado e "estava indo muito bem". Fui descobrir só depois o quanto este trabalho era importante para ela. Começo esse trabalho com esse agradecimento, a quem penso todos os dias. Obrigado dona Sueli. Se pudesse, agradeceria apenas a ela, mas seria injustiça com as dezenas de pessoas ao meu lado que também me deram força, carinho, preocupação e zelo. Agradeço ao meu orientador, sempre presente, nos momentos leves e nos momentos pesados; Rafael Araújo, um sopro de genialidade em momentos em que eu precisava de um caminho para seguir. À Alessandra, que acompanhou todo o processo, desde a folha 1 até a 101. Se mostrou empolgada quando precisava me animar e me fez companhia em todos os momentos. Ao Éric, grande amigo que, com certeza, ditou boa parte do rumo dessa pesquisa. Me apresentou pessoas essenciais, me ajudou com cada uma das entrevistas e me elucidou dúvidas conceituais que seriam interpretadas de forma diferente sem a tua visão técnica e teórica. Ao meu pai, sempre uma inspiração e energia para continuar e querer crescer. Agradeço ao apoio dos amigos da PUC-SP, colegas de classe que mostraram que a estrada é longa e que estávamos - e ainda estamos - todos no mesmo rumo. A todos os funcionários, em especial Katia e Rafael, que sempre me ajudaram a resolver questões internas da universidade e não me deixaram perdido com as burocracias da academia. À professora Carmen Furtado, uma luz que me guiou durante o processo de estudos e escrita durante os anos de mestrado, assim como outros professores do curso, como Silvana Tótora, Mônica de Carvalho, Rita Alves, Vera Chaia e demais professores do programa de pós graduação em Ciências Sociais. Agradeço de antemão a banca, querida professora Rosemary Segurado e professor Claudio Penteado. Agradeço também a CAPES e FUNDASP, pela bolsa concedida e oportunidade de realizar o curso, apoio sem o qual não seria possível. RESUMO Este trabalho apresenta uma contextualização histórica da criação do mp3 e o início da pirataria, propondo assim uma análise da relação entre a música digital, o mp3 e a diminuição dos lucros das gravadoras. Com a música digital surgiu espaço para a criação do modelo de streaming utilizado atualmente de forma predominante. Com a música digital e o streaming, artistas, produtores, compositores e demais criadores de conteúdo mudaram seu modo de fazer música dentro do campo, com estratégias, modos de agir e diferentes maneiras de consumir e produzir música. Com o conceito de uberização, esse novo meio de produzir mostrou aos artistas que o streaming não é um modelo rentável economicamente para vender suas músicas e seus álbuns, e com isso artistas procuram novas maneiras de se relacionar e relacionar a sua obra dentro das plataformas, procurando outro tipo de ganho: as playlists. Através de entrevistas com diferentes atores, de diferentes posições dentro do campo musical, o presente trabalho investiga o entendimento que esses músicos, produtores e compositores têm sobre esse novo modelo de negócio dentro dos serviços de streaming. Palavras-chave: campo musical, streaming, pirataria, música digital. ABSTRACT This work presents a historical contextualization of the creation of mp3 and the beginning of piracy, thus proposing an analysis of the relation between digital music, mp3 and the reduction of profits of the record companies. With the digital music space has arisen to create the streaming model currently used predominantly. With digital music and streaming, artists, producers, songwriters and other creators have changed their way of making music on the field with strategies, ways of acting and different ways of consuming and producing music. With the uberization concept, this new medium of production has shown artists that streaming is not an economically profitable model to sell their music and albums, and artists are looking for new ways to relate and relate their work within the platforms, looking for another type of gain: the playlists. Through interviews with different actors, from different positions within the musical field, the present work investigates the understanding that these musicians, producers and composers have about this new business model within the streaming services. Keywords: musical field, streaming, piracy, digital music GLOSSÁRIO Agregadores de Programas e sistemas online que atuam como áudio intermediários entre o artista comum e o serviços de streaming, como Spotify, Deezer e outros. São os agregadores que inserem músicas no catálogo dos serviços de streaming e extraem deles os dados para apresentar para o artista. Compressão de A compressão de áudio, diferentemente da compressão de áudio dados, é o nome dado a um recurso que reduz o volume de determinadas faixas de áudio, até um certo limite definido em estúdio. Com esse recurso é criado uma espécie de volume interno, antes do limite definido pela compressão, que dá a impressão de uma pressão sonora maior. Home studio Estúdios de produção e gravação de músicas montados sem aparato profissional. Na maioria das vezes, é o mesmo local de descanso dos músicos, ou seja, o local de trabalho se confunde com o local de descanso. Também pode ser usado como modelo de produto. Linha home studio ou versão home studio de um equipamento profissional. IRC Internet Relay Chat é um protocolo de transferência de dados que foi amplamente usado no início dos anos 2000, com formação de salas temáticas de bate papo e também conversas privadas. Com a criação das redes sociais, o IRC foi abandonado. Peer-2-peer Protocolo peer-to-peer, ou simplesmente p2p, é o nome dado à conexão feita entre um computador pessoal de um usuário diretamente a um outro computador pessoal de outro usuário, sem a ausência de um servidor central intermediando essa ligação. O protocolo p2p permite a quase total ausência de controle do que está sendo transmitido entre dois usuários. Tracker Servidor que funciona como um meio de contato entre dois computadores dentro de uma rede peer-2-peer. O tracker funciona como um banco de dados que intermedia as informações e metadados de um torrent, ligando quem oferece um download e quem busca um download. Existem trackers abertos, como o The Pirate Bay, e trackers fechados, como o Speed.cd. Introdução 11 Metodologia 14 Conceitos 17 Construção 19 1. O direito autoral e a pirataria 22 1.1 Como surgiu o direito autoral e a produção dos fonogramas 22 1.2 A indústria fonográfica e as majors 27 1.3 O início da pirataria e o combate das gravadoras 29 1.4 A facilidade de uso 32 1.5 Como a música digital encontrou o mp3 33 1.6 O Napster e o início do compartilhamento de arquivos 36 1.7 MP3 depois do Napster 37 1.8 O auge da música pirata 38 2. A internet 47 2.1 Redes distribuídas 47 2.2 A organização dentro das redes 51 3. Streaming: novas regras em campo 54 3.1 Bourdieu e a noção de campo musical 54 3.2 O espaço dos possíveis 58 3.3 A efemeridade e rapidez do consumo 60 3.4 A mudança de valores e o "vácuo moral" 61 3.5 Os serviços de streaming num contexto pós-pirataria 62 3.6 O Spotify e suas receitas 64 3.7 A abertura de capital do Spotify 71 3.8 O YouTube e sua posição como maior rede de áudio do mundo 74 3.9 Streaming e a apropriação do campo 74 4. Compreendendo uma nova estética 77 4.1 Como que a música é moldada por playlists 77 4.2 Agentes da música e um novo habitus 79 4.3 Quanto pagam os serviços de streaming 81 4.4 Quanto ganham as gravadoras? 90 Considerações finais 93 As consequências do streaming na parte social da música 93 As consequências do streaming na parte técnica da música 95 O streaming veio para ficar? 98 Bibliografia 103 11 Introdução A música sempre nos acompanhou. Desde o primeiro canto, em uníssono, passando pelos cantos gregorianos e a música de coral, chegando à música gravada. Tivemos o gramophone, o vinil, a fita k7, o cd, o iPod, tantos suportes para um dos bens imateriais mais valiosos da humanidade. Chegamos na era do streaming, com dezenas de milhares de execuções, a um preço inimaginável. Estamos em tempos onde nada é definitivo e tudo cada vez mais parece efêmero. A urgência do mercado transforma-nos em seres consumidores, ávidos por novidades, e o streaming chegou para ficar.