O Palácio Itamaraty Em Brasília 1959-70. Versão
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LEANDRO LEÃO ALVES Arte, Arquitetura e Estado: o Palácio Itamaraty em Brasília 1959-70. Versão original Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de “Mestre em Ciências” no Programa: Arquitetura e Urbanismo Área de Concentração: História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo Orientadora: Profa. Dra. Ana Lucia Duarte Lanna São Paulo 2019 1 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome: ALVES, Leandro Leão Título: Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. ______________________________________________ Instituição: ______________________________________________ Julgamento: ______________________________________________ Prof. Dr. ______________________________________________ Instituição: ______________________________________________ Julgamento: ______________________________________________ Prof.Dr. ______________________________________________ Instituição: ______________________________________________ Julgamento: ______________________________________________ 2 AGRADECIMENTOS À Fapesp, pela bolsa que viabilizou o elaboração desta dissertação À Profa. Dra. Ana Lanna, pela orientação precisa, paciente e transformadora; pelo privilégio que é compartilhar desde a graduação. Ao grupo de orientandos: Amália, Cadu, Thales, Pedro, Otávio, Gabriela e Natália. Aos Profs. Drs. José Lira, Maria Cecília França Lourenço, Ana Paula Simioni, Paulo Garcez Marins pelo comentários durante as disciplinas À Profas. Dras. Joana Mello e Sonia Salztein pelas críticas na qualificação Ao Prof. Dr. Bernardo Pericás pela consulta a seu arquivo particular Ao Prof. Dr. Eduardo Rossetti, por me receber em Brasília e pelo diálogo desde o início. Ao Conselheiro Heitor Grafenei, pelos material cedido e pelas indicações preciosas no Itamaraty À Profa. Dra. Fernanda Fernandes pela disponibilidade e pelos apontamentos durante o estágio docência. Ao Prof. Dr. Agnaldo Farias, pela generosidade durante a pesquisa na graduação, semeste deste trabalho. Aos amigos Vitor Próspero e Fabiana Paiva, pela companhia e diálogo nessa jornada. Ao Trajano Pontes pelo cuidado com a revisão de texto primorosa, pelo auxílio na sistematização das fontes primárias, pelo apoio em tudo. Aos meus pais e irmão, pelo apoio e por compreenderem minhas ausências. 3 RESUMO O Palácio Itamaraty, projeto de Oscar Niemeyer inaugurado em 1970 em Brasília, se mostra como um dos lugares mais potentes da problematização das relações entre a arte e a arquitetura modernas brasileiras, a chamada síntese das artes. Nele há ao mesmo tempo um conjunto diverso de obras de arte integradas à arquitetura, em número, em qualidade e em multiplicidade de suportes. Concebidas em um intervalo de anos praticamente idêntico, provêm de artistas de diferentes gerações e relacionados a grupos distintos tais como, por exemplo: Mary Vieira, Franz Weissmann, Roberto Burle Marx, Alfredo Volpi, Athos Bulcão e Sérgio Camargo. A síntese das artes será uma das características da arquitetura moderna brasileira, como elemento de projeto – materializado em painéis, murais e esculturas –, mas também como forma de legitimação da arquitetura nacional, em um campo ampliado até mesmo internacionalmente. Na historiografia da arte e da arquitetura, predomina a ideia de integração das artes a partir de uma raiz supostamente homogênea, não apenas estética, discursiva e poética, mas como parte de um circuito de profissionais envolvidos bastante limitado. É em contraposição a essa pretendida síntese das artes ancorada em uma raiz homogênea que surge o objeto desta pesquisa, o Palácio Itamaraty. Nele há presença de agentes externos às esferas da arte e da arquitetura, destacadamente o diplomata Wladimir Murtinho, cuja atuação é protagonista das definições do Palácio Itamaraty. Assim, esse edifício nos aponta como um momento de clivagem para as práticas da síntese das artes no Brasil, que teve o Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro como modelo e também fonte recorrente de estudos da historiografia canônica. O Itamaraty indica, além disso, a emergência das questões curatoriais e museológicas, colocando o objeto em questão no vértice das questões historiográficas. Palavras-chaves: Palácio Itamaraty; Brasília; Arquitetura moderna brasileira 4 ABSTRACT The construction of Brasília raises important questions about the very foundation of Brazil’s modern identity, especially in the fields of art and architecture. The relation between these two, the “synthesis of the arts”, is one of the key aspects of Brazilian modern architecture, as it served to legitimate the country’s architecture within its borders and abroad. According to Brazilian canon historiography, based on the aesthetic and narrative perspectives and the small number of artists/architects involved, the integration of the arts would have emerged from a supposedly homogeneous movement. This research focuses on one of the new national capital’s buildings, the Itamaraty Palace, headquarters of the Ministry of External Relations, to try to challenge this almost undisputed view of homogeneity. Actually, the building, with its gardens and integrated art, seems to represent a unique ensemble: its almost 20 works of integrated art were commissioned practically within the same period (1965-1969) from artists of different generations and different artistic groups. From this peculiar object, this research will debate the synthesis – syntheses? – of the arts in the country and challenge the dominant view of one single movement of modern art and architecture in Brazil. Key-words: Itamaraty Palace; Brasilia; Brazilian modern architecture 5 SUMÁRIO Introdução 07 SÍNTESE, RUÍDO E CLIVAGEM Primeiro capítulo 13 DA GUANABARA À NOVA CAPITAL: 1942-1970. Segundo capítulo 52 A CONSTRUÇÃO DE UM PALÁCIO-MUSEU: 1959 A 1970 Terceiro Capítulo 105 RIO-SÃO PAULO + BRASÍLIA BIBLIOGRAFIA 146 APÊNDICES E ANEXOS 157 6 0. INTRODUÇÃO: SÍNTESE, RUÍDO E CLIVAGEM A construção de Brasília propõe questões de formações da identidade nacional moderna brasileira, sobretudo nas áreas da arte e da arquitetura. Esta pesquisa surge a partir de uma perspectiva ampliada da formulação da nova capital: além da sua implantação urbana e edificada, também considera o projeto de nação então pretendido. A relação entre arte e arquitetura, a chamada síntese das artes1, é uma das características definidoras da arquitetura moderna brasileira. Essa prática – materializada em painéis, murais e esculturas – está presente em diversos edifícios da cidade-capital, e revela-se como uma forma de legitimação da arquitetura nacional, tanto internamente quanto internacionalmente. Na historiografia da arte e da arquitetura brasileiras, prevalece a tese de que a integração entre os dois campos teria ocorrido a partir de uma raiz supostamente homogênea, não apenas dos pontos de vista da estética, da narrativa e da poética, mas também pela ideia de que a integração teria ocorrido a partir de e dentro de um circuito de profissionais bastante limitado. É em contraposição a esse pensamento vigente – é dizer, essa síntese das artes pretensamente ancorada em uma raiz homogênea – que surge o objeto desta 1 Nesta pesquisa será utilizado o termo “síntese das artes”, visto que a expressão “integração das artes”, usada por Lucio Costa, imprime uma ideia de soberania da arquitetura sobre as artes plásticas. Sobre essa análise, ver: CAMPOS, 2001, p. 67. Usa-se, no entanto, o termo “arte integrada” de forma a caracterizar obras que estão inseridas em edifícios. Essa discussão será analisada no Capítulo 3. 7 pesquisa: o Palácio Itamaraty2, em Brasília, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1970. Defende-se que as obras de integração arquitetônica na atual sede do Ministério das Relações Exteriores representam, em realidade, um conjunto interessante e singular. Isso porque elas foram concebidas em um intervalo de anos praticamente idêntico (1965-1970) e provêm de artistas de diferentes gerações e vinculados a diversos grupos/correntes artísticas, ao contrário do que se observou em outros edifícios brasileiros construídos na época, os quais até hoje lograram sustentar a visão supostamente hegemônica. Nesse sentido, contribuíram com obras de integração do Itamaraty os seguintes artistas: Bruno Giorgi, Mary Vieira, Franz Weissmann, Pedro Correia de Araújo, Roberto Burle Marx, Alfredo Volpi, Rubem Valentim, Emanuel Araújo, Victor Brecheret, Alfredo Ceschiatti, Athos Bulcão, Sérgio Camargo, Maria Martins e Paulo Werneck e Lasar Segall. Será a partir desse objeto, as obras de integração arquitetônica do Itamaraty, que esta dissertação debaterá a relação entre a arte e a arquitetura, em suas relações espaciais e seus circuitos profissionais. O Itamaraty, aqui, pode ser entendido com um ruído na interpretação dominante da historiografia da 2 O Palácio Itamaraty e seus Anexos, incluindo seus jardins e suas obras de arte e bens integrados, foi declarado patrimônio federal em 2016 pelo IPHAN, no Processo nº 1550 –T-07. O processo efetua o tombamento individual de 25 obras de Oscar Niemeyer em Brasília, como o Palácio da Alvorada, o Planalto, o Congresso Nacional e o Teatro Nacional. Em 2007, uma série de obras de autoria de Oscar Niemeyer já haviam sido tombadas provisoriamente pelo IPHAN através do Processo nº. 1550-T-07. 8 arquitetura, assim como Carlos Martins (1987) qualifica a assincronia da Semana de 22. A aproximação deste objeto se dá a partir