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Resoluções do 3O Congresso Partido dos Trabalhadores 2007 190 © Partido dos Trabalhadores 2007 Livro de Resoluções e Moções do 3º Congresso Presidente Ricardo Berzoini Comissão Executiva Nacional Ricardo Berzoini, Marco Aurélio Garcia, Maria do Rosário, Jilmar Tatto, Joaquim Soriano, Paulo Ferreira, Gleber Naime, Romênio Pereira, Valter Pomar, Marinete Merss, Iriny Lopes, Renato Simões, Neila Batista, Martvs das Chagas, Humberto Costa, Valdemir Garreta, João Batista, Raquel Marques, Rosângela Rigo, Luiz Sérgio e Ideli Salvatti. Coordenação Nacional do 3º Congresso Francisco Campos, Gleber Naime, Joaquim Soriano, Romênio Pereira e Valter Pomar. Edição e revisão: João Paulo Soares, Geraldo Magela Ferreira, Paulo Cangussu André e Cilene Antoniolli Fotografia: Rossana Lana e César Ogata Projeto gráfico, diagramação e edição gráfica: Lavoro C&M C749r Congresso Nacional do PT (3. : 2007 : São Paulo, SP) Resoluções do 3° Congresso Partido dos Trabalhadores, 30 de agosto a 2 de setembro de 2007, São Paulo, Brasil. – Porto Alegre : Partido dos Trabalhadores, 2007. 191 p.: il. 1. Política. 2. Partido Político. 3. Partido dos Trabalhadores (PT). 4. Brasil. I. Título. CDU 329.981 Bibliotecária responsável: Laura do Canto Carvalho - CRB10/1215 2 3 Reforma agrária 73 Reforma urbana 77 Em defesa do SUS: essa luta é nossa 78 Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais 82 Conferência Nacional do Mundo do Trabalho 82 Sumário Plebiscito da Vale do Rio Doce 83 Solicitação à Procuradoria Geral da República 83 Apresentação 7 PT - Concepção e Fucionamento 86 Setoriais e os movimentos sociais e populares 90 O Socialismo Petista 8 Juventude 91 Os principais traços do Socialismo 15 Modo petista de governar 92 Socialismo democrático sustentável 16 Formação política 93 Pela superação da opressão de raça, gênero e classe 17 Direções partidárias 96 O Socialismo que queremos construir 22 Diretórios zonais 96 Socialismo e estratégia 24 Conselhos Fiscais e de Ética 97 O Brasil que Queremos 26 Processo de Eleições Diretas 97 O governo Lula 28 Filiações 97 Herança maldita 29 Comunicação 98 Mudança de época 30 Finanças 99 Conquistas do primeiro mandato 30 Fundação Perseu Abramo 100 Movimentos sociais 33 A crise política 103 Política externa 34 PED 2007 105 O segundo mandato 34 Regulamentação para os encontros do PT 106 Tarefas para o periodo 36 Código de Ética 108 Políticas públicas para a juventude 39 Finanças 108 Governabilidade social e federativa 39 Organização partidária dos Setoriais 109 Projeto de desenvolvimento nacional 40 Construção partidária e organização de mulheres 113 Em defesa do governo Lula 42 Juventude 114 Reforma política e Constituinte exclusiva 44 Cultura 121 Um sistema federal de democracia participativa 46 Política internacional do PT 125 Eleições municipais 2008 47 Atuação Sindical Nacional do PT 146 Tática eleitoral para 2008 e 2010 49 Moções 158 Direitos humanos 49 Superação da opressão de raça, gênero e classe 55 Delegações internacionais 167 Comunicação 58 Cultura 61 Discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva 172 Educação 64 4 5 ealizado em São Paulo entre os dias 31 de agosto e 2 de Rsetembro de 2007, o 3º Congresso Nacional do PT reuniu 927 delegados de todo o país e traçou as diretrizes do partido para o período que se iniciou após a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foram três dias de intensos debates, que resultaram na aprova- ção de resoluções relativas aos temas centrais do Congresso – O Socialismo Petista; O Brasil que Queremos; e PT: Concepção e Funcionamento – agora reunidas nesta publicação. Além das resoluções, o livro traz as moções aprovadas, o re- gistro das delegações estrangeiras presentes e a íntegra do discurso do presidente Lula, que falou sobre nosso projeto de transformação social e fez uma veemente defesa do PT, conclamando a militância a ser firme nos momentos difíceis e a enfrentar as adversidades de cabeça erguida. “Para nós, a luta sempre continua!”, resumiu Lula na ocasião. Certamente que sim. E ao sair do 3º Congresso reafirmando a força de suas idéias e de suas origens, o PT mostrou o quanto está unido e preparado para enfrentar as muitas batalhas que ainda virão. Ricardo Berzoini Presidente Nacional do PT 6 7 8 9 pitalismo selvagem que atacou duramente as conquistas sociais que os traba- lhadores haviam anteriormente obtido naqueles países. Por outra parte, as experiências social-democratas européias, desenvolvidas em um período de forte expansão capitalista, abandonavam pouco a pouco o ideário reformista anterior e iniciavam o desmonte do Estado de Bem-Estar Social construído no pós Segunda Guerra Mundial. A crise dessas alternativas socialistas foi acompanhada do renascimento PT se formou em fins dos anos setenta e começo dos do liberalismo econômico. O prefixo “neo” que se acoplou a esse liberalismo Oanos oitenta como resultado da luta dos trabalhadores requentado, não escondia o caráter conservador e regressivo de suas propos- das cidades e do campo por melhores condições de trabalho e de vida, e pelas tas. O neoliberalismo pregava a desregulamentação de toda a atividade eco- liberdades de expressão e de organização. No seu enfrentamento com a dita- nômica, fazendo do mercado seu elemento central, acompanhado da defesa dura militar e com as duras condições de exploração, os trabalhadores tiveram de um “Estado mínimo”. O conceito de globalização servia para negar o Esta- nesse projeto, desde o início, a solidariedade e participação de amplos setores do nacional. Em nome de um individualismo radical, que substituía o cidadão da intelectualidade, de profissionais liberais, de defensores dos Direitos Hu- pelo consumidor, negava-se a luta de classes e estigmatizava-se qualquer con- manos, de inúmeras comunidades religiosas de base, vastos segmentos da flito social. A partir daí decretava-se o “fim da história”, que se transformava juventude, sobretudo dos estudantes, além de integrantes de novos movi- em um eterno presente. Suprimia-se qualquer alternativa ao capitalismo. Mais mentos sociais que organizavam mulheres, ambientalistas, negros, homosse- que isso, atingia-se duramente à própria democracia. Negando-se a soberania xuais e tantos outros grupos discriminados na sociedade brasileira. Destacado nacional, tornava-se irrelevante a soberania popular. papel coube igualmente a militantes das organizações de esquerda que havi- Ao se impor uma situação adversa, após a queda do Muro de Berlim, a am combatido a ditadura. humanidade passou a viver sob o domínio de uma única potência hegemônica A luta do PT contra a ditadura, pela democratização da sociedade brasileira – os Estados Unidos. A nova ordem internacional, sob a influência do Con- esteve na origem de nossas convicções anticapitalistas na medida em que a de- senso de Washington promoveu reformas constitucionais nos países perifé- mocracia é incompatível com a injustiça e a exclusão social, com a fome, a violên- ricos que possibilitaram a privatização de vários setores estratégicos das eco- cia, a guerra e a destruição da natureza. Como já afirmamos em nossa história: nomias desses países. “esse compromisso de raiz com a democracia nos fez igualmente anticapitalistas Nos países da periferia do capitalismo – especialmente nos da América assim como a opção anticapitalista qualificou de modo inequívoco a nossa luta Latina – os efeitos dessas teses foram devastadores. As idéias do chamado democrática”. De outro lado e coerentemente, esse compromisso com a demo- “Consenso de Washington”, que codificavam os princípios neo-liberais para cracia se traduziu em nossa organização interna o que contribuiu para que o PT se a região, traduziam a hegemonia do capital financeiro e imperialista sobre tornasse uma experiência inovadora e um patrimônio da cultura política brasileira. as atividades produtivas. O neoliberalismoismo buscava uma saída para a A construção do Partido dos Trabalhadores, já nos anos oitenta, deu-se crise fiscal dos Estados latino-americanos, que tinha como inquietantes ex- em um quadro internacional de crise das alternativas socialistas existentes. A pressões os surtos inflacionários e o endividamento externo. Os fortes ajus- partir da Polônia iniciava-se um movimento de contestação do socialismo bu- tes aplicados em nossos países não atingiram sequer seu objetivo principal: rocrático, que se estenderia a todos os países da Europa do Leste, atingindo resolver os fortes desequilíbrios macroeconômicos que nos afetavam. Além mais tarde a própria União Soviética. As chamadas “revoluções de veludo” no de agravar a situação macroeconômica, essas políticas, que tiveram no FMI leste europeu e a posterior dissolução da URSS não propiciaram uma renova- um instrumento importante, contribuíram para a desindustrialização e a ção democrática do socialismo, serviram de base para instauração de um ca- contra-reforma agrária, aumentando a pobreza e a exclusão social. 10 O socialismo petista 11 Os efeitos do neoliberalismo no Brasil foram tardios. Na maioria dos paí- cráticas e de defesa de nossa soberania são um importante passo para a acu- ses da região eles se fizeram sentir a partir dos anos oitenta. Em nosso país, mulação de forças que vai permitir construir não só um Brasil socialmente graças à resistência dos trabalhadores, de vastos setores das classes médias e, justo, mas também independente e democrático. A firme posição do País, e inclusive, de segmentos empresariais, a aplicação de políticas neo-liberais foi das nações que constituem o G-20 na Organização Mundial do Comércio, diferida de praticamente uma década.