João Batista De Menezes Bittencourt Nas Encruzilhadas Da Rebeldia
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Doutorado em Ciências Sociais JOÃO BATISTA DE MENEZES BITTENCOURT NAS ENCRUZILHADAS DA REBELDIA: UMA ETNOCARTOGRAFIA DOS STRAIGHTEDGES EM SÃO PAULO Tese apresentada ao Programa de Doutorado em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas como requisito para obtenção do título de Doutor em Ciências Sociais. Orientadora: Profa. Dra. Amnéris Ângela Maroni Campinas 2011 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO IFCH - UNICAMP Bibliotecária: Cecília Maria Jorge Nicolau CRB nº 3387 Bittencourt, João Batista de Menezes B548e Nas encruzilhadas da rebeldia: uma etnocartografia dos straightedges em São Paulo / João Batista de Menezes Bittencourt. - - Campinas, SP : [s. n.], 2011. Orientador: Amnéris Ângela Maroni. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 1. Etnologia. 2. Cartografia. 3. Jovens. 4. Subjetivação. 5. Antropologia urbana. 6. Corpo. I. Maroni, Amnéris Ângela, 1951- II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humana s. III.Título. Título em inglês: At the crossroads of rebellion: an ethnocartography of Straightedge in São Paulo Ethnology Cartography Palavras chaves em inglês (keywords) : Young Subjectification Urban Anthropology Body Área de Concentração: Cultura e Política Titulação: Doutor em Ciências Sociais Banca examinadora: Amnéris Ângela Maroni, Janice Caiafa, Maria Isabel Mendes de Almeida, Eduardo Vargas Viana, Omar Ribeiro Thomaz Data da defesa: 16-05-2011 Programa de Pós-Graduação: Ciências Sociais 2 4 Para Marina, com intensidades. 5 6 AGRADECIMENTOS Se existe uma idéia central na tese, eu atribuiria à afirmação de que toda produção individual é desde sempre coletiva, assim, considero esse trabalho o resultado dos inúmeros encontros bem sucedidos que tive durante esses quatro anos; encontros esses que se transformaram nos pensamentos que inundam essa e as demais páginas que se seguem. Muito obrigado a todos e todas que estiveram ao meu lado, compondo o plano de imanência que possibilitou a realização dessa pesquisa. Vocês foram e são imprescindíveis! Ao Programa de Doutorado em Ciências Sociais da Unicamp, que me acolheu nesses 4 anos, e tornou possível o desenvolvimento dessa pesquisa. Agradeço aos professores e professoras, funcionários e funcionárias, como também aos amigos e amigas que me acompanharam nessa jornada. Aos meus pais, seu José e Dona Raimunda, e meus irmãos, que mesmo distante geograficamente, sempre estiveram ao meu lado, dividindo os bons e maus momentos dessa trajetória. Muito obrigado pelo carinho, amizade e confiança. À minha esposa Marina, detentora de uma paciência e generosidade invejáveis; meu porto-seguro. À Dona Marilene, pelos conselhos valiosos e pelo cuidar carinhoso. À minha querida orientadora Amnéris Maroni, a boa-mãe (no melhor sentido winnicottiano) que forneceu um ambiente favorável para o desenvolvimento dessa pesquisa me ajudando a realizar essa travessia cheia de veredas. Aos amigos e amigas da turma de Doutorado em Ciências Sociais 2007: Eduardo Carrascosa, José Szwako, Mariana Cortês, Ludmila Abílio, Rosamaria Giatti, Johana Corrales, Bruno Durães, Marcos Mesquita e Milene Peixoto. Pessoas lindas que alegraram minha estada em Barão Geraldo. Aos demais amigos e amigas da Unicamp: Gisele Viana, Maurício Almeida, Paola Gambarotto, Anaxssuel Fernando, Felipe Sobral, Felipe Durante, Fernando Reis, Ricardo Martins, Tita Etayo, Paulo Victor. A família da Casa Amarela: Marina, Dió, Adam, Rosa, Vandinha, James, Nina, Arthur, Carol, Fernando, Eglânio, Gersinho, Alexandre e Nara (nossa mascote oficial). Acho que a melhor express~o para definir nosso encontro é “acontecimento”. 7 Aos amigos cearenses/campineiros Iran e Ana Sampaio, por terem me acolhido em sua casa e, principalmente, em suas vidas. Aos professores/as que direta ou indiretamente contribuíram para a realização dessa pesquisa: Laymert Garcia dos Santos, Silvio Gallo, Omar Ribeiro Thomaz, Ronaldo Almeida, Suely Rolnik (PUC-SP). À Maria Rita, a secretária de pós-graduação mais legal do mundo! A Jefferson Veras, um amigo/irmão/interlocutor fora de série. A Joaquim Prado, por ter permitido que eu transformasse seu apartamento em “escritório” quando realizava pesquisa de campo na capital paulista. Jamais esquecerei dos cafés, das músicas, dos sorrisos e das conversas que varavam madrugadas. Aos inesquecíveis amigos/as potiguares e cearenses: Rodrigo Sérvulo, Felipe Serrano, Ana Maria Jasiello, Gilson Rodrigues, Kamila Siqueira, Alexandre Falante, Johanes Paulus, e Marcelo Michilles. Aos garotos e garotas straightedges que me permitiram acompanhá-los em suas derivas, em especial: André Mesquita, Pedro Carvalho, Luciano Juliatto, Marcelo Fonseca, Junior Sangiorgio, Denis Veronese, Fernando de Morais, Rafael Bertola, Fabiano Azevedo, Bruno Martins, Fabio Hosoi, Fernando Zanardo, Camila Leão Lopes, F|bio Sales, Felipe Durante, Cauê “Xopô” Rocha, Ana Paula Guerra, Dênia Oliveira, Marcela Souza, Jefferson Cavalcanti. E as bandas: Vendetta, Afronta, Levante, Positive Youth, Nerds Attack, Good Intentions, Bandanos, Live by the fist, Still X Strong, Discarga e Point of no Return (In memorian). E por fim, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelos três anos de bolsa que me foram concedidos. Certamente, devo ter esquecido alguém, afinal de contas, se fosse escrever o nome de todas as pessoas que deram sua contribuição para a realização dessa pesquisa, teria que escrever um capítulo à parte. Sintam-se também abraçados e beijados. Obrigado! 8 Daí a tripla definição de escrever: escrever é lutar, resistir; escrever é vir-à-ser; escrever é cartografar, “eu sou um cartógrafo...” (Deleuze,G. 2005:53) Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. [...] (O guardador de rebanhos Fernando Pessoa) 9 RESUMO A pesquisa consiste numa etnocartografia das práticas adotadas e difundidas pelos straightedges de São Paulo, jovens que ganharam destaque no cenário musical punk/hardcore brasileiro por adotarem um estilo de vida pautado pela abstinência de drogas, sejam elas licitas ou ilícitas, como também por defenderem uma dieta vegetariana. Ao acompanhar garotos e garotas em diferentes espaços e situações, podemos compreender o straightedge como um território subjetivo mutável que ganha forma em determinadas situações, assumindo contornos menos ou mais totalizantes. Esse ponto de vista percebe a criação dos modos de existência dos jovens straightedges a partir das múltiplas conexões que estes realizam em seu cotidiano, descartando o modelo identitário das representações, que homogeneíza as práticas e os sentidos que lhes são atribuídos. Para realizar essa coleta do sensível, lancei mão do método etnocartográfico que, ao invés de interpretar, de traduzir os signos, pergunta sobre a emergência das estruturas de sentido. Se a etnografia permite ao pesquisador a aproximação de um grupo para obter uma melhor compreensão de suas práticas, a cartografia, por outro lado, o ajuda compreender os movimentos do desejo, a apontar as linhas de força, as intensidades e os afetos que o atravessam. Assim, consideramos crucial a junção dessas tradições que raramente são convidadas a dialogar. Com a utilização desse método foi possível obter uma leitura diferenciada do estilo de vida straightedge e das práticas que o compõem, percebendo esse fenômeno como resultado do embate entre fluxo e representação que sustenta a vida social. Palavras-chave: Straightedge, Etnografia, Cartografia, Jovens, Subjetivação, Antropologia Urbana. 10 ABSTRACT This study is an ethnocartography of practices adopted and disseminated by the straightedges of São Paulo–young people who gained prominence in the Brazilian punk/hardcore music scene by adopting a lifestyle marked by abstinence from drugs (licit and illicit) and a vegetarian diet. By tracking the boys and girls in different places and situations, we can understand straightedge as a set of mutable subjective territories that are formed in certain situations, taking a more or less totalizing form. This view sees the creation of the straightedge modes of existence through the multiple connections they make in their daily life, discarding the identity model of representations, which homogenizes the practices and meanings attributed to them. To accomplish this collection of sensitive data, I have made use of the ethnocartographic method, which instead of interpreting or translating signs, asks about the emergence of structures of meaning. While ethnography allows the researcher to approach a group to get a better understanding of their practices, cartography helps to understand the movements of desire, revealing the lines of force and the intensities and the feelings they cross. Thus, we consider the junction of these traditions that are rarely included in the dialog to be crucial. By using this method it was possible to get a different reading of the straightedge lifestyle and practices that comprise it, understanding this phenomenon as a result of the clash between flow and representation that sustains social life. Keywords: Straightedge, Ethnography, Cartography, Youth, Subjectification, Urban Anthropology. RESUMÈ La recherche est une etnocartographie des