Martha Medeiros Doidas E Santas L&PM EDITORES - 2008 Gênero: Crônica Numeração: Rodapé Digitalizado E Revisto Por Virgínia Vendramini Em De Zembro De 2008 Contracapa
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Martha Medeiros Doidas e Santas L&PM EDITORES - 2008 Gênero: crônica Numeração: rodapé Digitalizado e revisto por Virgínia Vendramini em de zembro de 2008 contracapa "Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais... Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascinante. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Ultima Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra." Trecho da crônica. "Doidas e Santas" Orelhas Martha Medeiros, poeta, cronista, romancista, conquistou o Brasil com seus textos, publicados em jornais de repercussão nacional, sites e livros que se transformaram em best-sellers. Doidas e Santas reúne cem crônicas que falam direto ao coração de suas leitoras e de seus leitores. Nelas, Martha expõe os anseios de sua geração e de sua época, tornando-se uma das vozes mais importantes entre as recentemente surgidas no cenário nacional. As alegrias e as desilusões, os dramas e as delícias da vida adulta, as neuroses da vida urbana, o prazer que se esconde no dia-a- dia, o poder transformador do afeto, os mistérios da maternidade, enfim, o cotidiano de cada um de nós tornou-se o principal tema da autora. Como toda grande artista, ela consuma o sortilégio da literatura: traduzir e expressar o que vai na alma de sua enorme legião de admiradores. Dona de uma sensibilidade incomum, Martha Medeiros tem para tudo um olhar, uma reflexão e uma reação fresca, nova, de alguém que pela primeira vez se depara com o inesperado, seja o assunto o Dia dos Namorados, a decisão de se começar a fumar, um sentimento de desconforto por qualquer coisa, uma paranóia que se imiscui sub-repticiamente ou um amor que acaba. Sempre terna e indignada, amantíssima da cultura contemporânea e dona de um imbatível senso de humor, em suas crônicas - assim como em sua poesia - Martha torna, para todos nós e com muita destreza, mais palatável o imponderável da vida. Martha Medeiros é colunista dos jornais Zero Hora e O Globo. De sua autoria, a L&PM Editores publicou os seguintes livros poesia: Meia-noite e um quarto (1987), Persona non grata (1991), De cara lavada (1995), Poesia reunida (1999) e Canas extraviadas e outros poemas (2001); e de crônicas, Tofless (1997, Prêmio Açorianos), Trem-bala (1999), Non-stop (2001), Montanha-russa (2003, Prêmio Açorianos e 2° lugar do Prêmio Jabuti) e Coisas da vida (2005). A autora também publicou, pela editora Objetiva, os romances Divã (2002), Selma e Sinatra (2005) e Tudo que eu queria te dizer (2007). Martha Medeiros Doidas e Santas 4S reimpressão L&PM EDITORES As crônicas deste livro foram origmalmente publicadas nos jornais O Globo e Zero Hora. Capa'. Marco Cena Revisão: Jó Saldanha e Patrícia Rocha CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ Medeiros, Martha, 1961- Doidas e santas / Martha Medeiros. - Porto Alegre, RS: L&PM, 2008. 232p.; 14cm ISBN 978-85-254-1796-1 1. Crônica brasileira. I. Título. CDD: 869.98 CDU:821.134.3(81)-8 © Martha Medeiros, 2008 Todos os direitos desta edição reservados a L&PM Editores Rua Comendador Coruja 314, loja 9 - Floresta - 90.220-180 Porto Alegre - RS - Brasil / Fone: 51.3225.5777 - Fax: 51.3221-5380 PEDIDOS & DEPTO. COMERCIAL: [email protected] FALE CONOSCO: [email protected] www.lpm.com.br Impresso no Brasil Primavera de 2008 SUMÁRIO Veneno antimonotonia 9 Faxina geral 11 Casamento aberto 13 Obrigada por insistir 15 Vende frango-se 17 Regurgitar 19 A tristeza permitida 21 The Guitar Man 24 Vai, vai, vai... viver 26 Quebra de protocolo 28 O espírito da coisa 30 A moça do carro azul 33 A mulher invisível 35 Quando o corpo fala 37 Os bastidores da crônica 39 O cartão 41 Para que lado cai a bolinha 44 Belíssimas 46 A separação como um ato de amor 48 Ainda sobre separação 51 Uma vida interessante 54 Eles só pensam nisso 56 Falar 58 Um lugar para chorar 60 O café do próximo 62 Terapia do amor 64 Os honestos 67 A melhor mãe do mundo 69 O que mais você quer? 72 Laços 74 Dia mundial sem tabaco 76 Mãos dadas no cinema 78 Pipocas 80 A morte é uma piada 82 Os ricos pobres 84 O que a dança ensina 87 Emoção x adrenalina 89 Casa devo 91 Tarde demais, nascemos 94 O cara do outro lado da rua 96 Eu, você e todos nós 98 Dando a impressão 100 O contrário da morte 102 Delicadeza 104 Hoje e depois de hoje 106 Parar de pensar 108 Voltando a pensar 110 Qualquer um 112 Travessuras 114 Testes 116 Nenhuma mulher é fantasma 118 Espírito aberto 120 100 coisas 122 Ela 124 Pequenas crianças 126 Prisioneiros do amor livre 129 Do tempo da vergonha 132 Nunca jamais 134 Oh, Lord! 136 O violinista no metrô 138 Mato, logo existo 140 Notícias de tudo 143 Simpatia pelo diabo 145 As supermães e as mães normais 147 A pior vontade de viver 150 As verdadeiras mulheres felizes 152 Babacas perigosos 155 Mania de perseguição 157 O valor de uma humilhação 159 A janela dos outros 161 Show falado 163 Divas abandonadas 165 Lagozadera 168 Em caso de despressurização 170 Amo você quando não é você 172 Lúcifer e os lúcidos 175 Matando a saudade em sonho 177 Balançando estruturas 179 Povoar a solidão 182 O capricho da simplicidade 184 Precisamos falar sobre tudo 187 Onde é que eu ia mesmo? 190 Grisalha? Não, obrigada 193 O direito ao sumiço 196 Guerreiras e heróis 198 Antes de partir 200 Os quatro fantasmas 202 Um cara difícil 204 Jogo de cena 207 Muito barulho por tudo 209 Doidas e santas 211 A mulher banana 214 Não sorria, você está sendo filmado 217 Diferença de necessidades 219 O ônibus mágico 221 Um poema filmado 223 Os olhos da cara 225 Absolvendo o amor 228 A garota da estrada 230 VENENO ANTIMONOTONIA ralcatruas, alagamentos, violência urbana. Eu colocaria mais uma coisinha nessa lista de pequenas tragédias com que somos brindados diariamente: o tédio. A cada manhã, abrimos os jornais e é a mesma indecência política. Nas ruas, perdemos tempo com os mesmos engarrafamentos. Escutamos as mesmas queixas no local de trabalho. É sempre o mesmo, o mesmo. Como é bom quando algo nos surpreende. Para quem vive na opressiva e cinzenta São Paulo, a novidade atende pelo nome de Cow Parade, a exposição ao ar livre de 150 esculturas em forma de vaca, em tamanho natural, feitas de fibra de vidro e decoradas com muita cor e insanidade por artistas plásticos, diretores de arte, designers e cartunistas. Um nonsense mais que bem-vindo, uma intervenção no nosso olhar acostumado. Espalhadas por ruas, praças, nos lugares mais inesperados, lá estão elas, vacas enormes, vacas profanas, vacas insólitas. Para quê? Para nada de especial, apenas para espantar o tédio, inspirar loucuras, lembrar que as coisas não precisam ser sempre iguais. Havia uma vaca no meio do caminho, no meio do caminho havia uma vaca. É poesia também. Falando em poesia, há sempre uma nova e heróica coletânea sendo lançada no mercado editorial, tentando atrair aqueles leitores que evitam qualquer coisa que rime. Desta vez, não é coletânea de mulheres poetas ou de poetas 9 do terceiro mundo, essas cortesias que nos fazem. Finalmente, o humor e a leveza baixaram no reino dos versos. O livro chama-se Veneno antimonotonia e traz o subtítulo: Os melhores poemas e canções contra o tédio. Organizado por Eucanaã Ferraz, a antologia pretende combater o vazio, o medo, a falta de imaginação. É um convite para a vida, e um convite feito através das palavras de Drummond, Chico Buarque, Antônio Cícero, Ferreira Gullar, Adriana Calcanhotto, Armando Freitas Filho, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, João Cabral de Melo Neto e outros ilustres, sem faltar Cazuza, claro, cuja canção Todo amor que houver nesta vida-uma das minhas letras preferidas - inspirou o título da obra. Até hoje, pergunta-se: para que serve a arte, para que serve a poesia? Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a responder dizendo "Veja bem..." e daí em diante é um blablablá teórico que tenta explicar o inexplicável. Poesia serve exatamente para a mesma coisa que serve uma vaca no meio da calçada de uma agitada metrópole. Para alterar o curso do seu andar, para interromper um hábito, para evitar repetições, para provocar um estranhamento, para alegrar o seu dia, para fazê-lo pensar, para resgatá-lo do inferno que é viver todo santo dia sem nenhum assombro, sem nenhum encantamento. 2 de outubro de 2005 FAXINA GERAL Há muitas coisas boas em se mudar de casa ou apartamento. Em princípio, toda e qualquer mudança é um avanço, um passo à frente, uma ousadia que nos concedemos, nós que tememos tanto o desconhecido. Mudar de endereço, no entanto, traz um benefício extra.