Jornal Trimestral de Actualidade Angolana

ABRIL | MAIO | JUNHO 2008 EDIÇÃO GRATUITA www.embaixadadeangola.org EDIÇÃO DOS SERVIÇOS DE IMPRENSA DA EMBAIXADA DE EM Dia de África em Portugal Embaixador de Angola destaca unidade africana

Pag. 15 Pag. 5 Daniel PR confirma Tribunal Nascimento eleições Constitucional «A minha carreira vai legislativas já funciona continuar se Deus quiser» para Evandro CresceCresce Pag. 8 5 de Setembro Brandão investimentoinvestimento chinêschinês emem AngolaAngola Neto de Napoleão Brandão é promessa do Manchester United Pag. 2 Pag. 16

Consulado de Lisboa mais próximo da Comunidade Pag. 11 Política ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Convocadas para Cinco de Setembro Presidente José Eduardo dos Santos confirma Legislativas

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, convocou a realização das eleições legislativas em Angola para cinco de Setembro próximo, o que confirma os passos firmes e seguros para a democratização do País, seis anos depois do fim da guerra em 2002. representantes, confiando- que possam criar um clima tomada de medidas de na- lhes a responsabilidade de de crispação e violência. tureza policial e judicial, com conduzir os destinos da Concordava igualmente com vista a pôr cobro tais situa- Nação, refere o documento. o Presidente da República, ções e permitir que todos A convocação das eleições José Eduardo dos Santos, os cidadãos exerçam o seu legislativas pelo Presidente em convocar as eleições direito de voto. Com vista a da República, surgiu um legislativas no período por garantir a possibilidade de dia depois de o Conselho si anunciado na sua mensa- todos os cidadãos exerce- da República se ter reunido, gem de fim de ano de 2007. rem o seu direito inaliená- tendo considerado estar a Aquele órgão de consulta do vel de voto, o Conselho da decorrer com normalidade Chefe de Estado considerou República recomendou para convocação das elei- de votação caso ocorram o processo preparatório e como satisfatório o processo esse efeito a constituição A ções legislativas vem razões fora do âmbito do estarem garantidas as con- de conclusão do registo elei- de um número suficiente expresso num documento artigo 121º da Lei Eleito- dições para a realização das toral, tendo felicitado a Co- de assembleias e mesas de dos Serviços de Apoio ao ral que não permitam que “eleições legislativas livres, missão Inter-ministerial para voto. Por outro lado, tendo Presidente da República, todos os cidadãos possam justas e credíveis em con- o Processo Eleitoral (CIPE) em conta poderem ocorrer distribuído em , que, exercer o seu direito inalie- formidade com a lei”. Num pelo trabalho realizado, den- razões para a não realização adianta, em conformidade nável de voto no dia cinco comunicado de imprensa, o tro dos prazos previstos e das eleições em determina- com a recomendação da de Setembro. No seu preâm- Conselho da República rei- em conformidade com a lei. das localidades, fora das cau- reunião do Conselho da bulo, o decreto presidencial terava o seu apelo para que Exprimiu também preocupa- sas previstas no artigo 121 República, realizada no dia reitera a necessidade dos os partidos políticos mante- ção em relação ao extravio, da Lei Eleitoral, recomendou três de Junho, a Assembleia angolanos exercerem de nham uma postura de tole- apreensão ilegal, destruição à Assembleia Nacional que Nacional deverá estudar e modo livre, consciente e res- rância e respeito pelas con- de cartões de eleitores que estude e legisle no sentido legislar sobre a possibilida- ponsável o seu direito de vicções alheias, não fazendo configuram claras violações da conclusão do acto de de de extensão do período voto para escolher os seus recurso a quaisquer atitudes à lei, tendo recomendado a votação. ❚ Igreja Católica: CICA: A convocação das eleições foi um gesto positivo Eleições no momento certo o que depender da Igreja Católica, nacionalidade espanhola, defendeu que convocação das elei- eleições. O responsável N não haverá espaço para abstenções a Igreja tem a responsabilidade de indi- A ções surge no mo- do CICA defendeu que o motivadas por qualquer tipo de receio car aos fiéis as vantagens que o povo mento certo e vem dar bom sucesso das eleições nas eleições legislativas de Setembro. angolano terá com a realização das elei- resposta a todo um tra- depende dos discursos e Segundo o padre Xavier Valdivielso, em ções legislativas, marcadas para 5 de balho que se vem desen- atitudes dos políticos. “Se entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, Setembro, assim como a necessidade de volvendo, nomeadamente optarem por discursos in- desde o início do processo eleitoral que se respeitar a diferença. a sensibilização para votar flamados com certeza isso a Igreja Católica assumiu a responsabili- e se entender as eleições, frustrará o eleitorado e po- “As eleições sempre abrem portas para dade de sensibilizar os cristãos a votar não como sinónimo de dem esvaziar todo o traba- uma nova realidade política e social do sem receios, com consciência social e a guerra, mas como o exer- lho feito até ao momento”, País”, disse o padre, sublinhando que terem em conta os programas que serão cício de direito fundamen- disse, referindo-se às acções mesmo com todas as acções de for- apresentados pelos partidos políticos, no tal na vida em sociedade. de formação e às campa- mação sobre eleições, entre palestras Este é, em suma o pensa- período da campanha eleitoral. nhas desenvolvidas pelas e seminários, as pessoas ainda preci- mento do secretário-geral igrejas e organizações da Há 42 anos em Angola a exercer a ac- sam de mais preparação, que só será do Conselho das Igrejas sociedade civil no sentido tividade sacerdotal, o responsável da atingida com mais algum tempo de Cristãs em Angola (CICA), de sensibilizarem a popu- paróquia Sagrado Coração de Jesus, de democracia. ❚ reverendo Luís Nguimbi, lação sobre as vantagens sobre a convocação das do pleito eleitoral. ❚ www.embaixadadeangola.org ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Actualidade 3 DiaDia dede ÁfricaÁfrica emem PortugalPortugal Embaixador de Angola destaca unidade africana O decano do Grupo Africano de Embaixadores Acreditados em Portugal, Assunção dos Anjos, considerou que apesar de não ter conseguido evitar os inúmeros conflitos que assolam África, a União Africana mantém a imagem de unidade do continente. o seu discurso distribuido à imprensa a de libertação, através do seu Comité Coorde- N margem da abertura de um colóquio “Áfri- nador da Libertação. Fazendo um histórico dos ca-Europa: Os Acordos de Parceira Económica acontecimentos em África, Assunção dos Anjos – Que Perspectivas?”, promovido pelo Grupo Em- recordou que o continente se viu confrontado alimentar e o crescimento auto-centrado de baixadores Africanos Acreditados em Portugal, com uma série de conflitos fronteiriços, resolvi- todo o espaço do continente”, referiu Assunção comemorativo do Dia de África (25 de Maio), dos através do espírito de unidade. “A OUA não dos Anjos, para quem, apesar das dificuldades Assunção dos Anjos destacou o papel que teve abdicou das suas preocupações económicas e que o continente enfrenta, “África tem procu- a Organização de Unidade Africana (OUA) na social e encetou os primeiros passos tendentes rado adequar-se à modernidade, aos princípios história da descolonização do continente, como a harmonização dos programas de desenvol- da convergência e vivências democráticas e da grupo de pressão junto da comunidade inter- vimento do continente e impulsionou a inte- globalização, necessários para um desenvolvi- nacional e no apoio directo aos movimentos gração sub-regional, visando à auto-suficiência mento sustentável”. Angola aposta na inovação O chefe da diplomacia do País didas para se evitar as crescentes mos ir”, adiantou. Segundo Assun- em Portugal referiu que o mesmo alterações e variações climáticas, ção dos Anjos, o fenómeno da glo- tem vindo a adequar-se aos no- bem como na estabilidade políti- balização intensifica a concorrência vos modelos de desenvolvimento, co-militar, crescimento económico e entre as economias a cada dia que através da globalização e integra- o estabelecimento da normalidade passa, colocando desafios a muitas ção regional, apostando em áreas democrática, foram também refe- regiões como um todo. Asseverou como as do conhecimento, ciência renciadas pelo embaixador. “O po- que os problemas que afligem o e inovação. A conjugação de es- sicionamento, a competitividade e continente africano não são ape- forços tendentes a erradicação das a divergência face à média mundial nas o produto das relações injustas várias endemias e pandemias, como são pontos para os quais importa entre o Norte e o Sul, sendo que o HIV/SIDA, o combate a pobreza, ter sensibilidade, não para que nos “África continua a ser o parente a melhoria das condições sociais indiquem causas e soluções direc- pobre num mercado cada vez mais dos cidadãos, apoio à pacificação tas, mas tão-somente para saber abrangente e competitivo”. do continente, a adopção de me- onde estamos e para onde quere- Continua na pág. seguinte >>>

Luís Amado: Convenção de Cotonou exprime modelo neo-colonial europeu por uma visão de modelo euro- dança de relacionamento onde, Grupo Africano de Embaixadores centrista de desenvolvimento afri- pela primeira vez, os africanos di- acreditados em Portugal, o em- cano. À frente da equipa europeia zem o que querem”, reforçou ainda baixador angolano Assunção dos que em 2000 negociou os acordos o chefe da diplomacia lusa. Duran- Anjos, o representante da União de Cotonou, que têm vindo a re- te o debate, em que intervieram Africana junto da União Europeia, gular as relações económicas e co- vários participantes, o director do Mahamat Saleh Annadif e o pro- merciais entre a Europa e os países Instituto dos Estudos Estratégicos fessor português Jorge Braga de do grupo África, Caraíbas e Pacífico e Relações Internacionais portu- Macedo. Este ciclo de colóquios (ACP), Luís Amado destacou que guês, Jorge Cardoso, apontou o sobre África tem servido de plata- Durante o colóquio “Os Acordos a história das relações entre os recurso à China, por parte dos forma para a discussão e reflexão de Parceira Económica – Que Pers- dois continentes está marcada por países africanos, como um dos dos grandes problemas e perspec- pectivas?”, o ministro português dois momentos, nomeadamente, a motivos que inviabilizam a conclu- tivas do continente africano. Este dos Negócios Estrangeiros, Luís Conferência de Berlim, evento que são das negociações dos Acordos foi o terceiro debate do género Amado, reconheceu mesmo que “a marcou a divisão de África, pelos de Parceria Económica. Já para os organizado pelo Grupo Africano Convenção de Cotonou exprime o europeus, e a Cimeira de Lisboa, africanos, os termos de referência de Embaixadores Acreditados em modelo neo-colonial europeu, que realizada em Dezembro do ano dos acordos de parceria económi- Portugal, depois do debate “África- impõe uma visão estratégica para passado, onde, segundo Luís Ama- ca e comercial, tal como foram Europa: Um Novo Diálogo Perante o desenvolvimento do continente do, os africanos ficaram assumi- negociados, é incompatível com a os Desafios do Futuro”, em 2006, e africano”. Luís Amado criticou ain- dos “como iguais” pelos europeus. actual realidade­ contextual africa- no ano seguinte (2007), organizar da o facto de as negociações de “É importante perceber que a ci- na, disse. Entre os oradores estive- “África: Parcerias Para o Desenvol- Cotonou estarem condicionadas meira de Lisboa marca uma mu- ram também, além do decano do vimento”.

www.embaixadadeangola.org 4 Actualidade ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 definidos pelos próprios africanos”, disse. Por isso, para que haja um Dia de África em Portugal verdadeiro equilibrio, defendeu uma >>> Continuação da pág. anterior parceria estratégica que respeite o ritmo e os objectivos de cada um e dê tempo necessário para a ma- turidade das instituições. No colóquio participaram ainda, o ministro português dos Negócios Estrangeiros Luís Amado, o repre- sentante da União Africana junto da União Europeia, o embaixador Mahamat Saleh Annadif, o repre- sentante do Instituto dos Estudos Estratégicos e Relações Interna- cionais de Portugal, Jorge Fernan- do Cardoso, o professor Braga de Macedo, a consultora internacional Ana Santana, a representante da União Europeia Margarida Marques, Renegociar Cotonou “O comércio livre só é justo e fun- ciona como alavanca para o desen- Numa altura em que África batalha volvimento, se existir equilíbrio entre para que a renegociação do Acordo as partes e este é o factor esque- de Cotonou, através dos novos Acor- cido pelos negociadores europeus, dos de Parceria Económica (APE), pelo que a parceria estratégica deve tem sido tema para vários debates, implicar uma real vontade política, o Embaixador de Angola em Por- que consiste na criação de novos tugal é de opiniao que a mesma é instrumentos e novos recursos, para uma nova ferramenta para o desen- acompanhar verdadeiramente os volvimento e o combate à pobreza. processos de integração continental

A animação cultural esteve a cargo dos Jovens do Hungo, de Angola. o deputado a Assembleia portu- africanos residentes no país e com guesa, Victor Ramalho e do jorna- uma recepção oficial do Grupo Afri- lista Carlos Rosado. cano de Embaixadores, que contou com a presença de mais de seis cen- O Dia de África foi assinalado em tenas de convidados, tendo decano Portugal com várias outras iniciati- lido a mensagem do presidente da Representante da UA junto da União Europeia e o Embaixador de Angola. vas organizadas pelas associações de Comissão Africana, Jean Ping. ❚

extrema pobreza e a pro- Mensagem de Jean Ping blemas ligados à higiene. O responsável da Comissão da O Presidente da Comissão imperioso que os Estados recursos financeiros e hu- UA expressou a sua preo- da União Africana, Jean membros da União Africana manos suficientes, prome- cupação relativa às pessoas Ping, ex-ministro gabonês formulem e apliquem políti- tendo o apoio da Comissão confrontadas com a penúria dos Negócios Estrangeiros, cas e quadros jurídicos que da UA e do Secretariado da da água e os problemas de instou os países africanos permitam garantir uma ges- NEPAD nestes esforços. Na saneamento e a subida e a reforçar as capacidades tão duradoura do ambiente celebração decorrida sob o o acesso aos cuidados de do continente para melhor e melhorar a qualidade da lema “Atingir os Objectivos saúde. Ele manifestou a fazer face às catástrofes li- água e do saneamento no de Desenvolvimento do Mi- determinação constante da gadas à deterioração das Jean Ping declarou que o continente”, disse Ping na lénio (ODM) ligados à água Comissão em defender a infra-estruturas hídricas e de continente precisa de maio- mensagem, exortando ain- e ao saneamento”, a Comis- gestão duradoura do am- saneamento básico. Nesta res capacidades para conter da os países africanos a inte- são reconheceu o fardo que biente em África graças à mensagem, que foi lida tam- tais catástrofes e evitar as grar as questões ambientais representa a morbilidade adopção e à aplicação de bém em Lisboa pelo Embai- doenças de origem hídrica, no seu processo de planifi- crescente que ela atribui à políticas ambientais apro- xador Assunção dos Anjos, sobretudo o paludismo. “É cação com a concessão de degradação do ambiente, à priadas no continente. www.embaixadadeangola.org ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Actualidade 5 Jurista Rui Ferreira é o presidente Tribunal Constitucional já funciona A vice-ministra da Justiça, Guilhermina Prata, disse que já existe um ambiente jurídico-legal para a entrada em funcionamento do Tribunal Constitucional, depois da aprovação das propostas de Lei Orgânica do Tribunal Constitucional e de Lei Orgânica do Processo Constitucional pelo governo. Tribunal Constitucional é com- mente e Onofre António Martins dos incluindo o Tribunal Supremo, e de to na sua inconstitucionalidade e O posto por sete juízes indicados Santos. Para integrar o mesmo órgão quaisquer outras entidades”. Entre as a constitucionalidade de todas as entre juristas e magistrados, dos jurisdicional, o plenário do Tribunal suas competências, constam ainda decisões dos demais tribunais que quais três pelo Chefe de Estado Supremo indicou o juiz Miguel Cor- funções como as de apreciar a in- apliquem norma cuja constituciona- (incluindo o presidente), igual nú- reia e a Assembleia Nacional elegeu constitucionalidade de normas su- lidade haja sido suscitada durante mero pela Assembleia Nacional, e os juristas Agostinho António Santos, jeitas à promulgação do Presidente o processo. O mandato do Tribunal um pelo plenário do Tribunal Su- Luzia de Almeida Sebastião e Maria da República (lei, decreto-lei, decre- Constitucional é de sete anos não premo. Deste modo, o Presidente da Imaculada da Conceição Melo. Ao to ou tratado internacional) e a de renováveis. A vice-ministra da Justiça, República, José Eduardo dos Santos, novo órgão jurisdicional compete, verificar o não cumprimento da Lei Guilhermina Prata, havia esclarecido designou para o cargo de presidente em geral, administrar a justiça em Constitucional. Compete igualmente ainda que com a instituição do Tribu- do Tribunal Constitucional, o jurista matéria jurídico-constitucional. As ao Tribunal Constitucional a aprecia- nal Constitucional os processos em Rui Constantino da Cruz Ferreira, en- decisões do Tribunal Constitucional ção em recurso a constitucionalida- curso no Tribunal Supremo passam quanto que para juízes conselheiros são obrigatórias para todas as enti- de de todas as decisões dos demais para o Tribunal Constitucional em da mesma instância, foram nomea- dades públicas e privadas e prevale- tribunais que recusem a aplicação prazos e formas a acordar entre os dos Efigénia dos Santos Lima Cle- cem sobre as dos restantes tribunais, de qualquer norma com fundamen- presidentes de ambos tribunais. ❚ João Miranda decano dos ministros da SADC

ministro angolano das Relações do seu país. Recentemente, na cida- O Exteriores, João de Miranda (na de egípcia de Sharm El Sheik, sob foto), tornou-se agora no novo de- organização de Angola, realizou-se cano dos ministros da Comunidade um encontro preparatório da SADC de Desenvolvimento de Estados da para concertação da sua posição so- África Austral (SADC), em substituição bre os assuntos então discutidos na de Mompati S. Merafhe, ex-ministro décima primeira sessão ordinária da dos Negócios Estrangeiros e Coope- Conferência de Chefes de Estados da ração Internacional do Botswana, que União Africana (UA), realizada nesta ascendeu ao cargo de vice-presidente cidade. ❚ Angola no Conselho Internacional dos Fundos Marinhos ngola foi eleita, recentemente, em Kin- imagem do País junto da comunidade in- A gston (Jamaica), membro do Conselho ternacional. A Autoridade Internacional dos da Autoridade Internacional dos Fundos Ma- Fundos Marinhos foi constituída a 16 de rinhos, para um mandato de quatro anos, Novembro de 1994, com a entrada em vigor que se inicia em Janeiro de 2009, durante da Convenção das Nações Unidas sobre o a décima quarta sessão da assembleia desta Direito do Mar de 1982. Em conformidade instituição. A delegação angolana foi chefia- com a Parte XI da Convenção e o Acordo da pelo ministro conselheiro, consultor do de 28 de Julho de 1994 para a sua imple- ministro das Relações Exteriores e especia- mentação, a Autoridade Internacional dos lista em Direito do Mar, Joaquim Marques Fundos Marinhos é a organização através de Oliveira. A delegação foi ainda integrada da qual os seus Estados administram os pelo conselheiro Álvaro Cambire. Joaquim recursos existentes no leito e no subsolo do Marques de Oliveira considerou que o feito mar, para além dos limites das jurisdições vem concretizar um dos importantes desa- nacionais. Este organismo conta com 155 fios que se coloca à política externa e à membros (mais a União Europeia), enquanto diplomacia angolana, que é o de promover que o seu Conselho, na qualidade de órgão Especialista Joaquim Marques de Oliveira a defesa dos interesses, prestígio e da sua executivo, é composto por 36 membros. ❚

www.embaixadadeangola.org 6 Actualidade ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Consulado Geral em Lisboa lança “Vistos On-Line” O Consulado Geral de Angola em Lisboa anunciou que colocará, proximamente, em circulação um sistema de concessão de vistos On-Line, visando a agilização dos processos e a sua simplificação administrativa. xclusivamente destinado, numa Em acto assistido pelo ministro- E primeira fase, à empresas que conselheiro da Embaixada de An- actuam em Angola e em Portugal, o gola Portugal, Rui Xavier, em repre- projecto pretende também dotar de sentação do embaixador Assunção uma maior transparência e rapidez dos Anjos, e por vários empresários na emissão de vistos, segundo a lusos, Cecília Baptista considerou o Cônsul-geral de Angola em Lisboa, projecto “Vistos On-Line” um ganho Cecília Baptista, durante a apresen- para o País no caminho para a A Cônsul geral de Angola em Lisboa modernização e desburocratização Conversa amena entre a cônsul e um durante a apresentação do projecto. tação dos pormenores relativos ao empresário português. protocolo de adesão para utilização dos serviços. simplificando o processo de recep- novo sistema de marcação prévia do referido serviço. O projecto “Vistos On-Line”, cujo ção, bem como o seu controlo e de actos consulares. inserindo-a no respectivo processo O projecto “Vistos On-Line”, que per- endereço é vistosonline@consu- digital; envio de “Recibo” de entrega mitirá dotar as empresas de ferramen- ladogeral-angola.pt, conta com a Objectivos provisória do processo; informação ta de trabalho interactiva com o Con- parceria da empresa “Step Ahead”. via website, com actualização em sulado Geral de Angola em Lisboa, vai do programa Segundo ainda Cecília Baptista, para tempo real do “estado” dos pedidos, ainda, entre outras funções, permitir Dotar as empresas de uma ferra- quem Angola vai crescer muito, sen- permitindo assim às empresas um o envio de documentos necessários, menta de trabalho interactiva com do para isso fundamental a inova- maior controlo; canal de recepção com respectivo controlo de entrega o Consulado Geral de Angola em ção e conhecimento, o Consulado de processos “Vistos On-Line” pró- individual, simplificando as tarefas Lisboa; permitir a elaboração de Geral de Angola em Lisboa vai prio, evitando o atendimento geral; administrativas do Consulado. inaugurar, nos próximos dias, o seu um protocolo com empresas no processo “Vistos On-Line” (entregue entrega de recibo comprovativo do de “Username” e “Password” aquan- respectivo pagamento do serviço. do da assinatura); permitir o envio dos documentos necessários, com Estratégia respectivo controlo de entrega in- Agilização dos processos às empre- dividual, simplificando as tarefas ad- sas, simplificação administrativa, au- ministrativas do Consulado; permitir mento da produção e maior transpa- a inserção da “Carta de Chamada”, rência no processo em causa. ❚ Os ganhos macroeconómicos A paz trouxe ganhos importantes do ponto de vista da gestão macroeconómica do País, visto que permitiu criar condições para o bem-estar das populações, segundo o ministro angolano das Finanças, José Pedro de Morais (na foto), para quem o balanço é francamente positivo, em função dos níveis “extremamente elevados de crescimento” do Produto Interno Bruto no sector petrolífero e também fora do ramo mineiro. Nos últimos anos, fruto da paz efectiva alcançada em Abril de 2002, a moeda nacional (Kwanza) valorizou-se em mais de 50 por cento. m entrevista à Rádio Nacional gestão económica do País, ao longo mento estrangeiro. E foi exactamen- da produção nacional, e permitir a E de Angola (RNA), a propósito destes anos foi necessário fazer o te isso que o Governo fez, ao criar ligação entre os diferentes sectores dos seis anos de paz assinalado em reassentamento de mais de quatro um regime fiscal que permitiu aos de produção e os centros de consu- todo o País, o ministro disse que milhões de pessoas, actividade que investidores estrangeiros, que traba- mo. O ministro afirmou que um dos antes de 2002, a moeda nacional exigiu grandes esforços em termos lham com a Sonangol, desenvolver pontos fortes da economia nacional desvalorizava-se permanentemente logísticos, para que as pessoas pu- vários campos petrolíferos. Para ele, é o entusiasmo da sua população, a face ao dólar americano, mas hoje dessem retomar a vida normal. Re- não é apenas o sector petrolífero o capacidade de criação e a força de o kwanza é uma moeda completa- lativamente à influência da conjun- único responsável pelo crescimento vontade, engajando-se nos progra- mente estável que pode servir de tura do mercado internacional no económico que se está a registar mas que vêm sendo implementados meio de poupança para a população. crescimento da economia do País, no País, pois o ramo não-mineral pelo Governo, nas diferentes áreas Fruto da paz e das medidas macroe- o ministro disse que a variação do também tem estado a registar ga- que permitem oferecer, a quem visite conómicas adoptadas pelo Governo, preço do barril do petróleo (principal nhos muito consideráveis de pro- o País, uma imagem completamente explicou, em seis anos conseguiu-se produto de exportação de Angola) dução. Pedro de Morais disse que diferente de há seis anos. Salientou baixar a taxa de inflação de 106 em tem sido favorável ao longo dos úl- em todo o País há um retomar da que a paz trouxe também benefícios 2002, para 11 por cento em finais timos seis anos à economia nacional. actividade agrícola, desde a pequena ao sector social, pelo facto da popu- de 2007. Segundo o ministro, em Recordou que se registou também produção camponesa até a grande lação escolar actual ser o triplo da 2002, quando o País alcançou a paz, aumentos significativos na produção produção empresarial, na medida em de 2002, graças a possibilidade que as contas do Governo apresentavam de petróleo, permitindo, deste modo, que as infra-estruturas de serviços e se deu às populações em termos de um défice, em 1997 apresentavam estabilizar as receitas do Governo, só estradas vão sendo construídas em segurança e também pelo facto de um superavite, pelo terceiro ano possíveis se o regime fiscal for con- todo o território, permitindo a cria- terem sido construídas muitas esco- consecutivo. Do ponto de vista da duzido ao encorajamento do investi- ção de condições para o aumento las em várias regiões do País. ❚ www.embaixadadeangola.org ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Economia 7 ConferênciaConferência sobresobre TransportesTransportes Aéreos,Aéreos, emem LisboaLisboa Angola investe mais de 400 milhões na reabilitação de aeroportos

O governo angolano vai aplicar mais de 400 milhões de dólares para a reabilitação dos aeroportos do País até 2010, segundo o administrador da Empresa Nacional de Navegação Aérea de Angola (Enana), Celso Rosas. Dundo, dará uma outra realidade ao País, tendo em conta o Campeonato Africano das Nações - CAN/2010, as- sim como outros futuros desafios da globalização. “Devido a guerra, al- guns aeroportos tiveram mudanças profundas. Em algumas localidades surgiram praticamente novos aero- portos, e a reabilitação a ser feita vai incidir sobre as infra-estruturas e as aéreas de movimento”, disse Celso Rosas. O investimento, acrescentou, Administrador da Enana, Celso Rosas. será feito também nos equipamen- alando à margem de uma tos de apoio à navegação aérea, F Conferência Internacional so- por entendermos que o aeroporto bre Transportes Aéreo, Aeroportos, é um todo e como tal deve ser do- Navegação Aérea e Globalização tado de todas as condições técnicas, das Economias, realizada no final humanas e ambientais para a sua À direita, administradora da TAAG, Efigénia Martins. de Maio, em Lisboa, Celso Rosas integral operacionalidade”. Sobre a ta que as infra-estruturas aeropor- roporto”, disse, adiantando estarem garantiu que com o investimento construção do novo aeroporto in- tuárias do actual aeroporto “4 de em curso uma série de acções para a ser feito, os aeroportos do País ternacional de Luanda, Celso Rosas, Fevereiro” estão praticamente ob- que as obras do novo aeroporto estarão em altura dos desafios ac- que durante a Conferência presidiu soletas. “Elas têm mais de 50 anos de Luanda decorram com a maior tuais. Realçou que o projecto de a sessão sobre “A perspectiva, há de existência e não suportam a tranquilidade possível. Questionado reabilitação dos aeroportos do 10 anos, do aeroporto de Atlanta demanda do mercado, razão pela sobre as expectativas com o novo Huambo, de Benguela, de Cabinda, (Estados Unidos)”, considerou uma qual o governo angolano decidiu aeroporto, o administrador da Ena- Lubango, Luena, Kuito, Saurimo e excelente medida, tendo em con- inteligentemente por um novo ae- na regozijou-se com o facto de se estar a trabalhar na previsão de o mesmo ser um projecto elaborado, tal como recomendam as normas internacionais do direito aéreo. “Este novo aeroporto será moderno e vai respeitar as regras que ditam as organizações internacionais, fun- cionando ainda numa óptica de desenvolvimento e dentro daquilo que é hoje conhecido no âmbito da globalização da economia”, reforçou. A Conferência Internacional sobre Transportes Aéreo, Aeroportos, Na- vegação Aérea e Globalização das Economias contou com a partici- pação de vários países, incluindo lusófonos, e se debruçou, entre ou- tros, sobre a segurança aérea, pre- servação do meio ambiente, turismo e transportes aéreos, assim como as fusões em companhias aéreas e novos modelos de gestão aero- portuária. Além da Enana, Angola esteve também representada pela TAAG, através da sua administrado- Alguns dos integrantes da delegação da ENANA no encontro. ra, Efigénia Martins. ❚

www.embaixadadeangola.org 8 Economia ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 CresceCresce investimentoinvestimento chinêschinês emem AngolaAngola O investimento de empresas chinesas em Angola passou de onze, em 2006, para 37 milhões de dólares, em 2007, correspondendo a um aumento de 252 por cento, segundo o presidente da Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP), Carlos Fernandes. de dólares, cujos benefícios recaíram sobre o sector de Saúde, com 31 por cento, Educação (28), assim como para as telecomunicações, com 13 por cento. As Obras Públicas beneficiaram de 11 por cento e a Energia e Águas dez por cento, enquanto as Pescas con- sumiram oito por cento do valor do reforço do primeiro financiamento. Em 2007 foi negociada uma segunda linha de crédito no valor de dois biliões de dólares, ainda sem qualquer desem- na China, uma vez que a produção bolso, por estar em curso a definição dos campos petrolíferos chineses não uma recente conferência, em em função do aumento de assistência de áreas e sectores beneficentes. é suficiente para fazer face ao signifi- N Luanda, dedicada à cooperação tecnológica, decorrente da interacção cativo aumento da procura. com a China, Carlos Fernandes disse entre os dois países. As exportações de petróleo de Ango- que o número de empresas privadas Aumenta petróleo Tendo em conta as perspectivas de la atingiram os 29.928.600 mil dólares chinesas em território angolano cres- para China crescimento económico, o comércio en- durante o ano passado, um aumento ceu 93 por cento de 2006 a 2007, tre os dois países tende a expandir-se Em contrapartida, as exportações de de 32, 5 por cento em relação a 2005. correspondendo a 31 companhias. cada vez mais de forma independente. petróleo de Angola para a China su- O valor resulta de uma remessa de “Tanto nas empreitadas públicas, tan- Neste particular, Angola acha que o biram para 28 por cento, reforçando 487, 8 milhões de barris, a um preço to no sector privado, a cooperação sector privado constitui o motor do a posição do País entre os principais médio de 61,4 dólares por barril. fornecedores da economia mundial entre Angola e China tem estado a crescimento das relações económicas Fonte do Banco Nacional de Angola em maior crescimento. Em termos de crescer de forma razoável, e este facto entre a China e a África, ao invés das adianta que entre 2002 e 2006 as relações comerciais com a China em é importante para o mercado angola- agências governamentais ou dos minis- exportações de petróleo aumentaram África, Angola já é o segundo coloca- no, na medida em que, se esse cresci- quatro vezes. Naquele ano, o País re- térios de cada estado envolvido. do, depois da África do Sul. mento se mantém, é sinal evidente de gistou vendas de apenas 7.538.700 que as condições contratuais com o Recentes dados da Administração Ge- mil dólares. país asiático são extremamente com- Energia consome ral das Alfândegas da China indicam O país que mais compra de Angola petitivas relativamente aos outros pa- que, em Julho último, Angola era o mais continua a ser os Estados Unidos, íses e empresas”, disse. segundo maior fornecedor de petróleo A linha de crédito que a China dispo- que no ano passado recebeu o equi- De acordo com o presidente da ANIP, nibilizou a Angola, em 2004, no valor para a China, com o nível de importa- ções em 2,2 milhões de toneladas. valente a 9.403.000 mil dólares (31,4 o financiamento chinês é disponibi- de dois biliões de dólares, beneficiou, por cento do total), seguida da Chi- lizado para execução de obras liga- A cifra, quase um terço acima do na com 8.996.800 mil dólares, mais das à reconstrução de infra-estruturas, registado em igual período do ano 1,4 bilião de dólares que as vendas mas “o que está acontecer é que parte passado, equivale a perto de 519 mil totais de 2002. das empresas chinesas que terminam barris diários. A subida ficou abaixo as empreitadas acabam por fixar- do nível de aumento geral das im- Apesar da supremacia dos Estados se no País, porque Angola tem um portações chinesas de petróleo, em Unidos, merece destaque a evo- ambiente para o investimento extre- 39 por cento, em Julho, atingindo lução das remessas para a China mamente favorável, consubstanciado 14,83 milhões de toneladas. desde 2002, altura da assinatura da na estabilidade política, social, ma- paz definitiva para Angola. O valor croeconómica e nas perspectivas de Desde o início do ano em curso, o aumentou quase sete vezes, contra crescimento económico”, disse, para aumento é de 15 por cento, para uma evolução de apenas três vezes quem é natural que estas empresas sobretudo, os sectores de Energia e 96,37 milhões de toneladas. Naque- e meia registada nas vendas para os manifestem o interesse em trabalhar Águas, bem como o da Educação, le período, o principal exportador Estados Unidos. no mercado angolano”. que beneficiaram de 18 e 20 por foi a Arábia Saudita, maior produ- tor mundial de petróleo, com 2,33 Esta realidade pode ter resposta no cento do valor global da primeira aprofundamento das relações comer- Numa altura em que as autoridades transferência. milhões de toneladas, ou 548 mil angolanas precisavam de recursos barris diários. ciais entre os dois países. Nos últimos financeiros da comunidade interna- “O financiamento da linha de crédito três anos, a China concedeu emprés- cional, Carlos Fernandes adianta que foi benéfico para a economia ango- Entre os principais destinos das impor- timos de 4,4 biliões de dólares. tações chinesas estiveram ainda Omã, a China procurou cooperar com An- lana, na medida em que além da Negociado com taxas de juro bo- gola de modo inteligente, porque Energia e Águas e Educação, foram Rússia e Irão. Nos últimos cinco anos, as importações de petróleo triplicaram nificado e com prazos de carência enquanto os outros países exigiam também beneficiados os sectores das dilatados, o dinheiro tem permitido pré-condições que limitavam o de- Obras Públicas com 14 por cento, a reabilitação de infra-estruturas ne- senvolvimento de Angola, e dos pa- assim como as Telecomunicações e cessárias para o relançamento da eco- íses do terceiro mundo em geral, o Pescas, com 13 cada”, disse o ministro nomia, de acordo com explicações país asiático sempre compreendeu das Finanças, José Pedro de Morais. do governo. que não tinha o direito de impor Os sectores das Saúde e da Agricul- quaisquer condições para disponibi- Já a China, o país mais populoso do tura foram também contemplados lizar financiamentos. mundo, busca novos mercados para com 12 e 10 por cento do mesmo os seus produtos (incluindo serviços) Angola prevê o incremento dos in- valor, respectivamente. Porém, em e outras fontes de aquisição de pe- vestimentos e das relações comerciais 2007 foi negociada uma outra linha tróleo para fazer face às necessidades com a China, nos próximos tempos, de crédito avaliada em 500 milhões energéticas. ❚ www.embaixadadeangola.org ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Economia 9 Sonangol anuncia nova descoberta de petróleo Financiamentos do BDA atingem didade de água de mil e 349 metros e atingiu a profundidade total de três mil e 343 metros. A nota informa ain- 300 milhões de dólares da que no poço foi encontrada uma zona produtiva de hidrocarbonetos Banco de Desenvolvimento às empresas maiores possibilida- com 127 metros nas areias Mioceno, O de Angola (BDA) pretende des de rendimentos”, disse Paixão com alta permeabilidade. O poço foi atingir, até ao final do ano em Franco, adiantando que a institui- testado e produziu petróleo acima de curso, 300 milhões de dólares em ção está a priorizar o modelo de trinta graus de densidade API, com projectos a serem financiados no projectos padronizados de modo débitos comercias superiores ao pre- País, segundo o presidente do a permitir aos empresários os co- visto. O poço Sango-1 é o primeiro Conselho de Administração da- nhecimentos devidos sobre o tipo perfurado no Bloco 15/06, a cerca de quela instituição, Paixão Franco, de equipamento necessário para 350 quilómetros a Norte de Luanda, para quem, em função dos projec- actuar em determinadas quanti- e será seguido de outros poços de tos preparados, com viabilidade dade de hectares. Em todos os Sonangol e a ENI – empresa ita- pesquisa em estruturas vizinhas com e operacionalidade comprovada, sectores, disse, poder-se-á alcan- A liana de exploração petrolífera, significativo potencial e perspectiva em determinadas regiões do País, çar um bom investimento, embo- anunciaram a descoberta de crude de um desenvolvimento, sinérgico na o BDA poderá facilmente duplicar ra estejam a pensar mais na dis- em águas profundas do bloco 15/06, área oeste do bloco. A Sociedade Na- as suas actividades e atingir tal seminação de projectos na área na zona marítima de Angola. De acor- cional de Combustíveis de Angola é valor monetário até Dezembro. de pecuária, avicultura, hotelaria, do com um comunicado da Sonangol, concessionária e a ENI Angola SPA A meta do BDA para este ano é produção de cereais, exploração o poço, designado Sango-1, foi sonda- actua na qualidade de operador do “bastante animadora”, estando a madeireira e de mel, em todo do em Abril deste ano a uma profun- Bloco 15/06. ❚ prepara-se para actuar em zonas território nacional. Paixão Fran- onde a banca e o sector privado co disse também ser importante tenham dificuldades em investir. continuar-se a relançar a produ- “Estamos a projectar empresas ção do sal, desenvolver a indús- âncora no ramo da avicultura para tria de materiais de construção SADC quer programas de melhoria serem financiadas e produzirem e potenciar novas empresas de pintos e galinhas para serem aba- construção civil, por proporcionar tidas e vendidas a empresas, per- muitos postos de trabalho e dina- de infra-estruturas mitindo às famílias uma renda e mizarem outras actividades. ❚ secretário executivo da SADC, ção dos produtos; a construção O o moçambicano Tomás Salo- de estradas, pontes e vias ferrovi- mão, afirmou recentemente, em árias, que contribuem para facilitar Luanda, que o combate à fome a circulação e o acesso dentro da e à pobreza na região passa, fun- região e do continente, possibili- damentalmente, pela existência tando que os produtores atinjam de infra-estruturas de qualidade, os vários mercados. Para Tomás Sa- o que tornaria as suas economias lomão, com os recursos humanos, mais competitivas. Em entrevista à hídricos e naturais existentes nos imprensa angolana, à margem da estados membros da SADC deve- reunião do Comité Inter-Estatal de ria possibilitar-se maior e mais des- Defesa e Segurança da SADC, ad- frute às populações. O diplomata vogou a necessidade da aplicação, moçambicano sublinhou que os sem ambiguidades, de programas desafios actualmente impostos à dirigidos à erradicação de tais fe- comunidade poderão ser resolvi- nómenos. Apontou, entre outras, dos com o fomento do emprego áreas como o sector energético, e a melhoria da qualidade de vida que poderá acelerar a transforma- das populações. ❚ Angola vai produzir biocombustível Statoil Hydro em Angola vai apos- panhias produtoras de petróleo no A tar na produção de biocombustí- País, incluindo a Sonangol. A empresa Chevron investe 1,94 mil milhões de euros vel e energia eólica no offshore, em norueguesa presta também assistên- parceria com a Sonangol. A imple- cia técnica a projectos da Sonangol mentação do projecto de produção Pesquisa e Produção nos blocos 34 no Bloco 14 de novas energias ocorrerá logo que e 4/05, cuja fase de produção terá o estiver criado, no País, um quadro legal início no segundo semestre de 2008, petrolífera norte-americana Che- por dia, na fase de arranque. O in- que permita o exercício da activida- naquele que será o primeiro projecto A vron vai investir três mil milhões vestimento previsto para os próximos de. Segundo Lukoki Sebastião, vice- de desenvolvimento de um campo em de dólares (1,94 mil milhões de eu- cinco anos é superior em 30 por cen- presidente da Statoil Hydro, a visão offshore da SonangolP&P. ❚ ros) no desenvolvimento do projecto to ao realizado pela Chevron entre da empresa passa por se tornar num Tombua Landana, no Bloco 14 do “off- 2003 e 2008, adiantou. Na Nigéria, fornecedor importante de biocom- shore” angolano. O projecto angolano serão aplicados cinco mil milhões de bustíveis com uma posição global a insere-se num investimento global de dólares numa refinaria de diesel em nível da produção e comercialização. 20 mil milhões de dólares (12,98 mil Escravos, Delta do Niger, até 2012. A “Estamos prontos a firmar posições e milhões de euros), ao longo dos pró- produção petrolífera de Angola foi competências através da produção de ximos cinco anos, para fazer face ao a maior do continente africano no matéria-prima, em projectos de produ- aumento da procura global de pe- mês de Abril, superando a da Nigéria, ção de primeira geração e a ganhar tróleo e gás estimulando a produção afectada por ataques a instalações vantagem competitiva a longo prazo em África, sobretudo em Angola e na petrolíferas, segundo dados da Or- através de tecnologia da próxima ge- Nigéria, afirmou o vice-presidente da ganização de Países Exportadores de ração”, disse. Em Angola, a Statoil Hydro petrolífera. Peter Robertson, que fala- Petróleo (OPEP). A OPEP indica que, exerce actividade de exploração de va à imprensa na Tanzânia, adiantou em Abril, Angola produziu em média petróleo nos blocos 15 e 17, sendo a que Tombua Landana deverá produzir 1,873 milhão de barris de petróleo, maior empresa não-operadora e está perto de 125 mil barris de petróleo mais 55 mil do que a Nigéria. ❚ entre as sete mais importantes com-

www.embaixadadeangola.org 10 Economia ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Governo oficializa atribuição de direitos mineiros BNI abre 48 novas agências da lei das Actividades Geológicas e Mineiras, das legislações sobre o in- Banco de Negócios Interna- um ano após a sua entrada em vestimento privado e cambial. Refere O cional (BNI) vai abrir, durante efectivo funcionamento, aprovou- que a concessão de direitos mineiros o ano 2008, 48 novas agências em se igualmente alguns projectos para a exploração de ouro realiza- todo o País, com o fito de propi- para os próximos tempos, com se através de um contrato adminis- ciar um atendimento diferenciado, destaque para a sua internacio- trativo, aprovado pelo Conselho de com conforto, segurança e maior nalização, graças ao arranque de Ministros. Quando houver lugar a comodidade. A decisão saiu de operações plenas em mercados uma investigação geológico-mineira uma reunião da Assembleia-geral como a China, a América Latina prévia, o contrato deve ser celebrado do BNI, realizada em Luanda. Em e os Países Africanos de Expres- em duas fases, sendo a primeira para consequência deste crescimento são Portuguesa. Proximamente, o o investimento no reconhecimento, do banco, houve um aumento do BNI irá proceder ao lançamento prospecção, pesquisa e avaliação e a capital próprio para 70 milhões dos seus cartões de pagamentos segunda para o investimento na fase de dólares americanos contra os internacionais, nas redes Visa e governo oficializou, mediante da exploração, transformação e ou 20 milhões iniciais. E ao nível da Mastercard ❚ O publicação no Diário da Re- comercialização. A competência para sua contabilidade, há ainda a assi- pública, de sete de Maio, o regu- aprovar os contratos de investimento nalar uma rentabilidade de fundos lamento de atribuição de direitos para a fase de investigação geológico- próprios (ROE) na ordem dos 72 mineiros sobre alguns minerais es- mineira e de exploração pode ser por cento, e uma rendibilidade tratégicos. A resolução está inserida delegada pelo Conselho de Ministros do Activo Total (ROA) de 3,54 por na I Série, número 83, do Diário da ao órgão de tutela se, terminada a cento. O BNI actuará como agen- República. De acordo com o decre- etapa de prospecção, o investimento te financeiro e como colocador to, o investimento na exploração de a realizar nos primeiros cinco anos de exclusivo das quotas do Fundo ouro realizado por entidades privadas, exploração se revelar igual ou inferior de Investimento Imobiliário junto nacionais e estrangeiras, está sujeito ao correspondente a 25 milhões de ❚ do mercado angolano. Este fun- a autorização específica, nos termos dólares. do foi constituído com um valor global de 30 milhões de dólares, num prazo de aplicação na ordem dos 18 meses. No encontro, no qual o BNI mostrou-se satisfeito com o desempenho da instituição, Angola relança produção agro-industrial Direcção Nacional da Agro- O segundo projecto, denominado A Indústria tem à sua disposição “Sugar And Bio-Energy”, avaliado em vários pedidos de intenções de in- 160 milhões de dólares, contempla vestimento no sub-sector açucarei- a construção de uma indústria de ro para a construção de complexos açúcar e álcool em Malange. A ser agro-industriais de produção de açú- concretizado, o projecto vai ocupar car, álcool e energia, nas províncias uma área aproximadamente de 40 do Zaire, Malanje e Uíge. O Ministério mil hectares, onde se prevê produzir, da Indústria tem em posse dois pro- na primeira fase, 180 mil toneladas jectos ligados à produção de açúcar de açúcar por ano. A Sugar And Bio- e álcool, nomeadamente a Socieda- Energy, uma parceria entre a empresa de de Álcool e Agricultura Limitada sul-africana “PGBI-Ltd” e a angolana, (Soal), empresa de direito angolano, “Cielfil Agricultura Limitada”, vai ne- constituída pela Companhia Indus- cessitar de 225 milhões de metros trial de Frutas de Angola (Cifal), com cúbicos de água/ano, para a irriga- a participação da empresa espanhola, ção da área. Pelas potencialidades Alcohespa. Avaliado em 150 milhões agrícolas e pecuárias existentes no de dólares norte-americanos, o futu- país, o Ministério da Indústria projecta ro projecto vai permitir construir um igualmente, em parceria com a classe complexo agro-industrial para a pro- empresarial angolana, a construção dução de álcool, através de massam- de algumas unidades agro-industriais bala, prevendo produzir dois milhões para alimentação, com destaque para Rússia reconhece desenvolvimento de Angola de toneladas por ano. Segundo o as de processamento e transformação responsável, desta quantidade, parte de hortofrutícolas, de descasque e embaixador da Federação da com grande futuro e que desempe- será utilizada na produção de álcool, embalagem de arroz, de conserva de O Rússia em Angola, Serguey Ne- nha um papel muito importante no outra para o consumo humano e uma peixe e transformação de mandioca e nachev, disse que o País tem se desen- continente africano e no mundo. Ser- terceira para ração animal. Quando seus derivados. Figuram ainda neste volvido “a olhos visto” desde o alcance guey Nenachev disse ter trocado opi- for aprovado, o projecto, a ser imple- leque a construção de agro-indústrias da paz, em Abril de 2002, e mani- niões com o primeiro-ministro sobre mentado no vale do Loge, na provín- não alimentares, como fábricas de ra- festou o interesse em trabalhar para o desenvolvimento dos dois países e, cia do Zaire, numa área aproximada ção animal, de embalagem de cartão aprofundar as relações de cooperação durante a conversa, foi manifestada a de 30 mil hectares, proporcionará e plástico e de transformação de pele entre os dois estados. Em declarações prontidão e o interesse em reforçar pelo menos 500 postos de trabalho. e chifre animal. ❚ à imprensa no final de uma audiência a cooperação bilateral. Sublinhou a que lhe foi concedida pelo primeiro- importância da visita do Presidente ministro angolano, Fernando da Pie- angolano, José Eduardo dos Santos, à dade Dias dos Santos, o embaixador Rússia, em Outubro de 2006, no qua- russo, que está em Angola há quatro dro do reforço da cooperação entre meses, manifestou-se impressionado os dois países. Angola e Rússia es- com o desenvolvimento do País, após tabelecem cooperação nos domínios ao alcance da paz. “Isso dá para ver militar, policial, formação de quadros, nas ruas de Luanda, assim como nos económico, judicial, pesquisa, explora- centros provinciais do País”, apontou, ção e exploração de diamantes, entre considerando o País “muito bonito”, outros sectores. ❚ www.embaixadadeangola.org ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Sociedade 11 Actos consulares perto das comunidades Cônsul-geral apela a preservação da identidade cultural No quadro da campanha dos serviços consulares junto das comunidades residentes em Lisboa, a cônsul-geral de Angola em Lisboa, Cecília Baptista, apelou sentir-se confrangida por ver crianças angolanas, nascidas em Portugal, perderem a identidade cultural do País. a freguesia de Cacém, a cônsul- fazemos tanto quanto possível para pedidos e renovações de passapor- N geral achou curioso o facto de que os nossos filhos não percam a tes e inscrição consular, entre outros) as mesmas crianças não estarem sua identidade, porque senão estas pelo Consulado Geral de Angola em também identificadas com Portu- crianças estariam sujeitas a influên- Lisboa, visam ainda a proximidade e gal e considerou importante que cias, perdendo aquilo que é natural a auscultação dos problemas da diás- Cônsul-geral de Angola em Lisboa. os angolanos não percam “os seus neles”, assinalou, depois de salientar pora angolana em Lisboa, um objecti- hábitos, a sua cultura e a sua for- ainda a importância de se manter vo que o Consulado quer aprofundar. do Consulado. Embora tenha reco- ma de estar, pelo facto de estarem os filhos ligados às questões do País. A cônsul-geral aproveitou ainda para nhecido o facto de os outros actos a viver fora de Angola”. A cônsul- Em mais uma etapa de realização de esclarecer que esta proximidade com consulares realizados noutros pontos geral sublinhou ainda que o pres- actos consulares à rua, a cônsul-geral as comunidades não tem propósitos da cidade de Lisboa não ter tido a suposto da integração à sociedade advogou ainda ser urgente para a eleitoralistas, “tal como dizem algu- mesma qualidade oferecida, admitiu de acolhimento (no caso Portugal), preservação da angolanidade, a or- mas vozes dos nossos compatriotas”, que “estamos a aprender muito com não deve ser um factor impeditivo ganização em associações “ou outra mas sim a defesa intransigente dos a comunidade”. Ouvir as críticas da de as crianças angolanas herdarem série de situações que podem trazer interesses dos angolanos em Portu- comunidade e aquilo que são as suas e preservarem a identidade cultural os angolanos juntos e, assim, nos va- gal. “O Consulado Geral de Angola em preocupações, é uma das filosofias angolana. Nesse sentido, apelou aos lorizarmos”. “Se deixarmos de valori- Lisboa resolveu adoptar este contacto de trabalho que o Consulado resol- pais e aos encarregados de educação zar o nosso País, ninguém vai nos permanente com as comunidades no veu introduzir para colmatar muitas das crianças angolanas em Portugal a valorizar também”, para depois pedir sentido de auscultá-las, saber quais das dificuldades com que muitos dos terem “uma grande preocupação de aos angolanos residentes em Cacém: são os problemas que enfrentam nos cidadãos angolanos se deparam em manter as novas gerações ligadas ao “Façam tudo que estiver ao vosso locais de residência e os que decor- Portugal. É no sentido de tornar o país de origem”, exactamente por ser alcance para manterem os laços que rem da sua permanência em Portu- serviço um pouco mais fácil à vida da “inconcebível encontrar crianças que vos ligam à nossa terra”, aliás, disse, gal”, afirmou ainda a cônsul-geral, para comunidade relativamente a obten- não saibam absolutamente nada de “o facto de estarem fora do País, não quem a iniciativa é uma experiência ção de documentos, que os serviços Angola”. “Como diplomatas, percorre- deixaram de ser angolanos”. Os actos que tem contribuído para a melhoria se aproximam ao pé das comunida- mos várias partes do mundo, mas consulares (registos de nascimento, da prestação de serviços por parte des aos fins-de-semana. ❚ “Angola: Ensino, Investigação e Desenvolvimento - 2008” no Minho Seis milhões alunos nas escolas de Angola em 2005 Seis milhões de crianças entraram nas escolas em Angola em 2005, número que mostra um grande crescimento do sector educativo, apesar das dificuldades. Em 2002 havia, apenas, um total de 1,2 milhões de jovens no sistema escolar e, agora, há cinco vezes mais, segundo o investigador Narciso Santos, durante a conferência “Angola: Ensino, Investigação e Desenvolvimento (EIDAO - 2008)”, realizada em Maio na Universidade do Minho, juntando académicos, investigadores, homens de cultura e agentes económicos, sociais de Portugal e de Angola. iniciativa centrou-se nas áreas rança Social”. Narciso dos Santos lem- mano sustentado e na dimensão Joaquim Macedo, foi “um fórum de A da “Educação, Cultura e Desen- brou que “Angola é, na actualidade, cultural do desenvolvimento”. De se- discussão e de reflexão sobre o de- volvimento”, “Desenvolvimento Ur­ um País de grandes oportunidades”, guida, e falando num painel sobre senvolvimento de Angola e de de- bano, Rural e Meio Ambiente”, “Re- o que “desafia o País a enfrentar os Educação, Cultura e Desenvolvimento, bate dos mecanismos de cooperação cursos Naturais, Desenvolvimento desafios da educação, nos vários sub- o universitário angolano Eugénio Sil- para o desenvolvimento”. Na aber- Sustentado e Alterações Climáticas”, sistemas de ensino, e em particular, va, que lecciona na universidade mi- tura esteve presente a cônsul-geral “Tecnologia e Economia Sustentada”, no ensino superior”. Vítor Kajibanga, nhota, defendeu que só com forma- de Angola no Porto, Maria de Jesus “Sociedade Civil, Estado e Democra- da Universidade Agostinho Neto, con- ção de professores e com articulação Pereira. No manifesto sobre a inicia- cia”, e “Sistemas de Saúde e Segu- siderou que a crise estrutural e con- dos diferentes subsistemas - do bá- tiva, os organizadores - académicos juntural do ensino superior em Áfri- sico ao superior - se pode dar um angolanos e portugueses -, lembram ca está intimamente ligada às crises salto na qualidade do ensino. Consi- que “o calar das armas e a paz tão de pertinência, qualidade, gestão e derou, no entanto, que “é necessário ansiosamente desejada” proporciona- financiamento do ensino superior. dar condições de trabalho aos pro- ram o “desenvolvimento de iniciativas, Reflectiu sobre a “importância das fessores, o que ainda não acontece, tanto ao nível institucional quanto liberdades académicas no desenvol- para que possam desenvolver o seu ao da sociedade civil”. Afirmam que vimento da ideia de universidade e trabalho “sem estarem dependentes” o sistema educativo “tem marcado na promoção da democracia partici- de outras formas de subsistência. Os passos decisivos, quer por via do au- pativa e criativa”. Sublinhou o papel organizadores da conferência inter- mento da cobertura do sistema, quer das instituições de ensino superior nacional sobre Angola consideram da oferta educativa, de modo a res- na promoção da educação para a que o País tem condições para ter ponder às exigências de uma popu- cultura da paz, no respeito pelos di- uma educação de qualidade dentro lação excepcionalmente jovem e de reitos humanos, na democracia, na de 10 a 12 anos. A conferência, que uma economia carente de recursos tolerância, no desenvolvimento hu- foi presidida pelo professor angolano humanos qualificados”. ❚

www.embaixadadeangola.org 12 Sociedade ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 UmUm olharolhar àà imigraçãoimigração africanaafricana emem PortugalPortugal A presença de africanos em Portugal é mais antiga em terras lusas. Vieram aquando das invasões muçulmanas no século VI, mas foi só depois do Séc. XV que a sua presença em Portugal se tornou uma realidade incontornável, embora pouco estudada.

pós a conquista de Ceuta, em uma nova visibilidade aos negros sobretudo dos PALOP. As condições são social, com todos os problemas A1415, o número de negros au- em Portugal, mas não promoveu de acolhimento desta nova vaga de que isso implica, em largos estratos mentou de forma exponencial. Por- a sua vinda massiva. Nos anos 60, imigrantes foram as piores que se da população africana residente em tugal tornou-se, entre os séculos XV dois factos novos que mudam o possam imaginar, agudizando-se os Portugal. Um dos problemas mais e XVIII num enorme entreposto de quadro anterior: o inicio da guerra problemas sociais, nomeadamente graves prende-se com a questão da escravos. Os que não eram vendi- colonial e a emigração em massa devido às degradantes condições cidadania destes imigrantes. Muitos dos para Espanha e outros países, de portugueses, fazendo com que, de trabalho e de habitação em que dos que nasceram em Portugal, fi- eram usados em inúmeras activida- entre 1960 e 1973, Portugal fica sem viviam. Em 1991, o Serviços de Emi- lhos de pais africanos, não se identi- des, suprimindo a constante falta de menos 900 mil potenciais trabalha- gração e Fronteiras (SEF) de Portu- ficam nem como portugueses, nem mão-de-obra que as explorações e dores. A escassez de mão-de-obra gal registava 113 mil e 978 imigran- como africanos. A própria lei não o comércio marítimo provocavam. leva o governo a promover a vinda tes legais, dos quais 40 por cento lhes facilita a aquisição da naciona- No século XVI, um em cada cinco de gentes das antigas colónias, so- eram oriundos das ex-colónias. Os lidade portuguesa. Em meados dos habitantes da cidade de Lisboa era anos 90, o problema dos africanos negro. Ainda em finais do século atingiu em Portugal tais dimensões XIX, eram assinaladas algumas al- que o Estado português começou deias de Portugal onde a população finalmente a encarar o problema, era claramente de origem africana, como uma questão nacional que como as de São Romão do Sado urge resolver. Contudo, devido às ou em Tolosa (Nisa). Estudos gené- profundas mudanças na composi- ticos recentes revelam a presença ção da imigração neste início do de “sangue africano” de norte a sul século XXI, os africanos têm sido de Portugal. Segundo o investiga- ainda penalizados, com o surgimen- dor Carlos Fontes, a presença dos to de cidadãos da Ucrânia, Moldá- negros na sociedade portuguesa via, Roménia, Rússia e também do era tão grande que entre o sécu- Brasil. Para centenas de milhares de lo XV e XIX aparecem com grande imigrantes oriundos das ex-colónias, frequência na literatura, mas tam- a história comum que partilha com bém são assinalados em inúmeros Portugal deveria proporcionar um espectáculos populares. Em Lisboa, melhor acolhimento. A maioria dos um das suas danças e cantares, o jovens africanos em Portugal não se Lundum, acaba por dar origem ao identifica com os portugueses, ape- Fado, a “canção nacional”. Até ao bretudo de Cabo Verde, para suprir problemas da integração de um sar de a sua maioria já ter nascido século XIX, a questão do cruza- as necessidades na construção ci- número tão elevado de imigrantes em Portugal (26 por cento) ou viver mento de raças parece ter pouca vil e nas obras públicas. Calcula-se foram-se agravando, devido à con- em Portugal há mais de 10 anos (25 importância social. Portugal era de que entre 1963 e 1973 terão vindo tínua chegada de novos imigrantes por cento). Esta foi uma das conclu- longe o país mais afro-asiático da legalmente para Portugal 104 mil e à incapacidade do Estado para re- sões de um estudo realizado pelo Europa. A pigmentação da popula- e 767 cabo-verdianos. Com o fim solver muitos problemas estruturais ISCTE, a pedido da Secretaria de ção aproximava-se mais de África das colónias, inicia-se a vinda de (habitação, assistência social, apoio Estado da Juventude (Maio 2002). do que da Europa. Acontece que centenas de milhares de africanos familiar e educativo, entre outros). O Apenas quatro por cento se revê as ideias racistas que se difundem para Portugal. O número exacto é resultado foi o aumento da exclu- na sociedade portuguesa branca. por toda a Europa começam a hie- impossível de determinar. Por várias rarquizar a inteligência dos povos razões. A primeira é que face à em função da pigmentação da sua lei que vigorou até 1981 (Decreto pele. Os cruzamentos são agora mal Lei 308/75), qualquer cidadão que vistos, assim como também a des- tivesse nascido numa das antigas cendência ou a simples presença colónias portuguesas até à data de negros. O lugar dos negros é da sua independência (1974/75) em África. Procede-se então a um era para todos os efeitos um ci- lento trabalho de ocultação das dadão português. Os sucessivos marcas dos negros em Portugal, conflitos armados que ocorreram assim como do passado do país li- nas ex-colónias após a Indepen- gado ao tráfico de escravos. A vinda dência, foram sempre marcados de negros torna-se um fenómeno pela vinda de importantes grupos cada vez mais raro, o que todavia de refugiados, na maior parte dos nunca deixou de acontecer. A vira- casos sem este estatuto. Nos anos gem só ocorre, no início do anos 80, numa altura em que Portugal 50 do século XX quando se passa se mergulhava numa profunda a defender que Portugal é uma crise económica, assiste-se a um nação multiracial. Este facto deu aumento da imigração, originária www.embaixadadeangola.org ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Sociedade 13

Convivência fraterna

A imagem do africano continua ção seguinte (Lito Vidigal, Oceano, cimento foi sendo acompanhado africana da Europa”. Independen- a ser associada ao trabalhador Hélder Cristóvão ou Chainho), um pelo aumento do desemprego, temente daquilo que muitas ve- da construção civil e a profissões número crescente de desportistas pobreza e outras desigualdades. zes se faz crer, a convivência entre pouco qualificadas, embora no portugueses de renome são afri- Apesar das duras condições de africanos e portugueses é fraterna. desporto, na música, no jornalis- canos ou de ascendência africana: existência dos seus habitantes, es- Poucos são os jovens portugueses mo ou mesmo no ensino, tenham Bosingwa, Nani, Miguel, Luís Boa tes bairros mantém viva a cultura que hoje não frequentam espaços adquirido uma grande projecção. Morte, Nelson Évora, Naide Gomes, africana na Europa, com a sua rica de diversão africanos ou que não Desde o “rei” Eusébio, Mário Coluna, entre outros. A grande vaga de culinária, música, dança e hábitos sabem dançar um kizomba ou usar Matateu ou Zé Maria (anos 60), imigração africana dos anos 80/90, tradicionais. O concelho da Amado- um calão. Cova da Moura (Amado- Jota Jota, Jordão, Carlos Alhinho criou à volta de Lisboa inúmeros ra é exemplo da multiculturalidade. ra), um típico bairro africano trans- ou Shéu e outros tantos da gera- “bairros” de barracas. O seu cres- Já o intitulam de “a cidade mais plantado para a Europa, onde se pode comer feijão congo, cachu- pa, madioca, surgiu nos finais dos anos 70, sendo os seus fundadores refugiados da guerra civil de An- gola. Nos anos 80, juntaram-se-lhes muitas famílias imigrantes oriundas de Cabo Verde, Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe. O bairro de barracas foi crescendo em popu- lação e em problemas. Os filhos destes imigrantes já nascidos no bairro, num ambiente de pobreza e degradação, acabaram por ser as primeiras vítimas do processo. Entregues à sua sorte, sem ins- trução nem famílias estruturadas, muitos acabaram por se dedicar à delinquência e depois ao crime or- ganizado. A maioria dos jovens afri- canos (80 por cento), considera-se discriminada no acesso ao consu- mo, mas sobretudo na forma como são tratados nos estabelecimentos de saúde, nas escolas ou tribunais. Ao contrário das primeiras gera- ções de africanos, muito marcadas pela passividade, as novas gerações já nascidas em Portugal, procuram diversas formas de afirmação cul- tural, nomeadamente através da Facilitada inscrição na Segurança Social música e grafites. ❚

s trabalhadores imi- criada ACT (Autoridade para grantes) em diferentes regi- espécie de beco sem saída quando seja de todo im- O grantes começaram já as Condições de Trabalho) ões, situação agudizada entre o SEF e a burocracia possível a sua exibição, em inscrever-se na Segurança já não exigia o registo dos após regulamentação da Lei da Segurança Social. A ac- alternativa, através de “Do- Social, mediante contrato contratos de trabalho dos 23/2007 e a colocação on- ção das associações de cumento comprovativo da de trabalho ou através de candidatos à legalização ao line do formulário em imigrantes, pela denúncia relação laboral emitido por documento comprovativo abrigo do Artigo 88, n.º 2 http://sapa.sef.pt que não e intervenção per­sistentes, uma das seguintes entida- da relação laboral emitido desta Lei, diversos Centros pode ser preenchido sem conseguiu desbloquear a des: Sindicato; Associação por uma entidade devida- Distritais da Segurança So- a introdução no número situação, em algumas loca- com assento no Conselho mente creditada (sindicato, cial deixaram de aceitar de beneficiário da Segu- lidades. Mas só a 13 de Consultivo para os Assun- associação ou autoridade inscrições de novos benefi- rança Social. Milhares de Dezembro a le­galidade foi tos da Imigração; Autorida- para as condições de traba- ciários, mesmo a pedido das imigrantes ficaram pura e reposta em to­do o país, de para as Condições do lho). A legalidade foi repos- entidades patronais: foi o simplesmente arredados através da In­for­mação Téc- Trabalho (ex-Inspecção-Ge­ ta depois da intervenção de caso de Setúbal e Portale- da possibilidade de legali- nica n.º 20/2007 da Segu- ral do Trabalho)”. Abriam-se diversas associações e de gre, a Sul, bem como em zarem a sua situação. Pior rança Social que permite assim novas perspectivas uma deputada do Bloco de diversos distritos do centro ainda: diziam-lhes que só a inscrição de trabalhado- de acesso à cidadania por Esquerda. Desde a entrada e norte do país. Criou-se poderiam ser inscritos de- res estrangeiros me­diante parte de milhares de tra- em vigor da nova Lei de assim uma inaceitável desi- pois de obterem Autoriza- “Contrato de trabalho de- balhadores, remetidos à Imigração, a 3 de Agosto, a gualdade no tratamento de ção de Residência, colo- vidamente carimbado pela clandestinidade e à explo- pretexto de que a recém- cidadãos (neste caso imi- cando os migrantes numa entidade empregadora” ou, ração. ❚

www.embaixadadeangola.org 14 Sociedade ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Da autoria da angolana Dilma Esteves Lançada obra sobre cooperação China-África Recolhidas cerca de 52 mil armas desde 2002

m estudo analítico do estado U evolutivo das relações econó- micas entre a China e o continente africano, particularizando o caso da República de Angola, está descrito no livro da autoria da angolana Dil- de Letras da Universidade de Lisboa, ma Esteves, lançado a 14 de Maio Dilma Esteves nasceu na cidade do Huambo e actualmente é investiga- dora académico-científica. Estiveram erca de 52 mil armas que per- ada pelo Presidente da República, ainda presentes ao acto, o ministro C tenceram as extintas forças José Eduardo dos Santos, está a conselheiro da Embaixada de Angola de defesa foram recolhidas desde conduzir o processo, que reserva em Portugal, Rui Xavier, em represen- 2002, no País, anunciou, em Luanda, às Forças Armadas “um papel mui- tação do Embaixador Assunção dos o chefe de Estado-Maior General to activo” no processo. O encontro Anjos; a Cônsul-geral de Angola em das Forças Armadas Angolanas, aprovou o plano de acção de de- último, no Auditório da Fundação Lisboa, Cecília Baptista, diplomatas da Francisco Pereira Furtado, no final sarmamento de cidadãos em posse de uma reunião da Comissão Na- ilegal de armas de fogo e apreciou Cidade de Lisboa. Intitulada “Rela- Embaixada de Angola em Portugal, ❚ cional para o Desarmamento da o cronograma de acções, o código ções de Cooperação China-África: O entre outros convidados. população em posse ilegal de ar- de conduta dos agentes da polí- Caso de Angola”, apresentada pelo mas, presidida pelo primeiro-minis- cia e a estrutura da campanha de general Loureiro dos Santos, a obra tro, Fernando da Piedade Dias dos sensibilização e educação cívica da resulta da publicação da sua tese de Santos. O general confirmou que as população. A Comissão Nacional foi Mestrado em Relações Internacionais, cerca de 52 mil armas que perten- criada pelo Chefe de Estado com o conferido pelo Instituto Superior de ciam a defesa civil já se encontram objectivo de reduzir a proliferação Ciências Sociais e Políticas. Licenciada nos depósitos de armamento das de armas ligeiras e de pequeno em Estudos Africanos, na Faculdade Forças Armadas. Declarou que a porte, sobretudo, as adquiridas ili- comissão de desarmamento nome- citamente durante a guerra. ❚

Angola com níveis baixos de prevalência de SIDA na SADC Adaptações climáticas cutor garantiu que existem programas em curso para diminuir os casos de Sida na zona. A título de exemplo, Angola citou o caso do Botswana em que se trouxe o grau de prevalência para o ngola é um dos países membros controlo. “É preciso arregaçar as man- prepara A da Comunidade de Desenvolvi- gas e educar. É necessário transmitir mento da África Austral (SADC) com mensagens educativas à camada jo- níveis baixos de casos de HIV-SIDA, vem sem tabus e encorajar também plano em relação a outros estados mem- os dirigentes segmentos da sociedade bros, segundo o Secretário Executivo sobre as consequências da doença”, ministro do Urbanismo e Am- da organização, Tomás Salomão. “Nas acrescentou. Um relatório, intitulado O biente, Diakumpuna Sita José, estatísticas que temos Angola não é “Confrontando a Crise dos Profissio- apontou, em Luanda, a preparação um país indicado com alto nível de nais de Saúde para a Expansão do da Primeira Comunicação Nacional prevalência na região”, explicou, sem Acesso ao Tratamento para o HIV/SIDA”, sobre Alterações Climáticas e o Pla- adiantar números. Em declarações à aponta que mais de um milhão de no de Acção Nacional de Adaptação, imprensa à margem da 29ª reunião pessoas na África do Sul, Moçambi- como principais projectos do seu pe- ministerial do Comité Inter-Estatal de que, Malawi e Lesotho necessitam de louro no tocante ao combate às al- Defesa e Segurança da SADC, o interlo- tratamento da doença. ❚ terações climáticas. O governante fez este pronunciamento quando falava no acto de lançamento do Relató- Governo prepara ratificação do Acordo Ortográfico rio de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o specialistas angolanos de vários ao Ministério da Educação, que por Desenvolvimento (PNUD). Segundo o está igualmente engajado na prepa- E sectores vão analisar aspectos sua vez os entregará ao Conselho responsável, a comunicação incluirá ração da Estratégia Nacional para a ligados à ratificação por Angola do de Ministros, para análise e apro- a realização de um inventário das Gestão de Resíduos Urbanos que será Acordo Ortográfico num encontro vação. A ser aprovada a proposta fontes de emissão de gases de efei- construída na base do princípio de que decorrerá em Luanda, em Ju- de lei pelo Conselho de Ministros, to estufa e proporcionará o conhe- maximização do reaproveitamento, lho, promovido pelo Ministério da cabe à Assembleia Nacional a rati- cimento “profundo” das principais valorização económica e preservação Educação. Denominado «Oficina ficação do acordo. Segundo Paula fontes de emissão de poluentes. O ambiental. Afirmou que existem indi- de Trabalho», a iniciativa vai reunir Henriques, o Acordo Ortográfico mesmo programa ajudará a desen- cações que confirmam a presença da linguistas, sociolinguísticos, meto- entrará logo em vigor após a sua volver estratégias e planos consen- subida da temperatura em Angola ao dólogos do ensino da língua portu- análise, e por isso, a necessidade tâneos para as reduzir ou eliminar. longo dos últimos 50 anos. Por esta guesa, sociólogos, editores, juristas, deste encontro para a recolha de Quanto ao Plano de Acção Nacional razão, disse considerar a adaptação às informáticos e economistas, com opiniões de especialistas. O Acor- de Adaptação (Napa), incidir-se-á na alterações climáticas como a opção vista a analisarem questões técni- do Ortográfico foi assinado a 16 definição de medidas “imediatas” de prioritária nas políticas sectoriais do cas ligadas à ratificação do Acor- de Dezembro de 1990 por Ango- mitigação e adaptação aos efeitos governo. Reiterou ainda que para cor- do Ortográfico. A coordenadora la, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, das alterações climáticas no País. Os responder aos compromissos interna- da Comissão Nacional do Instituto Moçambique, Portugal e São Tomé dois projectos serão apoiados pelo cionais o País elaborou a Estratégia Internacional de Língua Portuguesa, e Príncipe, mas não podia entrar em Programa das Nações Unidas para o Nacional para a Implementação da Paula Henrique, disse que os resul- vigor por não ter sido ratificado por Ambiente (PNUA), através do Fundo Convenção das Nações Unidas sobre tados da reunião serão submetidos todos os países. ❚ Mundial para o Ambiente (Gef), orça- Alterações Climáticas e do Protocolo do em 700 mil dólares. O seu pelouro de Kyoto. ❚ www.embaixadadeangola.org ABRIL • MAIO • JUNHO 2008 Cultura 15 Daniel Nascimento «A minha carreira vai continuar se Deus quiser» Daniel Nascimento dispensa apresentação. De Portugal, onde faz a sua principal morada, além do jornalismo, lançou-se, com o apelido DANNYL, para o mundo da música, em 2003, “embora já tenha feito alguma coisa anteriormente”. O seu primeiro disco saiu em 2004, com o título “Tá Bater” e foi lançado em Angola, claro.

Quando é que descobriu a veia musical? também o Hélvio, que é um artista de grande ta- gas sobre isso. A nossa música teve um “boom” • lento e que se identifica comigo, o Semba Master e muito grande, mas éramos poucos. Houve até um A veia artística não se descobre: tem-se ou não. os Kalibrados. Sou um grande amante de Hip Hop, amigo músico que tocou numa questão muito Sou de uma família de muitos músicos, e mais porque até também faço Hip Hop. importante. Ele diz que a partir do momento que cedo ou mais tarde tinha que vir parar à música. terminou a guerra, houve um renascer da música Acho que estava predestinado e ainda bem, hoje • Mas canta mais Semba... posso mesmo dizer que ainda bem. angolana que esteve adormecida durante algum Quando me dizem, geralmente, que sou um cantor tempo. A nossa música agora tem pernas para • Além de ser músico, também de Semba, respondo que sou um artista. E um voltar a marcar posição, até invejava no bom é jornalista. Qual é a sua verdadeira cantor é um cantor. É preciso ter a versatilidade sentido os cabo-verdianos. Mas é preciso que os profissão? de cantar tudo, uns de uma forma feliz e outros artistas angolanos estejam unidos, trabalharmos de forma menos feliz. Mas antes de tudo sou um Sou jornalista, apresentador de televisão da SIC, mais juntos, de nos conhecermos mais e de nos artista e não gosto de ser catalogado. A minha aproximarmos. em Portugal. Sou um miúdo que anda a procura veia e linha musical são o Semba, o que quer do seu espaço, e um sonhador que quer conquistar dizer que não faço outra coisa. • É possível viver da música? alguma coisa. Todos dias, ganho o meu terreno. Tenho um outro trabalho, mas os rendimentos da Como digo, mas ainda falta muito. Ainda há um • Qual é o seu espaço conquistado música são bons, não gosto de falar de dinheiro longo caminho a percorrer para frente. no mercado angolano e português? (risos). • Como consegue conciliar as duas coisas? Devo muito ao carinho dos angolanos, porque tudo Projectos para o futuro? isso não seria possível se não tivesse sido bem re- • Concilio com disciplina. Aprendi em casa a observar Sou empresário da música, uma vez que sou os meus pais. São pessoas disciplinadas, isso só cebido. Comparavam-me com o Eduardo Paim, se consegue com um grande sentido de respon- outros com o Paulo Flores, enfim. No início o produtor executivo dos meus discos. Mas sabilidade e saber exactamente qual é o nosso achei normal, porque na música ninguém tenho um empresário, uma editora em Por- espaço. Como jornalista e apresentador de televisão, me conhecia, parece que cai de pára-quedas. tugal. É preciso que os artistas percebam tenho o meu tempo tomado, mas acredito sempre Apesar de já ter uma experiência e uma que a música é um negócio. É preciso que as pessoas querem fazer alguma linhagem musical, compreendo vender os discos e ter resultados, não basta que às vezes, quando um artista fazer música. Quase todos os artistas em coisa, fazem. Como também sou uma «Nã o s o m o s u m b a n d o d e pessoa religiosa, um homem de Deus, novo aparece, sofre compara- Angola têm essa vertente empresarial, a também acredito muito na fé, tenho a arruaceiros q u e a n d a m o s a q u i ções. Entendo sempre isso partir do momento em que são os alta confiança, arranjo sempre espaço. a b r i n c a r , c o m o m u i t a s p e s s o a s como um elogio, com- músicos que vão buscar os patro- Durmo menos do que, se calhar, muitas p e n s a m . É p r e c i s o q u e c a d a u m , pararem-me com cínios e que negociam os shows dois artistas que e os cachés. pessoas. Durmo quatro a cinco horas n a s u a á r e a , f a ç a a l g u m a c o i s a por dia, porque sou filho de duas pes- são dois nomes • Como vê soas que trabalharam toda vida para p a r a q u e An g o l a s e j a u m a maiores da músi- o desenvolvimento conquistar alguma coisa. Não podia ser p o t ê n c i a e m Áf r i c a ». ca, é muito bom de Angola? um acomodado, seria muito mais fácil. para mim. Mas O nosso País está a desen- Os meus pais educaram-me para ser uma pessoa não quero ter a presunção de volver-se muito rapidamen- íntegra, trabalhadora e não para estar sentado a achar que já conquistei tudo te e tem essa capacidade, espera que as coisas venham ter comigo. Isto já é da que tinha que conquistar, que de resistência e ultrapassar as minha personalidade: ser uma pessoa combativa. já sou uma grande pessoa. Não. Eu ainda sou pequenino e que- barreiras. A música ajudou- • Fala dos seus dois discos, o “Ta Bater” nos a ultrapassar as barreiras. e a “Nação Angolana”... ro continuar assim. Conquistar as coisas pouco a pouco e na Os angolanos nunca pararam O “Tá Bater” foi uma conquista muito grande, porque música quero fazer uma car- de se divertir, o que quer di- foi um disco que me deu muito trabalho, e tive a reira, em televisão quero fazer zer que os artistas têm uma honra de trabalhar com o Eduardo Paím, que é um também uma carreira. Conquistei função muito importante na dos nossos maiores músicos e um grande amigo, muitas coisas e há uma aposta sociedade. Não somos um uma pessoa que acreditou no meu talento, quan- muito forte da SIC. bando de arruaceiros que do foi preciso acreditar. Lutou comigo, ensinou-me andamos aqui a brincar, como muitas coisas e aprendi a observar. A minha carreira • Como vê a música angolana muitas pessoas pensam. É preci- vai continuar se Deus quiser. Em “Nação Angolana”, ontem e hoje? so que cada um, na sua área, faça trabalhei com muito mais produtores, como Ciro Olhe, é curioso que noutro dia estava alguma coisa para que Angola Cruz, que também é o meu produtor. Participaram em estúdio e discutia com alguns cole- seja uma potência em África. ❚ “Double Three M”: Sucesso! ouble Three M é um grupo mercado, já são ouvidos em al- coisa: o sucesso. Ao grupo Double D de Rapper` s com um futuro gumas rádios locais, com um dos Three M confiança não falta, assim promissor no mundo do Hip Hop. seus grandes sucessos: as músi- como talento e presença. Contu- Há já algum tempo a esta parte, cas “Nova Family” e “In this Party”, do, só mesmo o primeiro álbum este grupo tem vindo a deliciar as tornando-se num dos exemplos poderá, para já, definir o futuro expectativas dos seus fãs, maio- de que, com pouco, se consegue próximo deste grupo. Que se cum- ritariamente residente na grande fazer muita coisa. Em termos de pram as expectativas desde jovens Lisboa e arredores. Embora não perspectivas, garantem que são estudantes angolanos moradores tenham ainda algum álbum no muitas, mas só lhes acorre uma na Linha de Sintra! ❚

www.embaixadadeangola.org 16 Desporto ABRIL • MAIO • JUNHO 2008

Futebol

sei que em Angola as coisas estão a mudar. Tenho conversado com Ma- É neto de Napoleão Brandão nucho Gonçalves. Estou com 17 anos e posso um dia decidir jogar pelo Promessa do Manchester United espera jogar meu País”, promete. Evandro Brandão destacou-se pela sua equipa (Wal- pelos Palancas Negras shall FC) na Manchester United Nike Cup, em finais de 2006, um torneio Evandro Brandão, avançado angolano da equipa B apadrinhado pela marca de equipa- do Manchester United, que actualmente representa a Selecção mentos desportivos e o campeão in- Portuguesa de Sub-17, não fecha a porta aos Palancas Negras. glês e europeu, que junta todos os anos as melhores equipas de Sub-15 esidente na Inglaterra desde os Walsall FC, da II divisão inglesa, de do mundo, tendo de imediato inte- R 11 anos, depois de ter passado onde se transferiu para os “red devils”. ressado ao técnico português Carlos por Portugal, o jovem de 17 anos, Por enquanto joga na equipa B, mas Queirós, principal responsável pela neto de Napoleão Brandão, antigo tem estado a treinar na formação chegada do jogador ao clube. Natural guarda-redes do 1º de Agosto e da principal, daí acreditar na possibili- de Luanda, Evandro é filho de mãe Selecção Nacional, lamenta o facto dade de ascender para o plantel às diz Evandro Brandão. Evandro afirma angolana e pai português. Entrou de nunca ter sido contactado pela ordens de Sir Alex Fergurson. “Com que muitos jogadores escolhem ou- para a academia do Blackburn Rovers Federação Angolana de Futebol (FAF). trabalho chega-se lá. Quem está na tras selecções devido às condições com 13 anos. Na primeira temporada Há dois anos assinou um contrato equipa B pode jogar na principal, mas que estes países oferecem. “As nos- ao serviço do Walsall FC, marcou 10 de três épocas com o Manchester, tudo leva o seu tempo. A equipa do sas decisões são às vezes, ou quase golos em 14 jogos. Aí começou a depois de ter estado à experiência Manchester United é muito competi- sempre, motivadas pelas condições atrair as atenções dos observadores no Blackburn Rovers e passado pelo tiva, e isso aumenta a concorrência ”, que estes países nos oferecem, mas do Manchester United. ❚ Corrida ao Mundial 2010: Angola entra a liderar o Grupo 3 selecção nacional de futebol manteve-se in- dos Coqueiros, em Luanda, o Benin, por 3-0, com Palancas Negras somavam seis pontos, seguidos A vencibilidade no Grupo 3 das eliminatórias de golos de Flávio, e Mendonça. Já na jornada pelo Benin e , ambos com três pontos. A acesso ao Mundial - 2010, a disputar-se na África do seguinte, em Niamey, Angola derrotou o Benin por liderança dos Palancas foi interrompida na terceira Sul, mercê das vitórias nas duas primeiras jornadas 2-1, com golos de Flávio e Yamba Asha, colocando- jordana, depois de uma derrota inesperada no contra o Benin e o Níger. Na primeira jornada do se no topo do Grupo 3 da dupla campanha para Uganda (1-3), com o tento de honra angolano a Grupo 3, os Palancas Negras venceram, no Estádio o CAN e Mundial de 2010. Na classificação, os ser marcado pelo benfiquista Mantorras. ❚

Basquetebol Basquetebol: 1º de Agosto conquista 14º título nacional 1º de Agosto con- nham ainda por disputar cional com 24 pontos, mais tro lado encontramos uma O quistou o seu déci- duas jornadas, somavam quatro que os “tricolores”, equipa muito forte que mo quarto título nacional 20 pontos, e mesmo que no segundo posto. No final venceu muito bem por- em basquetebol sénior perdessem os outros dois do encontro, o treinador que foi superior. Os meus masculino a duas rondas jogos (ASA e Petro) não “petrolífero” parabenizou a atletas foram heróis, uma do fim da prova. Depois poderão ser ultrapassados formação “militar” e disse vez que deram o máxi- de vencer, no pavilhão do pelos demais adversários. que os seus pupilos fize- mo”, disse. Além do cam- Tafe, em Cabinda, o Proma- E foi exactamente o que ram o possível, mas o in- peonato, o 1º de Agosto, de local, por 101-66, em aconteceu: depois de ven- suficiente para contrariar o treinado pelo português jogo da primeira ronda cer o ASA, os “militares” favoritismo do adversário. Luís Magalhães, conquis- da quarta volta, o clube derrotaram o Petro de “Fizemos tudo que estava tou também a Supertaça militar. Com aquele resul- Luanda por 105-73, termi- ao nosso alcance, lutamos Wlademiro Romero e a tado, os “militares”, que ti- nando o Campeonato Na- até a exaustão, mas do ou- Taça de Angola. ❚ Gustavo da Conceição preside reunião olímpica no Cairo

presidente da Associação dos chefes de missão de países que sos aspectos ligados ao evento africanos possam, atempadamen- O Comités Nacionais Olímpicos estarão presentes nos Jogos de mundial, referiu o também presi- te, tomar conhecimento da forma de África (ACNOA), o angolano Pequim. O encontro serviu para dente do Comité Olímpico Ango- correcta de prepararem, burocrati- Gustavo da Conceição, dirigiu informar os responsáveis das mis- lano. “A ideia de realizarmos esta camente, a participação dos seus recentemente, no Cairo, Egipto, sões olímpicas dos representantes reunião resultou da necessidade atletas nas olimpíadas”, afirmou uma reunião na qual participaram africanos em Pequim sobre diver- de permitir que todos os países Gustavo da Conceição. ❚

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