Resenhas Das Obras Do Vestibular Da
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Celso Leopoldo Pagnan Doutor em literaturas de língua portuguesa Resenhas dos livros de leitura obrigatória da UEL 2017/2018 Londrina, 2016 1a edição 1 Direção-Geral Virgílio Tomasetti Jr. Direção administrativo-financeira Ubiracy D'Andrea Coordenação de novos produtos Cássia Gimenes Barcaro Coordenação Editorial Joaquim Luís de Almeida Supevisão de Editoração Walternei Pelisson Machado Organização e Revisão Celso Leopoldo Pagnan Capa João Paulo Fidellis da Silva Diagramação Glauber Damasceno 808.8 Pagnan, Celso Leopoldo. P156r Resenhas dos livros de leitura obrigatória da UEL 2017-2018. Celso Leopoldo Pagnan. – Londrina : Colégio Maxi, 2016. – 85p. 1. Resenhas – vestibular. 2. Literatura. 3. UEL – vestibular. I. Colégio Maxi. Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Cleberlei Assumpção – CRB 1696/9 Copyright © 2016 – Todos os direitos de publicação reservados. Nos casos em que não foi possível contatar ou finalizar negociação com os detentores de direitos autorais sobre materiais utilizados como subsídio na produção desta obra, a Sociedade Educacional Maxi Ltda. coloca-se à disposição para os devidos acertos, nos termos da Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e demais dispositivos legais pertinentes. Sociedade Educacional Maxi Ltda. Av. Duque de Caxias, 1589 – Jardim Petrópolis CEP 86015-000 – Londrina – Paraná www.colegiomaxi.com.br 2 Apresentação Vestibulando(a)! Estas são as resenhas de leituras obrigatórias destinadas especificamente, e com antecedência, aos candidatos a cursos de graduação da UEL – Universidade Estadual de Londrina (PR), nos concursos vestibulares de 2017 e 2018. Uma lista com 10 obras literárias é sugerida pela Universidade a cada dois anos. A atual compõe-se de 3 obras remanescentes da lista anterior e 7 novas: Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano O pagador de promessas, de Dias Gomes Toda poesia, de Paulo Leminski Vozes anoitecidas, de Mia Couto Uma menina está perdida no seu século à procura do seu pai, de Gonçalo Tavares O Ateneu, de Raul Pompéia Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade A hora da estrela, de Clarice Lispector Melhores contos de Nélida Piñon, de Nélida Piñon Topless, de Martha Medeiros As resenhas foram feitas pelo prof. Celso Leopoldo Pagnan, com a intenção de oferecer a você informações e análises indispensáveis ao seu preparo imediato para o vestibular, sem a pretensão de substituir a leitura do texto literário integral. Ora, detalhes importantes como ambientação da obra, estilo do autor, caracterização dos personagens, ritmo da narrativa e a própria “mensagem” são objetos da tratativa desta resenha, mas podem ficar incompletos para o leitor apenas de uma resenha, por mais fiel que ela tente ser. Daí, nossa recomendação de que estas resenhas sirvam de preparação ou de complementação à leitura do texto integral das respectivas obras, pois nossa intenção é tanto abrir caminhos a quem vai lê-las quanto preencher eventuais lacunas a quem as leu. Seja a leitura destas resenhas uma introdução e, ao mesmo tempo, um complemento ao seu estudo da literatura luso-brasileira no que tange às exigências do vestibular de 2017 e 2018 na UEL. Bom estudo! 3 Sumário Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano .................. 5 O pagador de promessas, de Dias Gomes ........................ 13 Toda poesia, de Paulo Leminski ............................................ 19 Vozes anoitecidas, de Mia Couto .......................................... 27 Uma menina está perdida no seu século à procura do seu pai, de Gonçalo Tavares .............................................. 35 O Ateneu, de Raul Pompéia ................................................... 41 Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade ................. 49 A hora da estrela, de Clarice Lispector ............................... 57 Melhores contos de Nélida Piñon, de Nélida Piñon ...... 65 Topless, de Martha Medeiros ....................................... 77 Referências bibliográficas ................................ 85 4 Eurico, o presbítero de Alexandre Herculano Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano, é um A raça dos visigodos, conquistadora das Espanhas, romance histórico, bem ao gosto romântico. Isto porque subjugara toda a Península havia mais de um o conceito de história, tal e qual conhecemos hoje, o século. Nenhuma das tribos germânicas que, de uma progressão seja teleológica (com a perspectiva dividindo entre si as províncias do império dos de um fim da história), seja a evolucionista (a que césares, tinham tentado vestir sua bárbara nudez considera um contínuo processo de melhoramento com os trajos despedaçados, mas esplêndidos, da em vários aspectos da vida), seja ainda a dialética civilização romana soubera como os godos ajuntar (a que revela um processo entre idas e vindas, sem esses fragmentos de púrpura e ouro, para se que se chegue a um determinado fim sintético). No compor a exemplo de povo civilizado. Leovigildo caso específico, a visão romântica era a que buscava expulsara da Espanha quase que os derradeiros explicar as origens de algo para compreender o soldados dos imperadores gregos, reprimira momento presente e projetar a vida futura. Neste a audácia dos francos, que em suas correrias sentido, Alexandre Herculano (1810-1877) situa o assolavam as províncias visigóticas d’além dos enredo de seu romance no século VIII, quando houve Pireneus, acabara com a espécie de monarquia a invasão muçulmana à Península Ibérica, chamada que os suevos tinham instituído na Galécia e pelo autor toda ela de Espanha (ou Hispânia), afinal expirara em Toletum depois de ter estabelecido Portugal ainda não existia. leis políticas e civis e a paz e ordem públicas nos seus vastos domínios, que se estendiam de mar Para poder se entender esse momento é preciso a mar e, ainda, transpondo as montanhas da retornar ainda mais no tempo e dizer que os romanos, Vascônia, abrangiam grande porção da antiga no seu intento expansionista, chegaram à Península no Gália narbonense. (2014, p. 21) século II a.C., subjugando os lusos ao seu domínio. Os romanos não apenas conquistavam um território como Leovigildo (572-586), no caso, é uma referência também impunham sua cultura, seu modo de vida, sua a um dos reis godos, governantes da região de Toledo, língua (o latim). Permaneceram dominando a região que conseguiu impor-se como rei no século VI. até o século V, quando o Império Romano do Ocidente No século VIII, porém, mais precisamente no ano começou a ruir, ante as invasões dos chamados povos de 711 d. C., houve a invasão muçulmana. Em maior bárbaros (os povos do norte da Europa, os suevos, os número, e com um exército mais bem preparado para a vândalos e os godos), que conquistaram boa parte dos guerra, os árabes conquistaram palmo a palmo toda a territórios dominados pelos romanos. península, deixando aos godos apenas a região norte, Esse povos, porém, tinham outra mentalidade. O isto é, parte da Galícia e das Astúrias, conforme se pode objetivo maior era o de conquistar, sem necessariamente observar no mapa abaixo, que mostra a dominação impor sua cultura ao povo conquistado. Por isso mesmo, muçulmana na região. a cultura romana permaneceu bastante influente na região, fosse a língua latina, fosse a religião cristã. Durante os cerca de duzentos anos que esses povos ficaram na região foram se alternando no domínio, até que os godos, especialmente os visigodos, se estabeleceram no poder. Desse modo, foram aos poucos criando o que viria a ser a aristocracia da Espanha, a nobreza, que, ao lado da Igreja cristã, sobretudo a católica se constituiu na liderança de todos os povos que habitavam a Península. Os godos, a princípio eram arianos, isto é, pertencentes a uma seita que pregava a separação entre a figura de Jesus e de Deus. Para os arianos, não formariam, com o Espírito Santo, uma trindade. Jesus http://raffaelbarbosa.blogspot.com.br/2009/07/sobre-presenca-arabe- seria uma pessoa comum, embora o predileto de Deus, na-iberia-medieval.html mas não seria deus. Aos poucos, porém, aderiram É exatamente desse processo de conquista que ao culto romano e se converteram ao catolicismo, ao trata Eurico, o presbítero. É verdade que o autor situa menos parte dos godos. a ação no ano 748. Seu objetivo, mais que a precisão histórica, é revelar esse momento que se tornou, mais No romance, o narrador faz essa contextualização, tarde, crucial para a formação dos estados modernos ainda que sempre com alguma liberdade poética, de Portugal e da Espanha. alguma liberdade de criação: 5 Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano Outro dado importante a relatar é que os árabes religiosa diferente, o que era proibido pelas leis também não procuraram impor totalmente sua cultura visigodas. No caso, o casamento entre os godos arianos aos povos conquistados. Eram mais tolerantes em e os cristãos católicos era proibido. Hemengarda relação a isso. Queriam mesmo era a conquista dos prefere a obediência ao pai a ter de enfrentar tudo por territórios e a dominação política. Graças a isso, a amor. Por isso, Eurico se afasta de todos e se ordena cultura romana continuou bastante presente e base das padre, sendo elevado a pároco do presbitério da Carteia relações sociais do ibéricos. Não por acaso, a região no sul da Espanha, no estreito de Gibraltar, parte do manteve-se firme na fé cristã e o latim, em contato com mar mediterrâneo que separa os continentes africano outros idiomas, foi aos poucos se modificando até se e europeu, e que acabou sendo porta de entrada para a transformar no galego-português (língua das cantigas, invasão muçulmana. dos primeiros textos em língua local) e depois no Uma destas revoluções morais que as grandes português e no espanhol (galego, castelhano, catalão, crises produzem no espírito humano se operou conforme a região). então no moço Eurico. Educado na crença viva Alexandre Herculano era também historiador, daqueles tempos; naturalmente religioso porque tendo escrito alguns livros sobre a história de Portugal. poeta, foi procurar abrigo e consolações aos pés Como romancista, interessou-se por momentos d’Aquele cujos braços estão sempre abertos para simbólicos da formação de Portugal, e seguiu um receber o desgraçado que neles vai buscar o determinado estilo legado por romancistas como derradeiro refúgio.