v.12, n.1 – Julho / Dezembro 2019 ISSN 1983-3687
INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG
DIRETORIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO MG.BIOTA
Publicação da Diretoria de Unidades de Conservação – Instituto Estadual de Florestas - IEF Rodovia Papa João Paulo II, 4143 – Serra Verde – Belo Horizonte/MG – CEP: 31.630-900 Edifício Minas – 1º andar
Conselho Editorial Colaboradores deste número Cláudio Vieira Castro - IEF Cyntia Goulart Corrêa Bruno Priscila Moreira Andrade – IEF Renilson Paula Batista Adriano Pereira Paglia - UFMG Sandra Mara Esteves de Oliveira Fabiano Rodrigues de Melo – UFV Foto Capa: Evandro Rodney Editores Associados Imagem: Parque Estadual Serra Nova e Talhado Flávia Campos Vieira Foto Contracapa: Thiago Metzker Luís Fernando dos Santos Clímaco Imagem: Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais Coordenação Editorial Bárbara Karen M. de Souza (Estagiária) Janaína A. Batista Aguiar John Eurico Márcia Beatriz Silva de Azevedo Mônica Maia Priscila Moreira de Andrade Rosinalva da Cunha dos Santos Sandra Mara Esteves de Oliveira INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG Silvana de Almeida DIRETORIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO http://mgbiota.ief.mg.gov.br [email protected] Belo Horizonte/MG
FICHA CATALOGRÁFICA
MG.Biota: Boletim Técnico Científico da Diretoria de Unidades de Conservação/IEF - MG.v.12, n.1(2019) - Belo Horizonte: Instituto Estadual de MG. BIOTA Belo Horizonte v. 12 n. 1 jul./dez. 2019 Florestas, 2019 v.; iI. Edição Semestral a partir do v.12, n.1.2019. ISSN: 1983-3687
1. Biosfera - Estudo - Periódico. 2. Biosfera - Conservação. Instituto Estadual de Florestas. Diretoria de Unidades de Conservação / IEF CDU: 502
Catalogação na Publicação – Silvana de Almeida CRB. 1018-6
2 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG
DIRETORIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
MG. BIOTA Belo Horizonte v. 12 n. 1 jul./dez. 2019
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 3 SUMÁRIO
Editorial ...... 05
A evolução da criação das unidades de conservação municipais e a implementação do ICMS Ecológico em Minas Gerais
Luiz Paulo Pinto , Cláudia Márcia Martins Rocha , Daniela Lara Martins, Deborah Costa Pinto , Maria Auxiliadora Drumond ...... 06
Contribuição das unidades de conservação municipais no sistema de proteção da biodiversidade em Minas Gerais
Deborah Costa Pinto, Luiz Paulo Pinto, Maria Auxiliadora Drumond, Cecília Fernandes de Vilhena...... 23
Barreiras físicas e velocidade de água in uenciam a riqueza de invertebrados no fundo de um córrego no Parque Estadual do Rio Preto?
Gabriel Estevão Nogueira Aguila, Matteus Carvalho Ferreira, Catarina Dias de Freitas, Raphael Henrique Novaes , Gisele Moreira dos Santos1, Marcos Callisto ...... 42
Ampliando o conhecimento sobre os peixes do rio Pandeiros
Rafael Couto Rosa de Souza , Marina Lopes Bueno , Marina Silva Ru no , Marina Ferreira Moreira e Paulo Santos Pompeu...... 57
Pequena Central Hidrelétrica de Pandeiros e seu efeito sobre moluscos aquáticos invasores
Marden Seabra Linares, Marcos Callisto ...... 78
Em Destaque
Unidades de conservação municipais no ambiente urbano em Minas Gerais...... 90
44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 EDITORIAL
Apresentamos a primeira versão digital da revista MG.Biota, periódico criado em abril/2008, editado e distribuído gratuitamente até o primeiro semestre de 2019. O principal objetivo da MG.Biota é divulgar a importância da conservação da biodiversidade de Minas Gerais, destacando a necessidade de manutenção das unidades de conservação estaduais, espaços fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa científica. Os arti- gos que compõem cada edição são, prioritariamente, resultados de trabalhos de pesquisas desenvolvidas nas UCs do IEF. A partir de julho/2019, a periodicidade passou a ser semestral e na versão digital, obje- tivando possibilitar uma melhor divulgação e disseminação do conteúdo do boletim, assim como uma maior facilidade de acesso ao público leitor interessado no conhecimento da biota mineira e áreas afins. Nesta edição os artigos trazem pesquisas que enfocam estudos sobre a evolução da criação de unidades de conservação municipais, como também a contribuição dessas uni- dades para proteção da biodiversidade mineira; estudo sobre barreiras físicas e velocidade de água no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto e; outros dois estudos na Área de Proteção Ambiental Pandeiros: um sobre a ictiofauna presente no rio Padeiros e outro sobre a distribuição de moluscos invasores no rio. Agradecemos aos autores pela colaboração para o fortalecimento da MG.Biota e dese- jamos a todos uma boa leitura!
Cláudio Vieira Castro Diretor de Unidades de Conservação – IEF
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 5 A evolução da criação das unidades de conservação municipais e a implementação do ICMS Ecológico em Minas Gerais
Luiz Paulo Pinto1 , Cláudia Márcia Martins Rocha2 , Daniela Lara Martins3 , Deborah Costa Pinto4 , Maria Auxiliadora Drumond5
Resumo
A gestão de dezenas de unidades de conservação municipais de Minas Gerais exige estrutura, capacidade técnica e de nanciamento do sistema. Esse artigo analisa a evolução da expansão da rede de unidades de conservação municipais no estado e sua relação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com critérios ambientais, também conhecido como ICMS ecológico. A expansão das unidades de conservação municipais em Minas Gerais é fortemente marcada pela implementação do ICMS Ecológico, especialmente nos primeiros 10 anos de operação do tributo. Os ajustes e aperfeiçoamentos do processo do ICMS Ecológico desenvolvidos ao longo dos anos têm contribuído para a consolidação desse tributo como um incentivo importante para o setor ambiental e para a rede de unidades de conservação municipais.
Palavras chave: áreas protegidas, ICMS, gestão ambiental municipal, conservação da biodiversidade
Abstrat
The management of dozens of municipal protected areas in Minas Gerais requires structure, technical capaci- ty and nancing of the system. This paper analyzes the evolution of the expansion of the network of municipal protected areas in the state and its relationship with the ICMS (value added tax on goods and services) accor- ding to environmental criteria, also known as ICMS Ecológico. The expansion of municipal protected areas in Minas Gerais is strongly marked by the implementation of ICMS Ecológico, especially in the rst 10 years of operation of the tribute. The adjustments and improvements of the ICMS Ecológico process developed over the years have contributed to the consolidation of it as an important incentive for the environmental sector and for the network of municipal protected areas.
Keywords: protected areas; ICMS; municipal environmental management; conservation of biodiversity
1 Sócio da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda.
6 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Introdução Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com critérios ambientais, também conhecido No Brasil, os municípios têm por atribui- como ICMS Ecológico ou ICMS Verde, é um ção constitucional a responsabilidade de con- exemplo de mecanismos promissores para trolar o uso e a ocupação do solo, o que inclui o setor ambiental. a criação e implementação das unidades de Classificado como um instrumento eco- conservação municipais, e sua inserção no nômico de compensação fiscal, o ICMS Eco- desenvolvimento territorial municipal. lógico está em operação em 17 estados do O Sistema Nacional de Unidades de Con- Brasil, proporcionando o repasse de milhões servação (SNUC), criado pela Lei nº 9.985, de reais por ano para os municípios que abri- de 18 de julho de 2000, inseriu formalmente gam unidades de conservação municipais as unidades de conservação municipais na ou que cumprem outros critérios ambientais estratégia nacional de proteção da biodiversi- (PINTO et al., 2019). dade. Mas, o conhecimento sobre a dimensão O ICMS Ecológico surgiu em 1991 no es- e a importância da rede de unidades de con- tado do Paraná como uma forma de ressarcir servação sob a administração dos municípios os municípios pela restrição ao uso de seu tem evoluído apenas recentemente (PINTO, território. Posteriormente, Minas Gerais tam- 2017; PINTO et al., 2017; SALVIO et al., 2018; bém instituiu a legislação do ICMS Ecológico PINTO et al., neste volume). por meio da Lei nº 12.040, de 28 de dezembro Esses espaços territoriais protegidos fa- de 1995, conhecida como Lei Robin Hood. zem parte, cada vez mais, da dinâmica da Atualmente, está em vigor no estado a Lei nº paisagem do território municipal. O grande 18.030, de 12 de janeiro de 2009, que dispõe contingente de municípios no Brasil e em sobre a distribuição da parcela da receita do Minas Gerais, distribuídos em diferentes con- produto da arrecadação do ICMS pertencente textos ambientais e socioeconômicos e com aos municípios. enormes dificuldades políticas e financeiras, é um desafio para a instrumentalização da A receita do ICMS é distribuída entre os proteção da biodiversidade por meio dos go- Entes Estadual e Municipal, sendo 25% do vernos locais. valor arrecadado destinado aos municípios, Para consolidar uma rede de unidades conforme preconiza o inciso IV do artigo nº de conservação municipais é preciso avan- 158 da Constituição Federal. No total foram çar em mecanismos capazes de fortalecer instituídos dezoito critérios para o ICMS em técnica e financeiramente os governos lo- Minas Gerais como o Valor Adicionado Fiscal cais, para garantir maior sustentabilidade (VAF), área geográfica, população, educação, e continuidade no processo de proteção da meio ambiente, e outros. É estabelecida uma biodiversidade e dos serviços ambientais que percentagem específica para cada critério essas unidades proporcionam para a socie- (GRÁFICO 1). dade. A implementação do Imposto sobre
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 7 GráGráfico co 1 1– –Distribuição Distribuição do do ICMS ICMS em em Minas Minas Gerais Gerais conforme conforme os os critérios critérios estabelecidos estabelecidos 44 Informação e Projetos em Biodiversida- Resultado e Discussão de Ltda, de 2018.; Banco de Dados de Uni- dades de Conservação Municipais da Mata Foram registradas 323 unidades de con- Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica, servação municipais em Minas Gerais até de 2017; Atlas Digital Geoambiental do Ins- o momento,Grá co 2, distribuídas por 208 6 tituto Prístino, de 2018 ; literatura cienti ca municípios (PINTO et al., neste volume). A (artigos, teses e dissertações); Cadastro de evolução da criação das unidades de con- Unidades de Conservação no ICMS Ecoló- servação municipais é marcada por um cres- gico de Minas Gerais, de 2018; Resoluções cimento gradual até o início da vigência do SEMAD-MG sobre repasse de ICMS Ecoló- ICMS Ecológico no estado em 1995 e uma gico, de 2013 a 2018; documentos técnicos forte expansão do sistema municipal nos (ex.: Plano Diretor Municipal; proposta de primeiros 10 anos de implementação do tri- criação de unidades de conservação, e ou- buto (GRÁFICO 3). O número de unidades Fonte: IEF (2017) tros). Fonte: IEF (2017) de conservação municipais foi ampliado em Para cada unidade de conservação fo- O ICMS Ecológico (critério ambiental) no Metodologia quase sete vezes e a área total protegida em ram levantadas as seguintes informações: estado representa 1,10% da cota parte dos 133 vezes se comparada a situação do siste- (i) município em que se insere; (ii) categoria municípios e contém três critérios de reparti- O levantamento de informações sobre ma municipal de conservação antes e após e grupo de manejo; (iii) nome da unidade; ção: (i) Índice de Conservação (45,45%); (ii) as unidades de conservação municipais de 1995. (iv) área (hectares); (v) ano de criação; e (vi) Índice de Saneamento Ambiental (45,45%); Minas Gerais foi realizado através de fontes norma legal de criação. e (iii) Índice de Mata Seca (9,10%). As uni- secundárias e contatos com os municípios, A avaliação do ICMS Ecológico foi re- dades de conservação estão incluídas no durante o período de março de 2016 a de- alizada considerando as bases de informa- critério “Índice de Conservação” junto com zembro de 2018. Levou-se em consideração ções disponibilizadas publicamente durante outras áreas protegidas, e possui como obje- as unidades de conservação que estão em 2018 pelos websites da Secretaria de Estado tivo compensar os municípios que possuem conformidade com o SNUC, além das áre- do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus- unidades de conservação em seus territórios, as que foram formalmente criadas e são tentável-SEMAD7, do Instituto Estadual de além de incentivar a criação de outras unida- consideradas e manejadas como unidades Florestas-IEF8 e da Fundação João Pinhei- des e melhorar a qualidade de gestão dessas de conservação pelos municípios, mas que ro9, instituição que auxilia o estado na ges- áreas protegidas. ainda não estão categorizadas conforme o tão do tributo. Foram consultadas também Diante disso, o ICMS Ecológico abriu sistema nacional. as Resoluções SEMAD entre 1996 e 2018, oportunidades para transformações impor- As fontes utilizadas para o levantamento que divulgam os dados e a pontuação nal tantes da gestão ambiental municipal, incluin- de informações sobre as unidades de con- do fator de qualidade referente às unidades servação municipais são: websites o ciais do o estímulo para a criação e implementa- de conservação e outras áreas especialmen- das prefeituras; Cadastro Nacional de Uni- ção de unidades de conservação municipais. te protegidas no estado de Minas Gerais. Nesse artigo será abordada a evolução da dades de Conservação (CNUC) do Ministé- ______criação de unidades de conservação muni- rio do Meio Ambiente (MMA, 2018); Banco 6https://www.institutopristino.org.br/atlas. 7http://www.meioambiente.mg.gov.br/icms-ecologico. cipais em face da implementação do ICMS de Dados de Unidades de Conservação do 8http://www.ief.mg.gov.br/regionais-ief/1625-icms-ecologico-. 9http://fjp.mg.gov.br/robin-hood/index.php/transferencias/ Ecológico no estado. Cerrado e da Mata Atlântica da Ambiental pesquisamunicipio
8 8 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 9 44 Informação e Projetos em Biodiversida- Resultado e Discussão de Ltda, de 2018.; Banco de Dados de Uni- dades de Conservação Municipais da Mata Foram registradas 323 unidades de con- Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica, servação municipais em Minas Gerais até de 2017; Atlas Digital Geoambiental do Ins- o momento,Grá co 2, distribuídas por 208 6 tituto Prístino, de 2018 ; literatura cienti ca municípios (PINTO et al., neste volume). A (artigos, teses e dissertações); Cadastro de evolução da criação das unidades de con- Unidades de Conservação no ICMS Ecoló- servação municipais é marcada por um cres- gico de Minas Gerais, de 2018; Resoluções cimento gradual até o início da vigência do SEMAD-MG sobre repasse de ICMS Ecoló- ICMS Ecológico no estado em 1995 e uma gico, de 2013 a 2018; documentos técnicos forte expansão do sistema municipal nos (ex.: Plano Diretor Municipal; proposta de primeiros 10 anos de implementação do tri- criação de unidades de conservação, e ou- buto (GRÁFICO 3). O número de unidades tros). de conservação municipais foi ampliado em Para cada unidade de conservação fo- quase sete vezes e a área total protegida em ram levantadas as seguintes informações: 133 vezes se comparada a situação do siste- (i) município em que se insere; (ii) categoria ma municipal de conservação antes e após e grupo de manejo; (iii) nome da unidade; 1995. (iv) área (hectares); (v) ano de criação; e (vi) norma legal de criação. A avaliação do ICMS Ecológico foi re- alizada considerando as bases de informa- ções disponibilizadas publicamente durante 2018 pelos websites da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus- tentável-SEMAD7, do Instituto Estadual de Florestas-IEF8 e da Fundação João Pinhei- ro9, instituição que auxilia o estado na ges- tão do tributo. Foram consultadas também as Resoluções SEMAD entre 1996 e 2018, que divulgam os dados e a pontuação nal do fator de qualidade referente às unidades de conservação e outras áreas especialmen- te protegidas no estado de Minas Gerais. ______
6https://www.institutopristino.org.br/atlas. 7http://www.meioambiente.mg.gov.br/icms-ecologico. 8http://www.ief.mg.gov.br/regionais-ief/1625-icms-ecologico-. 9http://fjp.mg.gov.br/robin-hood/index.php/transferencias/ pesquisamunicipio
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 9 Grá co 2 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em Minas Gerais, entre 1966 e 2018
Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018
Grá co 3 – Evolução da área (hectares) total acumulada de unidades de conservação municipais públicas em Minas Gerais, entre 1966 e 2018
Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018
1010 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Grá co 2 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em Minas A média de criação de unidades de con- As diferenças são ainda mais pronun- Gerais, entre 1966 e 2018 servação municipais antes do ICMS Ecoló- ciadas quanto a área total protegida por gico no estado é de 1,4 unidade/ano, en- unidades de conservação municipais antes quanto no período após a implementação do e depois do ICMS Ecológico (GRÁFICO 4). tributo a média passa a ser de 12 unidades/ Nos primeiros 10 anos de implementação ano. Considerando apenas os primeiros 10 do ICMS Ecológico a média foi de cerca de anos de implementação do ICMS Ecológico 242 mil hectares por ano, ou seja, 379 ve- a média foi de 21,1 unidades/ano, ou seja, zes a média (638 hectares/ano) de inclusão 15 vezes mais do que no período anterior ao de área protegida por ano no período ante- ICMS Ecológico. Apesar de diminuir o ritmo rior à criação do tributo. Após 10 anos de vi- de criação de unidades de conservação mu- gência do ICMS Ecológico, a média da área nicipais após 10 anos de vigência do ICMS protegida incorporadas pelas unidades de Ecológico, ainda assim a média de criação conservação municipais no sistema é 15,5 é 3,6 vezes superior ao período anterior à vezes superior ao período anterior à criação criação do tributo. do tributo.
GráficoGrá co 44 –– EvoluçãoEvolução dodo númeronúmero dede unidades de conservaçãoconservação públicpúblicasas por por esfera esfera político-administrativa político-administrativa em Minas em Minas Gerais, Gerais,entre entre 1937 1937 e 2018 e 2018.
Grá co 3 – Evolução da área (hectares) total acumulada de unidades de conservação municipais públicas em Minas Gerais, entre 1966 e 2018
Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018
10 11 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 11 A mudança na representatividade das O aumento da representatividade das ção municipais de proteção integral por ano do ao período anterior a 1995, a média foi unidades de conservação municipais no unidades de conservação municipais em foi três vezes superior nos primeiros 10 anos cerca de 88,5 vezes superior para unidades quadro geral do sistema do estado pode ser área protegida no estado é também marcan- de vigência do ICMS Ecológico se compara- de uso sustentável. te. Até 1995 representavam somente 3,4% vista também como um indicativo da in uên- Grá co 6 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em da área total protegida dentro do sistema cia do ICMS Ecológico. As unidades de con- Minas Gerais por grupo de manejo, entre 1966 e 2018. e, de 1996 a 2018, passaram para 56,5% servação municipais representavam 51,9% (GRÁFICO 5). Nos 23 anos após a criação do número de unidades do sistema no perí- do ICMS Ecológico, em 12 vezes as unida- odo anterior à 1995 e passaram para 79,4% des de conservação municipais adicionaram considerando o período entre a implementa- mais áreas protegidas ao sistema do que as ção do tributo e 2018 (GRÁFICO 4). unidades estaduais e federais.
GráficoGrá co 55 –– EvoluçãoEvolução dada áreaárea (hectares)(hectares) totaltotal protegidaprotegida pelaspelas unidadesunidades dede conservaçãoconservação públicaspúblicas porpor esfera político-administrativaesfera político-administrativa em Minas em Gerais,Minas Gerais, entre 1937 entre e 19372018 e 2018
Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda, de 2018 sobre Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais. A grande predominância pela criação de legais que estabelecem os procedimentos APAMs também foi abordada em outros es- para aplicação desse tributo. tudos sobre a evolução do sistema de pro- Após quase 10 anos de implementação Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Con- do ICMS Ecológico, o governo mineiro sus- servação no Estado de Minas Gerais.2018 teção municipal em Minas Gerais (OLIVEI- RA et al., 2012; EUCLYDES; MAGALHÃES, pendeu os processos de análise do cadas- A forte expansão das unidades de con- Essa dinâmica pode ser melhor obser- 2006; AMDA, 2017; PINTO et al., 2017; tramento de novas Áreas de Proteção Am- servação municipais ocorreu principalmen- vada ao se fazer a análise da evolução da SALVIO et al., 2018). Todos os autores cha- biental (APAs) para ns de recebimento do te pela criação de unidades da categoria criação de unidades de conservação muni- mam a atenção para a importância do ICMS tributo através da Portaria IEF nº. 120, de 30 de Área de Proteção Ambiental Municipal cipais por grupo de manejo – Proteção Inte- Ecológico no estado, mas fazem ressalvas de agosto de 2004. Passou a exigir também (APAM). Minas Gerais possui 186 APAMs gral e Uso Sustentável (GRÁFICO 6). Para quanto à e ciência do processo para a real o recadastramento de todas as unidades de registradas, sendo que 88% dessas unida- cada 10 unidades de conservação munici- proteção da biodiversidade. O aprendizado conservação preexistentes para continuida- des, totalizando cerca de 2,5 milhões de pais criadas entre 1996 e 2005, oito eram com a implementação do ICMS Ecológico de dos repasses do ICMS Ecológico, con- hectares, foram criadas nos primeiros 10 unidades de uso sustentável. Enquanto a ao longo dos anos é importante para reali- forme a Resolução SEMAD nº 318, de 15 de anos do ICMS Ecológico. média de criação de unidades de conserva- zar os ajustes necessários nos instrumentos fevereiro de 2005. Mais importante ainda,
1212 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 13 A mudança na representatividade das O aumento da representatividade das ção municipais de proteção integral por ano do ao período anterior a 1995, a média foi unidades de conservação municipais no unidades de conservação municipais em foi três vezes superior nos primeiros 10 anos cerca de 88,5 vezes superior para unidades quadro geral do sistema do estado pode ser área protegida no estado é também marcan- de vigência do ICMS Ecológico se compara- de uso sustentável. te. Até 1995 representavam somente 3,4% vista também como um indicativo da in uên- Grá co 6 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em da área total protegida dentro do sistema Gráfico 6 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em Minas cia do ICMS Ecológico. As unidades de con- GeraisMinas porGerais grupo por de grupo manejo, de manejo, entre 1966 entre e 20181966 e 2018. e, de 1996 a 2018, passaram para 56,5% servação municipais representavam 51,9% (GRÁFICO 5). Nos 23 anos após a criação do número de unidades do sistema no perí- do ICMS Ecológico, em 12 vezes as unida- odo anterior à 1995 e passaram para 79,4% des de conservação municipais adicionaram considerando o período entre a implementa- mais áreas protegidas ao sistema do que as ção do tributo e 2018 (GRÁFICO 4). unidades estaduais e federais.
Grá co 5 – Evolução da área (hectares) total protegida pelas unidades de conservação públicas por esfera político-administrativa em Minas Gerais, entre 1937 e 2018
Fonte:Fonte: BaseAMBIENTAL de Dados 44 da Informação Ambiental e 44 Projetos Informação em Biodiversidade e Projetos em BiodiversidadeLtda. Base de Dados Ltda, de de 2018 Unidades sobre de Unidades Conservação de Conservação no Estado de no Minas Estado Gerais.2018 de Minas Gerais. A grande predominância pela criação de legais que estabelecem os procedimentos APAMs também foi abordada em outros es- para aplicação desse tributo. tudos sobre a evolução do sistema de pro- Após quase 10 anos de implementação teção municipal em Minas Gerais (OLIVEI- do ICMS Ecológico, o governo mineiro sus- RA et al., 2012; EUCLYDES; MAGALHÃES, pendeu os processos de análise do cadas- A forte expansão das unidades de con- Essa dinâmica pode ser melhor obser- 2006; AMDA, 2017; PINTO et al., 2017; tramento de novas Áreas de Proteção Am- servação municipais ocorreu principalmen- vada ao se fazer a análise da evolução da SALVIO et al., 2018). Todos os autores cha- biental (APAs) para ns de recebimento do te pela criação de unidades da categoria criação de unidades de conservação muni- mam a atenção para a importância do ICMS tributo através da Portaria IEF nº. 120, de 30 de Área de Proteção Ambiental Municipal cipais por grupo de manejo – Proteção Inte- Ecológico no estado, mas fazem ressalvas de agosto de 2004. Passou a exigir também (APAM). Minas Gerais possui 186 APAMs gral e Uso Sustentável (GRÁFICO 6). Para quanto à e ciência do processo para a real o recadastramento de todas as unidades de registradas, sendo que 88% dessas unida- cada 10 unidades de conservação munici- proteção da biodiversidade. O aprendizado conservação preexistentes para continuida- des, totalizando cerca de 2,5 milhões de pais criadas entre 1996 e 2005, oito eram com a implementação do ICMS Ecológico de dos repasses do ICMS Ecológico, con- hectares, foram criadas nos primeiros 10 unidades de uso sustentável. Enquanto a ao longo dos anos é importante para reali- forme a Resolução SEMAD nº 318, de 15 de anos do ICMS Ecológico. média de criação de unidades de conserva- zar os ajustes necessários nos instrumentos fevereiro de 2005. Mais importante ainda,
12 13 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 13 foi a implementação do fator de qualidade localizadas na zona de amortecimento (para como parte dos critérios de avaliação das APA são consideradas as reservas legais unidades de conservação, de acordo com a averbadas no interior da unidade); (iv) limi- Deliberação Normativa do COPAM nº 86, de tes demarcados; (v) plano de manejo; (vi) 17 de junho de 2005. conselho consultivo; (vii) recursos humanos; Diante da instituição dos instrumentos (viii) infraestrutura e equipamentos; (ix) re- legais supracitados, para que um município cursos nanceiros aplicados na UC, dentre inicie um processo de cadastramento ou de outros. recadastramento de uma unidade de con- No entanto, vale ressaltar que o ato de servação para ns de recebimento de ICMS criação de uma unidade de conservação Ecológico, passou a ser preciso que seu o não garante automaticamente o repasse representante legal ou gestor envie um re- nanceiro ao município que a abriga. Para querimento devidamente protocolado ao tanto, é necessário primeiramente se habili- IEF, acompanhado de toda documentação, tar ao critério Meio Ambiente – Unidades de impressa e em meio digital, prevista no art. Conservação, realizando o cadastramento 6° da Resolução SEMAD nº 318 de 2005. conforme informado anteriormente através Pode-se dizer, ainda, que esta documenta- da Resolução SEMAD n° 318/2005. ção é inerente a todo processo e procedi- Todos esses procedimentos certamente mentos necessários para a criação de uma in uenciaram a dinâmica de criação das uni- unidade de conservação, previsto pela Lei dades de conservação municipais e no re- do SNUC. passe do ICMS Ecológico em Minas Gerais. Além disso, a partir da efetivação do O ritmo de criação das unidades de conser- cadastro de uma unidade de conservação, vação municipais reduziu após a aplicação seus gestores deverão enviar o Fator de do fator de qualidade do ICMS Ecológico, Qualidade. Este, é um importante instru- passando de 17,7 unidades/ano entre 1996 mento para veri car se as normas e diretri- e 2005 (primeiros 10 anos) para 1,3 unida- zes estabelecidas pelo SNUC estão sendo des/ano nos anos seguintes. cumpridas. Consiste em uma avaliação anu- Ressalta-se, ainda, que uma parcela im- al da gestão das unidades de conservação portante dos municípios (40%) não enviou cadastradas e deve ser encaminhado em documentações que comprovassem os in- até 15 de abril, anualmente. vestimentos nas unidades de conservação O Fator de Qualidade está intimamente municipais entre 2007 e 2008 (OLIVEIRA, relacionado à gestão das unidades de con- 2008; OLIVEIRA et al., 2012). Em 2015, servação inseridas no cadastro estadual, essa dinâmica ainda parecia a mesma, pois sendo dividido por diversos parâmetros tais o número de unidades de conservação mu- como: (i) regularização fundiária; (ii) área nicipais caiu cerca de 6,5% no cadastro do de cobertura vegetal nativa (ou recuperada ICMS Ecológico, principalmente de APAMs com espécies nativas); (iii) reservas legais (COMINI, 2017).
14 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Apesar da variação no número de unida- político-administrativas, continua crescendo e des de conservação municipais, o número representam, atualmente, 8,3 vezes o número de unidades de conservação no sistema de de unidades de conservação cadastradas em ICMS Ecológico no estado, nas três esferas 1996 (GRÁFICO 7).
Gráfico 7 – Total de unidades de conservação cadastradas para fins de recebimento de ICMS Ecológico, entre 1996 e 2018, em Minas Gerais
Fonte: Resolução 002 de 29/04/1996. Minas Gerais. Diário do Executivo. Belo Horizonte, 30 abr. 1996
Estudos sobre a implementação das uni- deficiência de equipe técnica e outros ele- dades de conservação municipais em municí- mentos relevantes para o funcionamento das pios que recebem ICMS Ecológico em Minas unidades. Gerais mostram que mesmo com a melhoria As novas regras estabelecidas pelos na gestão observada pelo fator de qualidade instrumentos legais para aplicação do ICMS das APAMs e outras categorias de manejo, Ecológico podem ter estimulado a utilização a maioria das unidades ainda apresentam de categorias de manejo mais restritivas (par- muitas dificuldades e desafios (OLIVEIRA, ques, reservas biológicas e refúgios de vida 2008; OLIVEIRA et al., 2012; AMDA, 2017; silvestre) pelas prefeituras, pois passaram COMINI, 2017). São mencionados aspectos a ter maior peso no cálculo do tributo. Em como a ausência de estrutura de gestão, do 10 ocasiões a partir de 2007, a criação do plano de manejo e do conselho consultivo, número de unidades de conservação munici-
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 15 pais de proteção integral superou aquelas de de conservação municipais diminuiu o ritmo uso sustentável. Todos monumentos naturais após 2005 (SALVIO et al., 2018; PINTO et municipais, por exemplo, foram criados no al., 2019). O mesmo fenômeno foi observado estado após 2007. Essa categoria tem ainda para outros estados (RUGGIERO, 2018). a vantagem de não precisar, a princípio, de A implementação do fator de qualidade foi processos de desapropriação, o que evita um fator decisivo para alterar a dinâmica da gastos para a criação e implementação das distribuição do ICMS Ecológico e da seleção unidades. das categorias de manejo para criação das São várias as evidências da influência unidades de conservação pelos municípios do ICMS Ecológico na criação e expansão em Minas Gerais. Houve uma desaceleração das unidades de conservação municipais. na criação de unidades de conservação, so- FERNANDES et al. (2011), por exemplo, ve- bretudo, das APAMs. rificaram que a cada aumento de R$ 1.000,00 Esse fenômeno pode estar relacionado no valor recebido pelos municípios através do com a mudança das regras e maior rigor na subcritério de unidades de conservação mu- análise dos parâmetros do fator de qualidade nicipais do ICMS Ecológico em Minas Gerais, das unidades de conservação. A deficiência a área protegida aumentou em 41,4 hectares. de pessoal técnico e da estrutura ambiental da CASTRO et al. (2018) analisaram a operação maioria dos municípios agravam a situação, do tributo em 16 estados e demonstraram que que pode ter reflexos sobre os indicadores o ICMS Ecológico induziu a criação anual, do ICMS Ecológico. em média, de 22 mil hectares de unidades É possível ainda que fatores políticos afe- de conservação municipais a mais do que tem a participação dos municípios no ICMS em estados sem o tributo. Ecológico a partir de mudanças provocadas Estudos realizados para avaliar a influ- pelas eleições municipais. Após a implemen- ência do ICMS Ecológico nos municípios do tação do fator de qualidade em 2005, houve estado do Rio de Janeiro reforçam também eleições municipais no país em três ocasiões: a associação desse tributo com a criação de 2008, 2012 e 2016. Em muitos municípios unidades de conservação municipais (CONTI, pode ter ocorrido mudança de gestão polí- 2015; SILVIA, 2018). As pesquisadoras utili- tica, o que proporciona, muitas vezes, em zaram entrevistas com gestores municipais alterações nas equipes, procedimentos e que afirmaram que a criação de unidades de prioridades dos novos governos municipais, conservação é motivada também pela pos- ocasionando dificuldades para retomar o pro- sibilidade de maior arrecadação de recursos cesso e cumprir as exigências do cadastro do financeiros para os municípios. ICMS Ecológico. É importante ressaltar que apesar do O reflexo desses aspectos é que vários estímulo inicial muito forte e do aumento dos municípios saem do cadastro do ICMS Eco- recursos distribuídos pelo ICMS Ecológico no lógico anualmente por não enviarem a docu- estado, a expansão da criação das unidades mentação necessária, ou por apresentarem
16 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 informações discrepantes sobre as ações de das unidades de conservação municipais implementação das unidades de conservação pelos municípios. Já existem exemplos de municipais. programas dessa natureza em outros estados, Por outro lado, os municípios continuam como o Programa de Apoio às Unidades de gradativamente criando unidades de con- Conservação Municipais (ProUC), instituído servação de proteção integral, que devido pela Secretaria de Estado do Ambiente do Rio as características mais restritivas, são áre- de Janeiro (SEA-RJ), e o Programa de Fomento as de grande importância para a proteção à Criação de Unidade de Conservação do da biodiversidade em longo prazo. Além da Instituto de Desenvolvimento Sustentável e busca para ampliar a arrecadação munici- Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do pal pela maior representatividade no cálculo Norte (IDEMA-RN), através do Núcleo de do ICMS Ecológico, a mudança de postura Gestão de Unidades de Conservação (PINTO das prefeituras na criação das unidades de et al., 2017). conservação municipais de proteção integral Esse tipo de programa poderia ter como pode estar relacionada também com a sen- componente o monitoramento das ações de sibilização da população pela proteção da implementação das unidades de conserva- biodiversidade e criação de áreas verdes, ção mantidas pelos municípios, que é um a influência de eventos e grandes acordos aspecto fundamental para que as unidades globais sobre biodiversidade (ex.: Rio+20), cumpram com os objetivos para que foram a maior exigência de sustentabilidade pelos criados, contribuam para consolidar o siste- mercados, o entendimento dos perigos cau- ma de proteção como um todo, e possam sados pelas alterações do clima, e outros gerar recursos financeiros através do ICMS fatores associados. Ecológico. Vale mencionar que as categorias O IEF vem realizando ações para ampliar de manejo predominantes no sistema muni- o conhecimento sobre o ICMS Ecológico e cipal, parques naturais e áreas de proteção atrair e capacitar os municípios sobre a im- ambiental, aumentaram a pontuação média portância e a operacionalização do tributo no do fator de qualidade nos últimos anos (CO- estado. Em 2015, foi realizada auditoria dos MINI, 2017). Os parques naturais pratica- cadastros e uma iniciativa de capacitação mente dobraram a pontuação média entre dos gestores. Em 2017, o órgão elaborou 2014 (0,3290) e 2016 (0,5933). Mas, ainda um manual para orientar os municípios no é preciso avançar na qualificação de todas processo de cadastramento das unidades de unidades de conservação municipais. conservação municipais para fins de recebi- Além das unidades de conservação pú- mento do ICMS Ecológico (IEF-MG, 2017). blicas, existe ainda um grande potencial de A institucionalização de um programa crescimento das RPPNs na esfera municipal estadual de apoio aos municípios pode ser (LOUREIRO; MARTINEZ, 2004; PINTO et al., um instrumento importante para aperfeiçoar e 2017; PINTO et al., 2019), que proporcionaria qualificar a gestão ambiental e a implementação maior reconhecimento e participação do setor
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 17 Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais privado na proteção da biodiversidade. No estado do Rio de Janeiro, alguns municípios acreditam que podem ampliar a pontuação e a receita com o ICMS Ecológico através do incentivo à criação de RPPNs municipais e das demais esferas político-administrativas (SILVA, 2018). Não resta dúvida da importância do ICMS Ecológico como um mecanismo financiador e indutor da agenda ambiental não só em Minas Gerais, mas para os demais estados do país. A utilização das unidades de con- servação como um dos critérios de repasse de recursos do ICMS Ecológico gera receitas tributárias para os municípios e é considerado um ativo econômico importante para centenas de municípios e para sociedade (CASTRO et al., 2018) (FOTOGRÁFIAS 1, 2 e 3). Fonte: Fotogra a de Thiago Metzker
Fotogra a 2 – Área de Proteção Ambiental de Araponga, Araponga, Minas Gerais
Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney
18 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 19 Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais
Fonte: Fotogra a de Thiago Metzker
Fotogra a 2 – Área de Proteção Ambiental de Araponga, Araponga, Minas Gerais
Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 19 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 19 Fotografia 3 – Parque Estadual Serra Nova e Talhado, Minas Gerais
Fonte: Fotografia de Evandro Rodney Entretanto, por restrições constitucionais, Inicialmente o ICMS Ecológico surgiu os recursos do ICMS ecológico não podem ser como uma forma de ressarcir os municípios vinculados e são utilizados de acordo com a pela restrição ao uso de seu território como era vontade política da administração municipal. a visão em relação a presença das unidades É preciso, portanto, aperfeiçoar o processo de conservação. Posteriormente, as mudan- de aplicação dos recursos do ICMS Ecológico ças e o aperfeiçoamento desse mecanismo recebidos pelos municípios, para enfrentar fiscal levaram ao entendimento dos atores pú- o desafio da implementação das unidades blicos do ICMS Ecológico como um importante de conservação municipais e outras ações instrumento de provisão de recursos para a ambientais definidas pelos critérios do tributo efetiva gestão ambiental nos territórios munici- (CONTI, 2015; FERREIRA et al., 2016; RO- pais. Com essas características inovadoras, o MERO et al., 2017). ICMS Ecológico vem sendo reconhecido como uma política pública incentivadora do princípio Considerações Finais ambiental do protetor-recebedor, uma vez que Os resultados encontrados corroboram os municípios são induzidos a elaborarem estudos anteriores que mostram a forte as- políticas públicas voltadas à conservação da sociação entre a criação das unidades de biodiversidade e são remunerados por isso. conservação municipais e a implementação Entretanto, é preciso aperfeiçoar a ope- do ICMS Ecológico em Minas Gerais e em racionalização do ICMS Ecológico continu- outros estados do país (LOUREIRO, 2002; amente. Ainda é necessário avançar e criar EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006; CONTI, processos mais claros e simplificados para 2015; COMINI, 2017; SALVIO, 2017; CAS- manter os municípios já cadastrados, assim TRO et al., 2018; RUGGIERO, 2018; SALVIO como atrair novos municípios que queiram et al., 2018; SILVIA, 2018). criar unidades de conservação e ainda não
20 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 recebem o tributo, além de dar eficiência e de receitas tributárias municipais. In: YOUNG, C.E.F.; ME- transparência na aplicação dos recursos. Nes- DEIROS, R. (Org.). Quanto vale o verde: a importância econômica das unidades de conservação brasileiras. Rio se sentido, os critérios e os parâmetros do de Janeiro, Conservação Internacional, 2018. p. 148-173. ICMS Ecológico de Minas Gerais estão sendo COMINI, I. B. Unidades de conservação como subcri- revisados para garantir maior eficiência na tério determinante para a distribuição do ICMS Ecoló- aplicação dos recursos e na implementação gico no estado de Minas Gerais. 2017. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade Federal das unidades de conservação. de Viçosa, Viçosa, 2017. Os desafios são grandes e esse artigo CONSELHO ESTADUAL DE POLITICA AMBIENTAL- levanta elementos para novos estudos e COPAM (Minas Gerais) • Deliberação Normativa nº 86, questões a serem investigadas envolvendo de 17/06/2005 (Critérios para pontuação no Fator de Qualidade em unidades de conservação e outras áreas o ICMS Ecológico e as unidades de conser- protegidas); Belo Horizonte. Disponível em:http://www. vação municipais. O processo é competitivo e siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=4947 os municípios devem se preparar institucional- CONTI, B. R. ICMS-Ecológico no Estado do Rio de mente para fortalecer sua gestão ambiental, Janeiro: criação, gestão e uso público em unidades de conservação. 2015. 306 f. Tese (Doutorado em Políticas manter os recursos obtidos através do ICMS Públicas, Estratégias e Desenvolvimento) - Universidade Ecológico e, sobretudo, criar as condições Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. adequadas para a criação e implementação EUCLYDES, A. C. P.; MAGALHÃES, S. R. A. A Área de das unidades de conservação municipais, que Proteção Ambiental (APA) e o ICMS Ecológico em Minas Gerais: algumas reflexões. Geografias, v. 2, n. 2, p. 39- contribuirão para a proteção do patrimônio 55, 2006. natural do município e do estado de Minas FERNANDES, L. L.; COELHO A. B.; FERNANDES, E. Gerais, além de fornecer serviços ambientais A.; LIMA, J. E. Compensação e Incentivo à Proteção fundamentais para a sociedade. Ambiental: o caso do ICMS Ecológico em Minas Gerais. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 49, n. 3, p. 521-544, 2011. Referências FERREIRA, S. A.; SIQUEIRA, J. R. M.; MACEDO, M. A. S. AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Avaliação dos impactos da distribuição do ICMS Ecológico Ltda. Base de Dados das Unidades de Conservação do na preservação ambiental da Zona da Mata do estado de Estado de Minas Gerais.2018 Minas Gerais. In: SEMINÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E MEIO AMBIENTE, 1.,2016, Volta Redonda. Anais [...]. AMDA - Associação Mineira de Defesa do Ambiente. Em Volta Redonda: Universidade Federal Fluminense, 2016. Minas, o repasse de ICMS ecológico transformou-se numa indústria de APAS municipais. EcoDebate. 2017. IEF-(Minas Gerais) - Instituto Estadual de Florestas de Mi- Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2017/04/12/ nas Gerais. Manual de procedimentos para o cadastro em-minas-o-repasse-de-icms-ecologico-transformou -se- de unidades de conservação municipais para fins de numa-indústria-de-apas-municipais/. Acesso em: 04 jan. recebimento de ICMS ecológico. Belo Horizonte: IEF, 2019. 2017.
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MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 21 Paraná: CNRPPN, 2004. p. 57-78. ICMS, conforme Art. 1º, da Lei n.12.040, de 28/12/95. Minas Gerais, Diário do Executivo, Belo Horizonte, OLIVEIRA, V. S. Implementação e fator de qualidade 30 abr.1996 de Áreas de Proteção Ambiental em Minas Gerais. 2008. 121 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMAD - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008. (MINAS GERAIS). Resolução nº492, de 29 de ju- nho de 2006. Divulga dados cadastrais apurados OLIVEIRA, V. S.; LIMA, G. S.; OLIVEIRA, L. S.; BRINATI, no 1º trimestre de 2006, referentes aos sistemas de A. Diagnóstico e análise da gestão das áreas de proteção saneamento ambiental com Licença de Operação do ambiental em Minas Gerais. In: LIMA, G. S.; BONTEM- Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM PO, G.; ALMEIDA, M.; GONÇALVES, W. (Org.). Gestão, e às unidades de conservação federais, estaduais, Pesquisa e Conservação em Áreas Protegidas. Viçosa: municipais e particulares, situadas no Estado de Minas Universidade Federal de Viçosa, 2012. p. 101-117. Gerais, segundo o art. 1º, inciso VIII, da Lei nº 13.803, de 28 de dezembro de 2003. Disponível em: http:// PINTO, D. C. Contribuição da Esfera Municipal para www.siam.mg.gov.br/sla/action/consultaPublicacoes. a Cobertura de Unidades de Conservação no Estado do 29/06/2006. de Minas Gerais. 2017. 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMAD (MI- Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017. NAS GERAIS).Resolução nº 318, de 15 de fevereiro de 2005 (Cadastramento de unidades de conservação PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; FONSECA, e outras áreas protegidas); Disponivel em:http://www. M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. K. Unidades de siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=4167. Conservação Municipais da Mata Atlântica. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 2017. SILVA, A. P. V. Os Efeitos do ICMS-E para as políticas ambientais dos municípios fluminenses. 2018. 239 PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; FONSECA, f. Tese (Doutorado em Políticas Públicas, Estratégias e M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. K. ICMS Ecológico Desenvolvimento) - Instituto de Economia da Universi- e as Unidades de Conservação Municipais da Mata dade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. Atlântica. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica. 2019. Agradecimentos ROMERO, F. M. B.; SILVA, L. F.; ISBAEX, C.; ALVES, E. B. B. M.; JACOVINE, L. A. G.; SILVA, M. L. O ICMS ecológico como instrumento econômico de melhorias ambientais e Somos gratos ao Fundo de Parceria para sociais em alguns municípios mineiros. Revista Agro- Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em in- geoambiental, Pouso Alegre, v. 9, n. 3, p. 95-104, 2017. glês para Critical Ecosystem Partnership Fund) RUGGIERO, P. G. C. Impacto de políticas de conser- e Instituto Internacional de Educação do Brasil vação e ciclos eleitorais sobre as áreas protegidas e a (IEB) pelo suporte financeiro e apoio para o cobertura florestal na Mata Atlântica. 2018. 101 f. Tese levantamento das unidades de conservação (Doutorado em Ciências Biológicas) - Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. municipais do Cerrado e à Fundação SOS Mata Atlântica pelo apoio com as bases de dados SALVIO, G. M. M. Áreas Naturais Protegidas e das unidades de conservação municipais da Indicadores Socioeconômicos: o desafio da conser- Mata Atlântica. Agradecemos o Instituto de Ci- vação da natureza. Jundiaí: Paco Editorial, 2017. ências Biológicas da Universidade Federal de SALVIO, G. M. M.; LUCIANO, J.; LUCIANO, R. C. Distri- Minas Gerais e o Instituto Estadual de Florestas buição das áreas naturais protegidas municipais em Minas de Minas Gerais pelo apoio da condução dos Gerais. , v. 2, n. 3, p. 1092-1103, 2018. Braz. Ap. Sci. Rev. trabalhos. Nosso agradecimento pelo suporte Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMAD de vários técnicos e especialistas de ONGs, (MINAS GERAIS). Resolução nº 002, de 29 de abril universidades e das prefeituras dos municípios, de 1996. Divulga a relação de municípios habilitados, os respectivos índices e dados apurados até 31 de que nos auxiliaram com dados e informações dezembro de 1995, referentes ao critério Meio Am- sobre as unidades de conservação municipais biente, para fins de cálculo e distribuição de parcela do públicas e privadas.
22 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Contribuição das unidades de conservação municipais no sistema de proteção da biodiversidade em Minas Gerais
Deborah Costa Pinto1, Luiz Paulo Pinto2, Maria Auxiliadora Drumond3, Cecília Fernandes de Vilhena4
Resumo
Esse estudo tem como objetivo a avaliação da contribuição das unidades de conservação municipais no sistema de proteção da biodiversidade no estado de Minas Gerais. Considerando as três esferas político-administrativas, foram registradas 747 unidades de conservação no estado, totalizando cerca de 6 milhões de hectares protegi- dos. Dessas, 323 são unidades de conservação municipais com cerca de 2,5 milhões de hectares protegidos em 208 municípios. As unidades de conservação municipais representam, portanto, 43,2% do número de unidades e 42,9% da área total protegida em Minas Gerais. A avaliação do sistema de unidades de conservação de Minas Gerais mostra como os governos locais são um elo essencial para a proteção integrada do patrimônio natural do estado.
Palavras chave: áreas protegidas, gestão ambiental municipal, sistema nacional de unidades de conserva- ção, conservação da biodiversidade
Abstract
This study aims to evaluate the contribution of municipal protected areas to the biodiversity protection system in the state of Minas Gerais. Considering the three administrative political spheres, 747 protected areas were registered in the state, totaling about 6 million hectares protected. Of these, 323 are municipal protected areas with about 2.5 million hectares protected in 208 municipalities. The municipal protected areas represent, there- fore, 43.2% of the number of units and 42.9% of the total protected area in Minas Gerais. The evaluation of the system of protected areas in Minas Gerais shows how local governments are essential link for the integrated protection of the state natural heritage.
Keywords: protected areas; municipal environmental management; Brazilian System of Protected Areas, con- servation of biodiversity
1Graduanda em Ciências Biológicas (Ecologia) no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. 2Sócio da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. E-mail: [email protected]. 3Professora do Laboratório de Sistemas Socioecológicos do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. 4Gerente de Implantação e Manejo de Unidades de Conservação da Diretoria de Unidades de Conservação do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais.
23 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 23 Introdução bientais ou órgãos setoriais associados ao setor ambiental nos municípios. As unidades de conservação continuam As unidades de conservação federais e sendo o principal mecanismo de proteção estaduais são mais conhecidas e alvo cons- da biodiversidade, reconhecido por quase tante de ações e estratégias de conserva- todos os países do mundo em importan- ção e investimentos por parte dos governos, tes fóruns de diálogo internacionais, como agências nanciadoras e organizações do a Convenção das Nações Unidas sobre a terceiro setor. Por outro lado, as unidades de Diversidade Biológica (UNEP-WCMC et al., conservação municipais são pouco conhe- 2018). Além de proteger, a longo prazo, a cidas e ainda não envolvidas devidamente integridade de parcelas dos ecossistemas nas estratégias de conservação (GTZ, 2010; naturais no Brasil, o sistema de unidades PINTO et al., 2017). de conservação fornece direta e/ou indire- O grande número (853) de municípios tamente bens e serviços que satisfazem vá- em Minas Gerais, distribuídos em diferentes rias necessidades da sociedade brasileira contextos ambientais e socioeconômicos, (YOUNG; MEDEIROS, 2018). torna ainda mais importante o engajamen- Em 2019, o Brasil completa 20 anos da to e instrumentalização da proteção da bio- criação do Sistema Nacional de Unidades diversidade por meio dos governos locais. de Conservação da Natureza (SNUC), sob Nesse sentido, esse artigo tem como ob- Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000. jetivo ampliar o conhecimento e analisar o O SNUC estabeleceu os critérios e normas cenário das unidades de conservação muni- para a criação, implementação e gestão das cipais em Minas Gerais, e sua contribuição unidades de conservação nas três esferas para fortalecer o sistema de proteção am- político-administrativas – federal, estadual biental no estado. e municipal –, que con guram as unidades Metodologia ou entes da federação brasileira (BRASIL/ MMA, 2006). O trabalho envolveu o levantamento de in- O estado de Minas Gerais possui uni- formações sobre as unidades de conservação dades de conservação nas três esferas de Minas Gerais, com ênfase nas unidades mu- político-administrativas. As unidades fede- nicipais, através de fontes secundárias e con- rais são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversida- tatos com os municípios, durante o período de de (ICMBio) e as estaduais pelo Instituto março de 2016 a dezembro de 2018. Estadual de Florestas (IEF), no âmbito da O levantamento das informações levou em Secretaria Estadual de Meio Ambiente e consideração os seguintes bancos de dados Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). As de unidades de conservação: Cadastro Nacio- unidades de conservação municipais são nal de Unidades de Conservação-CNUC do administradas pelos respectivos órgãos am- Ministério do Meio Ambiente de 2018 (BRASIL/
2424 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Introdução bientais ou órgãos setoriais associados ao MMA, 2018); Banco de Dados de Uni- mas que são criadas formalmente e mane- setor ambiental nos municípios. dades de Conservação Municipais da Mata jadas como unidades de conservação pelos As unidades de conservação continuam As unidades de conservação federais e Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica municípios e estão inclusas no recebimento sendo o principal mecanismo de proteção estaduais são mais conhecidas e alvo cons- de 2018; Atlas Digital Geoambiental do Ins- do ICMS Ecológico – Lei nº 12.040, de 28 da biodiversidade, reconhecido por quase tante de ações e estratégias de conserva- tituto Prístino de 20185; Banco de Dados de de dezembro de 1995, conhecida como Lei todos os países do mundo em importan- ção e investimentos por parte dos governos, Unidades de Conservação do Cerrado e da Robin Hood. tes fóruns de diálogo internacionais, como agências nanciadoras e organizações do Mata Atlântica da Ambiental 44 Informação Ressalta-se que a categoria Reserva Par- a Convenção das Nações Unidas sobre a terceiro setor. Por outro lado, as unidades de e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018. ticular do Patrimônio Natural (RPPN), embora Diversidade Biológica (UNEP-WCMC et al., conservação municipais são pouco conhe- Além disso, foram utilizados no levantamento seja de Uso Sustentável na esfera federal e 2018). Além de proteger, a longo prazo, a cidas e ainda não envolvidas devidamente alguns documentos técnicos como o plano em alguns estados como Minas Gerais (De- integridade de parcelas dos ecossistemas nas estratégias de conservação (GTZ, 2010; diretor municipal, plano de metas municipal, creto no. 39.401, de 21 de janeiro de 1998), naturais no Brasil, o sistema de unidades PINTO et al., 2017). plano de desenvolvimento integrado, e plano foi tratada neste trabalho como pertencen- de conservação fornece direta e/ou indire- O grande número (853) de municípios de conservação e recuperação municipal da te ao grupo de Proteção Integral, devido às tamente bens e serviços que satisfazem vá- em Minas Gerais, distribuídos em diferentes Mata Atlântica (PREFEITURA MUNICIPAL restrições de uso e manejo ao qual estão rias necessidades da sociedade brasileira contextos ambientais e socioeconômicos, DE CARATINGA, 2013; UNILESTE, 2014; submetidas. (YOUNG; MEDEIROS, 2018). torna ainda mais importante o engajamen- PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABIRA, Parques urbanos, apesar da sua importân- Em 2019, o Brasil completa 20 anos da to e instrumentalização da proteção da bio- 2016; GARCIA et al., 2017); literatura cienti- cia para a manutenção de áreas verdes e a criação do Sistema Nacional de Unidades diversidade por meio dos governos locais. fica (artigos, teses e dissertações); websites biodiversidade no contexto urbano, não foram de Conservação da Natureza (SNUC), sob Nesse sentido, esse artigo tem como ob- oficiais das prefeituras; websites e base de incluídos nas análises por desempenharem jetivo ampliar o conhecimento e analisar o Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000. dados do Instituto Estadual de Florestas de funções mais recreativas e estéticas do que cenário das unidades de conservação muni- O SNUC estabeleceu os critérios e normas 20186 e da Fundação João Pinheiro de 20177; de conservação, e por não possuírem regras cipais em Minas Gerais, e sua contribuição para a criação, implementação e gestão das Cadastro de Unidades de Conservação no claras de conservação e gerenciamento. para fortalecer o sistema de proteção am- unidades de conservação nas três esferas ICMS Ecológico de Minas Gerais, através das Para cada unidade de conservação foram biental no estado. político-administrativas – federal, estadual Resoluções da SEMAD sobre os repasses do levantadas as seguintes informações: muni- e municipal –, que con guram as unidades Metodologia tributo entre 20138 e 20189; e contato com as cípio em que se insere; categoria e grupo de ou entes da federação brasileira (BRASIL/ prefeituras dos municípios por meio de um manejo; nome da unidade; área (hectares); MMA, 2006). O trabalho envolveu o levantamento de in- questionário enviado via e-mail. norma legal de criação; e bioma onde está O estado de Minas Gerais possui uni- formações sobre as unidades de conservação Foram registradas as unidades de con- inserida. A informação sobre o bioma a que dades de conservação nas três esferas de Minas Gerais, com ênfase nas unidades mu- servação que estão em conformidade com o pertence a unidade de conservação foi deter- político-administrativas. As unidades fede- nicipais, através de fontes secundárias e con- SNUC. Além dessas, também foram registra- minada a partir de dados dos órgãos gesto- rais são administradas pelo Instituto Chico das as áreas sem informações claras quanto res, do Atlas Digital Geoambiental do Instituto Mendes de Conservação da Biodiversida- tatos com os municípios, durante o período de à sua conformidade ou não com o SNUC, Prístino, e/ou a partir de documentos técnicos de (ICMBio) e as estaduais pelo Instituto março de 2016 a dezembro de 2018. 5https://www.institutopristino.org.br/atlas/ Estadual de Florestas (IEF), no âmbito da O levantamento das informações levou em 6http://www.ief.mg.gov.br/unidades-de-conservacao 7http://fjp.mg.gov.br/robin-hood/index.php/extrato Secretaria Estadual de Meio Ambiente e consideração os seguintes bancos de dados 8Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com critérios ambientais, também conhecido como ICMS Ecológico ou ICMS Verde.A lista de unidades de conservação municipais no cadastro do ICMS Ecológico foi cedida pelo Instituto Estadual Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). As de unidades de conservação: Cadastro Nacio- de Florestas. 9Resolução SEMAD nº 1.987, de 23 de dezembro de 2013; Resolução SEMAD nº 2.242, de 29 de dezembro de 2014;Resolução unidades de conservação municipais são nal de Unidades de Conservação-CNUC do SEMAD nº 2.362, de 30 de março de 2016; Resolução SEMAD nº 2.441, de 22 de dezembro de 2016; Resolução SEMAD nº 2.482, de 30 de março de 2017; Resolução SEMAD nº 2.578, de 29 de dezembro de 2017; Resolução SEMAD nº 2.664, de 25 de julho administradas pelos respectivos órgãos am- Ministério do Meio Ambiente de 2018 (BRASIL/ de 2018.
24 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 25 e da norma legal de criação da unidade. O levantamento considerou ainda o mapa da Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais área de aplicação da Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/2006), segundo Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008. Para complementar os dados levantados, foi realizado contato com todos os municí- pios de Minas Gerais via e-mail, solicitando informações sobre a ocorrência de unidades de conservação e suas informações básicas. Ao todo, 65 municípios responderam ao e- -mail, o que representa 7,6% dos municípios amostrados.
Resultado e Discussão
Considerando as três esferas político-admi- nistrativas, Minas Gerais possui 747 unidades Fonte: Fotogra a deThiago Metzker de conservação públicas e privadas – 429 unidades públicas e 318 Reservas Particu- lares do Patrimônio Natural (RPPN) –, em 10 categorias de manejo, totalizando cerca Fotogra a 2 – Parque Estadual Caminhos dos Gerais, Minas Gerais de 6 milhões de hectares de área protegida (FOTOS 1 e 2; TABELA 1).
Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney
26 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 27 Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais
Fonte: Fotogra a deThiago Metzker
Fotogra a 2 – Parque Estadual Caminhos dos Gerais, Minas Gerais
Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 27 Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados Unidades Conservação no Estado Minas Gerais.2018. AMBIENTAL Fonte: Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018, sobre Unidades Conservação no Estado de Minas Fonte: Base de Dados da (ReservaRPPN Biológica); (Reserva REBIO Particular Silvestre); Vida de (Refúgio REVIS Natural); (Monumento MONA Ecológica); (Estação ESEC Nota: ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico); RDS (Reserva de Desenvolvimento Ambiental); (Área de Proteção APA do Patrimônio Natural); Sustentável). Tabela 1 - Número e área (hectares) de unidades conservação por esfera político-administrativa categoria manejo, em Minas Gerais,em Tabela 2018
2828 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 As unidades de conservação municipais no sistema de proteção do estado. Predomi- representam 43,2% (323 unidades) do núme- nam as categorias RPPN, Parque e Área de ro de unidades de conservação, abrangendo Proteção Ambiental (APA). As três categorias cerca de 2.5 milhões de hectares, ou 42,9% representam 87,8% do número e 96,1% da da área total protegida em Minas Gerais, o área total protegida em Minas Gerais. Comi- que mostra a importância dos governos locais ni (2017) e Pinto (2017) também apontam a na proteção da biodiversidade do estado. predominância dessas três categorias de ma- Ao avaliarem a contribuição municipal no nejo de unidades de conservação em Minas sistema de proteção de unidades de conserva- Gerais. ção nos estados inseridos no bioma da Mata Os municípios possuem maior percentual Atlântica no Brasil, Pinto et al., (2017) também de unidades de conservação no sistema de encontraram uma proporção alta de unidades proteção do estado em 4 categorias de mane- municipais (41%) em relação ao número total jo: Parques (62,1%); Reserva Biológica (87%); de unidades de conservação no bioma. Mas, Área de Proteção Ambiental (90,3%); Área de os autores observaram uma contribuição me- Relevante Interesse Ecológico (todas ARIEs nor em relação a área total protegida, isto é, no estado são municipais); e Floresta (70,6%). as unidades de conservação municipais re- O sistema municipal de unidades de conser- presentam 22,6% da área total das unidades vação possui representantes de 8 das 12 ca- de conservação do bioma. tegorias de manejo do SNUC, sendo Parque Somente as categorias de manejo de uni- Natural (PNM) e Área de Proteção Ambiental dades de conservação Reserva de Fauna e Municipal (APAM) as categorias predominan- Reserva Extrativista não estão representadas tes (TABELA 2).
T el Tabela 2 ero 2 - Número e re e t re e área (hectares)de unid de de de unidades on er o de uni i i conservação or te ori municipais de por nejo, e Min categoria Ger i , e de 201 manejo, em Minas Gerais, em 2018 Categoria de Manejo Nº Área ha t o ol i 1 0, 12 ,00 0,00 Monu ento tur l 1 , . ,1 0, r ue 2 2 , 9.90 , 0, e er Biol i 20 ,2 . , 0, e er rti ul r do tri nio tur l 1, , 0 0,0 Subtotal 122 37,8% 28.330,18 1,1% re de rote o A ient l 1 , 2. 1. 2,02 9 ,9 re de ele nte Intere e ol i o 0,9 , 0,02 lore t 12 , 109,9 0,00 Subtotal 201 62,2% 2.542.005,70 98,9% Total 323 2.5 0.335,88 onte AMBI TA In or o e rojeto e Biodi er id de td . B e Fonte: AMBIENTALde do de nid de 44 Informação de on er o e Projetos no em t do Biodiversidade de Min Ltda. Base de Dados deGer i .201 Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018 Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018, sobre Unidades Conservação no Estado de Minas Fonte: Base de Dados da (ReservaRPPN Biológica); (Reserva REBIO Particular Silvestre); Vida de (Refúgio REVIS Natural); (Monumento MONA Ecológica); (Estação ESEC Nota: ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico); RDS (Reserva de Desenvolvimento Ambiental); (Área de Proteção APA do Patrimônio Natural); Sustentável). Tabela 1 - Número e área (hectares) de unidades conservação por esfera político-administrativa categoria manejo, em Minas Gerais,em Tabela 2018
28 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 2929 ÉÉ precisopreciso analisar analisar a cobertura a cobertura das unidadesdas uni- (CUNHA,O PNM 2010; do Tabuleiro,YOUNG et Fotografia al., 2018). 3, com APAs. Considerando esses fatores, a cobertura das unidades de conservação do grupo de Prote- dedades conservação de conservação municipais municipais e das demais e das esfe de-- 3.500ha,O PNM em doConceição Tabuleiro, do Fotogra Mato Dentro, a 3, com por mais realista das unidades de conservação do ção Integral predominarem em número (69,5%), rasmais político-administrativas esferas político-administrativas com certo cuidado. com exemplo,3.500ha, emfaz sobreposiçãoConceição do com Mato o ParqueDentro, Espor- território mineiro é estimada em 5,8%. A cobertura as unidades de Uso Sustentável contribuem mais Existem sobreposições entre as categorias de certo cuidado. Existem sobreposições entre tadualexemplo, da fazSerra sobreposição do Intendente com (13.508,83ha). o Parque Es- apenas das unidades de conservação públicas, fortemente para a área total protegida (77,2%). manejo e entre as unidades de conservação Isso se re ete na cobertura territorial dos dois gru- as categorias de manejo e entre as unidades Atadual prefeitura da Serra de doConceição Intendente do (13.508,83ha). Mato Dentro ou seja, sem as RPPNs, cai para 5,6%. de diferentes esferas político-administrativas. A prefeitura de Conceição do Mato Dentro Se considerarmos somente as unidades de pos de manejo. Enquanto as unidades de Prote- de conservação de diferentes esferas políti- permanece como responsável pela gestão do Estimativasco-administrativas. para a EstimativasMata Atlântica para e paraa Mata as permanece como responsável pela gestão do conservação municipais, a cobertura é de 4,4% ção Integral cobrem 2,3% do território mineiro, as PNM do Tabuleiro, e mantém parceria com o unidades de conservação federais e estaduais de Uso Sustentável, cobrem 7,9% (não conside- Atlântica e para as unidades de conservação PNM do Tabuleiro, e mantém parceria com o do território mineiro em números absolutos. To- em todo o país indicam uma taxa de sobreposi- Instituto Estadual de Florestas através de um rando as possíveis sobreposições). federais e estaduais em todo o país indicam Instituto Estadual de Florestas através de um mando como base os mesmos fatores de análise ção entre 3,5% a 4% (CUNHA, 2010; YOUNG termo de cooperação técnica. Esse desequilíbrio entre os grupos de ma- uma taxa de sobreposição entre 3,5% a 4% termo de cooperação técnica. mencionados anteriormente, a cobertura das uni- nejo é ainda maior na rede de unidades de con- et al., 2018). dades de conservação municipais representaria Fotogra a 3 – Parque Natural Municipal do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais servação municipais, pois as unidades de Uso de fato 2% do território do estado. Fotografia 3 – Parque Natural Municipal do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais Sustentável representam 98,9% da área total A cobertura de unidades de conservação protegida pelos municípios e 62,2% do número em Minas Gerais (5,8%) não atinge a meta es- de unidades (GRÁFICO 1). As unidades de Pro- tabelecida pela Convenção sobre a Diversidade teção Integral municipais cobrem somente 0,05% Biológica de 17% do território coberto por áreas do território mineiro, enquanto as de Uso Susten- protegidas para cada país ou regiões subnacio- tável, cobrem 4,3% (não considerando as possí- nais (estados e municípios), como estabelecido veis sobreposições). no acordo global. Preocupa também a distribuição irregular das Se consideramos apenas a cobertura por unidades de conservação municipais no estado, unidades de conservação do grupo de Proteção com maior concentração (55,2%) em três mesor- Integral a situação ainda é mais desa adora para regiões do território mineiro – Zona da Mata, Me- um estado de elevada biodiversidade como Mi- tropolitana de BH e Vale do Rio Doce (SALVIO et Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto nas Gerais (DRUMMOND et al., 2005). Apesar al., 2018).
Além das sobreposições, é preciso observar PINTO et al., 2017; MEDEIROS et al., 2018). Grá co 1 – Percentual do número (a) e da área (b) de unidades de conservação por esfera político-admi- ainda o grande número de unidades de conser- Em números absolutos, o estado de Minas nistrativa e por grupo de manejo (unidade de conservação de proteção integral e de uso sustentável) em Minas Gerais, em 2018 vação de uso sustentável em Minas Gerais. A Gerais teria 10,2% do território coberto por unida- APA é a categoria de manejo predominante, re- des de conservação. Mas, para avaliar a cober- presentando 27,6% (206) de todas as unidades tura real das unidades de conservação é preciso de conservação registradas, e cerca de 75,4% levar em consideração os fatores mencionados (4,5 milhões de hectares) da área total protegida. acima, ou seja, as sobreposições entre as uni- As APAs municipais contribuem fortemente para dades, as diferenças entre os grupos de manejo esse cenário, pois são 186 unidades dessa cate- (proteção integral e uso sustentável) e a cobertu- goria administradas pelos municípios, totalizando ra da vegetação nativa, sobretudo, nas APAs. cerca de 2,5 milhões de hectares. Estudos mos- Para isso, adotamos um percentual de 5% tram que a cobertura da vegetação nativa nas nas sobreposições entre as unidades e a média Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018, sobre APAs pode variar de 40 a 60% (CUNHA, 2010; de 50% da cobertura da vegetação nativa nas Unidades de conservação no Estado de Minas Gerais
3030 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 31 É preciso analisar a cobertura das uni- (CUNHA, 2010; YOUNG et al., 2018). APAs. Considerando esses fatores, a cobertura das unidades de conservação do grupo de Prote- dades de conservação municipais e das de- O PNM do Tabuleiro, Fotogra a 3, com mais realista das unidades de conservação do ção Integral predominarem em número (69,5%), mais esferas político-administrativas com 3.500ha, em Conceição do Mato Dentro, por território mineiro é estimada em 5,8%. A cobertura as unidades de Uso Sustentável contribuem mais certo cuidado. Existem sobreposições entre exemplo, faz sobreposição com o Parque Es- apenas das unidades de conservação públicas, fortemente para a área total protegida (77,2%). as categorias de manejo e entre as unidades tadual da Serra do Intendente (13.508,83ha). ou seja, sem as RPPNs, cai para 5,6%. Isso se re ete na cobertura territorial dos dois gru- de conservação de diferentes esferas políti- A prefeitura de Conceição do Mato Dentro Se considerarmos somente as unidades de pos de manejo. Enquanto as unidades de Prote- co-administrativas. Estimativas para a Mata permanece como responsável pela gestão do conservação municipais, a cobertura é de 4,4% ção Integral cobrem 2,3% do território mineiro, as de Uso Sustentável, cobrem 7,9% (não conside- Atlântica e para as unidades de conservação PNM do Tabuleiro, e mantém parceria com o do território mineiro em números absolutos. To- rando as possíveis sobreposições). federais e estaduais em todo o país indicam Instituto Estadual de Florestas através de um mando como base os mesmos fatores de análise Esse desequilíbrio entre os grupos de ma- uma taxa de sobreposição entre 3,5% a 4% termo de cooperação técnica. mencionados anteriormente, a cobertura das uni- nejo é ainda maior na rede de unidades de con- dades de conservação municipais representaria Fotogra a 3 – Parque Natural Municipal do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais servação municipais, pois as unidades de Uso de fato 2% do território do estado. Sustentável representam 98,9% da área total A cobertura de unidades de conservação protegida pelos municípios e 62,2% do número em Minas Gerais (5,8%) não atinge a meta es- de unidades (GRÁFICO 1). As unidades de Pro- tabelecida pela Convenção sobre a Diversidade teção Integral municipais cobrem somente 0,05% Biológica de 17% do território coberto por áreas do território mineiro, enquanto as de Uso Susten- protegidas para cada país ou regiões subnacio- tável, cobrem 4,3% (não considerando as possí- nais (estados e municípios), como estabelecido veis sobreposições). no acordo global. Preocupa também a distribuição irregular das Se consideramos apenas a cobertura por unidades de conservação municipais no estado, unidades de conservação do grupo de Proteção com maior concentração (55,2%) em três mesor- Integral a situação ainda é mais desa adora para regiões do território mineiro – Zona da Mata, Me- um estado de elevada biodiversidade como Mi- tropolitana de BH e Vale do Rio Doce (SALVIO et Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto nas Gerais (DRUMMOND et al., 2005). Apesar al., 2018).
Além das sobreposições, é preciso observar PINTO et al., 2017; MEDEIROS et al., 2018). GráficoGrá co 11 – PercentualPercentual dodo númeronúmero (a) ee dada áreaárea (b) dede unidadesunidades dede conservaçãoconservação porpor esferaesfera político-admi-político-admi- ainda o grande número de unidades de conser- Em números absolutos, o estado de Minas nistrativa e nistrativa por grupo e de por manejo grupo (unidadede manejo de (unidade conservação de conservação de proteção de integral proteção e de integral uso sustentável) e de uso sus- em Minas Gerais, tentável) em 2018 em Minas Gerais, em 2018 vação de uso sustentável em Minas Gerais. A Gerais teria 10,2% do território coberto por unida- APA é a categoria de manejo predominante, re- des de conservação. Mas, para avaliar a cober- presentando 27,6% (206) de todas as unidades tura real das unidades de conservação é preciso de conservação registradas, e cerca de 75,4% levar em consideração os fatores mencionados (4,5 milhões de hectares) da área total protegida. acima, ou seja, as sobreposições entre as uni- As APAs municipais contribuem fortemente para dades, as diferenças entre os grupos de manejo esse cenário, pois são 186 unidades dessa cate- (proteção integral e uso sustentável) e a cobertu- goria administradas pelos municípios, totalizando ra da vegetação nativa, sobretudo, nas APAs. cerca de 2,5 milhões de hectares. Estudos mos- Para isso, adotamos um percentual de 5% tram que a cobertura da vegetação nativa nas nas sobreposições entre as unidades e a média Fonte: Fonte: AMBIENTAL Base de Dados 44 Informação da Ambiental e Projetos 44 Informação em Biodiversidade e Projetos em Ltda. Biodiversidade Base de Dados Ltda. de de Unidades 2018, sobre de Con- APAs pode variar de 40 a 60% (CUNHA, 2010; de 50% da cobertura da vegetação nativa nas servação Unidades no de Estado conservação de Minas no Gerais.2018 Estado de Minas Gerais
30 31 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 31 Das 318 RPPNs registradas em Minas 2015), mas essa categoria de manejo tem Gerais, 90 são federais, 223 estaduais, e ainda grande potencial para ampliar a parti- apenas 5 são municipais. As cinco RPPNs cipação no sistema de proteção no estado, municipais, totalizando 858,80ha, estão visto o crescimento do protagonismo do se- localizadas no sul de Minas Gerais – uma tor privado na área ambiental e dos meca- no município de Extrema e as demais em nismos econômicos como ICMS Ecológico Itamonte (FOTOGRAFIA 4). Poucos muni- e pagamento por serviços ambientais que cípios no país possuem legislação própria podem bene ciar diretamente o proprietário para criação de RPPNs (MACHADO et al., rural (OJIDOS, 2017; PINTO et al., 2019).
Fotogra a 4 – RPPN Municipal do Jacuaçu, em Extrema, Minas Gerais.
Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto.
Quase metade (406 municípios) dos 853 AA grandegrande maioriamaioria dosdos municípiosmunicípios (76%)(76%) municípios do estado de Minas Gerais pospos-- possuipossui somentesomente uma uma unidade unidade de de conservação conserva- suem umauma unidade unidade de de conservação conservação pública pública e/ municipalção municipal (GRÁF. (GRÁFICO 2). Apenas 2). Apenas 21 municípios 21 mu- oue/ou privada privada em em seu seu território. território. As As323 323 unidades unida- possuemnicípios possuem 3 ou mais 3 ou unidade mais unidade de conserva de con-- servação municipais. Um número expressivo dedes conservação de conservação municipais municipais estão estãodistribuídas distri- ção municipais. Um número expressivo de por 208 municípios, o que representa 24,4% municípiosde municípios (120) (120) do estadodo estado possui possui somente buídas por 208 municípios, o que representa municípios do estado. Juiz de Fora é o municí- unidadessomente unidadesde conservação de conservação municipais munici- como 24,4% municípios do estado. Juiz de Fora é pio com o maior número (14) de unidades de espaçopais como protegido espaço protegidooficial para o cial conservação para con- o município com o maior número (14) de uni- conservação municipais. Destaque também daservação biodiversidade da biodiversidade em seus territórios,em seus territó-o que dades de conservação municipais. Destaque para Itabira e Uberlândia com 8 unidades de reforçarios, o queainda reforça mais a ainda importância mais a dessas importância áreas conservaçãotambém para municipaisItabira e Uberlândia cada. com 8 uni- mantidasdessas áreas pelos mantidas governos peloslocais. governos lo- dades de conservação municipais cada. cais.
3232 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Das 318 RPPNs registradas em Minas 2015), mas essa categoria de manejo tem Gráfico 2 – Quantidade de unidades de conservação municipais por município em Minas Gerais, em 2018 Grá co 2 – Quantidade de unidades de conservação municipais por município em Minas Gerais, em Gerais, 90 são federais, 223 estaduais, e ainda grande potencial para ampliar a parti- 2018. apenas 5 são municipais. As cinco RPPNs cipação no sistema de proteção no estado, municipais, totalizando 858,80ha, estão visto o crescimento do protagonismo do se- localizadas no sul de Minas Gerais – uma tor privado na área ambiental e dos meca- no município de Extrema e as demais em nismos econômicos como ICMS Ecológico Itamonte (FOTOGRAFIA 4). Poucos muni- e pagamento por serviços ambientais que cípios no país possuem legislação própria podem bene ciar diretamente o proprietário para criação de RPPNs (MACHADO et al., rural (OJIDOS, 2017; PINTO et al., 2019).
Fotogra a 4 – RPPN Municipal do Jacuaçu, em Extrema, Minas Gerais.
Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Con- servação no Estado de Minas Gerais.2018 Fonte:
Como era esperado, pela área que ocupam possui maior número de unidades de conser- Como era esperado, pela área que ocupam de conservação (66,9%) e área total prote- no estado, os biomas protegidos pelo maior nú- vação (66,9%) e área total protegida (52,6%). no estado, os biomas protegidos pelo maior nú- gida (52,6%). O Cerrado possui 27% uni- mero de unidades dede conservaçãoconservação sãosão aa MataMata O Cerrado possui 27% das unidades e 37,2% dades e 37,2% da área total protegida no Atlântica ee oo Cerrado Cerrado (GRÁFICO.3). (GRÁFICO 3). Apesar Apesar de da área total protegida no estado. Já a pequena estado. Já a pequena porção da Caatinga ocuparde ocupar um percentualum percentual menor menor do território do território de Mi- porção da Caatinga em Minas Gerais possui três em Minas Gerais possui três unidades de nasde Minas Gerais Gerais do que doo Cerrado, que o Cerrado, a Mata Atlântica a Mata unidades de conservação. Atlântica possui maior número de unidades conservação. Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto. Grá co 3 – Distribuição percentual da área protegida por unidades de conservação por Quase metade (406 municípios) dos 853 A grande maioria dos municípios (76%) bioma, nas três esferas político-administrativas, em Minas Gerais, em 2018. municípios do estado de Minas Gerais pos- possui somente uma unidade de conserva- suem uma unidade de conservação pública ção municipal (GRÁFICO 2). Apenas 21 mu- e/ou privada em seu território. As 323 unida- nicípios possuem 3 ou mais unidade de con- servação municipais. Um número expressivo des de conservação municipais estão distri- de municípios (120) do estado possui buídas por 208 municípios, o que representa somente unidades de conservação munici- 24,4% municípios do estado. Juiz de Fora é pais como espaço protegido o cial para con- o município com o maior número (14) de uni- servação da biodiversidade em seus territó- dades de conservação municipais. Destaque rios, o que reforça ainda mais a importância também para Itabira e Uberlândia com 8 uni- dessas áreas mantidas pelos governos lo- Fonte:Fonte: Base AMBIENTAL de Dados 44 da Informação Ambiental 44 e ProjetosInformação em e BiodiversidadeProjetos em Biodiversidade Ltda. Base deLtda. Dados de dades de conservação municipais cada. cais. Unidades de 2018, de Conservação sobre Unidades no Estado de Conservação de Minas Gerais.2018 no Estado de Minas Gerais Conservação no Estado de Minas Gerais 32 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 33 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 33 Minas Gerais possui vasta área de con- proteção de contatos e intercâmbio da fauna da Mata Atlântica no estado. O complexo de tato entre os biomas. As áreas de ecótonos e ora desses biomas. unidades de conservação nessa área conta possuem 5,6% (42) das unidades de con- Ao analisar separadamente a cobertura com cerca de 120 mil hectares, envolvendo 7 servação e 9,6% da área total protegida. das unidades de conservação municipais unidades de conservação municipais (todas Pela maior ocorrência do Cerrado e Mata por bioma em Minas Gerais, a Mata Atlânti- APAMs) de 7 municípios, que formam uma Atlântica no estado, mais de 530 mil hecta- ca também é melhor representada. O bioma “zona de proteção” no entorno do Parque Es- res de ecótonos entre os dois biomas estão possui 77,1% das unidades de conservação tadual do Rio Doce. cobertos por unidades de conservação, o municipais e 68% da área total protegida no Em outros exemplos, 5 APAMs de 5 mu- que é muito interessante pelo potencial TAB Ade estado (TABELA 3). nicípios formam um complexo de cerca de 76 mil hectares no entorno do Parque Estadual ero e re de unid de de on er o uni i i de Min Ger i or io e ru o de Tabela 3 - Número e área de unidades de conservação municipais de Minas Gerais por bioma e grupo da Serra do Brigadeiro. O Parque Estadual nejo I rote o Inte r l o u tent el de manejo (PI - Proteção Integral; US – Uso Sustentável) da Serra do Cabral, na transição entre o Cer- Nº Área (ha) Bioma rado e a Mata Atlântica, possui um comple- PI % US % Total % PI % US % Total % xo de cerca de 273 mil hectares, envolvendo Cerrado 40 12,4% 27 8,4% 67 20,7% 8.991,09 0,3% 794.065,93 30,9% 803.057,02 31,2% 5 APAMs em 5 municípios (MAPAS 1, 2 e 3). Mata Atlântica 77 23,8% 172 53,3% 249 77,1% 16.567,46 0,6% 1.730.070,50 67,3% 1.746.637,96 68,0%
Cerrado e 5 1,5% 2 0,6% 7 2,2% 2.771,63 0,1% 17.869,27 0,7% 20.640,90 0,8% Mata Atlântica
Total 122 201 323 28.330,18 2.542.005,70 2.570.335,88
Fonte: onte AMBIENTAL B e de 44 do Informação d A ient l e Projetos emIn o Biodiversidader o e rojeto Ltda. e Base Biodi er id de de Dados de td . Unidades de de Conservação201 , o re no Estado nid de de Minas de on er o Gerais.2018 no t do de Min Ger i
O elevado número e área de unidades de tionada pelas inúmeras di culdades de imple- conservação municipais na Mata Atlântica é mentação (CABRAL et al., 2001; OLIVEIRA, fortemente marcada pelas APAMs, que totali- 2008). Por outro lado, se bem estruturadas e zam 159 unidades com cerca de 1,7 milhão de com investimentos adequados, e com a zona hectares nesse bioma no estado. A criação de de vida silvestre de nidas e protegidas, as APAMs, principalmente na nal da década de APAs poderiam proporcionar oportunidades 1990 e início dos anos 2000, vem sendo as- de maior controle e ordenamento territorial, sociada a implementação do ICMS Ecológico além de estimular a participação e mobiliza- no estado (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006; ção social em diferentes regiões do estado. OLIVEIRA et al., 2012; PINTO et al., neste vo- Minas Gerais possui casos que têm gran- lume; PINTO et al, 2019). de potencial de oportunidades para a cons- A predominância de APAs nas três esferas trução de territórios sustentáveis através da político-administrativas em Minas Gerais, 206 formação de mosaicos de APAs e outras ca- unidades (186 municipais) em cerca de 4,5 mi- tegorias mais restritivas de unidades de con- lhões de hectares, é um enorme desa o para servação. É o caso, por exemplo, do Parque os órgãos ambientais e para a sociedade. Estadual do Rio Doce, uma das maiores uni- Essa categoria de manejo vem sendo ques- dades de conservação de proteção integral MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 35 3434 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Minas Gerais possui vasta área de con- proteção de contatos e intercâmbio da fauna da Mata Atlântica no estado. O complexo de tato entre os biomas. As áreas de ecótonos e ora desses biomas. unidades de conservação nessa área conta possuem 5,6% (42) das unidades de con- Ao analisar separadamente a cobertura com cerca de 120 mil hectares, envolvendo 7 servação e 9,6% da área total protegida. das unidades de conservação municipais unidades de conservação municipais (todas Pela maior ocorrência do Cerrado e Mata por bioma em Minas Gerais, a Mata Atlânti- APAMs) de 7 municípios, que formam uma Atlântica no estado, mais de 530 mil hecta- ca também é melhor representada. O bioma “zona de proteção” no entorno do Parque Es- res de ecótonos entre os dois biomas estão possui 77,1% das unidades de conservação tadual do Rio Doce. cobertos por unidades de conservação, o municipais e 68% da área total protegida no Em outros exemplos, 5 APAMs de 5 mu- que é muito interessante pelo potencial de estado (TABELA 3). nicípios formam um complexo de cerca de 76 mil hectares no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. O Parque Estadual da Serra do Cabral, na transição entre o Cer- rado e a Mata Atlântica, possui um comple- xo de cerca de 273 mil hectares, envolvendo 5 APAMs em 5 municípios (MAPAS 1, 2 e 3).
O elevado número e área de unidades de tionada pelas inúmeras di culdades de imple- conservação municipais na Mata Atlântica é mentação (CABRAL et al., 2001; OLIVEIRA, fortemente marcada pelas APAMs, que totali- 2008). Por outro lado, se bem estruturadas e zam 159 unidades com cerca de 1,7 milhão de com investimentos adequados, e com a zona hectares nesse bioma no estado. A criação de de vida silvestre de nidas e protegidas, as APAMs, principalmente na nal da década de APAs poderiam proporcionar oportunidades 1990 e início dos anos 2000, vem sendo as- de maior controle e ordenamento territorial, sociada a implementação do ICMS Ecológico além de estimular a participação e mobiliza- no estado (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006; ção social em diferentes regiões do estado. OLIVEIRA et al., 2012; PINTO et al., neste vo- Minas Gerais possui casos que têm gran- lume; PINTO et al, 2019). de potencial de oportunidades para a cons- A predominância de APAs nas três esferas trução de territórios sustentáveis através da político-administrativas em Minas Gerais, 206 formação de mosaicos de APAs e outras ca- unidades (186 municipais) em cerca de 4,5 mi- tegorias mais restritivas de unidades de con- lhões de hectares, é um enorme desa o para servação. É o caso, por exemplo, do Parque os órgãos ambientais e para a sociedade. Estadual do Rio Doce, uma das maiores uni- Essa categoria de manejo vem sendo ques- dades de conservação de proteção integral MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 35 34 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 35 Mapas 1, 2 e 3 – Complexo de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em Todos os biomas inseridos no estado sua totalidade é fundamental para o planeja- Mapas 1, 2 e 3 – ComplexoMinas Gerais de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em Minas Gerais ainda precisam ampliar a rede de proteção mento, aprimoramento e de nição das ações Mapas 1, 2 e 3 – Complexo de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em através das unidades de conservação, prin- e estratégias de conservação no estado. Minas Gerais. cipalmente o Cerrado. Esse é um momento Mas, o nível de registro das unidades
1. APAM Serra do Timóteo (Timóteo) – 4.400,00ha; 2. APAM Belém (Marliéria) – 3.247,12ha; oportuno, já que estão sendo revisadas as de conservação no CNUC, referência para 3. APAM Bom Jesus do Galho (Bom Jesus do Galho) – 29.230,00ha; áreas prioritárias para conservação da bio- o estabelecimento de uma base nacional 1 4. APAM Pingo D’Água (Pingo D’Água) – 3.994,50ha; 5. APAM Córrego Novo (Córrego Novo) – 11.742,00ha; diversidade de Minas Gerais, que serão fun- de unidades de conservação, ainda é baixo. 2 6. APAM Dionísio (Dionísio) – 22.909,37ha; 7 3 7. APAM Jaguaraçu (Jaguaraçu) – 7.819,75ha; e damentais para orientar as medidas e áreas Apenas 31,9% (238) das unidades de con- 8. Parque Estadual do Rio Doce (Dionísio, Marliéria e Timóteo) - 35.970,00ha 8 4 necessárias para garantir maior proteção ao servação registradas em Minas Gerais estão
patrimônio natural do estado. cadastradas no CNUC. Das 316 unidades de
6 5 É preciso atenção as áreas especiais conservação estaduais, 234 (74%) não estão
contendo espécies ameaçadas de extinção, cadastradas, e das 323 unidades municipais,
endêmicas e raras, além de ambientes úni- 275 (85,1%) ainda não foram registradas.
cos e importantes para a manutenção de A integração da gestão dos sistemas de
1. APAM Bom Jesus (Divino) – 4.534,25 ha serviços ambientais essenciais à sociedade unidades de conservação nas três esferas 2. APAM Araponga (Araponga) – 14.991,00 ha 1 3. APAM Fervedouro (Fervedouro) – 14.329,84 ha (ex.: cangas, veredas, mata seca, ecossis- político-administrativas será fundamental 6 4. APAM Ervália (Ervália) – 21.779,00 ha 2 5. APAM Pico do Itajurú (Muriaé) – 4.818,00 ha PE Serra do Brigadeiro (Araponga, Divino, Ervália, temas aquáticos etc.). Nesse sentido, será para o sucesso do sistema de proteção como 3 Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita e Sericita) – 14.984,00 ha importante uma avaliação mais detalhada um todo, principalmente para os municípios
da cobertura das unidades de conservação que ainda são o elo institucional mais frágil 4 5 nos diferentes tipos de ecossistemas dentro dessa rede de colaboração. Um exemplo im- dos biomas, com estímulo e incentivos para portante de colaboração entre estado e mu- a criação de unidades de conservação na es- nicípios nessa área no Brasil é o Programa fera municipal. de Apoio às Unidades de Conservação Mu-
O conhecimento sobre a rede de unida- nicipais (ProUC), instituído pela Secretaria des de conservação municipais vem evoluin- de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro 1. APAM Serra do Cabral (Francisco Dumont) – 84.980,24 ha 2. APAM Serra do Cabral (Lassance) – 81.103,92 ha 3. APAM Serra do Cabral (Joaquim Felício) – 24.184,00 ha do, sobretudo nos últimos anos, com os traba- (SEA-RJ), por meio da Resolução no. 130, 4. APAM Serra do Cabral (Buenópolis) – 30.586,41 ha 5. APAM Serra do Cabral (Augusto de Lima) – 30.052,65 ha lhos da GTZ (2010), SALVIO (2017), PINTO de 28 de outubro de 2009. 1 6. PE Serra do Cabral (Buenópolis e Joaquim Felício) – 22.494,17 ha (2017), PINTO et al. (2017), SALVIO et al. O ProUC tem como objetivo prestar apoio
3 (2018) e PINTO et al. (2019). Todos apontam técnico e capacitação aos municípios, incen- 2 6 para uma surpreendente e importante parti- tivando a criação de unidades de conserva- 4 cipação dos governos locais na criação e im- ção em seus territórios. O programa contribui 5 plementação de unidades de conservação. também para a implementação das unidades O melhor conhecimento da rede de unida- de conservação municipais já existentes, na Fonte: Adaptado do Mapa do Atlas Digital Geoambiental de Minas Gerais do Instituto Prístino 10 Fonte:Fonte: AdaptadoAdaptado dodo MapaMapa dodo AtlasAtlas DigitalDigital GeoambientalGeoambiental dede MinasMinas GeraisGerais dodo InstitutoInstituto PrístinoPrístino9 des de conservação municipais nos permite recategorização e revisão de instrumentos Fonte: Adaptado. do Mapa do Atlas Digital Geoambiental de Minas Gerais do Instituto Prístino9 uma visão mais completa do sistema de pro- da gestão e na capacitação dos conselhos . teção do estado de Minas Gerais, envolven- das unidades. do as três esferas político-administrativas. A O Instituto de Desenvolvimento Sustentá- 10 https://www.institutopristino.org.br/atlas/ divulgação e monitoramento do sistema em vel e Meio Ambiente do Estado do Rio Gran- https://www.institutopristino.org.br/atlas/ 3636 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 37 36 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Todos os biomas inseridos no estado sua totalidade é fundamental para o planeja- Mapas 1, 2 e 3 – Complexo de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em Minas Gerais ainda precisam ampliar a rede de proteção mento, aprimoramento e de nição das ações através das unidades de conservação, prin- e estratégias de conservação no estado. cipalmente o Cerrado. Esse é um momento Mas, o nível de registro das unidades oportuno, já que estão sendo revisadas as de conservação no CNUC, referência para áreas prioritárias para conservação da bio- o estabelecimento de uma base nacional diversidade de Minas Gerais, que serão fun- de unidades de conservação, ainda é baixo. damentais para orientar as medidas e áreas Apenas 31,9% (238) das unidades de con- necessárias para garantir maior proteção ao servação registradas em Minas Gerais estão patrimônio natural do estado. cadastradas no CNUC. Das 316 unidades de É preciso atenção as áreas especiais conservação estaduais, 234 (74%) não estão contendo espécies ameaçadas de extinção, cadastradas, e das 323 unidades municipais, endêmicas e raras, além de ambientes úni- 275 (85,1%) ainda não foram registradas. cos e importantes para a manutenção de A integração da gestão dos sistemas de serviços ambientais essenciais à sociedade unidades de conservação nas três esferas (ex.: cangas, veredas, mata seca, ecossis- político-administrativas será fundamental temas aquáticos etc.). Nesse sentido, será para o sucesso do sistema de proteção como importante uma avaliação mais detalhada um todo, principalmente para os municípios da cobertura das unidades de conservação que ainda são o elo institucional mais frágil nos diferentes tipos de ecossistemas dentro dessa rede de colaboração. Um exemplo im- dos biomas, com estímulo e incentivos para portante de colaboração entre estado e mu- a criação de unidades de conservação na es- nicípios nessa área no Brasil é o Programa fera municipal. de Apoio às Unidades de Conservação Mu- O conhecimento sobre a rede de unida- nicipais (ProUC), instituído pela Secretaria des de conservação municipais vem evoluin- de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro do, sobretudo nos últimos anos, com os traba- (SEA-RJ), por meio da Resolução no. 130, lhos da GTZ (2010), SALVIO (2017), PINTO de 28 de outubro de 2009. (2017), PINTO et al. (2017), SALVIO et al. O ProUC tem como objetivo prestar apoio (2018) e PINTO et al. (2019). Todos apontam técnico e capacitação aos municípios, incen- para uma surpreendente e importante parti- tivando a criação de unidades de conserva- cipação dos governos locais na criação e im- ção em seus territórios. O programa contribui plementação de unidades de conservação. também para a implementação das unidades O melhor conhecimento da rede de unida- de conservação municipais já existentes, na des de conservação municipais nos permite recategorização e revisão de instrumentos Fonte: Adaptado do Mapa do Atlas Digital Geoambiental de Minas Gerais do Instituto Prístino9 uma visão mais completa do sistema de pro- da gestão e na capacitação dos conselhos . teção do estado de Minas Gerais, envolven- das unidades. do as três esferas político-administrativas. A O Instituto de Desenvolvimento Sustentá- divulgação e monitoramento do sistema em vel e Meio Ambiente do Estado do Rio Gran- https://www.institutopristino.org.br/atlas/ MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 3737 36 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 de do Norte (IDEMA-RN), através do Núcleo Considerações Finais e mantendo um processo de monitoramento 2018. Disponível em: http://www.mma.gov.br/areas- protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-gerar- de Gestão de Unidades de Conservação, desse contingente de unidades de conserva- relatorio-de-uc Acesso em: 06 nov. 2018. vem também desenvolvendo ações simila- As unidades de conservação municipais ção. Serão importantes ainda investimentos CABRAL, N. R. A. J.; CÔRTES, M. R.; SOUZA, M. P. res com os municípios potiguares através do merecem o reconhecimento e investimentos em capital humano e nanceiro, além de uma Áreas de protección ambiental en Basil y los con ictos Programa de Fomento à Criação de Unidade adequados pela sua importância no cenário boa governança e colaboração entre os en- en su administración. Investigaciones Geográ cas, n. 26, p. 181-189, 2001. de Conservação. Seria muito bem-vindo um da conservação e dos benefícios que pro- tes da federação. programa dessa natureza em Minas Gerais, porcionam para a sociedade. Distribuídas Espera-se que esse estudo possa esti- CARATINGA (MG) Prefeitura Municipal Plano de Metas 2013-2016: Programa Cidades Sustentáveis. que já possui um embrião através do proces- em centenas de municípios, as unidades de mular novas investigações sobre a rede de Caratinga: Prefeitura Municipal, 2013. so de colaboração entre estado e municípios conservação municipais permitem uma ca- unidades de conservação municipais em Mi- COMINI, I. B. Unidades de conservação como via distribuição do ICMS Ecológico (PINTO et pilaridade fundamental para as estratégias nas Gerais. Aspectos como a qualidade do subcritério determinante para a distribuição do al., neste volume). e ações de conservação da biodiversidade. ICMS Ecológico no estado de Minas Gerais. 2017. habitat natural em cada unidade, a ocorrên- 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal)- Um programa desse tipo poderia priori- São parte integrante de mosaicos de prote- cia e proteção de populações de espécies ra- Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2017. zar a criação de unidades de conservação de ção nos territórios e podem fortalecer e com- ras, endêmicas e ameaçadas de extinção, a CUNHA, A. A. Expansão da rede de unidades de proteção integral para proteção de manan- plementar as redes federal e estadual de sobreposição e integração com as unidades conservação da Mata Atlântica e sua e cácia ciais, tão essencial para várias áreas do es- unidades de conservação, além das outras para a proteção das to sionomias e espécies de conservação das outras esferas político- de primatas: análises em sistemas de informação tado. Ainda existem muitas áreas potenciais áreas protegidas (ex.: Terras Indígenas, e as administrativas, a provisão de serviços am- geográ ca. 2010. 128 f. Tese (Doutorado em e de elevada biodiversidade e integridade Áreas de Preservação Permanente e Reser- Ciências Biológicas)-Programa de Pós-Graduação em bientais e o papel dessas áreas no enfrenta- Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, que podem se tornar unidades de conser- vas Legais). Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal mento às mudanças do clima são alguns dos vação no território mineiro. Praticamente ¾ As unidades de conservação municipais de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. elementos que ainda precisam melhor enten- dos municípios mineiros não possuem uni- contribuem também para ampliar a conectivi- DRUMMOND, G. M.; MARTINS, C. S.; MACHADO, dimentos. Por m, a expectativa é também dades de conservação municipais e 52,4% dade da paisagem, proporcionando serviços A. B. M.; SEBAIO, F. A.; ANTONINI, Y. (Org.). que os resultados apresentados possam Biodiversidade em Minas Gerais – 2 ed. Belo (447) dos municípios não possuem nenhuma ambientais e corredor para a fauna e ora na- Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2005. estimular uma estratégia de conservação da unidade de conservação de qualquer uma tiva. Além disso, essas unidades são extre- biodiversidade de Minas Gerais mais integra- EUCLYDES, A. C. P.; MAGALHÃES, S. R. A. A Área das três esferas político-administrativas. Até mamente importantes pela maior proximida- de Proteção Ambiental (APA) e o ICMS Ecológico em o momento, por exemplo, não foi registrada de com os centros urbanos, proporcionando do, com o devido reconhecimento e valoriza- Minas Gerais: algumas re exões. Geogra as, v. 2, n. 2, p. 39-55, 2006. nenhuma unidade de conservação municipal oportunidades de lazer, recreação e o contato ção dos municípios. na Caatinga de Minas Gerais. da população com a natureza (GUIMARÃES; GARCIA, E. M. B.; PEREIRA, J. M.; LISBOA, M. R. L. Plano municipal de conservação e recuperação da Outro desa o importante para os municí- PELLIN, 2015; MARETTI et al., 2019; PINTO Referências Mata Atlântica de Teó lo Otoni: um instrumento de pios é a criação e estruturação de sistemas et al., neste volume). gestão ambiental. Dissertação (Mestrado Pro ssional) – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Saúde municipais de unidades de conservação e Minas Gerais é um estado de grande di- e Sociedade, Universidade Federal dos Vales do BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SNUC - Jequitinhonha e Mucuri, Teó lo Otoni: 2017. na gestão e governança das APAMs, que co- mensão e de elevada riqueza de biodiversi- Sistema Nacional de Unidades de Conservação brem milhões de hectares em diferentes áre- dade. A rede de unidades de conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; GUIMARÃES, E.; PELLIN, A. BiodiverCidade: Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto as de Minas Gerais, visando o planejamento municipal pode contribuir e ter um papel im- desa os e oportunidades na gestão de áreas nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico protegidas urbanas. São Paulo: Matrix, 2015. e construção de paisagens mais sustentá- portante no desenvolvimento sustentável do Nacional de Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006 / Ministério do Meio Ambiente. – GTZ - COOPERACIÓN TÉCNICA ALEMANHA. Áreas veis. Extrema, no sul do estado, é um dos estado e na vida da sociedade mineira. Para Brasília: MMA/SBF, 2011. 76 p. de conservación municipal: una oportunidad para poucos municípios que possui um sistema isso, será fundamental ampliar o conheci- la conservación de la biodiversidad y el desarrollo BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Cadastro local: re exiones y experiencias desde América municipal de unidades de conservação – De- mento sobre esse sistema de proteção pelos Nacional de Unidades de Conservação: Relatório Latina. Brasília: GTZ, 2010. creto nº 2.887, de 06 de maio de 2015. governos locais, quali cando as informações Parametrizado – Unidade de Conservação, UF: MG.
38 38 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 39 de do Norte (IDEMA-RN), através do Núcleo Considerações Finais e mantendo um processo de monitoramento BRASIL.2018. Disponível Ministério em: do http://www.mma.gov.br/areas- Meio Ambiente. Cadastro Nacionalprotegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-gerar- de Unidades de Conservação: Relatório de Gestão de Unidades de Conservação, desse contingente de unidades de conserva- Parametrizadorelatorio-de-uc Acesso– Unidade em: de06 Conservação,nov. 2018. UF: MG. vem também desenvolvendo ações simila- As unidades de conservação municipais ção. Serão importantes ainda investimentos 2018. Disponível em: http://www.mma.gov.br/areas- protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-gerar-CABRAL, N. R. A. J.; CÔRTES, M. R.; SOUZA, M. P. res com os municípios potiguares através do merecem o reconhecimento e investimentos em capital humano e nanceiro, além de uma relatorio-de-ucÁreas de protección Acesso ambiental em: 06 ennov. Basil 2018. y los con ictos Programa de Fomento à Criação de Unidade adequados pela sua importância no cenário boa governança e colaboração entre os en- en su administración. Investigaciones Geográ cas, CABRAL,n. 26, p. 181-189, N. R. A. 2001. J.; CÔRTES, M. R.; SOUZA, M. P. de Conservação. Seria muito bem-vindo um da conservação e dos benefícios que pro- tes da federação. Áreas de protección ambiental en Basil y los conflictos en su administración. , programa dessa natureza em Minas Gerais, porcionam para a sociedade. Distribuídas Espera-se que esse estudo possa esti- CARATINGA (MG) PrefeituraInvestigaciones Municipal Geográficas Plano de n.Metas 26, p. 2013-2016: 181-189, 2001. Programa Cidades Sustentáveis. que já possui um embrião através do proces- em centenas de municípios, as unidades de mular novas investigações sobre a rede de Caratinga: Prefeitura Municipal, 2013. so de colaboração entre estado e municípios conservação municipais permitem uma ca- CARATINGA (MG) Prefeitura Municipal Plano de unidades de conservação municipais em Mi- MetasCOMINI, 2013-2016: I. B. Unidades Programa de Cidades conservação Sustentáveis. como via distribuição do ICMS Ecológico (PINTO et pilaridade fundamental para as estratégias nas Gerais. Aspectos como a qualidade do Caratinga:subcritério Prefeitura determinante Municipal, para 2013. a distribuição do al., neste volume). e ações de conservação da biodiversidade. ICMS Ecológico no estado de Minas Gerais. 2017. habitat natural em cada unidade, a ocorrên- COMINI,56 f. Dissertação I. B. Unidades (Mestrado de emconservação Ciência Florestal)- como Um programa desse tipo poderia priori- São parte integrante de mosaicos de prote- cia e proteção de populações de espécies ra- subcritérioUniversidade determinante Federal de Viçosa, para Viçosa, a distribuição 2017. do zar a criação de unidades de conservação de ção nos territórios e podem fortalecer e com- ICMS Ecológico no estado de Minas Gerais. 2017. ras, endêmicas e ameaçadas de extinção, a 56CUNHA, f. Dissertação A. A. Expansão (Mestrado da emrede Ciência de unidades Florestal)- de proteção integral para proteção de manan- plementar as redes federal e estadual de sobreposição e integração com as unidades Universidadeconservação Federalda Mata de Viçosa,Atlântica Viçosa, e sua 2017. e cácia ciais, tão essencial para várias áreas do es- unidades de conservação, além das outras para a proteção das to sionomias e espécies de conservação das outras esferas político- CUNHA,de primatas: A. A. análises Expansão em dasistemas rede de de unidades informação de tado. Ainda existem muitas áreas potenciais áreas protegidas (ex.: Terras Indígenas, e as administrativas, a provisão de serviços am- conservaçãogeográ ca. 2010. da Mata 128 Atlânticaf. Tese e(Doutorado sua eficácia em e de elevada biodiversidade e integridade Áreas de Preservação Permanente e Reser- paraCiências a proteção Biológicas)-Programa das fitofisionomias de Pós-Graduação e espécies em bientais e o papel dessas áreas no enfrenta- deEcologia, primatas: Conservação análises eme Manejo sistemas da deVida informação Silvestre, que podem se tornar unidades de conser- vas Legais). geográficaInstituto de .Ciências 2010. 128 Biológicas, f. Tese (Doutorado Universidade em Ciências Federal mento às mudanças do clima são alguns dos vação no território mineiro. Praticamente ¾ As unidades de conservação municipais Biológicas)-Programade Minas Gerais, Belo de Horizonte, Pós-Graduação 2010. em Ecologia, elementos que ainda precisam melhor enten- Conservação e Manejo da Vida Silvestre, Instituto de dos municípios mineiros não possuem uni- contribuem também para ampliar a conectivi- CiênciasDRUMMOND, Biológicas, G. M.; Universidade MARTINS, C. Federal S.; MACHADO, de Minas dimentos. Por m, a expectativa é também dades de conservação municipais e 52,4% dade da paisagem, proporcionando serviços Gerais,A. B. M.;Belo SEBAIO, Horizonte, F. 2010. A.; ANTONINI, Y. (Org.). que os resultados apresentados possam Biodiversidade em Minas Gerais – 2 ed. Belo (447) dos municípios não possuem nenhuma ambientais e corredor para a fauna e ora na- DRUMMOND,Horizonte: Fundação G. M.; MARTINS, Biodiversitas, C. S.; 2005. MACHADO, A. B. estimular uma estratégia de conservação da unidade de conservação de qualquer uma tiva. Além disso, essas unidades são extre- M.; SEBAIO, F. A.; ANTONINI, Y. (Org.). Biodiversidade biodiversidade de Minas Gerais mais integra- emEUCLYDES, Minas Gerais A. C. –P.; 2 MAGALHÃES,ed. Belo Horizonte: S. R. FundaçãoA. A Área das três esferas político-administrativas. Até mamente importantes pela maior proximida- Biodiversitas,de Proteção Ambiental 2005. (APA) e o ICMS Ecológico em o momento, por exemplo, não foi registrada de com os centros urbanos, proporcionando do, com o devido reconhecimento e valoriza- Minas Gerais: algumas re exões. Geogra as, v. 2, n. EUCLYDES,2, p. 39-55, 2006. A. C. P.; MAGALHÃES, S. R. A. A Área nenhuma unidade de conservação municipal oportunidades de lazer, recreação e o contato ção dos municípios. de Proteção Ambiental (APA) e o ICMS Ecológico em Minas Gerais: algumas reflexões. , v. 2, n. na Caatinga de Minas Gerais. da população com a natureza (GUIMARÃES; GARCIA, E. M. B.; PEREIRA, J. M.;Geografias LISBOA, M. R. L. 2,Plano p. 39-55, municipal 2006. de conservação e recuperação da Outro desa o importante para os municí- PELLIN, 2015; MARETTI et al., 2019; PINTO Referências Mata Atlântica de Teó lo Otoni: um instrumento de GARCIA, E. M. B.; PEREIRA, J. M.; LISBOA, M. R. L. pios é a criação e estruturação de sistemas et al., neste volume). gestão ambiental. Dissertação (Mestrado Pro ssional) Plano– Programa municipal de Pós-Graduação de conservação em eTecnologia, recuperação Saúde da municipais de unidades de conservação e Minas Gerais é um estado de grande di- AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Matae Sociedade, Atlântica Universidadede Teófilo OtoniFederal: um instrumentodos Vales dedo BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Ltda. Base de Dados das Unidades de ConservaçãoSNUC do- gestãoJequitinhonha ambiental. e Mucuri, Dissertação Teó lo (Mestrado Otoni: 2017. Profissional) na gestão e governança das APAMs, que co- mensão e de elevada riqueza de biodiversi- Sistema Nacional de Unidades de Conservação Estado de Minas Gerais.2018 – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Saúde brem milhões de hectares em diferentes áre- dade. A rede de unidades de conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; eGUIMARÃES, Sociedade, UniversidadeE.; PELLIN, FederalA. BiodiverCidade: dos Vales do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto Jequitinhonhadesa os e oportunidades e Mucuri, Teófilo na Otoni:gestão 2017. de áreas as de Minas Gerais, visando o planejamento municipal pode contribuir e ter um papel im- BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SNUC - Sistema nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico protegidas urbanas. São Paulo: Matrix, 2015. e construção de paisagens mais sustentá- portante no desenvolvimento sustentável do Nacional de UnidadesÁreas Protegidas: de Conservação Decreto nºda 5.758,Natureza. de GUIMARÃES, E.; PELLIN, A. BiodiverCidade: Lei13 denº 9.985,abril de de 2006 18 de / julhoMinistério de 2000; do Meio Decreto Ambiente. nº 4.340, – desafiosGTZ - COOPERACIÓN e oportunidades TÉCNICA na gestão ALEMANHA. de áreas protegidas Áreas veis. Extrema, no sul do estado, é um dos estado e na vida da sociedade mineira. Para deBrasília: 22 de MMA/SBF, agosto de 2011. 2002; 76 Decreto p. nº 5.746, de 5 de urbanas.de conservación São Paulo: municipal: Matrix, 2015. una oportunidad para poucos municípios que possui um sistema isso, será fundamental ampliar o conheci- abril de 2006. Plano Estratégico Nacional de Áreas la conservación de la biodiversidad y el desarrollo Protegidas:BRASIL. Ministério Decreto nºdo 5.758, Meio deAmbiente. 13 de abril Cadastro de 2006 GTZlocal -: COOPERACIÓNre exiones y experienciasTÉCNICA ALEMANHA. desde América Áreas municipal de unidades de conservação – De- mento sobre esse sistema de proteção pelos /Nacional Ministério de do Unidades Meio Ambiente. de Conservação – Brasília: :MMA/SBF, Relatório deLatina. conservación Brasília: GTZ, municipal: 2010. una oportunidad para creto nº 2.887, de 06 de maio de 2015. governos locais, quali cando as informações 2011.Parametrizado 76 p. – Unidade de Conservação, UF: MG. la conservación de la biodiversidad y el desarrollo
38 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 39 local: reflexiones y experiencias desde América Latina. a cobertura de Unidades de Conservação no Estado Agradecimentos Brasília: GTZ, 2010. de Minas Gerais. 2017. 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Ciências Biológicas) - Universidade ITABIRA (MG) Prefeitura Municipal. Plano Diretor Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, M.G 2017. Somos gratos ao Fundo de Parceria Participativo do Município de Itabira. Itabira: para Ecossistemas Críticos (CEPF, na Prefeitura Municipal, 2016. PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; FONSECA, M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. K. Unidades sigla em inglês para Critical Ecosystem MACHADO, M.; PACHECO, R. G.; MONSORES de Conservação Municipais da Mata Atlântica. São JUNIOR, J. L. A. Contribuição das iniciativas municipais Partnership Fund) e Instituto Internacional Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 2017. para criação e gestão de Reservas Particulares do de Educação do Brasil (IEB) pelo suporte Patrimônio Natural - RPPNs no Estado do Rio de PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; Janeiro, Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE nanceiro e apoio para o levantamento das FONSECA, M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 8., 2015, Curitiba. unidades de conservação municipais do Anais [...]. Curitiba: Fundação Grupo Boticário de K. Valorização dos Parques e Reservas: ICMS Proteção à Natureza, 2015. Ecológico e as Unidades de Conservação Municipais Cerrado e à Fundação SOS Mata Atlântica da Mata Atlântica. São Paulo: Fundação SOS Mata pelas informações das unidades de MARETTI, C. C.; BEHR, M. V.; SOUZA, T. V. S. B.; Atlântica, 2019. SCARAMUZZA, C. A. M.; GUIMARÃES, E.; ELIAS P. conservação municipais da Mata Atlântica. F.; BRITO, M. C. W. Ciudades y áreas protegidas en SALVIO, G. M. M. Áreas naturais protegidas Agradecemos o Instituto de Ciências Brasil: Soluciones para el bienestar, la conservación de e indicadores socioeconômicos: o desafio da la naturaleza y la participación activa de la sociedade. conservação da natureza. Jundiaí: Paco Editorial, 2017. Biológicas da Universidade Federal de Minas In: GUERRERO, F. E. (Ed.). Voces sobre Ciudades Gerais e o Instituto Estadual de Florestas Sostenibles y Resilientes. Bogotá: Ministerio de SALVIO, G. M. M.; LUCIANO, J.; LUCIANO, R. C. de Minas Gerais pelo apoio na condução Ambiente y Desarrollo Sostenible, 2019. p. 59-65. Distribuição das áreas naturais protegidas municipais em Minas Gerais. Braz. Ap. Sci. Rev., v. 2, n. 3, p. dos trabalhos. Nosso agradecimento pelo MEDEIROS, R.; COUTINHO, B.; MARTINEZ, M. I.; 1092-1103, 2018. ALVARENGA JR., M.; YOUNG, C. E. F. Contexto geral suporte de vários técnicos e especialistas das unidades de conservação no Brasil. In: YOUNG, UNEP-WCMC - UN Environment World Conservation de ONGs, universidades e das prefeituras C. E. F.; MEDEIROS, R. (Org.). Quanto vale o Monitoring Centre; IUCN - International Union for verde: a importância econômica das unidades de dos municípios, que nos auxiliaram com Conservation of Nature; NGS - National Geographic conservação brasileiras. Rio de Janeiro: Conservação dados e informações sobre as unidades de Internacional, 2018. p. 11-27. Society. Protected Planet Report 2018. Cambridge UK: UNEP-WCMC, IUCN, NGS, 2018. conservação municipais públicas e privadas. OJIDOS, F. S. Conservação em ciclo contínuo: modelo de gestão para financiamento de UNILESTE - Centro Universitário do Leste de Minas Reserva Particular do Patrimônio Natural. 2017. Gerais. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado 97 f. Dissertação (Mestrado em Conservação da – PDDI: Região Metropolitana do Vale do Aço. Coronel Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável) - Fabriciano: Unileste, 2014. Instituto de Pesquisas Ecológicas - IPE Escola Superior Disponível em: http://www.unilestemg.com.br/pddi/arq/ de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, Nazaré doc/documentosoficiais/2014/PDDI_DIAGNOSTICO_ Paulista, SP. 2017. VOL1.pdf
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41 PINTO, D. C. Contribuição da esfera municipal para MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019
40 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Agradecimentos
Somos gratos ao Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) pelo suporte nanceiro e apoio para o levantamento das unidades de conservação municipais do Cerrado e à Fundação SOS Mata Atlântica pelas informações das unidades de conservação municipais da Mata Atlântica. Agradecemos o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais pelo apoio na condução dos trabalhos. Nosso agradecimento pelo suporte de vários técnicos e especialistas de ONGs, universidades e das prefeituras dos municípios, que nos auxiliaram com dados e informações sobre as unidades de conservação municipais públicas e privadas.
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 41
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 41 Barreiras físicas e velocidade de água in uenciam a riqueza de invertebrados no fundo de um córrego no Parque Estadual do Rio Preto?
1 1 2 GabrielGabriel Estevão Nogueira Aguila1 , Matteus Carvalho FerreiraFerreira1,, CatarinaCatarina DiasDias dede FreitasFreitas2,, Raphael Henrique Novaes3 , Gisele Moreira dos Santos4, Marcos Callisto5 Raphael Henrique Novaes2 , Gisele Moreira dos Santos1, Marcos Callisto1
Resumo
Foram testadas as hipóteses de que a presença de barreiras físicas (i) e menor velocidade de água (ii) in- uenciam a retenção de folhas e a riqueza de macroinvertebrados bentônicos (iii) em um riacho no Parque Estadual do Rio Preto. Avaliou-se métricas de habitat físico, transporte e retenção de folhas, além da riqueza de macroinvertebrados em bancos de folhas depositados no fundo de um riacho. A presença de barreiras físicas in uenciou positivamente a retenção de folhas, o que não aconteceu com a velocidade da água. Não houve in uência do número de folhas depositadas nas áreas de retenção sobre a riqueza de macroinvertebra- dos. Barreiras físicas são importantes para a dinâmica de matéria orgânica alóctone e manutenção de zonas ripárias in uenciando o funcionamento de riachos de cabeceira.
Palavras chave: macroinvertebrados bentônicos, cerrado, matéria orgânica alóctone, riachos de cabeceira, retenção foliar.
Abstract
We tested the hypotheses that the presence of physical barriers (i) and lower water velocity (ii) in uence leaf retention and benthic richness (iii) in a headwater stream at the Rio Preto State Park. We evaluated physical habitat metrics, leaf transport and retention, and macroinvertebrate richness in leaf banks deposited at the stream bottom. The presence of physical barriers positively in uenced leaf retention, but not water velocity. There was no in uence of the number of leaves deposited in the retention areas on the richness of macroin- vertebrates. Physical barriers are important for the dynamics of allochthonous organic matter and maintenance of riparian zones in uencing the functioning of headwater streams.
Keywords: benthic macroinvertebrates, cerrado, allochthonous organic matter, headwater streams, leaf retention.
11Mestrando Mestrando em em Ciências Ciências Biológicas Biológicas (Ecologia),(Ecologia), UniversidadeUniversidade Federal de MinasMinas Gerais,Gerais, InstitutoInstituto de de Ciências Ciências Biológicas,Programa Biológicas, Programa de de Pós Pós-graduação graduação em em Ecologia, Ecologia,Conservação Conservação e e Manejo Manejo da da VidaVida Silvestre;Silvestre; e-mails:e-mails: [email protected],[email protected],matteuscarvalho.bio@gmai [email protected]. com. com. 22Doutoranda Doutoranda em em CiênciasCiências biológicas (Ecologia),(Ecologia), Universidade Universidade Federal Federal de de Minas Minas Gerais,Instituto Gerais, Instituto de Ciências de Ciências Biológicas,Programa Biológicas,Programa de de Pós-Graduação Pós-Graduação em em Ecologia, Ecologia, Conservação Conservação e eManejo Manejo da da Vida Vida Silvestre; Silvestre; e-mail: e-mail: [email protected]. [email protected]. 33Mestrando Mestrando em em Ciências Ciências Biológicas Biológicas (Ecologia), (Ecologia), Universidade Universidade Federal Federal de de Viçosa, Viçosa, Instituto Instituto de de Ciências Ciências Biológicas Biológicas e eda da Saúde, Saúde,Progr Programaama de de Pós-graduação Pós-graduação em em Ecologia, Av. Peter Henry Rolfs s/n, CEP 36570-900, Viçosa, MG, Brasil. E-mail: [email protected]. 44Mestre Mestre em em Ciências Ciências Biológicas Biológicas (Ecologia), (Ecologia), UniversidadeUniversidade FederalFederal de Minas Gerais, Instituto dede CiênciasCiências Biológicas,ProgramaBiológicas, Programa de de P ósPós -Graduação -Graduação em em Ecologia, Ecologia, Conservação Conservação e eManejo Manejo da da Vida Vida Silvestre; Silvestre; e-mail: e-mail: [email protected]. [email protected]. 55Prof. Prof. Titular Titular na na UniversidadeUniversidade Federal de Minas Gerais,Gerais, InstitutoInstituto de de Ciências Ciências Biológicas, Biológicas, Programa Programa de de Pós-Graduação Pós-Graduação em em Ecologia Ecologia,, Conservação Conservação e e Manejo Manejo da da VidaVida Silvestre,Silvestre, Av.Av. AntônioAntônio Carlos,Carlos, 6627,6627, CP CP 486, 486, CEP: CEP: 30161-970, 30161-970, Belo Belo Horizonte, Horizonte, MG,Brasil.Laboratór MG, Brasil. laboratórioio de de Macroinvertebrados Macroinvertebrados Bentônicos; Bentônicos; site: site: http://lebufmg.wix.com/bentos http://lebufmg.wix.com/bentos
42 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Área de estudo Introdução Material e métodos Realizou-se este estudo no córrego Riachos de cabeceira sombreados por ÁreaBoleiras de estudo (18°05’18’’S; 43°21’06’’W), bacia matas ciliares têm sua dinâmica depen- hidrográ ca do Rio Jequitinhonha, loca- dente do aporte de detritos de folhas de lizadoRealizou-se no Parque este Estadual estudo no do córrego Rio Preto Bo- espécies da vegetação ripária (OLIVEIRA leiras(PERPreto), (18°05’18’’S; porção 43°21’06’’W), norte da baciaCadeia hidro do- A. A.; HENRY, R. 2002; REZENDE et al., gráficaEspinhaço, do RioMinas Jequitinhonha, Gerais, na localizado altitude deno 2018). Essas folhas são levadas pela cor- Parque800 m, Estadualonde domina do Rio toPreto sionomia (PERPreto), vege- renteza do riacho e retidas por barreiras fí- porçãotal de nortecerrado da Cadeia (FIGURA do Espinhaço, 1). O parque Minas é sicas, como pedras, galhos e macró tas ou Gerais,uma Unidade na altitude de Conservaçãode 800 m, onde de domina Prote- depositam-se em remansos onde a veloci- fitofisionomiação Integral, com vegetal uma extensãode cerrado de (FIGURA12.185 dade da água é menor (CANHOTO; GRA- 1).hectares, O parque sendo é uma 65% Unidade coberto de por Conserva campos- ÇA, 1998). O acúmulo de folhas no fundo çãorupestres de Proteção e campos Integral, limpos com e uma 25% extensão de Cer- favorece inúmeros grupos de macroinver- derado 12.185 stricto hectares, sensu sendoe oresta 65% coberto estacional por tebrados bentônicos que as utilizam como campos(STCP/IEF, rupestres 2004). e campos limpos e 25% abrigo, alimentam-se diretamente nos de Cerrado O córrego stricto Boleiras sensu epertence floresta àestacional sub-ba- bancos de folhas ou de partículas nas (STCP/IEF,cia do Rio Preto,2004). que por sua vez é a uen- aderidas (GRAÇA, 2001). Entretanto, os te do O Rio córrego Araçuaí Boleiras e ambos pertence estão à sub-baciainseridos bancos de detritos foliares não se distri- dona Riobacia Preto, hidrográ que por ca suado Rio vez Jequitinhonha é afluente do buem de forma homogênea no fundo de Rio(IEF, Araçuaí 2004). e ambosO solo estãopredominante inseridos nana bacia rede riachos de cabeceira, sendo observados hidrográficade drenagem do doRio parque Jequitinhonha é o Neossolo (IEF, 2004). Flú- locais com diferentes tamanhos e quanti- Ovico solo (IEF, predominante 2010) e o na clima rede é de de drenagem nido como do dades de detritos acumulados. A hetero- parqueAW (com é o Neossoloinverno seco) Flúvico pelo (IEF, sistema 2010) ede o geneidade ambiental in uencia diretamen- climaclassi é definidocação de como Köppen-Geiger, AW (com inverno no seco)qual te a distribuição espacial de invertebrados peloa média sistema anual de pluviométrica classificação é dede Köppen-223,19 associados (BOYERO et al., 2012). Geiger,mm3 e no temperaturas qual a média anualmédias pluviométrica anuais em é Objetivado avaliar a relação entre a detorno 223,19 de 18°Cmm3 e(ALVARES temperaturas et al.médias, 2014; anuais IEF, presença de barreiras físicas e velocidade em2004; torno CORREIA, de 18°C (ALVARES 2015). et al., 2014; IEF, da água com a riqueza de invertebrados 2004;Para CORREIA, caracterização 2015). do riacho foi apli- aquáticos em folhiço no fundo de um riacho cadoPara um caracterização protocolo de do riachoavaliação foi aplicado rápida de cabeceira, foram testadas três hipóte- um(CALLISTO protocolo deet al.avaliação, 2002), rápida que o (CALLISTO classi cou ses: (i) a presença de barreiras aumenta a etcomo al., 2002), bem quepreservado o classificou (91 pontos)como bem (FIG. pre- retenção de detritos foliares, (ii) a menor servado1B). Este (91 estudo pontos) foi (FIG. apoiado 1B). Este pela estudo Licença foi velocidade da água afeta negativamente apoiadode Pesquisa pela Licença do IEF-MG de Pesquisa (IEF: 063/2018) do IEF-MG e a retenção de detritos e (iii) a retenção de (IEF:Licença 063/2018) Permanente e Licença SISBio Permanente para MC SISBio (Nº detritos in uencia positivamente a riqueza para10635-2). MC (Nº 10635-2). de macroinvertebrados associados.
43 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 43 Figura 1 – Área de estudo Figura 1A1 – eÁrea B – Áreade estudo de estudo
Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- Transporte e retenção de detritos foliares decidade 20 m com e avaliadas uxômetro, métricas modelo de Globalwaterhabitat físico cidade com uxômetro, modelo Globalwater Para testar se a velocidade da água e a (velocidadee presença com de fluxômetro,barreiras) nosmodelo locais Globalwater em que e Para testar se a velocidade da água e a e presença de barreiras) nos locais em que presençaPara testar de barreiras se a velocidade físicas afetam da água a reten- e a presençaas folhas de barreiras)caram retidas nos locais (FIGURA em que as1B). folhas O presença de barreiras físicas afetam a reten- as folhas caram retidas (FIGURA 1B). O presençação de folhas, de barreiras foi realizado físicas afetam um experimento a retenção ficaramexperimento retidas de (FIGURA transporte 1B). e Oretenção experimento foliar de ção de folhas, foi realizado um experimento experimento de transporte e retenção foliar dein situfolhas, com foi folhas realizado da espécieum experimento Bauhinia in for situ - transportefoi realizado e retenção no período foliar foi seco realizado (setembro no período de in situ com folhas da espécie Bauhinia for - foi realizado no período seco (setembro de comcata folhasLink marcadas da espécie de Bauhinia vermelho forficata e liberadas Link seco2012 (setembro e setembro de 2012 de 2018) e setembro em 4 detrechos 2018) emdi- cata Link marcadas de vermelho e liberadas 2012 e setembro de 2018) em 4 trechos di- marcadasna superfície de vermelho do córrego e liberadas durante na superfície uma hora do 4ferentes trechos dentrodiferentes do dentromesmo do riacho. mesmo 3 riacho.trechos 3 na superfície do córrego durante uma hora ferentes dentro do mesmo riacho. 3 trechos córregoFigura. durante2, baseado uma hora,na metodologia Figura 2, baseado descrita na trechosforam amostrados foram amostrados em setembro em setembro de 2012 de 2012 e 1 Figura. 2, baseado na metodologia descrita foram amostrados em setembro de 2012 e 1 metodologiapor Elosegui descrita (2005). por EloseguiForam liberadas (2005). Foram 100 etrecho 1 trecho foi foiamostrado amostrado em em setembro setembro de de 2018,2018, por Elosegui (2005). Foram liberadas 100 trecho foi amostrado em setembro de 2018, liberadasfolhas Fotogra 100 folhas, a 1A Fotografia em um trecho1A, em deum trecho20 m como atividadeatividade de de curso curso de de campo campo. folhas Fotogra a 1A em um trecho de 20 m como atividade de curso de campo.
Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG
Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Figura 1 – Área de estudo Figura 1 – Área de estudo Fotogra a1 - Teste com folhas de Bauhinia for cata
Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 Legenda: A) folhas pintadas de vermelho com tinta atóxica utilizadas para o experimento de transporte; 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira B) mensuração de métricas de habitat físico (profundidade, presença de barreiras e velocidade Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- da água); Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- C) coleta de bancos de folhas com coletor tipo Surber cidade com uxômetro, modelo Globalwater cidade com uxômetro, modelo Globalwater Fonte: Fotogra as de Matteus Carvalho Ferreira Para testar se a velocidade da água e a e presença de barreiras) nos locais em que Para testar se a velocidade da água e a e presença de barreiras) nos locais em que presença de barreiras físicas afetam a reten- as folhas caram retidas (FIGURA 1B). O Macroinvertebrados bentônicos associa- Para testar as hipóteses 1 (a presença presença de barreiras físicas afetam a reten- as folhas caram retidas (FIGURA 1B). O ção de folhas, foi realizado um experimento experimento de transporte e retenção foliar dos a bancos de folhas de barreiras aumenta a retenção de detritos ção de folhas, foi realizado um experimento experimento de transporte e retenção foliar foliares) e 2 (a menor velocidade da água in situ com folhas da espécie Bauhinia for - foi realizado no período seco (setembro de in situ com folhas da espécie Bauhinia for - foi realizado no período seco (setembro de Para testar a hipótese de que bancos de afeta negativamente a retenção de detritos), cata Link marcadas de vermelho e liberadas 2012 e setembro de 2018) em 4 trechos di- cata Link marcadas de vermelho e liberadas 2012 e setembro de 2018) em 4 trechos di- folhas no fundo do riacho in uenciam a rique- realizou-se análises de modelo misto de tipo na superfície do córrego durante uma hora ferentes dentro do mesmo riacho. 3 trechos na superfície do córrego durante uma hora ferentes dentro do mesmo riacho. 3 trechos za de macroinvertebrados, foram amostrados GLMM com distribuição Poisson. Nessas Figura. 2, baseado na metodologia descrita foram amostrados em setembro de 2012 e 1 Figura. 2, baseado na metodologia descrita foram amostrados em setembro de 2012 e 1 arbitrariamente 10 locais em um trecho de 20 análises utilizou-se modelos com as variá- por Elosegui (2005). Foram liberadas 100 trecho foi amostrado em setembro de 2018, por Elosegui (2005). Foram liberadas 100 trecho foi amostrado em setembro de 2018, m utilizando um amostrador do tipo Surber veis de interesse presença ou ausência de folhas Fotogra a 1A em um trecho de 20 m como atividade de curso de campo. folhas Fotogra a 1A em um trecho de 20 m como atividade de curso de campo. (30 x 30 cm, malha 250 μm) (FOTOGRAFIA barreiras, velocidade da água e número de
Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- 1C). Os detritos de folhas e macroinvertebra- folhas retidas, onde a variação entre as qua- Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG dos foram triados e quanti cados em campo. tro repetições (experimentos) foram controla- Os macroinvertebrados foram identi cados das. Por m, para testar a hipótese 3 (a re- ao nível taxonômico de ordem ou gênero, tenção de detritos in uencia positivamente a quando possível e classi cados em grupos riqueza de macroinvertebrados associados), tró cos funcionais (HAMADA et al., 2018). realizou-se uma análise de regressão linear Para mensurar a riqueza, foi considerado entre o número de folhas retidas e a rique- apenas o número de ordens encontradas. za de macroinvertebrados. As análises esta- tísticas foram realizadas no programa R (R, Análise de dados 2018) com os pacotes Ime4 (BATES, 2015) e Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila sciplot (MORALES, 2017). Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila
MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 4545 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Resultados tãoxo). agrupados No córrego e Boleiraspodem serforam consultados encontradas na Resultados Tabeladiferentes 2 (Anexo). barreiras No físicas córrego responsáveis Boleiras foram pela Os dados coletados no trecho do córrego encontradasretenção de folhas,diferentes incluindo barreiras galhos, físicas pedras res- Boleiras (número de folhas retidas, velocidade Os dados coletados no trecho do córre- ponsáveise bancos depela macrófitas. retenção de Observou-se folhas, incluin- au- da água e presença ou ausência de barreiras) go Boleiras (número de folhas retidas, ve- domento galhos, de 81% pedras na retençãoe bancos dede folhas macró com tas.- estão agrupados e podem ser consultados locidade da água e presença ou ausência Observou-se aumento de 81% na retenção na Tabela 1 (Anexo), assim como, a relação parando locais com barreiras (média de 3,8 de barreiras) estão agrupados e podem ser de folhas comparando locais com barreiras da quantidade de folhas com a riqueza de ± 4,93 folhas) e sem barreiras (média de 2,1 consultados na Tabela 1 do Anexo A, assim (média de 3,8 ± 4,93 folhas) e sem barreiras invertebrados encontrados estão agrupados ± 1,97 folhas) (X2= 19,82; gl = 1; p < 0,001) como, a relação da quantidade de folhas com (média de 2,1 ± 1,97 folhas) (X2 = 19,82; gl = e podem ser consultados na Tabela 2 (Ane- (FIGRURA. 3). a riqueza de invertebrados encontrados es- 1; p < 0,001) (FIGURA 3).
Figura Figura 3 3- - Presença Presença e e ausência ausência de de barreiras barreiras físicasfísicas influenciandoin uenciando aa quantidadequantidade dede folhas folhas retidas retidas Número de folhas retidas
Barreiras Físicas Fonte: Elaborado por Matteus Carvalho Ferreira (Ferramenta: Programa R)R).
A velocidade da água não in uenciou a miptera, Megaloptera, Trichoptera e Diptera. retenção de folhas (gl = 1; X2 = 1,57; p = Estes organismos foram classi cados em 0,20). O trecho de córrego possui baixa ve- fragmentadores (Trichoptera-Calamocera- tidae: Phylloicus, Ephemeroptera-Polymi- locidade de água (0,1 ± 0,18 m/s) entre os tarcidae: Campylocia), coletores-catadores habitats remanso e corredeiras, sendo 96% (Diptera: Chironomidae), raspadores (Ephe- das medições de velocidade de água menor meroptera: Baetidae) e predadores (Odona- 0,5 m/s (máximos entre 0,6 e 1,17 m/s). ta e Megaloptera) (FOTOGRAFIA 2). Não Nas amostragens de bancos de folhas houve in uência do número de folhas depo- depositados no leito do riacho para men- sitadas no fundo do riacho sobre a riqueza surar a riqueza de macroinvertebrados de macroinvertebrados associados, sendo a bentônicos, foram encontradas 7 ordens: regressão linear não signi cativa (F(1,8) = Ephemeroptera, Odonata, Plecoptera, He- 0,34; p = 0,574) (TABELA 2, ANEXO B).
46 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Fotogra a 2 – Exemplares de macroinvertebrados bentônicos coletados na área de estudo
Fonte: Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira
Discussão 2002) e a elevada abundância de grupos de bioindicadores sensíveis a distúrbios por Barreiras físicas como blocos de pedra, atividades humanas (p. ex. Ephemeroptera, galhos e macró tas aquáticas são importan- Plecoptera e Trichoptera), caracterizam o tes para a retenção de detritos foliares que riacho Boleiras como bem preservado. Ria- caem da mata ciliar, formando depósitos chos de cabeceira em condições de refe- heterogêneos de bancos de folhas e crian- rência apresentam maior disponibilidade de do diferentes habitats em riachos de cabe- recursos, possibilitando o estabelecimento ceira (ALAN; CASTILHO, 2007). A presen- de diferentes grupos de macroinvertebrados ça de barreiras físicas, e não a velocidade, bentônicos (MARTINS et al., 2018). Apesar explicam a retenção de detritos foliares no da elevada riqueza de ordens de insetos, a fundo do riacho Boleiras, um ecossistema quantidade de folhas depositadas não expli- preservado e em condição de referência no ca os invertebrados associados que vivem Parque Estadual do Rio Preto. A quantidade no fundo do córrego Boleiras. Os detritos de folhas depositadas nos bancos de folhiço foliares de espécies de plantas oriundas da não explica a riqueza de macroinvertebra- mata ciliar e as diferentes espécies vegetais dos bentônicos associados. apresentam concentrações distintas de C, O resultado da aplicação do protoco- N, P e compostos secundários que podem lo de avaliação rápida (CALLISTO et al., in uenciar a qualidade dos detritos foliares
MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 47 e, consequentemente, a fragmentação por roboraram com a hipótese I e permitiu com- invertebrados aquáticos (GRAÇA, 2001). provar a sua importância para a formação Além disso, mudanças na composição de de depósitos de folhiços no fundo do riacho espécies ripárias alteram dramaticamente estudado no Parque Estadual do Rio Preto. a disponibilidade, transporte e retenção de A variação da velocidade de água não detritos foliares (FERREIRA et al., 2019), fa- in uenciou a retenção de folhas no trecho vorecendo o aumento da produção primária analisado, refutando a hipótese II, apesar da autóctone por algas diatomáceas epibênti- velocidade da água ser um dos fatores res- cas (GRAÇA et al., 2018) e a composição e ponsáveis pela retenção de folhas (GRAÇA estrutura de comunidades de macroinverte- et al., 2004). Isso pode ser explicado pela brados bentônicos (CASTRO et al., 2018). baixa variação dos valores de velocidade da Considerando que a composição de co- água no trecho analisado, com maior núme- munidades bentônicas é in uenciada pela ro de trechos de remansos e águas calmas, disponibilidade e tipos de recursos dispo- e à baixa declividade do trecho (0,07 m/m), níveis (CASAS et al., 2013; KOBAYASHI ; o que explicaria a baixa velocidade média KAGAYA, 2002), variações na composição das águas no córrego Boleiras. taxonômica entre habitats podem ser in- O número de folhas depositadas nos uenciadas por morfotipos foliares de dife- bancos de folhiços não in uenciou a riqueza rentes espécies de plantas (CASAS et al., taxonômica de macroinvertebrados obser- 2013). A classi cação dos detritos foliares vada entre diferentes habitats físicos, refu- em morfotipos distintos poderia melhor ex- tando a hipótese III, sugerindo que outros plicar a disponibilidade de abrigo e alimento mecanismos ecológicos, como a qualidade para os macroinvertebrados no córrego Bo- dos detritos foliares e o condicionamento leiras do que a simples contagem do núme- por microrganismos, poderiam explicar esta ro de folhas depositadas (BOYERO et al., variação. Apesar de não ter sido encontrado 2011). relação entre quantidade de folhas nos ban- Possivelmente, processos geomorfoló- cos foliares e riqueza de macroinvertebra- gicos de transporte de sedimentos e asso- dos associados, sabe-se que a diversidade reamento por partículas nas, relacionados de habitats no fundo de riachos in uencia a à inclinação das margens e processos erosi- composição taxonômica de macroinverte- vos, expliquem a relação entre habitats físi- brados bentônicos (KOBAYASHI; KAGAYA, cos e depósitos de detritos foliares no fundo 2002). A retenção de folhas com diferentes do riacho Boleiras (GRAÇA et al., 2004). A formatos e tamanhos oferece microhabitats composição de espécies nativas de plantas e altera a disponibilidade de nichos, propor- na mata ciliar também poderia ser uma ex- cionando condições para diferentes espécies plicação para esta relação (CASAS et al., associadas (ALAN; CASTILHO, 2007). 2013). Os resultados obtidos da relação en- tre barreiras físicas e retenção de folhas cor-
48 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Considerações nais experimentos de transporte e retenção foliar contemplando escalas temporais. Em sín- Os resultados deste estudo contribuem tese, os resultados do trabalho contribuem para o conhecimento do funcionamento de para subsidiar investimentos para conserva- riachos de cabeceira em condições de re- ção e recuperação de recursos hídricos na ferência, assim como no Parque Estadual bacia do rio Jequitinhonha no estado de Mi- do Rio Preto, MG. A heterogeneidade espa- nas Gerais, evidenciando o imprescindível cial de barreiras físicas em riachos de cabe- papel das Unidades de Conservação como ceira é importante para a disponibilidade de Laboratórios naturais de pesquisa e estudos habitats, devendo ser incluídas em projetos do meio ambiente. de recuperação de habitats físicos em ria- chos. Além disso, ressalta-se que a maioria Referências das Áreas Protegidas devem ser criadas ou ALLAN, J.D., CASTILHO, M. M. Stream ecology: implementadas objetivando a proteção dos structure and function of running waters. New York: ecossistemas aquáticos e sua biodiversidade Chapman and Hall. 2007. (AZEVEDO-SANTOS et al., 2018). Para tan- ALVARES, C. A., STAPE, J. L., SENTELHAS, P. to, deveriam ser observados os seguintes C., GONÇALVES, J. L., DE, M., SPAROVEK, G. fatores para a criação ou manejo de unida- Köppen’s climate classi cation map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift. v. 22, p. 711-728. des de conservação: (i) conservação e recu- 2014. peração da composição original de espécies de plantas nativas em zonas ripárias; (ii) AZEVEDO-SANTOS, V. M., FREDERICO, R. G., conservação e recuperação da diversidade FAGUNDES, C., POMPEU, P., PELICICE, F., PADIAL, A. A., NOGUEIRA, M. G., FEARNSIDE, P., LIMA, de habitats físicos (p.ex. barreiras naturais) L. B., DAGA, V., OLIVEIRA, F. J. M., VITULE, J. R. nos riachos; (iii) conservação da diversidade S., CALLISTO, M., AGOSTINHO, A. A., ESTEVES, F. A., LIMA, D., MAGALHÃES, A. L. B., SABINO, de organismos bioindicadores de qualidade J., MORMUL, R. P., GRASEL, D., ZUANON, J., de água e (iv) investimentos em atividades VILELLA, F. B., HENRY, R. Protected areas: a focus on Brazilian freshwater biodiversity. Diversity and de educação ambiental (citizen science) e Distributions. v. 25, n. 3, p. 442-448, 2018. DOI: aulas práticas de alunos de ecologia (gradu- 10.1111/ddi.12871. ação e pós-graduação), com apoio do IEF, BATES, D., MAECHLER, M., BOLKER, B., WALKER, como o Curso de Campo em Ecologia re- S. Fitting Linear Mixed-Effects Models Using lme4. alizado pelo Programa PG-ECMVS/UFMG, Journal of Statistical Software, v. 67, n.1, p.1-48. 2015. doi:10.18637/jss.v067.i01. capacitando-os a realizar diagnósticos e monitoramentos de qualidade ecológica de BOYERO, L., PEARSON, R. G., DUDGEON, D., riachos em unidades de conservação. Devi- FERREIRA, V., GRAÇA, M. A. S., GESSNER, M. do a amostragem desbalanceada reitera-se O., BOULTON, A. J., CHAUVET, E., YULE, C. M., ALBARI ÑO, R. J., RAMÍREZ, A., HELSON, J. E., que estes dados não devem ser generaliza- CALLISTO, M., ARUNACHALAM, M., CHARÁ, J., dos, pois correspondem ao contexto local do FIGUEROA, R., MATHOOKO, J. M., GONÇALVES, J. F., MORETTI, M. S., CHARÁ-SERNA, A. M., DAVIES, riacho Boleiras. Sugere-se a realização de J. N., ENCALADA, A., LAMOTHE, S., BURIA, L. M.,
MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 4949 Agradecimentos CASTELA, J., CORNEJO, A., LI, A. O. Y., M’ERIMBA, de detritos foliares em um córrego de cabeceira no KOBAYASHI, S., KAGAYA, T. Differences in litter C., VILLANUEVA, V. D., ZÚÑIGA, M. C., SWAN, cerrado. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências characteristics and macroinvertebrate assemblages C. M., BARMUTA, L. A. Global patterns of stream Biológicas) Universidade Estadual de Montes Claros. between litter patches in pools and rifes in a Agradecemos o apoio da equipe de fun- detritivore distribution: implications for biodiversity Montes Claros. 2015. headwater stream. Limnology, v. 3 p. 37–42. 2002. loss in changing climates. Global Ecology and cionários e gerente do Parque Estadual do Biogeography, v. 21, p. 134-141. 2012. Rio Preto e o apoio do Instituto Estadual ELOSEGUI, A. Leaf retention. In: GRAÇA, M. A., BÄRLOCHER, F.; GESSNER, M. O. (Eds.).Methods MARTINS, I. S., LIGEIRO, R., HUGHES, R. M., de Florestas - IEF, além das discussões e MACEDO, D. R., CALLISTO, M. Regionalisation is BOYERO, L., PEARSON, R. G., GESSNER, M. to study litter decomposition: a practical guide. orientações dos professores de ecologia do O., BARMUTA, L. A., FERREIRA, V., GRAÇA, M. Nova York: Springer Science & Business Media, key to establishing reference conditions for neotropical A., DUDGEON, D., BOULTON, A. J., CALLISTO, 2005. p.13 -18. savanna streams. Marine and Freshwater curso de campo do PG-ECMVS 2018. Agra- M., CHAUVET, E., HELSON, J. E., BRUDER, A., Research, v. 69, p. 82–94. 2018. decemos também às instituições de fomen- ALBARIÑO, R. J., YULE, C. M., ARUNACHALAM, M., DAVIES, J. N., FIGUEROA, R., FLECKER, FERREIRA, V., BOYERO, L., CALVO, C., CORREA, to, CAPES, CNPQ e FAPEMIG, pelo forne- F., FIGUEROA, R., GONÇALVES JR, J. F., A. S., RAMÍREZ, A., DEATH, R. G., IWATA, T., MORALES, M. Scienti c Graphing Functions for cimento das bolsas de pesquisa dos autores MATHOOKO, J. M., MATHURIAU, C., GONÇALVES GOYENOLA, G., GRAÇA, M. A. S., HEPP, L. U., KARIUKI, S., LÓPEZ-RODRÍGUEZ, A., MAZZEO, Factorial Designs. With code developed by the R JR, J. F., MORETTI, M. S., JINGGUT, T., LAMOTHE, Development Core Team, with general advice from e apoio aos Programas de Pós-Graduação. S., M’ERIMBA, C., RATNARAJAH, L., SCHINDLER, N., M’ERIMBA, C., MONROY, S., PEIL, A., POZO, the R-help listserv community and especially Duncan M. H., CASTELA, J., BURIA, L. M., CORNEJO, A., J., REZENDE, R., TEIXEIRA-DE-MELLO, F. A global VILLANUEVA, V. D., WEST, D. C. A global experiment assessment of the effects of Eucalyptus plantations Murdoch. R package version 1.1-1. 2017. suggests climate warming will not accelerate litter on stream ecosystem functioning. Ecosystems. v. decomposition in streams but might reduce carbon 22, n. 3, p 629–642. 2019. OLIVEIRA, A. A., HENRY, R. Retention of sequestration. Ecology Letters, v. 14, p. 289-294. 2011. GRAÇA, M. A. S. The role of invertebrates on leaf litter particule organic matter in a tropical headstream. decomposition in streams - a review. International Hydrobiologia, v. 482, p. 161-166. 2002. Review of Hydrobiology, v.86, p. 383-393. 2001. CALLISTO, M., FERREIRA, W. R., MORENO, P., GOULART, M., PETRUCIO, M. Aplicação de um R CORE TEAM. R: a language and environment GRAÇA, M. A. S., CALLISTO, M., BARBOSA, J. E. protocolo de avaliação rápida da diversidade de for statistical computing. Vienna : R Foundation for L, FIRMIANO, K. R., FRANÇA, J., GONÇALVES habitats em atividades de ensino e pesquisa (MG- Statistical Computing. 2018. Disponível em: RJ). Acta Limnologica Brasiliensia, v.14, p. 91-92. JR, J. F. Top-down and bottom-up control of epilithic 2002. periphyton in a tropical stream. Freshwater Science. v. 37, n.4:000–000. 2018. DOI: 10.1086/700886. REZENDE, R. S., LEITE, G. F. M., RAMOS, K., CANHOTO, C.,GRAÇA, M. A. S. Leaf retention: a TORRES, I., TONIN, A. M., GONÇALVES JR, comparative study between streamcategories and GRAÇA, M. A. S., PINTO, P., CORTES, R., COIMBRA, J.F. Effects of litter size and quality on processing leaf types. Verhandlungen des Internationalen N., OLIVEIRA, S., MORAIS, M., CARVALHO, M. J., by decomposers in a tropical savannah stream. Verein Limnologie, v. 26, p. 990-993. 1998. MALO, J. Factors affecting macroinvertebrate Biotropica, v.1, p. 1-10. 2018. richness and diversity in Portuguese streams: a two-scale analysis. International Review of CASAS, J. J., LARRAÑAGA, A., MENÉNDEZ, M., Hydrobiology, v. 89, p. 151-164. 2004. STCP - Engenharia de Projetos. Plano de Manejo POZO, J., BASAGUREN, A., MARTÍNEZ, A., PÉREZ, do Parque Estadual do Rio Preto: análise da J., GONZÁLES, J. M., MOLLÁ, S., CASADO, C., Unidade de Conservação. Curitiba: STCP/Belo DESCALS, E., ROBLAS, N., LÓPEZ-GONZÁLEZ, HAMADA, N., THORP, J. H., ROGERS, D. C. Keys J. A., VALENZUELA, J. L. Leaf litter decomposition to Neotropical Hexapoda – Thorp and Covich’s Horizonte: IEF, 2004. Encarte 3. Disponível em: http:// of native and introduced tree species of contrasting Freshwater Invertebrates. London: Elsevier. 2018. biblioteca.meioambiente.mg.gov.br/publicacoes/BD/ quality in headwater streams: how does the regional Encarte%203%20-%20An%c3%a1lise%20da%20 setting matter? Science of the Total Environment, INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF. Unidade%20de%20conserva%c3%a7%c3%a3o%20 v. 458, p. 197-208. 2013. Estudo técnico para a extensão dos perímetros Rio%20Preto.pdf. do Parque Estadual do Rio Preto e do Parque CASTRO, D. M. P., DOLÉDEC, S., CALLISTO, M. Estadual do pico do Itambé na região do alto Jequitinhonha, MG. Diamantina – MG. Belo Land cover disturbance homogenizes aquatic insect functional structure in neotropical savanna streams. Horizonte IEF/ Diretoria de Áreas Protegidas 2010.46 Ecological Indicators. v. 84, p. 573-584. 2018. p.
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5050 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 51 Agradecimentos CASTELA, J., CORNEJO, A., LI, A. O. Y., M’ERIMBA, de detritos foliares em um córrego de cabeceira no KOBAYASHI, S., KAGAYA, T. Differences in litter Agradecimentos C., VILLANUEVA, V. D., ZÚÑIGA, M. C., SWAN, cerrado. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências characteristics and macroinvertebrate assemblages C. M., BARMUTA, L. A. Global patterns of stream Biológicas) Universidade Estadual de Montes Claros. between litter patches in pools and rifes in a Agradecemos o apoio da equipe de fun- detritivore distribution: implications for biodiversity Montes Claros. 2015. headwater stream. Limnology, v. 3 p. 37–42. 2002. Agradecemos o apoio da equipe de fun- loss in changing climates. Global Ecology and cionários e gerente do Parque Estadual do Biogeography, v. 21, p. 134-141. 2012. Rio Preto e o apoio do Instituto Estadual ELOSEGUI, A. Leaf retention. In: GRAÇA, M. A., cionários e gerente do Parque Estadual do MARTINS, I. S., LIGEIRO, R., HUGHES, R. M., BÄRLOCHER, F.; GESSNER, M. O. (Eds.).Methods deRio FlorestasPreto e o -apoio IEF, alémdo Instituto das discussões Estadual de e MACEDO, D. R., CALLISTO, M. Regionalisation is BOYERO, L., PEARSON, R. G., GESSNER, M. to study litter decomposition: a practical guide. orientações dos professores de ecologia do O., BARMUTA, L. A., FERREIRA, V., GRAÇA, M. Nova York: Springer Science & Business Media, key to establishing reference conditions for neotropical Florestas - IEF, além das discussões e orien- A., DUDGEON, D., BOULTON, A. J., CALLISTO, 2005. p.13 -18. savanna streams. Marine and Freshwater curso de campo do PG-ECMVS 2018. Agra- tações dos professores de ecologia do curso M., CHAUVET, E., HELSON, J. E., BRUDER, A., Research, v. 69, p. 82–94. 2018. decemos também às instituições de fomen- ALBARIÑO, R. J., YULE, C. M., ARUNACHALAM, de campo do PG-ECMVS 2018. Agradecemos M., DAVIES, J. N., FIGUEROA, R., FLECKER, FERREIRA, V., BOYERO, L., CALVO, C., CORREA, to, CAPES, CNPQ e FAPEMIG, pelo forne- F., FIGUEROA, R., GONÇALVES JR, J. F., A. S., RAMÍREZ, A., DEATH, R. G., IWATA, T., MORALES, M. Scienti c Graphing Functions for cimentotambém dasàs instituições bolsas de pesquisa de fomento, dos CAPES, autores MATHOOKO, J. M., MATHURIAU, C., GONÇALVES GOYENOLA, G., GRAÇA, M. A. S., HEPP, L. U., KARIUKI, S., LÓPEZ-RODRÍGUEZ, A., MAZZEO, Factorial Designs. With code developed by the R JR, J. F., MORETTI, M. S., JINGGUT, T., LAMOTHE, Development Core Team, with general advice from eCNPQ apoio eaos FAPEMIG, Programas pelo de fornecimento Pós-Graduação. das S., M’ERIMBA, C., RATNARAJAH, L., SCHINDLER, N., M’ERIMBA, C., MONROY, S., PEIL, A., POZO, the R-help listserv community and especially Duncan M. H., CASTELA, J., BURIA, L. M., CORNEJO, A., J., REZENDE, R., TEIXEIRA-DE-MELLO, F. A global bolsas de pesquisa dos autores e apoio aos assessment of the effects of Eucalyptus plantations Murdoch. R package version 1.1-1. 2017. VILLANUEVA, V. D., WEST, D. C. A global experiment Programas de Pós-Graduação. suggests climate warming will not accelerate litter on stream ecosystem functioning. Ecosystems. v. decomposition in streams but might reduce carbon 22, n. 3, p 629–642. 2019. OLIVEIRA, A. A., HENRY, R. Retention of sequestration. Ecology Letters, v. 14, p. 289-294. 2011. GRAÇA, M. A. S. The role of invertebrates on leaf litter particule organic matter in a tropical headstream. decomposition in streams - a review. International Hydrobiologia, v. 482, p. 161-166. 2002. Review of Hydrobiology, v.86, p. 383-393. 2001. CALLISTO, M., FERREIRA, W. R., MORENO, P., GOULART, M., PETRUCIO, M. Aplicação de um R CORE TEAM. R: a languagelanguage andand environmentenvironment GRAÇA, M. A. S., CALLISTO, M., BARBOSA, J. E. protocolo de avaliação rápida da diversidade de for statistical computing.computing. Vienna : R Foundation for L, FIRMIANO, K. R., FRANÇA, J., GONÇALVES habitats em atividades de ensino e pesquisa (MG- Statistical Computing. 2018. DisponívelDisponível em:em: https:// RJ). Acta Limnologica Brasiliensia, v.14, p. 91-92. JR, J. F. Top-down and bottom-up control of epilithic www.R-project.org/. 2002. periphyton in a tropical stream. Freshwater Science. v. 37, n.4:000–000. 2018. DOI: 10.1086/700886. REZENDE, R. S., LEITE, G. F. M., RAMOS, K., CANHOTO, C.,GRAÇA, M. A. S. Leaf retention: a TORRES, I., TONIN, A. M., GONÇALVES JR, comparative study between streamcategories and GRAÇA, M. A. S., PINTO, P., CORTES, R., COIMBRA, J.F. Effects of litter size and quality on processing leaf types. Verhandlungen des Internationalen N., OLIVEIRA, S., MORAIS, M., CARVALHO, M. J., by decomposers in a tropical savannah stream. Verein Limnologie, v. 26, p. 990-993. 1998. MALO, J. Factors affecting macroinvertebrate Biotropica, v.1, p. 1-10. 2018. richness and diversity in Portuguese streams: a two-scale analysis. International Review of CASAS, J. J., LARRAÑAGA, A., MENÉNDEZ, M., Hydrobiology, v. 89, p. 151-164. 2004. STCP - Engenharia de Projetos. Plano de Manejo POZO, J., BASAGUREN, A., MARTÍNEZ, A., PÉREZ, do Parque Estadual do Rio Preto: análise da J., GONZÁLES, J. M., MOLLÁ, S., CASADO, C., Unidade de Conservação. Curitiba: STCP/Belo DESCALS, E., ROBLAS, N., LÓPEZ-GONZÁLEZ, HAMADA, N., THORP, J. H., ROGERS, D. C. Keys J. A., VALENZUELA, J. L. Leaf litter decomposition to Neotropical Hexapoda – Thorp and Covich’s Horizonte: IEF, 2004. Encarte 3. Disponível em: http:// of native and introduced tree species of contrasting Freshwater Invertebrates. London: Elsevier. 2018. biblioteca.meioambiente.mg.gov.br/publicacoes/BD/ quality in headwater streams: how does the regional Encarte%203%20-%20An%c3%a1lise%20da%20 setting matter? Science of the Total Environment, INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF. Unidade%20de%20conserva%c3%a7%c3%a3o%20 v. 458, p. 197-208. 2013. Estudo técnico para a extensão dos perímetros Rio%20Preto.pdf. do Parque Estadual do Rio Preto e do Parque CASTRO, D. M. P., DOLÉDEC, S., CALLISTO, M. Estadual do pico do Itambé na região do alto Jequitinhonha, MG. Diamantina – MG. Belo Land cover disturbance homogenizes aquatic insect functional structure in neotropical savanna streams. Horizonte IEF/ Diretoria de Áreas Protegidas 2010.46 Ecological Indicators. v. 84, p. 573-584. 2018. p.
INSTITUTO PRISTINO. Atlas Digital Geoambiental. CORREIA, P. S. Matéria orgânica proveniente da Belo Horizonte. Disponível em: http://www. vegetação ripária e o processo de decomposição institutopristino.org.br/atlas/ Acesso em: 22/02/2019.
50 51 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 51 Anexo A
T el 1 do de reten o de ol e e eri ento re liz do no rre o Boleir , r ue t du l do io reto MG