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Universidade de Aveiro Departamento de Química 2007

Maria Suzel Costa de Métodos de análise de piperazinas em fluidos Sousa e Escada biológicos

Universidade de Aveiro Departamento Química 2007

Maria Suzel Costa de Métodos de análise de piperazinas em fluidos Sousa e Escada biológicos

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre, no Mestrado em Métodos Instrumentais e Controlo da Qualidade Analítica, realizada sob a orientação científica do Doutor Armando Jorge Domingues Silvestre, Professor Associado do Departamento de Química e do Doutor Armando da Costa Duarte , Professor Catedrático do Departamento de Química da Universidade de Aveiro.

A parte experimental deste trabalho decorreu nas instalações do Serviço de Toxicologia Forense da Delegação de Lisboa do Instituto Nacional de Medicina Legal.

Dedicada à memória da minha avó Firmina, raiz da minha vida pelo seu Amor, pelo nosso Amor

o júri presidente Prof. Dr. João António Baptista Pereira de Oliveira professor Associado da Universidade de Aveiro

Prof. Dr. Armando da Costa Duarte professor Catedrático da Universidade de Aveiro

Prof. Dr. Fernando Jorge dos Ramos professor Associado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Prof. Dr. Armando Jorge Domingues Silvestre professor Associado da Universidade de Aveiro

agradecimentos Ao Prof. Doutor Armando Silvestre, orientador desta dissertação, agradeço e louvo a atenção e o interesse dispensado, sobretudo nos momentos mais complicados, que não foram poucos, assim como a sua orientação e a confiança em mim depositada. Pelo seu incentivo constante e pela amizade demonstrada, obrigada!

Ao Prof. Doutor Armando Duarte co-orientador desta dissertação, um especial agradecimento por todo o apoio, alento e ensinamentos durante a realização deste mestrado.

Ao Prof. Doutor Jorge Costa Santos, Director da delegação de Lisboa do Instituto Nacional de Medicina Legal, agradeço a oportunidade de realizar este trabalho na Instituição e a disponibilização dos meios necessários à sua execução.

Ao Mestre Mário João Dias, Director do Serviço de Toxicologia Forense da delegação de Lisboa do Instituto Nacional de Medicina Legal, quero deixar uma palavra de apreço pela possibilidade de realizar este trabalho no laboratório e utilizar os instrumentos indispensáveis à sua execução. Pela sua capacidade de ver mais longe e infinita tolerância.

Ao Dr. Nuno Gonçalves pela partilha dos seus conhecimentos estatísticos e auxílio nas ilustrações, por saber ouvir e pelo seu bom humor. Ao Dr. Francisco Vale por me ter apoiado e acompanhado durante todo este trabalho. Ao Dr. António Castanheira agradeço todo o apoio dispensado nas incertezas relacionadas com a validação dos métodos. Ao Dr. Mário Barroso pela preciosa ajuda na revisão do texto. A todos os meus colegas do Serviço de Toxicologia pela sua boa disposição e infinita tolerância, Muito Obrigada a todos!

Aos meus colegas de mestrado, pelo companheirismo e alegria.

A todos os amigos que me acompanharam ao longo destes anos deixo uma palavra de gratidão.

À Lurdes, ao meu irmão Henrique, à Neide, pela ajuda valiosa no arquivo e ordenação da bibliografia.

Aos meus pais e família pela compreensão e ajuda, por estarem sempre ao meu lado mesmo nos momentos menos bons, por todas as vicissitudes que passámos ao longo destes anos e que souberam enfrentar com equilíbrio.

Ao Jorge, por tudo!

palavras-chave Piperazinas, triagem, quantificação, sangue total, urina, GC-MS, SPE, SPME, validação

resumo Nas últimas décadas, é notório um acréscimo no consumo abusivo de drogas sintéticas nas sociedades contemporâneas. Estas adquirem uma expressão cada vez maior, na sociedade actual, graças à popularidade obtida como rave e partypills. A partir da segunda metade dos anos 90, surgiram no mercado ilícito novas drogas de abuso sintéticas, em particular, as denominadas ‘‘piperazinas’’. Poderão distinguir-se, entre as drogas sintéticas derivadas das piperazinas: a 1-benzilpiperazina (BZP), 1-(3- trifluorometilfenil)piperazina (TFMPP), 1-(3-clorofenil)piperazina (mCPP) e 1- (4-metoxifenil)piperazina (MeOPP). Os efeitos psicoactivos da BZP e da TFMPP são comparados aos efeitos obtidos após o consumo de anfetamina e de ecstasy (MDMA), respectivamente, e apresentados como uma alternativa legal, barata e segura às anfetaminas e ao ecstasy. Indícios da oferta e da facilidade de aquisição são a existência na Internet de inúmeros sites especializados no comércio das piperazinas e as apreensões destas drogas registadas no mundo inteiro. Não obstante a sua reputação como droga segura, a BZP foi associada a óbitos, na Suíça e Suécia, e a alguns casos de intoxicação. A 22 de Março de 2007 o Conselho da União Europeia determinou uma avaliação de riscos relacionados com o consumo da BZP e poderá decidir (final de Julho) sujeitar esta droga a medidas de controlo na UE. Por estes motivos justifica-se o desenvolvimento de metodologia analítica que possibilite a triagem, a identificação e quantificação destas drogas em fluidos biológicos, sendo esse o principal objectivo da presente dissertação Foram desenvolvidos dois métodos de triagem, confirmação e quantificação simultânea de piperazinas em amostras de sangue total e urina. As amostras foram analisadas por GC-MS em modo SIM após extracção por SPE e derivatização nas amostras de sangue e após extracção por SPME e derivatização nas amostras de urina. Os métodos foram validados na sua totalidade, e ambos são apropriados para a triagem e identificação simultânea das piperazinas estudadas, sendo os limites de detecção inferiores a 5 ng/mL. O método de SPE-GC-MS é linear entre 10 e 1000 ng/mL para a BZP, TFMPP e mCPP. O método de SPME-GC-MS é linear entre 5 e 100 ng/mL apenas para a mCPP. Para estes compostos os resultados obtidos no estudo da precisão e exactidão dos métodos estão contidos nos intervalos considerados aceitáveis.

keywords , screening, quantification, whole blood, urine, GC-MS, SPE, SPME, validation

abstract In the last decades an increase of synthetic drugs of abuse has been perceived in contemporary societies. These drugs have acquired a larger significance in actual society, due to their popularity as rave drugs and party pills. Several new ones have emerged in the black market during the 1990’s, particularly those derived from , such as 1- (BZP), 1-(3- trifluoromethylphenyl)piperazine (TFMPP), 1-(3-chlorophenyl)piperazine (mCPP) and 1-(4-methoxyphenyl)piperazine (MeOPP). BZP and TFMPP’s psychoactive effects are analogous to those induced by and ecstasy (MDMA) respectively, and are introduced as a cheap, legal and safe substitutes of ecstasy and amphetamines. Several piperazine-specialized websites in the Internet, or the increase in seizures recorded throughout the world are traces of a wider offer and easiness to buy. Despite its reputation as safe , BZP was associated to fatalities in Switzerland and Sweden and some cases of intoxication. In the 22nd March 2007, European Union Council has decided to request an assessment on the associated risks of BZP use and may decide, by the end o f July, to subject them to measures of control in all the EU. For all these reasons, it is intended to develop analytical methods for the screening, confirmation and quantification of these drugs in biological fluids, which is the aim of the dissertation. Two methods for the screening, confirmation and simultaneous quantification of piperazines have been developed in whole blood and urine samples. The samples were analyzed by GC-MS in SIM mode after extraction by SPE and SPME in blood and urine samples, respectively, followed by derivatization. Both methods were fully validated, and can be used for the screening and confirmation of all piperazines. The detection limit was less than 5 ng/mL. The SPE-GC-MS method was linear between 10 and 1000 ng/mL for BZP, TFMPP and mCPP, and SPME-GC-MS was linear between 5 and 100 ng/mL, but only for mCPP. The precision and accuracy of the developed methods were within the required limits for these particular compounds compounds.

Índice Abreviaturaseacrónimos...... v 1 Introdução ...... 1 1.1 Drogasdeabusorecreativas ...... 1 1.2 Novasdrogassintéticasrelacionadascomapiperazina...... 3 1.3 Apreensõesdedrogasrelacionadascomapiperazina ...... 3 1.4 Contextolegislativodasdrogasrelacionadascomapiperazina ...... 4 1.5 Formasdeapresentaçãodasdrogasrelacionadascomapiperazina ...... 5 2 Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos...... 9 2.1 Estruturaquímicaeclassificaçãodaspiperazinas...... 9 2.2 Propriedadesfísicoquímicasdaspiperazinas...... 11 2.3 Utilizaçãoterapêuticadaspiperazinas...... 11 2.4 Farmacocinéticadaspiperazinas...... 12 2.4.1 ProcessosdeAbsorção...... 13 2.4.2 ProcessosdeDistribuição...... 14 2.4.3 Biotransformação ...... 15 2.4.4 ProcessosdeEliminação...... 20 2.5 Acçãofarmacológicadaspiperazinas...... 20 2.5.1 Mecanismodeacçãodaspiperazinasnosistemanervosocentral(SNC) ...... 20 2.6 Farmacodinâmicadaspiperazinas ...... 23 2.6.1 EfeitosnoSNC...... 23 2.6.2 Efeitosnosistemacardiovascular...... 25 2.6.3 Efeitosnatemperaturacorporal...... 25 2.6.4 Efeitosnocomportamentomotor ...... 26 2.6.5 Efeitosneuroendócrinos...... 27 2.6.6 Efeitosnoscomportamentoalimentaresexual...... 27 2.6.7 Potencialdaspiperazinasparainduzirumconsumoabusivo ...... 27 2.6.8 Efeitostóxicos ...... 29 2.6.8.1 Intoxicaçãoaguda...... 29 2.6.9 Morteseintoxicaçõesrelacionadascomoconsumodedrogasderivadasdapiperazina...... 29 3 Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ...... 33 3.1 Extracçãolíquidolíquido(LLE)...... 34 3.1.1 Introdução ...... 34 3.1.2 ExtracçãodaspiperazinasporLLE...... 34 3.2 Extracçãoemfasesólida(SPE) ...... 36 3.2.1 Introdução ...... 36 3.2.2 Mecanismosdeextracção...... 37 3.2.3 FasesestacionáriasutilizadasnaSPE...... 38 3.2.4 Etapasdométododeextracçãoemfasesólida ...... 40 3.2.5 Configuraçõesexperimentais...... 42 3.2.6 ExtracçãodaspiperazinasporSPE...... 43 3.3 Microextracçãoemfasesólida(SPME)...... 43 3.3.1 Introdução ...... 43 3.3.2 DispositivocomercialdaSPME...... 44 3.3.3 DescriçãodométododeSPME ...... 45 3.3.4 ModosdeextracçãoporSPME...... 46 3.3.5 AspectosteóricosdaSPME ...... 47 3.3.5.1 Termodinâmicos...... 47 3.3.5.1.1 Numsistemacomduasfases...... 47 3.3.5.1.2 Numsistemacomtrêsfases ...... 49 3.3.5.2 Cinética...... 51 3.3.5.2.1 Numsistemacomduasfases...... 52 3.3.5.2.2 Numsistemacomtrêsfases ...... 53 3.3.6 Optimizaçãodascondiçõesdeanálise...... 55

i

3.3.6.1 Selecçãodafaseestacionária...... 55 3.3.6.2 Mododeextracção ...... 57 3.3.6.3 Influênciadaagitação...... 58 3.3.6.4 Influênciadovolumedaamostra,doespaçodecabeçaerazãodevolumes...... 59 3.3.6.5 Influênciadotempodeextracção...... 60 3.3.6.6 Modificaçãodamatriz...... 60 3.3.6.6.1 Influênciadaadiçãodesal...... 61 3.3.6.6.2 InfluênciadopHdaamostra ...... 61 3.3.6.6.3 Presençadesolventesorgânicosnaamostra...... 62 3.3.6.6.4 Diluiçãodaamostracomágua...... 62 3.3.6.7 Influênciadatemperatura...... 63 3.3.6.8 Dessorçãotérmica ...... 64 4 Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabuso...... 67 4.1 Métodosdetriagemdedrogasdeabusoemamostrasbiológicas...... 67 4.2 Métodosdeconfirmaçãoequantificaçãodedrogasdeabusoemamostrasbiológicas...... 68 4.3 Revisãobibliográficasobreanálisedepiperazinas...... 69 5 Justificaçãodotemaeobjectivos...... 73 6 Materiaisemétodos ...... 75 6.1 PadrõeseReagentes ...... 75 6.2 Soluções ...... 76 6.3 Equipamentos...... 77 6.4 Materiais...... 78 6.5 Condiçõescromatográficas ...... 78 6.6 Amostrasbiológicasemestudo...... 79 6.7 Identificaçãodoscompostos ...... 80 6.8 Extracçãoemfasesólida(SPE)...... 80 6.8.1 Prétratamentodasamostrasbiológicas...... 80 6.8.2 Metodologiadeextracçãoemfasesólida...... 81 6.8.2.1 MetodologiadeextracçãocomascolunasOasis®HLB,métodogenérico...... 81 6.8.2.2 MetodologiadeextracçãocomascolunasOasis®MCX,métodogenérico...... 81 6.8.2.3 MetodologiadeextracçãocomascolunasOasis®MCX,métodooptimizado...... 82 6.8.3 Evaporaçãodosextractoseminimizaçãodeperdasporvolatilização...... 82 6.8.4 Derivatizaçãoquímica ...... 83 6.8.5 Quantificação...... 83 6.9 ValidaçãodométododeensaioparaaanálisedepiperazinasporSPEGCMS ...... 84 6.9.1 Avaliaçãodaselectividade ...... 85 6.9.2 Recuperaçãodafasedeextracção(Eficiênciadaextracção)...... 86 6.9.3 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação) ...... 86 6.9.4 Linearidade...... 87 6.9.5 Gamadetrabalho...... 88 6.9.5.1 Regressãolinearponderada...... 90 6.9.6 Precisãodométodoanalítico:repetibilidadeeprecisãointermédia ...... 91 6.9.7 Exactidão,veracidadeetendência ...... 95 6.9.8 Presençadearrastamento( carry over )...... 98 6.9.9 Robustez...... 98 6.10 Microextracçãoemfasesólida(SPME)...... 98 6.10.1 Optimizaçãodométododeextracção...... 98 6.10.1.1 Optimizaçãodascondiçõesdeextracção...... 98 6.10.1.1.1 Influênciadotempodepréequilíbrio...... 100 6.10.1.1.2 Influênciadotempodeextracção...... 100 6.10.1.1.3 Influênciadatemperatura...... 100 6.10.1.1.4 Influênciadafaseestacionária ...... 100 6.10.1.1.5 Influênciadosaladicionadoedarespectivaconcentração ...... 100 6.10.1.1.6 Influênciadaconcentraçãodabase(pH) ...... 101 6.10.1.1.7 Influênciadovolumedeamostra...... 101 6.10.1.1.8 Influênciadarazãoβ ...... 101 6.10.1.1.9 Influênciadadiluiçãodaamostracomágua ...... 101 6.10.1.1.10 Influênciadaagitaçãodaamostra...... 102 6.10.1.2 Optimizaçãodascondiçõesdederivatizaçãoquímica...... 102

ii

6.10.1.2.1 Influênciadatemperaturanareacçãodederivatizaçãoquímica...... 102 6.10.1.2.2 Influênciadotempodederivatização...... 102 6.10.1.3 Optimizaçãodascondiçõesdedessorçãotérmica ...... 103 6.10.1.3.1 Influênciadotempodedessorção...... 103 6.10.1.3.2 Influênciadatemperaturadedessorção...... 103 6.10.1.3.3 Influênciadaprofundidadedaagulhanoinjectorduranteadessorção ...... 103 6.11 ValidaçãodométododeensaioparaaanálisedepiperazinasporSPMEGCMS ...... 103 6.11.1 Avaliaçãodaselectividade...... 103 6.11.2 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação)...... 104 6.11.3 Linearidade ...... 104 6.11.4 Precisãodométodoanalítico:repetibilidadeeprecisãointermédia...... 104 6.11.5 Exactidão,veracidadeetendência...... 104 6.11.6 Presençadearrastamento( carry over ) ...... 104 6.11.7 Robustez...... 105 7 Resultadosediscussão...... 107 7.1 Identificaçãodoscompostos...... 107 7.2 Extracçãoemfasesólida(SPE) ...... 110 7.2.1 Prétratamentodasamostrasbiológicas...... 110 7.2.2 Metodologiadeextracção ...... 110 7.2.3 Evaporaçãodosextractoseminimizaçãodeperdasporvolatilização ...... 113 7.2.4 Derivatizaçãoquímica...... 114 7.3 ValidaçãodométododeensaioparaaanálisedepiperazinasporSPEGCMS...... 117 7.3.1 Selectividade ...... 117 7.3.2 Recuperaçãodafasedeextracção(eficiênciadaextracção)...... 120 7.3.3 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação)...... 120 7.3.4 Linearidade ...... 121 7.3.5 Gamadetrabalho...... 123 7.3.6 Regressãolinearponderada ...... 123 7.3.7 PrecisãoeExactidão ...... 126 7.3.8 Presençadearrastamento( carry over ) ...... 129 7.3.9 Robustez...... 129 7.4 Microextracçãoemfasesólida(SPME)...... 129 7.4.1 Optimizaçãodascondiçõesexperimentais ...... 129 7.4.1.1 Influênciadotempodepréequilíbrio...... 130 7.4.1.2 Influênciadotempodeextracção ...... 132 7.4.1.3 Influênciadatemperatura ...... 135 7.4.1.4 Influênciadafaseestacionária...... 136 7.4.1.5 Influênciadosaladicionadoedasuaconcentração...... 138 7.4.1.6 Influênciadaconcentraçãodabase(pH)...... 141 7.4.1.7 Influênciadovolumedeamostra...... 142 7.4.1.8 Influênciadarazãoβ...... 143 7.4.1.9 Influênciadadiluiçãodaamostracomágua...... 144 7.4.1.10 Influênciadaagitaçãodaamostra...... 146 7.4.2 Optimizaçãodascondiçõesdederivatização ...... 148 7.4.2.1 Influênciadatemperaturadareacçãodederivatizaçãoquímica...... 148 7.4.2.2 Influênciadotempodederivatizaçãoquímica...... 149 7.4.3 Optimizaçãodascondiçõesdedessorçãotérmica...... 150 7.4.3.1 Influênciadotempodedessorçãotérmica...... 151 7.4.3.2 Influênciadatemperaturadedessorção...... 152 7.4.3.3 Influênciadaprofundidadedaagulhanoinjectorduranteadessorção ...... 153 7.5 ValidaçãodométododeensaioparaaanálisedepiperazinasporSPMEGCMS...... 155 7.5.1 Selectividade ...... 155 7.5.2 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação)...... 155 7.5.3 Linearidade ...... 157 7.5.4 Precisãoeexactidão ...... 159 7.5.5 Presençadearrastamento( carry over ) ...... 160 7.5.6 Robustez...... 161 8 Conclusões...... 163 9 Bibliografia...... 167

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Abreviaturaseacrónimos

Ac Anticorpo(s) ACTH Hormonaadrenocorticotrópica Ag Antigénio(s) ANOVA AnálisedeVariância β razãoβ,razãodefases BSTFA N,Obistrimetilsililtrifluoroacetamida BZP 1benzilpiperazina BZPNTFA 1benzilpiperazinatrifluoroacetilada CARDVB Carboxendivinilbenzeno CAS Chemical Abstracts Service CN Cianopropilsilano

CO 2 Dióxidodecarbono CSA Controlled Substance Act CV% Coeficientedevariaçãopercentual

CV SI Coeficientedevariaçãodaprecisãointermédia CWDVB Carbowaxdivinilbenzeno

C2 Etilsilano

C4 Butilsilano

C8 Octilsilano

C18 Octadecilsilano DA Dopamina DAT Transportadormembranardedopamina DCI DenominaçãoComumInternacional DEA U.S. Drug Enforcement Administration DLINML DelegaçãodeLisboadoInstitutoNacionaldeMedicinaLegal DOM 4metil2,5dimetoxianfetamina DXM Dextrometorfano EACD Expert Advisory Committee on Drugs ECD Detectordecapturaelectrónica(doinglês,Electron Capture Detector ) EGC Electrocardiograma EIA Imunoenzimática (do inglês, Enzyme Immunoassay) EMR Erromédiorelativo EUA EstadosUnidosdaAmérica

Fcrit ValortabeladodadistribuiçãoFdeSnedecorpara(N1;N1;α) FPIA Imunoensaioporfluorescênciapolarizada(doinglês, Fluorescence Polarization Immunoassay )

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GC Cromatografiagasosa(doinglês, Gas Chromatography ) GCECD CromatografiagasosacomDetectordeCapturaElectrónica(doinglês Gas Chromatography- -Electron Capture Detector ) GCMS CromatografiagasosaEspectrometriademassa(doinglês, Gas Chromatography-Mass Spectrometry ) GCNPD Cromatografia gasosa com Detector de Azoto e Fósforo (do inglês, Gas Chromatography- Nitrogen-Phosphorous Detector ) Ha ConstantedeHenry HCl Ácidoclorídrico HFBA Anidridoheptafluorbutírico(doinglês,Heptafluorobutyric acid ) HPLC Cromatografialíquidadealtaeficiência(doinglês, High-performance liquid chromatography ) HPLCSPME MicroextracçãoemfasesólidaacopladaàCromatografialíquidadealtaeficiência HSSPME Microextracçãoemfasesólidanomododeespaçodecabeça(doinglês,Headspace–Solid Phase Microextraction ) 5HT 5Hidroxitriptamina,serotonina IRSS Inibidoresselectivosdarecaptaçãodeserotonina IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry i.v. Intravenosa

K2CO 3 Carbonatodepotássio

Kd Coeficientedepartiçãodoanalitoouconstantededistribuição

Kfa Coeficientedepartiçãodoanalitoentreafaseestacionáriaeaamostra

Kha Constantededistribuiçãodoanalitoentreafasegasosaeafaselíquida

Kfh Constantededistribuiçãodoanalitoentreafaseestacionáriaeafasegasosa

KH 2PO 4 dihidrogenosfosfatodepotássio KOH Hidróxidodepotássio LCMS CromatografialíquidadealtaeficiênciaEspectrometriademassa LD Limitededetecção(doinglês, Limit of Detection ) LLE Extracçãolíquidolíquido LogP(oct/ag) Logaritmodocoeficientedepartiçãodocompostoentreooctanoleaágua LQ Limitedequantificação(doinglês, Limit of Quantification ) LSD Dietilamidadoácidolisérgico MBTFA Nmetilbistrifluoroacetamida mCPP 1(3clorofenil)piperazina mCPPNTFA 1(3clorofenil)piperazinatrifluoroacetilada MDA 3,4metilenodioxianfetamina MDBP 1(3,4metilenodioxibenzil)piperazina MDE Netil3,4metilenodioxianfetamina MDMA 3,4metilenodioximetanfetamina MeOH Metanol

vi

MeOPP 1(4metoxifenil)piperazina MeOPPNTFA 1(4metoxifenil)piperazinatrifluoroacetilada MS Espectrometriademassa MSTFA NmetilNtrimetilsililtrifluoroacetamida MeTd9 Metanfetaminadeuterada m/z Razãomassa/carga N1 grausdeliberdade NA Noradrenalina NaCl Cloretodesódio NPD DetectordeAzotoeFósforo(doinglês,Gas Chromatography-Nitrogen-Phosphorous Detector ) NT Neurotransmissor NTFA DerivadosNtrifluoroacetilados OEDT ObservatórioEuropeudaDrogaedaToxicodependência OHTFMPP Hidroxitrifluorometilfenilpiperazina OMS OrganizaçãoMundialdeSaúde( World Health Organization) PA Poliacrilato Pb Picobase PCB´s Bifenilospoliclorados PDMS Polidimetilsiloxano(doinglês, Polydimethylsiloxane ) PDMSDVB Polidimetilsiloxanodivinilbenzeno PG Valordeteste pH Logaritmonegativodaconcentraçãohidrogeniónica PI Padrãointerno PIs Padrõesinternos pKa Constantedeionização pMeOPP 1(4metoxifenil)piperazina p.o . Per os PTFE Politetrafluoretileno pTp 1(4metilfenil)piperazina pTpNTFA 1(4metilfenil)piperazinatrifluoroacetilada QTc IntervaloQTcorrigido(noelectrocardiograma) r Coeficientedecorrelação R2 Coeficientededeterminação Relacre AssociaçãodeLaboratóriosAcreditadosdePortugal r.p.m. Rotaçõesporminuto RE% Errorelativopercentual RIA Radioimunoensaio(doinglês,Radioimmunoassay ) ∑RE% Somatóriodoerrorelativopercentual SCAN Mododevarrimentocontínuo(doinglês, scanning )

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s.d . Semdata SERT’s Proteínastransportadorasdeserotonina SI Precisãointermédia SIM Monitorizaçãoselectivadeiões(doinglês, Selective Ion Monitoring , Single Ion Monitoring ) SNC SistemaNervosoCentral SPE Extracçãoemfasesólida(doinglês, Solid Phase Extraction ) SPEGCMS ExtracçãoemfasesólidaCromatografiagasosaEspectrometriademassa SPME Microextracçãoemfasesólida(doinglês, Solid Phase Microextraction ) SPMEGCMS MicroextracçãoemfasesólidaCromatografiagasosaEspectrometriademassa STANZ Social Tonics Association of New Zealand STF ServiçodeToxicologiaForense S/N Razãosinal/ruído

S y/x Desviopadrãoresidual,erropadrão tcrit ValortabeladodadistribuiçãotStudent para(N1;N1;α/2) te Temponecessárioparaatingiroequilíbrio TFAA Anidridotrifluoroacético TFMPP 1(3trifluorometilfenil)piperazina TFMPPNTFA 1(3trifluorometilfenil)piperazinatrifluoroacetilada THC Tetrahidrocanabinol TIC Traçadodecorrenteiónicatotal(doinglês, Total Ion Current ) TMCS Trimetilclorosilano TMS TrimetilsililouTrimetilsililados Tr Tempoderetenção

Tr R Tempoderetençãorelativo UDP Uridinadifosfato UGT Uridinadifosfatoglucuronosiltransferases u.m.a. Unidadedemassaatómica UE UniãoEuropeia UV Ultravioleta

Va— Volumedeamostra

Vf— Volumedafaseestacionária

Vh Volumedafasegasosa

VD Volumededistribuição v/v Volume/volume WADA World Anti-Doping Agency Wi Factordeponderação,peso WLSLR Regressãolinearponderada(doinglês, weighted least squares linear regression ) α Níveldesignificância

viii Capítulo1–Introdução ______

1 Introdução

1.1 Drogasdeabusorecreativas

AsdrogassempreseduziramoHomem.DesdeaAntiguidade,aolongodahistória,cadasociedadee cultura desenvolveu e integrou no seu seio o consumo de substâncias químicas tóxicas, ou potencialmentetóxicas,comfinsnãoterapêuticos,porexemplo,associadasarituaisespirituais,práticas mágicas, cultos religiosos, ou de utilização meramente recreativa. Porém, é no século XX, devido à confluênciademúltiplosfactores(culturais,económicos,meiosdecomunicação,entreoutros)queos consumosabusivossegeneralizameintensificam[1,2].

Apalavra droga possuiváriasacepções.Odicionáriodalínguaportuguesa[3]refere:“nome comum a todas as substâncias ou ingredientes aplicados em farmácia ou nas indústrias ”.NaépocadeGarciadeHorta,o vocábulo era utilizado para designar remédios e substâncias diversas, as quais eram adquiridas posteriormentenasdrogarias[4].Lêseaindanodicionário[3]:“ coisa de má qualidade, bagatela ”.Droga tinhaosentidodemercadoriadepoucovalor,dequalidadeinferior.Aexpressão dar em droga erausada comometáforaparareferiradegradaçãodoindivíduo[4].Osignificadoetimológicoécontroverso. Comorigemnovocábuloholandês droog [3]queindicaseco,referiaseàsfolhasdeplantasmedicinais queeramsecasepossuíamutilizaçãoterapêutica,antecessorasdosfármacosactuais[4]ounapalavra francesa drogue [3],comomesmosignificado.Naconcepçãoactual[5],edeacordocomadefinição clássica da Organização Mundial da Saúde (OMS) [6], referese a qualquer substância que uma vez introduzida num organismo vivo pode modificar uma ou várias das suas funções. A definição de abuso ,introduzidaem1969pelaOMS,aludeaoconsumoexcessivo,persistenteouesporádicodeuma droga,inconscienteounão,equenãoserelacionacomumautilizaçãoterapêutica[6].

Deumamaneirageral,otermodrogasdeabusorefereseasubstânciaspsicoactivasquemodificamo comportamento,aafectividadeeaconsciência,susceptíveisdeconsumocomfinsnãoterapêuticose ilícitas. Sob esta designação genérica incluemse várias substâncias químicas de origens diversas (naturais, sintéticas ou semisintéticas), onde se englobam, entre as mais conhecidas, os opiáceos, a cocaína,oscanabinóideseasanfetaminas[1].

1 Capítulo1–Introdução ______

Nasúltimasdécadas,nassociedadescontemporâneas,énotórioumacréscimonoconsumoabusivode drogas de abuso sintéticas [7]. A expressão drogas sintéticas referese a substâncias psicoactivas obtidasporsíntesequímica,comumaestruturaquímicaanálogaaalgunsfármacosquesãoouforam utilizadosnaterapêutica.Osseusprincípiosactivosnãoseencontramnanatureza[8,9].

NosEstadosUnidos,oconsumoabusivodeanfetaminasnadécadadecinquentaedadietilamidado ácido lisérgico (LSD) nos anos sessenta e setenta são bem conhecidos [7,10]. Associado a distintos movimentoscontestatárioseculturais,ousoeoabusode3,4metilenodioxianfetamina(MDA)surge em 1967 [11]. Associada à cultura hippie, a droga era conhecida por love drug [11]. A 3,4 metilenodioximetanfetamina (MDMA, ecstasy ), sucessora da MDA no que respeita à popularidade, aparecenomercadonoiníciodosanossetenta,porém,asuautilizaçãomanteveserestringidaaalguns grupos sociais até ao final da década [11]. As drogas de síntese adquirem uma expressão cada vez maior,nasociedadeactual,graçasàpopularidadeobtidacomo rave drugs [12,13], party pills [14,15], party drugs [9], dance pills [16] ou club drugs [17,18]. Na generalidade, estas drogas produzem sensações de euforia,energiaedesejodesocialização[9,19].Associadasàculturadanoiteeemparticularàcultura rave ,sãoconsumidascomumpropósitorecreativo[2,9].Nestecontexto,contribuemparaatenuara fadiga e permitem ao consumidor dançar durante horas [9]. A relação existente entre o consumo recreativodedrogassintéticas,amúsicaeadiversãonocturnaencontrasebemdocumentada[20].O consumodeLSD,inseridonacultura hippie,comespecialocorrêncianosfestivaisdemúsicapop[10] constituiumexemplodestarelação.EmIbiza,noVerãode1987,milharesdepessoasassistiramaum evento musical e muitas experimentaram pela primeira vez o ecstasy . O êxito foi estrondoso, o que motivouareproduçãodesteambiente.Inicialmente,emLondres,nas raves ,ondecentenasdepessoas, aosomininterruptodamúsica,dançavamtodaanoiteeconsumiam ecstasy [21].Maistarde,asfestase ousoeabusodo ecstasy ,disseminaramseportodaaEuropa[20].

Noléxicodasdrogasdeabusoe,emparticular,nodasdrogassintéticas,referemseaindaasdrogasde desenho (do inglês, designer drugs ) [11,17]. Esta denominação conferelhes um certo atractivo e, ao mesmo tempo, é ardilosa. A designação advém do facto de serem especialmente desenhadas e constantementemodificadaspelosprodutores[11].Estescompostossintéticossãoanálogosquímicos de drogas ilícitas. A estrutura molecular de uma substância cujo consumo é ilegal é alterada tendo como objectivo a obtenção de efeitos psicoactivos similares, ou ainda mais potentes e muito mais aditivas,eevitando,destemodo,oilícitocriminaleasconsequentessançõespenais[8,9,11].Refiramse como exemplo os análogos sintéticos da fenciclidina, meperidina e fentanil [11], da feniletilamina e triptamina[22].AMDMAéreferidafrequentementecomodrogadedesenho,porémasuainclusão nesta categoria é questionável. A sua patente data de 1914, muitos anos antes da interdição das anfetaminasemetanfetaminas[11,21].

2 Capítulo1–Introdução ______

1.2 Novasdrogassintéticasrelacionadascomapiperazina

A partir da segunda metade dos anos noventa o mercado ilícito de drogas modificouse consideravelmentenoquerespeitaàsdrogasrecreativas[13,19].ComorefereHenriques[2]:“ Na era da globalização e do consumismo, também os consumos de drogas se têm vindo a massificar, mas estão também mais diversificados ”. Novas drogas de abuso sintéticas surgiram [7,17] e adquiriram notoriedade [22], em particular, as denominadas “piperazinas” [7,13,23]. Poderão distinguirse, entre as drogas sintéticas derivadasdaspiperazinas:asbenzilpiperazinas,1benzilpiperazina(BZP)eoseuanálogometilenodioxi 1(3,4metilenodioxibenzil)piperazina(MDBP),easfenilpiperazinas1(3trifluorometilfenil)piperazina (TFMPP), 1(3clorofenil)piperazina (mCPP) e 1(4metoxifenil)piperazina (MeOPP ou pMeOPP) [19,24].

A U.S. Drug Enforcement Administration (DEA)referequeaprimeirasuspeitadeconsumoabusivode BZP foi descrita em 1996, na Califórnia [25]. Estes compostos são apresentados na literatura da especialidade [26] e na Internet, em diversos sites , como substâncias químicas psicoactivas [27]. Os efeitos psicoactivos da BZP e da TFMPP são comparadosaosefeitosobtidosapósoconsumode anfetaminaedeMDMA,respectivamente[2831]eapresentadoscomoumaalternativalegal,baratae seguraàsanfetaminas[12,32],metanfetaminas[15,16]eao ecstasy [15,33],adicionadasaoscomprimidos deMDMAoucomercializadascomosede ecstasy setratasse[34].

A Dancesafe (umaorganizaçãoditaanónima)que,nosEstadosUnidosdaAmérica(EUA)eCanadá,em colaboração com o Ecstasy Testing Program analisa qualitativamente a “pureza” dos comprimidos de ecstasy ,comercializadosem raves ediscotecasouenviadospelosconsumidores[17],reportaaocorrência cadavezmaisfrequentedas“piperazinas”,isoladasouemassociaçãocomoutrassubstânciasactivas (e.g.MDMA)[27].Porvezesreferidascomoumanovaclassede designer drugs [18,23,24,27,32,35]esta classificaçãoédiscutível,àsemelhançadoquefoireferidoanteriormenteparaaMDMA.

1.3 Apreensõesdedrogasrelacionadascomapiperazina

DeacordocomoObservatórioEuropeudaDrogaedaToxicodependência(OEDT)[8]:“As apreensões de droga são geralmente consideradas como indicadores indirectos da oferta e da disponibilidade das drogas…O número de apreensões constitui geralmente um indicador mais útil das tendências gerais a nível do consumidor ”.Asapreensões destasdrogassãoregistadasnomundointeiro[13].

AprimeiraapreensãodeBZPéefectuadanaSuéciaemSetembrode1999[36].Atéaofinaldesseano sãorealizadas25apreensões.Nosanosseguintes,asapreensõesdeBZPsucedemsenaSuécia[37]. Em Espanha são confiscados comprimidos supostamente de ecstasy . A presença de MDMA não foi confirmada,mascontinhamBZP,TFMPPemetoxifenilpiperazina,cujoisómeronãofoideterminado

3 Capítulo1–Introdução ______

[38].ABélgica,Espanha,PaísesBaixoseFinlândiatambémassinalaramapreensõesdeBZPem2004 [7]. Em 2000, nos EUA, registouse as primeiras apreensões de comprimidos, cápsulas e pó que continhamBZPouTFMPPoumaisusualmenteumamisturadeambososcompostos[30].Onúmero de apreensões destes compostos adquiriu inicialmente uma maior frequência e expressividade nos EUA,comooelucidamasapreensõesefectuadasemIllinois[39],Iowa[40],Michigan[41],Ohio[42], Califórnia[43].Natotalidade,noperíodocompreendidoentre2000e2004,nosEUAsãoassinaladas 83apreensõeseconfiscados18000comprimidose600gramasdepóquecontinhamBZP.Apreensões envolvendo a BZP e outras drogas não controladas incluem um número superior a 55000 comprimidos[33].

Actualmente,assisteseaumaumentodacirculaçãodemCPPeBZPnomercadoeuropeu,indiciado pelo acréscimo no número de apreensões destes compostos. Bossong et al. [44] referem que, no período compreendido entre Setembro de 2004 e Abril de 2005, são registadas 25 apreensões de mCPP na Holanda. Catorze EstadosMembros da União Europeia (UE) indicaram a existência de mCPPemcomprimidosapreendidos.Umdospaísesmencionaqueforamefectuadas12apreensões envolvendoumtotalde81040comprimidosdemCPP[45]eaSuécia, aFrança,ÁustriaeLituânia relataramapreensõesdemCPP[44].Em2006,trezeEstadosMembrosdaUEeaNorueganotificaram apreensõesdeBZP,nonossopaísregistaramseapreensõesdepastaepó[37].

A Expert Advisory Committee on Drugs (EACD) refere que a produção, na Nova Zelândia, em 2003, atingiuos1,5milhõesdedosesdeBZP[46].ASocial Tonics Association of New Zealand (STANZ)estima avendadeumnúmerosuperiora8milhõesdedosesdeBZP,nomesmopaís,atéaoanode2005 [14,47]. Por mês, só na Nova Zelândia, são comercializadas 150.000 doses de party pills , o que é indicativodeumconsumodisseminado[15].

1.4 Contextolegislativodasdrogasrelacionadascomapiperazina

Devido à sua facilidade de aquisição e ao seu estatuto legal , estes compostos tornaramse drogas populares. O consumo abusivo, cada vez mais frequente, de BZP e TFMPP observado nos EUA, impeleaqueaDEA,a18Julhode2002,anuncieasuaintençãoderegulamentarestescompostos[25]. Destemodo, após 2meses, foi emitidauma resoluçãoque colocava, a título provisório, aBZP ea TFMPP na Schedule I of the Controlled Substance Act (CSA) [48]. O que significa a sua presença, à semelhança do que acontece com a MDMA [44] desde 1985 [9], na Categoria I das substâncias controladas, consideradas com potencial elevado para o consumo abusivo, sem benefício terapêutico/médicoconhecido,ecujoconsumoapresentariscosmesmosobvigilânciamédica,edeste modo,tornandooseuconsumoilegalnopaís.Noentanto,em2004,devidoàausênciadeevidências objectivas no que se refere aos riscos para a saúde pública, a TFMPP foi retirada da referida lista,

4 Capítulo1–Introdução ______abrindoumprecedente,foiaprimeiravezqueumcompostofoiretiradodaCSA[15].Destituídaa TFMPPdocarácterdeilegalidade,sóaBZPpermanecenaCSA[49].

Na UE, estes compostos não estão sujeitos a legislação específica, à excepção de dois Estados Membros(DinamarcaenaGrécia)aoabrigodalegislaçãodecontrolodasdrogas[37,45],daSuécia, MaltaeBélgicaquecontrolamaBZPaoabrigodalegislaçãodecontrolodasdrogasouequivalente [37],edaEspanhaeHolandaquecontrolamaBZPaoabrigodalegislaçãosobremedicamentos[37]. NaSuécia,desde1deMarçode2003,aBZPencontrasesobregulamentaçãoda Act of the Prohibition of Certain Goods Dangerous to the Health [36] e naBélgica desde 18 deOutubro de2004 ( Royal Decree on Psychotropic Substances ).NaDinamarcaaBZP,TFMPP,mCPPeMeOPPsãoconsideradasílicitasdesde 3deDezembrode2005[50]enaGréciaencontramsesobregulamentaçãoda Law 1729/87(Table A) eportantosujeitasàsmesmasmedidasdecontroloaplicadasàcannabis,heroínaouMDMA[37,45]. EmMaltaaBZPéconsideradaumasubstanciapsicotrópicadesdeJunhode2006( Medical and Kindred Profession Ordinance: Chapter 3 – Section A ).NaIrlandaocomérciodeBZPérestringidoaindivíduos com idade inferior a 18 anos [37]. A 22 de Março de 2007 o Conselho da UE determinou uma avaliaçãoderiscosrelacionadoscomoconsumodaBZPepoderádecidir(finaldeJulho)sujeitaresta drogaamedidasdecontrolonaUE.

Em 2003, o consumo de drogas relacionadas com a piperazina foi proibido no Japão ( Narcotics and Psychotropics Control Law )[51],apósseremapreendidos,nopaís,comprimidoscomBZPeTFMPPna suacomposição[18,52].NaNovaZelândia,emAbrilde2004,aEACD[46]refereainexistênciade informaçãoconcretaesuficienteparaquepossamserregulamentadas(deacordocoma Misuse of Drugs Act , 1975), mas alerta para a necessidade de o seu consumo ser vigiado e adverte para que a sua presençanomercadocomosuplementodietéticosejarevista[16,46].EmJulhode2005,ocomércio destasdrogasérestringidoaindivíduoscomidadeinferiora18anos[14,15].Destemodo,criaseuma nova categoria de drogas: controladas e, simultaneamente, lícitas [14], non-traditional designer substances [16].NaAustráliasãorestringidasemalgunsEstados[12,53].

Em2005a New Zealand Sports Drug Agency baniuaBZPdascompetiçõesdesportivas[14]ea World Anti-Doping Agency (WADA) [54] apresentaa como uma das substâncias estimulantes identificadas peloslaboratóriosacreditados.A1deJaneirode2007,entreaspiperazinas,apenasaBZPfoiincluída nalistadassubstânciasproibidaspelaWADA[55].

1.5 Formasdeapresentaçãodasdrogasrelacionadascomapiperazina

Estescompostossão,emgeral,comercializadosnaInternet,emdiscotecas,festasparticularese raves , na forma de comprimidos, que possuem uma grande variedade de formas, cores e dimensões e impressoscomsímbolosdiversos[37,48](Figura11).Podemtambémsercomercializadosnaforma

5 Capítulo1–Introdução ______decápsulasepó[37,44],aformalíquidaépoucohabitual[48],refereseaexistênciadetónicos,ditos sociais[15,16].

Uma das razões para o seu rápido incremento respeita à percepção de que são seguras. Um dos contributos para esta ideia generalizada prendesecom a sua forma de administração. De aparência inofensiva, comprimidos coloridos e brilhantes com logótipos atractivos são frequentemente, consideradosinócuospelosconsumidores,poroposiçãoàsdrogasinjectáveis,alémdequenãoestão associadosaefeitoscolaterais(e.g.doençasinfecciosas).Oseubaixocusto,facilidadedetransporte, aquisiçãoeconsumopodemseroutrosfactoresimportantesparaasuapopularização.Ossímbolos, gravadosnoscomprimidos,transmitemaoconsumidoraideiadequeoscomprimidostêmomesmo efeito. No entanto, a composição e a concentração podem diferir bastante de comprimido para comprimido.

Chanel (Pink) Arc-en-ciel, Smiley Plain Tablet Mitsubishi blanc TFMPP Arlequin BZP+TFMPP (Blank) mCPP mCPP (10:1) BZP+TFMPP+ Cocaína+DXM) i

Versace Roll's Royce Coeurs rose Lacoste-blanc Mitsubishi rose mCPP mCPP mCPP mCPP mCPP

Purple Tart Wannabe Green Fly Semdesignação BZP+TFMPP TFMPP BZP+TFMPP BZP+TFMPP (1:1) (1:1) (10:1) Semdesignação mCPP

Figura11.Comprimidosecápsulasdedrogasrelacionadascomapiperazina. Ecstasy é a denominação comum mais conhecida da MDMA, porém outras designações vulgares podemserreferidas:“E”,“X”,“XTC ”e“ADAM”,porexemplo[2,11].Deigualmodo,àsdrogas relacionadas com a piperazina também são atribuídas designações comuns. A título de exemplo, referemse para a BZP: “Legal E ”, “Legal X ” [33] numa clara alusão ao seu estatuto jurídico face à

MDMA. “ Pseudo X.T.C ” e “A2” [23,30], “Herbal ecstasy” [14]. A TFMPP é designada na gíria como iDextrometorfano(DXM).

6 Capítulo1–Introdução ______

Misty ouMolly [56,57],sendoesteúltimonometambématribuídoàMDMA[22].Arlequin e Arc-en-ciel , Rainbow eX4sãodesignaçõesassociadasàmCPP[45,58]. deBoeret al .[23]referemem2001quetodasestaspiperazinaserampromovidasnaInternetcomo drogas de abuso e à excepção da BZP, não se apresentavam ainda em formas farmacêuticas. Hoje, decorridosseisanos,aexistêncianaInternetdeinúmeros sites especializadosnocomérciodedrogas que não se encontram regulamentadas e das piperazinas em particular é um indício da oferta, da procuraedasuafacilidadedeaquisição.

Sãoconhecidos,actualmente,umacentenadenomescomercializados/sinónimos[14,15].Apresentam senaFigura12algumasdasapresentaçõesedenominaçõescomerciaisdeBZPe/ouTFMPPquese encontram à venda na Internet. Na generalidade, ostentam denominações apelativas (e.g. Jump ®, Euphoria ®, Kandi ®e Move ®).

Figura12.EmbalagensdecomprimidosecápsulasdedrogasrelacionadascomapiperazinaàvendanaInternet. Promovidascomosuplementosdietéticoseenergéticos(e.g. Frenzy , Exodus , Charge e Rapture )[12]na NovaZelândia,estasdrogas(referidasnavidanocturnacomo party pills, herbal highs ou dance pills )são aceitespelasociedade,semoónusdedrogas,econsideradascomoumaalternativaàsdrogasilícitas.A BZP, por exemplo, é comercializada legalmente (e.g. Nemesis ®) como estimulante [30], bebida energética (e.g.Ammo ®) [59,60] e apropriada para dançar. Neste país, era publicitadana televisão e podiam ser adquiridas em estabelecimentos da especialidade, lojas de produtos naturais e até em

7 Capítulo1–Introdução ______leitarias[15].EmAbrilde2005,oslocaisdevendadestesprodutosforamrestringidosadiscotecase clubesnocturnos[59].

O consumo destes compostos parece ser circunstancial, em conexão com determinados acontecimentos(e.g.festas)ouemcertascircunstâncias(e.g.porsimplescuriosidade,porimitaçãode comportamentos em determinados grupos de indivíduos), sempre com um objectivo definido, a diversão.Podem,noentanto,extravasar,dautilizaçãoocasionalemfestaspodempassaraserutilizadas para aumentar o rendimento desportivo ou para estudar, como refere em Southbeach-diet on-line [61], umajovemconsumidoraoucomooanunciamnaInternetosvendedoresdestesprodutos.

Por policonsumo de substâncias entendese o consumo combinado ou alternado de substâncias diversas[1], lícitaseilícitas ,sintéticasounão[8].Destemodo,pretendesemaximizareminimizaros efeitos positivos e negativos respectivamente, e suprimir os efeitos adversos de outras substâncias psicoactivas.ABZP,porexemplo,éconsumidacomosubstitutodedrogasilícitas(e.g.MDMA)mas tambéméutilizadaemassociaçãocomelas,paraintensificarosseusefeitos[33],promoveroaumento davigíliaediminuirosefeitosdepressoresdoálcoole/oucannabis[46].Osresultadosobtidospor Gee et al . [14] apontam para um quadro de policonsumo, sendo o álcool o principal composto envolvido,seguidodamarijuana,doóxidonitrosoeoutrasdrogas(e.g.MDMA,LSD).Estasituaçãoé agravadapelofactodenoscomprimidosexistiremaindaoutrassubstânciasactivas(e.g.cocaína, DXM ) [34],porexemplo,aRapture ea Exodus apresentamnasuacomposiçãoumamisturadeBZPeTFMPP [12,22].EstimasequeorácioBZP:TFMPPsejade2:1noscomprimidosapreendidosnosEUA[30,35] e3:1naNovaZelândia[15].

Estas party pills apresentamnasuacomposição,alémdoscompostosjáreferidos,umagrandevariedade desubstâncias,asquaissesabeatenuaremosefeitosadversosapósa“experiência”oualteraremasua natureza [15]. Sabese que o consumo abusivo de anfetaminas leva à depleção de serotonina e dopamina, deste modo, com a inclusão de triptofano (um percursor da serotonina) e de tirosina (percursordadopamina)noscomprimidos,pretendeseminimizarestesefeitos[15].Omesmoautor refere, a título de exemplo, que a embalagem de “recuperação” que acompanha o pacote de 6 comprimidosde Altitude contem5hidroxitriptofano,minerais,aminoácidoseasvitaminasB,CeF.

Electrólitos,aminoácidoseextractosdeplantas(e.g.pimentanegra,extractodeginseng)sãotambém adicionados aos comprimidos e/ou cápsulas, presumidamente para promover a imagem de que são naturais,saudáveise,destemodo,seguras[15].

8 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______

2 Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos

2.1 Estruturaquímicaeclassificaçãodaspiperazinas

A designação de piperazina é atribuída a um composto orgânico heterocíclico, composto cíclico hexagonal, que contém no anel saturado, além do carbono e do hidrogénio, dois heteroátomos de azotoemposiçõesopostas.Comosinónimosreferemse:1,4diazaciclohexano;piperazidina[62,63]e perhidro1,4diazina[64]. H N N H Figura21.Estruturaquímicadapiperazina.

Agénesedestadenominação,possivelmente,éatribuídaàsimilaridadequímicaqueapresentacoma piperidina(Figura22:b),existenteempequenasquantidadesnapimentapreta( Piper nigrum L. )[62].A pimentapreta(Figura23)eoutrasplantasdafamíliadas Piperaceae contêm,nosseusfrutos,apiperina (Figura22:a),quequandoextraídaemcondiçõesalcalinaseemmeioalcoólicoatemperaturaelevada originaapiperidina[62,65]. O N O N H O (a) (b) Piperina Piperidina Figura22.Estruturaquímicadealgunsconstituintesda Piper nigrum L. (a)Piperina;(b)Piperidina.

Onomeparecesugerirquesãoderivadosdasplantasdogénero Piper sp .,mastalnãocorrespondeà verdade, a piperazina não é um composto de origem natural, pelo contrário, é obtida por síntese química[66].Poderáserestaaexplicaçãoparaofactodasdrogasdeabusoderivadasdapiperazina

9 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______serem consideradas drogas naturais, drogas seguras, e apelidadas de “herbal ecstasy” “herbal highs” . A presença de Piper nigrum L. e/ou Capsicum annuum L ., esta última da família Solanaceae , em alguns comprimidosecápsulas(e.g.Frenzy , Charlie) comercializadosnaInternetpoderáserfrutodestaideia generalizadadequesãoextraídasdeplantas.

Figura23.Piper nigrum L .—folhasefrutosimaturos[67].

Aolongodestetrabalho,adesignaçãogenéricadepiperazinasésinónimodeumgrupodesubstâncias químicas utilizadas como drogas de abuso, que contém na sua estrutura o núcleo de piperazina e, ligado a este, um radical aromático resultante da substituição de um protão no átomo de azoto do heterociclo. Piperazinas Y R1 R2 R3

R3 NH N R2 Y R1

1benzilpiperazina(BZP) CH 2 H H H

1(3,4metilenodioxibenzil)piperazina(MDBP) CH 2 H OCH 2O

1(4metoxifenil)piperazina( MeOPP ) — H H OCH 3 1(3clorofenil)piperazina(mCPP) — H Cl H

1(3trifluorometilfenil)piperazina(TFMPP) — H CF 3 H

Figura24.Estruturaquímicadasdrogasdeabusorelacionadascomapiperazina. Deacordocomanaturezaquímicadossubstituintesnoheteroátomo,classificamseaspiperazinasem: 1fenilpiperazinas,aquelasemcujaestruturaquímicaoátomodeazotoestáligadoaumgrupofenilo;e em1benzilpiperazinas,aquelasemqueoátomodeazotoestáligadoaumgrupobenzilo(umgrupo

10 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______metiloseparaoanelaromáticodoheterociclo).Nasfenilpiperazinasverificaseasubstituiçãonoanel aromáticoem meta porumátomodecloro(mCPP)ouumradicaltrifluorometilfenil(TFMPP)eem para por um grupo metoxilo (MeOPP). Nas 1benzilpiperazinas só a MDBP é substituída no anel aromático,comumgrupometilenodioxi.Estaúltima,aindaquereferidanaliteraturacomodrogade abuso, não foi utilizada neste trabalho, por razões que se prenderam com a impossibilidade da sua aquisição.

2.2 Propriedadesfísicoquímicasdaspiperazinas

Todas as piperazinas em estudo são bases orgânicas, o valor da constante de ionização (pKa) é superior a oito [68,69] e o valor de pKa das 1fenilpiperazinas (mCPP, TFMPP) pouco se altera, a percentagemdeionizaçãoapH7,4ea37ºCvariaentreos80%,paraosderivadoscomomenorpKa, eos97%,paraaquelescujopKaémaiselevado(pKa,9,19,4).Assim,parecequeaspiperazinasem condiçõesfisiológicasestãoprotonadas[69].

Tabela 21. Dados físicoquímicos das drogas relacionadas com a piperazina utilizadas na parte experimentaldestetrabalho.

Composto BZP TFMPP mCPP MeOPP

CAS (*) 2759286 15532759 6640240 38212305

Massamolecular 176,26 230,23 196,68 192,26

Fórmulamolecular C11 H16 N2 C11 H13 F3N2 C10 H13 ClN 2 C11 H16 N2O

Pontodefusão(ºC) 1720 — 210214 4247

Pontoebulição(ºC) 145 760mmHg 6572 15mmHg 145150 3mmHg 130

Pressãodevapor (**) — 1,87 0,479 — (10 3mmHg) ConstantedeHenry 9,84 0,839 — — (10 8atm.m 3/mol) Solubilidadeemágua — 2600 7310 — (mg/L) pKa (***) 9,59 8,66 8,64/8 ,72 9,00 LogP(oct/ag) (ŧ) — 2,43 2,11 — (*) CAS: Chemical Abstracts Service ; (**) a25ºC; (***) a37ºC; (ŧ) LogP(oct/ag):Logaritmodocoeficientedepartiçãodocompostoentreooctanoleaágua. 2.3 Utilizaçãoterapêuticadaspiperazinas

O(Viagra®),aciclizina[15],aciprofloxacinaeoutrasfluorquinolonas,osquaispertencema gruposfarmacológicosdistintos,constituemexemplosdefármacosquepossuemoanelheterocíclico

11 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______da piperazina, na sua estrutura molecular. A piperazina é usada como intermediário químico na produçãodedeterminadosdetergenteseprodutosfarmacêuticos [30 ,51 ].UtilizadaemPortugalcomo antihelmínticonasparasitosesintestinaisproduzidaspor Ascaris lumbricoides e Enterobius vermicularis (e.g. Pipermel®ePipertox®),nãoéconsideradoumfármacodeprimeiraescolhanonossopaís[70 ].

Actualmente, não são conhecidas utilizações terapêuticas da BZP no Homem. Originalmente sintetizadapelos Wellcome Reseach Laboratories ,em1944,comoumpotenteantihelmíntico[29],aBZP nuncafoicomercializada,dadaasuaeficáciarelativaeosefeitosadversos(e.g.convulsões)observados em mamíferos [14]. Esta substância revertia os efeitos sedativos da tetrabenazina nos ratos e murganhos, indiciando uma actividade antidepressora (Miller et al. , 1971; trabalho não publicado, citado por Bye et al. [28] e Campbell et al. [29]). A BZP é o metabolito activo da piberalina, denominação comum internacional (DCI) de um prófármaco antidepressor, o Trelibet® (antes designadoporEGYT475)[71,72],nãocomercializadoemPortugal.Umprófármacoéumcomposto inactivofarmacologicamente,masque in vivo podeserconvertidonumoutrocompostocomactividade farmacológica. A BZP também faz parte da estrutura química da befuralina (DCI), um fármaco experimental,atribuindoseàprimeiraaresponsabilidadepelosefeitosestimulantesdestefármaco[73].

AmCPP,uma1arilpiperazinacomactividadefarmacológicanoSistemaNervosoCentral(SNC)[69], é o composto melhor caracterizado farmacologicamente de entre as piperazinas. É um metabolito activo de fármacos antidepressores, considerados atípicos, como a trazodona (Trazone AC®, Triticum®, Triticum AC®, comercializados em Portugal), nefazodona e etoperidona [69,7476] e tranquilizantescomoo[69,76].Relacionadafarmacologicamentecomo[69], amoléculafazpartedaestruturadacloperidonaemefeclorazina[27].

A TFMPP é um metabolito da antrafenina, um fármaco analgésico e antiinflamatório [69,77] e da fluprazina, um protótipo das denominadas drugs (fármacos que reduzem o comportamento agressivo)[78].Fazainda partedaestruturaquímicadaterciprazina,frabuprofene[79,80].

2.4 Farmacocinéticadaspiperazinas

A farmacocinética relacionase com o estudo dos processos de absorção, distribuição, biotransformaçãoeeliminaçãodasdrogas(oufármacos),apósasuaadministraçãonoorganismo[81]. Paraqueaspiperazinasproduzamosefeitospretendidosénecessárioasuaintroduçãonoorganismo vivo(administração),destemodo,estasdrogaspodematingiracirculaçãosanguínea(absorção).Asua distribuiçãoatravésdosanguepermitiráquealcancemascélulas,tecidoseórgãosalvo,ondeexercema sua acção farmacológica. A biotransformação destes compostos antecipa a sua eliminação do organismo (e.g. na urina), ainda que esta última possa ser efectuada sob a forma inalterada. Aos

12 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______produtosresultantesdosprocessosdebiotransformaçãodenominase,genericamente,demetabolitos dadrogaadministrada.

2.4.1 ProcessosdeAbsorção

Aspiperazinascomodrogasdeabusosãoadministradasquaseexclusivamenteporviaoral,naforma de comprimidos ou cápsulas [37,58] e absorvidas pelo tracto gastrointestinal. As propriedades lipofílicas dealgunsdestescompostospermitemasuapassagematravésdasmembranasbiológicase, deste modo, facilitam a sua absorção. Após a administração de uma dose de 100 mg os efeitos induzidospelaBZPperduramnotempodurante6a8horas[37].Otemponecessárioparaatingira concentraçãoplasmáticamáxima(T max )é,deacordocomFeuchtl et al. [82],deumaaduashorasapós a administração da mCPP. Após administração oral de uma dose de mCPP (0,5 mg/Kg) a concentraçãoplasmáticamáxima(Cmáx )éde30,8ng/mLeoT max éobtidoaos120minutos[83].

Dadas as apreensões de algumas piperazinas (e.g. BZP, mCPP) na forma de pó, não poderá ser excluída a possibilidade destas drogas serem administradas por via parenteral, intranasal (aspiração nasal)oupulmonar(fumada)[30,33,37].AadministraçãodaBZPporviaintravenosa( i.v. )comoforma de diminuir o tempo de latência dos efeitos e aumentar a sua intensidade é descrita por alguns consumidores,apesardereferiremefeitosdolorososdevidoàalcalinidade[14].

AdosetípicadeBZPparautilizaçãorecreativavariaentre20a200mg,umadoiscomprimidos[30,84] e70a1000mg[14].AindaqueadosedeBZPaconselhadasejadeumadoiscomprimidos[14]é recomendada a ingestão de doses adicionais, se após as duas horas iniciais os efeitos manifestados ficarem aquém dos desejados. No que respeita à mCPP as doses encontradas nos compridos apreendidosvariamentre2a46mg[44].Asapreensõesdepórevelamaexistênciadoprincípioactivo em baixa percentagem (5 a 8%) e, por vezes, adulterado com cocaína [44]. A dose de TFMPP consideradacomo“activa”évariáveledependentedosefeitosdesejadospelosconsumidores.Refere sequeumadosede25mgpodesersuficienteparaaobtençãodosefeitosempatogénicos (doinglês, empathogen , geramsentimentosdeempatiacomosoutrosqueorodeiam ),enquantoquedosesde75a 105 mg permitem a obtenção de efeitos entactogénicos (do inglês, entactogen, promovem o contacto como eu interior ecomosoutros,sentimentosdeharmonia)[22].ParaaMeOPP1mg/Kgdemassa corporalcorrespondeàdoseestimadaparautilizaçãorecreativadestecomposto[85].

Os estudos farmacocinéticos revelam que a biodisponibilidade da mCPP (capacidade da composto atingiracorrentesanguíneanaformaactiva)variaentre12a84%[82]ou14a108%[86],oqueindicia umavariabilidadeinterindividualelevada.Noquerespeitaaotempodesemivida(t 1/2 )damCPP,ou seja o tempo necessário para que a concentração da droga se reduza a metade, descrevese em

13 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______voluntárioshumanos4,2horas[87],entre2,6a6,1horasapósadministração per os ( p.o .)e2,4a6,8 horasapósadministração i.v. [82].ParaaTFMPPot1/2 éde66minutos[88].

A via de administração determina, em geral, o aparecimento de diferenças acentuadas nas concentrações dos fármacos administrados (e.g. trazodona) e dos seus metabolitos (e.g. mCPP), consistentescomoefeitodeprimeirapassagemapósaadministraçãooral,edependendooráciodas concentrações, entre o fármaco e o seu metabolito, do fluido biológico considerado (e.g. plasma, sangue)[69].AmCPPnoHomeméummetabolito minor datrazodonarepresentando0,15%dadose naurinaapósumaadministraçãooralde150mgdetrazodona[87].Asdrogasadministradas per os são sujeitas ao efeito de primeira passagem no fígado onde são metabolizadas precedendo a sua distribuiçãonoorganismo.Destemodo,apenasafracçãoremanescentedadrogaserádistribuídapela corrente sanguínea, dado que, em geral, a fracção da droga que foi biotransformada será inactiva farmacologicamente e eliminada pelo organismo. Por outro lado, a trazodona, apesar de ser farmacologicamenteactiva,apósametabolizaçãoproduzamCPP,ummetabolitoactivo.

2.4.2 ProcessosdeDistribuição

Umaveznosangue,aspiperazinasdistribuemseentreoseritrócitoseoplasmae,nesteúltimo,entrea fracçãoaquosaeaproteica.AligaçãodamCPPeTFMPPàsproteínasplasmáticaséfraca,30a40% [69,88].NoquerespeitaqueràBZPqueràMeOPPestesdadossãoinexistentes.Paraageneralidade das 1arilpiperazinas, a razão entre as concentrações sanguíneas e plasmáticas daspiperazinas (rácio sangue/plasma) é próxima da unidade (e.g. para a mCPP é de 1,1), revelando uma distribuição equitativaentreosglóbulosvermelhoseoplasma.Noentanto,aTFMPP(oráciosangue/plasmaéde 3,0)constituiumaexcepção,dadoqueseconcentranoseritrócitos[69,88].

Paraquedrogascomoaspiperazinasexerçamasuaacçãofarmacológicaeprovoquemumaresposta farmacodinâmica,emparticular,noSNC,estasnecessitamdealcançarotecidonervoso,paratal,têm que atravessar a barreira hematoencefálica. Deste modo, a sua actividade central é extensivamente determinadapelavelocidadeeextensãocomqueconseguempenetrarnotecidonervoso.Oqueestá relacionado,porsuavez,comascaracterísticaslipofílicasdoscompostos,asualigaçãoàsproteínas plasmáticaseasuaconstantedeionização[69].Emratos,ovolumededistribuição(V D)damCPP(4,0 L/kg)edaTFMPP(16,2L/kg)excedeovolumedeáguacorporaltotal,indicandoumadistribuição tecidularextensa[69,88].Após administração i.v. aspiperazinasdistribuemseemgrandeextensãonos rins, fígado e pulmões e, em menor amplitude, no coração e músculoesquelético [88]. As concentrações encontradas no SNC são sempre mais elevadas quando comparadas com as concentraçõessanguíneas[69].

14 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______

2.4.3 Biotransformação

Aoconjuntodosprocessoscelularesatravésdosquaisosxenobióticossãomodificadosquimicamente de modo a facilitar a sua eliminação denominase de biotransformação. No processo de biotransformação diferenciamse duas fases ou etapas metabólicas. Numa primeira fase (Fase I) englobamsereacçõesquímicasdenaturezadistinta(e.g.oxidação,redução,hidrólise)comalterações da estrutura química da molécula, cujo objectivo é a obtenção de metabolitos mais polares, menos lipofílicos. Numa fase posterior (fase II), os metabolitos formados durante a fase I ligamse covalentemente a moléculas endógenas (glucuronidos, sulfatos). Os produtos destas reacções denominamse genericamente de metabolitos conjugados e observase um aumento da hidrosolubilidade da molécula. A biotransformação dos xenobióticos nos seus metabolitos ocorre principalmenteanívelhepáticoeconduz,emgeral,acompostosmaispolares,maishidrofílicos,oque facilitaasuaeliminaçãodoorganismo[81]. As principais reacções daspiperazinas na etapa I da biotransformação são a hidroxilação aromática simples (BZP, TFMPP, mCPP) e a Odesmetilação aromática (MeOPP). A hidroxilação aromática consiste na introdução de grupos hidroxilo no anel aromático com subsequente formação das correspondentes hidroxipiperazinas. Na Odesmetilação a perda do grupo metilo por quebra da ligaçãoéterbenzílicatransformaaMeOPPnummetabolitohidroxilado.ANdesalquilação,umavia metabólicamenosimportante,conduzàformaçãodeaminasprimárias(derivadosdaetilenodiaminae da anilina). As principais reacções metabólicas da fase II são reacções de conjugação com o ácido glucurónico (glucuronidação) ou com o radical sulfato dos metabolitos hidroxilados (sulfatação), respectivamente,poruridinadifosfato(UDP)glucuronosiltransferases(UGT)esulfotransferases[19].

ABZP,poroposiçãoàsoutraspiperazinas,nãoéextensivamentemetabolizada,sendoeliminadana urinasobaformainalterada,predominantemente[13].Noentanto,Tsutsumi et al. [51]referemquea percentagem de BZP eliminada na urina nas 48 horas subsequentes à sua administração (dose de 5 mg/Kg)representaapenas6,7%dadoseadministrada,decorridoesseintervalodetempoocomposto nãofoidetectado.

O metabolito major da BZP é a 4hidroxibenzilpiperazina (Figura 25:2) [32,51]. Os metabolitos hidroxiladosdaBZPsãodetectadosnaurinadecorridas48horasdasuaadministração,sendoquea4 hidroxibenzilpiperazina e a 3hidroxibenzilpiperazina (Figura 25:3) representam respectivamente 0,43% e 0,02 % da dose administrada [51]. A detecção do anel heterocíclico (Figura 25:5) ou da benzilamina (Figura 25:6) não será de grande utilidade dado que são eliminados em quantidades vestigiaisemetabolitoscomunsaoutrasdrogas(MDBP)oufármacos(zopiclone,cinarizina)[32,89],o primeiro,comojáreferido,écomercializadoemPortugalcomoantihelmíntico.Poroutrolado,um

15 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______método de triagem baseado na detecção de 1(4hidroxi3metoxibenzil)piperazina (Figura 25:4) tambémpoderáconduzirainterpretaçõeserróneasporqueestecompostoéaindaummetabolitoda MDBP[90]edo,umprófarmacodaMDBP[89].

Glucuronidos Fase I ou Sulfatos Fase II

N NH O HO N HO 2 N NH NH HO HO N HO 4 NH 3 N HN NH NH 1 5 NH2 6

NH N 2 H 7 Figura 25. Representação esquemática do metabolismo da BZP: BZP (1); 4hidroxibenzilpiperazina (2); 3 hidroxibenzilpiperazina (3); 1(4hidroxi3metoxibenzil)piperazina (4); piperazina (5) benzilamina (6); N benziletilenodiamina(7)[13,32].

A TFMPP(Figura 26:1) éextensivamente metabolizada pelo organismo, sendo eliminada na urina, predominantemente sob a forma alterada [13], representando 0,7% da dose administrada [91]. A 4 hidroxitrifluorometilfenilpiperazinaéometabolitomajordaTFMPP[18,91].NafaseIIdistinguese ainda,alémdaglucuronidaçãoesulfação,aacetilaçãoparcialdosderivadosdaanilina,provavelmente poracçãodeNacetiltransferases[13,80].

Staack et al .[80]referemqueainterpretaçãotoxicológicaaquandodaidentificaçãodaTFMPPdeverá ser criteriosa, dado que este composto é um metabolito da antrafenina. No entanto, este fármaco comercializadonaFrançacomadesignaçãodeStakane®foijáretiradodomercado[92].Afluprazina, seuprecursor[78]comojáreferido,nãoseencontraàvendaemPortugal.Noentanto,amoléculada TFMPP faz parte da estrutura química da terciprazina, frabuprofeno e lorpiprazole [79,80]. A leflunomida, um fármaco utilizado no tratamento da artrite reumatóide comercializado em Portugal (Arava®)[93],émetabolizadaa4triflurometilanilina[80].Alémdequeahidroliseácidautilizadano

16 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______procedimentoparaadetecçãodestefármacoconduzàformaçãoda3triflurometilanilinacujoespectro demassaésemelhante,oquepoderáconduzirainterpretaçõeserróneas[80],seotempoderetenção docomposto(Tr)nãoéconhecido.

NH NH N Fase I N HO Fase II 2

CF 1 3 CF3 NH OH O N NH O NH HO O NH2 NH2 HO HO OH 10,11 CF3 CF3 CF3 3 4 NH O N NH2 NH2 HO HO S O O 5 7 12 CF3 CF3 CF3

H H N N HO O O

6 CF3 8,9 CF3 Figura 26. Representação esquemática do metabolismo da TFMPP nos ratos: TFMPP (1); hidroxi trifluorometilfenilpiperazina (OHTFMPP), dois isómeros (2); N(3trifluorometilfenil)etilenodiamina (3); N (hidroxi3trifluorometilfenil)etilenodiamina (4); 3trifluorometilanilina (5); Nacetil3trifluorometilanilina (6); hidroxi3trifluorometilfenilanilina (7); Nacetilhidroxi3trifluorometilanilina (8,9); conjugação com o ácido glucurónico(10,11)ecomsulfatos(12)[13,80].

NoquerespeitaàmCPPametabolizaçãoédetalformaextensaqueMayol et al. [94]nãodetectama sua presença na forma inalterada, na urina de ratos. O metabolito major é a para hidroxi clorofenilpiperazina[95](Figura27:2,3)nãodetectadonaformanãoconjugadaporMayol et al. [94]e comumaoutrosfármacos(e.g.trazodonaenefazodona)[95,96].Noutroestudoédetectadaapresença demCPPsobaformainalterada(Figura27:1)assimcomodometabolitomajorsobaformalivre[27]. Em contraste com o metabolismo da TFMPP, não foi detectada a presença de N(hidroxi3 clorofenil)etilenodiaminanãoacetilada.Porém,osmetabolitosrelacionadoscomaanilinasãotambém parcialmente acetilados [13], provavelmente por Nacetiltransferases, as quais se sabe serem responsáveispelasreacçõesdafaseIIdosderivadosdaanilina(Figura27:7,8,9,10)[27].

SeránecessáriaadiferenciaçãodosfármacosprecursoresdamCPPquandoapresençadestadrogafor confirmada. Dado que o composto é um metabolito de fármacos como a trazodona, subsistirá a

17 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______necessidadedeverificarseofármacoestápresenteouosseusmetabolitos.Sóemcasonegativose pode presumir que a presença de mCPP é compatível com uma administração para utilização recreativa. Por outro lado, referese que alguns dos metabolitos da mCPP não são exclusivos deste composto.Algunsherbicidas(e.g.barbane,clorbufameeclorprofame)apresentamcomometabolitoa 3cloroanilina (Figura 27:5). O buturon, um herbicida, apresenta na sua estrutura a molécula de 4 cloroanilinacujoespectrodemassaésimilar.A N(3clorofenil)etilenodiamina(Figura27:4)também podeserdetectadanaurina,aindaquecomometabolito minor ,apósadministraçãoquerdatrazodona querdanefazodona[27].

NH NH N N HO 2/3 1 Cl Cl

H H N glucoconjugados N e sulfatos NH2 NH2 HO Cl Cl 4

H H NH N N 2 NH2 HO O HO O Cl Cl Cl 7/8 Cl 6 5 9/10 Fase I Fase II Figura 27. Representação esquemática do metabolismo da mCPP nos ratos: mCPP (1); hidroxi clorofenilpiperazina, 2 isómeros (2,3); N(3clorofenil)etilenodiamina (4); 3cloroanilina (5); Nacetil3 cloroanilina(6);hidroxi3cloroanilina(7,8);Nacetilhidroxi3cloroanilina(9,10)[13,27].

AMeOPPéextensivamentemetabolizada[13,85].Porém,aocontráriodasoutraspiperazinas,avia metabólica mais importante é a Odesmetilação do grupo metoxilo do anel aromático [85,97]. O metabolitohidroxilado1(4hidroxifenil)piperazinaéoseumetabolitomaisabundante[85,97]esofre conjugação com o ácido glucurónico e sulfatos [13]. No entanto, a 1(4hidroxifenil)piperazina é igualmente um metabolito comum a fármacos com utilização terapêutica como a dropropizina e

18 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______oxipertina [98], respectivamente um antitússico comercializado em Portugal com a designação de Catabina®eCatabinaExpectorante®eumantipsicótico(Integrin®,Inglaterra)[99].

Adegradaçãometabólicadoanelheterocíclicooriginaoscorrespondentesderivadosdaetilenodiamina e da anilina, respectivamente N(4metoxifenil)etilenodiamina e 4metoxianilina [13,97]. A 4 hidroxianilina é um metabolito comum à MeOPP, dropropizina e oxipertina [85,98] o que poderá originar equívocos [85]. A 4hidroxianilina é parcialmente glucoconjugada e sulfatada. O metabolito resultante da acetilação da 4hidroxianilina, a Nacetil4hidroxianilina, é o fármaco analgésico conhecidocomoparacetamol[85,98].Poroutrolado,ahidrólisedoparacetamolconduzàformação da4hidroxianilina.Destemodo,énecessáriaaexistênciadeumametodologiaanalíticaquepermitaa diferenciação de uma administração de MeOPP como droga de abuso de uma administração terapêutica de um fármaco. Neste sentido, deverá ser efectuada a detecção da MeOPP e da N fenilpiperazina dado que aprimeiranão é um produto resultante do metabolismo da oxipertina e a última não é observada após a biotransformação da MeOPP [85] ainda que o seja na conversão metabólica da dropropizina [85,98]. Além de que existem alguns fármacos como o urapidilo (Ebrantil®,Portugal),umfármacoantihipertensor,aenciprazina,afluanisona,amilipertina,osdois últimos considerados antipsicóticos, cujos metabolitos 1(2metoxifenil)piperazina [23,69,85] e os correspondentesmetabolitoshidroxiladosapresentamumespectrodemassasimilar,aindaqueoseu Tr possa ser diferenciado [23,85]. Referese ainda a existência de apreensões de 1(2 metoxifenil)piperazina destinadasaumautilizaçãorecreativa[40,43,85].

Abiotransformaçãodosxenóbióticosé,nageneralidade,enzimática.Deummodogeral,asreacções dafaseIsãocatalisadasporenzimasdocitocromoP450localizadasnoretículoendoplasmáticodos hepatócitos. Ainda que outros órgãos possam apresentar capacidade metabólica (rins, tracto gastrointestinal, pulmões) [81]. O citocromo P450 apresenta na sua constituição várias isoenzimas, sendo que a CYP 2D6, CYP 3A4 e a CYP 1A2 são as principais implicadas no metabolismo das piperazinas. O conhecimento do polimorfismo genético das isoenzimas do citocromo P450 responsáveisnãosópelabiotransformaçãodaspiperazinascomopelometabolismodosxenobióticos, emgeral,éindispensávelparaoconhecimentodatoxicocinéticaeaavaliaçãodosriscostoxicológicos [100].NoquerespeitaàhidroxilaçãoaromáticadamCPPeàOdesmetilaçãodaMeOPP,osestudos efectuadosnaidentificaçãodasisoenzimasCYPenvolvidasnestasviasmetabólicasrevelamquesão catalisadasexclusivamentepelaCYP2D6[95,97,101].Outrosensaiosevidenciamoseuenvolvimento na hidroxilação da TFMPP. In vitro , as isoformas CYP 2D6, CYP 3A4 e a CYP 1A2 catalisam a hidroxilaçãodaTFMPP,aindaqueaprimeiraofaçadeformamaissignificativa[100]representando 80,9%,7,6e11,5%,respectivamente[13].

19 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______

2.4.4 ProcessosdeEliminação

Aeliminaçãodaspiperazinasocorreprincipalmenteporviarenal,sendoquenaurinaestasdrogassão eliminadas na forma inalterada em quantidade reduzida, inferior a 1%, para as mais lipofílicas (e.g. mCPPeTFMPP)[88].Referese,decorridas24horasapósasuaadministração,apresençanaurinade 0,3%e0,5%,0,4%dadoseadministradarespectivamentedeTFMPP,mCPPeBZP[51,88].

2.5 Acçãofarmacológicadaspiperazinas

2.5.1 Mecanismodeacçãodaspiperazinasnosistemanervosocentral(SNC)

Oconhecimentodomecanismodeacçãodaspiperazinaspermitirácompreenderosefeitosfisiológicos epsicológicosreveladosapósoconsumodestassubstâncias.ABZP,aTFMPPeamCPPaumentam as concentrações extracelulares dos neurotransmissores (e.g. serotonina, dopamina, noradrenalina), sendo que este mecanismo de acção farmacológica ocorre tanto por inibição da recaptação do neurotransmissor(NT)comoporestimulaçãodosreceptoresprésinápticos.Aindaqueseencontrem semelhanças no mecanismo de acção das piperazinas, entre si e entre outras drogas de abuso, não obstante, subsistem algumas diferençasrelacionadas com a magnitude dosseus efeitos nos sistemas serotonérgicoedopaminérgico.

ABZPeaspiperazinashalogenadasaumentamasconcentraçõesextracelularesdeserotonina(5HT) [56,102105], à semelhança da MDMA [56,106]. No entanto, quando se comparam os efeitos da MDMA e das piperazinas, a primeira é mais potente e eficaz no que se refere à capacidade para estimularalibertaçãode5HTendógena[56,105].OsefeitosdamCPPsãocomparáveisemmagnitude aosobservadoscomafenfluramina,uminibidordoapetite,àsemelhançadaTFMPP[107].Quando comparadaàTFMPP,aBZPémuitomenoseficaznalibertaçãode5HT[56].

Na Internet, os consumidores descrevem a existência de similaridades entre os efeitos psicoactivos induzidos pela TFMPP e os obtidos após o consumo de ecstasy [22]. Atendendo ao seu efeito na transmissãoserotonérgica,eaofactodaTFMPPimitar,aindaqueparcialmente,osefeitosdaMDMA [31], a presença de TFMPP nos comprimidos comercializados como ecstasy poderá agora ser compreendida [35].

O mecanismo molecular de acção das piperazinas responsável por este aumento de 5HT no SNC envolveainibiçãodarecaptaçãosinápticadoNTpelaBZP,TFMPP,mCPP[103,105,107,108]e,em analogiacomaacçãofarmacológicadaMDMA[106,109],émediadapelaactividadedesubstratonas proteínas transportadoras de serotonina (SERT’s), dado que os bloqueadores selectivos destes transportadores membranares (e.g. inibidores selectivos da recaptação de serotonina, IRSS)

20 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______antagonizam a libertação de 5HT induzida pelas piperazinas e o aumento da neurotransmissão serotonérgica é independente do Ca 2+ [56,104,107,109]. Neste aspecto, a mCPP é um substrato potenteeselectivoparaosSERT’s,cujapotênciaémesmocomparadacomadosubstratoendógeno (5HT)[109].

ABZP,àsemelhançadaanfetaminaemetanfetamina,estimulaalibertaçãodedopamina(DA)[110]. In vivo ,oaumentodasconcentraçõesde5HTeDAestárelacionadocomasdosesdeBZPemCPPe TFMPP administradas, ainda que com a administração da primeira os efeitos no sistema dopaminérgicosejampredominantes[56,102,104,109].Nestasúltimas(mCPPeTFMPP),emparalelo comaMDMA[106],oaumentoinduzidonasconcentraçõesde5HTédominante[56,109].Quando secomparamasacçõesnosistemaserotonérgicoedopaminérgicodaMDMAcomaspiperazinas,a primeira é sempre um libertador mais potente de 5HT e de DA [56,109]. Nos terminais nervosos dopaminérgicosaBZP,TFMPPemCPPinteragemcomotransportadormembranardeDA(DAT) aumentando a concentração de DA na fenda sináptica, por bloqueio da sua recaptação [56,102,104,108,110]. No que se refere à BZP, este aumento é abrupto e fugaz, consistente com o perfilfarmacológicodeumfármacolibertadordeDAdotiposubstratoparaoDAT,oudrogascomo aanfetaminaeaMDMA,comomesmomododeactuação[56,106,109].

Com base nestes resultados experimentais, e à luz dos conhecimentos actuais, dirseá, em jeito de resumo,queastrêspiperazinasaumentamatransmissãoserotonérgicaedopaminérgica,destemodo, apresentam um mecanismo de acção misto. Observese, porém, que a acção da BZP no sistema dopaminérgicoédominante,aanfetamina,estruturalmentedistinta,apresentaummododeactuação idêntico.Pelocontrário,amCPPeaTFMPPagempredominantementenosistemaserotonérgico,em analogiacomaMDMA.Noentanto,estasinopseéredutora,dadoquedesprezaosefeitosdasuaco administração.

OtrabalhodeBaumann et al. [56]evidenciaestapreocupação. In vivo, a coadministração deBZPe TFMPPprovocaumaumentodasconcentraçõesextracelularesde5HTeDAquedependedadose administrada.Emdosesbaixas(3mg/kg)estesefeitossãosemelhantesaosinduzidospelaMDMA(1 mg/kg) e mimetizam o mecanismo de acção molecular desta última. Deste modo, os autores encontram os mecanismos neuroquímicos subjacentes à utilização recreativa da BZP em associação com a TFMPP, os quais permitem explicar os efeitos subjectivos descritos pelos consumidores ao associaremestasdrogas.Contudo,emdoseselevadas(10mg/kg)aassociaçãodaBZPeTFMPP(1:1) suscitaumincrementodramáticonosníveisdeDAe5HT,noentanto,oefeitoémaisenérgicona transmissãodopaminérgica.OaumentoobservadonasconcentraçõesextracelularesdeDAproduzido pelacoadministraçãodestesdoiscompostosémuitomaiselevadodoqueasomadosefeitosdecada um deles quando administrados isoladamente, indícios de um efeito sinergético na transmissão

21 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______dopaminérgica quando estas drogas são associadas. No entanto, o mesmo não se observa na transmissão serotonérgica, o aumento da concentração extracelular de 5HT induzida pela co administraçãodeBZPeTFMPP,ésimilaraovalorpreditivodasomadoefeitodecadaumadelas quando administradas individualmente [56]. Além de que este aparente sinergismo in vivo não é observado in vitro ,oquepoderáseratribuídoafactoresfarmacocinéticos[56]. Porsuavez,numerosostrabalhosdemonstraramaafinidadedestescompostosparaosreceptoresda5 HT,daDAedanoradrenalina(NA). OmecanismodeacçãodaBZPnoSNCenvolveefeitosagonistasnosreceptores5HT1[71,108]. In vivo ,aactivaçãodirectadosreceptorespóssinápticosserotonérgicoséumdosmecanismosdeacção principais da TFMPP [103]. Ainda que reconhecida a actividade da TFMPP como agonista não selectivo nos subtipos de receptores 5HT [111,112], o seu perfil de ligação aos vários receptores serotonérgicosécomplexo.Seporumladoseatribuialgumapreferênciapelossubtipos5HT 1B [113 115],poroutro,questionaseestaselectividadeereferesequeapresentapotênciafarmacológicasimilar nos subtipos de receptores 5HT 1A , 5HT 1B e 5HT 2C [116]. Noutros ensaios farmacológicos, foi tambémdemonstradoqueaTFMPPéumantagonistadosreceptores5HT 2A [112].Defacto,oseu mecanismo de acção é, no essencial, serotonérgico. Porém, a actividade de agonista nos receptores serotonérgicos,porsisó,nãoseráoúnicoresponsávelpelasfunçõesfisiológicasecomportamentaisda TFMPP,comofoievidenciadopelasuaacçãonosSERT’s.AmCPPinteragecomonzesubtiposde receptores de neurotransmissores [117]. Nos receptores serotonérgicos evidencia maioritariamente propriedadesagonistasnãoselectivas,porém,efeitosantagonistastambémsãodescritos.George et al.

[118],referemporordemdecrescentedeafinidadeossubtipos5HT 2C [119],5HT3,5HT 2A ,5HT 1A

[102,104,120],5HT7e5HT6,5HT 2B [102],5HT 1B [119,121].AmCPPéumagonistadosubtipo5

HT 2C masumantagonistados5HT 2A [112,121,122],àsemelhançadaTFMPP.Porémaocontrário destaúltima,éumantagonistados5HT3periféricos[123]e5HT 2B [124].Asuaafinidadeparaalguns dosreceptores5HTécomparadaempotênciaàdosSERT’s,estefactopoderáexplicarporqueao contráriodadfenfluramina,queédeigualmodoumsubstratoparaosSERT’s,nãoprovocadepleção nosníveisextracelularesde5HTalongoprazo[102].

AmCPPeaTFMPPapresentamafinidadeparaosreceptoresdopaminérgicos[125],sendoaprimeira considerada um antagonista destes receptores [117], à semelhança do mecanismo de acção dos fármacosneurolépticos(ouantipsicóticos)quebloqueiamosreceptoresdopaminérgicos. Por outro lado, os autoreceptores adrenérgicos dos neurónios présinápticos podem modificar a neurotransmissãoinibindoalibertaçãodeNA.ABZPéconsideradaumantagonistadosreceptores α2

22 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______présinápticos[126]e,destemodo,aoinibiromecanismoderetrocontroloprovocaumaumentoda NA(estimulaçãosimpática).Porém,numoutroensaiofarmacológicoreferesequeaBZPnãoéum antagonista dos adrenoreceptores α2 présinápticos porque não antagoniza o efeito inibitório da clonidina[127],umfármacoagonistadosreceptores α2centrais,utilizadoemPortugalnotratamento dahipertensãoarterialenosíndromedeabstinênciaaosopiáceos.Paraestesautores,apotenciaçãoda transmissãonoradrenérgicaéatribuídaàinibiçãodarecaptaçãosinápticadeNA,sendoqueoaumento extracelular de NA é observado ao nível periférico [126] e central [108]. A afinidade de ligação da

TFMPPaos α2adrenoreceptoreséconsideradafraca,quaseinactiva[125].Porém,asuaafinidadepara os receptores adrenérgicos não é consensual [121]. A mCPP revela alguma afinidade para os adrenoreceptores α2periféricos[104],cujaactividadeintrínsecaémaiselevadaquandocomparadaà

TFMPP [125], sendo considerada um antagonista dos receptores adrenérgicos α2 [117,128]. No entanto,osensaiossãodiscordantes,jáqueporvezesapósadministraçãodamCPPnãoseverificaum aumentodalibertaçãodeNA[109].

NoquerespeitaàMeOPPfoiefectuadaumapesquisabibliográficanoprogramadepesquisacientífica Pubmed (base de dados bibliográficos da National Library of Medicine ). Esta pesquisa incidiu nos vocábulos 1-(4-methoxyphenyl)piperazine e MeOPP e inclui todos os artigos publicados até à data de término da pesquisa: 15 de Março de 2007. Nenhum dos artigos aborda a acção farmacológica do compostoouosefeitosqueproduznoorganismo.

2.6 Farmacodinâmicadaspiperazinas

Neste capítulo descrevemse os efeitos farmacológicos e tóxicos das piperazinas subjacentes ao mecanismodeacçãodestescompostos.

2.6.1 EfeitosnoSNC

ABZPeamCPPinduzemalteraçõesdoestadoanímico(e.g.euforia)[46,86,129].Àprimeiraatribuise aindaadiminuiçãodafadiga,aumentodoestadodealertacomperturbaçõesdoritmosonovigília,que se traduzem num aumento da vigília, sensações de bemestar e aumento da energia [46]. Após a administração de mCPP estão descritos efeitos psicológicos de natureza subjectiva, sentimentos positivos, em particular uma sensação de bemestar, empatia, euforia [130], comparáveis aos efeitos subjectivospositivosdaMDMA[131,132]eosefeitosestimulantesealucinogéniossãosimilaresaos induzidosapósoconsumodeMDMA,LSDepsilocibina[131,132].Comojáreferido,oconsumode drogasrecreativastemporfinalidadeadiversão[2,9]esãoestesefeitosdeeuforiaesensaçõesdebem estar,efeitossubjectivospositivos,queoconsumidorprocuranas party pills .ABZPaoatenuarafadiga eaumentaravigíliapermiteaoconsumidorconservaraenergia,edestemodo,dançardurantevárias horas ( dance pills). Por outro lado, a MDMA é referida na literatura como uma droga de abuso que

23 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______pertenceaumanovacategoriafarmacológicadenominadasdedrogasentactogénicas.Oaumentoda empatia,osentimentodeproximidadequesedesenvolvecomosoutros,quersejaemocionaloufísico, eaintrospecçãosãoalgunsdosefeitosqueascaracterizam [11,133].AmCPPeaTFMPPsãotambém identificadaspelosconsumidoresdesubstânciasentactogénicas[22,131].

Poroutrolado,amCPPinduz disforia[86,129],alteraçõessúbitas,aindaquemomentâneas,doestado deânimo.ABZPeamCPPprovocamnáuseasevómitos[14,131,134].Emconjuntocomosefeitos subjectivospositivos,apósaadministraçãodemCPPsurgemosefeitossubjectivosnegativoscomoa ansiedade e a confusão [131,132]. No Homem, este composto desencadeia ansiedade, depressão, despersonalização,perdadenoçãodarealidadeeataquesdepânicoemindivíduossaudáveis[129,135 137].Emindivíduoscomdistúrbiospsiquiátricos,aadministraçãodocompostoexacerbaossintomas da doença, já que suscita ou agrava ataques de pânico em pacientes com perturbações de pânico, obsessão em doentes obsessivocompulsivos, agorafobia, sintomas positivos em doentes com esquizofrenia e induz sintomas físicos de ansiedade em distúrbios ansiosos [104,128,130,136,138]. Observandose,porvezes,discrepânciasnosefeitosdamCPPentreindivíduossaudáveiseindivíduos com doença mental diagnosticada [139,140]. A indução de enxaquecas é outro efeito indesejável da mCPP[86,134,138,141].OfactodamCPPagravarossintomaspsicóticosdaesquizofreniaemotivar adiçãonoscocainómanosabstinentessugerequeaadministraçãodocompostoaumentaosníveisde DA[104].UmestudoclínicorevelaqueapósaadministraçãodemCPP(0,5mg/kg, p.o .)umsíndrome serotonérgicofoiobservadoemalgunsindivíduos[142].DeacordocomAustineMonastério[12],a BZP pode ser responsável por psicoses agudas. Num indivíduo, esta caracterizouse por delírio persecutório, associado a alterações da percepção darealidade: alucinações visuais e auditivas. Após incendiar o quarto, o indivíduo saltou da janela, num segundo andar, uma acção semelhante às observadasfrequentementeemconsumidoresdeLSD.

À semelhança da mCPP, a administração de TFMPP induz respostas ansiogénicas em modelos animais,desencadeiareacçõesdemedo[78,143,144]ereduzaagressividadeemroedoresdediversas espécies[78,145].AmCPP,porvezes,diminuiaagressividadeeomedo[130].

A BZP, isolada ou em associação com a MDMA, desencadeia o aparecimento de convulsões [14,84,146]. A TFMPP aumenta a frequência das convulsões induzidas pela cocaína, em roedores, apesar de, paradoxalmente, quando administrada na ausência da segunda pareça possuir um efeito protector nos estados convulsivos [15]. A coadministração de BZP e TFMPP, em ratos, induz o aparecimento de convulsões e ataxia. As convulsões são de curta duração e os animais recuperam plenamente ao fim de uma hora. No entanto, as convulsões induzidas por estes dois compostos ocorremcomdosespróximasdasnecessáriasparaqueseverifiqueaactividadebiológica,oqueindicia umamargem terapêuticaestreita[56].Faceaumquadrodepoliconsumodestassubstâncias,entresie

24 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______comoutrassubstâncias,comorefereGee et al. [14],oaparecimentodeconvulsõesentreasreacções adversasnãoserásingular.OsresultadosobtidosporBaumann et al. [56]reforçamestepressupostoe sugeremqueaassociaçãodaBZPeTFMPPpodecolocaremriscoavidadosconsumidores.

ÀmCPPatribuiseumefeitoanticonvulsivo[147,148].Porém,aadministraçãosistémicademCPPe TFMPP,aratos,emdoseselevadasprovocaoaparecimentodeconvulsões,enoextremoocasionaa morte de um número elevado de animais [121]. Referese o aparecimento de convulsões após a administraçãodamCPPcomodrogarecreativa[45,58].

2.6.2 Efeitosnosistemacardiovascular

Após autoadministração de BZP evidenciase à periferia os seus efeitos simpaticomiméticos no sistemacardiovascular(e.g.hipertensãoarterialetaquicardia),atribuindosearesponsabilidadedestes efeitosàacçãodaBZPsobreosadrenoreceptores α2periféricos[14,53].Numestudoprospectivo,em 32% dos indivíduos observase no electrocardiograma (EGC) um prolongamento do intervalo QT corrigido (QTc) [14], o que pode desencadear arritmias ventriculares complexas e, deste modo, ser causademortesúbita.ApósaadministraçãodemCPPtambémsedescrevetaquicardiaehipertensão arterialaindaqueconsideradascomoligeirase,porvezes,inexistentes,alteraçõesnoEGC:diminuição do intervalo QT e prolongamento no intervalo PR, mas estas alterações são moderadas [86,118,131,134]. A TFMPP não induz taquicardia [149], mas observase bradicardia e hipotensão arterialemratos[150].

2.6.3 Efeitosnatemperaturacorporal

ABZP,aTFMPPeamCPPinduzemhipertermiaemratosatemperaturasambienteselevadas(e.g. 28ºC) [108,151], porém, as duas últimas induzem hipotermia em murganhos e ratos à temperatura ambiente(20±1ºC)[152].NoHomem,oaumentodatemperaturacorporalédescritoapósaingestão deBZPcomodrogadeabuso[14,53],aindaque,emcircunstânciasfatais,quandofoiconsumidaem associação com a MDMA,se observasse hipotermia (34,1ºC) [146]. Em estudos clínicos observase hipertermia após administração da mCPP [86,118,134], sendo que este aumento da temperatura corporaléigualemmagnitudenamCPP(0,5a0,75mg/kg)eMDMA(1a2mg/kg)[131].

Se considerarmos que estas substâncias são consumidas, em geral, em locais de diversão nocturna, discotecas,locaisfechados,compoucaventilação,napresençadeumnúmeroelevadodeindivíduos,e emquesedançatodaanoite,demodoextenuante,sujeitosatemperaturaselevadaseàdesidratação, estes factores podem favorecer o aparecimento de hipertermia. Por outro lado, a actividade física extremaeocalorproduzemsudaçãoprofusae,consequentemente,aperdadesódioemquantidade elevada.Aingestãodeáguaemquantidadesexcessivascomoformademinorarocaloracompanhaeste

25 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______processo,oqualapresentacomoresultadoumahemodiluiçãoehiponatrémia.Apassagemdeáguado sangue para os tecidos, inclusive o cérebro, é a etapa subsequente e encontrase descrita após o consumo de MDMA [9] e de BZP em associação com a MDMA (edema cerebral) [146]. A desidratação pode estar associada ao consumo de BZP, e deste modo, os riscos de rehidratação excessiva,podemestarpresentes[46].Esteefeitoédescritonaliteratura,namortedeumajovem,após oconsumodeBZPemassociaçãocomaMDMAeaingestãodedezlitrosdaágua[146].

A questão do exercício físico intenso não deve portanto ser menosprezada, estas drogas são consumidas para conceder energia, não só visando a diversão mas também para obter maior rendimentoemactividadesdesportivas[61].Nãoé,portanto,surpreendentequea New Zealand Sports Drug Agency afastasse a BZP das competições desportivas [14] e a WADA [55] interditasse o seu consumoapartirdesteanode2007.

2.6.4 Efeitosnocomportamentomotor

NoHomem,osefeitosestimulantespsicomotoresproduzidospelaBZPsãosimilaresaosproduzidos pela dextroanfetamina. Osestudos efectuados porBye et al. [28] e Campbell et al. [29]sugerem, no entanto,queestaúltimaédezvezesmaispotente.Aestimulaçãopsicomotorainduzidapelaanfetamina temsidoatribuídaàDA[106],destemodo,dadaaanalogiadoseumecanismodeacçãocomaBZP, idênticopapeldesteNTpoderáseratribuídoaosefeitosdaBZP.Alémdahiperactividade,referesea existência de movimentos involuntários da cabeça, comportamentos estereotipados e tempo de reacçãodiminuídonoHomem[14].AadministraçãodeTFMPPnãoalteraaactividadepsicomotora nosratos,sugerindosequealibertaçãodoNTmediadapelosSERT’sisoladamente(istoénaausência deumlibertadordeDA)podenãosersuficienteparainduzirhiperactividademotora[56].AmCPPea TFMPPdecrescemaactividademotoraespontâneaemratoseroedoresexpostosanovosambientes [121,153]. Baumann et al. [56] consideram que a não diminuição da actividade motora após a administração de TFMPP, nas suas experiências, possa ser atribuída ao facto dos ratos já se encontraremhabituadosàscondiçõesambientais.

PoroposiçãoaoobservadoapósadministraçãodeMDMA[106],aadministraçãosimultâneadeBZPe TFMPP em doses baixas (3 mg/kg, i.v. ) não aumenta a actividade motora em ratos mas em doses elevadas (10 mg/kg, i.v. ) suprime a actividade e induz o aparecimento de convulsões e ataxia [56]. Consequentemente,observamsediferençasconsideráveisentreaTFMPP,aBZPeaMDMAnoque respeita à actividade motora, as quais podem ser atribuídas a acção directa das piperazinas nos receptorespóssinápticos[56].

26 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______

2.6.5 Efeitosneuroendócrinos

Os efeitos neuroendócrinos parecem relacionarse com a acção destas drogas no sistema serotonérgico. No Homem, a mCPP induz a libertação mediada pelo hipotálamo de cortisol e prolactina plasmática [83,86,130,131,154], hormona adrenocorticotrópica (ACTH) [118,139,154] e hormonadocrescimento(GH)[134,136,140],easuamagnitudedependedadoseadministrada[134]. Influenciamatemperaturaeocomportamento[134]esãoextensivamenteutilizadoscomomarcadores da função serotonérgica em várias perturbações psiquiátricas e na investigação dos mecanismos farmacológicos na ansiedade [104,135,136,139,155]. Observandose diferenças entre indivíduos deprimidosesaudáveis[140]e,entresexos,emjovensadolescentes[134].AmCPP,devidoàssuas propriedadesserotonérgicas,eemparticularàsuaacçãocomoagonistados5HT 2C ,temsidomuito usadaclinicamentecomomarcadordafunçãoserotonérgica[104,134136,139,155].

2.6.6 Efeitosnoscomportamentoalimentaresexual

A mCPP e a TFMPP diminuem o apetite e induzem anorexia em ratos [156,157]. No Homem, a mCPPdiminuioapetiteeprovocaperdadepeso[158,159]. OaumentodatransmissãoserotonérgicaobservadaapósadministraçãodeTFMPPemCPPinibeo comportamento sexual em murganhos [113], o que não deixa de adquirir particular relevância se pensarmosqueassociadoaoconsumodeMDA( love drug) e MDMAseencontradescritoumaumento dasensualidadeedodesejosexual,equeaspiperazinassãoconsumidascomosubstitutodestasdrogas, a predisposição para o acto sexual, conferida pela sensação de intimidade e de proximidade e o comportamentodedesinibiçãoinduzidosporestescompostos,dificilmentepoderáserconcretizado.

2.6.7 Potencialdaspiperazinasparainduzirumconsumoabusivo

Um estudo clínico efectuado em indivíduos consumidores de anfetaminas revelou que, nas doses utilizadas, os efeitos fisiológicos e subjectivos provocados pela BZP e danfetamina eram indistinguíveis [29]. Deste modo, estes autores previam já em 1973 que este composto apresentava potencial para desencadear o consumo abusivo e alertaram para a necessidade da BZP ser regulamentadaàsemelhançadasanfetaminas[29].Noentanto,estaadvertêncianãofoiadoptadapor nenhumpaís[32]eosensaiosclínicosforamabandonados[14]. ABZPagecomoumreforçopositivonomacaco rhesu s,tãoeficazcomoodacocaína.Nosanimais treinadosparadiscriminaraanfetaminadoplacebo,aBZPmimetizatodososefeitosdasanfetaminas [35]. Os resultados obtidos por Fantegrossi et al. corroboram, mais uma vez, o potencial para o consumo abusivo desta substância, à semelhança do que acontece com as anfetaminas [35]. Em

27 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______estudosrealizadosemanimais,aTFMPPsubstituicomoestímulodiscriminativoaacçãodeinúmeras drogas.SubstituicomoestímulodiscriminativoamCPP[114,115]eoinversotambémestádescrito [119,160],apesardamCPPrevelarumapotênciainferior[115].Refereseaindaoetanol[161,162],a MDMA[31,114]eaNetil3,4metilenodioxianfetamina(MDE)[163],oquerevelapotencialparao consumoabusivodestasubstância.Noentanto,eporoposiçãoàBZP,aTFMPPnãofuncionacomo reforço positivo no macaco rhesu s treinado para auto-administração de cocaína, nem substitui como estímulo discriminativo a anfetamina no macaco rhesus [35], nem a 4metil2,5dimetoxianfetamina (DOM)ouoLSD,ambasalucinógenicas,emratos[115,160,164].

A administração concomitante de BZP e TFMPP suscita uma resposta inferior à da BZP quando isolada.AcoadministraçãodestescompostosparececonstituirumreforçomenosefectivoqueaBZP quandoadministradaisoladamente[35].

A mCPP não funciona como reforço positivo no Homem por comparação com o placebo, contrastando com o efeito da MDMA e da anfetamina. No entanto, quando comparados os três compostos, os efeitos subjectivos positivos são similares entre eles [131]. O efeito de reforço é a melhorprediçãodopotencialdeumadrogaparadesencadearumconsumoabusivo,nãoobstante,os estudos que descrevem os seus efeitos subjectivos contribuírem para a compreensão do fenómeno [131].NoquerespeitaàutilizaçãodamCPPcomodrogadeabuso,osefeitospsicológicosrevestem particularinteresse[27],dadoqueproduzefeitoseuforizantes semelhantesaosprovocadospeloetanol em alcoólicos abstinentes [118,165], adictos da cocaína [166,167] e consumidores de MDMA em abstinência [129]. Após administração aguda de mCPPeTFMPPemratosoconsumodeetanolé diminuído[168,169].Ese,porvezes,noHomemamCPPdiminuiodesejocompulsivopelacocaína [167], e em alcoólicos abstinentes pelo álcool [118,165], por outro lado, referese que aumenta a probabilidadederecaídanoalcoolismo[118,141].Noentanto,observamsediferençasnasrespostas obtidasentrealcoólicosabstinentes,emalgunsindivíduosdespoletasentimentosderaivaeansiedade [118].

Não existem evidências da dependência física da BZP quando administrada por via oral [46]. No entanto,referesequepodeocorrertolerânciaaosefeitospsicológicosefisiológicosproduzidospor estas drogas (e.g. BZP e mCPP) [46,154], ainda que ao aumento da dose necessária para obter os efeitos pretendidos estejam associados efeitos adversos (e.g. náuseas), os quais podem restringir o consumodestescompostosemdoseselevadas[46].

28 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______

2.6.8 Efeitostóxicos

2.6.8.1 Intoxicaçãoaguda

A intoxicação aguda, por consumo excessivo, é uma complicação frequente. Geralmente acidental, ocorrequandosetentaobterumefeitomaisintensooufoiatribuídoàlatênciadosefeitos[14].Geeet al . [14] referem um consumo médio de 4,5 comprimidos/cápsulas por indivíduo (entre 1 e 25 comprimidos!),sendoqueosconsumidoresjustificamestecomportamentocomoconsequênciadenão conseguirem obter o efeito desejado com o primeiro, e mesmo com o segundo comprimido. A existênciadedosesmúltiplasedademoradeacçãoapósaingestãoécorroboradanoestudoefectuado porBye et al .[28]emqueosefeitosmensuráveisdaBZPsóserevelaram2horas,porvezesmais,após a ingestão oral, o que poderá explicar porque tantos indivíduos excedem a dose recomendada [15], entre 1 a 2 comprimidos [14]. O rácio sexo masculino: sexo feminino é de 1:1,3. As mulheres apresentaram com maior frequência efeitos adversos comparativamente aos indivíduos do sexo masculino,oquepoderáserexplicadopelomenorpesocorporal,jáqueadosedeBZPnomercado, entre70a1000mg,nãocontemplaopesodoindivíduo[14]. Atoxicidadefoicaracterizadaentreligeiraemoderada,persistindoalgumasdasreacçõesadversas24h após o consumo. Entre os sinais clínicos de intoxicação incluemse insónias, ansiedade, agitação, cefaleia, confusão, ataques de pânico, náuseas, vómitos, palpitações, distonia, retenção urinária e estados convulsivos, constatandose a presença de efeitos simpaticomiméticos (e.g. hipertensão e taquicardia)[14].Éesperadoosinergismoeoaparecimentodereacçõesadversasquandoassociadaa IRSS[46]. ABZPeaTFMPPsãoirritantescutâneos,consequentementeosindivíduosqueasaspirampelonariz podemdesenvolvererosõesdamucosadoseptonasalemanifestaremlesõesrelacionadascomolocal deadministraçãodadroga,porexemplo,apósmastigaremoscomprimidos[30].Alémdequedadosos efeitossimpaticomiméticosainalaçãodopóporvasoconstriçãocontinuadapoderásercausalocalde corizaintensa,riniteatróficaeperfuraçãodoseptonasalàsemelhançadoqueacontececomacocaína.

2.6.9 Morteseintoxicaçõesrelacionadascomoconsumodedrogasderivadasda piperazina

OOEDT[170]utilizaotermo“ mortesrelacionadascomoconsumodedrogas ”paradesignaras mortes directamente provocadas pelo consumo de uma ou mais drogas psicoactivas e que simultaneamenteocorremnumcurtoespaçodetempoapósoconsumo.Estasmortes,referidasainda por overdose pordrogasdeabuso,morteinduzidapordrogasilícitas,oumortedirectamenterelacionada

29 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______com o uso de drogas, são atribuídas ao consumo excessivo e aos efeitos imediatos da(s) droga(s) [170,171].Poroutrolado,distingueseaexistênciade mortesindirectamenterelacionadascomo consumo de drogas , compreendendo esta designação a morte resultante de causas naturais ou as situaçõesdemorteviolenta.Asprimeirasemconsequênciadepatologiasagudasoucrónicasassociadas aoconsumo(e.g.infecciosas,cardíacas).Assegundasprovocadasporagentesexternos,nasquaisse integramoshomicídios,suicídioseacidentes,porexemplo,sobainfluênciadedrogasdeabuso[171].

ABZPfoiassociadaaóbitosealgunscasosdeintoxicação.Em1999,naSuécia,apósamortedeum jovemde22anos,aanálisetoxicológica post mortem revelouapresençadeBZP,numaconcentraçãode 1,7g/gdesangueperiférico,emassociaçãocomMDMA,MDAetetrahidrocanabinol(THC)[36].

NaSuíça,umamortedeumamulherde23anosfoiregistadaapósestateringeridoduascápsulasdeA 2 (BZP)eumcomprimidode ecstasy numa rave [146].Noentanto,aBZPfoiidentificadanovamentena Suécia, em 2002, numa amostra post mortem de um indivíduo de 24 anos em associação com a anfetaminaeTHC[37].NoReinoUnido,aBZPfoiencontradaemamostras post mortem (sanguee urina)referentesaduasvítimasdeacidentedeviação,sendotambémidentificadasoutrassubstâncias (e.g.canabinóides,cocaína,etanol,MDMA).

Asmortesedadosrelativosàsurgênciashospitalarestendemaserindicadoresprecocesdoconsumo dedrogas[172].Apesardacrençageneralizadadequesãodrogassegurasedetoxicidadereduzida,os relatosdeintoxicaçãonãosãoinvulgares,emparticular,noquerespeitaàBZPemCPP.Noentanto,o númerodeintoxicaçõespodeestarsubestimado;emalgunspaíses,asestatísticasnacionaisreferentesà informaçãohospitalarsãodifíceisdeobter(e.g.Portugal).

O Children's Hospital of Michigan [84]refereumcasodeintoxicação.Umjovemde16anosfoiadmitido naurgênciahospitalarcomumepisódioagudodeconvulsões,apósaingestãode2a3comprimidosde ecstasy duranteumafesta.AanálisetoxicológicarevelouapresençadeMDMAeBZPnaurina[84].Em 2004,umartigopublicadono New Zealand Herald [53]relatavaque,noespaçodeummês,5indivíduos tinhamsidoadmitidosnasurgênciashospitalares,emDunedim,naNovaZelândia,apósaingestãode BZP.Quantoaossintomasapresentadosmencionataquicardia,hipertensãoehipertermia.Oconsumo deBZPpodedesencadearumepisódiopsicóticoemindivíduossusceptíveis,encontrandosedescritaa suaocorrênciaassociadaàingestãoda Rapture (quecontémBZPeTFMPP)emassociaçãocomóxido nitroso e cannabis [12]. A análise toxicológica efectuada na urina revelou a presença maioritária de BZPenãoevidenciouapresençadecanabinóidesouálcool[12].NaSuécia,entre1999e2004,aBZP foi detectada em 56 amostras biológicas (urina e/ou sangue), isolada ou em associação com outras drogas, onze das colheitas foram efectuadas em indivíduos detidos nos estabelecimentos prisionais [36].

30 Capítulo2–Piperazinas:Aspectosgeraisefarmacológicos ______

Gee et al .[14]numestudoprospectivoefectuadoentreAbrilde2005eSetembrode2005,noserviço deemergênciado Christchurch Hospital ,naNovaZelândia,registaram80ocorrênciasqueenvolveram umtotalde61indivíduos,comsuspeitadeintoxicaçãoatribuídaaoconsumodeBZP.Osresultados obtidos neste estudo, realizado na população consumidora destas drogas recreativas ( party pills ), evidenciaram, entre outros, que os indivíduos envolvidos nestes contextos eram na sua maioria do grupoetáriodos1536anos.

MaltaeReinoUnidotambémdescrevemaexistênciadeBZPemamostrasbiológicas in vivo (sanguee urina)[37].EmMalta,numhospital,entreMarçoeDezembrode2006aBZPfoidetectadaem14 amostras de urina. Em três amostras, a BZP foi a única substância encontrada, em duas a MDMA também foi identificada, enquanto nas restantes foram identificadas mais do que duas substâncias psicoactivas(e.g.cocaína,MDMA,opiáceos,THC).Nomesmoano,entreMaioeDezembrode2006, noReinoUnidoaBZPfoiidentificadaem5amostrasdeurina in vivo ,numadelasaBZPfoiaúnica substânciaencontrada,sendoquenasoutras4foiidentificadatambémaTFMPP.Nomesmopaís,em Maio de 2006 durante umúnico fimsemana, referese a admissão hospitalar de sete jovens apóso consumo de comprimidos (4 a 9 comprimidos/indivíduo) supostamente de ecstasy ou anfetaminas adquiridosaomesmofornecedor.Naadmissãorevelavamsintomasdeintoxicaçãosimpaticomimética (midríase, ansiedade, agitação e taquicardia). A BZP foi detectada em 4 amostras, sendo que as concentraçõesencontradasemtrêsdoscasos(1,9,1,9e2,5mg/L)excedemaconcentraçãoreferida emamostraspost mortem [37].

Poroutrolado,noReinoUnidoaspiperazinasforamassociadasaumcasodeagressãosexual,aBZPe aMeOPPfoidetectadanaurinadavítima[37].

Para além da BZP, TFMPP e MeOPP é também de realçar as intoxicações atribuídas à mCPP em FrançaenaBélgica,associadasafestivaisdemúsica[45,58].

31 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

32 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

3 Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicaspara separaçãocromatográfica

Aanálisedeamostrasbiológicaslíquidas(e.g.plasma,soro,urina,sangue post mortem )ousólidas(e.g. cabelo) por técnicas cromatográficas hifenadas requer um prétratamento da amostra, devido à complexidadedasmatrizesenvolvidas,àsuaincompatibilidadecomossistemascromatográficos,eao facto de muitos dos compostos a analisar se encontrarem em concentrações vestigiais [173,174]. O objectivofinaldequalquerprétratamentodaamostraéaobtençãodocompostodeinteressenuma formaeconcentraçãotalquepossaserrapidamenteintroduzidaeseparadanosistemacromatográfico [175,176],comselectividadeesensibilidadeadequadas[177]. Poroutrolado,apresençadecompostos endógenos,como proteínas(e.g.albumina),lípidos(e.g.colesterol),lipoproteínasesais, entreoutros, incompatíveiscomacolunacromatográfica [174],responsáveispeladiminuiçãodaeficiênciaextractiva [177,178] e pela sensibilidade do método [179], bem como a presença de moléculas de água incompatíveis com a coluna cromatográfica e o detector, restringem a análise directa da amostra biológicaporcromatografiaemfasegasosa(GC)associadaasistemasdedetecção.Dadoqueemgeral os compostos a analisar se encontram em quantidades vestigiais, a preparação da amostra permite aumentarasensibilidadedométodoporconcentraçãodosanalitosnoextractoobtido,eapreparação dasamostrasbiológicaspodeenvolveraindaahidrólisedoscompostosconjugados,aprecipitaçãodas proteínas e a derivatização química, esta última antes ou após as etapas de extracção e purificação [173,180].

Osmétodosdescritosparaoisolamentoeconcentraçãodaspiperazinasemamostrasbiológicassãoa extracção líquidolíquido (LLE) e a extracção em fase sólida (SPE). A primeira é a técnica mais utilizadaparaaextracçãodaspiperazinasemamostrasbiológicas,apesarde,comorefereBishop et al . [68],dadaanaturezapolardestescompostos,asuaextracçãoporLLEsergeralmentedifícil.Poroutro lado, a utilização da SPE como técnica de extracção encontrase em franca expansão, reflectindo a tendênciaactualnoqueconcerneaoisolamentodedrogasdeabusoapartirdematrizesbiológicas.

33 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

3.1 Extracçãolíquidolíquido(LLE)

3.1.1 Introdução

Aextracçãoporsolventes(LLE)éumatécnicautilizadaparaseparar,concentrarepurificarcompostos orgânicos existentes numa fase líquida. Na LLE, estabelecese o contacto entre duas fases líquidas imiscíveis e a transferência selectiva do analito da fase em que se encontra dissolvido (amostra biológica,faseaquosa)paraaoutrafase(solventeorgânico:nhexano,diclorometano,etc).

O coeficiente de partição do analito ou constante de distribuição ( Kd), descrito pela razão entre a concentraçãodoanalitonafaseorgânica(C org )eaconcentraçãodomesmocompostonafaseaquosa

(C aqu )(equação1)éatribuídoemfunçãodasdiferençasdesolubilidadedoanalitoentreasduasfases [175]deacordocomaleideNerst,eécaracterísticodocompostoemestudoparaumadeterminada temperaturaefasesenvolvidasnoprocessodetransferência.

C = org equação1 Kd Caqu

O valor de Kdpodeser incrementado quer pelo ajuste do pHda amostra biológica, para impedir a ionização de compostos ácidos ou básicos, quer pela adição de sais neutros, de modo a diminuir a solubilidadedoscompostosorgânicosnafaseaquosa.Poroutrolado,aselecçãodosolventeorgânico condicionaaeficiênciaextractivadoanalitoporLLE[174],sendoaindanecessáriaasuaevaporação após a transferência de fase, com o objectivo de concentrar o analito. Deste modo, a utilização de solventesdepontodeebuliçãobaixopermitediminuirotempototaldaextracção.

3.1.2 ExtracçãodaspiperazinasporLLE

AspiperazinassãobasesfracascomvaloresdepKasuperioresa8,0[68,69],encontrandoseionizadas apHfisiológico[69].Assimsendo,oajustedopHdafaseaquosa[68]avaloressuperioresaopKadas piperazinas(e.g.pH9,0)[18,51]neutralizaacargapositivadoátomodeazotodamolécula,tornandoa menoshidrofílica.Destemodo,aafinidadedosanalitosparaafaseorgânicaserámaior,aumentando consequentemente a eficiência extractiva. No entanto, a extracção das piperazinas em amostras de urinaefectuadaapH89encontrasedescritaporStaackeMaurer[27,85]eStaack et al .[32,80],tendo os autores concluído que a utilização de um pH mais alcalino propiciaria a perda dos metabolitos hidroxiladosdaspiperazinas,dadoqueoseugrupofenólicoseionizaavaloresdepHelevados.

34 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

Tsutsumi et al . [18] recorrem à saturação de amostrasde urina com cloreto de sódio (NaCl) para a extracção da BZP e TFMPP, presumivelmente com a intenção de diminuir a solubilidade destes compostosnafaseaquosa(recursoaoefeitosalino).

No que se refere à extracção das piperazinas por LLE, a análise da literatura revela a utilização de váriossolventesorgânicos,entreosquaisseinclueméterdietílicoeacetatodeetilo[68],diclorometano [181,182],benzeno[88,183],clorobutano[184],tercbutilmetiléter[185].Algunstrabalhosreferema utilização de uma mistura de solventes como o diclorometano:isopropanol:acetato de etilo [27,32,80,85], diclorometano:dicloroetano:acetato de etilo [186], clorofórmio:2propanol [18,51], heptano:3metil1butanola1,5%[187].Bishop et al .[68]aocompararemaeficiênciadoacetatode etiloeéterdietíliconaextracçãodaspiperazinasconcluíramqueasrecuperaçõesobtidascomoéter dietílicoerammaiselevadasemamostrasdeáguaedeurina,exceptoparaaMeOPP.

A separação dos diferentes compostos presentes numa amostra, ou a eliminação de interferentes existentesnamatrizbiológica,podeserefectuadacombasenaspropriedadesácidobasedosanalitosa separar [173]. Dadas as suas características básicas, as piperazinas podem, após alcalinização (e.g. hidróxidodesódioa1M)eisolamentonafaseorgânica,reagircomumácido(e.g.ácidoclorídrico, ácidofosfórico),formandoseumsalsolúvelnafaseaquosaeinsolúvelnafaseorgânica.Ocomposto assim obtido pode ser isolado nesta fase [68,88,187], enquanto que os interferentes ou outros compostoscompropriedadesácidasouneutras,sãoeliminadosnafaseorgânica.Apósaseparaçãodas fases,oanalitonaformadesaléconvertidonocompostooriginalporalcalinizaçãodomeio,sendo novamenteextraídodafaseaquosacomumsolventeorgânicoadequado.

Aelevadasolubilidadeemáguadosmetabolitosconjugadosrequerconversãoquímicaementidades menospolares,demodoapermitiroisolamentodasdrogasexistentesnasamostrasbiológicas,sendoa hidróliseumprocedimentogeralmenteutilizadocomestepropósito.Destemodo,oanalitoficarásob a sua forma livre [18]. Os métodos descritos na literatura por cromatografia gasosa associada à espectrometria de massa (GCMS) permitem a identificação dos metabolitos hidroxilados das piperazinasapenasapósahidrólisequímicae/ouenzimáticadosconjugados[18,27,32,80,85].

A hidrólise ácida (e.g. ácido clorídrico) é mais rápida (e.g. 15 minutos) quando comparada com a enzimática(e.g.βglucuronidase/arilsulfatase)(12horas)emaiseficientenaseparaçãodosconjugados [80].Noentanto,algunscompostossãoalteradosoudestruídosduranteoprocesso,oqueinviabilizaa suadetecção[18,32,85].Terminadaahidróliseaamostraéextraídaeosanalitosnaformalivresão,em geral,derivatizados,separadosporGCeidentificadosporespectrometriademassa(MS).

Noentanto,eemparticularquandoaLLEéaplicadaemanálisestoxicológicas,asetapasdeextracção epréconcentraçãodosanalitossãoaindaasmaisproblemáticasdetodooprocedimentoanalítico:são

35 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______lentas, apresentam a possibilidade de contaminação e a perda dos analitos durante o processo, possibilidade de formação de emulsões entre as fases, utilizam solventes tóxicos e possuem custos elevados[174].Alémdisso,requeremvolumesdeamostraedesolventesorgânicoselevados[174,175] e a automatização do processo extractivo é complicada [174]. Neste contexto, vários métodos alternativostêmsidodesenvolvidos,incluindoseentreelesaSPEeamicroextracçãoemfasesólida (SPME),sendoqueestaúltimaaindanãoseencontradescritaparaaextracçãodestescompostos.

3.2 Extracçãoemfasesólida(SPE)

3.2.1 Introdução

O desenvolvimento desta técnica de preparação de amostras tem sido estimulado pela sua versatilidade: isolamento e concentração dos analitos, remoção dos componentes interferentes da matriz,derivatizaçãoquímica,trocadesolventes(e.g.aquosoparaorgânico)[179,188190],bemcomo pela variedade das suas aplicações em áreas tão diversas como as análises ambientais [189191], farmacêuticas[192],monitorizaçãodefármacos[193],alimentares[194]etoxicológicas[179,188,195 198],entreoutras.Assuascaracterísticas,comoarapidez,aselectividade,afacilidadedeautomatização e, em particular, em relação à LLE, a redução do volume de solventes orgânicos utilizado, com o benefícioquetalfactotrazaoHomemeaoambiente,amenormanipulaçãoemorosidadedoprocesso extractivo, a elevada recuperação e concentração do analito [175,199,200], a precisão elevada e a obtenção de extractos limpos [201], terão sido também factores preponderantes que têm vindo a motivar progressivamente a substituição da LLE por esta técnica, particularmente em análises toxicológicas.

OobjectivoprincipaldaSPEconsistenaremoçãodoscompostosinterferentespresentesnumamatriz, permitindosimultaneamenteoisolamentoeaconcentraçãoselectivadosanalitos[199].Aseparação doscompostosexistentesnaamostrafundamentasenoequilíbriodedistribuiçãodoanalitoentreas duasfasesenvolvidasnoprocessoextractivo:umafasesólida,constituídaporumsólidoadsorvente,e umafaselíquida,aamostraquecontémoanalito[202].

NumprocessodeSPE,convencional,aamostralíquidapassaatravésdeumacolunadepolipropileno, ou vidro, que contém no seu interior o sólido adsorvente. Os mecanismos de retenção que se estabelecementreoanalitoeafaseestacionáriasãoanálogosaosenvolvidosnacromatografialíquida de alta eficiência (HPLC) [174,190]. No início, como resultado das interacções fortes que se estabelecem, o analito é retido pela fase sólida e, desta forma, isolado da matriz [190,200]. Os interferentes são então eliminados por limpeza da coluna. Posteriormente, por intermédio de um solvente orgânico, cujo volume é reduzido quando comparado aos volumes utilizados na LLE, o compostodeinteresseéeluído,selectivamente,dacoluna[199],obtendoseumextracto,devolume

36 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______reduzido, que contém os analitos concentrados [202]. A evaporação do solvente de eluição e a reconstituição do extracto num solvente apropriado à separação cromatográfica ou à electroforese capilarsãoasetapassubsequentes[199].

3.2.2 Mecanismosdeextracção

A diversidade das fases estacionárias disponíveis comercialmente possibilita a existência de vários mecanismosdeinteracçãoentreoanalitoeafaseestacionária.Estasinteracçõespodemserdotipo hidrofóbico(forçasdevanderWaals),polares(interacçõesporpontesdehidrogénioeforçasdipolo dipolo)e/ouinteracçõesdetrocaiónica[190],assumindoestefactoparticularimportância,dadoque permite, mediante a escolha do sólido adsorvente (e consequentemente do modo de retenção mais conveniente)obterumamaiorselectividadequandocomparadacomaLLE[200,202].Existementão quatro tipos básicos de mecanismos extractivos: fase reversa, fase normal, troca iónica e exclusão molecular[200],sendoestaúltima,noentanto,poucoaplicadanoâmbitodatoxicologiaforense.

OmododeseparaçãomaisutilizadonaSPEédefasereversa,emqueafaseestacionáriautilizadaé apolar,istoé,aspartículasadsorventessãohidrofóbicas,comoporexemplo,asílicaligadaagrupos octadecilsilano(C 18 )eoctilsilano(C 8)[190,199].Asinteracçõeshidrofóbicasqueseestabelecementre os analitos, com características apolares e a fase estacionária ocorrem por intermédio de forças de dispersãooudevanderWaals[190,200].Ossolventesdeeluiçãosão,emregra,apolares,podendo tambémserutilizadossolventespolarescomometanolouacetonitrilo[200].

Poroutrolado,naSPEdefasenormal,afaseestacionáriaépolar,porexemplo,aluminaealgunstipos de sílica gel, florisil, cianopropilsilano (CN), aminopropilsilano [174,175,190], sendo as interacções hidrofílicas constituídas por pontes de hidrogénio e interacções dipolodipolo [175,190,200]. Este métodoaplicasefundamentalmenteàanálisedecompostospolaresemamostrasnãopolares[199], dado que estas últimas não competem com o analitona ligação ao adsorvente [200]. A eluição dos analitoséfavorecidacomautilizaçãodesolventespolaresquepermitemaquebradasligaçõesentreo grupofuncionaldocompostoeasuperfíciedafaseestacionária[200].

Num terceiro mecanismo, SPE de troca iónica, as partículas sólidas do adsorvente contêm grupos funcionais de troca aniónica ou catiónica responsáveis pelas interacções electrostáticas que ocorrem entre os compostos iónicos, ou susceptíveis de sofrerem ionização, e o adsorvente com um grupo funcionaldecargaoposta[175,199].Narealizaçãodeumaextracçãorecorrendoaestemecanismode retenção, quando os compostos possuem grupos funcionais ionizáveis (e.g. ácidos carboxílicos e aminas)écrucialajustaropHdaamostraparaqueestespossamserisolados[200].Soluçõesácidas, básicas, ou tampões, de força iónica elevada, constituem os solventes de eluição [202]. Um eluente ácido,oubásico,converteoanalitoióniconasuaformamolecular[199],eaconcentraçãoelevadade

37 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______iõesnotampão,ouapresençadeumcontraiãocomselectividadeelevadaparaosgruposiónicosda faseestacionária,competemcomoanalitoparaoslocaisdetrocaiónicae,destaforma,possibilitama suaeluição[203,204].

Na SPE por exclusão molecular o mecanismo de separação baseiase na dimensão do analito, nas dimensões dos poros da fase estacionária e na capacidade das suas moléculas para penetrarem nos poros.Éummétodomaisrecentee,emgeral,utilizadoemconjugaçãocomfasesestacionáriasdefase reversaedetrocaiónica[200].

3.2.3 FasesestacionáriasutilizadasnaSPE

As fases estacionárias utilizadas na SPE, à semelhança dos mecanismos extractivos envolvidos, são similaresàsusadasemcromatografialíquida[200]. A sílica ,comofasenãoligada,épolareneutra[200].Asílicageléoadsorventemaispolardisponível comercialmente,sendomuitoútilparaalimpezadosextractosnadeterminaçãodeanalitosapolares. Durantemuitosanos,asílicaligadaagruposnalquilofoiusadacomoadsorventeuniversalemSPE, sendo ignorada a possibilidade de modificar a sua natureza química, no sentido de obter maior selectividade[199].EntreasfasesestacionáriasapolaresmaisutilizadasreferemseasC 8,C 18 ,etilsilano

(C 2),butilsilano(C 4),fenilsilanoeciclohexilsilano[190,200],sendoafaseemC 18 amaispopular.No entanto, a situação alterouse com a introdução no mercado de fases estacionárias constituídas por sílica modificada com grupos funcionais dadores ou aceitadores de electrões, imobilizados na sua superfície[199]. Entreosdiversosgruposfuncionaispolaresligadosquimicamenteaumsuportedesílica,encontramse ocianopropil,aminopropileopropildiol[175,190].Noquerespeitaàsfasesestacionáriasdetroca iónica,salientamseotrimetilaminopropileocarboximetilcomogruposfuncionaisrespectivamentede trocaaniónicaecatiónica[175].Todavia,asílicaapresentagrupossilanolnasuasuperfície,peloque, sendoestesionizáveis,asílicapoderáporsisóserutilizadacomofaseestacionáriadetrocacatiónica fraca[178,200]devidoàsinteracçõesiónicassecundáriasqueestabelececomoanalito[204]. Apercentagemdecarbononafaseligadaeaexistênciadegrupossilanolnoadsorventepermitealterar aspropriedadesdasílica[199].Osgrupossilanolresiduaissãomuitopolares,poroposiçãoaosgrupos hidrofóbicosligados[199],peloquepodemser“protegidos”[203,204].Àderivatizaçãoquímicados grupossilanolresiduaiscomcadeiascurtasdesilanosatribuiseadesignaçãode“endcapping ”[200,204]. A redução do número de grupos silanol à superfície da fase estacionária, que se verifica com a

38 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______derivatização, traduzse numa diminuição das interacções secundárias polares e electrostáticas associadasàsuasuperfície[203]. Dado que a retenção do analito ocorre à superfície do adsorvente, ela será tanto mais significativa quantomaioraáreasuperficialdafaseestacionária,oqueexigeapresençadeumaestruturaporosa. Deumaformageral,asílicaémuitoútilcomoadsorvente,pelofactodeserrígida,porosaeapresentar áreasuperficialelevada[203].Asuaestabilidadeaossolventes,aquososouorgânicos,eaobtençãode extractos limpos constituem vantagens acrescidas da sua utilização [203]. Porém, apesar das fases estacionáriasconstituídasporsílicamodificadaquimicamenteseremmuitousadasemSPE,emparte devido à diversidade dos grupos funcionais que podem ser ligados à sua superfície, a recuperação obtida é geralmente inferior à observada quando se usam adsorventes poliméricos [199] e, em particular, para analitos polares [178]. Outras desvantagens são a presença de grupos silanol à superfície,aselectividadereduzidaeafracaestabilidadeforadeumintervaloreduzidodevaloresde pH[190]. Os adsorventes poliméricos , na sua maioria de poliestirenodivinilbenzeno [190], apresentam uma maior área superficial e maior capacidade quando comparados às fases de sílica, dada a maior percentagemdecarbono[200],podendoserempreguesnumagamaalargadadepH,aocontráriodo quesucedecomasfasesestacionáriasdesílicamodificada[178,190].Emgeral,estasfasespossuem características hidrofóbicas devido à sua natureza polimérica [190], pelo que originalmente era necessário efectuar um tratamento prévio com metanol, de modo a tornar a sua superfície mais hidrofílicaeconsequentementemaiscompatívelcomaamostraaquosa[199].Odesenvolvimentode resinas de poliestireno modificadas com grupos funcionais polares (e.g. hidroximetil ou acetil incorporadosnosanéisbenzénicos)concedeàsuperfíciedafaseestacionáriaumamaiorpolaridadee prescindedocondicionamentocommetanol[190,199].Estesadsorventespoliméricosquimicamente modificadossãobastantehidrofílicos,originandorecuperaçõesmaiselevadas,quandocomparadosaos seusanálogosnãomodificados[190]. O processo extractivo não é influenciado pelo grau de hidratação da fase estacionária, pelo que a afinidadeparaoanalitonãoéafectadapelasecagemqueporvezesocorreduranteasváriasetapasda SPE.Destemodo,oprocessoextractivotornasemaisflexível,constituindoumavantagememrelação à utilização de outros adsorventes [190,205]. Este tipo de enchimento tem ainda uma elevada estabilidade numa gama alargada de valores de pH, bem como uma maior capacidade de retenção quandocomparadoàsílicaemfasereversa(e.g.C18 ),emparticularparaanalitospolares[200,205].

39 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

Este tipo de fases estacionárias (e.g. natureza polimérica, sílica) possui frequentemente grupos funcionais aniónicos ligados (e.g. ácidos carboxílicos e sulfónicos, carboximetil) ou catiónicos (e.g. trimetilaminopropril, aminopropil) [190,199]. Estes grupos funcionais podem ser fortes ou fracos, consoante o seu estado de ionização face aos valores de pH, respectivamente, permanente ou temporário [200]. Contudo, este tipo de fases é frequentemente aplicado em associação com fases estacionárias de fase reversa ( SPE de modo misto ). As colunas HCX da Isolute®, por exemplo, possuemumafaseestacionáriasimultaneamenteapolar(C 8)edetrocacatiónicaforte(ácidosulfónico), ocorrendodoismecanismosderetençãoprimários.Nestecontexto,umaúnicafaseestacionáriapode reter os analitos apolares por forças de van der Waals e os compostos básicos por atracções electrostáticas[190].Apossibilidadedeutilizaçãodeváriossolventescomplementaoprocesso,oque conduz a uma maior selectividade. Por um lado, a utilização de um solvente orgânico adequado permitiráeluiroscompostosretidosporadsorção,enquantoque,poroutrolado,aquelesqueforam retidos por troca iónica serão eluídos por troca com um contraião presente no solvente, ou por conversãoàsuaformamolecularcomoauxíliodeeluentesiónicos,ácidosoubásicos[199,200].Uma das maiores aplicações da SPE de modo misto é o isolamento de drogas e metabolitos a partir de amostrasdeurinaesangue[200].

3.2.4 Etapasdométododeextracçãoemfasesólida

UmmétododeSPEcompreende,emgeral,asseguintesetapas:condicionamentodafaseestacionária; aplicaçãodaamostra(adsorçãodoanalitoaoadsorvente);lavagemdafaseestacionária(eliminaçãodos interferentes) e eluição (recuperação do analito) [200] conforme se mostra na Figura 31. Nesta ilustração assumese que se pretende isolar o analito da matriz e que o mecanismo de extracção envolvidoédefasereversa.

CondicionamentoAplicaçãodaamostra Lavagem Eluição

Figura31. RepresentaçãoesquemáticadasetapasdométododeSPEcomretençãodoanalito:solventeA( ), solventeB( ),solventeC( ),matriz( ),analito( ),interferente( )(adaptadode[203]).

40 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

Numaprimeiraetapa,afaseestacionáriaécondicionadacomumsolventeadequado,normalmenteo metanol, o qual tem por objectivo solvatar os grupos funcionais da fase estacionária [199,200], assegurando deste modo que a matriz aquosa interage com o adsorvente [203]. Esta etapa é crítica quando se utilizam fases estacionárias com características apolares, em particular, para compostos polares,comconsequênciasnefastasnaeficiênciaextractivaenaprecisãodométodoanalítico[199]. Semestetratamento,asuperfíciedageneralidadedosadsorventeséhidrófobaepoucohumedecida pela amostra hidrofílica [199,204]. Após a passagem de metanol, é aplicado na coluna um solvente miscíveltantocomoutilizadonocondicionamentocomocomaamostra,utilizandose,emregra,água outampõesaquosos[200,205].Poroutrolado,deverásersimilaràmatriznoquerespeitaaovalorde pHeforçaiónica[203].

Numasegundaetapa,aamostradiluídanumsolventefraco(e.g.água,tampão)éintroduzidanacoluna, devendo a sua passagemser controlada, sendo aceitável um fluxo de 3 ml/min [204]. Durante esta etapa ocorre a retenção do analito por interacções químicas específicas com a fase estacionária, eliminandoseduranteoprocessoalgunsconstituintesdamatriz[200,205].

Numaterceiraetapa,cujoobjectivoéaremoçãodassubstânciasinterferentesquepossamterficado retidasnafaseestacionárianaetapaanterior,procedeseàlavagemdacoluna[200,203].Ossolventes utilizadosnestafasesãomiscíveiscomafaseestacionária,devendoterpoucaafinidadeparaosanalitos [203].Sãoentãoutilizadosaáguaetampões[178,199],paraalémdesolventesorgânicosdiluídosna soluçãodelavagem[200,203],demodoaeliminarosinterferentesmaishidrofóbicos[199].Esteúltimo processoécrítico,pelofactodequeoanalitonãodevesereluídojuntamentecomosinterferentes, mas sim permanecer retido na fase estacionária [199,205]. Se as diferenças de polaridade entre a soluçãodelavagemeoeluentesãoacentuadas,ouseambossãoimiscíveis,apósestafasedelavagem devesesecaroadsorvente[200,203],operaçãoestaquepodeserefectuadacomvácuo,azoto,fluxode dióxidodecarbono(CO 2)ouarcomprimido[199,203].

Paraarecuperaçãodocomposto,ouseja,aremoçãodasmoléculasretidasnafaseestacionária,torna se necessário quebrar a interacção analitofase estacionária, mediante a utilização de um solvente orgânico adequado ou uma mistura de solventes [200,205]. O metanol, por exemplo, pode ser um solvente suficientemente forte para anular a interacção entre um analito polar e uma C 18 num mecanismodefasereversa.Aeluiçãodocompostodeinteressedeveserefectuadanomenorvolume possíveldesolvente[199],sendoqueautilizaçãodeumsolventefortepermiteobterasensibilidade desejada[204].Outraopção,quandoéaselectividadedométodoquenospreocupa,podepassarpela utilizaçãodeumsolventefracoquepermiteeluiroanalito,reduzindoaeluiçãodosinterferentes.A eluiçãodoanalitodeveserrealizadamedianteumfluxoaproximadode1ml/min[204].EmSPEde fase reversa o mecanismode retenção é dominado por interacções hidrofóbicas não específicas e a

41 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______retençãodoanalitodiminuicomoaumentodasuapolaridade.Destemodo,paracompostosiónicos,o valordepHdaamostraseráajustadoparaqueaionizaçãodoanalitosejasuprimidaearetençãona segunda e na terceira etapa aumente [206]. Consequentemente, a eluição do analito pode ser optimizadaporvariaçãodopHdomeio,dadoqueaionizaçãodoanalitoaumentaasuapolaridade, reduzindoasuaretenção[178].

A SPE também pode ser utilizada não para reter o composto de interesse mas os interferentes presentesnumaamostra,possibilitandodestaformaqueoanalitosejatransportadoatravésdacoluna deextracçãosemqueseverifiqueasuaadsorçãonafaseestacionária,ouseja,paralimparaamostra [203,204].Esteprocedimentopodeserefectuadoisoladaousequencialmente,utilizandoadsorventes diferentes.

Dummodosimplista,podedizersequeaeficiênciaextractivaeaselectividadedeummétododeSPE dependem da escolha apropriada do adsorvente [178,203]. A explicação para o facto pode ser encontradanomododeretençãoenvolvidoenafaseestacionáriaquefoiusadaparaaextracção,dado queasuautilidadeestádependentedomodocomoécapazdereterediscriminarentreanalitoscom propriedades físicoquímicas distintas [178]. No entanto, a situação é mais complexa, dado que os factoresenvolvidosnummétododeextracçãoporSPEsãoinúmeros,devendoponderarse,nãosóa naturezadoanalito(polaridade,gruposfuncionais,estabilidade,solubilidade,constantededissociação econcentraçãopresentenaamostra)eselectividadedafasesólida,comotambémanaturezadamatriz (aquosa ou orgânica, grau de complexidade ou contaminação) e dos possíveis interferentes e sua afinidadeparaafasesólida[178,203].Seatendermosaindanaescolhadosolventedeeluição,quedeve ser capaz de recuperar os analitos retidos num pequeno volume e ser compatível com o sistema cromatográficoautilizar[203],éevidentequeteráqueserencontradaumasituaçãodecompromisso entreestesfactores,deformaaobtermosumaeficiênciaextractivaeselectividadeelevadas.

3.2.5 Configuraçõesexperimentais

A realização de uma extracção por SPE envolve normalmente a utilização de uma coluna que acondiciona a fase estacionária, sendo esta a configuração mais popular [190] e a mais utilizada em análisestoxicológicas.Actualmente,osdesenvolvimentosemSPEtêmsidodireccionadosnaprocura denovasconfiguraçõesexperimentaiscomoodisco,semelhanteaumfiltrodemembrana[195,201], microplacas[207]ou pipette tips [208],enasuaadaptaçãoasistemasautomatizados[196,207,208].

As colunas são tipicamente constituídas por polipropileno ou vidro [175,190], sendo as últimas particularmenteusadasnaanálisedeftalatos[200].Afaseestacionáriaqueseencontranoseuinterioré protegida por dois discos ( frits ) quimicamente inertes [202] de politetrafluoroetileno (PTFE) [200], polietileno[190,199]ouestruturasdeaçoinoxidável[190],cujaestruturaporosa,de10m[199]a20

42 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

m[200,202],permiteoacessodasmoléculassemqueverifiquemfenómenosderesistênciadurantea passagemdaamostra[202].

3.2.6 ExtracçãodaspiperazinasporSPE

Nosprimeirostrabalhospublicados,aSPEencontravasedescritanaextracçãodamCPP,aindaque, comometabolitodatrazodonae/ounefazodona.Doddet al .[209]utilizamascolunasCertifyparaa extracção da mCPP no plasma e leite materno, enquanto que Franklin [210] e Ohkubo et al . [211] utilizamumafaseestacionáriadeCNparaasuaextracção.Clifton et al .[212]mencionamautilização dascolunasOasisMCXparaextraçãodamCPPdoplasmadosmurganhos. ASPE,porseratécnicamaisutilizadaactualmenteparaextracçãoepréconcentraçãodoscompostos orgânicospresentesemfluidosbiológicos,éaplicadanaextracçãodaspiperazinasapartirdeamostras biológicas,emtrabalhoscientíficosmaisrecentes.Referese,nabibiliografiaconsultada,aextraçãodos compostosemestudodamatrizplasmahumanocomcolunasIsoluteConfirmHCX[24],amostrasde urina com colunas Bond Elut Certify da Varian [68] e com as Oasis, MCX e HLB, para a BZP, TFMPPealgunsdosseusmetabolitosmajor,4hidroxibenzilpiperazina,3hidroxibenzilpiperazinae

4hidroxitrifluorometilfenilpiperazina[18,51].EncontrasedescritaautilizaçãodecolunasIsoluteC 2 para a extracção dos glucuronidos da TFMPP [80]. Não obstante, a extracção dos compostos em estudo de amostras de sangue total, post mortem ou in vivo, por SPE não se encontra descrita na literatura.

3.3 Microextracçãoemfasesólida(SPME)

3.3.1 Introdução

ASPMEéumatécnicarecentedeextracçãoeconcentraçãodecompostosorgânicos,desenvolvidapor Pawliszynecolaboradoresnoiníciodadécadade90,naUniversidadedeWaterloo(Ontário,Canadá) [213]. Esta técnica utiliza uma fibra de sílica fundida revestida por uma fase estacionária na forma líquida ou sólida [213,214]. Consoante a natureza do revestimento, os compostos de interesse presentesnaamostrasãoabsorvidosouadsorvidos.Apósaextracçãodamatrizeconcentraçãonafase estacionária, os analitos são removidos da fibra por dessorção, directamente para um instrumento adequadoàsuaanálise[215].

A SPME como técnica depreparação de amostras apresenta vantagens em relação aos métodos de extracção e concentração mais tradicionais (e.g. LLE, SPE): não utiliza, particularmente quando associadaàGC,solventesorgânicos,ésimples,rápida,ocustoporanáliseéreduzidoeéfacilmente automatizável [214,216,217]. Permite a extracção e a concentração dos analitos em matrizes tão diversascomooar[218],aágua[191,219221]esolos[222].Éaplicadaàextracçãodediversosanalitos

43 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______emmatrizesbiológicasobtidas in vivo ou post mortem ,apartirdeamostraslíquidas[219,221,223229], sólidas[230,231]ougasosas[232].

Dotada de selectividade e sensibilidade elevada [215], quando o método de detecção é apropriado, apresentando limites de detecção muito baixos, na ordem dos ng/L [191,233]. O dispositivo de extracçãoésimplesepodeserfacilmentetransportado,razãopelaqualaSPMEpodeseraplicadaa análises de campo[218,234]. A reutilização das fibras é possível,o que constitui umavantagem em relação à SPE, onde as colunas são de uso único [228,234]. O seu manuseamento é simples e as exigências no que respeita à manipulação da amostra por parte do operador são reduzidas, minimizandodestemodooserrosdemanipulaçãoeaperdadeanalitosduranteaextracção[202,220]. Alguns destes aspectos, como sejam a redução, ou mesmo a ausência, do consumo de solventes orgânicos, a redução da produção de resíduos sólidos perigosos e a protecção do operador no que respeitaasubstânciastóxicas,têmvindoacontribuirparaaimplementaçãodestatécnicanumnúmero cadavezmaiordelaboratórios,namedidaemquerepresentaumamaisvaliaemtermosambientaise desaúdepública,numasociedadecadavezmaispreocupadacomtodasestasquestões.

Por outro lado, a preparação das amostras pelos métodos convencionais (e.g. LLE, SPE) apresenta diversasetapas,emparticular,quandoonúmerodeamostrasaextrairéelevado,oquepodeconstituir um factor de limitação no tempo total da análise. A SPME é rápida, sendo o número de etapas envolvidasapenasduas(extracçãoedessorção).Consequentemente,onúmerodeamostrasportempo deanáliseéincrementado[174,213]. ASPMEpodeserutilizadaemassociaçãocomaGC,aHPLCeaelectroforesecapilar.Noprimeiro caso, a dessorção térmica dos compostos é efectuada no interior do cromatógrafo, mas os analitos devem apresentar estabilidade térmica e volatilidade suficientes para que possam ser dessorvidos termicamenteeseparadosporGC[174,213].QuandoassociadaàHPLCnãoexistedessorçãotérmica, sendo a fibra lavada com alguns microlitros de solvente orgânico e os analitos dessorvidos na fase móvel,emgeral,numainterfaceparamicroextracçãoemfasesólidaacopladaàcromatografialíquida dealtaeficiência(HPLCSPME)[220,225].EncontraseaindadescritooacoplamentodaSPMEcoma electroforese capilar [235,236]. No entanto, a associação entre a microextracção em fase sólida e a cromatografiagasosaacopladaàespectrometriademassa(SPMEGCMS)éamaisutilizada,peloque consideraremosapenasadessorçãotérmicadoscompostosaolongodestetrabalho.

3.3.2 DispositivocomercialdaSPME

EncontrasedisponívelcomercialmenteumdispositivoparaSPMEadequadoàextracçãoedessorção manual,introduzidonomercadoem1993pelaSupelco[237].Aconfiguraçãoexperimentaldosistema deextracçãoporSPMEconsistenumaagulhadeaçoinoxidávelquenumadasextremidadesencontra

44 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______seunidaaumafibradesílicafundida,quimicamenteinerteeestávelatemperaturaselevadas,revestida porumafaseestacionária[238].Afaseestacionária,similaràsutilizadasemGC,revesteasuperfície externa,ouencontrasequimicamenteligadaàsuperfíciedafibra[239,240].Ocomprimentoreduzido eageometriacilíndricadafibra(10mmdecomprimento,110a160mdediâmetro)[239]permitema suainserçãonumdispositivosemelhanteaumaseringa,quepodeserutilizadocomotaleintroduzido nosistemacromatográfico[238].

3.3.3 DescriçãodométododeSPME

Em traços gerais, o método compreende duas etapas: a extracção e concentração simultânea dos compostosdamatriz;eadessorçãotérmicadosanalitosnosistemacromatográfico[215].Estasetapas encontramseesquematizadasnaFigura32.

Extracção Dessorçãotérmica

Figura32.RepresentaçãoesquemáticadasetapasenvolvidasnaSPME.

Naprimeiraetapa,afibrarevestidaentraemcontactocomaamostraporimersãoemamostraslíquidas ou gasosas (imersão directa), ou no espaçodecabeça acima da amostra (técnica de headspace ou de espaçodecabeça) [239,241]. Os analitos são transportados através da matriz para o revestimento (extraídos da amostra) e concentramse na sua superfície. Na etapa seguinte a fibra é removida do

45 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______recipientequecontémaamostraeintroduzidadirectamentenoinjectordeumcromatógrafodegases, onde os compostos são libertados termicamente e transferidos, por intermédio do fluxo do gás de arraste,paraacolunacromatográfica,ondesãoseparados[238,239].Aextracçãoconsiderasecompleta quandooequilíbrioentreaconcentraçãodoanalitopresentenaamostraearetidanafaseestacionária éatingido[240,241].

3.3.4 ModosdeextracçãoporSPME

Existem fundamentalmente três modos de extracção por SPME: directa [213], no espaçodecabeça [215]epormembrana[237,241].NaFigura33representamseesquematicamenteosdoisprimeiros modosextractivos.

(a) (b)

(c) Figura33.Representaçãoesquemáticadomododeextracçãoporimersãodirecta(a,b)epor headspace (c).

Naimersãodirecta(Figura33:a,b)ocorreaexposiçãodirectadafaseestacionáriaàamostra,líquidaou gasosa, ou seja, a fibra é inserida na amostra, e o analito é transportado através da amostra directamenteparaafaseestacionária[237,241].Estatécnicaéadequadaparaaextracçãodecompostos semivoláteisounãovoláteis[175]emamostraslíquidaslimpas[217].Poroutrolado,natécnicade headspace, afibraéexpostanoespaçodecabeçaacimadaamostra(Figura33:c).Nestecaso,oanalitoé

46 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______transportadoatravésdaamostraparaafasegasosaantesdealcançarafaseestacionária[175,237],não existindo contacto físico entre a amostra, sólida ou líquida, e a fase extractiva [241]. Esta técnicaé particularmente apropriada para a extracção de compostos voláteis e semivoláteis em matrizes complexas[215],porqueprotegeafaseestacionáriadaacçãonefastadoscompostosdepesomolecular elevado (e.g. proteínas) e outros interferentes não voláteis presentes na amostra. Além disso, é particularmenteútilporquepermitemodificaramatriz(e.g.alcalinização)semqueocorraadestruição dafibra[237,241].

Emboradeaplicaçãomaislimitada,particularmenteemtoxicologiaforense,encontrasedescritoum terceiro modo de extracção, a SPME com protecção de membrana [237,241], no qual a fibra é revestidaporumamembranasemipermeável,oqueimpossibilitaquecompostosdepesomolecular elevado (e.g. ácidos húmicos, proteínas) eventualmente presentes na amostra alcancem a fibra e a danifiquem [214,217]. O principal objectivo deste modo de extracção, à semelhança da técnica de espaçodecabeça, é a protecção da fase estacionária quando se trabalha com amostras muito complexas, permitindotambém a extracção de analitos pouco voláteis, oque não é possível com a técnicadeespaçodecabeça[237,241].

3.3.5 AspectosteóricosdaSPME

Adistribuiçãodoanalitoentreasfasesenvolvidasnoprocessoextractivoiniciaseassimqueafibraé exposta, mas exige tempo até que o equilíbrio seja atingido (tempo de extracção), dependendo das condições de transferência de massa no sistema [237,241]. As considerações teóricas aqui descritas fundamentamseemprincípiostermodinâmicosquedescrevemesseequilíbriodepartiçãoenacinética doprocessoextractivoquedeterminaotempodeextracção[241,242].

3.3.5.1 Termodinâmicos

3.3.5.1.1 Numsistemacomduasfases

Num sistema bifásico ideal coexistem duas fases em equilíbrio simultâneo: a fase estacionária que envolveafibraeamatriz,líquidaougasosa.Omodelomatemáticoqueexplicaadinâmicadoprocesso deabsorçãoquandoafibraéintroduzidadirectamentenaamostra[217],ocupandoestaatotalidadedo recipiente em que se encontra acondicionada (Figura 33:a), foi descrito por Louch et al . [243]. O princípio em que se baseia a extracção, num sistema de duas fases, é a partição do analito entre a amostraeorevestimentodafibra[215,244]. Assumindo que amatriz éuma fase homogénea e que o espaçodecabeça no sistema é inexistente

[237,241],noinícioexistemnaamostraaanalisarn0 moléculasdocomposto.Apósaextracção,estas

47 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

encontramsedistribuídasentreasfases,istoé,entreamatrizlíquida( na)eafibra( nf)[244],conforme representadonaequação2[216].

equação2 n = n + n 0 f a

Noequilíbrio,ocoeficientedepartiçãodoanalitoentreafaseestacionáriaeaamostra( Kfa )encontrase descritonasequações3[243,244]e4[216],onde:Cfe Carepresentamaconcentraçãodeanalitonafase estacionáriaenaamostra,respectivamente; nfe naexprimemonúmerodemolesdeanalitoabsorvido pelafaseestacionáriaeonúmerodemolesdeanalitoexistentenaamostra; Vfe Vasãoosvolumesda faseestacionáriaedaamostra,respectivamente[216,243,244].

C n ×V K = f K = f a equação3 fa equação4 fa × Ca na V f

A equação 5 [215,243] descreve a massa de composto que é extraída pela fase estacionária após o equilíbriotersidoalcançado,aoconsiderarmosque,antesdaextracção,ocompostonaamostrapossui umadeterminadaconcentração(C 0)numvolumedeamostradefinido[215].Naprática,istosignifica que,apósoequilíbriotersidoatingido,aquantidadedeanalitoextraídaédirectamenteproporcionalà sua concentração inicial na amostra e é constante, dentro dos limites do erro experimental. Isto significaqueéindependentefaceaincrementosnotempodeexposiçãodafaseestacionáriaàamostra [237,243],quandoseutilizamfasesestacionáriaslíquidas[215].

K V C V equação5 n = fa f o a f + K fa V f Va

Apresençadotermo Kfa Vfnodenominadordaequação5reduzaquantidadedeanalitoextraídapela faseestacionária[243,245].Naprática,umavezqueo Vfémuitopequeno[243],0,36a0,66L[176], quando comparado com o Va, usualmente 1 a 5 ml [176,244], este decréscimo da sensibilidade só acontecequando Kfa formuitoelevado[243]ouseutilizam Vamuitopequenos[244].Seo Vautilizado

ésuficientementeelevadoemrelaçãoaotermo Kfa Vf,detalformaqueV a>> Kfa Vf,aequação5pode sersimplificada(equação6)[241,244]:

= equação6 n f K fa V f Co

A massa de analito extraída pelo revestimento é, neste caso, independente do Va [241,244] e a sensibilidadedestatécnicaé,portanto,directamenteproporcionalàconcentraçãoinicialdoanalitona amostra(C 0),ao Kfa eao Vf[244].Istopossibilitaqueafaseestacionáriapossaserexpostadirectamente

48 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______ao ar, ou mergulhada na água de um rio, ou lago, em análises de campo, sem que seja necessário recolherumapartedotodo,diminuindooserrosdoprocedimentoanalíticoassociadosaperdasdo analito, quer por decomposição, quer por adsorção na parede dos recipientes que acondicionam a amostra[234,237,245].

Autilizaçãodefasesestacionáriasespessasdeveficarrestringidaàextracçãode compostoscom Kfa muito baixos. Um acréscimo no Vf reflectirseá num aumento na quantidade de analito extraído [237,243].Porém,edevidoaofactodesernecessáriaadifusãodoanalitoatravésdestemeio,otempo necessárioparaatingiroequilíbrioaumenta[243].Poroutrolado,oincrementonocomprimentoe/ou naespessuradorevestimentoélimitadopelanecessidadedeacondicionarafibradentrodeumaagulha easuaposteriorintroduçãonocromatógrafo[176].

Qualquerplaneamentoexperimentalquetenhaporobjectivooaumentodasensibilidadedestatécnica extractivanecessitarádeequacionaroincrementode Kfa ,oquepodeserefectuadoqueralterandoa naturezaquímicadafaseestacionária,querpormodificaçãodamatriz,porajustedopHdaamostra e/ouadiçãodeumsal,ouaindaporderivatizaçãodoanalito[215,238].

Noentanto,apesardaSPMEserumatécnicadeextracçãonoequilíbrio,elanãoéexaustiva[216,237]. A expressão 7 ilustra a recuperação do analito no equilíbrio, e representa simultaneamente a recuperaçãomáximaqueépossívelobternométodoporimersãodirecta[216].

n K V equação7 f = fa f + no K fa V f Va

Segundo Ulrich[216], dado que Kfa apresenta valoresna ordem de 100 a 10000para a maioria dos compostos, a SPME deverá possuir uma recuperação baixa ou mesmo muito baixa. Porém, esta conclusãoécontroversa,umavezquese Kfa éelevado,detalmodoque Kfa Vf >> Va,aquantidadede analitoextraídapelafaseestacionáriaédadapor[202,238]:

= × equação8 n f Co Va

Nestecaso,o Vacontribuirásignificativamenteparaamassadecompostoextraída,podendoobterse umaextracçãoexaustiva[202,238].

3.3.5.1.2 Numsistemacomtrêsfases

Em análises toxicológicas forenses o Va existente é, em regra, diminuto, sendo também necessário realizarumgrandenúmerodedeterminaçõesanalíticas(e.g.alcoolemia,pesquisadedrogasdeabuso, de fármacos e pesticidas). Assim, o Va disponível para a realização da extracção será limitado,

49 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______tipicamente de 0,2 a 2 ml. A SPME por imersão directa não é aplicável a matrizes líquidas com partículas em suspensão, sendo desaconselhada em amostras biológicas [216], portanto, a extracção nestetipodeamostrase,emparticular,emamostras post mortem ,deveserefectuadaporexposiçãoda fibra ao espaçodecabeça acima da amostra (HSSPME). Neste caso, a SPME é um processo de equilíbrionumsistemaconstituídonãoporduasmasportrêsfases,umafaselíquida,umafasegasosa, correspondenteaoespaçodecabeçaacimadaamostra,eumafaseestacionária[238].

As considerações teóricas e o modelo matemático da SPME, que num sistema trifásico foram desenvolvidos por Zhang e Pawliszyn [215], pressupõem a existência de fases estacionárias líquidas [216],consideramamatrizhomogénea(e.g.água)[241],esãosimilaresàsdescritasnaextracçãopor imersãodirecta,considerandoporémaexistênciadeumaterceirafasegasosa[217].

AdistribuiçãodemassanaHSSPMEédescritapelaequação9[242].Porém,nestecaso,asmoléculas difundemse a partir da matriz inicialmente para o espaçodecabeça e posteriormente para a fase estacionária. Deste modo, após a extracção, o número de moles iniciais ( no) encontrase distribuído entreasfases,ouseja,entreamatrizlíquida( na),oespaçodecabeça (nh)eafaseestacionária( nf)[215], dadoqueaquantidadetotaldeanalitodevepermanecerconstantenosistema[241,242].

equação9 n = n + n + n o a h f

Asequações10[216]e11[215,241]sãosimilaresedescrevem,numsistemadetrêsfases,aquantidade de composto que é extraído após se ter atingido o equilíbrio, onde: Kha representa a constante de distribuiçãoentreafasegasosaeafaselíquidae Kfh aconstantededistribuiçãodoanalitoentreafase estacionária e a fase gasosa; a concentração do analito no espaçodecabeça acima da amostra é ilustradapor Ch; Vh, Vf e Vasãoosvolumesdasfases,gasosa,estacionáriaelíquida,respectivamente;

C0representaaconcentraçãoinicialdeanalitonaamostra[215,216,241].

K K V n K K V V C equação10 n = fh ha f o equação11 n = fh ha f a o f + + f + + K fh Kha V f Kha Vh Va K fh Kha V f Kha Vh Va

AsconstantesdedistribuiçãoKfh , Kha efaseestacionáriaamostra( Kfa )correlacionamsenoequilíbrio, de acordo com a relação expressa na equação 12, onde Ha é a constante de Henry do analito na amostralíquidae Hf a constantedeHenry norevestimento[216,241].Aooptarmosporumcoeficiente dedistribuiçãoglobal( Kfa )asequações10e11sãosubstituídaspelasequações13[215,241]e14[216], respectivamente.

= H a = equação12 K fa Kha K fh H f

50 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

K V n K V V C equação13 n = fa f o equação14 n = fa f a o f + + f + + K fa V f Kha Vh Va K fa V f Kha Vh Va

A expressão 15 ilustra a recuperação do composto de interesse no equilíbrio e representa, simultaneamente,arecuperaçãomáximaqueépossívelobternaHSSPME[216].Numsistemadetrês fases,aeficiênciaextractivadaSPMEapósoequilíbriotersidoatingidoéproporcionalàconcentração inicialdocompostonaamostra.NaHSSPMEaquantidadedeanalitoextraídapelafaseestacionária no equilíbrio é igual ou inferior à obtida na extracção por exposição directa da fibra à amostra [215,246], tal como se evidencia na equação 16 [216]. De facto, o termo adicional referente à fase gasosaéresponsávelpeladiminuiçãodaeficiênciaextractivaobtidanumsistemafibraheadspace matriz quandocomparadaàobtidanumsistemafibramatriz,sobasmesmascondições[215,216].

n K ×V f = fa f equação15 × + × + n0 K fa V f Kha Vh Va HS − SPME 1 equação16 = − K ×V SPME Directa 1+ ha h × + K fa V f Va

Mantendotodasasoutrasvariáveisconstantes,olimitededetecção(LD)é,emHSSPME,duplodo valoralcançadoporimersãodirectae,emmaiorextensão,paracompostosdeelevadavolatilidade,isto

é,osqueapresentam Kha elevados,e/ouquandoo Vh émuitoelevado[215,238].Contudo,eparaa generalidadedoscompostos,emamostraslíquidas,osseus Kha apresentamvaloresreduzidos(e.g. Kha dobenzenoéde0,26)[215,241],eacapacidadedoespaçodecabeçaparacapturarosanalitosé,neste caso,diminuta[238].Alémdeque,seo Vhésignificativamenteinferiorao Va,se Vh << V a,aextracção porHSSPMEnãoafectaráamassadoanalitoabsorvidapelorevestimento[215,241].Destemodo, numa aproximação mais realista, considerase que a sensibilidade dos dois métodos de extracção é semelhante[241],emparticular,quandoo VanaHSSPMEésuficientementeelevadoemrelaçãoao

Vh[215].Podemosassimdizerqueaquantidadedeanalitoextraídaéindependentedalocalizaçãoda fibranosistema,quersejaexpostaaoespaçodecabeçaouimersadirectamentenaamostra,desdeque osvolumesdasfasessejamconstantes[237,241].

3.3.5.2 Cinética

Na extracção por SPME há ainda que considerar a cinética do processo extractivo, dado que os analitos têm de ser transportados através da amostra até à fase estacionária, no modo de imersão directa, ou desde a amostra até ao espaçodecabeça e, uma vez neste último, deslocarse para o revestimento, na HSSPME [217]. As relações existentes entre o tempo necessário à extracção do

51 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______analitoeaSPMEforammatematicamentedescritasporLouch et al .[243]noprimeirométododescrito eporZhangePawliszyn[215]naHSSPME.

3.3.5.2.1 Numsistemacomduasfases

Nummodeloperfeitamenteagitadoedevolumeinfinito,emtermosteóricos,otemponecessáriopara atingir o equilíbrio ( te) seria infinitamente longo [216,241] e a velocidade do processo de absorção determinada apenas pela difusão do analito na fase estacionária [241,243]. Na prática, devido às dificuldadesdetransferênciademassanosistemaeaerrosexperimentais,considerasequeseatingeo tequando95%damassatotaléextraída( t95% )[216,241].Deacordocomaequação17,nummodelo perfeitamente agitado, o intervalo de tempo necessário para atingir o equilíbrio ( t95% ) depende do quadrado da espessura da fase estacionária, representando re e ri o raio externo e interno da fase estacionária, respectivamente, e do coeficiente de difusão do analito nesse revestimento ( Df) [216,241,243]. ( − )2 = = re ri equação17 te t95 % 2D f Pareceserevidentequeautilizaçãodefibrascomfasesestacionáriaspoucoespessasseriaaopçãomais adequada para reduzir o tempo de extracção, porque desta forma o equilíbrio seria atingido mais rapidamente[243].Porém,comoaquantidadedecompostoextraídoémenor,àcustadasensibilidade dométodo[242].Naprática, temuitoreduzidos,semelhantesaosprevistospelafórmulaacimadescrita, ondeatransferênciademassadependeexclusivamentedadifusãodoanalitonafaseestacionáriasósão alcançadosemamostrasgasosas,devidoaoselevadoscoeficientesdedifusãodosanalitosnestemeio

[238,241]. Na realidade, o te é infinitamente longo, nem todas as moléculas do composto têm simultaneamenteacessoaorevestimento[216].Estefactoédescritonummodelocomumahipotética camadadeáguanãoagitada,camadadePrandtl[247],àvoltadafibra(Figura34)[216,241]. Paraageneralidadedoscompostos,naSPMEporimersãodirectaemamostraslíquidas,avelocidade de transferência de massa é determinada pela difusão do analito no revestimento se a amostra for perfeitamente agitada [238,243], o que só é possível com agitação muito vigorosa (e.g. ultrasons) [238,241]. Não obstante, quando se utilizam métodos de agitação tradicionais, como a agitação magnética, o te é, afinal, muito elevado [238]. Independentemente da eficiência de agitação, uma pequenapartedaamostralíquidaquecontactacomasuperfíciedafaseestacionáriaésempreestáticae de espessura δ [241,242]. Assim, os analitos têm que atravessála antes de serem absorvidos pelo revestimento [238,243]. A transferência de massa nesta área é efectuada apenas por difusão, por oposiçãoaoquesucedenoseiodaamostrasobagitação,porconvecção[237],oquetornaaextracção maislenta[242].

52 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

Lf δ

Figura 34. SPME por imersão directa na matriz líquida, com agitação convencional, onde se representa a camadaestáticanãoagitada(deespessuraδ)eaespessuradafaseestacionária(L f).

Otemponecessárioparaatingiroequilíbrio,calculadodeacordocomaequação18[216,242]émais elevado, não apenas devido ao aumento da espessura da fase estacionária mas também atribuído a incrementos na espessura da camada estática (δ) e de Kfa . Além de que depende do coeficiente de difusãodoanalitonacamadalíquidaestática( Da)emmaiorextensãodoquenorevestimento,sendo queesteúltimoénegligenciado[216,242].

δK L = = × fa f equação18 te t95 % 3 Da

3.3.5.2.2 Numsistemacomtrêsfases

O te numa extracção por SPME em que estão envolvidas as três fases depende dos equilíbrios de distribuiçãoentreasfases,daespessuradasmesmasedoscoeficientesdedifusãodoanalitonafase gasosaelíquida,deacordocomaequação19[241,242].Porém,estaequaçãosóseaplicaaosmodelos deextracçãosemagitação[242].

 L L  equação19 t = t = 8.1 × h + a × K L e 95 %  + ×  fa f  Kha Dh 6.1 Da  Onde:

Lh=espessuradoespaçodecabeça; Lf =espessuradorevestimento; La=espessuradamatriz; Dh=coeficientededifusãodocompostonoespaçodecabeça; Da=coeficientededifusãodocompostonaamostra.

53 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

Alibertaçãodosanalitosvoláteisparaoespaçodecabeçaéfacilitadaporqueestestendemavaporizar umavezdissociadosdaamostra[238].Devidoaocoeficientededifusãodoscompostosvoláteisna fase gasosa ser elevado, a transferência de massa do espaçodecabeça para a fase estacionária será muito mais rápida que a transferência directa da amostra líquida para o revestimento, neste caso, a extracçãoémaisrápidaporHSSPMEdoqueporimersãodirecta[215].Alémdeque,adifusãona faseestacionária,sendoqueestaúltimapossuiumvolumeconsideravelmentemenoremrelaçãoao Vh e Va,nãoconstituiumalimitaçãonoquerespeitaao te[215].Paracompostosdevolatilidadeinferior, comconstantesdeHenrybaixas,atransferênciademassaentreaamostraeoespaçodecabeçaélenta. A volatilidade diminuta e o peso molecular relativamente elevado do analito podem atrasar a transferênciademassadamatrizparaoespaçodecabeçaoriginando telongos[176,238].

Setantoafaselíquidacomoagasosaforemperfeitamenteagitadas,aequação17seráválidaparaa estimaçãodo tenaHSSPME [216].Numasituaçãoideal,afaselíquidaéperfeitamenteagitada,ouseja, aconvecçãonaamostralíquidaéinfinitamenterápidaeamatrizésemprehomogénea[215].Porém, como já foi referido, numa perspectiva mais realista, em casos de agitação convencional, o tempo necessárioparaatingiroequilíbrio,alémdosfactoresjámencionadosnaequação19,édeterminado pelaeficiênciacomqueaamostraéagitada,ouseja,pelavelocidadederotaçãodabarramagnética(N), epeloraiodamesma(R)conformeilustradonaequação20[216].Umavezqueoscoeficientesde difusão dos analitos na fase gasosa são, em média, quatro vezes superiores aos da fase líquida, a extracçãoémaisrápida[215].Opassolimitantenadiminuiçãodo teéatransferênciademassaentreas fases,líquidaegasosa.Estecoeficientededifusãoadversopodeserminimizadoporagitaçãoconstante daamostralíquida,propiciandoarenovaçãocontínuadasuperfície[215,238],e/ouoaquecimentoda amostra[215,242 ].

 L L  equação20 t = t = 8.1 × h + a × K L e 95 %  ×()+ × −5 2 ×()+ 2  fa f  Kha Dh 2 10 NR 6.1 Da 03,0 NR 

Quandoopassolimitanteéatransferênciademassadaamostraparaoespaçodecabeça,qualquer método de extracção por HSSPME apresenta um aumento inicial rápido da quantidade de analito extraída, associado à partição dos compostos originalmente presentes no espaçodecabeça, seguido porumacréscimomenosacentuado,devidoàtransferêncialentademassaapartirdamatrizlíquida [246,248].Avelocidadedetransferênciademassaédeterminadapelotransporteconvectivoeadifusão docompostonaamostra[215,238],emresumo,édeterminadapelaeficiênciacomqueaamostraé agitada[238,241].

54 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

3.3.6 Optimizaçãodascondiçõesdeanálise

AeficiênciaextractivadaSPMEpodeserafectadaporumgrandenúmerodevariáveisexperimentais (e.g.temperatura,agitação,pH,adiçãodesal)[216,241].Aoptimizaçãodascondiçõesexperimentais, comvistaàmaximizaçãodasensibilidade,reduçãodotempodeextracção,obtençãodeexactidãoe precisãoadequadasaousopretendido,incluiaescolhaadequadadafaseestacionáriaeamodificação damatrizbiológica,entreoutrosfactores[238].

3.3.6.1 Selecçãodafaseestacionária

AfaseestacionáriamaisutilizadanaSPMEéadepolidimetilsiloxano(PDMS)[217].Nãoobstante,as fibrasexistentescomercialmenteapresentamváriostiposderevestimentos,compropriedadesquímicas eespessurasdiferentes[241].Umavezquetantoamatrizcomoafaseestacionáriacompetempelo analitoexistentenaamostra,aafinidadedesteúltimoparaafaseestacionáriaéumaquestãofulcralna SPME [238,249], o significa que a sua selectividade para o analito é um parâmetro extremamente importante,dadoquecondicionaráaquantidadedeanalitoextraída[240,250].

A natureza química dos compostos em estudo (e.g. polaridade, peso molecular e volatilidade) condicionaaselecçãodafaseestacionária[232,251].Noquerespeitaàpolaridadedafaseestacionária, aregra igual dissolve igual éválidanaSPME[216,238].Compostosapolaressãoextraídosfacilmentepor revestimentosnãopolares[238].Assim,obenzeno,otoluenoeoetilbenzenosãoabsorvidospelafase dePDMS[252],aopassoqueasfasesestacionáriaspolarescomoadepoliacrilato(PA)extraemmais eficientementecompostospolares,comoosclorofenois[228,253].

As fases estacionárias constituídas por mais do que um polímero, por exemplo, carbowax divinilbenzeno(CWDVB),polidimetilsiloxanodivinilbenzeno(PDMSDVB)ePDMScarboxen,são fases sólidas, como tal, o mecanismo extractivo envolvido é diferente: por adsorção [237,254]. A adsorção dos analitos à superfície do revestimento constitui a primeira etapa do processo, indistintamente da natureza da fase utilizada [237], após o que segue uma fase de absorção, se o revestimentoéumfilmelíquido[237],oudeadsorçãoparapolímerossólidos[237,254].

AfasedePDMSconstituiumexemplodeumafaselíquida,ondeaextracçãodoanalitoocorrepor difusãodoanalitonointeriordorevestimento[237,254].Noentanto,algunsautores[251,255]referem queaextracçãodedeterminadosanalitos(e.g.bifenilospoliclorados—PCB´s—,pirazinasepiridinas), emparticular,quandosãomuitoapolareseapresentampesomolecularelevado,poderealizarsepor adsorção na fase de PDMS. Apesar da fase de PA ser considerada sólida [253,254] e líquida às temperaturas de dessorção [254], à temperatura ambiente ela é um polímero sólido mas de baixa a médiadensidade,oquepermiteadifusãodoanalitonorevestimento[235,256],talcomoacontecena fibra de PDMS [254,257]. Porém, a difusão dos compostos na fase de PA é mais lenta do que na

55 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

PDMS[232,256],razãopelaqual,emgeral,ostemposdeextracção,quandoseutilizamasprimeiras, sãomaislongos[232,254].

(a) (b)

Figura35.Representaçãoesquemáticadosdoisprocessosdeextracção:(a)adsorção(b)absorção(adaptadode [217]). Emfaseslíquidas,aespessuraeovolumedorevestimentosãovariáveisparticularmenteimportantes [213].Aespessuraeovolumedosrevestimentosdisponíveiscomercialmentenãosãouniformes,entre 7a100mdeespessurae0,03a0,7Ldevolume,respectivamente[242,244].Porém,asuaescolha, nomercado,dentrodeumtipoparticularderevestimento,comamesmanaturezaquímica,encontra selimitadaàfaseestacionáriadePDMSdisponívelemtrêsespessuras:7m,30me100m,emque amaisfinaconstituiumexemplodeumafaseligada,enquantoqueasrestantessãofasesnãoligadas [216]. Quando se utilizam fases estacionárias líquidas a quantidade de analito extraída pela fibra é directamente proporcional ao Vf [238,243], em particular, quando Kfa é baixo [253]. O aumento da espessurae/oucomprimentodorevestimentopermitequeasensibilidadeanalíticasejaincrementada

[238,241], porém, infelizmente, o te será mais longo [241,244]. A utilização de revestimentos finos limitaasuaaplicaçãoaumnúmeroreduzidodecompostos,aosqueapresentam Kfa elevados[217,247], mas permite trabalhar com temperaturas mais elevadas, porque a fase estacionária é ligada, o que expandeasuaaplicaçãoacompostoscompontosdeebuliçãoelevados[217]epermiteasuaexposição acondiçõesexperimentaismaisseveras(e.g.meiosácidosoualcalinos)[240].

Naescolhadefasessólidas,asuaafinidadeecapacidadederetençãosãoasvariáveiscondicionantes, emparticular,noqueserefereaoscompostospolaresevoláteis.Acarboxendivinilbenzeno(CAR DVB) e a PDMSDVB são, particularmente, indicadas para analitos muito voláteis [232,258,259] e,

56 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______tipicamente,osseuscoeficientesdedistribuiçãosãosuperioresaosapresentadoscomaPDMSePA [214,258].Noentanto,comasuautilizaçãoobservase,comparativamentecomosrevestimentosem queoprocessodeabsorçãoédominante,adiminuiçãodointervalodelinearidade,dadoonúmero limitadodelocaisdeadsorçãoàsuasuperfície[254,259].Importasalientaranecessidadedeconsiderar outrosparâmetrosnaescolhadafaseestacionária,emparticular,alinearidadeeagamadetrabalhodo método [232,251]. Neste caso, a escolha recai na utilização de um filme líquido porque apresenta, tipicamente, linearidadesuperior à obtida com o emprego de fases estacionáriassólidas num amplo intervalo de concentrações[241]. Além disso, nestas últimas, particularmente quando os compostos apresentam concentrações elevadas, pode verificarse a sua saturação [257] e, deste modo, a inexistência de relações lineares entre a massa extraída e a concentração do composto na amostra [237,260], dentro de um intervalo alargado de concentrações, ou até o deslocamento de outros compostoscommenor Kfa adsorvidosàsuasuperfícieporanalitosdeelevado Kfa [254,259].Dadaa natureza do fenómeno competitivo, a composição damatriz afecta a quantidadede analito extraída [237,254,257].Comovantagemdasuautilizaçãoreferesequeostemposdeextracçãosãocurtos,dado que os analitos não necessitam de se difundir através do polímero [241], a elevada selectividade e capacidadeparaanalitospolaresevoláteis[232,237,259].

Devido à existência de condições químicas (e.g. pH, sal) e físicas (e.g. temperatura), por vezes, extremas, é desejável a utilização de revestimentos resistentes. Na esmagadora maioria das vezes, dentrodasfasesdisponíveis,esterequisitoécumpridopelafasedePDMS[216].

3.3.6.2 Mododeextracção

Semprequepossível,emfluidosbiológicosaextracçãodeveserefectuadapelométododeespaçode cabeça em detrimento do modo de imersão directa na amostra [216], porque a contaminação da superfície da fase estacionária e posterior deterioração da fibra, pelos polímeros orgânicos (e.g. proteínas) [261] e outros componentes endógenos existentes nestas matrizes, é consideravelmente diminuída[216,241].UmexemploelucidativoénosapresentadoporStranoRossieChiarotti[231]na extracçãodecanabinóidesapartirdocabelo.Aelevadaconcentraçãodeproteínaseácidosgordosno extractocontaminaafibramuitorapidamente,detalformaquecadafibrasópermite30extracções.A inexistênciadeumcontactodirectoentreafibraeaamostrapermite,destemodo,oaumentodavida útildafaseestacionária[216,233,262].Poroutrolado,aprecisãodométodoaumenta[216].Estefacto ésugeridopelaconstataçãodequemuitasvezes,afibranãoapresentaigualcomportamento,jáquea adsorção irreversível de biomacromoléculas presentes nas amostras biológicas, ou de outros interferentesdepesomolecularelevado,alteramacapacidadedeadsorção[214,241]oudiminuema afinidade das fases sólidas para os compostos de interesse [227,254,261], e pela heterogeneidade e viscosidadeelevadadasamostraslíquidas(e.g.urina,saliva)[226],quandocomparadasàfasegasosa.

57 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

Além disso, quando a extracção é efectuada no espaçodecabeça, a modificação da matriz, por exemplo,oajustedopHcomumabaseforte,aadiçãodesal,ouaderivatizaçãoquímicanaamostra, nãodanificaráafaseestacionária[227,237,240].

Como critério geral, pode dizerse que a HSSPME é indicada para compostos de média e elevada volatilidade[239,241]enasamostrasbiológicasaSPMEporimersãodirectadeveserapenastestada noscasosemqueaextracçãoporHSSPMEnãoserevelapossível[216].Aaplicaçãodetemperaturas elevadas às amostras biológicas, como modo de contornar este problema, é problemática devido à desnaturaçãodasproteínas[224,263]eàdecomposiçãodecompostostermolábeis[216].

3.3.6.3 Influênciadaagitação

Emborasereconheçaqueaagitaçãodaamostralíquidacontribui,nomododeimersãodirecta,paraa diminuiçãodo te,pretendesetambémcomoseuempregoumaumentodasensibilidadedométodo, dado que a difusão dos compostos desde a matriz até à fase estacionária aumenta. A agitação da amostra é aplicada em amostras biológicas, não só devido à sua viscosidade elevada e aos baixos coeficientesdedifusãodoscompostosnestasamostras[216],comotambémcomvistaàobtençãode umamaiorprecisãonoprocedimentoanalítico,aoatenuarasvariaçõesrespeitantesàheterogeneidade existentenestasmatrizes.

Além da agitação magnética, que é a técnica mais aplicada pela sua simplicidade, em particular, em amostrasbiológicas[216,241],outrosmétodosdeagitaçãopodemserutilizados,comoaagitaçãopor ultrasons,misturapelovortex,vibração,rotaçãodafibraeagitaçãosobfluxo[216,243,245,264266]. Éimportantedestacarqueaagitaçãomagnéticaapesardeseramaisutilizada,devidoàfacilidadeda sua utilização, eficiência de agitação, custo reduzido e disponibilidade em laboratórios analíticos, apresenta como desvantagens a maior dificuldade na automatização do método e a dificuldade em manteravelocidadederotaçãoconstante[216,241],oquepodeoriginarmodificaçõesnascondições extractivasealteraçõesno te,comconsequênciasprejudiciaisnaprecisãodométodoanalítico[241]e, talvezamaisimportante,oriscodecontaminaçãoou carry over [216].

Areduçãoefectivado tedependedavelocidadedeagitaçãoaplicadaedocoeficientedepartiçãodo analito [238]. Esperarseia, deste modo, que a agitação por ultrasons fosse mais eficiente que a agitaçãomagnética,porexemplo,nadiminuiçãodo te[216,245,265],oquenemsempreseconfirmaem amostrasbiológicas[216]eomesmoseverificacomoaumentodaeficiênciaextractiva[245,267].A explicaçãoparaestefactoprendesecomaexistênciadeanalitosvoláteiscujacapacidadenoespaçode cabeça é muito elevada, em que se atinge rapidamente o equilíbrio mesmo na ausência de agitação [237,241]. A utilização deste método de agitação não é aconselhável e, em particular, em fluidos biológicos, pois pode adulterar a amostra [242], devido ao aumento de temperatura do sistema

58 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

[262,265],oquepodeprovocaradegradaçãotérmicadosanalitos[265,267]oudiminuiraabsorçãodo analitopelafaseestacionária[266].

3.3.6.4 Influênciadovolumedaamostra,doespaçodecabeçaerazãodevolumes

O Va afecta drasticamente a sensibilidade do método, no equilíbrio, a não ser que este se torne significativamentesuperioraovalorde K fa V f [241,246].Estaéarazãopelaqualo Vautilizadodeve ser o mais elevado possível (e/ou Kfa muito pequeno). Mas tenhase em atenção que Va surge no numerador e no denominador das equações 6 e 8, portanto, só quando o Va é muito superior à = capacidade da fase estacionária, em concreto, quando Va 20 K fa V f , se considerarmos um erro experimentalde5%[241],podemosignoraroseuefeitonaSPMEporcontactodirecto[216,244].Para analitoscomvaloresde Kfa superioresa200eusandonaextracçãoumafibrade100mdeespessura, um Vade2mlserásuficienteparaobterasensibilidademáxima[241].Porconsequência,autilização de Va superiores ao volume limite não afecta a sensibilidade [216,241], porém, podem melhorar a precisão do método [244], dado que pequenas variações no Va não afectam os resultados experimentais[241].

Numsistemacomtrêsfases,independentementedolocalondeestácolocadaafibra(espaçodecabeça ouimersanaamostra),estasituaçãoéumpoucomaiscomplexa[246],dadaapartiçãodoanalitoentre as três fases [216,241]. Para compostos muito voláteis, os quais se acumulam no espaçodecabeça, preferencialmente[241],éotermo Kha Vhquemaisinfluenciaodenominadornasequações13e14.

Neste caso, o Vh deve ser reduzido a fim de obter um aumento da eficiência extractiva [216,244].

Porém,quandoseanalisamcompostospoucovoláteisousemivoláteis,ainfluênciade Vhnaeficiência extractivaéultrapassadapeloefeitodo Vae Kfa [216].

Refereseque,noentanto,oespaçodecabeçaafectaacinéticadaextracção[244,246],jáqueadifusão nestemeioémaisrápidaquenaamostralíquida[215,237],dadaainexistênciadeumacamadaestáticaà voltadafibra[246].Destemodo,acapacidadedoespaçodecabeçadeveexcederacapacidadedafibra = em,pelomenos,20vezes( Kha Vh 20 K fa V f )sepretendemosumaextracçãorápida[244,246],mas estasconsideraçõessósãoválidasemsituaçõesdeequilíbrio[216].Paracompostospoucovoláteiscom

Kha reduzidos o t epoderásersignificativamentediminuídoseo Vh fordiminuto,nestecaso,ogradiente de concentração no espaçodecabeça aumenta e consequentemente a difusão aumenta [215]. Em conclusão, deve ser encontrada uma situação de compromisso entre a sensibilidade e a rapidez do método[244,246,249].

Considereseaexistênciadeumnovoefeitonaeficiênciaextractiva,alémde Vae Vh,arazãodefases

(Vh /Va),verificandoseumaumentodaquantidadedeanalitoextraídaquandoesterácio(β)diminui

59 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

[244,267].Autilizaçãodarazão Vh /Vaéparticularmenteadequada,defacto,ovolumedorecipienteé fixoe,destemodo,alterandoo Vapodemosoptimizaressarazão[242,244].

3.3.6.5 Influênciadotempodeextracção

A optimização do te constitui um parâmetro experimental fundamental na optimização do método analítico.Considerandoqueadiminuiçãodo teédirectamenteproporcionalaodecréscimode Kfa e Lfe a sensibilidade do método é incrementada pelos mesmos factores, será necessário encontrar uma situaçãodecompromissoentreestasduascondições.

Nas considerações cinéticas abordadas em 3.3.5.2, o te é condicionado por inúmeras variáveis, dependendodoanalitoedaspropriedadesdamatriz,entrealgunsminutosatéalgumashoras[249,266]. Sabese que, no equilíbrio, existe uma relação linear entre a concentração inicial do composto na amostraeaquantidadedeanalitoqueéextraída,oquesignificaqueatéaomomentoemqueseatinge oequilíbrioaeficiênciaextractivadaSPMEaumenta,apósesse tepermaneceráconstante [215].Assim, emtermospráticos,ointervalodetempoduranteoqualafaseestacionáriaéexpostaàamostra,ouao espaçodecabeça acima daamostra podeser obtido quando, apesar do aumentodo te, as áreas dos picoscromatográficospermanecemconstantes[216,232].

Épertinentedefinirseaextracçãoseráefectuadanoequilíbrioouemnãoequilíbrio.Noequilíbrioa

SPMEapresentaoseumáximodesensibilidademas,naprática,o tepodeserencurtadodependendo dasensibilidaderequerida[233,245].Claroqueoprimeirocasoédesejável,porqueasensibilidadedo métodoémáximaeoserrosexperimentaismínimos[216].Contudo,comootemponecessáriopara atingir o equilíbrio pode ser muito elevado, em particular, em amostras biológicas, e a rapidez da análiseéumparâmetroimportanteemtoxicologiaforense,o tepodeserdiminuído.Istodeveseao facto da SPME ser um método quantitativo não apenas no equilíbrio, mas também em situações experimentaisdenãoequilíbrio[248,266],podendoasensibilidadeobtidaantesdoequilíbrioser,para muitoscompostos,suficiente[216,227].Nestecaso,emsituaçõesdenãoequilíbrio,éfundamentalnão sóqueo tesejacontroladorigorosamente[227,248,266]comotambémascondiçõesdeagitação[266]e temperatura [241], e se verifique a padronização das condições experimentais, para que o método apresenteprecisãoadequada[248,249].Autilizaçãodeumpadrãointerno(PI)poderácompensaros erros[245]atribuídos,porexemplo,apequenasvariaçõesno teenaagitação[216].

3.3.6.6 Modificaçãodamatriz

Tendoemconsideraçãoaimportânciada Kfa ,nasensibilidadedométodoeporqueestaéparcialmente determinadapelainteracçãoentreocompostoeamatriz,anaturezadestaúltimapodesermodificada, de modo a influenciar Kfa positivamente, tendo como objectivo o aumento da eficiência extractiva [238].Ovalordaconstantededistribuiçãoentreasfasespodeserincrementadoquerpeloajustedo

60 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______pH,parapreveniraionizaçãodeácidosoubases,querpelaadiçãodesaisneutros,paradiminuira solubilidadedoscompostosorgânicosnafaselíquida.Pelocontrário,apresençadesolventesorgânicos diminuia Kfa [216,252].

3.3.6.6.1 Influênciadaadiçãodesal

Adiminuiçãodasolubilidadedoscompostosorgânicosemamostraslíquidascomaadiçãodeumsalé conhecidacomoefeitosalino( salting out) [253,268].Favoreceoaumentodapartiçãodoscompostos orgânicos,polares,masnãodeiões,nafaseestacionária[176,238],destemodo,conseguemselimites dedetecçãomaisbaixos[268].

Oefeitodaadiçãodeumsalneutroàamostraéreforçadopelainduçãodealteraçõesnaspropriedades nainterfaceentreaamostralíquidaeoespaçodecabeça[268]eparanormalizaçãodasconcentrações variáveisdesaisexistentesnosfluidosbiológicos[216,219,258].Estapodesermesmoaúnicarazão encontrada,emalgunsestudos,paraaadiçãodeelectrólitosaoplasma[216].Aadiçãodeelectrólitosa matrizesbiológicascomcomponentespoliméricos(e.g.plasma)permitiráquealigaçãodoanalitoàs proteínas seja diminuída e, desta forma, a sensibilidade do método pode ser substancialmente aumentada[216].

Noentanto,enãoobstanteseencontrardescritoemváriosestudos,oefeitode salting out nemsempre seconfirma.Umadasprincipaisrazõesparaadiminuiçãodaeficiênciaextractivacomaadiçãodosal poderáseraexistênciadeumnúmerosignificativodemoléculasdocompostodeinteressenaforma dissociada[241,253].Quandoosaléadicionadoàamostraaforçaiónicadasoluçãoaumenta[241,253], destemodo,maismoléculasionizadassãoformadasàcustadasmoléculasneutrasexistentes[253]eo coeficientedeactividadedasespéciesiónicasaumenta[241].Porconsequência, Kfa diminuiparaestes compostos na forma ionizada e a quantidade de analito extraída é menor [217]. Por outro lado, o temponecessárioparaatingiroequilíbriorevelasemaiselevado,devidoàdifusãolentadasmoléculas emsoluçõessalinassaturadas,maisviscosas,quandocomparadocomsoluçõesemquenãoseadiciona osal[253,269]eaprecisãodométodoanalíticopodediminuir[269].Concluise,destemodo,queo efeito do sal está dependente do efeito do pH da amostra, pelo que os dois factores devem ser avaliadosemsimultâneo,equeo tepodeserinfluenciadopelaconcentraçãodosal[253].

3.3.6.6.2 InfluênciadopHdaamostra

Nosfluidosbiológicospodemcoexistiranalitossobdiferentesformasácidase/oubásicas.Umavez queoequilíbriodedissociaçãodosácidosoubasesfracasemmeioaquosoédependentedopHea formaionizadadeumácidooubaseédemasiadopolarparaserabsorvidapelasuperfíciehidrofóbica da fibra, o coeficiente de distribuição será fortemente influenciado pelo pH da amostra [176]. Ajustando o pH da amostra, de modo a suprimir a ionização, a eficiência da extracção pode ser

61 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______aumentadaparaosrevestimentosnãoiónicos,dadoomaiornúmerodeespéciesneutrasemsolução [238,241].Poroutrolado,comojáreferido,oefeitode salting out sóseverificaquandoosanalitosse encontramnaformaneutra[250,253].

OefeitodopHnaSPMEemamostrasbiológicasfoiconfirmadoexperimentalmente,oscompostos ácidossãoextraídosmaiseficientementeapHácido[228]eosanalitosbásicosapHelevado[229].

RecomendasetrabalharavaloresdepHpelomenos2unidadesabaixodopK a,seoscompostosde interessesãoácidos,ouacimadepK b,paraanalitosdecarácterbásico[229,241],pois,destaforma,a constantedeequilíbrioácidobaseédeslocadanosentidodaformaneutraeesta,comojáreferido, possui maior afinidade para a fase estacionária hidrofóbica. Deste modo, a eficiência extractiva aumenta[241,253].

3.3.6.6.3 Presençadesolventesorgânicosnaamostra

Apresençadesolventesorgânicos(e.g.metanol)numaamostralíquida,emgeral,diminuio Kfa [233], pelo que a quantidade de analito extraída diminui [233,252]. Quando se adicionam solventes hidrofílicosàamostraasolubilidadedosanalitosnamatrizaumenta[217].Naprática,asconcentrações demetanol(MeOH),porexemplo,devemserinferioresa1%(v/v)[252]ou0,5%(v/v)[229,265]. DeBruin et al .[227]reportammesmoconcentraçõesdeMeOHiguaisouinferioresa0,1%(v/v)na preparaçãodospadrões.Poroutrolado,aadiçãodesolventesorgânicosaamostrassólidasfavorecea difusãodoanalitodamatrizparaafaseestacionária[217,241].

3.3.6.6.4 Diluiçãodaamostracomágua

Oefeitodematrizpodesersignificativamentereduzidopordiluiçãodasamostras[263,268].Aadição de água destilada (e.g. na proporção de 1:1) [221] facilita a libertação dos analitos da matriz [214], promoveoaumentodadifusãodosanalitosdaamostraparaafibra[241]edecresceaconcentraçãode proteínas[263].Noentanto,Grimm et al .[270]aoefectuaremumestudosobreoefeitodadiluiçãoem amostras não biológicas na recuperação de vários analitos concluem, para a generalidade dos compostos,queumaumentodadiluiçãotraduzsenumadiminuiçãodarecuperação.Outrosautores [263,271],emamostrasbiológicas,referemqueasáreascromatográficasaumentamseaconcentração do analito se mantiver constante durante a diluição. A adição de água à amostra (e.g. 10 a 30 L) aumentouasensibilidadedométododesenvolvidoporSantos et al .[222],enquantoqueumaumento dovolumedeáguaacimadestesvalores(e.g.50L)diminuiarespostacromatográfica,aindaqueesta últimasejasempremaiselevadaquandocomparadacomasextracçõesemquenãofoiadicionadaágua

àamostra.Importareferir,noentanto,queaprecisãodométodoaumentounaproporçãodo Va[222].

Apresençadevapordeáguanafasegasosa(e.g.humidaderelativade90%)duranteaextracçãopode diminuir,aindaquedeformanãoacentuada,aadsorçãodoanalitoem10%[214].

62 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

3.3.6.7 Influênciadatemperatura

A temperaturada amostraafecta simultaneamente asensibilidade e a cinética dométodo extractivo [241].Quandoamatrizadsorveosanalitosdemodomaiseficazqueafaseestacionária,apartiçãodos analitosnestaúltimaébaixa.Dizsequeaextracçãotemumalimitaçãotermodinâmica,istoé,o Kfa é muitopequenoe,portanto,asensibilidadeédiminuta[238].Se,pelocontrário,éafaseestacionária que possui uma maior afinidade para o analito em relação à amostra será o tempo o único factor limitante da extensão da extracção e apenas os processos cinéticos são considerados durante a extracção[238].Paraultrapassarestalimitaçãocinética,umdosmeiosmaiseficientes,alémdaagitação, é o aquecimento da amostra a temperatura elevada [215,238 ]. O aumento da pressão de vapor dos analitos fornece a energia necessária para que estes se dissociem da matriz e, ao mesmo tempo, incrementaatransferênciademassadamatrizparaoespaçodecabeça[238].

Noentanto,Kfa di minuicomoaumentodatemperaturae,porisso,tambémaquantidadedeanalito extraídaeasensibilidadedométododeextracção,noequilíbrio,decrescem[216,237].Todavia,uma vezqueadifusãodoscompostosaumentacomareduçãodaviscosidadee,portanto,tambémcomo aumento da temperatura da amostra [252], o tempo necessário para atingir o equilíbrio pode ser reduzido, no entanto, com sacrifício da sensibilidade do método [216,237]. Este procedimento é particularmenteimportanteparaoplasmadevidoàsuaelevadaviscosidade,quandocomparadocom amostrasdeurinaeágua[216].

Porquantooscoeficientesdedistribuiçãosãodependentesdatemperatura,eestacontribuideforma diametralmente oposta na extracção, existe, em regra, uma temperatura óptima em HSSPME, dependentedoanalitoemestudo[238].Mesmoquandoaagitaçãomagnéticaéaplicada,paraalguns compostos, a difusão permanece um parâmetro limitativo na extracção por HSSPME [176]. Aparentemente,abaixastemperaturas,oparâmetrolimitanteéadifusãodosanalitosnaamostraena fase estacionária [176]. Para analitos termicamente estáveis, e de ponto de ebulição elevado, o te é consideravelmente diminuído na HSSPME a temperaturas elevadas. Como os coeficientes de distribuição dos analitos estão parcialmente determinados pela sua interacção com a matriz, para compostosdebaixaoumoderadavolatilidade,oaquecimentodaamostraconstituiuaformadelibertá losparaoespaçodecabeça[237,238].Àmedidaqueatemperaturadaamostraaumentaaquantidade deanalitolibertadopelamatrizparaoespaçodecabeçatambémaumentae,consequentemente, Kha aumenta[215].Aconcentraçãodoanalitonoespaçodecabeçafavoreceaextracçãoeoaumentoda sensibilidadedométodo[238].Infelizmente,aomesmotempo,o Kfh diminui[237,241].Regrageral,a partirdeumdeterminadovalordetemperatura,variável,adifusãodosanalitosnaamostralíquidaena fase estacionária é relativamente rápida, enquanto que, ao mesmo tempo, Kfh decresce [227]. A absorçãodosanalitospelafaseestacionáriaconstituiumprocessoexotérmico[252],àmedidaquea

63 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______temperatura aumenta o revestimento perde a capacidade de adsorver os analitos [238]. Neste caso, esperasequeasensibilidadedométododecresçaatemperaturaselevadas,devidoàreduçãoefectiva nocoeficientededistribuiçãoglobal[216].

Em resumo, a temperatura óptima para um dado analito é determinada por várias variáveis. Esta apenaspodeserconhecidaportentativaeerro[216].Noentanto,comoreferência,podesedizerque astemperaturassesituamentre50100ºC[216]e25140ºC[240]nosmétodosdeHSSPMEaplicados a amostras biológicas. A aplicação de temperaturas elevadas a amostras de sangue não diluídas é limitadapelacoagulação[227]epeladecomposiçãodasmesmas[258].

3.3.6.8 Dessorçãotérmica

Na maioria dos casos, em SPME, a dessorção térmica dos compostos da fase estacionária é muito eficaz. Por um lado, e porque Kfh diminui com o aumento da temperatura, a capacidade do revestimento em libertar os analitos no injector do cromatógrafo aumenta muito rapidamente [216,237]. Por outro lado, o fluxo do gás de arraste, constante no injector, facilita a remoção dos compostosdafaseestacionária[216,237,250].

O tempo necessário para que ocorra a dessorção dosanalitos deverá ser o mais curto possível e o efeitodememória( carry over )deveserexcluído[216].Portanto,adessorçãotérmicadeveserefectuada a temperatura elevada [216]. Para os compostos voláteis e semivoláteis e quando as temperaturas utilizadasvariamentre140a250ºC,adessorçãopodeocorrernumintervalodetempomuitocurto,em fracçõesdesegundo[238,243].Noentanto,paracompostosdeelevadopesomolecular,umavezque as fibras não podem ser aquecidas acima dos 300ºC [238], esse tempo será longo, e o efeito de memóriapodeconstituirumproblemaadicional[216,238,250],dadaasuainfluêncianaquantificaçãoe anecessidadededessorçõesadicionais,antesdeseprocederanovaextracção[260].

Naoptimizaçãodatemperaturadedessorção,edemodoanãodanificarafaseestacionáriautilizada, deve ser encontrado um valor consensual entre a temperatura, determinada pela volatilidade dos compostos,atemperaturamáximapermitidapelafibra[230,242,260]eadecomposiçãotérmicados analitos[272],eentreestaseotempodedessorção,quedeveráseradequadoparaqueadessorçãodos analitos seja completa e o efeito de memória não se verifique [217,219]. Não obstante estas considerações teóricas, na prática, as temperaturas máximas recomendadas pelo fabricante não são aplicadas,comoobjectivodeaumentarotempodevidaútildafibra[216],dadoque,porexemplo, comafibradePDMS(100m)àtemperaturade200ºCjáseverificaosangramentodofilmelíquido [253].

64 Capítulo3–Métodosdepreparaçãodeamostrasbiológicasparaseparaçãocromatográfica ______

Considerandoqueadessorçãodoscompostosseencontraintimamenterelacionadacomaeficiência cromatográfica [238], os analitos devem ser rapidamente dessorvidos e arrastados para o topo da coluna, para que não se verifique o alargamento da banda cromatográfica [240,272], após o que se seguirá a concentração dos analitos no topo da coluna a uma temperatura baixa [257,272]. Parece lógico que o liner a utilizar no injector do cromatógrafo apresente um diâmetro interno reduzido [216,237].Autilizaçãodecolunascapilaresde0,32e0,25mmemSPMEpressupõeaexistênciade liners de 1,5 mm [216,260] ou 0,75 mm de diâmetro interno [216,262], sendo este último o mais utilizado.

Afibraéinseridano liner ,nocentrodazonaaquecida[242].Aposiçãodafibranoinjectortemum impacto significativo no processo de dessorção [240,252] e a profundidade a que se encontra no injectorreflectesenaáreadospicoscromatográficosobtidos[230,252].

Após a introduçãoda fibra no injector do cromatógrafo, estadeve ser expostao mais rapidamente possível, devido à dessorção parcial que pode ocorrer dentro da agulha, em particular, no caso de compostos voláteis [216], o que pode originar o arrastamento dos picos cromatográficos devido à dessorçãomaislentadosanalitosqueseencontramnointeriordofilme,emrelaçãoàquelesquese encontramadsorvidosàsuasuperfície[213],ouoaparecimentodepicosseparados( split peaks )[216].

65

66 Capítulo4–Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabusoemamostrasbiológicas ______

4 Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabuso

Neste capítulo referemse os métodos analíticosmais utilizados na análise toxicológica forensepara detecção, identificação e quantificação de drogas de abuso em amostras biológicas. A detecção e a identificaçãodedrogasdeabusosãoefectuadasmedianteumaabordagembietápica,queintegra,em geral,autilizaçãodeduastécnicasanalíticasdísparesnosprincípioscientíficosemquesebaseiame envolveautilizaçãodealíquotasdiferentes,damesmaamostraouamostrasdistintas(e.g.sangueda cavidadecardíaca,sangueperiférico).Numaprimeiraetapaéefectuadaumaanálisedetriagem,defácil execução, rápida e automatizada, enquanto que a segunda, realizada apenas nas amostras que se presume serem positivas obtidas no teste de triagem, é definida como análise de confirmação [273,274].

4.1 Métodosdetriagemdedrogasdeabusoemamostrasbiológicas

Osimunoensaiosdesempenhamumpapelsignificativocomométododetriagemparaadeterminação qualitativadedrogasdeabusoemamostrasbiológicas(e.g.sangue,soro,urina,saliva)[274,275].Asua utilização é comum em laboratórios que analisam um número elevado de amostras, traduzindose numa diminuição do tempo de análise [275]. Como o próprio nome indica baseiamse em técnicas imunológicas,reacçõesqueocorrementreantigénios(Ag)eanticorpos(Ac).AinoculaçãodeumAg (e.g. um fármaco acoplado a uma proteína) a animais de laboratórios (e.g. coelho) desencadeia por partedoorganismovivoumarespostaimunológicacomproduçãodeAccontraoAgadministrado. OstestescomercializadosbaseiamsenautilizaçãodeumAccomafinidadeestruturalparaocomposto ou grupo de compostos a detectar (e.g. opiáceos, canabinóides, cocaína, anfetaminas) e uma forma marcadadoAgapesquisarquecompetenareacçãocomoanalitopresentenaamostraepermitirá detectaraformaçãodocomplexoanalito–Ac.Os marcadores(indicadoresdareacção)maisutilizados sãofluorocromos,isótoposradioactivoseenzimas,respectivamente,imunoensaiosporfluorescência polarizada ( Fluorescence Polarization Immunoassay , FPIA), radioimunoensaios ( Radioimmunoassay , RIA) e técnicasimunoenzimáticas( Enzyme immunoassay ,EIA)[273].

67 Capítulo4–Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabusoemamostrasbiológicas ______

OServiçodeToxicologiaForense(STF)dadelegaçãodeLisboadoInstitutoNacionaldeMedicina Legal(DLINML)recebeumnúmeroelevadodeamostras(e.g.5000/ano),tendoadoptadoestetipode metodologia, em particular, os métodos imunoenzimáticos há alguns anos [275]. A diminuição das exigênciasoperativasaoníveldapreparaçãodeamostras(e.g.diluição)edaanáliseeonúmeroelevado deamostrasanalisadassimultaneamentetraduzemsenumadiminuiçãodotempototaldeanáliseeem baixoscustosporanálise.Ovolumedeamostrarequeridoédiminuto(e.g.10a25L)eapresentam sensibilidadeelevada.Porém,estesmétodosnãoidentificamoanalito,apenasdetectamapresençana amostradeumcompostocujaestruturaquímicaésimilaràdoAgparaoqualoAcfoiproduzido(e.g. morfina,THC,anfetamina)indiciandoquaisasquepodemserpositivasparaosgruposdecompostos em análise (opiáceos, canabinóides, anfetaminas) e revelando aquelas que são negativas. O Ac produzido para o Ag (e.g. morfina) apresenta reactividade cruzada com outros compostos com estruturasquímicassemelhantes(e.g.codeínae6monoacetilmorfina,ambaspertencentesaogrupodos opiáceos),ouaindacomsubstânciasqueinterferemcomaanálise,factoparticularmenterelevanteem amostras post mortem (e.g.cadaverinaeputresceína,comogrupodasanfetaminas).Porestemotivo, qualquerresultadopositivofornecidoporestemétodoanalíticodeveobrigatoriamenteserconfirmado porummétododotadodeespecificidadeadequada,capazdefornecerinformaçãonoquerespeitaà estruturamoleculardoanalito.

No entanto, os testes comercializados abrangem apenas alguns grupos de drogas, em particular, aquelas cujo consumo é mais expressivo na sociedade, em detrimento de outras mais recentes (e.g. piperazinas)oumenosconsumidas.Destemodo,podemserutilizadasoutrasmetodologiasanalíticas nestafasederastreio,emgeral,técnicascromatográficasassociadasadetectoresselectivos.

4.2 Métodos de confirmação e quantificação de drogas de abuso em amostrasbiológicas

Na análise qualitativa e quantitativa de compostos orgânicos em matrizes biológicas, várias técnicas instrumentais têm sido desenvolvidas, em particular, as técnicas cromatográficas hifenadas [216]. Tendopresentequeaamostraseapresentacomoumamisturaconstituídaporcompostosorgânicos diversosaGCouaHPLCpermitemsepararoscompostosorgânicosexistentesnaamostra.Ambas, em geral, envolvem a distribuição ou a partição dos analitos entre duas fases diferentes, uma fase estacionáriaeumafasemóvel.Oestadofísicodestaúltimaéoelementodediferenciaçãoentreasduas técnicascromatográficas,respectivamente,umgásinerteeumlíquido.

No entanto, estas técnicas separativas não permitem detectar os analitos, para tal, associamse a sistemas de detecção (e.g. detector de ionização de chama, detector de captura electrónica, espectrómetro de massa). A GC por si só não permite confirmar a presença de um analito, a

68 Capítulo4–Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabusoemamostrasbiológicas ______identificaçãodoscompostosseparadoséefectuadaporcomparaçãodoTrdoanalitocomoTrdeum padrãoanalítico,emiguaiscondiçõescromatográficas.Porém,esteTrnãoéexclusivodeumúnico composto,podendoexistiroutroscomomesmoTr[276].Destemodo,oscompostosdesconhecidos não podem ser identificados, e a presença simultânea de dois ou mais analitos na amostra cria equívocos.Poroutrolado,osanalitosnãovoláteis,eaquelescujapressãodevapornãopossibilitaa sua presença sob a forma gasosa nas condições cromatográficas, não se adequam a esta forma de análise [276,277]. A estabilidade térmica quer do analitos quer da fase estacionária é, também, um factorrestritivodasuautilização[277].Porém,apossibilidadedeligaçãoaváriostiposdedetectores,a sensibilidadeelevada,quandoométododedetecçãoéoapropriado,eograndepoderderesolução, aliadosàfacilidadedeutilização,constituemvantagensdestatécnica,permitindoqueaGCsejaainda hoje,decorridos53anosapósasuacomercialização,atécnicadeeleiçãoparaseparaçãodecompostos voláteis[276].

A espectrometria de massa é utilizada para identificar os compostos presentes na amostra. É uma técnicaanalíticadevalorinestimável.Àestruturaquímicadamolécula,aomodocomoafragmentação ocorre,àestruturadoiãomolecular,correspondeumespectrodemassaquecaracterizaocompostoe odistinguedetodososoutroscompostos.Destemodo,épossívelidentificardeformainequívocaum composto,querporcomparaçãocombibliotecasdeespectros,quandooanalitoéconhecido,querpor dedução da estrutura molecular, para compostos orgânicos desconhecidos, além de permitir a determinaçãodacomposiçãoisotópicadoselementose,searesoluçãodoespectrómetrodemassafor suficiente,dopesoefórmulamolecular[278,279].Contudo,porquenãoéumatécnicadeseparação, em misturas complexas, os espectros de massa estão sujeitos a interferências, por vezes da própria matrizbiológica,oquedificultaasuainterpretação,aindaque,emrigor,nãoaimpossibilite.AGCMS permiteresolveresteproblema,dadoquealiaoelevadopoderdeseparaçãodecompostosvoláteisda primeira à grande capacidade de identificação desta última [276]. A presença dos compostos sob a forma gasosa, facultada pela GC, e a capacidade de estabelecer uma ligação directa entre o cromatógrafoeodetector(e.g.interfacecapilardirecta),constituíram,atéhábempoucotempo,uma maisvaliadautilizaçãoda GCMS,emrelaçãoàcromatografialíquidadealtaeficiênciaassociadaà espectrometriademassa(LCMS),porexemplo.

4.3 Revisãobibliográficasobreanálisedepiperazinas

Aspiperazinaspodemseranalisadasporváriastécnicasseparativashifenadas,refereseaGC,aHPLC eaelectroforesecapilar,associadasasistemasdedetecção.Noentanto,noqueserespeitaamétodos de triagem, os imunoensaios comercializados não parecem detectar a sua presença [23,32,185], ao contrário do que se verifica com a detecção das anfetaminas e metanfetaminas. Porém, quer os imunoensaios testados quer as piperazinas analisadas (BZP), descritos na literatura, são escassos e

69 Capítulo4–Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabusoemamostrasbiológicas ______necessitamdeumestudomaisaprofundado.Estudosefectuadosnestelaboratório,peloautor,indiciam que algumas piperazinas (e.g. MeOPP) apresentam reactividade cruzada com a técnica imunoenzimática da Orasure Technologies indicada para a detecção de anfetaminas em amostras biológicas.

Aspiperazinaspossuemnasuaconstituiçãodoisátomosdeazoto,peloqueaaplicaçãodeumdetector deazotoefósforo(NPD)capazdeassinalarselectivamenteestescompostospodeserconsiderada.Até 2001apenasestavadescritonaliteraturaumprocedimentoanalíticoporGCcomdetectordeNPD (GCNPD) para a detecção e quantificação da BZP, ainda que como metabolito da piberalina, em amostrasdeplasmaeurina[181].Maisrecentemente,estatécnicaéaplicadapordeBoer et al .[23]na análise da BZP, MeOPP e TFMPP. Face à presença de isómeros da BZP (e.g. 1(2 metilfenil)piperazina),edaMeOPP(e.g.1(3metoxifenil)piperazina),comomesmoTr,eàexistência de picos cromatográficos assimétricos e com tailing no cromatograma, a sua utilização enquanto métododeidentificaçãoequantificação,respectivamente,encontrasecomprometida[23].Noentanto, permitemasuautilizaçãocomométododetriagem,seométododeconfirmaçãoéaGCMS[23,185]. Idêntico procedimento é descrito para a mCPP, ainda que como metabolito da trazodona [280]. A mCPPeaTFMPPcontêmhalogéneosnasuaestruturaquímica,respectivamente,umátomodecloroe um grupo trifluorometilo pelo que a sua análise por GC com detector de captura electrónica (GC ECD)épossíveleencontrasedescritanaliteratura[77,183].

Noquerespeitaàexistênciademétodosdeconfirmaçãoparaaidentificaçãoequantificaçãosimultânea das piperazinas em amostras biológicas os trabalhos publicados são escassos, ou envolvem a sua determinaçãoindividual.Emamostras post mortem sãoquase inexistentes, comexcepçãodostrabalhos publicadosporWikström et al .[36],paraaidentificaçãoequantificaçãodaBZPeporMartínez et al . [280]paraamCPP.DistinguemsecomometodologiasdeconfirmaçãoaanáliseporGCeHPLC,a primeira associada a detectores específicos, como o detector de NPD ou ECD, e a segunda a detectoresdeultravioleta(UV)ouelectroquímicos.Actualmente,faceàsexigênciascadavezmaiores noquerespeitaàidentificaçãodosanalitos,àsrepercussõesdeumfalsoresultadopositivo,autilização destas duas técnicas de separação acopladas a detectores de massa é imperativa num método de confirmação,emdetrimentodautilizaçãodeoutrosdetectores(e.g.NPD,ECD,UV).

ApresençademCPPnoplasmaenocérebroéconfirmadaporGCMS[183,281]e,naurina,após derivatização química [27], ambos em amostras biológicas de origem animal. de Boer et al . [23] descrevemváriasmetodologiasanalíticasparaadetecçãoeidentificaçãodaBZP,TFMPPeMeOPP, entreelasaGCMS,comesemderivatizaçãoquímica,sendopropostascomotécnicasdederivatização analíticaaacetilaçãoeatrifluoroacetilação.Aidentificaçãodestasdrogasdeabusorelacionadascoma piperazinaemamostrasdeurinaderatoencontrasedescritaporGCMSapósacetilação,referesea

70 Capítulo4–Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabusoemamostrasbiológicas ______

BZP,cujoLDé100ng/mL[32],aMeOPPcomumLDde50ng/mL[85],aTFMPPcomumLDde 10ng/mL[80]eaMDBPcomumLDde100ng/mL[90].

Os trabalhos experimentais de Peters et al . [24] permitem, pela primeira vez, efectuar a triagem, a identificaçãoeaquantificaçãosimultâneadetodasaspiperazinasreferenciadascomodrogasdeabuso, emamostrasdeplasmahumano,assimcomoavalidaçãodametodologiaanalítica.Nométododescrito evalidadopelosautoreséutilizada,paraefectuaraseparaçãoanalítica,umacolunacapilarHP5MS (fase estacionária de fenilmetilpolisiloxano 5%) e o espectrómetro de massa opera em modo de monitorizaçãoselectivadeiões(modoSIM).Aderivatizaçãocomanidridoheptafluorbutírico(HFBA) éempregue.Aquantificaçãoéefectuadaporrecursoaométododopadrãointerno.Dadaainexistência decompostosdeuterados,foiutilizadaa1(4metilfenil)piperazina(pTp).

Na HPLC, ao contrário do que sucede com a GC, os analitos interagem quimicamente com a fase móvel e a fase estacionária. Os equilíbrios físicoquímicos que se estabelecem estão na base dos princípios de separação dos analitos (e.g. adsorção, exclusão molecular, troca iónica, partição). EncontrasedescritanaliteraturaporHPLCadetecçãoequantificaçãodamCPPnosoroeurinade ratos [186], no sangue, plasma humano, cérebro ou leite materno [75,184,187,209,282,283]. No entanto, sempre como metabolito da trazodona, nefazodona ou etoperidona. Como vantagem da utilização desta técnica, na análise das piperazinas, podese referir que dispensam a etapa de derivatizaçãonecessáriaàsuaseparaçãoporGC[88].

AHPLCdepartição(fasereversaoufasenormal)éaquelaqueseencontradescritanaliteraturaparaa separação cromatográfica das piperazinas. Neste sentido, referese a separação da mCPP por cromatografia de fase reversa, com colunas de funcionalidades diversas (e.g. C 18 , C 8) [75,88,186,187,209,211] e de fase normal designadamente uma fase estacionária de CN [210]. Os detectoresutilizadospodemserespecíficoscomooselectroquímicos[83,210,211]eosdeUV,sendo esteúltimodeaplicaçãomaisgeneralizadanadetecçãodamCPP[184,187,282],comummáximode absorçãoa250nm[186],254nm[75,88]ou205nm[209].ParaaTFMPPrefereseummáximode absorção a 229 nm à semelhança da pTp [88] após separação no HPLC. Contudo o máximo de absorçãodaBZPnoUV(211nm)nãoécaracterístico,razãopelaqualdeBoer et al .[23]referemque estatécnicanãopodeserutilizadaparaaidentificaçãoinequívocadestecomposto.

A HPLC é particularmente indicada na separação de compostos termolábeis, polares e de peso molecularelevado.Nestesentido,efaceaosconhecimentosactuaisnoquerespeitaaometabolismo daspiperazinas,autilizaçãodestatécnicapermiteaanálisedestescompostosnasuaformaconjugada (e.g.glucuronidos,sulfatos)semquesejanecessárioprocederàhidrólisedosconjugados.Numaanálise de confirmação, onde é exigida a inexistência de falsos resultados positivos, reiterase que,

71 Capítulo4–Métodosanalíticosparadeterminaçãodedrogasdeabusoemamostrasbiológicas ______independentemente da metodologia adoptada na separação dos compostos, o único detector que permite identificar sem equívocos o analito é o espectrómetro de massa, dada a sua selectividade elevada. Neste sentido, a LCMS é uma metodologia analítica em expansão para a análise de confirmação destes compostos. Referemse os trabalhos publicados por Tsutsumi et al . [51], que permitem a identificação da BZP e seus metabolitos, na urina dos ratos, além da quantificação do compostonaformainalterada.Odesenvolvimentodeummétodoanalíticoparaaidentificaçãodos metabolitosconjugadosdaTFMPPefectuadoporStaack et al .[80]eosestudosdevalidaçãodeuma metodologiaanalíticaparaquantificaçãodamCPPemplasmahumano,aindaquecomometabolitoda nefazodona[182,284].

Naseparaçãodaspiperazinas,emamostrasdeáguaeurina,encontrasedescritaaelectroforesecapilar [68],cujaaplicaçãoemtoxicologiaforenseépoucoexpressiva.

72 Capítulo5–Justificaçãodotemaeobjectivos ______

5 Justificaçãodotemaeobjectivos

Considerando o que foi referido nos capítulos anteriores e o facto de que quando se iniciou este trabalhoaBZP,TFMPP,mCPPeMeOPPeramdrogasrecentes,poucoconhecidas,paraasquaiso laboratório do STF não possuía metodologia analítica, justificouse a necessidade de desenvolver métodosanalíticosparaasuadeterminaçãoemamostrasbiológicas.Adetecçãodestescompostosem fluidosbiológicosaindanãofoireferidaemPortugal.Noentanto,numaEuropasemfronteiras,dado que estas drogas não estão sujeitas a legislação específica no nosso país e ao facto de que estão à distância de um simples clique no rato, não será descabido esperar a sua presença em amostras biológicasnoâmbitodatoxicologiaforense.Asuapresençaemamostras post mortem quernoâmbitode mortesdirectamenterelacionadascomosefeitosdirectosdestasdrogasnoorganismooudecorrentes dosseusefeitosindirectos(e.g.nacondução)ou in vivo noâmbitodocódigodaestrada,emvítimasde crimesdeviolaçãooususpeitadeintoxicação,poderádestaformaserinvestigada. Osangueéofluidobiológicodeeleiçãoparaaquantificaçãodasdrogasdeabuso,dadoqueosseus efeitosrelacionamsecomasconcentraçõesdoscompostosnaformalivrenestaamostra.Asamostras desanguetotalsãomaiscomplexasdoqueasdeplasmaousoroerepresentamamaioriadasamostras recebidas no STF. Não existe nenhum método descrito na literatura para a triagem, confirmação e quantificaçãosimultâneadestescompostosemamostrasdesanguetotaloquemotivouanecessidade dedesenvolvermétodosanalíticosparaasuadeterminação.ASPEéatécnicamaisutilizadanoSTF paraaextracçãoepréconcentraçãodoscompostosorgânicospresentesemamostrasdesangue.Por outrolado,aurinaéaamostraidealparaatriagemdedrogasdeabuso,apresentamenosinterferentes e,emgeral,asconcentraçõesaíencontradassãoelevadasoupermitemdetectarasuapresençamesmo decorridosalgunsdiasapósaingestão.OelevadonúmerodeamostrasquesãoanalisadasnoSTFexige metodologiasanalíticascéleres,emparticularnoquerespeitaaosmétodosdetriagem,eosmétodos imunoenzimáticosexistentesnãopermitemasuadetecção.ASPMEéumatécnicadeextracçãorápida equeexigeporpartedooperadorpoucamanipulação,aindaquenuncatenhasidoempreguenoSTFe nãoestejadescritanaliteraturaasuaaplicaçãonadeterminaçãodestasdrogasemamostrasbiológicas.

73 Capítulo5–Justificaçãodotemaeobjectivos ______

Acromatografiagasosaassociadaàespectrometriademassafoiométododeanáliseutilizadoneste trabalho.Nestesentidoépossívelseparareidentificardeformainequívocaumcomposto,condição obrigatórianoSTF. Os resultados fornecidos pelo método analítico devem ser rigorosos, deles dependem decisões, são estabelecidas inferências e sentenças judiciais com consequências económicas, sociais e jurídicas na vidadeumindivíduoenasociedade.Antesdeserutilizadoemanálisesderotinaométodoanalítico deveservalidado,àquedemonstrarqueesteéadequadoaopropósitoaquesedestina,exigesequeos resultados obtidos sejam fiáveis. Esta imposição não pode ser menosprezada mesmo que as determinações sejam pontuais e os analitos pouco conhecidos. Pelo contrário, a utilização de um método interno, desenvolvido na sua totalidade num laboratório, e a detecção, identificação ou quantificaçãodeumanalitonuncaantesdeterminadoobrigaaexigênciasiguaisouaindasuperiorespor parte de quem fornece os resultados. As consequências de um falso resultado positivo podem ser devastadoraseomediatismoassociadoanovasdrogasvoraz. Osobjectivosprincipaisdestetrabalhocontemplam: • Odesenvolvimentodeummétododeextracçãoemfasesólidaeanáliseporcromatografia gasosaespectrometriademassa(SPEGCMS)paraatriagem,confirmaçãoequantificaçãode BZP,TFMPP,mCPPeMeOPPemamostrasdesanguetotal; • O desenvolvimento de um método de SPMEGCMS para triagem, confirmação e quantificaçãodeBZP,TFMPP,mCPPeMeOPPemamostrasdeurina; • Validaçãodosmétodosanalíticosdesenvolvidos.

74 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

6 Materiaisemétodos

6.1 PadrõeseReagentes

Os padrões de referência de cloridrato de 1(3clorofenil)piperazina, dicloridrato de 1(4 metoxifenil)piperazina(graudepureza90%)foramobtidosàSigmaAldrichCorporation(Steinheim, Alemanha).A1benzilpiperazinae1(3trifluorometilfenil)piperazinaforamgentilmentecedidaspelo Laboratório de Análises eDopagem do InstitutodoDesportode Portugal. O padrão interno (para análisequalitativaequantitativa)dicloridratode1(4metilfenil)piperazina(pTp)(graudepureza97%) foi adquirido à Lancaster Synthesis (Lancashire, Reino Unido) e o padrão interno (para análise quantitativa) metanfetamina deuterada (metanfetaminaD9) (grau de pureza 99%)foi fornecido pela Cerilliant(RoundRock,EUA).

Oacetatodeetilo,ácidoclorídrico(HCla37%),amónia(NH 4OHa25%),NaCl,diclorometano,di hidrogenosfosfato de potássio anidro (KH 2PO 4), nhexano, metanol (grau de pureza adequado à cromatografiagasosa)e2propanolforamfornecidospelaMerck(Darmstadt,Alemanha).Ocarbonato de potássio (K 2CO 3) e o hidróxido de potássio (KOH) foram adquiridos à Riedelde Haën (Seelze, Alemanha).

A água desionizada utilizada ao longo deste trabalho tem uma resistividade de 18,2 Mcm 1 à temperatura ambiente e foi produzida num sistema de purificação de água Simplicity 185 (com lâmpadadeUV)daMillipore(Bedford,EUA).

Os reagentes de derivatização empregues: N,Obistrimetilsililtrifluoroacetamida (BSTFA), Nmetil Ntrimetilsililtrifluoroacetamida(MSTFA),Nmetilbistrifluoroacetamida(MBTFA)foramadquiridos àMachereyNagel(Düren,Alemanha).Oanidridotrifluoroacético(TFAA)foifornecidoporRiedelde Haën(Seelze,Alemanha).

75 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

6.2 Soluções

As soluções padrão individuais das substâncias em estudo foram preparadas em metanol na concentraçãode1000g/mLearmazenadasa10ºC,aoabrigodaluz.

Assoluçõesdetrabalhoa100g/mLforamobtidaspordiluiçãodasrespectivassoluçõespadrãocom metanol.

Para a SPE, por diluição das soluções de trabalho iniciais prepararamse soluções de trabalho com concentrações de 10, 1 e 0,1 g/mL utilizando comosolvente o metanol. As soluções de trabalho foramarmazenadasentre2a8ºC,aoabrigodaluz.

Para a SPME, por diluição das soluções de trabalho iniciais prepararamse soluções de trabalho aquosascomconcentraçõesde10,0,1e0,01g/mLutilizandocomosolventeáguadesionizada.As soluçõesdetrabalhoforamarmazenadasentre2a8ºC,aoabrigodaluz.

Ácidoclorídrico(0,1N)(100mL):Paraumbalãovolumétricode100mLdecapacidadecontendo60 mL de água desionizada pipetaramse 810 L de HCl concentrado (37%). Completouse com água desionizadaatéperfazerovolumeehomogeneizouseporinversão.

Ácido clorídrico a 1% emmetanol (100 mL) Para um balão volumétrico de 100mL de capacidade contendo60mLdemetanoladicionouse1mLdeHClconcentrado(37%).Ovolumefinalde100mL foiobtidocommetanol,asoluçãofoidevidamenteagitada.

Diclorometano/isopropanol/amónia (78:20:2, v/v/v) (100 mL): A 78 mL de diclorometano adicionaramse20mLde2propanolehomogeneizousevigorosamente.Aestasoluçãofoiadicionado

2mLdeNH 4OHehomogeneizouseporinversão.

Diclorometano/metanol (50:50, v/v) (100 mL): A 50 mL de metanol adicionaramse 50 mL de diclorometanoehomogeneizouseporinversão.

Hidróxidodepotássio(1M)(100mL):Forampesados5,61gdeKOHparaumbalãovolumétricode 100 mL de capacidade contendo 80 mL de água desionizada e a solução foi homogeneizada por inversão. Completouse com água desionizada até preencher o volume, a solução foi devidamente agitada.

Hidróxidodepotássio(10M)(100mL):Forampesados56,1gdeKOHparaumbalãovolumétricode 100 mL de capacidade contendo 80 mL de água desionizada, após arrefecimento a solução foi homogeneizadaporinversão.Completousecomáguadesionizadaatépreencherovolume,asolução foidevidamenteagitada.

76 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

Metanola5%(v/v)(100mL):Pipetaramse5mLdemetanolparaumbalãovolumétricode100mL de capacidade contendo 60 mL de água desionizada. Adicionouse água até completar o volume e homogeneizouseporinversão.

Metanol/amónia(95:5,v/v)(100mL):Pipetaramse5mLdeNH 4OHparaumbalãovolumétricode 100mLdecapacidadecontendo60mLdemetanol.Adicionousemetanolatécompletarovolumee homogeneizouseporinversão.

Tampãofosfato(0,1M,pH6,0±0,1)(1000mL):Pesaramse13,6gdeKH 2PO 4etransferiuseparaum balãovolumétricode1000mLdecapacidadecom900mLdeáguadesionizada,homogeneizousenum banhoultrasónicoatédissoluçãocompletadoKH 2PO 4.MediuseopHdasoluçãoeajustouseapH 6,0±0,1comumasoluçãodeKOHa1M.Completouseaotraçocomáguadesionizada.

6.3 Equipamentos

• Agitador magnético com placa de aquecimento modelo MR3001K, conectado a um dispositivo electrónicodecontrolodetemperatura,modeloEKT3001comsensortérmico,ambosfornecidos porHeidolphInstrumentsGmbH&CoKG(Schwabach,Alemanha); • BalançaanalíticadaKern&SohnGmbH,modelo77013(BalingenFrommern,Alemanha); • BanhosecodaGrantInstruments(Cambridge)Ltd,modeloQBT2(Royston,ReinoUnido); • Banhoultrasónico,modeloXB14daGrantInstruments(Shepreth,ReinoUnido); • Câmara para extracção em fase sólida manual com capacidade para 20 colunas (Vac Master) adquirida a International Sorbent Technology Ltd (Hengoed, Reino Unido) associada a uma bomba de vácuo, modelo N022AN18, fornecida por KNF Neuberger GmbH (Freiburg, Alemanha); • CentrífugadamarcaHeraeusSepatechGmbHemodeloMegafuge1.0(Osterode,Alemanha); • Cromatógrafodegasesmodelo6890Aacopladoaumdetectorselectivodemassamodelo5973Ne dotadodeuminjectorautomáticomodelo7683damarcaAgilent(Waldbronn,Alemanha). • Cromatógrafodegasesmodelo6890Nacopladoaumdetectorselectivodemassamodelo5973 Inert e dotado de um injector automático modelo 7683 da marca Agilent Technologies Inc. (Waldbronn,Alemanha); • DesencapsuladordaChromacol(WelwynGardenCity,ReinoUnido); • DispositivodeSPMEmanualadquiridoaSupelco(Bellefonte,EUA); • EncapsuladordaAgilent(PaloAlto,EUA); • Evaporador da Techne (Cambridge) Ltd, modelo Driblock DB3 (Duxford Cambridge, Reino Unido);

77 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

• Homogeneizador,modeloSRT2,daStuartScientific(RedhillSurrey,ReinoUnido); • Potenciómetro,modeloHandylab1,daSchottGeräteGmbH(Mainz,Alemanha); • Vortex,modeloZX 3,adquiridoaVelpScientificasrl(Usmate,Itália).

6.4 Materiais

• Barras magnéticas, revestidas por PTFE, de 10 mm de comprimento e 3 mm de diâmetro, da SigmaAldrichCo.(Steinheim,Alemanha); • ColunasdeextracçãoemfasesólidaOasis®HLB(60mgdeenchimento,3mLvolume)eOasis® MCX(60mgdeenchimento,3mLvolume)fornecidasporWatersCorporation(Milford,EUA); • Fasesestacionárias,polidimetilsiloxano(PDMS)com100mdeespessura,epoliacrilato(PA)de 85mdeespessura,adquiridasaSupelco(Bellefonte,EUA); • Frascosdevidropara headspace com6e10mLdecapacidadeadquiridosàChromacol(Welwyn GardenCity,ReinoUnido)ede20mLdecapacidadedaAgilent(PaloAlto,EUA); • Liners de0,75mmdediâmetrointerno,para splitless ,daSupelco(Bellefonte,EUA); • Liners de4mmdediâmetrointerno,para split ,comlãdevidro,daAgilent(PaloAlto,EUA); • SeptosThermogreen®LB2de11mmdediâmetrodaSupelco(Bellefonte,EUA); • Tampas de alumínio com septos de 20 mm de politetrafluoretileno (PTFE)/clorobutilo para frascosde headspace fornecidospelaChromacol(WelwynGardenCity,ReinoUnido).

6.5 Condiçõescromatográficas

AseparaçãocromatográficafoirealizadautilizandoumacolunacapilardesílicafundidaHP5MScom 30 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 m de espessura do filme. A esta foi conectada uma précolunade 2 mde comprimento (comprimentooriginalde 10m) e 0,32mmde diâmetrointernocomsílicadesactivada,ambasdaAgilentTechnologiesInc.(LittleFallsSite,EUA).

Para a técnica de SPEGCMS e com o objectivo de obter uma eficiência separativa adequada desenvolveuse um programa de temperaturas da coluna: temperatura inicial do forno de 120ºC sustentadadurante2minutos,seguindoseumgradientetérmicode12ºCporminutoatéaos235ºC,a temperaturafinalfoimantidaconstantedurante3minutos.Atemperaturadoinjectoredodetector (interface)foimantidaa280ºC.Ainjecçãofoide2Lefectuadaemmodo split ;comumarazãode split de1:6.

ParaaSPMEGCMS,comderivatização,apósumperíodoinicialisotérmicoa90ºCmantidodurante 2minutos,seguiuseumgradientelinearde15ºCporminutoatéatingir235ºC,comumtempofinalde 3minutos.Atemperaturadoinjectoreadodetector(linhadetransferência)forammantidasa250ºCe

78 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______a280ºC,respectivamente.Afibrafoidessorvidadurante2minutosemmodo splitless ,aválvulade split foiabertaapósesseperíodoeiniciouseacorridacromatográfica.

Utilizousehéliocomofasemóvel(gásdearraste),depureza>99,9996%daPraxair(Maia,Portugal). Ofluxodogásdearrastemanteveseconstante(0,8mL/min).

Oespectrómetrodemassafoiutilizadonomododeimpactoelectrónico,energiade70eV.Emmodo devarrimentocontínuo(modoSCAN),comumvarrimentonumintervaloderazões m/z de50a500 u.m.a., no modo SIM, atribuiuse a cada composto em estudo três iões, considerando o Tr do composto.

Oatrasodesolvente(doinglês, solvent delay )foide8,00minutose5,50minutosrespectivamentena SPEGCMSeSPMEGCMS.

Aaquisiçãoetratamentosdosdadosforamobtidoscomossoftwares Enhanced ChemStation G1701CA versãoC.00.00de31Dez1999e/ouMSDChemStationG1701DAversãoD.01.00Build75de26 Ago2003daAgilentTechnologies(CenterVilleRoad,EUA).

Os liners utilizadosforamsilanizadoseoinjectorfoilimpoacada100análises,demodoaprevenira diminuiçãodasensibilidade.

NaSPME,antesdaprimeirautilização,afaseestacionáriadePDMSfoicondicionada,noinjectordo cromatógrafo,duranteumahoraàtemperaturade250ºC(indicaçãodofabricante30minutosa250ºC) eadePAa300ºCduranteduashoras,deacordocomasinstruçõesdofabricante.Decorridoesse tempo,foiefectuadaumacorridaembrancoparaconfirmarainexistênciadepicoscromatográficos,os quaispodemserfrutodecontaminaçõesdecorrentesdoprocessodefabricodasfibras.

6.6 Amostrasbiológicasemestudo

Asamostrasdesangueeurinautilizadasnodecorrerdestetrabalhocomoamostrasbrancas ii foram colhidas in vivo ou post mortem noâmbitodoCódigodaEstrada[285]edeautópsiasmédicolegais[286] efectuadas no Serviço de Tanatologia Forense da DLINML ou nos Gabinetes MédicoLegais que actuamnasuadependência,duranteoanode2003.AmostrasdeurinadevoluntáriosdoSTF,não consumidoresdedrogasoumedicamentos,foramaindaobtidas.

ii Poramostrabrancaentendeseumaamostracujamatrizéequivalenteàdasamostrasaanalisarmasisentada(s) substância(s)apesquisar.

79 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

As amostrasrecebidas no STF da DLINML para análise toxicológica (e.g. determinação da taxa de álcool no sangue, pesquisa de substâncias medicamentosas, drogas de abuso, pesticidas) foram conservadasporcongelaçãoa10ºC.

6.7 Identificaçãodoscompostos

Aidentificaçãodocompostonaamostra,porGCMSemmodoSIM,pressupõeoreconhecimentode três iões diagnóstico no fragmentograma [287,288].Mais ainda, tornase particularmenteimportante monitorizarassuasintensidadesrelativas[289].Daíanecessidadedeestabelecerquaisoscritériosde aceitaçãoadmitidosparaasabundânciasrelativasdossinaisiónicos[287,290].Aabundânciarelativade umiãodiagnóstico,expressacomopercentagemdaintensidadedoiãomaisintenso(picobase)[290], foi determinada por integração da área do pico cromatográfico seleccionado e normalizada ao pico base(quecorrespondea100%)[287].NaTabela61encontramsedescritososintervalosdeaceitação permitidosparaasabundânciasrelativasutilizadosnaidentificaçãodoscompostosemestudo[287].

Tabela61.Intervalosmáximosdetolerânciapermitidosparaasabundânciasrelativasdosiõesdediagnóstico, monitorizadosemmodoSIM,eexpressosempercentagem(%)[287]. Abundânciarelativa Intervalomáximodetolerânciapermitido (%relativaaopicobase) (%) >50 ±10(intervaloabsoluto) 2550 ±20(intervalorelativo) <25 ±5(intervaloabsoluto)

Elegeramse ainda como critérios de confirmação qualitativa que a variação do tempo de retenção relativodocomposto(Tr R),expressopelarazãoentreoTrdocompostoeoTrdopadrãointerno, fosseinferiorouiguala1%quandocomparadoaoTrRdopadrãodocompostoemanálise.Alémde que,arazãoentreosinaldoiãodiagnósticomenosintensoeosinalcorrespondenteaoruídodalinha debase(razãosinal/ruído)deveriasersuperiora3:1[287].Adeterminaçãodarazãosinal/ruído(S/N) foirealizadamedianteacomparaçãodaabundânciarelativadam/zdoiãodiagnósticoseleccionado comaabundânciarelativadam/zdalinhadebaseadjacenteaopicodocomposto(Tr±0,5minutos), porrecursoaosoftwaredoequipamento.

6.8 Extracçãoemfasesólida(SPE)

6.8.1 Prétratamentodasamostrasbiológicas

AsamostrasrecebidasnoSTFsãoarmazenadasa10ºC.Porisso,antesdaextracção,asamostrasde sangue total foram descongeladas até atingirem a temperatura ambiente e homogeneizadas, por movimentosderotaçãoeinversão,durante15minutos.

80 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

Umaalíquotade500Ldesanguefoidiluídacom8mLdeumasoluçãodetampãofosfato(KH 2PO 4 0,1M,pH6,0±0,1).Procedeuseàhomogeneização(10minutos)ecentrifugaçãodurante10minutosa 2500r.p.m.pararemoçãodepartículasemsuspensão.Oprecipitadoobtidofoirejeitado.

6.8.2 Metodologiadeextracçãoemfasesólida

NaextracçãodassubstânciasemestudoporSPE,foramavaliadosdoistiposdecolunas,Oasis®HLB eOasis®MCXetrêsmetodologiasextractivas.

Osadsorventespoliméricosoferecemalgumasvantagensquandocomparadoscomosadsorventesà basedesílica,emparticular,evitaremaperdadosanalitosduranteaextracçãoporsecagemdafase estacionária [189,205]. As colunas Oasis HLB da Waters® permitem a retenção de analitos de polaridades diversas por SPE de fase reversa. O mecanismo extractivo das colunas Oasis MCX da Waters®édemodomisto:fasereversaetrocaiónica[205].

6.8.2.1 MetodologiadeextracçãocomascolunasOasis®HLB,métodogenérico

Aextracçãofoiefectuadapelométododescritopelofabricantedascolunas(Waters®)paraaanálisede compostosácidos,básicoseneutros[291].Ascolunasdeextracçãoforamcondicionadascom2mLde metanol e equilibradas com 2 mL de água desionizada. As amostras, preparadas de acordo com o descrito no ponto 6.8.1, foram adicionadas às colunas com uma razão de fluxo moderada (aproximadamente12mL/minuto).Posteriormente,procedeuseàlavagemdascolunascom2mLde metanola5%.Osanalitosforameluídoscom2mLdemetanol.

6.8.2.2 MetodologiadeextracçãocomascolunasOasis®MCX,métodogenérico

Seguiuseométododescritopelofabricanteparaaextracçãodecompostosácidos,neutrosebásicos damatrizsanguetotal[291].Apóscondicionamentocom2mLdemetanole2mLdetampãofosfato

(KH 2PO 4 0,1 M, pH 6,0±0,1), as amostras foram introduzidas na coluna, com uma razão de fluxo moderada.Oscompostosemestudopossuemcaracterísticasbásicas[68,69],comgruposfuncionais ionizáveis (amina secundária e terciária). Deste modo, são retidos na fase estacionária, não só por gruposfuncionaisdecargaoposta(grupossulfónicos)imobilizadosnasuasuperfície,mastambémpor interacçõeshidrofóbicas.Numaterceiraetapaqueconsistiuemlavaracoluna,ossolventesutilizados foram a água (2 mL), HCl a 0,1 N (2 mL) e metanol a 5% (2 mL). A água permite remover interferentesdamatriz,substânciasendógenas,permanecendooanalitonacoluna[198].OHCl,além de permitir a eluição de proteínas e substâncias não retidas na fase estacionária, teve por objectivo protonarosanalitoscomcaracterísticasbásicas[291].Destemodo,aabsorçãodaspiperazinasàfase estacionáriaéincrementada,facilitandoalavagem.Ometanola5%permitearemoçãodecompostos

81 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______polares,neutroseácidos.Ascolunasforamsecas,sujeitasavácuodurante10minutos.Posteriormente, por intermédio de 2 mL de metanol, os analitos ácidos e neutros são eluídos [291] e rejeitados. A eluiçãocom2mLdemetanol/amónia(95:5,v/v)permitearecuperaçãodoscompostosemestudo.A optimização desta última etapa foi efectuada pela alteração do pH do meio, de modo a suprimir a ionizaçãodosanalitos,comoconsequênciaaretençãoéreduzidaeaspiperazinassãoeluídas.

6.8.2.3 MetodologiadeextracçãocomascolunasOasis®MCX,métodooptimizado

Oprocedimentoexperimentalfoiefectuadodeacordocomassugestõesapresentadaspelofabricante para extracção de analitos básicos da matriz sangue total [205]. O condicionamento das colunas de extracçãofoiefectuadosucessivamentecomdiclorometano(2mL),metanol(2mL)etampãofosfato

(KH 2PO40,1M,pH6,0±0,1)(2mL).Ossobrenadantesobtidos,deacordocomodescritonopré tratamento das amostras biológicas, foram adicionados às colunas, previamente condicionadas, com umarazãodefluxomoderada(aproximadamente12mL/minuto).Aoqualseseguiramquatroetapas delavagemdafaseestacionária:água(2mL),HCl0,1N(2mL),metanola5%(2mL)enhexano(2 mL).Alavagemcomhexanopossibilitaaeliminaçãodegorduraseáguaresidual[205].Procedeuseà secagem das colunas sob vácuo, durante 10 minutos,para a remoção de água eventualmente ainda presente na coluna. Após a secagem, as colunas foram lavadas com diclorometano/metanol (50:50, v/v) (2 mL). Esta solução permite eluir, se necessário, os compostos ácidos e neutros [205]. A recuperaçãodaspiperazinasemestudofoiefectuadacomdiclorometano/2propanol/amónia(78:20:2, v/v/v)(2mL).

6.8.3 Evaporaçãodosextractoseminimizaçãodeperdasporvolatilização

AsfasesorgânicasobtidasnosprocedimentosextractivosporSPEforamevaporadasatéàsecurasob umacorrentedeazoto,numbanhoseco,atemperaturainferiorouiguala40ºC,paraeliminaçãodo excessodesolventeeconcentraçãodosanalitos.

Noentanto,emexperiênciasprévias,aetapadeevaporaçãorevelousecrítica,emparticular,naanálise daBZPeTFMPP.ÀsemelhançadoquefoisugeridoporStaack et al .[32,80]observaramseperdas porvolatilizaçãodestescompostos.Destemodo,tendocomoobjectivoavaliareminimizarasperdas porvolatilização,foramefectuadasexperiênciasemtriplicado,comesemadiçãopréviadeHCla1% emmetanol(100L)[198](designadasdecom ácido esem ácido ,respectivamente)aosextractosobtidos porSPEantesdaevaporaçãoecompararamseasáreascromatográficascomasobtidasapósinjecção directadeumasoluçãodetrabalhometanólicaemtriplicado(aquesedesignoude sem evaporação ).

82 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

6.8.4 Derivatizaçãoquímica

Asprimeirasexperiênciasrevelaramanecessidadedederivatizaroscompostosemestudo.Osmétodos dederivatizaçãoquímicamaisusuaisnoSTF,naanálisededrogasdeabusoporGCMS,sãoasililação eaacetilação.Aprimeiraé,provavelmente,atécnicadederivatizaçãomaisutilizadaemGC,sendoa última uma das reacções de derivatização mais populares para as aminas primárias e secundárias [197,292,293].

Nestetrabalhoforamavaliadosquatroreagentesdederivatização,BSTFA,MSTFA,MBTFAeTFAA, eduasreacçõesdederivatização,asililaçãoeaacetilação.

Oresíduosecoprovenientedaevaporaçãodafaseorgânicafoisolubilizadocom100Ldereagentede derivatização (BSTFA, MBTFA ou MSTFA) e agitouse no vortex durante cerca de 15 segundos. Aqueceusea65ºCdurante20minutos(modificadode[293,294]:70ºCdurante20minutos).Depoisde arrefecer,atéàtemperaturaambiente,asoluçãofoisujeitaacentrifugaçãodurante5minutosa1500 r.p.m.Umaalíquotade2Lfoiinjectadanosistemacromatográfico.

NaderivatizaçãodaspiperazinascomTFAAredissolveuseoextractoem50Ldeacetatodeetiloe 50LdeTFAAeagitousenovortexdurantecercade15segundos.Aqueceusea65ºCdurante20 minutos(modificadode[36]:60ºCdurante15minutos).Adesvantagemdosanidridosácidosprende se com o facto de serem corrosivos e poderem danificar a coluna cromatográfica. Deste modo, o excessodoreagentedederivatizaçãotemqueserremovidoeosanalitosderivatizadossãodissolvidos noutro solvente. Assim, a solução foi sujeita a nova evaporação sob uma corrente de azoto, num banhoseco,àtemperaturade40ºCparaeliminaçãodoexcessodesolvente.Parasolubilizar adicionou se50Ldeacetatodeetilo.Umaalíquotade2Lfoiinjectadanosistemacromatográfico.

AadiçãodeHCla1%emmetanol(100L)ouMBTFA(20L)aoseluatosantesdaevaporaçãoe subsequentederivatizaçãocomMSTFAeMBTFA[197,293]foicomparada(n=5).

6.8.5 Quantificação

A análise quantitativa foi efectuada pelo método do padrão interno. O composto utilizado, é uma piperazina, a pTp, utilizada por Peters et al . [24] nos estudos de validação de um método analítico quantitativoemamostrasdeplasma.

83 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

6.9 Validação do método de ensaio para a análise de piperazinas por SPEGCMS

Antes de ser utilizado em análises de rotina o método analítico deve ser validado, dado que os resultadosfornecidosdevemserrigorosos[295],delesdependemdecisõesesentençasjudiciaiscom consequênciaseconómicas,sociaisejurídicasnavidadeumindivíduo,nasociedadeenacredibilidade deumlaboratório.

Ométodoanalíticonãosebaseiaemqualquermétododereferênciaounormalizado,foidesenvolvido nasuatotalidade(métodointerno).Assimpretendesedemonstrarqueesteéadequadoaopropósitoa quesedestina[295],àtriagemeàconfirmaçãoqualitativaequantitativadaspiperazinasemamostras de sangue total por SPEGCMS. Para tal fornecemse evidências de que o método analítico desenvolvidoéselectivo,lineardentrodointervalodeconcentraçõesseleccionado,apresentaprecisão adequadaeéexacto.Énecessárioqueestecumpraasexigênciasqueseestabelecem,queosresultados analíticosfornecidossejamfiáveisequeestejamdeacordocomasnecessidadesdosclientes[296].

Osparâmetrosdevalidaçãodométodoanalíticoparaaidentificaçãoequantificaçãodaspiperazinas emamostrasdesanguetotalporSPEGCMSavaliadosencontramsesumarizadosnaTabela62.Os estudosrealizadosparaevidenciaravalidadedométodoforamefectuadospelaordemcronológicaque seapresentaaolongodotrabalho.

Tabela62.ParâmetrosdevalidaçãodométodoanalíticodeSPEGCMSparaidentificaçãoequantificaçãodas piperazinasemamostrasdesanguetotal[300,301]. Métodode Métodode Métododetriagem Parâmetro confirmação confirmação qualitativo qualitativo quantificativo Selectividade    Eficiênciadaextracção  Limitededetecção    Limitedequantificação  Linearidade  Gamadetrabalho  Precisãointermédia  Repetibilidade  Exactidão(veracidade)  Arrastamento    Robustez   

84 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

6.9.1 Avaliaçãodaselectividade

Aselectividaderefereseàcapacidadedeummétodoparadistinguirumanalitodeformainequívoca, numa matriz complexa sem interferência de outros elementos eventualmente presentes na amostra [297,298].

Ostermosselectividadeeespecificidadeparecempossuiromesmosignificado,sãoporvezesreferidos naliteraturaindiscriminadamenteoucomdistintasacepções,oquemotivaalgumaconfusão[298,299]. Esta situação pode ser evitada com a utilização exclusiva do termo selectividade em detrimento da designação de especificidade, como sugerido pela International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC)[298].Ummétodoinstrumentalqueforneceumarespostaparaumúnicoanalitoédesignado deespecíficoeaquelequerespondeadiversosanalitos,masqueconseguedistinguirarespostadeum analito de todas as outras respostas, será denominado de selectivo [299]. Dado que as técnicas cromatográficas hifenadas, na generalidade, senão na totalidade, respondem a várias substâncias e a espectrometriademassaéconsideradapelacomunidadecientíficacomoumatécnicaselectiva,otermo selectividadeafigurasemaisapropriado[298,299].

Comoobjectivodeavaliaraselectividadedométodoanalíticoseleccionaramseamostrasdesangue totaldefontesdistintas,sangue post mortem (periféricoedacavidadecardíaca)esanguecolhido in vivo , representativasdouniversodeamostrasanalisadasnoSTF.Oestudoenvolveuumtotaldequarenta amostras,isentasdosanalitosemestudo.Oconjuntodeamostrasfoidivididoemdezsubconjuntosde alíquotas de sangue total, de pelo menos quatro origens diferentes. Na prática, e dada a heterogeneidadedasamostrasdesanguetotalanalisadasporrotinanestelaboratório,autilizaçãode grupos ( pools ) de amostrasde sangue afigurase mais apropriado, dada a diversidade encontrada, em detrimentodautilizaçãodeamostrasunitárias.

Decadaumadas pools foramutilizadasduasalíquotas(500L).Aumadasalíquotasadicionouse100 ng de cada analito e 250 ng de PI, enquanto que à segunda apenas se adicionou o PI na mesma concentração (250 ng/500 L). A ambas foi aplicado o método desenvolvido por SPEGCMS. Compararamseosresultadosobtidosnosextractos,emnúmerode20,comosadquiridosnocontrolo, isto é, numa matriz fortificada com substâncias padrão dos compostos em análise, analisada simultaneamente,nasmesmascondiçõesdeanálise[289,290].

EmconformidadecomoscritériosestabelecidosparaaidentificaçãodoscompostosporGCMSem modoSIM,convencionousequeseapercentagemdefalsosresultadospositivosenegativosforde 0%,nãoexistemevidênciasdeinterferências,noTreiõesseleccionadosparacadaumdoscompostos, eométodoéselectivo.DeacordocomoscritériosdefinidosnoSTF,nummétododeconfirmaçãoa

85 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______percentagemdefalsosresultadospositivoseapercentagemdefalsosresultadosnegativosdevemser, respectivamente,de0%einferiora10%.

6.9.2 Recuperaçãodafasedeextracção(Eficiênciadaextracção)

Infelizmente,osderivadosanalíticosnãosãocomercializadossobaformadematerialdereferência. Deste modo, quando o método analítico apresenta uma etapa de derivatização, a avaliação da recuperaçãototalnãoéexequível[196,300].Mas,aoassumirmosqueaetapadederivatizaçãotemuma eficiênciade100%[201],podemosavaliararecuperaçãodafasedeextracçãoporSPEe,assim,estimar aeficiênciadoprocedimentoextractivodométodoanalíticodesenvolvido.

Para este estudo seleccionaramse duas gamas de trabalho: gama baixa (100 ng/mL) e alta (1000 ng/mL).Paracadaumadasconcentraçõesemanáliseextraíramsedoisconjuntosdealíquotas(500 L)de pools desanguebranco,isentasdoscompostosaanalisar,emquadruplicado.Enquantoumdos conjuntos foi fortificado antes da extracção, o outrosó foi fortificado após o término do processo extractivoeantecedendoaetapadeevaporaçãodafaseorgânica.OPIfoiadicionadoatodasasfases orgânicasobtidasnaconcentraçãode500ng/mL,antesdaevaporação[294].

Aavaliaçãodaeficiênciadaextracçãodosanalitosapartirdeamostrasdesanguetotal,paracadaum dosanalitoseparacadaníveldeconcentração,foiefectuadaporrecursoaocálculodarecuperação,em percentagem,atravésdaexpressão:

Ace A equação21 Recuperaçã o = pie ×100 Ac Api Emque:

Ace —Áreacromatográficaabsolutadocompostoobtidanaamostrafortificadaantesdaextracção; Apie —ÁreacromatográficaabsolutadoPIobtidanaamostrafortificadaantesdaextracção; Ac—Áreacromatográficaabsolutadocompostoobtidanaamostrafortificadaapósaextracçãoeno mesmoníveldeconcentração; Api —ÁreacromatográficaabsolutadoPIobtidanaamostrafortificadaapósaextracçãoenomesmo níveldeconcentração.

6.9.3 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação)

Prepararamse quatro curvas de calibração, uma por composto, com dez pontos de calibração equidistantes,porfortificaçãodealíquotas(500L)deuma pool desangue,isentadoscompostosa pesquisar,entre1e10ng/mL,próximodolimitedequantificação(LQ)descritoporPeters et al .[24].

86 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

Adicionouse500ng/mLdepTpàtotalidadedasamostraseextraíramseeanalisaramsedeacordo comametodologiadescrita.

OLDdeummétodoanalíticoédefinidocomoamenorquantidadedeanalitopresentenumaamostra quepodeserdetectado,masnãonecessariamentequantificadocomumvalorexacto.OLQdeum métodoanalíticodefinesecomoamenorquantidadedeanalitopresentenumaamostraquepodeser medidacomumaprecisãoeexactidãoaceitáveis[301].

ÉpossívelaaplicaçãodediferentesmetodologiasparaaestimativadosLDeLQdométodo[301]. Nestetrabalho,oestudodestesparâmetrosfoibaseadonumacurvadecalibração[300,301]efectuada nagamadeconcentraçõespróximadoLQdescritonaliteratura(5ng/mL)[24].Dadoqueométodo analítico desenvolvido envolve a utilização de uma calibração linear, os LD e LQ foram expressos pelas equações 22 e 23, onde Sy/x representa o desviopadrão residual e b o declive da curva de calibração[300,301]: ( 3,3 × S ) (10 × S ) equação22 LD = y / x equação23 LQ = y / x b b

6.9.4 Linearidade

Preparamse quatro curvas de calibração, uma por composto, com onze pontos de calibração, por fortificaçãodealíquotasdeuma pool desangue,isentadosanalitosemestudo.Ovolumedesangue utilizadofoide500Leasamostrasdecalibraçãoencontramsedistribuídasuniformementenagama detrabalho:10,100,200,300,400,500,600,700,800,900e1000ng/mLdecadaumdoscompostos. AcadaumadasamostrasdecalibraçãoadicionouseoPI(500ng/mL)eadoptandoametodologia optimizadadescritanoponto6.8procedeuseàextracção,derivatizaçãoeanálise.

Aobtençãodarectaquemelhorseajustaaoconjuntodosresultadosexperimentaisfoiefectuadapor recursoaométododosmínimosquadrados[301,302].Pressupõesequeosresíduos(erros)apresentam umadistribuiçãonormalevalornulo,sãoindependenteseahomogeneidadedevariânciasaolongoda gamadetrabalho(homocedasticidade)[297].

Requereramsevaloressuperioresa0,99paraocoeficientedecorrelaçãolinear( r)ededeterminação (R 2)dascurvasdecalibraçãoobtidasnesteestudo,ainclusãodovalorzeronaintercepçãodacurva comoeixodasordenadas,paraumintervalodeconfiançade95%,aobservaçãovisualdadistribuição dosresíduosaolongodosvaloresdeconcentração[301,303]eaexclusãodevaloresaberrantes,ou

seja,aquelescujovalorresidualfossesuperioraodobrodoerropadrão( S y/x )obtidoparaacurvade

87 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______calibração.Seomodelolinearéapropriadoobservase,aquandodarepresentaçãográficadosresíduos, ainexistênciadetendências,ouseja,oserrosestarãodistribuídosdemodoaleatório,numamargem estreitadispostaparalelamenteaosvaloresdeconcentraçãoedistribuídasimetricamenteemrelaçãoà rectadozero[304,305].Emregra,osvaloresrequeridosparao rdacurvadecalibraçãosãosuperiores a0,995[297].Ovaloraceite(>0,99)para reR 2obtidosnesteestudofoiestabelecidocombaseem critériosexistentesnoSTF.

Porém, as estimativas obtidas na regressão e a representação gráfica da função, só por si, não são suficientesparaestabeleceralinearidade[297,303].OtestedeMandel[306],porintermédiodoqualse avaliaqualdosmodeloslinearounãolinearfacultaomelhorajustamentodospontosdecalibração, completou este estudo [302,306]. A diferença entre as variâncias obtidas para a correlação linear e quadráticafoiexpressapelaequação24[302]ecomparouseovalordeteste( PG ),calculadodeacordo com a equação 25 [302], com o valor tabelado da distribuição F de Snedecor (N1;N1;α). Como critériodedecisãoadoptouseoseguinte:quando PG ≤ Fcrit asdiferençasentreasvariânciasnãoeram estatisticamente significativas, consequentemente a função de calibração seria linear; caso contrário, quando PG > Fcrit asdiferençasdevariânciassãoestatisticamentesignificativas,afunçãodecalibração énãolinear[297,302].Nestecaso,areduçãodagamadetrabalho,orecursoànormaISO84662[307] ouaoutrafunçãopassíveldeajuste[297],porexemplo,regressãonãolinear(e.g.quadrática,cúbica)ou regressãolinearponderadapodesolucionaroproblema.

2 = ( − )× 2 − ( − )× 2 equação24 DS N 2 S y / x N 3 S y2

Emque: Nrepresentaonúmerodeamostrasdecalibração; 2 S y/x avariânciadacorrelaçãolinear; 2 S y2 avariânciadacorrelaçãonãolinear(quadrática).

2 = DS equação25 PG 2 S y2

AanálisedaregressãolinearenãolinearfoiutilizadausandoafolhadecálculodoExceleosoftware MINITAB,versão13,respectivamente.

6.9.5 Gamadetrabalho

Aavaliaçãodagamadetrabalhofoiefectuadaemsimultâneocomoestudodalinearidadedométodo analíticoeparaummodelodecalibraçãolinear.Estaabordagem,noessencial,ésujeitaàsrestrições observadasparaoestudodalinearidade.

88 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

Adicionalmente,paraesteestudo,seleccionaramseduasconcentraçõesquerepresentamosextremos mínimoemáximodointervalodeconcentraçõesseleccionadoparaoestudodalinearidade,10ng/mL e 1000 ng/mL, respectivamente. Para cada uma das concentrações consideradas extraíramse dez alíquotas(500L)de pools desanguebranco,isentasdoscompostosaanalisar.OPIfoiadicionadoa todasasalíquotasnaconcentraçãode500ng/mL.Oprimeiroeoúltimopontodecalibração(dez réplicas independentes) [297,302] foram extraídos e analisados em conjunto com as amostras de calibraçãoefectuadasparaoestudodalinearidadedométodo.

Aexistênciadediferençasestatisticamentesignificativasentreosvaloresdasvariânciasnoslimitesda gamadetrabalhofoiverificadaporrecursoaotestedehomogeneidadedevariâncias[302,306].Este iniciouse com o cálculo das variâncias associadas ao primeiro e último calibrador S21 e S 210 , respectivamente[297,306].Sendo iaamostradecalibração(i=1,2,3,…10)e jonúmeroderéplicas efectuadasparacadaamostradecalibração(parai=1ei=10), nonúmeroderesultadosobtidos, yi o resultadoobtidoe yi amédiadosresultadosobtidos,avariânciaassociadaàamostradecalibração ié expressapelaequação[297,302]:

n ( − )2 ∑ yij y i = equação26 S 2 = j 1 i − ni 1

Asequações27e28[297,302]permitiramocálculodovalorteste( PG ),expressopelarazãodestas variâncias. S 2 = 10 2 2 equação27 PG 2 ,se S10 > S1 S1 S 2 = 1 2 2 equação28 PG 2 ,quando S1 > S10 S10

Paracadaumdoscompostosemanálise,ovalorde PG (ou Fexp )obtidofoicomparadocomovalor tabeladodadistribuição FdeSnedecor( Fcrit )para(N1;N1)grausdeliberdadeeumníveldeconfiança ≤ desejado,nestecaso95%(α=5%).Comocritériodedecisãoestabeleceusequequando PG Fcrit as diferenças de variâncias não eram consideradas estatisticamente significativas e a gama de trabalho estavabemajustada.Casocontrário,asdiferençasentreasvariânciaseramsignificativas.

Quandonãoseverificaahomogeneidadedevariâncias,aAssociaçãodeLaboratóriosAcreditadosde Portugal(Relacre)[297]eaISO84661[302]aconselhamareduçãodagamadetrabalhoatéquea ≤ diferençaentreasvariâncias,relativasaoprimeiroeúltimocalibrador,permitamobter PG Fcrit .O

89 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______recurso ao ajuste do modelo aos resultados experimentais pelo método dos mínimos quadrados ponderados[303305]revelousemaisexequível.

6.9.5.1 Regressãolinearponderada

Noestudodalinearidadeassumeseahomogeneidadedasvariâncias,ouseja,odesviopadrãodoerro paraavariáveldependenteéconstanteaolongodagamadetrabalho.Noentanto,nemsempreesta assunção se verifica. Referemse, por exemplo, as situações em que a diminuição da precisão do método analítico é proporcional ao aumento da concentração. Nestes casos, em que se observa heterocedasticidade, podemos recorrer à transformação dos resultados experimentais ou da variável independente de modo a alcançar um modelo homocedástico ou utilizar o método dos mínimos quadradosponderados(oupesados)[303305].Nestetrabalhooptousepelaúltimahipótese.

Aalternativaàregressãolinearsimplesconsistenautilizaçãodaregressãolinearponderada(doinglês, weighted least squares linear regression ,WLSLR).Nométododosmínimosquadradosponderadosrecorrese à minimização dos resíduos após ponderação [304,305], a qual se representa como se expressa na equação29,onde σ 2 representaavariânciade Y[308].

( − ) yobservado ,i y previsto equação29 SS = ,i ∑ σ 2 i

Numa situação ideal, o factor de ponderação (W i) atribuído a cada par de ordenadas (x i, y i) é inversamenteproporcionalàvariabilidadedosresultadosexperimentaisassociadosacadaamostrade calibração[304].Porém,ocálculodavariânciaemanálisesderotinaémoroso,dadoquerequervárias determinações para cada amostra de calibração. A resolução do problema pode ser encontrada por recurso ao estudo de factores de ponderação empíricos, como aproximação simplista da variância, 1 1 1 1 1 1 baseadosnavariávelindependente(x)oudependente(y): ; ; ; ; ; [308]. x x2 x y y 2 y

Aeleiçãodofactordeponderaçãomaisadequadoéefectuadadeacordocomoerrorelativopercentual (RE%) (equação 30), o qual compara a concentração obtida por interpolação na regressão

(concentraçãoestimadanaamostra,C est )comaconcentraçãorealnaamostra(C amo ),paracadapeso

(W i)[308]:

C − C equação30 RE % = est amo ×100 Camo

90 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

ArepresentaçãográficadoRE%(eixodasordenadas)versusaconcentração(eixodasabcissas)eo cálculodosomatóriodoerrorelativopercentual(∑RE%)sãoindicadoresúteisnaescolhadoW imais apropriado. Idealmente, os valores de RE% encontramse distribuídos aleatoriamente numa faixa paralelaaoeixodasabcissas.Quantomaisestreitaéestamargem,emenoroRE%,emtodaagamade trabalho,maisadequadoéofactordeponderação,dadoqueexpressaaaproximaçãomaisadequadada variânciadosresultadosexperimentais[308].

Paraoestudodofactordeponderaçãomaisapropriadoprepararamsequatrocurvasdecalibração, umaporcomposto,comsetepontosdecalibração,porfortificaçãodealíquotasdeuma pool desangue, isentadosanalitosemestudo.Ovolumedesangueutilizadofoide500Leasamostrasdecalibração encontramsedistribuídasnagamadetrabalho:10,25,200,400,600,800e1000ng/mLdecadaum doscompostos.AcadaumadasamostrasdecalibraçãoadicionouseoPI(500ng/mL)eadoptandoa metodologia optimizada procedeuse à extracção, derivatização e análise. O procedimento experimentalfoirepetidodurantecincodias.

6.9.6 Precisãodométodoanalítico:repetibilidadeeprecisãointermédia

A precisão de um método de ensaio exprime o grau de concordância entre resultados analíticos, independentes, obtidos várias vezes em condições estipuladas [301,309]. Este parâmetro, genérico, permite avaliar a dispersão de resultados entre ensaios independentes, efectuados sobre soluções padrão, uma mesma amostra ou amostras semelhantes, em condições bem estabelecidas [297,299]. Preferencialmente,oestudodeverecairsobreamostras[301],deformaaminorarosefeitosdematriz [297].

De acordo com a norma ISO 5725 [309], para avaliar esta dispersão, existem duas medidas, repetibilidade e reprodutibilidade, que representam os extremos da variabilidade de um método de ensaio,respectivamenteumamedidadevariabilidademínimaemáximadosresultados.Aprimeira,por vezes,denominadadeprecisãointracorridaouintraensaio[299,300],traduzaprecisãoobtidanum curto espaço de tempo, sem variar nenhum factor que possa afectar um resultado analítico (e.g. operador, laboratório, equipamento). O método analítico é executado nas mesmas condições operacionais durante um período de tempo reduzido. A segunda, precisão interlaboratorial [299], obtémse quando todos os factores são diversificados durante a execução do método analítico, inclusive o laboratório. Neste trabalho não se efectuou o estudo da reprodutibilidade. Entre estas medidasextremaslocalizaseaprecisãointermédia[301,309],tambémdenominadadeprecisãointer corrida[299,300]ouvariabilidadeintralaboratorial[297,300].EstaúltimaéreferidaporRibani et al . [299] como: “…a mais representativa da variabilidade dos resultados em um único laboratório e, como tal, mais aconselhável de ser adotada ”. Existem várias formas de precisão intermédia, tantas quanto os factores

91 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______diversificados,ametodologiaempreguenoseuestudodependedométodoanalítico[297].Aprecisão do método é usualmente expressa por três medidas de dispersão: desviopadrão, variância ou coeficientedevariaçãopercentual[301,309].

Ametodologiaadoptadanestetrabalhoparaoestudodarepetibilidadeeprecisãointermédiaenvolveu umplaneamentoexperimental[300],oqualestáilustradonaFigura61econsistiuemanalisaruma amostra de sangue fortificada em p sequências analíticas diferentes. Dentro de cada sequência, a amostra foi analisada n vezes em condições de repetibilidade. Entre sequências todas as fontes de variaçãorelevantesforamvariadas[310].Importasalientarque,emregra,aprecisãoalterasecoma gamadeconcentrações[297]e,porisso,foiestudadaparadiferentesconcentraçõesquerepresentama gamadetrabalho[310].

Paraesteestudoefectuaramsequatrocurvasdecalibração,umaporcomposto,comsetepontosde calibração,porfortificaçãodesetealíquotasdeuma pool desanguetotal,isentadosanalitosemestudo. O volume de sangue utilizado foi de 500 L e as amostras de calibração encontramse distribuídas uniformemente na gama de trabalho: 10, 25, 200, 400, 600, 800 e 1000 ng/mL de cada um dos compostos.Paralelamente,eparatrêsníveisdeconcentração50,500e1000ng/mL,quecaracterizam a gama de trabalho, na gama baixa, média e alta, respectivamente, foram preparadas amostras em triplicado por fortificação de alíquotas de uma pool de sangue, isenta dos analitos em estudo. Estas amostrasdesignaramsedeamostrascontrolo.Acadaumadasamostrasdecalibraçãoecontrolofoi adicionado o PI (500 ng/mL). Todas as amostras foram extraídas e analisadas adoptando o procedimentoextractivoeascondiçõesexperimentaisutilizadasnavalidaçãodométododesenvolvido por SPEGCMS, e em condições de repetibilidade tão estáveis quanto possível, com efeito, foram extraídas e analisadas concomitantemente, no mesmo período de tempo, utilizando os mesmos reagenteseequipamento,efectuadasporumúnicooperadoreanalisadasindependentemente.

Factor x Run i x1 x2 …… xi …… x p …… ……

Replicado j

x11 x1n x21 x 2 n x p1 x pn … … ………………… Figura61.Modeloadoptadonoplaneamentoexperimentalempreguenoestudodaprecisãointermédiaeda repetibilidade[311 ].

92 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

Dada a inacessibilidade de aquisição de padrões de marcas e/ou lotes distintos, neste estudo, as soluçõesdetrabalhoutilizadasparafortificarasamostrasdecalibraçãoeasamostrascontroloforam preparadasdeformaindependenteapartirdesoluçõesdearmazenamentodistintas.Oprocedimento experimentalfoirepetidoemdiasdiferentes(5dias,n=5),duranteumperíododedoismeses.Como aconselhadoporMaroto et al .[311],nesteestudoforamincorporadasascausasdevariabilidadeque simulamascondiçõesoperacionaiscomunsnolaboratório.Destemodo,eentresequênciasanalíticas (entre os dias), diversificaramse os reagentes e colunas de extracção (lotes distintos), operadores diferentes,equipamentos, pools desanguebrancodiversasecurvasdecalibração.

As curvas de calibração foram obtidas por recurso à regressão linear pelo método dos mínimos quadrados ponderados e, com base nestas, os valores de concentração foram calculados por interpolaçãodaáreacromatográficarelativa(razãoentreaáreacromatográficaabsolutadocompostoe adopadrãointerno)naequaçãoderegressãolinear.

OtratamentoestatísticodosresultadosobtidosbaseousenoestabelecidopelanormaISO5725[309] e,emparticular,nostrabalhosdeMaroto et al .[310,311].Paracadacompostoemestudo,enívelde

2 2 concentração, as estimativas da variância da repetibilidade ( SR ) e precisão intermédia ( S I ) foram determinadasporumaanálisedevariância(ANOVA)aosresultadosobtidosnodecorrerdesteestudo [300]. As expressões necessárias para o cálculo estão representadas nas tabelas 63 e 64 [310,311]. Onde prepresentaonúmerodesequênciasanalíticas( run )naqualaamostraéanalisada; néonúmero dereplicadosefectuadosemcadasequênciaanalítica;X ij representaumresultadoindividual,deuma amostra,analisadono jésimoreplicadoena iésimasequência; X i representaamédiade jreplicados obtidosnasequência i; X exprimeagrandemédia,calculadacomoamédiadasmédiasdosresultados obtidosem p sequênciasdiferentes[310].

Aprecisãointermédiaobtidanestascondições,paracadagamadetrabalhoeanalito,eexpressapela raizquadradadasvariâncias(desviopadrão)referidasnaTabela64érepresentadadeacordocoma normaISO5725[309]comoS I(ETOC) emqueErefereseaoequipamento;Taotempo;Oaooperador eCàcurvadecalibração,conformeosfactoresvariados.

93 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

Tabela63.Análisedevariância.TabelaANOVA[310,311].

Fonte de variação Soma dos Quadrados Graus de liberdade Quadrados médios

(SS) (g.l.) (MS)

p 2 p 2 = ( − ) ( − ) Intergrupos( run ) SS run n∑ iX X p1 n∑ iX X = = i 1 MS = i 1 run p −1

p n p n = ()− 2 ( − )2 Intragrupos( residual ) SSr ∑∑ X ij xi p(n1) ∑∑ X ij xi = = i=1j = 1 MSr = i 1j 1 − p(n )1

Total SS T pn1 SS MS = T T n −1 Tabela 64. Cálculo das estimativas das variâncias para o modelo experimental utilizado no estudo da repetibilidadeeprecisãointermédia[310,311].

Variância Expressão Graus de liberdade (g.l.)

2 2 = p(n1) VariânciadaRepetibilidade( S R ) SR MS r

2 − Variância Between-run ( S ) 2 MS MS run S = run r run n

VariânciadaPrecisãointermédia( S 2 ) S 2 = (S 2 )+ (S 2 ) I I r run

2 S 2 MS p1 Variânciadamédia( x ) S = run x n

O cálculo do coeficiente de variação de repetibilidade( CV R ), expresso em percentagem e definido como a razão do desviopadrão de repetibilidade ( S R ) em relação ao valor médio ( X ), permitiu estimar arepetibilidadedométodo analítico, para cada gama de concentração considerada (equação 31).Ocálculofoiefectuadodemododistintoparacadaníveldeconcentração[297].

94 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

S equação31 CV = R ×100 R X

A estimativa do coeficiente de variação da precisão intermédia (CV SI ) dada pela equação 32, numericamenteigualàrazãoentreodesviopadrãodaprecisãointermédia(S I)eamédiadosresultados obtidos( X ),éexpressacomovalorpercentual.

S = I × equação32 CV SI 100 X

6.9.7 Exactidão,veracidadeetendência

Aexactidão(doinglês, accuracy )exprimeaconcordância,ouaproximidade,entreoresultadoobtido por aplicação do procedimento de ensaio e o valor de referência aceite convencionalmente como verdadeiro[295,297].Porvezesesteparâmetroédesignadoporveracidade(doinglês, trueness )[301]. Porém,esteúltimotermoexpressaograudeconcordânciaentreovalormédiodeumconjuntode resultados obtidos por aplicação do procedimento de ensaio e o valor de referência aceite convencionalmente como verdadeiro [309,312]. A veracidade é, normalmente, expressa como tendência[300,309].

O termo exactidão, quando aplicado a uma série de resultados de ensaio (veracidade), inclui uma combinaçãodeerrosaleatóriosesistemáticos[309,312].Estacomponentesistemáticaédesignadapor tendência (do inglês, bias ) [312]. De acordo, com a EURACHEM [313] é a: “Diferença entre a melhor estimativa dos resultados (espectativa) do ensaio e o valor aceite como referência ”,epodeserestimadaporensaios commateriaisdereferênciacertificados,participaçãoemensaiosinterlaboratoriais,testescomparativos entreométodoanalíticodesenvolvidoeummétododereferênciaoumétodonormalizadoemediante amostrasfortificadas[297].

Em face da não disponibilidade de materiais de referência certificados, ensaios interlaboratoriais ou existência de um método de referência, a veracidade do método analítico foi avaliada através dos valores de recuperação absoluta obtidos a partir da análise de amostras fortificadas (adição de uma quantidade conhecida de analito à matriz inicialmente sem analito) [306,314]. Isto pode ser uma desvantagem,dadoqueaestimativadarecuperaçãoobtidaemamostrasfortificadaspodeserdistinta daqueseriaobtidanumaamostraquecontivesseoanalitonasuaformanativa[315,316].Atítulode exemplo,oanalitopodeapresentarumcomportamentodiferentedoobservadoquandoestápresente naturalmente na amostra [317]. Porém, considerase que a fortificação pode constituir uma representaçãorazoáveldoanalitonativonocasodeamostraslíquidas[317].

95 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

A metodologia experimental utilizada para o estudo deste parâmetro foi a descrita para a precisão intermédia [317]. A exactidão, em percentagem, pode ser expressa como o erro médio relativo da concentração estimada (EMR) (equação 33) [293] para cada nível de concentração ou como recuperação percentual [301]. Neste trabalho, os erros sistemáticos são estimados na avaliação da veracidade.Emgeral,osprocedimentosanalíticosquerevelamtendênciasdevemsermodificadosde modoaeliminarapresençadeerrossistemáticos.Noentanto,quandoseutilizamamostrasfortificadas eaestimativadarecuperação,osresultadosanalíticosdevemsercorrigidosparaesseerro,demodoa queoresultadofinalsejarastreável[310].Alémdequeaincertezadosresultadosdevesercalculada como medida da sua confiança [310]. Assim, neste trabalho, estimase a incerteza associada à recuperaçãodométodoanalíticodesenvolvidoporSPEGCMS.

(média das concentraç ões estimadas − valor teórico ) equação33 EMR = ×100 valor teórico Importaaindadiferenciarentreerrodamediçãoeincertezadamedição.Oprimeirodefinesecomoa diferença algébrica entre o resultado obtido por aplicação do procedimento de ensaio e o valor do determinando aceite convencionalmente como verdadeiro [312,316]. Deste modo, e de acordo com Camões[316]:“ o erro é um valor único ”eaincertezademedição“ um parâmetro associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem com razoabilidade ser atribuídos ao mensurando” .

Paraavaliarestesparâmetrosdeterminasearecuperaçãodométodoempercentagemistoé,arazão entre o valor observado(C observ ) e o valor esperado (C adicion ), este último considerado comoo valor verdadeiro, de modo a averiguar a existência de erros sistemáticos (tendência), decidir factores de correcçãoquandodemonstradaaexistênciadeenviusamento[316],eestimaraincertezaassociadaa recuperaçãodométodoanalítico[314].Arecuperaçãodométodopodesercalculadapelométododa recuperaçãomédiaouporestimativasdaregressão[310,317].Nestetrabalhooptousepelaprimeira abordagem.

Inicialmente,paracadaníveldeconcentraçãoeparacadadiacalculousearecuperação( Ri)deacordo comaequação34[314],apósoqueseprocedeuaocálculodarecuperaçãomédia( R )(equação35)

[295], para cada gama de concentração e onde p representa o número de grupos (dias) e Ri é a recuperaçãomédiade nreplicadosobtidosemcondiçõesderepetibilidade.

96 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

p R C ∑ i = Observ i = i=1 equação34 Ri equação35 R C Adicion p

Para cada gama de concentração averiguouse se a recuperação média em percentagem era estatisticamentediferentedaunidade(quecorrespondea100%),porutilizaçãodeumtesteestatístico: teste t de Student [314,317]. As incertezas principais associadas com a recuperação provêm desta assunção[314].Destemodo,foicalculadoovalordeteste( texp )pelaequação36[317],emque U %R representaaincertezanarecuperaçãomédia(equação37),ondeSObserv éodesviopadrãode pvalores de Riobtidosemcondiçõesdeprecisãointermédia[314].

1− R = = SObserv equação36 texp equação37 U %R U %R p

Ovalordeteste,emmódulo,obtidoécomparadocomovalorde ttabeladobilateral( tcrit ),parap1 ≤ R graus de liberdade e um intervalo de confiança de 95%. Se texp tcrit(p1,α/2) então não é significativamentediferentede100%[310]eaincertezapadrãorelativa( U R )écalculadadeacordo comaequação38.Casocontrário,quando texp > tcrit existemdiferençasestatisticamentesignificativas; ficaestatisticamenteevidenciadaaexistênciadeerrossistemáticosnométodoanalíticodesenvolvido.

No primeiro caso, não há evidências de erros sistemáticos (tendência) [310] e, assim, os resultados quantitativosobtidos,poraplicaçãodométodoanalíticodesenvolvido,nãodevemsercorrigidosem relação à recuperação [314,317]. No segundo caso, a presença de desvios significativos exige a introduçãodefactoresdecorrecção[314,315,317]nocálculoda U R .Emambososcasos,aincerteza resultantedaestimativadarecuperaçãoestásemprepresenteedeveserincluídanaincertezafinal[317] quandoestaforcalculada.

Quandonãoinseridososfactoresdecorrecção, U R écalculadaporaplicaçãodaequação39.Neste caso,aincertezadosresultadosdeveincorporarumcomponenteassociadoàexistênciadeumerro sistemático; U R éaumentadadeformaacontemplarestefactoradicionaldeincertezaeonde kéo factordecobertura,aqualseráutilizadaparaocálculodaincertezaexpandida[314].

97 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

 − 2 ()2 + 1 R  U%R   U  k  equação38 U = %R equação39 U = R R R R Neste trabalho, assumeseque a tendência dométodo analítico é apenasproporcional. No entanto, podem estar presentes dois tipos de tendências: uma proporcional e outra constante, esta última, estimadapelométododeYouden[310],nãofoiinvestigadanestetrabalho.

6.9.8 Presençadearrastamento( carryover )

A avaliação da existência de fenómenos de arrastamento (do inglês, carry over ) foi efectuada em simultâneocomoestudodagamadetrabalho.Umadasalíquotasda pool desangueutilizadanãofoi fortificadacomoscompostosemestudo(amostrabranca)masfoipreparada,extraídaeanalisada,nas mesmas condições analíticas. Na elaboração da sequência analítica após a análise das amostras na concentraçãode1000ng/mL(concentraçãomaiselevada)aamostradesanguebrancofoiinjectadae averiguadaaexistênciade carry over .

6.9.9 Robustez

A robustez pode ser definida como a capacidade de um método analítico resistir face a pequenas variaçõesduranteasuaexecução[297].

Aavaliaçãodesteparâmetrofoiefectuadacolocandoométodoàexperiênciaemcondiçõesdeprecisão intermédia,sendorealizadaemsimultâneocomoestudodaprecisãoedaexactidão.

6.10 Microextracçãoemfasesólida(SPME)

6.10.1 Optimizaçãodométododeextracção

A optimização do método analítico por SPMEGCMS foi efectuada em quatro etapas separadas. Inicialmenteestudaramseasvariáveisexperimentaisqueafectamaetapadeabsorçãoeposteriormente foramoptimizadasasetapasdederivatizaçãoquímicaedessorçãotérmicadaspiperazinas.Aseparação cromatográficaeaidentificaçãodoscompostosemestudoforamefectuadasporGCMSdeacordo comascondiçõescromatográficasdefinidasem6.5.

6.10.1.1 Optimizaçãodascondiçõesdeextracção

Como referido em 3.3.6, um número elevado de variáveis experimentais condiciona a eficiência extractivadestatécnica.Conscientesdestarealidade,pretendeseavaliarosseusefeitosnaextracção daspiperazinas.Osparâmetrosavaliadosforamosseguintes:tempodepréequilíbrioedeabsorção,

98 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

temperaturadaamostra,faseestacionária,forçaiónica,concentraçãodabase(pH), Va,razãoβ,efeito dadiluiçãoeagitaçãodaamostra.Oefeitodecadaumdosparâmetrosfoianalisadoisoladamenteem detrimentodoefeitodainteracçãoentreosmesmos.Aoptimizaçãodascondiçõesexperimentaisteve comoobjectivosamaximizaçãodaáreacromatográfica(dovalormédio)dosanalitosemestudo,aque sedenominounesteestudodeeficiênciaextractiva,areduçãodotempototaldeextracçãoeaobtenção deprecisãoadequadaaousopretendido.

Asprimeirasexperiênciasefectuadasrevelaramanecessidadedederivatizaroscompostosemestudo. A derivatização dos analitos foi efectuada numa fase posterior ao isolamento dos mesmos na fase estacionária(derivatizaçãoapósaextracção).Poroutrolado,observouseque,nasexperiênciasiniciais, oPIutilizadonaSPEGCMS,apTp,nãoserevelavaadequadoàquantificaçãodaTFMPPeMeOPP por SPMEGCMS. Deste modo, foi adicionado outro composto, a metanfetamina deuterada (MeTd9), e avaliado o seu efeito como PI neste método, sendo escolhido o ião 161 para a análise quantitativa.

Definiramse as condições iniciais a utilizar no desenvolvimento do método por SPMEGCMS, designandoasdemétodogenérico.Foramutilizadasváriasalíquotasde1mLdeurina.Acadaumadas alíquotasadicionouse30ngdecadaanalitoemestudo,30ngdepTp(PI)e10ngdeMeTd9(PI).

AdicionouseàamostraK 2CO 3 (0,5g/mL),1mLdeáguadesionizadaeKOH(0,05M).Atécnicade SPME foi efectuada no espaçodecabeça com uma fase estacionária de PDMS de 100 m de espessura.Atemperaturadaamostrafoiajustadaa50ºCecontinuamenteagitada,sendoavelocidade derotaçãodabarramagnéticade1250r.p.m.Aextracçãofoiefectuadaemrecipientesde10mLde volume.Durante15minutosaamostrafoiequilibrada(tempodepréequilíbrio).Apósesseintervalo detempoafibrafoiintroduzidanorecipientequecontinhaaamostaeexpostaaoespaçodecabeça acimadolíquidodurante15minutos(tempodeabsorção).Apósaextracção,afibrafoirecolhidae inserida num segundo recipiente que continha 30 L de reagente de derivatização (MBTFA). As piperazinasforamderivatizadasàtemperaturade50ºCdurante5minutoseareacçãofoiefectuadano espaçodecabeçaacimadoreagentedederivatização.Posteriormenteoscompostosemanáliseforam dessorvidostermicamentedafibraquefoimantidanoinjectordocromatógrafoa260ºCduranteum períodode2minutoseaumaprofundidadede36mm,sendoseparadoseanalisadosporGCMSem modoSIM.

Procedeuse ao estudo da influência dos factores atrás referidos em sequência, sendo a ordem cronológicaaqueseapresentaaolongodoestudodaoptimizaçãodascondiçõesextractivas.Emcada factorforamestudadosváriosníveis(valoresouatributosqueavariávelpodeassumir),aolongodeste trabalho mencionamse apenas as condições queforam alteradas, quando omissas são referentes ao métodogenérico.Paracadanívelforamefectuadasváriasréplicasecalculadaamédiadosvaloresda

99 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

áreacromatográficaparacadacompostoemestudo,inclusiveparaospadrõesinternos(PIs),tendose procedidoaumaanálisecomparativaentreosníveisdosfactores.Arepetibilidadedométodoanalítico foiestimadapelocoeficientedevariaçãopercentual(CV%)paracadacondiçãoexperimentaleanalito.

6.10.1.1.1 Influênciadotempodepréequilíbrio

O intervalo de tempo durante o qual a amostra foi agitada e aquecida, sem que a fibra fosse introduzidanorecipiente,foidefinidocomotempodepréequilíbrio.Pretendeuseavaliarainfluência desteparâmetronaáreacromatográficadaspiperazinasemestudoedosPIsenarepetibilidadedos resultadosobtidos.Definiramseníveisparaoestudodestefactor,assimasamostrasforamsujeitasa temposdepréequilíbriovariáveis:5,10,15e20minutos.Apósesseintervalodetempoafibrafoi introduzidanorecipientequecontinhaaamostraeafaseestacionáriafoiexpostaaoespaçodecabeça acimadaamostra.Asamostrasforamextraídasemquadruplicadoeatodasfoiaplicadaametodologia genéricareferidaanteriormente.

6.10.1.1.2 Influênciadotempodeextracção

Aamostrafoiequilibradadurante20minutos(tempodepréequilíbrio).Ointervalodetempodurante oqualafaseestacionáriafoiexpostaaoespaçodecabeçaacimadaamostra(absorção)foide5,10,15, 20e25minutos,tendocadaumadestassidoextraídasemquadruplicado.

6.10.1.1.3 Influênciadatemperatura

Após optimizadas as variáveis tempo de préequilíbrio (20 minutos) e tempo de extracção (20 minutos), a etapa seguinte consistiu em optimizar a temperatura da amostra durante o processo extractivo.Nesteestudo,asamostrasforamsujeitasatemperaturasvariáveis:25ºC,35ºC,45ºC,55ºCe 65ºC.Foramefectuadasquatroréplicasparacadaumadascondiçõesemestudo.

6.10.1.1.4 Influênciadafaseestacionária

Definidos os parâmetros tempo de préequilíbrio, tempo de absorção e temperatura da amostra duranteaextracção,avaliouseoefeitodafaseestacionárianoprocessodeabsorçãodaspiperazinase dosPIs.Otempodepréequilíbrioedeabsorçãoforamde20minutoscada,sendoatemperaturada amostraduranteesseintervalodetempode55ºC.Foramestudadasduasfasesestacionárias,umade PDMSeaoutradePA,eefectuadasquatroréplicasparacadaumadascondiçõesemestudo.

6.10.1.1.5 Influênciadosaladicionadoedarespectivaconcentração

Com o objectivo de avaliar o efeito do sal na SPME seleccionaramse dois reagentes, o NaCl e o

K2CO 3.Paraoestudodestefactorfoiadicionadoàamostrasalnaformasólidaeasconcentraçõesde

NaCl e de K2CO 3 adicionadas variaram entre 0 a 0,36 g/mL e 0 a 0,7 g/mL, respectivamente. As

100 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______experiênciasrealizadasemtriplicadoforamefectuadasàtemperaturade55ºCecomumtempodepré equilíbrioedeabsorçãode20minutoscada.

6.10.1.1.6 Influênciadaconcentraçãodabase(pH)

PressupôssequeovalordepHinfluenciao Kfa comojáfoireferidonocapítulo3.3.6.6.2.Todasas piperazinasemestudoapresentamvaloresdepK asuperioresa8[68,69].Assim,comvaloresdepH duasunidadesacimadepK bestasencontramsenaformaneutra,favorecendoaabsorçãopelafase estacionária.OajustedepHfoiefectuadocomKOHeestudouseainfluênciadaconcentraçãode baseadicionadaàamostraduranteoprocessoextractivoporSPME.Paraoestudodesteparâmetro, selecionaramsetrêsconcentraçõesdeKOH:0M,0,05Me0,5M.OK 2CO 3foiadicionadoàamostra naconcentraçãode0,5g/mLeasexperiênciasrealizadasemtriplicadoforamefectuadasàtemperatura de55ºC,comumtempodepréequilíbrioedeabsorçãode20minutoscada.

6.10.1.1.7 Influênciadovolumedeamostra

Aetapaseguinteconsistiuemestudarainfluênciado Va noprocessoextractivo.Amostrasdeurina foramfortificadascom30ng/mLdecadaumadaspiperazinas.Osvolumesdeurinaforamde0,5mL, 1mL,1,5mLe2mL,eaamostrafoidiluídanaproporçãode1:1comáguadesionizadatendose extraídotrêsalíquotasparacadanívelconsiderado.OsPIsforamadicionadosatodasasalíquotasna concentraçãode30ng/mLe10ng/mL,respectivamenteapTpeaMeTd9.Atodasasamostrasfoi adicionadooKOH(0,5M)eoK 2CO 3(0,5g/mL).Asexperiênciasforamrealizadasàtemperaturade 55ºC,durante40minutos,igualmenterepartidosentreaetapadepréequilíbrioeadeabsorção.

6.10.1.1.8 Influênciadarazãoβ

PretendiaseestudarainfluênciadorácioβnaSPME.Paratal,foramutilizadosdiversosrecipientes paraacondicionaraamostraduranteoprocessoextractivo.Ovolumedeurinautilizadofoide1mLe aamostrafoidiluídanaproporçãode1:1comáguadesionizada.Osvolumesdosrecipientesutilizados foramde20mL,10mLe6mL,respectivamenteβ=9,β=4,β=2,eextraíramsetrêsalíquotaspara cadanívelconsiderado.AtodasforamadicionadososreagentesKOH(0,5M)eK 2CO 3(0,5g/mL). Asexperiênciasforamrealizadasàtemperaturade55ºC,sendooperíododeduraçãodaetapadepré equilíbrioeabsorçãode40minutos.

6.10.1.1.9 Influênciadadiluiçãodaamostracomágua

Tendo por objectivo avaliar o efeito da diluição da amostra de urina na SPME, foram efectuadas experiências,emtriplicado:semdiluiçãodaurinaeapósdiluiçãonaproporçãode1:1,1:2,1:3e1:4 (v/v) com água desionizada. As condições de extracção, derivatização e dessorção são as que se indicamem6.10.1.1comexcepçãodasqueentretantoforamoptimizadas:tempodepréequilíbrio(20

101 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______minutos), tempo de equilíbrio (20 minutos), temperatura da amostra (55ºC), fase de PDMS, força iónica(0,5g/mLdeK 2CO 3),concentraçãodabase(KOH0,5M),volumedeurina(1mL).

6.10.1.1.10 Influênciadaagitaçãodaamostra

Para avaliar este parâmetro, as amostras de urina (1 mL) foram fortificadas como se indicou no métodogenérico,diluídasnaproporçãode1:3eextraídasemtriplicado:semagitação(0r.p.m.)ecom agitação(700e1250r.p.m.)duranteoprocessoextractivo.Atemperaturadaamostrafoiajustadaa 55ºC durante todo o processo de préequilíbrio (20 minutos) e extracção (20 minutos) tendo sido adicionadosàamostradiluídaK 2CO 3 (0,5g/mL)eKOH(0,5M).

Foi avaliado o efeito da velocidade de rotação da barra magnética na amostra sobre as áreas cromatográficasdaspiperazinasedosPIsenarepetibilidadedométododesenvolvido.

6.10.1.2 Optimizaçãodascondiçõesdederivatizaçãoquímica

A derivatização na fase estacionária foi efectuada após a extracção dos analitos pela fibra ―derivatização após a extracção― sendo esta introduzida num segundo recipiente que contém o reagente de derivatização e a reacção efectuada no espaçodecabeça acima do reagente de derivatização.DepoisdeestabelecidasascondiçõesdeextracçãoporSPMEprocedeuseaoestudoda influênciadosfactoresquepodemafectaraetapadederivatizaçãoquímica.

6.10.1.2.1 Influênciadatemperaturanareacçãodederivatizaçãoquímica

Pretendeuse avaliar o efeito da temperatura a que o processo de derivatização ocorre na área cromatográfica das piperazinas em estudo e dos PIs. Os recipientes que continham o reagente de derivatizaçãoforamsujeitosatemperaturasvariáveis:25,35,45,55,65e75ºC.OvolumedeMBTFA adicionado foi de 30 L e a reacção efectuada no espaçodecabeça durante 5 minutos. Após esse intervalodetempoafibrafoiintroduzidanoGC.Asamostrasforamextraídasemtriplicadoeatodas foiaplicadaametodologiaextractivaoptimizadareferidaaolongodoestudoanterior.

6.10.1.2.2 Influênciadotempodederivatização

Areacçãodederivatizaçãofoiefectuadaàtemperaturade45ºCeointervalodetempoduranteoquala fase estacionária foi exposta ao espaçodecabeça acima do reagente de derivatização (tempo de derivatização)foide2,5,10e20minutos,tendocadaumadasamostrassidoextraídaemtriplicadode acordocomametodologiaextractivaoptimizadareferidaaolongodoestudoanterior.

102 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

6.10.1.3 Optimizaçãodascondiçõesdedessorçãotérmica

AetapaseguinteconsistiuemoptimizaraprofundidadedaagulhanoinjectordoGC,otempoea temperaturadedessorçãoduranteoprocessodedessorçãodosanalitosdafaseestacionária.

6.10.1.3.1 Influênciadotempodedessorção

Alíquotasde1mLdeurinaforamfortificadascom30ngdecadaumadaspiperazinasemestudo,5ng deMeTd9(PI)e50ngdepTp(PI).Adessorçãofoiefectuadaàtemperaturade260ºCeointervalode tempoduranteoqualafaseestacionáriafoiexpostanoinjector(tempodedessorção)foide1,2e4 minutos, tendo cada uma das amostras sido extraída em triplicado de acordo com a metodologia extractivaeascondiçõesdederivatizaçãoentretantooptimizadas.

6.10.1.3.2 Influênciadatemperaturadedessorção

Após optimizada a variável tempo de dessorção térmica (2 minutos) a etapa seguinte consistiu em optimizar a temperatura durante o processo de dessorção dos analitos no injector do GC. Neste estudo, a fase estacionária foi sujeita a temperaturas variáveis no injector: 220, 250 e 260ºC.Foram efectuadastrêsréplicasparacadaumadascondiçõesemestudo.

6.10.1.3.3 Influênciadaprofundidadedaagulhanoinjectorduranteadessorção

Neste estudo, os analitos foram dessorvidos da fase estacionária à temperatura de 250ºC durante 2 minutoseafibrafoiposicionadanoinjectoraduasalturasdíspares:24e44mm.Foramefectuadas trêsréplicasparacadaumadascondiçõesemestudo.

6.11 Validação do método de ensaio para a análise de piperazinas por SPMEGCMS

Os parâmetros de validação do método analítico para a triagem e confirmação das piperazinas em amostras de urina por SPMEGCMS foram os que se indicaram na Tabela 62, com excepção da avaliaçãodaeficiênciadeextracçãoegamadetrabalho.

6.11.1 Avaliaçãodaselectividade

O estudo deste parâmetro foi semelhante ao efectuado na SPEGCMS, elegeramse amostras de urinasdeprocedênciasdiversas,urina post mortem eurinacolhida in vivo ,representativasdouniversode amostrasanalisadasnoSTF.Oestudoenvolveuumtotaldequarentaamostras,isentasdosanalitosem estudo.Oconjuntodeamostrasfoidivididoemdezsubconjuntosdealíquotasdeurina,de4origens diferentes. De cada uma das pools foram utilizadas duas alíquotas (1 mL). A uma das alíquotas adicionouse25ngdecadaanalitoe50ngdePI(pTp),enquantoqueàsegundaapenasseadicionouo

103 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

PInamesmaconcentração(50ng/mL).AambasfoiaplicadoométododesenvolvidoporSPMEGC MS.

6.11.2 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação)

AestimativadosLDeLQfoiobtidademodosimilaraodescritoparaométodoporSPEGCMSe no mesmo intervalo de concentrações. As diferenças respeitam à amostra utilizada neste estudo, alíquotasde1mLdeuma pool deurina,aosPIsutilizados(pTpeMeTd9)eàsconcentraçõesdosPIs (50ng/mLe10ng/mL,respectivamente,paraapTpeMeTd9).

6.11.3 Linearidade

AavaliaçãodesteparâmetrofoiefectuadademodosimilaraorealizadonométodoporSPEGCMS. Asdiferençasresidemnasconcentraçõesestudadas5,10,20,30,40,50,60,70,80,90e100ng/mLe nasamostrasdecalibraçãoutilizadas,onzealíquotas(1mL)deuma pool deurinafortificadascom50 ng/mLdepTpe10ng/mLdeMeTd9(PIs).

6.11.4 Precisãodométodoanalítico:repetibilidadeeprecisãointermédia

Oplaneamentoexperimentaleasestimativasdarepetibilidadeeprecisãointermédiadométodoforam análogosaosdescritosnométodoporSPEGCMS.

Seisalíquotas(1mL)deuma pool deurinaforamfortificadascomaspiperazinasemestudodistribuídas uniformemente na gama de trabalho: 5, 20, 40, 60, 80 e 100 ng/mL. As amostras controlo foram preparadasparatrêsconcentraçõesdagamadetrabalho:5,50e100ng/mL.AconcentraçãodosPIs nasamostraséde50ng/mLe10ng/mL,respectivamente,apTpeMeTd9.

6.11.5 Exactidão,veracidadeetendência

A avaliação deste parâmetro foi efectuada em simultâneo com o estudo da precisão do método e similaraodescritonométodoporSPEGCMS.

6.11.6 Presençadearrastamento( carryover )

O estudo deste parâmetro foi efectuado em simultâneo com o estudo da linearidade do método e determinadacomodescritonométodoporSPEGCMS,comexcepçãodamatrizutilizada(amostras de urina brancas) e após a análise da amostra na concentração de 100 ng/mL (concentração mais elevada).

104 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

6.11.7 Robustez

O estudo deste parâmetro foi efectuado em simultâneo com o estudo da precisão e exactidão do métodoanalítico,àsemelhançadodescritonométodoporSPEGCMS.

105 Capítulo6–MateriaiseMétodos ______

106 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

7 Resultadosediscussão

7.1 Identificaçãodoscompostos

A análise dos espectros de massa correspondentes a cada composto em estudo obtidos em modo SCANpermitiudefinirosiõesdiagnóstico(valoresm/z )característicosparacadapiperazina,inclusive paraoPI,autilizaremmodoSIM.EstesiõesestãoilustradosnaTabela71.

Tabela 71. Razão massa/carga ( m/z ) dos iões diagnóstico monitorizados em modo SIM e usados na identificaçãodosanalitosnãoderivatizados. Composto Ião (m/z ) BZP 91,134 ,176 TFMPP 172,188 ,230 mCPP 138,154 ,196 MeOPP 135,150 ,192 pTp* 91,134 ,176 *Padrãointerno;picobase .

Osespectrosdemassadestescompostoscaracterizamseporapresentaremfragmentosiónicoseiões base(picobase)defracaintensidadeoumassasmolecularesbaixas.Ométododeanálisebaseadona aquisiçãodestesiões(modoSIM)originoufragmentogramascomforteinterferênciadossinaisdalinha debase(ruídodamatrizbiológica),sobretudocríticoparapicoscromatográficospoucointensose,em particular, em amostras post mortem. Por consequência, dificultava a interpretação, com perda de selectividadeesensibilidade,àsemelhançadodescritoparaasanfetaminas[288,294].

NaTabela72expressamseosiõesdiagnóstico(valores m/z )monitorizadosemmodoSIMeoTr R para os compostos em estudo, relativos à analise por GCMS após acetilação com MBTFA. A trifluoroacetilação destes compostos permitiu obter espectros de massa mais representativos, ao aumentar de modo significativo a sua massa molecular e obter um padrão de fragmentação mais

107 Capítulo7–Resultadosediscussão ______complexo com iões mais característicos, facilitando deste modo a identificação das piperazinas em conformidadecomoreferidoporTsutsumi et al .[18],deBoer et al. [23]eManzoni et al. [185]paraa BZP,TFMPPeMeOPP.Aoaumentaramassamoleculardaspiperazinasobtiveramseespectrosde massa mais complexos, o que está de acordo com o referido para várias drogas de abuso, onde é notórioumafastamentodamaioriadosfragmentosparamassasmaiselevadas[273,288],aformação deiõesmoleculareseoutrosfragmentosdemaiorabundânciaeespectrosdemassamaiscaracterísticos [318]suprimindoosiõesinterferentesdamatrizbiológica[288].Comoresultado,aidentificaçãodo composto é facilitada e menos sujeita a incertezas à semelhança do descrito para as anfetaminas [273,319].

Os derivados Ntrifluoroacetilados (NTFA) estabilizam o anel heterocíclico, o que se reflecte no aparecimentodefragmentosiónicoscomoaneldapiperazinaintacto,fragmentosestesquesãomais estáveis,sendooespectrodemassamaiscaracterístico.Paratodososcompostoscomexcepçãoda BZPoiãomolecularéopicobase(Pb)noespectro[23].

Tabela72.Razãomassa/carga( m/z )dosiõesdiagnósticomonitorizadosemmodoSIMetempoderetenção relativousadosnaidentificaçãodoscompostosderivatizadoscomMBTFA. Composto Ião (m/z ) Tempoderetenção relativo BZPNTFA 91 ,181,272 0,92 TFMPPNTFA 173,200,326 0,93 mCPPNTFA 139,166,292 1,11 MeOPPNTFA 135,191,288 1,12 pTpNTFA* 119,175,272 — *Padrãointerno;picobase . A Figura 71 ilustra um cromatograma obtido para uma amostra de sangue total fortificada a 100 ng/mLcomoscompostosemanálise,apósSPE,derivatizaçãocomMBTFAeanáliseporGCMS. Comoreferidoem6.7.paraidentificaraspiperazinasnaamostrabiológica,porGCMSemmodoSIM, estabeleceramsecritériosdeaceitação/rejeiçãoparafundamentaressadecisão.Atítulodeexemplo, exibese(Figura71:b,c,d)aaplicaçãodestescritériosnaidentificaçãodaBZPNTFAnaamostra.

108 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Abundance (a) TIC: ACE11.D 6.35 110000

100000

90000

80000

70000

60000 10.32 50000

40000

30000

20000 9.48 11.52 9.54 10000 11.48 12.09

6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00 Time--> (b) (c) Abundance Abundance Ion 91.00 (90.70 to 91.70): ACE11.D 35000

30000 Scan 1036 (9.484 min): ACE11.D 91 12000 25000 |

20000 | 11000 15000 | 9.48 10000 | 10000 5000 | | | | | | | | 0 9000 Time--> 9.10 9.20 9.30 9.40 9.50 9.60 9.70 9.80 9.90 10.00 10.10 10.20 Abundance Ion 181.00 (180.70 to 181.70): ACE11.D 35000 8000 30000

25000 7000

20000

15000 6000

10000 5000 5000 9.48 0 Time--> 9.10 9.20 9.30 9.40 9.50 9.60 9.70 9.80 9.90 10.00 10.10 10.20 4000 Abundance Ion 272.00 (271.70 to 272.70): ACE11.D 35000 3000 181 30000 272 25000 2000 20000

15000 1000

10000 200 326 5000 0 9.48 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 0 Time--> 9.10 9.20 9.30 9.40 9.50 9.60 9.70 9.80 9.90 10.00 10.10 10.20 m/z--> (d) Amostra m/z 91 m/z 181 m/z 272 CONTROLO m/z 91 m/z 181 m/z 272 ACE11 Area Abs 18855 4011 3585 Area Abs 23675 4840 4619 Area Rel 100,0 21,3 19,0 Area Rel 100,0 20,4 19,5 TR 9,484 TR 9,484 TRR 0,919 TRR 0,919 S/N 1174,3 S/N Critérios Rel.iónicas 10 abs 5 abso 5 abso Critérios Rel.iónicas 10 abs 5 abso 5 abso Int. Inf OK OK OK Int. Inf 90 15,4 14,5 Int. Supe OK OK OK Int. Supe 110 25,4 24,5 S/N — — OK S/N — — >3 TRR OK TRR ≤1% Figura71.IdentificaçãoporGCMSemmodoSIMdaBZPNTFAnumaamostradesanguetotalfortificada com 100 ng/mL de BZP (T r de 9,48 minutos), TFMPP (T r de 9,54 minutos), mCPP (T r de 11,48 minutos), MeOPP(T r de 11,52minutos),eàqualseadicionouoPI(T r de 10,32minutos)naconcentraçãode500ng/mL: (a)Traçadodecorrenteiónicatotaldaamostra(TIC)apóstrifluoroacetilação;(b)Confirmaçãodapresençados três iões de diagnóstico no cromatograma; (c) FragmentogramademassadaBZPNTFA;(d)Aplicaçãodos critériosdeaceitação/rejeiçãoadoptadosnaidentificaçãodaBZPNTFA.

109 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

ObservasenaFigura71queoTr RdaBZPNTFA(0,919)éinferiora1%quandocomparadocomo

Tr Rdocomposto(0,919)obtidonumaamostracontroloanalisadanasmesmascondições.Apresença dostrêsiõesdiagnósticodefinidosnaTabela72éconfirmadanofragmentogramaeoráciodassuas abundâncias relativas está contido dentro do intervalo de aceitação definido na Tabela 61 por comparaçãocomosdaamostracontrolo.ArazãoS/Ndoiãodiagnósticomenosintenso(m/z272)é superioratrês.

7.2 Extracçãoemfasesólida(SPE)

7.2.1 Prétratamentodasamostrasbiológicas

UmadasdesvantagensdaSPEéaobstruçãodosporosdoadsorventesólidoduranteaextracçãode amostrascontendoconcentraçõeselevadasdemacromoléculasoudematerialemsuspensão[174,320]. Poroutrolado,asamostrasrecebidasnoSTFsãoconservadasa10ºCatéaomomentodarealização das análises. Por conseguinte, e no caso de amostras biológicas em particular, a SPE requer, usualmente,umprétratamentodaamostraantesdaextracção[320].Ahomogeneizaçãodasamostras desanguetotal,diluiçãoecentrifugaçãorevelouseútil,aopermitirreduziraviscosidadedaamostra comoreferidonaliteratura[204],aofacilitarasedimentaçãodosinterferentessólidose,destemodo, diminuir a existência de fenómenos de colmatação das colunas. Sabese que diluições deficientes podem provocar recuperações baixas e resultados analíticos não reprodutíveis [195]. A diluição da amostrabiológicacomsoluçãodetampãofosfato(KH2PO 40,1M,pH6,0±0,1),comomencionado paraaextracçãodeoutrasdrogasbásicas,permitiucontrolaropHdaamostraantesdaretenção[195]e reduziraviscosidadedamatrizbiológica[196].

Aeleiçãodeumvolumeinicialde0,5mLdesanguerevelousesatisfatória.Regrageral,ovolumede amostraconstituiumalimitaçãoimportantenaanálisetoxicológica,querpelaescassez(e.g.corposem estadodeputrefacçãooucarbonizados)querpelanecessidadedepesquisarvárioscompostosnuma análise toxicológica sistemática. Dada a existência de um número elevado de substâncias tóxicas e metodologiasextractivasdiversas(e.g.determinaçãodealcoolemia,monóxidodecarbono,substâncias medicamentosas, drogas de abuso e pesticidas), tal como a necessidade de rastreio, confirmação e quantificação,sãofactoresfulcraisnareduçãodovolumedeamostra.Verificase,pois,queautilização devolumesdiminutosédesejadacomoorefereWeinmann et al .[196].

7.2.2 Metodologiadeextracção

Inicialmente,foramavaliadasascolunasOasis®HLBeOasis®MCX,deacordocommetodologias extractivasgenéricas,paraoisolamentodedrogasdeabusoporSPE.

110 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Osvaloresmédiosderecuperaçãodaspiperazinas,nasamostrasdesanguetotal,comascolunasOasis MCXforamsuperioresaosobservadoscomascolunasOasisHLBconformeseapresentanaTabela 73.

Tabela73.RecuperaçãodafasedeextracçãocomascolunasOasis®HLBeOasis®MCX,deacordo commetodologiasextractivasgenéricas. Recuperação(%) OasisHLBgenérica OasisMCXgenérica Composto 100ng/mL 1000ng/mL 100ng/mL 1000ng/mL (n=3) (n=3) (n=3) (n=3) BZPNTFA 39,6 44,9 94,2 91,2 TFMPPNTFA 83,0 84,0 94,8 89,5 mCPPNTFA 78,2 80,5 93,2 86,9 MeOPPNTFA 57,6 64,6 87,1 85,0 A razão que presidiu à eleição deste tipo de colunas prendeuse com o facto dos adsorventes poliméricos(e.g.MCX,HLB)apresentaremvantagensquandocomparadoscomosadsorventesàbase desílica(e.g.IsoluteConfirmHCX,BondElutCertify),taiscomoeficiênciasextractivasmaiselevadas, reprodutíveis,e,aocontráriodestasúltimas,nãoestádescritaaperdadeanalitosquandooadsorvente seca durante a extracção [189,205]. Além de que o copolímero de polidivenilbenzeno e N vinilpirrolidona, o adsorvente sólido comum aos dois tipos de colunas utilizadas neste trabalho, é estávelnumaamplagamadepH,entre1a14[205,291].Aspropriedadeshidrofílicaselipofílicasdos doismonómeros,respectivamentedapirrolidonaedodivinilbenzeno[205,206]possibilitamaretenção de um grande número de compostos, polares e apolares [199], por mecanismos de fase reversa [205,206].AscolunasMCXpossuemdoismecanismosderetenção,porfasereversaetrocacatiónica [205,206].

Ainda que esteja descrito, em amostras de urina, que as colunas Oasis HLB retêm algumas das piperazinasemestudodemodomaiseficientequeasMCXe,emparticular,nasconcentraçõesmais baixas(TFMPPeOHTFMPP)[18],omesmonãofoiobservadonodecorrerdestetrabalho,comose podeconcluirnaTabela73.Pelocontrário,aextracçãocomascolunasMCXapresentavaloresde recuperaçãomaiselevadosparatodososcompostosemestudo.Écertoqueaeficiênciaextractivacom ascolunasOasisHLBpoderiaseraumentadaseaionizaçãodosanalitosfossesuprimida[205,206].No entanto,dadoqueasrecuperaçõesobtidascomasMCXforamiguaisousuperioresa85%optouse pela utilização destas últimas, porque permitiram a recuperação eficiente dos analitos da matriz biológicaeaobtençãodeextractosmaislimpos,àsemelhançadodescritopelaWaters[206]paraas drogasdeabusoemgeral.Asfasesestacionáriasdemodomisto,trocacatiónicaefasereversa,como mecanismoderetençãorevelaramsemaisadequadasparaaSPEdaBZP,TFMPP,mCPPeMeOPP.

111 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

IgualconstataçãoéefectuadaporPizarro et al .[293]paraasanfetaminas.Aadiçãodegruposaniónicos (sulfónicos)aopolímero(OasisMCX)favoreceuaretençãoselectivadaspiperazinas,porcomparação com as HLB, permitindo lavagens mais fortes e, deste modo, extractos mais limpos, com menor númerodeinterferentes,comorefereaWaters[206]paracompostosquecontémumgrupofuncional básico.

Todososcompostosemanálisetêmumafunçãoamina,oquelhespermiteinteragircomosgrupos aniónicosdaMCX.Comoreferidoanteriormente,adiluiçãodosanguetotalcomsoluçãodetampão fosfatopermitiuocontrolodopHdaamostrabiológica.ApH6,0oátomodeazotodapiperazina encontrase protonado, originando predominantemente espécies catiónicas, aumentando a adsorção dos compostos básicos por interacções electrostáticas com os grupos aniónicos. Nas MCX, como esperado,alavagemdoadsorventecomsoluçãoaquosadeHClasseguraqueoscompostosemestudo, básicos, se encontram na forma ionizada e são retidos eficientemente pelo adsorvente enquanto, simultaneamente,eliminaproteínasesubstânciasnãoretidas[205,206].Autilizaçãodemetanola5% para limpeza da fase estacionária remove grande parte dos interferentes polares, neutros ou ácidos, retidosporinteracçõeshidrofóbicas[205],destemodo,obtémseextractosmaislimpos.Aeluiçãocom metanol/amóniapermiteaneutralizaçãodacargadasespéciescatiónicas,osmecanismosderetenção iónicasãoinibidospossibilitandoaeluiçãodoscompostosemestudo.

Estabelecida a utilização das colunas MCX para a SPE, porque obtivemos extractos mais limpos e recuperaçõesmaiselevadascomestascolunas,edemodoaobterextractosdequalidadesuperior,com menos interferentes, foram optimizadas as etapas de lavagem da fase estacionária e de eluição, de acordo com sugestões apresentadas pelo fabricante para amostras de sangue total [205]. Com o procedimentoexperimentalefectuadocomascolunasMCXmétodooptimizadoosextractosobtidos sãomaislimpos,menoscorados,eoscromatogramasrevelamummenornúmerodeinterferentes.A etapa adicional de lavagem efectuada com nhexano permitiu a remoção de água residual, eventualmenteadsorvida,edeinterferentesmaishidrofóbicos[205].Istoémuitoimportantedadoque vestígiosdeáguaresidualnacolunapodemafectarnegativamenteaeluiçãoeprolongarotempode evaporação.Outradasrazõesparaautilizaçãodestereagenteprendeusecomassuascaracterísticas apolares, o que facilitou a eliminação de gordura (e.g. colesterol) nas amostras de sangue que interferiamcomaanáliseinstrumental,comoosalientamSoriano et al .[198]paraoutrosanalitos.A lavagemcomdiclorometano/metanolpermiteaeluiçãodosanalitosácidoseneutros[205].Aeluição daspiperazinasfoioptimizadapelaalteraçãodossolventesdeeluição.Paracompostosbásicoscomo as aminas, a base livre é, em regra, mais solúvel em solventes orgânicos apolares que em solventes orgânicospolares.Aeluiçãodaspiperazinascomdiclorometano/isopropanol/amóniautilizadaneste trabalhofoiempregueporBishop et al .[68]paraaextracçãodosmesmoscompostos.

112 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

7.2.3 Evaporaçãodosextractoseminimizaçãodeperdasporvolatilização

Após o processo extractivo, os analitos são concentrados por evaporação da fase orgânica. Experiênciaspréviasrevelaramqueestaetapaécríticaparaaspiperazinas.Destemodo,tendocomo objectivominimizarasperdasporvolatilização,avaliouseoefeitodaetapadeevaporaçãosobreas áreas cromatográficas das piperazinas em estudo e do PI. Compararamse as áreas cromatográficas obtidasnosextractos sem evaporação (injecçãodirectanosistemacromatográfico)e com evaporação .Neste último caso, sem adição e com adição prévia de solução metanólica de HCl 1% (100 L) antes da evaporação.OsresultadosobtidosapresentamsenoGráfico71.

Semevaporação Comevaporação,semácido Comevaporação,comácido

1,6E+06

1,4E+06

1,2E+06

1,0E+06

8,0E+05

6,0E+05

4,0E+05 Áreacromatográfica(valormédio)

2,0E+05

0,0E+00 BZP PI TFMPP MeOPP mCPP

Gráfico71.Áreascromatográficas(valormédio)obtidasporinjecçãodirecta( sem evaporação )eapósaetapade evaporação,semadiçãodesoluçãometanólicadeHCldiluida(comevaporação, sem ácido )ecomadiçãopréviade soluçãometanólicadeHCldiluida(comevaporação,com ácido )(n=3).

Asáreascromatográficasobtidasnosextractossujeitosaevaporaçãoeaosquaisnãoseadicionoua soluçãometanólicadeHCldiluídasãomenoresquandocomparadascomasobtidasnosextractosaos quaisfoiadicionado100LdesoluçãometanólicadeHCldiluídaantesdaetapadeevaporaçãoeaos obtidos por injecção directa (Gráfico 71), sendo que a diminuição da área cromatográfica é particularmente acentuada na TFMPP, mas indiciando a ocorrência de perdas por volatilização de todasaspiperazinasemestudoduranteaetapadeevaporação.Àsemelhançadoquefoiobservado com estes compostos em experiências prévias, e sugerido para a BZP e TFMPP por Staack et al . [32,80].

113 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

A etapa de evaporação da fase orgânica, apesar de não ser a única, é talvez a principal etapa do processoextractivoresponsávelpelaperdadosanalitos.Referesenaliteratura,duranteestaetapa,a perdadeanalitosvoláteis.Incluemseentreelesasanfetaminas[195,196,293,294].Demodoadiminuir asperdasporvolatilização,algunsautores[198,288]utilizamumasoluçãometanólicadeHClparaa conversãonafaseorgânicadasbasesaosseuscloridratosmenosvoláteis.Outrosautoresreferema acidificaçãodafaseorgânicacom2propanol/HCl0,1M[321],adiçãodetrimetilclorosilano(TMCS) [197], MBTFA [197,293] aos eluatos obtidos, antes da evaporação. Outros ainda, efectuam a derivatizaçãodabaselivredirectamentenafaseorgânica[319]ouasuaconcentraçãoaumpequeno volumesobfluxodeazotoetemperaturamoderadaquepodemseranalisadasdirectamenteouapós derivatização[293].Qualquerumadasabordagensreferidasimplicaaintroduçãodeetapasadicionais aométodo,asquaissãomuitasvezesdifíceisdecontrolareaumentamsubstancialmenteotempode preparaçãodaamostra[293].

A acidificação da fase orgânica com solução metanólica diluída de HCl permitiu a evaporação do solventesemqueocorresseperdasignificativadaspiperazinas(Gráfico71),dadoquenaformade cloridratosestassãomenosvoláteis.Aadiçãodeumprotãoaoátomodeazotodapiperazinadurantea formação do sal (Figura 72) torna a molécula mais solúvel em soluções aquosas (e.g. metanol), diminuindoasperdasporvolatilização.

H H H

N N + CL + H Cl N N

Figura72.Acidificaçãodapiperazina.

Assim,antesdaevaporação,foiintroduzidoumprétratamentoaosextractosporadiçãode100Lde soluçãometanólicadeHCla1%,demodoadiminuirasperdasporvolatilizaçãodaspiperazinas.Éa primeiravezquesedescreveasuautilizaçãocomestescompostos.

7.2.4 Derivatizaçãoquímica

A derivatização dos extractos foi realizada para obter a selectividade e sensibilidade necessárias à análisedaspiperazinascomooevidenciamasexperiênciasdesenvolvidasporoutrosautores[18,23,32]. Experiências preliminares efectuadas sem derivatização revelaram a presença de picos assimétricos, com arrastamento do pico cromatográfico ( tailing ). Os resultados obtidos revelavamse pouco reprodutíveis e, por vezes, ocorria perda de sinal cromatográfico, possivelmente atribuíveis a

114 Capítulo7–Resultadosediscussão ______interacções fortes dos analitos com o sistema cromatográfico como mencionam alguns autores [189,292]paraasaminasnogeral.

Neste trabalho foram avaliadas duas reacções de derivatização, a sililação e a acetilação, e quatro reagentesdederivatização,BSTFA,MSTFA,TFAAeMBTFA.AsililaçãocomoBSTFAnãopermitiu adetecçãodetodososcompostosemestudoporGCMS,salvoaTFMPP,aocontráriodoquefoi observado com o MSTFA. Deste modo, a escolha do reagente de sililação recaiu neste último. De facto,comoreferemCastilhoeSilveira[318],oMSTFAéumfortedadordegrupostrimetilsilil(TMS) quando comparado com o BSTFA. A utilização deste último, em particular para grupos funcionais comoasaminas,cujareactividadeéreduzidaporcomparaçãocomgruposhidroxilo,seriafavorecida comautilizaçãodeumcatalisador(e.g.TMCSa1%).

A acetilação das piperazinas com TFAA foi descrita na formação de derivados NTFA da BZP, TFMPPeMeOPP[18,23,36,185].Contudo,aacetilaçãodestesanalitoscomMBTFAnãoseencontra descritanaliteratura.

A reacção de acetilação das piperazinas com o MBTFA cumpriu os requisitos estabelecidos para a derivatização[318]:revelouserápida,quantitativa,reprodutíveleobservouseaformaçãodeumúnico derivado. A acetilação das piperazinas com MBTFA forneceu vantagens ao método analítico desenvolvido em detrimento da utilização de anidrido, como referido por Pizarro et al. [293] e Pellegrini et al. [294]paraasanfetaminas.Emprimeirolugar,éumpotentereagentedederivatização quereagecomasaminasinclusiveàtemperaturaambiente[293].Nométodoanalíticodesenvolvido,a reacçãofoiefectuadaa65ºCdurante20minutosparaasseguraraacetilaçãocompleta.Poroutrolado, é um solvente excelente e o excesso de MBTFA não necessita de ser removido, o que permitiu a injecção directa no sistema cromatográfico, ao contrário do que sucedeu com o TFAA e os seus subprodutosácidos(e.g.ácidotrifluoroacético)quenecessitavamdeserremovidos[189,293].Alémde que, quando comparado com o TFAA, envolve uma menor preparação laboratorial, deste modo, a análiseémaisrápida.

A eleição do reagente de derivatização recaiu no MBTFA como reagente de acetilação. Inoue et al . [322]referemqueatrimetilsililaçãoéamelhoropçãoparaaanálisedestescompostos.Defacto,neste trabalho,ospicoscromatográficosobtidoscomoMSTFAeoMBTFAsãomuitosimétricosecomo primeiro observouse uma melhor resolução entre os compostos. Apesar do MSTFA poder ser equacionadoparaderivatizaçãodaspiperazinas[322]foiponderadaasuanãoutilizaçãonestetrabalho, dadoqueesteúltimorevelouseparticularmentesensívelàpresençadehumidadenaamostraerequeria queaderivatizaçãofosseefectuadaimediatamenteantesdainjecçãonosistemacromatográfico.Afalta deestabilidadepodeconstituirumproblemaacrescidoemlaboratórioscomumelevadonúmerode

115 Capítulo7–Resultadosediscussão ______análises ou quando surge a necessidade de se proceder à reinjecção dos extractos. É requisito na validação de um método analítico que este seja robusto. Outro dos aspectos que se teve em consideraçãoprendeusecomquestõesdenaturezaeconómica.DadoquenaSPMEoMSTFAnão derivatizouaspiperazinas,aadopçãodomesmoreagentedederivatizaçãoemambasasmetodologias permitiráreduziroscustosassociadosàanálise.Outradasdesvantagensencontradascomautilização do MSTFA foi o facto deoriginar cromatogramas com muitoruído, a presença de inúmeros picos cromatográficosquandoseanalisaramamostrasbiológicas,emparticularemamostras post mortem ,que apresentamumelevadonúmerodecompostoseinterferentessusceptíveisdeseremderivatizadoscom grupos TMS (e.g. grupos hidroxilo, amina), ou ainda quando existem impurezas na lã de vidro e produzemartefactos,ouapósinjecçãodederivadosTFA,porexemplo.

No entanto, a acidificação da fase orgânica revelou interferir na derivatização dos extractos com MBTFA.OprétratamentodosextractoscomsoluçãometanólicadeHClaoinduziraformaçãode cloridratos reduzia o rendimento da reacção de derivatização, o que limitava a sua utilidade na prevençãodeperdasporvolatilizaçãodestescompostos.IdênticaconstataçãoéfeitaporLozano[323] naderivatizaçãodaMDMAcomcloretosdeacilo.Aespécieprotonadaénãonucleófilica,devidoà nãodisponibilidadedeumpardeelectrõeslivresnoátomodeazotodoanelheterocíclico.Paraquea reacçãodeacetilaçãodecorraaaminadeveestarsobaformadebaselivre.Destemodo,quandoo MBTFAeraadicionadoaoextractoquecontinhaaspiperazinasnaformadecloridratos,areacçãode derivatizaçãonãoocorriaouquandoocorriaeraincompleta,oqueocasionavaumanotáveldiminuição dorendimentodareacção.

Salientesequeaadiçãodeumabase(e.g.hidrogenocarbonatodesódio,NH 4OH)aomeiopermitiria libertar as aminas na forma livre, as quais podiam reagir sob essa forma com o reagente de derivatização[323,324].Aadiçãode20LdeMBTFAaoextracto,antesdaevaporação,revelouser umaalternativamaisviável,àreversãodoscloridratoscomaadiçãodeumabase.Permitiuminimizara perdadosanalitosporvolatilizaçãoenãointerferiacomaderivatizaçãodaspiperazinas,oqueestáde acordocomodescritoporoutrosautoresparaasanfetaminaseoutrasdrogasdeabuso[197,293].

Destemodo,aadiçãode20LdeMBTFAàsfasesorgânicasobtidas,antesdaevaporação,revelouse útilnaprevençãodeperdasdaspiperazinasporvolatilização,duranteaevaporaçãodafaseorgânica,à semelhança do aconselhado para as anfetaminas e outras drogas de abuso [197,293], sem que a derivatizaçãocomoMBTFA(ouoMSTFA)fosseafectadaesemacréscimoadicionaldetempoparao métodocomotambémoreferemPizarro et al .[293]eSolanset al .[197].

116 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

7.3 Validação do método de ensaio para a análise de piperazinas por SPEGCMS

7.3.1 Selectividade

Oestudodaselectividadeconstituiuaprimeiraetapanavalidaçãodométodoanalíticodesenvolvidotal comooaconselhaaRelacre[297].Aidentificaçãoinequívocadoanalitonaamostratemsubjacentea confirmação simultânea de critérios de confirmação qualitativa: presença dos três iões diagnóstico definidos na Tabela 72, no Tr esperado para o composto; abundâncias relativas dos iões de diagnóstico compreendidas nos intervalos de aceitação definidos na Tabela 61; variação do Tr R inferiorouiguala1%earazãoS/Ndoiãodiagnósticomenosintensosuperioratrês.

Emconsonânciacomosquatrocritériosacimadescritos,asalíquotasde pools desangueàsquaisos analitos em estudo não foram adicionados revelaramse negativas, não se observaram interferências significativasdosconstituintesdamatriznostemposderetençãodoscompostosemestudoparaos iõesmonitorizados.Aquelasqueforamfortificadascomaspiperazinasforamconsideradaspositivas, confirmandoseinequivocamenteaidentidadedoscompostosemestudo,natotalidadedasamostras. Em resumo, a selectividade do método foi demonstrada, não se presenciaram quaisquer falsos resultados positivos ou negativos. Na Tabela 74 apresentamse, a título de exemplo, os resultados obtidosparaasamostrasfortificadascomBZP,noestudodaselectividadedométododesenvolvido porSPEGCMS.NaFigura73apresentamsedoiscromatogramasobtidosnaanálisedeuma pool de sanguebrancaenamesmaamostraapósfortificaçãoa100ng/500Ldecadacomposto,ilustrativos dasrestantes pools analisadas.

Nãoexisteumametodologiauniversalparaoestudodaselectividade.Narealidade,emalgunsestudos [24,289] tal é efectuado por recurso a um número limitado de amostras biológicas unitárias. Numa matrizbiológica,asinterferências,querendógenasouexógenasàmatriz,podemtermúltiplasorigens: componentes endógenos da própria matriz biológica, xenobióticos, metabolitos e produtos de decomposição,porexemplo[299].Porisso,noestudodaselectividadeconsiderasesehipoteticamente aexistênciadeinterferênciasprovocadasporoutrassubstâncias,fortuitamenteexistentesnaamostra,e estas devem ser objecto de estudo [297]. Neste trabalho, o estudo da selectividade compreendeu a utilização de pools de sangue em detrimento de amostras unitárias. A utilização de uma “ amostra complexa” ,“ multi-componente ”éaconselhadapelaRelacre[297]erevelouseútil,dadoqueosextractos obtidos de pools de amostras de sangue total são mais complexos, heterogéneos, e, deste modo, alargandooestudo.

117 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

(a) (b)

Figura 73. Cromatogramas obtidos no estudo da selectividade do método analítico por SPEGCMS numa MACROdesenvolvida:(a)alíquotade pool desanguebrancofortificadacomoPI(250ng/500L);(b)amesma pool desangueapósfortificaçãoa100ng/500Lcomaspiperazinas. Esteestudopermitiuaindaseleccionarosiõesmoleculares272,326,292e288paraaquantificação, respectivamente, da BZP, TFMPP, mCPP e MeOPP. As razões que presidiram a esta escolha prenderamse com o facto de não revelarem interferências significativas no Tr esperado e apresentaremarazão S/N maiselevadaquandocomparadacomosoutrosiões.

118

Tabela74.ResultadosobtidosparaasamostrasfortificadasreferentesaoestudodaselectividadedométodoporSPEGCMSparaaBZPNTFA. Área Absoluta Tempo de Retenção Abundância Relativa (%) Razão S/N BZP-N-TFA ião ( m/z ) ião ( m/z ) ião ( m/z )

Pool 91,0 181,0 272,0 Tr Tr R 91,0 181,0 272,0 91,0 181,0 272,0 POSSEL01.D 242123 58172 53925 9,50 ok 0,92 ok 100 ok 24,0 ok 22,3 ok 189,6 ok 270,7 ok 900,2 ok OK POSSEL02.D 261038 55079 54357 9,50 ok 0,92 ok 100 ok 21,1 ok 20,8 ok 402,9 ok 143,8 ok 821,1 ok OK POSSEL03.D 262194 60562 55404 9,51 ok 0,92 ok 100 ok 23,1 ok 21,1 ok 81,2 ok 203,2 ok 1328,5 ok OK P0SSEL04.D 273826 64579 57629 9,51 ok 0,92 ok 100 ok 23,6 ok 21,0 ok 170,9 ok 154,1 ok 1024,0 ok OK P0SSEL05.D 299540 68659 62350 9,51 ok 0,92 ok 100 ok 22,9 ok 20,8 ok 110,5 ok 125,6 ok 878,1 ok OK P0SSEL07.D 256966 58864 53197 9,50 ok 0,92 ok 100 ok 22,9 ok 20,7 ok 69,0 ok 239,7 ok 370,5 ok OK POSSEL08.D 213134 47174 44487 9,51 ok 0,92 ok 100 ok 22,1 ok 20,9 ok 181,3 ok 242,8 ok 753,2 ok OK POSSEL09.D 210397 47420 42849 9,51 ok 0,92 ok 100 ok 22,5 ok 20,4 ok 345,5 ok 220,7 ok 912,9 ok OK POSSEL10.D 170266 37804 35060 9,51 ok 0,92 ok 100 ok 22,2 ok 20,6 ok 83,0 ok 261,7 ok 424,8 ok OK POSSEL11.D 176351 39966 36477 9,51 ok 0,92 ok 100 ok 22,7 ok 20,7 ok 256,6 ok 83,7 ok 359,4 ok OK

Controlo 9,51 0,92 100,0 22,7 20,9 Critérios ≤1,0% ≤1,0% 10 a 5 a 5 a >3 >3 >3 Int.Inf 9,50 0,91 90,0 17,7 15,9 Int.Sup 9,52 0,93 110,0 27,7 25,9 (a)—Valorabsoluto (Int.Inf)—Intervaloinferior (Int.Sup)—Intervalosuperior

Capítulo7–Resultadosediscussão ______

7.3.2 Recuperaçãodafasedeextracção(eficiênciadaextracção)

Procedeuseàavaliaçãodarecuperaçãodafasedeextracçãoseguindoametodologiadescritaem6.9.2 Na Tabela 75 expressamse os valores de recuperação médios, em percentagem (%), da fase de extracçãoporSPEparaoscompostosemestudopresentesnamatrizbiológica.

Tabela75.Recuperaçãomédia,empercentagem(%),dafasedeextracção,paracadaumdoscompostosem estudo,calculadaparadoisníveisdeconcentração.

Recuperaçãomédia(%) Composto 100ng/mL(n=4) 1000ng/mL(n=4)

BZPNTFA 96,4 91,3

TFMPPNTFA 94,2 90,3

mCPPNTFA 95,4 91,0

MeOPPNTFA 63,6 79,3

Aeficiênciadametodologiaextractiva,estimadaporrecursoàrecuperaçãomédia(%)doscompostos emestudo,paraosdoisníveisdeconcentração,revelouresultadosbastanteaceitáveis,entre63,6%e 96,4%.Resultadossemelhantesforamobtidosemamostrasdeplasmaparaaanálisedestescompostos, entre 63 e 106% [24]. Os valores de recuperação média mais elevados, com excepção da MeOPP (63,6%), foram obtidos na concentração de 100 ng/mL (gama baixa) onde estes são mais críticos. Peters et al. [24] reportam o valor de recuperação média mais baixo para a mCPP (63%) e na concentraçãode900g/L(gamaalta).

Recuperações próximas de 100% são ambicionadas. O estudo do processo de validação como um todo,atravésdaanálisesimultâneadetodasasvariáveisdisponíveis,emquearecuperaçãoseinclui, permite aceitar valores percentuais inferiores se a precisão, exactidão, limites de detecção e de quantificaçãoforemconsideradosadequados[300].

7.3.3 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação)

Na Tabela 76 descrevemse os LD e LQ obtidos para os compostos em estudo e os principais parâmetrosestatísticosobtidosnascurvasdecalibração.

120 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Tabela76. ResumodosresultadosreferentesaoestudodosLDeLQ.

a 2 Composto Ião Equaçãodarecta R Sy/x LD LQ (m/z) (ng/mL) (ng/mL) BZPNTFA 272 y=0,0012x0,0002 0,995 0,0002 0,7 2,0 TFMPPNTFA 326 y=0,0016x+0,0006 0,990 0,0005 0,9 2,9 mCPPNTFA 292 y=0,0021x0,0003 0,995 0,0004 0,7 2,1 MeOPPNTFA 288 y=0,0015x+0,0012 0,990 0,0005 1,0 3,0 aião(valor m/z )utilizadonaquantificação.

Obtiveramsevaloresiguaisouinferioresa1ng/mLe3ng/mL,paratodososcompostosemestudo, respectivamente,paraoLDeLQ,estesúltimosmuitopróximosdosvaloresdescritosporPeters et al . [24]noplasma(5ng/mLparatodososcompostos).Dadoquenãoexistenenhummétodoanalítico descritoparatriagemdaspiperazinasnosanguetotalequedetecteemsimultâneoasuapresença,os LD obtidos neste estudo são bastante satisfatórios, possibilitando a detecção destes compostos no sanguetotalemconcentraçõesdiminutas.Noentanto,estesparâmetrosestatísticosforamobtidospor recurso a uma estimativa baseada em curvas de calibração efectuadas numa zona baixa de concentrações.Estesvaloresnãosãoestáticos,oseucálculoporrecursoaoutrascurvaseintervalosde concentrações (e.g. no estudo da linearidade, novas curvas de calibração) permitirá obter limites analíticosdistintos.

7.3.4 Linearidade

Foram utilizados onze pontos de calibração para averiguar se no intervalo de concentração considerado, entre 10 e 1000 ng/mL, as respostas analíticas eram directamente proporcionais às concentrações utilizadas. A norma ISO 84661 [302] recomenda a utilização de dez níveis de calibração.Noestudonãoseefectuaramréplicas.

OsresultadossumariadosdesteestudoapresentamsenaTabela77.Aanálisedaregressãolinearcom o método dos mínimos quadrados evidenciou valores de r e R 2 superiores a 0,99 para todos os compostosemestudo,estesúltimosentre0,995e0,999(Tabela77).Verificousequeascurvasde calibraçãocruzamopontodeorigemsemqualquerdesvioestatisticamentesignificativo,ointervalode intercepçãodaordenadanaorigemincluiovalorzeroeexaminouseadistribuiçãodosresíduosao longodosvaloresdeconcentração,nãotendosidoobservadastendências.ParaaBZPeMeOPPfoi necessárioexcluiralgunsvaloresaberrantes,aquelescujovalordoresíduofoisuperioremmóduloao dobrododesviopadrãoresidualobtidoparaacurvadecalibração(S y/x ).

121 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Tabela 77. Resumo dos resultados obtidos relativos ao modelo de regressão linear para as piperazinas em estudo. Intervalodeintercepçãoda Ião 2 Composto Equaçãodarecta R Sy/x ordenadanaorigem (m/z) a 95%inferior 95%superior BZPNTFA 272 y=0,0015x0,0191 0,999 0,0206 0,0464 0,0083 TFMPPNTFA 326 y=0,0017x0,03 0,996 0,0401 0,0814 0,0214 mCPPNTFA 292 y=0,0016x0,0327 0,995 0,0413 0,0855 0,0202 MeOPPNTFA 288 y=0,0022x0,0312 0,999 0,0252 0,0651 0,0027

aião(valor m/z )utilizadonaquantificação.

Comoreferidoanteriormente,alinearidadedométodoanalíticoassenteexclusivamentenasestimativas obtidasnaanálisederegressãolinear,ouarepresentaçãográficadasuafunçãoisolada,nãoérazoável [297,303]. De acordo com a norma ISO84661 [302] a linearidade do método analítico foi ainda avaliadamedianteautilizaçãodeumtesteestatísticoutilizandodoismodelosderegressão:linearenão linear(quadrática).PretendiaseaoefectuarotestedeMandelavaliarqualdosmodelosproporcionava omelhorajustamentoaospontosdecalibração.Calculouseafunçãodecalibraçãolinearenãolinear, osdesviospadrãorespectivos,S y/x eS y2 ,eadiferençadevariâncias(DS 2).NaTabela78apresentam seosvaloresnuméricosdeteste(PG),calculadossegundoseindicouem6.9.4,ecomparamsecomos valorestabeladosdadistribuição FdeSnedecor(N1;N1;0,95)( Fcrit ).

Deacordocomoscritériospreviamenteestabelecidos,comoPG≤Fcrit (N1;N1;0,95)(Tabela78)os resultadosobtidosevidenciamque,nagamadetrabalhoadoptada,omodelolinearéoquemelhorse ajustaaospontosdacurvadecalibraçãoobtidos,aregressãoquadrática(nãolinear)nãoconduziuaum ajustesignificativamentesuperior. Tabela78.ResumodosresultadosobtidosnotestedeMandelparaaspiperazinasemestudo. TestedeMandel Critériodedecisão Composto (PG) PG≤Fcrit (N1;N1;0,95) BZPNTFA 0,85 PG≤3,18F(9;9;0,95) TFMPPNTFA 0,56 PG≤2,98F(10;10;0,95) mCPPNTFA 0,41 PG≤2,98F(10;10;0,95) MeOPPNTFA 0,64 PG≤3,44F(8;8;0,95)

122 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

7.3.5 Gamadetrabalho

De acordo com a metodologia experimental descrita no ponto 6.9.5, o teste de homogeneidade de variânciaspermitiuverificarseexistiamdiferençasestatisticamentesignificativasentreasvariânciasnos extremosdagamadetrabalhoadoptada,entre10ng/mLe1000ng/mL.NaTabela79apresentamse os resultados do valor de teste calculado (PG ) obtidos no teste de homogeneidade de variâncias e comparamsecomosvalorestabeladosdadistribuição FdeSnedecor(N1;N1;0,95)(F crit ).

Como se pode observar na Tabela 79, os valores de PG , expressos pela razão ente as variâncias associadas à concentração de 10 ng/mL e 1000 ng/mL, foram superiores aos de Fcrit (9;9;0,95) para todososcompostosemestudo.Destemodo,osvaloresexperimentaisrevelamqueexistemdiferenças estatisticamentesignificativasentreasvariânciasnosextremosdagamadetrabalho.Estaobservação poderseáexplicaremtermosdeummodeloheterocedástico,ondeasvariânciasnãosãoidênticasem todaagamadetrabalhoparatodasaspiperazinasemestudo.

Tabela79.Resumodosresultadosobtidosnotestedehomogeneidadedevariâncias. Testedehomogeneidade de Critériodedecisão Composto variâncias( PG ) PG ≤Fcrit (9;9;0,95) BZPNTFA 548,64 TFMPPNTFA 763,62 PG ≤3,18 mCPPNTFA 971,99 MeOPPNTFA 1002,58

7.3.6 Regressãolinearponderada

Umavezqueseverificaramdiferençasestatisticamentesignificativasentreasvariânciasnosextremos da gama de trabalho considerouse a existência de uma distribuição heterocedástica dos erros (resíduos).Nestetrabalhofoiaveriguadaanaturezadestadistribuição,omodocomoseestabelecea relaçãoentreavariânciadavariáveldependenteeavariávelindependente.Paratal,comofoidescrito noponto6.9.5.1,preparamseparacadacompostoemestudoseteamostrasdecalibraçãodistribuídas nagamadetrabalho,10,25,200,400,600,800e1000ng/mL,asquaisforamextraídaseanalisadasde acordocomométodooptimizado.Oprocedimentoexperimentalfoirepetidodurantecincodias.

Observousenográficodosresíduosqueoserrosnãosedistribuíamdeformaaleatória,pelocontrário, verificouseumaumentodasuadispersãoassociadoaoaumentodaconcentraçãodoanalito.Atítulo deexemplo,apresentamseosresultadosobtidosparaaBZPNTFAnoGráfico72.Destemodo,

123 Capítulo7–Resultadosediscussão ______com o objectivo de obter uma melhor adequação à gama de trabalho, optouse pela utilização da regressão linear pelo método dos mínimos quadrados ponderados como forma de corrigir este problema.Peters et al .[24]tambémoefectuamnavalidaçãodométodoanalíticoparaquantificaçãodas piperazinasnoplasma.Poderseiateroptadoporreduzirointervalodagamadetrabalhoeefectuar um novo teste de homogeneidade de variâncias. Na generalidade, este último procedimento é efectuadoportentativaeerro,oqueimplicaumtrabalhomorosoe,porvezes,inaceitável,agamade trabalhoassimobtidapodeserdetalformareduzidaquesetornainadequada[306].

0,2 0,15 0,1 0,05 0 -0,05 0 200 400 600 800 1000 1200 Residuais -0,1 -0,15 -0,2 Concentração (ng/mL)

Gráfico72. RepresentaçãográficadosresíduosemfunçãodaconcentraçãodeBZP.

1 1 1 1 1 1 Foram seleccionados seis factores de ponderação empíricos, ; ; ; ; ; e x x2 x y y 2 y compararamse os resultados assim obtidos com a utilização do modelo de regressão linear sem ponderação [308]. Os resultados referentes ao estudo da regressão linear ponderada foram obtidos comoauxíliodosoftwareMinitab®,versão13.Calcularamseosvaloresde∑RE%eRE%,comose indicou em 6.9.5.1. A representação de RE% foi efectuada num par de eixos cartesianos, onde os valoresdeRE%figuramnoeixodasordenadaseasconcentraçõesdoanalitoserepresentamnoeixo dasabcissas.Definiramsecritériosdeaceitaçãoparaofactordeponderação,omaisadequadoseria aquelequeapresentasseomenor∑RE%,ecujosvaloresdeRE%sedistribuíssemdeformaaleatóriae paralelaaoeixodasabcissas.Quantomaisestreitafosseestamargem,maisajustadoseriaofactorde ponderação[308].

NaTabela710encontraseumresumodosresultadosobtidosnodecorrerdesteestudoparaaBZP NTFA. A representação gráfica dos valores de RE% versus a concentração (Gráfico 73), obtidos medianteautilizaçãodaregressãolinearsimpleseponderada,estaúltimaestimadaporseisfactoresde ponderação, permitiu verificar que o modelo 1 (regressão linear sem ponderação) sobrestima as concentrações na gamabaixa, onde apresenta os valores residuaismais elevados.Esta observação é expressatambémnaTabela710.Paraomodelo1,asconcentraçõesestimadasporinterpolaçãona

124 Capítulo7–Resultadosediscussão ______curva de calibração obtida por regressão linear simples são, na gama baixa, 10 e 25 ng/mL, particularmenteelevadas,17,5ng/mLe31,6ng/mL,quandocomparadas,porexemplo,aomodelo5, respectivamente,10,6ng/mLe24,8ng/mL.

5 20 35

RE(%) 50

65 80 0 10 20 30 Concentração(ng/mL)

5

1

3 1/x 1/x² 1/ √2 1 1/y 1/y² 1/ √²

RE(%) 1

3

5 0 200 400 600 800 1000

Concentração(ng/mL)

Gráfico73. DistribuiçãográficadeRE%versusaconcentraçãoparaaregressãolinear (W i=1)eregressãolinear 2 2 ponderadaparacadafactordeponderação(W i =1/x;W i =1/x ;W i =1/√x;W i =1/y;W i =1/y ;W i =1/√y) referenteàBZPNTFA.

Numa situação ideal (factor de ponderação inversamente proporcional à variância), atribuiríamos a cadapardeordenadasumfactordeponderaçãoinversamenteproporcionalàvariabilidadeassociadaàs determinações efectuadas para cada amostra de calibração. Ao atribuir um peso mais elevado às concentrações menores na gama baixa, dado que para a BZPNTFA a variabilidade é maior nas

125 Capítulo7–Resultadosediscussão ______concentrações mais elevadas (Gráfico 72), deslocamos a média das concentrações para a região de menor incerteza. Mas as situações ideais nem sempre são viáveis. Na generalidade, em análises de rotina,onúmerodedeterminaçõesaefectuaréelevadoeoprocedimentodefinidonoSTFexigea elaboraçãodiáriadeumacurvadecalibraçãoetrêsamostrascontrolos(trêsréplicasdecadaamostra controlo),paracadaumdoscompostos.Aobrigatoriedadedeefectuarváriasréplicasporcadaamostra de calibração para o cálculo da variância, como efectuado neste trabalho, exigiria tempo e custos elevados,nãocompatíveiscomumarotinalaboratorialpesada.Destemodo,orecursoafactoresde ponderação empíricos afigurase mais apropriado. Baseado na minimização do somatório de RE%, paraaBZPomodelo5representaofactordeponderaçãomaisapropriado.Noentanto,osmodelos2, 3e6poderiamigualmenteseradoptados.

Tabela 710 . Concentrações estimadas por recurso à regressão linear e regressão linear ponderada paracada factordeponderaçãoempíricoevalordosomatóriodoerroresidual(∑RE%),referenteàBZPNTFA. Concentração naamostra (ng/mL) Modelo1 Modelo2 Modelo3 Modelo4 Modelo5 Modelo6 Modelo7 1 1 1 1 1 1 2 x x2 x y y y 1000 1013,5 1021,7 1036,7 1015,7 1021,6 1036,7 1015,6 800 808,0 813,1 824,9 808,6 813,0 824,9 808,5 600 582,7 584,4 592,7 581,6 584,3 592,7 581,5 400 397,4 396,2 401,7 394,9 396,2 401,6 394,8 200 194,9 190,6 192,9 190,9 190,6 192,9 190,8 25 31,6 24,9 24,6 26,3 24,8 24,5 26,2 10 17,5 10,6 10,1 12,2 10,6 10,1 12,1 ∑RE% 97,9 1,5 2,0 21,1 0,7 1,4 19,7 Osfactoresdeponderaçãoseleccionadosforam1/yparaaBZPeaMeOPPe1/xparaamCPPea TFMPP.

7.3.7 PrecisãoeExactidão

OsresultadossumariadosobtidosnesteestudoapresentamsenaTabela711.

ParaaMeOPPosresultadosobtidosaolongodotempoemqueesteestudofoiefectuadorevelaram que o método analítico desenvolvido por SPEGCMS não era adequado à sua quantificação nas amostrasdesanguetotal,asestimativasobtidasnasregressõeslinearesnãosatisfaziamospressupostos definidos(e.g.R 2 <0,99).

126 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Tabela711.Resumodosresultadosobtidosnoestudodaprecisãoeexactidão(veracidade)dométodo,para cadaumdoscompostosemestudo,calculadosparatrêsníveisdeconcentração. Concentração Repetibilidade Precisão EMR(%) Concentração real(ng/mL) (CV )(n=15) intermédia(CV ) (n=15) estimada Composto R SI (n=15) (ng/mL)

50 2,6 5,3 2,4 48,8 BZPNTFA 500 4,0 5,1 6,0 529,9 1000 1,6 4,2 5,1 1051,1 50 3,6 9,5 12,2 43,9 TFMPPNTFA 500 3,1 9,5 10,1 449,7 1000 4,1 5,9 8,3 917,1 50 2,4 7,0 7,0 46,5 mCPPNTFA 500 3,2 7,9 1,9 490,3 1000 1,9 7,0 4,6 953,7 50 — — — — MeOPPNTFA 500 — — — — 1000 — — — — ParaasoutraspiperazinasosCV%obtidosnaprecisãointermédiasãoiguaisouinferioresa9,5%em todos os níveis de concentração estudados e os da repetibilidade iguais ou inferiores a 4,1%. Estes resultadossãobastantesatisfatóriosesemelhantesaosdescritosporPeters et al .[24]noplasma(entre 6,9e15%paraaprecisãointermédia,eentre2,5e10,5%paraarepetibilidade).Estãodentrodos valoresaconselhadosnaliteratura,inferioresouiguaisa20%nagamabaixadeconcentraçõese15% nasdemais[325].

AexactidãodométodoanalíticofoiexpressacomooEMRparatrêsgamasdetrabalho,obtidacom cinco curvas de calibração e em triplicado, representa a média de quinze resultados analíticos. Os valoresabsolutosobtidos,entre1,9e12,2%,sãosimilaresaosdescritosporPeters et al .[24],entre0,6 e 9,6%, e dentro dos limites considerados aceitáveis:±20%pertodoLQe±15%nasrestantes concentrações[325].

Noentanto,nesteestudofoiinvestigadaapresençadeerrossistemáticos(tendências),paracadanível de concentração. Utilizouse um teste estatístico de modo a inferir se a recuperação média (%) era estatisticamente diferente da unidade. Os resultados obtidos neste estudo apresentamse na Tabela 712.ParaaBZPeaTFMPPfoievidenciadoaexistênciadediferençasestatisticamentesignificativas

127 Capítulo7–Resultadosediscussão ______na recuperação média, para a primeira na gama média e na TFMPP na gama baixa e alta de concentrações.ArecuperaçãomédiadamCPPnãoevidenciouquaisquerenviusamentos. Tabela712.Resumodosresultadosobtidosnotestedehipóteses(teste t de Student )naavaliaçãodoserros sistemáticosassociadosàrecuperaçãodométodo. Composto Concentração t Critériodedecisão R exp real(ng/mL) (n=15) texp ≤t crit (N1;0,95) 50 97,6 1,158 BZPNTFA 500 106,0 3,166 1000 105,1 2,746 50 87,8 3,414

TFMPPNTFA 500 89,9 2,746 texp ≤2,776F(4;0,95) 1000 91,7 4,130 50 93,0 2,513 mCPPNTFA 500 98,1 0,597 1000 95,4 1,581

ApresençadeerrossistemáticosassociadosàrecuperaçãodaBZPeTFMPPdeverásercorrigidana estimativada U R (Tabela713)nocasodocálculodasincertezasserefectuado.

Tabela713 .Resumodosresultadosobtidosnocálculodaincertezapadrãorelativaassociadaàrecuperação dométodo. Composto Concentraçãoreal R (n=15) U %R U R (ng/mL) 50 97,6 0,021 0,022 BZPNTFA 500 106,0 0,019 0,033 1000 105,1 0,019 0,018 50 87,8 0,035 0,080 TFMPPNTFA 500 89,9 0,037 0,041 1000 91,7 0,020 0,051 50 93,0 0,028 0,030 mCPPNTFA 500 98,1 0,033 0,033 1000 95,4 0,029 0,031

128 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Dado que não foram inseridos factores de correcção, para estes compostos e nas gamas de concentraçõesondeseverificouaexistênciadeerrossistemáticos, U R foiestimadaporaplicaçãoda equação39,demodoaincorporarumcomponenteassociadoàexistênciadeumerrosistemático.Foi aplicadoumfactordecoberturade2,oqual,paraumadistribuiçãonormal,correspondeaumgraude confiançade95%[314]. Dado que não existe nenhum valor de cutoff nem se conhecem as concentrações tóxicas para estes analitos,esteestudonãofoicompletadocomocálculodasincertezasdométodo.Odesenvolvimento eavalidaçãodeummétodoanalíticosãoprocessosdinâmicos,nãoseesgotandonumúnicoestudo.

7.3.8 Presençadearrastamento( carryover )

Oarrastamentofoiavaliadoporinjecçãonosistemacromatográficodeumaamostradesanguebranca apósaanálisedeamostrasfortificadascomaspiperazinasemconcentraçãoelevada(1000ng/mL).Em toxicologia forense é habitual a presença de amostras biológicas com drogas de abuso em concentrações elevadas e a análise em série de várias amostras pode inadvertidamente arrastar um composto que está presente em concentração elevada para outras amostras analisadas depois desta. Nesteestudonãoforamobservadosfenómenosdearrastamento.

7.3.9 Robustez

Dadoointervalodetemposeleccionadoparaesteestudo(2meses)econsiderandoqueasfontesde variabilidade que podem afectar o método foram variadas podemos desta forma ter uma ideia da robustez do método. Neste sentido, o método desenvolvido para a quantificação da MeOPP não é robusto.Porém, a sua capacidade para detectar eidentificar este analito nãofoi afectada. Para os restantes compostos em estudo a capacidade de identificação e quantificação do método analítico manteveseinalterada.

7.4 Microextracçãoemfasesólida(SPME)

7.4.1 Optimizaçãodascondiçõesexperimentais

No desenvolvimento de um método analítico é necessário que as condições experimentais sejam optimizadas.NoquerespeitaàSPMEesteprocessoéparticularmenteimportante.Comofoiexplicado anteriormente, diversos parâmetros experimentais alteram a eficiência extractiva desta técnica e afectamdeformadistintaaprecisãodométodoanalítico.Faceàinexistênciadetrabalhoscientíficos

129 Capítulo7–Resultadosediscussão ______publicadosrelativosàextracçãodaspiperazinasporSPMEjustificase,nesteestudo,anecessidadede conhecer o efeito destas variáveis experimentais eoptimizar as condições experimentais dométodo analíticoparadetecção,identificaçãoequantificaçãodaspiperazinasporSPMEGCMS. O método analítico foi dividido em quatro etapas. Naprimeira etapa os analitos foram isolados da matriz por exposição da fase estacionária ao espaçodecabeça acima da amostra. Seguiuse a derivatizaçãoquímicadaspiperazinasnoespaçodecabeçaacimadoreagentedederivatização.Numa terceirafase,osanalitosretidosnafaseestacionáriaforamdessorvidostermicamentenoinjectordo cromatógrafo. Por último, os analitos foram separados cromatograficamente e a sua detecção e identificaçãoefectuadasporespectrometriademassa.Aseparaçãocromatográficadaspiperazinasfoi optimizadainicialmente,ascondiçõescromatográficassãoasqueseindicamnocapítulo6.5.

TendoporobjectivoaoptimizaçãodascondiçõesexperimentaisrelativasàSPMEnoqueserefereà eficiênciaextractiva,àrepetibilidadedosresultadoseàreduçãodotempodeextracção,osparâmetros queafectamestatécnicaforamestudadosdeformaisolada.Porventuraexistirãooutrasvariáveisque poderão igualmente influenciar o método, tais como a concentração de metanol na amostra ou o tempodepermanênciadosanalitosdafibraapósoprocessodeextracção.Seleccionaramseaquelas que são avaliadas com maior frequência em estudos desta natureza. Na etapa de absorção foram estudados os parâmetros tempo de préequilíbrio (5 a 20 minutos), tempo de equilíbrio (5 a 25 minutos),temperaturadaamostra(25a65ºC),faseestacionária(PDMSePA),forçaiónica(NaClentre

0 a 0,36 g/mL eK 2CO 3 entre 0 a 0,7 g/mL), concentração da base(KOH 0 a0,5 M), agitação da amostra(0a1250r.p.m.),volumedeamostra(0,5a2mL),diluiçãodaamostra(semdiluição,1:1a1:4, v/v)erazãoβ(9,4e2).Amostrasdeurinafortificadascom30ng/mLdecadaumadaspiperazinas emestudo,30ng/mLdepTp(PI)e10ng/mLdeMeTd9(PI)foramutilizadastendocomoobjectivo o estudo do efeito destas variáveis. Numa segunda fase foram estudados os efeitos das variáveis susceptíveisdeafectaraderivatizaçãoquímicadosanalitos,sendoestudadosotempoeatemperatura dederivatização.Porúltimo,avaliouseosefeitosdatemperaturadoinjector,dotempodedessorção térmicadosanalitosedaprofundidadedaagulhaduranteotempodepermanêncianoinjector.

ApTp,umdosPIsadoptadosnestetrabalho,coincidecomoPIpropostoporPeters et al .[24]tendo sido utilizado no desenvolvimento e validação do método analítico por SPEGCMS, efectuado na primeirapartedestetrabalho.Contudo,naSPMEfoiadicionadoàamostraumsegundocomposto,a MeTd9,eavaliadaasuafunçãocomoPIdaTFMPPeMeOPP.

7.4.1.1 Influênciadotempodepréequilíbrio

Ointervalodetempoduranteoqualaamostraéaquecidaeagitadasemqueafibrasejaintroduzidano recipienteeexpostaaoespaçodecabeçaacimadaamostrafoidefinidocomotempodepréequilíbrio.

130 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Considerouse fundamental o estudo deste parâmetro, dado que a adição do sal na forma sólida originava inicialmente uma reacção exotérmica e uma solução não homogénea. A agitação e o aquecimentodaamostraduranteumdeterminadointervalodetempocontribuemparaaminimização desta heterogeneidade, permitindo a estabilização da temperatura da amostra e da razão de fases e facilitandoaocorrênciadetrocasentreafaselíquidaeafasegasosa.

Avaliouseoefeitodotempodepréequilíbriosobreaeficiênciaextractivadaspiperazinasemestudoe dosPIs.Asamostrasdeurinaforamaquecidasa50ºCeagitadasaumavelocidadeconstantede1250 r.p.m. durante períodos detempo variáveis entre 5a 20 minutos. Foram efectuadas quatro réplicas paracadaumadascondiçõesemanáliseecalculadaamédiadasáreascromatográficasobtidaspara cada um dos analitos e intervalos de tempo estudados. No Gráfico 74 ilustramse os resultados obtidosreferentesàeficiênciaextractiva.

Verificasequeoaumentoinicialdotempodepréequilíbriode5para10minutosinduzumaumento daáreacromatográficamédiaparatodososcompostos,salvoaMeTd9cujaáreadiminui.Porém,aos 15minutosatendênciainicialéinvertida,tendoasáreascromatográficasdiminuídoparaageneralidade doscompostos,comexcepçãodaMeTd9eTFMPPondeseverificouumacréscimo.

8,E+05

7,E+05

6,E+05 TFMPP

5,E+05 BZP

4,E+05 mCPP

3,E+05 MeOPP pTp(PI) 2,E+05 MeTd9(PI) 1,E+05

Áreacromatográfica(valormédio) (*1,E01) 0,E+00 5 10 15 20 Tempodepréequilíbrio(minutos)

Gráfico74. Efeitodotempodepréequilíbrionaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo. Paraumintervalodetempode20minutos,asáreascromatográficasmédiassãomaiselevadasparaa generalidade dos compostos em estudo, comparativamente com as obtidas nos intervalos de tempo que o antecedem. Durante este período de tempo verificase a dissolução completa do sal e a homogeneizaçãodaamostra.Atransferênciademassaentreafaselíquidaeafasegasosafavorecea

131 Capítulo7–Resultadosediscussão ______concentraçãodosanalitosnoespaçodecabeça,reflectindosenumaumentodaquantidadedeanalito extraída. A TFMPP apresenta um comportamento distinto das outras piperazinas e semelhante ao apresentadopelaMeTd9.Paraumperíododepréequilíbriode20minutosovalormédiodasáreas cromatográficaséinferiorquandocomparadocomosperíodosdeduraçãoinferior,sendootempode préequilíbriode15minutosaquelequeapresentaovalormédiomaiselevado.Estefactoindiciaquea pTpnãoéapropriadaparaPIdaTFMPP,poisqualquervariaçãonotempodepréequilíbrioafectará deformadísparaáreacromatográficadestesdoiscompostos.Pelocontrário,aMeTd9éaquelaque apresentaumcomportamentoidênticoaodaTFMPP,oquepoderácompensarpequenasalterações induzidasnotempodepréequilíbrioe,destemodo,revelarseumbomcandidatoaPIdaTFMPP.No queserefereàMeOPPomesmonãoseverifica.

AdmitesetambémquepossaexistirumfenómenodenaturezacompetitivaentreaTFMPPeaMeTd9 e os restantes compostos para intervalos de tempo superiores a 10 minutos. A Kha é directamente proporcionalà Ha [215,216].ATFMPPapresentaumvalorsuperiorna Ha (9,84×10 8atm.m 3/mol) comparativamenteàmCPP(0,839×10 8atm.m 3/mol).Paraanalitosvoláteis,atransferênciademassa da urina para o espaçodecabeça é mais rápida, atingindo deste modo o valor máximo mais rapidamente, aos 15 minutos. Numa fase posterior, os analitos menos voláteis que entretanto se difundiram para a fase gasosa podem competir com a TFMPP e a MeTd9 na absorção à fase estacionária,aindaqueestefenómenosedescreva,regrageral,parafasesestacionáriascujomecanismo édotipoadsorptivo. Dado que a TFMPP e a MeTd9 apresentam sempre eficiências extractivas mais elevadas por comparaçãocomosoutrosanalitos,selecionouseumtempodepréequilíbriode20minutoscomo formadefavoreceraextracçãodaspiperazinascujaeficiênciaextractivaerainferior.

7.4.1.2 Influênciadotempodeextracção

Nesteestudo,aamostrafoiequilibradadurante20minutoseafaseestacionáriafoiexpostaaoespaço decabeça acima da amostra durante períodos de tempo variáveis, entre 5 e 25 minutos. Foram efectuadas quatro réplicas para cada uma das condições em estudo e calculada a média das áreas cromatográficasobtidasparatodososanalitos.OCV%foiexpressoparacadaumdoscompostose intervalosdetempoestudados.

OvalormédiodasáreascromatográficaseoCV%estimadosparatodososcompostosemestudo, inclusive para osPIs, foram comparados para cada intervalo de tempo em avaliação. Os resultados obtidossãoosqueseapresentamnaTabela714.NoGráfico75ilustramseosresultadosobtidos nesteestudoreferentesàeficiênciaextractiva.

132 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

9,E+05

8,E+05 TFMPP

7,E+05 BZP

6,E+05 mCPP

5,E+05 MeOPP

4,E+05 pTp(PI) 3,E+05 MeTd9(PI) 2,E+05 (*1,E01)

Áreacromatográfica(valormédio) 1,E+05 0,E+00 5 10 15 20 25

Tempodeextracção(minutos)

Gráfico75. Efeitodotempodeextracçãonaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo.

ObservasenoGráfico75queaeficiênciaextractivadependedointervalodetempoconsideradopara aabsorção.Paratodasaspiperazinasaáreacromatográficaaumentanarelaçãodirectacomoaumento do tempo de absorção até um determinado intervalo de tempo (20 minutos), após o qual as áreas cromatográficasdeclinam.ParaaMeTd9aáreacromatográficamaiselevadaéobtidaapósumperíodo deabsorçãode15minutos.EstefactoindiciaqueaMeTd9nãoéapropriadaparaPIdaTFMPPouda MeOPP,poisqualquervariaçãonotempodeabsorçãoafectarádeformadísparaáreacromatográfica destescompostos.

Nocapítulo3.3.6.5,o tefoidefinidocomoointervalodetempoduranteoqualafaseestacionáriaé exposta ao espaçodecabeça acima da amostra e após o qual a quantidade de analito extraída permanececonstante[241].Noentanto,nesteestudo,asáreascromatográficasquerdaspiperazinas querdaMeTd9,nãoestabilizaram.Muitopelocontrário,estasdiminuíramapósos20eos15minutos deabsorção,respectivamente,sugerindoqueoestadodeequilíbrioaindanãotenhasidoatingidoapós esteintervalodetempo,dadoquenoequilíbrioasáreascromatográficassemantêmconstantes.Oque está de acordo com o referido por Pawliszyn [241], que afirma que em certas circunstâncias a quantidadedeanalitoextraídodiminui,semquenoentantooequilíbriosejaalcançado.Ulrich[216] aconselha,porisso,adilatarnotempooestudodainfluênciadesteparâmetro(e.g.dozehoras).Pese emboraesteconselho,oestudodotempodeequilíbrioconfinouseaointervalodetempoinicialmente seleccionado(entre5e25minutos).JustificouseestaatitudepelofactodaSPMEpoderserrealizada

133 Capítulo7–Resultadosediscussão ______quantitativamentequeremsituaçõesdeequilíbrioqueremsituaçõesdenãoequilíbrio[248,266],ainda quenoprimeirocasoasensibilidadedométodosejamaiselevadaeoserrosexperimentaisdiminuídos [216]. A sensibilidade obtida antes de equilíbrio e a diminuição do tempo total necessário para a realização da análise são factores adicionais que contribuíram para que um período de 25 minutos constituísseolimitetemporaldesteestudo.

A diminuição das áreas cromatográficas pode estar associada à depleção inicial dos analitos na fase gasosa.Quandoatransferênciademassadaamostraparaoespaçodecabeçaéaetapaquelimitao processo extractivo por SPME, observarseá um aumento inicial da quantidade de analito extraída, relacionadocomapartiçãodosanalitospresentesnoespaçodecabeça.Posteriormente,verificaseum acréscimo menos acentuado associado à transferência lenta de massa da amostra para o espaçode cabeça[246,248].Destemodo,incrementossuperioresno tepoderiamfavoreceratransferência,masa duração da análise é um parâmetro importante em análises toxicológicas, em particular quando o númerodeamostrasaanalisaréelevado,ouquandodaemissãodeumresultadodependeumadecisão judicial,peloquenãoseprolongounotempoesteestudo.

Poroutrolado,constatousenodecorrerdasexperiênciasqueoaumentodo tede20para25minutos provocavaacondensaçãodevapordeágua,inicialmentenafibraeposteriormentenafaseestacionária. Estefactopoderáserresponsávelpeladiminuiçãodaáreacromatográficaobservadanesteperíodode tempoepelavariabilidadeelevadadosresultadosobtidos,entre13,8e76,6%,respectivamente,paraa mCPP e MeOPP (Tabela 714). Alpendurada [214] e Blair et al . [219] referem que a existência de condensação nafibra afecta de forma negativa a extracção. Yashiki et al . [326] constatam um efeito semelhante na extracção da anfetamina e metanfetamina, em que para t e mais extensos as áreas cromatográficasobtidasdiminuem.Oaquecimentoa50ºCduranteumperíododetempoprolongado podeaceleraradegradaçãodecompostostermolábeis.

Tabela714 .Efeitodotempodeextracçãonaáreacromatográficaerepetibilidade(CV%)doscompostosem estudo.

Composto Áreacromatográfica(CV%) Tempode extracção TFMPP BZP mCPP MeOPP MeTd9(PI) PTP(PI) (minutos) 5 186286 (14,7) 133793 (10,7) 60354 (7,6) 17096 (26,8) 3015393 (20,5) 130429 (8,3) 10 383242 (25,2) 239412 (20,9) 103693 (26,5) 32691 (37,3) 3794467 (22,0) 238990 (25,5) 15 602076 (20,2) 422782 (16,9) 221158 (21,5) 72909 (21,5) 4994375 (28,4) 442571 (19,8) 20 790515 (15,7) 513877 (8,5) 276812 (10,0) 82756 (13,9) 4310236 (13,3) 550673 (9,3) 25 689884 (15,7) 473252 (23,3) 208228 (13,8) 37563 (76,6) 3063716 (27,4) 315226 (53,8)

134 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Neste trabalho, o tempo de equilíbrio não foi atingido após 25 minutos de exposição da fase estacionáriaaoespaçodecabeça.Dadoqueaos20minutosforamobtidososmelhoresresultadosno queserefereàáreacromatográficadaspiperazinas,estefoiointervalodetempoconsideradoparaa absorção.

7.4.1.3 Influênciadatemperatura

Definidasasvariáveistempodepréequilíbrioetempodeabsorçãocomumaduraçãode20minutos cada,avaliouseoefeitodatemperaturadaamostranaSPME.Duranteoperíodototaldeextracçãoas amostrasforamsujeitasatemperaturasdiversasentre25e65ºC.Foramefectuadasquatroréplicaspara cadaumadascondiçõesemestudo. Ovalormédiodasáreascromatográficasestimadoparatodososcompostosemestudo,inclusivepara osPIs,foicomparadoparacadanívelemavaliação:25ºC,35ºC,45ºC,55ºCe65ºC.NoGráfico76 ilustramseosresultadosobtidosreferentesàeficiênciaextractiva. Verificase que a temperatura óptima (valor médio das áreas cromatográficas mais elevado) para a generalidadedaspiperazinaséde55ºC.AMeOPPéaexcepçãoàregranaqualovalormédiodaárea cromatográficaémaiselevadoaos65ºC.Paraanalitoscompontosdeebuliçãoelevadosoaumentoda temperatura da amostra favorece a extracção. Para a generalidade das piperazinas, o aumento da temperaturaatéumvalormáximode55ºCbeneficiapositivamenteaáreacromatográfica,sendoque umincrementoposteriorde10ºCinduzasuadiminuição.Comoaumentodatemperaturadaamostra apressãodevapordosanalitosaumentaeaspiperazinasdissociamsedaurina.Simultaneamente,a temperatura elevada favorece a transferência de massa para o espaçodecabeça e o valor de Kha aumenta, favorecendo deste modo o processo de absorção [215,238], o que coincide com o incremento da área cromatográfica. Porém, a natureza exotérmica da etapa de absorção poderá desempenhar um papel relevante na diminuição da área cromatográfica a temperaturas superiores [238,252], à semelhança do que é observado no Gráfico 76. Com o aumento da temperatura as moléculas do analito que se difundiram inicialmente para a superfície da fase estacionária não são absorvidaseatéaquelasqueseencontramabsorvidaspodemserdessorvidastermicamente[176,233], oquecontribuiparaadiminuiçãode Kfh [227,237]e,consequentemente,daáreacromatográfica.No entanto, verificase que mesmo a temperaturas elevadas (e.g. 65ºC), o aumento induzido na área cromatográfica sobrepõese aos valores obtidos à temperatura ambiente (25ºC). A MeTd9 constitui aqui uma excepção, pois se por um lado a sua temperatura óptima é atingida aos 35ºC, por outro verificaseumadiminuiçãodaáreacromatográfica(paravaloresdetemperaturasuperioresa35ºC)de talformaacentuadaqueasáreasobtidassãosempreinferioresàsobtidasa25ºC.Destaforma,quera

135 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

MeTd9querapTpnãosãoadequadasparaPIrespectivamentedaTFMPPedaMeOPP,poisqualquer alteraçãodatemperaturadaamostraafectarádeformadísparaáreacromatográficadestescompostos.

9,E+05 TFMPP 8,E+05 BZP

7,E+05 mCPP

6,E+05 MeOPP (*1,E+01) 5,E+05 pTp(PI)

MeTd9(PI) 4,E+05 (*1,E01)

3,E+05

2,E+05 Áreacromatográfica(valormédio)

1,E+05

0,E+00 25 35 45 55 65

Temperaturadaamostra(ºC)

Gráfico76. Efeitodatemperaturadaamostranaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo. A temperatura de 55ºC foi seleccionada para extracção das piperazinas. Para a generalidade dos compostosemestudoestapermiteobterasáreascromatográficasmaiselevadas,peseemboranãosera maisadequadaparaaMeOPPeaMeTd9.

7.4.1.4 Influênciadafaseestacionária

Paraavaliaresteparâmetroforamestudadasduasfasesestacionárias,umadePDMSeoutradePA, respectivamente,umafasedenaturezaapolarepolar.Emambasorevestimentoéumfilmelíquidoeo processodeextracçãoédeabsorção[237,254].Nesteestudo,otempodepréequilíbrioedeabsorção foide20minutoscada,sendoatemperaturadaamostraduranteointervalodetempode55ºC.Foram efectuadasquatroréplicasparacadaumadasfasesestacionáriasemestudo.

136 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Osvaloresmédiosdasáreascromatográficasestimadosparatodososcompostosemestudo,inclusive para os PIs, foram comparados para cada uma das fibras estudadas. No Gráfico77 ilustramse os resultadosobtidosreferentesàeficiênciaextractiva.

7,E+05

6,E+05 TFMPP 5,E+05 BZP 4,E+05 mCPP

3,E+05 MeOPP

2,E+05 pTp(PI)

1,E+05 MeTd9(PI)

Áreacromatográfica(valormédio) (*1,E01) 0,E+00 PDMS PA Faseestacionária

Gráfico77.Efeitodafaseestacionárianaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo.

Observasequeaeficiênciaextractivadependedoanalitoedafaseestacionáriaconsiderada(Gráfico 77).AMeOPP,mCPPepTpapresentamumcomportamentoidênticoentresi,emqueassuasáreas cromatográficas são em média mais elevadas após exposição à fase estacionária de PA quando comparadas com as obtidas na fase apolar de PDMS. Para este efeito deverá contribuir a natureza química destes compostos, em particular, no que respeita à sua polaridade, sendo que a MeOPP apresenta,faceaosoutrosanalitos,umamaiorpolaridade.Compostospolaressãoextraídosdeforma mais eficiente por fases estacionárias polares, enquanto que os de natureza apolar o são pelasfases apolares. À TFMPP atribuemse características marcadamente lipofílicas [69,88] estando de acordo comocomportamentoapresentadonesteestudo,noqualasáreascromatográficasmaiselevadassão asobtidascomautilizaçãodafasedePDMS.

Poroutrolado,edeacordocomGroteePawliszyn[232]eVaes et al .[256],adifusãodosanalitosna fasedePAémaislentaquandocomparadacomaobservadanafasedePDMS.Destemodo,quando seutilizaaprimeira,o teémaiselevado[232,254].Nestetrabalho,ainfluênciadafaseestacionáriana

137 Capítulo7–Resultadosediscussão ______eficiênciaextractivadaspiperazinasfoiestudadaisoladamentepeloqueainteracçãoentreestesdois factores(faseestacionáriae te)nãopôdeservisualizada. SeleccionouseafasedePDMSparautilizaçãonasexperiênciasposterioresreferentesàoptimizaçãoda metodologia de SMPE, dado que apresentou um tempo de vida útil superior (aproximadamente 80 ciclosdeabsorção/dessorção)quandocomparadacomadePA(aproximadamente10ciclos).Penãlver et al . [327 ]utilizamumamesmafasedePAdurante10ciclosdeabsorção/dessorção.Alémdisso,o efeitode carry over foimuitoelevadoquandoseutilizouaúltima. No decorrer deste estudo constatouse a presença de uma camada espessa em redor da fase estacionária de PA após a dessorção térmica, mesmo após um tempo de permanência no injector superioraodefinidoparaadessorção.Apósadessorçãodafibraembrancoverificavaseapresença dos analitos no cromatograma. Numa segunda dessorção em branco não se observou, nos Tr esperados, quaisquer picos cromatográficos. Porém, quando a fibra foi submetida a uma segunda derivatização a presença dos compostos em estudo era revelada, indiciando que inicialmente estes últimos não teriam sido completamente derivatizados e dessorvidos da fibra. Estes resultados observaramseaindaapósumaterceiraderivatização.QuandoafibradePAfoiutilizada,otempode dessorçãoutilizadonesteestudo(2minutos)nãofoisuficienteparaadessorçãodoscompostosquer derivatizadosquernãoderivatizados,oqueestádeacordocomoobtidonumestudoefectuadopor Penãlver et al .[327],ondeafibrapermanecianoinjectordocromatógrafoduranteotempototalda corridaanalítica(16minutos),paraqueoefeitode carry over fosseminimizadonaextracçãodeftalatos. Paratemposdedessorçãoinferioresestesautoresverificavamapresençade carry over .Nestetrabalho, contudonãofoiinvestigadaquerainfluênciadafaseestacionárianadessorçãodaspiperazinasquero efeitodeinteracçãoentreestasduasvariáveis(faseestacionáriaetempodedessorção).

7.4.1.5 Influênciadosaladicionadoedasuaconcentração

ComoobjectivodeestudarainfluênciadaforçaiónicanaSPMEseleccionaramsedoisreagentes,o

NaCl e o K 2CO 3. O primeiro é o sal mais utilizado na literatura para o estudo deste parâmetro, o

K2CO 3, menos utilizado, revelouse mais eficiente noutros ensaios [258]. Para o estudo deste parâmetro,osalfoiadicionadoàamostranaformasólida.ONaClentre0e0,36g/mLeoK 2CO 3 entre0e0,7g/mL.Asexperiências,realizadasemtriplicadoparacadareagenteeconcentraçãoem análise, foram efectuadas com uma fase estacionária de PDMS, à temperatura de 55ºC e com um tempodepréequilíbrioedeabsorçãode20minutoscada.

Ovalormédiodasáreascromatográficasestimadoparatodososcompostosemestudo,inclusivepara os PIs, foi comparado para cada um dos reagentes utilizados e concentração de sal estudada. Nos Gráficos78e79resumemseosresultadosobtidos.

138 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

5,E+05

4,E+05

MeTd9(PI) (*1,E01) 3,E+05 TFMPP pTp(PI)

BZP

mCPP 2,E+05 MeOPP Áreacromatográfica(valormédio)

1,E+05

0,E+00 0 0,18 0,36 ConcentraçãoNaCl(g/mL)

Gráfico78.Efeitodaconcentraçãodecloretodesódio(NaCl)adicionadaàamostranaáreacromatográfica (valormédio)dosanalitosemestudo.

Inicialmente,foiavaliadooefeitodaadiçãodeNaCl(0a0,36g/mL)àamostranaáreacromatográfica dos compostos em estudo. Observase que, na generalidade, a adição do sal melhora a eficiência extractiva(Gráfico78).Estesresultadosexperimentaisapoiamasconclusõesexpressaspordiversos autores,comaadiçãodosalaforçaiónicadasoluçãoaumenta[250,253]easolubilidadedosanalitos naamostralíquidadiminui[217,253,268].Comofoireferidoanteriormente,aesteefeitodesignasede efeito salino [253,268]. A transferência de massa da fase líquida para o espaçodecabeça, e posteriormenteparaafaseestacionária,éincrementada[227],oquesereflectenumaumentodaárea cromatográfica. Este efeito é mais pronunciado para a TFMPP e a MeTd9, o que poderá ser um reflexodassuascaracterísticasmaishidrofóbicasquandocomparadascomosrestantesanalitose,em particular, com a MeOPP, sendo que o decréscimo dasolubilidade dos compostos hidrofóbicos na águacomoaumentodaconcentraçãodosaléobservadoporoutrosautores[268].Defacto,paraeste composto o efeito salino não foi presenciado. A presença de MeOPP no cromatograma não foi confirmadamesmoapósaadiçãodeNaClnaconcentraçãodesaturação(0,36g/mL).ParaaMeTd9, na concentração de 0 e 0,18 g/mL os valores médios das áreas cromatográficas são mais elevados

139 Capítulo7–Resultadosediscussão ______quandocomparadosaosdaTFMPP,porém,naconcentraçãode0,36g/mLestatendênciaéinvertida, reflectindo,umavezmais,ainexequibilidadedasuafunçãocomoPIdaspiperazinas.

Naliteraturaconsultada,oefeitosalinoéestudadodeformapredominantecomoNaCl.Noentanto, alguns autores utilizam o K 2CO 3 [223,258]. Neste estudo, a utilização subsequente de NaCl foi inviabilizada porque não permitiu a detecção da MeOPP. Assim, o efeito da adição de K 2CO 3 completouestainvestigação.ComosepodeobservarnoGráfico79,nageneralidade,aoaumentoda concentraçãodeK 2CO 3associaseoincrementodaáreacromatográficadoscompostosemestudo.A área cromatográfica dos analitos depende do conteúdo de sal na amostra. Na concentração de 0,36 g/mL,aMeOPPpodeagoraserdetectada,contrastandocomoquefoiverificadoapósaadiçãode NaClnamesmaconcentração.

7,E+05

6,E+05 MeTd9(PI) 5,E+05 (*1,E01) TFMPP

4,E+05 pTp(PI)

BZP 3,E+05 mCPP 2,E+05 MeOPP Áreacromatográfica(valormédio) 1,E+05

0,E+00 0 0,18 0,36 0,5 0,7

ConcentraçãoK2CO3(g/mL)

Gráfico79.Efeitodaadiçãodecarbonatodepotássio(K 2CO 3)àamostranaáreacromatográfica(valormédio) dosanalitosemestudo.

Nas concentrações de 0,36 g/mL, 0,5 g/mL e 0,7 g/mL, o K 2CO 3 induz um aumento na área cromatográfica de todos os compostos em análise, por oposição à situação em que o sal não foi adicionado. Estes resultados apoiam as conclusões obtidas por Zuba et al . [258]: o K 2CO 3 é mais eficiente quando comparado com o NaCl no efeito de salting out . Ainda que para a MeOPP a concentração óptima de sal seja 0,7 g/mL, para a maioria dos analitos os melhores resultados são obtidos na concentração de 0,5 g/mL. Por conseguinte, foi esta a concentração escolhida para a metodologiadeSPME.

140 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

7.4.1.6 Influênciadaconcentraçãodabase(pH)

Paraoestudodesteparâmetro,oKOHfoiadicionadoàamostranasconcentraçõesde0,0,05e0,5M. As experiências foram realizadas em triplicado para cada valor de concentração em análise após a adição de K 2CO 3 à urina. O tempo de préequilíbrio e de absorção foram no total de 40 minutos, sendoatemperaturadaamostrade55ºCdurantetodooprocessoextractivo.Afaseestacionáriade PDMSfoiutilizadaparaaabsorção.

Ovalormédiodasáreascromatográficasestimadoparatodososcompostosemestudo,inclusivepara os PIs, foi comparado para cada uma das concentrações de KOH estudadas. No Gráfico 710 ilustramseosresultadosobtidosreferentesàeficiênciaextractiva.

7,0E+05

6,5E+05 TFMPP 6,0E+05 BZP

5,5E+05 mCPP

5,0E+05 MeOPP (*5,E+00) 4,5E+05 pTp(PI)

4,0E+05 MeTd9(PI) (*1,E01) 3,5E+05

Áreacromatográfica(valormédio) 3,0E+05

2,5E+05

2,0E+05 0 0,05 0,5

ConcentraçãodeKOH(M) Gráfico 710. Efeito da concentração de hidróxido de potássio (KOH) adicionada à amostra na área cromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo.

Nageneralidade,osvaloresmédiosdasáreascromatográficasobservadosnoGráfico710aumentam com o aumento da concentração de KOH na amostra. O valor médio mais elevado é obtido na concentraçãode0,5Mparatodososcompostos,comexcepçãodamCPPeMeOPP.Talobservação está de acordo com o que foi referido anteriormente, o Kfa depende do pH da amostra [176] e as piperazinassãocompostosbásicos.Aabsorçãoéfacilitadaparaanalitosneutros,consequentementea eficiência extractiva aumenta [176,241] para concentrações de KOH superiores a 0 M. No entanto, paraamCPPovalormédiodasáreascromatográficasmaiselevadoéobtidonaconcentraçãode0,05

141 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

MeparaaMeOPPaadiçãodabasediminuiaáreacromatográfica.AconcentraçãodeKOH0,5Mfoi seleccionadaparaacontinuaçãodasexperiênciasdadoqueaeficiênciaextractivaeramaiselevadaneste valordeconcentraçãoparaamaioriadoscompostosemestudo.

7.4.1.7 Influênciadovolumedeamostra

Definidas as variáveis tempo de préequilíbrio (20 minutos) e tempo de absorção (20 minutos), temperaturadaamostra(55ºC),fasedePDMS,concentraçãodesal(0,5g/mLdeK 2CO 3)edebase

(KOH0,5M),adicionadasàamostra,avaliouseainfluênciado VanaSPME.Paratal,alíquotasde0,5 mL,1mL,1,5mLe2mL,fortificadascomoreferidonométodogenéricoediluídasnaproporçãode 1:1 com água desionizada, foram introduzidas em recipientes de 10 mL de capacidade. Foram efectuadas três réplicas para cada uma das condições em estudo. O valor médio das áreas cromatográficasestimadoparatodososcompostosemestudo,inclusiveparaosPIs,foicomparado para cada Va utilizado. No Gráfico 711 ilustramse os resultados obtidos referentes à eficiência extractiva.

8,E+05

7,E+05 TFMPP

BZP 6,E+05 mCPP 5,E+05 MeOPP (*1,E+01) 4,E+05 pTp(PI)

MeTd9(PI) 3,E+05 (*1,E01)

2,E+05 Áreacromatográfica(valormédio)

1,E+05

0,E+00 0,5 1,0 1,5 2,0

Volumedeamostra(mL)

Gráfico711.Efeitodovolumedeamostranaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo.

TalcomoépreconizadoporGórecki et al .[246]ePawliszyn[241]aeficiênciaextractivadaSPMEé deveras influenciada pelo Va. Observase no Gráfico 711 uma relação quantitativa entre o Va adicionadoeaáreacromatográficaobtida,quaselinear.Maisumavez,aMeOPPéaexcepçãoàregra, oaumentoinduzidonaáreacromatográficaépoucosignificativo.Poroutrolado,dadoqueovolume

142 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

dorecipienteutilizadoéconstante(10mL),oaumentodo Va diminuiarazãoβ.Àdiminuiçãodesta últimaassociaseumaumentodaquantidadedeanalitoextraída[244,267],peloqueesteúltimoefeito poderá concorrer concomitantemente para o aumento da área cromatográfica verificado com o aumentodo Va.

AMeTd9eapTpnãoserevelamadequadascomoPIsdaMeOPP.Umaalteraçãodo Vareflectirseà, deformasignificativa,naáreacromatográficadaMeTd9edapTp,pelocontrário,aáreadaMeOPP alterarseiapouco.

Como referido na SPE,sempre que possível, a utilização de Va elevados é preterida a favor de Va inferiores,peloqueum Vade1mLfoiseleccionadoparaextracçãodaspiperazinas,dadoque,paraos compostosemestudo,permiteaobtençãodevaloresmédiosdeáreacromatográficasatisfatórios,não obstanteestenãosero Vamaisadequadoparaobterumaeficiênciaextractivamáxima.

7.4.1.8 Influênciadarazãoβ

Para o estudo deste parâmetro, alíquotas de 1 mL de urina e 1 mL de água desionizada foram adicionadasarecipientescom20mL,10mLe6mLdecapacidade,respectivamente,β=9,β=4,β=2.

Asexperiências,realizadasemtriplicadoparacadarácioβ,foramefectuadasapósadiçãodeK 2CO 3 (0,5g/mL)eKOH(0,5M)àurina.Otempodepréequilíbrioedeabsorçãoforamnototalde40 minutos, sendo a temperatura da amostra de 55ºC durante todo o processo extractivo. A fase estacionáriadePDMSfoiutilizadaparaaabsorção.Ovalormédiodasáreascromatográficasestimado paratodososcompostosemestudo,inclusiveparaosPIs,foicomparadosparacadaumdosvaloresβ estudados.NoGráfico712ilustramseosresultadosobtidos.

Constatase que o aumento do rácio β de 2 para 9 diminui a área cromatográfica de todos os compostos em estudo, e é independente do Va adicionado. Na generalidade dos compostos, existe umarelaçãoquantitativaentreaáreacromatográficaeβ,oaumentodestaúltimainduzumadiminuição da área cromatográfica. Tal facto é fundamentado por diversos autores, para compostos voláteis a redução do Vh aumenta a eficiência extractiva [241,244,268] e à diminuição de β associase um aumentodaeficiênciaextractiva[244,267].Porém,aMeOPPcaracterizaseporumcomportamento ímparquandocomparadoaosrestantesanalitos.Ovalormédiomaiselevadoéobtidoparaumvalor de β igual a 4, sendo que a redução ou o aumentodesta razão de fases abaixo eacima deste valor respectivamente, induz uma diminuição acentuada da sua área cromatográfica. É certo que para compostos pouco voláteis a influência do Va e Kfa se sobrepõem ao efeito do Vh na eficiência extractiva[216].Nesteestudo,oefeitodo Vaéfixopeloque Kfa deveráserresponsávelporesteefeito. EstefactoéparticularmenteinteressanteseatentarmosnocomportamentodaMeOPPfaceaosoutros

143 Capítulo7–Resultadosediscussão ______compostos,pareceexistirumfenómenodenaturezacompetitivaentreaMeOPPeosoutrosanalitos paravaloresdeβinferioresa9.

7,E+05

6,E+05 TFMPP

5,E+05 BZP mCPP 4,E+05 MeOPP 3,E+05 (*1,E+01) pTp

2,E+05 MeTd9(PI) (*1,E01)

Áreacromatográfica(valormédio) 1,E+05

0,E+00 2 4 9

Razão β

Gráfico712.Efeitodarazãoβ( Vh/ Va)naáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo. Para prosseguir as experiências, dada a disponibilidade dos recipientes de 10 mL no STF e a necessidade de proceder ao estudo do efeito da diluição da amostra, o valor da razão β não ficou estabelecido.

7.4.1.9 Influênciadadiluiçãodaamostracomágua

Após definidas as variáveis tempo de equilíbrio(20 minutos), tempo de préequilíbrio (20 minutos) temperaturadaamostra(55ºC),fasedePDMS,forçaiónica(0,5g/mLdeK 2CO 3),KOH(0,5M), Va (1 mL) avaliouse o efeito da diluição da urina com água desionizada na SPME. Para tal foram efectuadasexperiências,emtriplicado,semdiluiçãodaurinaeapósdiluiçãonaproporçãode1:1,1:2, 1:3e1:4(v/v)comáguadesionizada.

OvalormédiodasáreascromatográficasabsolutaseosCV%estimadosparatodososcompostosem estudo,inclusiveparaosPIs,foramcomparadosnasamostrassemdiluiçãoenasobtidasapósdiluição. ApresentamsenaTabela715osresultadosreferentesaoestudodoefeitodadiluiçãonaamostrana eficiência extractiva dos compostos em estudo e na repetibilidade dos resultados. No Gráfico 713 ilustramseosresultadosobtidosreferentesàeficiênciaextractiva.

144 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

4,5E+05 TFMPP

4,0E+05 BZP

3,5E+05 mCPP

3,0E+05 MeOPP

2,5E+05 pTP(PI) MeTD9(PI) 2,0E+05 (*1,E01) 1,5E+05

1,0E+05 Áreacromatográfica(valormédio) 5,0E+04

0,0E+00 0 1:1 1:2 1:3 1:4

Factordediluição(v/v)

Gráfico 713. Efeito da diluição da amostra (factor de diluição) na área cromatográfica (valor médio) dos compostosemestudo.

Podemosconstatarqueadiluiçãodaamostranumfactordediluiçãode1:1(v/v)proporcionouum aumento expressivo na área cromatográfica de todas as piperazinas em estudo, com excepção da MeOPP, por oposição à não diluição da amostra. A MeOPP apresenta um comportamento inicial díspardosrestantescompostosdadoqueosmelhoresresultadossãoobtidosnaamostrasemdiluição, o que pode estar relacionado com a solubilidade do composto, o aumento do conteúdo em água favoreceuasolubilidadedoanalito.ParaamCPP,BZP,pTpeMeTd9,verificousequeumaumento subsequentedofactordediluição(superiora1:1)não induziaumaumentonaáreacromatográfica, pelo contrário, diminuiu aeficiência extractiva. Estes resultados estão de acordo com o descrito na literatura.Umacréscimonovolumedeáguaadicionadoàamostra(e.g.factordediluiçãode1:1)reduz a viscosidade da matriz, auxilia a libertação dos analitos da amostra e a difusão[214,241], o que se reflecte num aumento inicial da área cromatográfica. Por outro lado, a diminuição da eficiência extractivaobservadaparadiluiçõesiguaisousuperioresa1:2écomparávelaosresultadosobtidospor Grim et al .[270]eSantos et al .[222].Emensaiosefectuadoscomamostrasnãobiológicas,estesautores concluem,paraageneralidadedoscompostos,queoaumentodadiluiçãoacimadeumdeterminado valortraduzsenumadiminuiçãodasensibilidadedométodo.Alpendurada[214]referequeapresença devapordeáguanafasegasosaéresponsávelpeladiminuiçãodaeficiênciaextractiva,aindaqueestase verifiqueemfasesestacionáriascujoprocessodeextracçãoédeadsorçãoequeesteefeitonãoseja acentuado,aocontráriodoquefoiobservadonestetrabalho.

145 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Parafactoresdediluiçãode1:3e1:4,adiminuiçãodaáreacromatográficaémuitoacentuada,detal formaque,paraaBZP,mCPPepTp,ovalormédioobtidoéinferioraoestimadonasamostrassem diluição,oquecontrariaoreferidoporSantoset al .[222],aadiçãodeumvolumedeáguaàamostra superiora50Lprovocaadiminuiçãodaáreacromatográfica,masoseuvalorésempremaiselevado por comparação com as áreas cromatográficas obtidas nas amostras sem diluição. No entanto, à semelhança do observado por estes autores, apesar da sensibilidade diminuir com o aumento da diluição,aprecisãodométodoaumentaparafactoresdediluiçãoiguaisousuperioresa1:3(Tabela 715).Umavezquearepetibilidadedosresultadosémaiselevadaquandoaurinaédiluídacomágua desionizadanumfactorde1:3,osvaloresdeCV%obtidossãoparatodososcompostosinferioresa 6%, esta foi a diluição seleccionada para a continuação dos estudos. Neste sentido, o valor de β estimadoéde2,3.

Tabela 715. Efeitodofactordediluiçãonaáreacromatográfica e repetibilidade (CV%) dos compostos em estudo. Composto Áreacromatográfica(CV%) Factorde TFMPP BZP mCPP MeOPP MeTd9(PI) PTP(PI) diluição(v/v) 0 287153 (19,1) 169453 (19,9) 229664 (7,5) 82545 (1,2) 2992649 (21,8) 253218 (14,8) 1:1 410313 (34,8) 300200 (20,6) 285783 (19,2) 64646 (12,3) 3954842 (17,6) 356651 (20,9) 1:2 414321 (40,5) 201529 (26,4) 230194 (20,9) 34920 (43,3) 3751236 (20,3) 273570 (25,5) 1:3 291826 (5,9) 158614 (3,0) 187038 (4,0) 27850 (4,4) 3365358 (3,7) 219456 (3,2) 1:4 334128 (6,6) 134666 (2,9) 181196 (2,0) 16151 (16,8) 3291501 (5,6) 180494 (2,8)

7.4.1.10 Influênciadaagitaçãodaamostra

Procedeuse à avaliação da influência da agitação da amostra seguindo a metodologia descrita em 6.10.1.1.10.Osresultadosobtidosreferentesaoefeitodavelocidadederotaçãodabarramagnéticana amostranaeficiênciaextractivaenarepetibilidadedométododesenvolvidoapresentamsenaTabela 716.NoGráfico714éilustradooefeitodaagitaçãodaamostranaáreacromatográfica.

Constatase que à medida que a velocidade de agitação aumenta ocorre um aumento da área cromatográficaparatodososcompostosemestudo,inclusiveparaosPIs.Estaobservaçãocoincide, noessencial,comoreferidoporPawliszyn[241]eZhang et al .[238].Oaumentodavelocidadede rotaçãodabarramagnéticanaurinapermitequeaamostrasejaagitadamaiseficientemente,oquese repercute no aumento da área cromatográfica. À primeira imputase a formação de correntes convectivas no espaçodecabeça e de turbulência na urina [215]. Esta última é responsável pelo aumentoerenovaçãoconstantedainterfacenasuperfícieamostraheadspace [215,241],destemodo,os analitos menos voláteis libertamse mais facilmente para o espaçodecabeça [241]. O transporte convectivoeoaumentodadifusãodosanalitosnaamostrabeneficiamatransferênciademassada

146 Capítulo7–Resultadosediscussão ______urina para o espaçodecabeça [215,238]. Uma vez na fase gasosa, os analitos são rapidamente transferidosparaafaseestacionária,porqueoscoeficientesdedifusãonafasegasosasãosuperiores aosdafaselíquida,destemodoaeficiênciaextractivaaumenta[241].

Tabela 716 . Efeito da agitação da amostra (velocidade de rotação) na área cromatográfica e repetibilidade (CV%)doscompostosemestudo.

Composto Áreacromatográfica(CV%) Velocidade rotação TFMPP BZP mCPP MeOPP MeTd9(PI) PTP(PI) (r.p.m.) 0 13023 (23,6) 456 (17,9) 3468 (89,0) 0 (—) 334198 (8,7) 1547 (84,6) 700 260002 (3,6) 104676 (4,2) 121757 (3,8) 11730 (17,4) 3059893 (3,8) 124899 (13,8) 1250 291826 (5,9) 158614 (3,0) 187038 (4,0) 27850 (4,4) 3365358 (3,7) 219456 (3,2)

4,0E+05

3,5E+05 TFMPP

3,0E+05 BZP mCPP 2,5E+05 MeOPP 2,0E+05 (*1,E+01) pTP(PI)

1,5E+05 MeTd9(PI) (*1,E01) 1,0E+05 Áreacromatográfica(valormédio) 5,0E+04

0,0E+00 0 700 1250

Velocidadederotaçãodabarramagnéticanaamostra(r.p.m.) Gráfico 714. Efeito da velocidade de rotação da barra magnética na amostra na área cromatográfica (valor médio)dosanalitosemestudo.

Por outro lado, verificase na Tabela 716, que o aumento da repetibilidade do método analítico coincide com o incremento da velocidade de agitação da urina. À rotação máxima (1250 r.p.m.) os CV%obtidossãoinferioresrelativamenteaosestimadosnasamostrassemagitação,oquepoderáser justificadoporumamelhorhomogeneizaçãodasamostrasdeurina.SegundoEisertePawliszyn[265], aagitaçãodaamostrapermitealcançarumamaiorprecisãodosresultados.

147 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Considerase, portanto, que a agitação magnética à velocidade de rotação máxima permitida (1250 r.p.m.) deve ser utilizada para agitar a amostra no método de SPME, o que coincide com o que é propostoporUlrich[216].

7.4.2 Optimizaçãodascondiçõesdederivatização

Numa segunda fase foram estudados os efeitos das variáveis susceptíveis de afectar a derivatização químicadosanalitos,sendoestudadosotempoeatemperaturadederivatização.

A derivatização na fase estacionária foi efectuada após a extracção dos analitos pela fibra ―derivatizaçãoapósaextracção―sendoestaintroduzidanumsegundorecipientecontendooreagente dederivatização.AsprimeirasexperiênciasestabeleceramautilizaçãodoMBTFAcomoreagentede derivatização das piperazinas por SPME, já que com o MSTFA a reacção de derivatização era incompletaepoucoreprodutível.

7.4.2.1 Influênciadatemperaturadareacçãodederivatizaçãoquímica

Avaliouseoefeitodatemperaturadareacçãodederivatizaçãonaáreacromatográficadaspiperazinas em estudo e dos PIs bem como na repetibilidade dos resultados obtidos. Os analitos foram derivatizadoscomMBTFAdurante5minutoseareacçãofoiefectuadaadiversastemperaturas,entre 25e75ºC.Foramefectuadastrêsréplicasparacadaumadascondiçõesemanáliseecalculadaamédia dasáreascromatográficasobtidasparacadaumdosanalitos.NoGráfico715ilustramseosresultados obtidos.

Verificasequeatemperaturadederivatizaçãoafectadeformadistintaaáreacromatográficamédiadas piperazinas. Se para a pTp e a MeOPP as temperaturas baixas favorecem a derivatização, respectivamente,25ºCe35ºC,paraaTFMPP,mCPPeMeTd9,asáreascromatográficasmédiasmais elevadassãoobtidasaos45ºC,jáaBZPapresentaumatemperaturaóptimadederivatizaçãode65ºC.

Dadoqueincrementossuperioresa45ºCnatemperaturadederivatizaçãonãofavorecem,emgeral,as áreascromatográficasdaspiperazinas,seleccionouseumatemperaturadederivatizaçãode45ºC.

148 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

1,8E+06

1,6E+06 TFMPP 1,4E+06 BZP

1,2E+06 mCPP

1,0E+06 MeOPP (*1,E+00) 8,0E+05 pTp(PI)

6,0E+05 MeTd9(PI) (*5,E01) 4,0E+05

Áreacromatográfica(valormédio) 2,0E+05

0,0E+00 25 35 45 55 65 75

Temperaturadederivatização(ºC)

Gráfico715.Efeitodatemperaturadederivatizaçãonaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosem estudo.

7.4.2.2 Influênciadotempodederivatizaçãoquímica

Para o estudo deste factor, a reacção de derivatizaçãofoi efectuada àtemperatura de 45ºC e afase estacionária exposta ao espaçodecabeça acima do reagente de derivatização durante intervalos de tempo variáveis, entre 2 e 20 minutos. As experiências foram realizadas em triplicado para cada período de tempo em análise e estimada a média das áreas cromatográficas obtidas para todos os analitos.NoGráfico716ilustramseosresultadosobtidos.

Para a TFMPP, MeTd9 e pTp observase que o valor médio da área cromatográfica depende do intervalodetempoduranteoqualareacçãodederivatizaçãoocorre.Paratodasasoutraspiperazinasa áreacromatográficamantémserelativamenteconstanteentreos2eos20minutos.Noprimeirocaso, aMeTd9eaTFMPPapresentamumcomportamentosemelhante,aáreacromatográficaaumentana relaçãodirectacomoaumentodotempodederivatizaçãoatéaos10minutos,apósoqualasáreas cromatográficasdeclinam.ApTpexibeumcomportamentodistintodestesdoiscompostos,apósos5 minutos de derivatização as áreas cromatográficas diminuem, sendo que aos 10 minutos essa diminuiçãoéacentuada.

149 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

1,E+06

9,E+05 TFMPP 8,E+05 BZP 7,E+05 mCPP 6,E+05 MeOPP 5,E+05 (*5,E+00) pTp(PI) 4,E+05 MeTd9(PI) 3,E+05 (*5,E01) 2,E+05 Áreacromatográfica(valormédio) 1,E+05

0,E+00 2 5 10 20 Tempodederivatização(minutos)

Gráfico716.Efeitodotempodederivatizaçãonaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo.

PeranteosresultadosapresentadosnoGráfico716,pareceevidentequeapTpnãoéumcomposto adequado para PI da TFMPP. Com a utilização de MeTd9 as variações no tempo de derivatização afectamdeformaproporcionadaestesdoiscompostos. SabesequeoMBTFAreagecomasaminasàtemperaturaambiente[293]equeemgeral,areacçãoé rápida[292].Nomesmosentidoparecemapontarosresultadosobtidosnestetrabalho,temperaturas muitoelevadasnãocontribuem,nogeral,paraumaumentodaáreacromatográficaeoaumentodo períododederivatizaçãonãoaumentasignificativamenteasáreascromatográficasdaspiperazinas,com excepçãodaTFMPP.Dadoqueprolongamentosnotempodederivatizaçãodaspiperazinassuperiores a5minutosnãoapresentammaisvaliasnasáreascromatográficasdaspiperazinas,comexcepçãoda TFMPP,eumavezqueotempoderealizaçãodaanáliseéumfactorquedeveserconsiderado,foi seleccionadoumintervalodetempode5minutosparaaderivatizaçãoquímicadaspiperazinas.

7.4.3 Optimizaçãodascondiçõesdedessorçãotérmica

Estabelecidasascondiçõesexperimentaisreferentesàsetapasdeabsorçãoederivatizaçãofoiestudada a influência de alguns factores que afectam a etapa de dessorção térmica dos analitos na SPME.O

150 Capítulo7–Resultadosediscussão ______processobaseousenoestudodasvariáveistempoetemperaturadedessorçãoeprofundidadedafibra noinjectorduranteadessorção.

7.4.3.1 Influênciadotempodedessorçãotérmica

AvaliouseainfluênciadotempodedessorçãodosanalitosnaSPME.Paratal,alíquotasde1mLde urinaforamfortificadascom30ngdecadaumadaspiperazinasemestudo,5ngdeMeTd9(PI)e50 ngdepTp(PI)eextraídasederivatizadasdeacordocomascondiçõesestabelecidasapósoestudodas variáveisqueafectamessesprocessos.Paraesteestudoafibrafoiexpostanoinjectordocromatógrafo aumaprofundidadede36mmeaumatemperaturade260ºC.Foramefectuadastrêsréplicasparacada umadascondiçõesavaliadas. Ovalormédiodasáreascromatográficasestimadoparatodososcompostosemestudo,inclusivepara os PIs, foi comparado para cada intervalo considerado. No Gráfico 717 ilustramse os resultados obtidos.

1,6E+06

1,4E+06 TFMPP

1,2E+06 BZP

1,0E+06 mCPP

8,0E+05 MeOPP (*5,E+00) pTp(PI) 6,0E+05 MeTd9(PI) 4,0E+05 (*5,E01)

Áreacromatográfica(valormédio) 2,0E+05

0,0E+00 1 2 4 Tempodedessorção(minutos) Gráfico717.Efeitodotempodedessorçãonaáreacromatográfica(valormédio)dosanalitosemestudo.

Oaumentodotempodepermanênciadafibranoinjectordocromatógrafopareceafectardeforma negativa a eficiência extractiva. Para todos os compostos em estudo um tempo de dessorção de 4 minutosinduzadiminuiçãodaáreacromatográficacomparativamentecomumperíodode1minuto. MaisumavezaTFMPPapresentadiferençasfaceàsoutraspiperazinaseumarespostasemelhanteàda MeTd9,aos4minutosasáreascromatográficasdestesdoiscompostossãoemmédiamaiselevadas

151 Capítulo7–Resultadosediscussão ______comparativamente com o intervalo de tempo que o antecede e o oposto do observado com os restantescompostosemestudo. Se por um lado, a dessorção dos analitos da fase estacionária é facilitada devido às temperaturas elevadas do injector e ao fluxo do gás de arraste [237,250], por outro, um aumento do tempo de permanência da fase estacionária no injector poderá contribuir para a degradação térmica dos compostos.Nesteestudoatemperaturadoinjectorfoide260ºCeapósintroduçãodafibranoinjector estafoilogoexposta.Ofactodasáreascromatográficasmaiselevadasseremobtidasparaumtempode dessorçãode1minutoindiciaqueadessorçãodosanalitosérápidaeeficaz,oqueestádeacordocom Louch et al .[243]eZhang et al .[238],queafirmamqueadessorçãopodesermuitorápida.Paratempos maiselevadosadiminuiçãodasáreascromatográficasobservadapoderáseratribuídaaumaexposição prologadadosanalitosatemperaturaselevadas,favorecendoasuadecomposiçãotérmica. Porém,comautilizaçãodeumtempodedessorçãoinferiora2minutosforamobservadosfenómenos de arrastamento significativos, em particular no que respeita à TFMPP e MeTd9, deste modo, o intervalodetemposeleccionadoparaadessorçãodaspiperazinasfoide2minutos.Paraminimizareste efeito, e após terminada a corrida cromatográfica, foi efectuada uma dessorção em branco para confirmaraausênciadaspiperazinasnocromatogramaelimparafibra.

7.4.3.2 Influênciadatemperaturadedessorção

Avaliouseainfluênciadatemperaturadedessorçãonaáreacromatográficadaspiperazinasemestudo edosPIs.Afaseestacionáriafoiexpostaatemperaturasdistintas,entre220e260ºC,permanecendoa fibra no injector durante 2minutos. Foram efectuadastrês réplicas para cada um dos intervalos de temperatura em análise e calculada a média das áreas cromatográficas obtidas para cada um dos analitos.NoGráfico718ilustramseosresultadosobtidos. Inicialmente foi seleccionado o intervalo de temperatura para este estudo. Para a fase estacionária utilizada,PDMS,atemperaturamáximarecomendadapelofabricanteéde280ºC,aindaqueestaseja preteridaafavordetemperaturasinferiores,tendocomoobjectivosminimizaroefeitodesangramento da fase estacionária e aumentar a sua durabilidade [216], além de que a decomposição de analitos termolábeispodesurgiravaloresdetemperaturaelevados[253,272].Assim,atemperaturade260ºC constituiu o intervalo superior de temperatura considerado neste estudo. Porém, sabese que o aumento da temperatura do injector diminui o Kfh e, consequentemente, favorece a dessorção. Temperaturas baixas prolongariam no tempo esta etapa, o que contribuiria para o alargamento dos picoscromatográficos.Aescolhadeumvalordetemperaturade220ºCdefiniuointervaloinferiorde temperaturadesteestudo.

152 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

Osvaloresmédiosdaáreacromatográficadaspiperazinasaumatemperaturadedessorçãode250ºC foramsuperioresaosobservadosa220ºCconformeseobservanoGráfico718.Oqueestádeacordo com o esperado: o aumento da temperatura provoca a diminuição de Kfh , o que se reflecte num incremento da área cromatográfica. Para valores de temperatura de 260ºC constatamse diferenças entre a pTp e os restantes compostos estudados. No primeiro observase uma diminuição da área cromatográfica média enquanto que os outros apresentam valores mais elevados comparativamente aosvaloresdetemperaturaqueoantecedem.

1,2E+06 TFMPP 1,0E+06 BZP

8,0E+05 mCPP

6,0E+05 MeOPP (*1,E+00) pTp(PI) 4,0E+05 MeTd9(PI) 2,0E+05 (*5,E01) Áreacromatográfica(valormédio) 0,0E+00 220 250 260

Temperaturadoinjector(ºC) Gráfico718 .Efeitodatemperaturadoinjectorduranteadessorçãonaáreacromatográfica(valormédio)dos analitosemestudo. Atendendoàsconsideraçõesreferidas,atemperaturaseleccionadaparaadessorçãodaspiperazinasfoi de250ºC. Emconsonânciacomoobservadoaolongodosestudosdeoptimizaçãodascondiçõesexperimentaise também neste estudo, a pTp apresenta características de um composto termolábil pelo que a sua escolhacomoPInaSPMEpoderánãotersidoacertada.Nãopodeserdescuradaaeventualpresença de um fenómeno de competição pela adsorção à fibra entre a pTp e os outros compostos, em particularcomaTFMPPeMeTd9.

7.4.3.3 Influênciadaprofundidadedaagulhanoinjectorduranteadessorção

Paraoestudodainfluênciadaprofundidadedaagulhanadessorçãotérmicadosanalitosafibrafoi expostanoinjectoraumatemperaturade250ºCdurante2minutoseaprofundidadeaqueestase

153 Capítulo7–Resultadosediscussão ______encontranoinjectorfoialteradaentreasexperiências:a24mme44mm,sendoestasrealizadasem triplicadoparacadavalor. O valor médio das áreas cromatográficas absolutas estimado para todos os compostos em estudo, inclusive para os PIs, foi comparado nas experiências obtidas à profundidade de 24 e 44 mm. No Gráfico719ilustramseosresultadosobtidos. Asáreascromatográficasobtidasnasexperiênciascujaprofundidadedafibranoinjectoréde24mm sãomenoresquandocomparadascomasobtidasa44mm(Gráfico719),sendoqueadiminuiçãoda área cromatográfica é particularmente acentuada na TFMPP. Estes resultados coincidem com os encontradosporMusshoff et al. [230],queestudamdiferentesposiçõesentre46e56mm,econcluem que52mméaalturaidealdafibra.Aestepropósitoéparticularmenteimportantereferirqueacresceà profundidade a que a fibra foi inserida 10 mm decorrente do seu comprimento. Assim as alturas efectivasdafibraestudadasforam34mme54mm,respectivamente.

2,5E+06

TFMPP 2,0E+06 BZP

mCPP 1,5E+06 MeOPP (*5,E+00) 1,0E+06 pTp(PI)

MeTd9(PI) (*5,E01) 5,0E+05 Áreacromatográfica(valormédio)

0,0E+00 24 44

Profundidadeagulhanoinjector(mm) Gráfico 719.Efeitodaprofundidadedaagulhanoinjectordurante a dessorção na área cromatográfica dos analitosemestudo.

Ofactodaposiçãodafibrasereflectirnaáreacromatográficadosanalitosfoimencionadotambém noutrosestudos[213]eexplicadopelaexistênciadeumgradientetérmiconointeriordoinjector[240],

154 Capítulo7–Resultadosediscussão ______quandoafibraéintroduzidanumaposiçãomuitoelevadaaquantidadedeanalitodessorvidaémenor [252].

7.5 Validação do método de ensaio para a análise de piperazinas por SPMEGCMS

7.5.1 Selectividade

A avaliação da selectividade do método foi efectuada à semelhança do realizado para o método de SPEGCMS.Deacordocomoscritériosdeaceitação/rejeiçãodefinidos,asalíquotasde pools deurina às quais os analitos em estudo não foram adicionados foram consideradas negativas, não se presenciaraminterferênciassignificativasdosconstituintesdamatriznosTrdaspiperazinasemestudo para os iões monitorizados. Aquelas que foram fortificadas com as piperazinas foram consideradas positivas, confirmandose inequivocamente a identidade dos compostos em todas as amostras. A selectividadedométodofoievidenciada,nãoseverificaramquaisquerfalsosresultadosnegativosou positivos.NaTabela718apresentamse,atítulodeexemplo,osresultadosobtidosparaasamostras fortificadascomBZPemCPP,noestudodaselectividadedométododesenvolvidoporSPMEGC MS.

7.5.2 Limitesanalíticosdométodo(Limitesdedetecçãoedequantificação)

Na Tabela 717 descrevemse os LD e LQ obtidos paraoscompostosemestudoeosparâmetros estatísticosobtidosnascurvasdecalibração.

Tabela717.ResumodosresultadosreferentesaoestudodosLDeLQ.

2 Composto Ião Equaçãodarecta R Sy/x LD LQ (m/z) a (ng/mL) (ng/mL) BZPNTFA¹ 272 y=0,0148x0,0009 0,998 0,0022 0,5 1,5 TFMPPNTFA² 326 y=0,1603x0,0040 0,988 0,0550 1,1 3,4 mCPPNTFA¹ 292 y=0,0151x+0,0011 0,998 0,0024 0,5 1,6 MeOPPNTFA¹ 288 y=0,0018x+0,0010 0,983 0,0008 1,5 4,5 aião(valor m/z )utilizadonaquantificação. ¹pTp(PI) ²MeTd9(PI)

155

Tabela718.ResultadosobtidosparaasamostrasfortificadasreferentesaoestudodaselectividadedométodoporSPMEGCMSparaaBZPNTFAemCPPNTFA. ÁreaAbsoluta TempodeRetenção AbundânciaRelativa Razão S/N BZPNTFA ião( m/z) ião( m/z) ião( m/z)

Pool 91,0 181,0 272,0 Tr Tr R 91,0 181,0 272,0 91,0 181,0 272,0 POSSEL01.D 35051 6551 7413 10,79 ok 0,942 ok 100 ok 18,7 ok 21,1 ok 293,0 ok 21,9 ok 686,4 ok OK POSSEL02.D 68319 13911 12555 10,78 ok 0,941 ok 100 ok 20,4 ok 18,4 ok 425,8 ok 17,1 ok 1068,8 ok OK POSSEL03.D 29436 6094 6121 10,79 ok 0,942 ok 100 ok 20,7 ok 20,8 ok 593,9 ok 17,6 ok 2056,4 ok OK P0SSEL04.D 25666 5458 5309 10,79 ok 0,942 ok 100 ok 21,3 ok 20,7 ok 997,8 ok 31,8 ok 1969,6 ok OK P0SSEL05.D 32081 6985 6576 10,78 ok 0,941 ok 100 ok 21,8 ok 20,5 ok 300,3 ok 23,5 ok 1174,9 ok OK P0SSEL07.D 42968 9459 8727 10,78 ok 0,941 ok 100 ok 22,0 ok 20,3 ok 206,9 ok 95,8 ok 1422,7 ok OK POSSEL08.D 40493 9610 7963 10,77 ok 0,941 ok 100 ok 23,7 ok 19,7 ok 281,3 ok 108,4 ok 1598,5 ok OK POSSEL09.D 21573 4524 4492 10,79 ok 0,942 ok 100 ok 21,0 ok 20,8 ok 217,0 ok 30,1 ok 1020,2 ok OK POSSEL10.D 35700 7985 7523 10,78 ok 0,941 ok 100 ok 22,4 ok 21,1 ok 206,3 ok 50,8 ok 424,6 ok OK POSSEL11.D 61397 13388 12153 10,78 ok 0,941 ok 100 ok 21,8 ok 19,8 ok 201,9 ok 28,5 ok 1849,9 ok OK Controlo 10,78 0,94 100,0 21,4 20,3 Critérios ≤1,0% ≤1,0% 10 a 5 a 5 a >3 >3 >3 Int.Inf 10,77 0,93 90,0 16,4 15,3 Int.Sup 10,79 0,95 110,0 26,4 25,3 ÁreaAbsoluta TempodeRetenção AbundânciaRelativa Razão S/N mCPPNTFA ião( m/z) ião( m/z) ião( m/z)

Pool 292,0 139,0 166,0 Tr Tr R 292,0 139,0 166,0 292,0 139,0 166,0 POSSEL01.D 9518 5863 5842 12,46 ok 1,088 ok 100 ok 61,6 ok 61,4 ok 303,6 ok 133,4 ok 114,1 ok OK POSSEL02.D 17775 10885 11151 12,44 ok 1,086 ok 100 ok 61,2 ok 62,7 ok 1481,4 ok 309,4 ok 439,0 ok OK POSSEL03.D 4772 3101 3187 12,45 ok 1,087 ok 100 ok 65,0 ok 66,8 ok 462,5 ok 99,2 ok 74,8 ok OK P0SSEL04.D 4439 2721 2650 12,44 ok 1,086 ok 100 ok 61,3 ok 59,7 ok 353,9 ok 176,9 ok 148,2 ok OK P0SSEL05.D 7294 4309 4738 12,46 ok 1,088 ok 100 ok 59,1 ok 65,0 ok 372,9 ok 112,1 ok 82,2 ok OK P0SSEL07.D 13340 8349 8338 12,45 ok 1,087 ok 100 ok 62,6 ok 62,5 ok 605,1 ok 392,3 ok 234,0 ok OK POSSEL08.D 14388 9028 8945 12,45 ok 1,087 ok 100 ok 62,7 ok 62,2 ok 511,3 ok 286,6 ok 231,1 ok OK POSSEL09.D 4250 2938 2739 12,44 ok 1,086 ok 100 ok 69,1 ok 64,4 ok 995,7 ok 354,4 ok 67,2 ok OK POSSEL10.D 11709 7041 7142 12,45 ok 1,087 ok 100 ok 60,1 ok 61,0 ok 835,5 ok 257,2 ok 161,5 ok OK POSSEL11.D 14850 9319 9289 12,44 ok 1,086 ok 100 ok 62,8 ok 62,6 ok 1561,6 ok 348,2 ok 274,6 ok OK Controlo 12,45 1,09 100,0 62,6 62,8 Critérios ≤1,0% ≤1,0% 10 a 10 a 10 a >3 >3 >3 Int.Inf 12,44 1,08 90,0 52,6 52,8 Int.Sup 12,46 1,10 110,0 72,6 72,8

Capítulo7–Resultadosediscussão ______

ParaaMeOPPoR 2estimadonaregressãolinearéinferiora0,99,seatendermosaoscritériosdefinidos paraaceitaçãodoR 2dacurvadecalibraçãonoestudodalinearidade(R2superiora0,99),asestimativas do LD e LQ assim obtidas não são válidas. Dado que ao longo da optimização das condições experimentais do método os PIs utilizadosrevelaramse inadequados para este composto este valor nãoésurpreendente.Napráctica,noestudodoLDoscritériosdefinidosparaaceitaçãodeR 2sãomais flexíveis,aceitandosenoSTFvaloresdeR 2superioresa0,95paraesteestudo.

Paratodasaspiperazinasobtiveramsevaloresinferioresa2ng/mLe5ng/mL,respectivamentepara oLDeLQ,muitosemelhantesaosvaloresobtidosnosanguetotalpelométododeSPEGCMS.

7.5.3 Linearidade

Onze pontos de calibração foram utilizados para averiguar se no intervalo de concentrações considerado, entre 5 e 100 ng/mL, as respostas analíticas eram directamente proporcionais às concentraçõesutilizadas.Nesteestudonãoforamefectuadasréplicas. Os resultados sumariados obtidos no estudo da linearidade referentes à análise de regressão linear apresentamsenaTabela719. Tabela719. Resumo dos resultados obtidos relativos ao modelo deregressãolinear paraas piperazinasem estudo. Intervalodeintercepçãoda Ião 2 Composto Equaçãodarecta R Sy/x ordenadanaorigem (m/z) a 95%inferior 95%superior BZPNTFA 2 272 y=0,0166x0,0483 0,997 0,0292 0,0864 0,0102 TFMPPNTFA¹ 326 y=0,0065x+0,0252 0,959 0,0442 0,04 0,0919

TFMPPNTFA 2 326 y=0,0640x0,4574 0,867 0,8899 1,71 0,7974

mCPPNTFA 2 292 y=0,0168x0,0209 0,997 0,0332 0,0642 0,0224

MeOPPNTFA 1 288 y=0,0003x+0,0012 0,841 0,0051 0,006 0,0084

MeOPPNTFA 2 288 y=0,0024x0,0021 0,922 0,0243 0,0338 0,0297 aião(valor m/z )utilizadonaquantificação. ¹entre5e90ng/mL,apósexclusãodevaloraberrante,MeTd9(PI). 2 pTp(PI) ParaaTFMPPeaMeOPPosvaloresdeR 2obtidosforaminferioresa0,99,respectivamente,0,867e 0,922, com a utilização de pTp como PI (Tabela 719). A utilização de MeTd9 como PI permitiu

157 Capítulo7–Resultadosediscussão ______melhorar o ajuste dos resultados experimentais na análise da TFMPP (R 2 de 0,959), porém não se reveloutambémadequadoparaaMeOPP(R 2de0,841).DadoqueosvaloresdeR 2nãocumpremos critérios definidos para a aceitação das curvas de calibração neste estudo, a linearidade do método desenvolvidonãofoievidenciadaparaaTFMPPeaMeOPP.

ParaaBZPeamCPPaanálisedaregressãolinearevidenciouvaloresdeR 2de0,997(Tabela719).No entanto,paraaprimeiraconstatousenointervalodeintercepçãodaordenadanaorigemqueestenão incluía o valor zero e a análise gráfica dos resíduos (Gráfico 720) revelou que os erros não se distribuíamdeformaaleatória. NaTabela720apresentamseosvaloresnuméricosdeteste(PG),calculadossegundoseindicouem

6.9.4, e comparamse com os valores tabelados da distribuição F de Snedecor (N1;N1;0,95) ( Fcrit ). ParaamCPPométodoélinearnagamadetrabalhoseleccionadaparaoestudo,entre5e100ng/mL, aregressãoquadráticanãoconduziuaumajustesignificativamentesuperior(PG≤ Fcrit ).Osresultados obtidos no teste de Mandel para a BZP evidenciam que o método não linear (modelo regressão quadrática)proporcionaummelhorajustedosresultados(PG>Fcrit ).

0,05

0,04

0,03

0,02

0,01

0

Resíduos -0,01

-0,02

-0,03

-0,04

-0,05 0 20 40 60 80 100 120 Concentração(ng/mL) Gráfico720.RepresentaçãográficadosresíduosemfunçãodaconcentraçãodeBZP.

Estesresultadosevidenciamqueoestudodalinearidadedométodoassenteexclusivamentenovalor deR 2nãoéfiável.ApesardovalorobtidoparaaBZPserelevado(R 2de0,997)osresultadosdoteste de Mandel evidenciam uma falta de ajustamento ao modelo linear, o intervalo de confiança da

158 Capítulo7–Resultadosediscussão ______intercepçãonaordenadadaorigemnãoincluiovalorzeroeadistribuiçãográficadosresíduosrevelou tendências.OmétodonãoélinearparaaBZPnointervalodeconcentraçõesseleccionado,entre5e 100ng/mL. Tabela720.ResumodosresultadosobtidosnotestedeMandelparaaBZPemCPP. TestedeMandel Critériodedecisão Composto (PG) PG≤Fcrit (N1;N1;0,95) BZPNTFA 25,50 PG≤2,98F(10;10;0,95) mCPPNTFA 0,70 PG≤2,98F(10;10;0,95)

7.5.4 Precisãoeexactidão

Osresultadossumariados deste estudo apresentamsena Tabela 721. Para aTFMPP eMeOPP os resultados obtidos ao longo do tempo em que este estudo foi efectuado revelaram que o método analíticodesenvolvidoporSPMEGCMSnãoeraadequadoàsuaquantificaçãonasamostrasdeurina, asestimativasobtidasnasregressõeslinearesnãosatisfaziamospressupostosdefinidos(e.g.R2<0,99), oqueestádeacordocomosresultadosobtidosnoestudodalinearidadedométodo.

Tabela721.Resumodosresultadosobtidosnoestudodaprecisãoeexactidãodométodocalculadosparatrês níveisdeconcentração. Composto Concentração Repetibilidade Precisão EMR(%) Concentração

real (CV R) intermédia estimada

(CV SI ) (ng/mL) (ng/mL) (n=15) (n=15) (n=15) (n=15) 5 2,0 9,2 20,0 6,0 BZPNTFA 50 3,1 4,5 0,6 49,7 100 2,3 4,5 0,6 100,6 5 — — — — TFMPPNTFA 50 — — — — 100 — — — — 5 3,6 7,0 18,0 5,9 mCPPNTFA 50 3,7 5,0 5,8 47,1 100 1,7 3,0 2,9 97,1 5 — — — — MeOPPNTFA 50 — — — — 100 — — — —

159 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

ParaaBZPeamCPPosCV%obtidosnaprecisãointermédiasãoiguaisouinferioresa9%emtodos osníveisdeconcentraçãoestudadoseosdarepetibilidadeiguaisouinferioresa4%.Estesresultados sãoidênticosaosobtidosnavalidaçãodométodoanalíticoemamostrasdesanguetotalecontidosnos limitesreferidosnaliteratura[325],inferioresouiguaisa20%nagamabaixadeconcentraçõese15% nasdemais. AexactidãodométodoanalíticofoiexpressapeloEMReasuaestimativaefectuadaàsemelhançado descritonométododeSPEGCMS.Osvaloresabsolutosobtidos,entre0,6e20,0%,estãocontidos nosvaloresconsideradosaceitáveis:±20%pertodoLQe±15%nasrestantesconcentrações[325].Na gamabaixadeconcentraçõesestesresultadossãomuitosuperiorescomparativamenteaosobtidosno método de SPEGCMS nas amostras de sangue total, o que pode ser atribuído à diminuição da concentraçãoseleccionadanagamabaixadométododeSPMEGCMS(5ng/mL). Para cada gama de trabalho foi averiguada a existência de erros sistemáticos. Os resultados obtidos neste estudo apresentamse na Tabela 722. Para a BZP e mCPP foi evidenciada a existência de diferenças estatisticamente significativas na recuperação média, para a primeira na gama baixa e na mCPPnagamabaixaemédiadeconcentrações.

Tabela722.Resumodosresultadosobtidosnotestedehipótes(teste t de Student )paraoestudodoserros sistemáticosassociadosàrecuperaçãodométodo.

Composto Concentração R Texp Critériodedecisão real (n=15) Texp ≤T crit (N1;0,95) (ng/mL) BZPNTFA 5 120,0 4,186 50 99,5 0,327 100 100,6 0,348 Texp ≤2,776F(4;0,95) mCPPNTFA 5 118,1 5,513 50 94,3 3,441 100 97,1 2,453

7.5.5 Presençadearrastamento( carryover )

Nesteestudonãoforamobservadosfenómenosdearrastamentosignificativos.

160 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

7.5.6 Robustez

O método desenvolvido para a identificação das piperazinas por SPMEGCMS é robusto e a sua capacidadeparaquantificaraBZPeamCPPnãofoiafectadaaolongodesteestudo.Paraosoutros compostosométododequantificaçãonãorevelourobustezemcondiçõesdeprecisãointermédia.

161 Capítulo7–Resultadosediscussão ______

162 Capítulo8–Conclusões ______

8 Conclusões

Ascondiçõesanalíticasestabelecidaspermitiramumaseparaçãocromatográficarápida(inferiora15 minutos)eadequadaàidentificaçãosimultâneadaBZP,TFMPP,mCPPeMeOPPnasamostrasde sangue total e urina. Por outro lado, estas drogas são encontradas nos comprimidos apreendidos, muitas vezes em associação, o que reitera a necessidade da sua pesquisa em simultâneo. O desenvolvimentodeumamacroorientadaparaapesquisaselectivadosiõesdiagnósticopermitiude uma forma rápida e pouco morosa efectuar um primeiro rastreio da presença das piperazinas na amostra.

A trifluoracetilação das piperazinas permitiu obter espectros de massa mais representativos, ao aumentar de modo significativo a sua massa molecular e obter um padrão de fragmentação mais complexocomiõesmaiscaracterísticose,destemodo,facilitandoaidentificaçãodestescompostos.A definiçãodecritériosdeaceitação/rejeiçãoparaidentificaçãodosanalitosemGCMSemmodoSIM permiteoreconhecimentodapresençadoanalitodeumaformaclara,nãoambígua.

OprétratamentoefectuadoàsamostrasantesdaSPE,nomeadamenteahomogeneizaçãodasamostras de sangue total, a sua diluição e centrifugação revelouse útil, dada a inexistência de fenómenos de colmataçãodascolunas,aobtençãodevaloresderecuperaçãoelevadoseresultadosanalíticosprecisos. A selecção de um volume inicial de 0,5 mL de sangue revelouse satisfatória, já que possibilita a realizaçãodeanálisesdetriagemeconfirmaçãoindependentesefacilitaocumprimentodasexigências noquerespeitaaonúmerodeanálisesaefectuarnaquantificaçãodoanalito(emtriplicado).Comotal, o volume remanescente de amostra é maior e a pesquisa de outros compostos numa análise toxicológicasistemáticanãoécomprometida.

Na análise de piperazinas por SPEGCMS a utilização do método optimizado com as colunas Oasis®MCX permitiu obter cromatogramas com um menor número de interferentes e valores de recuperaçãomédia,entre63,6%(MeOPP)e96,4%(BZP),adequadosàconfirmaçãodasuapresença nasamostrasdesanguetotal.

163 Capítulo8–Conclusões ______

A etapa de evaporação dos extractos obtidos por SPE revelouse crítica para as piperazinas observandoseperdasporvolatilizaçãodosanalitose,emparticular,daTFMPP.Aacidificaçãodafase orgânica,comsoluçãometanólicadiluídadeácidoclorídrico,permitiuaevaporaçãodosolvente,sem que ocorresse perda significativa das piperazinas. Porém, a derivatização destes compostos foi prejudicada.AadiçãodeMBTFAàsfasesorgânicasantesdaevaporaçãorevelouseútilnaprevenção deperdasdaspiperazinasporvolatilização,duranteestaetapa,semqueaderivatizaçãocomMBTFA fosseafectadaesemacréscimoadicionaldetempoparaométodoanalíticodesenvolvido.

AderivatizaçãodaspiperazinascomoMBTFArevelouserápida,quantitativa,reprodutívelenãose encontra descrita na literatura para a derivatização química destes compostos. Apesar do MSTFA poder ser equacionado para a derivatização das piperazinas a sua utilização foi preterida, a obrigatoriedadedecondiçõesanidrasrigorosaseafaltadeestabilidadedosderivadosjustificaramesta decisão.

OsresultadosobtidosnoestudodevalidaçãodométododeSPEGCMSdesenvolvidonestetrabalho evidenciaramqueesteeraadequadoparaatriagemeconfirmaçãodetodasaspiperazinasemamostras desanguetotal post mortem ouobtidas in vivo .DemonstrousequeeraselectivoeosLDobtidos,iguais ouinferioresa1ng/mL,possibilitamadetecçãodestescompostosnosanguetotalemconcentrações diminutas.Nãofoiobservadaapresençadearrastamento.

OsresultadosobtidosnoestudodevalidaçãodométododeSPEGCMSdesenvolvidonestetrabalho evidenciaramqueesteeraadequadoparaaquantificaçãodaBZP,TFMPPemCPPemamostrasde sangue total post mortem ou obtidas in vivo , mas não se revelou apropriado para a quantificação da MeOPP. Obtiveramse LQ iguais ou inferiores a 3 ng/mL para todas as piperazinas estudadas. A linearidadedométodoanalíticofoidemonstradaentre10e1000ng/mL.Porém,foramobservadas diferenças estatisticamente significativas entre as variâncias nos extremos da gama de trabalho. A distribuição heterocedástica dos erros justificou o recurso à utilização de uma regressão linear ponderada.Apoiadoemcritériosdedecisãoosfactoresdeponderaçãoseleccionadosforam1/yparaa BZPeMeOPPe1/xparaamCPPeTFMPP.

ParaaMeOPPosresultadosobtidosaolongodotempoemqueesteestudofoiefectuadorevelaram que o método analítico desenvolvido por SPEGCMS não era adequado à sua quantificação nas amostrasdesanguetotal,umavezqueasestimativasobtidasnasregressõeslinearesnãosatisfaziamos pressupostos definidos. Dado o intervalo de tempo seleccionado para este estudo (2 meses) e considerando que as fontes de variabilidade que podem afectar o método foram diversificadas, podemosdestaformaterumaideiadarobustezdométodo.Nestesentido,ométododesenvolvido paraaquantificaçãodestecompostonãoérobusto.

164 Capítulo8–Conclusões ______

A precisão e exactidão do método analítico por SPEGCMS revelaramse adequadas para a quantificação da BZP, TFMPP e mCPP. Os CV% obtidos na precisão intermédia são iguais ou inferiores a 10% em todos os níveis de concentração estudados e os da repetibilidade iguais ou inferioresa4%.OsvaloresabsolutosdoEMRobtidos,entre1,9e12,2%,estãodentrodoslimites consideradosaceitáveisnaliteratura.

O desenvolvimento do método de SPMEGCMS para análise de piperazinas exigiu tempo e perseverança, as condições experimentais que influenciam a eficiência extractiva desta técnica e a repetibilidade dos resultados obtidos são vastas ea optimização do método foi efectuada de forma univariadaemanual.

DuranteaoptimizaçãodométododeSPMEGCMSforamavaliadasquinzevariáveis,sendoqueem cadaumadelasforamestudadosváriosníveis.NoquerespeitaàextracçãodaspiperazinasporSPME osfactoresestudadosforamotempodepréequilíbrio,tempodeabsorção,temperaturadaamostra, faseestacionária,saladicionadoeasuaconcentração,concentraçãodabase,volumedeamostra,razão β, efeito da diluição e da agitação da amostra. Foram também optimizadas as condições de derivatizaçãoquímica,temperaturaetempodederivatização,eascondiçõesdedessorçãotérmicados compostosemestudo(tempoetemperaturadedessorçãoeaprofundidadedaagulhanoinjector).A avaliaçãodosseusefeitosnaáreacromatográficadoscompostospermitiuconcluirque,emregra,estes são muito influenciados pelas condições experimentais estudadas. Para além disso os seus efeitos manifestamsedeformadísparconsoanteocompostoestudado.

O padrão interno estudado no método de SPEGCMS, a pTp, apesar de apresentar uma estrutura químicasemelhanteàdosanalitosnãoserevelouadequadoparaaquantificaçãodaTFMPPeMeOPP por SPMEGCMS. Este facto sugere que possam existir diferenças nas suas características físico químicas, sendo que a pTp apresenta ainda características de um composto termolábil. A MeTd9 tambémnãoserevelouadequadacomopadrãointernoparaestescompostos.

Na técnica de SPMEGCMS a utilização do método optimizado permitiu a triagem qualitativa de todos os compostos em estudo, sendo que o tempo total da análise é de 62 minutos por amostra, circunstância importante num laboratório que analisa um número elevado de amostras e ao qual é exigidoumarespostarápida.

Os resultados obtidos no estudo de validação do método de SPMEGCMS desenvolvido neste trabalhodemonstraramqueesteeraapropriadoparaatriagemeconfirmaçãoqualitativadetodasas piperazinas em estudo em amostras de urina post mortem ou obtidas in vivo . A sua selectividade foi evidenciada e os LD obtidos, inferiores a 2 ng/mL, possibilitam a detecção destes compostos em

165 Capítulo8–Conclusões ______concentraçõesdiminutas.Nãoforampresenciadosfenómenosdearrastamentoeométodorevelouse robusto.

OsresultadosobtidosnavalidaçãodométododeSPMEGCMSdemonstraramqueesteeraadequado paraaquantificaçãodaBZPemCPPemamostrasdeurina post mortem ouobtidas in vivo ,masnãopara a quantificação da TFMPP e MeOPP. Os LQ obtidos foram inferiores a 5 ng/mL para todas as piperazinasestudadas.Foievidenciadaaexistênciadeumarelaçãolinearentreasáreascromatográficas obtidas(razãoentreasáreasdoanalitoedoPI)eaconcentraçãodemCPPnaurinaparaointervalode concentrações entre 5 e 100 ng/mL. Para a BZP foi demonstrado que o modelo de regressão quadráticaproporcionaummelhorajustedosresultados.

A precisão e exactidão do método analítico por SPMEGCMS revelaramse adequadas para a quantificaçãodaBZPemCPP.OsCV%obtidosnaprecisãointermédiasãoiguaisouinferioresa9% em todos os níveis de concentração estudados e os da repetibilidade inferiores a 4%. Os valores absolutos do EMR obtidos, entre 0,6 e 20%, estão dentro dos limites considerados aceitáveis na literatura.

OsresultadosobtidosparaaTFMPPeaMeOPPnãopermitiramasuaquantificaçãoemamostrasde urinaporSPMEGCMS.Noentanto,énosanguequeosefeitosdestescompostossecorrelacionam com as suas concentrações e são estes valores que permitem inferir sobre o grau de influência das substânciaspsicoactivasnumindivíduobemcomoestimarosefeitostóxicosouletais.

166 Capítulo9–Bibliografia ______

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