Excelentíssimo Senhor Presidente Da Câmara Dos Deputados, Deputado Federal Rodrigo Maia
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, DEPUTADO FEDERAL RODRIGO MAIA. 1. MAURO DE AZEVEDO MENEZES 2. DÉBORA DUPRAT 3. SILVIO LUIZ DE ALMEIDA 4. KENARIK BOUJIKIAN 5. CEZAR BRITTO 6. CAROLINE PRONER 7. JUVELINO STROZAKE 8. LUIZ HENRIQUE ELOY AMADO 9. PAULO TAVARES MARIANTE 10. JOSÉ EYMARD LOGUERCIO 11. MARCO AURÉLIO DE CARVALHO 12. CAMILA GOMES DE LIMA 13. JOÃO GABRIEL PIMENTEL LOPES 14. SHEILA SANTANA DE CARVALHO 15. WILSON RAMOS FILHO 16. MARCELISE DE MIRANDA AZEVEDO 17. MONYA RIBEIRO TAVARES 18. GUSTAVO TEIXEIRA RAMOS 19. VERA LÚCIA SANTANA ARAÚJO 20. FÁBIO KONDER COMPARATO 21. FRANCISCO BUARQUE DE HOLANDA 22. FREI BETTO (CARLOS ALBERTO LIBANIO CHRISTO) 23. LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA 24. MARIA VICTORIA BENEVIDES SOARES 25. LUIZ GONZAGA MELLO BELLUZO 26. FERNANDO GOMES DE MORAIS 27. JUCA KFOURI JOSÉ CARLOS AMARAL KFOURI 28. GREGORIO BYINGTON DUVIVIER 29. WALTER CASAGRANDE JUNIOR 30. EDUARDO ALVARES MOREIRA 31. PADRE JÚLIO RENATO LANCELLOTTI; 32. JOÃO PEDRO STÉDILE 33. SÉRGIO NOBRE 34. IAGO MONTALVÃO OLIVEIRA CAMPOS 35. CARMEN HELENA FERREIRA FORO 36. ATNÁGORAS TEIXEIRA LOPES 37. DENISE CARREIRA SOARES 38. JOSE ANTONIO MORONI 39. IÊDA LEAL DE SOUZA 40. SONIA GUAJAJARA 41. DANIEL SEIDEL 42. ROMI MÁRCIA BENCKE 43. JOSÉ ARBEX JR.; 44. LUIZ BERNARDO PERICÁS 45. ERIC NEPOMUCENO 46. ANA MERCES BAHIA BOCK 47. DIRA PAES (ECLEIDIRA MARIA FONSECA PAES) 48. OLIVIA BYINGTON 49. VERA HELENA BONETTI MOSSA 50. LUCÉLIA SANTOS, MARIA LUCÉLIA DOS SANTOS 51. ANA LUIZA CASTRO 52. CASSIO LUIZ DE FRANÇA 53. GUSTAVO LEMOS PETTA 54. HELOISA BUARQUE DE ALMEIDA 55. HERSON CAPRA FREIRE 56. JOÃO VICENTE GOULART 57. LIA ZANOTTA MACHADO 58. MILTON RODRIGUES LEITE 59. WAGNER DE MELO ROMÃO 60. ADEMAR ARTHUR CHIORO 61. DIRCEU BRAS APARECIDO BARBANO 62. JOSE HERMES DE AZEVEDO JUNIOR 63. MAMEDE SILVA JUNIOR 64. SANDRA MARIA SALES FAGUNDES 65. LAURA FEUERWERKER 66. ANA PAULA DO REGO MENEZES, além dos nomes dos demais autores e autoras anexados em listas a esta petição; vêm, respeitosamente, perante a Câmara dos Deputados, invocando o disposto no art. 14 da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950 e conforme estipulado no art. 218, caput, do Regimento Interno da Casa (RICD), apresentar DENÚNCIA contra o Presidente da República Jair Messias Bolsonaro pela prática de crimes de responsabilidade, com fundamento no art. 85, caput e incisos III, IV e V da Constituição da República e nos termos das tipificações previstas no art. 5º, incisos 1, 2, 3, 7 e 11; art. 7º, incisos 5, 6 e 9; no art. 8º, incisos 7 e 8; e no art. 9º, incisos 3, 4 e 7, da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, aptos a amparar o seu respectivo recebimento, na forma estatuída pelo art. 218, § 2º, do RICD, seguida da autorização pela Câmara dos Deputados para a instauração do processo e subsequente remessa ao Senado Federal, para processar e julgar o Presidente da República, nos termos dos art. 51, inciso I; art. 52, inciso I e art. 86, caput da Constituição da República, visando à suspensão das funções presidenciais e ao julgamento definitivo do impeachment, com a prolação de decisão condenatória e consequentes destituição do acusado do cargo de Presidente da República e inabilitação para a função pública, conforme os arts. 52, parágrafo único, e 86 da Constituição da República e os artigos 15 a 38 da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950 e de acordo com o objeto adiante delimitado em tópico introdutório específico. I. SÍNTESE DOS FUNDAMENTOS DA DENÚNCIA. 1. O sistema constitucional brasileiro dimensionou os crimes de responsabilidade do Presidente da República a partir da verificação de atos atentatórios contra a própria Constituição da República (art. 85, caput). Sendo esse o elemento central, em seguida deduzido pela enumeração específica das hipóteses de transgressões autorizadoras do processo de impeachment (art. 85, incisos I a VII), a tipificação legal preconizada pelo parágrafo único do mesmo artigo considera-se suprida pela vigência dos artigos 5º a 12 da Lei nº 1.079, de 1950, recepcionada, em grande parte, pela Constituição Federal de 1988 (STF - MS nº 21.564/DF).1 2. Não comporta dúvida, portanto, que atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição são, por assim dizer, a pedra de toque da configuração jurídica dos crimes de responsabilidade e, via de consequência, da deflagração objetiva do processo de impeachment presidencial em nosso país. Com efeito, no âmbito de nosso Estado de Direito, o texto constitucional subordina e condiciona os limites da atuação de todas as autoridades públicas, a começar pela mais proeminente no seio do Poder Executivo, que é o Presidente da República. 3. Nesse contexto jurídico-constitucional, a afronta a comandos constitucionais, identificada no elenco de condutas institucionalmente patológicas relacionadas nos incisos do art. 85 da Lei Maior, subverte o delicado e indispensável equilíbrio normativo-administrativo que deve assentar a legitimidade da ação governamental do Presidente da República. Tal construção lógica resulta na operação mediante a qual a apreciação de atos de governo, por conseguinte de índole administrativa, ainda que emanados por autoridade competente, sob o ângulo formal, podem tornar-se viciados à luz de sua desconformidade constitucional, gerando a noção de delito de responsabilidade essencial à deflagração do processo de impeachment.2 4. Fixadas tais sólidas premissas jurídicas, cumpre constatar que o atual Presidente da República, desde o início do seu mandato, vem incidindo, de maneira grave, reiterada e sistemática em ofensas à Constituição da República. Ao adotar esse padrão de desrespeito à supremacia incontrastável do texto constitucional, o mandatário parece apostar na tolerância e naturalização de tais violações, como forma de solapar o caráter cogente da normatividade que o deveria restringir ao império das regras do direito. 1Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. 2 “Visando a tornar efetiva a responsabilidade do Poder Executivo, a Constituição adotou um processo parlamentar, fiel ao princípio de que toda autoridade deve ser responsável e responsabilizável” (BROSSARD, Paulo. O impeachment. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. p. 4). 5. A presente denúncia, cujos titulares representam movimentos populares e representativos da sociedade civil organizada, trará essencialmente um conjunto de transgressões praticadas pelo Presidente da República em diversas áreas de ação governamental, decisivas na perpetração de um pernicioso processo de esvaziamento de políticas públicas de inspiração constitucional, assim como de subversão de diretrizes constitucionais relacionadas com direitos individuais e coletivo, de natureza econômica, social, cultural e ambiental. 6. Essas condutas, ilícitas e anticonstitucionais, protagonizadas, dirigidas, coordenadas ou induzidas pessoalmente pelo Presidente da República, consubstanciam posturas irrecusavelmente delituosas, à luz da definição legal dos crimes de responsabilidade, hábeis à instauração, processamento e condenação em processo de impeachment. Em paralelo às denúncias já protocolizadas contra o atual chefe de Estado, referentes a atentados à integridade dos Poderes da República e ao respeito de instâncias federativas, nesta peça, de maneira concorrente e complementar, devem ser destacados fatos pertinentes à aniquilação de diretivas enraizadas na Constituição que têm inspirado ao longo de mais de 30 anos ações estatais, em setores essenciais ao cumprimento do papel dos poderes públicos e à implementação de propósitos constitucionais, em favor da promoção da cidadania em diversas esferas. 7. Nos capítulos seguintes, que traduzirão com copiosa narrativa fática e preciso enquadramento jurídico decisões e atitudes do Presidente da República, será oferecida uma minuciosa descrição temática das sérias infrações cometidas, cuja caracterização plena não pode disfarçar o rompimento dos elevados compromissos inerentes ao cargo. 8. Ao cabo da fundamentação elaborada em termos específicos e concatenados, não haverá como arredar-se da conclusão de ter havido lesões ao exercício de direitos políticos, individuais e sociais, provocadas por atos deploráveis do Presidente da República, que constituem, inegavelmente, crimes tipificados no art. 7º, incisos 5, 6 e 9, da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950.3 Os atos presidenciais expostos em pormenores nesta denúncia, haverão de conduzir à 3 Art. 7º São crimes de responsabilidade contra o livre exercício dos direitos políticos, individuais e sociais: (...) 5- servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso do poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua; 6- subverter ou tentar subverter por meios violentos a ordem política e social; (...) 9- violar patentemente qualquer direito ou garantia individual constante do art. 141 e bem assim os direitos sociais assegurados no artigo 157 da Constituição; inexorável comprovação da prática de abusos de poder pelo próprio Presidente da República