Andrelândia No Cenário Turístico Da Estrada Real No Sudeste Do Brasil
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ANDRELÂNDIA NO CENÁRIO TURÍSTICO DA ESTRADA REAL NO SUDESTE DO BRASIL. Bárbara Suellen Andrade [email protected] PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO - CENTRO TECNOLÓGICO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Alina Gonçalves Santiago [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Andrelândia no cenário turístico da Estrada Real no sudeste do Brasil. RESUMO: Andrelândia, município localizado no sul do estado de Minas Gerais, como muitas outras cidades mineiras da região, guarda em sua paisagem características de outras épocas, entre elas, a principal, a era do ouro no Brasil, na qual o município era caminho de passagem dos exploradores, e como não dispunha do ouro para exploração, os bandeirantes ali ficaram para a produção de alimentos e gado para atender ao grande crescimento demográfico da região. Em função de sua localização geográfica, e de ter sido o caminho do escoamento do ouro da colônia para sua metrópole, compõe, mesmo que às margens, o cenário da Estrada Real, circuito turístico que traça exatamente as estradas e cidades que os bandeirantes e escravos passavam para escoar a produção do ouro. Porém, para fazer parte do cenário turístico, a cidade precisa incorporar diversos empreendimentos, bem como preparar os moradores para a mudança de atividade, e compartilhar as melhorias que a cidade possa ter com cada cidadão. PALAVRAS- CHAVE: Turismo Rural, Estrada Real, Turismo, Andrelândia. 1. INTRODUÇÃO Andrelândia, cidade localizada na região sul do estado de Minas Gerais, inserida no circuito turístico Montanhas Mágicas, conta com 12310 habitantes (de acordo com o Censo Demográfico do ano 2007) e possui o desejo de se tornar parte do cenário turístico sul - mineiro. Destacam-se as belezas naturais, o centro histórico preservado, o sítio arqueológico, bem como faz parte do berço da criação do Cavalo da raça Mangalarga Marchador. Esses animais são criados desde a época do império, em fazendas que ainda mantém as construções coloniais. Possuindo esse cenário, passa a atrair os olhos dos turistas que buscam na ruralidade uma forma de lazer e descanso. 2. CONTEXTO REGIONAL Andrelândia encontra-se na Zona Geográfica Sul do estado de Minas Gerais, sob as coordenadas 21°44’20’’ de latitude Sul e 44°18’45’’ de longitude Oeste. A área do município é de 1005Km² e a sede se encontra a uma altitude de 905 metros acima do nível do mar. Esta distante cerca de 280Km de Belo Horizonte via Madre de Deus de Minas, de 150Km de Juiz de Fora, de 148Km de Barbacena, de 122Km de São João Del Rei e de 100Km de Caxambu. As principais cidades que polarizam a região são: Volta Redonda e Barra Mansa, localizadas no estado do Rio de Janeiro, São José dos Campos localizada no Vale do Paraíba no estado de São Paulo, e algumas cidades de menor porte dentro de Minas Gerais que são Juiz de Fora localizada na Zona da Mata mineira, Caxambu e São Lourenço, no Circuito das Águas, e São João Del Rei, localizada no Circuito das cidades históricas. Existem duas rodovias asfaltadas que atendem a saída da cidade para outras regiões, são elas: a MG-494, que faz a ligação da cidade com os municípios de Arantina e que se encontra com a MG- 267 (próximo ao trevo da entrada da cidade de Bom Jardim de Minas), estrada que liga Caxambu à Juiz de Fora, e que ao percorrer esse trajeto encontramos cidades como Baependi, Seritinga, Serranos, Liberdade, Bom jardim de Minas, Lima Duarte. Esse percurso, partindo de Andrelândia pela MG-494 em direção a MG-267, permite que se chegue à cidade de Juiz de Fora, Belo Horizonte, Petrópolis e Rio de Janeiro, uma vez que a MG-267 liga-se com a BR-040, que liga as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro com a de Belo Horizonte. A outra rodovia que parte de Andrelândia é a MG-393, que liga o município à São Vicente de Minas, Mindurí, Cruzília e que vem a se encontrar com a MG-297 próximo ao município de Caxambú. De Caxambu partem diversas rodovias de grande importância, como a BR-354 que vai fazer a ligação do sul de Minas Gerais com o estado de São Paulo e a MG-347 que vai fazer a ligação com São Lourenço e depois com a rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte. A ligação da cidade com a Zona Rural é feita por inúmeras estradas de terra que partem das principais rodovias, bem como de ruas da área urbana. Assim como a ligação entre alguns municípios ainda se dá por estrada de terra, como é o caso da estrada que liga Andrelândia à Santana do Garambéu. 3. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO Em princípios do Século XVIII, desbravadores bandeiristas partem de sua terra natal, São Paulo, para o interior na busca de um metal precioso e de grande valor para a sociedade da época: o Ouro. Tiveram sucesso em muitas de suas prospecções, porém causaram diversas conseqüências nas regiões das minas, não somente fundaram cidades que tinham o metal precioso na composição do seu solo, como também, fundaram cidades que compunham o caminho que o metal fazia para chegar do interior do território então português para os portos do litoral, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, para o escoamento do metal para metrópole. Para o Brasil vieram pessoas de todos os tipos, de todas as classes, como narra um padre jesuíta que viveu na época e também no trecho do historiador Eschurege, tirado do livro O Ouro em Minas: “... a cada ano vêm novas frotas, quantidades de portugueses e de estrangeiros, para passarem às Minas. Das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios, do que os paulistas se servem. A mistura é de toda condição de pessoas: homens e mulheres, moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculares e clérigos, e religiosos de diversos institutos, muitos dos quais não têm no Brasil convento nem casa...” (Padre jesuíta Antonil).(BARRETO e NETO, 2003: 43) “...Pode-se afirmar que, a não ser no Brasil, as descobertas mineiras nunca deram causa a tão grandes e impetuosos movimentos entre homens de todas as classes. A agitação geral tornou-se tão grande em Portugal que, muitas vezes, os navios eram insuficientes para o transporte da multidão aurissedenta em demanda das possessões de além-mar...” (Eschurege) (BARRETO e NETO, 2003: 43) Com isso, a população que se dirigiu à área que continha o ouro não necessariamente consegue seu espaço nas cidades em que a exploração era grande. Dirigem-se então para localidades próximas para poder atender àqueles que passavam com o ouro pelo caminho. Estes se fixaram na terra, realizando atividades ligadas a agricultura e a pecuária. As terras eram passadas através de doações das chamadas sesmarias, concedidas pelo Governo da Capitania das Minas. A descoberta de ouro nas regiões de Aiuruoca e São João Del Rei foi de fundamental importância para o início do povoamento da região e do surgimento do Arraial do Turvo. Por volta de 1740 é grande o fluxo de pessoas que passam a ocupar terras devolutas da região, que posteriormente buscam a legalização dessas terras através da concessão das cartas de sesmarias pelo então governador da capitania. De acordo com documentos, a partir da segunda metade do Século XVIII, o homem já se encontra fixado às terras da região trabalhando com a criação do gado vacum. Era bastante marcada a presença de escravos africanos nas fazendas que se instalavam no turvo, uma vez que era a mão-de-obra que a colônia passou a utilizar com o apogeu econômico e produtivo que atingiu. Nessa época, somente o escravo era a classe trabalhadora no Brasil, nenhum português cuidava dos serviços comuns, ficava a cargo dos escravos manterem a produção agrícola, acompanhar as mulheres da família, cozinhar, lavar as roupas, limpar a casa, carregar excrementos, construir os aposentos da família, entre outros. Em 1755, Bento Ribeiro Salgado, sendo condecorado com terras através das cartas de sesmarias, permitiu que fosse celebrada a primeira missa na Capela de Nossa Senhora do Porto. Essa missa, de caráter extremamente religioso, mostrava os primórdios da ocupação das terras atualmente andrelandenses, “nascia, às margens do Rio Turvo, um pequeno povoado que mais tarde veio a chamar-se Andrelândia.” (MIRANDA, 1974: 05) Em Minas Gerais, no século XVIII, três eram as formas de surgir povoados: primeiro em virtude da existência do ouro, depois ao longo dos antigos caminhos entre os araiais, nascidos das paradas realizadas pelos tropeiros para descanso, e por fim, pela construção de capelas locais, onde já existia a concentração humana e que posteriormente formou núcleos urbanos. Era de costume dos desbravadores percorrerem seus caminhos carregando imagens de santos para que os mesmos protegessem seus passos. Assim que chegavam às localidades que iam se instalar a primeira providência que tomavam era a construção de uma capela para a irmandade que protegeu todo o contingente no caminho percorrido. Assim que a capela estava edificada, com o passar do tempo iam surgindo diversas casas nas suas proximidades. E posteriormente surgiam vendas, armarinhos, locais de pouso, formando um núcleo urbano eficiente. Em 1749, a região do Turvo já se encontrava densamente povoada, ocupada por fazendeiros que já obtinham sua renda de sua produtividade, surge a idéia de se construir uma capela. Uma vez que para se receber o sacramento os habitantes da região tinham que percorrer grandes distâncias, por caminhos tortuosos até a capela mais próxima. “É de se imaginar o quanto era difícil vencer tal distância naqueles tempos, ora carregando nos braços um recém-nascido a ser batizado; ora carregando na padiola um cadáver a ser encomendado e condignamente sepultado.” (MIRANDA, 1974: 07) A construção da capela teve como intermediador gerador do pedido de autorização para sua construção foi feito por André da Silveira que tendo em mãos o documento favorável para escolher a irmandade que tal capela iria abrigar, tratou de providenciar o espaço para tal edificação.