A Geleia Geral De Torquato Neto Quarenta E Cinco Anos Após a Morte Do Multiartista Tropicalista, Sua Obra É Celebrada Em Livro, Disco E Eventos Literários
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SETEMBRO 2017 74 www.candido.bpp.pr.gov.br CANDIDOJORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ ÍNDIO SAN A geleia geral de Torquato Neto Quarenta e cinco anos após a morte do multiartista tropicalista, sua obra é celebrada em livro, disco e eventos literários Dois contos | Edyr Augusto • Reportagem | José de Alencar • Poema | Francisco Alvim 2 CÂNDIDO | JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ EDITORIAL Arquivo de família EXPEDIENTE CANDIDO Cândido é uma publicação mensal da Biblioteca Pública do Paraná Governador do Estado do Paraná: Beto Richa Secretário de Estado da Cultura: João Luiz Fiani Diretor da Biblioteca Pública do Paraná: Rogério Pereira Presidente da Associação dos Amigos da BPP: Marta Sienna Coordenação Editorial: Rogério Pereira e Luiz Rebinski Redação: Marcio Renato dos Santos e Omar Godoy Estagiários: João Lucas Dusi e Luis Izalberti Coordenação de Desenho Gráfico | CDG | SEEC: Rita Solieri Brandt | coordenação Raquel Dzierva | diagramação omo Buda, Confúcio, Sócrates George Mendes, primo de Tor- que dialogam com o passado brasileiro, ou Jesus, Torquato não deixou quato e administrador de seu acervo, ela falou, entre outros assuntos, sobre o “Clivros.” A constatação de Pau- prepara um disco com material inédito processo de criação de Boca do inferno, Colaboradores desta edição: lo Leminski (1944-1989), feita nos anos do autor. A pesquisa e catalogação nos título que inaugura, em sua produção, Allan Sieber, Ana Maria Machado, Denis Mariano, Edyr Augusto, Francisco 1970, sobre a obra dispersa do poeta arquivos, feita por Mendes, trouxe à tona uma sequência de romances históricos. Alvim, Higor Oratz, Índio San, Mhel Adonis, Pedro Carrano e Toninho Vaz. piauiense Torquato Neto (1944-1972) diversos textos até então desconhecidos, José de Alencar, outro autor nas- soa ainda mais intrigante hoje, passados o que triplicou o número de composi- cido no Ceará, ganha destaque na am- Redação: 45 anos da morte do compositor tropi- ções feitas pelo poeta. “Os textos estavam pla reportagem assinada pelo jornalis- calista. Isso porque a admiração pela fi- bem organizados, alguns com data e até ta e escritor Marcio Renato dos Santos, [email protected] | (41) 3221-4974 gura multifacetada de Torquato se man- a indicação de quem ele gostaria que in- que conta como o pesquisador Wilton Cândido na internet: tém e é celebrada em 2017 com uma terpretasse a composição”, diz Mendes. José Marques localizou oito textos do candido.bpp.pr.gov.br série de inciativas: da publicação de uma Ele e o filho único de Torquato Neto, autor que estavam perdidos no acer- jornalcandido coletânea de poemas a eventos literários. Thiago Nunes, participam da mesa que vo do jornal Correio Mercantil (1848- Nesta edição do Cândido, Toni- abre a 12ª Balada Literária, evento pau- 1868). Inédito em livro, o material foi nho Vaz, biógrafo do poeta, escreve so- listano capitaneado pelo escritor Marce- editado em Ao correr da pena (folhetins bre o percurso intelectual do artista, que lino Freire e que este ano homenageia o inéditos), obra recém-publicada. deixou sua autêntica marca em várias autor de “Soy loco por ti, América”. Entre os inéditos da edição, o Cân- BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ Rua Cândido Lopes, 133. CEP: 80020-901 | Curitiba | PR. frentes da cultura brasileira — do jor- A edição 74 do Cândido ainda dido publica contos de Edyr Augusto, Ana Horário de funcionamento: nalismo à MPB, passando também pelo traz outros conteúdos instigantes, como Maria Machado e Pedro Carrano, além de Segunda a sexta, das 8h30 às 20h. Sábados, das 8h30 às 13h. cinema e, claro, pela literatura. “Torqua- a transcrição do bate-papo com a escri- um poema de Francisco Alvim. A seção to militou na poesia radical, autêntica, tora Ana Miranda, que participou da Cliques em Curitiba mostra o trabalho do Todos os textos são de responsabilidade exclusiva com um cotidiano punk, urbano, sem edição de julho do projeto Um Escri- músico e fotógrafo Denis Mariano. do autor e não expressam a opinião do jornal. disfarces”, destaca Vaz. tor na Biblioteca. Autora de romances Boa leitura. 3 JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ | CÂNDIDO CÂNDIDO indica Satã em Gorai Misto-quente Isaac Bashevis Singer, Editora Perspectiva, 1975 Charles Bukowski, L&PM, 2005 Após Gorai ser desvatada por um ataque brutal de rebeldes guer- Conhecido do grande público por seus porres homéricos, brigas reiros camponeses, os haidamaks, seus cidadãos se dissiparam. Anos e envolvimento com mulheres, o personagem Henry Chinaski depois, quando os poucos remanescentes retornam ao vilarejo, o — alter ego de Charles Bukowski (1920-1994) — é apresentado clima de desolação passa a influenciar suas vidas. Assolados pela em Misto-quente de outra maneira. Neste romance autobiográ- miséria, boatos extraordinários sobre um certo Messias chegam a fico, o leitor acompanha os primeiros passos de Chinaski rumo Gorai como uma promessa de salvação, mas coisas estranhas acon- à vida adulta: o primeiro contato com a bebida, a rejeição na es- tecem. Antes uma pacata e regrada comunidade judaica, Gorai se cola, a turbulenta relação com o pai opressor e, principalmente, torna um antro de pecados. Escrito originalmente em ídiche, o Prê- o despertar para a escrita. Atualmente, é possível encontrar no mio Nobel Isaac Bashevis Singer cria uma história aterrorizante, Brasil livros de todos os gêneros pelos quais Bukowski transi- envolvendo demônios, situações brutais e falsas esperanças. tou (poesia, conto e romance). Misto-Quente é uma das possíveis portas de entrada para o peculiar universo de Charles Bukowski. Homem invisível Ralph Ellison, José Olympio, 2013 No início do século XX, após ser expulso de uma universidade Apoetamentos para negros situada no sul dos Estados Unidos, o narrador-pro- Rodney Caetano, Mondrongo, 2017. tagonista deste romance parte para Nova York. Desiludido, ao O professor e jornalista paranaense Rodney Caetano estreia na ver um casal de negros idosos ser despejado de sua residência, poesia com Apoetamentos, obra que reúne dezenas de poemas, faz um discurso acalorado e, por sua habilidade retórica, é con- todos com epígrafes. No texto de apresentação, Affonso Ro- vidado a fazer parte de um grupo que trabalha “por um mundo mano de Sant’Anna destaca que o fato de Caetano ser leitor melhor para todo o povo”. Aos poucos, porém, percebe que os de poesia é algo “original”. “Ao contrário do que ocorre na po- problemas da sociedade não se resumem a brancos racistas, e esia brasileira, ele vai de um lado a outro, sem constrangimen- que a hipocrisia e a mentira independem da cor de pele. Nessa to. […] Ele se sente à vontade, com tremenda liberdade. É com empreitada existencialista, à la Memórias do subsolo, de Dostoie- essa liberdade que se põe a poetar, dono de seu nariz, livre.” Em vski, o norte-americano Ralph Ellison explora a condição hu- “Epigrama”, Caetano escreve: “Sol vento/ chuva frio/ Curitiba mana sem deixar que ideologias baratas mascarem a realidade. é assim/ nem festa/ nem fastio.” Um Escritor naDivulgação Biblioteca Oficina de contosDivulgação com Nelson de Oliveira Em setembro, o jornalista e biógrafo Lira Nos dias 19, 20 e 21 de setembro, a Biblioteca Pú- Neto é o convidado do projeto Um Escritor blica do Paraná promoveu uma oficina de Contos na Biblioteca. O encontro acontece no dia 12, com o escritor Nelson de Oliveira. As inscrições, às 19h30, no auditório da Biblioteca Pública gratuitas, foram realizadas até 3 de setembro por do Paraná. A entrada é gratuita. Lira Neto meio de um fomulário no site da BPP (www.bpp. nasceu em Fortaleza (CE), em 1963. Em pr.gov.br). Nelson de Oliveira nasceu em Guaíra 2007, ganhou o prêmio Jabuti na categoria (SP), em 1966, e desde 1985 vive em São Paulo melhor biografia, por O inimigo do rei: Uma (SP). É autor dos romances Subsolo infinito (2000), biografia de José de Alencar. Também é autor A maldição do macho (2002) e O oitavo dia da sema- de Maysa: Só numa multidão de amores (2007). na (2005), entre outros títulos. Doutor em Letras Em sua produção, também se destacam os pela Universidade de São Paulo (USP), organizou três volumes da biografia de Getúlio Vargas, as antologias Geração 90 — Contos de computador lançados entre 2012 e 2014. Seu mais recente (2001) e Geração 90 — Os transgressores (2003), tí- trabalho é Uma história do samba (2017). tulos que promoveram autores contemporâneos. 4 CÂNDIDO | JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ Fotos Higor Oratz Ana Miranda 5 JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ | CÂNDIDO costumada a peregrinar pelo Brasil (e pelo mundo), a romancista Ana Miranda voltou para casa. Ela, que já morou em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo, hoje vive em Fortaleza, de onde saiu quando tinha quatro anos. Mais Ado que uma nota biográfica, esse retorno à terra natal representa uma nova etapa na carreira literária da autora. “Há muito tempo queria escrever alguma coisa sobre minha terra, mas eu não a conhecia, então como é que poderia escrever?”, disse Miranda na edição de julho do projeto Um Escritor na Biblioteca, que contou com a mediação do escritor Miguel Sanches Neto. A autora cearense estreou em 1978, com a coletânea de poemas Anjos e demônios, mas seu nome está associado ao romance. O primeiro que escreveu, Boca do inferno (1989), logo virou best-seller e até hoje é sua obra mais conhecida. Ambientada na Bahia do século XVII, a história traz para o primeiro plano duas figuras marcantes da cultura brasileira: o poeta Gregório de Matos (1636-1696) e o jesuíta Antonio Vieira (1608-1697). O livro também ganhou o mundo, sendo traduzido na Suécia, Dinamarca, Holanda, Argentina, Itália, Estados Unidos, Espanha e Inglaterra. Durante o encontro na Biblioteca, Ana Miranda relembrou como construiu, de maneira intuitiva, a narrativa histórica sobre o poeta baiano que deu início a uma sequência de romances elaborados a partir de episódios marcantes do passado brasileiro, a exemplo dos livros O retrato do rei (sobre a Guerra dos Emboabas) e Desmundo (ambientado no Brasil Colonial), este último adaptado com sucesso para o cinema.