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RUY Castro UM brasilEiro chamado Garrincha LISBOA TINTA ‑DA ‑CHINA MMXVIII Para Heloisa Seixas © 2018, Ruy Castro e Edições tinta ‑da ‑china, Lda. Rua Francisco Ferrer, 6 A 1500 ‑461 Lisboa 21 726 90 28/29 [email protected] www.tintadachina.pt Este livro foi originalmente publicado no Brasil, pela Companhia das Letras, em 1995. Título: Estrela Solitária. Um brasileiro chamado Garrincha Autor: Ruy Castro Revisão: Tinta ‑da ‑china Capa: Tinta‑da ‑china (V. Tavares) a partir de fotografia de Acervo Fotográfico de O Cruzeiro, Estaminas‑Dedoc 1.a edição: Setembro de 2018 isbn: 978 ‑989 ‑671 ‑452‑9 depósito legal: 444632/18 ÍndicE 1865 ‑1933: A flecha Fulniô 11 1964 ‑1965: O joelho agônico 329 1933 ‑1952: Infância em Xangri ‑Lá 29 1966 ‑1967: Acabado 353 1952 ‑1953: Curupira na cidade 49 1968 ‑1969: Sangue no asfalto 375 1953: Os fluidos vitais 69 1970 ‑1971: Guimbas romanas 399 1954 ‑1956: Troféus na cristaleira 89 1972 ‑1974: Uma multidão de amor 419 1956 ‑1957: Garrincha em forma 1975 ‑1977: Elza perde a luta 439 de crisálida 109 1977 ‑1983: Zumbi na Mangueira 455 1958: Chica ‑Bon ao sol 131 Epílogo: A última garrafa 481 1958: O Sputnik fulminado 151 1958: A vitória azul 171 1958 ‑1959: O busca ‑pé Angelita 193 Agradecimentos 489 1959 ‑1961: A máquina de fazer sexo 217 Bibliografia 495 1962: Elza 237 Garrincha: Obra completa 497 1962: Pau Grande revelada 259 Crédito das ilustrações 508 1963: Fogo no coração 285 Índice onomástico 509 1963 ‑1964: A bruxa sobre Garrincha e Elza 309 1 1865 ‑1933: A FLECHA FULNIÔ Não foi preciso nem laçá ‑los — e olhe que estávamos por volta de 1865. Bastou um pouco de mímica prometendo pinga, facas, espelhos. O pe‑ queno grupo de índios saiu de seu esconderijo nas matas da serra da Barriga, em Alagoas, e aproximou ‑se dos brancos que lhes acenavam. Trezentos anos de história do Brasil já lhes tinham ensinado que os bran‑ cos eram velhacos, mentirosos e mais traiçoeiros que as cobras. Mas a certas tentações era impossível resistir. Quando os índios chegaram bem perto, os brancos caíram sobre eles. E, aí, sim, eles foram amarrados uns aos outros e convidados a marchar rumo à civilização, atiçados por relho no lombo. Em tempos mais heroicos, seus captores teriam de persegui ‑los pe‑ las florestas de pau‑brasil, arriscando‑se a ser vergonhosamente driblados. Mas a arte de driblar — de iludir o perseguidor, desmoralizá ‑lo e deixá ‑lo derrotado para trás — parecia ser já uma habilidade perdida pelos bisavós de Garrincha em meados do século xix. Ou eles não se teriam deixado levar com tanta facilidade para as fa‑ zendas e engenhos da região, atados pelo pescoço a outros de seus irmãos fulniôs. Teoricamente, escravizar índios era uma prática démodée no Brasil de 1865. Além disso, proibida — os índios tinham de ser mantidos nos aldea‑ mentos demarcados pelo governo, onde podiam pintar os corpos com urucum ou jenipapo sem assustar ninguém e estrelar romances e poemas lindamente estilizados, como «O guarani», de José de Alencar, e «Os timbi‑ ras», de Gonçalves Dias. Ninguém era inocente para acreditar que a proibi‑ ção de escravizá ‑los fosse fanaticamente respeitada, e muito menos pelos coronéis do Nordeste. Mas uma razão para a vasta preferência dos coloni‑ zadores pelos negros — além dos lucros fáceis produzidos pelo tráfico — AGradEcimEntos | 489 AGRADEcimEntos Muitas pessoas importantes na vida de Garrincha já não estão entre nós. Garrinchinha, seu filho com Elza Soares, morreu no dia 11 de janeiro de 1986, aos nove anos, afogado no rio Imbariê, no quilômetro 137,5 da es ‑ trada Rio ‑Magé — a mesma em que, em 1969, morreu a mãe de Elza. Garrinchinha tinha ido jogar uma pelada em Pau Grande. O carro que o trazia desgovernou ‑se e caiu no rio. O menino ficou preso debaixo do carro. Neném, o filho de Garrincha com Iraci, também morreu num aci‑ dente de automóvel, em Fafe, Portugal, no dia 20 de janeiro de 1992, aos 28 anos. Do Fluminense, Neném fora para o Belenenses de Lisboa e dali para o futebol suíço. Na época de sua morte, passava férias em Portugal. Pincel, grande amigo de Garrincha, morreu em 1984 em Pau Grande. Também em 1984 morreu em Buenos Aires seu ex ‑colega de Botafogo Pau‑ lo Valentim. Já havia perdido tudo que ganhara com o futebol. Outro im‑ portante amigo de Garrincha, Gilbert, morreu em 1993. Os três morreram de decorrências do alcoolismo. Sandro Moreyra morreu em 1987 e João Saldanha em 1990, em plena Copa do Mundo da Itália. O advogado Dirceu Parte da turma: junto às crianças, Garrincha se tornava uma delas Rodrigues Mendes morreu em meados dos anos 70 — seu depoimento te‑ ria sido fundamental para este livro, sabendo ‑se de sua presença polêmica na vida de Garrincha. Angelita Martinez morreu em 1984. Felizmente restaram muitas pessoas que conviveram com Garrincha e que se dispuseram a abrir seus arquivos e memórias para este livro. En‑ tre eles estão advogados, amigos, cantores, dirigentes, empresários, ex‑ ‑jogadores, fotógrafos, jornalistas, médicos, mulheres, namoradas, prepa‑ radores físicos, torcedores e treinadores. Foram 170 entrevistados, num total de mais de quinhentas entrevistas. 490 | EstrELA solitÁria AGradEcimEntos | 491 O leitor reconhecerá os nomes de muitos deles na relação que se segue. Mendes; José Messias; Miéle; Mário de Moraes; Edevaldo de Souza More‑ Todos colaboraram com informações relevantes. A maioria submeteu ‑se no; Álvaro Barros Moreira; Zezé Moreira; Léa Moreyra; Sandra Moreyra; com paciência e carinho a entrevistas minuciosas. A eles, muito obrigado. Claudio Moscoso Morize; Maneco Müller; Neivaldo (Neivaldo Pinto de Por ordem alfabética de sobrenomes, exceto no caso de apelidos ou de Carvalho); Sebastião Nery; Jader Neves; Carlos Niemeyer; nomes pelos quais ficaram mais conhecidos: Nílton Santos; Arnaldo Niskier; Raimundo Nobre de Almeida; Ar‑ mando Nogueira; Djalma Nogueira; José Albano da Nova Monteiro; Or‑ lando (Orlando Peçanha); Otávio (Octavio Sergio de Moraes); Pampolli‑ NO Rio, EM SÃO PAULO E EM ROMA: ni (Américo Pampollini Filho); Jarbas Passarinho; Anna Maria Piergilli; Adalberto (Adalberto Leite Martins); Ademir (Ademir Marques de Me‑ Marcelo Loesch Pinto; Percival Pires; Arthur José Poerner; Luiz Roberto nezes); Abílio de Almeida; Afonsinho (Afonso Celso Garcia Reis); Altair Porto; Carlos Henrique de Melo Reis; Pery Ribeiro; Richard (Richard Fer‑ (Altair Gomes de Figueiredo); Paulo Amaral; Waldir Amaral; José Maria de reira); Roberto Pinto; Joffre Rodrigues; Lolita Rodrigues; Sabará (Onofre Aquino; Araty (Araty Vianna); Araújo Netto; Adib Elias Avvad; Maria Con‑ Anacleto de Souza); Abigail («Biga») Batalha dos Santos; Danilo dos San‑ suelo Ayres; Badeco (de Os Cariocas); Milton «Banana»; Marília Barbosa; tos; João Luiz Sattamini Neto; Nelson Senise; Maurício Sherman; Geraldo Luiz Carlos Barreto; Bellini (Hideraldo Luiz Bellini); Ney Bianchi; Cecil Romualdo da Silva; Borer; Charles Borer; Chico Buarque; Luiz Carlos Cabral; Otelo Caça‑ Elza Soares; Almir Souza Lima Jr.; Hideki Takizawa; Lídio Toledo; Tomé dor; Paulo Calarge; Doalcei Camargo; Roberto Campos; Norah Cardoso; (Antonio Corrêa Thomé); Tostão (Eduardo Gonçalves de Andrade); Olde‑ Áureo Bernardes Carneiro; Carvalho Leite (Carlos Dobbert de Carvalho mário Touguinhó; Manuel («Manuelzinho») Aguiar Vaz; Vanderléa de Olivei‑ Leite); Gilberto de Carvalho; Joaquim Vaz de Carvalho; José Bento de Car‑ ra Vieira; Zagalo (Mario Jorge Lôbo Zagallo); Maurice Zimetbaum; Ziraldo. valho; Admildo Chirol; Canor Simões Coelho; Carlos Heitor Cony; Cléa de Araújo Corrêa; Rivadavia (Rivinha) Corrêa Meyer Filho; Reginaldo Co‑ rumba Filho; Edgard Cosme; Célio Cotecchia; Giulite Coutinho; Francis‑ EM PAU GrandE, FRAGOSO E RaiZ da SERRA: co Pedro do Coutto; Sergio Schiller Dias; Dulcinéa de Abreu; Rubens de Abreu; Arlindo «Fumaça»; Iraci Castilho; Didi (Waldir Pereira); Djalma Santos; Ernesto da Luz Pinto Dória; Camilo Coutinho; Glória Coutinho; «Dódi» (Jorge) Bento; Cirilo Cunha; Romero Estelita; Félix (Félix Miéle Venerando); Alberto Ferreira; Sebas‑ Gaudêncio Ferreira Filho; Léa Ferreira; Madalena Marques Fonseca; Luiz tião de Andrade Figueira; Abelardo Figueiredo; José Roberto Francalacci; de Freitas (agradecimento especial); Laerte Leocornyl; Celeste de Mat‑ Ernani de Freitas; Marco Fulniô; Roberto Garofalo; Gerson (Gerson de tos; Luiz Carlos Morgado; Tereza Morgado; Fernando Mozer; José Mário Oliveira Nunes); Gilmar (Gilmar dos Santos Neves); Gilson (Gilson Mus‑ Neto; Nelson «Coreto»; Octaciano Ramos; Roberto «Galo»; Roberto Leite si); Oswaldo de Azevedo Góes; Luís («Chupeta») Gomes; Ricardo Augusto Rodrigues; Rosa dos Santos. Gosling; Jorge Goulart; Alberto Helena Jr.; Jamil Helu; Wadih Helu; Hans Henningsen; Francisco Horta; Lêdo Ivo; Jairzinho (Jair Ventura Filho); Joel (Joel Antônio Martins); Jordan (Jordan da Costa); Judber Jorge; OUtras contribUIÇÕES inEstimÁVEis foram as DE amiGOS QUE fornECEram Julinho (Julio Botelho); Nubia Lafayette; Juan Giu Lamana; Virgínia Lane; TExtos OU fotoGrafias, AJUdaram A localiZar ENTREvistados OU DEram Michel Laurence; Almir Leite; José Louzeiro; Jards Macalé; Fátima Mace‑ SUGEstÕES valiosas. SEM ELES, EstE livro NÃO TEria SIDO POSSÍVEL. TambÉM do; Alexandre Madureira; Marina Mafra; José Luiz Magalhães Lins; Luiz POR ORDEM DE SOBRENOMES: Felipe Matoso Maia; Carlos Marcondes; Marinho (Marinho Rodrigues); Marcos Antonio Americano; Ítalo de Assis; Álvaro Barcelos; Tarlis Ba‑ Adolpho Marques; Humberto Mascarenhas; João Máximo; Augusto Mello tista; Israel Beloch; Afonso Borges; Gilberto Bueno; Rosa Canha; Régis Pinto; Claudio Mello e Souza; Francisco Dionísio