v.12, n.1 – Julho / Dezembro 2019 ISSN 1983-3687

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG

DIRETORIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO MG.BIOTA

Publicação da Diretoria de Unidades de Conservação – Instituto Estadual de Florestas - IEF Rodovia Papa João Paulo II, 4143 – Serra Verde – Belo Horizonte/MG – CEP: 31.630-900 Edifício Minas – 1º andar

Conselho Editorial    Colaboradores deste número Cláudio Vieira Castro - IEF Cyntia Goulart Corrêa Bruno Priscila Moreira Andrade – IEF Renilson Paula Batista Adriano Pereira Paglia - UFMG Sandra Mara Esteves de Oliveira Fabiano Rodrigues de Melo – UFV Foto Capa: Evandro Rodney Editores Associados Imagem: Parque Estadual Serra Nova e Talhado Flávia Campos Vieira Foto Contracapa: Thiago Metzker Luís Fernando dos Santos Clímaco Imagem: Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais Coordenação Editorial Bárbara Karen M. de Souza (Estagiária) Janaína A. Batista Aguiar John Eurico Márcia Beatriz Silva de Azevedo Mônica Maia Priscila Moreira de Andrade Rosinalva da Cunha dos Santos Sandra Mara Esteves de Oliveira INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG Silvana de Almeida DIRETORIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO http://mgbiota.ief.mg.gov.br [email protected] Belo Horizonte/MG

FICHA CATALOGRÁFICA

MG.Biota: Boletim Técnico Científico da Diretoria de Unidades de Conservação/IEF - MG.v.12, n.1(2019) - Belo Horizonte: Instituto Estadual de MG. BIOTA Belo Horizonte v. 12 n. 1 jul./dez. 2019 Florestas, 2019 v.; iI. Edição Semestral a partir do v.12, n.1.2019. ISSN: 1983-3687

1. Biosfera - Estudo - Periódico. 2. Biosfera - Conservação. Instituto Estadual de Florestas. Diretoria de Unidades de Conservação / IEF CDU: 502

Catalogação na Publicação – Silvana de Almeida CRB. 1018-6

2 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG

DIRETORIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

MG. BIOTA Belo Horizonte v. 12 n. 1 jul./dez. 2019

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 3 SUMÁRIO

Editorial ...... 05

A evolução da criação das unidades de conservação municipais e a implementação do ICMS Ecológico em Minas Gerais

Luiz Paulo Pinto , Cláudia Márcia Martins Rocha , Daniela Lara Martins, Deborah Costa Pinto , Maria Auxiliadora Drumond ...... 06

Contribuição das unidades de conservação municipais no sistema de proteção da biodiversidade em Minas Gerais

Deborah Costa Pinto, Luiz Paulo Pinto, Maria Auxiliadora Drumond, Cecília Fernandes de Vilhena...... 23

Barreiras físicas e velocidade de água in uenciam a riqueza de invertebrados no fundo de um córrego no Parque Estadual do Rio Preto?

Gabriel Estevão Nogueira Aguila, Matteus Carvalho Ferreira, Catarina Dias de Freitas, Raphael Henrique Novaes , Gisele Moreira dos Santos1, Marcos Callisto ...... 42

Ampliando o conhecimento sobre os peixes do rio Pandeiros

Rafael Couto Rosa de Souza , Marina Lopes Bueno , Marina Silva Ru no , Marina Ferreira Moreira e Paulo Santos Pompeu...... 57

Pequena Central Hidrelétrica de Pandeiros e seu efeito sobre moluscos aquáticos invasores

Marden Seabra Linares, Marcos Callisto ...... 78

Em Destaque

Unidades de conservação municipais no ambiente urbano em Minas Gerais...... 90

44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 EDITORIAL

Apresentamos a primeira versão digital da revista MG.Biota, periódico criado em abril/2008, editado e distribuído gratuitamente até o primeiro semestre de 2019. O principal objetivo da MG.Biota é divulgar a importância da conservação da biodiversidade de Minas Gerais, destacando a necessidade de manutenção das unidades de conservação estaduais, espaços fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa científica. Os arti- gos que compõem cada edição são, prioritariamente, resultados de trabalhos de pesquisas desenvolvidas nas UCs do IEF. A partir de julho/2019, a periodicidade passou a ser semestral e na versão digital, obje- tivando possibilitar uma melhor divulgação e disseminação do conteúdo do boletim, assim como uma maior facilidade de acesso ao público leitor interessado no conhecimento da biota mineira e áreas afins. Nesta edição os artigos trazem pesquisas que enfocam estudos sobre a evolução da criação de unidades de conservação municipais, como também a contribuição dessas uni- dades para proteção da biodiversidade mineira; estudo sobre barreiras físicas e velocidade de água no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto e; outros dois estudos na Área de Proteção Ambiental Pandeiros: um sobre a ictiofauna presente no rio Padeiros e outro sobre a distribuição de moluscos invasores no rio. Agradecemos aos autores pela colaboração para o fortalecimento da MG.Biota e dese- jamos a todos uma boa leitura!

Cláudio Vieira Castro Diretor de Unidades de Conservação – IEF

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 5 A evolução da criação das unidades de conservação municipais e a implementação do ICMS Ecológico em Minas Gerais

Luiz Paulo Pinto1 , Cláudia Márcia Martins Rocha2 , Daniela Lara Martins3 , Deborah Costa Pinto4 , Maria Auxiliadora Drumond5

Resumo

A gestão de dezenas de unidades de conservação municipais de Minas Gerais exige estrutura, capacidade técnica e de  nanciamento do sistema. Esse artigo analisa a evolução da expansão da rede de unidades de conservação municipais no estado e sua relação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com critérios ambientais, também conhecido como ICMS ecológico. A expansão das unidades de conservação municipais em Minas Gerais é fortemente marcada pela implementação do ICMS Ecológico, especialmente nos primeiros 10 anos de operação do tributo. Os ajustes e aperfeiçoamentos do processo do ICMS Ecológico desenvolvidos ao longo dos anos têm contribuído para a consolidação desse tributo como um incentivo importante para o setor ambiental e para a rede de unidades de conservação municipais.

Palavras chave: áreas protegidas, ICMS, gestão ambiental municipal, conservação da biodiversidade

Abstrat

The management of dozens of municipal protected areas in Minas Gerais requires structure, technical capaci- ty and  nancing of the system. This paper analyzes the evolution of the expansion of the network of municipal protected areas in the state and its relationship with the ICMS (value added tax on goods and services) accor- ding to environmental criteria, also known as ICMS Ecológico. The expansion of municipal protected areas in Minas Gerais is strongly marked by the implementation of ICMS Ecológico, especially in the  rst 10 years of operation of the tribute. The adjustments and improvements of the ICMS Ecológico process developed over the years have contributed to the consolidation of it as an important incentive for the environmental sector and for the network of municipal protected areas.

Keywords: protected areas; ICMS; municipal environmental management; conservation of biodiversity

1 Sócio da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. . 2 Analista Ambiental da Diretoria de Unidades de Conservação (ICMS Ecológico/Unidades de Conservação) do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais. 3 Analista Ambiental e Assessora da Assessoria de Controle Processual e Autos de Infração do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais; Professora de Direito Ambiental do Centro Universitário UNA. 4 Graduanda em Ciências Biológicas (Ecologia) no Instituto de Ciência Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. 5 Professora do Laboratório de Sistemas Socioecológicos do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.

6 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Introdução Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com critérios ambientais, também conhecido No Brasil, os municípios têm por atribui- como ICMS Ecológico ou ICMS Verde, é um ção constitucional a responsabilidade de con- exemplo de mecanismos promissores para trolar o uso e a ocupação do solo, o que inclui o setor ambiental. a criação e implementação das unidades de Classificado como um instrumento eco- conservação municipais, e sua inserção no nômico de compensação fiscal, o ICMS Eco- desenvolvimento territorial municipal. lógico está em operação em 17 estados do O Sistema Nacional de Unidades de Con- Brasil, proporcionando o repasse de milhões servação (SNUC), criado pela Lei nº 9.985, de reais por ano para os municípios que abri- de 18 de julho de 2000, inseriu formalmente gam unidades de conservação municipais as unidades de conservação municipais na ou que cumprem outros critérios ambientais estratégia nacional de proteção da biodiversi- (PINTO et al., 2019). dade. Mas, o conhecimento sobre a dimensão O ICMS Ecológico surgiu em 1991 no es- e a importância da rede de unidades de con- tado do Paraná como uma forma de ressarcir servação sob a administração dos municípios os municípios pela restrição ao uso de seu tem evoluído apenas recentemente (PINTO, território. Posteriormente, Minas Gerais tam- 2017; PINTO et al., 2017; SALVIO et al., 2018; bém instituiu a legislação do ICMS Ecológico PINTO et al., neste volume). por meio da Lei nº 12.040, de 28 de dezembro Esses espaços territoriais protegidos fa- de 1995, conhecida como Lei Robin Hood. zem parte, cada vez mais, da dinâmica da Atualmente, está em vigor no estado a Lei nº paisagem do território municipal. O grande 18.030, de 12 de janeiro de 2009, que dispõe contingente de municípios no Brasil e em sobre a distribuição da parcela da receita do Minas Gerais, distribuídos em diferentes con- produto da arrecadação do ICMS pertencente textos ambientais e socioeconômicos e com aos municípios. enormes dificuldades políticas e financeiras, é um desafio para a instrumentalização da A receita do ICMS é distribuída entre os proteção da biodiversidade por meio dos go- Entes Estadual e Municipal, sendo 25% do vernos locais. valor arrecadado destinado aos municípios, Para consolidar uma rede de unidades conforme preconiza o inciso IV do artigo nº de conservação municipais é preciso avan- 158 da Constituição Federal. No total foram çar em mecanismos capazes de fortalecer instituídos dezoito critérios para o ICMS em técnica e financeiramente os governos lo- Minas Gerais como o Valor Adicionado Fiscal cais, para garantir maior sustentabilidade (VAF), área geográfica, população, educação, e continuidade no processo de proteção da meio ambiente, e outros. É estabelecida uma biodiversidade e dos serviços ambientais que percentagem específica para cada critério essas unidades proporcionam para a socie- (GRÁFICO 1). dade. A implementação do Imposto sobre

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 7 GráGráfico co 1 1– –Distribuição Distribuição do do ICMS ICMS em em Minas Minas Gerais Gerais conforme conforme os os critérios critérios estabelecidos estabelecidos 44 Informação e Projetos em Biodiversida- Resultado e Discussão de Ltda, de 2018.; Banco de Dados de Uni- dades de Conservação Municipais da Mata Foram registradas 323 unidades de con- Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica, servação municipais em Minas Gerais até de 2017; Atlas Digital Geoambiental do Ins- o momento,Grá co 2, distribuídas por 208 6 tituto Prístino, de 2018 ; literatura cienti ca municípios (PINTO et al., neste volume). A (artigos, teses e dissertações); Cadastro de evolução da criação das unidades de con- Unidades de Conservação no ICMS Ecoló- servação municipais é marcada por um cres- gico de Minas Gerais, de 2018; Resoluções cimento gradual até o início da vigência do SEMAD-MG sobre repasse de ICMS Ecoló- ICMS Ecológico no estado em 1995 e uma gico, de 2013 a 2018; documentos técnicos forte expansão do sistema municipal nos (ex.: Plano Diretor Municipal; proposta de primeiros 10 anos de implementação do tri- criação de unidades de conservação, e ou- buto (GRÁFICO 3). O número de unidades Fonte: IEF (2017) tros). Fonte: IEF (2017) de conservação municipais foi ampliado em Para cada unidade de conservação fo- O ICMS Ecológico (critério ambiental) no Metodologia quase sete vezes e a área total protegida em ram levantadas as seguintes informações: estado representa 1,10% da cota parte dos 133 vezes se comparada a situação do siste- (i) município em que se insere; (ii) categoria municípios e contém três critérios de reparti- O levantamento de informações sobre ma municipal de conservação antes e após e grupo de manejo; (iii) nome da unidade; ção: (i) Índice de Conservação (45,45%); (ii) as unidades de conservação municipais de 1995. (iv) área (hectares); (v) ano de criação; e (vi) Índice de Saneamento Ambiental (45,45%); Minas Gerais foi realizado através de fontes norma legal de criação. e (iii) Índice de Mata Seca (9,10%). As uni- secundárias e contatos com os municípios, A avaliação do ICMS Ecológico foi re- dades de conservação estão incluídas no durante o período de março de 2016 a de- alizada considerando as bases de informa- critério “Índice de Conservação” junto com zembro de 2018. Levou-se em consideração ções disponibilizadas publicamente durante outras áreas protegidas, e possui como obje- as unidades de conservação que estão em 2018 pelos websites da Secretaria de Estado tivo compensar os municípios que possuem conformidade com o SNUC, além das áre- do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus- unidades de conservação em seus territórios, as que foram formalmente criadas e são tentável-SEMAD7, do Instituto Estadual de além de incentivar a criação de outras unida- consideradas e manejadas como unidades Florestas-IEF8 e da Fundação João Pinhei- des e melhorar a qualidade de gestão dessas de conservação pelos municípios, mas que ro9, instituição que auxilia o estado na ges- áreas protegidas. ainda não estão categorizadas conforme o tão do tributo. Foram consultadas também Diante disso, o ICMS Ecológico abriu sistema nacional. as Resoluções SEMAD entre 1996 e 2018, oportunidades para transformações impor- As fontes utilizadas para o levantamento que divulgam os dados e a pontuação  nal tantes da gestão ambiental municipal, incluin- de informações sobre as unidades de con- do fator de qualidade referente às unidades servação municipais são: websites o ciais do o estímulo para a criação e implementa- de conservação e outras áreas especialmen- das prefeituras; Cadastro Nacional de Uni- ção de unidades de conservação municipais. te protegidas no estado de Minas Gerais. Nesse artigo será abordada a evolução da dades de Conservação (CNUC) do Ministé- ______criação de unidades de conservação muni- rio do Meio Ambiente (MMA, 2018); Banco 6https://www.institutopristino.org.br/atlas. 7http://www.meioambiente.mg.gov.br/icms-ecologico. cipais em face da implementação do ICMS de Dados de Unidades de Conservação do 8http://www.ief.mg.gov.br/regionais-ief/1625-icms-ecologico-. 9http://fjp.mg.gov.br/robin-hood/index.php/transferencias/ Ecológico no estado. Cerrado e da Mata Atlântica da Ambiental pesquisamunicipio

8 8 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 9 44 Informação e Projetos em Biodiversida- Resultado e Discussão de Ltda, de 2018.; Banco de Dados de Uni- dades de Conservação Municipais da Mata Foram registradas 323 unidades de con- Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica, servação municipais em Minas Gerais até de 2017; Atlas Digital Geoambiental do Ins- o momento,Grá co 2, distribuídas por 208 6 tituto Prístino, de 2018 ; literatura cienti ca municípios (PINTO et al., neste volume). A (artigos, teses e dissertações); Cadastro de evolução da criação das unidades de con- Unidades de Conservação no ICMS Ecoló- servação municipais é marcada por um cres- gico de Minas Gerais, de 2018; Resoluções cimento gradual até o início da vigência do SEMAD-MG sobre repasse de ICMS Ecoló- ICMS Ecológico no estado em 1995 e uma gico, de 2013 a 2018; documentos técnicos forte expansão do sistema municipal nos (ex.: Plano Diretor Municipal; proposta de primeiros 10 anos de implementação do tri- criação de unidades de conservação, e ou- buto (GRÁFICO 3). O número de unidades tros). de conservação municipais foi ampliado em Para cada unidade de conservação fo- quase sete vezes e a área total protegida em ram levantadas as seguintes informações: 133 vezes se comparada a situação do siste- (i) município em que se insere; (ii) categoria ma municipal de conservação antes e após e grupo de manejo; (iii) nome da unidade; 1995. (iv) área (hectares); (v) ano de criação; e (vi) norma legal de criação. A avaliação do ICMS Ecológico foi re- alizada considerando as bases de informa- ções disponibilizadas publicamente durante 2018 pelos websites da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus- tentável-SEMAD7, do Instituto Estadual de Florestas-IEF8 e da Fundação João Pinhei- ro9, instituição que auxilia o estado na ges- tão do tributo. Foram consultadas também as Resoluções SEMAD entre 1996 e 2018, que divulgam os dados e a pontuação  nal do fator de qualidade referente às unidades de conservação e outras áreas especialmen- te protegidas no estado de Minas Gerais. ______

6https://www.institutopristino.org.br/atlas. 7http://www.meioambiente.mg.gov.br/icms-ecologico. 8http://www.ief.mg.gov.br/regionais-ief/1625-icms-ecologico-. 9http://fjp.mg.gov.br/robin-hood/index.php/transferencias/ pesquisamunicipio

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 9 Grá co 2 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em Minas Gerais, entre 1966 e 2018

Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018

Grá co 3 – Evolução da área (hectares) total acumulada de unidades de conservação municipais públicas em Minas Gerais, entre 1966 e 2018

Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018

1010 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Grá co 2 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em Minas A média de criação de unidades de con- As diferenças são ainda mais pronun- Gerais, entre 1966 e 2018 servação municipais antes do ICMS Ecoló- ciadas quanto a área total protegida por gico no estado é de 1,4 unidade/ano, en- unidades de conservação municipais antes quanto no período após a implementação do e depois do ICMS Ecológico (GRÁFICO 4). tributo a média passa a ser de 12 unidades/ Nos primeiros 10 anos de implementação ano. Considerando apenas os primeiros 10 do ICMS Ecológico a média foi de cerca de anos de implementação do ICMS Ecológico 242 mil hectares por ano, ou seja, 379 ve- a média foi de 21,1 unidades/ano, ou seja, zes a média (638 hectares/ano) de inclusão 15 vezes mais do que no período anterior ao de área protegida por ano no período ante- ICMS Ecológico. Apesar de diminuir o ritmo rior à criação do tributo. Após 10 anos de vi- de criação de unidades de conservação mu- gência do ICMS Ecológico, a média da área nicipais após 10 anos de vigência do ICMS protegida incorporadas pelas unidades de Ecológico, ainda assim a média de criação conservação municipais no sistema é 15,5 é 3,6 vezes superior ao período anterior à vezes superior ao período anterior à criação criação do tributo. do tributo.

GráficoGrá co 44 –– EvoluçãoEvolução dodo númeronúmero dede unidades de conservaçãoconservação públicpúblicasas por por esfera esfera político-administrativa político-administrativa em Minas em Minas Gerais, Gerais,entre entre 1937 1937 e 2018 e 2018.

Grá co 3 – Evolução da área (hectares) total acumulada de unidades de conservação municipais públicas em Minas Gerais, entre 1966 e 2018

Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018

10 11 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 11 A mudança na representatividade das O aumento da representatividade das ção municipais de proteção integral por ano do ao período anterior a 1995, a média foi unidades de conservação municipais no unidades de conservação municipais em foi três vezes superior nos primeiros 10 anos cerca de 88,5 vezes superior para unidades quadro geral do sistema do estado pode ser área protegida no estado é também marcan- de vigência do ICMS Ecológico se compara- de uso sustentável. te. Até 1995 representavam somente 3,4% vista também como um indicativo da in uên- Grá co 6 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em da área total protegida dentro do sistema cia do ICMS Ecológico. As unidades de con- Minas Gerais por grupo de manejo, entre 1966 e 2018. e, de 1996 a 2018, passaram para 56,5% servação municipais representavam 51,9% (GRÁFICO 5). Nos 23 anos após a criação do número de unidades do sistema no perí- do ICMS Ecológico, em 12 vezes as unida- odo anterior à 1995 e passaram para 79,4% des de conservação municipais adicionaram considerando o período entre a implementa- mais áreas protegidas ao sistema do que as ção do tributo e 2018 (GRÁFICO 4). unidades estaduais e federais.

GráficoGrá co 55 –– EvoluçãoEvolução dada áreaárea (hectares)(hectares) totaltotal protegidaprotegida pelaspelas unidadesunidades dede conservaçãoconservação públicaspúblicas porpor esfera político-administrativaesfera político-administrativa em Minas em Gerais,Minas Gerais, entre 1937 entre e 19372018 e 2018

Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda, de 2018 sobre Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais. A grande predominância pela criação de legais que estabelecem os procedimentos APAMs também foi abordada em outros es- para aplicação desse tributo. tudos sobre a evolução do sistema de pro- Após quase 10 anos de implementação Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Con- do ICMS Ecológico, o governo mineiro sus- servação no Estado de Minas Gerais.2018 teção municipal em Minas Gerais (OLIVEI- RA et al., 2012; EUCLYDES; MAGALHÃES, pendeu os processos de análise do cadas- A forte expansão das unidades de con- Essa dinâmica pode ser melhor obser- 2006; AMDA, 2017; PINTO et al., 2017; tramento de novas Áreas de Proteção Am- servação municipais ocorreu principalmen- vada ao se fazer a análise da evolução da SALVIO et al., 2018). Todos os autores cha- biental (APAs) para  ns de recebimento do te pela criação de unidades da categoria criação de unidades de conservação muni- mam a atenção para a importância do ICMS tributo através da Portaria IEF nº. 120, de 30 de Área de Proteção Ambiental Municipal cipais por grupo de manejo – Proteção Inte- Ecológico no estado, mas fazem ressalvas de agosto de 2004. Passou a exigir também (APAM). Minas Gerais possui 186 APAMs gral e Uso Sustentável (GRÁFICO 6). Para quanto à e ciência do processo para a real o recadastramento de todas as unidades de registradas, sendo que 88% dessas unida- cada 10 unidades de conservação munici- proteção da biodiversidade. O aprendizado conservação preexistentes para continuida- des, totalizando cerca de 2,5 milhões de pais criadas entre 1996 e 2005, oito eram com a implementação do ICMS Ecológico de dos repasses do ICMS Ecológico, con- hectares, foram criadas nos primeiros 10 unidades de uso sustentável. Enquanto a ao longo dos anos é importante para reali- forme a Resolução SEMAD nº 318, de 15 de anos do ICMS Ecológico. média de criação de unidades de conserva- zar os ajustes necessários nos instrumentos fevereiro de 2005. Mais importante ainda,

1212 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 13 A mudança na representatividade das O aumento da representatividade das ção municipais de proteção integral por ano do ao período anterior a 1995, a média foi unidades de conservação municipais no unidades de conservação municipais em foi três vezes superior nos primeiros 10 anos cerca de 88,5 vezes superior para unidades quadro geral do sistema do estado pode ser área protegida no estado é também marcan- de vigência do ICMS Ecológico se compara- de uso sustentável. te. Até 1995 representavam somente 3,4% vista também como um indicativo da in uên- Grá co 6 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em da área total protegida dentro do sistema Gráfico 6 – Evolução do número acumulado de unidades de conservação municipais públicas em Minas cia do ICMS Ecológico. As unidades de con- GeraisMinas porGerais grupo por de grupo manejo, de manejo, entre 1966 entre e 20181966 e 2018. e, de 1996 a 2018, passaram para 56,5% servação municipais representavam 51,9% (GRÁFICO 5). Nos 23 anos após a criação do número de unidades do sistema no perí- do ICMS Ecológico, em 12 vezes as unida- odo anterior à 1995 e passaram para 79,4% des de conservação municipais adicionaram considerando o período entre a implementa- mais áreas protegidas ao sistema do que as ção do tributo e 2018 (GRÁFICO 4). unidades estaduais e federais.

Grá co 5 – Evolução da área (hectares) total protegida pelas unidades de conservação públicas por esfera político-administrativa em Minas Gerais, entre 1937 e 2018

Fonte:Fonte: BaseAMBIENTAL de Dados 44 da Informação Ambiental e 44 Projetos Informação em Biodiversidade e Projetos em BiodiversidadeLtda. Base de Dados Ltda, de de 2018 Unidades sobre de Unidades Conservação de Conservação no Estado de no Minas Estado Gerais.2018 de Minas Gerais. A grande predominância pela criação de legais que estabelecem os procedimentos APAMs também foi abordada em outros es- para aplicação desse tributo. tudos sobre a evolução do sistema de pro- Após quase 10 anos de implementação teção municipal em Minas Gerais (OLIVEI- do ICMS Ecológico, o governo mineiro sus- RA et al., 2012; EUCLYDES; MAGALHÃES, pendeu os processos de análise do cadas- A forte expansão das unidades de con- Essa dinâmica pode ser melhor obser- 2006; AMDA, 2017; PINTO et al., 2017; tramento de novas Áreas de Proteção Am- servação municipais ocorreu principalmen- vada ao se fazer a análise da evolução da SALVIO et al., 2018). Todos os autores cha- biental (APAs) para  ns de recebimento do te pela criação de unidades da categoria criação de unidades de conservação muni- mam a atenção para a importância do ICMS tributo através da Portaria IEF nº. 120, de 30 de Área de Proteção Ambiental Municipal cipais por grupo de manejo – Proteção Inte- Ecológico no estado, mas fazem ressalvas de agosto de 2004. Passou a exigir também (APAM). Minas Gerais possui 186 APAMs gral e Uso Sustentável (GRÁFICO 6). Para quanto à e ciência do processo para a real o recadastramento de todas as unidades de registradas, sendo que 88% dessas unida- cada 10 unidades de conservação munici- proteção da biodiversidade. O aprendizado conservação preexistentes para continuida- des, totalizando cerca de 2,5 milhões de pais criadas entre 1996 e 2005, oito eram com a implementação do ICMS Ecológico de dos repasses do ICMS Ecológico, con- hectares, foram criadas nos primeiros 10 unidades de uso sustentável. Enquanto a ao longo dos anos é importante para reali- forme a Resolução SEMAD nº 318, de 15 de anos do ICMS Ecológico. média de criação de unidades de conserva- zar os ajustes necessários nos instrumentos fevereiro de 2005. Mais importante ainda,

12 13 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 13 foi a implementação do fator de qualidade localizadas na zona de amortecimento (para como parte dos critérios de avaliação das APA são consideradas as reservas legais unidades de conservação, de acordo com a averbadas no interior da unidade); (iv) limi- Deliberação Normativa do COPAM nº 86, de tes demarcados; (v) plano de manejo; (vi) 17 de junho de 2005. conselho consultivo; (vii) recursos humanos; Diante da instituição dos instrumentos (viii) infraestrutura e equipamentos; (ix) re- legais supracitados, para que um município cursos  nanceiros aplicados na UC, dentre inicie um processo de cadastramento ou de outros. recadastramento de uma unidade de con- No entanto, vale ressaltar que o ato de servação para  ns de recebimento de ICMS criação de uma unidade de conservação Ecológico, passou a ser preciso que seu o não garante automaticamente o repasse representante legal ou gestor envie um re-  nanceiro ao município que a abriga. Para querimento devidamente protocolado ao tanto, é necessário primeiramente se habili- IEF, acompanhado de toda documentação, tar ao critério Meio Ambiente – Unidades de impressa e em meio digital, prevista no art. Conservação, realizando o cadastramento 6° da Resolução SEMAD nº 318 de 2005. conforme informado anteriormente através Pode-se dizer, ainda, que esta documenta- da Resolução SEMAD n° 318/2005. ção é inerente a todo processo e procedi- Todos esses procedimentos certamente mentos necessários para a criação de uma in uenciaram a dinâmica de criação das uni- unidade de conservação, previsto pela Lei dades de conservação municipais e no re- do SNUC. passe do ICMS Ecológico em Minas Gerais. Além disso, a partir da efetivação do O ritmo de criação das unidades de conser- cadastro de uma unidade de conservação, vação municipais reduziu após a aplicação seus gestores deverão enviar o Fator de do fator de qualidade do ICMS Ecológico, Qualidade. Este, é um importante instru- passando de 17,7 unidades/ano entre 1996 mento para veri car se as normas e diretri- e 2005 (primeiros 10 anos) para 1,3 unida- zes estabelecidas pelo SNUC estão sendo des/ano nos anos seguintes. cumpridas. Consiste em uma avaliação anu- Ressalta-se, ainda, que uma parcela im- al da gestão das unidades de conservação portante dos municípios (40%) não enviou cadastradas e deve ser encaminhado em documentações que comprovassem os in- até 15 de abril, anualmente. vestimentos nas unidades de conservação O Fator de Qualidade está intimamente municipais entre 2007 e 2008 (OLIVEIRA, relacionado à gestão das unidades de con- 2008; OLIVEIRA et al., 2012). Em 2015, servação inseridas no cadastro estadual, essa dinâmica ainda parecia a mesma, pois sendo dividido por diversos parâmetros tais o número de unidades de conservação mu- como: (i) regularização fundiária; (ii) área nicipais caiu cerca de 6,5% no cadastro do de cobertura vegetal nativa (ou recuperada ICMS Ecológico, principalmente de APAMs com espécies nativas); (iii) reservas legais (COMINI, 2017).

14 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Apesar da variação no número de unida- político-administrativas, continua crescendo e des de conservação municipais, o número representam, atualmente, 8,3 vezes o número de unidades de conservação no sistema de de unidades de conservação cadastradas em ICMS Ecológico no estado, nas três esferas 1996 (GRÁFICO 7).

Gráfico 7 – Total de unidades de conservação cadastradas para fins de recebimento de ICMS Ecológico, entre 1996 e 2018, em Minas Gerais

Fonte: Resolução 002 de 29/04/1996. Minas Gerais. Diário do Executivo. Belo Horizonte, 30 abr. 1996

Estudos sobre a implementação das uni- deficiência de equipe técnica e outros ele- dades de conservação municipais em municí- mentos relevantes para o funcionamento das pios que recebem ICMS Ecológico em Minas unidades. Gerais mostram que mesmo com a melhoria As novas regras estabelecidas pelos na gestão observada pelo fator de qualidade instrumentos legais para aplicação do ICMS das APAMs e outras categorias de manejo, Ecológico podem ter estimulado a utilização a maioria das unidades ainda apresentam de categorias de manejo mais restritivas (par- muitas dificuldades e desafios (OLIVEIRA, ques, reservas biológicas e refúgios de vida 2008; OLIVEIRA et al., 2012; AMDA, 2017; silvestre) pelas prefeituras, pois passaram COMINI, 2017). São mencionados aspectos a ter maior peso no cálculo do tributo. Em como a ausência de estrutura de gestão, do 10 ocasiões a partir de 2007, a criação do plano de manejo e do conselho consultivo, número de unidades de conservação munici-

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 15 pais de proteção integral superou aquelas de de conservação municipais diminuiu o ritmo uso sustentável. Todos monumentos naturais após 2005 (SALVIO et al., 2018; PINTO et municipais, por exemplo, foram criados no al., 2019). O mesmo fenômeno foi observado estado após 2007. Essa categoria tem ainda para outros estados (RUGGIERO, 2018). a vantagem de não precisar, a princípio, de A implementação do fator de qualidade foi processos de desapropriação, o que evita um fator decisivo para alterar a dinâmica da gastos para a criação e implementação das distribuição do ICMS Ecológico e da seleção unidades. das categorias de manejo para criação das São várias as evidências da influência unidades de conservação pelos municípios do ICMS Ecológico na criação e expansão em Minas Gerais. Houve uma desaceleração das unidades de conservação municipais. na criação de unidades de conservação, so- FERNANDES et al. (2011), por exemplo, ve- bretudo, das APAMs. rificaram que a cada aumento de R$ 1.000,00 Esse fenômeno pode estar relacionado no valor recebido pelos municípios através do com a mudança das regras e maior rigor na subcritério de unidades de conservação mu- análise dos parâmetros do fator de qualidade nicipais do ICMS Ecológico em Minas Gerais, das unidades de conservação. A deficiência a área protegida aumentou em 41,4 hectares. de pessoal técnico e da estrutura ambiental da CASTRO et al. (2018) analisaram a operação maioria dos municípios agravam a situação, do tributo em 16 estados e demonstraram que que pode ter reflexos sobre os indicadores o ICMS Ecológico induziu a criação anual, do ICMS Ecológico. em média, de 22 mil hectares de unidades É possível ainda que fatores políticos afe- de conservação municipais a mais do que tem a participação dos municípios no ICMS em estados sem o tributo. Ecológico a partir de mudanças provocadas Estudos realizados para avaliar a influ- pelas eleições municipais. Após a implemen- ência do ICMS Ecológico nos municípios do tação do fator de qualidade em 2005, houve estado do Rio de Janeiro reforçam também eleições municipais no país em três ocasiões: a associação desse tributo com a criação de 2008, 2012 e 2016. Em muitos municípios unidades de conservação municipais (CONTI, pode ter ocorrido mudança de gestão polí- 2015; SILVIA, 2018). As pesquisadoras utili- tica, o que proporciona, muitas vezes, em zaram entrevistas com gestores municipais alterações nas equipes, procedimentos e que afirmaram que a criação de unidades de prioridades dos novos governos municipais, conservação é motivada também pela pos- ocasionando dificuldades para retomar o pro- sibilidade de maior arrecadação de recursos cesso e cumprir as exigências do cadastro do financeiros para os municípios. ICMS Ecológico. É importante ressaltar que apesar do O reflexo desses aspectos é que vários estímulo inicial muito forte e do aumento dos municípios saem do cadastro do ICMS Eco- recursos distribuídos pelo ICMS Ecológico no lógico anualmente por não enviarem a docu- estado, a expansão da criação das unidades mentação necessária, ou por apresentarem

16 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 informações discrepantes sobre as ações de das unidades de conservação municipais implementação das unidades de conservação pelos municípios. Já existem exemplos de municipais. programas dessa natureza em outros estados, Por outro lado, os municípios continuam como o Programa de Apoio às Unidades de gradativamente criando unidades de con- Conservação Municipais (ProUC), instituído servação de proteção integral, que devido pela Secretaria de Estado do Ambiente do Rio as características mais restritivas, são áre- de Janeiro (SEA-RJ), e o Programa de Fomento as de grande importância para a proteção à Criação de Unidade de Conservação do da biodiversidade em longo prazo. Além da Instituto de Desenvolvimento Sustentável e busca para ampliar a arrecadação munici- Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do pal pela maior representatividade no cálculo Norte (IDEMA-RN), através do Núcleo de do ICMS Ecológico, a mudança de postura Gestão de Unidades de Conservação (PINTO das prefeituras na criação das unidades de et al., 2017). conservação municipais de proteção integral Esse tipo de programa poderia ter como pode estar relacionada também com a sen- componente o monitoramento das ações de sibilização da população pela proteção da implementação das unidades de conserva- biodiversidade e criação de áreas verdes, ção mantidas pelos municípios, que é um a influência de eventos e grandes acordos aspecto fundamental para que as unidades globais sobre biodiversidade (ex.: Rio+20), cumpram com os objetivos para que foram a maior exigência de sustentabilidade pelos criados, contribuam para consolidar o siste- mercados, o entendimento dos perigos cau- ma de proteção como um todo, e possam sados pelas alterações do clima, e outros gerar recursos financeiros através do ICMS fatores associados. Ecológico. Vale mencionar que as categorias O IEF vem realizando ações para ampliar de manejo predominantes no sistema muni- o conhecimento sobre o ICMS Ecológico e cipal, parques naturais e áreas de proteção atrair e capacitar os municípios sobre a im- ambiental, aumentaram a pontuação média portância e a operacionalização do tributo no do fator de qualidade nos últimos anos (CO- estado. Em 2015, foi realizada auditoria dos MINI, 2017). Os parques naturais pratica- cadastros e uma iniciativa de capacitação mente dobraram a pontuação média entre dos gestores. Em 2017, o órgão elaborou 2014 (0,3290) e 2016 (0,5933). Mas, ainda um manual para orientar os municípios no é preciso avançar na qualificação de todas processo de cadastramento das unidades de unidades de conservação municipais. conservação municipais para fins de recebi- Além das unidades de conservação pú- mento do ICMS Ecológico (IEF-MG, 2017). blicas, existe ainda um grande potencial de A institucionalização de um programa crescimento das RPPNs na esfera municipal estadual de apoio aos municípios pode ser (LOUREIRO; MARTINEZ, 2004; PINTO et al., um instrumento importante para aperfeiçoar e 2017; PINTO et al., 2019), que proporcionaria qualificar a gestão ambiental e a implementação maior reconhecimento e participação do setor

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 17 Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais privado na proteção da biodiversidade. No estado do Rio de Janeiro, alguns municípios acreditam que podem ampliar a pontuação e a receita com o ICMS Ecológico através do incentivo à criação de RPPNs municipais e das demais esferas político-administrativas (SILVA, 2018). Não resta dúvida da importância do ICMS Ecológico como um mecanismo financiador e indutor da agenda ambiental não só em Minas Gerais, mas para os demais estados do país. A utilização das unidades de con- servação como um dos critérios de repasse de recursos do ICMS Ecológico gera receitas tributárias para os municípios e é considerado um ativo econômico importante para centenas de municípios e para sociedade (CASTRO et al., 2018) (FOTOGRÁFIAS 1, 2 e 3). Fonte: Fotogra a de Thiago Metzker

Fotogra a 2 – Área de Proteção Ambiental de Araponga, Araponga, Minas Gerais

Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney

18 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 19 Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais

Fonte: Fotogra a de Thiago Metzker

Fotogra a 2 – Área de Proteção Ambiental de Araponga, Araponga, Minas Gerais

Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 19 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 19 Fotografia 3 – Parque Estadual Serra Nova e Talhado, Minas Gerais

Fonte: Fotografia de Evandro Rodney Entretanto, por restrições constitucionais, Inicialmente o ICMS Ecológico surgiu os recursos do ICMS ecológico não podem ser como uma forma de ressarcir os municípios vinculados e são utilizados de acordo com a pela restrição ao uso de seu território como era vontade política da administração municipal. a visão em relação a presença das unidades É preciso, portanto, aperfeiçoar o processo de conservação. Posteriormente, as mudan- de aplicação dos recursos do ICMS Ecológico ças e o aperfeiçoamento desse mecanismo recebidos pelos municípios, para enfrentar fiscal levaram ao entendimento dos atores pú- o desafio da implementação das unidades blicos do ICMS Ecológico como um importante de conservação municipais e outras ações instrumento de provisão de recursos para a ambientais definidas pelos critérios do tributo efetiva gestão ambiental nos territórios munici- (CONTI, 2015; FERREIRA et al., 2016; RO- pais. Com essas características inovadoras, o MERO et al., 2017). ICMS Ecológico vem sendo reconhecido como uma política pública incentivadora do princípio Considerações Finais ambiental do protetor-recebedor, uma vez que Os resultados encontrados corroboram os municípios são induzidos a elaborarem estudos anteriores que mostram a forte as- políticas públicas voltadas à conservação da sociação entre a criação das unidades de biodiversidade e são remunerados por isso. conservação municipais e a implementação Entretanto, é preciso aperfeiçoar a ope- do ICMS Ecológico em Minas Gerais e em racionalização do ICMS Ecológico continu- outros estados do país (LOUREIRO, 2002; amente. Ainda é necessário avançar e criar EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006; CONTI, processos mais claros e simplificados para 2015; COMINI, 2017; SALVIO, 2017; CAS- manter os municípios já cadastrados, assim TRO et al., 2018; RUGGIERO, 2018; SALVIO como atrair novos municípios que queiram et al., 2018; SILVIA, 2018). criar unidades de conservação e ainda não

20 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 recebem o tributo, além de dar eficiência e de receitas tributárias municipais. In: YOUNG, C.E.F.; ME- transparência na aplicação dos recursos. Nes- DEIROS, R. (Org.). Quanto vale o verde: a importância econômica das unidades de conservação brasileiras. Rio se sentido, os critérios e os parâmetros do de Janeiro, Conservação Internacional, 2018. p. 148-173. ICMS Ecológico de Minas Gerais estão sendo COMINI, I. B. Unidades de conservação como subcri- revisados para garantir maior eficiência na tério determinante para a distribuição do ICMS Ecoló- aplicação dos recursos e na implementação gico no estado de Minas Gerais. 2017. 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade Federal das unidades de conservação. de Viçosa, Viçosa, 2017. Os desafios são grandes e esse artigo CONSELHO ESTADUAL DE POLITICA AMBIENTAL- levanta elementos para novos estudos e COPAM (Minas Gerais) • Deliberação Normativa nº 86, questões a serem investigadas envolvendo de 17/06/2005 (Critérios para pontuação no Fator de Qualidade em unidades de conservação e outras áreas o ICMS Ecológico e as unidades de conser- protegidas); Belo Horizonte. Disponível em:http://www. vação municipais. O processo é competitivo e siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=4947 os municípios devem se preparar institucional- CONTI, B. R. ICMS-Ecológico no Estado do Rio de mente para fortalecer sua gestão ambiental, Janeiro: criação, gestão e uso público em unidades de conservação. 2015. 306 f. Tese (Doutorado em Políticas manter os recursos obtidos através do ICMS Públicas, Estratégias e Desenvolvimento) - Universidade Ecológico e, sobretudo, criar as condições Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. adequadas para a criação e implementação EUCLYDES, A. C. P.; MAGALHÃES, S. R. A. A Área de das unidades de conservação municipais, que Proteção Ambiental (APA) e o ICMS Ecológico em Minas Gerais: algumas reflexões. Geografias, v. 2, n. 2, p. 39- contribuirão para a proteção do patrimônio 55, 2006. natural do município e do estado de Minas FERNANDES, L. L.; COELHO A. B.; FERNANDES, E. Gerais, além de fornecer serviços ambientais A.; LIMA, J. E. Compensação e Incentivo à Proteção fundamentais para a sociedade. Ambiental: o caso do ICMS Ecológico em Minas Gerais. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 49, n. 3, p. 521-544, 2011. Referências FERREIRA, S. A.; SIQUEIRA, J. R. M.; MACEDO, M. A. S. AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Avaliação dos impactos da distribuição do ICMS Ecológico Ltda. Base de Dados das Unidades de Conservação do na preservação ambiental da Zona da Mata do estado de Estado de Minas Gerais.2018 Minas Gerais. In: SEMINÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E MEIO AMBIENTE, 1.,2016, Volta Redonda. Anais [...]. AMDA - Associação Mineira de Defesa do Ambiente. Em Volta Redonda: Universidade Federal Fluminense, 2016. Minas, o repasse de ICMS ecológico transformou-se numa indústria de APAS municipais. EcoDebate. 2017. IEF-(Minas Gerais) - Instituto Estadual de Florestas de Mi- Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2017/04/12/ nas Gerais. Manual de procedimentos para o cadastro em-minas-o-repasse-de-icms-ecologico-transformou -se- de unidades de conservação municipais para fins de numa-indústria-de-apas-municipais/. Acesso em: 04 jan. recebimento de ICMS ecológico. Belo Horizonte: IEF, 2019. 2017.

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MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 21 Paraná: CNRPPN, 2004. p. 57-78. ICMS, conforme Art. 1º, da Lei n.12.040, de 28/12/95. Minas Gerais, Diário do Executivo, Belo Horizonte, OLIVEIRA, V. S. Implementação e fator de qualidade 30 abr.1996 de Áreas de Proteção Ambiental em Minas Gerais. 2008. 121 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMAD - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008. (MINAS GERAIS). Resolução nº492, de 29 de ju- nho de 2006. Divulga dados cadastrais apurados OLIVEIRA, V. S.; LIMA, G. S.; OLIVEIRA, L. S.; BRINATI, no 1º trimestre de 2006, referentes aos sistemas de A. Diagnóstico e análise da gestão das áreas de proteção saneamento ambiental com Licença de Operação do ambiental em Minas Gerais. In: LIMA, G. S.; BONTEM- Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM PO, G.; ALMEIDA, M.; GONÇALVES, W. (Org.). Gestão, e às unidades de conservação federais, estaduais, Pesquisa e Conservação em Áreas Protegidas. Viçosa: municipais e particulares, situadas no Estado de Minas Universidade Federal de Viçosa, 2012. p. 101-117. Gerais, segundo o art. 1º, inciso VIII, da Lei nº 13.803, de 28 de dezembro de 2003. Disponível em: http:// PINTO, D. C. Contribuição da Esfera Municipal para www.siam.mg.gov.br/sla/action/consultaPublicacoes. a Cobertura de Unidades de Conservação no Estado do 29/06/2006. de Minas Gerais. 2017. 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMAD (MI- Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017. NAS GERAIS).Resolução nº 318, de 15 de fevereiro de 2005 (Cadastramento de unidades de conservação PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; FONSECA, e outras áreas protegidas); Disponivel em:http://www. M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. K. Unidades de siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=4167. Conservação Municipais da Mata Atlântica. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 2017. SILVA, A. P. V. Os Efeitos do ICMS-E para as políticas ambientais dos municípios fluminenses. 2018. 239 PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; FONSECA, f. Tese (Doutorado em Políticas Públicas, Estratégias e M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. K. ICMS Ecológico Desenvolvimento) - Instituto de Economia da Universi- e as Unidades de Conservação Municipais da Mata dade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. Atlântica. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica. 2019. Agradecimentos ROMERO, F. M. B.; SILVA, L. F.; ISBAEX, C.; ALVES, E. B. B. M.; JACOVINE, L. A. G.; SILVA, M. L. O ICMS ecológico como instrumento econômico de melhorias ambientais e Somos gratos ao Fundo de Parceria para sociais em alguns municípios mineiros. Revista Agro- Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em in- geoambiental, Pouso Alegre, v. 9, n. 3, p. 95-104, 2017. glês para Critical Ecosystem Partnership Fund) RUGGIERO, P. G. C. Impacto de políticas de conser- e Instituto Internacional de Educação do Brasil vação e ciclos eleitorais sobre as áreas protegidas e a (IEB) pelo suporte financeiro e apoio para o cobertura florestal na Mata Atlântica. 2018. 101 f. Tese levantamento das unidades de conservação (Doutorado em Ciências Biológicas) - Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. municipais do Cerrado e à Fundação SOS Mata Atlântica pelo apoio com as bases de dados SALVIO, G. M. M. Áreas Naturais Protegidas e das unidades de conservação municipais da Indicadores Socioeconômicos: o desafio da conser- Mata Atlântica. Agradecemos o Instituto de Ci- vação da natureza. Jundiaí: Paco Editorial, 2017. ências Biológicas da Universidade Federal de SALVIO, G. M. M.; LUCIANO, J.; LUCIANO, R. C. Distri- Minas Gerais e o Instituto Estadual de Florestas buição das áreas naturais protegidas municipais em Minas de Minas Gerais pelo apoio da condução dos Gerais. , v. 2, n. 3, p. 1092-1103, 2018. Braz. Ap. Sci. Rev. trabalhos. Nosso agradecimento pelo suporte Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMAD de vários técnicos e especialistas de ONGs, (MINAS GERAIS). Resolução nº 002, de 29 de abril universidades e das prefeituras dos municípios, de 1996. Divulga a relação de municípios habilitados, os respectivos índices e dados apurados até 31 de que nos auxiliaram com dados e informações dezembro de 1995, referentes ao critério Meio Am- sobre as unidades de conservação municipais biente, para fins de cálculo e distribuição de parcela do públicas e privadas.

22 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Contribuição das unidades de conservação municipais no sistema de proteção da biodiversidade em Minas Gerais

Deborah Costa Pinto1, Luiz Paulo Pinto2, Maria Auxiliadora Drumond3, Cecília Fernandes de Vilhena4

Resumo

Esse estudo tem como objetivo a avaliação da contribuição das unidades de conservação municipais no sistema de proteção da biodiversidade no estado de Minas Gerais. Considerando as três esferas político-administrativas, foram registradas 747 unidades de conservação no estado, totalizando cerca de 6 milhões de hectares protegi- dos. Dessas, 323 são unidades de conservação municipais com cerca de 2,5 milhões de hectares protegidos em 208 municípios. As unidades de conservação municipais representam, portanto, 43,2% do número de unidades e 42,9% da área total protegida em Minas Gerais. A avaliação do sistema de unidades de conservação de Minas Gerais mostra como os governos locais são um elo essencial para a proteção integrada do patrimônio natural do estado.

Palavras chave: áreas protegidas, gestão ambiental municipal, sistema nacional de unidades de conserva- ção, conservação da biodiversidade

Abstract

This study aims to evaluate the contribution of municipal protected areas to the biodiversity protection system in the state of Minas Gerais. Considering the three administrative political spheres, 747 protected areas were registered in the state, totaling about 6 million hectares protected. Of these, 323 are municipal protected areas with about 2.5 million hectares protected in 208 municipalities. The municipal protected areas represent, there- fore, 43.2% of the number of units and 42.9% of the total protected area in Minas Gerais. The evaluation of the system of protected areas in Minas Gerais shows how local governments are essential link for the integrated protection of the state natural heritage.

Keywords: protected areas; municipal environmental management; Brazilian System of Protected Areas, con- servation of biodiversity

1Graduanda em Ciências Biológicas (Ecologia) no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. 2Sócio da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. E-mail: [email protected]. 3Professora do Laboratório de Sistemas Socioecológicos do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. 4Gerente de Implantação e Manejo de Unidades de Conservação da Diretoria de Unidades de Conservação do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais.

23 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 23 Introdução bientais ou órgãos setoriais associados ao setor ambiental nos municípios. As unidades de conservação continuam As unidades de conservação federais e sendo o principal mecanismo de proteção estaduais são mais conhecidas e alvo cons- da biodiversidade, reconhecido por quase tante de ações e estratégias de conserva- todos os países do mundo em importan- ção e investimentos por parte dos governos, tes fóruns de diálogo internacionais, como agências  nanciadoras e organizações do a Convenção das Nações Unidas sobre a terceiro setor. Por outro lado, as unidades de Diversidade Biológica (UNEP-WCMC et al., conservação municipais são pouco conhe- 2018). Além de proteger, a longo prazo, a cidas e ainda não envolvidas devidamente integridade de parcelas dos ecossistemas nas estratégias de conservação (GTZ, 2010; naturais no Brasil, o sistema de unidades PINTO et al., 2017). de conservação fornece direta e/ou indire- O grande número (853) de municípios tamente bens e serviços que satisfazem vá- em Minas Gerais, distribuídos em diferentes rias necessidades da sociedade brasileira contextos ambientais e socioeconômicos, (YOUNG; MEDEIROS, 2018). torna ainda mais importante o engajamen- Em 2019, o Brasil completa 20 anos da to e instrumentalização da proteção da bio- criação do Sistema Nacional de Unidades diversidade por meio dos governos locais. de Conservação da Natureza (SNUC), sob Nesse sentido, esse artigo tem como ob- Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000. jetivo ampliar o conhecimento e analisar o O SNUC estabeleceu os critérios e normas cenário das unidades de conservação muni- para a criação, implementação e gestão das cipais em Minas Gerais, e sua contribuição unidades de conservação nas três esferas para fortalecer o sistema de proteção am- político-administrativas – federal, estadual biental no estado. e municipal –, que con guram as unidades Metodologia ou entes da federação brasileira (BRASIL/ MMA, 2006). O trabalho envolveu o levantamento de in- O estado de Minas Gerais possui uni- formações sobre as unidades de conservação dades de conservação nas três esferas de Minas Gerais, com ênfase nas unidades mu- político-administrativas. As unidades fede- nicipais, através de fontes secundárias e con- rais são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversida- tatos com os municípios, durante o período de de (ICMBio) e as estaduais pelo Instituto março de 2016 a dezembro de 2018. Estadual de Florestas (IEF), no âmbito da O levantamento das informações levou em Secretaria Estadual de Meio Ambiente e consideração os seguintes bancos de dados Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). As de unidades de conservação: Cadastro Nacio- unidades de conservação municipais são nal de Unidades de Conservação-CNUC do administradas pelos respectivos órgãos am- Ministério do Meio Ambiente de 2018 (BRASIL/

2424 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Introdução bientais ou órgãos setoriais associados ao MMA, 2018); Banco de Dados de Uni- mas que são criadas formalmente e mane- setor ambiental nos municípios. dades de Conservação Municipais da Mata jadas como unidades de conservação pelos As unidades de conservação continuam As unidades de conservação federais e Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica municípios e estão inclusas no recebimento sendo o principal mecanismo de proteção estaduais são mais conhecidas e alvo cons- de 2018; Atlas Digital Geoambiental do Ins- do ICMS Ecológico – Lei nº 12.040, de 28 da biodiversidade, reconhecido por quase tante de ações e estratégias de conserva- tituto Prístino de 20185; Banco de Dados de de dezembro de 1995, conhecida como Lei todos os países do mundo em importan- ção e investimentos por parte dos governos, Unidades de Conservação do Cerrado e da Robin Hood. tes fóruns de diálogo internacionais, como agências  nanciadoras e organizações do Mata Atlântica da Ambiental 44 Informação Ressalta-se que a categoria Reserva Par- a Convenção das Nações Unidas sobre a terceiro setor. Por outro lado, as unidades de e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018. ticular do Patrimônio Natural (RPPN), embora Diversidade Biológica (UNEP-WCMC et al., conservação municipais são pouco conhe- Além disso, foram utilizados no levantamento seja de Uso Sustentável na esfera federal e 2018). Além de proteger, a longo prazo, a cidas e ainda não envolvidas devidamente alguns documentos técnicos como o plano em alguns estados como Minas Gerais (De- integridade de parcelas dos ecossistemas nas estratégias de conservação (GTZ, 2010; diretor municipal, plano de metas municipal, creto no. 39.401, de 21 de janeiro de 1998), naturais no Brasil, o sistema de unidades PINTO et al., 2017). plano de desenvolvimento integrado, e plano foi tratada neste trabalho como pertencen- de conservação fornece direta e/ou indire- O grande número (853) de municípios de conservação e recuperação municipal da te ao grupo de Proteção Integral, devido às tamente bens e serviços que satisfazem vá- em Minas Gerais, distribuídos em diferentes Mata Atlântica (PREFEITURA MUNICIPAL restrições de uso e manejo ao qual estão rias necessidades da sociedade brasileira contextos ambientais e socioeconômicos, DE CARATINGA, 2013; UNILESTE, 2014; submetidas. (YOUNG; MEDEIROS, 2018). torna ainda mais importante o engajamen- PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABIRA, Parques urbanos, apesar da sua importân- Em 2019, o Brasil completa 20 anos da to e instrumentalização da proteção da bio- 2016; GARCIA et al., 2017); literatura cienti- cia para a manutenção de áreas verdes e a criação do Sistema Nacional de Unidades diversidade por meio dos governos locais. fica (artigos, teses e dissertações); websites biodiversidade no contexto urbano, não foram de Conservação da Natureza (SNUC), sob Nesse sentido, esse artigo tem como ob- oficiais das prefeituras; websites e base de incluídos nas análises por desempenharem jetivo ampliar o conhecimento e analisar o Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000. dados do Instituto Estadual de Florestas de funções mais recreativas e estéticas do que cenário das unidades de conservação muni- O SNUC estabeleceu os critérios e normas 20186 e da Fundação João Pinheiro de 20177; de conservação, e por não possuírem regras cipais em Minas Gerais, e sua contribuição para a criação, implementação e gestão das Cadastro de Unidades de Conservação no claras de conservação e gerenciamento. para fortalecer o sistema de proteção am- unidades de conservação nas três esferas ICMS Ecológico de Minas Gerais, através das Para cada unidade de conservação foram biental no estado. político-administrativas – federal, estadual Resoluções da SEMAD sobre os repasses do levantadas as seguintes informações: muni- e municipal –, que con guram as unidades Metodologia tributo entre 20138 e 20189; e contato com as cípio em que se insere; categoria e grupo de ou entes da federação brasileira (BRASIL/ prefeituras dos municípios por meio de um manejo; nome da unidade; área (hectares); MMA, 2006). O trabalho envolveu o levantamento de in- questionário enviado via e-mail. norma legal de criação; e bioma onde está O estado de Minas Gerais possui uni- formações sobre as unidades de conservação Foram registradas as unidades de con- inserida. A informação sobre o bioma a que dades de conservação nas três esferas de Minas Gerais, com ênfase nas unidades mu- servação que estão em conformidade com o pertence a unidade de conservação foi deter- político-administrativas. As unidades fede- nicipais, através de fontes secundárias e con- SNUC. Além dessas, também foram registra- minada a partir de dados dos órgãos gesto- rais são administradas pelo Instituto Chico das as áreas sem informações claras quanto res, do Atlas Digital Geoambiental do Instituto Mendes de Conservação da Biodiversida- tatos com os municípios, durante o período de à sua conformidade ou não com o SNUC, Prístino, e/ou a partir de documentos técnicos de (ICMBio) e as estaduais pelo Instituto março de 2016 a dezembro de 2018. 5https://www.institutopristino.org.br/atlas/ Estadual de Florestas (IEF), no âmbito da O levantamento das informações levou em 6http://www.ief.mg.gov.br/unidades-de-conservacao 7http://fjp.mg.gov.br/robin-hood/index.php/extrato Secretaria Estadual de Meio Ambiente e consideração os seguintes bancos de dados 8Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com critérios ambientais, também conhecido como ICMS Ecológico ou ICMS Verde.A lista de unidades de conservação municipais no cadastro do ICMS Ecológico foi cedida pelo Instituto Estadual Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). As de unidades de conservação: Cadastro Nacio- de Florestas. 9Resolução SEMAD nº 1.987, de 23 de dezembro de 2013; Resolução SEMAD nº 2.242, de 29 de dezembro de 2014;Resolução unidades de conservação municipais são nal de Unidades de Conservação-CNUC do SEMAD nº 2.362, de 30 de março de 2016; Resolução SEMAD nº 2.441, de 22 de dezembro de 2016; Resolução SEMAD nº 2.482, de 30 de março de 2017; Resolução SEMAD nº 2.578, de 29 de dezembro de 2017; Resolução SEMAD nº 2.664, de 25 de julho administradas pelos respectivos órgãos am- Ministério do Meio Ambiente de 2018 (BRASIL/ de 2018.

24 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 25 e da norma legal de criação da unidade. O levantamento considerou ainda o mapa da Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais área de aplicação da Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/2006), segundo Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008. Para complementar os dados levantados, foi realizado contato com todos os municí- pios de Minas Gerais via e-mail, solicitando informações sobre a ocorrência de unidades de conservação e suas informações básicas. Ao todo, 65 municípios responderam ao e- -mail, o que representa 7,6% dos municípios amostrados.

Resultado e Discussão

Considerando as três esferas político-admi- nistrativas, Minas Gerais possui 747 unidades Fonte: Fotogra a deThiago Metzker de conservação públicas e privadas – 429 unidades públicas e 318 Reservas Particu- lares do Patrimônio Natural (RPPN) –, em 10 categorias de manejo, totalizando cerca Fotogra a 2 – Parque Estadual Caminhos dos Gerais, Minas Gerais de 6 milhões de hectares de área protegida (FOTOS 1 e 2; TABELA 1).

Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney

26 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 27 Fotogra a 1 – Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto, Minas Gerais

Fonte: Fotogra a deThiago Metzker

Fotogra a 2 – Parque Estadual Caminhos dos Gerais, Minas Gerais

Fonte: Fotogra a de Evandro Rodney

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 27 Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados Unidades Conservação no Estado Minas Gerais.2018. AMBIENTAL Fonte: Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018, sobre Unidades Conservação no Estado de Minas Fonte: Base de Dados da (ReservaRPPN Biológica); (Reserva REBIO Particular Silvestre); Vida de (Refúgio REVIS Natural); (Monumento MONA Ecológica); (Estação ESEC Nota: ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico); RDS (Reserva de Desenvolvimento Ambiental); (Área de Proteção APA do Patrimônio Natural); Sustentável). Tabela 1 - Número e área (hectares) de unidades conservação por esfera político-administrativa categoria manejo, em Minas Gerais,em Tabela 2018

2828 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 As unidades de conservação municipais no sistema de proteção do estado. Predomi- representam 43,2% (323 unidades) do núme- nam as categorias RPPN, Parque e Área de ro de unidades de conservação, abrangendo Proteção Ambiental (APA). As três categorias cerca de 2.5 milhões de hectares, ou 42,9% representam 87,8% do número e 96,1% da da área total protegida em Minas Gerais, o área total protegida em Minas Gerais. Comi- que mostra a importância dos governos locais ni (2017) e Pinto (2017) também apontam a na proteção da biodiversidade do estado. predominância dessas três categorias de ma- Ao avaliarem a contribuição municipal no nejo de unidades de conservação em Minas sistema de proteção de unidades de conserva- Gerais. ção nos estados inseridos no bioma da Mata Os municípios possuem maior percentual Atlântica no Brasil, Pinto et al., (2017) também de unidades de conservação no sistema de encontraram uma proporção alta de unidades proteção do estado em 4 categorias de mane- municipais (41%) em relação ao número total jo: Parques (62,1%); Reserva Biológica (87%); de unidades de conservação no bioma. Mas, Área de Proteção Ambiental (90,3%); Área de os autores observaram uma contribuição me- Relevante Interesse Ecológico (todas ARIEs nor em relação a área total protegida, isto é, no estado são municipais); e Floresta (70,6%). as unidades de conservação municipais re- O sistema municipal de unidades de conser- presentam 22,6% da área total das unidades vação possui representantes de 8 das 12 ca- de conservação do bioma. tegorias de manejo do SNUC, sendo Parque Somente as categorias de manejo de uni- Natural (PNM) e Área de Proteção Ambiental dades de conservação Reserva de Fauna e Municipal (APAM) as categorias predominan- Reserva Extrativista não estão representadas tes (TABELA 2).

TelTabela 2 ero 2 - Número e re etre e área (hectares)de unidde de de unidadesonero de uniii conservação or teori municipais de por nejo, e Min categoria Geri, e de 201 manejo, em Minas Gerais, em 2018 Categoria de Manejo Nº Área ha to oli 1 0, 12,00 0,00 Monuento turl 1 , .,1 0, rue 2 2, 9.90, 0, eer Bioli 20 ,2 ., 0, eer rtiulr do trinio turl 1, ,0 0,0 Subtotal 122 37,8% 28.330,18 1,1% re de roteo Aientl 1 , 2.1.2,02 9,9 re de elente Interee olio 0,9 , 0,02 loret 12 , 109,9 0,00 Subtotal 201 62,2% 2.542.005,70 98,9% Total 323 2.50.335,88 onte AMBITA Inoro e rojeto e Biodieridde td. Be Fonte: AMBIENTALde do de nidde44 Informação de onero e Projetos no emtdo Biodiversidade de Min Ltda. Base de Dados deGeri.201 Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais.2018 Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018, sobre Unidades Conservação no Estado de Minas Fonte: Base de Dados da (ReservaRPPN Biológica); (Reserva REBIO Particular Silvestre); Vida de (Refúgio REVIS Natural); (Monumento MONA Ecológica); (Estação ESEC Nota: ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico); RDS (Reserva de Desenvolvimento Ambiental); (Área de Proteção APA do Patrimônio Natural); Sustentável). Tabela 1 - Número e área (hectares) de unidades conservação por esfera político-administrativa categoria manejo, em Minas Gerais,em Tabela 2018

28 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 2929 ÉÉ precisopreciso analisar analisar a cobertura a cobertura das unidadesdas uni- (CUNHA,O PNM 2010; do Tabuleiro,YOUNG et Fotografia al., 2018). 3, com APAs. Considerando esses fatores, a cobertura das unidades de conservação do grupo de Prote- dedades conservação de conservação municipais municipais e das demais e das esfe de-- 3.500ha,O PNM em doConceição Tabuleiro, do Fotogra Mato Dentro, a 3, com por mais realista das unidades de conservação do ção Integral predominarem em número (69,5%), rasmais político-administrativas esferas político-administrativas com certo cuidado. com exemplo,3.500ha, emfaz sobreposiçãoConceição do com Mato o ParqueDentro, Espor- território mineiro é estimada em 5,8%. A cobertura as unidades de Uso Sustentável contribuem mais Existem sobreposições entre as categorias de certo cuidado. Existem sobreposições entre tadualexemplo, da fazSerra sobreposição do Intendente com (13.508,83ha). o Parque Es- apenas das unidades de conservação públicas, fortemente para a área total protegida (77,2%). manejo e entre as unidades de conservação Isso se re ete na cobertura territorial dos dois gru- as categorias de manejo e entre as unidades Atadual prefeitura da Serra de doConceição Intendente do (13.508,83ha). Mato Dentro ou seja, sem as RPPNs, cai para 5,6%. de diferentes esferas político-administrativas. A prefeitura de Conceição do Mato Dentro Se considerarmos somente as unidades de pos de manejo. Enquanto as unidades de Prote- de conservação de diferentes esferas políti- permanece como responsável pela gestão do Estimativasco-administrativas. para a EstimativasMata Atlântica para e paraa Mata as permanece como responsável pela gestão do conservação municipais, a cobertura é de 4,4% ção Integral cobrem 2,3% do território mineiro, as PNM do Tabuleiro, e mantém parceria com o unidades de conservação federais e estaduais de Uso Sustentável, cobrem 7,9% (não conside- Atlântica e para as unidades de conservação PNM do Tabuleiro, e mantém parceria com o do território mineiro em números absolutos. To- em todo o país indicam uma taxa de sobreposi- Instituto Estadual de Florestas através de um rando as possíveis sobreposições). federais e estaduais em todo o país indicam Instituto Estadual de Florestas através de um mando como base os mesmos fatores de análise ção entre 3,5% a 4% (CUNHA, 2010; YOUNG termo de cooperação técnica. Esse desequilíbrio entre os grupos de ma- uma taxa de sobreposição entre 3,5% a 4% termo de cooperação técnica. mencionados anteriormente, a cobertura das uni- nejo é ainda maior na rede de unidades de con- et al., 2018). dades de conservação municipais representaria Fotogra a 3 – Parque Natural Municipal do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais servação municipais, pois as unidades de Uso de fato 2% do território do estado. Fotografia 3 – Parque Natural Municipal do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais Sustentável representam 98,9% da área total A cobertura de unidades de conservação protegida pelos municípios e 62,2% do número em Minas Gerais (5,8%) não atinge a meta es- de unidades (GRÁFICO 1). As unidades de Pro- tabelecida pela Convenção sobre a Diversidade teção Integral municipais cobrem somente 0,05% Biológica de 17% do território coberto por áreas do território mineiro, enquanto as de Uso Susten- protegidas para cada país ou regiões subnacio- tável, cobrem 4,3% (não considerando as possí- nais (estados e municípios), como estabelecido veis sobreposições). no acordo global. Preocupa também a distribuição irregular das Se consideramos apenas a cobertura por unidades de conservação municipais no estado, unidades de conservação do grupo de Proteção com maior concentração (55,2%) em três mesor- Integral a situação ainda é mais desa adora para regiões do território mineiro – Zona da Mata, Me- um estado de elevada biodiversidade como Mi- tropolitana de BH e Vale do Rio Doce (SALVIO et Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto nas Gerais (DRUMMOND et al., 2005). Apesar al., 2018).

Além das sobreposições, é preciso observar PINTO et al., 2017; MEDEIROS et al., 2018). Grá co 1 – Percentual do número (a) e da área (b) de unidades de conservação por esfera político-admi- ainda o grande número de unidades de conser- Em números absolutos, o estado de Minas nistrativa e por grupo de manejo (unidade de conservação de proteção integral e de uso sustentável) em Minas Gerais, em 2018 vação de uso sustentável em Minas Gerais. A Gerais teria 10,2% do território coberto por unida- APA é a categoria de manejo predominante, re- des de conservação. Mas, para avaliar a cober- presentando 27,6% (206) de todas as unidades tura real das unidades de conservação é preciso de conservação registradas, e cerca de 75,4% levar em consideração os fatores mencionados (4,5 milhões de hectares) da área total protegida. acima, ou seja, as sobreposições entre as uni- As APAs municipais contribuem fortemente para dades, as diferenças entre os grupos de manejo esse cenário, pois são 186 unidades dessa cate- (proteção integral e uso sustentável) e a cobertu- goria administradas pelos municípios, totalizando ra da vegetação nativa, sobretudo, nas APAs. cerca de 2,5 milhões de hectares. Estudos mos- Para isso, adotamos um percentual de 5% tram que a cobertura da vegetação nativa nas nas sobreposições entre as unidades e a média Fonte: Base de Dados da Ambiental 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. de 2018, sobre APAs pode variar de 40 a 60% (CUNHA, 2010; de 50% da cobertura da vegetação nativa nas Unidades de conservação no Estado de Minas Gerais

3030 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 31 É preciso analisar a cobertura das uni- (CUNHA, 2010; YOUNG et al., 2018). APAs. Considerando esses fatores, a cobertura das unidades de conservação do grupo de Prote- dades de conservação municipais e das de- O PNM do Tabuleiro, Fotogra a 3, com mais realista das unidades de conservação do ção Integral predominarem em número (69,5%), mais esferas político-administrativas com 3.500ha, em Conceição do Mato Dentro, por território mineiro é estimada em 5,8%. A cobertura as unidades de Uso Sustentável contribuem mais certo cuidado. Existem sobreposições entre exemplo, faz sobreposição com o Parque Es- apenas das unidades de conservação públicas, fortemente para a área total protegida (77,2%). as categorias de manejo e entre as unidades tadual da Serra do Intendente (13.508,83ha). ou seja, sem as RPPNs, cai para 5,6%. Isso se re ete na cobertura territorial dos dois gru- de conservação de diferentes esferas políti- A prefeitura de Conceição do Mato Dentro Se considerarmos somente as unidades de pos de manejo. Enquanto as unidades de Prote- co-administrativas. Estimativas para a Mata permanece como responsável pela gestão do conservação municipais, a cobertura é de 4,4% ção Integral cobrem 2,3% do território mineiro, as de Uso Sustentável, cobrem 7,9% (não conside- Atlântica e para as unidades de conservação PNM do Tabuleiro, e mantém parceria com o do território mineiro em números absolutos. To- rando as possíveis sobreposições). federais e estaduais em todo o país indicam Instituto Estadual de Florestas através de um mando como base os mesmos fatores de análise Esse desequilíbrio entre os grupos de ma- uma taxa de sobreposição entre 3,5% a 4% termo de cooperação técnica. mencionados anteriormente, a cobertura das uni- nejo é ainda maior na rede de unidades de con- dades de conservação municipais representaria Fotogra a 3 – Parque Natural Municipal do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais servação municipais, pois as unidades de Uso de fato 2% do território do estado. Sustentável representam 98,9% da área total A cobertura de unidades de conservação protegida pelos municípios e 62,2% do número em Minas Gerais (5,8%) não atinge a meta es- de unidades (GRÁFICO 1). As unidades de Pro- tabelecida pela Convenção sobre a Diversidade teção Integral municipais cobrem somente 0,05% Biológica de 17% do território coberto por áreas do território mineiro, enquanto as de Uso Susten- protegidas para cada país ou regiões subnacio- tável, cobrem 4,3% (não considerando as possí- nais (estados e municípios), como estabelecido veis sobreposições). no acordo global. Preocupa também a distribuição irregular das Se consideramos apenas a cobertura por unidades de conservação municipais no estado, unidades de conservação do grupo de Proteção com maior concentração (55,2%) em três mesor- Integral a situação ainda é mais desa adora para regiões do território mineiro – Zona da Mata, Me- um estado de elevada biodiversidade como Mi- tropolitana de BH e Vale do Rio Doce (SALVIO et Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto nas Gerais (DRUMMOND et al., 2005). Apesar al., 2018).

Além das sobreposições, é preciso observar PINTO et al., 2017; MEDEIROS et al., 2018). GráficoGrá co 11 – PercentualPercentual dodo númeronúmero (a) ee dada áreaárea (b) dede unidadesunidades dede conservaçãoconservação porpor esferaesfera político-admi-político-admi- ainda o grande número de unidades de conser- Em números absolutos, o estado de Minas nistrativa e nistrativa por grupo e de por manejo grupo (unidadede manejo de (unidade conservação de conservação de proteção de integral proteção e de integral uso sustentável) e de uso sus- em Minas Gerais, tentável) em 2018 em Minas Gerais, em 2018 vação de uso sustentável em Minas Gerais. A Gerais teria 10,2% do território coberto por unida- APA é a categoria de manejo predominante, re- des de conservação. Mas, para avaliar a cober- presentando 27,6% (206) de todas as unidades tura real das unidades de conservação é preciso de conservação registradas, e cerca de 75,4% levar em consideração os fatores mencionados (4,5 milhões de hectares) da área total protegida. acima, ou seja, as sobreposições entre as uni- As APAs municipais contribuem fortemente para dades, as diferenças entre os grupos de manejo esse cenário, pois são 186 unidades dessa cate- (proteção integral e uso sustentável) e a cobertu- goria administradas pelos municípios, totalizando ra da vegetação nativa, sobretudo, nas APAs. cerca de 2,5 milhões de hectares. Estudos mos- Para isso, adotamos um percentual de 5% tram que a cobertura da vegetação nativa nas nas sobreposições entre as unidades e a média Fonte: Fonte: AMBIENTAL Base de Dados 44 Informação da Ambiental e Projetos 44 Informação em Biodiversidade e Projetos em Ltda. Biodiversidade Base de Dados Ltda. de de Unidades 2018, sobre de Con- APAs pode variar de 40 a 60% (CUNHA, 2010; de 50% da cobertura da vegetação nativa nas servação Unidades no de Estado conservação de Minas no Gerais.2018 Estado de Minas Gerais

30 31 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 31 Das 318 RPPNs registradas em Minas 2015), mas essa categoria de manejo tem Gerais, 90 são federais, 223 estaduais, e ainda grande potencial para ampliar a parti- apenas 5 são municipais. As cinco RPPNs cipação no sistema de proteção no estado, municipais, totalizando 858,80ha, estão visto o crescimento do protagonismo do se- localizadas no sul de Minas Gerais – uma tor privado na área ambiental e dos meca- no município de Extrema e as demais em nismos econômicos como ICMS Ecológico Itamonte (FOTOGRAFIA 4). Poucos muni- e pagamento por serviços ambientais que cípios no país possuem legislação própria podem bene ciar diretamente o proprietário para criação de RPPNs (MACHADO et al., rural (OJIDOS, 2017; PINTO et al., 2019).

Fotogra a 4 – RPPN Municipal do Jacuaçu, em Extrema, Minas Gerais.

Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto.

Quase metade (406 municípios) dos 853 AA grandegrande maioriamaioria dosdos municípiosmunicípios (76%)(76%) municípios do estado de Minas Gerais pospos-- possuipossui somentesomente uma uma unidade unidade de de conservação conserva- suem umauma unidade unidade de de conservação conservação pública pública e/ municipalção municipal (GRÁF. (GRÁFICO 2). Apenas 2). Apenas 21 municípios 21 mu- oue/ou privada privada em em seu seu território. território. As As323 323 unidades unida- possuemnicípios possuem 3 ou mais 3 ou unidade mais unidade de conserva de con-- servação municipais. Um número expressivo dedes conservação de conservação municipais municipais estão estãodistribuídas distri- ção municipais. Um número expressivo de por 208 municípios, o que representa 24,4% municípiosde municípios (120) (120) do estadodo estado possui possui somente buídas por 208 municípios, o que representa municípios do estado. Juiz de Fora é o municí- unidadessomente unidadesde conservação de conservação municipais munici- como 24,4% municípios do estado. Juiz de Fora é pio com o maior número (14) de unidades de espaçopais como protegido espaço protegidooficial para o cial conservação para con- o município com o maior número (14) de uni- conservação municipais. Destaque também daservação biodiversidade da biodiversidade em seus territórios,em seus territó-o que dades de conservação municipais. Destaque para Itabira e Uberlândia com 8 unidades de reforçarios, o queainda reforça mais a ainda importância mais a dessas importância áreas conservaçãotambém para municipaisItabira e Uberlândia cada. com 8 uni- mantidasdessas áreas pelos mantidas governos peloslocais. governos lo- dades de conservação municipais cada. cais.

3232 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Das 318 RPPNs registradas em Minas 2015), mas essa categoria de manejo tem Gráfico 2 – Quantidade de unidades de conservação municipais por município em Minas Gerais, em 2018 Grá co 2 – Quantidade de unidades de conservação municipais por município em Minas Gerais, em Gerais, 90 são federais, 223 estaduais, e ainda grande potencial para ampliar a parti- 2018. apenas 5 são municipais. As cinco RPPNs cipação no sistema de proteção no estado, municipais, totalizando 858,80ha, estão visto o crescimento do protagonismo do se- localizadas no sul de Minas Gerais – uma tor privado na área ambiental e dos meca- no município de Extrema e as demais em nismos econômicos como ICMS Ecológico Itamonte (FOTOGRAFIA 4). Poucos muni- e pagamento por serviços ambientais que cípios no país possuem legislação própria podem bene ciar diretamente o proprietário para criação de RPPNs (MACHADO et al., rural (OJIDOS, 2017; PINTO et al., 2019).

Fotogra a 4 – RPPN Municipal do Jacuaçu, em Extrema, Minas Gerais.

Fonte: AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Ltda. Base de Dados de Unidades de Con- servação no Estado de Minas Gerais.2018 Fonte:

Como era esperado, pela área que ocupam possui maior número de unidades de conser- Como era esperado, pela área que ocupam de conservação (66,9%) e área total prote- no estado, os biomas protegidos pelo maior nú- vação (66,9%) e área total protegida (52,6%). no estado, os biomas protegidos pelo maior nú- gida (52,6%). O Cerrado possui 27% uni- mero de unidades dede conservaçãoconservação sãosão aa MataMata O Cerrado possui 27% das unidades e 37,2% dades e 37,2% da área total protegida no Atlântica ee oo Cerrado Cerrado (GRÁFICO.3). (GRÁFICO 3). Apesar Apesar de da área total protegida no estado. Já a pequena estado. Já a pequena porção da Caatinga ocuparde ocupar um percentualum percentual menor menor do território do território de Mi- porção da Caatinga em Minas Gerais possui três em Minas Gerais possui três unidades de nasde Minas Gerais Gerais do que doo Cerrado, que o Cerrado, a Mata Atlântica a Mata unidades de conservação. Atlântica possui maior número de unidades conservação. Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto. Grá co 3 – Distribuição percentual da área protegida por unidades de conservação por Quase metade (406 municípios) dos 853 A grande maioria dos municípios (76%) bioma, nas três esferas político-administrativas, em Minas Gerais, em 2018. municípios do estado de Minas Gerais pos- possui somente uma unidade de conserva- suem uma unidade de conservação pública ção municipal (GRÁFICO 2). Apenas 21 mu- e/ou privada em seu território. As 323 unida- nicípios possuem 3 ou mais unidade de con- servação municipais. Um número expressivo des de conservação municipais estão distri- de municípios (120) do estado possui buídas por 208 municípios, o que representa somente unidades de conservação munici- 24,4% municípios do estado. Juiz de Fora é pais como espaço protegido o cial para con- o município com o maior número (14) de uni- servação da biodiversidade em seus territó- dades de conservação municipais. Destaque rios, o que reforça ainda mais a importância também para Itabira e Uberlândia com 8 uni- dessas áreas mantidas pelos governos lo- Fonte:Fonte: Base AMBIENTAL de Dados 44 da Informação Ambiental 44 e ProjetosInformação em e BiodiversidadeProjetos em Biodiversidade Ltda. Base deLtda. Dados de dades de conservação municipais cada. cais. Unidades de 2018, de Conservação sobre Unidades no Estado de Conservação de Minas Gerais.2018 no Estado de Minas Gerais Conservação no Estado de Minas Gerais 32 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 33 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 33 Minas Gerais possui vasta área de con- proteção de contatos e intercâmbio da fauna da Mata Atlântica no estado. O complexo de tato entre os biomas. As áreas de ecótonos e  ora desses biomas. unidades de conservação nessa área conta possuem 5,6% (42) das unidades de con- Ao analisar separadamente a cobertura com cerca de 120 mil hectares, envolvendo 7 servação e 9,6% da área total protegida. das unidades de conservação municipais unidades de conservação municipais (todas Pela maior ocorrência do Cerrado e Mata por bioma em Minas Gerais, a Mata Atlânti- APAMs) de 7 municípios, que formam uma Atlântica no estado, mais de 530 mil hecta- ca também é melhor representada. O bioma “zona de proteção” no entorno do Parque Es- res de ecótonos entre os dois biomas estão possui 77,1% das unidades de conservação tadual do Rio Doce. cobertos por unidades de conservação, o municipais e 68% da área total protegida no Em outros exemplos, 5 APAMs de 5 mu- que é muito interessante pelo potencial TABAde estado (TABELA 3). nicípios formam um complexo de cerca de 76 mil hectares no entorno do Parque Estadual ero e re de unidde de onero uniii de Min Geri or io e ruo de Tabela 3 - Número e área de unidades de conservação municipais de Minas Gerais por bioma e grupo da Serra do Brigadeiro. O Parque Estadual nejo I roteo Interl o utentel de manejo (PI - Proteção Integral; US – Uso Sustentável) da Serra do Cabral, na transição entre o Cer- Nº Área (ha) Bioma rado e a Mata Atlântica, possui um comple- PI % US % Total % PI % US % Total % xo de cerca de 273 mil hectares, envolvendo Cerrado 40 12,4% 27 8,4% 67 20,7% 8.991,09 0,3% 794.065,93 30,9% 803.057,02 31,2% 5 APAMs em 5 municípios (MAPAS 1, 2 e 3). Mata Atlântica 77 23,8% 172 53,3% 249 77,1% 16.567,46 0,6% 1.730.070,50 67,3% 1.746.637,96 68,0%

Cerrado e 5 1,5% 2 0,6% 7 2,2% 2.771,63 0,1% 17.869,27 0,7% 20.640,90 0,8% Mata Atlântica

Total 122 201 323 28.330,18 2.542.005,70 2.570.335,88

Fonte:onte AMBIENTAL Be de 44 do Informação d Aientl e Projetos emIno Biodiversidadero e rojeto Ltda. e Base Biodieridde de Dados de td. Unidades de de Conservação201, ore no Estado nidde de Minas de onero Gerais.2018 no tdo de Min Geri

O elevado número e área de unidades de tionada pelas inúmeras di culdades de imple- conservação municipais na Mata Atlântica é mentação (CABRAL et al., 2001; OLIVEIRA, fortemente marcada pelas APAMs, que totali- 2008). Por outro lado, se bem estruturadas e zam 159 unidades com cerca de 1,7 milhão de com investimentos adequados, e com a zona hectares nesse bioma no estado. A criação de de vida silvestre de nidas e protegidas, as APAMs, principalmente na  nal da década de APAs poderiam proporcionar oportunidades 1990 e início dos anos 2000, vem sendo as- de maior controle e ordenamento territorial, sociada a implementação do ICMS Ecológico além de estimular a participação e mobiliza- no estado (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006; ção social em diferentes regiões do estado. OLIVEIRA et al., 2012; PINTO et al., neste vo- Minas Gerais possui casos que têm gran- lume; PINTO et al, 2019). de potencial de oportunidades para a cons- A predominância de APAs nas três esferas trução de territórios sustentáveis através da político-administrativas em Minas Gerais, 206 formação de mosaicos de APAs e outras ca- unidades (186 municipais) em cerca de 4,5 mi- tegorias mais restritivas de unidades de con- lhões de hectares, é um enorme desa o para servação. É o caso, por exemplo, do Parque os órgãos ambientais e para a sociedade. Estadual do Rio Doce, uma das maiores uni- Essa categoria de manejo vem sendo ques- dades de conservação de proteção integral MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 35 3434 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Minas Gerais possui vasta área de con- proteção de contatos e intercâmbio da fauna da Mata Atlântica no estado. O complexo de tato entre os biomas. As áreas de ecótonos e  ora desses biomas. unidades de conservação nessa área conta possuem 5,6% (42) das unidades de con- Ao analisar separadamente a cobertura com cerca de 120 mil hectares, envolvendo 7 servação e 9,6% da área total protegida. das unidades de conservação municipais unidades de conservação municipais (todas Pela maior ocorrência do Cerrado e Mata por bioma em Minas Gerais, a Mata Atlânti- APAMs) de 7 municípios, que formam uma Atlântica no estado, mais de 530 mil hecta- ca também é melhor representada. O bioma “zona de proteção” no entorno do Parque Es- res de ecótonos entre os dois biomas estão possui 77,1% das unidades de conservação tadual do Rio Doce. cobertos por unidades de conservação, o municipais e 68% da área total protegida no Em outros exemplos, 5 APAMs de 5 mu- que é muito interessante pelo potencial de estado (TABELA 3). nicípios formam um complexo de cerca de 76 mil hectares no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. O Parque Estadual da Serra do Cabral, na transição entre o Cer- rado e a Mata Atlântica, possui um comple- xo de cerca de 273 mil hectares, envolvendo 5 APAMs em 5 municípios (MAPAS 1, 2 e 3).

O elevado número e área de unidades de tionada pelas inúmeras di culdades de imple- conservação municipais na Mata Atlântica é mentação (CABRAL et al., 2001; OLIVEIRA, fortemente marcada pelas APAMs, que totali- 2008). Por outro lado, se bem estruturadas e zam 159 unidades com cerca de 1,7 milhão de com investimentos adequados, e com a zona hectares nesse bioma no estado. A criação de de vida silvestre de nidas e protegidas, as APAMs, principalmente na  nal da década de APAs poderiam proporcionar oportunidades 1990 e início dos anos 2000, vem sendo as- de maior controle e ordenamento territorial, sociada a implementação do ICMS Ecológico além de estimular a participação e mobiliza- no estado (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006; ção social em diferentes regiões do estado. OLIVEIRA et al., 2012; PINTO et al., neste vo- Minas Gerais possui casos que têm gran- lume; PINTO et al, 2019). de potencial de oportunidades para a cons- A predominância de APAs nas três esferas trução de territórios sustentáveis através da político-administrativas em Minas Gerais, 206 formação de mosaicos de APAs e outras ca- unidades (186 municipais) em cerca de 4,5 mi- tegorias mais restritivas de unidades de con- lhões de hectares, é um enorme desa o para servação. É o caso, por exemplo, do Parque os órgãos ambientais e para a sociedade. Estadual do Rio Doce, uma das maiores uni- Essa categoria de manejo vem sendo ques- dades de conservação de proteção integral MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 35 34 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 35 Mapas 1, 2 e 3 – Complexo de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em Todos os biomas inseridos no estado sua totalidade é fundamental para o planeja- Mapas 1, 2 e 3 – ComplexoMinas Gerais de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em Minas Gerais ainda precisam ampliar a rede de proteção mento, aprimoramento e de nição das ações Mapas 1, 2 e 3 – Complexo de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em através das unidades de conservação, prin- e estratégias de conservação no estado. Minas Gerais. cipalmente o Cerrado. Esse é um momento Mas, o nível de registro das unidades

1. APAM Serra do Timóteo (Timóteo) – 4.400,00ha; 2. APAM Belém (Marliéria) – 3.247,12ha; oportuno, já que estão sendo revisadas as de conservação no CNUC, referência para 3. APAM Bom Jesus do Galho (Bom Jesus do Galho) – 29.230,00ha; áreas prioritárias para conservação da bio- o estabelecimento de uma base nacional 1 4. APAM Pingo D’Água (Pingo D’Água) – 3.994,50ha; 5. APAM Córrego Novo (Córrego Novo) – 11.742,00ha; diversidade de Minas Gerais, que serão fun- de unidades de conservação, ainda é baixo. 2 6. APAM Dionísio (Dionísio) – 22.909,37ha; 7 3 7. APAM Jaguaraçu (Jaguaraçu) – 7.819,75ha; e damentais para orientar as medidas e áreas Apenas 31,9% (238) das unidades de con- 8. Parque Estadual do Rio Doce (Dionísio, Marliéria e Timóteo) - 35.970,00ha 8 4 necessárias para garantir maior proteção ao servação registradas em Minas Gerais estão

patrimônio natural do estado. cadastradas no CNUC. Das 316 unidades de

6 5 É preciso atenção as áreas especiais conservação estaduais, 234 (74%) não estão

contendo espécies ameaçadas de extinção, cadastradas, e das 323 unidades municipais,

endêmicas e raras, além de ambientes úni- 275 (85,1%) ainda não foram registradas.

cos e importantes para a manutenção de A integração da gestão dos sistemas de

1. APAM Bom Jesus (Divino) – 4.534,25 ha serviços ambientais essenciais à sociedade unidades de conservação nas três esferas 2. APAM Araponga (Araponga) – 14.991,00 ha 1 3. APAM Fervedouro (Fervedouro) – 14.329,84 ha (ex.: cangas, veredas, mata seca, ecossis- político-administrativas será fundamental 6 4. APAM Ervália (Ervália) – 21.779,00 ha 2 5. APAM Pico do Itajurú (Muriaé) – 4.818,00 ha PE Serra do Brigadeiro (Araponga, Divino, Ervália, temas aquáticos etc.). Nesse sentido, será para o sucesso do sistema de proteção como 3 Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita e Sericita) – 14.984,00 ha importante uma avaliação mais detalhada um todo, principalmente para os municípios

da cobertura das unidades de conservação que ainda são o elo institucional mais frágil 4 5 nos diferentes tipos de ecossistemas dentro dessa rede de colaboração. Um exemplo im- dos biomas, com estímulo e incentivos para portante de colaboração entre estado e mu- a criação de unidades de conservação na es- nicípios nessa área no Brasil é o Programa fera municipal. de Apoio às Unidades de Conservação Mu-

O conhecimento sobre a rede de unida- nicipais (ProUC), instituído pela Secretaria des de conservação municipais vem evoluin- de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro 1. APAM Serra do Cabral (Francisco Dumont) – 84.980,24 ha 2. APAM Serra do Cabral (Lassance) – 81.103,92 ha 3. APAM Serra do Cabral (Joaquim Felício) – 24.184,00 ha do, sobretudo nos últimos anos, com os traba- (SEA-RJ), por meio da Resolução no. 130, 4. APAM Serra do Cabral (Buenópolis) – 30.586,41 ha 5. APAM Serra do Cabral (Augusto de Lima) – 30.052,65 ha lhos da GTZ (2010), SALVIO (2017), PINTO de 28 de outubro de 2009. 1 6. PE Serra do Cabral (Buenópolis e Joaquim Felício) – 22.494,17 ha (2017), PINTO et al. (2017), SALVIO et al. O ProUC tem como objetivo prestar apoio

3 (2018) e PINTO et al. (2019). Todos apontam técnico e capacitação aos municípios, incen- 2 6 para uma surpreendente e importante parti- tivando a criação de unidades de conserva- 4 cipação dos governos locais na criação e im- ção em seus territórios. O programa contribui 5 plementação de unidades de conservação. também para a implementação das unidades O melhor conhecimento da rede de unida- de conservação municipais já existentes, na Fonte: Adaptado do Mapa do Atlas Digital Geoambiental de Minas Gerais do Instituto Prístino 10 Fonte:Fonte: AdaptadoAdaptado dodo MapaMapa dodo AtlasAtlas DigitalDigital GeoambientalGeoambiental dede MinasMinas GeraisGerais dodo InstitutoInstituto PrístinoPrístino9 des de conservação municipais nos permite recategorização e revisão de instrumentos Fonte: Adaptado. do Mapa do Atlas Digital Geoambiental de Minas Gerais do Instituto Prístino9 uma visão mais completa do sistema de pro- da gestão e na capacitação dos conselhos . teção do estado de Minas Gerais, envolven- das unidades. do as três esferas político-administrativas. A O Instituto de Desenvolvimento Sustentá- 10 https://www.institutopristino.org.br/atlas/ divulgação e monitoramento do sistema em vel e Meio Ambiente do Estado do Rio Gran- https://www.institutopristino.org.br/atlas/ 3636 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 37 36 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Todos os biomas inseridos no estado sua totalidade é fundamental para o planeja- Mapas 1, 2 e 3 – Complexo de unidades de conservação municipais no entorno de parques estaduais em Minas Gerais ainda precisam ampliar a rede de proteção mento, aprimoramento e de nição das ações através das unidades de conservação, prin- e estratégias de conservação no estado. cipalmente o Cerrado. Esse é um momento Mas, o nível de registro das unidades oportuno, já que estão sendo revisadas as de conservação no CNUC, referência para áreas prioritárias para conservação da bio- o estabelecimento de uma base nacional diversidade de Minas Gerais, que serão fun- de unidades de conservação, ainda é baixo. damentais para orientar as medidas e áreas Apenas 31,9% (238) das unidades de con- necessárias para garantir maior proteção ao servação registradas em Minas Gerais estão patrimônio natural do estado. cadastradas no CNUC. Das 316 unidades de É preciso atenção as áreas especiais conservação estaduais, 234 (74%) não estão contendo espécies ameaçadas de extinção, cadastradas, e das 323 unidades municipais, endêmicas e raras, além de ambientes úni- 275 (85,1%) ainda não foram registradas. cos e importantes para a manutenção de A integração da gestão dos sistemas de serviços ambientais essenciais à sociedade unidades de conservação nas três esferas (ex.: cangas, veredas, mata seca, ecossis- político-administrativas será fundamental temas aquáticos etc.). Nesse sentido, será para o sucesso do sistema de proteção como importante uma avaliação mais detalhada um todo, principalmente para os municípios da cobertura das unidades de conservação que ainda são o elo institucional mais frágil nos diferentes tipos de ecossistemas dentro dessa rede de colaboração. Um exemplo im- dos biomas, com estímulo e incentivos para portante de colaboração entre estado e mu- a criação de unidades de conservação na es- nicípios nessa área no Brasil é o Programa fera municipal. de Apoio às Unidades de Conservação Mu- O conhecimento sobre a rede de unida- nicipais (ProUC), instituído pela Secretaria des de conservação municipais vem evoluin- de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro do, sobretudo nos últimos anos, com os traba- (SEA-RJ), por meio da Resolução no. 130, lhos da GTZ (2010), SALVIO (2017), PINTO de 28 de outubro de 2009. (2017), PINTO et al. (2017), SALVIO et al. O ProUC tem como objetivo prestar apoio (2018) e PINTO et al. (2019). Todos apontam técnico e capacitação aos municípios, incen- para uma surpreendente e importante parti- tivando a criação de unidades de conserva- cipação dos governos locais na criação e im- ção em seus territórios. O programa contribui plementação de unidades de conservação. também para a implementação das unidades O melhor conhecimento da rede de unida- de conservação municipais já existentes, na des de conservação municipais nos permite recategorização e revisão de instrumentos Fonte: Adaptado do Mapa do Atlas Digital Geoambiental de Minas Gerais do Instituto Prístino9 uma visão mais completa do sistema de pro- da gestão e na capacitação dos conselhos . teção do estado de Minas Gerais, envolven- das unidades. do as três esferas político-administrativas. A O Instituto de Desenvolvimento Sustentá- divulgação e monitoramento do sistema em vel e Meio Ambiente do Estado do Rio Gran- https://www.institutopristino.org.br/atlas/ MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 3737 36 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 de do Norte (IDEMA-RN), através do Núcleo Considerações Finais e mantendo um processo de monitoramento 2018. Disponível em: http://www.mma.gov.br/areas- protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-gerar- de Gestão de Unidades de Conservação, desse contingente de unidades de conserva- relatorio-de-uc Acesso em: 06 nov. 2018. vem também desenvolvendo ações simila- As unidades de conservação municipais ção. Serão importantes ainda investimentos CABRAL, N. R. A. J.; CÔRTES, M. R.; SOUZA, M. P. res com os municípios potiguares através do merecem o reconhecimento e investimentos em capital humano e  nanceiro, além de uma Áreas de protección ambiental en Basil y los con ictos Programa de Fomento à Criação de Unidade adequados pela sua importância no cenário boa governança e colaboração entre os en- en su administración. Investigaciones Geográ cas, n. 26, p. 181-189, 2001. de Conservação. Seria muito bem-vindo um da conservação e dos benefícios que pro- tes da federação. programa dessa natureza em Minas Gerais, porcionam para a sociedade. Distribuídas Espera-se que esse estudo possa esti- CARATINGA (MG) Prefeitura Municipal Plano de Metas 2013-2016: Programa Cidades Sustentáveis. que já possui um embrião através do proces- em centenas de municípios, as unidades de mular novas investigações sobre a rede de Caratinga: Prefeitura Municipal, 2013. so de colaboração entre estado e municípios conservação municipais permitem uma ca- unidades de conservação municipais em Mi- COMINI, I. B. Unidades de conservação como via distribuição do ICMS Ecológico (PINTO et pilaridade fundamental para as estratégias nas Gerais. Aspectos como a qualidade do subcritério determinante para a distribuição do al., neste volume). e ações de conservação da biodiversidade. ICMS Ecológico no estado de Minas Gerais. 2017. habitat natural em cada unidade, a ocorrên- 56 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal)- Um programa desse tipo poderia priori- São parte integrante de mosaicos de prote- cia e proteção de populações de espécies ra- Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2017. zar a criação de unidades de conservação de ção nos territórios e podem fortalecer e com- ras, endêmicas e ameaçadas de extinção, a CUNHA, A. A. Expansão da rede de unidades de proteção integral para proteção de manan- plementar as redes federal e estadual de sobreposição e integração com as unidades conservação da Mata Atlântica e sua e cácia ciais, tão essencial para várias áreas do es- unidades de conservação, além das outras para a proteção das  to sionomias e espécies de conservação das outras esferas político- de primatas: análises em sistemas de informação tado. Ainda existem muitas áreas potenciais áreas protegidas (ex.: Terras Indígenas, e as administrativas, a provisão de serviços am- geográ ca. 2010. 128 f. Tese (Doutorado em e de elevada biodiversidade e integridade Áreas de Preservação Permanente e Reser- Ciências Biológicas)-Programa de Pós-Graduação em bientais e o papel dessas áreas no enfrenta- Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, que podem se tornar unidades de conser- vas Legais). Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal mento às mudanças do clima são alguns dos vação no território mineiro. Praticamente ¾ As unidades de conservação municipais de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. elementos que ainda precisam melhor enten- dos municípios mineiros não possuem uni- contribuem também para ampliar a conectivi- DRUMMOND, G. M.; MARTINS, C. S.; MACHADO, dimentos. Por  m, a expectativa é também dades de conservação municipais e 52,4% dade da paisagem, proporcionando serviços A. B. M.; SEBAIO, F. A.; ANTONINI, Y. (Org.). que os resultados apresentados possam Biodiversidade em Minas Gerais – 2 ed. Belo (447) dos municípios não possuem nenhuma ambientais e corredor para a fauna e  ora na- Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2005. estimular uma estratégia de conservação da unidade de conservação de qualquer uma tiva. Além disso, essas unidades são extre- biodiversidade de Minas Gerais mais integra- EUCLYDES, A. C. P.; MAGALHÃES, S. R. A. A Área das três esferas político-administrativas. Até mamente importantes pela maior proximida- de Proteção Ambiental (APA) e o ICMS Ecológico em o momento, por exemplo, não foi registrada de com os centros urbanos, proporcionando do, com o devido reconhecimento e valoriza- Minas Gerais: algumas re exões. Geogra as, v. 2, n. 2, p. 39-55, 2006. nenhuma unidade de conservação municipal oportunidades de lazer, recreação e o contato ção dos municípios. na Caatinga de Minas Gerais. da população com a natureza (GUIMARÃES; GARCIA, E. M. B.; PEREIRA, J. M.; LISBOA, M. R. L. Plano municipal de conservação e recuperação da Outro desa o importante para os municí- PELLIN, 2015; MARETTI et al., 2019; PINTO Referências Mata Atlântica de Teó lo Otoni: um instrumento de pios é a criação e estruturação de sistemas et al., neste volume). gestão ambiental. Dissertação (Mestrado Pro ssional) – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Saúde municipais de unidades de conservação e Minas Gerais é um estado de grande di- e Sociedade, Universidade Federal dos Vales do BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SNUC - Jequitinhonha e Mucuri, Teó lo Otoni: 2017. na gestão e governança das APAMs, que co- mensão e de elevada riqueza de biodiversi- Sistema Nacional de Unidades de Conservação brem milhões de hectares em diferentes áre- dade. A rede de unidades de conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; GUIMARÃES, E.; PELLIN, A. BiodiverCidade: Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto as de Minas Gerais, visando o planejamento municipal pode contribuir e ter um papel im- desa os e oportunidades na gestão de áreas nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico protegidas urbanas. São Paulo: Matrix, 2015. e construção de paisagens mais sustentá- portante no desenvolvimento sustentável do Nacional de Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006 / Ministério do Meio Ambiente. – GTZ - COOPERACIÓN TÉCNICA ALEMANHA. Áreas veis. Extrema, no sul do estado, é um dos estado e na vida da sociedade mineira. Para Brasília: MMA/SBF, 2011. 76 p. de conservación municipal: una oportunidad para poucos municípios que possui um sistema isso, será fundamental ampliar o conheci- la conservación de la biodiversidad y el desarrollo BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Cadastro local: re exiones y experiencias desde América municipal de unidades de conservação – De- mento sobre esse sistema de proteção pelos Nacional de Unidades de Conservação: Relatório Latina. Brasília: GTZ, 2010. creto nº 2.887, de 06 de maio de 2015. governos locais, quali cando as informações Parametrizado – Unidade de Conservação, UF: MG.

38 38 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 39 de do Norte (IDEMA-RN), através do Núcleo Considerações Finais e mantendo um processo de monitoramento BRASIL.2018. Disponível Ministério em: do http://www.mma.gov.br/areas- Meio Ambiente. Cadastro Nacionalprotegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-gerar- de Unidades de Conservação: Relatório de Gestão de Unidades de Conservação, desse contingente de unidades de conserva- Parametrizadorelatorio-de-uc Acesso– Unidade em: de06 Conservação,nov. 2018. UF: MG. vem também desenvolvendo ações simila- As unidades de conservação municipais ção. Serão importantes ainda investimentos 2018. Disponível em: http://www.mma.gov.br/areas- protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-gerar-CABRAL, N. R. A. J.; CÔRTES, M. R.; SOUZA, M. P. res com os municípios potiguares através do merecem o reconhecimento e investimentos em capital humano e  nanceiro, além de uma relatorio-de-ucÁreas de protección Acesso ambiental em: 06 ennov. Basil 2018. y los con ictos Programa de Fomento à Criação de Unidade adequados pela sua importância no cenário boa governança e colaboração entre os en- en su administración. Investigaciones Geográ cas, CABRAL,n. 26, p. 181-189, N. R. A. 2001. J.; CÔRTES, M. R.; SOUZA, M. P. de Conservação. Seria muito bem-vindo um da conservação e dos benefícios que pro- tes da federação. Áreas de protección ambiental en Basil y los conflictos en su administración. , programa dessa natureza em Minas Gerais, porcionam para a sociedade. Distribuídas Espera-se que esse estudo possa esti- CARATINGA (MG) PrefeituraInvestigaciones Municipal Geográficas Plano de n.Metas 26, p. 2013-2016: 181-189, 2001. Programa Cidades Sustentáveis. que já possui um embrião através do proces- em centenas de municípios, as unidades de mular novas investigações sobre a rede de Caratinga: Prefeitura Municipal, 2013. so de colaboração entre estado e municípios conservação municipais permitem uma ca- CARATINGA (MG) Prefeitura Municipal Plano de unidades de conservação municipais em Mi- MetasCOMINI, 2013-2016: I. B. Unidades Programa de Cidades conservação Sustentáveis. como via distribuição do ICMS Ecológico (PINTO et pilaridade fundamental para as estratégias nas Gerais. Aspectos como a qualidade do Caratinga:subcritério Prefeitura determinante Municipal, para 2013. a distribuição do al., neste volume). e ações de conservação da biodiversidade. ICMS Ecológico no estado de Minas Gerais. 2017. habitat natural em cada unidade, a ocorrên- COMINI,56 f. Dissertação I. B. Unidades (Mestrado de emconservação Ciência Florestal)- como Um programa desse tipo poderia priori- São parte integrante de mosaicos de prote- cia e proteção de populações de espécies ra- subcritérioUniversidade determinante Federal de Viçosa, para Viçosa, a distribuição 2017. do zar a criação de unidades de conservação de ção nos territórios e podem fortalecer e com- ICMS Ecológico no estado de Minas Gerais. 2017. ras, endêmicas e ameaçadas de extinção, a 56CUNHA, f. Dissertação A. A. Expansão (Mestrado da emrede Ciência de unidades Florestal)- de proteção integral para proteção de manan- plementar as redes federal e estadual de sobreposição e integração com as unidades Universidadeconservação Federalda Mata de Viçosa,Atlântica Viçosa, e sua 2017. e cácia ciais, tão essencial para várias áreas do es- unidades de conservação, além das outras para a proteção das  to sionomias e espécies de conservação das outras esferas político- CUNHA,de primatas: A. A. análises Expansão em dasistemas rede de de unidades informação de tado. Ainda existem muitas áreas potenciais áreas protegidas (ex.: Terras Indígenas, e as administrativas, a provisão de serviços am- conservaçãogeográ ca. 2010. da Mata 128 Atlânticaf. Tese e(Doutorado sua eficácia em e de elevada biodiversidade e integridade Áreas de Preservação Permanente e Reser- paraCiências a proteção Biológicas)-Programa das fitofisionomias de Pós-Graduação e espécies em bientais e o papel dessas áreas no enfrenta- deEcologia, primatas: Conservação análises eme Manejo sistemas da deVida informação Silvestre, que podem se tornar unidades de conser- vas Legais). geográficaInstituto de .Ciências 2010. 128 Biológicas, f. Tese (Doutorado Universidade em Ciências Federal mento às mudanças do clima são alguns dos vação no território mineiro. Praticamente ¾ As unidades de conservação municipais Biológicas)-Programade Minas Gerais, Belo de Horizonte, Pós-Graduação 2010. em Ecologia, elementos que ainda precisam melhor enten- Conservação e Manejo da Vida Silvestre, Instituto de dos municípios mineiros não possuem uni- contribuem também para ampliar a conectivi- CiênciasDRUMMOND, Biológicas, G. M.; Universidade MARTINS, C. Federal S.; MACHADO, de Minas dimentos. Por  m, a expectativa é também dades de conservação municipais e 52,4% dade da paisagem, proporcionando serviços Gerais,A. B. M.;Belo SEBAIO, Horizonte, F. 2010. A.; ANTONINI, Y. (Org.). que os resultados apresentados possam Biodiversidade em Minas Gerais – 2 ed. Belo (447) dos municípios não possuem nenhuma ambientais e corredor para a fauna e  ora na- DRUMMOND,Horizonte: Fundação G. M.; MARTINS, Biodiversitas, C. S.; 2005. MACHADO, A. B. estimular uma estratégia de conservação da unidade de conservação de qualquer uma tiva. Além disso, essas unidades são extre- M.; SEBAIO, F. A.; ANTONINI, Y. (Org.). Biodiversidade biodiversidade de Minas Gerais mais integra- emEUCLYDES, Minas Gerais A. C. –P.; 2 MAGALHÃES,ed. Belo Horizonte: S. R. FundaçãoA. A Área das três esferas político-administrativas. Até mamente importantes pela maior proximida- Biodiversitas,de Proteção Ambiental 2005. (APA) e o ICMS Ecológico em o momento, por exemplo, não foi registrada de com os centros urbanos, proporcionando do, com o devido reconhecimento e valoriza- Minas Gerais: algumas re exões. Geogra as, v. 2, n. EUCLYDES,2, p. 39-55, 2006. A. C. P.; MAGALHÃES, S. R. A. A Área nenhuma unidade de conservação municipal oportunidades de lazer, recreação e o contato ção dos municípios. de Proteção Ambiental (APA) e o ICMS Ecológico em Minas Gerais: algumas reflexões. , v. 2, n. na Caatinga de Minas Gerais. da população com a natureza (GUIMARÃES; GARCIA, E. M. B.; PEREIRA, J. M.;Geografias LISBOA, M. R. L. 2,Plano p. 39-55, municipal 2006. de conservação e recuperação da Outro desa o importante para os municí- PELLIN, 2015; MARETTI et al., 2019; PINTO Referências Mata Atlântica de Teó lo Otoni: um instrumento de GARCIA, E. M. B.; PEREIRA, J. M.; LISBOA, M. R. L. pios é a criação e estruturação de sistemas et al., neste volume). gestão ambiental. Dissertação (Mestrado Pro ssional) Plano– Programa municipal de Pós-Graduação de conservação em eTecnologia, recuperação Saúde da municipais de unidades de conservação e Minas Gerais é um estado de grande di- AMBIENTAL 44 Informação e Projetos em Biodiversidade Matae Sociedade, Atlântica Universidadede Teófilo OtoniFederal: um instrumentodos Vales dedo BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Ltda. Base de Dados das Unidades de ConservaçãoSNUC do- gestãoJequitinhonha ambiental. e Mucuri, Dissertação Teó lo (Mestrado Otoni: 2017. Profissional) na gestão e governança das APAMs, que co- mensão e de elevada riqueza de biodiversi- Sistema Nacional de Unidades de Conservação Estado de Minas Gerais.2018 – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Saúde brem milhões de hectares em diferentes áre- dade. A rede de unidades de conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; eGUIMARÃES, Sociedade, UniversidadeE.; PELLIN, FederalA. BiodiverCidade: dos Vales do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto Jequitinhonhadesa os e oportunidades e Mucuri, Teófilo na Otoni:gestão 2017. de áreas as de Minas Gerais, visando o planejamento municipal pode contribuir e ter um papel im- BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SNUC - Sistema nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico protegidas urbanas. São Paulo: Matrix, 2015. e construção de paisagens mais sustentá- portante no desenvolvimento sustentável do Nacional de UnidadesÁreas Protegidas: de Conservação Decreto nºda 5.758,Natureza. de GUIMARÃES, E.; PELLIN, A. BiodiverCidade: Lei13 denº 9.985,abril de de 2006 18 de / julhoMinistério de 2000; do Meio Decreto Ambiente. nº 4.340, – desafiosGTZ - COOPERACIÓN e oportunidades TÉCNICA na gestão ALEMANHA. de áreas protegidas Áreas veis. Extrema, no sul do estado, é um dos estado e na vida da sociedade mineira. Para deBrasília: 22 de MMA/SBF, agosto de 2011. 2002; 76 Decreto p. nº 5.746, de 5 de urbanas.de conservación São Paulo: municipal: Matrix, 2015. una oportunidad para poucos municípios que possui um sistema isso, será fundamental ampliar o conheci- abril de 2006. Plano Estratégico Nacional de Áreas la conservación de la biodiversidad y el desarrollo Protegidas:BRASIL. Ministério Decreto nºdo 5.758, Meio deAmbiente. 13 de abril Cadastro de 2006 GTZlocal -: COOPERACIÓNre exiones y experienciasTÉCNICA ALEMANHA. desde América Áreas municipal de unidades de conservação – De- mento sobre esse sistema de proteção pelos /Nacional Ministério de do Unidades Meio Ambiente. de Conservação – Brasília: :MMA/SBF, Relatório deLatina. conservación Brasília: GTZ, municipal: 2010. una oportunidad para creto nº 2.887, de 06 de maio de 2015. governos locais, quali cando as informações 2011.Parametrizado 76 p. – Unidade de Conservação, UF: MG. la conservación de la biodiversidad y el desarrollo

38 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 39 local: reflexiones y experiencias desde América Latina. a cobertura de Unidades de Conservação no Estado Agradecimentos Brasília: GTZ, 2010. de Minas Gerais. 2017. 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Ciências Biológicas) - Universidade ITABIRA (MG) Prefeitura Municipal. Plano Diretor Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, M.G 2017. Somos gratos ao Fundo de Parceria Participativo do Município de Itabira. Itabira: para Ecossistemas Críticos (CEPF, na Prefeitura Municipal, 2016. PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; FONSECA, M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. K. Unidades sigla em inglês para Critical Ecosystem MACHADO, M.; PACHECO, R. G.; MONSORES de Conservação Municipais da Mata Atlântica. São JUNIOR, J. L. A. Contribuição das iniciativas municipais Partnership Fund) e Instituto Internacional Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 2017. para criação e gestão de Reservas Particulares do de Educação do Brasil (IEB) pelo suporte Patrimônio Natural - RPPNs no Estado do Rio de PINTO, L. P.; HIROTA, M.; GUIMARÃES, E.; Janeiro, Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE  nanceiro e apoio para o levantamento das FONSECA, M.; MARTINEZ, D. I.; TAKAHASHI, C. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 8., 2015, Curitiba. unidades de conservação municipais do Anais [...]. Curitiba: Fundação Grupo Boticário de K. Valorização dos Parques e Reservas: ICMS Proteção à Natureza, 2015. Ecológico e as Unidades de Conservação Municipais Cerrado e à Fundação SOS Mata Atlântica da Mata Atlântica. São Paulo: Fundação SOS Mata pelas informações das unidades de MARETTI, C. C.; BEHR, M. V.; SOUZA, T. V. S. B.; Atlântica, 2019. SCARAMUZZA, C. A. M.; GUIMARÃES, E.; ELIAS P. conservação municipais da Mata Atlântica. F.; BRITO, M. C. W. Ciudades y áreas protegidas en SALVIO, G. M. M. Áreas naturais protegidas Agradecemos o Instituto de Ciências Brasil: Soluciones para el bienestar, la conservación de e indicadores socioeconômicos: o desafio da la naturaleza y la participación activa de la sociedade. conservação da natureza. Jundiaí: Paco Editorial, 2017. Biológicas da Universidade Federal de Minas In: GUERRERO, F. E. (Ed.). Voces sobre Ciudades Gerais e o Instituto Estadual de Florestas Sostenibles y Resilientes. Bogotá: Ministerio de SALVIO, G. M. M.; LUCIANO, J.; LUCIANO, R. C. de Minas Gerais pelo apoio na condução Ambiente y Desarrollo Sostenible, 2019. p. 59-65. Distribuição das áreas naturais protegidas municipais em Minas Gerais. Braz. Ap. Sci. Rev., v. 2, n. 3, p. dos trabalhos. Nosso agradecimento pelo MEDEIROS, R.; COUTINHO, B.; MARTINEZ, M. I.; 1092-1103, 2018. ALVARENGA JR., M.; YOUNG, C. E. F. Contexto geral suporte de vários técnicos e especialistas das unidades de conservação no Brasil. In: YOUNG, UNEP-WCMC - UN Environment World Conservation de ONGs, universidades e das prefeituras C. E. F.; MEDEIROS, R. (Org.). Quanto vale o Monitoring Centre; IUCN - International Union for verde: a importância econômica das unidades de dos municípios, que nos auxiliaram com Conservation of Nature; NGS - National Geographic conservação brasileiras. Rio de Janeiro: Conservação dados e informações sobre as unidades de Internacional, 2018. p. 11-27. Society. Protected Planet Report 2018. Cambridge UK: UNEP-WCMC, IUCN, NGS, 2018. conservação municipais públicas e privadas. OJIDOS, F. S. Conservação em ciclo contínuo: modelo de gestão para financiamento de UNILESTE - Centro Universitário do Leste de Minas Reserva Particular do Patrimônio Natural. 2017. Gerais. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado 97 f. Dissertação (Mestrado em Conservação da – PDDI: Região Metropolitana do Vale do Aço. Coronel Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável) - Fabriciano: Unileste, 2014. Instituto de Pesquisas Ecológicas - IPE Escola Superior Disponível em: http://www.unilestemg.com.br/pddi/arq/ de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, Nazaré doc/documentosoficiais/2014/PDDI_DIAGNOSTICO_ Paulista, SP. 2017. VOL1.pdf

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41 PINTO, D. C. Contribuição da esfera municipal para MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019

40 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Agradecimentos

Somos gratos ao Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) pelo suporte  nanceiro e apoio para o levantamento das unidades de conservação municipais do Cerrado e à Fundação SOS Mata Atlântica pelas informações das unidades de conservação municipais da Mata Atlântica. Agradecemos o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais pelo apoio na condução dos trabalhos. Nosso agradecimento pelo suporte de vários técnicos e especialistas de ONGs, universidades e das prefeituras dos municípios, que nos auxiliaram com dados e informações sobre as unidades de conservação municipais públicas e privadas.

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 41

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 41 Barreiras físicas e velocidade de água in uenciam a riqueza de invertebrados no fundo de um córrego no Parque Estadual do Rio Preto?

1 1 2 GabrielGabriel Estevão Nogueira Aguila1 , Matteus Carvalho FerreiraFerreira1,, CatarinaCatarina DiasDias dede FreitasFreitas2,, Raphael Henrique Novaes3 , Gisele Moreira dos Santos4, Marcos Callisto5 Raphael Henrique Novaes2 , Gisele Moreira dos Santos1, Marcos Callisto1

Resumo

Foram testadas as hipóteses de que a presença de barreiras físicas (i) e menor velocidade de água (ii) in-  uenciam a retenção de folhas e a riqueza de macroinvertebrados bentônicos (iii) em um riacho no Parque Estadual do Rio Preto. Avaliou-se métricas de habitat físico, transporte e retenção de folhas, além da riqueza de macroinvertebrados em bancos de folhas depositados no fundo de um riacho. A presença de barreiras físicas in uenciou positivamente a retenção de folhas, o que não aconteceu com a velocidade da água. Não houve in uência do número de folhas depositadas nas áreas de retenção sobre a riqueza de macroinvertebra- dos. Barreiras físicas são importantes para a dinâmica de matéria orgânica alóctone e manutenção de zonas ripárias in uenciando o funcionamento de riachos de cabeceira.

Palavras chave: macroinvertebrados bentônicos, cerrado, matéria orgânica alóctone, riachos de cabeceira, retenção foliar.

Abstract

We tested the hypotheses that the presence of physical barriers (i) and lower water velocity (ii) in uence leaf retention and benthic richness (iii) in a headwater stream at the Rio Preto State Park. We evaluated physical habitat metrics, leaf transport and retention, and macroinvertebrate richness in leaf banks deposited at the stream bottom. The presence of physical barriers positively in uenced leaf retention, but not water velocity. There was no in uence of the number of leaves deposited in the retention areas on the richness of macroin- vertebrates. Physical barriers are important for the dynamics of allochthonous organic matter and maintenance of riparian zones in uencing the functioning of headwater streams.

Keywords: benthic macroinvertebrates, cerrado, allochthonous organic matter, headwater streams, leaf retention.

11Mestrando Mestrando em em Ciências Ciências Biológicas Biológicas (Ecologia),(Ecologia), UniversidadeUniversidade Federal de MinasMinas Gerais,Gerais, InstitutoInstituto de de Ciências Ciências Biológicas,Programa Biológicas, Programa de de Pós Pós-graduação graduação em em Ecologia, Ecologia,Conservação Conservação e e Manejo Manejo da da VidaVida Silvestre;Silvestre; e-mails:e-mails: [email protected],[email protected],matteuscarvalho.bio@gmai [email protected]. com. com. 22Doutoranda Doutoranda em em CiênciasCiências biológicas (Ecologia),(Ecologia), Universidade Universidade Federal Federal de de Minas Minas Gerais,Instituto Gerais, Instituto de Ciências de Ciências Biológicas,Programa Biológicas,Programa de de Pós-Graduação Pós-Graduação em em Ecologia, Ecologia, Conservação Conservação e eManejo Manejo da da Vida Vida Silvestre; Silvestre; e-mail: e-mail: [email protected]. [email protected]. 33Mestrando Mestrando em em Ciências Ciências Biológicas Biológicas (Ecologia), (Ecologia), Universidade Universidade Federal Federal de de Viçosa, Viçosa, Instituto Instituto de de Ciências Ciências Biológicas Biológicas e eda da Saúde, Saúde,Progr Programaama de de Pós-graduação Pós-graduação em em Ecologia, Av. Peter Henry Rolfs s/n, CEP 36570-900, Viçosa, MG, Brasil. E-mail: [email protected]. 44Mestre Mestre em em Ciências Ciências Biológicas Biológicas (Ecologia), (Ecologia), UniversidadeUniversidade FederalFederal de Minas Gerais, Instituto dede CiênciasCiências Biológicas,ProgramaBiológicas, Programa de de P ósPós -Graduação -Graduação em em Ecologia, Ecologia, Conservação Conservação e eManejo Manejo da da Vida Vida Silvestre; Silvestre; e-mail: e-mail: [email protected]. [email protected]. 55Prof. Prof. Titular Titular na na UniversidadeUniversidade Federal de Minas Gerais,Gerais, InstitutoInstituto de de Ciências Ciências Biológicas, Biológicas, Programa Programa de de Pós-Graduação Pós-Graduação em em Ecologia Ecologia,, Conservação Conservação e e Manejo Manejo da da VidaVida Silvestre,Silvestre, Av.Av. AntônioAntônio Carlos,Carlos, 6627,6627, CP CP 486, 486, CEP: CEP: 30161-970, 30161-970, Belo Belo Horizonte, Horizonte, MG,Brasil.Laboratór MG, Brasil. laboratórioio de de Macroinvertebrados Macroinvertebrados Bentônicos; Bentônicos; site: site: http://lebufmg.wix.com/bentos http://lebufmg.wix.com/bentos

42 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Área de estudo Introdução Material e métodos Realizou-se este estudo no córrego Riachos de cabeceira sombreados por ÁreaBoleiras de estudo (18°05’18’’S; 43°21’06’’W), bacia matas ciliares têm sua dinâmica depen- hidrográ ca do Rio Jequitinhonha, loca- dente do aporte de detritos de folhas de lizadoRealizou-se no Parque este Estadual estudo no do córrego Rio Preto Bo- espécies da vegetação ripária (OLIVEIRA leiras(PERPreto), (18°05’18’’S; porção 43°21’06’’W), norte da baciaCadeia hidro do- A. A.; HENRY, R. 2002; REZENDE et al., gráficaEspinhaço, do RioMinas Jequitinhonha, Gerais, na localizado altitude deno 2018). Essas folhas são levadas pela cor- Parque800 m, Estadualonde domina do Rio  toPreto sionomia (PERPreto), vege- renteza do riacho e retidas por barreiras fí- porçãotal de nortecerrado da Cadeia (FIGURA do Espinhaço, 1). O parque Minas é sicas, como pedras, galhos e macró tas ou Gerais,uma Unidade na altitude de Conservaçãode 800 m, onde de domina Prote- depositam-se em remansos onde a veloci- fitofisionomiação Integral, com vegetal uma extensãode cerrado de (FIGURA12.185 dade da água é menor (CANHOTO; GRA- 1).hectares, O parque sendo é uma 65% Unidade coberto de por Conserva campos- ÇA, 1998). O acúmulo de folhas no fundo çãorupestres de Proteção e campos Integral, limpos com e uma 25% extensão de Cer- favorece inúmeros grupos de macroinver- derado 12.185 stricto hectares, sensu sendoe  oresta 65% coberto estacional por tebrados bentônicos que as utilizam como campos(STCP/IEF, rupestres 2004). e campos limpos e 25% abrigo, alimentam-se diretamente nos de Cerrado O córrego stricto Boleiras sensu epertence floresta àestacional sub-ba- bancos de folhas ou de partículas  nas (STCP/IEF,cia do Rio Preto,2004). que por sua vez é a uen- aderidas (GRAÇA, 2001). Entretanto, os te do O Rio córrego Araçuaí Boleiras e ambos pertence estão à sub-baciainseridos bancos de detritos foliares não se distri- dona Riobacia Preto, hidrográ que por ca suado Rio vez Jequitinhonha é afluente do buem de forma homogênea no fundo de Rio(IEF, Araçuaí 2004). e ambosO solo estãopredominante inseridos nana bacia rede riachos de cabeceira, sendo observados hidrográficade drenagem do doRio parque Jequitinhonha é o Neossolo (IEF, 2004). Flú- locais com diferentes tamanhos e quanti- Ovico solo (IEF, predominante 2010) e o na clima rede é de de drenagem nido como do dades de detritos acumulados. A hetero- parqueAW (com é o Neossoloinverno seco) Flúvico pelo (IEF, sistema 2010) ede o geneidade ambiental in uencia diretamen- climaclassi é definidocação de como Köppen-Geiger, AW (com inverno no seco)qual te a distribuição espacial de invertebrados peloa média sistema anual de pluviométrica classificação é dede Köppen-223,19 associados (BOYERO et al., 2012). Geiger,mm3 e no temperaturas qual a média anualmédias pluviométrica anuais em é Objetivado avaliar a relação entre a detorno 223,19 de 18°Cmm3 e(ALVARES temperaturas et al.médias, 2014; anuais IEF, presença de barreiras físicas e velocidade em2004; torno CORREIA, de 18°C (ALVARES 2015). et al., 2014; IEF, da água com a riqueza de invertebrados 2004;Para CORREIA, caracterização 2015). do riacho foi apli- aquáticos em folhiço no fundo de um riacho cadoPara um caracterização protocolo de do riachoavaliação foi aplicado rápida de cabeceira, foram testadas três hipóte- um(CALLISTO protocolo deet al.avaliação, 2002), rápida que o (CALLISTO classi cou ses: (i) a presença de barreiras aumenta a etcomo al., 2002), bem quepreservado o classificou (91 pontos)como bem (FIG. pre- retenção de detritos foliares, (ii) a menor servado1B). Este (91 estudo pontos) foi (FIG. apoiado 1B). Este pela estudo Licença foi velocidade da água afeta negativamente apoiadode Pesquisa pela Licença do IEF-MG de Pesquisa (IEF: 063/2018) do IEF-MG e a retenção de detritos e (iii) a retenção de (IEF:Licença 063/2018) Permanente e Licença SISBio Permanente para MC SISBio (Nº detritos in uencia positivamente a riqueza para10635-2). MC (Nº 10635-2). de macroinvertebrados associados.

43 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 43 Figura 1 – Área de estudo Figura 1A1 – eÁrea B – Áreade estudo de estudo

Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- Transporte e retenção de detritos foliares decidade 20 m com e avaliadas  uxômetro, métricas modelo de Globalwaterhabitat físico cidade com  uxômetro, modelo Globalwater Para testar se a velocidade da água e a (velocidadee presença com de fluxômetro,barreiras) nosmodelo locais Globalwater em que e Para testar se a velocidade da água e a e presença de barreiras) nos locais em que presençaPara testar de barreiras se a velocidade físicas afetam da água a reten- e a presençaas folhas de  barreiras)caram retidas nos locais (FIGURA em que as1B). folhas O presença de barreiras físicas afetam a reten- as folhas  caram retidas (FIGURA 1B). O presençação de folhas, de barreiras foi realizado físicas afetam um experimento a retenção ficaramexperimento retidas de (FIGURA transporte 1B). e Oretenção experimento foliar de ção de folhas, foi realizado um experimento experimento de transporte e retenção foliar dein situfolhas, com foi folhas realizado da espécieum experimento Bauhinia in for situ - transportefoi realizado e retenção no período foliar foi seco realizado (setembro no período de in situ com folhas da espécie Bauhinia for - foi realizado no período seco (setembro de comcata folhasLink marcadas da espécie de Bauhinia vermelho forficata e liberadas Link seco2012 (setembro e setembro de 2012 de 2018) e setembro em 4 detrechos 2018) emdi- cata Link marcadas de vermelho e liberadas 2012 e setembro de 2018) em 4 trechos di- marcadasna superfície de vermelho do córrego e liberadas durante na superfície uma hora do 4ferentes trechos dentrodiferentes do dentromesmo do riacho. mesmo 3 riacho.trechos 3 na superfície do córrego durante uma hora ferentes dentro do mesmo riacho. 3 trechos córregoFigura. durante2, baseado uma hora,na metodologia Figura 2, baseado descrita na trechosforam amostrados foram amostrados em setembro em setembro de 2012 de 2012 e 1 Figura. 2, baseado na metodologia descrita foram amostrados em setembro de 2012 e 1 metodologiapor Elosegui descrita (2005). por EloseguiForam liberadas (2005). Foram 100 etrecho 1 trecho foi foiamostrado amostrado em em setembro setembro de de 2018,2018, por Elosegui (2005). Foram liberadas 100 trecho foi amostrado em setembro de 2018, liberadasfolhas Fotogra 100 folhas, a 1A Fotografia em um trecho1A, em deum trecho20 m como atividadeatividade de de curso curso de de campo campo. folhas Fotogra a 1A em um trecho de 20 m como atividade de curso de campo.

Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG

Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Figura 1 – Área de estudo Figura 1 – Área de estudo Fotogra a1 - Teste com folhas de Bauhinia for cata

Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; Legenda: A) Localização do Córrego Boleiras, localizado (círculo no alto do mapa) no PERPreto; B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. B) Mata ripária bem preservada do córrego estudado. Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 Fonte: 1A – Adaptado do Instituto Pristino, 2018 Legenda: A) folhas pintadas de vermelho com tinta atóxica utilizadas para o experimento de transporte; 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira 1B – Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira B) mensuração de métricas de habitat físico (profundidade, presença de barreiras e velocidade Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- da água); Transporte e retenção de detritos foliares e avaliadas métricas de habitat físico (velo- C) coleta de bancos de folhas com coletor tipo Surber cidade com  uxômetro, modelo Globalwater cidade com  uxômetro, modelo Globalwater Fonte: Fotogra as de Matteus Carvalho Ferreira Para testar se a velocidade da água e a e presença de barreiras) nos locais em que Para testar se a velocidade da água e a e presença de barreiras) nos locais em que presença de barreiras físicas afetam a reten- as folhas  caram retidas (FIGURA 1B). O Macroinvertebrados bentônicos associa- Para testar as hipóteses 1 (a presença presença de barreiras físicas afetam a reten- as folhas  caram retidas (FIGURA 1B). O ção de folhas, foi realizado um experimento experimento de transporte e retenção foliar dos a bancos de folhas de barreiras aumenta a retenção de detritos ção de folhas, foi realizado um experimento experimento de transporte e retenção foliar foliares) e 2 (a menor velocidade da água in situ com folhas da espécie Bauhinia for - foi realizado no período seco (setembro de in situ com folhas da espécie Bauhinia for - foi realizado no período seco (setembro de Para testar a hipótese de que bancos de afeta negativamente a retenção de detritos), cata Link marcadas de vermelho e liberadas 2012 e setembro de 2018) em 4 trechos di- cata Link marcadas de vermelho e liberadas 2012 e setembro de 2018) em 4 trechos di- folhas no fundo do riacho in uenciam a rique- realizou-se análises de modelo misto de tipo na superfície do córrego durante uma hora ferentes dentro do mesmo riacho. 3 trechos na superfície do córrego durante uma hora ferentes dentro do mesmo riacho. 3 trechos za de macroinvertebrados, foram amostrados GLMM com distribuição Poisson. Nessas Figura. 2, baseado na metodologia descrita foram amostrados em setembro de 2012 e 1 Figura. 2, baseado na metodologia descrita foram amostrados em setembro de 2012 e 1 arbitrariamente 10 locais em um trecho de 20 análises utilizou-se modelos com as variá- por Elosegui (2005). Foram liberadas 100 trecho foi amostrado em setembro de 2018, por Elosegui (2005). Foram liberadas 100 trecho foi amostrado em setembro de 2018, m utilizando um amostrador do tipo Surber veis de interesse presença ou ausência de folhas Fotogra a 1A em um trecho de 20 m como atividade de curso de campo. folhas Fotogra a 1A em um trecho de 20 m como atividade de curso de campo. (30 x 30 cm, malha 250 μm) (FOTOGRAFIA barreiras, velocidade da água e número de

Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- 1C). Os detritos de folhas e macroinvertebra- folhas retidas, onde a variação entre as qua- Figura 2 - Representação esquemática da diversidade de habitats no trecho estudado - 20m, durante o expe- rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG rimento de transporte e retenção de folhas no córrego Boleiras, Parque Estadual do Rio Preto, MG dos foram triados e quanti cados em campo. tro repetições (experimentos) foram controla- Os macroinvertebrados foram identi cados das. Por  m, para testar a hipótese 3 (a re- ao nível taxonômico de ordem ou gênero, tenção de detritos in uencia positivamente a quando possível e classi cados em grupos riqueza de macroinvertebrados associados), tró cos funcionais (HAMADA et al., 2018). realizou-se uma análise de regressão linear Para mensurar a riqueza, foi considerado entre o número de folhas retidas e a rique- apenas o número de ordens encontradas. za de macroinvertebrados. As análises esta- tísticas foram realizadas no programa R (R, Análise de dados 2018) com os pacotes Ime4 (BATES, 2015) e Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila sciplot (MORALES, 2017). Fonte: Elaborado por Gabriel Estevão Nogueira Aguila

MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 4545 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 44 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Resultados tãoxo). agrupados No córrego e Boleiraspodem serforam consultados encontradas na Resultados Tabeladiferentes 2 (Anexo). barreiras No físicas córrego responsáveis Boleiras foram pela Os dados coletados no trecho do córrego encontradasretenção de folhas,diferentes incluindo barreiras galhos, físicas pedras res- Boleiras (número de folhas retidas, velocidade Os dados coletados no trecho do córre- ponsáveise bancos depela macrófitas. retenção de Observou-se folhas, incluin- au- da água e presença ou ausência de barreiras) go Boleiras (número de folhas retidas, ve- domento galhos, de 81% pedras na retençãoe bancos dede folhas macró com tas.- estão agrupados e podem ser consultados locidade da água e presença ou ausência Observou-se aumento de 81% na retenção na Tabela 1 (Anexo), assim como, a relação parando locais com barreiras (média de 3,8 de barreiras) estão agrupados e podem ser de folhas comparando locais com barreiras da quantidade de folhas com a riqueza de ± 4,93 folhas) e sem barreiras (média de 2,1 consultados na Tabela 1 do Anexo A, assim (média de 3,8 ± 4,93 folhas) e sem barreiras invertebrados encontrados estão agrupados ± 1,97 folhas) (X2= 19,82; gl = 1; p < 0,001) como, a relação da quantidade de folhas com (média de 2,1 ± 1,97 folhas) (X2 = 19,82; gl = e podem ser consultados na Tabela 2 (Ane- (FIGRURA. 3). a riqueza de invertebrados encontrados es- 1; p < 0,001) (FIGURA 3).

Figura Figura 3 3- - Presença Presença e e ausência ausência de de barreiras barreiras físicasfísicas influenciandoin uenciando aa quantidadequantidade dede folhas folhas retidas retidas Número de folhas retidas

Barreiras Físicas Fonte: Elaborado por Matteus Carvalho Ferreira (Ferramenta: Programa R)R).

A velocidade da água não in uenciou a miptera, Megaloptera, Trichoptera e Diptera. retenção de folhas (gl = 1; X2 = 1,57; p = Estes organismos foram classi cados em 0,20). O trecho de córrego possui baixa ve- fragmentadores (Trichoptera-Calamocera- tidae: Phylloicus, Ephemeroptera-Polymi- locidade de água (0,1 ± 0,18 m/s) entre os tarcidae: Campylocia), coletores-catadores habitats remanso e corredeiras, sendo 96% (Diptera: Chironomidae), raspadores (Ephe- das medições de velocidade de água menor meroptera: Baetidae) e predadores (Odona- 0,5 m/s (máximos entre 0,6 e 1,17 m/s). ta e Megaloptera) (FOTOGRAFIA 2). Não Nas amostragens de bancos de folhas houve in uência do número de folhas depo- depositados no leito do riacho para men- sitadas no fundo do riacho sobre a riqueza surar a riqueza de macroinvertebrados de macroinvertebrados associados, sendo a bentônicos, foram encontradas 7 ordens: regressão linear não signi cativa (F(1,8) = Ephemeroptera, Odonata, Plecoptera, He- 0,34; p = 0,574) (TABELA 2, ANEXO B).

46 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Fotogra a 2 – Exemplares de macroinvertebrados bentônicos coletados na área de estudo

Fonte: Fotogra a de Matteus Carvalho Ferreira

Discussão 2002) e a elevada abundância de grupos de bioindicadores sensíveis a distúrbios por Barreiras físicas como blocos de pedra, atividades humanas (p. ex. Ephemeroptera, galhos e macró tas aquáticas são importan- Plecoptera e Trichoptera), caracterizam o tes para a retenção de detritos foliares que riacho Boleiras como bem preservado. Ria- caem da mata ciliar, formando depósitos chos de cabeceira em condições de refe- heterogêneos de bancos de folhas e crian- rência apresentam maior disponibilidade de do diferentes habitats em riachos de cabe- recursos, possibilitando o estabelecimento ceira (ALAN; CASTILHO, 2007). A presen- de diferentes grupos de macroinvertebrados ça de barreiras físicas, e não a velocidade, bentônicos (MARTINS et al., 2018). Apesar explicam a retenção de detritos foliares no da elevada riqueza de ordens de insetos, a fundo do riacho Boleiras, um ecossistema quantidade de folhas depositadas não expli- preservado e em condição de referência no ca os invertebrados associados que vivem Parque Estadual do Rio Preto. A quantidade no fundo do córrego Boleiras. Os detritos de folhas depositadas nos bancos de folhiço foliares de espécies de plantas oriundas da não explica a riqueza de macroinvertebra- mata ciliar e as diferentes espécies vegetais dos bentônicos associados. apresentam concentrações distintas de C, O resultado da aplicação do protoco- N, P e compostos secundários que podem lo de avaliação rápida (CALLISTO et al., in uenciar a qualidade dos detritos foliares

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 47 e, consequentemente, a fragmentação por roboraram com a hipótese I e permitiu com- invertebrados aquáticos (GRAÇA, 2001). provar a sua importância para a formação Além disso, mudanças na composição de de depósitos de folhiços no fundo do riacho espécies ripárias alteram dramaticamente estudado no Parque Estadual do Rio Preto. a disponibilidade, transporte e retenção de A variação da velocidade de água não detritos foliares (FERREIRA et al., 2019), fa- in uenciou a retenção de folhas no trecho vorecendo o aumento da produção primária analisado, refutando a hipótese II, apesar da autóctone por algas diatomáceas epibênti- velocidade da água ser um dos fatores res- cas (GRAÇA et al., 2018) e a composição e ponsáveis pela retenção de folhas (GRAÇA estrutura de comunidades de macroinverte- et al., 2004). Isso pode ser explicado pela brados bentônicos (CASTRO et al., 2018). baixa variação dos valores de velocidade da Considerando que a composição de co- água no trecho analisado, com maior núme- munidades bentônicas é in uenciada pela ro de trechos de remansos e águas calmas, disponibilidade e tipos de recursos dispo- e à baixa declividade do trecho (0,07 m/m), níveis (CASAS et al., 2013; KOBAYASHI ; o que explicaria a baixa velocidade média KAGAYA, 2002), variações na composição das águas no córrego Boleiras. taxonômica entre habitats podem ser in- O número de folhas depositadas nos  uenciadas por morfotipos foliares de dife- bancos de folhiços não in uenciou a riqueza rentes espécies de plantas (CASAS et al., taxonômica de macroinvertebrados obser- 2013). A classi cação dos detritos foliares vada entre diferentes habitats físicos, refu- em morfotipos distintos poderia melhor ex- tando a hipótese III, sugerindo que outros plicar a disponibilidade de abrigo e alimento mecanismos ecológicos, como a qualidade para os macroinvertebrados no córrego Bo- dos detritos foliares e o condicionamento leiras do que a simples contagem do núme- por microrganismos, poderiam explicar esta ro de folhas depositadas (BOYERO et al., variação. Apesar de não ter sido encontrado 2011). relação entre quantidade de folhas nos ban- Possivelmente, processos geomorfoló- cos foliares e riqueza de macroinvertebra- gicos de transporte de sedimentos e asso- dos associados, sabe-se que a diversidade reamento por partículas  nas, relacionados de habitats no fundo de riachos in uencia a à inclinação das margens e processos erosi- composição taxonômica de macroinverte- vos, expliquem a relação entre habitats físi- brados bentônicos (KOBAYASHI; KAGAYA, cos e depósitos de detritos foliares no fundo 2002). A retenção de folhas com diferentes do riacho Boleiras (GRAÇA et al., 2004). A formatos e tamanhos oferece microhabitats composição de espécies nativas de plantas e altera a disponibilidade de nichos, propor- na mata ciliar também poderia ser uma ex- cionando condições para diferentes espécies plicação para esta relação (CASAS et al., associadas (ALAN; CASTILHO, 2007). 2013). Os resultados obtidos da relação en- tre barreiras físicas e retenção de folhas cor-

48 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Considerações  nais experimentos de transporte e retenção foliar contemplando escalas temporais. Em sín- Os resultados deste estudo contribuem tese, os resultados do trabalho contribuem para o conhecimento do funcionamento de para subsidiar investimentos para conserva- riachos de cabeceira em condições de re- ção e recuperação de recursos hídricos na ferência, assim como no Parque Estadual bacia do rio Jequitinhonha no estado de Mi- do Rio Preto, MG. A heterogeneidade espa- nas Gerais, evidenciando o imprescindível cial de barreiras físicas em riachos de cabe- papel das Unidades de Conservação como ceira é importante para a disponibilidade de Laboratórios naturais de pesquisa e estudos habitats, devendo ser incluídas em projetos do meio ambiente. de recuperação de habitats físicos em ria- chos. Além disso, ressalta-se que a maioria Referências das Áreas Protegidas devem ser criadas ou ALLAN, J.D., CASTILHO, M. M. Stream ecology: implementadas objetivando a proteção dos structure and function of running waters. New York: ecossistemas aquáticos e sua biodiversidade Chapman and Hall. 2007. (AZEVEDO-SANTOS et al., 2018). Para tan- ALVARES, C. A., STAPE, J. L., SENTELHAS, P. to, deveriam ser observados os seguintes C., GONÇALVES, J. L., DE, M., SPAROVEK, G. fatores para a criação ou manejo de unida- Köppen’s climate classi cation map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift. v. 22, p. 711-728. des de conservação: (i) conservação e recu- 2014. peração da composição original de espécies de plantas nativas em zonas ripárias; (ii) AZEVEDO-SANTOS, V. M., FREDERICO, R. G., conservação e recuperação da diversidade FAGUNDES, C., POMPEU, P., PELICICE, F., PADIAL, A. A., NOGUEIRA, M. G., FEARNSIDE, P., LIMA, de habitats físicos (p.ex. barreiras naturais) L. B., DAGA, V., OLIVEIRA, F. J. M., VITULE, J. R. nos riachos; (iii) conservação da diversidade S., CALLISTO, M., AGOSTINHO, A. A., ESTEVES, F. A., LIMA, D., MAGALHÃES, A. L. B., SABINO, de organismos bioindicadores de qualidade J., MORMUL, R. P., GRASEL, D., ZUANON, J., de água e (iv) investimentos em atividades VILELLA, F. B., HENRY, R. Protected areas: a focus on Brazilian freshwater biodiversity. Diversity and de educação ambiental (citizen science) e Distributions. v. 25, n. 3, p. 442-448, 2018. DOI: aulas práticas de alunos de ecologia (gradu- 10.1111/ddi.12871. ação e pós-graduação), com apoio do IEF, BATES, D., MAECHLER, M., BOLKER, B., WALKER, como o Curso de Campo em Ecologia re- S. Fitting Linear Mixed-Effects Models Using lme4. alizado pelo Programa PG-ECMVS/UFMG, Journal of Statistical Software, v. 67, n.1, p.1-48. 2015. doi:10.18637/jss.v067.i01. capacitando-os a realizar diagnósticos e monitoramentos de qualidade ecológica de BOYERO, L., PEARSON, R. G., DUDGEON, D., riachos em unidades de conservação. Devi- FERREIRA, V., GRAÇA, M. A. S., GESSNER, M. do a amostragem desbalanceada reitera-se O., BOULTON, A. J., CHAUVET, E., YULE, C. M., ALBARI ÑO, R. J., RAMÍREZ, A., HELSON, J. E., que estes dados não devem ser generaliza- CALLISTO, M., ARUNACHALAM, M., CHARÁ, J., dos, pois correspondem ao contexto local do FIGUEROA, R., MATHOOKO, J. M., GONÇALVES, J. F., MORETTI, M. S., CHARÁ-SERNA, A. M., DAVIES, riacho Boleiras. Sugere-se a realização de J. N., ENCALADA, A., LAMOTHE, S., BURIA, L. M.,

MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 4949 Agradecimentos CASTELA, J., CORNEJO, A., LI, A. O. Y., M’ERIMBA, de detritos foliares em um córrego de cabeceira no KOBAYASHI, S., KAGAYA, T. Differences in litter C., VILLANUEVA, V. D., ZÚÑIGA, M. C., SWAN, cerrado. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências characteristics and macroinvertebrate assemblages C. M., BARMUTA, L. A. Global patterns of stream Biológicas) Universidade Estadual de Montes Claros. between litter patches in pools and rifes in a Agradecemos o apoio da equipe de fun- detritivore distribution: implications for biodiversity Montes Claros. 2015. headwater stream. Limnology, v. 3 p. 37–42. 2002. loss in changing climates. Global Ecology and cionários e gerente do Parque Estadual do Biogeography, v. 21, p. 134-141. 2012. Rio Preto e o apoio do Instituto Estadual ELOSEGUI, A. Leaf retention. In: GRAÇA, M. A., BÄRLOCHER, F.; GESSNER, M. O. (Eds.).Methods MARTINS, I. S., LIGEIRO, R., HUGHES, R. M., de Florestas - IEF, além das discussões e MACEDO, D. R., CALLISTO, M. Regionalisation is BOYERO, L., PEARSON, R. G., GESSNER, M. to study litter decomposition: a practical guide. orientações dos professores de ecologia do O., BARMUTA, L. A., FERREIRA, V., GRAÇA, M. Nova York: Springer Science & Business Media, key to establishing reference conditions for neotropical A., DUDGEON, D., BOULTON, A. J., CALLISTO, 2005. p.13 -18. savanna streams. Marine and Freshwater curso de campo do PG-ECMVS 2018. Agra- M., CHAUVET, E., HELSON, J. E., BRUDER, A., Research, v. 69, p. 82–94. 2018. decemos também às instituições de fomen- ALBARIÑO, R. J., YULE, C. M., ARUNACHALAM, M., DAVIES, J. N., FIGUEROA, R., FLECKER, FERREIRA, V., BOYERO, L., CALVO, C., CORREA, to, CAPES, CNPQ e FAPEMIG, pelo forne- F., FIGUEROA, R., GONÇALVES JR, J. F., A. S., RAMÍREZ, A., DEATH, R. G., IWATA, T., MORALES, M. Scienti c Graphing Functions for cimento das bolsas de pesquisa dos autores MATHOOKO, J. M., MATHURIAU, C., GONÇALVES GOYENOLA, G., GRAÇA, M. A. S., HEPP, L. U., KARIUKI, S., LÓPEZ-RODRÍGUEZ, A., MAZZEO, Factorial Designs. With code developed by the R JR, J. F., MORETTI, M. S., JINGGUT, T., LAMOTHE, Development Core Team, with general advice from e apoio aos Programas de Pós-Graduação. S., M’ERIMBA, C., RATNARAJAH, L., SCHINDLER, N., M’ERIMBA, C., MONROY, S., PEIL, A., POZO, the R-help listserv community and especially Duncan M. H., CASTELA, J., BURIA, L. M., CORNEJO, A., J., REZENDE, R., TEIXEIRA-DE-MELLO, F. A global VILLANUEVA, V. D., WEST, D. C. A global experiment assessment of the effects of Eucalyptus plantations Murdoch. R package version 1.1-1. 2017. suggests climate warming will not accelerate litter on stream ecosystem functioning. Ecosystems. v. decomposition in streams but might reduce carbon 22, n. 3, p 629–642. 2019. OLIVEIRA, A. A., HENRY, R. Retention of sequestration. Ecology Letters, v. 14, p. 289-294. 2011. GRAÇA, M. A. S. The role of invertebrates on leaf litter particule organic matter in a tropical headstream. decomposition in streams - a review. International Hydrobiologia, v. 482, p. 161-166. 2002. Review of Hydrobiology, v.86, p. 383-393. 2001. CALLISTO, M., FERREIRA, W. R., MORENO, P., GOULART, M., PETRUCIO, M. Aplicação de um R CORE TEAM. R: a language and environment GRAÇA, M. A. S., CALLISTO, M., BARBOSA, J. E. protocolo de avaliação rápida da diversidade de for statistical computing. Vienna : R Foundation for L, FIRMIANO, K. R., FRANÇA, J., GONÇALVES habitats em atividades de ensino e pesquisa (MG- Statistical Computing. 2018. Disponível em: RJ). Acta Limnologica Brasiliensia, v.14, p. 91-92. JR, J. F. Top-down and bottom-up control of epilithic 2002. periphyton in a tropical stream. Freshwater Science. v. 37, n.4:000–000. 2018. DOI: 10.1086/700886. REZENDE, R. S., LEITE, G. F. M., RAMOS, K., CANHOTO, C.,GRAÇA, M. A. S. Leaf retention: a TORRES, I., TONIN, A. M., GONÇALVES JR, comparative study between streamcategories and GRAÇA, M. A. S., PINTO, P., CORTES, R., COIMBRA, J.F. Effects of litter size and quality on processing leaf types. Verhandlungen des Internationalen N., OLIVEIRA, S., MORAIS, M., CARVALHO, M. J., by decomposers in a tropical savannah stream. Verein Limnologie, v. 26, p. 990-993. 1998. MALO, J. Factors affecting macroinvertebrate Biotropica, v.1, p. 1-10. 2018. richness and diversity in Portuguese streams: a two-scale analysis. International Review of CASAS, J. J., LARRAÑAGA, A., MENÉNDEZ, M., Hydrobiology, v. 89, p. 151-164. 2004. STCP - Engenharia de Projetos. Plano de Manejo POZO, J., BASAGUREN, A., MARTÍNEZ, A., PÉREZ, do Parque Estadual do Rio Preto: análise da J., GONZÁLES, J. M., MOLLÁ, S., CASADO, C., Unidade de Conservação. Curitiba: STCP/Belo DESCALS, E., ROBLAS, N., LÓPEZ-GONZÁLEZ, HAMADA, N., THORP, J. H., ROGERS, D. C. Keys J. A., VALENZUELA, J. L. Leaf litter decomposition to Neotropical Hexapoda – Thorp and Covich’s Horizonte: IEF, 2004. Encarte 3. Disponível em: http:// of native and introduced tree species of contrasting Freshwater Invertebrates. London: Elsevier. 2018. biblioteca.meioambiente.mg.gov.br/publicacoes/BD/ quality in headwater streams: how does the regional Encarte%203%20-%20An%c3%a1lise%20da%20 setting matter? Science of the Total Environment, INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF. Unidade%20de%20conserva%c3%a7%c3%a3o%20 v. 458, p. 197-208. 2013. Estudo técnico para a extensão dos perímetros Rio%20Preto.pdf. do Parque Estadual do Rio Preto e do Parque CASTRO, D. M. P., DOLÉDEC, S., CALLISTO, M. Estadual do pico do Itambé na região do alto Jequitinhonha, MG. Diamantina – MG. Belo Land cover disturbance homogenizes aquatic functional structure in neotropical savanna streams. Horizonte IEF/ Diretoria de Áreas Protegidas 2010.46 Ecological Indicators. v. 84, p. 573-584. 2018. p.

INSTITUTO PRISTINO. Atlas Digital Geoambiental. CORREIA, P. S. Matéria orgânica proveniente da Belo Horizonte. Disponível em: http://www. vegetação ripária e o processo de decomposição institutopristino.org.br/atlas/ Acesso em: 22/02/2019.

5050 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 51 Agradecimentos CASTELA, J., CORNEJO, A., LI, A. O. Y., M’ERIMBA, de detritos foliares em um córrego de cabeceira no KOBAYASHI, S., KAGAYA, T. Differences in litter Agradecimentos C., VILLANUEVA, V. D., ZÚÑIGA, M. C., SWAN, cerrado. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências characteristics and macroinvertebrate assemblages C. M., BARMUTA, L. A. Global patterns of stream Biológicas) Universidade Estadual de Montes Claros. between litter patches in pools and rifes in a Agradecemos o apoio da equipe de fun- detritivore distribution: implications for biodiversity Montes Claros. 2015. headwater stream. Limnology, v. 3 p. 37–42. 2002. Agradecemos o apoio da equipe de fun- loss in changing climates. Global Ecology and cionários e gerente do Parque Estadual do Biogeography, v. 21, p. 134-141. 2012. Rio Preto e o apoio do Instituto Estadual ELOSEGUI, A. Leaf retention. In: GRAÇA, M. A., cionários e gerente do Parque Estadual do MARTINS, I. S., LIGEIRO, R., HUGHES, R. M., BÄRLOCHER, F.; GESSNER, M. O. (Eds.).Methods deRio FlorestasPreto e o -apoio IEF, alémdo Instituto das discussões Estadual de e MACEDO, D. R., CALLISTO, M. Regionalisation is BOYERO, L., PEARSON, R. G., GESSNER, M. to study litter decomposition: a practical guide. orientações dos professores de ecologia do O., BARMUTA, L. A., FERREIRA, V., GRAÇA, M. Nova York: Springer Science & Business Media, key to establishing reference conditions for neotropical Florestas - IEF, além das discussões e orien- A., DUDGEON, D., BOULTON, A. J., CALLISTO, 2005. p.13 -18. savanna streams. Marine and Freshwater curso de campo do PG-ECMVS 2018. Agra- tações dos professores de ecologia do curso M., CHAUVET, E., HELSON, J. E., BRUDER, A., Research, v. 69, p. 82–94. 2018. decemos também às instituições de fomen- ALBARIÑO, R. J., YULE, C. M., ARUNACHALAM, de campo do PG-ECMVS 2018. Agradecemos M., DAVIES, J. N., FIGUEROA, R., FLECKER, FERREIRA, V., BOYERO, L., CALVO, C., CORREA, to, CAPES, CNPQ e FAPEMIG, pelo forne- F., FIGUEROA, R., GONÇALVES JR, J. F., A. S., RAMÍREZ, A., DEATH, R. G., IWATA, T., MORALES, M. Scienti c Graphing Functions for cimentotambém dasàs instituições bolsas de pesquisa de fomento, dos CAPES, autores MATHOOKO, J. M., MATHURIAU, C., GONÇALVES GOYENOLA, G., GRAÇA, M. A. S., HEPP, L. U., KARIUKI, S., LÓPEZ-RODRÍGUEZ, A., MAZZEO, Factorial Designs. With code developed by the R JR, J. F., MORETTI, M. S., JINGGUT, T., LAMOTHE, Development Core Team, with general advice from eCNPQ apoio eaos FAPEMIG, Programas pelo de fornecimento Pós-Graduação. das S., M’ERIMBA, C., RATNARAJAH, L., SCHINDLER, N., M’ERIMBA, C., MONROY, S., PEIL, A., POZO, the R-help listserv community and especially Duncan M. H., CASTELA, J., BURIA, L. M., CORNEJO, A., J., REZENDE, R., TEIXEIRA-DE-MELLO, F. A global bolsas de pesquisa dos autores e apoio aos assessment of the effects of Eucalyptus plantations Murdoch. R package version 1.1-1. 2017. VILLANUEVA, V. D., WEST, D. C. A global experiment Programas de Pós-Graduação. suggests climate warming will not accelerate litter on stream ecosystem functioning. Ecosystems. v. decomposition in streams but might reduce carbon 22, n. 3, p 629–642. 2019. OLIVEIRA, A. A., HENRY, R. Retention of sequestration. Ecology Letters, v. 14, p. 289-294. 2011. GRAÇA, M. A. S. The role of invertebrates on leaf litter particule organic matter in a tropical headstream. decomposition in streams - a review. International Hydrobiologia, v. 482, p. 161-166. 2002. Review of Hydrobiology, v.86, p. 383-393. 2001. CALLISTO, M., FERREIRA, W. R., MORENO, P., GOULART, M., PETRUCIO, M. Aplicação de um R CORE TEAM. R: a languagelanguage andand environmentenvironment GRAÇA, M. A. S., CALLISTO, M., BARBOSA, J. E. protocolo de avaliação rápida da diversidade de for statistical computing.computing. Vienna : R Foundation for L, FIRMIANO, K. R., FRANÇA, J., GONÇALVES habitats em atividades de ensino e pesquisa (MG- Statistical Computing. 2018. DisponívelDisponível em:em: https:// RJ). Acta Limnologica Brasiliensia, v.14, p. 91-92. JR, J. F. Top-down and bottom-up control of epilithic www.R-project.org/. 2002. periphyton in a tropical stream. Freshwater Science. v. 37, n.4:000–000. 2018. DOI: 10.1086/700886. REZENDE, R. S., LEITE, G. F. M., RAMOS, K., CANHOTO, C.,GRAÇA, M. A. S. Leaf retention: a TORRES, I., TONIN, A. M., GONÇALVES JR, comparative study between streamcategories and GRAÇA, M. A. S., PINTO, P., CORTES, R., COIMBRA, J.F. Effects of litter size and quality on processing leaf types. Verhandlungen des Internationalen N., OLIVEIRA, S., MORAIS, M., CARVALHO, M. J., by decomposers in a tropical savannah stream. Verein Limnologie, v. 26, p. 990-993. 1998. MALO, J. Factors affecting macroinvertebrate Biotropica, v.1, p. 1-10. 2018. richness and diversity in Portuguese streams: a two-scale analysis. International Review of CASAS, J. J., LARRAÑAGA, A., MENÉNDEZ, M., Hydrobiology, v. 89, p. 151-164. 2004. STCP - Engenharia de Projetos. Plano de Manejo POZO, J., BASAGUREN, A., MARTÍNEZ, A., PÉREZ, do Parque Estadual do Rio Preto: análise da J., GONZÁLES, J. M., MOLLÁ, S., CASADO, C., Unidade de Conservação. Curitiba: STCP/Belo DESCALS, E., ROBLAS, N., LÓPEZ-GONZÁLEZ, HAMADA, N., THORP, J. H., ROGERS, D. C. Keys J. A., VALENZUELA, J. L. Leaf litter decomposition to Neotropical Hexapoda – Thorp and Covich’s Horizonte: IEF, 2004. Encarte 3. Disponível em: http:// of native and introduced tree species of contrasting Freshwater Invertebrates. London: Elsevier. 2018. biblioteca.meioambiente.mg.gov.br/publicacoes/BD/ quality in headwater streams: how does the regional Encarte%203%20-%20An%c3%a1lise%20da%20 setting matter? Science of the Total Environment, INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF. Unidade%20de%20conserva%c3%a7%c3%a3o%20 v. 458, p. 197-208. 2013. Estudo técnico para a extensão dos perímetros Rio%20Preto.pdf. do Parque Estadual do Rio Preto e do Parque CASTRO, D. M. P., DOLÉDEC, S., CALLISTO, M. Estadual do pico do Itambé na região do alto Jequitinhonha, MG. Diamantina – MG. Belo Land cover disturbance homogenizes aquatic insect functional structure in neotropical savanna streams. Horizonte IEF/ Diretoria de Áreas Protegidas 2010.46 Ecological Indicators. v. 84, p. 573-584. 2018. p.

INSTITUTO PRISTINO. Atlas Digital Geoambiental. CORREIA, P. S. Matéria orgânica proveniente da Belo Horizonte. Disponível em: http://www. vegetação ripária e o processo de decomposição institutopristino.org.br/atlas/ Acesso em: 22/02/2019.

50 51 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 51 Anexo A

Tel 1 do de reteno de ol e eeriento relizdo no rreo Boleir, rue tdul do io reto MG

ontinu... Barreira Trecho Número de folhas retidas Velocidade Ano 1 0.09 Auente 2012 1 12 0.0 Auente 2012 1 0 Auente 2012 1 0 Auente 2012 1 1 0.2 Auente 2012 1 1 0 Auente 2012 1 1 0 Auente 2012 1 1 0 Auente 2012 1 1 0 Auente 2012 1 1 0 Auente 2012 1 1 0.22 Auente 2012 2 1 0. Auente 2012 2 0.1 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 2 0 Auente 2012 2 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 1 0 Auente 2012 2 1 0.0 Auente 2012

52 52 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Tel 1 do de reteno de ol e eeriento relizdo no rreo Boleir, rue tdul do io reto MG

ontinu... Barreira Trecho Número de folhas retidas Velocidade Ano 1 0 Auente 2012 2 0.2 Auente 201 1 0.1 Auente 201 1 0. Auente 201 0 Auente 201 1 0 Auente 201 2 0 Auente 201 1 0 Auente 201 2 0 Auente 201 0 Auente 201 1 0 Auente 201 1 0 Auente 201 1 0 Auente 201 0 Auente 201 2 0 Auente 201 1 0 Auente 201 2 0 Auente 201 1 0 Auente 201 1 0 Auente 201 0. Auente 201 0. Auente 201 1 0.1 Auente 201 1 0.1 Auente 201 1 0.2 Auente 201 1 0 Auente 201 1 0 Auente 201 1 0 Auente 201 1 1 0 reente 2012 1 12 0.09 reente 2012 1 10 0.0 reente 2012 1 1 0 reente 2012 1 1 0.0 reente 2012 1 2 0.11 reente 2012 1 1 0 reente 2012 1 1 0.09 reente 2012 1 1.1 reente 2012 1 1 0.2 reente 2012 1 0.0 reente 2012 1 1 0.1 reente 2012 1 0.1 reente 2012 1 0.2 reente 2012 1 1 0. reente 2012 1 1 0.1 reente 2012 1 1 0.02 reente 2012 1 1 0 reente 2012 1 1 0 reente 2012 1 2 0. reente 2012 1 1 0. reente 2012 1 1 0.1 reente 2012 1 1 0.22 reente 2012

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 53 Tel 1 do de reteno de ol e eeriento relizdo no rreo Boleir, rue tdul do io reto MG

ontinu... Trecho Número de folhas retidas Velocidade Barreiras Ano

1 1 0 reente 2012 1 1 0 reente 2012 1 1 0 reente 2012 1 1 0.12 reente 2012 2 1 0 reente 2012 2 1 0 reente 2012 2 1 0 reente 2012 2 0 reente 2012 2 1 0 reente 2012 2 1 0 reente 2012 2 1 0 reente 2012 2 1 0 reente 2012 2 0 reente 2012 2 1 0.1 reente 2012 0 reente 2012 22 0 reente 2012 22 0 reente 2012 1 0 reente 2012 1 0 reente 2012 11 0 reente 2012 0 reente 2012 0 reente 2012 0 reente 2012 1 0 reente 2012 1 0 reente 2012 1 0. reente 2012 1 0.1 reente 2012 1 0.2 reente 2012 1 0.1 reente 2012 1 0.2 reente 2012 1 0. reente 2012 1 0 reente 201 1 0 reente 201 1 0 reente 201 2 0 reente 201 0 reente 201 2 0.2 reente 201 0.2 reente 201 1 0.1 reente 201 1 0.1 reente 201 1 0 reente 201 0 reente 201 2 0 reente 201 0. reente 201 0 reente 201 9 0.1 reente 201 1 0. reente 201 19 0. reente 201 0.2 reente 201

54 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Tel 1 do de reteno de ol e eeriento relizdo no rreo Boleir, rue tdul do io reto MG

onluo Trecho Número de folhas retidas Velocidade Barreiras Ano 1 0.2 reente 201 2 0.1 reente 201 1 0. reente 201 0. reente 201 0. reente 201 1 0. reente 201 12 0.2 reente 201 1 0 reente 201 1 0 reente 201

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 55 Anexo B Tabela 2 - Relação entre quantidade de folhas e riqueza de invertebrados aquáticos em 10 pontos de coleta ao longo do trecho de 20m. no Córrego Boleiras, no período de Set/2012 e Parque Estadual do Rio Preto – MG

Quantidade folhas Riqueza de invertebrados 99 1 2 10 0 0 2 19 2 10 1 129 1

56 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Ampliando o conhecimento sobre os peixes do rio Pandeiros

Rafael Couto Rosa de Souza1 , Marina Lopes Bueno2 , Marina Silva Ru no3 , Marina Fer- reira Moreira4 e Paulo Santos Pompeu 5

Resumo

AA produçãoprodução dede energiaenergia elétricaelétrica nono BrasilBrasil éé impulsionadaimpulsionada pelapela construçãoconstrução dede barragens,barragens, motivadamotivada pelapela diminuidiminui-- çãoção dada utilizaçãoutilização dede combustíveiscombustíveis fósseis.fósseis. Porém,Porém, aa modificaçãomodi cação causadacausada numnum riorio comcom aa implantaçãoimplantação destesdestes empreendimentosempreendimentos traztraz impactosimpactos ecológicosecológicos muitasmuitas vezesvezes irreversíveis.irreversíveis. OO objetivoobjetivo destedeste estudoestudo foifoi avaliaravaliar aa ictiofaunaictiofauna presentepresente nono riorio Pandeiros,Pandeiros, acimaacima ee abaixoabaixo dada barragem,barragem, ee osos possíveispossíveis impactosimpactos relacionadosrelacionados àà alimentaçãoalimentação e migraçãomigração oriundosoriundos dada PequenaPequena CentralCentral HidrelétricaHidrelétrica de de Pandeiros Pandeiros (PCH (PCH Pandeiros) Pandeiros) que que está está desativada desde 2008. Onze coletas foram realizadas entre 2014 e 2016 em oito pontos ao longo do rio. No desativada desde 2008. Onze coletas foram realizadas entre 2014 e 2016 em oito pontos ao longo do rio. No total foram idetificados 60 espécies de peixes. Além de aprimorar o conhecimento sobre a ictiofauna do rio total foram ideti cados 60 espécies de peixes. Além de aprimorar o conhecimento sobre a ictiofauna do rio Pandeiros, aumentando o número de espécies conhecidas, também se identificou o impacto da PCH Pandei- Pandeiros, aumentando o número de espécies conhecidas, também se identi cou o impacto da PCH Pandei- ros na distribuição e dinâmica dos peixes no rio, apoiando estudos que apontam a possibilidade de remoção ros na distribuição e dinâmica dos peixes no rio, apoiando estudos que apontam a possibilidade de remoção da mesma. da mesma. Palavras chave: ictiofauna neotropical; remoção de barragens; lista de espécies; peixes migradores; bacia do Palavras chave: rio ictiofauna São Francisco. neotropical; remoção de barragens; lista de espécies; peixes migradores; bacia do rio São Francisco. Abstract

The power production in Brazil is driven by the dam building, and motivaded by the decrease in the fossil fuels uses. However, the modi cation on the river due the instream structures has ecological impacts often irrever- sible. The main aim of this studywas to evaluated the icththyofauna in the Pandeiros River, upstream and do- wnstream the dam, and the possible impacts realted to feeding and migration due the small hydropower which has been deactivated since 2008. Eleven sampling events were caried out between 2014 and 2016 at eight sites along the river. We identi ed 60  sh species. Besides improving the knowledge about ichthyofauna of the Pandeiros River, increasing the number of known species, we also identi ed the impact of the SHP Pandeiros on the distribution and dynamics of the  shes in the river, supporting the studies suggesting the possibility of removal of such dam.

Keywords: Neotropical  shes; dam removal; checklist; migratory  shes; São Francisco basin.

1Doutor em Ecologia Aplicada. Brandt Meio Ambiente Ltda / Programa Peixe Vivo da Cemig. 2Doutoranda em Ecologia Aplicada. Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA. 3Mestra em Ecologia Aplicada. Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA. 4Mestranda em Ciências Biológicas. Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA. 5Professor Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA

MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 5757 Introdução servação permanente”, onde é proibido o Em 2008 sua operação foi paralisada em da do rio São Francisco. Está localizado no exercício de qualquer atividade que ameace de nitivo e as águas do rio Pandeiros retor- norte de Minas Gerais, abrangendo os muni- A construçãoconstrução dede usinasusinas hidrelétricashidrelétricas paspas-- extinguir espécies da fauna aquática ou que naram para o canal natural. Apesar disso, cípios de Januária, Bonito de Minas e Cônego sou por momentosmomentos de de altos altos e ebaixos baixos durante (IEA possa colocar em risco o equilíbrio dos ecos- mesmo com a usina não operando, a estru- Marinho (BETHONICO, 2009). Está inserido 2015).a história Atualmente, do mundo verifica-se (IEA 2015). um Atualmente, grande in- sistemas. Assim, nos cursos d´água incluídos tura física da PCH Pandeiros ainda regula o em uma região de transição entre cerrado e vestimentopodemos veri na construçãocar um grande de barragensinvestimento para na nesta categoria  ca proibida a construção de nível acima da barragem. Além disso, o re- caatinga, o clima predominante é Aw, segun- produçãoconstrução energética, de barragens muitas para delas produção impulsio ener-- barragens. servatório está praticamente preenchido por do a classi cação de Koopen-Geiger (NUNES nadasgética, pelamuitas valorização delas impulsionadas de uma produção pela valo- de Em 1992, o rio Pandeiros tornou-se rio de sedimentos. Hoje é raso e conectado a uma et al., 2009). energiarização deelétrica uma produção sem uso de de energia combustíveis elétrica preservação permanente (pela Lei nº 10.629, lagoa lateral, que já foi temporária, e que atu- O rio Pandeiros é um rio de preservação fósseissem uso (NILSSON de combustíveis et al., fósseis2005, IEA (NILSSON 2015). revogada na Lei nº 15.082/2004). É consi- almente é perene, em função da presença da permanente segundo legislação do estado de Apesaret al., 2005, da hidroeletricidade IEA 2015). Apesar ter da uma hidroeletri- parcela derado rota de migração e área de desova barragem. Minas Gerais, Lei nº 15.082, de 27 de abril de essencialcidade ter na uma diminuição parcela essencialda emissão na de diminui- gases para peixes migradores e possui, aproxima- A presença desta barragem ainda pode 2004. Está inserido dentro do Refúgio de Vida deção efeito da emissão estufa, de e nogases Brasil de constituirefeito estufa, uma e damente, 145 km de comprimento. Além dis- ser fonte de impactos para os organismos Silvestre (REVS) implementado em 2004 sob alternativano Brasil constituir energética uma com alternativa grande potencialenergéti- so, no seu baixo curso, próximo ao rio São aquáticos da região, tanto acima quanto abai- o Decreto 43910, de 05/11/2004. Além de es- pelaca com abundância grande potencial de recursos pela abundânciahidrícos, essa de Francisco, há uma planície de inundação xo da mesma. Assim, a Superintendência tar inserido ao redor de uma série de áreas formarecursos de produçãohidrícos, essaé responsável forma de por produção grandes é com cerca de 50 km², que é considerada um Regional de Meio Ambiente de Minas Gerais protegidas como parques nacionais e áreas impactosresponsável no ecossistemapor grandes impactosaquático (POFFno ecos- & berçário para diversas espécies de peixes (SUPRAM) requeriu que a Cemig viabilizas- de proteção ambiental. Assim, con gura-se HARTsistema 2002). aquático (POFF; HART 2002). migradores (CAROLSFELD 2003, NUNES et se um estudo para avaliação dos impactos como uma área estratégica para proteção da Dentre os impactos ambientais gerados al., 2009). Embora esteja protegido e tenha da PCH Pandeiros e da possibilidade de re- fauna e  ora da região (DRUMMOND et al., pela construção de usinas hidrelétricas, des- grande relevância ecológica, ainda são pou- moção da estutura física de sua barragem. 2005). tacam-se os relacionados com a alteração do cos os estudos que tentam identi car, carac- Neste trabalho realizou-se novas amos- A amostragem foi realizada no rio Pan- regime natural de vazão do rio, com a inter- terizar e dimensionar sua importância para tragens e uma compilação dos dados já exis- deiros durante onze campanhas, de julho de rupção do  uxo livre no curso d´água e mo- bacia do rio São Francisco. Com relação às tentes sobre a ictiofauna do rio Pandeiros, 2014 a fevereiro de 2016, em oito pontos de di cação de hábitats naturais (POFF et al., comunidades de peixes, por exemplo, ape- com o objetivo de atualizar a lista de espé- coleta, divididos em duas regiões, ao longo da 1997, PRINGLE 2001, MIMS; OLDEN 2013, nas três trabalhos já foram publicados (GO- cies para a bacia. Além de comparar a ali- bacia do rio Pandeiros: duas regiões, a mon- WINEMILLER et al., 2016). Estes impactos já DINHO, 1986; ALVES; LEAL, 2010; SANTOS mentação entre os peixes mais abundantes tante e a jusante da PCH Pandeiros (MAPA 1). são bem documentados e conhecidos pela et el., 2015). presentes na lagoa ligada ao reservatório e comunidade cientí ca, mas até hoje sua mi- A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) uma lagoa marginal na foz do rio Pandeiros. tigação ou minimização não é efetiva ou é Pandeiros (525974.02 m E; 8285899.58 m E, veri car se ainda existe impacto da barra- pouco e ciente (PELICICE; AGOSTINHO S) localiza-se 50 km acima da foz do rio. A gem às espécies migratórias. Os dados apre- 2008, POMPEU et al., 2012, PELICICE et al., usina começou sua operação em 1957, com sentados neste estudo darão subsídios para 2015a). um trecho de vazão reduzida de aproxima- a possibilidade de remoção da PCH Pandei- Em Minas Gerais, contamos com uma damente 600 metros. A barragem tem uma ros. legislação especí ca que proporciona pro- altura máxima de 10,3 metros e uma área teção para ambientes aquáticos com impor- inundada máxima pelo reservatório de 0,28 Material e métodos tância ecológica, histórica ou turística e de km² (FONSECA et al., 2008). No trecho de grande beleza cênica. Nos termos da Lei nº vazão reduzida situam-se três cachoeiras, a O presente estudo foi realizado na calha 15.082/2004, foram criados os “rios de pre- maior delas com cerca de 9 metros. do rio Pandeiros, a uente da margem esquer-

59 5858 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Introdução servação permanente”, onde é proibido o Em 2008 sua operação foi paralisada em da dodo riorio SãoSão Francisco.Francisco. Está Está localizado localizado no exercício de qualquer atividade que ameace de nitivo e as águas do rio Pandeiros retor- norteno norte de Minasde Minas Gerais, Gerais, abrangendo abrangendo os muni- os A construção de usinas hidrelétricas pas- extinguir espécies da fauna aquática ou que naram para o canal natural. Apesar disso, cípiosmunicípios de Januária, de Januária, Bonito Bonitode Minas de e Minas Cônego e sou por momentos de altos e baixos durante possa colocar em risco o equilíbrio dos ecos- mesmo com a usina não operando, a estru- MarinhoCônego Marinho(BETHONICO, (BETHONICO, 2009). Está 2009). inserido Está a história do mundo (IEA 2015). Atualmente, sistemas. Assim, nos cursos d´água incluídos tura física da PCH Pandeiros ainda regula o eminserido uma emregião uma de região transição de transiçãoentre cerrado entre e podemos veri car um grande investimento na nesta categoria  ca proibida a construção de nível acima da barragem. Além disso, o re- caatinga,cerrado eo caatinga,clima predominante o clima predominante é Aw, segun- construção de barragens para produção ener- barragens. servatório está praticamente preenchido por doé Aw, a classi segundo cação a declassificação Koopen-Geiger de (NUNESKöopen- gética, muitas delas impulsionadas pela valo- Em 1992, o rio Pandeiros tornou-se rio de sedimentos. Hoje é raso e conectado a uma etGeiger al., 2009). (NUNES et al., 2009). rização de uma produção de energia elétrica preservação permanente (pela Lei nº 10.629, lagoa lateral, que já foi temporária, e que atu- O rio PandeirosPandeiros é umum riorio dede preservaçãopreservação sem uso de combustíveis fósseis (NILSSON revogada na Lei nº 15.082/2004). É consi- almente é perene, em função da presença da permanente segundo legislação do estado dede et al., 2005, IEA 2015). Apesar da hidroeletri- derado rota de migração e área de desova barragem. Minas Gerais, Lei nº 15.082, de 27 de abrilabril dede cidade ter uma parcela essencial na diminui- para peixes migradores e possui, aproxima- A presença desta barragem ainda pode 2004. Está inserido dentro do Refúgio de VidaVida ção da emissão de gases de efeito estufa, e damente, 145 km de comprimento. Além dis- ser fonte de impactos para os organismos Silvestre (REVS) implementado em 2004 sobsob no Brasil constituir uma alternativa energéti- so, no seu baixo curso, próximo ao rio São aquáticos da região, tanto acima quanto abai- o Decreto 43910,43910, de de 05/11/2004. 05/11/2004. Além Sua debacia es- ca com grande potencial pela abundância de Francisco, há uma planície de inundação xo da mesma. Assim, a Superintendência tartambém inserido está ao próxima redor de de umauma sériesérie de áreasáreas recursos hidrícos, essa forma de produção é com cerca de 50 km², que é considerada um Regional de Meio Ambiente de Minas Gerais protegidas como parques nacionais e áreasáreas responsável por grandes impactos no ecos- berçário para diversas espécies de peixes (SUPRAM) requeriu que a Cemig viabilizas- de proteçãoproteção ambiental.ambiental. Assim,Assim, configura-secon gura-se sistema aquático (POFF; HART 2002). migradores (CAROLSFELD 2003, NUNES et se um estudo para avaliação dos impactos como umauma área área estratégica estratégica para para proteção proteção da Dentre os impactos ambientais gerados al., 2009). Embora esteja protegido e tenha da PCH Pandeiros e da possibilidade de re- faunada fauna e  orae flora da regiãoda região (DRUMMOND (DRUMMOND et al. et, pela construção de usinas hidrelétricas, des- grande relevância ecológica, ainda são pou- moção da estutura física de sua barragem. 2005).al., 2005). tacam-se os relacionados com a alteração do cos os estudos que tentam identi car, carac- Neste trabalhotrabalho realizou-se realizou-se novas novas amostra amos-- A amostragem foi realizada no riorio PanPan-- regime natural de vazão do rio, com a inter- terizar e dimensionar sua importância para tragensgens e uma e uma compilação compilação dos dos dados dados já existen já exis-- deiros durante onze campanhas, de julho dede rupção do  uxo livre no curso d´água e mo- bacia do rio São Francisco. Com relação às tentestes sobre sobre a ictiofauna a ictiofauna do rio do Pandeiros, rio Pandeiros, com o 2014 a fevereiro de 2016, em oitooito pontospontos dede di cação de hábitats naturais (POFF et al., comunidades de peixes, por exemplo, ape- comobjetivo o objetivo de atualizar de atualizar a lista de a espécieslista de espé- para coleta, divididosdivididos em em duas duas regiões, regiões, ao ao longo longo da 1997, PRINGLE 2001, MIMS; OLDEN 2013, nas três trabalhos já foram publicados (GO- ciesa bacia. para Comparou-se a bacia. Além ainda de comparar a alimentação a ali- baciada bacia do riodo Pandeiros: rio Pandeiros: duas aregiões, montante a mon- e a WINEMILLER et al., 2016). Estes impactos já DINHO, 1986; ALVES; LEAL, 2010; SANTOS mentaçãoentre os peixes entre maisos peixes abundantes mais abundantes presentes tantejusante e a da jusante PCH daPandeiros PCH Pandeiros (MAPA (MAPA1). 1). na lagoa ligada ao reservatório e uma lagoa são bem documentados e conhecidos pela et el., 2015). presentes na lagoa ligada ao reservatório e marginal na foz do rio Pandeiros, e verificou- comunidade cientí ca, mas até hoje sua mi- A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) uma lagoa marginal na foz do rio Pandeiros. -se se ainda existe impacto da barragem às tigação ou minimização não é efetiva ou é Pandeiros (525974.02 m E; 8285899.58 m E, veri car se ainda existe impacto da barra- espécies migratórias. Verificou-se se existe pouco e ciente (PELICICE; AGOSTINHO S) localiza-se 50 km acima da foz do rio. A gem às espécies migratórias. Os dados apre- impacto da barragem às espécies migratórias. 2008, POMPEU et al., 2012, PELICICE et al., usina começou sua operação em 1957, com sentados neste estudo darão subsídios para Os dados apresentados neste estudo darão 2015a). um trecho de vazão reduzida de aproxima- a possibilidade de remoção da PCH Pandei- subsídios para a possibilidade de remoção Em Minas Gerais, contamos com uma damente 600 metros. A barragem tem uma ros. da PCH Pandeiros. legislação especí ca que proporciona pro- altura máxima de 10,3 metros e uma área teção para ambientes aquáticos com impor- inundada máxima pelo reservatório de 0,28 Material e métodos tância ecológica, histórica ou turística e de km² (FONSECA et al., 2008). No trecho de grande beleza cênica. Nos termos da Lei nº vazão reduzida situam-se três cachoeiras, a O presente estudo foi realizado na calha 15.082/2004, foram criados os “rios de pre- maior delas com cerca de 9 metros. do rio Pandeiros, a uente da margem esquer-

58 59 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 59 MapaMapa 1 – 1Localização – Localização dos dos pontos pontos de coletade coleta ao longoao longo do riodo Pandeirosrio Pandeiros

Nota:Legenda: P1 e P2: P1 alto e P2:rio Pandeiros;alto rio Pandeiros; P3 P3 e P4: e P4: Rio Rio Pandeiros, Pandeiros, imediatamente imediatamente a montantea montante do do reservatório reservatório da da PCH PCH Pandeiros; Pandeiros; P5 P5 e P6:e P6: Rio Rio Pandeiros, Pandeiros, imediatamente imediatamente a ajusante jusante da da barragem barragem da da PCH PCH Pandeiros; Pandeiros; P7 P7 e P8:e P8: Baixo Baixo rio rio Pandeiros, Pandeiros, na na região região de de seu seu Pântano. Pântano Fonte:Fonte: Adaptado Adaptado por deBueno, Bueno, 2016 2016.

Todos os pontos estão inseridos na Área de Proteção Ambiental pandeiros (APA) e qua- Todos os pontos estão inseridos na Área de Proteção Ambiental Pandeiros (APA) e qua- tro (pontos 5, 6, 7 e 8) deles também estão dentro do Refúgio da Vida Silvestre Pandeiros tro deles também estão dentro do Refúgio da Vida Silvestre Pandeiros (REVS) (TABELA 1). (REVS) (TABELA 1). TABA 1 oordend do onto otri o lono do rio ndeiro Tabela 1 - Coordenadas dos pontos amostrais ao longo do rio Pandeiros

onto eio oordend ontnte e junte onto 1 M 122.9/ 2. onto 2 M 122.2/ 91. onto M 129./ 2.1 onto M 129.1/ .2 onto 1020.0/ 2.2 onto 10./ 1.0 onto 1011.11/ 11. onto 11.0/ 0.01

6060 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019

Mapa 1 – Localização dos pontos de coleta ao longo do rio Pandeiros Em cada ponto a amostragem dos pei- arrasto (ZALE et al., 2012). As redes foram xes foi realizada com redes de espera, com colocadas às 18 horas e retiradas na manhã malha de 3 a 16 cm entre nós opostos, além seguinte, permanecendo expostas por cerca de amostragem qualitativa com peneiras e de doze horas (FOTOGRAFIA 1A e 1B).

Fotogra a 1A - Rio Pandeiros a montante da PCH Pandeiros próximo ao ponto1

Legenda: P1 e P2: alto rio Pandeiros; P3 e P4: Rio Pandeiros, imediatamente a montante do reservatório da PCH Pandeiros; P5 e P6: Rio Pandeiros, imediatamente a jusante da barragem da PCH Pandeiros; A P7 e P8: Baixo rio Pandeiros, na região de seu Pântano. FonteFonte:: Acervo Acervo pessoalpessoal dede RafaelRafael CoutoCouto RosaRosa dede SouzaSouza Fonte: Adaptado de Bueno, 2016. Fotogra a 1B - Rio Pandeiros na região da planície de inundação Todos os pontos estão inseridos na Área de Proteção Ambiental Pandeiros (APA) e qua- tro deles também estão dentro do Refúgio da Vida Silvestre Pandeiros (REVS) (TABELA 1).

B Fonte:Fonte: AcervoAcervo pessoalpessoal dede RafaelRafael CoutoCouto RosaRosa dede SouzaSouza

60 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 6161 Os exemplares capturados foram etique- Carolsfeld et al., (2003) e Agostinho et al., Resultados e discussão Na lagoa modi cada pela presença da barra- tados e  xados em solução de formol 10%. (2007). Além disso, foi comparada a dieta gem (Ponto 4), observou-se baixa diversidade O material coletado foi levado ao Laboratório dos peixes capturados em duas lagoas, uma No presente estudo, foram identi cadas um de espécies, sendo a comunidade composta total de 60 espécies de peixes ( FOTOGRAFIA de Ecologia de Peixes – Universidade Fe- in uenciada pela barragem e outra natural na basicamente por indivíduos de tamboatá (Ho- deral de Lavras (UFLA), onde foi transferido 4). Foram observados maior número de espé- plosternum littorale – espécie exótica) e cangati planície de inundação (FOTOGRAFIA 2A e para solução de álcool 70º, e estão em pro- cies migradoras na região da foz e na planície (Trachelyopterus galeatus). As outras espécies 2B). A partir da análise de conteúdo estoma- cesso de tombamento na Coleção Ictiológica de inundação e maior quantidade de espécies exóticas ocorreram em número reduzido, tanto cal das espécies com número de indivíduos da UFLA - CIUFLA. exóticas (espécies não nativas da bacia do rio acima quanto abaixo da barragem (TABELA 2). Os peixes foram identi cados baseando- maior que cinco, foi possível calcular o Indíce São Francisco) nos pontos acima da barragem. se em Britski et al., (1988) e a classi cação Alimentar para cada item alimentar proposto das espécies migradoras foi baseada em por Kawakami & Vazzoler (1980). Fotogra a 4 – Algumas espécies nativas do rio Pandeiros coletadas durante o estudo

FotograFotografia a 2A2A –– LagoaLagoa conecadaconectada ao ao reservatório reservatório a aPCH PCH PandeirosPandeiros presentepresente nana margemmargem esquerda dodo riorio PandeirosPandeiros

A B

CD

Fotogra a 2B - Integrantes do estudo armando conjunto de rede na lagoa marginal na planície de inundação na foz do rio Pandeiros

E F

G H Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza

62 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 63 Os exemplares capturados foram etique- Carolsfeld et al., (2003) e Agostinho et al., Resultados e discussão Na lagoa modi cada pela presença da barra- tados e  xados em solução de formol 10%. (2007). Além disso, foi comparada a dieta gem (Ponto 4), observou-se baixa diversidade O material coletado foi levado ao Laboratório dos peixes capturados em duas lagoas, uma No presente estudo, foram identi cadas um de espécies, sendo a comunidade composta total de 60 espécies de peixes ( FOTOGRAFIA de Ecologia de Peixes – Universidade Fe- in uenciada pela barragem e outra natural na basicamente por indivíduos de tamboatá (Ho- deral de Lavras (UFLA), onde foi transferido 4). Foram observados maior número de espé- plosternum littorale – espécie exótica) e cangati planície de inundação (FOTOGRAFIA 2A e para solução de álcool 70º, e estão em pro- cies migradoras na região da foz e na planície (Trachelyopterus galeatus). As outras espécies 2B). A partir da análise de conteúdo estoma- cesso de tombamento na Coleção Ictiológica de inundação e maior quantidade de espécies exóticas ocorreram em número reduzido, tanto cal das espécies com número de indivíduos da UFLA - CIUFLA. exóticas (espécies não nativas da bacia do rio acima quanto abaixo da barragem (TABELA 2). Os peixes foram identi cados baseando- maior que cinco, foi possível calcular o Indíce São Francisco) nos pontos acima da barragem. se em Britski et al., (1988) e a classi cação Alimentar para cada item alimentar proposto das espécies migradoras foi baseada em por Kawakami & Vazzoler (1980). Fotogra a 4 – Algumas espécies nativas do rio Pandeiros coletadas durante o estudo

Fotogra a 2A – Lagoa conecada ao reservatório a PCH Pandeiros presente na margem esquerda do rio Pandeiros

A B

CD

Fotogra a 2B - Integrantes do estudo armando conjunto de rede na lagoa marginal na planície de inundação na foz do rio Pandeiros

E F

G H Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza

62 63 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 63 IJ Legenda: A - Lophiosilurus alexandri (pacamã); B - Crenicichla lepidota (jacundá); C - Pimelodus fur (mandi-prata); D - Prochilodus argenteus (curimba); E - Leporinus taeniatus (piau-jejo); F - Serrasalmus brandtii (pirambeba); G - Pachyurus francisci (corvina); H - Pseudoplatystoma corruscans (surubim); I - Bryconops sp. J - Salminus franciscanus (dourado). Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza

TABA 2 ero de indiduo d eie oletd no oito onto otrdo, Tabela 2 – Númeroerdo de indivíduos entre das espécies reie coletadas ontnte nos 1, oito 2,pontos , amostrados, e junte separados , , entre , as regiões montante d H (P1, ndeiro P2, P3, P4) e jusante (P5, P6, P7, P8) da PCH Pandeiros ontinu ... Espécie Montante Jusante N P1 P2 P3 P4 P5 P6 P P8 ORDEM CHARACIFORMES Família Curimatidae Curimatella lepidura iennn iennn, 19 1 110 Cyphochara gilbert uo Gird, 12 Steindachnerina elegans teindner, 1 1 9 2 Família Prochilodontidae rochilodus argenteus i Aiz, 129M 10 22 rochilodus costatus Vlenienne, 10M 11 1 Família Anostomidae eporellus vittatus Vlenienne, 10 eporinus piau oler, 191 1 10 119 eporinus taeniatus ten, 1M 10 1 11 Megaleporinus obtusidens Vlenienne, 1M 1 2 1 1 Megaleporinus reinhardti ten, 1M 21 2 Schiodon knerii teindner, 1 1 2 0 Família Crenuchidae Characidium lagosantense Tro, 19 1 1 Characidium aff. ebra iennn, 1909 1 1 Família Characidae Astyana fasciatus uier, 119 12 2 1 90 Astyana lacustris ten, 1 10 2

6464 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 TABA 2 ero de indiduo d eie oletd no oito onto otrdo, Tabela 2 – Número de indivíduos das espécies coletadas nos oito pontos amostrados, separados entre as erdo entre reie ontnte 1, 2, , e junte , , , regiões montante (P1, P2, P3, P4) e jusante (P5, P6, P7, P8) da PCH Pandeiros d H ndeiro ontinu... Espécie Montante Jusante N P1 P2 P3 P4 P5 P6 P P8 Hemigrammus marginatu lli, 1911 1 9 IJMoenkhausia sanctaefilomenae teindner, 190 1 1 Legenda: A - Lophiosilurus alexandri (pacamã); rthospinus franciscensis iennn, 191 1 1 B - Crenicichla lepidota (jacundá); henacogaster franciscoensis iennn, 1911 C - Pimelodus fur (mandi-prata); Serrapinnus piaba ten, 1 D - Prochilodus argenteus (curimba); E - Leporinus taeniatus (piau-jejo); etragonopterus franciscoensis il, Melo, Olieir F - Serrasalmus brandtii (pirambeba); Benine, 201 20 1 19 G - Pachyurus francisci (corvina); H - Pseudoplatystoma corruscans (surubim); I - Bryconops sp. riportheus guentheri Grn, 190 11 J - Salminus franciscanus (dourado). Família Serrasalmidae Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza Metynnis lippincottianus oe, 10 10 1 1 Myleus micans ten, 1 19 1 2 1 ygocentrus piraya uier, 119 20 9 29 Serrasalmus brandtii ten, 1 1 2 2 Família Bryconidae rycon orthotaenia Gnter, 1M 2 Salminus franciscanus i Briti, 200M 1 2 Família Acestrorhynchidae Acestrorhynchus lacustris ten, 1 12 2 9 2 102 29 Família Erythrinidae Hoplerythrinus unitaeniatus i Aiz, 129 1 1 Hoplias intermedius Gnter, 1 1 1 20 2 1 111 Hoplias malabaricus Blo, 19 1 19 1 10 Família Parodontidae Apareiodon spp. 2 2 arodon hilarii einrdt, 1 2 1 Família Iguanodectidae ryconops sp. 1 1 1 1 ORDEM SILURIFORMES Família multimaculatus teindner, 190 Hoplosternum littorale Hno, 12 1 12 0 Família Loricariidae Hisonotus sp. 1 20 Hypostomus sp1 2 2 Hypostomus spp 1 1 1 Hypostomus aff. alatus telnu, 1 Hypostomus aff. margaritifer en, 190 2 2 11 2 20 10 terygoplichthys etentaculatus i Aiz, 129 1 1 2

64 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 65 TabelaTABA 2 – 2 Número ero de de indivíduos indiduo das d espécies eie coletadas oletd nos no oito oito pontos onto amostrados,otrdo, separados entre as Foram coletadas nove espécies migrado- como para o carreamento de larvas em dire- regiõeserdo montante entre (P1, reieP2, P3, ontnteP4) e jusante 1, 2(P5,, , P6, P7, e P8) junte da PCH , Pandeiros, , d H ndeiro ras (Brycon orthotaenia, Leporinus taeniatus, ção às planícies de inundação (PELICICE et onluo Megaleporinus obtusidens, Megaleporinus al., 2015a). Espécie Montante Jusante N reinhardti, Pimelodus maculatus, Prochilo- Para se ter um conhecimento mais am- P1 P2 P3 P4 P5 P6 P P8 dus argenteus, Prochilodus costatus, Pseu- plo de quais espécies são encontradas no rio Rineloricaria pentamaculata neni de Arujo, 1 1 199 doplatystoma corruscans Salminus francis- Pandeiros, foram incorporporados ao traba- Família Pseudopimelodidae canus). Destas espécies foram capturados lho estudos anteriores. Assim, até o momen-

ophiosilurus aleandri teindner, 1 1 305 indivíduos em seis pontos de coleta. Em to, 88 espécies de peixes já foram registradas Família Heptapteridae todos os pontos a jusante da PCH Pandei- neste rio (TABELA 3). Os estudos anteriores Rhamdia quelen uo Gird, 12 1 2 ros foi registrada a presença de espécies mi- haviam se concentrado em áreas na planí- Família Pimelodidae gradoras. Em contrapartida, a montante da cie de inundação (GODINHO 1986, ALVES ; M imelodus maculatus ede, 10 2 1 1 PCH Pandeiros estas espécies foram coleta- LEAL 2010). Apenas um estudo foi conduzido 2 2 imelodus fur ten, 1 das somente em dois pontos e em pequena em outra região da bacia, amostrando uma seudoplatystoma corruscans i Aiz, 129M abundância. Apenas dois indivíduos de ma- única vez em apenas quatro pontos (SAN- Família Auchenipteridae trinchã (B. orthotaenia) foram coletados no TOS et al., 2015). Apesar de não contemplar Centromochlus bockmanni rentoore ponto 2 (P2) e um indivíduo de piapara (M. ainda pequenos a uentes do rio Pandeiros Buu, 200 obtusidens), no ponto 3 (P3) (TABELA 2). e não abranger um número maior de espé- rachelyopterus galeatus inneu, 1 2 1 09 10 9 0 Desta maneira, foi possível observar cies de menor porte, já é possível a rmar que ORDEM GMNOTIFORMES diferenças na distribuição das espécies mi- pelo menos 1/3 da fauna de peixes do São Família Gymnotidae Gymnotus sp. 1 1 1 gradoras em função das alterações causa- Francisco pode ser encontrada na bacia do Família Sternopygidae das pelo barramento da PCH Pandeiros. Os Pandeiros (BARBOSA et al., 2017) Sternopygus macrurus Blo neider,101 1 1 barramentos alteram o regime hidrológico ORDEM CPRINODONTIFORMES original de um rio, resultando em um novo Família Poeciliidae ecossistema (AGOSTINHO et al., 2007, amphorichthys hollandi Henn, 191 SANCHES et al., 2014) e provocam altera- ORDEM SNBRANCHIFORMES ção na composição e abundância das comu- Família Synbranchidae nidades aquáticas, causando proliferação de Eigenmannia besouro eioto oii, 201 1 2 1 1 1 algumas espécies e redução ou eliminação ORDEM PERCIFORMES Família Sciaenidae de outras. Além disso, os peixes migradores achyurus francisci uier, 10 1 1 necessitam de grandes trechos livres da ba- ORDEM CICHLIFORMES cia, onde se deslocam por vários quilômetros Família Cichlidae para completarem suas rotas migratórias Astronotus ocellatus Aiz, 11 1 1 (AGOSTINHO et al., 2007). Portanto, este 1 1 Cichla piquiti ullnder erreir, 200 grupo é um dos mais afetados pela constru- Cichlasoma sanctifranciscense ullnder,19 2 2 1 ção de barragens, pois o barramento e seu Crenicichla lepidota Heel, 10 1 2 Total 1 1 1 22 0 12 10 221 reservatório constituem um obstáculo para o eend M eie irdor de rnde ditni de ordo o roleld et al. 200. livre deslocamento entre as áreas de alimen- eie no nti n i do rio o rnio eundo ei et al. 200. tação e desova (LOPES; SILVA 2012), bem

66 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 67 Foram coletadas nove espécies migrado- como para o carreamento de larvas em dire- ras (Brycon orthotaenia, Leporinus taeniatus, ção às planícies de inundação (PELICICE et Megaleporinus obtusidens, Megaleporinus al., 2015a). reinhardti, Pimelodus maculatus, Prochilo- Para se ter um conhecimento mais am- dus argenteus, Prochilodus costatus, Pseu- plo de quais espécies são encontradas no rio doplatystoma corruscans e Salminus francis- Pandeiros, foram incorporporados ao traba- canus). Destas espécies foram capturados lho estudos anteriores. Assim, até o momen- 305 indivíduos em seis pontos de coleta. Em to, 88 espécies de peixes já foram registradas todos os pontos a jusante da PCH Pandei- neste rio (TABELA 3). Os estudos anteriores ros foi registrada a presença de espécies mi- haviam se concentrado em áreas na planí- gradoras. Em contrapartida, a montante da cie de inundação (GODINHO 1986, ALVES ; PCH Pandeiros estas espécies foram coleta- LEAL 2010). Apenas um estudo foi conduzido das somente em dois pontos e em pequena em outra região da bacia, amostrando uma abundância. Apenas dois indivíduos de ma- única vez em apenas quatro pontos (SAN- trinchã (B. orthotaenia) foram coletados no TOS et al., 2015). Apesar de não contemplar ponto 2 (P2) e um indivíduo de piapara (M. ainda pequenos a uentes do rio Pandeiros obtusidens), no ponto 3 (P3) (TABELA 2). e não abranger um número maior de espé- Desta maneira, foi possível observar cies de menor porte, já é possível a rmar que diferenças na distribuição das espécies mi- pelo menos 1/3 da fauna de peixes do São gradoras em função das alterações causa- Francisco pode ser encontrada na bacia do das pelo barramento da PCH Pandeiros. Os Pandeiros (BARBOSA et al., 2017) barramentos alteram o regime hidrológico original de um rio, resultando em um novo ecossistema (AGOSTINHO et al., 2007, SANCHES et al., 2014) e provocam altera- ção na composição e abundância das comu- nidades aquáticas, causando proliferação de algumas espécies e redução ou eliminação de outras. Além disso, os peixes migradores necessitam de grandes trechos livres da ba- cia, onde se deslocam por vários quilômetros para completarem suas rotas migratórias (AGOSTINHO et al., 2007). Portanto, este grupo é um dos mais afetados pela constru- ção de barragens, pois o barramento e seu reservatório constituem um obstáculo para o livre deslocamento entre as áreas de alimen- tação e desova (LOPES; SILVA 2012), bem

67 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 67 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tel it de eie de eie oletd no rio ndeiro e trlo nteriore

ontinu... Nome Ordem Família Espécie Referências comum Anchoviella vaillanti lueiore nrulide rdin Godino,19 teindner, 190 Godino, 19 Curimatella lepidura Ale el, iennn iennn, Mnju 2010 et al., 19 201 Cyphochara gilbert uo Ale el, uritide Gird, 12 2010 Godino, 19, Steindachnerina elegans Ale el, uiru teindner, 1 2010 nto et al., 201 Godino, 19 rochilodus argenteus i urit Ale el, Aiz, 129 u 2010 nto roilodontide et al., 201 Godino, 19 rochilodus costatus urit Ale el, Vlenienne, 10 io 2010 Godino, 19 eporinus piau oler, Ale el, iuordur 191 2010 nto et al., 201 riore Godino, 19 eporinus taeniatus ten, Ale el, iujejo 1 2010 nto et al., 201 Godino, 19 Megaleporinus elegantus Ale el, iu Vlenienne, 10 2010 nto et al., 201 Anotoide Megaleporinus Ale el, macrocephallus Grello iuu 2010 Briti, 19 Megaleporinus obtusidens iu Ale el, Vlenienne, 1 erddeiro 2010 Godino, 19 Megaleporinus reinhardti iutr Ale el, ten, 1 int 2010 nto et al., 201 Godino, 19 Schiodon knerii iu Ale el, teindner, 1 ineiro 2010 nto et al., 201

68 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores

Tel it de eie de eie oletd no rio ndeiro e trlo nteriore ontinu... Nome Ordem Família Espécie Referências comum Characidium fasciatum iin Godino, 19 einrdti, 1 Characidium lagosantense Ale el, Moin renuide Tro, 19 2010 Ale el, Characidium ebra Moin 2010 nto et Eigenmann, 10 al., 201 Godino, 19 rido Astyana fasciatus uier, Ale el, ro 119 2010 nto et erelo al., 201 Godino, 19 ride Astyana lacustres ten, rido Ale el, 1 rorelo 2010 nto et al., 201 Astyana rivularis ten, nto et. al., ri 1 201 Ale el, Astyana spp. ri 2010 rachychalcinus i Godino, 19 franciscoensis ryconamericus nto et. al., stramineus iennn, 201 190 Ale el, ryconops affinis Gnter, 2010 nto 1 et. al., 201 Godino, 19 Hemigrammus marginatus i Ale el, lli, 1911 2010 Ale el, Hyphessobrycon . i 2010 Hyphessobrycon santae Ale el, i iennn, 190 2010 riore ride Godino, 19 Moenkhausia costae i Ale el, teindner, 190 2010 Godino, 19 Moenkhausia Ale el, sanctaefilomenae i 2010 nto et teindner, 190 al., 201 rthospinus franciscensis nto et al., i iennn, 191 201 iin rente nto et al., i einrdt, 1 201 nto et al., lanaltina . i 201 sellogrammus kennedyi i iennn, 190 Godino, 19 Roeboides enodon i Ale el, einrdt, 11 2010

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 69 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tel it de eie de eie oletd no rio ndeiro e trlo nteriore

ontinu... Nome Ordem Família Espécie Referências comum Serrapinus heterodon Ale el, iin iennn, 191 2010 Godino, 19 Serrapinus piaba iin Ale el, ten, 1 2010 etragonopterus Godino, 19 i chalceus i Ale el, rdur Aiz, 129 2010 Godino, 19 riportheus guentheri ilo Ale el, Grn, 190 2010 Myleus altipinnis nto et al., u Vlenienne, 10 201 Godino, 19 Myleus micans ten, Ale el, u 1 2010 nto et al., 201 Godino, 19 errlide ygocentrus piraya Ale el, irn uier, 119 2010 nto et al., 201 Godino, 19 Serrasalmus brandtii Ale el, ire riore ten, 1 2010 nto et al., 201 Godino, 19 rycon orthotaenia Mtrin Ale el, Gnter, 1 2010 Bronide Godino, 19 Salminus franciscanus Ale el, ourdo i Briti, 200 2010 nto et al., 201 Salminus . Godino, 19 Godino, 19 Acestrorhynchus eie Ale el, lacustres ten, 1 orro 2010 nto et Aetrornide al., 201 Acestrorhynchus britskii eie Godino, 19 Meneze, 199 orro Hoplerythrinus Ale el, unitaeniatus i o 2010 nto et Aiz, 129 al., 201 Ale el, Hoplias intermedius Triro 2010 nto et Gnter, 1 rtrinide al., 201 Godino, 19 Hoplias malabaricus Ale el, Trr Blo, 19 2010 nto et al., 201 Hoplias . Godino, 19

70 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tel it de eie de eie oletd no rio ndeiro e trlo nteriore ontinu... Nome Ordem Família Espécie Referências comum Bronide Salminus . Godino, 19 Godino, 19 Acestrorhynchus eie Ale el, 2010 lacustres ten, 1 orro Aetrornide nto et al., 201 Acestrorhynchus britskii eie Godino, 19 Meneze, 199 orro Hoplerythrinus Ale el, 2010 riore unitaeniatus i o nto et al., 201 Aiz, 129 Hoplias intermedius Ale el, 2010 Triro rtrinide Gnter, 1 nto et al., 201 Godino, 19 Hoplias malabaricus Trr Ale el, 2010 Blo, 19 nto et al., 201 Hoplias . Godino, 19 Corydoras multimaculatus Godino, 19 teindner, 190 llitide Corydoras polystictus eieto Ale el, 2010 en, 1912 Hoplosternum littorale Ale el, 2010 Tot Hno, 12 nto et al., 201 Hisonotus . n.2 udino Ale el, 2010 Hypostomus . udo Ale el, 2010 Hypostomus lima, nto et al., 201 ten, 1 Hypostomus francisci, nto et al., 201 ten, 1 oririide terygoplichthys Godino, 19 udo, etentaculatus i Ale el, 2010 ri iz, 129 nto et al., 201 Hartia longipinna neni, O nto et al., 201 MontoBuro, 2001 iluriore Microglanis leptostriatus Ale el, 2010 Mori itt, 200 eudoielodide ophiosilurus aleandri Godino, 19 teindner, 1 Imparfinis minutus Brino Ale el, 2010 ten, 1 Hetteride imelodella lateristriga Ale el, 2010 oro itentein, 12 nto et al., 201 imelodella . Mndizino Godino, 19 Godino, 19 imelodus maculatus Mndi Ale el, 2010 ede, 10 relo nto et al., 201 ielodide imelodus . Mndirno Godino, 19 seudoplatystoma Godino, 19 corruscans i urui Ale el, 2010 Aiz, 129 nto et al., 201 Godino, 19 rachelyopterus Aueniteride nti Ale el, 2010 galeatus inneu, 1 nto et al., 201

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 71 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tel it de eie de eie oletd no rio ndeiro e trlo nteriore

onluo Nome Ordem Família Espécie Referências comum nto et al., iluriore Trioteride richomycterus . 201 Godino, 19 Gymnotus carapo Gnotide r Ale el, inneu, 1 2010 Gnotiore Godino, 19 Eigenmannia virescens Ale el, ternoide r Vlenienne, 1 2010 nto et al., 201 amphorichrichthys Ale el, rinodontiore oeiliide Brriuino hollandi Henn, 191 2010 Synbranchus Ale el, nrniore nrnide marmoratus Blo, Muu 2010 19 achyurus francisci orin Godino, 19 eriiore uier, 10 ienide achyurus squamipennis Aiz, orin Godino, 19 11 Ale el, Australocheros facetus r 2010 nto et enn, 12 al., 201 Cichla ocellaris Ale el, Tuunr neider, 101 2010 Cichla piquiti ullnder nto et al., Tuunr iliore erreir, 200 201 ilide Cichlasoma nto et al., sanctifranciscense rreto 201 ullnder, 19 Cichlasoma . Godino, 19 Godino, 19 Crenicichla lepidota ud Ale el, Heel, 10 2010

A partir da análise de conteúdo estoma- cal, agrupamos os itens alimentares encon- trados nos peixes em seis principais catego- rias, Tabela 4 e somamos seus respectivos valores de Indíce Alimentar, Tabela 5, veri-  cando como a dinâmica tró ca é alterada quando comparamos um ambiente natural (lagoa marginal na planície de inundação) e um ambiente modi cado (lagoa conectada ao reservatório) e em diferentes períodos do ano como seca e chuva.

72 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 72 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Tabela 4 - Agrupamento dos itens alimentares encontrados nos peixes em seis categorias

teori Iten lientre Al Todo tio de l, rinilente l ilento etrito ontitudo de tri orni rtiuld Inerterdo Adulto, lr ou rte de ineto, oo eouro e o, e dei inerterdo, oo rn, ruteo e netod

eto de nii rte de nii, e, nddeir e eie inteiro

eto eeti rte eeti, rze, eente e ruto oolnton oolnton e erl, oo otrod, ldoero, oeod, e dei.

Tel ontedo etol d eie enontrd n lo o 

ontinu... Nome ontinu... Espécie Nome Período N N0 A D I RA RV Espécie popular Período N N0 A D I RA RV eiepopular Acestrorhynchus lacustris eie 20 11 Acestrorhynchus lacustris orro 20 11 orro 22 1 22 1 ryconops affinis 9 2 ryconops affinis 9 2 21 21 Cichlasoma Cichlasoma sanctifranciscense rretorreto 2 2 sanctifranciscense 0 0 Gymnotus carapo r 1 0 Gymnotus carapo r 1 0 0 0 Hoplias malabaricus Trr 10 Hoplias malabaricus Trr 10 1 11 1 11 A partir da análise de conteúdo estoma- Hoplosternum littorale Tot 19 2 Lagoaconectada reservatórioao

Lagoaconectada reservatórioao Hoplosternum littorale Tot 19 2 cal, agrupamos os itens alimentares encon- 29 rachelyopterus galeatus nti 29 20 trados nos peixes em seis principais catego- rachelyopterus galeatus nti 2021 2 rias, Tabela 4 e somamos seus respectivos Cichlasoma sanctifranciscense rreto 21 2 2 Cichlasoma valores de Indíce Alimentar, Tabela 5, veri- rreto 2 2 Curimatellasanctifranciscense lepidura Mnju 0  cando como a dinâmica tró ca é alterada 1 2 ão quando comparamos um ambiente natural ç HopliasCurimatella malabaricus lepidura MnjuTrr 0 1

(lagoa marginal na planície de inundação) e inunda HoplosternumHoplias malabaricus littorale TotTrr 10 1 um ambiente modi cado (lagoa conectada 2 Hoplosternumeporinus piaulittorale Totiuordur 10 1 1 1 ao reservatório) e em diferentes períodos do Lagoamarginal planíciena de 22 ano como seca e chuva. 2 iu eporinus piau 1 1 ordur

Lagoamarginal planície na inundação de 22 72 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 73

Tel ontedo etol d eie enontrd n lo o  ((Cononluoclusão) EspécieEspécie NomeNome popular popular Período Período N N N0 N0 A A D D I I RA RA RV RV Z Piau-três- ontinu... Megaleporinus reinhardti iutrNome S 10 4 ++ ++ - EspécieMegaleporinus reinhardti pintas Período 10 N N0 A D I RA RV intpopular ++ - + + eie C 9 9 Acestrorhynchus lacustris 20 11 Mandi-Mndiorro Pimelodusimelodus maculatus maculatus S 7 - + ++ amarelorelo 22 1 ryconops affinis C 9 9 9 2 - + +++ + - Curimbatá- Prochilodus argenteus urit S 10 215 - ++ ++ rochilodus argenteus pacu 10 Cichlasoma sanctifranciscense rretou 2 C 11 7 ++ ++ 11 0 PygocentrusygocentrusGymnotus piraya piraya carapo Piirnrarnha S 7 11 1 0 +++ - C 2 2 11 0 +++ SalminusSalminusHoplias franciscanus franciscanus malabaricus DourourdoTrrado S 5 102 2 +++ C 8 14 11 +++ - Hoplosternum littorale PiaiuTotu- 19 2 Lagoaconectada reservatórioao SchizodonSchiodon knerii knerii S 21 217 - +++ caineirompineiro 29 rachelyopterus galeatus nti C 7 202 2 - - +++ Lagoamarginal planície na inundação de Lagoa marginal na planície de inundação SerrassalmusSerrassalmus brandtii brandtii Piirerambeb a S 8 21 2 +++ - Cichlasoma sanctifranciscense rreto C 1 16 2 +++ - Triportheusriportheus guentheri guentheri Piaioba-facã o S 20 20 2 2 2 - +++ Curimatella lepidura Mnju C 1 15 0 - +++ Perodoeríodo: S = P erodoeríodo d dee s e,eca, C = P erodoeríodo d dee cuhuva; N = Neroúmero 1 ddee inindiduodivíduos anlidonalisados; N00 = ão Neroúmeroç d ede Hopliasin indiduodivíduo malabaricuss a nlidonalisado s c oom e etostôTrrmago v zioazio; A A = a llgas; D = ddetritoetritos; II = iinerterdonvertebrados; RAA = re retostos d ede a nniiimais; RV V = re retostos ve eetigetais; Z = zoo zoolnton.plânctons.

-, ,+ ,, inunda ++ ,, +++ = í nndiedice a lientrlimentar menor enor q ueue 10 10%, ,en entretre 1010 ee 30,0%, enentretre 300 ee 600% ee mioraior queue 60,0%, Hoplosternum littorale Tot 10 1 rereetiente.spectivamente. 2 eporinus piau iuordur 1 1 Lagoamarginal planíciena de Na lagoa natural, peixes que se alimen- é um ambiente que possui grande variação 22 tam de diferentes tipos de recursos são bem ao longo do ano, podendo até secar comple- representados, enquanto na lagoa conecta- tamente em períodos de seca (GODINHO, da ao reservatório predominam as espécies 1986; NUNES et al., 2009), tornando-se al- que se alimentam de invertebrados (GRÁFI- tamente heterogênea, com grande diversi- CO 1). Estas diferenças estão ligadas, pos- dade de habitats e disponibilidade de recur- sivelmente, com a hetereogeneidade (habi- sos para a ictiofauna (LOWE-MCCONNELL, tat e recurso) e dinâmica de espécies que 1999; JUNK et al., 2006). estão nestes ambientes (POMPEU; GODI- NHO, 2003). A lagoa conectada ao reserva- tório é um ambiente arti cial que não sofre as in uências do rio ao longo dos períodos de seca e chuva. Assim, torna-se um am- biente com baixa heterogeneidade, pouca diversidade de habitats e disponibilidade de recursos. Em contraponto, a lagoa marginal da planície de inundação do rio Pandeiros,

7474 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Gráfico 1 - Proporção das categorias alimentares dos peixes coletados nas lagoas acima e abaixo da barragem

Considerações finais efeitos positivos da remoção também se es- tenderiam ao rio São Francisco, visto que o rio O presente trabalho indicou, mais uma Pandeiros é um dos principais afluentes desta vez, que o rio Pandeiros apresenta uma ele- bacia na porção do médio rio São Francisco vada riqueza de espécies de peixes. Mas onde ele se localiza. esta fauna não é plenamente conhecida, uma A remoção de barragens é um tema vez que o estudo de riachos de menor porte delicado e complexo por abranger muitas da bacia enriqueceria a lista, principalmente questões. Mesmo em países que praticam pela adição de espécies de pequeno porte. tal medida, é necessário ter conhecimento Através deste trabalho foi possível definir detalhado sobre o ecossistema envolvido e que a remoção da PCH Pandeiros é recomen- atenção para que a decisão tomada seja a dável, pois, aparentemente, as populações melhor para o ambiente influenciado por ela. de espécies migradoras só são autossus- No caso da PCH Pandeiros, acredita-se que tentáveis a jusante. Vários efeitos positivos é uma medida ecologicamente viável, pois poderiam ser observados com o descomissio- demonstrou-se que a barragem é ainda fonte namento, como um aumento significativo dos de impacto para a ictiofauna, principalmente possíveis sítios de desova ao longo de todo para os migradores e determinante na distri- rio e a recolonização dos trechos a montante buição e estrutura da comunidade de peixes da barragem. O atual reservatório também do rio. voltaria à condição de rio, com ganhos para todo o sistema. Além disso, os potenciais

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 75 Referências FONSECA, E. M. B.; GROSSI, W. R.; FIORINE, R.A.; PRADO, N. J. S. PCH Pandeiros: uma complexainterface com a gestão ambiental regional. AGOSTINHO, A. A.; MARQUES, E. E.; In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS E AGOSTINHO, C. S.; ALMEIDA, D. A. D.; OLIVEIRA, MÉDIAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 6., 2008, R. J. D.; MELO, J. R. B. D. ladder of Lajeado Belo Horizonte. Anais [...] MG. 2008. p 1-16. Dam: migrations on one-way routes? Neotropical Ichthyology, v. 5, n. 2, p. 121-130, 2007. GODINHO, H. P. Pesquisas ictiológicas no rio Pandeiros, MG. Belo Horizonte.1986. 73p.Relatório AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C.; PELICICE, F. Técnico. M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil.Maringa: Eduem, 2007. 501 p. IEA - International Energy Agency. Renewable Energy. Paris. 2015. 501 p. ALVES, C. B. M.; LEAL, C. G. Aspectos da conservação da fauna de peixes da bacia do rio JUNK, W. J. et al. The comparative biodiversity São Francisco em Minas Gerais. Belo Horizonte, of seven globally important wetlands: a synthesis. IEF. MG Biota, v. 2, p. 26-50. 2010. Aquatic Sciences-Research Across Boundaries, v. 68, n. 3, p. 400-414, 2006. BARBOSA, J. M.; SOARES, E. C.; CINTRA, I. H. A.; HERMANN, M.; ARAÚJO, A. R. R. Per l da KAWAKAMI, E.; VAZZOLER, G. Método grá co e ictiofauna da bacia do rio São Francisco. Acta of estimativa de índice alimentar aplicado no estudo Fisheries and Aquatic Resources, v. 5, p. 70-90. de alimentação de peixes. Boletim do Instituto 2017. Oceanográ co, v. 29, n. 2, p. 205-207, 1980.

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76 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Referências FONSECA, E. M. B.; GROSSI, W. R.; FIORINE, PELICICE, F.; AGOSTINHO, A. A. Fish-passage DERGAM, J. A. Fish fauna of the Pandeiros River, R.A.; PRADO, N. J. S. PCH Pandeiros: uma facilities as ecological traps in large neotropical a region of environmental protection for  sh species complexainterface com a gestão ambiental regional. rivers. Conservation biology, v. 22, n. 1, p. 180- in Minas Gerais state, Brazil. Check List, v. 11, n. 1, AGOSTINHO, A. A.; MARQUES, E. E.; In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS E 188. 2008. p. 1507. 2015. AGOSTINHO, C. S.; ALMEIDA, D. A. D.; OLIVEIRA, MÉDIAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 6., 2008, R. J. D.; MELO, J. R. B. D. Fish ladder of Lajeado Belo Horizonte. Anais [...] MG. 2008. p 1-16. WINEMILLER, K. O.; MCINTYRE, P. B.; CASTELLO, Dam: migrations on one-way routes? Neotropical PELICICE, F. M.; POMPEU, P. 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Boletim do Instituto POFF, N. L.; HART, D. D. How Dams Vary and Why 2017. antes e durante as coletas, em especial Oceanográ co, v. 29, n. 2, p. 205-207, 1980. It Matters for the Emerging Science of Dam Removal an ecological classi cation of dams is needed to para Edilson Carvalho, na época gestão do BETHONICO, M. B. M. Rio Pandeiros: território e characterize how the tremendous variation in the Refúgio Estadual de Vida Silvestre do rio LOPES, J. M. SILVA, F. O. Metodologia para o história de uma área de proteção ambiental no norte size, operational mode, age, and number of dams planejamento, implantação, de nição de objetivos in a river basin in uences the potential for restoring Pandeiros (REVS Pandeiros) e Marco Túlio, de Minas Gerais. Acta Geográ ca, v. 3, n. 5, p. 23- e monitoramento de sistemas de transposição de 38, 2010. regulated rivers via dam removal. BioScience, v. gerente do REVS Pandeiros, no período da peixes pela CEMIG. In: LOPES, J. M.; SILVA, F. O. 52, n. 8, p. 659-668. 2002. (Org.); Transposição de Peixes. Belo Horizonte, pesquisa. Um agradecimento especial ao BRITSKI, H. A., Sato, Y.; ROSA, A. B. Manual de CEMIG, 2012. p. 20-21. pescador Ivo e à Dona Bia. identi cação de peixes da região de Três Marias: POMPEU, P. S.; GODINHO, H. P. Dieta e estrutura com chaves de identi cação para os peixes da tró ca das comunidades de peixes de três lagoas LOWE-MCCONNELL, R. H. bacia do São Francisco. Câmara dos Deputados/ Estudos ecológicos marginais do médio São Francisco. In: GODINHO, CODEVASF, 1984. 115 p. de comunidades de peixes tropicais / Ecological H.P.; GODINHO, A.L. (Eds.). Águas, peixes e studies in tropical  sh... São Paulo: Edusp, 1999. pescadores do São Francisco das Minas Gerais. 534 p. ilus. (Coleção Base). Belo Horizonte: PUC Minas, 2003.p. 183-194. BUENO, M. L. Avaliação de espécies migradoras de peixes e do ictioplâncton no rio Pandeiros, Minas Gerais. 2016. 67 f. Dissertação (Mestrado MIMS, M. C.; OLDEN, J. D. Fish assemblages POMPEU, P. S.; AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. em Ecologia Aplicada) – Universidade Federal de respond to altered  ow regimes via ecological  ltering M. Existing and future challenges: the concept of Lavras, Lavras. 2016. of life history strategies. Freshwater Biology, v. 58, successful  sh passage in South America. River n. 1, p. 50-62. 2013. Research and Applications, v. 28, n. 4, p. 504-512. 2012. CAROLSFELD, J. Migratory  shes of South America: biology,  sheries and conservation NILSSON, C.; REIDY, C. A.; DYNESIUS, M.; REVENGA, C. Fragmentation and  ow regulation of SANCHES, B. O. et al. A ictiofauna de quatro status. World Fisheries Trust/Banque mondiale/ reservatórios da Cemig: caracterização CRDI, 2003. 380p. the world’s large river systems. Science, v. 308, n. 5720, p. 405-408. 2005. das comunidades. In: CALLISTO, M. et al. (Org.).Condições ecológicas em bacias DRUMMOND, G. M. C. S; MARTINS, A. B. hidrográ cas de empreendimentos hidrelétricos. 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76 77 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 77 Pequena Central Hidrelétrica de Pandeiros e seu efeito sobre moluscos Introdução espécies invasoras têm se espalhado pelo aquáticos invasores planeta, ameaçando a biodiversidade local A introdução de espécies exóticas inva- e “homogeneizando” a biodiversidade em soras é uma das maiores ameaças à biodi- escala global (KARATAYEV et al., 2007). Marden Seabra Linares1,2, Marcos Callisto1 versidade em escala global, sendo superada Dentre os vários grupos de espécies in- Resumo apenas pela perda de habitat (SIMBER- vasoras em ecossistemas aquáticos os mo-

Uma das maiores ameaças para a biodiversidade é a introdução de espécies invasoras. Essas espécies LOFF et al., 2013). Ecossistemas de água luscos se destacam como um dos grupos ameaçam as espécies nativas e causam grandes prejuízos econômicos. Sua presença está intimamente doce são especialmente afetados por esse mais bem sucedidos, graças à variabilidade relacionada a represas hidrelétricas, pois estas alteram substancialmente os ecossistemas  uviais e sua biota. No entanto, a maioria dos estudos sobre seus impactos ecológicos é baseada em grandes barragens problema devido à proximidade histórica a de formas e às suas adaptações funcionais e fornece pouca informação sobre a relação de espécies invasoras com pequenas centrais hidrelétricas, que centros urbanos, ações antrópicas em larga (BOLTOVSKOY et al., 2009). Em decorrên- são muito mais abundantes e numerosas no Brasil. O objetivo desse trabalho foi caracterizar os efeitos da PCH Pandeiros sobre a distribuição de moluscos invasores no rio Pandeiros. Esperou-se encontrar espécies escala (como a construção de barragens) e cia do seu sucesso reprodutivo e conse- nativas sensíveis associadas aos locais de curso livre, enquanto que os taxóns resistentes e invasores eram ao frequente uso de estuários para constru- quente elevada capacidade de proliferação, esperados em locais afetados pela barragem. Descobriu-se que a estrutura das assembléias de macroinver- tebrados bentônicos foi signi cativamente diferente entre os sítios amostrais de curso livre e os afetados pela ção de portos utilizados para o comércio in- moluscos aquáticos invasores tornaram-se barragem. Além disso, decobriu-se que a represa e o reservatório facilitaram a colonização de duas espécies ternacional (JOHNSON et al., 2008). pragas em diversas partes do mundo, cau- invasoras (Corbicula  uminea e Melanoides tuberculata) porque somente nesses locais elas foram encon- tradas em alta abundância. No entanto, embora a barragem tenha tido efeitos signi cativos na estrutura das Espécies exóticas ou introduzidas são sando signi cativos prejuízos econômicos assembléias de macroinvertebrados bentônicos, esses efeitos foram limitados a locais próximos à barragem. espécies liberadas por ação humana em um em canais de irrigação, drenagem, bem Os resultados também destacam a necessidade de compreender as mudanças físicas de habitat causadas pela presença e manejo de barragens e reservatórios a  o d’água. Recomenda-se o descomissionamento da ambiente ou região geográ ca fora de sua como em indústrias que demandam gran- PCH Pandeiros como medida de gestão ambiental para restabelecer a diversidade de habitats para espécies área de distribuição geográ ca original, seja des volumes de água para suas atividades nativas e como medida mitigadora para as espécies invasoras de moluscos aquáticos. de forma intencional ou acidental (MACK (BOLTOVSKOY; CORREA, 2015). Palavras-chave: bioindicadores, Corbicula  umínea, espécies invasoras, macroinvertebrados bentônicos, et al., 2000). Somente são consideradas Uma das principais causas do suces- Melanoides tuberculata. espécies invasoras aquelas que, devido a so ecológico de moluscos invasores é a Abstract características genéticas,  siológicas e eco- ubiqüidade de reservatórios nas bacias One of the biggest threats to biodiversity is the introduction of invasive species. These species threaten native lógicas que conferem tolerância à maioria hidrográ cas de todo o mundo. Reservató- species and cause great economic damage. Their presence is closely related to that of hydropower dams, dos fatores ambientais, possuem grande rios são ecossistemas arti ciais, construí- which substantially alter river ecosystems and their biota. However, most studies of their ecological impacts are based on large dams and provide little information on the relationship between invasive species and small capacidade de se reproduzir e gerar des- dos com o propósito de oferecer reservas hydropower dams, which are much more abundant and numerous in Brazil. Our objective was to characterize cendentes férteis com alta probabilidade de de água para múltiplas  nalidades de uso the effects of Pandeiros small hydropower dam on the distribution of invasive mollusks in the Pandeiros River. We expected to  nd sensitive native species associated with free- owing sites, while resistant and invasive sobrevivência, expandirem sua distribuição pela sociedade humana, incluindo geração taxa were expected at sites affected by the dam. We found that the structure of benthic macroinvertebrate no novo habitat e ameaçarem a biodiversi- de energia elétrica, abastecimento domés- assemblages was signi cantly different between the free- owing and dam-affected sites. In addition, we found that the dam and reservoir facilitated the colonization of two invasive species (Corbicula  uminea and Melanoi- dade nativa (SIMBERLOFF, 2006). tico e industrial, transporte, irrigação, pis- des tuberculata) because only in these sites they were found in high abundance. However, although the dam Invasões biológicas são, portanto, um cicultura e recreação (AGOSTINHO et al., had signi cant effects on the structure of benthic macroinvertebrate assemblages, these effects were limited to sites near to the dam. Our results also highlight the need to understand the physical changes of habitat cau- processo que altera a composição biótica 2008). No Brasil existe mais de 600 reser- sed by the presence and management of dams and reservoirs. We recommend the decommissioning of the de ecossistemas em escala global, cau- vatórios, a maior parte construída para aten- Pandeiros small hydropower dam as an environmental management measure to reestablish habitat diversity for native species and as a mitigating measure for aquatic mollusk invasive species. sando mudanças profundas nos recursos der à crescente demanda por energia, pois naturais disponíveis para as sociedades cerca de 70% da matriz energética do país Keywords: bioindicators, benthic macroinvertebrates, Corbicula  umínea, invasive species, Melanoides tuber- culata. humanas e na estrutura dos componentes é proveniente de usinas hidrelétricas (GOIS de ecossistemas aquáticos (VITOUSEK, et al., 2015). Esses ecossistemas arti ciais 1997). Com a intensi cação do comércio a apresentam condições ecológicas favo- 1,2Universidade Federal de Minas Gerais, ICB, Depto. de Genética, Ecologia e Evolução; Lab. Ecologia de Bentos. 2 Autor correspondente. [email protected] partir da segunda metade do século XX, as ráveis às espécies invasoras e ao mesmo

7878 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 79 Pequena Central Hidrelétrica de Pandeiros e seu efeito sobre moluscos Introdução espécies invasoras têm se espalhado pelo aquáticos invasores planeta, ameaçando a biodiversidade local A introdução de espécies exóticas inva- e “homogeneizando” a biodiversidade em soras é uma das maiores ameaças à biodi- escala global (KARATAYEV et al., 2007). Marden Seabra Linares1,2, Marcos Callisto1 versidade em escala global, sendo superada Dentre os vários grupos de espécies in- Resumo apenas pela perda de habitat (SIMBER- vasoras em ecossistemas aquáticos os mo-

Uma das maiores ameaças para a biodiversidade é a introdução de espécies invasoras. Essas espécies LOFF et al., 2013). Ecossistemas de água luscos se destacam como um dos grupos ameaçam as espécies nativas e causam grandes prejuízos econômicos. Sua presença está intimamente doce são especialmente afetados por esse mais bem sucedidos, graças à variabilidade relacionada a represas hidrelétricas, pois estas alteram substancialmente os ecossistemas  uviais e sua biota. No entanto, a maioria dos estudos sobre seus impactos ecológicos é baseada em grandes barragens problema devido à proximidade histórica a de formas e às suas adaptações funcionais e fornece pouca informação sobre a relação de espécies invasoras com pequenas centrais hidrelétricas, que centros urbanos, ações antrópicas em larga (BOLTOVSKOY et al., 2009). Em decorrên- são muito mais abundantes e numerosas no Brasil. O objetivo desse trabalho foi caracterizar os efeitos da PCH Pandeiros sobre a distribuição de moluscos invasores no rio Pandeiros. Esperou-se encontrar espécies escala (como a construção de barragens) e cia do seu sucesso reprodutivo e conse- nativas sensíveis associadas aos locais de curso livre, enquanto que os taxóns resistentes e invasores eram ao frequente uso de estuários para constru- quente elevada capacidade de proliferação, esperados em locais afetados pela barragem. Descobriu-se que a estrutura das assembléias de macroinver- tebrados bentônicos foi signi cativamente diferente entre os sítios amostrais de curso livre e os afetados pela ção de portos utilizados para o comércio in- moluscos aquáticos invasores tornaram-se barragem. Além disso, decobriu-se que a represa e o reservatório facilitaram a colonização de duas espécies ternacional (JOHNSON et al., 2008). pragas em diversas partes do mundo, cau- invasoras (Corbicula  uminea e Melanoides tuberculata) porque somente nesses locais elas foram encon- tradas em alta abundância. No entanto, embora a barragem tenha tido efeitos signi cativos na estrutura das Espécies exóticas ou introduzidas são sando signi cativos prejuízos econômicos assembléias de macroinvertebrados bentônicos, esses efeitos foram limitados a locais próximos à barragem. espécies liberadas por ação humana em um em canais de irrigação, drenagem, bem Os resultados também destacam a necessidade de compreender as mudanças físicas de habitat causadas pela presença e manejo de barragens e reservatórios a  o d’água. Recomenda-se o descomissionamento da ambiente ou região geográ ca fora de sua como em indústrias que demandam gran- PCH Pandeiros como medida de gestão ambiental para restabelecer a diversidade de habitats para espécies área de distribuição geográ ca original, seja des volumes de água para suas atividades nativas e como medida mitigadora para as espécies invasoras de moluscos aquáticos. de forma intencional ou acidental (MACK (BOLTOVSKOY; CORREA, 2015). Palavras-chave: bioindicadores, Corbicula  umínea, espécies invasoras, macroinvertebrados bentônicos, et al., 2000). Somente são consideradas Uma das principais causas do suces- Melanoides tuberculata. espécies invasoras aquelas que, devido a so ecológico de moluscos invasores é a Abstract características genéticas,  siológicas e eco- ubiqüidade de reservatórios nas bacias One of the biggest threats to biodiversity is the introduction of invasive species. These species threaten native lógicas que conferem tolerância à maioria hidrográ cas de todo o mundo. Reservató- species and cause great economic damage. Their presence is closely related to that of hydropower dams, dos fatores ambientais, possuem grande rios são ecossistemas arti ciais, construí- which substantially alter river ecosystems and their biota. However, most studies of their ecological impacts are based on large dams and provide little information on the relationship between invasive species and small capacidade de se reproduzir e gerar des- dos com o propósito de oferecer reservas hydropower dams, which are much more abundant and numerous in Brazil. Our objective was to characterize cendentes férteis com alta probabilidade de de água para múltiplas  nalidades de uso the effects of Pandeiros small hydropower dam on the distribution of invasive mollusks in the Pandeiros River. We expected to  nd sensitive native species associated with free- owing sites, while resistant and invasive sobrevivência, expandirem sua distribuição pela sociedade humana, incluindo geração taxa were expected at sites affected by the dam. We found that the structure of benthic macroinvertebrate no novo habitat e ameaçarem a biodiversi- de energia elétrica, abastecimento domés- assemblages was signi cantly different between the free- owing and dam-affected sites. In addition, we found that the dam and reservoir facilitated the colonization of two invasive species (Corbicula  uminea and Melanoi- dade nativa (SIMBERLOFF, 2006). tico e industrial, transporte, irrigação, pis- des tuberculata) because only in these sites they were found in high abundance. However, although the dam Invasões biológicas são, portanto, um cicultura e recreação (AGOSTINHO et al., had signi cant effects on the structure of benthic macroinvertebrate assemblages, these effects were limited to sites near to the dam. Our results also highlight the need to understand the physical changes of habitat cau- processo que altera a composição biótica 2008). No Brasil existe mais de 600 reser- sed by the presence and management of dams and reservoirs. We recommend the decommissioning of the de ecossistemas em escala global, cau- vatórios, a maior parte construída para aten- Pandeiros small hydropower dam as an environmental management measure to reestablish habitat diversity for native species and as a mitigating measure for aquatic mollusk invasive species. sando mudanças profundas nos recursos der à crescente demanda por energia, pois naturais disponíveis para as sociedades cerca de 70% da matriz energética do país Keywords: bioindicators, benthic macroinvertebrates, Corbicula  umínea, invasive species, Melanoides tuber- culata. humanas e na estrutura dos componentes é proveniente de usinas hidrelétricas (GOIS de ecossistemas aquáticos (VITOUSEK, et al., 2015). Esses ecossistemas arti ciais 1997). Com a intensi cação do comércio a apresentam condições ecológicas favo- 1,2Universidade Federal de Minas Gerais, ICB, Depto. de Genética, Ecologia e Evolução; Lab. Ecologia de Bentos. 2 Autor correspondente. [email protected] partir da segunda metade do século XX, as ráveis às espécies invasoras e ao mesmo

78 79 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 79 tempo desfavoráveis às espécies nativas, sença de uma PCH localizada em uma re- que estão adaptadas a condições naturais gião sujeita a poucas ações antrópicas di- de rio (SARDIÑA et al., 2008). Assim, reser- retas. Assim, com esse trabalho buscou-se vatórios acabam oferecendo um “trampolim” responder à pergunta “Quais os efeitos da para espécies de moluscos invasores, facili- PCH Pandeiros sobre a distribuição de mo- tando sua expansão para áreas que, de ou- luscos invasores no rio Pandeiros? ”. Foram tra forma, não seriam capazes de alcançar utilizados bioindicadores bentônicos para (JOHNSON et al., 2008). responder a esta pergunta, pois métodos No entanto, os estudos que demonstram biológicos podem ser mais efetivos em sub- a relação entre moluscos invasores e reser- sidiar a proposição de medidas de manejo, vatórios hidrelétricos são focados em reser- fornecendo subsídios para decisões e estra- vatórios de grandes barragens, deixando tégias de gestão ambiental (KARR, 1999). uma lacuna no conhecimento com relação Entre os organismos aquáticos utilizados aos efeitos ecológicos de pequenas barra- como bioindicadores de qualidade de água, gens (LINARES et al., 2018). Devido à de- as comunidades de macroinvertebrados manda crescente por fontes de energia reno- bentônicos têm sido cada vez mais empre- vável e por a maioria das áreas disponíveis gadas (BONADA et al., 2006). Destacam-se para construção de grandes hidrelétricas já como bons indicadores biológicos devido às estarem ocupadas, nas últimas décadas o seguintes características: têm distribuição foco para a construção de novas barragens ampla, incluem diferentes grupos taxonômi- se voltou para a construção de pequenas cos, encontram-se espécies com diferentes centrais hidrelétricas (PCHs). (ABBASI; tolerâncias a distúrbios antrópicos, são re- ABBASI, 2011; FEARNSIDE, 2014). Esta lativamente numerosas e sedentárias, pos- tendência tem se mostrado especialmente suem ciclo de vida relativamente longo e verdadeira no Brasil, onde o relativo bai- são de fácil coleta (HEINO et al., 2004). xo custo e facilidade de licenciamento am- Este estudo foi desenvolvido durante biental aumentaram muito a construção de os projetos P&D ANEEL/CEMIG GT-550 e PCHs nas últimas décadas (ALMEIDA et al., GT-611, que têm como objetivo gerar dados 2009), resultando em um total de 431 PCHs ecológicos para o descomissionamento da instaladas (representando 3,21% da energia PCH Pandeiros, o primeiro desta natureza elétrica gerada em território nacional) e ou- na América do Sul. O descomissionamen- tras 27 em construção (ANEEL, 2017). to de uma barragem é um processo amplo, Assim, é essencial para o planejamen- que parte de uma avaliação dos potenciais to e gestão ecológicos a compreensão dos ganhos e prejuízos ecológicos da eventual efeitos de uma PCH sobre a ecologia de remoção até de nir os métodos que devem espécies de moluscos aquáticos invasores. ser utilizados para sua eventual remoção, Para tanto, a bacia do rio Pandeiros é um de forma a maximizar os ganhos e minimizar “laboratório natural” perfeito, devido à pre- os prejuízos para os ecossistemas afetados,

80 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 tempo desfavoráveis às espécies nativas, sença de uma PCH localizada em uma re- sua biodiversidade e bens e serviços ecossis- 1C, está localizado em um trecho no inicio do que estão adaptadas a condições naturais gião sujeita a poucas ações antrópicas di- têmicos para as populações ribeirinhas. reservatório, 500 m a montante da represa. É de rio (SARDIÑA et al., 2008). Assim, reser- retas. Assim, com esse trabalho buscou-se caracterizado por substrato de fundo arenoso, vatórios acabam oferecendo um “trampolim” responder à pergunta “Quais os efeitos da Metodologia e área de estudos reduzida profundidade (<2 m), canal mais largo para espécies de moluscos invasores, facili- PCH Pandeiros sobre a distribuição de mo- (> 10 m), e nenhuma vegetação ribeirinha em tando sua expansão para áreas que, de ou- luscos invasores no rio Pandeiros? ”. Foram No rio Pandeiros foram determinados cin- suas margens, pois é ao lado de um assen- tra forma, não seriam capazes de alcançar utilizados bioindicadores bentônicos para co sítios amostrais: dois em trecho de curso tamento humano. O P4, Fotografia 1D, está (JOHNSON et al., 2008). responder a esta pergunta, pois métodos livre a montante do reservatório (P1 e P2), localizado a 50 m rio a jusante da barragem No entanto, os estudos que demonstram biológicos podem ser mais efetivos em sub- dois em trechos afetados diretamente pela e é caracterizado por sedimento arenoso em a relação entre moluscos invasores e reser- sidiar a proposição de medidas de manejo, barragem da PCH (P3 e P4) e um a jusante uma matriz rochosa, maior profundidade (> vatórios hidrelétricos são focados em reser- fornecendo subsídios para decisões e estra- da barragem (P5) (MAPA 1). P1 e P2, Foto- 3 m), canal mais estreito (<5 m) e vegetação vatórios de grandes barragens, deixando tégias de gestão ambiental (KARR, 1999). grafia 1A e B, são localizados em trechos de ribeirinha natural em ambas as margens. O P5, uma lacuna no conhecimento com relação Entre os organismos aquáticos utilizados fluxo livre, cerca de 20 e 12 km a montante Fotografia 1E, está localizado 500 m a jusante aos efeitos ecológicos de pequenas barra- como bioindicadores de qualidade de água, da represa, respectivamente. São caracteri- da represa, abaixo de uma série de pequenas gens (LINARES et al., 2018). Devido à de- as comunidades de macroinvertebrados zados por substrato de fundo arenoso, canal cascatas, e é caracterizado por substrato de manda crescente por fontes de energia reno- bentônicos têm sido cada vez mais empre- largo (> 5 m), reduzida profundidade (<1 m) e fundo arenoso com bancos de macrófitas, vável e por a maioria das áreas disponíveis gadas (BONADA et al., 2006). Destacam-se vegetação ripária bem preservada em ambas reduzida profundidade (<1 m), canal largo (> para construção de grandes hidrelétricas já como bons indicadores biológicos devido às as margens. Os demais sítios amostrais estão 5 m) cercada por vegetação ripária esparsa estarem ocupadas, nas últimas décadas o seguintes características: têm distribuição localizados em trechos do rio que considerados e áreas desmatadas. foco para a construção de novas barragens ampla, incluem diferentes grupos taxonômi- se voltou para a construção de pequenas cos, encontram-se espécies com diferentes influenciados pela barragem P3, Fotografia centrais hidrelétricas (PCHs). (ABBASI; tolerâncias a distúrbios antrópicos, são re- Mapa 1 – Área de estudo na bacia hidrográfica do rio Padeiros, Minas Gerais. ABBASI, 2011; FEARNSIDE, 2014). Esta lativamente numerosas e sedentárias, pos- Pontos de coleta (P1 a P5) assinalados no mapa tendência tem se mostrado especialmente suem ciclo de vida relativamente longo e verdadeira no Brasil, onde o relativo bai- são de fácil coleta (HEINO et al., 2004). xo custo e facilidade de licenciamento am- Este estudo foi desenvolvido durante biental aumentaram muito a construção de os projetos P&D ANEEL/CEMIG GT-550 e PCHs nas últimas décadas (ALMEIDA et al., GT-611, que têm como objetivo gerar dados 2009), resultando em um total de 431 PCHs ecológicos para o descomissionamento da instaladas (representando 3,21% da energia PCH Pandeiros, o primeiro desta natureza elétrica gerada em território nacional) e ou- na América do Sul. O descomissionamen- tras 27 em construção (ANEEL, 2017). to de uma barragem é um processo amplo, Assim, é essencial para o planejamen- que parte de uma avaliação dos potenciais to e gestão ecológicos a compreensão dos ganhos e prejuízos ecológicos da eventual efeitos de uma PCH sobre a ecologia de remoção até de nir os métodos que devem espécies de moluscos aquáticos invasores. ser utilizados para sua eventual remoção, Para tanto, a bacia do rio Pandeiros é um de forma a maximizar os ganhos e minimizar “laboratório natural” perfeito, devido à pre- os prejuízos para os ecossistemas afetados, Fonte: Arquivo do Laboratório de Ecologia Bentos ICB/UFMG

80 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 81 Fotografia 1 – Sítios de coleta localizados na bacia hidrográfica do rio Pandeiros, Minas Gerais

Legenda: Pontos de coleta - a - P1; b - P2; c - P3; d - P4; e - P5. Fonte: Arquivo do Laboratório de Ecologia Bentos ICB/UFMG.

O rio Pandeiros é um importante a cerca de 400 metros a jusante da barragem afluente da margem esquerda do rio São e, quando em operação, o aproveitamento a Francisco, com extensão aproximada de fio d’água turbinava até 35 3m /s, com potência 145 km. A região alagada e as veredas no de 4,2 MW (FONSECA et al., 2008). rio Pandeiros estão entre as áreas prioritárias Por sua potencial importância para o para conservação do bioma cerrado, sendo recrutamento das espécies de peixes na bacia também considerada de Importância Biológica do São Francisco, em 1992 foi promulgada Especial, por constituírem-se em ambientes a Lei Estadual No 10.629 que estabeleceu o únicos no estado e possuírem alta riqueza conceito de rio de preservação permanente e de espécies (DRUMMOND et al., 2005). A declarou o enquadramento do rio Pandeiros PCH Pandeiros foi instalada no rio de mesmo nesta categoria. Em janeiro de 1995 foi nome em 1957 e encontra-se desativada. Seu criada a Área de Proteção Ambiental do rio reservatório apresenta área de 280 hectares Pandeiros - APA Pandeiros, com 380.000 e sua barragem, de crista livre, altura máxima hectares, englobando a área da PCH, com o de 10,30 metros. Sua casa de força localiza-se objetivo de proteger o Pântano de Pandeiros

82 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 (Lei Estadual Nº 11.901). Em 2004, por meio uma análise de táxons indicadores (Indval), do Decreto Estadual Nº43.910, foi criado o para identificar associações entre táxons e Refúgio Estadual de Vida Silvestre do rio sítios amostrais (DUFRENE & LEGENDRE, Pandeiros, unidade de conservação de 1997). Para todas as análises foi utilizado o proteção integral. intervalo de confiança padrão para estudos Em cada ponto amostral foram científicos (p<0,05). coletadas quatro sub-amostras comum amostrador do tipo kick-net (30 cm de abertura, Resultados 500μm de malha, área de 0,09 m²). Foram realizadas seis campanhas amostrais, três no Coletou-se 34.851 macroinvertebrados período chuvoso (dez/14, jan/15 e fev/15) e bentônicos identificados em 68 táxons, três no período seco (set/14, abr/15 e jun/15). dentre os quais duas espécies de moluscos Em laboratório as amostras foram lavadas, aquáticos invasores, Curbicula fluminea triadas e os macroinvertebrados bentônicos (Bivalvia, Curbiculidae), Fotografia 2 e foram identificados em estereomicroscópio Melanoides tuberculata (Gastropoda, com o apoio de literatura específica (MERRITT Thiaridae) (FOTOGRAFIA 3). Com relação & CUMMINS 1996; MUGNAI et al., 2010; à composição taxonômica das assembleias HAMADA et al., 2014). Os espécimes foram de macroinvertebrados bentônicos, isto é, identificados até os níveis de gêneros ou os táxons que foram em cada sítio amostral, famílias, exceto os moluscos aquáticos Tabela 1, os resultados mostraram que os dois invasores, que foram identificados até espécie. sítios amostrais de curso livre (P1 e P2) não Os espécimes foram então fixados em álcool apresentaram diferenças significativas entre 70% e depositados na Coleção de Referência si. Os dois sítios amostrais localizados em de Macroinvertebrados Bentônicos do Instituto trechos afetados diretamente pela barragem de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais. (P3 e P4) se mostraram com uma composição Para avaliar quais os efeitos da PCH taxonômica significativamente diferente de Pandeiros sobre a distribuição de moluscos todos os sítios amostrais, incluindo um ao invasores no rio Pandeiros, foram testados outro. Por outro lado, o sítio amostral mais estatisticamente, se as assembléias de a jusante (P5) mostrou-se significativamente macroinvertebrados bentônicos nos trechos diferente de P1, mas não de P2. afetados pela barragem possuem composição taxonômica diferente daquela encontrada nos trechos de curso livre. Para tanto utilizou- se dois tipos de teste estatístico: (1) uma análise de contrastes pareados PERMANOVA (ANDERSON, 2001), para testar variações na composição geral das assembléias; (2)

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 83 Fotografia 2 – Indivíduos de Corbicula fluminea (Bivalvia, Corbiculidae)

Fonte: Arquivo do Laboratório de Ecologia Bentos ICB/UFMG

Fotografia 3 – Indivíduos de Melanoides tuberculata (Gastropoda, Thiaridae)

Fonte: Arquivo do Laboratório de Ecologia Bentos ICB/UFMG

84 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Fotogra a 3 – Indivíduos de Melanoides tuberculata (Gastropoda, Thiaridae)

Fonte: Arquivo do Laboratório de Ecologia Bentos ICB/UFMG

TabelaTel 11 - Resultadoseultdo dad análisenlie dede contrastesontrte pareadosredo PERMANOVA,MAOVA, ondeonde a composiçãoooio taxonômica da assembleia toni ded macroinvertebradoselei de roinerterdo bentônicos de entniocada sítio amostral de d tiofoi comparada o em pares com trl oia dosoutros ord sítios e reamostrais o do outro tio otri

Pares p 1 2 0,2 1 0,018 1 0,013 1 0,021 2 0,022 2 0,030 2 0,01 0,020 0,028 0,034 OTA Vlore rdo e nerito rereent dieren iniiti 0.0.

Com relação à análise de táxons indi- pectivamente, bem como com a presença cadores, Tabela 2, P1 e P2 foram consis- de outros táxons resistentes, como os gas- tentemente associados apenas com táxons trópodes nativos das famílias Ampulariidae, nativos e sensíveis, como Helicospychidae Planorbidae, Physidae (P3) e Hydrobiidae (Trichoptera) e Empididae (Diptera), respec- (P4). Similarmente aos sítios amostrais de tivamente. P3 e P4, no entanto, foram am- curso livre, P5 foi associado a táxons nati- bos associados à presença dos moluscos vos e sensíveis, como Elmidae (Coleoptera), aquáticos invasores Melanoides tuberculata Leptohyphidae e Leptophlebiidae (Epheme- (MULLER, 1774; Thiaridae) e Corbicula  u- roptera). minea (MULLER, 1774; Corbiculidae), res-

TelMG BIOTA, 2 Beloeultdo Horizonte, d V.12, nlie n.1, jul./dez. de ton 2019 indidore Indl 85

Sítios Amostrais Táxons IndVal p oenrionide 0,91 0,0003 1 Helioide 0,1 0,0198 2 idide 0,99 0,0108 Melanoides tuberculata 0,9219 0,0001 Aulriide 0, 0,0003 ide 0, 0,0026 lnoride 0,2 0,0033 Hirudine 0,2 0,0150 Grinide 0,0 0,003 Hdroiide 0,19 0,0021 loteriide 0,12 0,0008 Corbicula fluminea 0, 0,0045 enide 0, 0,0082 leide 0,0000 0,001 iuliide 0,2 0,0005 lide 0, 0,0002 uoride 0,11 0,0009 etoide 0, 0,0006 rlide 0,229 0,0099 etoleiide 0,9 0,0105 OTA Vlore rdo e nerito rereent lore iniiti 0.0.

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 85 Discussão foram observados que seus efeitos são altamente localizados. P4, localizado a menos Os resultados evidenciam que a de 50m a jusante da barragem, mostrou uma composição taxonômica nos sítios amostrais estrutura taxonômica significativamente diretamente influenciados pela barragem da diferente dos trechos de curso livre (P1 PCH Pandeiros foram significativamente e P2), bem como associação à espécie diferentes dos sítios de curso livre. Mais invasora Corbicula fluminea. Porém, P5, interessante, no entanto, foi o resultado a cerca de 500m a jusante da barragem, de que as espécies invasoras e os táxons mostrou uma estrutura semelhante a um dos resistentes estão associados aos sítios sítios amostrais de curso livre, P2, e suas amostrais diretamente afetados pela barragem diferenças ao outro, P1, podem ser atribuídas da PCH Pandeiros. à variância natural ao longo do canal do rio. Apesar de estar localizado em um Esses resultados sugerem que os efeitos reservatório pequeno a fio d’água com tempo ecológicos da presença da PCH Pandeiros de residência mínimo (FONSECA et al., 2008), são locais, uma vez que não foram detectados no sítio amostral P3 encontrou-se diferenças a 500m a jusante. Esta recuperação rápida significativas na estrutura taxonômica da composição e estrutura das assembleias das assembleias de macroinvertebrados de macroinvertebrados bentônicos pode ser bentônicos em relação aos demais sítios a explicação do porquê de alguns estudos amostrais, além de estar associado apenas (ANDERSON et al., 2015; MBAKA; WANJIRU a táxons resistentes (p.ex. Ampulariidae, MWANIKI, 2015) não mostrarem impactos Hirudinea, Planorbidae) e à espécie invasora significativos da presença de PCHs. Esses Melanoides tuberculata. Essas diferenças autores também sugerem que, apesar de na estrutura taxonômica das assembleias espacialmente limitados, os impactos de uma de macroinvertebrados bentônicos são PCH são localmente significativos. resultado de alterações no habitat físico A presença das espécies invasoras é do rio, incluindo diminuição na velocidade outra conseqüência da presença da barragem da correnteza e perda da conexão com da PCH Pandeiros e de seu reservatório. lagoas marginais, causadas pela presença Tanto Corbicula fluminea quanto Melanoides da barragem (CHESTER; NORRIS, 2006; tuberculata, são comumente encontrados KLOEHN et al., 2008; VAN LOOY et al., 2014). na bacia do rio São Francisco, da qual o rio Isso demonstra que, em uma escala local, Pandeiros é afluente (FERNANDEZ et al., mesmo PCHs podem causar impactos ao 2003; RODRIGUES et al., 2007). Porém, ecossistema fluvial, além de fragmentação no canal principal do rio Pandeiros estas ao transporte natural de água, sedimentos espécies foram encontradas em grandes e biota. números apenas nos trechos afetados pela Com relação à extensão da influência barragem (LINARES et al., 2018). Isso sugere da barragem a jusante da PCH de Pandeiros, que a barragem e o reservatório facilitam a

86 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Referências bivalve Limnoperna fortunei. Hydrobiologia v. 636, p. 271–284, 2009. Disponivel em: http://link.springer. com/10.1007/s10750-009-9956-9. ABBASI, T., S. A.; ABBASI. Small hydro and the environmental implications of its extensive utilization. Renewable and Sustainable Energy Reviews, BONADA, N., N. PRAT, V. H. RESH ; B. STATZNER, v.15, p. 2134–2143, 2011 http://dx.doi.org/10.1016/j. Developments in aquatic insect biomonitoring: rser.2010.11.050. a comparative analysis of recent approaches. Annual Review of Entomology, v. 51,p. 495–523, 2006. Disponivel em:http://dx.doi.org/10.1146/ AGOSTINHO, A., F. PELICICE; L. GOMES. Dams annurev.ento.51.110104.151124. and the  sh fauna of the Neotropical region: impacts and management related to diversity and  sheries. Brazilian Journal of Biology, v.68, p. 1119–1132, CHESTER, H. ; R. NORRIS,. Dams and Flow in the 2008. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt Cotter River, Australia: Effects on Instream Trophic ext&pid=S151969842008000500019&lng=en&nrm=i Structure and Benthic Metabolism. Hydrobiologia, so&tlng=en. v. 572, p. 275–286. 2006 Disponível em: http://link. springer.com/10.1007/s10750-006-0219-8

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MUGNAI,MUGNAI, R.,R., J.J. L.L. NESSIMIAN;NESSIMIAN; D.D. F.F. BAPTISTA.BAPTISTA. JOHNSON, P. T., J. D. OLDEN; M. J. VANDER JOHNSON, P. T., J. D. OLDEN; M. J. VANDER ManualManual dede identiidenti caçãocação dede macroinvertebradosmacroinvertebrados ZANDEN. Dam invaders: impoundments facilitate ZANDEN. Dam invaders: impoundments facilitate aquáticosaquáticos dodo estadoestado dodo RioRio dede Janeiro.Janeiro. RioRio dede biologicalbiological invasionsinvasions intointo freshwaters.freshwaters. FrontiersFrontiers Janeiro:Janeiro: Technical Technical BooksBooks Editora:Editora: 2010.2010. inin EcologyEcology andand thethe EnvironmentEnvironment v.6,v.6, n.7,n.7, p.p. 357–363,357–363, 2008.2008. DidponivelDidponivel em:em: http://doi.wiley.http://doi.wiley. com/10.1890/070156.com/10.1890/070156. OLIVEIRA,OLIVEIRA, M. M. D., D., D. D. F. F. Calheiros, Calheiros, C. C. M. M. Jacobi Jacobi & & S. S. K. K. Hamilton,Hamilton, Abiotic Abiotic factors factors controlling controlling the the establishment establishment andand abundanceabundance ofof thethe invasiveinvasive goldengolden musselmussel KARATAYEV, A. Y., D. K. PADILLA, D. MINCHIN, KARATAYEV, A. Y., D. K. PADILLA, D. MINCHIN, LimnopernaLimnoperna fortunei.fortunei. BiologicalBiological InvasionsInvasions,, v.v. 13,13, D.D. BOLTOVSKOY;BOLTOVSKOY; L.L. E.E. BURLAKOVA.BURLAKOVA. ChangesChanges inin p.p. 717–729,717–729, 2011.2011. http://link.springer.com/10.1007/http://link.springer.com/10.1007/ globalglobal economieseconomies andand trade:trade: thethe potentialpotential spreadspread ofof 88 s10530-010-9862-0.s10530-010-9862-0. exoticexotic freshwaterfreshwater bivalves.bivalves. BiologicalBiological Invasions,Invasions, v.v. MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 9,9, p. p. 161–180, 161–180, 2007 2007 http://link.springer.com/10.1007/ http://link.springer.com/10.1007/ s10530-006-9013-9.s10530-006-9013-9. RODRIGUES,RODRIGUES, J., J., O. O. PIRES-JUNIOR, PIRES-JUNIOR, M. M. COUTINHO, COUTINHO, M.M. MARTINS-SILVA.MARTINS-SILVA. FirstFirst occurrenceoccurrence ofof thethe AsianAsian ClamClam CorbiculaCorbicula  uminae uminae (Bivalvia:(Bivalvia: Corbiculidae)Corbiculidae) KARR, J. R., De ning and measuring river health. KARR, J. R., De ning and measuring river health. inin thethe ParanoáParanoá Lake,Lake, Brasília.Brasília. BrazilianBrazilian JournalJournal , v. 41, p. 221–234. 1999. FreshwaterFreshwater BiologyBiology, v. 41, p. 221–234. 1999. ofof BiologyBiology v.v. 67,67, p.p. 789–790.789–790. 2007.2007. http://www.http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519- KLOEHN,KLOEHN, K.K. K.,K., T.T. J.J. BEECHIE,BEECHIE, S.S. A.A. MORLEY,MORLEY, 69842007000400032&lng=en&nrm=iso&tlng=en.69842007000400032&lng=en&nrm=iso&tlng=en. H.H. J.J. COE;COE; J.J. J.J. DUDA,DUDA, InIn uence uence ofof damsdams onon river-river-  oodplain oodplain dynamicsdynamics inin thethe ElwhaElwha River,River, Washington.Washington. SARDIÑA,SARDIÑA, P., P., D. D. H. H. CATALDO; CATALDO; D. D. BOLTOVSKOY. BOLTOVSKOY. The The NorthwestNorthwest ScienceScience v.v. 82,82, p.p. 224–235,224–235, 2008.2008. http://http:// effectseffects ofof thethe invasiveinvasive mussel,mussel, LimnopernaLimnoperna fortuneifortunei,, www.bioone.org/doi/abs/10.3955/0029-344X-www.bioone.org/doi/abs/10.3955/0029-344X- onon associatedassociated faunafauna inin SouthSouth AmericanAmerican freshwaters:freshwaters: 82.S.I.224.82.S.I.224. importanceimportance ofof physicalphysical structurestructure andand foodfood supply.supply. FundamentalFundamental andand AppliedApplied Limnology/ArchivLimnology/Archiv fürfür LINARES,LINARES, M.M. S.,S., M.M. CALLISTOCALLISTO && J.J. C.C. MARQUES,MARQUES, HydrobiologieHydrobiologie 173, 173, p. p. 135–144, 135–144, 2008. 2008. http://openurl. http://openurl. ThermodynamicThermodynamic basedbased indicatorsindicators illustrateillustrate howhow aa ingenta.com/content/xref?genre=article&issn=1863-ingenta.com/content/xref?genre=article&issn=1863- run-of-riverrun-of-river impoundmentimpoundment inin neotropicalneotropical savannasavanna 9135&volume=173&issue=2&spage=135.9135&volume=173&issue=2&spage=135. attractsattracts invasiveinvasive speciesspecies andand altersalters thethe benthicbenthic macroinvertebratemacroinvertebrate assemblagesassemblages complexity.complexity. SIMBERLOFF,SIMBERLOFF, D.D. InvasionalInvasional meltdownmeltdown 66 yearsyears later:later: EcologicalEcological IndicatorsIndicators v.v. 88,88, p.p. 181–189,181–189, 2018.2018. importantimportant phenomenon,phenomenon, unfortunateunfortunate metaphor,metaphor, oror https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2018.01.040. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2018.01.040. both?.both?. Ecology Ecology Letters Letters v. v. 9, 9, p. p. 912–919, 912–919, 2006 2006 http:// http:// doi.wiley.com/10.doi.wiley.com/10.1111/j.1461-0248.2006.00939.x.1111/j.1461-0248.2006.00939.x.

MACK,MACK, R.R. N.,N., D.D. SIMBERLOFF,SIMBERLOFF, W.W. MARKMARK LONSDALE,LONSDALE, H.H. EVANS,EVANS, M.M. CLOUT;CLOUT; F.F. A.A. SIMBERLOFF,SIMBERLOFF, D.,D., J.-L.J.-L. MARTIN,MARTIN, P.P. GENOVESI,GENOVESI, BAZZAZ.BAZZAZ. BioticBiotic invasions:invasions: causes,causes, epidemiology,epidemiology, V.V. MARIS,MARIS, D.D. A.A. WARDLE,WARDLE, J.J. ARONSON,ARONSON, F.F. globalglobal consequences,consequences, andand control.control. EcologicalEcological COURCHAMP,COURCHAMP, B.B. GALIL,GALIL, E.E. GARCÍA-BERTHOU,GARCÍA-BERTHOU,

89 MGMG BIOTA, BIOTA, Belo Belo Horizonte, Horizonte, V.12, V.12, n.1, n.1, jul./dez. jul./dez. 2019 2019 89 of a phylogenetically related species. Hydrobiologia Applications, v.10, p. 689–710. 2000 http://doi.wiley. v. 746, p. 401–413. 2015. Disponivel em: http://link. com/10.1890/0012-9623(2005)86[249b:IIE]2.0.CO;2. springer.com/10.1007/s10750-014-2061-8.

MBAKA, J. G.; M. WANJIRU MWANIKI. A global review HAMADA, N., J. L. NESSIMIAN; R. B.QUERINO, of the downstream effects of small impoundments on Insetos aquáticos na Amazônia brasileira: stream habitat conditions and macroinvertebrates. taxonomia, biologia e ecologia. Manaus: Editora do Environmental Reviews, v. 23,p. 257–262, 2015. INPA, 2014. http://www.nrcresearchpress.com/doi/10.1139/er- 2014-0080.

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VAN LOOY, K., T. TORMOS ; Y. SOUCHON. Disentangling dam impacts in river networks. Ecological Indicators v.37, p. 10–20, 2014. http:// dx.doi.org/10.1016/j.ecolind.2013.10.006.

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Agradecimentos

Agradecemos aos colegas do Laborató- rio de Ecologia de Bentos/ICB-UFMG pelo apoio em atividades de campo e laboratório. Esta pesquisa foi  nanciada pela Coordena-

çãoMG BIOTA, de Aperfeiçoamento Belo Horizonte, V.12, n.1, dejul./dez. Pessoal 2019 de Ní- 89 vel Superior/CAPES; Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais/FAPE- MIG; P & D Aneel-Cemig GT-550 “Desenvol- vimento de metodologia para avaliação da viabilidade de descomissionamento de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH)”; e P & D Aneel-Cemig GT-599 e GT-611. MC é bol- sista de produtividade em pesquisa (CNPq 303380/2015-2), teve apoio de projetos de pesquisa (CNPq 446155/2014-4) e bolsista pesquisador mineiro (FAPEMIG PPM-104- 18).

90 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Em Destaque Fotogra a 1 – Em primeiro plano, Parque Municipal da Serra do Curral, localizado próximo à densa malha urbana da cidade de Belo Horizonte, MG

Unidades de conservação municipais no ambiente urbano em Minas Gerais

A forte expansão urbana das últimas déca- tância para a área protegida (SEMEIA, 2018), o das está aproximando, cada vez mais, as uni- que pode ser uma oportunidade em relação às dades de conservação dos centros urbanos. unidades de conservação municipais devido à Pelo menos 40% das unidades de conserva- proximidade com os centros urbanos. ção no mundo estarão distantes, em média, 15 Uma delas, sem dúvida, se refere a forte km de alguma cidade até 2030 (MCDONALD associação entre as unidades de conserva- et al., 2008; TNC, 2018). ção e o bem-estar humano, reconhecida em Na esfera municipal no Brasil, a proximida- várias pesquisas cientí cas nas últimas duas de das unidades de conservação municipais décadas. Com início no conceito australiano com os centros urbanos já é uma realidade. dos “Parques Saudáveis, Pessoas Saudáveis” Dezenas de unidades de conservação estão (TOWNSEND et al., 2015), essa estratégia localizadas no ambiente urbano em diferentes tem sido disseminada por vários países. Estu- partes do país. Na Mata Atlântica, por exemplo, dos mostram que o contato das pessoas com mais da metade das unidades de conservação áreas verdes pode favorecer o bem-estar físi- Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto municipais está localizada na malha urbana ou co e mental, diminuindo os riscos, por exem- periurbana das cidades, abrangendo também plo, de doenças respiratórias e cardiovascula- um contingente de cerca de 60 milhões de pes- res, stress e o transtorno de dé cit de atenção soas (PINTO et al., 2017). (LOUV, 2008; SCBD, 2012; MCDONALD et al., Já na esfera federal, 22% do total unidades 2018). de conservação estão localizadas em áreas ur- Nesse contexto, unidades de conservação banas e periurbanas, em mais de 180 cidades urbanas é um tema que deve ser amplamen- em diferentes regiões do país, que abrigam te discutido e analisado. Unidades de conser- mais de 30 milhões de habitantes (BEHR; PEI- Grá co 1 – Distribuição das unidades de conservação municipais de Minas Gerais,em vação como o Parque Estadual da Serra do número e percentual, nos meios rural, periurbana ou urbana XOTO, 2015). Rola-Moça, localizado nos municípios de Belo Periurbana;39;14,7% Ao mesmo tempo, estudos têm captado o Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima, e o aumento do interesse da população brasileira Parque Municipal da Serra do Curral, localizado sobre as unidades de conservação para lazer, em Belo Horizonte, Fotogra a 1, são exemplos recreação e/ou contemplação (SEMEIA, 2018; importantes de áreas protegidas que apresen- WWF-BRASIL, 2018). As pessoas, cada vez tam grandes desa os e oportunidades para a Urbana;41;15,4% mais, mostram vontade de conhecer e frequen- conservação da biodiversidade e dos serviços tar as áreas verdes como as unidades de con- ambientais que proporcionam para a popula- servação. As duas principais barreiras para a ção da Região Metropolitana de Belo Horizonte Rural;186;69,9% visitação em unidades de conservação indica- (RMBH). das em um desses estudos são o custo e a dis-

90MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 201991 92 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Em Destaque Fotogra a 1 – Em primeiro plano, Parque Municipal da Serra do Curral, localizado próximo à densa malha urbana da cidade de Belo Horizonte, MG

A forte expansão urbana das últimas déca- tância para a área protegida (SEMEIA, 2018), o das está aproximando, cada vez mais, as uni- que pode ser uma oportunidade em relação às dades de conservação dos centros urbanos. unidades de conservação municipais devido à Pelo menos 40% das unidades de conserva- proximidade com os centros urbanos. ção no mundo estarão distantes, em média, 15 Uma delas, sem dúvida, se refere a forte km de alguma cidade até 2030 (MCDONALD associação entre as unidades de conserva- et al., 2008; TNC, 2018). ção e o bem-estar humano, reconhecida em Na esfera municipal no Brasil, a proximida- várias pesquisas cientí cas nas últimas duas de das unidades de conservação municipais décadas. Com início no conceito australiano com os centros urbanos já é uma realidade. dos “Parques Saudáveis, Pessoas Saudáveis” Dezenas de unidades de conservação estão (TOWNSEND et al., 2015), essa estratégia localizadas no ambiente urbano em diferentes tem sido disseminada por vários países. Estu- partes do país. Na Mata Atlântica, por exemplo, dos mostram que o contato das pessoas com mais da metade das unidades de conservação áreas verdes pode favorecer o bem-estar físi- Fonte: Fotogra a de Luiz Paulo Pinto municipais está localizada na malha urbana ou co e mental, diminuindo os riscos, por exem- periurbana das cidades, abrangendo também plo, de doenças respiratórias e cardiovascula- Pelo menos ⅓ das unidades de con- as unidades de conservação municipais em um contingente de cerca de 60 milhões de pes- res, stress e o transtorno de dé cit de atenção servação municipais de Minas Gerais estão vários estados da Mata Atlântica (PINTO soas (PINTO et al., 2017). (LOUV, 2008; SCBD, 2012; MCDONALD et al., situadas em ambientes urbanos, sendo et al., 2017), mas ainda assim mostram Já na esfera federal, 22% do total unidades 2018). 15,4% inseridos na malha urbana e 14,7 % uma parcela importante desses espaços de conservação estão localizadas em áreas ur- Nesse contexto, unidades de conservação em áreas periurbanas (GRÁFICO 1). São protegidos no contexto urbano dos municípios banas e periurbanas, em mais de 180 cidades urbanas é um tema que deve ser amplamen- números abaixo daqueles encontrados para no estado. em diferentes regiões do país, que abrigam te discutido e analisado. Unidades de conser- Grá co 1 – Distribuição das unidades de conservação municipais de Minas Gerais,em mais de 30 milhões de habitantes (BEHR; PEI- vação como o Parque Estadual da Serra do Gráfico 1 – Distribuição das unidades de conservação municipais de Minas Gerais, em número e percentual, nos meiosnúmero rural, e percentual, periurbana nos ou meiosurbana rural, periurbana ou urbana XOTO, 2015). Rola-Moça, localizado nos municípios de Belo Periurbana;Periurbana; 39;39; 14,7%14,7% Ao mesmo tempo, estudos têm captado o Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima, e o aumento do interesse da população brasileira Parque Municipal da Serra do Curral, localizado sobre as unidades de conservação para lazer, em Belo Horizonte, Fotogra a 1, são exemplos recreação e/ou contemplação (SEMEIA, 2018; importantes de áreas protegidas que apresen- Urbana; 41; 15,4% WWF-BRASIL, 2018). As pessoas, cada vez tam grandes desa os e oportunidades para a Urbana;41;15,4% mais, mostram vontade de conhecer e frequen- conservação da biodiversidade e dos serviços tar as áreas verdes como as unidades de con- ambientais que proporcionam para a popula- Rural; 186; 69,9% servação. As duas principais barreiras para a ção da Região Metropolitana de Belo Horizonte Rural;186;69,9% visitação em unidades de conservação indica- (RMBH). das em um desses estudos são o custo e a dis-

91 92 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 201991

A categoria Parque Natural Municipal como parte da abordagem e desenvolvi- (PNM) compreende 57,5% das 80 unida- mento de ações e instrumentos de políticas des de conservação municipais registradas públicas na escala metropolitana (UFMG/ em ambiente urbano em Minas Gerais. O CEDEPLAR, 2011). O conjunto de unidades Parque Municipal de Governador Valadares de conservação municipais da RMBH repre- (40,30ha), localizado no município de mes- senta um ativo importante para esse territó- mo nome, o Parque Municipal do Intelecto rio, que foi uma das regiões metropolitanas (35,13ha), em Itabira, o Parque Municipal no Brasil, ao lado de Campinas e Londrina, Dujardes Caldeira (6,00ha), em Unaí, o selecionadas para a atuação do Projeto In- Parque Municipal Serra de São Domingos ternacional “INTERACT-Bio: Ação Integrada (252,52ha), em Poços de Caldas, e o Mo- pela Biodiversidade” (ICLEI, 2019). numento Natural Municipal da Serra da Fer- O INTERACT-Bio,  nanciado pelo Mi- rugem (867,11ha), em Conceição do Mato nistério Federal Alemão do Meio Ambiente, Dentro, são exemplos de unidades de con- Conservação da Natureza, Construção e servação municipais no contexto urbano. Segurança Nuclear, por meio de sua Iniciati- A escolha dos PNMs pelas prefeituras va Climática Internacional, tem como objeti- para a criação de espaços protegidos no vo fortalecer as relações entre os diferentes ambiente urbano pode estar relacionada à níveis de governo, para integrarem a natu- vocação dessa categoria de manejo para a reza nos planos de desenvolvimento urbano conservação da biodiversidade conciliada e estimularem oportunidades socioeconômi- ao uso público pela população para lazer, cas e de serviços associadas aos recursos recreação e realização de atividades con- naturais. templativas e educacionais. Mesmo com forte poder de interferência Minas Gerais apresenta alta taxa de no ambiente natural, os centros urbanos po- urbanização (84%), próxima da média na- dem manter parte da biodiversidade nativa cional (85%) e a RMBH, como era de se em áreas verdes que proporcionam ainda esperar, apresenta valores ainda maiores serviços ambientais para diferentes propó- (97%) (IBGE, 2016). Na RMBH existem sitos (SCBD, 2012). As unidades de conser- pelo menos 29 unidades de conservação vação municipais e de outras esferas polí- municipais, compreendendo 37,5 mil hecta- tico-administrativas podem, por exemplo, res. São excluídos desse total os parques agir como mecanismo de moderação das urbanos municipais destinados principal- temperaturas, redução da poluição, barreira mente às atividades de lazer e que não es- contra enchentes e deslizamentos de solo, tão contemplados pelo Sistema Nacional de contribuir para a redução da vulnerabilidade Unidades de Conservação-SNUC (Lei nº e dos custos da adaptação às mudanças do 9985/2000). clima e outras alterações ambientais nas ci- Essas unidades de conservação es- dades, além de oferecer oportunidades para tão inseridas no plano integrado da RMBH o lazer e contato com a natureza (GUIMA-

92MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 201993 RÃES; PELLIN, 2015; GREEN et al., 2016; unidades de conservação nos ambientes ur- TNC, 2018; MARETTI et al., 2019). banos e periurbanos, que ainda necessitam O reconhecimento da importância das investimentos, planejamento e implementa- unidades de conservação para as cidades ção. Minas Gerais possui capital humano e resultou, em 2005, na criação do “Grupo de institucional para enfrentar esses desa os, Especialistas para Áreas Protegidas Urba- mas é primordial o maior engajamento e for- nas” (The IUCN WCPA Urban Conservation talecimento dos governos locais e a forma- Strategies Specialist Group) no âmbito da ção de uma rede de parcerias institucionais Comissão Mundial de Áreas Protegidas da e multissetoriais, de longo prazo, para o pla- UICN (União Internacional para a Conserva- nejamento e estratégias apropriadas para a ção da Natureza). Esse grupo de especia- integração entre a infraestrutura urbana e a listas desenvolve conceitos e guias sobre o infraestrutura verde formada pelos ambien- tema, e divulga boas práticas para o manejo tes naturais do território municipal e seus das unidades de conservação no contexto serviços ambientais. urbano (TRZYNA, 2017). As unidades de conservação municipais Luiz Paulo Pinto e outras áreas que compõe a infraestrutura verde em centros urbanos, devem e podem Sócio da Ambiental 44 Informação e Proje- contribuir também para a implementação do tos em Biodiversidade Ltda. Objetivo de Desenvolvimento Sustentável E-mail: [email protected] nº 11 da Agenda 2030 das Nações Unidas (ODS 11 – “Tornar as cidades e os assen- Deborah Costa Pinto tamentos humanos inclusivos, seguros, re- silientes e sustentáveis”) e para a base de Graduanda em Ciências Biológicas com ên- sustentação do futuro das cidades como fase em Ecologia, no Instituto de Ciências preconiza a “Nova Agenda Urbana”, docu- Biológicas da Universidade Federal de Mi- mento que vai orientar a urbanização sus- nas Gerais. tentável pelos próximos 20 anos. A nova agenda foi estabelecida na Terceira Confe- Maria Auxiliadora Drumond rência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Ha- Professora do Laboratório de Sistemas So- bitat III), realizada em Quito, no Equador, cioecológicos do Instituto de Ciências Bio- em 2016 (UNITED NATIONS, 2017). lógicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse sentido, os desa os para um estado da dimensão de Minas Gerais são grandes. O estado possui extensa malha municipal, grande pressão pelo uso de re- cursos naturais e expansão urbana, e muitas

94MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 201993 Referências Diversity. Panorama da biodiversidade nas cidades. Agradecimentos Montreal: Canadá. 2012. 64 p.

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94 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 96 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Agradecimentos

Somos gratos ao Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) pelo suporte  nanceiro e apoio para o levantamento das unidades de conservação municipais do Cerrado e à Fundação SOS Mata Atlântica pelas informações das unidades de conservação municipais da Mata Atlântica. Agradecemos o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais pelo apoio na condução dos trabalhos. Nosso agradecimento pelo suporte de vários técnicos e especialistas de ONGs, universidades e das prefeituras dos municípios, que nos auxiliaram com dados e informações sobre as unidades de conservação municipais públicas e privadas.

96MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 201995 9698 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019