Memórias da África: patrimônios, museus e políticas das identidades Titulo Dias, Juliana Braz - Autor/a; Sansone, Livio - Autor/a; Oliveira, Luiz - Autor/a; Autor(es) Sansone, Livio - Compilador/a o Editor/a; Trajano, Wilson - Autor/a; Lobo, Andrea - Autor/a; Small, Stephen - Autor/a; Ololajulo, Babajide - Autor/a; Zamparoni, Valdemir - Autor/a; Motta, Antonio - Autor/a; Salvador Lugar ABA Editorial/Editor EDUFBA 2012 Fecha Colección Museos; Cultura; Patrimonio cultural; Antropología; Memoria; África; Temas Libro Tipo de documento http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/Brasil/ceao-ufba/20130403110944/memorias.pdf URL Reconocimiento-No comercial-Sin obras derivadas 2.0 Genérica Licencia http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/deed.es

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Memórias da África: patrimônios, museus e políticas das identidades UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Aba - Associação Brasileira de Antropologia Reitora Dora Leal Rosa Comissão de Projeto Editorial Coordenador: Antonio Motta (ufpe) Vice Reitor Cornelia Eckert (ufrgs) Luiz Rogério Bastos Leal Igor José Renó Machado (ufscar) Peter Fry (ufrj)

Conselho Editorial Alfredo Wagner B. de Almeida (ufam) Antonio Augusto Arantes (unicamp) Bela Feldman-Bianco (unicamp) Carmen Rial (ufsc) UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Cristiana Bastos (ics/Universidade de Lisboa) Diretora Cynthia Sarti (unifesp) Flávia Goulart Mota Garcia Rosa Gilberto Velho (in memoria) Gilton Mendes (ufam) Conselho Editorial João Pacheco de Oliveira (Museu Nacional/ufrj) Alberto Brum Novaes Julie Cavignac (ufrn) Ângelo Szaniecki Perret Serpa Laura Graziela Gomes (uff) Antônio Fernando Guerreiro de Freitas Lílian Schwarcz (usp) Caiuby Alves da Costa Luiz Fernando Dias Duarte (ufrj) Charbel Ninõ El-Hani Ruben Oliven (ufrgs) Cleise Furtado Mendes Wilson Trajano (unb) Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti Evelina de Carvalho Sá Hoisel José Teixeira Cavalcante Filho Maria Vidal de Negreiros Camargo

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Procad Memórias da África: patrimônios, museus e políticas das identidades org. livio sansone

Salvador, 2012 2012, Autores. Direitos para esta edição cedidos à Edufba. Feito o depósito legal.

Projeto Gráfico Luciana Facchini Revisão Maria Lucia Resende

1ª Reimpressão: 2012

Sistema de Bibliotecas - UFBA

Memórias da África: patrimônios, museus e políticas das identidades / Livio sansone, organizador. - Salvador : EDUFBA, 2012. 264 p.

isbn 978-85-232-0970-4

1. Antropologia. 2. Cultura. 3. África - Memória. 4. Museus – Patrimônio. I. Sansone, Livio. II. Título.

cdd – 301-6 cdU – 572 (61)

Editora filiada à:

EDUFBA Rua Barão de Jeremoabo, s/n Campus de Ondina Salvador - Bahia CEP 40170-115 tel/fax. 71 3283-6164 www.edufba.ufba.br | [email protected] Sumário

7 Apresentação Livio Sansone

11 Patrimonialização dos artefatos culturais e a redução dos sentidos Wilson Trajano

41 Registros fonográficos da música cabo-verdiana: mercadoria e patrimônio Juliana Braz Dias

67 Do feio ao belo. Aridez, seca, “patrimônio natural” e identidade em Cabo Verde Andrea Lobo

91 E o vento levou”: cabanas escravas e escravidão no turismo histórico sulista nos Estados Unidos Stephen Small

125 O passado de quem? Museus da Unidade, produção da memória e a busca pela identidade nacional na Nigéria Babajide Ololajulo

147 O colonialismo e a criação de raças e identidades em Lourenço Marques, Moçambique Valdemir Zamparoni

177 Negritude, memória da África e o contraponto baiano do açúcar e do petróleo Livio Sansone

213 Made in Africa gilberto Freyre, Câmara Cascudo e as continuidades do Atlântico Negro Antonio Motta e Luiz Oliveira

261 sobre os autores

APRESENTAÇÃO

Nas últimas décadas tem-se observado uma significativa mudança na forma pela qual a África é vista e representada no Brasil. Diferentemente de outros países das Américas, no Brasil costuma-se reinventar a África não apenas na mídia ou nas culturas das elites, mas também na cultura popular a partir do crivo afro-brasileiro. Se, por um lado, tal reconstrução evidencia antigos estereótipos do continente africano, frequentemente visto como telúrico, atávico, ancestral e tanto mais “natural” quanto mais pobre e desolado do que os outros continentes, por outro lado, tais representações refletem a importância da memória da África no Brasil, especialmente na luta contra o racismo. Além disso, as novas narrativas sobre a África sugerem também uma mudança no Brasil e no resto da América Latina em relação à geopolítica do conhecimento, colocando-nos, assim, no bojo do Sul Global, isto é, na nova configuração internacional que evidencia o lugar nos BRICs – lugar hipoteticamente de protagonista nas políticas Sul-Sul, mais assertivo no eixo Sul-Norte. Esta verdadeira revolução copernicana no equilíbrio Sul- Norte demanda uma perspectiva Sul-Sul na qual a comparação internacional, ou entre processos identitários e de patrimonialização da cultura, em contextos nacionais – sempre mais difícil em um mundo de ícones globalizados – se torna cada vez mais necessária. Para

7 isso, é preciso construir um método que, embora atento ao âmbito nacional, também enfatize a dimensão sempre mais transnacional de fenômenos vistos até então como eminentemente nacionais. É neste sentido que se direcionam os ensaios reunidos neste livro, pondo em destaque temas a partir de um novo prisma de interpretação em que a comparação, implícita ou explícita, deixa de ser pensada através dos termos superior e inferior, para se tornar, sempre que possível, entre “iguais”. Com efeito, os ensaios ora reunidos totalizam um conjunto de reflexões que buscam analisar e discutir temas relacionados à valorização da cultura popular ou subalterna, sobretudo nos seus aspectos ou artefatos intangíveis, e sua eventual musealização; incentivos a formas de turismo étnico-cultural; a profissionalização da produção de cultura popular; a organização de cadastros nacionais de artefatos culturais a serem amparados por medidas públicas; o gerenciamento de monumentos históricos associados à escravidão ou à luta pela emancipação; a definição de formas culturais, como a música, como autênticas e, por este motivo, intérpretes e testemunhas da “alma da nação”; a incorporação às narrativas oficiais da nação da experiência de grupos ou minorias até então relativamente marginais ou até discriminados; os usos e abusos da África (e do legado de origem africana nas culturas nacionais) no discurso intelectual brasileiro. Outro ponto de reflexão que merece especial destaque no livro é o museu, entendido como lócus de luta política pela afirmação da diversidade. Como se sabe, tal temática tem atraído antropólogos de diversas sensibilidades e orientações teóricas, a exemplo de algumas discussões recentes veiculadas em revistas de antropologia museológica (entre outras, a Antropologia Museale, na Itália, Gradhiva, na França, e Museum Anthropology, nos Estados Unidos). Em 1993 Anna Laura Jones, em paradigmático artigo na Annual Review of Anthropology (1993, 22, p. 201-220), sugeriu que

8 a antropologia havia implodido os cânones da prática museológica, transformando o museu em um inovador campo de experimentação e de diálogo com a antropologia, assim como o patrimônio. Deste modo, o livro que ora apresentamos ao leitor é certamente herdeiro desta tendência, propondo-se a ampliar ainda mais o repertório temático, incluindo, além de temas relacionados aos processos de patrimonialização e de musealização, estudos africanos (muitas vezes de cunho interdisciplinar) e estudos das identidades racializadas no Novo Mundo. A política de v