Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 56ª LEGISLATURA 1ª SESSÃO (SESSÃO PREPARATÓRIA - ELEIÇÃO) Em 1 de Fevereiro de 2021 (Segunda-Feira) Às 19 horas

ABERTURA DA SESSÃO O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - A lista de presença registra na Casa o comparecimento de 334 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados. Está aberta a sessão. Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos. LEITURA DA ATA O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Não há ata a ser votada da sessão anterior. EXPEDIENTE (Não há expediente a ser lido.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados para o biênio 2021/2023. Eu peço à assessoria da Casa que, se tiver condições, coloque álcool em gel nas fileiras, porque o número de Parlamentares dentro do plenário está acima do previsto pela assessoria da Câmara dos Deputados. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, a presente sessão destina-se à eleição do Presidente da Câmara dos Deputados, dos demais membros da Mesa e dos suplentes de Secretários. Informo que a marcação biométrica da presença na Casa será considerada para fins de registro e quórum do plenário, conforme informado às Sras. e aos Srs. Líderes em reunião. Comunico ao Plenário que foram acolhidas pela Presidência as seguintes candidaturas, na ordem de inscrição: para o cargo de Presidente, Deputado Marcel van Hattem, Deputado Alexandre Frota, Deputado General Peternelli, Deputado André Janones, Deputada Luiza Erundina, Deputado Baleia Rossi, Deputado Fábio Ramalho, Deputado Kim Kataguiri e Deputado ; para o cargo de 1º Vice-Presidente, Deputado Marcelo Ramos; para o cargo de 2º Vice-Presidente, Deputado André de Paula; para o cargo de 1º Secretário, Deputada Marília Arraes; para o cargo de 2º Secretário, Deputada Rose Modesto; para o cargo de 3º Secretário, Deputado Luciano Bivar e Deputado Vitor Hugo; para o cargo de 4º Secretário, Deputada Joenia Wapichana; e, para os cargos de Suplentes, Deputado Eduardo Bismarck, Deputada Rosangela Gomes, Deputado Gilberto Nascimento, Deputado Flávio Nogueira e Deputado Alexandre Leite. A relação dos nomes dos candidatos para cada cargo consta do painel eletrônico, assim como da pauta eletrônica desta sessão, e da publicação do Diário da Câmara dos Deputados. O Deputado Luis Miranda retirou a candidatura ao cargo de suplente de Secretário.

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Foram indeferidas as candidaturas dos Deputados Léo Motta, ao cargo de 1º Secretário, e Júlio Delgado, ao cargo de 4º Secretário, nos termos do art. 8º, caput e inciso I, do Regimento Interno. Foi indeferida a candidatura do Deputado Rafael Motta, ao cargo de 4º Secretário, devido ao não cumprimento das formalidades para o registro da candidatura. Esta Presidência vai facultar o uso da palavra aos candidatos ao cargo de Presidente pelo tempo de 10 minutos. A ordem dos oradores foi definida em sorteio. Peço só um minutinho, eu estou terminando a leitura. (Pausa.) Pois não, Deputado Júlio Delgado. O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG) - Eu tenho duas questões de ordem a fazer. Como há tempo, pergunto a V.Exa. se eu posso ir à tribuna para fazer as questões de ordem que tenho a apresentar. São duas questões de ordem distintas. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Pode ir.

O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG. Para uma questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, é muito bom que eu possa estar aqui na tribuna fazendo esta questão de ordem. Não consegui me dirigir aos colegas, porque estava aguardando esse registro, que foi indeferido, agora, às 19 horas. Com base no Regimento Interno da Câmara dos Deputados, art. 95, combinado com o art. 8º, IV, formulo a seguinte questão de ordem: Conforme certidão emitida pela Secretaria-Geral da Mesa, minha candidatura avulsa foi indeferida em razão de a candidatura oficial à 4ª Secretaria ter sido cedida pelo Líder Alessandro Molon à nobre Deputada Joenia Wapichana, da Rede Sustentabilidade. Quero aqui fazer o registro de que não há nada de pessoal, muito menos pela sua causa, muito menos pela sua história; é uma questão de salvaguarda do nosso partido. Sr. Presidente, a vaga compete ao meu partido, o Partido Socialista Brasileiro, pelo princípio da proporcionalidade partidária, que figura inclusive na Constituição Federal, art. 58, § 1º, dada sua relevância para a democracia partidária em nosso País. Se o Líder Molon, monocraticamente, deseja apontar a Deputada Joenia Wapichana para a vaga, isso figura dentro de suas prerrogativas, no Regimento Interno, art. 8º, II, que delega ao Líder "em caso de omissão" do partido. Ora, Sr. Presidente, infelizmente, se tornou recorrente no dia de hoje a tomada de decisões monocráticas ao arrepio do coletivo. Isso de modo algum pode impedir a candidatura de membros do PSB a uma vaga que ao partido caiba pela proporcionalidade. O Líder Molon não tinha delegação para excluir o PSB da composição da Mesa Diretora. Cabe ressaltar que o precedente estabelecido pela Questão de Ordem nº 268, de 2017, não se aplica no presente caso: há previsão ali estabelecida foi uma solução política para que a letra do Regimento Interno, art. 7º, I, não se aplique inteiramente, em especial a expressão "ou Blocos Parlamentares", preservando as vagas dos partidos a que, proporcionalmente, fazem jus. O que vemos hoje, e isso inova no histórico desta Casa, dando azo à presente questão de ordem, é um partido ceder seu espaço totalmente a outro, salvo aqui resguardar, um Líder efetivamente excluindo seus correligionários da disputa a título de vendeta. Registrei minha candidatura hoje, dentro do prazo estabelecido no ofício que regulamentou este pleito. Assim, Sr. Presidente, apresento esta questão de ordem para que o meu nome conste do sistema de votação para que os nobres pares possam escolher a candidata ou o candidato que, concorrendo dentro das normas regimentais, lhes aprouver. Sr. Presidente, faço a V.Exa. esta questão de ordem e a apresento, para solução imediata, para que o nosso nome possa ser incluído, a fim de que eu possa, finalmente, pedir voto aos meus colegas, meus pares. (Desligamento automático do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Só um minutinho, Deputado. Pode falar, Deputado. O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG) - Esta é a primeira questão de ordem. Eu quero que V.Exa. a analise, por favor. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Sua questão de ordem não procede, porque, quando o bloco é formado, ele passa a ter um Líder que o representa. E esse Líder faz as escolhas pelo bloco, com o consentimento da maioria de todos os seus membros. É por isso que o nome de V.Exa. foi indeferido, porque o bloco, não o seu partido, decidiu pela candidatura da Deputada Joenia Wapichana.

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O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG) - Eu quero, legitimamente, recorrer da decisão de V.Exa., recorrer ao Plenário, e preciso do apoiamento de um terço dos colegas pares para esse recurso, porque ali não cabe uma decisão de bloco. O bloco teve três vagas: uma vaga cedida ao PT, uma vaga cedida... (Desligamento automático do microfone.) O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG) - Vou concluir, Sr. Presidente. Outra vaga foi cedida ao nosso partido. A vaga cedida ao nosso partido ocorreu por uma delegação individual e unilateral do Sr. Molon, na hora, sem consulta à bancada, talvez à parte dela, mas não à sua totalidade e nem sei se à maioria, porque não concordava com o partido abrir mão disso. Cedeu-a para a REDE, que é um partido, vamos pensar, que tem um Deputado, então ninguém poderia disputar com ela em candidatura avulsa, porque só tem uma Parlamentar, que é a Deputada Joenia, com todo o respeito. Por isso, eu recorro da decisão de V.Exa., e peço apoiamento para que possamos votar esse recurso, aqui no Plenário, na inexistência da Comissão de Constituição e Justiça na noite de hoje, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Deputado Molon... (Pausa.) Não houve apoiamento, Deputado. Vamos à próxima questão de ordem. O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG. Para uma questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Recorro à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados contra a decisão monocrática do Presidente desta Casa, que reconheceu a formação do Bloco PT/ MDB/PSDB/PSB/PDT/Solidariedade/PCdoB//PV/REDE, apesar da intempestividade da sua criação conforme os prazos previstos no ofício circular. Nos termos do art. 5º, inciso XXXIV, alínea "a", incisos LIV e LV, LIII e LVIII, § 1º da Constituição Federal, e dos arts. 7º, inciso I, §§ 8º e 12, § 5º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, recorro contra a decisão monocrática do Presidente da Câmara dos Deputados, que reconheceu a formação do Bloco Parlamentar PT/MDB/PSDB/PSB/PDT/ Solidariedade/PCdoB/Cidadania/PV/REDE, apesar da intempestividade da sua criação, conforme os prazos previstos no Ofício Circular nº 1, de 2021, da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, para que a Mesa reconheça a intempestividade do Bloco Parlamentar PT/MDB/PSDB/PSB/PDT/Solidariedade/PCdoB/Cidadania/PV/REDE, para fins de cálculo da proporcionalidade partidária na eleição da Mesa Diretora para o biênio da 52ª Legislatura. Em caso de reconhecimento da intempestividade do aludido bloco, refaça o cálculo da proporcionalidade partidária entre os blocos e partidos com a desconsideração do aludido bloco intempestivo e reabra os prazos para escolha dos cargos pelas agremiações segundo sua representatividade nesta Casa, e para o registro das candidaturas, com respeito a essa proporcionalidade, recalculada conforme a justificativa a seguir. Sei que o nosso recurso está fundamentado a V.Exa., mas ele, basicamente, sabe disso. Alguns partidos, inclusive o bloco do candidato Baleia Rossi, nosso colega parlamentar, apresentaram suas nominatas após o período e após o horário permitido.

Para que isso não possa ser feito, V.Exa. tem que acatar o nosso pedido, o nosso recurso, para que seja feita a retirada daqueles partidos que foram intempestivamente inseridos naquele bloco. Lembro que — os companheiros do PDT vão se lembrar muito bem —, em uma eleição, quando tivemos a possibilidade de ter o apoio do PDT, com a formação de um bloco para enfrentar , o PDT perdeu a sua participação no bloco por 1min40seg. Há outros casos relativos na Casa... (Desligamento automático do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Pronto, Deputado. Pode continuar. O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG) - Eu já concluí o tempo que V.Exa. me deu. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Já concluiu? Obrigado. O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG) - Apresento o recurso a V.Exa. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Obrigado. Eu não reconheço a sua questão de ordem, já que esta questão de ordem não deveria ter sido feita à Mesa e, sim, à Presidência da Câmara dos Deputados. Ela está não reconhecida.

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O SR. JÚLIO DELGADO (PSB - MG) - Eu quero recorrer novamente à Comissão de Constituição e Justiça. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Encaminho a questão à Comissão de Constituição e Justiça, Deputado. A SRA. PERPÉTUA ALMEIDA (PCdoB - AC) - Presidente, peço que reconheça minha presença, já que o sistema não está aceitando a minha digital. O SR. DANILO FORTE (PSDB - CE) - Sr. Presidente, faço questão de ordem com base nos artigos 5º ao 7º e 188 do Regimento Interno. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Sim, Deputado. O SR. DANILO FORTE (PSDB - CE. Para uma questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a inviolabilidade do voto é fundamental neste processo de votação. A distribuição dos Deputados foi feita por urna e há uma identificação do Deputado que vai votar em cada urna. São 21 urnas e há uma média de 25 Deputados por urna. Isso fragiliza, na apuração urna por urna, a identificação do voto. Diante disso, viemos aqui sugerir que o resultado seja dado de forma integral, com a apuração de todas as urnas, não dividindo a apuração urna por urna, o que fragilizaria o sigilo do voto, que é fundamental em uma votação como esta, num momento em que o País está muito dividido. Precisamos privilegiar aquilo que é fundamental na democracia: o direito ao voto sigiloso. Estamos propondo que a apuração se dê de forma integral, a fim de que, com isso, não se abra margem para identificação de voto, seja por urna, seja pelo número pequeno de votantes em cada urna. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Deputado, não há nenhum risco de violação do voto. Caso V.Exa. tenha qualquer dúvida, a Diretoria de Inovação e Tecnologia da Informação — DITEC está à disposição para qualquer esclarecimento técnico. O SR. DANILO FORTE (PSDB - CE) - Obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Antes de iniciar a eleição, peço a atenção de V.Exas. para algumas definições importantes sobre o processo de votação. A Presidência lembra às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados que deverão escolher um candidato para cada cargo quando se tratar dos membros titulares da Mesa. Todavia, chamo a atenção para o caso da suplência, quando deverão votar em quatro candidatos, sendo duas vagas para o Bloco do PSL, uma vaga para o Bloco do PT e uma vaga para o Democratas. Repito: para a suplência, as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados deverão votar em quatro candidatos. Lembro ainda que, nos termos do Regimento Interno, as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados deverão votar para todos os cargos em um só ato de votação. Voltamos aos discursos. O primeiro candidato à Presidência da Câmara inscrito é o Deputado Alexandre Frota, que dispõe da palavra por 10 minutos.

O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP. Sem revisão do orador.) - Senhoras e senhores, muito boa noite. Eu pensei muito em como iniciar este discurso hoje. Antes de mais nada, quero me lembrar aqui das mais de 223 mil mortes ocorridas no Brasil em decorrência da COVID e quero me lembrar aqui da nossa imprensa, que tem sido muito atacada nos últimos anos. Eu não tenho nada pessoal contra quem quer que seja — tenho politicamente. O nosso povo está passando por uma situação gravíssima na nossa história. Temos 27 milhões de brasileiros na linha da pobreza. Desde o início, Bolsonaro ignorou a pandemia, ignorou e agrediu aqueles que foram a favor da vida. Milhares de brasileiros estão sem auxílio emergencial, sem emprego, passando fome. Milhões de brasileiros, neste momento, estão vivendo essa grande crise. Este é um Governo sem comprometimento com a vida. Estamos diante de um importante momento para a democracia do nosso País. Precisamos ser soberanos. Precisamos de autonomia nesta Casa. Não será uma tarefa fácil, mas esta noite vai entrar para a história. Entre conchavos, traições, armações, compra de votos, cargos e emendas, tudo foi feito de forma cirúrgica para dar a vitória, de forma vergonhosa, a , que leva o Brasil para a mais grave crise da história republicana. O atraso na vacinação impede a recuperação econômica e mata centenas de brasileiros.

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Seria confortável, para mim, votar no Deputado Arthur Lira. Eu poderia vender o meu voto para o Deputado Arthur Lira, assim como mais de 200 Deputados aqui dentro fizeram, mas eu estaria votando no Bolsonaro, contra a democracia. (Apupos.) Podem vaiar! Podem vaiar! Essa é a verdade. (O Sr. Presidente faz soar as campainhas.) Eu não farei isso. Eu não venderei o meu voto. Presidente, reponha o meu tempo, por gentileza. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Pode ficar tranquilo, Deputado. O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Estamos com uma eleição definida pela compra de votos, pela ingerência do Palácio. Falo isso para que o povo saiba e para que toda a imprensa publique. Este é um jogo de cartas marcadas. Na política, não há princípios. Estamos diante da disputa entre o voto na política, na democracia e na verdade e o voto na antipolítica, comprado, com o qual a democracia ficará em segundo plano.

Qual exemplo queremos dar, neste momento, para milhões de brasileiros? Quero uma Câmara livre, independente, longe dos acordos, sem interferência do Palácio. A Constituição exige do Congresso comprometimento com o interesse público. É a hora de preservar a independência e a autonomia do Legislativo. Mas, infelizmente, isso não acontecerá nesta noite nem nos próximos 2 anos. É preciso ter muita coragem para subir aqui e desafiar o sistema. A minha candidatura é de protesto, é de repúdio. Bolsonaro faz um Governo sombrio, de mentiras, que compra Deputados, que interfere em investigações. Este é um Governo que deixa pessoas morrerem sem oxigênio, que não sabe o que fazer com 15 milhões de desempregados e que não controla a pandemia. Seria interessante que esta Câmara realmente se tornasse a Câmara do "nós": nós fazemos, nós estamos propondo. Mas sabemos que não será assim. Será a Câmara do "eu", a Câmara do Centrão, que tem fome, que é guloso e que não tem princípios. Esta Casa, que tanto decidiu a história do Brasil, foi independente no Governo Bolsonaro até ontem, foi livre do Palácio até pouco tempo. O pior de tudo isso é que os piores políticos, os fisiologistas, são os que fecham acordos sem escrúpulos, vendem seus votos, vomitam na democracia modelos de perpetuação de gangue. O problema é que o Legislativo, que tinha que legislar, quer executar; o Judiciário, que tinha que julgar, quer legislar; e o Executivo, que tinha que executar, quer julgar. Esta Casa está hoje se tornando o quintal do Bolsonaro, cheio de garotos travessos e levados. Estamos diante de um projeto de poder. Bolsonaro enganou o Brasil. Eu sei que você está assistindo à sessão agora, Bolsonaro. Você é um charlatão, um charlatão eleitoral! Você é pequeno para essa cadeira e não honra o cargo que tem. Esta Casa trabalhou muito pelo Brasil, sempre nas páginas políticas, com acertadas decisões; ao contrário do Palácio, que, desde que você, Bolsonaro, assumiu, frequenta as páginas policiais. Este é um Governo que não tem rumo, que está envolvido em escândalos, com um Presidente sem noção, desagregador, traidor, enganador. Esse sujeito está onde está hoje porque se ajoelhou para o Centrão para sobreviver politicamente. Você sabe disso. O seu Governo, Bolsonaro, até aqui é um desastre social, cultural, econômico. Este Presidente incentivou as manifestações antidemocráticas; possui um "gabinete do ódio"; incentivou aglomerações e o não uso de máscara; não investiu em ciência; através das suas manifestações, pediu o fechamento do Congresso e do STF e a volta do AI-5; receitou ao Brasil cloroquina; não tem dinheiro para vacinas e insumos, mas tem 15 milhões de reais para leite condensado, 10 milhões de reais para a empresa de games do seu filho mais novo, e tem dinheiro até para comprar novela da Record. Foram 15 milhões de reais para leite condensado e 20 milhões de reais para as bolsas do CNPq. Sem ciência, sem tecnologia, mas com leite condensado — parabéns, Bolsonaro, você não tem vergonha nessa cara mesmo! —, fora os chicletes, pãozinho francês e tudo mais.

O povo de Manaus, morrendo, e você disse que já tinha feito sua parte. "E daí?" "Gripezinha!" "Não sou coveiro." "Todo o mundo vai morrer." "País de maricas!" Qual foi a sua parte que você fez, que eu não vi? Você sancionou o fundão eleitoral, a lei de abuso de autoridade; você quis seu filho embaixador; você hoje é contra o fim do foro, mas para se eleger era a favor; você chamou o Centrão de corruptos, de vagabundos, de bandidos, mas se vendeu e se entregou para eles. O que mudou, Bolsonaro? Fala para o Brasil o que mudou!

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Você passa mais tempo armando como defender seu filho Senador dos processos e investigações de corrupção do que presidindo o Brasil. É por isto que você quer o controle da Câmara e do Senado: para afastar o fantasma do impeachment, para acabar com as investigações do Queiroz, das rachadinhas, das CPIs, das CPMIs e dos cheques da Primeira-Dama. O Brasil está doente, ferido, morrendo asfixiado, e você, nadando, fazendo flexão, andando de jet ski, andando de moto, comendo cachorro-quente como um abutre para testar sua popularidade. Vivemos um momento singular na história do Brasil, no qual a luta contra a corrupção atinge importantes políticos, grandes empresários, Senadores, filhos, assessores e advogados. A Operação Lava-Jato foi fundamental para a redução da impunidade desse tipo de crime. Mas o que você fez, Bolsonaro? Você acabou com a Lava-Jato, sancionou a lei de abuso de autoridade, omitiu-se na prisão em segunda instância, disse que o Governo não tem corrupção. Mas o Senador Líder do seu Governo foi pego com 32 mil reais dentro da cueca. Você mexeu no COAF, interferiu na Polícia Federal, mudou o curso da história. Se esta Casa realmente respeita o povo brasileiro, se respeita o voto, os Deputados não podem colocar suas digitais na corrupção, apoiando-o, apoiando seu projeto de poder; Deputados que um dia juraram combater a corrupção. Esta eleição não é democrática. É uma eleição de três... (Desligamento automático do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Obrigado, Deputado! O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - Só mais 1 minutinho! O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Então, são 11 minutos para cada um. O SR. ALEXANDRE FROTA (PSDB - SP) - É das emendas, de cargos e Ministérios, de autarquias, de secretarias, dos 20 milhões de reais por voto. Vivemos um momento complicado. Vendam seus votos, Senadores! Vendam seus votos, Deputados! A política não tem gratidão. Quero terminar abrindo mão da minha candidatura. Estou renunciando para anunciar meu voto ao Deputado Baleia Rossi e para pedir ao meu grupo, que ainda é pequeno: votem com o Deputado Baleia Rossi! Não vendam seus votos! Não se deixem seduzir pelo dinheiro do general! Como o General Heleno disse, "se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão!". O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Deputado General Peternelli, V.Exa. tem os mesmos 11 minutos, já que concedi 1 minuto a mais ao Deputado Alexandre Frota. O SR. GENERAL PETERNELLI (Bloco/PSL - SP. Sem revisão do orador.) - Pauta democrática e participativa na Câmara dos Deputados. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, povo brasileiro, decidi me lançar candidato avulso e independente à Presidência da Câmara para propiciar a todos os Deputados e à população uma participação mais efetiva nos projetos de lei que serão analisados.

Quando cheguei à Câmara, acreditava que os Deputados teriam participação em muitas decisões e reuniões, mas logo verifiquei que o Presidente da Câmara, a Mesa, os Líderes e os Presidentes de algumas Comissões e partidos decidem sobre tudo, algo em torno de 20 pessoas. Entendi o que a imprensa chama, carinhosamente, de baixo clero: a grande maioria que só vota por decisão própria, em algumas oportunidades. Com significativa frequência, deve seguir as orientações do partido e praticamente não consegue fazer com que os seus projetos sejam analisados. O Presidente da Câmara é quem decide a pauta dos projetos que serão votados. O que fazer para que essa decisão seja mais democrática? Proponho que a pauta na Câmara dos Deputados seja decidida da seguinte forma: 50% da pauta composta por projetos que os Deputados escolheriam por um processo digital, no qual os Parlamentares marcam dez proposições — as proposições que tivessem mais cliques comporiam 50% da pauta —; 20% da pauta ocorram por votação espontânea da população, pela Internet — o povo brasileiro, utilizando o número do CPF, escolheria um dos projetos que tramitam na Câmara, aqueles projetos que já estão prontos para entrar em Plenário, e as proposições mais votadas comporiam, então, 20% dessa pauta —; os 30% restantes da pauta ocorram como atualmente, por decisão do Presidente da Câmara, ouvindo os Líderes, o Governo e a Minoria, afinal o princípio da proporcionalidade deve nortear o processo legislativo. Os Deputados e o povo brasileiro são os que devem pautar a maioria dos projetos a serem votados.

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O povo brasileiro votou por mudanças, votou por reformas importantes que o País precisa, como a reforma tributária, a reforma administrativa, a prisão em segunda instância, a reforma do Regimento Interno, a reforma política, o fim do foro privilegiado, o fim dos supersalários, entre outros aspectos importantes, como o da educação, que é fundamental para o nosso País. Isso depende de nós Deputados. Nós não podemos nos sentir pressionados por agirmos como previsto na legislação e conforme nossas consciências. As demonstrações de austeridade e de anticorrupção, demandas dos eleitores, são necessárias, e devemos dar o exemplo.

A população espera que sejamos autênticos, transparentes, que tenhamos coragem para alterar rotinas antigas e que sejamos independentes. Sou candidato à Presidência da Câmara para desenvolver um trabalho com a participação de todos. Eu acredito nas ideias! Eu acredito nos princípios! Um desafio, Deputados: façam valer a sua importância e a sua opinião. O bem comum é o nosso objetivo. Agradeço à minha família, que sempre me inspirou nesses momentos. Brasil acima de tudo! Que Deus nos proteja. Muito obrigado a todos. Felicidades, Brasil! (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Concedo a palavra ao Deputado Fábio Ramalho, por 11 minutos. O SR. FÁBIO RAMALHO (MDB - MG. Sem revisão do orador.) - Sras. e Srs. Deputados e caros brasileiros, hoje é o dia em que cada um de nós vai decidir quem presidirá esta Casa no próximo biênio. Meus amigos e amigas Parlamentares, esta talvez seja uma das mais importantes eleições da nossa história. Quero cumprimentar todos os candidatos e todos que estão aqui, a imprensa e os presentes. O mundo, em especial o Brasil, jamais enfrentou uma crise sanitária tão cruel, tão mortal e que de forma tão brutal atingiu milhões de famílias brasileiras e matou mais de 220 mil pessoas. Neste momento, eu rendo as minhas homenagens póstumas a um dos grandes Deputados desta Casa, Bonifácio José de Andrada, que se foi há poucos dias. A pandemia da COVID-19 não mudou apenas a nossa forma de viver e de trabalhar, a pandemia também mudou a forma de nos relacionarmos. Então, também precisamos mudar a nossa forma de fazer política. Não há espaço para disputas de ego, enquanto pais perdem filhos. Não há espaço para brigas entre entes federativos, enquanto falta oxigênio nos hospitais. Não há espaço para crendices, quando podemos confiar na ciência. Não há espaço para banqueiros, enquanto famílias passam fome. Não há espaço para discursos vazios, enquanto homens e mulheres da nossa Nação estão desempregados. Não há espaço para mentira, pois temos o poder da verdade.

Esta eleição é histórica, porque o momento que vivemos é único. O nosso povo está cansado, pois já notou que deixou de ser prioridade frente à disputa antecipada das eleições de 2022. Mas aqui ele precisa ser prioridade, porque esta é a Casa do povo. Esta é a Casa do povo, não do mercado financeiro; do povo, não dos Governadores, do Presidente da República e dos Presidentes de partido. Esta é a Casa do povo brasileiro. Como todos sabem, eu estou em meu quarto mandato, e em todos esses anos algo sempre me incomodou. Por que existe uma distinção de alto e baixo clero entre Deputados e Deputadas desta Casa? Fomos eleitos da mesma forma, pelo mesmo sistema eleitoral. O cidadão que me elegeu é, por acaso, um cidadão de segunda classe? Esse sistema de castas que nos divide entre baixo e alto clero foi criado para impedir que mais Parlamentares tenham acesso ao centro de decisão. Contudo, essa barreira não existe. Quem cria essa separação, muitas vezes, é justamente a pessoa que nós elegemos. O povo elege diretamente os Deputados. Somos, portanto, representantes legítimos de todos os brasileiros. São 513 iguais em voz e votos, todos. É por isso que esta é a chamada Casa do povo. Essa determinação não é minha; é da Constituição e do Regimento, nossa regra interna. Os rótulos de alto e baixo clero acabam intensificando o poder na mão de poucos e ferem mais de 490 Deputados que são deixados de lado. Eu vejo que a maioria aqui, hoje, dá tapinha nas costas, todos ligam — Governadores, Presidentes, Ministros —, mas durante 2 anos todos estiveram ausentes. Temos dificuldade de falar com Ministros, temos dificuldade de estar nesta Casa, sendo Deputados.

7/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Muitos Líderes de bancada estão convencidos de que podem nos conduzir como conduzem uma boiada. Se continuarmos nessa toada, o povo que nos elegeu não terá outro caminho, se não o de nos jogar ao abatedouro nas próximas eleições, e muitos ficarão por lá, sem mandato, sem voz e sem vez. Alguns Governadores, quando visitam o Presidente da Câmara, nem sequer avisam as bancadas, reforçando esse estigma de baixo clero, aumentando uma suposta influência sobre nós, que fomos eleitos livremente como representantes diretos do povo e fiscais do Poder Executivo. Sou de uma região rural, mas não tenho vocação para boi de manada, e a pergunta que eu faço a V.Exas. agora é: V.Exas. não se importam de ser tratados como gado, não se importam de ser tangidos? Na democracia, só o povo me sinaliza o caminho. Não podemos permitir que certas situações continuem a ocorrer. Há, aqui na Casa, Deputados que levam 100 milhões, 200 milhões, 300 milhões de reais em emendas e outros que só levam 3 milhões. Isso está errado. Nós temos que acabar com as emendas de Relator e transformá-las em emendas impositivas, colocando 20% a mais para cada Deputado e Deputada. O País precisa enfrentar a discussão do teto de gastos. A nossa economia está indo pelo ralo. Já gastamos 55 bilhões de dólares das nossas reservas só para conter o dólar, que a cada dia sobe. Nós não podemos ter economistas que pensam que neste momento nós não temos que salvar o povo brasileiro. É hora, minha gente, de vacinarmos todas as pessoas! O povo brasileiro quer vacina! O povo brasileiro quer comida!

Será tratada aqui, neste ano, talvez, uma questão séria, que é a autonomia do Banco Central. No dia em que votarmos essa autonomia, podem ter certeza de que fecharemos o nosso Brasil, porque a nossa moeda estará entregue aos banqueiros. Precisamos, sim, de reformas, mas reformas do Brasil para os brasileiros. O que os nossos eleitores esperam de nós, senhoras e senhores, é trabalho. Não podemos nos conformar e devemos resistir àqueles que tiram de nós o direito de trabalhar e participar ativamente das decisões desta Casa. Temos grandes quadros, boas ideias e assessoria de alto nível, mas tudo isso hoje é desperdiçado. Há 2 anos eu estive nesta tribuna defendendo a necessidade de fortalecer a voz dos Deputados, e nós continuamos do mesmo jeito. O Presidente da Câmara, como qualquer um de nós, tem que ser imparcial, servo da Constituição e do Regimento. Nós não podemos transformar esta Casa em “puxadinho” de Governador nem de Palácio algum. Nós temos que ser Parlamento! E eu posso afirmar a V.Exas. que nós, como a maioria, somos tratados como um ninguém nesta Casa. Nós somos tratados como um ninguém. Suspenderam as Comissões, e ficou por isso mesmo. Hoje há uma panelinha de um lado e uma panelinha do outro lado, e essa panelinha vai continuar, se não tomarmos providências. Eu lhes peço encarecidamente, com humildade, o voto de cada um. Vamos fazer um segundo turno, para que cada um de V.Exas. seja valorizado, para que possamos conversar mais e demonstrar que nós temos valor. Deixo, neste final, as palavras de Santo Agostinho: “A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”. É hora de termos força, fé, convicção e sabedoria para mudar o que for preciso em nós, no mundo e nesta Casa para que o povo brasileiro volte a ter esperança de que nos tornaremos melhores.

Quero agradecer a todos e dizer que o médico tem o bisturi; o engenheiro, a régua; e o político tem a palavra. Espero poder contar com a palavra de cada um que me prometeu o voto. E podem ter certeza de que poderão contar com a minha palavra, com o meu compromisso de mudar esta Casa, fazê-la mais humana, mais justa, uma Casa de Parlamentares, uma Casa de V.Exas. Que Deus ajude a todos nós! Que Deus ajude o povo brasileiro! Que possamos salvar milhões de brasileiros que precisam ser salvos! Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Concedo a palavra ao Deputado André Janones, por 11 minutos. (Pausa.) O SR. ANDRÉ JANONES (Bloco/AVANTE - MG. Sem revisão do orador.) - Boa noite, Srs. Deputados, Sras. Deputadas. E o meu boa-noite, a minha reverência especial ao povo brasileiro, aos milhões e milhões de brasileiros que nos acompanham neste momento, seja pela TV Câmara, seja através das redes sociais, seja através da televisão aberta; milhões e milhões de brasileiros que infelizmente não se sentem representados por este Parlamento como instituição; milhões e milhões de brasileiros que infelizmente clamam lá fora, tentam fazer a sua voz ser ouvida, mas são ignorados diuturnamente por esta Casa. 8/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Foi assim que aconteceu quando milhões de brasileiros desempregados, sentindo a miséria bater à porta, clamaram por que esta Casa pautasse várias matérias que de fato fariam diferença em sua vida. Falo de matérias como a prorrogação do auxílio emergencial, que visava garantir a esses brasileiros que continuassem lutando por um mínimo de dignidade durante a pandemia do coronavírus; matérias como a prisão após a condenação em segunda instância, que, na prática, significava uma mensagem deste Parlamento de que vivemos em um País em que a justiça existe para todos, e não apenas para os mais pobres, para os mais necessitados, de que a Justiça brasileira não beneficia aqueles que têm infinitos recursos para recorrer ao Poder Judiciário. Eu faço essa menção em especial ao povo brasileiro e cito essas causas — essas, sim, são causas populares — porque me nego a admitir a existência de um regime democrático em que a vontade do povo é absolutamente ignorada.

Os principais candidatos que hoje protagonizam a disputa nesta Casa não representam os anseios da população. Não são eles que o povo brasileiro quer ver sentados nessa cadeira. Eu ainda tenho esperança, na noite de hoje, quando cada um dos senhores votarem de forma secreta, com as consciências dos senhores, de que os senhores possam dizer a esse povo que ele não está só, que os senhores estão atentos ao clamor desse povo. Estar atento ao clamor desse povo não significa necessariamente votar no Deputado Federal André Janones para a Presidência desta Casa. São nove candidaturas colocadas nesta noite. São nove nomes que representam diferentes segmentos e parcelas da nossa população. Então, a minha candidatura e a candidatura de outros colegas já cumprem com o seu papel de jogar por terra o discurso levantado por alguns de que não há opção, de que vai votar no candidato tal, porque não existe outra opção. Existe opção, sim! Quem quer virar as costas para o povo brasileiro e votar nos candidatos que o povo não quer? Quem tem a hombridade de admitir isso e a coragem de dizer: "Olhe, eu tive opção! Eu tive a opção de caminhar lado a lado com o povo brasileiro. Eu tive a opção de ouvir o grito de socorro, o clamor do meu povo, mas eu optei por virar as costas"? Que virem as costas para o povo brasileiro, mas que não mintam descaradamente que não há opção, porque opção existe. Nós somos, repito, nove candidatos. Cada um com suas bandeiras, cada um com seu histórico, cada um com seu passado e cada um com seus compromissos. Os meus compromissos não são com partidos políticos, não são com grupos políticos, não nascem de conchavos, de reuniões madrugada adentro, como tem acontecido aqui em Brasília, mas nascem de um clamor popular, nascem da vontade e dos anseios dos excluídos deste País. A maioria que vira as costas responderá perante o povo brasileiro nas urnas no ano de 2022. Caso o cenário que se avizinha se concretize logo mais, com a nossa candidatura tendo um único voto — um voto com muito orgulho, caso eu venha a ter nesta noite —, eu quero dizer aos senhores que, no ano de 2022, usarei desta mesma tribuna e olharei nos olhos de cada um que teve a ousadia de virar as costas, repito, não para o André Janones, que nada mais é do que 1 entre 513, mas para o povo brasileiro. O povo brasileiro, repito, não clama por André Janones, não clama pelo candidato A ou B, mas clama por um candidato que fale a linguagem do povo, que fuja desse debate idiota, ridículo e ultrapassado de direita versus esquerda, que não representa o nosso povo. Este Parlamento está dentro de uma ilha, de uma bolha, e, repito, a resposta virá nas urnas. Continuem ignorando o povo. Continuem fingindo não ouvir os gritos que vêm das ruas. Continuem nessa falsa polarização Bolsonaro versus esquerda e vocês vão ver o que acontecerá em 2022. Já cometeram esse erro no passado. Ignoraram um candidato que tinha o apoio popular, que falava a linguagem do povo, e esse então candidato hoje está sentado na cadeira de Presidente da República do nosso País. Se nós acreditamos em um País melhor, se nós queremos de fato transformar este País, a chance se dará nesta noite.

Eu quero dizer a vocês que acreditei, durante os 2 anos dessa minha primeira experiência como Deputado Federal, que esta Casa ensinaria ao Brasil como transformá-lo em uma grande nação. Cheguei a acreditar que a solução viria de dentro para fora, que o Parlamento apresentaria ao povo brasileiro uma solução para os problemas, mas para os problemas reais que o aflige e não para esses problemas criados por essa bancada, Esquerda versus Direita, que dependem uma da outra para existir e fazem esse teatro aqui dentro. Ou vocês acham que o povo brasileiro não viu que a Esquerda só veio a este microfone esbravejar pelo auxílio emergencial quando já tinha a garantia de que ele não seria prorrogado? O povo não é bobo, como alguns acham. Ele está atento ao teatro que V.Exas., que alguns de V.Exas., melhor dizendo, protagonizam aqui dentro. 9/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Antes de finalizar e voltando à minha fala, eu quero dizer que realmente cheguei a acreditar que a solução para os problemas que assolam o nosso País, que afligem a realidade de cada brasileiro, viria de dentro para fora e seria apresentada por este Parlamento. Mas, hoje — e não sei dizer se felizmente ou infelizmente —, vejo que, ao contrário, a solução virá de fora para dentro, já que este Parlamento não tem condições de apresentar para o povo brasileiro os pilares basilares para a reconstrução do nosso País. O jogo vai se inverter, pois será o povo brasileiro que mostrará para este Parlamento como modificar este País, como reconstruir este País e como levar este nosso País a ser de fato uma grande nação. Eu tenho certeza de que este meu discurso não afasta nenhum colega. Tenho certeza de que, independentemente do discurso que eu fizesse aqui, nada modificaria os votos que aparecerão nas urnas, porque esta eleição não é democrática, esta eleição não tem a participação popular. E eu faço minhas as palavras do ex-Presidente Abraham Lincoln, que disse que a democracia é um regime do povo, pelo povo e para o povo. Portanto, eu me nego a conceber como democrática uma eleição em que a vontade popular é absolutamente ignorada. Por fim, eu quero dizer que ainda acredito neste País. Conto com o voto de algum colega. E, na hora de depositá-lo na urna, deixe que sua consciência fale mais alto. Ao eleito, seja ele quem for, peço que consiga unir esta Casa e, mais do que isso, mais do que unir nós Parlamentares, que consiga unir esta Casa com o povo brasileiro. Que esta Casa passe a andar alinhada com os desejos do povo brasileiro! Adeus! A todos vocês o meu muito obrigado pela oportunidade. Não me corrompi. Não me vendi. Não negociei a minha candidatura. E assim prometo permanecer até o meu último dia na vida pública. Que Deus os abençoe! (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Com a palavra o Deputado Arthur Lira, por 11 minutos. O SR. ARTHUR LIRA (Bloco/PP - AL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, membros da Mesa Diretora que fazem parte desta cerimônia, sentados ao lado da cadeira do Presidente, Vice-Presidente, Deputado Marcos Pereira, 1ª Secretária, Deputada Soraya Santos, Deputado André Fufuca –– não consigo ver daqui se o Deputado Expedito Netto está aqui também ––, foram 51 milhões, 817 mil e 919 votos. Neste plenário, neste momento, estamos aqui diante de representantes de mais de 51 milhões de brasileiros. Se os eleitores que votaram em V.Exas. formassem um país, as senhoras e os senhores representariam uma das 30 maiores nações do planeta. Se levarmos em conta os quase cem milhões de votos que foram dados a todos os candidatos e candidatas a Deputado e a Deputada Federal, eleitos, eleitas, não eleitos e não eleitas, o pleito que os trouxe até aqui, que lhes deu a sagrada representatividade de pertencer a este plenário, equivale a uma das doze ou treze nações mais populosas do mundo. Tendo em vista a representatividade deste Plenário, que se fosse um país teria 51 milhões de pessoas, coloquei, desde o início, a questão fundamental de uma nova forma de funcionamento desta instituição: 51 milhões de votos não podem ser funcionários, não podem ser submissos, não podem ser subalternos da vontade de apenas um, da vontade de um só. A Câmara tem que ser de todos. A Câmara não pode continuar sendo a Câmara do "eu". Isso eu preguei em todos os Estados da Federação que visitei, ao conversar com todas as bancadas desta Casa. (Palmas.) A Câmara é do "nós". E isso não é um slogan de campanha nem uma frase de efeito. Isso é a alma desta Casa, o espírito do nosso Regimento, algo que está impregnado em todos os lugares. Por favor, olhem para a cadeira da Presidência. Por acaso ali há um trono? Não! Ao lado do Presidente, há outras cadeiras para os demais representantes da Mesa Diretora. Tudo nesta Casa, como se vê, tem a marca do coletivo. O indivíduo não existe em relação à instituição, em respeito à colegialidade, que é a marca desta Casa, em respeito às dezenas de milhões de votos que V.Exas. representam. Por isso, temos que dar voz a todas as Deputadas e a todos os Deputados. Por isso, temos que retirar o superpoder da Presidência, como foi nos últimos anos, e devolver este superpoder para o seu único e legítimo dono: o Plenário da Câmara dos Deputados! (Palmas.) Este plenário em que passei os últimos 10 anos da minha atividade parlamentar, em pé, no chão da fábrica, trabalhando pelo meu País, trabalhando ao lado dos Deputados do nosso partido nos mais diversos debates e assuntos, ali embaixo, naquele microfone. O Plenário, sim, é soberano e deve voltar a ser o Presidente da Câmara, o único, o legítimo Presidente da Câmara. A Maioria deve falar, a Minoria deve falar, a proporcionalidade deve falar, o Colégio de Líderes deve falar, cada Deputado deve ter voz. E ao Presidente não cabe falar, cabe ouvir, de forma neutra, nem a favor nem contra, sem personalismos. Menos "eu", mais "nós". Menos "eu", mais "nós"!

Não é à toa que, quando um Deputado ou Deputada atinge a posição mais destacada entre seus pares, a Presidência, nosso sábio Regimento definiu que a esse a quem cabe a missão de coordenar os trabalhos da Casa é imposta automaticamente 10/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS a perda da mais fundamental prerrogativa parlamentar: a de votar. Isso quer dizer que o Presidente não pode ter posições pessoais. Se um Deputado ou Deputada quiser ter posições, que não seja Presidente, que fique no plenário, para expressá- las através de seu voto. A Presidência não pode falar pela Casa. A Casa é que deve falar inclusive através de seu Presidente. Quanto mais poderosa e influente a voz de cada Deputada e de cada Deputado, individualmente, mais poderosa se torna a voz da Câmara. Quanto mais a única voz audível é a de um só, a de seu Presidente, mais emudecido fica este Poder. Que esta Casa volte a falar através do "nós", sempre do "nós"! E não é só isso: democratizar e desconcentrar o poder da Presidência, fortalecer as instâncias dos Colégios, das Comissões, do Plenário, cria um ambiente de previsibilidade. Eu pautei, em todas as conversas que tive, que haverá reunião dos partidos com seus Líderes e reunião dos Líderes com seu Presidente todas as quintas-feiras, à tarde, para termos uma pauta publicada, (Palmas.) com Relator definido, para que saibamos o que vamos votar na semana seguinte e saibamos quem é o Relator, o Relator que tenha o seu relatório com independência, com altivez, nesta Casa, sem sofrer retaliação nem censura, com o projeto pronto, para darmos a todos os setores da sociedade civil organizada tempo para discutir, para procurar os seus Parlamentares nos Estados e Municípios. Transparência nessa pauta e absoluto respeito pela proporcionalidade partidária, Deputado Zarattini, do PT, a maior bancada, à REDE, a menor bancada! Os projetos de lei, as medidas provisórias e as propostas de emenda à Constituição serão distribuídos nesta Casa com isenção, obedecendo-se à proporcionalidade partidária, resultado do voto dos 51 milhões de brasileiros que colocaram aqui Deputadas e Deputados. (Palmas.) Temos de ter ritos. Quanto mais ritos, mais previsibilidade, menos surpresas, como a de hoje, menos solavancos, maiores as chances de acertarmos e menor a chance de errarmos, maior a transparência desta Casa. Eu quero ser o Presidente desta Casa que não será o mais famoso entre todos os Deputados, que não será o que vai aparecer mais na televisão ou nas redes sociais, mas, se Deus assim quiser e com o apoio de V.Exas., meus amigos e minhas amigas, companheiros de vários anos — e quase todos conheço por nome: meu amigo Silas, minha amiga Zambelli, minha amiga Celina, meu amigo Tibé, Darci, Sidney Leite, meu amigo Jhonatan, Cacá Leão, Aroldo, Milton, dentre tantos outros, todos nós sabemos o que é relacionamento nesta Casa —, eu quero ser o Presidente que, ao restabelecer a soberania do Plenário, não mandou nem desmandou, mas terá coordenado um dos períodos mais produtivos de aprovação de leis, de tomada de decisões fundamentais num momento crucial na história do País e terá sido testemunha de que um plenário forte faz muito mais forte o legado de qualquer Presidente.

Acima de todas as diferenças, acima de todas as ideologias, de todas as diferenças ideológicas que compõem a pluralidade desta Casa, os de esquerda, os de direita e os de centro sempre tiveram em mim um Deputado de diálogo, de acordo, de conversas e de cumprimento de palavra, o que tem que voltar a funcionar no plenário desta Casa. (Palmas.) Que na Câmara a união de todos possa, mais do que nunca, fazer a diferença na vida de todas as brasileiras e de todos os brasileiros. Antes de encerrar, eu queria agradecer a todos os Deputados e Deputadas que se empenharam neste período eleitoral, à bancada feminina, às mulheres que coordenaram, lutaram, dialogaram e trabalharam pela minha campanha, (Palmas.) uma campanha limpa, uma campanha sem ataques, uma campanha sem vídeos apócrifos, sem candidatos laranja, sem qualquer coisa de subterfúgio, sem golpes regimentais. Nós queremos esta Câmara unida. O Brasil precisa de reformas, o Brasil precisa tocar as pautas. Qualquer assunto será tratado sem nenhum pingo de preconceito pela Presidência desta Casa. Precisa haver amadurecimento na população, maioria no Plenário e maioria no Colégio de Líderes. Ele virá para a pauta, e o Plenário decidirá. Quero agradecer a todos os Estados pela receptividade que tivemos. Quero dizer que eu acredito na consciência livre das mulheres e dos homens de bem desta Casa, para que possam expressar hoje, com força, a vontade de ver uma Câmara independente, sim, uma Câmara autônoma, mas uma Câmara harmônica. O Brasil não aguenta mais acotovelamentos, o Brasil não aguenta mais brigas, o Brasil não aguenta mais puxar cordas. Nós temos que fazer deste ano de 2021 um ano diferente e dar exemplos à Nação e ao povo, que está lá fora esperando respeito, pauta e reciprocidade. Até a vitória, com a ajuda de todos, se Deus quiser! Muito obrigado. (Palmas.) (Manifestação no plenário: Lira! Lira! Lira!) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Tem a palavra a Deputada Luiza Erundina, por 11 minutos.

11/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

A SRA. LUIZA ERUNDINA (PSOL - SP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, começo manifestando o nosso repúdio à decisão irresponsável da Mesa Diretora desta Casa de obrigar a votação presencial nesta eleição, o que expõe, principalmente, os 95 Parlamentares que são do grupo de risco. Isso demonstra que o caráter genocida de Bolsonaro também está presente no comando da Câmara dos Deputados. É preciso reagirmos, por todos os meios de que dispomos, a essa decisão. Não baixaremos a cabeça! Basta de tanta arbitrariedade! Fora, Bolsonaro e todos os seus asseclas de plantão!

Esta é a terceira vez que ocupo a tribuna como candidata a Presidente da Câmara dos Deputados, a "Casa do Povo", as três vezes pelo Partido Socialismo e Liberdade — PSOL, partido a que tenho a honra de pertencer e que escolhi em razão da sua identidade político-ideológica, da sua coerência e da fidelidade aos seus princípios e compromissos com o povo brasileiro. Gostaria muito de estar aqui como candidata de todos os partidos do campo democrático popular de esquerda. Até abriria mão da candidatura se essa fosse a condição para que estivéssemos unificados em torno de um programa que respondesse aos reais anseios da maioria do povo brasileiro: os trabalhadores e trabalhadoras, pelos quais fomos eleitos e eleitas, para representá-los e sermos sua voz no Parlamento. Eles esperam que os mandatos que nos confiaram sirvam exclusivamente aos seus interesses. Lamentavelmente, não é isso o que acontece, especialmente nesta disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados, a dita "Casa do Povo". Contudo, essa definição é pura retórica. Senão, vejamos: a entrada desta Casa, por exemplo, que dá acesso ao Plenário Ulysses Guimarães, espaço onde se exercita a soberania popular pela voz dos legítimos representantes do povo, permanece fechada com portas de ferro, portanto, intransponível. É uma forma velada de se dizer: "Aqui o povo não entra, aqui não há lugar para o povo". Assim, mantêm-se afastados os cidadãos e as cidadãs que nos mandaram para cá, pois não convém que vejam o que fazem os seus representantes. Que Casa do Povo é esta na qual o povo não entra? Imaginem, Sras. e Srs. Deputados, se os cidadãos pudessem acompanhar, por exemplo, as articulações e os conluios a portas fechadas, o comércio do “toma lá, dá cá” entre candidatos, Líderes e Governo na disputa por votos e na barganha do troca-troca. Certamente, ficariam decepcionados e sentir-se-iam traídos por aqueles em quem votaram. Ou esta Casa muda ou não se poderá dizer que existe democracia plena no Brasil. Os candidatos apoiados por Bolsonaro, caso eleitos, vão comprometer a independência e a autonomia do Poder Legislativo, o que põe em risco a própria democracia, e nos restará fortalecer e mobilizar o poder popular no sentido de se contrapor à invasão do Legislativo pelo Executivo, para se recuperar a soberania popular, essência de uma verdadeira democracia. Estarrecidos, acabamos de saber da enxurrada de bilhões de reais para regar as hostes dos Deputados eleitores dos dois candidatos declaradamente governistas, o que não significa que os outros não o sejam, com exceção da nossa candidatura, obviamente. São recursos extras que se somam às vultosas verbas das emendas parlamentares que se destinam a bancar as próximas campanhas eleitorais dos candidatos à reeleição a Deputado e a Senador. É revoltante ver que essa sangria desatada de dinheiro público custa a vida de milhares de brasileiros e brasileiras a quem está sendo negado o direito sagrado à vida. Por falta de oxigênio, a população morre por asfixia.

O Presidente Rodrigo Maia foi omisso e conivente com Jair Bolsonaro e os bolsonaristas ao não pautar o processo de impeachment do Presidente, que é o anseio da sociedade brasileira, demonstrado por mais de 60 pedidos apresentados pelos partidos de oposição, inclusive o PSOL, e por várias organizações da sociedade civil. Maia, Presidente da Câmara por três mandatos consecutivos, fez ouvidos moucos ao clamor dos brasileiros. Não nos esqueçamos de que a história é implacável com os traidores do povo. As campanhas de Arthur Lira e Baleia Rossi recebem adesões de Parlamentares de outras legendas, e seus partidos, PP e MDB, funcionam como sublegendas a serviço do Governo Bolsonaro. Portanto, há poucas diferenças entre as duas candidaturas. O PSOL, por sua vez, é o único partido cuja candidatura polariza com os candidatos dos dois blocos constituídos predominantemente por partidos de direita, além de alguns partidos do campo progressista que se aliaram ao bloco de Baleia Rossi. Aguardemos, pois, o julgamento da história sobre os partidos que, à revelia dos seus compromissos e convicções, adotaram uma tática de redução de danos já no primeiro turno, deixando de lado que a Esquerda deve ter fisionomia própria, vez e voz na disputa pela Presidência da Câmara. A história do PSOL é marcada por coerência e fidelidade aos seus compromissos de classe, que não admitem concessão em relação aos seus princípios. Temos lado e somos radicais, sim, como um partido político-ideológico de esquerda, a serviço dos interesses dos trabalhadores e das classes populares da sociedade.

12/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Bolsonaro e seus asseclas não calarão a nossa voz — a voz da Esquerda que combate o capitalismo predador em todas as suas expressões, que faz política com vistas a transformações estruturais na sociedade de classe, a qual exclui a maioria da população do acesso aos frutos do trabalho e à dignidade inerente à condição humana. Inspirada em princípios e valores socialistas, é uma esquerda que combate sem trégua o capitalismo e suas consequências amargas, e sonha em construir uma sociedade igualitária, sem dominantes e dominados; sem uma minoria de privilegiados que se apropriam dos resultados do trabalho da maioria dos pobres, que sequer são atendidos em seus direitos fundamentais, inclusive ao sagrado direito à vida. Que o digam os mais de 14 milhões de desempregados, as mais de 224 mil vítimas do coronavírus e da pandemia política do bolsonarismo! Sou a única mulher entre os oito candidatos. Se eu for eleita, serei a primeira mulher Presidente da Câmara dos Deputados em quase 200 anos de Poder Legislativo no Brasil. Assim, far-se-á justiça a 52% da população brasileira, o que colocaria o Brasil no patamar das outras democracias do mundo. Além disso, esse fato contribuirá para se reconstruir a imagem do nosso País frente às demais nações do continente latino-americano e de todo o mundo — imagem essa que vem se deteriorando desde o golpe parlamentar que afastou a Presidenta , a primeira mulher a governar o Brasil. A candidatura do PSOL disputa a Presidência da Câmara dos Deputados com o compromisso de retirar Bolsonaro e salvar vidas, principal objetivo de um programa que será a ponta de lança contra o desgastado mantra neoliberal de que não há alternativa à austeridade fiscal.

Nosso programa responde também às questões que estão na base desse quadro dantesco gerado pelo Governo do Capitão Jair e que tem levado o País a um verdadeiro caos. Para sairmos dessa tragédia, propomos: 1. O impeachment de Jair Bolsonaro deve ser o primeiro e prioritário compromisso do próximo Presidente da Câmara dos Deputados, em face dos inúmeros crimes de responsabilidade cometidos por ele. Diante de sua atitude negacionista e irresponsável desde o início da pandemia do coronavírus ficou evidente o caráter genocida do Governo Bolsonaro. Sua permanência no cargo representa uma ameaça à vida de milhões de brasileiros e ao futuro do nosso País. 2. Vacina para todos já! Mais de 50 países do mundo já avançaram no processo de imunização de suas populações, com vacinação em massa contra a COVID-19. Enquanto isso, o Brasil mantém uma posição negacionista de total falta de comando por parte do Governo Bolsonaro, de centralização mínima, e de ausência de controle e de vacinação. Defendemos, portanto, que o Congresso Nacional assuma uma atitude ativa e atuante na fiscalização do Executivo como protagonista na defesa da saúde da população brasileira e na garantia de testagem em massa e de vacina para todos já. 3. Renda justa: o básico tem que ser permanente. Garantir que cada brasileiro e brasileira tenha uma renda mínima para sobreviver é uma prioridade nossa. O fim do auxílio emergencial por parte do Governo Bolsonaro é um crime contra os mais vulneráveis. Portanto, gerar renda, combater a pobreza, dinamizar a economia, estimular o consumo, realizar investimentos e abrir novos postos de trabalho são as nossas principais propostas para assegurar renda ao trabalhador e à trabalhadora. O pacote de projetos de lei, já em tramitação, quer o auxílio emergencial de 600 reais por mês em benefício para até 80 milhões de brasileiros. Para financiar renda justa, propomos a implantação de um imposto sobre grandes fortunas, a revogação das isenções de imposto de renda sobre lucros e dividendos e o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL das instituições financeiras para 30%. Essas são as nossas propostas prioritárias. Esses sãos os compromissos do PSOL. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um processo como esse deixa lições com as quais devemos aprender. Entre elas está a de que um partido de esquerda não deve transigir em suas convicções políticas, mesmo que seja a pretexto de reduzir danos. Não aceito essa posição, visto que ela favorece a aprovação de matérias contra para o povo. Não devemos nos aliar àqueles que sistematicamente traem o povo. Somos mesmo radicais em relação aos nossos compromissos de classe. Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, já vimos no que dá a conciliação de classe, que nos leva a trair nossos compromissos históricos e nossos projetos inspirados no socialismo. Não devemos cair na tentação. Não nos iludamos com a falácia dos discursos de ocasião e do oportunismo eleitoral dos que usam o voto popular em seus próprios interesses. Não obstante às enormes resistências, ainda acredito ser possível despertar as consciências, além de tocar mentes e corações, para juntos começarmos a fincar os alicerces da construção de um país justo e, sobretudo, leal às tradições democráticas e à memória daqueles e daquelas que deram a juventude e o melhor da própria vida na defesa das liberdades democráticas e dos direitos humanos do povo brasileiro. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esses pontos estão devidamente detalhados na plataforma da candidatura do PSOL, para conhecimento e avaliação de V.Exas. Conto com o apoio e a confiança dos colegas Parlamentares. Muito obrigada.

13/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Obrigado, Deputada. Tem a palavra o Deputado Baleia Rossi, por 11 minutos. (Palmas.) O SR. BALEIA ROSSI (MDB - SP. Sem revisão do orador.) - Boa noite a todas e a todos. Agradeço a Deus a oportunidade de ocupar esta tribuna para poder apresentar a minha candidatura à Presidência da Câmara dos Deputados.

Quero agradecer a cada Deputada e a cada Deputado que me recebeu no seu Estado, que ouviu as nossas propostas; a cada Deputado e Deputada que compartilhou as propostas e esteve conosco nas redes sociais, que atendeu ao nosso telefonema nesse período de pandemia. Os contatos, às vezes, são por telefone e não presenciais, e isso faz muita falta. Agradeço a todos os que não puderam declarar o voto em nossa candidatura, porque foram coagidos e ameaçados pelo Governo. Agradeço de coração a oportunidade de apresentar a nossa candidatura. Nos últimos 30 dias, vimos a sociedade debater esta disputa aqui na Câmara Federal. Não é qualquer disputa. Nós vamos definir hoje qual Brasil teremos nos próximos 2 anos. Agradeço as manifestações de artistas e de pessoas da sociedade que se envolveram, que estão preocupados com o nosso País, e manifestaram não o seu apoio a minha pessoa, mas à causa que nós representamos. Por que a Câmara independente assusta tanto? Nós unimos partidos que são diferentes, que têm ideologias diferentes; partidos que pensam economia, que pensam a sociedade de forma diferente. Mas a diferença nos fortaleceu, porque nós não podemos abrir mão da defesa da nossa democracia! (Palmas.) Nós não podemos abrir mão da defesa das nossas instituições. Esta semana, o mesmo delinquente que soltou fogos de artifício em cima do Supremo e agrediu uma enfermeira nas manifestações estava depredando nosso material de campanha. Onde está a democracia nesses atos extremistas e radicais? Eu não flerto com esse tipo de gente, nem a nossa candidatura! (Palmas.) A Câmara independente é para que possamos fazer diferença — independente e harmônica com os demais poderes, independente com o diálogo. Mas a Câmara independente, nesses últimos 2 anos, sob a presidência do Presidente Rodrigo Maia, a quem quero fazer uma saudação e agradecer o apoio, foi fundamental para debater assuntos que interessam a nossa população. Vou citar apenas três. Primeiro, a PEC do Orçamento de Guerra, que possibilitou a ajuda a todos os Estados e a todos os Municípios — e está aqui o Prefeito Duarte Nogueira, da minha cidade, Ribeirão Preto. Se não fossem a participação e a atuação da Câmara independente, os Municípios e os Estados estariam em situação de calamidade. Nem recursos para pagar os funcionários nós teríamos, muito menos para assistir à população nas suas necessidades mais urgentes agora, principalmente na área da saúde. Foi a Câmara independente que conseguiu avançar nesse tema. A Câmara independente votou o FUNDEB. Quando muitos partidos queriam obstruir e não desejavam destinar mais recursos para a educação, a Câmara independente deixou o discurso e foi para a prática, fazendo com que a educação básica tenha mais recursos. A Câmara independente fez o auxílio emergencial passar de 200 reais para 600 reais! E isso fez toda a diferença para a população mais simples! (Palmas.)

Precisamos voltar a debater uma agenda social para acolher as pessoas que estão passando extrema dificuldade com esta pandemia, que ainda não acabou. Por isso, nós queremos uma Câmara independente, que mantenha sempre o diálogo. Esta é a Casa do Povo, a Casa dos iguais. Fala-se muito em dar voz aos Deputados, mas, quando nós temos o Orçamento, ele não é dividido igualmente. Assim, acabamos tendo Deputados de primeira, de segunda e de terceira categorias. (Palmas.) O Estadão publicou matéria nesta semana em que detalha que o Relator do Orçamento colocou para uma cidade 160 milhões de reais. Outro Líder enviou 80 milhões de reais para atender à base; outro, 78 milhões; mais um, 50 milhões. Enquanto isso, Parlamentares lutam, com o pires na mão, por recursos para as APAEs, para as Santas Casas, para o desenvolvimento dos seus Municípios. Nós queremos um Parlamento igual. Por que não votamos o PLN 4, que trata da regulamentação do orçamento impositivo? Isso, sim, daria igualdade aos 513 Deputados Federais. (Palmas.) Eu assumo o compromisso, se Deus me der a oportunidade de ser Presidente da Câmara dos Deputados, de regulamentar o orçamento impositivo. Nós precisamos não só de voz, mas também de mais recursos no Orçamento, recursos legítimos, republicanos, para que todos possam exercer seus mandatos em plenitude. Quero dizer que nós temos um compromisso com a pauta do Brasil. Nós precisamos avançar nas reformas. Por que ainda não votamos a reforma tributária, se o Brasil precisa gerar emprego e renda, melhorar o ambiente de negócio e destravar 14/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS nossa economia? Não é briga política que vai fazer com que não consigamos isso. Aliás, uma das prioridades da nossa administração será votar a reforma tributária, para o Brasil ter novamente a esperança de crescer e gerar emprego e renda.

Vamos votar a pauta social e continuar enfrentando a pandemia! Que País é este que não se sensibiliza com 220 mil mortes?! (Palmas.) Esta Casa votou todos os projetos para o enfrentamento da pandemia. Houve uma união entre a Esquerda, a Direita, o Centro — entre todos. Eu aproveito para agradecer o apoio dos partidos que formam a "frente ampla". São dez partidos: o PSDB, o Cidadania, o PV, o Solidariedade, o MDB, o PDT, o PT, o PSB, o PCdoB e a REDE. Obrigado de coração por esse apoio! Para ser Presidente da Câmara dos Deputados, é preciso ter espírito público e pensar no Brasil, não em pequenos grupos. Para que todos os Parlamentares tenham condições de exercer em sua plenitude seus mandatos, é preciso que este Parlamento seja respeitado. Este é o Parlamento de Ulysses Guimarães, um Parlamento que não se ajoelha diante de ninguém, muito menos diante do Poder Executivo. Este Parlamento é colaborativo, é um local de diálogo e de conversa, mas nunca vai ficar de joelhos. Por isso, eu peço o voto de confiança das Deputadas e dos Deputados. Por isso, eu peço que analisem e reflitam sobre o que estamos vivendo. Esta eleição faz toda a diferença para o Brasil. Houve, na votação de determinada matéria, um pedido do Governo para que o Deputado gravasse seu voto. Pelo amor de Deus! Que Parlamento é este? Nós temos que respeitar os 513 Deputados e confiar na palavra de cada um! Graças a Deus, eu sempre honrei a palavra na minha vida pública! Peço a todos que reflitam. Vamos para o segundo turno e para a vitória, se Deus quiser! (Palmas prolongadas.) (Manifestação no plenário: Baleia! Baleia! Baleia!) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Concedo a palavra ao Deputado Marcel Van Hattem. S.Exa. dispõe de 11 minutos. O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS. Sem revisão do orador.) - Boa noite, Sr. Presidente. Caros colegas Deputados e Deputadas, quero chamar a atenção de V.Exas. para o fato de que é a primeira vez que nos reunimos presencialmente neste plenário desde o dia 18 de março do ano passado, o que demonstra a importância deste dia. Em virtude da pandemia, nós votamos remotamente ao longo de todo o ano de 2020, desde março do ano passado. Hoje estamos aqui presencialmente para definir o futuro da nossa Nação ao votar naquele que será o Presidente do Poder Legislativo, o representante maior dos Parlamentares, que representam o povo brasileiro. É por isso que estamos aqui neste dia 1º de fevereiro de 2021. Eu não poderia deixar de me solidarizar com todas as vítimas da pandemia da COVID e de outras doenças que, infelizmente, não foram tratadas não só por causa do “fique em casa”, mas também de todo o caos social e econômico que vimos no nosso País. Externo a todos minha mais profunda solidariedade.

Neste momento, senhoras e senhores, neste dia, vamos exercer com convicção nosso direito de voto para mudar o rumo desta Nação. Os discursos que me antecederam, principalmente os dos dois candidatos apoiados pelo maior número de partidos, demonstraram muito claramente — todos aqui assim o perceberam — que precisamos sair desta polarização em que ainda nos encontramos. O Brasil merece mais, muito mais, muito mais do que o mais do mesmo! Digo "mais do mesmo" porque, com todo o respeito aos partidos políticos que são representados nestas candidaturas, esses dois partidos são ambos filiados a partir daqueles que são a base deste Governo ou de qualquer outro Governo até aqui. São "mais do mesmo" porque representam o establishment que, lá atrás, nas eleições de 2018, por maioria dos votos, foi severamente questionado pela população brasileira, que clamava por mudanças. Digo "mais do mesmo", inclusive, porque hoje defendem reformas — combate à corrupção não se ouviu muito — e privatizações, mas, quando votaram neste plenário, eu me lembro bem do blecaute na discussão da reforma da Previdência, e V.Exas. também, havia negociações em curso com o Planalto que impediram que a tramitação continuasse. Eu me lembro bem dos votos desses candidatos na Lei de Abuso de Autoridade; lembro-me bem dos votos no projeto do juiz de garantias. Agora, no entanto, prometem, Deputado Celso, outras coisas. Nós precisamos olhar para a trajetória de quem concorre, e não apenas para os discursos que são pronunciados ou para os acordos que são feitos.

15/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Por estes motivos, eu me orgulho muito de integrar uma bancada como a do NOVO, quem tem sido coerente. Podem discordar. Nós, muitas vezes, discordamos aqui dos colegas Deputados, Deputado Evair Vieira de Melo, mas sempre o fazemos de forma respeitosa, sempre apresentando nossos argumentos e buscando mais votos dos colegas Parlamentares. É esta mesma coerência e esta mesma independência que eu quero, como Presidente desta Casa, exercer sentado à Mesa Diretora. Quero, também, ser um Presidente justo com todos os Parlamentares, compartilhando decisões não apenas com os Líderes, que não foram reunidos nos últimos 3 ou 4 meses nesta Casa, quando muitas votações ocorreram sem que, dando o exemplo do meu Líder de bancada, nem o Deputado Paulo Ganime ficasse sabendo o que iria à votação. As pautas precisam, sim, ser tratadas com todos os Parlamentares, não apenas com um Líder. As duas candidaturas principais são "mais do mesmo", inclusive nas suas contradições: um candidato, que hoje é apoiado por Bolsonaro, apoiou faz pouco tempo Dilma e Lula nos Governos do PT. O outro candidato, do MDB, apoiado pela Esquerda, é afiliado de . Eles são muito parecidos, até mesmo nas suas contradições. Repito: digo isso com todo o respeito àqueles que estão pleiteando o cargo, porque eu, como Presidente da Casa, também os representarei aqui no Parlamento. Quero, senhoras e senhores, meus colegas, lembrar que nós precisamos exercer com dignidade a Presidência desta Casa, para devolver ao povo brasileiro o sentimento de ser bem representado por este Parlamento. V.Exas. podem representar bem os seus eleitores individualmente, mas — precisamos admitir —, como Câmara dos Deputados, a nossa credibilidade está lá embaixo. Não sou eu que o estou dizendo; os institutos de pesquisa o dizem, as ruas o dizem, a sociedade o diz. Precisamos mudar esta realidade, e, para mudar esta realidade, é preciso fazer diferente do que era feito no passado.

Sabemos que o Executivo sempre interferiu nos trabalhos desta Casa, em especial, por ocasião das eleições. Por mais que eu concorde com esta frase, ela não é da minha autoria, é do atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que há apenas 4 anos concorria à Presidência desta Câmara e dizia que temos uma Câmara que não cria leis, que não fiscaliza e que não representa os anseios do povo. O atual Presidente Bolsonaro disse, há 4 anos, nesta mesma tribuna — Presidente em que votei no segundo turno —, que o Poder Legislativo se apresenta subserviente ao Executivo e submisso ao Judiciário. Hoje, que vergonha do que eu vejo acontecer nestas eleições também! O mesmo que o Presidente criticava lá atrás — e os próprios colegas Deputados têm me relatado, não precisamos ir para as manchetes da imprensa tão vergonhosas —, o mesmo que ele criticava lá atrás está acontecendo hoje, não digo que com todos, tenho certeza de que muitos votos serão por convicção, mas outros tantos talvez sigam aquilo que a manchete do Estadão diz: mais de 3 bilhões de reais liberados em obras a quase 300 Parlamentares em meio à eleição no Congresso. Nós alertamos para isso no ano passado em dezembro, a bancada do NOVO orientou contra os PLNs que criavam os créditos extraordinários. E aqui mais uma vez estamos nos pronunciando contra estas velhas práticas, que, infelizmente, fazem com que o discurso do Presidente Bolsonaro... Há menos de 1 ano, ele afirmava: "Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente. Acabou a época da patifaria!". Agora vemos que esse discurso ficou velho — ele, sim —, e Bolsonaro se rende àquilo que deveria ter ficado para trás, utilizando-se, inclusive, lamentavelmente, dos mesmos artifícios que o PT, partido que vencemos nas últimas eleições, em 2018, utilizava para montar sua base. Não quero aqui ser injusto, porque vejo que a outra candidatura antagonista também usou desse mesmo expediente, não talvez com o Palácio do Planalto, mas com Governadores alinhados nos Estados. Mais de uma vez, eu liguei para muitos Parlamentares e ouvi de viva voz, de muitos, que este foi o caso. Lamentável, caros colegas Deputados!

Agora, deve isso nos desmotivar? Não! Eu não vim aqui para ser mudado pela política, eu vim aqui para ajudar a mudar a política. Tenho convicção de que cada um dos senhores e das senhoras entende o que é buscar a mudança da política pela ação e pelo exemplo. E terão a condição de nesta noite demonstrar isso por meio do voto. Nós precisamos fazer com que aquele sentimento que trouxe tantos Parlamentares para esta Casa em 2018 seja revelado nas urnas, aqui fora do nosso plenário. Não é possível ver tantos que às ruas foram defender a Lava-Jato e o combate à corrupção hoje relativizando a escolha e dizendo que há que se escolher o candidato menos pior, porque o candidato menos pior será aquele a derrotar o amigo do meu adversário. Chega dessa polarização na Câmara! Nós estamos oferecendo alternativa, nós estamos oferecendo um caminho que não apenas é uma terceira via de um partido político, é um caminho que vem agregando muitos outros Parlamentares por meio do apoio que nós temos recebido também da população, seja via redes sociais, seja pelas ruas. Nós queremos fazer a diferença aqui, na Casa do Povo, presidindo uma Câmara que faça com que este País seja mais livre, mais justo. O Brasil merece mais! Idealismo? Sim, ele me move, me move muito. Mas, mais do que o idealismo, a fidelidade aos meus princípios me move, o que representa também a fidelidade aos princípios de todos aqueles que conosco quiserem andar.

16/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

O Brasil merece mais! Obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Obrigado, Deputado Marcel. Muito bem. (Palmas.) Tem a palavra o Deputado Kim Kataguiri, por 11 minutos. O SR. KIM KATAGUIRI (DEM - SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, peço licença — não costumo fazer isto, na verdade é a primeira vez que o farei desta tribuna — para ler brevemente um discurso voltado aos senhores e a todos aqueles que nos assistem. Nós não podemos ter uma eleição para a Câmara dos Deputados em que buscamos uma possível solução para os nossos problemas — nós Deputados. Quem precisa de solução para os seus problemas é a população brasileira. Todos sabem que nós vivemos uma crise institucional nos Três Poderes sem precedentes. O discurso aqui é no sentido de resgatar a credibilidade da Câmara dos Deputados. Sabemos que o Executivo sempre interferiu, e interfere neste exato momento, nos trabalhos desta Casa, em especial por ocasião das eleições. Nós não podemos — e aqui já revelo parte da pegadinha, porque o Deputado Marcel van Hattem leu trecho deste discurso — ter uma Câmara que não cria leis, que não fiscaliza e que não representa os anseios do povo. O Poder Legislativo não pode ser subserviente ao Executivo e submisso ao Judiciário.

Alguns dos senhores devem ter estranhado o uso das palavras, a concatenação das sentenças, porque este discurso não é meu. Este foi o discurso que, na legislatura passada, levou o Deputado Jair Messias Bolsonaro à tribuna da Câmara dos Deputados para pedir o voto dos seus colegas. Ainda dizia ele: "Espero que haja segundo turno. Sei que as minhas chances são remotas. As minhas chances só não são menores do que as daqueles que não são candidatos. Mas, patrioticamente, eu me exponho porque eu acredito no Brasil e em muitos de vocês aqui dentro". Uma legislatura depois, e o Presidente Jair Bolsonaro está fazendo exatamente o que o levou a se candidatar à Presidência da Câmara dos Deputados na legislatura passada: 110 bilhões de reais em encargos. Para dar nome aos bois: a Fundação Nacional de Saúde, o FNDE, o SUS e a educação básica do Brasil estão nas mãos de indiciados, condenados, réus, denunciados por corrupção, por lavagem de dinheiro, por concussão e peculato. É na mão dessa gente que esses cargos se encontram hoje, isso para não falar das emendas parlamentares. Temer conseguiu bater o recorde de emendas parlamentares no seu Governo. No seu Governo, houve a reforma trabalhista, o fim do imposto sindical, a reforma do ensino médio, a PEC do Teto dos Gastos Públicos e duas denúncias. Nem o Temer, que teve que enfrentar duas denúncias em Plenário, pagou tanta emenda quanto Jair Bolsonaro, aquele que iria acabar com a mamata, aquele que iria acabar com o "toma lá, dá cá". De fato, ele acabou com o "toma lá, dá cá". Agora o que temos é o "toma lá, toma lá". Ele entrega os cargos, ele entrega os Ministérios, ele entrega as emendas, mas não tem nenhuma reforma aprovada em Plenário, não tem nenhuma privatização aprovada em Plenário. O Governo sequer as apresentou. Sobre os poucos projetos que apresentou, não fez nada para que fossem aprovados nesta Casa. Os senhores sabem que eu estou falando a verdade. A Casa Civil não existe mais, virou um parquinho para marmanjo andar de avião da FAB pelo País e ficar sendo chamado de Ministro. O Governo se isenta de toda e qualquer responsabilidade sobre as matérias que manda para esta Casa, joga nas costas do Parlamento. Por isso eu lanço esta candidatura de protesto, para mostrar o quanto o Presidente Jair Bolsonaro não é nada mais do que um traidor. E esta não é a primeira vez que ele trai a população brasileira. Traiu quando prometeu acabar com a reeleição, mas nunca mandou a proposta de fim da reeleição para o Plenário desta Casa — e já está em campanha para 2022. Traiu quando disse que iria enfrentar os abusos do Supremo, mas pediu aos seus Senadores que retirassem as assinaturas da CPI da Lava Toga. Vetou projeto desta Casa que limitava decisões monocráticas do Supremo e se tornou amigo íntimo de Dias Toffoli, que ele, Deputado Jair Bolsonaro, chamava de advogado do PT — hoje ele o chama de amigo.

Traiu quando disse que ia promover uma agenda reformista e de privatizações, mas manteve a EBC — Empresa Brasil de Comunicação, com comentarista, como se fosse a Coreia do Norte, dando vivas ao Presidente da República e fazendo propaganda estatal. Passaram-se 2 anos de mandato, e até agora o que nós temos é um terço de reforma tributária, com os outros dois terços prometendo ser CPMF. Traiu quando disse que ia acabar com a mamata, mas deu 4 milhões de reais para que o seu filho Carluxo contratasse uma equipe de propaganda, sem licitação, durante a pandemia. Disse que ia acabar com a mamata, mas dobrou os gastos

17/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS com cartão corporativo. Disse que ia acabar com a mamata, mas pagou 41 milhões de reais para a empresa da esposa do seu advogado. Traiu quando disse que ia nomear um Ministério técnico, mas escolheu dois Ministros da Educação que não sabiam falar português, um por não ser brasileiro, outro por ser analfabeto funcional. E o terceiro nem vou citar, porque não sei se o currículo é verdadeiro ou falso. Traiu quando disse que ia combater o crime, mas mandou medida provisória para esta Casa para extinguir o COAF — Conselho de Controle de Atividades Financeiras. Pediu foro privilegiado para o filho; barrou a aprovação da PEC da Segunda Instância; suspendeu julgamento de homicida, ladrão, estuprador, sancionando, sem conversar com a magistratura ou com o Ministério Público, a emenda do juiz de garantias. Sancionou também a Lei de Abuso de Autoridade, contra policiais, juízes e promotores, tudo isso para proteger a si mesmo e à sua família de quadrilheiros, vagabundos e corruptos. Por isso, lanço esta candidatura de protesto, com pauta única: o impeachment. (Manifestação no plenário.) Se estão incomodados por serem chamados de vagabundos, quadrilheiros e corruptos, processem-me e ganhem na Justiça! Eu sei que não têm colhão para isso! Têm colhão para ficar falando na Internet, mas, quando chegam ao Plenário, é tudo "tchutchuca" do Centrão, é tudo venda de votos! Enquanto iam para a rua pedir Lava-Jato, pedir COAF com Moro, pedir prisão em segunda instância, não pediam liminar para o Gilmar Mendes no Supremo, não pediam liminar para o Gilmar Mendes no Supremo! Em 2019, quando eu me candidatei à Presidência desta Casa, muitos colegas diziam que eu não deveria me candidatar, porque não estaria na linha sucessória da Presidência da República, porque não tenho 35 anos. Vejam só, que ironia! Os mesmos que diziam que eu não poderia estar na linha sucessória da Presidência da República por não ter 35 anos e que a Casa não poderia perder essa prerrogativa, hoje votam num réu, num condenado que estará fora da linha sucessória, não por falta de idade, mas por denúncia de corrupção! Exatamente os mesmos que diziam que eu não estaria na linha sucessória votam num sujeito condenado em segunda instância por improbidade, votam num sujeito réu por corrupção e lavagem de dinheiro. E acham que isso é ser conservador, acham que isso é ser liberal! Carlos Lacerda sentiria vergonha de ver um verme como Jair Bolsonaro chamando-se de conservador. Roberto Campos teria vergonha de ver um senhor como Paulo Guedes intitulando-se liberal.

Ulysses Guimarães, em 1973, quando lançou uma candidatura contra a farsa da ditadura militar, tinha como objetivo expor a farsa do regime, que montava um teatro travestido de eleição presidencial. E o Deputado Eduardo Bolsonaro, que grita ao fundo, parece muito másculo agora, mas, quando o chamei para debate por repetidas vezes na tribuna e no plenário desta Casa, fugiu com seus seguranças da Polícia Federal, por não ter hombridade, por não ter a hombridade de falar olho a olho! Parafraseando o Dr. Ulysses, digo que eu não sou o candidato vitorioso: eu sou o anticandidato, para denunciar a antieleição imposta pela antirrepública, fustigada pela compra de votos com cargos e emendas. Essas foram palavras do Dr. Ulysses; agora, as minhas palavras: prefiro perder uma eleição a perder a minha alma, prefiro perder uma eleição a manchar o nome da minha família, associando-me a criminoso. Essa vergonha eu nunca vou dar à minha família. Prepare-se, Jair Bolsonaro, a sua hora vai chegar! Quem vende a alma ao demônio aprende que o capeta cobra com juros e correção monetária. Vamos aguardar o resultado da Presidência e o relacionamento do Bolsonaro com a Presidência nos próximos meses. Obrigado, Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Antes de iniciar a eleição, peço a V.Exas. atenção para algumas definições importantes sobre o processo de votação. A Presidência lembra às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados que deverão escolher um candidato para cada cargo, quando se tratar de membros titulares da Mesa. Todavia, chamo a atenção para o caso da suplência, em que deverão votar em quatro candidatos. Deputado Nelson Barbudo, vamos acalmar o ambiente! V.Exas. deverão votar em quatro candidatos, sendo duas vagas para o Bloco do PSL, uma para o Bloco do PT/PMDB e uma para o partido DEM. Repito: para a suplência, as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados deverão votar em quatro candidatos. Lembro ainda que, nos termos do Regimento Interno, as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados deverão votar para todos os cargos em um só ato de votação. Se possível, poderíamos prestar atenção. Depois, se houver problema, não haverá volta na votação. 18/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Para votar, o Parlamentar deverá dirigir-se às cabines de votação situadas no Salão Nobre e no Salão Verde, preferencialmente na ordem e no momento indicados nas listas circuladas pela Secretaria-Geral da Mesa às Lideranças. A cabine nº 13 está adaptada a Parlamentares com deficiência, que terão preferência. Esclareço que as cabines de votação situadas no Salão Nobre estarão destinadas aos Parlamentares pertencentes ao grupo de risco, definido pela Portaria nº 70, de 2020, que regulamenta o Ato da Mesa nº 118, de 2020, para manter esse espaço devidamente isolado. O acesso ao Salão Nobre pelo Cafezinho do Plenário encontra-se interditado. Autorizo a Secretaria-Geral da Mesa a habilitar as urnas para a votação.

Chamo a atenção dos Srs. Parlamentares para o procedimento de votação: digitar o seu código de três dígitos no teclado virtual do monitor do posto da urna; posicionar sua digital, previamente cadastrada, no leitor biométrico, que se encontra fixado à direita do monitor. Após a autenticação, aparecerá na tela da urna a foto dos candidatos para o cargo de Presidente. O Parlamentar deverá tocar na foto do seu candidato. Se desejar corrigir, toque na opção "corrige", e voltará a tela com a foto dos candidatos. Certifique-se do seu voto e toque na opção "confirmo". Uma vez confirmado o voto, este não poderá ser alterado. O Parlamentar terá, ainda, a opção de voto branco. O Parlamentar deverá prosseguir a votação e selecionar os candidatos para os demais cargos. Ao final, aparecerá a mensagem "fim do voto". Lembro que, se o tempo máximo para a votação se esgotar sem a conclusão de todos os votos, o Parlamentar poderá, até o encerramento da votação, completar as escolhas pendentes em qualquer urna. Se não o fizer até o encerramento da votação, as escolhas pendentes serão automaticamente computadas como votos em branco. A apuração far-se-á preliminarmente em relação ao cargo de Presidente, conforme determina o § 2º do art. 5º do Regimento Interno. Assim, enquanto este não for escolhido, não se processará a apuração dos demais cargos. Desejo esclarecer que o art. 7º do Regimento Interno estabelece que a eleição se fará por escrutínio secreto. Esclareço também que será considerado eleito em primeiro escrutínio o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos, ou seja, mais da metade dos votos, incluindo os em branco, nos termos do art. 83, § 2º, do Regimento Interno. Apenas para exemplificar, se 500 Deputados votarem, será eleito em primeiro escrutínio aquele que obtiver 251 votos. Se isso não ocorrer, haverá segundo escrutínio, quando então se decidirá a eleição por maioria simples. Ocorrendo empate, será eleito o candidato mais idoso dentre os de maior número de legislaturas. De acordo com a Constituição Federal, em seu art. 57, § 4º, os membros da Mesa serão eleitos para mandato de 2 anos. Esta Presidência informa que, a partir deste momento, não serão aceitas retiradas de candidatura para os cargos da Mesa Diretora. Comunico que, conforme acordado com as Lideranças partidárias, a Mesa definiu critério para ordenação de votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados foram divididos, por ordem alfabética, em cinco grupos de votação. O intervalo para votação de cada grupo será de 15 minutos, a partir do seu anúncio. Os Parlamentares que não registrarem seus votos durante o período destinado ao grupo a que pertencia, poderão fazê-lo após o encerramento da votação do grupo 5. Aproveito, por determinação regimental — não vou incomodar muito as Sras. e os Srs. Parlamentares —, para fazer o meu último discurso à frente da Presidência da Câmara dos Deputados. Começo dizendo aos Deputados General Peternelli, Fábio Ramalho... (O orador se emociona.) (Palmas.) André Janones, Arthur Lira, Luiza Erundina, Baleia Rossi, Marcel van Hattem e Kim Kataguiri que apenas um dos senhores terá a enorme honra de presidir a nossa Câmara dos Deputados, honra que tive — eu me preparei para não chorar, mas não posso evitar — pelos últimos 4 anos e 7 meses. (O orador se emociona.)

Tive a oportunidade de conhecer melhor o meu País através — vai melhorar — de cada um de vocês, através de diálogos, de visitas que fiz com alguns de vocês, de conversas na residência da Câmara. Quantas vezes, Silvia, nós estivemos juntos conversando no final de semana! Tive a oportunidade, com o Deputado Daniel, de ir a Pelotas, como de fazer tantas outras visitas e ter tantas conversas, por meio das quais, com cada Deputado e cada Deputada, conheci melhor a nossa realidade, os nossos problemas e os nossos desafios. A partir desta eleição, o passado fica para trás. E nós precisaremos, unidos — eu na planície, no plenário, com muito orgulho, com cada um de vocês —, construir o futuro do Brasil não para os próximos 2 anos, mas para os próximos 20 anos. De todos os anos, o que foi mais desafiador para todos nós foi o ano passado, o ano da pandemia. Em poucas semanas, ou em uma semana — e agradeço aos funcionários da Câmara, ao Secretário-Geral da Mesa, Leonardo; à minha Chefe de Gabinete, a todos os servidores —, foi construído um sistema de votação remota por meio do qual a Câmara dos

19/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Deputados teve condição, com todo o respeito ao Poder Judiciário, ao Poder Executivo, ao Senado, de liderar e construir, em conjunto, os projetos que garantiram as condições para o enfrentamento da pandemia. (Palmas.) A PEC da Guerra foi uma construção desta Casa. Tive muito orgulho, porque nunca tinha conseguido colocar nesse painel do PSL ao PSOL. Tivemos votos de todos os partidos. Todos os partidos estiveram unidos nos momentos difíceis que vivemos no ano passado e vamos continuar vivendo neste ano. Então eu quero, do fundo do meu coração, agradecer a cada um de vocês esta oportunidade que é única para quem faz política, para quem sabe que é através da política que nós temos condições de mudar este País, que é um país injusto. Eu digo aos de esquerda e aos de direita: o Governo Federal, nos seus Três Poderes, é injusto, porque ele concentra a renda na elite dos servidores públicos. E tenho certeza de que todos os que estão aqui — do PSL, dos que são ligados ao Bolsonaro, que batem em mim de forma democrática, porque é assim o processo democrático no País, à esquerda — sabem que não é esse Estado que aqui viemos defender. Tenho certeza de que nós sabemos que, diferentemente da Europa, o nosso Estado é concentrador de renda, não é distribuidor de renda. Transferências e impostos distribuem 40% da renda nos estados europeus; no Brasil, menos de 5%. E são essas injustiças que fazem o Brasil ser tão desigual, porque o Estado concentra na mão da elite do serviço público, na elite do setor privado, as riquezas que os brasileiros que aqui representamos geram todos os anos.

Estes são nossos desafios: a vacina, o enfrentamento à segunda onda da pandemia e, mais do que isso, a geração de condições para que os brasileiros sejam mais iguais, para que a escola pública seja tão boa quanto a escola privada, para que a UTI pública tenha a mesma chance de salvar uma vida que a UTI de um hospital privado. Hoje, 70% das pessoas que entram com COVID numa UTI de hospital privado são salvas; na UTI do setor público, apenas 35%. É isso que precisamos tratar e enfrentar. Sei que isso está no coração de cada um de vocês. As brigas passaram. Vamos eleger um novo Presidente. Tivemos um momento de mais atrito — no meu caso, com a candidatura do Deputado Arthur Lira. Se em algum momento ele ou aqueles que o apoiam se sentiram ofendidos pelo que falei, não foi minha intenção. Eu admiro cada um dos Deputados e das Deputadas. Tenho orgulho de ser Presidente desta Casa. Mais do que isso, tenho orgulho de ser Deputado Federal há 16 anos e de estar voltando ao meu primeiro discurso, da minha primeira eleição. No segundo turno, eu lembrei que eu ficava ali, na época da Constituinte. Aqui ficavam meu pai, Mário Covas, Ulysses Guimarães, José Serra e Delfim Netto. Nós tínhamos orgulho do Parlamento brasileiro. Eu trabalhei durante 4 anos e 7 meses para que a sociedade voltasse a ter esse orgulho de cada um de nós, de forma conjunta. Tenho certeza de que qualquer um que for eleito vai trabalhar para que nós tenhamos muito mais respeito e cada vez mais orgulho de ser Deputados e Deputadas brasileiros. Muito obrigado. (Palmas prolongadas.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Determino o início do processo de votação. (Procede-se à votação.) O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Solicito às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados posicionados no grupo 1 que procedam às cabines de votação. (Pausa prolongada.)

QUARTO SEM ÁUDIO

QUARTO SEM ÁUDIO

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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Solicito às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados posicionados no grupo 2 que procedam às cabines de votação. (Pausa prolongada.)

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20/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Solicito às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados posicionados no grupo 3 que procedam às cabines de votação. (Pausa prolongada.)

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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Solicito às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados posicionados no grupo 4 que procedam às cabines de votação. (Pausa prolongada.)

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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Solicito às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados posicionados no grupo 5 que procedam às cabines de votação. (Pausa prolongada.)

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O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Está encerrada a votação. A Mesa vai proclamar o resultado. (Pausa.) (Palmas prolongadas.) (Manifestação no Plenário: Lira! Lira! Lira!)

O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Proclamo eleito Presidente da Câmara dos Deputados, para o biênio 2021-2023, o ilustre Deputado Arthur Lira, a quem convido para assumir a Presidência e proceder à apuração dos votos dos demais membros da Mesa. Desejo ao Presidente Arthur Lira que tenha toda a sorte do mundo e que realize um grande trabalho à frente da Câmara dos Deputados! (Palmas prolongadas.) (O Sr. Rodrigo Maia deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Arthur Lira, Presidente.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Lira. Bloco/PP - AL) - Meus amigos Deputados e minhas amigas Deputadas, companheiros e companheiras da Câmara, a Casa da democracia, minhas irmãs e meus irmãos brasileiros de todo o País, sei o peso e a dimensão da responsabilidade que V.Exas. acabam de me delegar ao me elegerem para presidir esta Casa pelos próximos 2 anos. Quero, antes de tudo, agradecer e assumir o compromisso de corresponder, com a minha mais absoluta dedicação, humildade e determinação, a confiança que me foi conferida. Como já notaram, fiz questão de iniciar esta minha jornada com um gesto simbólico: eu estou aqui de pé, depois de eleito, ao lado desta cadeira, desta cadeira do Presidente, ainda vazia, fazendo este discurso de posse, de pé, em homenagem a todos os presentes, de todos os partidos, aos que votaram e aos que não votaram em mim. É um gesto de respeito a este Plenário, o verdadeiro e único Presidente da Câmara, o Plenário, composto por outros 512 Sras. e Srs. Deputados.

21/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS

Prometo respeitar, como Presidente, as forças vivas desta Casa Legislativa: os colegiados, a proporcionalidade e o Plenário. A Câmara, como instituição, deve ser a voz de todos, e não a voz de um. Perfilo-me aqui ao lado do símbolo da Presidência da Câmara também para destacar que não me confundo com esta cadeira e jamais irei me confundir. Sou um Deputado igual a todos. Não sou nem serei a cadeira que irei ocupar temporariamente nesta legislatura. Tenho consciência do que sou. Estarei Presidente. Toda glória é efêmera. E na vida pública o essencial não são as pompas, mas o que deixamos como legado. Quero servir ao meu País, a esta instituição, ao povo brasileiro com a minha melhor dedicação, sobretudo neste momento de enorme angústia e de grande aflição. A política tem uma dívida com o povo brasileiro. Temos uma grande chance, juntos, todos, de todas as tendências, acima das diferenças, de estabelecermos o que chamo de pauta emergencial e mostrarmos que as instituições políticas, o Estado, o povo abandonado no momento de sua maior vulnerabilidade... Tenho certeza de que esta Casa encontrará pontos mínimos comuns para, juntamente com os demais Poderes, ajudar o povo brasileiro a enfrentar os traumas e as dores da pandemia. Peço um momento de silêncio em respeito a todas as vidas ceifadas pela COVID-19 no Brasil e em respeito às suas famílias. (O Plenário presta a homenagem solicitada.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Lira. Bloco/PP - AL) - Minhas senhoras e meus senhores, daqui, deste ponto de visão, é possível observar a arquitetura deste plenário. Como sabemos, a democracia é uma construção política, e seu epicentro é a Câmara dos Deputados. Mas a Câmara é também uma construção física, e seus elementos arquitetônicos são cheios de significados e simbolismos. Vejo à minha frente um grande corredor no centro do plenário. Está no centro, como se fosse uma grande coluna vertebral, em que se interligam as fileiras, em forma de vértebras, da esquerda e da direita. O corredor do centro, as fileiras da direita e da esquerda, em toda a sua extensão, até os seus extremos, constituem a espinha dorsal da democracia. A Câmara é e sempre foi a espinha dorsal do regime democrático. Aqui ao lado, a cadeira da Presidência está postada bem ao centro da mesa. É para nos lembrar de que a Presidência deve ter neutralidade, deve ser equidistante. A cadeira é giratória, para que seu ocupante seja capaz de olhar para o centro, para a direita e para a esquerda. (Palmas.) Tem de olhar e ouvir todos os lados. Há duas tribunas, uma à esquerda e outra à direita. Ambas as tribunas estão à mesma altura e devem ser vistas com o mesmo distanciamento e ouvidas com a mesma proximidade.

A própria Mesa Diretora, como destaquei no discurso anterior, define bem o caráter coletivo e não individualista que deve inspirar a Presidência. Não há um trono no Plenário. Não há, portanto, um soberano. O Presidente não tem uma Mesa individual. O Presidente trabalha ao lado dos demais membros da Mesa. A arquitetura desta Casa é clara — a arquitetura é clara! —: tudo aqui deve ser coletivo. A direção deve ser coletiva, a serviço do Plenário, que é o coletivo por natureza. Não nos esqueçamos de um recado que os idealizadores deste espaço deixaram para nós e para todos os que venham a ocupá-lo um dia. A Mesa Diretora está pouco acima do Plenário, assim como as tribunas, onde os Deputados e as Deputadas exercem o seu mais sagrado ofício: o de livre manifestação democrática de pensamento e de debate. Mas acima do Plenário e da Mesa, bem acima, muito acima, em termos de escala, estão as galerias desta Casa, a representação simbólica do povo, a vontade popular. Ela está acima de todos nós na democracia, pois todo o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido. Minhas senhoras e meus senhores, o País vive um momento que exigirá de todos nós o melhor que tivermos para dar e contribuir. O País atravessa a mais cruel, devastadora e feroz pandemia do último século. O povo sofre com os seus efeitos e mais do que nunca precisa que os Poderes da República atuem com harmonia e responsabilidade, sem abrir mão de sua independência, pois a democracia é um mosaico em que todos os contrastes produzem, ao final, um resultado manifestado como é a nossa sociedade. (Palmas.) Precisamos, urgentemente, amparar os brasileiros que estão em estado de desespero econômico por causa da COVID-19. Temos que examinar como fortalecer a nossa rede de proteção social. Temos de vacinar, vacinar, vacinar o nosso povo. (Palmas.) Temos de buscar o equilíbrio de nossas contas públicas, de dialogar com a sociedade e com o mercado de forma transparente, para que haja compreensão do que é possível e do que não é possível fazer e daquilo que, de forma previsível, como sempre dissemos por onde andamos, pode ser pactuado ou não.

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Irei propor ao novo Presidente do Senado, já eleito também, o Senador Rodrigo Pacheco, de Minas Gerais (palmas), a quem parabenizo pela eleição na tarde de hoje, uma ideia geral que chamo de pauta emergencial — vejam bem: pauta emergencial! —, para encaminharmos os temas urgentes que exigem decisões imediatas. O que fará parte dessa pauta? Não serei eu que irei dizer; seremos nós, todos nós, todas as instâncias desta Casa: o Colégio de Líderes, as bancadas, respeitando a proporcionalidade. (Palmas.) E iremos travar esse debate com os demais Poderes, de forma transparente e coletiva, sempre de forma coletiva. Temos de avançar nas agendas de reformas do Brasil, reformas que, posso dizer, vêm sendo tentadas por sucessivos Governos, com diferentes orientações, mas, no contexto atual e no alarmante quadro fiscal em que nos encontramos, são mais urgentes do que nunca.

Qual reforma fazer, em que profundidade, em que prioridade? Esta não é uma resposta que cabe ao Presidente da Câmara. Esta é uma pergunta que o Presidente da Câmara deve fazer a todas as Sras. e Srs. Parlamentares, ao Governo, aos setores da sociedade civil, aos sindicatos, aos setores produtivos, ao mercado, para só então obter uma resposta para dar à sociedade. O que eu não terei em relação a ninguém é qualquer tipo de preconceito. Diálogo, preconceito e solução são variáveis que não produzem nenhum resultado se colocadas na mesma equação. Eu sou uma pessoa que buscará o diálogo e as soluções, pois é nessa equação que acredito. Pessoalmente, tenho as minhas opiniões, mas como Presidente da Câmara minha opinião deve refletir a da maioria desta Casa. Nosso Regimento — nosso Regimento! — é tão sagaz sobre a neutralidade que deve guardar o ocupante desta cadeira que define, como também já destaquei, que o único Deputado que não vota é justamente o Presidente. Ele coordena os trabalhos, ele se esforça na construção dos consensos, ele escuta, compartilha, interfere nos debates, pontua. Mas, determina o Regimento que, quando um Deputado assume o mais alto posto desta Casa, ele, automaticamente, renuncia ao direito de ter posições, ao direito do voto. A neutralidade deve marcar o exercício da Presidência, o respeito aos ritos — o respeito aos ritos! —, à maioria, à minoria e a cada um. Durante a campanha, eu disse inúmeras vezes que tínhamos que deixar de ser a Câmara do "eu" para sermos a Câmara do "nós". Isso não é mero artifício retórico, é um impositivo da institucionalidade e uma necessidade do nosso tempo. A Câmara do Eu é uma alegoria que usei para descrever o excesso de concentração de poder nas mãos do Presidente. Isso não é ruim apenas porque distorce o princípio da coletividade e da colegialidade de uma Casa Legislativa; é ruim, sobretudo em momentos de crise, porque emite sinal de falta de previsibilidade para o País, para o mercado, para a sociedade e para o mundo. Quanto mais prezarmos os ritos, dando voz a cada Deputado, como destaquei no mote de minha campanha, estaremos tornando o processo de decisão mais participativo, mais democrático e, portanto, mais transparente e menos sujeito a imprevisibilidades e personalismos. Dar voz aos Deputados não é uma concessão; é um autocontrole, uma autocontenção, porque esta Casa é quem deve falar. E o Presidente deve dizer o que a maioria desta Casa pensa, e não apenas o que ele pensa. Quero agradecer, para encerrar, ao Deputado Baleia Rossi, meu amigo, talentoso e habilidoso Líder, Presidente Nacional de um partido como o MDB, a ajuda, com a sua candidatura, para um debate democrático. Eu gostaria de agradecer ao Deputado Baleia Rossi. Finda a disputa, todos nós somos representantes de um só povo, o povo brasileiro. (Palmas.)

Quero também registrar a gestão do Deputado Rodrigo Maia. A história irá julgar o seu legado. Presidente Rodrigo, uma diferença ou discordância de nossa parte nunca será maior do que os pontos que nos unem e nossas convergências em torno daquilo que todos desejamos para um Brasil mais justo e melhor para a nossa gente. Deputadas e Deputados, amigas e amigos, brasileiras e brasileiros, venho de um Estado pequeno do Nordeste: a minha querida Alagoas, terra de gente guerreira, trabalhadora, decente, humilde, que nunca perdeu a esperança num futuro melhor. Quero agradecer a Alagoas e ao meu povo por tudo o que me ensinou, por tudo o que sua generosidade e sua sabedoria me ofereceram. Chego aqui como um nordestino que nunca esqueceu as suas origens e tem compromisso de deixar um Brasil melhor do que encontrou, mais desenvolvido e mais humanizado. Cheguei aqui para sentar nesta cadeira pela primeira vez e para, enquanto nela estiver, continuar sendo a mesma pessoa. E serei a mesma pessoa quando sair daqui e voltar a ser, com muita honra, um dos 513 Deputados da Casa mais democrática do Brasil. Muito obrigado. (Palmas.) (Manifestação no plenário: Senta! Senta!) Srs. Deputados e Sras. Deputadas, muito me honra estar nesta cadeira, com um poder delegado por todos os senhores e as senhoras. Antes de prosseguirmos no rito desta sessão preparatória de eleição da Mesa, eu quero registrar que tenho 23/25 Sessão de: 01/02/2021 Notas Taquigráficas CÂMARA DOS DEPUTADOS muita sensibilidade, talvez até tristeza, mas não posso, em hipótese alguma, permitir que tudo o que nós tratamos, tudo o que nós dissemos, tudo o que nós pregamos não seja cumprido a partir de hoje nesta Casa. Todas as decisões serão coletivas. (Palmas.)

Eu queria ler um ato da Presidência da Câmara, como primeira decisão. Passo a lê-lo para todos os senhores, com muita atenção — já peço previamente desculpas, mas não me furtarei a fazê-lo. Decisão da Presidência A Presidência da Câmara dos Deputados, no uso da prerrogativa que lhe é concedida pelo art. 17, VI, alíneas "p" e "g", combinado com os arts. 7º, I, e 8º, todos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados; e Considerando que o então Presidente da Câmara dos Deputados reconheceu de forma monocrática a formação do Bloco PT/MDB/PSDB/PSB/PDT/SOLIDARIEDADE/PCdoB/CIDADANIA/PV/REDE, apesar da evidente intempestividade de sua criação, conforme os prazos previstos no Ofício Circular nº 1/2021/SGM/ P; Considerando que a aludida decisão contaminou de forma insanável diversos outros atos do presente pleito que lhes são sucedâneos, entre os quais destacam-se: I - o cálculo da proporcionalidade partidária entre blocos parlamentares e partidos; II - a escolha dos cargos da Mesa Diretora a que cada agremiação faz jus pelo princípio da proporcionalidade partidária; III - e, ainda, as próprias candidaturas aos cargos da Mesa que são escolhidos de forma proporcional; Considerando o não acolhimento do ex-Presidente às questões de ordem suscitadas no início da presente sessão preparatória, cujos recursos foram apresentados e estão pendentes de apreciação da CCJC, que visaram corrigir os vícios identificados de modo tempestivo; Considerando que neste momento apenas o cargo de Presidente foi apurado, cargo este excluído, de fato, da proporcionalidade partidária, em virtude de mutação regimental em efetividade desde 1993, permitindo a candidatura de qualquer Deputada ou Deputado à Presidência da Casa, e que nenhuma candidatura apresentada a este cargo foi indeferida ou negativamente afetada pelos equívocos narrados; Considerando que ainda não é conhecida a vontade deste soberano Plenário quanto à parte equivocada do presente pleito, relativa aos demais cargos da Mesa Diretora afetados pela proporcionalidade; Decide: 1. Tornar sem efeito a decisão que deferiu o registro do Bloco PT/MDB/PSDB/PSB/PDT/SOLIDARIEDADE/ PCdoB/CIDADANIA/PV/REDE (palmas), apesar de sua intempestividade, gerando nulidade insanável para as eleições aos cargos da Mesa Diretora sujeitos ao cálculo da proporcionalidade partidária;

2. Determinar à Secretária-Geral da Mesa o cálculo da proporcionalidade partidária entre blocos e partidos, com a desconsideração do aludido bloco intempestivo, e a consideração da situação vigente às 12 horas de 1º de fevereiro de 2021 (palmas), conforme prazo amplamente divulgado pelo Ofício Circular nº 1/2021/SGM/P; 3. Desconsiderar a escolha de cargos efetuada na reunião de Líderes realizada às 14h45min de 1º de fevereiro de 2021 e determinar nova escolha para os cargos ainda não eleitos, até às 11 horas de 2 de fevereiro de 2021 (palmas), bem como desconsiderar as candidaturas registradas para esses cargos, determinando novo prazo de registro de candidaturas, até as 13 horas de 2 de fevereiro de 2021; 4. Convocar para 2 de fevereiro de 2021, às 16 horas — portanto, amanhã —, realização de sessão preparatória destinada à conclusão do processo eletivo dos cargos da Mesa Diretora para o 2º biênio da 56ª Legislatura, devolvendo, dessa forma, a dignidade, o respeito ao Regimento, em suma, a soberania ao órgão máximo desta Casa, o Plenário de representantes do povo brasileiro. Arthur Lira Presidente (Palmas.) ENCERRAMENTO O SR. PRESIDENTE (Arthur Lira. Bloco/PP - AL) - Declaro encerrada a sessão.

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(Encerra-se a sessão às 23 horas e 26 minutos.)

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