Ano XVIII - 2009 * NÚMERO 104 ISSN 1415 - 2460 - 1415 ISSN

MECHANICS Caminhando reto por caminhos tortos

Edguy - Girlschool - Mechanics - Primal Fear - The Mattson 2 - Hammerfall - Dinosaur Jr. e mais: Rock no Cinema - - Kurt Cobain - Loki, o documentário sobre Arnaldo Baptista

Edição 105 - Junho-Julho/2009 1 14 Edguy 26 Primal Fear

03 Editorial 17 Girlschool 30 The Mattson 2 + Índice + Expediente

04 News

21 Mechanics 33 Hammerfall 08 Eventos

36 Ears Up

42 Play

43 Jukebox

44 Cinema

Edição 105 - Junho-Julho/2009 2 EDITORIAL Dynamite # 105 * Junho/Julho/2009 Publisher e jornalista responsável: a edição passada André “Pomba” Cagni – Mtb: 34553 ([email protected]) prometemos Editor: Bruno Palma Fernandes ([email protected]) N uma mudança Diagramação: Rodrigo “Khall” Ramos ([email protected]) de visual e eis aqui a Foto da capa: Divulgação nova versão da revista Marketing: Hanilton Scofield ([email protected]) Dynamite. Por algum Inti Anny Queiroz ([email protected]) tempo a disponibilizamos Webmaster: Daniel Zsigmond ([email protected]) Administrativo: Alexandre Carvalho ([email protected]) na internet do jeitinho Relações Públicas: Lílian Vituzzo ([email protected]) que a publicávamos no papel. Agora os tempos Colaboraram nesta edição: Bruno Palma Fernandes, Cal Crepaldi, Carlos Eduardo são outros e por isso Couto, Dum de Lucca Neto, Everton “Pardal” Soares, Felipe Teixeira, Fernando adaptamos o formato Carpaneda, Guilherme Sorgine, Herik Correia Rocha, Humberto Finatti, Maíra Hirose, especialmente para a tela Marcos Hermes, Otávio Silvares, Ricardo Rizzo, Rodrigo “Khall” Ramos, Saulo Wanderley, do computador, tornando a leitura mais fácil e dinâmica. Thanira Rates, Vicky Machado, Zanone Fraissat. Correspondentes: Essa mudança pela qual estamos passando é a mesma daquela mulher de uma Paraná: Herik Correia Rocha ([email protected]) clássica propaganda de xampu, que falava sobre como seus cabelos estavam Rio de Janeiro: Guilherme Sorgine ([email protected]) diferentes, mas a voz continuava a mesma. A Dynamite ganha a partir de agora Santa Catarina: Luciano Santos ([email protected]) uma nova cara, mas é fácil ver que a revista é a mesma velha de guerra. Para a Minas Gerais: Fábio Ferreira de Medeiros ([email protected]) capa dessa edição escolhemos o Dead Fish, banda que, com quase duas décadas Internacionais: de história, se mantem fiel a seus ideais. New York: Micki Mihich ([email protected]) Los Angeles: Silvia Mendes ([email protected])

Além do quarteto capixaba, essa edição traz os pernambucanos do Eddie, os Redação / Publicidade: Fone/Fax: (11) 3064-1197 curitibanos do Relespública, um especial celebrando os 30 anos da música gótica Rua dos Pinheiros, 730 – sala 1 - CEP: 05422-001 com quatro bandas do cenário nacional e uma entrevista com Lemmy Kilmister, Pinheiros - São Paulo/SP líder da lendária banda inglesa Motörhead. Além disso, temos aqui o novo disco do bravo Neil Young e também um alerta: som muito alto pode te deixar broxa! DYNAMITE é uma publicação sem fins lucrativos aberta a qualquer tipo de colaboração não remunerada em qualquer forma de expressão. Envie e-mail para [email protected]. br ou xerox dos seus textos/trabalhos/ensaios para a Caixa Postal 11253 - CEP: 05422-970 - Bom, na última edição prometi aqui no editorial uma mudança no visual e posso SP/SP, com seu endereço e fone para contato. Caso seu material seja aprovado, entraremos dizer que a missão foi cumprida. Vou aproveitar esse editorial para fazer uma nova em contato. A opinião dos nossos colaboradores não representa necessariamente a opinião promessa. A próxima edição não vai demorar tanto tempo pra sair, ok? Aguardem. da revista. A cópia ou reprodução total ou parcial das fotos e matérias aqui contidas é permitida, desde que citada a fonte e a autoria. Bruno Palma Fernandes Editor DYNAMITE é uma publicação da ASSOCIAÇÃO CULTURAL DYNAMITE, CNPJ 07.157.970/0001-44

Edição 105 - Junho-Julho/2009 3 By Bruno Palma Fernandes Imagens: reprodução NEWS A banda mineira de pop Bon Jovi decidiu mostrar solidariedade ao povo iraniano, Frank Black, vocalista e rock Jota Quest decidiu após a polêmica surgida devido à eleição no país. Para guitarrista do Pixies, afirmou dar um rumo diferente a sua demonstrar seu apoio, Bon Jovi gravou um cover de recentemente que gostaria de carreira e lançar um álbum “Stand By Me”, de Ben E. King, com o cantor Andy ver a banda norte-americana no cone sul (Argentina, Madadian, exilado do Irã. Na gravação, produzida por de rock alternativo envolvida Uruguai e Chile), e, portanto, Don Was, os dois cantores alternam os idiomas. M em um projeto de cinema. no idioma espanhol. As Segundo Frank, a idéia é sessões de gravação desse O cantor texano Meat Loaf começou a gravar um novo que algum diretor de cinema novo trabalho, sucessor de álbum de estúdio, sucessor de “Bat Out Of Hell III: The convidasse o quarteto para “La Plata”, que saiu no ano Monster Is Loose”, que saiu em 2006. No começo de 2007, o fazer a trilha sonora de um passado, se iniciam em breve. robusto e sessentão músico chegou a dar a entender que estava filme. O músico até tem Não estão decididas ainda as encerrando sua carreira. O anúncio desse novo disco, contudo, um nome para dar como músicas que aparecerão nesse afastou essa possibilidade, por mais algum tempo pelo menos. exemplo: Quentin Tarantino, próximo trabalho. O que se O lançamento desse novo trabalho, que conta com a produção responsável por filmes como sabe é que a banda gravará de Rob Cavallo, é esperado para o próximo ano. M “Kill Bill”, “Pulp Fiction” e novas versões de sucessos e “Cães de Aluguel”. M também algumas inéditas para Joe Perry, guitarrista da banda de blues rock Aerosmith, O cantor sueco de indie pop Jens Lekman, que se apresentou esse disco, ainda sem título ou está finalizando um novo trabalho solo, sucessor do álbum recentemente no Brasil, deixou a América do Sul com uma lançamento definido. M que lançou em 2005 e que levava seu próprio nome. Este, lembrança não muito agradável: o vírus H1N1, popularmente aliás, foi o primeiro solo de sua carreira. O disco, que sai até conhecido como gripe suína. Jens conta que começou a se sentir Um mega-time de músicos o final do ano, ainda não tem título definido. O guitarrista muito mal no avião, com muita febre e tremedeira. O músico se uniu para trabalhar em está contando com a ajuda de seus fãs para escolher um chegou a desmaiar dentro do banheiro a aeronave. O cantor teve um novo projeto, ainda sem nome. Joe está até mesmo fazendo uma promoção através de ficar em quarentena por 10 dias por conta da doença. M nome. Entre eles estão Dave do Twitter. Os fãs enviam sugestões, e o criador do título Grohl (vocalista e guitarrista escolhido ainda levará uma guitarra. M Está marcado para o dia 29 de setembro o lançamento do do e ex-baterista próximo álbum da banda Flaming Lips, sucessor de “At War do Nirvana), John Paul Jones Al Jardine, que cantou e tocou guitarra na banda With The Mystics”, que saiu em 2006. Esse novo trabalho, em (baixista do Led Zeppelin) e californiana Beach Boys, está de olho em uma banda bem formato duplo, se chamará “Embryonic” e trará participações Josh Homme (foto - vocalista nova para gravar uma colaboração em um novo disco. O especiais da dupla nova-iorquina MGMT e de Karen O, vocalista e guitarrista do Queens Of The músico, que está com 66 anos de idade, quer gravar com do trio também nova-iorquino Yeah Yeah Yeahs. M Stone Age). No mês passado, o Fleet Foxes, banda de folk rock de Seattle que surgiu Embora seja britânica, Josh Homme revelou que em meados de 2006 e que lançou seu disco de estréia, a banda de hard rock Def estava trabalhando em um homônimo, no ano passado. O disco ainda deve contar Leppard ganhou uma bela novo projeto, e classificou-o com participações especiais de Brian Wilson, que foi homenagem nos Estados como ultra-secreto. Correram colega de Al no Beach Boys, e do ator John Stamos. M Unidos. O conselho da cidade até alguns boatos de que de Hamburg, no Estado de Josh estaria sondando Mike Nenê Altro, vocalista da banda emo paulistana Dance Nova York, votou para que Patton (vocalista do Faith No Of Days, está com um novo projeto, bem diferente de sua o dia 26 de junho fosse o dia More) para fazer parte. Seria banda mais conhecida. Trata-se do A.Nark.Nation, que oficial do Def Leppard. A esse projeto no qual estão faz um metal industrial inspirado em KMFDM, Ministry homenagem surgiu como uma envolvidos e e Prodigy. O A.Nark.Nation é uma parceria de Nenê com maneira de celebrar a música John Paul Jones? M Alexandre Rojas, que tocava guitarra no I.M.L. M e a história da banda. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 4 NEWS Kyp Malone, guitarrista Os rumores estavam corretos e a seminal banda emo Trever Keith, vocalista e e vocalista da banda nova- Sunny Day Real Estate, que se separou pela segunda vez guitarrista do Face To Face, iorquina de indie rock TV em 2001, confirmou uma turnê de reunião pela América está compondo novas músicas On The Radio, lançará do Norte. A banda volta aos palcos em setembro, trazendo para o próximo álbum de no próximo semestre seu em sua formação o vocalista e guitarrista Jeremy Enigk, estúdio da banda californiana de primeiro trabalho solo, o guitarrista Dan Hoerner, o baixista Nate Mendel (hoje , seu primeiro desde sob o nome Rain Machine. integrante do Foo Fighters) e o baterista William Goldsmith “How To Ruin Everything”, Para esse disco, Kyp está (da primeira formação do Foo). O Sunny Day ainda não que saiu em 2002. De acordo contando com a co-produção revelou se tem planos para um novo álbum, que seria o com Trever, a banda se junta de Ian Brennan. M primeiro desde “The Rising Tide”, que saiu em 2000. M em julho para começar a ensaiar esse novo material. O O próximo álbum de Pitty está sendo masterizado em A banda canadense de hard rock Heart está preparando disco ainda não tem previsão Los Angeles por Bernie Grundman, que já masterizou um novo trabalho de inéditas, seu primeiro desde “Jupiter’s de lançamento. O Face To discos de nomes como U2, Red Hot Chili Peppers, Beck, Darling”, que saiu em 2004. O disco, ainda sem previsão de Face, que surgiu no começo Dead Kennedys, Neil Young e Slayer. O novo trabalho lançamento, está sendo produzido por Ben Mink, conhecido dos anos 90 e se separou em de Pitty tem lançamento previsto para a primeira semana por suas colaborações com o Rush. Além desse álbum, o 2004, retomou atividades no de agosto, mas o título ainda não foi escolhido. A banda Heart também está trabalhando em um livro infantil, ano passado. M baiana está entre “Siga o Coelho Branco”, “Chiaroscuro” inspirado em “Dog & Butterfly”, disco que a banda lançou e “Entre o Preto e o Branco”, e conta com a sugestão em 1978. Virá encartado no livro um CD contendo versões dos fãs através de SMS para se decidir. M das músicas “Dog & Butterfly” e “Dreamboat Annie”. M

O decidiu engavetar o álbum “Eros”, sucessor de A banda californiana de pop punk Offspring está fazendo “Saturday Night Wrist”, que saiu em 2006, e que a banda planos para um novo álbum, sucessor de “Rise And Fall, Além de começar a trabalhar de metal experimental chegou a finalizar. O quinteto não Rage And Grace”, que foi lançado no ano passado. Assim em um novo álbum para sua anunciou planos para o lançamento desse disco e resolveu como esse trabalho mais recente, o próximo também deverá banda principal, o Linkin entrar em estúdio novamente para começar a gravar um ser produzido por Bob Rock. De acordo com o vocalista Park, o vocalista Chester novo trabalho. O Deftones já adiantou que o engavetamento e guitarrista Dexter Holland, o Offspring está buscando Bennington também está de “Eros” nada tem a ver com a condição do baixista Chi músicas que ficaram de fora de seus três últimos álbuns para empenhado em seu projeto Cheng, que permanece semi-consciente após um acidente de ver se é possível retrabalhá-las para esse novo disco, ainda paralelo, o , automóvel sofrido em novembro do ano passado, e que essa sem lançamento previsto. M Está marcado para outubro do qual também fazem decisão foi tomada levando em consideração a direção artística o lançamento do filme parte os guitarristas Ryan que a banda está procurando no momento. Ainda assim, de de estréia da atriz Drew Shuck e , que acordo com uma declaração do quinteto, o material gravado Barrymore como diretora. O já passaram pela banda de para “Eros” deve ser lançado em algum momento. M filme, chamado “Whip It”, Orgy. O Dead By conta com atuações da atriz Sunrise está gravando seu Grandes nomes da nova música folk norte-americana e cantora Juliette Lewis álbum de estréia, contando se uniram e gravaram um álbum juntos. Participam (do Juliette And The New com a produção de Howard desse projeto, chamado Monsters Of Folk, os músicos Romantiques), do cantor Benson. O plano é lançar o Mike Mogis e Conor Oberst (Bright Eyes), M. Ward Har Mar Superstar e da atriz disco, que deve se chamar (She & Him) e Jim James (My Morning Jacket). O disco, Ellen Page (“Juno”). “Whip “”, em meados que leva o nome da própria banda, tem lançamento It” é sobre uma competição de setembro. M marcado para o dia 22 de setembro. M de patinadores. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 5 NEWS No ano passado o baixista Embora o Blink 182 tenha se reunido esse ano, o Foi divulgada a causa da Peter Hook declarou que vocalista e guitarrista Tom DeLonge não abandonou morte de Jay Bennett, multi- a banda inglesa de synth o Angels And Airwaves, projeto que iniciou em 2005. instrumentista que tocou na pop New Order estava A banda está preparando um novo álbum, sucessor de banda norte-americana de folk acabada. O vocalista e “I-Empire”, que saiu em 2007. Esse novo trabalho, alternativo Wilco até 2001. guitarrista Bernard Sumner intitulado “Love”, será totalmente conceitual e virá De acordo com a autópsia, e o baterista Stephen Morris acompanhado de um filme homônimo. O lançamento de Jay, encontrado morto em negaram e depois afirmaram “Love” é esperado para o final do ano. M seu apartamento no dia 24 de que continuariam com o maio, foi vítima de overdose New Order, mas sem Hook. A banda norte-americana de punk rock Anti-Flag se de Fentanyl, remédio para Provavelmente para evitar uniu a uma série de artistas na luta contra a Proposition 8, dor crônica. Acredita-se que atritos com o ex-colega, lei votada na Califórnia junto com a eleição presidencial O vocalista e guitarrista Gaz Coombes e o baterista Danny a overdose do músico, que Sumner e Morris optaram dos Estados Unidos e que invalidou o casamento gay Goffey, ambos integrantes da banda inglesa de garage rock estava com 45 anos de idade, por utilizar um novo nome, no Estado. Já se posicionaram contra essa lei, em vigor Supergrass, montaram um projeto paralelo, chamado Hot Rats. tenha sido acidental. M e foi assim que surgiu o Bad desde 05 de novembro, nomes como o guitarrista Slash, A nova banda, que só faz covers, lança esse ano seu primeiro Lieutenant. O novo grupo a banda emo Fall Out Boy e a atriz Whoopi Goldberg. disco, com regravações de músicas de bandas como Sex Tico Santa Cruz, vocalista ainda conta com o guitarrista Para contribuir com a causa o Anti-Flag lançará um EP Pistols, Beastie Boys, The Kinks, e The Doors. O da banda carioca de pop rock Phil Cunningham, que em vinil de sete polegadas. De acordo com o vocalista e disco foi gravado sob a produção de Nigel Godrich, conhecido Detonautas, ficou indignado começou a tocar no New guitarrista Justin Sane, esse EP conta com uma música por sua parceria de longa data com o Radiohead. M com os mais recentes Order em 2001 (em 2004 composta especialmente para essa ocasião. M escândalos do Senado, como membro oficial), e Faleceu no dia 12 de junho Mr. X, que tocou baixo nas envolvendo irregularidades com o baixista Alex James, De acordo com o baixista Alex James, nos ensaios bandas curitibanas Maremotos e Kozmic Gorillas. O músico, no gasto de verbas e em do Blur. O álbum de estréia para a turnê de reunião, o Blur tem tirado um tempinho chamado Marcio Roberto dos Santos, foi vítima de um câncer contratações. Em seu blog, desse novo projeto já está para trabalhar em idéias para novas composições. Isso no intestino, doença com a qual lutava há alguns anos. Além Tico fez um protesto. O cantor pronto e tem lançamento significa que a banda pode eventualmente vir a gravar de tocar em bandas, Mr. X, que estava com apenas 40 anos de postou uma foto, trajando marcado para outubro. M um novo trabalho de inéditas, que seria o seu primeiro idade, era um dos sócios do Chinasky Bar, local importante apenas uma máscara e uma desde “Think Tank”, que saiu em 2003. O guitarrista para a cena alternativa da capital paranaense. M meia para cobrir suas partes Graham Coxon, que deixou a banda durante as sessões baixas. Na mesma foto, o de gravação do último disco, confirmou que o Blur está O quarteto norte-americano de garage rock Kings Of vocalista da banda segura um mesmo produzindo novo material, mas adiantou que a Leon anunciou o lançamento de sua própria gravadora, uma cartaz com os dizeres “Senado banda não deve tocar nada inédito nessa turnê. M parceria com a agência californiana Bug Music. A banda já sem vergonha”. M até anunciou qual será o primeiro lançamento dessa nova empreitada: o novo álbum da banda norte-americana The A jovem cantora inglesa Features, com a qual o Kings Of Leon já excursionou. M Kate Nash já decidiu quem ficará a cargo da produção de A banda inglesa de rock progressivo Porcupine Tree seu próximo álbum, sucessor marcou para o dia 21 de setembro o lançamento de um de seu trabalho de estréia, novo trabalho de estúdio, intitulado “The Incident”. Esse “Foundations”, que foi lançado álbum será duplo, trazendo a faixa-título, com 55 minutos em 2007. Kate escalou para de duração, no primeiro disco, e mais quatro faixas no o cargo Bernard Butler, que segundo. “The Incident”, que começou a ser gravado em tocou guitarra na extinta banda fevereiro, foi produzido pela própria banda. M de britpop Suede. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 6 NEWS A banda capixaba de James Wright, que trabalhou como roadie de Jimi Hendrix, Paul Banks, vocalista e metal punk Silence Means lançou um livro, intitulado “Rock Roadie”, no qual acusa guitarrista da banda indie Death foi a escolhida para Michael Jeffrey, que foi empresário do guitarrista, de tê-lo nova-iorquina Interpol, representar o Brasil na final assassinado. Segundo Wright, Jeffrey confessou ter enchido marcou para o dia 03 do Metal Battle, concurso a boca de Hendrix de pílulas e depois despejado algumas de agosto o lançamento promovido pelo famoso festival garrafas de vinho em sua garganta. Isso, de acordo com o autor de seu álbum de estréia alemão de metal Wacken Open do livro, se deve a uma apólice de seguro de vida do músico no como artista solo. Paul não Air. O Silence concorrerá a valor de dois milhões de dólares, que tinha o empresário como lançará esse disco, intitulado uma vaga na próxima edição beneficiário. Michael Jeffrey faleceu num acidente aéreo dois “Skyscraper”, sob seu do evento e a um contrato anos após ter feito a suposta confissão. M próprio nome, mas utilizando com a gravadora alemã a alcunha Julian Plenti. M Armageddon Music. M Vinnie Fiorello, baterista da banda norte-americana de skacore Less Than Jake, está se aventurando pelo ramo No dia 25 de junho foi dada a Evan Dando, líder da banda de da literatura. O músico lançou em junho um livro chamado notícia que é forte concorrente folk alternativo Lemonheads, O Stone Temple Pilots anunciou uma reunião no ano “Sometimes Robots Like Being Robots”. O livro é sobre a para ser a de maior impacto decidiu abrir um processo passado, que, aliás, deveria ter uma passagem pelo maior paixão da vida de Vinnie: robôs. M em 2009: morria Michael contra a General Motors. O Brasil, mas acabou sendo cancelada. Não estava claro até Jackson, o homem que já músico alega que a música que o momento se essa volta ficaria restrita aos palcos ou se foi considerado o rei do pop. a empresa utilizou como trilha a banda voltaria a gravar. Agora já está tudo explicado. O Michael sofreu uma parada sonora para alguns comerciais quarteto voltará ao estúdio para gravar novas composições cardíaca e não conseguiu ser de automóvel no ano passado sob a produção de Don Was, que já trabalhou com nomes reanimado por um médico é um plágio de “It’s A Shame como Rolling Stones, Bob Dylan, Iggy Pop, Elton John particular presente no About Ray”, faixa-título do e The B-52’s. Esse novo trabalho, o primeiro de inéditas momento e nem pouco mais disco que sua banda lançou do STP desde “Shangri-La Dee Da”, que saiu em 2001, tarde pelos paramédicos em 1992. Não foi divulgada só será lançado no ano que vem. M contatados pelo número a quantia de dinheiro que de emergência. Desde a Evan está reivindicando , vocalista da banda emo norte-americana morte do artista, surgiram nessa ação judicial. M , é papai. Lyn-Z, sua esposa milhões de homenagens de e baixista da banda , deu fãs e artistas pelo mundo Aos 69 anos de idade, Phil à luz o primeiro filho do casal: uma garotinha. A todo e mais um sem Spector, condenado pelo menina se chama Bandit Lee. M número de piadas. M assassinato da atriz Lana Clarkson em 2003, recebeu De acordo com o baixista Mani, que toca atualmente no Slash parou de fazer mistério e revelou o nome de no dia 29 de maio sua Primal Scream e fez parte do extinto Stone Roses, uma alguns dos vocalistas que participam da gravação de seu sentença. O produtor, que já reunião da banda é uma simples questão de dinheiro. O primeiro álbum solo, chamado “Slash & Friends”. Ozzy trabalhou com bandas como vocalista Ian Brown e o guitarrista John Squire declararam Osbourne e M Shadows (Avenged Sevenfold) estão Beatles e Ramones, ficará inúmeras vezes que o quarteto não trabalharia junto confirmados. Sabe-se ainda que o disco foi gravado 19 anos atrás das grades. novamente, mas, segundo Mani, isso pode mudar. “Por com o baterista Josh Freese (A Perfect Circle) e com o Spector ainda foi condenado toda a moral e princípios que uma pessoa tenha, você baixista Chris Cheney (Jane’s Addiction), e conta com a pagar milhares de dólares mostra 20 milhões de libras e ela muda de idéia. Você verá uma participação do guitarrista Izzy Stradlin, que foi por questões como custos de como a filosofia muda rapidinho”, disse. O Stone Roses, colega de Slash no Guns. O álbum, produzido por Eric funeral à família da atriz. M que surgiu nos anos 80, está separado desde 1996. M Valentine, ainda não tem previsão de lançamento. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 7 SHOWS Heaven And Hell não deixa pedra sobre pedra em show em São Paulo Oasis faz melhor show da turnê brasileira em Curitiba 16/05/2009 – São Paulo – Credicard Hall 10/05/2009 – Curitiba – Arena Expotrade

apresentação desses mestres do metal udo contribuiu para começou com a climática instrumental que a banda dos A“E5150”, emendada pelo peso de “Mob Tirmãos Gallagher Rules”. Foi o suficiente para que qualquer fizesse um grande show: dúvida em relação ao pique dos sessentões 15 mil fãs ensandecidos, fosse dirimida. Logo em seguida veio a clima agradável e uma magnífica “Children Of The Sea”, que logo organização impecável. Não deu espaço à fantástica “I”. havia como dar errado. No palco, o músicos pareciam os quatro Cinco minutos antes do cavaleiros do apocalipse. Ronnie James Dio horário previsto a banda mostrou que o que falta em estatura sobra iniciou a apresentação, nas cordas vocais; Tony Iommi ainda desfia aberta com “Rock’n’Roll Ronnie James Dio riffs e solos monumentais; Geezer Buttler Star”, seguida de “Lyla”, segura todo o peso e quando está com seu e depois a ótima “The baixo empunhado dá a impressão que seus dedos vão dar nós ao tocá-lo hipnoticamente; Shock Of The Lightning”. e o ‘novato’ Vinny Apice senta o braço com Geezer Buttler Diferente de outros precisão em seu kit de bateria, e ainda mostrou tempos, quando os irmãos carisma em seu solo. Gallagher se mostravam Das músicas novas, a primeira a ser marrentos, em Curitiba, executada foi “Bible Black”, que soou perfeita Noel e Liam até sorriram ao vivo, com suas passagens doom. Dio, algumas vezes para a cada vez mais carismático, levava o público platéia e tentaram se comunicar com o público, mas nada que fosse muito além do na palma da mão. A música seguinte nos leva habitual “Fucking great, Curitiba!”. de volta a 1992, com seu bastante sugestivo Com um som impecável, o Oasis emendou 20 de seus maiores clássicos em cerca de uma nome, “Time Machine”, fazendo a casa quase hora e 40 minutos. Porém, nenhuma surpresa: o repertório foi basicamente o mesmo em todos vir abaixo, para que depois levasse de volta os quatro shows brasileiros da atual turnê. Entre elas, destaques como “Supersonic”, “The ao atual 2009, com “Fear”. Importance Of Being Idle”, “Don’t Look Back In Anger”, “Champagne Supernova” e “I’m The “Falling Off The Edge Of The World” animou Walrus”, versão de um dos clássicos dos Beatles, que fechou a apresentação. ainda mais os saudosistas ali presentes e abriu A crítica ao show, se ela de fato caminho para a novata “Follow The Tears”. Uma coubesse, seria a esse fato quase versão estendida do clássico “Die Young” não deixou pedra sobre pedra, com Dio e Iommi que burocrático: você assiste a uma mandando ver, em plena forma. grande banda, ouve algumas das A noite estava prestes a se encerrar com o hino que deu nome ao primeiro disco da maiores canções de rock compostas parceria entre Dio, Buttler e Iommi e que também dá nome ao atual grupo, “Heaven And nos últimos 15 anos, porém, o Tony Iommi Hell”, executada com maestria, com cerca de profissionalismo e a competência 20 (!) minutos, intercalando várias passagens são tamanhos, que a falta de e diálogos, com o público acompanhando o espontaneidade chega a incomodar. riff principal e aplaudindo muito. Mas, enquanto você pensa nisso tudo O bis veio logo a seguir com o início de durante o show, a banda emenda uma “Country Girl”, e fechando com o hit “Neon versão maravilhosa de “Wonderwall” Knights”, tocada porém de forma mais lenta e logo após “I’m Outta Time”, e a não tão brilhante como se esperava para um conclusão é óbvia: “Oasis é foda!”. Só final de show. M ficaram devendo “Live Forever”... M

Texto: Rodrigo “Khall” Ramos e André Texto: Cristiano Viteck “Pomba” Cagni Fotos (show em São Paulo): Fotos: Pepe Brandão Reinaldo Maques/Terra

Edição 105 - Junho-Julho/2009 8 SHOWS

Jens Lekman faz show perfeito para o pós-Dia dos Namorados Kooks alterna explosão rocker e dolência em São Paulo 13/06/2009 – São Paulo – Studio SP 19/06/2009 – São Paulo – Via Funchal

abertura do show de Jens Lekman The Kooks deu ficou por conta de Thiago Pethit, o sangue no Aque mostrou músicas de seu EP de Opalco da Via estréia “Em Outro Lugar” e também seu Funchal. Se em disco single mais recente, “Fuga no1”, música o grupo não empolga belíssima por sinal. Thiago se apresentou os críticos mais com uma banda em formação bastante radicais e ranzinzas reduzida. O misto de folk com uma série (que consideram o de referências musicais que Thiago conjunto pop demais, Pethit faz em suas músicas ganha outra uma espécie de “boy grandeza quando mais instrumentos band” do indie rock, estão presentes, mas ainda assim com quatro carinhas ele segurou bem a onda e conquistou bonitinhos e longe aplausos calorosos. de possuírem grande Após um intervalinho, Jens entrou talento musical), em cena, também com banda em ao vivo as canções formação reduzida. Jens, na verdade, dos dois álbuns veio sem banda: trouxe apenas um lançados pela banda músico que disparava bases de até hoje ganharam um laptop. O sueco encantou os uma energia e punch presentes com sua voz suave e os acordes doces que tirava de sua guitarra, sem falar no seu carisma, rock’n’roll que adrenou diante do qual é impossível não se encantar. até os poucos tiozões Logo no comecinho do show veio “The Opposite Of Hallelujah”. No final da música, Jens foi para o que estavam na Via canto do palco e simulou tocar um tecladinho no ar. Antes de começar a tocar “Kanske Ar Jag Kar I Funchal. É sério: os Dig”, Jens pediu a todos para que cantassem os “uh uh uh uh pa pa pa” do comecinho da música, e a quatro músicos mostraram energia incendiária; o vocalista Luke vocalização agudinha foi prontamente entoada pelo público paulistano. Pritchard, além de extremamente simpático e carismático (ao Um outro momento muito bacana do show foi quando Jens chamou ao palco Ana Garcia, do Coquetel Molotov, final do set, com humildade, disse em português arrastado “Nós responsável por sua vinda ao Brasil. Jens tocava e contava a história por trás da música “A Postcard To Nina”, e a cada estamos muito felizes de estar aqui com vocês”, arrancando urros frase Ana traduzia para o português, com um de satisfação dos teenagers presentes), possui ótima presença de delicioso sotaque pernambucano. A história, palco e, na última música do show, literalmente se jogou na fila autobiográfica, rendeu boas risadas, aliás. do gargarejo e cantou boa parte da canção no meio dos fãs. E o Outras músicas, como “Your Arms Around guitarrista Hugh Harris, o “maestro” do grupo, demonstrou grande Me”, “I’m Leaving You Because I Don’t Love segurança e habilidade na exibição de riffs contagiantes. You”, “Into Eternity” e “You Are The Light”, A banda tocou o repertório de seus dois discos, sem grandes deram um clima perfeito para esse pós-Dia surpresas. Já abriu o set de forma matadora, com o hit “Always dos Namorados: quem estava acompanhado Where I Need To Be”, e, a partir dele, foi um desfile de mais alguns tinha uma boa trilha para acalentar o semi hits (“Sofa Song”, “Naive”, “Sway”, “Shine On”), dentro de um romance, e quem estava sozinho tinha uma repertório que alternava momentos de pura explosão rocker com boa trilha para se lamentar. outros de extrema dolência, por conta das lindas baladas compostas A foto dessa resenha foi tirada pela banda – e que dominaram o bis generoso oferecido pelo durante a gravação que Jens Lekman quarteto, com cinco músicas, entre elas a belíssima “Seaside”, que fez para o programa virtual Música de não constava do set list original, mas que foi tocada pelos Kooks Bolso (www.musicadebolso.com.br). após o público a pedir com insistência. Foi isso. Showzão bacana de uma banda nova surpreendente. Texto: Bruno Palma Fernandes Texto: Humberto Finatti Fotos: Galeria Experiência Foto: Mari Pereira

Edição 105 - Junho-Julho/2009 9 SHOWS Ill Niño ignora luzes acesas e continua seu show em São Bernardo 1ª edição do Festival de Rock de Garagem reúne diferentes tribos na zona leste 20/06/2009 – São Bernardo/SP – Espaço Lux 13 e 14/06/2009 – São Paulo – Conde Vlad Rock Bar

pós a entrada do público, iniciaram-se as apresentações á poucas horas do início do festival, começavam das bandas de abertura. O Bacteriology representou, a chegar aos arredores da casa, situada no centro Atocando suas músicas e falando um pouco das de Ermelino Matarazzo, na zona leste, pessoas de verdades que todos precisavam ouvir. H vários estilos derivados do rock. E essa era a intenção. Em seguida, o Hyro da Hero não contentou a todos, No primeiro dia, o evento contou com a participação do cantando músicas nada conhecidas pelos espectadores. White Storm, que teve uma presença de palco boa, apesar Para compensar a bola fora, depois vieram dois ótimos de ter passado a impressão de pouco ensaio. Com um shows: Libria e Skin Culture, que levaram o público à punk rock à la Ramones e algumas derivações do gênero, loucura. eles fizeram uma apresentação empolgante para o público, Depois disso tudo, estava que começava a chegar na casa. Negativa Eterna para entrar o que todos A segunda banda a se apresentar foi o Potates Pier, esperavam. A pedido da que subiu ao palco por volta das 18h. Com pouca experiência e muita vontade de tocar, banda de encerramento, descarregaram uma barulheira de guitarras distorcidas e baixos graves e uma bateria bem as cortinas não foram acompanhada como demonstração de que o grunge ainda sobrevive nos cantos das cidades. fechadas, e o público pôde Em seguida, tivemos a participação da banda de rockabilly Nashville Killers, a caráter. A acompanhar a arrumação apresentação teve seu momento de glória com muita exploração criativa em seus arranjos dos instrumentos e e riffs de guitarra, acompanhada por um competente baixo e a bateria pogante de Jef. microfones. Quando Os veteranos do Sub-Existência, com suas letras de conscientização e liberdade as luzes se apagam, o povo se inquieta e começam musicadas por um punk rock de guitarras agudas, fizeram a alegria dos punks presentes, a entrar no palco os integrantes do Ill Niño. Quando o que pogavam sem parar e cantavam todas as músicas. vocalista Cristian Machado entra em cena todos berram Subiu então a última banda do primeiro dia do festival. Os Pés Sujos subiram descarregaram emocionadamente. seu punk rock clássico e sem frescuras, direto e reto, como já estão acostumados a fazer Tocaram todos os seus grandes sucessos, levando todos e as pessoas aprenderam a gostar. que lá estavam ao delírio. A roda de bate-cabeça era tão Já no domingo, com um friozinho já com cara de inverno, começou por volta das 17h o grande que não se sabia onde ela acabava, e de repente segundo dia de festival. A banda Sistema Lethal deu início, mostrando seu poder de som, você se via no centro dela. tocando um hard rock expressivo. A apresentação foi boa, com um clima familiar, mas não Ao final, sem que ninguém esperasse, acenderam-se todas as luzes e os músicos houve muita demonstração de vitalidade, embora o trabalho fosse bem executado. deixaram o palco. O percursionista da banda, Danny Couto, logo retornou para agradecer Em seguida foi a vez da banda 80-85 mostrar o que sabe fazer de melhor: punk rock. a todos, falado em português, muito emocionado. Com muita energia, vigoraram sua apresentação com belos acordes em cima de acordes, Para a surpresa de todos, a banda deixando um clima alto astral para a terceira banda do dia. volta ao palco. Cristian veio enrolado O Negativa Eterna foi um dos pontos altos do dia. Mostraram-se uma banda competente, em um bandeira do Brasil com o explorando uma harmonia meio gótica interpretada por bons músicos, dando um diferencial símbolo da banda junto; agradeceu espontâneo aos ouvidos de quem ouviu a apresentação. um pouco mais e começou a cantar A quarta banda a se apresentar no domingo foi a banda de punk rock Nowday, que também “Eu sou brasileiro”. Ainda com todas se mostrou muito profissional. Fizeram sua parte, empolgando e fazendo a galera pogar as luzes acesas, a banda toca mais com músicas rápidas e contagiantes, que não deixaram os ânimos esfriarem. três músicas, pedindo para apagarem Antecedendo o final do festival, tivemos a apresentação da banda de blues Blue Label Blues. a luz. Os organizadores do evento Fizeram uma apresentação ótima, com performance perfeita, um som contagiante, com guitarras não esperavam por essa. O Ill Niño típicas, um baixo de dar arrepio e uma bateria que marcava qualquer tipo de compasso. ainda permaneceu por 40 minutos no Por fim, a sexta e última banda a se apresentar na noite foi a banda pop Cortiço, com palco, mesmo com o show dado por influências dos anos 80. Encerraram o festival com um som que agradou o público que ia acabado. se despedindo da casa. Finalmente, Cristian se despende, O evento teve o propósito de incentivo e divulgação de bandas de rock iniciantes com dizendo que foi um sonho realizado e participações de outras mais experientes, misturando públicos e estilos, e demonstrando que quer voltar logo para o Brasil. que rock é rock, independente de tribos.

Texto e fotos: Junior Gray Texto e fotos: Alexandre Carvalho Pereira

Edição 105 - Junho-Julho/2009 10 SHOWS INTERNACIONAIS Festival alemão Wave Gotik Treffen é viciante 29, 30, 31/05 e 01/06 – Leipzig – Alemanha

entre as dezenas de festivais alternativos que ocorrem anualmente pela Europa, o WGT é indubitavelmente o que apresenta a maior quantidade de bandas dos Ddiversos estilos inseridos no que se costuma chamar de “tendências góticas”, e o que atrai a maior quantidade de visitantes (25 mil pessoas, em média). Nesta 18ª edição do evento, o festival apresentou 192 bandas espalhadas pelos diversos palcos distribuídos por Leipzig. Como é óbvio num festival destas dimensões, onde em dezenas de palcos espalhados pela cidade se apresentam simultaneamente grandes bandas, é impossível assistir a tudo que se deseja ou imagina. Para se exemplificar, não foi possível estarmos nos concertos de Tyske Ludder, Sara Noxx, Die Form, Vomito Negro, Feindflug, VNV Nation, Section 25, Clan Of Xymox, Illuminate, Icon Of Coil, Painbastard, Umbra Et Imago, Peter Murphy, Letzte Instanz, Qntal, The Eternal Afflict, Nosferatu e Stoa, entre tantos outros. Além disso, Project Pitchfork assim como em 2008, tive novamente a honra de participar do festival como DJ convidado, Melotrom desta vez no clube Dark Flower, o que me impossibilitou presenciar qualquer show do segundo dia do evento. Apesar de praticamente nenhum espetáculo nos decepcionar, dos quase 30 que assistimos é preciso destacar do primeiro dia a ternura e a qualidade vocal de Leandra, projeto da integrante da banda Jesus On Extasy, o talento e a mescla entre a eletrônica e o metal tão bem apresentada pelos austríacos L’Âme Immortelle, o poder e a destruição sonora dos Combichrist, e finalmente a empolgação e presença de palco marcante dos Project Pitchfork. No terceiro dia é preciso citar a contagiante apresentação dos Frozen Plasma, o impecavelmente bem produzido concerto dos Solitary Experiments, a beleza sonora e feminina das Client, e o fantástico synth pop dos Melotron. No último dia, os destaques ficam com os americanos FGFC 820, a sangrenta, performática e brutal presença dos Agonoize, e a mistura rock-industrial dos suecos Cat Rapes Dog e dos míticos KMFDM, que fecharam brilhantemente o festival deste ano. Não é obrigatório, como a visita daquela cidade islâmica pelos seguidores dessa religião; porém, cada vez mais penso que os grandes fãs ou admiradores destes estilos musicais precisariam viver a experiência da Wave Gotik Treffen. O único problema será a infecção pelo vírus do festival e ter que retornar anualmente para o tratamento adequado.

Texto: Luiz e Luciana Soncini Fotos: Luiz Soncini

KMFDM

Edição 105 - Junho-Julho/2009 11 projetos culturais

Abdu$om faz sucesso com projeto trabalhar como DJ’s e produtores musicais. Foi o primeiro de oficinas gratuitas passo de uma caminhada que pode com certeza direcionar 04, 05, 18, 19 e 25/04/2009 – Céu Perus, CCJ, Céu Butantã, aqueles que participaram das oficinas. Céu Meninos e Céu Sapopemba – São Paulo A primeira oficina aconteceu no dia 04 de abril no Céu Perus, zona oeste de Sampa, com ótima estrutura, telão e tudo mais. Muitas pessoas fizeram suas inscrições na hora, resultando em um bom número de alunos para as oficinas. Estes questionaram, participaram e tiraram todo tipo de dúvida com os oficineiros Big Edy e $mokey Dee. $mokey Dee apresentou todo um processo de criação na montagem de bases para hip hop, mostrando para algumas pessoas que já estão montando seus grupos de rap que eles mesmos podem fazer suas próprias bases. Por outro lado, o DJ Big Edy apresentou técnicas de mixagem de DJ, colocando o aluno em contato com o vinil, pickups e mostrando para os futuros DJ’s os tempos, contagens e tudo para que a mixagens saíssem perfeitas. A segunda oficina, no dia 05 de abril, realizada no Centro Cultural da Juventude (o famoso CCJ) foi um marco para a comunidade do Cachoeirinha, zona norte. O centro cultural dia 18 de abril, com um bom público, que apreciou com muita ficou lotado para a felicidade dos oficineiros, que receberam dedicação e atenção a cada passo apresentado nas oficinas. a lotação máxima das inscrições, até ultrapassando o limite A quarta oficina, no dia 19 de abril, foi no Céu Meninos, no permitido. Houve até um rodízio para aqueles que não bairro de São João Clímaco, zona sul. Esta, infelizmente, Projeto Abdu$om, com o apoio da Secretaria da conseguiram se inscrever, dando uma prova de união entre por motivos da falta de divulgação do próprio espaço, além Cultura, no Programa de Ação Cultural do Estado os participantes. de uma partida de futebol entre São Paulo e Corinthians, de São Paulo, e da Associação Cultural Dynamite, A terceira oficina aconteceu no Céu Butantã, zona oeste, no que disputavam uma vaga na final do Campeonato Paulista, O e do sol forte, contou com apenas sete mostrou o que se pode fazer para as comunidades carentes que fazem parte da população periférica e gostam do participantes para as duas oficinas. Mesmo movimento hip hop, acreditando na educação como forma assim, foi muito produtivo e proveitoso, de cultura e integração social. pois os oficineiros puderam dar mais As oficinas realizadas pelo Abdu$om possibilitaram uma atenção para cada participante. nova visão para futuros profissionais que um dia pensam em A última oficina aconteceu no dia 25 de abril no Céu Sapopemba, zona leste, com o maior número de público do projeto. Os alunos que participaram dessas oficinas saíram com um ótimo conteúdo, pois a base dada por DJ $mokey Dee e DJ Big Edy foi de muita produtividade. Seria bem legal se o projeto se estendesse para as comunidades carentes do interior do Estado, pois apresentaram uma riqueza muita grande para o movimento hip hop e suas vertentes, seus conceitos, e, principalmente, demonstraram um show de solidariedade, já que poucos têm a oportunidade de ter uma iniciação musical e artística tão bem elaborada didaticamente falando.

Texto e fotos: Nilson Rizada

Edição 105 - Junho-Julho/2009 12 projetos culturais

Dança de rua: etapa pelo interior de São Paulo supera pessoas ligadas ao movimento. Antes do show de Nelson expectativas Triunfo apresentaram-se grupos de break da cidade e 14, 21, 22, 28, 29/03/2009 – Piracicaba, Pirapora do regiões vizinhas. O secretário de cultura da cidade também Bom Jesus, Itu, Diadema e Atibaia marcou presença e fez questão de apoiar o evento. Na segunda cidade, Pirapora do Bom Jesus, o tempo quase atrapalhou a exposição, que, por duas vezes, teve de ser interrompida pela leve garoa, mas o público não arredou o pé. Com pista de skate e quadra de basquete, o lugar estava num clima totalmente hip hop, com a presença de vários b.boys, grafite, grupos de rap e o DJ Meio Kilo nas pickups, agitando muito o evento, que teve ainda a batalha dos MC’s, com um fantástico improviso de vários rappers duelando durante meia hora. A terceira etapa do projeto foi uma das melhores. A cidade de Itu recebeu de braços abertos a exposição de Nelson Triunfo. O lugar não poderia ser melhor: a praça central de Itu, uma vista maravilhosa. O público, superior a mil pessoas, foi à Praça Independente, mais conhecida como Praça do Carmo, que ficou lotada para ver a exposição e o show. Imperial, com a presença do secretário de cultura Edson Rodrigues, o popular Beleza, que fez questão de dar todo apoio aos grupos de dança da região, rappers, break’s, b.boys e b.girls, que mostraram toda arte do epois do grande sucesso da primeira exposição de movimento hip hop. Nelson Triunfo no ano passado, o projeto “A original Essa segunda etapa do projeto foi muito mais produtiva Ddança de rua: dos primeiros passos à atualidade” que na capital. Parece que a população do interior é mais voltou com força máxima para sua segunda edição, dessa receptiva que a da cidade de São Paulo. A média de vez no interior de São Paulo. As cidades escolhidas foram público foi acima do esperado, para alegria da produção da Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Itu, Diadema e, Associação Cultural Dynamite e do Próprio Nelson Triunfo. finalizando, a linda cidade de Atibaia. Em Piracicaba, o evento foi realizado na Casa de Hip Hop, Texto e fotos: Nilson Rizada com uma média de público muito boa, com mais de 500

A quarta etapa da exposição foi em território familiar para Nelson, que sempre apoiou a Casa de Hip Hop de Diadema, onde desenvolve oficinas culturais de hip hop nas escolas e centros culturais e atua como Assessor da Casa de Cultura do Hip Hop, uma das casas culturais modelo para o resto de nosso país. Rolaram shows dos grupos Pentágono, que faz uma mistura do rap com o reggae, agitando o ótimo público, e Kamau, um dos mais renomados rappers de Sampa, que fez um show impecável, levantando a galera. A última cidade fechou com chave de ouro. Em Atibaia a exposição aconteceu no Centro Comunitário do Jardim

Edição 105 - Junho-Julho/2009 13 By Rodrigo “Khall” Ramos Imagens: divulgação

á há 15 anos na estrada, o Edguy mostra-se um grande expoente do A Dynamite foi ver com com o guitarrista Tobias Exxel alguns detalhes a power metal alemão com 8 álbuns oficiais na bagagem e uma grande respeito desse lançamento e também sobre o lançamento do DVD Fucking legião de fãs ao redor do globo terrestre, acaba de soltar seu novo álbum, With F***, que foi gravado em São Paulo, além de como anda a cena alemã TinnitusJ Sanctus, onde mescla com precisão seu heavy metal característico, e afins, confira. somado ao hard rock com pitadas que vão de Bon Jovi à Def Leppard.

EDGUY entre o heavy metal e o hard rock

Edição 105 - Junho-Julho/2009 14 EDGUY Dynamite: Vocês sentiram alguma dificuldade para lançar esse oitavo álbum de estúdio? Tobias Exxel: Não tivemos dificuldades. Estamos muito orgulhosos do que produzimos. Depois ainda lançamos o DVD ao vivo, e também estamos muito orgulhosos dele. Gostamos muito de “Tinnitus Sanctus” porque conseguimos juntar uma série de influência que temos, como power metal alemão e até punk rock. Pudemos experimentar mais. Eu, particularmente, espero que o próximo seja mais rápido. Eu gosto de tocar músicas mais velozes. Mas só vamos pensar nisso daqui um ano e meio, mais ou menos.

Dyna: Parte do público sempre espera que a banda continue com uma sonoridade específica, deste ou daquele álbum, enquanto uma outra parte sempre espera por novidades. Qual a sua opinião sobre isso? Tobias: Isso depende da personalidade de cada banda. Eu não acredito que existam regras de como uma banda deve desenvolver com o passar do tempo. O Motorhead, por exemplo, é sempre o mesmo, e é sempre ótimo. Também gosto muito do , que já muda bastante. Eu diria que o Edguy não está em nenhum dos dois extremos. Nós buscamos apresentar novidades, mas sem ir muito longe de nossa sonoridade.

Dyna: Antes de entrar para o Edguy você tocava no Squeeler e no Taraxacum. Você mudou sua forma de compor no Edguy? Tobias: Sim. Tobias Sammet é o que se pode chamar de ditador amigável. No Taraxacum exista muito mais liberdade. No Squeeler também; sempre procuramos trabalhar com as idéias que todos dão. No Edguy isso já não acontece. Eu ainda pretendo voltar a tocar com o Taraxacum ou fazer um trabalho solo para poder aproveitar as boas idéias que eu tenho e que não são usadas no Edguy.

Edição 105 - Junho-Julho/2009 15 EDGUY

Dyna: Por que escolheram São Paulo para filmar o DVD “Fucking With Fire”? Tobias: Por que não? Nossas experiências em São Paulo sempre foram ótimas; sempre conhecemos pessoas excelentes e nossos fãs paulistanos são excelentes. Mas eu também gostaria de gravar DVD’s ao vivo em outros lugares, como no Japão ou na própria Alemanha, por exemplo.

Dyna: O Edguy é uma das principais bandas do metal alemão, que é um cenário bastante forte. Existe rivalidade nessa cena? Tobias: Rivalidade não existe. Competitividade, sim, mas isso é sempre saudável. É bom ficar de olho no que as outras bandas estão fazendo para se ter uma idéia de como poder melhorar. Mas o cenário aqui é muito bom, e rola muita amizade. Somos muito amigos de caras de bandas como e Gamma Ray.

Dyna: Em particular, você prefere a banda soando mais hard rock, como em “Hellfire Club”, ou mais metal, como em “Tinnitus Sanctus”? Tobias: Para mim é exatamente o contrário. Acho o “Tinnitus Sanctus” mais hard rock e o “Hellfire Club”, que é meu preferido, mais heavy metal. Mas eu não gosto muito de ficar rotulando o som que a gente faz. Eu gosto de dizer que tocamos metal, ou rock mesmo.

Dyna: Vocês gravaram um cover para “Cum On Feel The Noise”, do Slade (mais conhecida na versão do Quiet Riot), mas não o lançaram. Por quê? Tobias: Nós não gostamos do resultado. Gostamos muito da música e quisemos gravar, mas não achamos que tenha ficado bom o suficiente. Não sei se vamos lançar esse cover em algum momento. Talvez mais tarde o coloquemos em alguma trilha sonora ou coisa do gênero.

Dyna: Alguma música que vocês gravaram para “Tinnitus Sanctus” foi deixada de lado? Tobias: Nenhuma. Nós nunca fazemos isso. Antes de iniciarmos sessões de gravação, ensaiamos muito, e logo percebemos quando uma música não funciona. Quando você tem que pensar se tal música se encaixa ou não no disco já não é um bom sinal, e é melhor nem ter o trabalho de gravar.

Dyna: Planos para voltar ao Brasil? Tobias: Eu espero que em breve, mas sei que ainda não será esse ano. Talvez no ano que vem. Da última vez só tocamos em São Paulo. Queremos tocar em mais cidades da próxima vez. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 16 By Dum De Lucca Imagens: divulgação

GIRLSCHOOL Direto de Londres para o mundo

Edição 105 - Junho-Julho/2009 17 GIRLSCHOOL ma das primeiras bandas de mulheres a se rebelar contra a dominação masculina foi a Girlschool. Formada no sul de Londres, em 1977, primeiro com Uo nome de Painted Lady, tinha Enid Williams no baixo, Kim McAulliffe na guitarra e vocal, Kelly Johnson na guitarra e vocal, e Denise Duffort na bateria. Para mim, são o que de melhor – junto com L7 – as garotas fizeram até hoje em termos de rock. Um som rápido, de instrumental pesado, cheio de personalidade e com todas as matizes do hard/ heavy rock. Boas canções, guitarras afiadas, e um visual bem ao estilo de seus padrinhos, o Motörhead. Depois do single “Take It All Away”, que saiu pela City Records, e a oportunidade de abrirem a tour do Motörhead. Lemmy adorou e as ajudou a conseguir um contrato. Em 1980, assinam com a Bronze Records. “Demolition”, o álbum de estréia, pavimentou um começo do que seria uma carreira de sucesso, amparado por um cover visceral de “Race With The Devil”, de Adrian Gurvitz. No segundo álbum, “Hit And Run”, de 1981, com um rock’n’roll empolgante e despojado, as meninas conquistaram uma grande quantidade de fãs. Este álbum emplacou as faixas “Hit And Run” e “C’mon Let’s Go”. No trabalho de 1983, “Play Dirty”, mudaram um pouco o visual, mais para o glam, e a sonoridade ficou mais limpa e leve. Em 1984, Kelly Johnson (morta por um câncer em 2007) abandonou a banda para tentar carreira solo, porém não teve bons resultados. A banda se juntou à vocalista Jacqui Bodimead e à guitarrista Chris Nonnaci com quem iriam gravar o clássico “I’m The Leader Of The Gang”. Cada vez mais glam, na época trabalharam com o andrógino Gary Glitter. “Running Wild” saiu em 1985, e em seguida veio “Nightmare At Maple Cross”. Para o disco ao vivo, “Take A Bite”, de 1988, elas tinham mais uma novidade. Tracey Lamb (ex-Rock Godess) estava tocando baixo. Após uma turnê com o na Rússia a banda chegou ao fim. Nos anos 90, foi lançada a coletânea “From The Vaults”, que dá uma boa dimensão de toda a carreira das garotas. “Legacy”, de 2008, tem a participação de Lemmy, Dio, Tony Iommi, Phil Campbell, Fast Eddie Clarke, Neil Murray, Eddie Ojeda e J.J. French, do Twisted Sister. Girlschool, que até hoje escuto com prazer e volume bem alto, é uma autêntica representante do talento feminino para fazer rock. O melhor e mais poderoso grupo feminino do mundo, até hoje. Direto de Londres, a baixista Enid Williams concedeu entrevista exclusiva à Dynamite.

Edição 105 - Junho-Julho/2009 18 GIRLSCHOOL

Dynamite: É um prazer entrevistar uma banda que faz parte da minha vida, que coloco ao lado das melhores bandas de rock. Girlschool sempre fez um rock pesado, visceral e honesto. “Legacy” tem a mesma energia e força que “Demolition” e “Hit And Run”, que são excelentes álbuns. Fale sobre a concepção e produção do CD. Ele soa como um grito irado, bem produzido e está claro que foi feito com amor. Qual foi a maior motivação? Enid Williams: Obrigado! O design é baseado no nosso logo, a partir do momento de “Demolition”. Tim Hamill, que também fez “Believe”, produziu o CD. Nós todas escrevemos canções com paixão e chegamos a diferentes influências.A letra de “I Spy”, por exemplo, fala de CCTV. Eu estava escrevendo sobre as liberdades civis e Kim sobre câmeras espiãs, aí juntamos tudo nessa canção. Isso é algo que nos deixa com raiva. Quanto ao álbum em si, ele foi motivado para mostrar que, após 30 anos, podemos ainda fazer um álbum relevante e não apenas viver no passado. Além disso, após todo este tempo, temos fiéis seguidores ao redor do mundo.Apesar disso, continuamos a ficar de fora dos festivais. Nós queríamos provar um ponto. Nós estivemos lá no início e ainda estamos aqui, e somos tão boas como o resto!

Dyna: O Motörhead vem quase todos os anos para o Brasil e tem um público fiel e fanático. Lemmy tem um significado especial na história do Girlschool, afinal foi ele quem apresentou a banda para a Bronze Records. Fale sobre a relação entre os grupos e... Venham ao Brasil para mostrar o que uma banda de mulheres pode fazer com guitarras! Enid: O Motörhead ouviu nosso primeiro single no rádio, em 1978, e Lemmy nos pediu para entrar em turnê com eles. Foi realmente bem assim a sua ajuda. Depois a gravadora assinou com a gente. Foram gravadas as canções “Please Don’t Touch” e “Headgirl”. O Motörhead nos deu um monte de publicidade. Nós excursionamos com eles algumas vezes nos anos 80 e em seu trigésimo aniversário, em 2005. Estamos orgulhosas dessa parceria porque foram eles que nos ajudaram a nos tornar conhecidas quando começamos. Mas já tínhamos tocado centenas de shows e gravado um álbum antes de nos conhecermos. E, obviamente, amaremos ir para o Brasil!

Dyna: Não há dúvida quanto ao mérito do Girlschool ter aberto as portas para outras meninas agarrarem as guitarras. Não podemos esquecer de Lita Ford, Runnaways, Suzy Quatro, Joan Jett, e outras. Depois vieram Breeders, Lunachicks etc, e hoje temos Donnas e Vivian Girls, citando apenas duas bandas. Grupos de mulheres são diferentes? Enid: Tem havido muitas mulheres no rock e no metal ao longo dos anos, mas nenhuma outra banda feminina durou mais do que dois ou três álbuns. Quando começamos, eu e Kim, em 1975, tivemos de lutar para sobreviver, e temos feito isso em nossos próprios termos para que nos sintamos orgulhosas de termos chegado tão longe. Hoje existem milhares de meninas tocando e é ótimo quando elas vêm depois de um show e dizem que temos sido uma influência. Mas muitas vezes falam que somos a primeira banda feminina que fez a diferença. Bandas femininas são apenas bandas. É tudo música.

Edição 105 - Junho-Julho/2009 19 GIRLSCHOOL

Dyna: Ficamos muito tristes com a morte de Kelly Johnson no Brasil. Mais do que ser uma estrela do rock, ela mostrou uma grande força interior. Esse fato influenciou a música da banda? Qual foi a sensação que esse processo resultou no Girlschool? Enid: Foi relevante. Kelly morreu pouco antes de realizarmos o álbum e estávamos olhando para trás, para o nosso passado e o que tínhamos conquistado. Algumas das músicas falam sobre ela. Além disso, quando morre alguém da sua idade, você sempre lembra de sua própria mortalidade e que você tem que fazer o melhor na maior parte do tempo que você tem. A morte dela deu à nossa música mais urgência e fogo.

Dyna: Como um ouvinte de rock desde 1970 e jornalista de rock, eu entendo que, agora, com as facilidades tecnológicas para gravar e divulgar, a qualidade das bandas piorou. Essa é a minha percepção. Claro que existem boas bandas, como Kooks, Racounters e Queens Of The Stone Age, por exemplo. Mas onde estão os solos de guitarra nos novos grupos? Sex Pistols, MC5, Stooges e Ramones foram musicalmente simples, mas tinham personalidade. O que mudou no rock hoje? Enid: Há mais bandas do que nunca, pois você pode gravar um álbum em seu computador e promovê-lo e vendê-lo na web. É bom porque qualquer pessoa em qualquer parte do mundo pode fazer música. Nós fizemos nossas próprias escolhas, temos mais condições de trabalhar com a tecnologia melhor do que nos anos 80. Temos o nosso próprio website e MySpace e, ao gravar o álbum novo, nos tornamos uma empresa. Portanto, temos o apoio de um selo, mas somos muito independentes porque também tocamos na internet, como novas bandas. Realmente temos o melhor dos dois mundos.

Dyna: Voltando ao “Legacy”, que celebra os 30 anos da banda e homenageia Kelly Johnson, ele tem participações significativas. Gostaria que você comentasse as ações de Lemmy, Dio, Iommi e todos os que colaboraram. Enid: Foi brilhante termos todos esses músicos que admiramos tocando nossas músicas. Isso foi realmente emocionante para nós. Todos eles fizeram o que deveriam fazer em cada canção, de forma direta e perfeita.

Dyna: Entre 1998 e 2004, que foi um período de aparente afastamento, o que você fez? Enid: Após reunirmos a banda de novo, fizemos nosso primeiro show juntas em 2000. Acrescentamos faixas novas para o álbum em 2002 e nos apresentamos em clubes pequenos. Foi como se tivéssemos sido esquecidas por um tempo, e, quando voltei, tínhamos de reconstruir a banda de novo. A idéia agora é tocar ao vivo o máximo possível.

Dyna: Uma mensagem para os fãs brasileiros? Enid: Queremos ir e visitar!

Dyna: Finalmente: Obama, Iraque, a crise econômica e o aquecimento global. O que pensa o Girlschool? Enid: Obama – grande; Iraque - errado. Dissemos ao governo e eles não escutam. Crise econômica - eu sou uma astróloga, e estamos entrando numa nova era. Ouça a letra de “Spend!, Spend!, Spend!”. Quanto ao aquecimento global, seja vegetariano! M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 20 By Maíra Hirose Imagens: divulgação/reprodução

anda respeitada no circuito alternativo brasileiro, o Mechanics parece se encontrar atualmente em uma posição confortável neste cenário. Considerado uma Bdas figuras fundamentais na criação, expansão e consolidação da cena rock goiana, o grupo lançou recentemente um novo trabalho. Intitulado “Neither Acoustic Nor Electric”, o disco é uma edição limitada com prensagem de apenas 100 cópias. “Neither Acoustic Nor Electric” é o resultado da trilha sonora produzida pelo Mechanics para o documentário “Graffiti em Ruínas e Outros Muros”, de João Novaes. O disco reúne regravações em insólitas abordagens de “Clímax”, “Shadow”, “War” e “The Remains”, todas originalmente presentes no penúltimo trabalho da banda. O projeto gráfico foi desenvolvido pelo vocalista do grupo, e o lançamento, extraordinariamente desta vez, não é pela Monstro (selo oficial do quinteto), mas pela editora Livros Voodoo. O álbum, em formato físico, é destinado às pessoas que alimentam “fetiches” desta natureza, visto que também se encontra na íntegra através da internet (www.myspace.com/mechanicsrock). A banda, que completou 15 anos de estrada, atualmente conta com nova formação: Márcio Jr. (vocal), Katú e Ricardo Darin (guitarras), Little John (baixo) e Pedro Henrique (bateria). O Mechanics passou por algumas transformações ao longo destes anos de carreira, o que lhe rendeu maturidade e crescimento, principalmente no quesito musical. No entanto, diante de tais mudanças, os músicos jamais deixaram de lado a sua essência e, pelo visto, continuam a apostar em um rock’n’roll barulhento e visceral. Esporrento e inclassificável, o som do Mechanics é o resultado da convicção de seus integrantes de que é possível fazer um trabalho que agrade, sempre em primeiro lugar, aos seus componentes. Este cenário ganha ainda mais corpo quando o grupo agrega outros componentes artísticos a seu trabalho, principalmente de artes visuais e da literatura marginal, artifícios cada vez mais usuais nos dias de hoje. Em entrevista exclusiva à revista Dynamite, o vocalista do Mechanics Mechanics narra melhor a saga da banda e ainda anuncia um Caminhando reto por caminhos tortos novo desafio: o quinteto está trabalhando em seu primeiro álbum com músicas em português. Confira a entrevista:

Edição 105 - Junho-Julho/2009 21 MECHANICS Dynamite: Ao longo de todos esses anos de estrada, como vem sendo a carreira para os integrantes do Mechanics? Márcio Jr.: 15 anos não são 15 dias. É muito tempo de estrada, acreditando na relevância da banda. Aliás, acho que essa é a palavra chave para o Mechanics: relevância. Tudo o que fizemos nestes anos todos foi mantê-la relevante pra nós mesmos, buscando sempre o caminho mais improvável e arriscado que nos fosse possível. Em suma, nunca jogamos pra galera. Sempre optamos pelos percursos que pudessem nos oferecer surpresas e desafios. Daí que as dificuldades vêm aos montes. Mas o prazer também.

Dyna: E já que estamos falando em obstáculos, quais foram os mais difíceis de serem ultrapassados? Márcio: Mudanças de integrantes são sempre um problema. Pela longevidade do Mechanics, é fácil imaginar que já tivemos várias formações. E a banda é tão velha que a maioria dessas formações, podemos dizer que foram duradouras. Mas isso é sempre um problema. A saída do Jaime, o baterista que ficou conosco por cerca de dez anos, foi um baque que só agora estamos conseguindo contornar. Outra grande dificuldade para o Mechanics é a nossa relação com as novas tecnologias.A banda surgiu num tempo em que a internet era quase uma ficção científica, no qual todos os trâmites se davam por correio. O primeiro k7 do Mechanics, para se ter uma idéia, vendeu quase duas mil cópias. Tudo por carta! O que é um absurdo se formos pensar que, hoje, o novo disco do Iggy Pop ou do David Bowie saem no Brasil com uma tiragem de mil exemplares. O fato é que somos um bando de velhos burros e loucos e não fizemos uma boa transição para esse incrível universo de divulgação e distribuição que é a internet. O preço disso pra banda foi alto. Desde então, ainda que eu tenha absoluta certeza de que os nossos trabalhos estão entre os melhores do rock alternativo brasileiro, nunca fomos os mais badalados e “hypados”. Mas também não é disso que estamos atrás.

Dyna: E mesmo diante de tantos problemas, ainda vale a pena? Márcio: Claro que vale! Essa é a nossa vida, nossa forma de estar no mundo. O Mechanics existe mais por necessidade do que por vontade. Fazemos nossa música porque precisamos fazê-la, entende? Desenvolver um projeto tão complexo e rico quanto o “Música Para Antropomorfos”, por exemplo, é uma satisfação sem limites. Um dos grandes momentos em relação a este trabalho foi a profunda análise feita pelo Hermano Vianna no Overmundo, no qual suscitou um puta debate sobre ele. Não era o jornalista amigo do dono da Monstro e do Goiânia Noise elogiando; era uma discussão, de teor acadêmico, inclusive, sobre um trabalho que tenta fugir do lugar comum do rock alternativo brasileiro. Isso não tem preço. Ver também a influência da banda sobre a cena local é algo impressionante. Muitas das melhores bandas daqui trazem o Mechanics em seus genes e isso é muito legal. Enfim, depois de 15 anos, penso em tudo o que já fizemos, e, principalmente, em tudo que ainda temos que fazer. Tenho absoluta convicção que há muita coisa pela frente. Mais do que uma banda, o Mechanics é quase uma maldição (risos).

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Dyna: Viver de arte no Brasil não é fácil. Quais têm sido as alternativas encontradas por vocês na produção e apresentação de seus trabalhos? Márcio: Arrumar um emprego (risos). Na real, ninguém no Mechanics vive da banda. Seria mais correto dizer que vivemos para a banda.

Dyna: Após algum tempo de espera, vocês enfim lançaram um novo disco, o “Neither Acoustic Nor Electric”. Como foi a sua produção? Márcio: O “Neither Acoustic Nor Electric” é um disco, digamos, atípico. Ano passado fomos convidados a participar de um festival de bandas acústicas em Goiânia. A idéia era pegar uma banda pesada, distorcida e barulhenta como o Mechanics, e ver como isso funcionaria num formato “desplugado”. O desafio fez todo o sentido pra gente e embarcamos de cabeça. O show foi tão legal que acabou gerando o convite do João Novaes, um cineasta local que estava na plateia, para que usássemos algumas daquelas músicas em seu novo filme, o documentário “Grafitti em Ruínas e Outros Muros”. Eu então expliquei que aquelas músicas, na verdade, eram versões de originais ultra- barulhentas e que estavam no “Música Para Antropomorfos”. Ele então, resolveu bancar a gravação de cinco faixas da forma como foram apresentadas no show e, como o resultado nos agradou bastante, elas acabaram virando o “Neither Acoustic Nor Electric”.

Dyna: E quanto às expectativas do lançamento deste álbum? Márcio: Ainda que o “Neither Acoustic Nor Electric” funcione por si só, ele é uma das várias derivações do “Música Para Antropomorfos”, que gerou, além do disco-livro, uma exposição, animações, gravuras, performances etc. Neste sentido, o que esperamos em relação a ele é que as pessoas vejam o Mechanics se arriscando em territórios sonoros e não aqueles a que estamos acostumados, e que vejam como é vasto o universo do “Música Para Antropomorfos”. O disco está disponível na íntegra no nosso novo MySpace, mas quem quiser pode adquirir a versão física do disco. É chique, eu garanto (risos).

Dyna: Vocês pretendem fazer uma turnê para a divulgação deste trabalho? Márcio: Na verdade, não pensamos em tour pra este disco. Fizemos alguns shows no formato, e é só.

Dyna: E por que de tal decisão? Márcio: No momento estamos trabalhando na composição de um novo álbum de inéditas, este sim é o nosso grande projeto para 2009.

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Dyna: A ideia de fazer uma tiragem limitada a 100 cópias tem alguma intenção de tornar o disco em algo mítico, lendário ou algo do gênero? Márcio: A trilha que gravamos para o filme do João Novaes nos deixou tão satisfeitos que resolvemos fazer algo mais no sentido de disponibilizá-lo na internet. A ideia inicial era de lançarmos o material em vinil, mas com o fechamento da última fábrica do Brasil e a demora e altos custos de uma prensagem no exterior, optamos por uma versão absolutamente artesanal em CD. Adotei a ideia de gravura, advinda das artes plásticas. Criei as artes e, ao invés de imprimir em uma gráfica convencional, fizemos todo o processo em serigrafia, com várias telas, numeradas e assinadas, como manda o figurino. Carimbos invocados fazem parte deste pacote, limitadíssimo, para velhos anacrônicos como nós, que ainda se ligam aos aspectos físicos dos produtos musicais. Garanto que não haverá novas prensagens.

Dyna: Uma das marcas do som de vocês é a guitarra distorcida e pesada, mas não é muito fácil classificá-lo. Quais são as influências maiores da banda? Márcio: Butthole Surfers, Melvins, Jesus Lizard, Stooges, Lou Reed, David Bowie, Nirvana, Mudhoney, Slayer, Black Sabbath, KISS, Motörhead e outras.

Dyna: Vocês têm seguido uma corrente bastante crescente nos dias atuais, que é a de agregar as diversas manifestações culturais, artes visuais, literatura, entre outras, à música. Como vocês enxergam e trabalham tal questão? Márcio: Não sei se esta é exatamente uma corrente comum; não vejo muita gente fazendo o que fazemos. Para nós, é apenas o modo como a banda encara as coisas desde 1994, quando começamos. O que me interessa, desde sempre, é o diálogo com outras linguagens e formas de expressão. Temos a assumida pretensão de nos aventurarmos para além do repertório usual do rock. Se somos bem sucedidos nisso ou não, cabe a cada um julgar dentro de seu horizonte de compreensão. Ao Mechanics cabe o desafio de encarar esta empreitada, que em última instância diz respeito ao que falamos no início da entrevista, de manter a banda relevante pra nós mesmos.

Dyna: Como é para vocês o Mechanics ser considerado uma das grandes referências da cena musical não mais apenas de Goiânia, mas em outros lugares do País? Márcio: Nem sei se somos isso mesmo. O que temos feito ao longo destes 15 anos é nos embrenhar em caminhos que possam nos surpreender. Negamos a segurança das fórmulas, mesmo aquelas que porventura tenhamos criado. Não me interessa fazer música para agradar. Fujo desesperadamente de qualquer coisa que aos meus olhos se assemelhe a um clichê, ainda que do rock alternativo. Enfim, queremos estar em lugares onde jamais estivemos antes, artisticamente falando. Isso é o que nos faz continuar acreditando na banda. E sempre que outras pessoas conseguem estabelecer algum tipo de conexão com isso, é a maior de todas as recompensas. De qualquer forma, sua própria pergunta já nos deixa infinitamente lisonjeados.

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Dyna: De uns anos pra cá, a cena musical goiana tem se fortalecido cada vez mais, tanto que se consolidou e hoje realiza grandes festivais. Como era antes desse “boom”? Márcio: É engraçado ver como a história do Mechanics está intimamente ligada à do desenvolvimento da cena rock goiana. Somos um dos principais protagonistas dessa trajetória, afinal de contas, sou um dos criadores do Goiânia Noise Festival e da Monstro Discos. O Mechanics, por exemplo, é a única banda a tocar em todas as edições do Noise, desde sua criação. Na verdade, uma das razões iniciais para eu me tornar produtor cultural foi a ideia de criar espaços para o Mechanics. A realidade de quando começamos e de hoje são absolutamente distintas. No início, sequer deixavam a gente tocar nas casas noturnas da cidade; achavam que éramos drogados e arruaceiros. Não estavam totalmente errados, na verdade (risos). Mas hoje é muito legal perceber que uma banda nova, desde que competente, em pouquíssimo tempo, pode ter um puta disco gravado, fazer turnês pelo Brasil e pelo exterior, receber atenção da mídia etc.

Dyna: E hoje, com a mudança deste cenário, como está sendo para vocês? Márcio: Seguimos retos em nossos caminhos tortos...

Dyna: Para 2009, qual é o grande plano e/ou desafio do Mechanics? Márcio: No momento demos um tempo com shows para nos dedicarmos à criação de nosso novo álbum, que deve sair até o final do ano. Temos uma nova formação, na qual, pela primeira vez, há uma segunda guitarra incorporada à banda, além de um novo baterista. O desafio de agora é compor, pela primeira vez, um disco inteiramente em português. O inglês, com o qual sempre trabalhamos, havia se tornado um terreno firme e seguro, o que me levou a esta nova proposta. Estamos muito entusiasmados, tanto com a nova formação quanto com o material que estamos compondo. Voltaremos aos palcos quando este material estiver pronto, e podem ter certeza que vem muito barulho sujo e performances insanas por aí. Afinal, esta é a única constante nestes 15 anos. M

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ma das mais importantes bandas de heavy metal pós-anos 80 da Alemanha - e por que não do mundo? –, o Primal Fear Ulança seu mais recente trabalho “16.6 (Before The Devil Knows You’re Dead)” com um estrondo, e não me refiro a algum tipo de marketing ou publicidade especial, mas simplesmente à qualidade do trabalho, um CD de 14 músicas que pode ser considerado sem qualquer sombra de dúvida o melhor da banda até hoje. À frente do Primal Fear está , cujo talento empresta à banda grande parte de sua qualidade e credibilidade. Um dos mais aclamados vocalistas do metal contemporâneo, Scheepers foi aberto e simpático em sua ligação telefônica para fazermos a entrevista. Nela, acabamos conversando não apenas sobre o presente, mas também sobre a história da banda e do próprio vocalista. “A primeira coisa que me vem à cabeça é que foi uma década muito sortuda, o que é muito positivo”, diz Scheepers. Ano passado a banda comemorou o aniversário de 10 anos com a turnê “10 Years Of Metal”, após a qual outras turnês se seguiram pelo mundo afora. “Não é nada negativo estar ocupado”, ele continua, “Este é o nosso oitavo álbum de estúdio, isso sem contar outras coisas, como CD ao vivo e DVD, coletânea... Dá pra ver que tivemos uma década muito boa. É muito bom ser criativo e compor músicas o tempo todo. E o tempo passa muito rapidamente quando se está ocupado; quando você está concentrado nas coisas você nem sente o tempo passar”. Mas não é tão difícil se fazer ocupado; o difícil é fazer seu trabalho vingar, o que nunca foi difícil para o Primal Fear, que já nasceu como uma das bandas européias mais promissoras, com músicas do primeiro álbum já entrando nas paradas e sendo a atração principal em turnês internacionais já no segundo. “Eu percebi desde o início que nunca haverá outra banda, que esta banda é a banda para mim”, Scheepers diz com absoluta certeza. Mas muita gente já pensou o contrário. Quando Scheepers formou a banda que se tornaria o Gamma Ray junto com o guitarrista , recém-saído do Helloween, todos pensaram que essa seria a banda definitiva do vocalista. Afinal de contas, Scheepers e Hansen eram amigos pessoais, a banda era um projeto dos dois que acabou virando banda porque cresceu e o Gamma Ray se tornou sucesso imediato. “Pois é, a gravadora queria que tivéssemos uma banda oficial e não apenas um projeto. Na verdade, eles queriam uma banda Primal Fear do Kai Hansen, mas Kai sugeriu uma ‘banda geral’ mesmo”, conta, Ralf Scheepers conta tudo sobre o melhor “Nós éramos amigos e ainda somos amigos. Foi apenas esta única pequena briga que tivemos e acabamos indo para lados opostos”. disco da banda até o momento

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A “pequena briga” a que ele se refere possui duas versões distintas. Uma diz que foi porque o vocalista morava em outra cidade, impedindo assim o fluxo corrente de ensaios. Outra diz que foi por ciúme de Hansen devido a Scheepers ter se candidatado ao posto de vocalista do , vaga que na época estava aberta após a surpreendente saída de da banda. “Sim, teve o lance da minha candidatura ao Judas Priest”, conta Ralf, “Mas antes disso já havia um óbvio clima ruim na banda porque os caras queriam que eu me mudasse para Hamburgo, mas eu não podia fazer isso, pois era financeiramente inviável sem um apartamento ou comida, então essa é a razão pela qual eu fiquei aqui em Stutgart”. Aí veio a candidatura ao Priest e então a coisa piorou de vez. As gravações de ensaio começaram a aparecer com Hansen e (Dirk) Schlächter cantando as músicas para o próximo disco (que seria “”), uma grande indireta de que não mais o esperavam na banda. “Sim, no fim os caras começaram a cantar as músicas eles mesmos, e então o sentimento em relação à banda passou a não ser mais tão bom”. Isso não significa que as coisas tenham ficado ruins para sempre. “Depois acabamos resolvendo tudo isso”, conta Ralf, “Ainda somos amigos e quando nos encontramos é sempre agradável, como no dia 25 de abril na Noruega; nós tocamos na sexta e eles no sábado, e ficamos muito felizes em nos rever, e é assim todas as vezes que nos vemos. Inclusive, Kai fará um solo de guitarra no meu CD solo; aguardo ansiosamente por isso. É sempre bom trabalhar com ele também”. Mas antes que os fãs se animem, Ralf adianta que eles terão que esperar um pouquinho para mais detalhes sobre seu disco solo: “Claro, farei a turnê com o Primal Fear primeiro, mas creio que na época do Natal vou colocar tudo no hard drive e chamar uns músicos convidados cujos nomes não posso falar no momento, mas as pessoas se surpreenderão. Eu tenho esse punhado de músicas que fui compondo ao longo dos anos e que estou louco para gravar, e já é mais que hora”. E, claro, logo o assunto volta a ser o Primal Fear: “Portanto é muito fácil para mim dizer que o Primal Fear é a banda definitiva da minha vida. Quero dizer, o que mais você vai fazer da sua vida após a rejeição da mais representativa banda de metal dos anos 80?”. Scheepers, claro, se refere a quando perdeu a vaga de vocalista do Judas Priest para Ripper Owens, ficando com o segundo lugar. “Na época foi um grande desapontamento, mas cada rejeição, cada coisa negativa também é um novo começo”, reflete, “E foi exatamente isso que eu vi na época quando me uni a Mat (Sinner, baixista) e Tom (Naumann, baterista), e nós começamos o Primal Fear. Essa banda é uma grande coisa para mim e nela eu também posso realmente exprimir meus vocais do jeito que eu quero. É uma grande coisa e é onde estarei por toda a minha vida”.

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Antes de falar do novo álbum, não pude deixar de tocar em duas significativas mudanças que ocorreram na banda. Uma delas foi a mudança de gravadora - o novo trabalho do Primal Fear é o segundo lançamento da banda pela Frontier Records, após todos os demais terem saído através da . “Às vezes você tem que passar por mudanças em sua vida”, diz o vocalista, “Tivemos uma gravadora trabalhando para nós por 10 anos, e eles fizeram um bom trabalho para nós, não há dúvida quanto a isto. Mas de algum modo a coisa passou a ficar diferente. Começamos a sentir que eles não estavam mais tão fascinados em trabalhar conosco, entende? Percebemos que não havia nada de especial acontecendo com os nossos discos no que diz respeito ao lado promocional e essas coisas. Além disso, havia um lance desconfortável entre o Mat e a Nuclear Blast porque ele trabalhava lá e depois saiu devido a problemas de ordem pessoal, então mudamos de gravadora, e no fim foi melhor para todos”. A segunda grande mudança que houve na mesma época foi a volta do guitarrista Henny Wolter após sua saída na época do álbum “Black Sun”. “Ele voltou para ficar, com certeza”, diz Scheepers animadamente, “Ele estava com problemas de relacionamento na época. Sua namorada estava indo embora, e o mais irônico é que eles nem estão mais juntos. Mas na época ele tinha isso para resolver. Mas no final ele estava sentindo muito falta da banda e percebeu a parte grande e muito importante da vida dele que estava faltando: a música. Ele ficou imensamente feliz quando nós ligamos e pedimos para que ele se juntasse a nós novamente. Nós sempre tivemos esse sentimento especial por ele porque ele é um cara muito rock’n’roll, muito cabeça- aberta, e também um sujeito muito amigável”. Muita gente diz que as letras do Primal Fear, apesar de contar histórias de cunho fantástico, são meras metáforas para assuntos mais sérios, e a banda sempre aumentou a controvérsia não confirmando ou negando essa afirmação. Mas não dessa vez. “Eu concordo com você. Por exemplo, no novo disco fizemos isso nas músicas ‘Black Rain’ e ‘Soar’”, ele confessa, “Às vezes nós escolhemos temas sérios e queremos mostrar nossas opiniões sobre as coisas, mas não de um modo exageradamente sério. As letras também são entretenimento, mas às vezes você tem que passar sua mensagem; você não pode apenas ficar na fantasia e ficção-científica, e tem vezes nas quais você escreve o que vem na sua cabeça até que essas coisas viram letras”. Mas o mais curioso é como as pessoas rotulam o Primal Fear. Apesar desses rótulos estarem dentro de um certo limite, os mesmos são ainda assim bem variáveis: teutonic power metal, metal melódico alemão e heavy metal tradicional são apenas alguns exemplos. “Eu não dou a

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mínima para rótulos”, diz sabiamente o vocalista, “Para mim é heavy metal e acabou. Há tantos rótulos que eu nem mesmo quero saber quais são, porque no final o que importa é se você curte o som ou não”. Rótulos ou não, críticos têm dito que neste novo CD você pode encontrar músicas que são puro Primal Fear, como o esperado, mas também músicas que são estilisticamente diferentes. Na minha opinião, o disco todo soa como Primal Fear, mas um Primal Fear evoluído e “atualizado”; a banda não soa experimental, mas segura e confiante para adicionar um novo “twist” ao que eles fazem. “Você pegou a idéia com exatidão”, afirma Ralf, “Essa era exatamente a nossa intenção, o que realmente queríamos fazer. Talvez tenhamos exagerado um pouco no ‘New Religion’ [o álbum anterior, de cunho mais experimental], com os teclados e as partes épicas, mas estas são também parte do Primal Fear. Mas agora nós combinamos tudo com o estilo e a agressão do metal de nossos álbuns anteriores; temos o lance épico em ‘5.0/Torn’, ‘Black Rain’ e ‘No Smoke Without Fire’, mas em cada álbum novo haverá um pouco dos anteriores e também um pouco de evolução. ‘Soar’ é um bom exemplo do primeiro caso, porque inseridos nela nós temos aqueles sons eletrônicos e nós também sempre tentamos trazer algo novo como em ‘Hands Of Time’, com quatro caras cantando. Portanto, tentamos fazer as coisas um pouco mais interessantes para os fãs, e no final é uma boa coisa. Nós gostamos de apresentar uma variedade para os ouvidos deles”. É inegável o fato de que “16.6 (Before The Devil Knows You’re Dead)” é o melhor lançamento da banda até o momento. Se eles tivessem lançado sete das 14 músicas do disco, ainda assim valeria a pena. “Se você pergunta a um músico qual o melhor trabalho dele até o momento você sempre ouvirá que é o último, o mais recente, pois é o seu novo bebê e também o seu novo trabalho, e você tem que apoiá-lo”, afirma o vocalista, “Mas, na verdade, já há quase um ano estamos sacando a qualidade deste trabalho, ele já tomou conta de nossas mentes e de nosso sangue, e no momento estamos tocando quatro músicas dele ao vivo e vamos passar a tocar seis quando começarmos nossa turnê como atração principal. Isso significa que estamos totalmente confiantes neste disco, claro, e estamos ansiosos por tocar este material ao vivo”. E o Brasil será um dos países onde o Primal Fear tocará essas músicas. “Sentimos a paixão do brasileiro por metal quando vamos lá, sem dúvida alguma”, diz Scheepers, “Os países sul-americanos são realmente muito positivos em relação ao heavy metal e sempre que vamos até lá é fantástico. Estamos ansiosos por voltar lá este ano. Começaremos indo para o México e depois desceremos para a América do Sul. Daremos um show na Colômbia e no dia seguinte descansaremos. Depois iremos para a Argentina, e no dia 09 de agosto estaremos em São Paulo. Infelizmente, não iremos ao Rio dessa vez, não vai dar. Mas em São Paulo será ótimo, como sempre. Não vejo a hora”. M Então anote a data: São Paulo, 09 de agosto.

Edição 105 - Junho-Julho/2009 29 By Bruno Palma Fernandes Imagens: divulgação/reprodução The Mattson 2 Jazz e surf music produzidos à base de telepatia

o começo do ano, o The Mattson 2 passou pelo Brasil para uma pequena turnê promovida por uma marca de roupa. A dupla californiana, formada pelos irmãos gêmeos Jared N(guitarra) e Jonathan Mattson (bateria) surpreendeu o público com sua mistura de jazz com referências mais atuais, sendo a surf music a que mais se destaca em sua sonoridade. O duo chama a atenção pela forma como se apresenta. Jared cria bases num pedal de loop e vai destrinchando brilhantes melodias por cima, enquanto Jonathan se divide entra a marcação, mais certeira, e o improviso, mais livre, característico do jazz. Em entrevista à revista Dynamite, Jonathan conta um pouco sobre como ele e seu irmão criaram a dupla, sobre sua trajetória e até a respeito de curiosas influências da música tupiniquim.

Edição 105 - Junho-Julho/2009 30 The Mattson 2 Dynamite: Em primeiro lugar, como e quando vocês começaram a tocar? A musicalidade de vocês tem origem na família? Jonathan Mattson: Eu e meu irmão começamos a tocar guitarra por volta da sétima série, mas só depois de uns três anos eu comecei a tocar bateria. Pode-se dizer que tudo começou quando tínhamos uns 15 anos de idade. Nossa família não é muito musical, embora nossa avô Charles Goodell tenha tocado com Benny Goodman e minha bisavó tocasse piano clássico como passatempo. Ainda assim, a maior parte da minha família é constituída de artistas.

Dyna: Como vocês chegaram a essa mistura de jazz e surf music? Quais outras influências vocês têm? Jonathan: Não posso dizer que tentamos criar algo assim. Isso meio que aconteceu por acaso mesmo. Nós originalmente tocávamos estritamente jazz e tínhamos as mentes bem fechadas. Não gostávamos de nada que não fosse jazz. Mais tarde conhecemos o cineasta e artista Thomas Campbell, o que nos abriu a mente para outros gêneros musicais. Acho que foi nesse ponto que nosso estilo passou a flertar com o surf. Mas, novamente, não foi nada planejado. Nós só tocamos e compomos da maneira que nos soa certo. Escrevemos melodias que agradam a nossos ouvidos.

Dyna: As músicas de vocês têm tempos complexos. Vocês nunca se perdem? Jonathan: Na verdade, não, e é esse o truque (risos). As músicas são simples, com acordes simples. Eu acho que é o que fazemos sobre essa simplicidade que faz soar como complexo. Tenho certeza de que me perdi algumas vezes. Mas, surpreendentemente, essa coisa de gêmeos – chame de telepatia ou qualquer outra coisa – realmente nos une musicalmente, e normalmente podemos prever o que o outro vai fazer ou nos comunicar sem precisar falar nada.

Dyna: Vocês estiveram no Brasil esse ano. Conhece um pouco de nossa música? Jonathan: Alguns dos meus artistas favoritos são do Brasil. Coisas como Lô Borges, o começo da carreira do Milton Nascimento e Beto Guedes. Mais recentemente, a cena pós-punk brasileira me atraiu, com bandas como Akira S. e as Garotas Que Erraram, Fellini e Gang 90 e as Absurdettes.

Dyna: Quais eram as suas expectativas para os shows aqui? Elas estavam longe do que acabou sendo? Jonathan: Cara, eu não tinha a menor idéia do que esperar do Brasil e não tinha absolutamente idéia do que esperar do público. Um grande amigo do Brasil, chamado Jair Bortoleto, foi quem teve a idéia de levar o Mattson 2 ao Brasil. Depois, o Jair me apresentou Rafa Varandas, de uma incrível marca de roupa, chamada Cotton Project, e ele patrocinou a turnê e nos levou a todos os shows. Os dois foram cruciais para a nossa ida ao Brasil. No fim, os shows foram melhores do que eu poderá imaginar. O público realmente nos acolheu como um dos seus, e aceitou e compreendeu nossa música. Alguns dos gritos mais altos que já ouvi de uma platéia! Foi mágico, cara!

Dyna: Por que você lançaram primeiro o disco com Ray Barbee, e não sozinhos? Jonathan: Na verdade, isso depende do país, pois no Japão nós lançamos “Ray Barbee Meets Mattson 2” primeiro, e nos Estados Unidos primeiro saiu o EP “Introducing The Mattson 2”. De qualquer forma, lançamos com Ray primeiro no Japão para promover mais o Mattson 2, pois ele já era bem conhecido por lá. Foi uma oportunidade de nos promover melhor no Japão, e em todas as outras partes, eu acho.

Edição 105 - Junho-Julho/2009 31 The Mattson 2

Dyna: E o primeiro álbum oficial só de vocês? Jonathan: Vamos gravá-lo esse ano. Ainda não tenho certeza de quando ele será lançado. Espero que até o começo do próximo ano, no máximo.

Dyna: Vocês costumam trabalhar com muitos colaboradores. Como os escolhem? Jonathan: No “Ray Barbee Meets The Mattson 2” nós colaboramos com Ray, é claro, e tocamos com nossa baixista Aakaash Israni. Depois tivemos convidados, como Tommy Guerrero no baixo e Money Mark no Fender Rhodes. Eles tocaram na música “Speaker Breaker”. Teve também o Alfredo Ortiz, que tocou congas em “Cheeks”. Acho que no próximo lançamento teremos Ray em uma música apenas, e a maior parte do resto do disco será apenas o Mattson 2 e o baixista Aakaash.

Dyna: Jared usa um pedal de loop para criar melodies sobre bases. Você sabe se é difícil usar esse equipamento? Jonathan: Eu já vi muita gente usar esse pedal, mas não do jeito que o Jared usa. Ele realmente o utiliza como se fosse um terceiro instrumento e faz com que seja algo sutil e que flui de forma leve, não apenas como uma linha de fundo.

Dyna: E na hora de compor? É mais difícil com apenas dois caras ou vocês preferem assim? Vocês usam o pedal de loop para compor? Jonathan: Compor com mais de uma pessoa costuma ser difícil, pois elas não têm exatamente o mesmo ouvido para a música que você. Quando eu e Jared compomos, é mais fácil ter só nós dois, pois nós temos uma certa visão, e é fácil fazer acontecer quando a pessoa compondo com você tem a mesma visão melódica. Nós compomos com o loop. Usamos o loop para escutar as harmonias e a forma como os acordes se misturam à melodia.

Dyna: Vocês sentem falta de outros instrumentos às vezes? Jonathan: Eu realmente gosto do som do duo, sem o baixo. Não que eu não goste de baixo, mas às vezes não soa certo com o loop. Mas nós tocamos com Ray Barbee e com Aakaash Israni, e algumas vezes até tocamos com Jared e Tommy Guerrero nas guitarras, e House, baixista de Tommy, e eu, é claro, na bateria.

Dyna: No show que vocês fizeram no Tapas vocês tocaram uma versão instrumental de “Ask”, do The Smiths. Vocês costumam tocar outras versões? Quais? Jonathan: Nós gostamos muito de “Ask”, e eu acho que ela tem muito a ver com o nosso som. Nós também já tocamos covers de “Seneca”, do Tortoise, “Stolen Moments”, de Oliver Nelson, e “Maiden Voyage”, de Herbie Hancock.

Dyna: Planos para voltar ao Brasil? Jonathan: Cara, eu adoraria voltar ao Brasil! Espero planejar algo para o próximo ano com o Jair e o Rafa mais uma vez. Seria maravilhoso! Espero que nossos últimos shows pelo Brasil tenham criado um burburinho e uma expectativa para nossa volta, para que da próxima vez façamos mais shows, e melhores. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 32 By Marcelo Teixeira Imagens: Michael Johansson

om a saída do baixista Magnus Rosen, em 2007, Fredrik Larsson voltou a assumir o posto que ocupou entre 1994 e 1997 na banda sueca de power Cmetal Hammerfall. Em entrevista à revista Dynamite, Fredrik contou um pouco sobre sua volta à banda e mais uma porção de curiosidades que a envolvem, como o ataque ao vocalista , a repentina saída do guitarrista Stefan Elmgren e a inusitada gravação de “My Sharona”, do The Hammerfall Knack, que aparece em “No Sacrifice, No Victory”, álbum Baixista retorna à banda e fala sobre sua fase atual que o Hammerfall lançou no começo do ano. Confira:

Edição 105 - Junho-Julho/2009 33 Hammerfall

Dynamite: De onde veio a idéia de gravar um documentário sobre a banda? Fredrik Larsson: Nós decidimos fazer esse documentário para registrar o fim de uma trajetória. Agora é hora de começar um outro caminho. Daqui um tempo olharemos para trás e provavelmente decidiremos documentar essa outra etapa.

Dyna: Nesse documentário fica clara a distância entre o baixista Magnus Rosen, que você agora substitui, e o restante da banda. Você sabe se é verdade que ele anunciou sua saída através de um e-mail? Fredrik: Eu não sei muito a respeito dessa história. Magnus me substituiu durante esses anos e agora eu estou de volta, em seu lugar. Tudo o que eu sei é que após 10 anos começaram a surgir diferenças entre eles, e foi essa a razão da saída de Magnus. Tenho certeza de que foi para o melhor.

Dyna: Com a saída de Magnus, você foi uma escolha automática? Fredrik: Bom, eu já havia tocado na banda e também na carreira solo de Joacim, então eu acho que foi mais ou menos isso mesmo.

Dyna: Como a banda recebeu a notícia da saída de Stefan, que decidiu se dedicar à carreira de piloto de avião? Fredrik: Isso foi certamente um grande choque para todos. Stefan pegou todo mundo desprevenido. Ele estudou muito para isso e todo mundo sabia que ele estava tirando licença para pilotar, mas ninguém tinha idéia de que ele pensava em deixar a banda. O que aconteceu foi que ele sentiu a necessidade de fazer algo completamente novo. A banda ficou bastante surpresa, mas respeitou sua decisão.

Dyna: Por que lançar a compilação “Masterpieces”, com todos os covers que o Hammerfall já gravou? Fredrik: Eu, na verdade, não estava presente na maioria deles. Mas é um trabalho importante para o Hammerfall, pois os covers são de bandas que nos serviram de inspiração. Além disso, essas regravações estavam todas espalhadas em diversos lançamentos, por isso resolvemos facilitar para os fãs e lançar todas num disco só.

Dyna: E por que escolheram “My Sharona”, do The Knack, para gravar em “No Sacrifice, No Victory”? Fredrik: Nós estávamos no estúdio um dia e o Oscar começou a brincar com o riff dessa música, mas fazendo-o soar bem heavy metal. Nós achamos que soou legal e começamos a tocar junto. O resultado agradou a todos e por isso decidimos gravar.

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Dyna: Esse foi o primeiro cover que vocês gravaram que originalmente não era metal. Pretendem voltar a fazer isso? Fredrik: Por que não? O que interessa é se a música é boa. E eu acho que o que interessa para o público é se o que nós tocamos soa bem. Podemos voltar a fazer isso, sim, mas é claro que, se fizermos, vamos tocar do nosso jeito.

Dyna: Joacim superou o ataque que sofreu em 2002? Fredrik: Esse ataque foi bem problemático para o Joacim. Ele passou por um período bastante crítico, com síndrome do pânico, com medo de sair de casa. Eu não sei dizer o que ele fez para conseguir superar, mas sei que já está superado.

Dyna: No documentário, Oscar diz que até esse incidente era “moda” falar mal do Hammerfall. Ele se referia à imprensa, às outras bandas ou ao próprio público? Fredrik: Isso realmente acontecia. Partia de pessoas que não eram fãs da banda, que gostavam de não gostar do Hammerfall. Não era “cool” gostar de Hammerfall. Muitos jornalistas também pensavam assim. De uns tempos pra cá isso foi mudando.

Dyna: O Hammerfall costuma gravar clipes com atletas. Os integrantes da banda são entusiastas de esportes? Fredrik: Alguns gostam muito de esportes, sim. Alguns praticam artes marciais, como taekwondo. Mas não é o meu caso. Eu só jogo squash, mas apenas por diversão.

Dyna: Vocês já tocaram em várias partes do mundo. Qual a diferença do público de continente para continente? Fredrik: O público é sempre muito diferente. Gosto bastante de tocar no norte da Suécia. É sempre muito bom. Na América do Sul e no sul do continente europeu também é sempre excelente, pois o público nessas regiões é bem emotivo.

Dyna: E quando voltam a tocar por aqui? Fredrik: Temos planos para fazer uma turnê pela América do Sul no ano que vem. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 35 Fi q u e p o r d e n t r o d o s ú l t i m o s lançamentos d e CDs. EARS UP O s i t e d a r e v i s t a (w w w .d y n a m i t e .c o m .b r ) t r a z m a i s lançamentos .

PEPE DELUXE Condessa Co t a ç ã o : – Spare Time Safira - MMMMM (Excelente); Machine (ST2) Condessa Safira Nota: 6 (Independente) MMMM (Ótimo); Viajeira musical Nota: 8 MMM (Bom); deste finlandês, O Condessa que mistura Safira, de São MM (Regular); a psicodelia Paulol, tem nítida M (Fraco) dos anos 60, influência de punk trabalhando bem rock, porém com suas melodias algumas pitadas ‘floyd-beatle- de pop, que fazem Girlschool – doors’. É uma deste trabalho Legacy (Hellion) verdadeira bastante acessível. Nota: 10 passagem para uma viagem no tempo com O EP possui seis faixas, dentre as quais se destacam Girlschool é, sabor de lisergia e toques de ténéré, microfones a faixa de abertura, “O Inferno de Nós Dois”, com um acima de tudo, gravando sustentados no ar e abaixo d’água, excelente arranjo de guitarra da ótima Bruna Mariani, e uma grande tecladinho moog, sem contar a arte gráfica do a de encerramento, “Tão Mal”, na qual a vocalista Júlia banda de rock CD, que realmente nos remete aos anos 60. se destaca. Os homens que formam a cozinha também pesado. Quando Ouçam “Lucky The Blind Vs. Vacuum Cleaning aparecem bem, além de darem suporte para as meninas surgiu, nos anos Monster” ou “Ms. Wilhelmina And Her Hat”, “Last voarem. Todas as faixas são bem legais, à exceção 80, ninguém Of The Great Explorers” e “Captain Carter’s de “Um Pouco de Alguém”, que, se não decepciona, acreditava que Fathomas”, e não se esqueçam da cartelinha. (RKR) também não chega a empolgar. Nessa banda, são as quatro mulheres mulheres que mandam! E como mandam bem! (MT) pudessem Overlife INC fazer um hard – O Pior do “Eu” GOREFEST - rock, flertando com o metal, em um nível tão (SMD) Nota: 6 Rise To Ruin bom. Depois de 30 anos de uma carreira bem O Overlife, (Nuclear Blast) sucedida, mas que nunca foi mainstream, a banda de Nota: 8 banda lançou em 2008 “Legacy”. O disco é hardcore do “Rise To Ruin” puro peso. São 15 faixas de real rock feito ABC paulista, tem tudo para se com alma e qualidade. Guitarras, muitas traz neste novo tornar um clássico guitarras, construções musicais que emparedam trabalho uma do death metal. O qualquer indie desavisado e dodói, que adora proposta sonora trabalho é brutal, bobagens e hypes fru-fru. Com participações com riffs de e a selvageria é especiais de Lemmy, Tony Iommi, Dio e outros guitarras rápidas intensficada com ícones, o CD pende mais para o heavy metal de dois e três passagens mais com composições bem estruturadas e bem acordes, com técnicas, riffs acabadas. O trabalho é uniforme e se equipara alguns pequenos solos no decorrer das músicas. fortes e solos bem aos melhores do grupo, “Demolition” e “Hit And O baixo acompanha a bateria típica do hardcore elaborados, mostrando que os holandeses honram Run”. Ou seja, as veteranas que influenciaram californiano, com bumbo caixa e chimbal seu passado. O vocalista e baixista Jan-Chris várias bandas femininas fizeram um retorno velozes e eficientes. As 11 músicas do disco têm de Koeijer faz aqueles vocais guturais e fortes grandioso e sem restrições à melhor música. cerca de dois minutos de duração cada, com em todos as 11 faixas. Embora tosas as faixas Recomendado para quem conhece as meninas, letras que tratam de temas de protesto, reflexão sejam ótimas, duas se destacam em especial: “A e recomendadíssimo para quem não as interior e realidade social. Destaque para Question Of Terror” e “Babylon´s Whores”. Ouçam, conhece. (DL) “Ambíguo” e “Histórias de Fantasma”. (ACP) e vejam se não tenho razão. (MT)

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VAN CANTO guitarras é que Dead”, “Killbound” e “Smith And Wesson” são – Hero (Laser ditam o ritmo heavy metal em sua mais pura forma). O Primal Company) Nota: da banda, junto Fear aqui mostra que tem personalidade própria 6 com a bateria e sabe variar sem “sair da estrada” (“Soar” E os alemães rápida e forte e o começa eletrônica e cai em puro metal; “Black do ‘coro metal’ baixo marcante. Rain” começa arábica e vira uma balada épica chegam a Naturais de de primeira qualidade; e “Hands Of Time” é uma seu segundo Londrina/PR, balada acústica com quatro vozes e o resultado lançamento, no apresentam o é simplesmente espetacular). Claro, temos as qual desfilam seu mais novo “priesteanas”, caso de “Scream”, “Under The 10 faixas EP com letras Radar” e “Killbound”, mas veja como as duas entre músicas em inglês e uma primeiras “desviam” para se tornar “algo mais” - próprias e covers estética visual uma banda influenciada por Judas Priest, mais que vestem determinante. que uma que soa como Judas Priest. E eu ainda a camisa da banda, como “Kings Of Metal” A faixa “Out of Your Radar” é surreal, e “You’re não falei de todas as músicas (são 14!)... Quer (Manowar), “Wishmaster” (Nightwish), “The Missing” conta com a participação de Keith saber? Compra esse disco, cara! (MM) Bard’s Song – In the Forest” (), Robert no solo principal. (EPS) “Stormbringer” (Deep Purple) e “Fear Of The Subburbia Dark” (), já bastante conhecida pelo Primal Fear - 16.6 ‘Before The Devil Knows – Subburbia () público, pois vem a ser a mais velha dentre You’re Dead’ (Nuclear Blast) Nota: 9 Nota: 10 os costumeiros covers executados em suas Este disco veio para quebrar tabus. Para Este quinteto apresentações. As canções próprias estão aqueles que ficam eternamente discutindo de Curitiba tem representadas com “Speed Of Light”, que abre o qual o melhor disco do PF, se é “” uma sonoridade disco apresentando a virtuose da banda aos que ou “Black Sun”, aqui está a resposta: “16.6 toda particular: ainda a têm como desconhecida, “Pathfinder” (Before The Devil Knows You’re Dead)”. “Ah”, uma mistura de e “Quest For Roar”, que consolidam o grupo você me diz, “Houve outros excelentes discos pop eletrônico na cena power metal, “Take To The Sky”, com depois daqueles dois, e mesmo assim a dúvida oldschool 80s’ uma enorme roupagem à la Blind Guardian continua - e girando em torno daqueles dois”. com new wave, (tanto que, de quebra, ainda tem a participação Então se faça o favor e compre este aqui. Não mais indie de Hansi Kürsch, vocalista da citada banda temos aqui apenas uma banda de metal alemão, 90s’ nos riffs, germânica), e, fechando o CD, a faixa-título, nos mas uma das cabeças do metal alemão (“Riding e electro rock mesmos moldes da anterior. “Hero” traz um DVD The Eagle”, “Under The Radar”, “Cry Havoc” atual. Os vocais de E1000 e sua esposa Naomi de bônus contendo vídeos das músicas “Speed e “Night After e as letras marcantes, sobrenaturais e sinceras, Of Light”, “Battery” (Metallica), “Rain” e “The Night” são o dão o tom a essa banda que anda arrancando Mission”, making of dos videos “Speed Of Light” melhor que o elogios com este primeiro trabalho de produtores e “Battery”, além de cenas em estúdio e de sua metal alemão da cena independente. E não é pra menos. passagem pelo Brasil. (RKR) pode oferecer). É excelente o uso de melodias dançantes, Não temos distorções e efeitos eletrônicos infernais, e de New Ones – New Ones () Nota: 8 apenas uma guitarras e baixo bem rockers. Com referências Nesse EP de duas faixas fica uma palhinha do banda que faz que vão desde Sonic Youth e Rapture que o New Ones é em sua essência: uma banda heavy metal, até , e com uma presença de amigos que tocam com prazer e que em mas uma das estética que beira a perfeição, é mais do que suas apresentações leva o público ao delírio, poucas bandas recomendado à audição. É pra se jogar na pista. e que de longe arrebentam com seu punk rock hoje em dia que Em destaque as faixas “09,10... Once Again” e niilístico misturado com power pop e doses pra sabe fazer heavy “Soul Sister”, esta que já foi até remixada pelo lá de glitter e alt country cheio de atitude. As metal (“Six Times famoso DJ alemão Tanzfaster. (EPS)

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WASHINGTON para a história política de sua cidade-natal, SINNER - Crash DEL BUFFALO Londrina/PR. Nele, o Droogies vem com toda & Burn (AFM/ (Demo) Nota: 6 energia estética rock sanguinária no estilo Laser Company) Washington “Clockwork Orange”. O frontman da banda é Nota: 8 Del Buffalo vem Felipe Teixeira, que chuta o balde com seu Matt Sinner, executando o mix de punk e garage, acelerado e frenético. baixista do bom e velho As músicas têm guitarras a mil, bateria numa Primal Fear, rock’n’roll pegada bastante pontuada e marcada, e letras volta com mais setentista com curtas de protesto, com conotações políticas um trabalho pitadas country, diretas e extremas, cantadas em inglês radical dedicado ao emplacando e pesado. A referência à política da cidade vem metal tradicional. refrões grudentos no nome do EP, uma “homenagem” a Antônio Muito bom, por e bem bolados, Casemiro Belinati, ex-prefeito de Londrina com sinal. Trata-se de prendendo a um histórico de má administração de dinheiro um CC bastante atenção do ouvinte durante todo o repertório público. “Belinasty” é o segundo EP da banda e eclético. Começa com a faixa-título, cujos riffs do disco, da abertura, com “Road Warrior”, uma prévia do CD a ser lançado ainda em 2009, lembram um pouco a música “We Rock”, do passando por “Bones” e “The Power Of Love”, sucedendo o “Street Stripper”, de 2005, que mestre Dio, passando em seguida para “Break que dão uma atmosfera dark num filme de retrata a boa e velha fórmula do rock: noite sem The Silence”, mais melódica, e “The Dog”, esta faroeste, até a instrumental “Buffaloville”, que fim, sexo e bebedeiras na cidade. (EPS) com excelentes arranjos e um pouco de groove. separa o CD das citadas anteriormente às O trabalho é todo bem feito. A qualidade é baladas pop, como “I Just Wanna Drink”, que Cassim – evidente em faixas como “Heart Of Darkness” tem um quê de Bauhaus e Billy Idol, “My Friend”, Ready () Nota: 6 e “Revolution”, com riffs bem legais, na balada que cairia como uma luva em repertórios de Novo projeto “Until It Hurts”, com belos solos, e nas ótimas bandas como Counting Crows, Black Crowes e de Cassiano “Litlle Head”, “Like A Rock” e “Conection”, com por aí vai, e, fechando o álbum, “Balyhoo Days”, Fagundes, excelentes solos. (MT) que chega a lembrar Crash Test Dummies, da banda faltando o conhecido refrão ‘hmmm hmmm paranaense ENSLAVED hmmm’ em certas partes da música. Se for bem Bad Folks e – Vertebrae trabalhado, terá resultado. (RKR) da catarinense (Somber) Nota: 7 Cassim & Décimo álbum Droogies – Barbaria. dos nórdicos do Belinasty () Nota: 8 Assinando Enslaved, onde Aumente o apenas como o grupo continua volume e tire as Cassim, o mesclando seu crianças da sala! músico apresenta neste trabalho muita energia viking metal O som aqui é e um jeito todo especial de unir sonoridades com elementos pra quem gosta eletrônicas experimentais espaciais a vocais e progressivos, de rock. Mesmo guitarras distorcidas num indie pop com rock notóriamente nas sendo um singelo psicodélico, noise pop, rock industrial e kraut faixas “Clouds“ e EP de duas rock. Vale a pena escutar “Libertaria”, “That “Ground“. Faixas faixas, produzido Old Spell” e “This Place Called Felling”. As mais porradas, como “To the Coast“, “New por Alexandre composições, cantadas em inglês, têm como Dawn“ e “The Watcher“ (que fecha o disco), Bressan no referências Violeta de Outono, Death In Vegas contra balanceia o ritmo e temos até uma faixa final de 2008, e Sonic Youth, num mix mais que original. O arrastada, nos moldes doom, “Center“, dando “Belinasty” é um trabalho muito precioso e um virtuosismo nas criações de Cassim dá um toque assim. A faixa título também merece destaque, registro marcante tanto para a banda quanto todo especial a esse trabalho ímpar. (EPS) com uma roupagem bastante anos 90. (RKR)

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Elma – Elma () aproxima, cada vez mais, da cultura brasileira, que não deprecia em nada o CD. Alías, só Nota: 10 seja no idioma ou no estilo musical mpb, em acrescenta! “D.E.V.O.L.U.T.I.O.N.” é ainda mais Com bateria, especial do samba e da bossa-nova. Mais do pesado que o anterior. Uma curiosidade: a letra baixo e duas que uma junção de gêneros musicais, que vai inicial do título de cada faixa forma a palavra guitarras, e de Tom Jobim a Belle & Sebastian, o sexteto “D.E.V.O.L.U.T.I.O.N”. Há ainda a presença nada de vocais, mostra a tendência que deve reger daqui em de Vinnie More detonando na faixa-título, que o quarteto diante em sua nova forma de fazer música, que abre o trabalho, e Jeff Waters (Annihilator), que paulistano Elma promove o flerte entre todas essas referências também manda muito bem em “Urge (The Greed dá seu recado citadas e com o pop rock e o samba paulistano. Of Gain)”. Não vou destacar nenhuma música! neste EP de Não faltam candidatas a hits de 2009, como Todas são ótimas! (MT) estréia. A falta de “Lição de Casa” - que remete aos velhos tempos palavras aparece do grupo - e “Quem Me Dera Houvesse Trem” - HAMMERFALL - até mesmo a versão lenta do disco, que, além de trazer riffs No Sacrifice, No no título das de guitarra mais leves, vem com um toque mais Victory (Nuclear quatro faixas: “Um”, “Dois”, “Três” e “Quatro”. experimental ao trazer acordes de violoncelos Blast) Nota: 10 Todas são ríspidas e diretas. A mais longa – a como pano de fundo. (MH) O Hammerfall primeira – passa um pouco dos três minutos e é aquela banda meio, sendo que mais de um minuto e meio para DESTRUCTION - que não varia o final da música consiste na repetição de um D.E.V.O.L.U.T.I.O.N muito em suas único acorde. Das demais, apenas uma passa (Nuclear Blast) composições. dos dois minutos de duração. Com o baixo Nota: 10 Mas se tem algo potente e grave, bateria certeira e guitarras O Destruction que sempre se que fazem arrepiar, carregadas de distorção e completou pode esperar abusando nas passagens dissonantes, o Elma 25 anos de desses suecos se dá muito bem neste primeiro lançamento. dedicação à é qualidade! É impressionante como a banda, sem urros causa metálica. E neste “No Sacrifice, No Victory” eles não ao microfone (único tipo de vocal que se pode Completou bodas fogem à regra. Apresenta poucas inovações, é imaginar sob as melodias britais do grupo), de prata com verdade, mas é muito bom de se ouvir. Ótimo consegue soar tão agressiva. Os vocais o metal, em power metal, que tem sua maior expressão na realmente não fazem falta. (BPF) um casamento quarta faixa, a ótima “Legion”, cuja abertura, sem traição. pelas citações guturais, parece mais uma Pullovers – A grande prova disso é este excelente álbum, música de black metal. Depois de “Legion” vem Tudo Que Eu “D.E.V.O.L.U.T.I.O.N.”, no qual a banda nos a belíssima balada “Between Two Words”, que Sempre Sonhei presenteia com um vigoroso, forte começa com uma introdução de órgão, depois () Nota: 9 e trabalhado ao mesmo tempo. Trabalhado? violão. Nela Joacim Cans mostra porque é um Com letras É isso mesmo! As músicas tem sempre um dos melhores vocalistas da atualidade. A faixa incríveis, de um andamento diferente, fazendo com que o que abre o trabalho, “”, senso poético trabalho soe variado e não caia na mesmice. também é bem legal, pelo seu refrão grave. fantástico, o som Schmier (baixo e vocais), Mike Siffringer Outro destaque é a instrumental “Something do Pullovers se (guitarras) e Marc Siffringer (bateria) dão um For The Ages”, com os belos solos de Pontus afasta totalmente show de música pesada, pincipalmente este Norgren, e que conta com a participação do do gênero que último, com um ótimo trabalho nos pedais e tecladista Jens Johansson (Stratovarius). “One lhe “abriu as bastante variação. Mick se destaca nos riffs Of A Kind” traz um ótimo solo de guitarra e mais portas” no final soberbos e solos na medida certa e Schmier belos vocais de Cans. O trabalho fecha com o de década nos vocais, e dando o peso que a banda cover - ótimo, por sinal - da menos ótima My de 1990: o punk rock. Em contrapartida, se necessita. Rola até um pouco de groove, o “Sharona”, da banda de hard rock Knack. (MT)

Edição 105 - Junho-Julho/2009 39 HAMMERFALL - Rebels With A Cause/ de carreira) Ebisch(guitarra), aliada à cozinha eficiente. Masterpieces (Nuclear Blast) Nota: 8 com o extinto Harold Gielen (baixo) é o que menos aparece; O Hammerfall traz um duplo lançamento: DVD RPM. Muito boa é o carregador de piano da banda, ou seja, + CD. O período compreendido é de 2002 a a sacada e o o Charlie Watts do Legion Of The Damned. 2007, com a banda falando sobre sua turnê equilíbrio entre O baterista Erik Fleuren trabalha muito bem ao redor do mundo. O DVD é bem engraçado, as quebras com os pedais. Esta banda holandesa, assim com corridas do batera Anders Johansson de ritmos ora como os conterrâneos do Gorefest, não deixa pelado pelos hotéis e as narrativas engraçadas acelerados, a muralha do metal holandês ruir. A bolacha dos membros. Quem mais fala é o guitarrista ora mais começa com “Nuclear Torment”, uma paulada, Oskar Dronjak, seguido do vocalista Joacim tranqüilos. É com riffs muito bem cadenciados. “Slut Of Cans. As tiradas sarcásticas ficam por conta do para quem gosta Sodom” é um outro som arrasa quarteirão, ora peladão Anders. Há ainda tomadas bem legais de rock’n’roll com partes mais cadenciadas, ora mais velozes, de shows e clipes da banda, sendo o destaque de qualidade, com Maurice se esganiçando. Outro destaque “Hearts On Fire”, com lindas atletas da Suécia e quer ouvir é a faixa “Warbeast”. Um cover do Pestilence, cantando a música da banda. Este foi o último coisas novas. Sem puxar o saco, o vocal rouco “Chronic Infection”, fecha o trabalho, que ainda registro com o guitarrista Stefan Elmgren. Já e bastante marcante atrelado ao conjunto de vem um DVD de bônus. Um prato cheio para o CD “Masterpieces” traz coves feitos pelo guitarras distorcidas com riffs bem pontuados, quem tem bom gosto! (MT) Hammerfall ao longo de sua carreira, como baixo pesado e uma bateria sincronizada, fazem “Child Of The Damned”, do Warlord. A banda do Ultrakass uma boa pedida com este primeiro escolheu muito bem os temas, pois todos se EP. As letras são caso à parte, trazendo pura encaixaram como uma luva na banda, como “I maestria poética e sugestiva e um concretismo Want Out”, do Helloween, “Man On The Silver de idéias fortes e singulares. Merecem destaque Mountain”, do Rainbow, e “Head Over Heels”, as faixas “Sóbrio ou Louco”, “Cassino”, “Dúvidas do Accept. O cover que eu não gostei foi para o e Dívidas” e “As Horas”. (EPS) hino “Breaking The Law”, do LEGION OF THE Judas Priest. DAMNED - “Feel Outra faixa que To The Blade” ficou muito legal (Nuclear Blast) foi “Youth Gone Nota: 10 Wild”, do Skid O Legion Of The Row. A ótima Damned é uma instrumental banda de thrash “Aphasia” fecha metal, certo? o trabalho. Tanto Errado. Na o DVD quanto o minha opinião, CD são diversão ela é uma na certa. (MT) banda de metal, pois qualquer Ultrakass - #1 () Nota: 8 adorador do metal vai gostar da banda. Ela Eis aqui uma banda com um trabalho legal, tem tudo que um banger gosta: energia, peso, diferente e muito bem produzido. A maturidade velocidade, riffs mortais. Lembrando um pouco nas letras e boas composições pop românticas o Dew Scented, a banda aposta num thrash com rock pauleira ditam o CD “#1” do Ultrakass, com influências de death metal, principalmente de São Paulo. Com cara de indie pop e um lance pelos vocais selvagens e esganiçados de meio Seattle (entenda-se: Pearl Jam em começo Maurice Swinkaels. A riffeira mortal de Richard

Edição 105 - Junho-Julho/2009 40 Edição 105 - Junho-Julho/2009 41 By Saulo Wanderley Imagens: divulgação PLAY Chega de jornalismo que só leu o diploma

aiu a exigência do diploma de Jornalismo para que os elementos Não adianta tentar dissertar, escrever ou imaginar – e a imaginação escrevedores e faladores possam ocupar mesas, lugares ou holofotes jornalística é um mal crescente – sobre o que se conhece pouco, mais Cno mercado de informação que é a imprensa tupiniquim. No caso do ou menos ou nada. Mais valeria uma pós graduação em jornalismo para jornalismo dito “especializado” em música – poderia ser qualquer outra área – médicos, engenheiros, advogados e músicos. Mas o ensino, seja ele de formaram-se elementos que mal sabem escrever ou falar, escrevendo e falando qualquer grau, parece não passar do degrau estreito da manutenção do sobre o que não sabem sequer ouvir, no caso a música. status quo, e não almeja evolução de qualquer espécie que seja. A imprensa tradicional agoniza em todo o planeta. Formatos de entrevistas, Como nas rádios do século passado, uma estarrecedora quantidade de artigos e reportagens são adaptados, cozinhados “âncoras” – sugestivo nome para quem já afundou e transcritos para blogs, sites de relacionamento e e se acostumou ao fundo – abrem ultrapassados outras maneiras de se manter informado, que não jornais diários na frente de microfones e cozinham, seja financiando os barões da mídia, que por sua vez em tempo real, uma comida informativa azedada são comprados pelos grupos de poder, econômico, com tempero vencido. Não demorou para que nos “religioso” e político, que mantêm as coisas como deus estúdios de televisão os prompters tivessem o quis, para ver como é que ficam quando deus quiser. mesmo papel. Sem papel. O resultado é que a informação ficou com o seu público- Determinado programa de um desses canais de alvo, da mesma forma que a distribuição de música, “notícias” foi bastante criativo: uma animação em que deixando os atravessadores de humor atravessado. os jornais estrangeiros ficam enfileirados num canto Uma mente sã comparou, quando a indústria fonográfica da tela, e de lá saltam aos olhos dos telespectadores começou a perseguir o Napster, a distribuição de música com suas manchetes, enquanto uma “jornalista”, pela internet às prateleiras de supermercado, onde só atenta, lê para os ouvintes, supostamente cegos, seu faltava alguém instalar o caixa para cobrar na saída. A conteúdo. Uma coadjuvante pergunta, entremeando indústria fonográfica preferiu dinamitar as prateleiras. aos fatos, se há mais alguma coisa a saber. Desde mil novecentos e outubro o jornalismo vem se Há sim, o que eu chamaria de “jornalismo de elevador”, comportando de maneira análoga à indústria fonográfica. cujo assunto é sempre aquele dos vizinhos entediados e Agora que começa a se tornar mais rápida, barata e obrigados a alguns segundos de convívio verbal e auditivo eficiente a obtenção de informação de forma alternativa com o próximo do andar próximo, ou seja, o tempo. Não – leia-se internet, celulares e toda a telemática – a o do relógio, mas aquele que nunca deve ser o quer que indústria da informação começa a procurar uma maneira seja que não mude nunca, o tempo meteorológico das de dinamitar a informação, transformando-a num ciclone musas aspirantes a modelo ou atriz, com suas mãozinhas de previsões do tempo e tragédias apelativas. a apontar mapas imaginários por um triz. A sabedoria milenar do Oriente nos conta que Shiva é o deus que Mas vamos supor que você é um “jornalista formado” que não obteve sucesso simboliza a dinâmica da desconstrução no universo, Vishnu simboliza o na “imprensa especializada”, pelos seus nulos conhecimentos de medicina de princípio de manutenção da construção e Brahma o princípio criador. Nada almanaque, direito de porta de cadeia ou engenharia de sanduíches. O que mais atual. Shiva é a telemática transportando as obras pelo ar e pelo éter, fazer? Fácil. Procurar escrever ou falar de alguma coisa supérflua, como dança, Brahma são os novos parâmetros da evolução humana e Vishnu são os literatura, música ou teatro, oras, que não servem pra nada, logo, seu índice de poderes moribundos a encher o saco dos 1% de desanestesiados. erros de informação terão baixo nível de consequências. Mas os “jornalistas” portadores de diplomas que infestam as redações no Como não existe nada ruim que não possa piorar um pouco - ou muito Brasil – e em boa parte do planeta azul – acham que Vishnu e Shiva são - se também não conseguir uma boquinha nas “artes”, com certeza vai personagens de novela e Brahma é pra beber na hora em que “largam” o seu engrossar o caldo de cultura dos comentaristas, locutores e especialistas expediente, felizes por se livrarem do trabalho, porque consideram trabalho nos esportes de massas. Algo como o sucessor do Galvão Bueno com um uma coisa ruim, “fizeram” faculdade pensando em cabide de emprego ou vil blog interativo ao vivo do Senado. Afinal, eu disse que não existe nada ruim metal conquistado a qualquer custo, mais exatamente o de informar errado. que não possa piorar um pouco, ou muito.... M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 42 By Dum de Lucca Neto Imagens: reprodução JUKEBOX

fizeram muito bem ao Dinosaur. Voltaram com a formação original, que não era vista desde 1988, com Mascis nas guitarras e vocais, Lou Barlow no baixo e Pat Murphy na batera. E, mais uma vez, não precisaram inventar nada de “novo”. Apenas fizeram aquilo que era necessário. “Farm”, lançado agora, o nono álbum, é ótimo. Novamente, nada muito além de Dinosaur Jr. e sua essência. Sempre criativo, com muitas guitarras, o vocal sempre orgânico de Mascis e uma tamanha personalidade que os faz ainda renovados e diferentes da maioria das mesmices sonoras que infectam o mercado. Uma grande banda, que, com muita unidade sonora, consegue manter sua personalidade sem se repetir, com grandes riffs, pegadas absurdamente noise e melodias potentes e deliciosas. O trabalho é uniforme, sólido, um grande disco. É muscular, melódico e maduro, sem dúvida um dos melhores trabalhos do grupo. “Plans”, a canção mais pop, é uma autêntica balada dinosauriana, com uma guitarra dedilhada com força. O épico “I Don’t Wanna Go There”, de quase nove minutos, sintetiza toda energia do rock, e lembra bastante Neil Young, o mago eterno. Tem um solo arrasa quarteirão, um pedal fuzz vibrante. “Over It”, primeiro single, é responsável por um dos clipes mais simples e carismáticos do ano; é um genuíno diamante rosa. Em “Pieces”, a faixa de abertura, o tom já sugere um autêntico álbum de um rock de verdade, sem subterfúgios ou guitarras enganosas. Como sempre, com criatividade, a banda mostra a diferença enorme que existe hoje entre o rock americano e inglês. O inglês, um amontoado de hypes sem qualidade, e o americano, formatado na espontaneidade e na raiz do blues. “I Want You To Know” considero a canção que destoa um pouco do CD, que, no geral, mantém uma uniformidade coerente. É um pouco arrastada demais. Já em “Ocean In The Way”, uma linda balada, Mascis, declara seu amor arruinado. O som do Dinosaur inosaur Jr. é uma das maiores e melhores influências de Jr. se amplia a cada álbum, e a reunião dos integrantes originais representa uma simbiose perfeita. Na uma grande parte das bandas de rock, desde a década de mesma onda, “Friends”, “Said The People” e “There’s No Here” são canções típicas de um power trio, D1990 em diante. Quando o grupo do talentoso e carismático com muita energia em cada instrumento e um perfeito casamento de performances. guitarrista e vocalista J Mascis surgiu na cena em 1983, quando a A abertura de “See You” , insisto, comprova que o Dinosaur Jr. é a autêntica band que new wave e o punk dominavam. As guitarras melódicas e ácidas, optou pelo amor e sentimento. Grandes solos carregados de feeling e coração, paisagens tocadas com sentimento e poder, e o noise bem organizado do Dino sonoras que tanto podem arrasar os tímpanos e, ao mesmo tempo, aquecer o coração. A Jr., junto com o Pixies e o Sonic Youth, injetaram uma nova energia última faixa, “Imagination Blind”, é um tanto hard rock. no que quase foi a indie music. Enfim, mais uma vez J Mascis e companhia brindam a música com um disco real, ou seja, feito Mascis, um cara de raízes punks, soube compor e manter a com o coração e característica de guitar band sem perder a classe e a pegada. Um honestidade, coisa rara dos grandes méritos do Dinosaur Jr. é nunca ter perdido o rumo de nos dias dominados por sua música, sempre intensa, visceral e compacta. Nela, não existem falsos heróis e grupos buracos, mas sim vários detalhes e um repertório repleto de nuances ruins. O Dinosaur Jr., em Dinosaur Jr. e que, principalmente, tem uma proposta tão bem definida, que grande forma, reassume fica difícil errar. Por mais que essa proposta não vise inovação ou seu lugar entre as abusa das guitarras com classe mudanças radicais, fica claro que a banda não necessita disto. melhores bandas de e noise em novo disco Os 10 anos entre “Hand It Over”, de 1997, e “Beyond”, de 2007, rock em atividade. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 43 By Dum de Lucca Neto Imagens: reprodução CINEMA

Rock no Cinema Chegam este ano aos cinemas brasileiros dois filmes que contam um pouco a respeito da vida e obra de dois grandes nomes da história da música mundial. Um tem como foco central Kurt Cobain, que liderou o Nirvana – banda que levou o rock alternativo às paradas de sucesso – e que foi encontrado morto há 15 anos. O outro é sobre Arnaldo Baptista, que tocou no Mutantes, grupo paulistano surgido na época do tropicalismo e que já recebeu elogios de gente como Beastie Boys, Sean Lennon, Mike Patton, Beck e do próprio Nirvana. Um dos filmes deve agradar bastante. O outro, em compensação, não passa de uma péssima idéia.

Loki – Arnaldo Baptista Kurt Cobain – Retrato de uma ausência Por Edu Fernandes Por Bruno Palma

e for necessária uma comparação entre Kurt Cobain – Retrato de uma ausência” utiliza somente áudios de entrevistas “Loki – Arnaldo Baptista” com algum que Kurt concedeu ao jornalista Michael Azerrad, e que deram origem ao outro título desse feliz ciclo musical que “livro “Come As You Are”, provavelmente a biografia mais célebre do trio S que o vocalista e guitarrista formava com o baterista Dave Grohl e o baixista nossa cinematografia passa, o nome que vem à mente é “Simonal – Ninguém sabe o duro Chris Novoselic. Durante todo o filme só se ouve a voz de Kurt, à exceção das que dei”. A jornada desses dois importantes pequenas intervenções de Azerrad e de um trecho bem no final, quando se ouve ícones musicais brasileiros é muito parecida: a voz da viúva Courtney Love pedindo uma mamadeira para a filha do casal. há um estrondoso ápice na juventude, um Não há depoimentos de outras pessoas; o filme todo é só Kurt contando sobre ostracismo e o uso de drogas em uma fase sua vida, em clima de consultório de terapeuta, num monólogo que nada traz de mais complicada e um reconhecimento final, muito novo para quem está minimamente familiarizado com a história do frontman décadas depois. Infelizmente, para Simonal e sua carreira. E como se trata de um a redenção foi tardia, já que ele não pôde ver filme, não podiam faltar imagens. E o documentário. Para Arnaldo, a situação é essa, meus amigos, é a pior parte da oposta e pode ser percebida nas cenas do história. A narrativa das experiências show que a banda fez no Museu do Ipiranga, de vida de Kurt Cobain é ilustrada por no aniversário da cidade de São Paulo. Os imagens atuais e aleatórias das cidades fãs contemporâneos ao grupo e amantes pelas quais o músico passou: Aberdeen mais jovens do rock tropicalista se juntaram em coro em uma das cenas mais (onde foi criado), Olímpia (onde viveu empolgantes do documentário. por certo tempo), e Seattle (a meca Assim como mostra o melhor da vida de Arnaldo enquanto ele era a cabeça do movimento grunge, popularizado pensante d’Os Mutantes, “Loki” não teme abordar assuntos mais complicados, por sua banda). Não há imagens do indo contra um péssimo hábito brasileiro: esquecer de falar das partes difíceis ou Nirvana, nem do músico, nem imagens polêmicas. Entre as passagens mais complexas estão a questão da loucura e a de arquivo que tenham relação suposta tentativa de suicídio, tudo desencadeado após o término da relação de com Kurt. Para o filme, o diretor AJ Arnaldo com Rita Lee. Schnack escolheu paisagens urbanas, Apesar de conter depoimentos de várias pessoas importantes no meio musical, pessoas aleatórias e animações bem Rita optou por não colaborar dessa maneira. Já é sabido que ela se nega a dar tosquinhas. qualquer declaração sobre sua antiga banda, mas ela não criou empecilhos A impressão que “Kurt Cobain – para a realização desse documentário, cedendo prontamente os direitos de Retrato de uma ausência” passa é a de imagens de arquivo. Sua atitude é elogiável por conseguir manter-se fiel aos que Schnack julgou suficiente os áudios seus princípios e não atrapalhar os fãs ávidos por apreciar esse imperativo das tais entrevistas e jogou qualquer documentário musical. M coisa por cima. Engano grosseiro. M

Edição 105 - Junho-Julho/2009 44 m 2009, a revista Dynamite atingiu um marco: 19 anos de vida! Mais do que sobreviver às inconstâncias do mercado editorial e pacotes econômicos, ela provou que credibilidade e independência têm sua recompensa para com o público. A grande novidade é que agora a Erevista é gratuita e de conteúdo aberto! Isso mesmo, a revista deixou de ser impressa para se voltar inteiramente a web e todo o conteúdo da revista pode ser acessado on-line. O portal Dynamite Online (http://www.dynamite.com.br) foi lançado em 2002, em mais uma revolução no nosso país, pois foi o primeiro portal de notícias musicais com atualização em tempo real. No portal, o internauta tem acesso a uma vasta gama de opções, como news, acontece, shows, podcast, blogs, rádio, lançamentos, MP3s, classificados, além de poder acessar o conteúdo online da revista. Mas a Dynamite continua mantendo o espírito de sempre: de quem no início da década de 90, antecipou a onda alternativa que varreria o mundo, ao propor uma revista de rock mais eclética, tantos nos estilos cobertos, quanto ao agregar outros assuntos como política, esportes radicais, comportamento, quadrinhos, moda, atingindo um público jovem antenado e participativo.

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