Dante Xxi Do Sepultura Ou O “Metal Extremo” Ao Meio- Dia1

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Dante Xxi Do Sepultura Ou O “Metal Extremo” Ao Meio- Dia1 1 VI ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA “As dimensões do cotidiano na interface mídia, música e consumo” 05 a 07 de agosto de 2015 – UFES, Vitória-ES DANTE XXI DO SEPULTURA OU O “METAL EXTREMO” AO MEIO- DIA1 Ravel Giordano Paz2 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Campo Grande - MS Resumo: O trabalho discute a releitura do poema A Divina Comédia, de Dante Alighieri, no álbum Dante XXI, da banda de rock Sepultura, sublinhando os conteúdos polêmicos desse diálogo e a tentativa da banda de erigir, por meio dele, uma espécie de “filosofia de vida” própria. No âmbito dessa “filosofia de vida”, revela-se uma reformulação dos padrões identitários do chamado “metal extremo”, reformulação esta na qual as imagens “infernais” cedem espaço a elementos existencialmente reflexivos e mesmo propositivos. Palavras-chave: Sepultura (banda); Dante Alighieri; Rock e Literatura; Estudos Literomusicais. De tempos e totens Como muitos objetos da cultura contemporânea, Dante XXI, álbum de 2006 da banda de thrash metal Sepultura, é um trabalho que, antes mesmo de se oferecer à fruição, suscita uma interrogação: como encará-lo? Como encarar sua sugestão de um olhar para os tempos – estes tempos – com os olhos de ninguém menos que os do autor d’A Divina Comédia3? Nos extremos, as alternativas seriam duas: ou estamos diante de um tipo de enfrentamento radical, que toma muito a sério esse desafio, ou de mais uma expressão do espírito relapso com que tantas obras canônicas – inclusive a de Dante – são apropriadas pela Indústria Cultural. No entanto, é preciso já de entrada – e ainda sem adentrar em questões qualitativas, que têm sua complexidade própria – diferenciar Dante XXI de produtos como o filme Dante’s Peak ou o videogame Dante’s Inferno, cada um deles, certamente, com seu interesse próprio, mas cujos supostos diálogos com a obra de Dante constituem muito mais aproveitamentos oportunistas 1 Trabalho apresentado no GT Mídia, música e processos identitários do VI MUSICOM – Encontro de Pesquisadores em Comunicação e Música, realizado de 05 a 07 de agosto de 2015, na Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES. 2 Doutor em Letras Clássicas e Vernáculas, professor efetivo da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, pesquisa atualmente os álbuns de canções como obras literomusicais; e-mail: [email protected]. 3 A tradução d’A Divina Comédia utilizada neste trabalho foi a da edição bilíngue da Ed. 34 (ALIGHIERI, 1999). Sobre a Commedia como representação da realidade histórica e social de Dante, cf. MOMIGLIANO (1948, p. 36), sobretudo as passagens em que ele fala do papel de uma Florença “soberba, invejosa e avara”, repleta de “adventícios e novos ricos rebeldes à autoridade imperial”, na visão do poeta das “depravações do mundo contemporâneo [a ele]”. 2 VI ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA “As dimensões do cotidiano na interface mídia, música e consumo” 05 a 07 de agosto de 2015 – UFES, Vitória-ES do que qualquer outra coisa. A proposta de Dante XXI é marcada por um respeito fundamental para com a obra de Dante – algo que precisa ser sublinhado, insistimos, antes de se abordar qualquer questão qualitativa e mesmo a da consumação do projeto. É, enfim, a própria consciência da deferência que precisa ser sublinhada; e não apenas para atestar “boas intenções” como para reconhecer o valor de um reconhecimento. Ao denominar Dante XXI seu álbum mais marcadamente conceitual – bem mais, inclusive, que o posterior A-Lex (2009), “baseado” no filme e no livro Laranja Mecânica, mas que não se estrutura tanto, da capa à divisão do álbum, de forma tão rigorosa numa relação com seu “modelo” –, o Sepultura erige a Commedia a uma posição quase totêmica no âmbito das influências da estética thrash, do “metal extremo” e mesmo do metal em geral, correntes das quais a banda obviamente se pretende – e é – uma grande representante. O mero fato de recorrer a Dante num momento de impasse criativo, se foi mesmo assim que as coisas se passaram – “Você chega a um ponto de escrever sem escrever, fica sem sentido”, declarou o guitarrista Andreas Kisser, justificando a busca de inspiração na Commedia (em entrevista a RÉ, 2014) –, atesta essa intenção reverencial. É o sentido do trabalho – ou seja, da arte – da banda que está em jogo aí: o sentido de seu ser ou estar-no-mundo, a questão da possibilidade de ainda falar do mundo e tocar as pessoas de forma digna. A pequena aflição confessada na fala de Kisser ajuda a entender como a recorrência ao “monstro sagrado” Dante Alighieri guarda algo do sumo íntimo das atitudes reverenciais. Talvez isso soe excessivo, e, como logo veremos, haverá muito o que problematizar e dialetizar aqui. Mesmo problemática, no entanto, a noção de reverência merece ser sublinhada; lembrando, inclusive, que o diálogo, consciente ou inconsciente, com culturas onde a reverencialidade ancestral é um valor de fato constitui um dos traços identitários do “metal extremo”, e o Fig. 1 Sepultura não foge à regra. O álbum Roots é sem dúvida o caso mais explícito, mas há outros. A capa de Against, por exemplo, é constituída por duas figuras totêmicas representando demônios (se em sentido propriamente cristão ou não, não cabe discutir aqui), enquanto na do anterior Arise (1991) vêem-se vários pequenos totens, pelo menos um deles igualmente “demoníaco”. No próprio Dante XXI a soturna efígie do 3 VI ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA “As dimensões do cotidiano na interface mídia, música e consumo” 05 a 07 de agosto de 2015 – UFES, Vitória-ES fiorentino na capa (fig. 1), não obstante fixada em linhas modernas4, tem algo de totêmica, e, somada à ausência quase completa – a única exceção é o próprio símbolo da banda – de elementos intensificadores da negatividade implícita no título (um olhar efetivo de Dante sobre o século XXI não seria, certamente, coisa das mais positivas) e mesmo, afinal, na associação Dante & Sepultura – a quase ausência de marcas intensificadoras de tudo isso, dizíamos, parece sugerir que a mera imagem do poeta condensa e dispensa todo o resto ausente. É claro que uma leitura inversa também é possível: por já não dizer tanto sobre as mazelas dos tempos (os de Dante não conheceram, por exemplo, o Nazismo e o horror nuclear) é que o poeta figuraria sozinho, num desenho algo “soft”, na capa do disco; mas se é bem possível que essa ideia diminutiva participe de alguma forma da concepção da capa e mesmo do álbum, provavelmente isso não se dá de forma consciente, e a intenção reverencial sobressai amplamente, pelo menos num primeiro plano dessa concepção. Pode-se dizer, afinal, que é uma espécie de “lugar de origem” que o Sepultura intenta alcançar em Dante XXI: “origem”, de certa forma, da tradição literomusical do próprio “metal extremo”. “Origem” esta, naturalmente, não absoluta, mas uma entre outras, embora das mais fundamentais. Raízes – lembrando Roots, é claro – é uma palavra mais justa. E esse mergulho em raízes tão fundamentais – anteriores, por exemplo, a Milton, Blake e Baudelaire – para a estética da negatividade extrema5 à qual o “metal extremo” se filia ou, pelo menos, da qual ele deriva é certamente um gesto ousado, de reivindicação ou demarcação de um lugar totêmico para a própria banda. Uma oportunidade, portanto, para afirmar suas próprias “grandes verdades”, a respeito de seu próprio tempo. Ainda, portanto, que a empresa danteana do Sepultura não seja um trabalho grandioso, mesmo no âmbito da produção da banda, não se trata de um trabalho de espírito relapso ou leviano. Uma viagem polêmica Um ponto que deve ser fixado ao empreendermos nossa leitura-audição de Dante XXI é a impossibilidade de comparar sua poesia, em termos de força imagética e engenho construtivo, com a da Commedia de Dante. Esse postulado não deve ser tomado como um 4 Note-se, porém, que o traço de Stephan Doitschinoff, responsável pelas ilustrações da capa e do encarte do disco, dialoga com a tradição pictórica medieval, que aliás se prolonga na cultura popular nordestina brasileira. 5 Utilizamos essa expressão como uma ampliação (ou uma “especialização”) do conceito de lírica negativa de Hugo Friedrich. 4 VI ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA “As dimensões do cotidiano na interface mídia, música e consumo” 05 a 07 de agosto de 2015 – UFES, Vitória-ES preconceito, mas como um reconhecimento de algo implícito na própria proposta do trabalho e nas ambições do Sepultura, não só no que diz respeito ao álbum em questão mas à sua trajetória como um todo. Por mais que a intenção de escrever “letras fortes” constitua a busca e a reivindicação de um valor, é óbvio que mesmo as melhores dessas letras não aspiram à condição de “grande poesia”. De um modo geral, embora alguns cancionistas reivindiquem que suas letras são poemas cantados, tal postura é rara nos estilos de rock mais pesados. Disso, naturalmente, decorre um problema metodológico: qual o sentido e a legitimidade da aproximação estética entre artefatos não só desiguais como postulantes a diferentes dignidades? Vê-se bem como é difícil adentrar em terrenos que, quando menos, se pretendem dantescos: praticamente voltamos ao nosso ponto de partida. A verdadeira questão, no entanto, agora é outra: já fixamos, afinal, a seriedade, quando menos, da proposta de Dante XXI. A questão, agora, é saber como essa seriedade pode se sustentar, ou mesmo se colocar, diante da consciência de que aquilo que, em conluio indissociável com a força das “visões” dantescas, confere o valor de uma obra-prima à Commedia – ou seja, a qualidade de sua construção literária –, é algo de as letras da banda passam longe. Naturalmente, isso só é possível assumindo – a despeito de nossas próprias posições a respeito – a condição de “meras letras” de seus poemas cantados (e gritados etc.) e buscando um suplemento para essa diferença na dimensão musical de seu trabalho.
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