Universidade Federal do Pará Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Faculdade de Serviço Social SENECTUS - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia UNITERCI - Programa Universidade da Terceira Idade

Anais 8ª Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia 24 a 27 de novembro de 2009

Belém – Pará - Brasil

Universidade Federal do Pará Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Faculdade de Serviço Social Carlos Edilson de Almeida Maneschy

Reitor

Marlene Rodrigues Medeiros Freitas

Pró-Reitor de Ensino de Graduação

Emmanuel Zagury Tourinho

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós Graduação

Fernando Arthur de Freitas Neves

Pró-Reitora de Extensão

Maria Elvira Rocha de Sá

Diretora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas - ICSA

Ariberto Venturini

Diretor da Faculdade de Serviço Social – FASS

Maria de Nazaré dos Santos Machado

Coordenadora do UNITERCI – Programa de Extensão Universidade da Terceira Idade

Heliana Baía Evelin Soria

Coordenadora do SENECTUS – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Biblioteca Armando Corrêa Pinto – UFPA/ICSA (Belém-PA) ______Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia (8.2009 : Belém) Anais da 8 Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia / Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Faculdade de Serviço Social. – Belém : SENECTUS; UNITERCI; EDUFPA, 2010. 130 p.

Título do evento: Dimensões do envelhecer no Século XXI: a família e a pessoa idosa.

1. Envelhecimento Humano. 2. Família. 3. Relato de Experiência. I. Universidade Federal do Pará. Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Faculdade de Serviço Social. II. Universidade Federal do Pará. Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Faculdade de Serviço Social. Programa Universidade da Terceira Idade. IV. Universidade Federal do Pará. Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Faculdade de Serviço Social. Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia. V. Título: Dimensões do envelhecer no Século XXI: a família e a pessoa idosa. VI. Título.

CCD 612.67 ______

8ª JEPEHA - Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia

COORDENAÇÃO GERAL Dra Heliana Baía Evelin Soria Msc. Maria de Nazaré dos Santos Machado Localização UFPA - Universidade Federal do Pará COMISSÃO CIENTÍFICA ICSA - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Dra. Andréa Mello Pontes FASS – Faculdade de Serviço Social assistente social UNITERCI – Programa Universidade da Terceira Idade Ms. Gicele Brito Ferreira SENECTUS – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre assistente social Envelhecimento Humano na Amazônia Dra Heliana Baía Evelin Soria Av. Augusto Corrêa, nº 1 - Bairro do Guamá – CEP: assistente social 66.075.-110 Dra. Hilma Tereza Torres Khoury Belém – Pará - Brasil psicóloga Ms. Izabel Penha Telefone / FAX enfermeira (91) 3201-7219 / (91) 3201-7607 Ms. Maria Leonice da Silva de Alencar - socióloga Dra. Maria Odaisa Espinheiro de Oliveira – Endereços eletrônicos biblioteconomista www.uniterci-senectus.ufpa.br

[email protected] ORGANIZAÇÃO [email protected] Izan Yver Nascimento de Carvalho [email protected] Maria Leonice da Silva de Alencar Valéria Pires Costa

COMISSÃO DE APOIO Izabelle Cordeiro, Luiz Henrique Carvalho, Sheila Rafaelli Viana Pantoja, Eluany de Paula Cristo Souza ARTE Izan Yver Nascimento de Carvalho

Sumário

PÁGINA 09 APRESENTAÇÃO PÁGINA 11 PROGRAMAÇÃO PÁGINA 13 CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS

PÁGINA 15 ARTIGOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS

PÁGINA 17 1. A INTEGRAÇÃO SOCIAL DE IDOSOS E FAMÍLARES POR MEIO DA DANÇA EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA.

Lucineide Ribeiro da Silva; Lucineide Pereira de Araújo Alves

PÁGINA 21 2. A PERDA AUDITIVA EM IDOSOS E SUAS RELAÇÕES FAMILIARES

Sandro Tadeu Ferreira da Silva

PÁGINA 29 3. DANÇAR SOZINHA OU ACOMPANHADA: a dança de salão como forma de romper com o isolamento de idosas e opção de trabalho para jovens.

Valéria Pires Costa; Luiz Henrique Silva de Carvalho; Heliana Baia Evelin

PÁGINA 37 4. DAS REPRESENTAÇÕES DA MORTE NA TERCEIRA IDADE Dora Flora de Carvalho Ribeiro

PÁGINA 45 5. DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL EM IDOSOS: comparação entre dois grupos de terceira idade

Carla Favacho dos Santos; Alciane de Lima Silva; Hilma Tereza Torres Khoury

PÁGINA 53 6. HABITABILIDADE PARA EXCLUIDOS

Denyson Teixeira Almeida; Manoel Diniz Peres

PÁGINA 61 7. O CIDADÃO DE RUA OU EM TRÂNSITO E A AUSÊNCIA DO GRUPO FAMILIAR: Demandas de envelhescentes e idosos com histórico de surto mental.

Simone Moraes Lisboa

PÁGINA 67 8. O PACIENTE PORTADOR DE ALZHEIMER E SEU CONTEXTO SOCIAL E FAMILIAR

Débora Teruko da Silva Kajitani; Daiane de Souza Fernandes

PÁGINA 73 9. RESPONSABILIDADE SOCIAL: a contribuição da família na garantia dos direitos dos idosos. Maria de Nazaré dos Santos Saldanha; Eduardo Otávio Ferreira Vasconcelos

PÁGINA 81 ARTIGOS DAS APRESENTAÇÕES EM PÔSTERES

PÁGINA 83 10. O CICLO VITAL DO IDOSO NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA: uma visão sistêmica.

Jerônimo Cardoso Nunes; Selma Nazaré Pina

PÁGINA 93 11. O RESGATE PSICOSSOCIAL DO IDOSO: uma experiência profissional vivenciada na Grupoterapia Autoestima/CECI

Alenira Maria Souza Pedroso; Carolina de Oliveira Maia

PÁGINA 97

Pesquisadores do Envelhecimento Humano na Amazônia, segundo registros no site do CNPq, recolhidos no período de 9 a 13 de novembro de 2009

PÁGINA 107 ANOTAÇÕES

Apresentação

Chegamos à 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia seguindo no trato das Dimensões do Envelhecer no Século XXI. Desta feita traremos ao debate A família e a pessoa idosa, tema que esteve presente nas jornadas anteriores, ainda que não fosse proposta explicitamente pela comissão organizadora do evento. Certamente, corria-nos a idéia de que o idoso e a família 9 são indissociáveis como de fato o são, porém é uma relação onde estão imbricados fatores diversos e complexos que precisam ser colocados na pauta de reflexões dos estudiosos do tema do envelhecimento humano.

Na busca de apoio legal para o cumprimento dos deveres da família em relação ao idoso encontramos como primeiro obstáculo o não cumprimento do Estado ao previsto constitucional no Art. 226: A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Ao não receberem a especial proteção do Estado, os filhos são solicitados ou exigidos a cumprirem com seus deveres em nome da responsabilidade filial, vendo- se, muitas vezes, sozinhos para a realização de um encargo que lhes exige não apenas o amor.

A população idosa brasileira totaliza mais de 21.000 milhões de pessoas, número maior do que o de crianças de 0 a 6 anos (IBGE,2009). Outrossim, a população que mais cresce no mundo é constituída pelos centenários. Ante a maior longevidade há a prevalência das doenças crônicas não-transmissíveis, que acometem com maior freqüência esta população que, no Brasil, com raras exceções, não dispõe de serviços de saúde que incluam cuidados ambulatorial, hospitalar, domiciliar, assistência odontológica, assistência nutricional e psicossocial em centros-dia; moradia e espaço urbano adequados para a sua segurança e bem- estar.

Para arcar com a responsabilidade de cuidar do parente idoso sem a retaguarda de serviços públicos de qualidade muitas vezes o familiar vê-se assoberbado, inclusive pelas exigências que lhes são feitas por alguns profissionais que estão à frente de precários serviços destinados à população idosa, assinalando situação de violência estrutural-institucional, da qual são vítimas não apenas a pessoa idosa, mas seus familiares. Tal situação motivadora de estresses acaba se desdobrando, no ambiente intrafamiliar, em outras formas de violência – psicológica, física, financeira, sexual, negligência e abandono -, provocando dano e sofrimento a todos: ao idoso, aos familiares e à comunidade.

Nós, professores, pesquisadores, técnicos e estudantes que participamos, na Universidade Federal do Pará, do conjunto UNITERCI/SENECTUS vimos, nos últimos 8 anos, com apoio científico-afetivo de colegas de outras instituições do Estado, realizando as JEPEHAs como um evento local. A partir da 4ª Jornada começamos a receber comunicações de profissionais e estudantes de Estados do Nordeste e do Amazonas, o que nos permite vislumbrar que a curto prazo as jornadas passarão a ganhar dimensão regional e, a médio prazo, estará trazendo para este espaço privilegiado de estudo e pesquisa sobre envelhecimento humano, profissionais e estudantes de outros países da Amazônia.

10 Agradecemos a todos que responderam ao nosso chamado para, mais uma vez, podermos juntos pensar sobre as Dimensões do Envelhecer no século XXI.

Bem-vindos à 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia.

Belém, 24 de novembro de 2009

Profª Drª Heliana Baía Evelin Soria

Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS

Msc. Maria de Nazaré dos Santos Machado

Coordenadora do Programa de Extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI

Programação

24 de novembro de 2009

Local: Manhã - Auditório José Accúrcio e Tarde - Auditório do Instituto de Ciências da Educação

9h às 12h e 14h às 17h – Mini Curso:

O Envelhecer no Século XXI - o imaginário social sobre a velhice e as políticas de defesa, combate a violência e a violação de direitos 11 Ministrante: Prof. Dr. Serafim Fortes Paz (UFF)

Coordenadores: Profª Drª Andréa Mello Pontes (UNAMA/SENECTUS) e Profª. Ms. Cristina Oshai (UFPA/FASS)

Local: Ginásio de Esportes da UFPA (2º Portão da UFPA)

8h às 11h e 14h às 17h - Oficina de Dança Folclórica e Contemporânea para pessoa idosa

Ministrante: Profª Esp. Leida Willot Pereira (UFPA/SENECTUS)

Coordenadores: Geovane Marques Trindade e Luciana Aires Rosa (UFPA)

9h. às 12 e 14 às 17h.- Recepção e credenciamento

25 de novembro de 2009

Local: Auditório José Accúrcio

09h. às 10h. – Solenidade de Abertura / Programação Artística

10h10 às 12h – Conferência: Dimensões do Envelhecer no Século XXI – A família e a pessoa idosa.

Conferencista: Prof. Dr. Serafim Fortes Paz (UFF)

Coordenação: Ms. Maria Leonice da Silva de Alencar (UNITERCI/SENECTUS)

Local: Auditório do Instituto de Ciências da Educação - ICED

14h às 15h.20 Sessão de Comunicações Orais.

Coordenadora: Profª Ms. Gicele Brito Ferreira (UFPA/SENECTUS)

15h30 às 17h. – Palestra: A pessoa idosa e o Direito de Família

Ministrante: Promotor Dr. Waldir Macieira (MP)

Coordenadora: Profª Ms. Maria de Nazaré dos Santos Machado (UFPA/SENECTUS)

Local: Auditório do Instituto de Ciências da Educação - ICED

09h às 16.30h. Exposição de Pôsteres

17h às 18h. Sessão de Autógrafos

26 de novembro de 2009

Local: Auditório José Accúrcio

12 09h às 10h40 – Sessão de Comunicações Orais

Coordenadora: Profª Dra. Andréa Mello Pontes (UNAMA/SENECTUS)

10h50 às 12h – Palestra: A pessoa idosa em grupos familiares resilientes

Ministrante: Profª Drª Heliana Baia Evelin (UFPA/SENECTUS)

Coordenadora: Esp. Selma Pina (Escola de Aplicação - NEP/UFPA/SENECTUS)

14h às 15h20. Sessão de Comunicações Orais.

Coordenadora: Esp. Jerônimo Nunes (Colégio Salesiano do Carmo/SENECTUS)

15h.30 às 17h - Mesa Redonda:

O cotidiano da pessoa idosa como membro agregador/mantenedor da família

Expositores: Profª Drª Selma Suely Lopes Machado (UFPA) e Prof. Dr. Edval Bernardino (CEAS/UNAMA)

Coordenação: Ms. Maria Leonice da Silva de Alencar (UNITERCI/SENECTUS)

27 de novembro de 2009

Local: Auditório José Accúrcio

09h às 9h.50 – Sessão de Comunicações Orais

Coordenadora: Profª. Ms. Maria de Nazaré dos Santos

Machado (UNITERCI/SENECTUSUFPA)

10h. às 11h20 – Mesa-Redonda: Familiares Cuidadores

Expositores: Dra. Maria do Socorro Batista de Souza e Esp. Raimunda Jane Cardoso (SENECTUS) e Joana Scerne (ABRAz-PA/CEDPI/SENECTUS)

Coordenador: Ms. João Sérgio de Souza Oliveira (CESUPA)

11h20 às 12h – Sessão de Encerramento

12h20 – Almoço (por adesão) com sorteios de brindes e apresentação artística.

Cronograma de apresentações de trabalhos

COMUNICAÇÕES ORAIS

25 de novembro de 2009 – 14h. às 15h.20 Auditório do Instituto de Ciências da Educação – ICED Coordenadora: Profª Msc. Gicele Brito (UFPA/SENECTUS 13

A PERDA AUDITIVA EM IDOSOS E SUAS RELAÇÕES FAMILIARES

Sandro Tadeu Ferreira da Silva

DANÇAR SOZINHA OU ACOMPANHADA: a dança de salão como forma de romper com o isolamento de idosas e opção de trabalho para jovens.

Valéria Pires Costa; Luiz Henrique Silva de Carvalho; Heliana Baia Evelin

26 de novembro de 2009 - 9 às 10h. 40 Auditório José Accúrcio Coordenadora: Assistente social Sheila Rafaelli Pantoja

DAS REPRESENTAÇÕES DA MORTE NA TERCEIRA IDADE Dora Flora de Carvalho Ribeiro

O CIDADÃO DE RUA OU EM TRÂNSITO E A AUSÊNCIA DO GRUPO FAMILIAR: Demandas de envelhescentes e idosos com histórico de surto mental.

Simone Moraes Lisboa

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL EM IDOSOS: comparação entre dois grupos de terceira idade

Carla Favacho dos Santos; Alciane de Lima Silva; Hilma Tereza Torres Khoury

26 de novembro de 2009 - 14h. às 15h.20 Auditório José Accúrcio Coordenadora: Profª Ms. Maria de Nazaré dos Santos Machado (UFPA/SENECTUS)

RESPONSABILIDADE SOCIAL: a contribuição da família na garantia dos direitos dos idosos. Maria de Nazaré dos Santos Saldanha; Eduardo Otávio Ferreira Vasconcelos

A INTEGRAÇÃO SOCIAL DE IDOSOS E FAMÍLARES POR MEIO DA DANÇA EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA.

Lucineide Ribeiro da Silva; Lucineide Pereira de Araújo Alves

HABITABILIDADE PARA ESQUECIDOS

Manoel Diniz Peres

27 de novembro de 2009 - 9h. às 9h.50 Auditório José Accúrcio Coordenadora: Profª Ms. Maria de Nazaré dos Santos Machado (UFPA/SENECTUS) 14

O PACIENTE PORTADOR DE ALZHEIMER E SEU CONTEXTO SOCIAL E FAMILIAR

Débora Teruko da Silva Kajitani; Daiane de Souza Fernandes

APRESENTAÇÃO EM PÔSTERES

Os pôsteres devem ficar em exposição nos dias 25, 26 e 27 de novembro no Hall do Auditório José Accúrcio (Bloco Lp)

O CICLO VITAL DO IDOSO NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA- uma visão sistêmica.

Jerônimo Cardoso Nunes; Selma Nazaré Pina

O RESGATE PSICOSSOCIAL DO IDOSO: uma experiencia profissional vivenciada na Grupoterapia Autoestima/CECI

Alenira Maria Souza Pedroso; Carolina de Oliveira Maia

Coordenadora: Ms. Maria Leonice da Silva de Alencar (UFPA/SENECTUS)

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Comunicações Orais

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

1

A INTEGRAÇÃO SOCIAL DE IDOSOS E FAMILIARES POR MEIO DA DANÇA EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA

17 Lucineide Ribeiro da Silva1

Lucineide Pereira de Araújo Alves2

Resumo: Neste trabalho é demonstrada a experiência do profissional de Serviço Social, junto as atividades não muito peculiar para sua profissão - a dança, tendo como protagonista principal o idoso do Centro Estadual de Convivência do Idoso – Manaus/AM. O objetivo geral é analisar a importância da dança na vida dos idosos, tendo a família como agente incentivador dessa área lúdica na vida desses atores sociais que freqüentam o espaço conviver. O mesmo aponta a relevância do trabalho para a técnica e as mudanças que ocorreram na vida dos participantes, e as influências ocasionadas pela dança em seus aspectos físicos, sociais e familiar.

Palavras-chave: idoso, dança, família.

Abstract: In this work the experience of the professional of Social Work is demonstrated, next to the activity not very characteristic to its profession - the dance, having as main protagonist the aged one of the Centro Estadual de Convivência do Idoso – Manaus/AM. The general objective is to analyze the importance of the dance in the life of the aged ones, having the family as agent who stimulates this playful area in the life of these social actors who frequent the space to coexist. The same it points the relevance of the work with respect to the technique and the changes that had occurred in the life of the participants, and the influences caused for the dance in its physical, social aspects and familiar.

Keywords: aged, dances, family.

INTRODUÇÃO

Centro Estadual de Convivência do Idoso – CECI tem como suas principais ações e objetivos, a permanência diurna de idosos para o desenvolvimento de atividades físicas, laborativas, O recreativas, socio-educativas e culturais. O Serviço Social além dos trabalhos que são determinados pelas diretrizes do seu ofício, proporciona também atividades de cunho sócio-educativas como:

1 Assistente Social do Centro Estadual de Convivência do Idoso-SEAS, Especialista em Gerontologia pela UnATI; Fone:(92) 9165-7001; e.mail: [email protected] 2 Assistente Social do Centro Estadual de Convivência do Idoso-SEAS, Mestranda em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia, Especialista em Pesquisa Social – UFAM, em Gerontologia – PUC/SP e em Administração e Planejamento de Programas e Projetos Sociais – UNISGRANRIO/RJ. E-mail: [email protected]

oficina de memória, oficina de Dinâmicas sócio-educativas, oficina de Direito Social e e um Grupo de envelhescentes e apoio a eventos culturais. E foi nesses eventos que observamos a dificuldades de alguns idosos em participar. Dessa forma, nos propomos a realização de uma enquete com os idosos para sabermos que tipo de dança os mesmos gostariam de aprender e participar. Esta enquete foi realizada durante as tardes dançantes que são realizadas no CECI, onde prevalece as músicas e danças no estilo de bolero. E para nossa surpresa, os idosos que só observavam, preferiram aprender o estilo de dança denominado carimbó. Dessa forma, e reconhecendo os idosos como sujeitos da sua história e respeitando a escolha dos mesmos, o Serviço Social criou uma turma de carimbó com a finalidade de participação e apresentação durante as festividades 18 juninas, do Centro do Idoso – CECI. Segundo Silva e Iwanowicz (1998, p.2), os idosos ao procurarem programas de danças estão em busca de uma melhor convivência social, “querem aprender a dançar para ter o prazer de realizar atividades de danças dentro da sua comunidade, não apenas com seus pares em programas para idosos, mas também para ser capaz de dançar com seus familiares”. Ressalta-se que a dança tem uma grande aceitação dos idosos, e que a idade não é um entrave para o aprendizado, as vezes alguns movimentos precisam ser adaptados devido algumas limitações, mas com o apoio de um profissional capacitado se consegue superar todos os entraves. Para Robatto (2006, p.66) “A dança pode ter seis funções: auto-expressão, comunicação, diversão e prazer, espiritualidade, identificação cultural, ruptura e revitalização da sociedade. A dança tem forte caráter sociabilizador e motivador; seja em par ou sozinho, seja velho ou criança, seja homem ou mulher, dançando todos nos sentimos bem (...)”. Verifica-se a importância da dança para uma melhor socialização, seja nos grupos de convivência seja na família. Pois esta atividade contou com a participação dos familiares no sentido de incentivar os idosos. Entendendo família segundo Teixeira (2009, p.1) “como um grupo enraizado numa sociedade e tem uma trajetória que lhe é delega responsabilidades sociais. Especialmente perante o idoso”. Percebe-se que a família vem assumindo um papel relevante na sociedade e de certa forma inovador, pois o envelhecimento acelerado vem se destacando nas sociedades urbanas, exigindo dessa família um papel de acolhedora e incentivadora no sentido de incentivar os idosos a participação social.

METODOLOGIA

A partir da definição pelos idosos do tipo de dança a ser desenvolvida, planejou-se abrir uma turma com uma média de 14 participantes, ou seja, 07 pares, mas devido a demanda de idosos para participar e o apoio dos familiares para efetivarmos essa atividade, foram feitas 40 inscrições para o Carimbó, contando com a participação de 33 mulheres e 7 homens. Foram realizadas reuniões com os idosos e os familiares para

falarmos a importância da dança e do apoio dos familiares nos ensaios e nas vestimentas. Os ensaios foram realizados na área externa e na área interna do Centro do Idoso, os facilitadores foram uma assistente social e uma estagiária de Serviço Social, alguns movimentos foram adaptados obedecendo aos limites de esforço de cada brincante. Os ensaios ocorreram no período de maio a junho de 2009.

RESULTADOS

Os resultados alcançados com essa experiência foram relevantes, pois a participação dos idosos em 19 todos os ensaios foi efetiva e verificou-se o apoio da família em todos os momentos, o acompanhamento aos ensaios e a estréia do grupo foi na Festa Junina do CECI, era visível nos idosos brincantes, o brilho de alegria em seus olhos, como também dos seus familiares, que em movimentos uniformes acompanhavam a apresentação da dança transmitindo energia tanto para os brincantes como para o público presente, assim como fazendo o registro fotográfico de cada momento. Uma elevada dose de revitalização tomou conta do grupo como também um sentimento de capacitação e auto-estima antes jamais imaginado.

Ao término da primeira apresentação a emoção tomou conta de todos os brincantes chegando ao ponto de alguns entre lágrimas confessarem que jamais imaginavam serem ovacionados como artistas principalmente pela família que orgulhosos se confraternizavam e registravam o glamour dos idosos. A dança fez tanto sucesso que recebeu vários convites para apresentações tanto no próprio CECI, como em outros organizações e comunidades da nossa cidade. Até três meses depois das festas juninas ainda estávamos recebendo convite para apresentações.

CONCLUSÃO

A dança proporciona para o idoso bem-estar, social, físico e psicológico e estas superações são visíveis quando a família está presente, dividindo alegrias e incentivando e apoiando nas suas ações, as quais resgatam lembranças, sensações e sentimentos que os acompanham desde sua infância, proporcionando prazer, diversão e sensações prazerosas. A aproximação da família é de fundamental importância junto às atividades da terceira idade, sendo perceptiva satisfação dos idosos em ter seus filhos e netos participando dos eventos em que eles eram os principais atores sociais. E o profissional de dança mesmo apto a desenvolver o trabalho com idosos, se faz necessário ter um olhar sócio-familiar mais apurado e profundo, pois assim terá uma compreensão maior do relacionamento idoso e família.

REFERÊNCIAS

SILVA, V. M. T. Gomes da, IWANOWICZ, J. B. Dança e Desenvolvimento de Idosos Institucionalizados, apresentado na 5ª Amostra Acadêmica – UNIMEP, no período de 23 a 25 de outubro de 2007.

ROBATTO, L. Dança em processo: a linguagem do indizível. Salvador: UFBA, 1994.

TEIXEIRA, Fátima, O Idoso e a Familia: Os dois lados da mesma moeda. In: P@rtes a Sua Revista Virtual, Terceira Idade, Ano I, Nº 8, novembro de 2000, consultado em 30/09/2009, página: http://www.partes.com.br/terceira_idade08.html. 20

MARQUES, I. Ensino da dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999.

LEAL, INDARA FUBIN & HAAS, ALINE NOGUEIRA. O significado da dança na terceira idade. In: Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo - , 2006.

ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

2

A PERDA AUDITIVA EM IDOSOS E SUAS RELAÇÕES FAMILIARES3

4 Sandro Tadeu Ferreira da Silva 21

Resumo: O processo de perda auditiva denominada de presbiacusia traz para o individuo idoso, mudanças consideradas devastadoras para a sua relação biopsicossocial, tanto com a família, quanto com o meio social. No entanto, outros aspectos como o estigma, o preconceito, a vergonha, conflitos familiares e a aceitação da doença, também foram observados, porém, tendo no ato da protetização, a busca de um retorno social e a melhoria na qualidade de vida do idoso portador dessa patologia.

Palavras-chave: Família, Idoso, Presbiacusia.

Abstract: The process of denominated hearing loss of presbiacusia brings for the senior individual, changes considered devastating for his relationship biological, psychological and social, so much with the family, as with the social way. However, other aspects as the stigma, the prejudice, the shame, family conflicts and the acceptance of the disease, they were also observed, however, tends in the action of the prosthesis, the search of a social return and the improvement in the quality of life of the senior bearer of that pathology.

Keywords: Family, Senior, Presbiacusia

SOBRE FAMÍLIA

o decorrer de nosso processo de formação e de construção de nossas vivências pessoais, bem como sociais, econômicas e culturais, somos parte integrante da organização social N considerada como a mais estruturada em seus valores ético-morais, a qual denominamos de Família.

Essa organização social, fundamentada nos princípios de respeito, afetividade, transferência de valores entre seus membros, contribuiu e/ou contribui para a formação do perfil tradicional da estrutura familiar, onde sua composição básica se fundamentava na existência do Pai, da Mãe e dos Filhos advindos do

3 Título adaptado do trabalho original intitulado: “O Serviço Social diante do processo de surdez e o convívio familiar: um estudo com pacientes idosos do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. UFPA, dezembro de 2007. 4Assistente Social, Especializando em Geriatria e Gerontologia pela Universidade do Estado do Pará – UEPA. [email protected]

casamento. Essa estrutura denominou-se de Família Nuclear, na qual, o poder desse núcleo se detinha na figura masculina do pai, sendo a mulher e os filhos submissos a ela.

No entanto, esse padrão familiar foi sofrendo algumas alterações em se tratando das relações interpessoais e da composição presentes na contemporaneidade. “É preciso olhar a família no seu movimento [...] Este movimento de organização-desorganização-reorganização torna visível a conversão de arranjos familiares entre si, bem como reforça a necessidade de se acabar com qualquer estigma sobre formas familiares diferenciadas [...]” (Afonso & Figueira apud Carvalho, 2003, p. 15). 22 Por ser a família uma instituição inserida num determinado contexto, outras formas desta organização vão surgir como: famílias extensas, famílias monoparentais, casais, famílias adotivas temporárias, entre outros e que não ignorá-las e até mesmo excluí-las, pois fazem parte das mudanças por nós presenciadas cotidianamente.

Nesse sentido, tudo o que vem a quebrar regras pré-estabelecidas é visto com estranhamento, dentro do ponto de vista tradicional, conservador e a família não escapa a este estranhamento. Contudo, dentro desses novos rearranjos, a afetividade permanece fortificada, contribuindo para a sustentação desses novos modelos, criando assim, a aceitação por parte da sociedade.

A afetividade é um fator que permite a agregação e/ou a reunião dos membros dentro do seu convívio familiar, contribuindo para as trocas afetivas entre si. Porém, as relações afetivas nem sempre garantem esta troca de maneira harmônica, pois as relações interpessoais acabam se confundindo e modificando a maneira de ser com os outros e mudando também o que Szymanski (2003, p. 13) chama de “solicitude” que pode variar numa “perspectiva orientada pela consideração, respeito, paciência, tolerância e esperança. Mas pode também, orientar-se na forma deficiente, pela desconsideração, impaciência, intolerância ou negligência [...]”.

Diante de todo o processo dialético que a família apresenta na atual conjuntura, e que é fruto de suas variações e construções históricas, ela ainda é considerada a instituição fundamental para a sociedade, com suas regras morais e de valores, responsáveis pela formação de seus membros como critério de aceitabilidade social.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA RELAÇÃO COM OS MEMBROS IDOSOS

Antes de entrarmos no cerne da questão sobre família e os idosos, faz-se necessário abordarmos acerca de um fenômeno que atualmente cresce em nosso país, quiçá no mundo, e que passou a ser alvo de

estudo das mais variadas áreas, principalmente das Ciências Sociais. Trata-se do significativo aumento da população de idosos em relação à população de jovens.

Um dos fatores de contribuição para este fenômeno é o da redução da taxa de natalidade, sendo mais característico nos países desenvolvidos, assim como a redução da taxa de mortalidade nos países periféricos como o Brasil. De acordo com Veras (2003, p. 06) “A diminuição das taxas de fecundidade e mortalidade alterou a estrutura etária da população brasileira [...] particularmente nos primeiros anos de vida.”

Mudanças significativas nos padrões de vida, vivenciadas nos grandes centros urbanos, podem ser 23 consideradas como fatores que levam a uma necessidade crescente de redução da prole nas famílias.

De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em 2000, a população idosa5 no Brasil estava em torno de 14.536.029. Em nossa região, essa população estava na faixa dos 707.071 sendo que no Pará, era em torno de 356.565, o que equivalia a 5,7% da população total.

Como podemos observar, os dados nos trazem uma realidade que está modificando o conceito de que o Brasil é um país de jovens; podemos dizer que em nosso país a população idosa aumenta aceleradamente. Os preconceitos e estigmas em torno da velhice podem ser postos em prova, pois, sabemos que há uma parcela ainda economicamente ativa contribuindo com o rendimento familiar.

Mesmo com esse perfil, os idosos necessitam de cuidados, muitas vezes especializados, e a família tem um papel fundamental em relação ao processo de envelhecimento dos membros familiares. Nesse sentido, cabe aos familiares entender essa pessoa em seu processo de vida, de transformações, conhecendo suas fragilidades, modificando sua visão e atitudes sobre velhice e colaborando para que o idoso mantenha a sua posição junto ao grupo familiar e à sociedade.

Entendemos que a família é para o membro idoso, a possibilidade e a concretude de um apoio, amparo e cuidado no futuro quando houver a necessidade, seja por situações patológicas ou outras. Entretanto, há uma preocupação por parte do individuo envolvido nesse processo de envelhecimento que bate de frente com a família no sentido do cuidado, ou seja, há uma tendência muito forte por parte de alguns idosos, em não se tornarem um “fardo” para a família quando perderem ou estiverem fragilizados em sua capacidade biopsicossocial.

Nesse sentido, Cavalcante (2005, p. 258) nos diz que:

Apesar da relevância da família, os fatores culturais apontam à necessidade da resignificação do processo de envelhecimento, já que a cultura brasileira tende a

5 Termo usado de acordo com a Organização Mundial de Saúde, que caracteriza idoso, o indivíduo com idade a partir dos 60 anos.

descartar o que é considerado „velho‟, levando à inatividade, isolamento social e perda da identidade, além de outros fatores que dificultam a inserção familiar junto ao idoso.

Podemos então levar em consideração que a institucionalização do idoso se dá pelo fato de que certas famílias não querem ou não podem cuidar dos seus idosos, remetendo a terceiros a responsabilidade que deveria ser da família. Sendo assim, a família deve ser responsável por seus membros idosos respeitando suas fragilidades e limitações, buscando garantir o acesso social e comunitário desse cidadão, evitando toda e qualquer forma de discriminação e opressão no intuito de que possa vir a enfrentar o próprio processo de envelhecimento pelo qual passarão os demais membros. 24

O PROCESSO DE SURDEZ NO IDOSO E SEU CONVÍVIO FAMILIAR

Atualmente, vive-se um fenômeno no qual se percebe um aumento da população de velhos em detrimento a de jovens, como já dito anteriormente, confirmando assim, que há uma elevação da expectativa de vida desses indivíduos. No entanto, junto com esta longevidade, não podemos desconsiderar que o fator cronológico se torna um agravante, pois contribui para o aparecimento de doenças prevalentes na velhice (pressão alta, artrites, artroses, etc.), que vêm a exigir um cuidado maior, tanto dos familiares, quanto dos órgãos competentes em manter a qualidade de vida desses atores.

Nesse sentido, situações conflitantes podem vir a surgir no seio da família a partir desse processo, que vai modificar o cenário vivido pelas pessoas envolvidas, podendo haver ou não, transformações no seio familiar.

As doenças crônico-degenerativas, em sua maioria, contribuem para que haja uma mudança nas relações familiares, pois exige do individuo idoso um nível maior de responsabilidade e dependência nos cuidados que lhe serão dispensados e que segundo Karsch (2003, p.104), “as doenças degenerativas, cujo maior fator de risco é a idade, levam a quadros mórbidos causadores de perda de independência e/ou autonomia [...]”.

Dentre as mais variadas doenças crônico-degenerativas que atingem a população de idosos, está o processo de surdez que é característico em pessoas com idade entre 60 a 65 anos em diante e que é denominado de presbiacusia. Mas, o que vem a ser essa doença? E que conseqüências ela traz para os idosos?

O envelhecimento do ouvido humano é o resultado dos efeitos cumulativos de vários fatores extrínsecos etiológicos somados ao modelo de envelhecimento geneticamente determinado: exposição a ruídos ocupacionais e não ocupacionais, estresse, uso de medicamentos entre outros. Nesse sentido,

A presbiacusia é tipicamente caracterizada por uma perda auditiva bilateral para sons de alta freqüência, em razão de mudanças degenerativas e fisiológicas no sistema auditivo com o aumento da idade, ocorrendo perda parcial da capacidade de comunicar-se com os outros e podendo produzir um impacto profundo e devastador na vida dessas pessoas (Corso apud Barreto, 2007, p. 43).

A presbiacusia, não raramente, é o fator que declara a chegada da velhice, acarretando dificuldades na comunicação, bem como no dia-a-dia dos indivíduos acometidos por tal alteração, gerando seqüelas importantes de natureza emocional, social e ocupacional com a redução na inteligibilidade da fala, alterações psicológicas como depressão, frustrações, medo por incapacidade de se comunicar com os outros, isolamento 25 social, incapacidade de realizar atividades como ir a igreja, ao cinema, ao teatro, ouvir música, assistir programas de televisão, entre distintas ocorrências que exijam a sensibilidade auditiva; dificuldade com sons de alerta como buzinas de carro, telefone, campainha, entre outros aspectos de suma importância dentro da realidade social.

A partir da experiência vivenciada no serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, onde foram entrevistados pacientes idosos6, constatamos que alguns relataram sentir vergonha em interagir com os outros, pelo fato de não compreenderem a comunicação que foi estabelecida.

“Tem vezes que eu fico envergonhado. Às vezes eu tenho certeza que as pessoas tão falando comigo, mas eu não tou escutando nadinha ...” (Homem, 74 anos). “Eu tenho vergonha de chegar uma pessoa, aí falar as coisas pra mim e eu não entender o que a pessoa ta falando pra mim. Aí, eu balanço a cabeça e confirmo, mas eu não sei o que ela ta falando.” (Mulher, 70 anos). A questão do sentir vergonha pode acarretar outra situação dentro dessa problemática que é a questão do isolamento social desse individuo, podendo se auto-excluir do convívio social de um modo geral. Verificamos também, que a presbiacusia consegue realizar modificações nas relações familiares, gerando conflitos entre seus membros, como nos mostram as falas a seguir: “Meus filhos falam para mim e eu não ouço e, às vezes, tem um momento de irritação pelas duas partes ...” (Homem, 67 anos). “Meus filhos fala comigo, eu tô vendo que eles tão falando, mas não tou entendendo. Às vezes eles até se aborrecem comigo porque eles tão falando e eu não tou entendendo ...” (Mulher, 70 anos). Sendo a perda auditiva no idoso uma patologia que modifica o processo biopsicossocial e que tem seqüelas consideráveis; a indicação do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AAIS) é utilizada como uma alternativa que poderá trazer ou não, a qualidade de vida desse idoso, possibilitando o seu retorno ao convívio social e também familiar, contribuindo com a satisfação do paciente.

6 No total, foram entrevistados 20 pacientes cadastrados no Programa de Saúde Auditiva, do referido hospital universitário.

Nesse sentido, percebemos nos entrevistados a busca e a perspectiva dessa satisfação na utilização do AAIS, obtendo, com isso, a melhoria na qualidade de vida em todos os seus aspectos.

“Eu vou escutar melhor, porque eu vou tá com o aparelho e o aparelho vai tá ligado.” (Mulher, 72 anos).

Eu acho que eu vou ficar novo... Acho que vou ficar como de 15 anos que ouve bem. Vou poder ouvir tudo. Tou com essa dificuldade agora, mas, quando eu colocar o aparelho, vou ouvir até o ruído do mucuim. Eu vou me sentir bem... bem mesmo porque todas as pessoas que têm dificuldade de ouvir, quando ouve, é uma alegria imensa... (Homem, 67 26 anos).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando as mudanças que a sociedade capitalista vivencia na atual conjuntura, e que tais mudanças advêm da chamada Reestruturação Produtiva, as famílias que se apresentam hoje, rompem com o padrão da família patriarcal composta por pai, mãe e filhos.

O modelo nuclear da instituição familiar na sociedade moderna foi substituído por novas formas de organização dessa instituição, porém, sem perder suas características essenciais de laços de afetividade e respeito para com seus membros.

Com o crescimento da população de idosos, a família figura como a principal responsável em garantir o bem estar desses indivíduos, exigindo uma responsabilidade nos cuidados biopsicossociais, no intuito de garantir a qualidade de vida dos idosos, reduzindo assim, os riscos de doenças ou detectando de forma precoce, patologias que possam por em risco a sua integridade física e social.

REFERÊNCIAS

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VERAS, Renato. A longevidade da População: desafios e conquistas. In: Serviço Social e Sociedade nº. 75. São Paulo: Cortez, 2003 p. 05-18

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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DANÇAR SOZINHA OU ACOMPANHADA: a dança de salão como forma de romper com o isolamento de idosas e opção de trabalho para jovens

Valéria Pires Costa7 29 Luiz Henrique Silva de Carvalho8

Heliana Baia Evelin9

Resumo: O envelhecimento populacional apresenta à sociedade novas configurações como, por exemplo, a contratação de dançarinos para acompanharem idosas nos bailes da terceira idade. Este trabalho discute acerca da dança de salão e suas implicações na qualidade de vida da feminilidade senil.

Palavras-chave: dança de salão, feminilidade senil, bailes da terceira idade, dançarinos acompanhantes,

Abstract: Population aging society presents new settings such as the hiring of older dancers to accompany the dances of old age. This paper discusses about the dance and its implications for quality of life of femininity senile.

Keywords: ballroom dancing, femininity senile, senior dances, dancers, escorts

INTRODUÇÃO

fenômeno do envelhecimento populacional é real e contemporâneo. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2007) a população idosa brasileira é de 19.955 O milhões. O crescimento demográfico senil consiste em um dos grandes desafios do século XXI, pois, apesar dos muitos avanços tecnológicos e científicos, a sociedade não se preparou social e estruturalmente para acolher essa nova configuração demográfica. Como reflexo, deparamo-nos com a falta de acessibilidade nas vias públicas, prédios e domicílios; a insuficiência de políticas públicas direcionadas a esta faixa etária; e, principalmente, de proteção à pessoa idosa, haja vista a permanente violência por que passam nos transportes, nas Instituições, no seio da família.

7 Acadêmica da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal do Pará. [email protected] 8 Acadêmico da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará. [email protected] 9 Assistente Social. Professora da Faculdade de Serviço Social da UFPA. Doutora em Serviço Social. [email protected]

“Neste século o desejo e a possibilidade de viver mais é paradoxalmente acompanhado pelo medo de envelhecer”. (Nascimento, 2004, p. 11)

A velhice é estereotipada como um período improdutivo, de deteriorização biológica, acometimento de doenças, demência, decreptude. Tais conceitos como peculiares ao envelhecimento geram aversão a tudo o que esteja relacionado a este segmento. (Fraiman, 1995, p.23) considera que, o cotidiano da pessoa idosa difere de outras faixas etárias, sobretudo por ser assinalada por inúmeras perdas afetivas devido o afastamento ou morte dos pais e cônjuges; pelas modificações que lhes exigem adaptações em conseqüência da formação de 30 novas famílias pelos próprios filhos; pela aposentadoria; enfrentamento de doenças crônicas; proximidade da morte; debilidades sexual, intelectual e física que ameaçam a sua integridade. Tais situações vivenciadas no processo de envelhecimento podem resultar ao idoso um sentimento de inutilidade, solidão e isolamento. (Araújo, 2005. p. 44) avalia que, diante desses estigmas, o idoso tende a diminuir-se, incorporando-os e aceitando-os como justificativa à própria aversão a sua condição de velhice, assumindo como verdade o mito de que velhice significa improdutividade, cabendo, a seu ver, ao próprio idoso superar esse estigma, construindo alternativas que podem ser encontradas na arte “enquanto meio indispensável para a união do indivíduo com o todo, que reflete a infinita capacidade humana para a associação, para a circulação de experiências e idéias.”

A arte é uma forma de participação social e uma possibilidade de enfrentamento das dificuldades vivenciadas pelos idosos, como a solidão, o preconceito, a falta de alegria de viver, o sentimento de inutilidade. Segundo (Laraia, 1986. p. 69) “a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo”, permitindo a interpretação dos eventos sociais e direcionando para a resposta desses eventos. A “arte é mais que uma língua. Ela se insere em um campo amplo e universal chamado linguagem.” (Benarrós, 2007. p. 91).

A dança é uma forma de comunicação e expressão cultural, visto que o ser humano também manifesta seus sentimentos através do corpo, com a linguagem não verbal. Flores (apud Gobbo, 2009.) afirma a importância da dança como um meio de desenvolvimento da coordenação motora, da agilidade, do ritmo e percepção do espaço, além de se constituir como possibilidade de aprimoramento da musicalidade corporal, da autoestima, da sociabilidade e melhoria de doenças e de outras situações limitadoras da qualidade de vida.

A DANÇA DE SALÃO NOS BAILES DA TERCEIRA IDADE

A dança de salão surgiu na Idade Média nos encontros da nobreza européia. Foi trazida ao Brasil pelos colonizadores. É uma dança em casal e, além de melhorar o condicionamento físico, a auto-estima, autonomia, proporciona a relação interpessoal, a (re) descoberta das potencialidades físicas e motoras. Nela o idoso pode

expressar sua sensualidade, sua ansiedade, possibilitando um novo olhar em relação ao envelhecimento humano. GOBBO (2009 p. 1) faz referência ao histórico biológico (músculos, articulações, ossos, etc.) para afirmar que o idoso não busca as academias ou bailes por exibicionismo ou para se profissionalizar, mas para suprimir desejos retraídos, a fuga da solidão, superação de dificuldades.

A dança de salão é o momento em que o idoso se comunica, se expressa através de vários códigos e símbolos, ou seja, seus valores, desejos, sentimentos são aflorados neste momento, “ultrapassa os ruídos da comunicação da língua nacional, inserindo-a no âmbito internacional de significação” (Benarrós, 2007, p. 91) e 31 [...] Cada linguagem esconde uma teoria sobre a realidade, convoca sensibilidades múltiplas muitas vezes intraduzíveis e experiências que não se repetem. [...] Esses espaços de dança são preenchidos pela poesia dos corpos que através dos encontros das danças de par, dialogam pelo movimento. (Souza, 2005) Através da dança, principalmente da dança de salão, ocorre o resgate da reminiscência, pois está relacionada às suas histórias de vida, devolve ao idoso o sentimento de pertencimento à sociedade, de mudança de um ser passivo em relação aos acontecimentos externos a ele (solidão, estigmas, dentre outros) e a reconstrução de seu papel enquanto sujeito de sua própria história. “O prazer [...] ele também atua como modo de libertação do indivíduo das regras que lhes são impostas pela sociedade.” (Benarrós, 2007, p. 94)

Dentre homens e mulheres idosos os que mais freqüentam os bailes da terceira idade são as mulheres. Isso reflete como está organizada atualmente a sociedade brasileira. Segundo a PNAD 2007 o número da população masculina que possui 60 anos ou mais é de 8.839 milhões, enquanto a população feminina senil é de 11.116 milhões. Esta discrepância numérica tem um impacto significativo nesta população com o surgimento de novas situações e experiências. Como exemplo, nos bailes da terceira idade, que ocorrem na noite belenense, há mais mulheres que homens e isso acarreta o surgimento de novas demandas como é o caso de homens jovens que praticam ou sabem dança de salão, que colocam no mercado os seus serviços de dançarinos para as idosas. Que

ao terem um par ao seu lado (...) conquistam um lugar no baile. A posição que a mulher mais velha tem nos salões é inferior. Ela é a última escolha do cavalheiro, ou melhor, não é uma escolha, não é uma parceira digna. Seu destino é „passar o baile sentada‟, „tomar chá de cadeira‟. Assim, o pagamento de um par para dançar é uma imposição da sua presença no salão. (Alves, 2004 p. 61)

JOVENS PERSONAL DANCERS OU CAVALHEIROS DE ALUGUEL

As mulheres são o maior público-alvo das atividades propostas para a terceira idade, como exemplo a dança de salão. A maioria dos grupos de idosos nas academias de dança de salão é formado por mulheres donas de casa, que passaram grande parte da vida cuidando dos maridos e filhos.

Boa parte de tais pessoas chega deprimida pelo desprestígio social dado aos inativos ou magoada pelo esquecimento familiar. Carregam perdas de todos os tipos: perda do papel profissional, perda dos papéis domésticos de relevo, perda de status dentro da comunidade, perda das relações com os colegas de trabalho, perda de importância como 32 trabalhador, perda do respeito e consideração dos parentes. (Netto, 2001, p. 53)

A estas mulheres raramente foram conferidos espaços independentes da vida familiar, até mesmo o lazer era feito em família. A dança de salão é escolhida pelas mulheres idosas como uma atividade de lazer fora de casa. Segundo Alves (2004) estes espaços são uma possibilidade de exercício da sociabilidade, ou seja, de interação social.

Entrevistou-se a Senhora M., de 68 anos que participa de um grupo de dança de salão e que também freqüenta os bailes para a terceira idade, usando os serviços de um personal dancer. No seu depoimento ela afirma:

Minha vida mudou depois que eu comecei fazer; entrei para o grupo da terceira idade. Sou de três grupos da terceira idade, faço várias atividades e não me canso. Além dessas atividades ainda sou do grupo de canto coral daqui da igreja e dali do CRAS, também faço canto coral, e me sinto muito bem. Às vezes eu me canso, porque também já estou com 68 anos, vou fazer 69 esse ano, mas eu me sinto muito, muito bem, muito bem mesmo, entende? E a coisa que mais eu gosto é de dançar. Eu gosto de dançar, ta no meu sangue, ta na minha alma, eu passei a viver, viu? [...] (Srª M, 68 anos)

“[...] os homens, ao se aposentarem, tentam prolongar a vida ativa com seus pares através de atividades como o jogo e outras formas de lazer no espaço público ou mesmo outros tipos de trabalho [...]” (Alves, 2004 p. 16), enquanto as mulheres, principalmente as viúvas e solteiras, buscam atividades fora de seus lares como forma de viverem a sociabilidade que lhes foi negada, devido a sua ligação ao lar:

[...] tem casal que é marido e mulher que vai acompanhando sua esposa, eles dançam com elas, a gente não vai pra festa pra ficar sentado, ninguém gosta, quem faz dança de salão quer dançar mesmo, ninguém quer ficar só sentado, aí a gente prefere contratar mesmo. (Srª M, 68 anos)

As idosas recorrem a este tipo de serviço, que surgiu da nova configuração social e que se dá por meio de contrato. É o que revela o dançarino entrevistado, que, assim como os outros, são denominados de personal dancers ou, na versão em português, cavalheiros de aluguel. São na sua grande maioria jovens

rapazes que praticam dança de salão e/ou são professores desta expressão de arte. Alguns são os próprios professores das idosas. “Elas que foram me levando para dançar e começaram a me dar dez reais, vinte reais, trinta reais, e depois vi que era uma necessidade.” Personal dancer

Este personal dancer, que também é professor de dança de salão, constatou a demanda e agregou outros rapazes diante do crescente pleito e da aceitação por parte das idosas. Inicialmente houve um estranhamento, mas, diante da necessidade, está se tornando uma atividade que se expande no meio urbano.

Meu grupo praticamente que começou aqui. Eu gosto muito de dançar. Da época que 33 começou acho que foi uns dez, acho que hoje tem uns três só. Outros já arranjaram emprego. Só ficou mesmo quem gosta da dança. E agora é até um rendimento, sabe como ta, muita dificuldade pra se arranjar um emprego. E eu larguei meu emprego por causa da dança. Eu ganhava um salário na época e dançando vi que ganhava mais, passei a ganhar dois, três salários ai eu mantive a dança. (Personal dancer)

Os contratos e as aulas nas academias acabam tornando-se a principal fonte de renda desses rapazes, senão a única.

Eu trabalho também com isso [contratado por idosas] e aliás também pego contrato com elas e também tenho uns rapazes, uns dez rapazes que fazem este tipo de serviço também, que eles falam de contrato, entendeu? Eles saem a noite pra dançar com elas e elas pagam uma quantia de R$80,00, R$ 50,00, varia de preço chega até R$ 100,00, não só aqui em Belém, mas surgiu em Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro. Tenho uma equipe de dez rapazes, que estão trabalhando comigo, não trabalham só na minha academia central, mas trabalham em outros locais comigo, ficam me ajudando; eu pago vale- transporte pra eles porque tem muita mulher e pouco homem. Também trabalho trazendo esses rapazes da periferia, treinando eles para que tenham outra visão, outra vida. Inclusive já trouxe até de bairros em que já estavam envolvidos com droga, já tirei [contratou] alunos de escola pública para trabalharem comigo. (Personal dancer)

A relação de contrato se desenvolve da seguinte forma: a idosa contrata o personal dancer para dançar durante todo o baile somente com ela ou em parceria com outra amiga com quem socializa o serviço e divide as despesas do cachê. Dependendo do personal dancer há o pagamento tanto da entrada quanto do consumo deste ao longo do baile.

Aqui pra nós, aqui mesmo no salão às vezes eles cobram pra nós R$50,00, R$ 60,00 reais, mas fora eles querem mais, sabe?... tem dançarino que pede R$100,00, às vezes... dançam a noite toda até 3 horas da madrugada, que a festa vai, de 22 horas ... às vezes ele dança com duas pessoas, principalmente eu que tenho problemas, pra eu não ficar dançando a noite toda ai eu sempre vou dançar com outra colega ai uma dança um pouco e a outra vai e substitui a outra, pra não ficar muito cansada, ai a gente divide tudo, tanto entrada, quanto o dançarino, quanto o lanche dele, nós pagamos tudo, lanche, pagamos também a dança e muitas vezes até a entrada dele. A gente contrata eles sempre antes - os nossos dançarinos daqui mesmo [...] a gente contrata às vezes uns conhecidos. (Srª M., 68 anos)

Polêmicas e preconceitos

Os personal dancers vêem a atividade como uma profissão e como um meio pelo qual outras pessoas podem tornar-se produtivas e economicamente ativas na sociedade. Porém, o ato de contratar dançarinos tem gerado polêmicas e preconceitos, dirigidos tanto às idosas quanto aos dançarinos: “Às vezes a gente sofre preconceito pelas próprias senhoras e elas também sofrem preconceito das próprias amigas delas, que [dizem que] jamais elas vão contratar dançarinos pra dançar.” (Personal dancer)

Há a possibilidade de envolvimento amoroso entre dançarino e cliente, que é visto como uma 34 degradação moral, ou seja, algo vergonhoso, até mesmo pelas próprias idosas que utilizam este serviço:

Não, não, não minha filha, sobre isso já faz 11 anos que meu marido morreu não quero mais ninguém já pus Jesus na minha vida, sou muito feliz assim, vivo com meus netos, meus filhos, com a minha família... mas olha, vou te dizer, não é por isso não, porque eu acho... não tenho vontade mesmo, tenho medo de cair no ridículo. (Srª M, 68 anos)

Segundo o personal dancer entrevistado, o envolvimento amoroso com as idosas é muito corriqueiro, mas não é rentável.

Para manter meu próprio trabalho não me relaciono com as idosas. Há a demonstração de interesse por parte das idosas que chegam até forçar para namorar, mas elas são discretas. Lido normal com isso. Eu não vou tratá-las de maneira grossa, disfarçadamente vou me saindo delas e aí mantenho e fica a amizade mesmo, aí não cria nenhuma briga nem nada. No meio do nosso trabalho existe isso aí. Você não pode muito se apegar às senhoras, porque senão você acaba afastando as outras senhoras do próprio professor. (Personal dancer)

De certa forma a preocupação em afirmarem-se no mercado construindo uma ética profissional ocorre pela própria realidade social e econômica em que se encontram, pois muitos desses dançarinos que, geralmente moram nas periferias, “têm uma inserção no mercado de trabalho marcada pela precariedade e pela execução de trabalhos de baixa qualificação e encontram na dança de salão um meio de garantia de sobrevivência, mesmo que seja uma garantia incerta...”( ALVES, 2004 p: 73).

A versão para o português de personal dancers como cavalheiros de aluguel remete ao escravo de aluguel, que, no meio urbano do Brasil nos séculos XVIII e XIX destacavam-se por suas habilidades em determinadas atividades realizadas em ambientes externos à casa dos seus proprietários e a muitos possibilitou a compra da alforria e mobilidade social. Ao contrário dos escravos rurais cujo meio de resistência principal se dava pela fuga, os urbanos buscavam estabelecer diálogos e acordos com seus proprietários -

inegavelmente estas são formas de resistência. Não estão abarcadas, porém, nem pelo binômio ação-reação, nem por uma classificação baseada na „violência‟. Mais ainda:

muitas delas constituem ações de resistência e ao mesmo tempo de acomodação, recursos e estratégias variados de homens e mulheres que, em situações adversas, procuravam salvar suas vidas, criar alternativas, defender seus interesses (Lara, 1988, p. 345 ).

CONCLUSÕES

Os personal dancers valorizam sua atividade como um serviço profissional, no qual oferecem serviços mediante pagamento em dinheiro, sem outras intenções. Ao qualificarem esta atividade como uma profissão 35 produzem um discurso de legitimação que envolve a valorização do trabalho como profissionalmente ético, no qual demonstram que essa atividade os retira da condição de improdutivos e os inserem como ativos economicamente. Atendem a uma demanda posta por pessoas decididas a garantirem o seu direito ao lazer e que dispõem de recursos para fazê-lo.

Os estudos sobre o tema indicam que os personal dancers descrevem os seus serviços como uma atividade física e de lazer procurada pelas mulheres idosas.

Os espaços onde ocorrem os bailes são locais que contam com fiscalização das instituições de segurança pública e, em tese, protegidos da violência urbana prevalente no espaço aberto. Contudo, há o perigo destas idosas se relacionarem com rapazes mal intencionados visto que é uma relação de contrato em que a idosa não se detém em conhecer profundamente o contratado. Em resposta a isso tem sido primordial, nessa relação comercial, o cuidado de contratarem principalmente os próprios professores ou instrutores associados as suas academias e a participação da família, mediante reconhecimento da academia, do professor e acompanhamento na ida e retorno do local do baile, se a idosa assim o desejar. Já existem clubes que oferecem serviços de transporte para locomoção de idosos para ida ao baile e retorno à residência,

Diante de tantas variáveis que podem ser analisadas nessa relação sócio-comercial se faz necessário o aprofundamento das investigações e ampliação dos debates que envolvam este tema.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, C. M. de. Um olhar sobre a prática da Dança de Salão. Movimento & Percepção, Espírito Santo de Pinhal, SP, v.5, n.6, jan./jun. 2005, p. 130-134.

ALVES, Andrea Moraes. A dama e o cavalheiro: um estudo antropológico sobre o envelhecimento, gênero e sociabilidade. Rio de Janeiro. FGV - Fundação Getulio Vargas, 2004

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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DAS REPRESENTAÇÕES AO MEDO DA MORTE NA TERCEIRA IDADE

Dora Flora de Carvalho Ribeiro10 37

Resumo: Esse artigo busca compreender e debater as representações do medo da morte na sociedade ocidental de todas as faces evolutivas do desenvolvimento humano até a terceira idade, tal como a sua negação.

Palavras-chave: representações; medo; morte; desenvolvimento humano; terceira idade

Abstract: This article seeks to understand and discuss the representations of the fear of death in Western society from all sides of the evolutionary human development until the third age, such as its negation. keywords: representations; fear; death; human development; senior

INTRODUÇÃO

e acordo com Kovács (1992) não temos consciência do processo da morte pelo seguinte motivo: “ninguém volta para contar”. Para a autora, durante o processo evolutivo há várias D mortes. Cada pessoa, conforme sua crença, possui sua própria representação da morte, atribuindo-lhe personificações, qualidades, formas. Na religião e filosofia budistas, por exemplo, a morte é o instante máximo de consciência, onde as pessoas iluminadas lembram suas mortes em outras vidas. As religiões e a filosofia por meio de seus questionamentos e explicações da origem e do destino do homem ajudam a consolidar a tradição cultural, familiar ou até mesmo a investigação sobre a representação da morte, presente em cada um de nós. A morte sempre serviu de inspiração para músicos, poetas e artistas; desde os homens das cavernas há inúmeros registros sobre a morte como perda, ruptura, degeneração, desintegração, mas também como fascínio, sedução, descanso, alivio ou uma grande viagem.

10Professora Substituta da Faculdade de Serviço Social, da Universidade Federal do Pará, Assistente Social, Mestre em Serviço Social.

A filosofia e o modo de vida dos séculos XX e XXI pregam o esquecimento, a ignorância e a negação da morte. O que o ser humano busca não é uma vida eterna, mas uma juventude eterna com seus prazeres, força, beleza e não a velhice eterna com suas dores, perdas e fealdades. Os temas de vida e morte são entrelaçados durante o nosso desenvolvimento vital, influenciando a nossa forma de ser, porém existem várias formas culturais e psicológicas de ocultar o medo da morte. As defesas psicológicas ao mesmo momento em que protegem o sujeito do medo da morte podem restringi-lo e deixá-lo constrangido ante qualquer ameaça à vida. 38 AS REPRESENTAÇÕES DA MORTE NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Na infância Nos primeiros meses de vida a criança vive a ausência da mãe, pai ou outro(a) cuidador(a), sentindo que não são onipresentes e percebendo-se desamparada. São, no entanto, breves momentos ou, às vezes, períodos mais longos, porém logo que alguém aparece a criança esquece a sensação de morte e desamparo, que a ausência do seu cuidador (a) lhe causa, mas esta primeira impressão fica registrada e marca uma das representações mais fortes de todas, que é a morte como ausência, perda, separação e a conseqüente vivência de aniquilação e desamparo. À medida que cresce, a criança começa a ter consciência da morte ao perder um bicho de estimação e parentes próximos e perceber que estes ficaram diferentes de quando estavam vivos. No entanto, pode ficar bastante confusa, pois nos desenhos animados os animais e pessoas que morrem podem retornar o que, na vida real, não acontece; assim, a percepção da morte para a criança é o não-movimento, a cessação de algumas funções vitais como a respiração ou alimentação, mas na sua concepção a morte é reversível, podendo ser desfeita. Faz parte do desenvolvimento infantil o pensamento mágico e a onipotência. A criança reproduz a história da humanidade, se representando como o herói que durante o dia vence a sua fragilidade e, à noite, têm pesadelos, monstros, dragões, e fantasmas que representam ameaça, e a morte será representada, então, através do desconhecido e do mal. Segundo Becker (apud Kovács, 1992, p.22), a partir de uma análise sobre o espaço da morte em nossa cultura, revendo aspectos da teoria psicanalítica existencial, diz que o medo da morte é universal na condição humana e que na infância se estabelece o início desse medo, pois não nascemos com o medo da morte, entramos em contato gradativo com ela. A criança tem medo da morte, mas acredita na sua reversão, porém à medida que começa a compreender a morte como algo irreversível, passa a temer os seus impulsos destrutivos, principalmente, em relação às pessoas mais próximas. Portanto, a morte do adulto é temida como

abandono e, por isso, pode incitar a raiva e a frustração e causar um sério abalo na onipotência infantil, ao ver que o adulto que ela considera forte e poderoso não consegue evitá-la; a criança sente-se frágil e, muitas vezes, sente-se responsável pela morte de animais e pessoas próximas.

Na adolescência

As principais tarefas da adolescência são: a busca do conhecimento, que o tornará adulto e a 39 formação de um corpo de homem ou mulher. Nesta fase não há lugar para a morte, que significa o sinônimo de derrota e fracasso, pois a idéia de ser um herói como na infância ainda predomina, mas agora com um corpo mais forte e uma mente mais ponderada, as representações figurativas dos heróis são de pessoas jovens, belas, fortes, com uma característica predominante da impetuosidade, porém compreende que a morte não é reversível, ao inverso do que pensava na infância.

Para o adolescente a morte acontece por inabilidade, imperícia e não admitirá esse acontecimento para si. Ainda que em sua vida estejam presentes as ocorrências de mortes concretas, como a perda de amigos, colegas, em acidentes ou doenças terminais e fatais, overdose, assassinatos, ou quaisquer outras fatalidades, o adolescente permanece com a idéia de que com ele não vai acontecer por, no seu imaginário, ser um herói. Aqui, a morte está representada pela busca e pelo desejo de imortalidade do ser humano, com a missão de vencer o grande dragão da morte, e o desejo de ser um herói, forte, belo e onipotente. Surgem no seu íntimo dúvidas de ser ele apenas um humano, frágil e possuir o mesmo destino do outro, configurando ambivalências, pois em um momento ele se sente o todo-poderoso e logo em seguida exterioriza fraquezas, dúvidas e inseguranças.

Nessa fase da vida é tempo de descobrir o amor e de usar a expressão popular “morrer de amor”. As representações da morte se juntam ao caráter de sedução, contidas nas figuras de arlequins, sereias, botos, contudo, o ponto culminante do amor é o orgasmo, também nomeado de “pequena morte”.

Na maturidade Superficialmente pode-se compreender o início da idade adulta com o fim da adolescência e seu término, com o início da velhice. As exigências externas de construção da maturidade constituem o estado íntimo que nos faz sentir adultos, prontos para seguir o nosso desenvolvimento consolidando uma intimidade afetiva e no trabalho, constituindo família, criando filhos. O espaço da morte, na consciência, ainda pode estar muito distante, os impulsos e os arroubos da adolescência tendem a diminuir e, em geral, a pessoa se torna

mais calma e ponderada, dando-se conta de que, se permanecesse no ritmo da fase anterior poderia adoecer e, conseqüentemente, morrer.

As tarefas dessa fase são a responsabilidade em relação à comunidade e colaboração com o seu desenvolvimento. Para Jung (apud Kovács, 1992, p.7) na fase denominada metanóia ou metade da vida faz-se um balanço do que foi a existência até aquele momento, permitindo avaliar o que se alcançou em relação à profissão, às posses, aos filhos, à família, ou a quaisquer outros pontos relacionados à existência vital. Não dá para ficar o tempo todo no topo da montanha, senão corre o risco de estancar ou paralisar o processo. 40 A descida parece obrigatória e representa a segunda metade da vida, potencialmente tão criativa como a primeira, mas posta num outro ângulo. A morte de si não figura mais como um acontecimento, surge aí à possibilidade da própria morte, trazendo um novo significado para a vida, o tempo não é mais infinito, o limite tem que ser conhecido e admitido por cada um. A consciência da vida adulta, ao contrário da adolescência, admite que a tentativa de deter o tempo para se distanciar da morte constitui-se sempre inútil. Esta imagem do homem que tenta driblar a morte, por meio de jogos, disfarces ou artimanhas é bastante significativo, em todos os tempos, pois a morte é sempre vitoriosa, a ela nenhum herói pode vencer. Por isso, o símbolo da foice é usado nas representações da morte para dar a idéia de corte da vida.

Na velhice

Percorrendo a descida chega-se na fase conhecida como velhice, a qual não possui um início definido, mas com certeza seu fim é a morte. A velhice é a fase do desenvolvimento humano com mais estigmas e atributos negativos. Isto pode ser justificado pelas perdas corporais, de produtividade, financeira e a própria separação da família que, em muitos casos, é inevitável. O processo de desenvolvimento e a consciência de cada um ajuda na maneira de viver ou representar cada uma dessas perdas. Essa fase é considerada a mais longa, por durar em alguns casos mais de 30 ou 40 anos, sendo fundamental ao idoso verificar onde coloca a ênfase nesse período, na vida ou na morte, pois é possível preparar-se para a morte vivendo intensamente, logicamente, para isso acontecer não é preciso negar ou esconder a morte, mas conviver com ela em busca do seu significado.

A vida pode ser vivida na sua plenitude até o final. Na velhice somam-se todas as experiências, as da subida, como na visão abrangente do pico e todo o processo da descida: “A morte como limite nos ajuda a crescer, mas a morte vivenciada como limite, também é dor, perda da função, das carnes, do afeto. É também solidão, tristeza, pobreza. Uma das imagens mais fortes da morte é a da velhice, representada por uma velha

encarquilhada, magra, ossuda, sem dentes, feia e fedida. É uma visão que nos causa repulsa e terror.! (Kovács, 1992, p.9).

A morte é a suspensão final e decisiva das funções vitais de um organismo vivo, com a supressão do nexo funcional e aniquilamento progressivo das unidades tissulares11 e celulares. Na morte clínica todos os sinais de vida (reflexos, consciência, atividade cardíaca, respiração) estão suspensos, por mais que uma parte dos processos metabólicos continue a funcionar. Esse tipo de morte tornou-se um conceito, pois atualmente todas essas funções vitais podem ser supridas por máquinas, que adiam indefinidamente o final da vida. 41 A morte total acontece quando se inicia a destruição das células de órgãos altamente especializados em suas funções. Após o fornecimento do atestado, iniciam-se os ritos funerários. No ponto de vista psicológico existem inúmeras morte, como foi visto, nas suas mais variadas representações

A MORTE COMO ASSUNTO INTERDITADO Conforme Kovács (1992), a resposta psicológica mais comum diante da morte é o medo, o qual tornou- se universal e atingiu todos os seres humanos, independente da idade, nível sócio-econômico, sexo e credo religioso. Faz-se presente com diversas facetas e na sua composição existem várias dimensões. Assim, nenhum ser humano está livre do medo da morte, e todos os medos que temos estão relacionados a ela, de alguma forma. Apesar de ser difícil diferenciar medo de ansiedade, de uma forma geral, a ansiedade é associada a um sentimento difuso, sem uma causa aparentemente definida. E o medo é freqüentemente ligado a uma causa mais específica. Dessa forma, no caso da morte, por ser uma experiência tão ampla e universal pode-se pensar em ansiedade e medo de modo similar. Hoelter (apud Kovács, 1992, p.14) define ansiedade como sendo um estado geral que antecede uma preocupação mais específica do homem com a morte, constatando-se que as pessoas que possuem nível maior de ansiedade possuem também um maior medo da morte, isto é, o medo da morte evoca ansiedade.

Para Kastenbaum (apud Kovács, 1992, p.14) o temor à morte possui duas concepções: a primeira é a morte do outro, onde o medo do abandono envolve a consciência da ausência e da separação e a segunda é a própria morte, que envolve a consciência da finitude, a fantasia de como será o fim e quando ocorrerá.

Cada pessoa ao pensar sobre a sua morte pode relacioná-la a um dos seguintes aspectos: o medo de morrer, o medo do sofrimento e da indignidade pessoal. Em relação à morte do outro: a dificuldade de ver o sofrimento e desintegração do outro, sentimentos de impotência. Nos dois casos: medo do que vem após a

11 Relativo ao tecido: lesão tissular; organização tissular.

morte, medo do julgamento, do castigo divino, da rejeição e da perda da relação; medo da extinção e da ameaça do desconhecido. Para Feifel (apud Kovács, 1992), os fatores que mais influenciam na característica de conter o medo da morte são: a maturidade psicológica de cada pessoa, a orientação, a própria idade, o envolvimento religioso e a capacidade de enfrentamento da situação. Alguns medos permanecem mais presentes, enquanto outros são mais conscientes e expressos. Contudo, como se pode medir e avaliar a intensidade do medo da morte em diferentes pessoas? Segundo especialistas através de provas projetistas, questionamentos, entrevistas, autobiografias, diários e, principalmente, observação do comportamento da pessoa estudada. 42

Na obra de Kovács (1992) encontra-se a seguinte interrogação: Quais as variáveis que influenciam no medo da morte? A autora recorre a McMordie (op.cit.1992: p.19), que em estudo sobre as crenças religiosas e o medo da morte constatou que o medo é menor nas pessoas mais religiosas e nos ateus convictos. Em pesquisa realizada em 1985, com universitários, Kovács verificou que aqueles que declaravam maior envolvimento religioso tinham menores escores de medo da morte, os que manifestaram médio envolvimento religioso tiveram os escores mais altos e os ateus ficaram com os escores intermediários entre os pesquisados. O estudo de Carvalho e Souza (2004) apresenta o quadro abaixo acerca das representações da morte para algumas denominações:

Ateísmo Espiritismo Catolicismo Protestan-tismo Judaísmo

A morte representa o A morte representa uma A morte não é encarada Existem dois caminhos A morte é uma passagem para um fim de um ciclo, que passagem de um mundo como um fim, mas como para a morte que são: outro mundo, o espiritual, o mundo nós chamamos de para o outro, ou seja, do o início de uma nova vida, o da vida eterna onde vivemos é uma preparação vida biológica, com mundo material para o no sentido em que a formado por aqueles para alcançar o espiritual, para um tempo espiritual. Onde o corpo pessoa que crê em Jesus que crêem em Jesus, isso temos que passar por provas determinado, por físico se degenera, mas o ressuscitado, não sentirá para os quais a morte morais (cumprir os mandamentos exemplo, os animais e as plantas nascem espírito permanece vivo. o sentimento de perda, é impossível, como se da Torá) e sermos justos. Deus é o novas, ficam velhas e nem derrotismo, mas a fosse um sono; e do todo poderoso e infinito, as pessoas morrem, enfim tudo confiança de poder inferno para aqueles que tiverem merecimento pelos para de trabalhar um contemplar Deus face a que não crêem em méritos feitos em vida, alcançarão 43 dia. Originando uma face. Jesus. a luz de Deus (o Céu) e os outra forma de vida, contrários (o inferno). No judaísmo que vem com a ao se morrer o corpo é lavado para transformação física ser purificado e esperar a constante, na verdade nossa morte gera ressurreição. novas formas de vida.

Fonte: CARVALHO; SOUSA. Belém, UFPA, 2004.

Kastentenbaum (apud Kovács, 1992) pesquisou as diferenças entre as pessoas sem transtornos mentais e psicóticos e neuróticos em relação à variável pesquisada, tendo verificado que os pacientes com problemas mentais negavam mais radical e veementemente a morte.

Hoelter (apud Kovács, 1992) vê no medo variáveis intervenientes: a influência do tipo de morte (homicídios, morte natural, suicídio); a exposição à morte do outro; a duração de uma doença grave; a idade do moribundo ou da pessoa que se perdeu; o desenvolvimento emocional da pessoa. Verificou que o contato direto com a morte influencia sobre o medo consciente da morte, como o medo da morte prematura e o medo do processo de morrer.

Conte; Weiner; Plutchik (apud Kovács, 1992) notificam com os seus estudos que a idade não é uma variável relevante em relação ao medo da morte. As variáveis relevantes são as características da personalidade e a experiência de vida. Encontraram uma correlação de excessivas preocupações somáticas com o medo da morte, a ansiedade em geral e a depressão.

Feifel; Nagy (apud Kovács, 1992, p.20) afirmam que imagens negativas envolvem a figura da morte como um cavalo fugitivo, uma sala sem saída, um lar abandonado, uma neblina grossa, um espaço sem sonhos, um tigre devorador. Pessoas com tais imagens ficam mais freqüentemente preocupadas com a morte, são menos religiosas e evitam a ida em rituais funerários.

Kovács (1985) verificou que na área profissional da saúde as alunas do curso de Psicologia apresentaram níveis altos de medo da morte, já os alunos de Medicina tiveram os níveis mais baixos. As conclusões foram de que, os alunos de Medicina responderam de acordo com que se espera dos médicos - os que não temem a morte e são uma espécie de heróis a desafiá-la - e as alunas de Psicologia também responderam ao que se espera de psicólogos, ou seja, estar em contato com os sentimentos, tendo a autorização para expressá-los.

44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na verdade, o ser humano possui dois grandes medos: o medo da vida e o medo da morte. O homem não poderá deixar de enfrentá-los em várias etapas do seu desenvolvimento. Embora não se dedique a olhar para a morte o tempo todo, não pode ignorá-la, pois ela está sempre presente no cotidiano da vida. O medo da vida está vinculado ao medo da realização, da individualização e, por isso, está sujeito à destruição, tornando-se vulnerável a acidentes e deslizes; e o segundo se traduz no medo da própria finitude. Todo ser humano é obrigado a se confrontar com esse dilema, como o viverá, caberá, em parte, a sua história de vida, ao seu esforço pessoal para saber enfrentar essas questões, conclui-se que analisando esses aspectos, o homem é responsável pela sua vida e pela sua morte.

REFERÊNCIA

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL EM IDOSOS: comparação entre dois grupos de terceira idade 45

Carla Favacho dos Santos12

Alciane de Lima Silva13

Hilma Tereza Torres Khoury14

Resumo: O envelhecimento humano pode oferecer riscos ao bem-estar psicológico e à qualidade de vida, pois é acompanhado de perdas significativas ao indivíduo que envelhece. As mudanças, físicas, fisiológicas e de papéis sociais, podem conduzir ao surgimento de sentimentos negativos e crenças disfuncionais, vindo a impactar negativamente no bem-estar psicológico e na qualidade de vida do idoso. Assim, criou-se um serviço de orientação e apoio psicológico, visado contribuir para a promoção da velhice saudável e bem-sucedida, naquilo que compete à psicologia. Foram realizados dois grupos de desenvolvimento psicossocial, em diferentes instituições e períodos; posteriormente, esses grupos foram comparados e constataram-se algumas diferenças entre eles.

Palavras-chave: envelhecimento bem-sucedido; desenvolvimento psicossocial; grupos de terceira-idade.

Abstract: Human aging may offer risks to psychological well-being and quality of life as it is accompanied by significant losses to the aged. Physical, physiological and social roles changes may lead to the emergence of negative feelings and dysfunctional beliefs, coming to impact negatively over the psychological well-being and quality of life of the elderly. So, it was created a service of orientation and psychological support, in order to contribute to the healthy old age promotion and successful aging, in those aspects that are of the psychology competence. It was carried out two groups of psychosocial development, in different institutions and periods; after, they were compared and it was found some differences between them.

Keywords: successful aging; psychosocial development; elderly groups.

12 Estudante de Psicologia da UFPA (Graduação); Bolsista PIBEX; Bacharel em Psicologia; [email protected] 13 Estudante de Psicologia da UFPA (Graduação); Bolsista PIBEX; Bacharel em Psicologia; [email protected] 14 Professora da Faculdade de Psicologia da UFPA; Doutora em Psicologia pela UNB; [email protected]

INTRODUÇÃO processo de envelhecimento pode ser considerado uma condição de risco para a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Geralmente, a partir dos 45 ou 50 anos o indivíduo começa a O passar por uma série de mudanças, especialmente as físicas e fisiológicas e as de papéis sociais, com destaque para aquelas decorrentes da menopausa e andropausa; aposentadoria e crescimento dos filhos. Além destas, há a perspectiva temporal; por ser a velhice a última fase da vida, o indivíduo se depara com o fato de que tem cada vez menos tempo para viver. Há ainda questões de ordem sócio-cultural que implicam em dificuldade de aceitação dos idosos e manifestação de preconceito e discriminação para com eles. 46 Tais mudanças podem vir a afetar negativamente o indivíduo que envelhece, dependendo de uma combinação complexa de fatores, onde se incluem os psicossociais. Decorre daí a necessidade de serviços de orientação e apoio psicológico à pessoas na meia-idade ou já idosas, a fim de promover a adaptação e conseqüentemente a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. A geriatria e a gerontologia concebem a velhice saudável como a manutenção da máxima capacidade funcional pelo maior tempo possível (Veras, 2006). Isto implica na manutenção da independência e da autonomia do idoso até quando ele der conta. Atingir estas metas não depende apenas de fatores biológicos ligados à genética ou hábitos de vida, nem tampouco somente de fatores ambientais. Fatores sociais, tais como aceitação e respeito e fatores psicológicos, tais como os processos de auto-regulação (crenças de controle pessoal e de auto-eficácia), desempenham um papel importante nessa questão (Neri, 1993; 1995; 2006; Khoury, 2005; Khoury & Günther, 2006).

A literatura sobre psicologia do desenvolvimento na abordagem do curso de vida (life span) tem tratado do desenvolvimento bem-sucedido e, dentro deste, do envelhecimento bem-sucedido (Baltes, 1987; 1997; Baltes & Baltes, 1990; Heckhausen & Schulz, 1993; 1995; Schulz & Heckhausen, 1996). O sucesso no envelhecer e a qualidade de vida na velhice dependeriam de diversos fatores, incluindo o auto-conceito, a auto-estima, o senso de auto-eficácia e de controle pessoal que o indivíduo idoso consegue ter sobre si mesmo e seu mundo (Neri, 1993; 1995; 2006; Néri & Freire, 2000; Neri, Yassuda & Cachioni, 2004; Khoury, 2005; Khoury & Günther, 2006). Considerando que o desenvolvimento humano se faz por meio de uma complexa dinâmica entre ganhos e perdas; e que o equilíbrio entre ganhos e perdas se torna mais precário na velhice, o indivíduo que envelhece precisaria desenvolver estratégias compensatórias, de forma a minimizar as perdas e maximizar os ganhos já obtidos. Tais estratégias adaptativas seriam indicadoras de sucesso no envelhecer (Baltes, 1987; 1997; Baltes & Baltes, 1990). A psicologia social provou que a mudança de atitudes e de comportamentos é mais efetiva quando

realizada em grupos onde as pessoas têm oportunidade para discutir seus problemas e trocar idéias do que por meio de palestras. Tendo por base os argumentos acima, surgiu o Projeto “Desenvolvimento Psicossocial para Idosos”, integrante do Programa Velhice Bem-sucedida, cujo objetivo consiste em realizar atividades em grupo visando favorecer a velhice saudável e bem-sucedida, por meio do desenvolvimento de habilidades psicossociais capazes de auxiliar na preservação da independência e autonomia dos idosos, bem como na melhoria de sua qualidade de vida. O objetivo do presente estudo foi comparar dois grupos de desenvolvimento psicossocial para idosos, em diferentes instituições e períodos. 47

METODOLOGIA

A experiência relatada aconteceu na Universidade da Terceira Idade (UNITERCI), em 2008, e no Centro de Atenção à Saúde do Idoso, órgão da Prefeitura Municipal de Belém, em 2009. A UNITERCI é um Programa de Extensão do Curso de Serviço Social da UFPA que, entre suas atividades, oferece um Curso de Atualização Cultural a idosos, com duração de um ano. O grupo de desenvolvimento psicossocial constitui um módulo do referido curso e os participantes têm nível educacional e sócio-econômico variado. Na CASA do Idoso, os participantes são de baixa renda e com baixa escolaridade, em sua maioria. Os grupos eram atendidos uma vez por semana, em encontros com duração de 90 minutos. Na UNITERCI, o grupo foi constituído por 23 idosos, sendo apenas 4 homens, e a intervenção foi realizada em 10 encontros. Na CASA do Idoso, o grupo foi integrado por 16 idosas e a intervenção aconteceu em 16 sessões.

As intervenções psicológicas nos grupos se fundamentaram em técnicas cognitivas (Beck, 1997; Rangé, 2001; Knapp, 2004; McMullin, 2005), bem como no conhecimento advindo da psicologia social e dinâmica de grupo (Lewin, 1997; Moscovici, 1995; 1996) e foram realizadas com base no desempenho durante as atividades, bem como nas expressões verbais e não verbais.

As atividades desencadeavam-se a partir de jogos, exercícios de dinâmica de grupo e de sensibilização, visando: a) oferecer aos idosos uma oportunidade para identificar e avaliar aspectos psicossociais importantes nesta fase de sua vida; b) promover o desenvolvimento psicossocial, ou seja, favorecer a mudança de atitudes e comportamentos em uma direção considerada saudável e adaptativa para viver a velhice com qualidade; c) auxiliar a formulação de estratégias adaptativas e estimular o investimento em metas e projetos de curto e médio prazo, viáveis nesta etapa da vida.

As atividades foram precedidas de palestras para esclarecer quanto aos objetivos e a metodologia de trabalho e eram planejadas de acordo com os objetivos do projeto “Desenvolvimento Psicossocial para Idosos”.

Além disso, foi aplicada uma Escala de Desenvolvimento Pessoal –EDEP (Neri, 1999), antes e depois da intervenção, a fim de que se pudesse avaliar os resultados.

A EDEP contém 25 itens avaliados em escala de cinco pontos (1 = nada a ver; 5 = tudo a ver comigo). Os itens referem-se a nove dimensões, quais sejam: Domínio sobre o Ambiente, Crescimento Pessoal, Relações Positivas com os Outros, Aceitação Pessoal, Autonomia, Propósito de Vida, Criação ou Geração, Oferta e Manutenção.

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RESULTADOS

Para verificar se havia diferença significativa entre os grupos, utilizou-se o teste não-paramétrico Mann Whitney, que compara a média da ordenação (postos) dos escores médios obtidos na escala por ambos os grupos. Avaliando-se as médias das pontuações conseguidas nas dimensões que compõem a EDEP e comparando-se os dados dos participantes da CASA do Idoso e da UNITERCI, observam-se algumas diferenças entre os dois grupos, antes e depois da intervenção psicossocial. O resultado da EDEP foi avaliado pelos escores médios tanto da escala global, quanto dos domínios que a compõe, como se pode ver na Tabela 1.

DOMINIOS DA EDEP AVALIAÇÃO GRUPOS EDEP na EDEP Global Da Cp Rp Ap Pv Cg Mn At Of

CASA do Antes 4,0 4,2 4,5 4,1 4,4 4,6 4,5 3,5 3,9 3,2

Idoso Depois 3,8 4,3 4,0 3,8 4,1 4,0 4,2 3,6 3,8 3,6

Antes 4,1 4,3 4,5 3,9 4,0 4,6 4,6 3,7 3,9 3,8 UNITERCI Depois 4,3 4,5 4,7 3,8 4,0 4,7 4,5 4,1 3,9 4,1

Tabela 1: Médias das avaliações na EDEP, global e em seus domínios, antes e após as intervenções no grupo de desenvolvimento psicossocial, na CASA do Idoso e na UNITERCI.

Fonte: Programa de Extensão Velhice Bem-Sucedida, UFPA, 2008

Observa-se na Tabela 1 que ambos os grupos obtiveram escores elevados (bem acima do ponto médio da escala – 3) em quase todas as dimensões da EDEP, tanto nas avaliações realizadas antes da intervenção psicossocial, como após. Talvez isso se deva ao fato de se tratarem de pessoas que já freqüentam grupos para

a terceira idade. Comparando-se os dois grupos com relação ao escore global da EDEP, nas avaliações realizadas antes e após a intervenção, não se verificaram diferenças significativas.

No que se refere aos domínios que compõem a EDEP, a avaliação realizada antes da intervenção revelou que somente o domínio Manutenção apresentou diferenças significativas entre os dois grupos (U= 72,5; p≤ 0,01), sendo que a UNITERCI revelou média maior do que a CASA do Idoso. Na avaliação realizada após a intervenção, os domínios da EDEP que mostraram diferença significativa entre os dois grupos foram Crescimento Pessoal (U= 17,0 p≤ 0,01) e Autonomia (U= 19,0 p≤ 0,01). Mais uma vez, a UNITERCI obteve médias 49 maiores do que a CASA do Idoso.

O sentido da dimensão Manutenção é “responsabilizar-se, cultivar, preservar, proteger (...) produtos culturais e à natureza”; Crescimento Pessoal quer dizer “estar aberto às novas experiências; auto-atualização, aperfeiçoamento e realização de suas próprias potencialidades”; e Autonomia significa “ter um self determinado e independente, tendo em si padrões de avaliação e de aprovação pessoal, sendo capaz de seguir suas próprias opiniões” (Freitas, Py, Cançado, Doll & Gorzoni, 2006, p.1518-1519). Desta forma, talvez as diferenças encontradas entre os grupos da UNITERCI e da CASA do Idoso se devam ao fato de que, no primeiro, os idosos estão engajados em um curso estruturado, com a contribuição de vários profissionais, e que lhes proporciona conhecimentos e oportunidades diversificadas, com ênfase na cidadania e educação. Já no segundo, os idosos procuram a CASA individualmente, em busca de saúde e atividades; não há um esforço organizado no sentido de oferecer-lhes um conjunto de atividades estruturadas e em grupo visando a melhoria de sua qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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HABITABILIDADE PARA EXCLUÍDOS 53

Denyson Teixeira Almeida15 Manoel Diniz Peres16

Resumo: Com a proposta de melhoria na qualidade de vida das pessoas da terceira idade, foi desenvolvido este trabalho investigativo. Expondo os problemas enfrentados pelo idoso no que tange a sua locomoção, acomodação e acessibilidade dentro da própria residência ou locais variados. Analisando os detalhes construtivos da estrutura habitacional onde os idosos convivem diariamente ou passam algum tempo. Propomos soluções adequadas para proporcionar mais conforto e facilidade no momento da necessidade de esforços físicos. Conscientizar os projetistas a incluir em seus projetos detalhes construtivos que atendam as necessidades dos indivíduos da terceira idade.

Palavras-Chave: acessibilidade, habitabilidade, idoso

Abstract: With the improvement proposal in life quality of people from third age, it was developed this investigative work. Exposing the problems faced by the senior in the that tolls your accommodation locomotion and accessibility inside the own residence or varied locations. Analyzing the constructive details of the habitation structure where the senior cohabit daily or pass some time. We propose solutions adequate to provide more comfort and easiness at the moment of the need to physical efforts. Become aware the projectors to include in their constructive details projects that attend the needs to individuals of the third age.

Words-key: accessibility, habitability, senior

15 Estudante da Faculdade de Engenharia Civil do campus Belém da Universidade Federal do Pará; bolsista do PROEX com vinculo através do projeto Escritório de Práticas de Engenharia Civil (EPEC), [email protected] 16 Doutor, professor da Faculdade de Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia, da Universidade Federal do Pará, Coordenador do Escritório de Práticas de Engenharia Civil (EPEC), [email protected]

Introdução egundo dados do IBGE a população de idosos teve uma aumento de 47,8% na ultima década. Esse número tende a aumentar devido aos avanços na medicina, aumento na qualidade e S expectativa de vida. Junto com este crescimento surge, também, uma preocupação: estaria a sociedade pronta para atender as necessidades da terceira idade de forma satisfatória? Estariam às edificações, passeios, a própria moradias deles, preparada para conceder-lhes suporte? As leis 10.741 (Estatuto do Idoso Capitulo IX Art. 38 inciso III) e 10.098 (Lei da acessibilidade) garantem ao idoso a livre locomoção e transposição de barreiras tanto arquitetônicas e urbanísticas. È, também, 54 garantido nestes códigos que as habitações tenham padrões compatíveis com as suas necessidades. Acessibilidade é uma palavra de significados cada vez mais fortes, uma vez que extrapola em muito as necessidades das pessoas idosas ou com deficiência física, por exemplo. Para encontrar soluções objetivas relacionadas à acessibilidade universal, é preciso ter consciência de que as habilidades das pessoas e suas necessidades mudam durante o curso de suas vidas. As modificações muitas vezes incluem medidas práticas para a eliminação de barreiras, como portas e espaços mais amplos, entradas sem degraus, prateleiras e estantes de altura adequada, botões elétricos e outros pontos próprios de cada situação, tais como torneiras adequadas no chuveiro, altura dos armários, etc. A engenharia civil é responsável, de certa forma, em atender essa garantia do ir e vir, pois trabalha na elaboração dos projetos construtivos que devem preocupar-se com a ergonomia da locomoção e acessibilidade do idoso. A conscientização do profissional da área da construção civil e de toda a sociedade é fundamental para que essa realidade seja mudada. A proposta deste trabalho é criar a conscientização da necessidade de inclusão dos idosos na sociedade, no âmbito da mobilidade e acessibilidade a ambientes distintos, tanto em locais públicos, nas suas residências ou nas que os acolhem.

Objetivo Colocar as maiores dificuldades do idoso para sua movimentação nos ambientes em geral, apresentando possíveis soluções.

Metodologia Consistiu na observação de campo, ou seja, foram feitas visitas em abrigos e asilos da cidade de Belém. Nestas visitações procurou-se observar as instalações dos locais como dormitórios, banheiros, passeios, corredores e também os materiais utilizados no acabamento dos locais, atentando para adequação dos idosos, com relação à segurança, facilitação e acessibilidade dos mesmos.

A principio o intuito era visitar os abrigos, localizados na Travessa Mauriti nº 1061 e na Avenida José Bonifácio 1758, no entanto uma instituição, não disponibilizou a entrada dos pesquisadores no local. Embora, a visita tenha se restringido a apenas uma instituição as observações a esta instituição foi aproveitada ao máximo. Foi levado em consideração não só os problemas de obstáculos arquitetônicos, mas também a ventilação dos ambientes, principalmente, os quartos. Embasadas também nas orientações da NBR 9050, que fala sobre a acessibilidade e os padrões que as edificações devem seguir, foi feita as observações para que houvesse a comprovação de que, os mínimos requisitos estavam sendo atingidos. 55 É importante ressaltar também que as analise não foram feitas apenas com o objetivo critico, mas com o intuito de conscientizar e buscar soluções para melhor servir ao idoso, garantido mais dignidade e o conforto merecido. A conversa com os idosos, também, foi considerada relevante, pois pelo meio das informações que eram passadas por eles era que se tomava conhecimento das dificuldades enfrentadas por cada um no ambiente.

As barreiras Analisando cuidadosamente os ângulos desse problema, naquilo que se relaciona com o universo das pessoas com as necessidades de acessibilidade, locomoção etc., apresentamos algumas situações nas quais a engenharia civil tem suporte técnico para intervir, produzindo segurança, facilidades de locomoção e mais conforto ambiental. As fotos apresentadas abaixo comprovam as necessidades de intervenção pela engenharia civil, modificando e ou adaptando os aparelhos necessários para a melhoria da habitabilidade do idoso.

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A foto mostra uma situação onde foi adaptada uma rampa para melhoria da locomoção do idoso dentro de sua residência

A foto mostra um corredor externo, onde não encontramos aparelhos que forneçam ao idoso melhor desenvoltura no seu deslocamento, sendo em muito dificultado com a colocação de bancos e rampas e soleiras inadequadas.

A cama apresentada na foto mostra a confirmação de que o idoso sente dificuldade ao se levantar ou sentar-se, visto que esta se encontra em um nível muito baixo, devendo, no entanto está com seus pés mais altos.

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A foto mostra que o idoso usuário do equipamento do tipo ANDADOR, apresenta dificuldade de locomoção, provocada pela rampa com ergonomia inadequada.

Os aparelhos sanitários são dotados de barras dispostas na horizontal, tal posicionamento dificulta o apoio para sentar ou levantar, deve ter uma inclinação ergonomicamente compatível com o esforço de levantar/sentar.

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A acessibilidade está prejudicada, haja vista o degrau existente, o que não permite à cadeirante ter acessibilidade ás dependência na sua totalidade.

Resultados A edificação visitada já apresentava um aspecto de um imóvel antigo. O abrigo é habitado por mulheres, algumas compartilhando quartos e outras em quartos individuais. A maioria dos quartos possui camas, mas o banheiro e os chuveiros estão localizados em locais isolados e próprios para o banho e realização de necessidades fisiológicas. Inicialmente pode-se observar problemas de execução de assentamento do revestimento cerâmico do piso que estava soltando em alguns quartos, essas falhas podem ocasionar desníveis no piso e ocasionar quedas e até fraturas graves. Devido à exigência de adequação do ambiente foram feitas algumas adaptações na soleira da posta uma rampa com argamassa de maneira não adequada, a disposição adotada para a rampa, a inclinação estava muito acentuada o que poderia causar a dificuldade de locomoção em cadeira de roda ou mesmo acidente com a mesma ou ainda pela visão já fraca dos idosos causar uma queda por causa do desnível acentuado entre a soleira e o piso do corredor a justificativa para essa solução foi o baixo poder financeiro do cofre da instituição. Outro problema também observado é a altura das camas em relação ao chão. Sabe-se que na terceira idade a força para realizar atividades simples como levantar-se da cama fica mais dificultosa com uma cama baixa. Algumas camas encontradas nos quartos já haviam recebido adaptações ou aparentemente já vieram preparadas na altura adequada para atender as necessidades deles. Dois aspectos importantes a serem analisado são o aproveitamento da luz e a ventilação natural. O local é bem arejado, a organização do espaço interno proporciona uma entrada significativa de ar deixando um

clima agradável, já alguns espaços mereciam que a luz natural fosse mais aproveitada como os sanitários e alguns quartos individuais. Os banheiros e sanitários estavam com barras laterais adotadas para auxiliar no momento de levantar-se dos vasos ou mesmo para se segurar no banho, para este item a única inadequação foi o material utilizado para as barras, estas eram de ferro pintado com camada de tinta simples o que contribuía para a corrosão do material, já observado em evidência, e possível troca da barra.

Conclusões 59 Muitos dos problemas encontrados no local poderiam ter sido evitados se o projeto de arquitetura e engenharia já tivesse a consciência das necessidades do grupo da terceira idade. Há uma necessidade de criar uma consciência para atender as necessidades dos idosos nas edificações. 1- As adaptações exigidas por força de Lei devem ser executadas levando-se também em consideração o conforto e aplicabilidade aos usuários; 2- Aos idosos poderia ser ministrado algum tipo de exercícios físicos facilitando, portanto sua locomoção. 3- Os móveis devem estar em conformidade com o conforto do idoso.

Referências www.ebanataw.com.br, pesquisa realizada em 21 de setembro de 2009.

Lei n 10.741, de 1º de outubro de 2003.

Lei n 10.098, de 19 de dezembro de 2000;

Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 9050, Segunda edição, 31.05.2004.

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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O CIDADÃO DE RUA OU EM TRÂNSITO E A AUSÊNCIA DO GRUPO FAMILIAR: Demandas de envelhescentes e idosos com histórico de surto mental 61

Simone Moraes Lisboa17

Resumo: Propõe-se refletir sobre as demandas de envelhescentes e idosos com histórico de surto mental no Centro Estadual de Convivência do Idoso-CECI. Partindo de ação social de recadastramento entre abril-junho/2009. Realizou-se entrevistas com os usuários inscritos e matriculados nas atividades oferecidas pelos parceiros da gestão compartilhada. Analisando resultados segundo histórico-político da Região Amazônica, conceitos de envelhecimento, família e saúde mental. Identificou-se que, além dos usuários freqüentadores dos serviços que relataram sofrer ou já ter sofrido surtos ou crises, sozinhos ou em família, existe ainda o caso daqueles que são deixados às portas do CECI devido ausência ou inexistência do grupo familiar.

Palavras-chave: envelhecomento, família, saúde mental.

Abstract: We propose a reflection about the „envelhescentes‟ and elderly demand of mental outbreak at Centro Estadual de Convivência do Idoso-CECI. Setting off of the social action of re-registration between April-June/2009.It has been realized interviews with registrated and enrolled users in offered activities by shared management partners. Analyzing the results according to description-politician of Amazon, elderly concepts, family and mental health. It has been identified that, beyond of frequenters users of services that has told suffer or have already suffered outbreaks or crisis, alone or in their family, still exists cases left at CECI‟s door because of the absence or inexistence of family group.

Keywords: growing old, family, mental health

INTRODUÇÃO discussão sobre a velhice e envelhecimento no contexto amazônico tem sido frequentemente tema de debates junto às Universidades e órgãos de defesa e atenção ao segmento idoso na A cidade de Manaus-Amazonas. Esta emergência temática se deve ao crescimento populacional de idosos ocasionado pelas constantes migrações em nossa região. Esta realidade é determinada

17 Assistente Social, Gerente Técnica do Centro Estadual de Convivência do Idoso – CECI; Mestranda em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (UFAM/2010); Especialista em Gerontologia (PUC-SP/2002); Especialista em Administração de Recursos Humanos (UFAM/2000); 9197-8728 / 9962-3550; E-mail: [email protected].

principalmente pelas condições de vida da população local, originada de municípios próximos e demais Estados Brasileiros, que vêm em busca da melhoria da qualidade de vida e/ou de atenção à saúde, provocando um crescimento urbano desordenado de pessoas velhas e doentes na capital. O inchaço populacional é perceptível nas ruas da cidade que expressam o aumento e retorno da mendicância – objeto de intervenção do poder público no final do período áureo da Borracha e, posteriormente, com o surgimento da Zona Franca de Manaus. Estes dois marcos histórico-econômicos foram os precursores da criação de asilos, albergues, colônias e dos chamados manicômios que deram origem às Instituições de Longa Permanência, Casas de Passagem e Centro Psiquiátrico conforme denominação atual. 62 Apesar dos avanços das políticas públicas de atenção ao segmento idoso, temos assistido à formação de um grande gargalo nos espaços sócio-institucionais de atenção a esta população, decorrente do número reduzido de Instituições com estrutura adequada para responder as demandas originadas do abandono de idosos. Este abandono se dá pela perda do vinculo familiar e afetivo, considerando que muitas destas pessoas em processo acelerado de envelhecimento vêem de outros Estados e Municípios próximos ao Amazonas. As expressões da questão social que envolve a velhice e o envelhecimento em nosso Estado são percebidas pelo abandono de idosos nos leitos hospitalares; aumento de pedintes nas ruas do centro da cidade; aumento de denúncias e descaso familiar junto aos órgãos competentes; aumento da procura por vagas nas ILPIs e pelo crescimento de moradores de rua, ou pessoas andarilhas catando alimento no lixo, com características de velhos doentes mentais. Este cenário local tem se tornado, para muitos, algo natural, porém, diante da crescente demanda identificada, em especial no Centro Estadual de Convivência de Idosos – CECI, situada no Bairro de Aparecida, vem propor a realização de um levantamento junto aos usuários do CECI. Apontando possíveis casos de histórico ou discurso psiquiátrico junto ao público atendido, buscando conhecer que tipo de participação familiar existe nestes casos e como o respectivo indivíduo se mantém em sociedade. Entendemos que a grande maioria destes casos não tem apoio familiar ou cobertura previdenciária. Portanto, são pobres e suas famílias não têm condição de ampará-los na velhice, ou perderam o vinculo afetivo, por falta de conhecimento ou por não ter condições socioeconômicas de garantir a devida assistência. Neste sentido, seria o caso de institucionalizá-los, contrariando a política de desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos; de idosos; doentes mentais, ou deficientes, que sobrecarregam as famílias? Por fim, propõe-se refletir sobre quem são estes envelhescentes e idosos que estão nas ruas buscando proteção social ou o direito de participar dos grupos em sociedade; que nem sempre podem contar com o grupo familiar, pois quando este grupo existe não apresenta condições de assumir esse encargo. O que fazer com estes casos que se apresentam nos distintos espaços institucionais que não têm em seu planejamento o atendimento a este perfil de usuário.

METODOLOGIA A metodologia desenvolvida se deu a partir dos estudos efetuados pela Gerência Técnica ao realizar, junto à sua equipe, Ação Social de Recadastramento dos Usuários inscritos e matriculados nas atividades e cursos oferecidos pelos parceiros do CECI. O desenvolvimento da respectiva ação se deu no período de abril a junho de 2009, com aplicação de 2.032 formulários de entrevistas para identificação do perfil socioeconômico e familiar; histórico de saúde; e interesses pelas atividades e cursos propostos pelos parceiros do CECI. Os profissionais e estagiários de Serviço Social e Psicologia processaram este evento a partir de cinco fases distintas, a saber: a) elaboração e validação do formulário de entrevista; b) treinamento e 63 distribuição das equipes por turno de trabalho; c) aplicação dos formulários de entrevistas; d) tabulação e analise dos resultados alcançados; e) elaboração e apresentação de relatórios parciais e finais. Os relatórios foram apresentados em tópicos específicos visando atender as demandas institucionais e dos estudos e pesquisas realizadas pela Gerência Técnica, enquanto parte envolvida no processo monitoramento e avaliação dos programas e serviços oferecidos pelo CECI. Sua fundamentação se deu a partir dos pensadores Engels (2002), Alcântara (2004), Beauvoir (1990) para definir os conceitos de envelhecimento e família; e Vasconcelos (2002) e Mota (2008) para os conceitos de Saúde Mental.

RESULTADOS O Centro Estadual de Convivência do Idoso – CECI registrou 2.032 usuários inscritos e matriculados nas atividades sócio-educativas e esportivas e de lazer. Destes 83% são mulheres; 61% são idosos, ou seja, encontram-se na faixa etária superior a 60 anos; 34% são “envelhescentes”, ou seja, encontram-se na faixa etária entre 41 e 59 anos; 5% são jovens familiares dos usuários assistidos nos serviços oferecidos pelo CECI. 31% vive com 1 salário mínimo; 24% varia entre 1 a 2 salários; 22% com 2 a 4 salários; 7% com 4 a 6 salários; 4% com mais de 6 salários; outros 7% sobrevivem com menos de 1 salário mínimo; e 5% vivem sem renda alguma. 33% possuem médio completo; 27% fundamental incompleto; 16% fundamental completo; 9% superior completo; 6% médio incompleto; 5% não alfabetizados; 2% superior completos, enquanto outros 2% são alfabetizados. 87% afirmam que mora com a família, porém 13% vivem sem o grupo familiar. 84% dos entrevistados sofrem de algum tipo de problema de saúde, destes 7% relataram sofrer ou ter sofrido de transtornos ou surtos mentais e, por isto, vivem distantes de suas famílias. Detectou-se também que dependem da rede pública de saúde e enfrentam dificuldades de relacionamento e aceitação, tanto por parte dos usuários, como dos profissionais do sistema. São visivelmente percebidos quando entram em crise por falta de acompanhamento familiar e administração medicamentosa, sendo ainda rejeitados pelo sistema móvel de saúde para o translado ao atendimento psiquiátrico ambulatorial que não se preparou para a reforma psiquiátrica.

CONCLUSÃO Considerando o contexto apresentado e o resultado alcançado provocou-se uma breve reflexão no que diz respeito ao processo de envelhecimento no cenário Amazônico, principalmente ao identificar quem é este ser envelhescente e envelhecido que se apresenta à rede de serviços públicos. Pessoas que estão sendo deixadas para trás devido à falta de preparo e conhecimento sobre as distintas formas de envelhecer, principalmente quando não se tem o grupo familiar para contar como apoio, já que segundo as legislações vigentes é dever da família assistir aos idosos. Mas de que família estamos falando? Não podemos esquecer que o ser velho carrega consigo uma história, positiva ou negativa, dependendo de como ela foi construída. 64 Conforme os resultados apontados anteriormente, detectamos que 7% dos entrevistados afirmaram sofrer ou possuir um histórico de surto e crises de saúde mental. Ao cruzarmos as informações familiares, de renda e de escolaridade, perceberemos que a ausência do grupo familiar coincidirá com este percentual que relata ou apresenta registros de histórico de surto psiquiátrico. Esta afirmativa pode comprovar no momento de abertura de casos sociais para acompanhamento e articulação familiar no processo de atenção ao idoso ou envelhescente em crise. A ausência familiar ocorre devida quebra dos laços afetivos que foram comprometidos pela distancia e ausência, segundo relatos, ou porque o cidadão ficou internado no período anterior a reforma psiquiátrica, ou porque perderam contato devido a mudanças constantes de moradia. Outro fator importante de ser registrado, é que a maioria destas pessoas ainda não completou os 60 anos, mas apresentam características de pessoas velhas e doentes. O idoso assistido no Centro Estadual de Convivência apresenta varias historias, desde casos positivos em que a família tem toda uma estrutura socioeconômica, e principalmente afetiva, como aqueles casos negativos em que os laços familiares não foram muito bem construídos, e ainda pesa o fator econômico fragilizado e em alguns casos quase inexistente, ou seja, depende totalmente do poder publico. Temos experimentado vários tipos de situações como, por exemplo, os casos em que o usuário participa das atividades tranquilamente, têm acompanhamento e participação familiar e outros casos em que ao entrar em surto a família se ausenta e se nega a assisti-lo ou não tem condições de assisti-lo. E temos ainda aquele caso considerado mais grave, ou seja, aquele caso em que os idosos ou envelhescentes são deixados a porta do CECI para pressionar profissionais e o poder publico a assumir a responsabilidade pelo cidadão velho doente, em transito, estranho à sociedade, denominado por muitos como cidadãos de rua, ou em transito, devido à ausência do grupo familiar. Portanto, compreende-se a necessidade de efetivar as políticas de proteção social de forma integrada e articulada entre as regiões brasileiras, impedindo a garantia destas idas e vindas que acabam incentivando a migração entre si, e a perda dos laços familiares. Famílias estas que são cobradas e julgadas quando seus

membros são deixados à própria sorte, não só pela família mais também pelo Estado. É pertinente resgatar a necessidade de criar espaços alternativos para abrigar e cuidar destas pessoas consideradas constantemente em transito. Um tratamento adequado precisa ser dado, um suporte terapêutico de integração e inclusão social de forma continuada, para que o resgate familiar seja feito e garantido, considerando a necessidade de ser trabalhado outro conceito de família, ou seja, verificar a necessidade de buscar as relações afetivas dentre os novos arranjos familiares visando a garantia e o fortalecimento da rede social. Evitando a limitação do trabalho familiar com os padrões e vínculos do passado que não conseguem superar a inexistência do grupo familiar tradicional. 65

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil 8

O PACIENTE PORTADOR DE ALZHEIMER E SEU CONTEXTO SOCIAL E FAMILIAR

Débora Teruko da Silva Kajitani18 67

Daiane de Souza Fernandes19

Resumo: A Doença de Alzheimer é uma doença degenerativa, progressiva, comprometendo o cérebro, causando diminuição da memória, dificuldade no raciocínio e pensamento e alterações comportamentais. O idoso perde o interesse pelo convívio social resultando no seu isolamento e de seu cuidador. A alteração familiar é de tal dramaticidade, que impõe necessidade urgente de implantação de medidas de apoio para o doente e seus familiares. Este estudo objetiva descrever como o idoso portador de Alzheimer é tratado por sua família. Trata-se de relato de caso do tipo qualitativo.

Palavras-chave: idoso, família, Alzheimer.

Abstract: Alzheimer's Disease is a degenerative, progressive, affecting the brain, causing memory impairment, difficulty in thinking and thinking and behavioral changes. The elderly lose interest in social life resulting in their isolation and their caregivers. The amendment is of such a family drama, which requires urgent need to implement support measures for patients and their families. This study is a case study, qualitative, aiming to describe how the elderly with Alzheimer's is treated by his family and the society that surrounds it.

Keywords: elderly, family, Alzheimer.

INTRODUÇÃO

ser humano passa por diversas fases desde sua concepção até a morte. Infância, puberdade, maturidade ou fase adulta e envelhecimento são etapas distintas e que apresentam mudanças O características. O envelhecimento é marcado fundamentalmente por uma série de mudanças que vão desde o nível molecular até o morfofisiológico. Essas mudanças têm início ao final da segunda década de vida, sendo pouco perceptível por longo período, até que surjam as primeiras alterações funcionais e/ou estruturais atribuídas ao envelhecimento (Araújo, Silva, et al, apud Gotiella e Carvalho,2007).

18 Acadêmica de Enfermagem do 5º ano da Universidade do Estado do Pará, (91) 8166-6695. [email protected] 19 Enfermeira, coordenadora do Programa de Medicina Preventiva do Plano de Saúde Hapvida, (91) 81228165. [email protected]

O idoso é mais vulnerável a doenças degenerativas de começo insidioso, como as afecções cardiovasculares e cérebro-vasculares, os cânceres, os transtornos mentais, as patologias que afetam o sistema locomotor e os sentidos. Também não se pode negar que há uma redução sistemática do grau de interação social como um dos sinais mais evidentes de velhice e ainda concorrem para agravar essa situação vários fatores demográficos e sócio-culturais, como aposentadoria, perda de companheiros de trabalho, aumento de tempo livre, mudanças nas normas sociais, impacto da idade sobre o indivíduo, impacto social da velhice, rejeição pelo grupo, filhos que se afastam, dificuldades em aceitar as novas formas de pensamento que não condizem com as suas, fazendo com que a mente do idoso passe por um processo de despersonalização 68 (Zaslavsky; Gus, 2002). O processo natural de envelhecimento envolve alterações biológicas e psicobiológicas que somadas à influência do meio em que vive o idoso, estão relacionadas à ocorrência de doenças crônico-degenerativas, que podem vir acompanhadas de dependências, incapacidades e ao aparecimento de transtornos mentais típicos e mais comuns da velhice como as demências, depressão, ansiedade, delirium e transtornos psicóticos. Segundo Filho e Netto (2006) a demência apresenta prevalência muito alta na população idosa, dobrando a cada cinco anos após os 65 anos de idade. Definida como uma síndrome com múltiplas causas, sendo a Doença de Alzheimer (DA) a principal causa de demência em idosos.

OBJETIVOS: 1) Descrever como o idoso portador de Alzheimer é tratado por sua família. 2) Formular possíveis soluções para a família lidar com a doença.

METODOLOGIA Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva tipo estudo de caso, com abordagem qualitativa. Entendendo que este tipo de pesquisa estabelece vínculo entre pensamento e ação, possibilitando ao entrevistador, melhor interação com os informantes, explicado melhor por Chizzotti (2001, p.79): “A pesquisa qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre sujeito e objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito” Foi entrevistada uma idosa de 73 anos, mãe de cinco (5) filhos, viúva, reside na cidade de Belém – PA, com uma filha e uma neta, pensionista e portadora da Doença de Alzheimer. Utilizamos a entrevista semi- estruturada e coleta de dados do prontuário da paciente a fim de se perceber a evolução da doença ao longo do tempo.

REFERENCIAL TEÓRICO A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença degenerativa, progressiva, comprometendo o cérebro, causando diminuição da memória, dificuldade no raciocínio e pensamento e alterações comportamentais. Em fases avançadas o paciente torna-se completamente dependente, incapaz de alimentar-se, banhar-se ou vestir- se sozinho. A DA é também é conhecida como “mal do século”, “peste negra”, “epidemia silenciosa” entre outros. Podendo se manifestar a partir dos 40 anos de idade, sendo que, a partir dos 60 anos, sua incidência se intensifica de forma exponencial. 69 Esta não é uma doença exclusiva dos idosos, podendo acometer indivíduos na meia-idade em 1 a 10% dos casos. Um histórico familiar de DA e a presença da síndrome de Down são dois fatores de risco estabelecidos para a DA. (Smeltzer e Bare, 2005). Múltiplos fatores estão relacionados ao aparecimento dessa doença, e dentre os principais, destacam- se a idade avançada; o sexo, visto que ocorre com mais freqüência nas mulheres; o histórico familiar, pois a incidência é maior em pessoas que possuem casos de Alzheimer ou de outras demências na família, e alguns estudos indicam que essa enfermidade também pode decorrer de traumas cranianos. O início exato da doença é difícil de ser identificado por se tratar de pequenas alterações de comportamento que muitas vezes passam despercebidos pelo paciente e seus familiares. Pode ser dividida em 3 fases: Fase inicial que dura, em média, de 2 a 3 anos, é caracterizada por sintomas vagos e difusos. O comprometimento da memória é o sintoma mais proeminente e precoce, principalmente de memória declarativa episódica. Os déficits de memória de evocação nas fases iniciais dizem respeito principalmente à dificuldade para relembrar datas, compromissos, nomes familiares e fatos recentes. Fase intermediária cuja duração varia entre 2 e 10 anos, é caracterizada por deterioração mais acentuada dos déficits de memória e pelo aparecimento de sintomas focais, que incluem afasia, apraxia, agnosia, alterações visuoespaciais e visuoconstrutivas. Fase avançada tem duração média de 8 a 12 anos, todas as funções cognitivas estão gravemente comprometidas, havendo, até mesmo, dificuldades para reconhecer faces e espaços familiares. Devido à perda total da capacidade para realizar atividade da vida diária, os pacientes tornam-se totalmente dependentes. Com a progressão da doença, os pacientes apresentam imobilidade crescente, incontinência urinária e fecal, tendência em assumir a posição fetal, mutismo, perda progressiva de peso, infecções urinárias e respiratórias freqüentes, término da comunicação, tornando-se por fim imóveis e emaciados. Inúmeras substâncias psicoativas são usadas com a finalidade de preservar ou restabelecer a cognição, o comportamento e as habilidades funcionais do paciente, contudo, os efeitos das drogas hoje

aprovadas para o tratamento da Doença de Alzheimer limitam-se ao retardo na evolução natural da doença, permitindo apenas uma melhora temporária do estado funcional do paciente. A Constituição Federativa do Brasil, no artigo 229, dispõe que "os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade". A família tem "o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida" (adaptado do Estatuto do idoso). A DA constitui uma experiência que produz enorme impacto no processo de viver do cuidador, pois envolve alterações em sua saúde física, emocional e social, visto que geralmente o cuidado é contínuo, envolve 70 várias ações, acontece de forma inesperada, exigindo conhecimento específico e habilidades para cuidado, o que somando-se às outras atividades cotidianas do cuidador, sobrecarrega-o com uma intensa jornada de trabalho, sem contar a possível dificuldade na relação do cuidador com a pessoa de quem cuida, ou o fato de acompanhar a progressiva degeneração funcional de um ente querido. Em estudo realizado por Garrido e Menezes (2004), os cuidadores foram principalmente mulheres, filhas ou esposas, com idade média de 51,3 anos, sem emprego ou do lar e a maioria morava com os pacientes. Um grande problema que se encontra no atendimento das pessoas com DA é a reação da família, que muitas vezes tem dificuldade em aceitar o diagnóstico e por ter pouca informação envergonha-se de ter uma pessoa com demência na família. Outros reagem negativamente porque ao ver a situação em que se encontra seu pai ou sua mãe, pensa na possibilidade de no futuro estar passando pela mesma situação. E por fim, há filhos que se recusam a voltar a ver o pai ou mãe, alegando que não os consideram mais como tal, pelo fato de não serem reconhecidos por eles.

RELATO DO CASO T.L.S, 73 anos, natural de Fortaleza, mora em Belém há cerca de 60 anos, evangélica, viúva, pensionista, mãe de 5 filhos (3 homens e 2 mulheres), reside em casa própria, de alvenaria, com 10 cômodos em companhia de sua filha de 50 anos e neta de 22 anos. Antecedentes Mórbidos Familiares: câncer de mama (irmã), Hipertensão Arterial Sistêmica (irmão). Antecedentes Mórbidos Pessoais: Nega Doenças. História atual da doença: filha relata que há 5 anos T.L.S perdeu seu cônjuge e apresentou um quadro de depressão, perdendo o apetite e se isolando. Fez tratamento e após melhora começou a apresentar quadros de amnésia, falsos reconhecimentos, conversar na rua com pessoas estranhas, dentre outros. Sua filha inicialmente procurou ajuda médica com neurologista e geriatra onde não obteve sucesso com as medicações (Haldol, Anafranil, Zyprexa, Risperdal, Ginkgo Biloba, Daizepam, entre outros). Atualmente faz tratamento com uma psiquiatra desde 2006, que diagnosticou a doença com base na clínica da paciente no decorrer das consultas. Ao longo do tratamento fez uso de várias medicações visto que a família não tem condições financeiras de manter o tratamento de primeira escolha, por exemplo compra do medicamento Alois. Atualmente está em uso de Risperidona, Neozine, Prometazina (a qual compra na farmácia popular) e Eutonis. A filha que reside com a paciente é a principal cuidadora e relata receber ajuda apenas de um irmão para ficar

com a paciente quando a sua cuidadora precisa sair. O filho caçula apenas leva sua mãe de carro para a igreja aos domingos de manhã (única atividade que ainda a paciente não perdeu e que faz questão de manter). O filho mais velho trabalha na Marinha Mercante e reside no Rio de Janeiro e não tem participação nas despesas da mãe assim como os demais. O tratamento e as despesas da casa são mantidos pela pensão (1 salário) deixado pelo cônjuge da paciente e por uma ajuda de custo da igreja a qual faz parte. A filha é vendedora autônoma de cosméticos e não dispõe de tempo para trabalhar, já que a mãe ocupa a maior parte do seu tempo. Devido a sobrecarga ela faz uso de medicação para controle do estresse. A neta é acadêmica de Enfermagem e não dispõe de tempo durante a semana, mas quando está em casa desenvolve atividades como dar banho, vestir, fazer a higiene íntima, preparar e dar a comida. Atualmente T.L.S reconhece apenas os filhos que residem em Belém e a neta que mora com ela. Não identifica objetos, não se recorda 71 de acontecimentos passados e é pouco comunicativa. Alimentação: aceita apenas comida de fácil deglutição como carne moída, arroz, feijão, frango desfiado e, mais raramente, caldos. Não sabe mais se servir, mas come sozinha. Sono e repouso: faz uso de medicação (Eutonis), pois estava trocando o dia pela noite ou se acordava fora de horário (madrugada). Lazer: frequenta a igreja e assiste telejornal. Funções Fisiológicas: espontânea e sem alterações, porém tem de acompanhá-la pois costuma lavar a mão dentro do vaso sanitário. Exame Físico: consciente, orientada em espaço, afebril, couro cabeludo apresentando seborréia em grande quantidade e íntegro. Pele e mucosas normocoradas. Cavidade oral limpa, íntegra e faz uso de prótese superior e inferior. Pavilhão auditivo limpo, não apresenta perda da acuidade auditiva. Ausência de gânglios infartados em região cervical e axilar. Mamas simétricas, flácidas e sem alterações. Ausculta cardíaca: Bulhas normofonéticas e rítmica. Ausculta pulmonar: presença de murmúrios vesiculares e ausência de ruídos adventícios. Abdômen globoso, normotenso, indolor a palpação superficial, presença de ruídos hidroaéreos. Genitália íntegra e limpa. Membros superiores e inferiores com a força preservada, ausência de edema e outros sinais.

DISCUSSÃO O processo inicial da doença de Alzheimer muitas vezes é confundido com as alterações naturais do envelhecimento, sendo normalmente aceito pelos familiares. A medida que a doença progride, mesmo que de forma inadequada, a família passa a dar importância às alterações de comportamento apresentadas pelo doente. Quando o grau de dependência torna-se muito acentuado é que os familiares começam a dar o verdadeiro valor e o apoio necessário para que o indivíduo acometido possa realizar atividades simples, até que passe de dependência para incapacidade, onde os membros da família precisam criar estratégias para suprir as necessidades do paciente, acarretando alterações significativas na rotina familiar.

CONCLUSÃO Foi observado que T.L.S progrediu dentro daquilo que foi exposto no referencial teórico e que a sua cuidadora recebe pouca ajuda de seus familiares sobrecarregando-a com os cuidados da paciente e que, por isso, faz uso de medicações de controle do estresse.

O comportamento social da paciente sofreu alterações, mas ela ainda busca a interação através da igreja, único local que ela expressa desejo de frequentar. Com isso, a Enfermagem pode intervir orientando sobre como proceder nas situações mais difíceis no cuidado com os pacientes e conscientizando todos os familiares para que não haja sobrecarga. Diante do que foi apresentado neste estudo, pode-se concluir que o cuidar de uma pessoa portadora de DA pode ser muito difícil em alguns momentos. Requer principalmente amor, solidariedade e tudo que estas duas palavras englobam: paciência, dedicação e, sobretudo, uma assistência que merece a divisão de tarefas entre os familiares, visto que os cuidados exigem atenção ininterrupta, gerando grande desgaste físico e 72 emocional para aqueles que lidam diretamente com o portador. Neste sentido, a Enfermagem pode intervir orientando a família da paciente sobre como proceder nas situações mais difíceis no seu cuidado, conscientizá-los quanto à divisão de tarefas para que não haja sobrecarga, propor que cada filho escolha um dia do mês para desenvolver uma atividade de entretenimento e lazer com sua mãe e que cada filho se alterne em acompanhar a paciente às consultas médicas para que haja o envolvimento no cuidado de sua genitora.

REFERÊNCIAS

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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RESPONSABILIDADE SOCIAL: a contribuição da família na garantia dos direitos dos idosos 73

Maria de Nazaré dos Santos Saldanha20

Eduardo Otávio Ferreira Vasconcelos21

Resumo: Ao longo do processo histórico houve avanços significativos com relação a legislações que garantem os direitos e deveres do idoso enquanto cidadão no Brasil. Assim, o presente trabalho teve como objetivo analisar de que forma a família torna-se importante na garantia e efetivação dos direitos dos idosos acompanhados pelo Centro de Referência de Assistência Social – CRAS II – Belém-PA, conseqüentemente na promoção da qualidade de vida dos mesmos, demonstrando a relação entre responsabilidade social e a promoção dos direitos desse segmento.

Palavras-chave: idosos, qualidade de vida , responsabilidade social.

Abstract: Throughout the historical process was significant progress with respect to laws that guarantee the rights and duties as the senior citizen in Brazil. Thus, this study aimed to examine how the family becomes important and effective in ensuring the rights of older accompanied by Centro de Referência de Assistência Social – CRAS II – Belém-PA, thus promoting quality of life for them, showing the relationship between social responsibility and the promotion.

Keywords: senior citizens, quality of life, social responsibility.

INTRODUÇÃO expectativa de vida na sociedade contemporânea está aumentando em tal magnitude que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2025, haverá 1,1 bilhão de pessoas com A idade maior ou igual a 60 anos no mundo, ou seja, haverá mais idosos do que crianças no

20 Assistente Social do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS II, graduada pela Universidade Federal do Pará – UFPA, Especialista em Gestão e Responsabilidade Social pela Faculdade Ipiranga. (91) 8805-2117 [email protected] / [email protected] 21 Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté - UNITAU. Professor na Faculdade Ipiranga, Orientador.

planeta, essa mudança na pirâmide populacional é conseqüência dos avanços tecnológicos e a melhor qualidade de vida do idoso. Este fenômeno também está ocorrendo no Brasil tendo-se uma previsão de que nos próximos 20 anos o país será o sexto no mundo com o maior número de idosos (IBGE, 2009). A sociedade é dotada de padrões culturais passados de geração em geração que determina o desenvolvimento do indivíduo: sua forma de vestir, estudar, trabalhar, locomover-se, bem como se relacionar com o outro e com o meio em que vive – social e ambiental. Sendo que as mudanças nos padrões culturais e o movimento histórico são conseqüências dos avanços tecnológicos e da ciência que reflete diretamente na visão de homem e de mundo do ser humano. (Gallo, 1997) 74 Logo, a sociedade contemporânea diante dessas transformações tem presenciado uma inversão de valores nas suas relações sociais, o homem está perdendo o seu valor fundamental, há uma acentuação dos problemas sociais, o ter no sistema capitalista supera o ser, as pessoas são manipuladas pelo mundo do consumo, do dinheiro, do lucro, há um individualismo exacerbado. (Messina, 2004) Em contrapartida, existe a questão da responsabilidade moral que o ser social deve desenvolver na sociedade em que está inserido. Expande-se o termo Responsabilidade Social, com o propósito de promover a valorização do ser humano, do sentimento de solidariedade e compromisso com o outro e com o meio ambiente. Segundo Melo Neto e Froes (apud Levek et al, 2002, p. 16), a Responsabilidade Social:

Busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva. Sua ética social é centrada no dever cívico (...). As ações de Responsabilidade Social são extensivas a todos os que participam da vida em sociedade – indivíduos, governo, empresas, grupos sociais, movimentos sociais, igreja, partidos políticos e outras instituições.

A primeira instituição pela qual o ser humano tem conhecimento sobre a noção dos valores e da moral é a família; é nela que surge o sentimento de pertencimento e identidade pessoal e isso reflete diretamente no convívio comunitário. Entretanto, as transformações societárias ocasionaram mudanças também na concepção de família, não há mais a predominância da família tida como tradicional, surgindo novas composições familiares e conseqüentemente os padrões, condutas e hábitos também são alterados. (Sarti, 2008) A noção de cidadania e garantia de direitos e deveres dos idosos foi redimensionada com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, regulamentada com a aprovação da Política Nacional do Idoso, lei nº 8.842/94 e o do Estatuto do Idoso, lei nº 10.741/04, que, no art. 3º, declara:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.” (BRASIL, 2004, p. 7)

Diante do processo de envelhecimento da população brasileira, a família possui um papel fundamental no cuidado do idoso, um segmento social heterogêneo que apresenta particularidades e especificidades nos aspectos biológicos, sociais e psicológicos. Além disso, os fatores externos influenciam diretamente nos laços familiares, que, na sociedade contemporânea, não conta mais apenas com o modelo de família tradicional composta por pai, mãe e filhos (Sarti, 2008). Segundo Sawaia (2008), as famílias na atualidade apresentam novos arranjos ou novas composições, tendendo à ruptura com a visão da família tradicional, cujos filhos demoram cada vez mais a alcançar a independência e passam mais tempo a residir com os pais, tendo como resultado a agregação de novos 75 membros na família de origem e, na maioria das vezes, o idoso é cuidado pelo seu familiar mais próximo. Porém, em paralelo a isto, pesquisas indicam que está havendo aumento significativo de idosos que moram sozinhos, gerando assim novos sentimentos como o de abandono, solidão e de afastamento da vida social. De acordo com Schons e Palma (apud Fortes e Miguel, 2005, p. 76) a família pode ser considerada como:

[...] o grupo insubstituível no qual o idoso deve permanecer o maior tempo possível, pois representa, para ele, a provedora fundamental e, às vezes, sua única referência, além da possibilidade de manutenção da sua auto-estima, pois, ao participar da vida familiar, com filhos, netos e demais, ele se sente vinculado com o mundo.

No Brasil, as questões sociais influenciam diretamente na realidade de famílias que apresentam na sua composição um ou mais idoso(s); essas famílias possuem necessidades que vão desde os aspectos materiais até os emocionais, sendo imperativo a criação e ampliação de serviços, por meio de programas e serviços específicos de apoio aos familiares, que lhes garantam preparo para um cuidado humanizado aos seus idosos. (Caldas, 2003). A velhice não pode ser considerada uma fase marcada apenas por patologias, perdas, limitações, dificuldades e inutilidade, principalmente com relação ao tempo cronológico. Na atualidade, os idosos têm se apresentado cada vez mais ativos, desenvolvendo várias atividades, desempenhando funções em vários relacionamentos – familiar, social e amoroso – e até mesmo sendo os responsáveis pela manutenção da sua família (Neri, 1993). Nesse sentido, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) II, localizado no Conjunto Cidade Nova VI SN: 22 s/nº, no Município de Ananindeua/Pa, enquanto unidade pública estatal responsável pela oferta de serviços continuados de proteção social básica de assistência social às famílias, grupos e indivíduos em situação de vulnerabilidade sócio-econômica, no mês de outubro de 2007 formou o Grupo de Convivência para Idosos “Raízes do Ananin”, seguindo os princípios e as diretrizes da Política Nacional do Idoso nº 8.842/1994 e a

Política Nacional de Assistência Social (PNAS), que visam a valorização do idoso, enquanto cidadão, capaz de produzir conhecimentos – com trocas e vivências – possibilitando a sua organização social e participação política. Baseando-se na pesquisa bibliográfica e posteriormente no estudo de caso junto ao CRAS II obtiveram-se os resultados deste estudo. A análise dos dados encontra-se dividida em dois momentos, o primeiro relacionado aos idosos pesquisados que participam do grupo de convivência do CRAS II e o segundo aos familiares pesquisados. Foram pesquisados 50 idosos - 46 do sexo feminino e 4 do sexo masculino - e 48 familiares - 42 do 76 sexo feminino e 6 do masculino - essa diferença se deve ao fato de terem participado da pesquisa dois casais, logo para cada casal foi levado em consideração o formulário de um familiar.

ANÁLISE DOS DADOS DOS IDOSOS ACOMPANHADOS PELO CRAS II Os 50 pesquisados que participam do grupo de convivência do CRAS II apresentam um perfil com variáveis significativas, principalmente com relação à idade, grau de escolaridade, estado civil e número de filhos. A idade mínima dos idosos participantes do grupo de convivência é de 53 anos e a máxima 83 anos, sendo que a maior quantidade de participantes estão entre as idades de 63 a 67 anos, no total 40 pesquisados. Outra variável significativa foi identificada no grau de escolaridade, na qual 2 idosos pesquisados são semi-analfabetos; 29 possuem o Ensino Fundamental Incompleto; 2 estão cursando o Ensino Fundamental; 2 concluíram o Ensino Fundamental; 8 possuem o Ensino Médio Incompleto; 6 concluíram o Ensino Médio e 2 completaram o Ensino Superior. Ao analisar o estado civil, 7 são solteiros, segundo os mesmos, foi uma opção não estabelecer vínculos que levassem a um casamento ou união estável; 2 possuem união estável; 18 são casados; 2 estão separados; 6 divorciados; e 15 são viúvos. Ao tratar do número de filhos, do total de pesquisados, 26 tiveram de 1 a 3 filhos; 10 de 4 a 6 filhos; 7 de 7 a 9 filhos; 2 de 10 a 20 filhos; e 5 não tiveram filhos. Outro ponto relevante identificado e exemplificado com algumas respostas, está relacionado à questão sobre a compreensão em ser idoso; do total de idosos pesquisados, 21 afirmaram ainda não se considerar idoso ou pelo fato de não ter a idade mínima prevista por lei, 60 anos - no caso do universo dos pesquisados um total de 8 que participam do grupo por determinação médica – ou por ainda se considerarem independentes e ativos tanto no convívio familiar quanto social:

Ainda não me considero idosa, não do jeito que as pessoas acham (inútil), hoje tenho mais tempo e liberdade para me divertir e passear, antes tinha muitas responsabilidades com meu marido e com meus filhos. (M.J.P.O, sexo feminino, 63 anos)

23 pesquisados reconhecem que estão vivenciando a fase da velhice, porém com qualidade e buscando novos aprendizados e experiências: “Eu me considero idosa e fico muito feliz com as minhas rugas e com os cabelos brancos.” (R.N.C.V, sexo feminino, 75 anos). 6 se consideram idosos, relacionando o fato com as limitações, com destaque para as físicas, e pela dependência de outras pessoas: “Tem dias que eu nem gosto de me olhar no espelho, me sinto cada vez mais velha.” (M.Z.C.M, sexo feminino, 83 anos) Nesse sentido, Belo da Fonte (2009) defende a perspectiva da revalorização do idoso como pessoa participativa e produtiva rompendo com os estigmas e preconceitos negativos ainda predominantes na 77 sociedade como a segregação e a decadência, ressaltando que o idoso deve ser o principal responsável por esse processo de ruptura, pois depende da sua autodeterminação, ou seja, da sua responsabilidade individual em buscar uma qualidade de vida, sendo necessário o apoio e a participação da família e da sociedade em geral. O envelhecimento humano trás consigo limitações e perdas incontestáveis, características dessa etapa de vida, sendo apresentadas pelos pesquisados as mudanças físicas, psicológicas e sociais que estão interelacionadas e segundo os mesmos refletem diretamente na auto-estima, ou seja, independente de se sentir idoso ou não, no primeiro momento há o impacto com as mudanças físicas, principalmente o surgimento de doenças, cabelo branco, rugas e flacidez na pele. De acordo com Deps (1993), essas mudanças são inevitáveis, entretanto o idoso possui capacidade de mudança, adaptação, desenvolvimento e aprendizado, fatores importantes e fundamentais para a promoção do seu bem-estar biopsicossocial, visando superar as ameaças e perdas que surgem na velhice. Essa satisfação depende do subjetivo, da qualidade de vida e da intensificação das interações sociais, podendo ser citado o grupo de convivência. Segundo, os pesquisados a participação no grupo de convivência trouxe benefícios significativos para suas vidas, sendo ressaltados nas seguintes falas:

Eu fiquei mais extrovertida, sou uma pessoa mais alegre, me sinto até mais nova; participar do grupo mexeu muito com a minha auto-estima de forma positiva. Adoro as minhas amigas, os profissionais responsáveis pelo grupo, a troca de experiência e os novos aprendizados. (A.S.M, sexo feminino, 60 anos)

“Eu achava que idoso tinha que ficar em casa, sem fazer nada, mas agora, no grupo, percebo que fiquei mais ativa.” (F.S.P, sexo feminino, 72 anos) “Eu estava quase entrando em depressão. Quando entrei no grupo minha vida mudou para melhor, hoje tenho novos amigos”. (H.A.C.S, sexo masculino, 66 anos) “Eu me sinto melhor, com mais disposição física, eu gosto das minhas amigas, dos profissionais que trabalham com o grupo, de conhecer novos locais e ter novas experiências com as apresentações do grupo de dança e coral.” (M.Z.C.M, sexo feminino, 83 anos)

Dessa forma, a participação do idoso no grupo de convivência reflete diretamente na sua satisfação pessoal, superando assim os desafios da velhice que é marcada pela heterogeneidade física, psicológica e social e fortalecendo os vínculos tanto no grupo quanto na família (Deps, 1993). Além disso, possibilita a convivência com pessoas da mesma faixa etária, trocas de experiências, novos aprendizados com relação aos seus direitos e deveres, sendo importante destacar que indiscutivelmente houve grandes avanços, segundo relatos dos mesmos, entretanto ainda encontram muitas dificuldades na prática cotidiana.

ANÁLISE DOS DADOS DOS FAMILIARES 78

Os idosos que fazem parte do grupo de convivência do CRAS II foram responsáveis pela escolha dos familiares que participaram da referida pesquisa, não havendo qualquer tipo de intervenção do pesquisador nessa indicação, sendo possível identificar na análise que foi indicado tanto familiar que reside com o idoso quanto o que não mora com ele, tendo variações no grau de parentesco, no caso filho, sobrinho, irmão e nora, com idades entre 26 e 68 anos. Com relação à compreensão do entendimento dos familiares sobre uma pessoa idosa, todos apresentaram sua opinião, entretanto alguns pesquisados apresentaram a dificuldade em identificar esse processo de transição – da fase adulta para a velhice – tanto que, do total de 48, 39 conseguiram acompanhar esse processo, enquanto 6 não consideram que a pessoa que a indicou para a pesquisa seja idosa e 3 destacaram que apenas alguns familiares conseguiram acompanhar esse processo. Segundo Belo da Fonte (2009), de todas as etapas vivenciadas pelo ciclo natural de vida, a transição da fase adulta para a velhice é mais difícil de ser percebida tanto pela própria pessoa quanto pela família, pois na maioria das vezes o idoso é considerado a base familiar e até mesmo o principal responsável pela renda familiar. Além disso, os novos arranjos familiares existentes na contemporaneidade também dificultam essa percepção. Outro dado relevante apresentado pelos familiares está relacionado às mudanças que ocorrem na família com a existência de um idoso, sendo necessário destacar que essa atitude está diretamente relacionada aos valores e à moral existente na base familiar, ou seja, se a família mantém laços afetivos fortalecidos, superando as adversidades que surgem ao longo da vida, ela se sente responsável pelo seu idoso, desenvolve a responsabilidade social individual, no entanto esse processo ainda pode ser considerado complexo. (Simões, 2008). A maioria dos pesquisados possui conhecimentos sobre as legislações específicas que garantem os direitos e deveres dos idosos, entretanto alguns afirmaram não ter esse conhecimento. Tal circunstância remete a Peixoto (1998), segundo a qual o desafio em garantir e assegurar os direitos e deveres do idoso na

atualidade em determinadas situações é o desconhecimento da sociedade em geral e da própria família, pois se torna fundamental a participação de todos na promoção dos direitos dos idosos.

CONLUSÕES O envelhecimento passa a ser um fenômeno cada vez mais presente na atualidade, tornando-se um desafio tanto para o governo quanto para a sociedade, induzindo a criação de políticas sociais públicas, programas, ações ou serviços que visem a garantia da inclusão social do idoso enquanto sujeito de direitos na sociedade em que vive, pois a velhice além de ser uma etapa natural do ciclo de vida está também diretamente 79 relacionada às necessidades econômicas e políticas do contexto histórico social. Nesse sentindo, a Responsabilidade Social Individual sempre esteve presente nas diversas sociedades, num determinado contexto histórico, pois para se manter um convívio social se faz necessária a existência de regras, condutas e, principalmente, respeito à singularidade e à particularidade de cada pessoa. As famílias são uma peça fundamental na busca contínua de garantir e assegurar os direitos dos idosos em parceria com o Estado e a sociedade civil, pois mesmo existindo legislações e políticas públicas que garantam os direitos e deveres dos idosos isso é um processo que se encontra em constantes transformações, sendo necessário o comprometimento e co-responsabilidade entre os envolvidos. Com os avanços nas pesquisas e estudos é possível constatar que velhice e qualidade de vida não são conceitos antagônicos e que podem e devem caminhar juntos, rompendo com o estigma da supervalorização do jovem sobre o idoso, pois a longevidade da população mundial, inclusive a brasileira, é fato e requer mudanças na estrutura econômica, ideológica, política e social do país.

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Pôsteres

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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O CICLO VITAL DO IDOSO NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA: uma visão sistêmica 83 Jerônimo Cardoso Nunes22

Selma Nazaré Pina23

Resumo: Este estudo apresenta uma revisão da literatura sobre o ciclo vital do idoso na família numa perspectiva sistêmica, que trás em seu bojo teórico, o pensamento de grandes expoentes da citada teoria como Minuchin (1982), Osório (1996), Rosset (2003) e outros, buscando compreender o processo saudável do envelhecimento no âmbito familiar e no contexto sócio-histórico e cultural da atualidade.

Palavras-chave: Família. Ciclo Vital. Idoso.

Abstract: This study presents a review of literature about the elderly‟s life cycle in the family within a systemic prospect which brings in its theoretical contents the thought of great exponents of the quoted theory such as Minuchin (1982), Osório (1996), Rosset (2003) and others, searching for understanding the healthy process of aging in familiar range and in a cultural, social and historical context at the present time.

Keywords: Family. Life Cycle. The Elderly.

INTRODUÇÃO

ste estudo tem como propósito fazer uma reflexão sobre os paradigmas que emolduram a compreensão do envelhecimento humano, tendo como ponto de partida a atualização da E literatura que se pauta nos construtos teóricos da Teoria Sistêmica. E metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica fundamentada nos estudos de Osório (1996), Minuchin (1982) e Rosset (2003) onde buscamos embasamento para analisar o fenômeno do envelhecimento humano no contexto da dinâmica familiar contemporânea.

22 Assistente Social e especialista em Gestão e Responsabilidade Social trabalha no Colégio Salesiano Nossa Senhora do Carmo Belém e Pesquisador do SENECTUS – Grupo de Estudos e Pesquisas na Área do Envelhecimento Humano na Amazônia. 23 Assistente Social e especialista em Terapia e Orientação Familiar é atualmente assistente social da UFPA/Escola de Aplicação e Pesquisadora do SENECTUS – Grupo de Estudos e Pesquisas na Área do Envelhecimento Humano na Amazônia.

A observação do crescimento acelerado da população idosa no Brasil e no mundo constitui-se o ponto central deste estudo, haja vista que no Brasil esse fenômeno populacional é recente, pois há poucas décadas era considerado um país de jovens e hoje se compõe em uma nação que está envelhecendo. Os recursos tecnológicos na área da medicina que estão à disposição do Homem, e que proporcionam uma longevidade maior a todos, independentemente de classe social, etnia, raça e gênero, em que o mesmo encontra-se inserido, foram outros fatores de atenção na construção deste ensaio.

Primeiramente, buscou-se o pensamento dos filósofos gregos e os estudiosos do pensamento 84 sistêmico, para a compreensão da origem da citada teoria, com o diferencial de não fragmentar as partes e considerar a interdependência dos elementos que compõem um sistema.

Posteriormente, esboçou-se a conceituação sobre família, na visão sistêmica, embasada nos grandes expoentes da teoria já citados anteriormente. O pensamento desses autores aproxima-se conceitualmente quando discutem e descrevem a família como um sistema vivo que se auto gerencia e tem suas próprias regras e finalidades.

Finalmente, o ensaio deteve-se nos estudos do ciclo vital da velhice. Nesta etapa do trabalho, o pensamento dos estudiosos nos remete ao entendimento de que o ciclo vital da família corresponde aos estágios do desenvolvimento familiar, que por sua vez, apresentam características peculiares, dinâmicas, complexas e típicas de cada etapa.

Espera-se que este ensaio seja um instrumento que contribua para a reflexão de profissionais que desenvolvem projetos voltados para o atendimento gerontológico, bem como, subsidiar mudanças na forma de pensar o idoso na atualidade e levantar possibilidades e alternativas que o levam a uma vida saudável e produtiva na sociedade.

TEORIA SISTÊMICA: História e Conceituação

Desde a Grécia antiga, a ciência e o mundo físico (a compreensão de Homem e de mundo) eram entendidos por intermédio das idéias de dois grandes filósofos: Platão e Aristóteles (século VI a.C.), que discorreram em compreender e explicar o mundo por intermédio da metafísica. A filosofia era ampla e suprema e detinha o domínio das várias ciências que conhecemos hoje como a física, a biologia, a matemática e outras. Segundo Chauí (1995, apud IMBIRIBA, 2007, p. 5) “o conhecimento científico estava ligado a Filosofia que determinava a abordagem teórica do que existia e, por conseguinte a sua apreensão qualitativa”.

Ao longo dos séculos, a humanidade foi incorporando novas maneiras de ver e compreender o mundo, analisando a realidade por intermédio do conhecimento científico, o qual era construído e embasado em modelos de paradigmas vigentes. No século XVII, com René Descarte, surgiu a idéia de “fragmentação da ciência”, a qual dizia que o conhecimento partia das idéias para as coisas. Essa forma de pensar se resumia na máxima: “Penso, logo existo”.

Entretanto, foi no início do século XX, com as idéias do biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy (1901-1972) que se começou a questionar a divisibilidade das ciências em sociais, exatas e naturais, ou seja, não 85 se via a organização dos sistemas vivos pelo enfoque mecanicista. Ele apresentou as primeiras idéias da Teoria Geral dos Sistemas, que compreende os organismos, a matéria viva como um sistema aberto, que deveria estar acessível às outras ciências (físicas, biológicas e humanas), que deveriam aplicar as mesmas idéias e os mesmos conceitos a fenômenos diferentes. Na teoria sistêmica, segundo Osório (2000, p. 52): “Cada uma das partes de um sistema está relacionada de tal modo com as outras que qualquer alteração em uma delas provoca modificações nas outras e no sistema total.”

Assim, a Teoria Geral dos Sistemas causou impacto na ciência clássica, modificando paradigmas conceituais que eram considerados tradicionais. Houve a substituição do modelo linear de pensamento, antes pautado na relação causa-efeito, pelo modelo circular sistêmico, baseado no padrão interativo, em que os sistemas são constituídos por partes em interação.

A FAMÍLIA VISTA PELA TEORIA SISTÊMICA

Há muito que a família vem sendo objeto de estudo de pesquisadores, cientistas de diversas áreas de conhecimento que têm direcionado um novo olhar sobre a organização familiar e suas particularidades, constituindo-se, portanto este estudo em uma tarefa não só difícil como também bastante complexa.

A teoria sistêmica descreve a família como um sistema vivo que se auto gerencia e tem suas próprias regras e finalidades. Pensa o desenvolvimento familiar através da rede trigeracional (avós, pais e filhos), considerando ainda, sua evolução através dos ciclos vitais que correspondem aos estágios do desenvolvimento familiar.

As transformações que vêm ocorrendo na sociedade do terceiro milênio estão influenciando na dinâmica familiar, principalmente com o advento da globalização no mundo contemporâneo, em que as informações e os modernos avanços tecnológicos em várias áreas do conhecimento, especialmente no âmbito da comunicação, da medicina, do modo de produção e do trabalho, estão interferindo diretamente na cultura e

nos valores dos diferentes povos e conseqüentemente na estrutura da família que, até algumas décadas, funcionava como uma única unidade.

Dessa forma, surgem novas famílias decorrentes das mudanças histórico-culturais que intercedem no formato e no conteúdo de sua constituição e de seu cotidiano. Dentre essas, destacam-se a revolução sexual, a desvinculação do ato sexual da função de procriar com os modernos métodos de controle da natalidade, a inserção da mulher no mercado de trabalho, o reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente, a ascendência do divórcio, o recasamento e a constituição de novos arranjos familiares, como a 86 formação de casais homoafetivos masculinos e femininos, famílias mononucleares ou monoparental.

Assim sendo, estudar a constituição familiar atualmente é um desafio muito complexo. Osório (1996), um dos mais importantes autores da Teoria Sistêmica na atualidade, expressa que os membros de um sistema fazem parte de uma interação e que o comportamento de seus semelhantes recebe influências mútuas. Em seu estudo sobre família, afirma que:

O estudo da família processa-se sob o signo da perplexidade, face às surpreendentes transformações porque tem passado a estrutura familiar na contemporaneidade. Tais transformações ocorreram sob a égide da revolução sexual e sob o influxo do questionamento dos papéis do homem e da mulher em suas relações interpessoais, experenciadas no contexto de uma sociedade que transita por um período de mudanças no seu sistema de valores, quiçá sem precedentes na história do processo civilizatório. (Osório, 1996, p.11)

Nesse sentido, entende-se que na dinâmica familiar perpassam valores éticos, religiosos, sócio- políticos, econômicos e culturais.

O autor discute também que hoje a família se constitui como uma entidade autônoma que tem em suas estruturas: regras e finalidades próprias. Para esse estudioso, a família não é apenas um espaço de proteção, mas de busca e renovação existencial de seus membros, levando em consideração sua dinâmica interna e os aspectos individuais nos seus diversos contextos sociais, históricos e culturais.

Outro estudioso que se destaca na temática sobre família é Minuchin (1982, p.25), que conceitua família, como sendo: “[...] uma unidade social que enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento as quais, diferem culturalmente, mas se aglutinam nas raízes universais. Esta unidade, para ser funcional24, deve possibilitar hierarquia onde os pais e os filhos têm diferentes níveis de autoridade, como também regras universais que governam a organização familiar”.

24 Funcional: a funcionalidade nas relações familiares está relacionada diretamente com o cumprimento das funções de cada um de seus subsistemas*; *Subsistemas: conjunto dos integrantes de um sistema mais amplo, e dentro do grupo familiar ele tem suas funções básicas definidas;

Minuchin vê a instituição familiar como um sistema que organiza a interação de seus membros e se movimenta por intermédio de acordos invisíveis, que se materializa na relação de poder presente entre seus integrantes, que se repete, estabelecendo “padrões de como, quando e com quem se relacionar e estes padrões reforçam o sistema”. (1982, p. 57). Desse modo, são tidas como contratos implícitos e quando não são obedecidas provocam situações de desequilíbrio/disfuncionalidade no sistema familiar.

Para Rossett, outra estudiosa que contribui significativamente para essa compreensão sistêmica, considera a família como um sistema social, ao afirmar: 87 A família foi vista e compreendida como a matriz de identidade do indivíduo. A família em si é uma unidade, como organismo, em que todas as partes estão ligadas e interagem. Há um movimento contínuo, circular, de trocas entre o sistema familiar e a estrutura individual. Desta forma o indivíduo surge como elemento potencial de entrada de novos estímulos no sistema, ao mesmo tempo em que vive complexidades, contradições e conflitos, isto dentro da rede interacional que compreende, não só a família atual, como a trigeracional” (Rosset, 2003, p. 65). Diante da idéia da autora supracitada, admite-se que no grupo familiar cada elemento desenvolve seus recursos internos e externos, o que possivelmente os habilita a estabelecer relações no convívio social. Além disso, a família é vista como um sistema social que se auto gerência e cria suas normas.

Face às colocações apresentadas pelos estudiosos pesquisados, pode-se entender que a família significa uma unidade social formada por um grupo de pessoas não só ligadas por parentesco, mas principalmente por laços de afinidade, convivência, transmissão de valores, aquisição de identidade pessoal, complexidades, contradições, conflitos em sua rede relacional. Essas relações envolvem não só o grupo atual como as outras gerações; assim a família é considerada um espaço de proteção e afeto, um sistema vivo em constante mudança que possui membros interdependentes na trajetória dos relacionamentos, evoluções e conflitos.

CICLO VITAL DA FAMÍLIA

A família, em um processo evolutivo, possui seu ciclo vital identificado pelo nascer, crescer, amadurecer e finalizar com a separação de um dos cônjuges (com ou sem filhos em sua companhia) e ou morte dos membros que a fizeram surgir e dar origem a novos núcleos familiares.

Considerando que o ciclo vital familiar não poderia estar contido em uma estrutura rígida e definida, e para caracterizá-lo de forma didática, a autora Rosset (2003, p. 48) o subdivide por meio de dois grandes

Ciclos: “[...] previsíveis e especiais. Os previsíveis são os que todas as famílias poderão passar. Chamo de ciclos vitais especiais aqueles que ocorrerão ou não numa família, trazendo crises, reformas e reformulações”.

Nessa mesma perspectiva teórica, para Falceto e Waldemar (2003, p. 189) o ciclo vital é: “o processo evolutivo pelo qual a família passa ao longo da vida. São etapas com tarefas específicas e problemas típicos e do seu encaminhamento adequado, dependem o bem estar e o crescimento biopsicossocial de seus membros”.

Em referência aos autores, entendemos que o ciclo vital da família corresponde aos estágios do desenvolvimento familiar, o qual apresenta características peculiares e típicas de cada etapa, requerendo 88 harmonia e organização para a vivência de cada ciclo, na perspectiva de criar possibilidades de crescimento integral em cada fase da vida.

O CICLO VITAL DA VELHICE

O devaneio de permanecer jovem para sempre, acompanha o homem desde o início da civilização humana. O filósofo Cícero (44-106 a. C.), que viveu às proximidades de Roma, em seu livro “Saber Envelhecer” mostra o papel desempenhado por este pensamento e a importância de envelhecer de forma saudável: “[...] é preciso resistir à velhice e combater seus inconvenientes à força de cuidados; é preciso lutar contra ela como se luta contra a doença; conservar a saúde, praticar exercícios apropriados, comer e beber para recompor as forças sem arruiná-las. Mas não basta estar atento ao corpo; é preciso ainda mais ocupar-se do espírito e da alma” (Cícero, 2006, p. 31).

Essa forma de pensar a velhice por ele e por outros filósofos antigos já demonstra alguns aspectos da visão sistêmica, do envelhecer saudável, buscando harmonizar e valorizar os vários elementos biológicos, psíquicos, sociais, culturais, ambientais, espirituais... que fazem parte da essência do Homem para conseguir a saúde integral.

Embora as fases do envelhecimento do ponto de vista biológico e fisiológico sejam as mesmas em qualquer ponto do planeta, o ciclo vital que o idoso vivencia hoje, é muito diferente do que era vivido há alguns anos atrás. Atualmente, esta etapa da vida apresenta características muito peculiares no seu vivenciar que segundo Rosset (2003, p.58-59) “é representado pela meia idade, a menopausa/andropausa, a aposentadoria, a velhice e a morte”. Entretanto, cada uma dessas fases tem sua dinâmica própria, e nos dias atuais, estão relacionadas aos avanços e benefícios que a ciência tem proporcionado em aspectos diversos como: vacinas, drogas medicamentosas e cosméticas que auxiliam na qualidade de vida e do rejuvenescimento estético. Assim também, são inúmeras as buscas às cirurgias plásticas e implantes, bem como o maior acesso aos bens e

serviços públicos e privados voltados para a saúde, a educação, o lazer, a cultura, o desporto, o entretenimento, a alimentação saudável e a qualidade de vida. Esses recursos favorecem a longevidade e as mudanças na dinâmica do envelhecer do Homem contemporâneo.

ENVELHECER: redefinições de papéis em tempos de desafios

O ciclo vital da velhice representa hoje uma etapa que tem se estendido em função da maior 89 longevidade do ser humano. O aumento da expectativa de vida alterou e modificou tanto a conceituação, quanto a vivência do que é ser idoso nos dias atuais, levando-se em conta o envelhecer cronológico, dada às possibilidades e recursos da ciência, que aperfeiçoa a manutenção da autonomia, da agilidade física, psicossocial e as condições intelectuais e mentais do idoso. Portanto, o ciclo vital que o idoso vivencia no mundo contemporâneo, leva-o a redefinir e reestruturar seus papéis, para o enfrentamento de desafios, tais como:

A nova dinâmica familiar com filhos descasados e divorciados que retornam com os netos ou noras ou genros após a separação..., aliada à reorganização do modo produtivo e do trabalho (jornada de trabalho excessivo, desemprego, busca pela qualificação), leva o idoso a participar mais ativa e sistematicamente da vida sócio-econômica e familiar de seus filhos, tornando-se provedores e educadores dos netos, bem como responsáveis pela manutenção e sustento da casa; A aposentadoria deixou de ter o significado “de estagnação do desempenho formal do trabalho”, para transformar-se em maiores possibilidades de realização pessoal, de sonhos e projetos de vida. Em certas situações, há também a continuidade produtiva do idoso para a complementação de sua renda familiar; O crescimento, fortalecimento e amadurecimento espiritual por intermédio da fé, que se constitui parte essencial da vida humana nessa fase importante da vida, em meio a um mundo que enfrenta profundas crises no campo da fé, da moral e da ética; A procura de acompanhamento psicoterapeutico para encarar os desafios vivenciados; A busca dos recursos da medicina para a melhoria da qualidade de vida.

Dependendo de como foram vividas as fases antecedentes de seu ciclo vital, e como está sendo experienciada a fase em referência, o idoso pode sentir-se ou não pertencente àquele grupo familiar. Esta etapa da vida pode ser marcada pela reestruturação e redefinição de papéis, quando o idoso, valorizado pelas gerações mais novas, tem oportunidade de transmitir os saberes e qualidades apreendidos no decorrer de sua

vida como: as experiências, o amadurecimento pessoal e emocional que lhes proporciona melhores percepções e discernimentos em seus atos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A longevidade da pessoa humana depende da combinação de vários elementos que compõem a vida: a harmonia com o meio ambiente, o social, o físico, o mental e o espiritual entre outros. Este é o principal fator de 90 convergência que encontramos na ideologia dos teóricos Minuchin (1982), Osório (1996), Rossett (2003) e o filósofo Cícero (44-106 a. C.).

A possibilidade de longevidade à vida humana trouxe não só às pessoas idosas, como também às mais jovens, maior motivação e estímulo para viver e cuidar da saúde, da aparência física, das relações e de outros cuidados que propiciam a saúde integral, este é o ponto fulcral de aproximação ideológica entre os teóricos estudados.

Mediante o estudo realizado sobre o envelhecimento humano na perspectiva sistêmica, sugere-se algumas propostas de intervenção na consolidação e melhoria no atendimento ao idoso, com o objetivo de proporcionar-lhe assistência digna e bem estar integral:

Propor atualização do professor do ensino fundamental e médio sobre o processo do envelhecimento humano nas disciplinas de ciências e biologia, entendendo que o envelhecimento é um processo natural, harmônico e integrado a tudo o que faz parte da vida humana: mente, corpo e espírito; Investir mais na habilitação técnica do Curso de Cuidador de Idosos, para qualificar profissionais de saúde envolvidos no atendimento a esse público em crescimento na sociedade; Intensificar/ampliar a discussão nacional e internacional sobre o envelhecimento humano, haja vista a necessidade da criação, união e o fortalecimento de instituições/ONG‟s e profissionais que atendem esse público; Investir em marketing nos meios de comunicação de massa, para mostrar uma imagem do idoso “com outros olhos”, como pessoa saudável, ativa em pleno uso de sua capacidade mental, interagindo e relacionando- se com a família por meio de atitudes respeitosas, afetivas e humanas. Para finalizar, registre-se a constatação de que o idoso e o sistema familiar estão se adaptando aos novos tempos, construindo cotidianamente sua dinâmica relacional e seu papel social. Essa questão tem grande complexidade e constitui-se em um tema de estudo inicial, mas que poderá servir como esboço para subsidiar pesquisas e outros ensaios.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Estatuto do Idoso. Lei de nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília-DF, 2006.

CARTER, Betty, McGOLDRICK. Traduzido por Maria Adriana Veríssimo Veronese. As mudanças no ciclo de vida familiar: Uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 2001.

CÍCERO, Marco Túlio. Saber envelhecer e A amizade. Trad. Paulo Neves. Porto Alegre: L & PM, 2006.

91 FALCETO, Olga Garcia, WALDEMAR, José Ovídio Copsteis. O ciclo vital da família. 1 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. V.1.944p.

IMBIRIBA, Teresa Elvina Florenzano. Percurso histórico: ciência moderna e contemporânea - a educação ambiental como prática pedagógica no ensino de ciências. Trabalho apresentado à disciplina Bases Epistemológicas da Ciência do Curso de Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas do NPAD (Mestrado em Ciências) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2007.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002.

MINUCHIN, Salvador. Famílias, funcionamento e tratamento. Trad. Jurema Alcides Cunha. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.

OSÓRIO, Luiz Carlos. Família Hoje. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1996.

______. Grupos: Teoria e Práticas acessando a era da grupalidade. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 2000.

ROSSET, Solange Maria. Pais e filhos: uma relação delicada. Curitiba: Sol, 2003.

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ANAIS da 8ª JEPEHA – Jornada de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia – SENECTUS Programa de extensão Universidade da Terceira Idade – UNITERCI De 24 a 27 de novembro de 2009 Belém – Pará - Brasil

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O RESGATE PSICOSSOCIAL DO IDOSO: uma experiência profissional vivenciada na Grupoterapia 93 Autoestima/CECI

Alenira Maria Souza Pedroso25

Carolina de Oliveira Maia26

Resumo: A Psicologia, parte integrante de uma equipe multiprofissional no Centro de Convivência do Idoso/SEAS, desenvolve entre suas ações a Grupoterapia Autoestima., Este, é um relato de experiência dos profissionais, visando a reabilitação psicossocial do idoso vítima de doenças psicológicas, observando a importância do resgate da dinâmica das relações familiares e sociais. Nesta atividade, percebe-se que a conscientização de sua realidade é fundamental para a passagem de orientação passiva para a ativa, de possibilidades, escolhas confiantes e adequação a vida. As estratégias utilizadas não seriam suficientes para a melhora da qualidade de vida do idoso participante se não contássemos com o apoio familiar para que o desenvolvimento do trabalho.

Palavras-chave: autoestima; idoso; resgate

Abstract: Psychology, integrant part of one has equipped multiprofessional in the Centro de Convivência do Idoso/SEAS, develops enters its action the therapy group proper love, come back toward psychological and social whitewashing of the aged one victim of psychological illnesses observing the importance of the rescue of the dynamics of the familiar and social relations. In this activity, one perceives that the awareness of its reality is basic for the ticket of passive orientation for the active, of possibilities, confident choices and adequacy the life. The used strategies would not be enough for the improvement of the quality of life of the aged participant if we did not count on the family support so that the development of the work.

Keywords: proper love; aged; rescue

25 Psicóloga do Centro Estadual de Convivência do Idoso/SEAS, Especialista em Gerontologia pela UnATI-UEA/AM. Email: [email protected] 26 Estagiária de Psicologia do Centro Estadual de Convivência do Idoso-SEAS, Email: [email protected];

INTRODUÇÃO

saúde mental pode ser entendida, de forma sucinta, como o equilíbrio psíquico resultante da interação entre a pessoa e a realidade. No processo patológico, do ponto de vista mental, as A desordens são realçadas por situações de perdas contínuas que influenciam significantivamente na autoestima e na autosuficiência da pessoa. De acordo com Kaplan et al (apud Salgueiro, 2007) “a manutenção da auto-estima é uma tarefa importante da velhice.”

Para que seja mantida a saúde mental no processo do envelhecimento é necessária a competência 94 adaptativa multidimensional, ou seja, uma capacidade generalizada para responder com flexibilidade os desafios biopsicossociais, envolvendo os fatores emocional, cognitivo e comportamental (Neri, 2004). O emocional capacita o idoso a desenvolver estratégias e habilidades para lidar com os fatores estressores; a cognitiva, para resolver problemas e a comportamental, nas questões da competência social.

Concordamos com Carneiro (2007, p 230) que não se deve aceitar apenas a longevidade do ser humano como a principal conquista da humanidade contemporânea, é preciso desenvolver estratégias de promoção da saúde física e mental e o bem-estar social das pessoas, garantindo um envelhecimento com capacidade funcional, estado emocional, interação social e atividade intelectual.

A expectativa de vida está aumentando em todo o mundo. Estudos mostram que um número cada vez maior de indivíduos passa a viver até 70, 80, 90 anos. Atendendo a esta demanda, os centros de convivência promovem atividades destinadas ao idoso, possibilitando a sociabilidade, com independência e conscientização de suas possibilidades criativas e intelectuais. Dentro deste contexto o Centro Estadual de Convivência do Idoso - CECI / Manaus-AM, proporciona, em seu espaço, atividades físicas, laborativas e sociais às pessoas na terceira idade, atuando como mediador na participação ativa do idoso e seu meio social. Entre suas atividades socioeducativas oferece ao usuário idoso, a Grupoterapia Autoestima/SEAS, visando a recuperação da autoestima, promovendo o resgate individual, social e familiar do idoso com sofrimento psíquico, considerando a autovaloração e o autocuidado e através do que chamamos de reabilitação psicossocioafetiva possibilita abertura de novas perspectivas e projetos de vida.

METODOLOGIA

Os encontros são realizados em ambiente climatizado, apropriado para atividades em grupo com encontros semanais de duas horas de duração e conta com a participação ativa de 15 idosos. As atividades são desenvolvidas com temáticas priorizadas pela necessidade do grupo. Através de dinâmicas e explanações

expositivas interativas e participativas envolve os participantes em atividades que requeiram reflexões sobre os sentimentos (negativos e positivos), valorizando a dimensão intrapessoal (autocapacidade, autodesempenho, autoaceitação, autovaloração e autorespeito) e interpessoal, valorizando o contato social e familiar.

CONCLUSAO

Os idosos chegam trazidos por algum filho ou parente próximo, para participarem das atividades no CECI. A 95 queixa desse familiar é o isolamento do idoso e de sua fragilidade emocional. Como conseqüência do isolamento estão a pobreza na comunicação, a falta de interação social e o agravamento de doenças crônicas que, por sua vez, deixam o idoso cada vez mais desadaptado ao meio onde vive.

O idoso participante desta atividade, em princípio, deixa clara a sua vontade de não sair de casa, de continuar isolado, pois sente-se inútil, incapaz de fazer alguma coisa na vida, quase sempre, de forma muitas vezes imperceptíveis aos familiares apresentam sentimentos de inutilidade, humor disfórico e tendências autodepreciativas.

A avaliação é baseada no conhecimento de suas reais necessidades com a identificação da dinâmica familiar.

Realizamos diferentes exercícios de estímulo à autoestima, fortalecendo o idoso na aceitação de suas potencialidades e limitações, motivando-o a uma postura positiva diante das dificuldades; as atividades evoluem à dimensão interpessoal, tornando-o competente socialmente a lidar com situações difíceis e a ter reações flexíveis no contato com famíliares e amigos, sentir e ser importante para outros, estando mais ativo, participativo e integrado ao grupo, sendo capaz de estabelecer uma rede social.

O Centro de Convivência do Idoso passa então a desenvolver o papel de mediador no processo de sua readaptação ao meio social. Ao idoso são oferecidas outras atividades entre elas as atividades físicas, dança, yoga, etc., possibilitando o contato com um público maior, saindo assim do isolamento, conquistando confiança e competância para agir de maneira mais ativa no seu meio.

Nesse sentido, o Centro de Convivência do Idoso e a família formam uma aliança essencial para a evolução do paciente. A participação ativa da família para a recuperação da autoestima do idoso é fator preponderante para o desenvolvimento da dimensão global da autoestima.

Constatamos que a interação social do idoso é fator importante para a manutenção de sua qualidade de vida. A família entra neste contexto como o ser ativo para a evolução do paciente. Observamos que para ser

mantida a saúde mental no processo do envelhecimento é necessário que o idoso mantenha um olhar positivo sobre manter a saúde para com a vida, desenvolver a auto-aceitação das próprias limitações em várias situações, ter a mente ativa, manter o senso de humor, ter um bom relacionamento com amigos e familiares, estar inserido e ser participativo em grupos sociais, manter atividades que proporcionem estímulo psicológico como afeto, sentimento de identidade, capacidade de tomar decisões e adaptar-se a novas situações.

REFERÊNCIA 96

CARNEIRO, Rachel Shimba. A relação entre habilidades sociais e qualidade de vida na terceira idade. Rev. bras.ter. cogn. [online]. jun. 2006, vol.2, no.1 p.45-54. Disponível na World Wide Web:

CARNEIRO, R. S.; FALCONE, E. M. O.; CLARK, C.; Del Prette, Z. ; Del Prette, A. Qualidade de Vida, Apoio Social e Depressão em Idosos: Relação com Habilidades Sociais. Psicologia. Reflexão e Crítica, v. 20, p. 229-237, 2007. disponível em: http://www.scielo.br/prc.

NERI, A. N. (Org.). Desenvolvimento e envelhecimento. Perspectivas biológica, psicológica e sociológica. 1ª. ed. Campinas: Papirus, 2001. v. 1. 200 p.

SALGUEIRO, Hugo Daniel. Determinantes psicossociais da depressão no Idoso: 2007. Disponível em www.forumenfermagem.org/index.php?

Pesquisadores do Envelhecimento Humano na Amazônia, segundo registros no site do CNPq, recolhidos no período de 9 a 13 de novembro de 2009

ESTADO DO

André Alves Camêlo

Especialista em Clínica Médica pela Sociedade Médica Brasileira de Clínica Médica, Brasil (2005) Atuação em Clínica Médica Professor da Universidade Federal do Acre, Brasil 97

Creso Machado Lopes

Doutorado em Enfermagem Fundamental pela Universidade de São Paulo, Brasil (1990) Atuação em Enfermagem Médico-Cirúrgica Professor Associado II da Universidade Federal do Acre, Brasil

Francisco Naildo Cardoso Leitão

Bolsista de Apoio Técnico a Pesquisa 1A Graduação em Administração de Empresas pela União Educacional do Norte, Brasil (2007) Atuação em Administração de Setores Específicos Secretário Administrativo e Financeiro da PG da Universidade Federal do Acre , Brasil

Terezinha de Freitas Ferreira

Doutorado em Enfermagem pela Universidade de São Paulo, Brasil (2003) Atuação em Enfermagem de Saúde Pública Universidade Federal do Acre, Brasil

ESTADO DO AMAZONAS

Cecília Maria Alves de Freitas

Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, Brasil (2003) Atuação em Saúde Pública professor da Universidade Federal do Amazonas, Brasil

Denise Machado Duran Gutierrez

Doutorado em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz, Brasil (2009) Atuação em Psicologia Clínica Professor efetiva da Universidade Federal do Amazonas, Brasil

Euler Esteves Ribeiro

Doutorado em Medicina e Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil (2006) Atuação em Geriatria e Gerontologia Professor Titular da Universidade do Estado do Amazonas, Brasil

Fernando Helio Alencar

Doutorado em Metabolismo em Nutrição Humana pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil (1989) Atuação em Análise Nutricional de População Responsável pelo Laboratório de Nutrição do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Brasil 98

Geneci Behling Bett

Especialização em Gerontologia Social pela Universidade Nilton Lins, Brasil (2008) Professor titular do Centro Universitário Luterano de Manaus, Brasil

José Otacílio Leite

Mestrado em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Brasil (1988) Professor do Centro de Ensino São Lucas, Amazonas-Brasil

Lúcia Marina Puga Ferreira

Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, Brasil (2002) Atuação em Sociologia Urbana Professor Auxiliar da Universidade Federal do Amazonas-Brasil

Lidiany de Lima Cavalcante

Mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas, Brasil (2009) Professora de Ensino Superior do Centro Universitário do Norte, Amazonas-Brasil

Lucineide Pereira de Araujo Alves

Especialização em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (2003) Professora do Centro Universitário do Norte, Amazonas-Brasil

Myrian Abecassis Faber

Mestrado em Gestión y Auditoria Ambiental pela Universidad Politécnica de Catalunya, Espanha (2005) horista do Centro Universitário Nilton Lins, Amazonas-Brasil

Rita Maria dos Santos Puga Barbosa

Doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil (2003) Universidade Federal do Amazonas , Brasil

Simone Moraes Lisboa

Especialização em Gerontologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (2002) Atuação em Serviço Social Aplicado Profª de Pós-Graduação Latu Sensu da Faculdade Salesiana Dom Bosco. Amazonas- Brasil

Vanderlan Santos Mota

Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, Brasil (2002) Professor do Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Brasil 99 ESTADO DO PARÁ

Andréa Mello Pontes

Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Complutense de Madri (2009) Professora titular da Universidade da Amazônia, Brasil

Andrea Kely Campos Ribeiro dos Santos

Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 | Orientador de Mestrado | Orientador de Doutorado Doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Genética) pela Universidade de São Paulo, Brasil (1996) Pós-Doutorado pela Indiana University Bloomington, Estados Unidos (2006) Atuação em Genética Humana e Médica Professor Associado I da Universidade Federal do Pará, Brasil

Alda França Costa

Mestrado em Odontologia (Odontologia Social) pela Universidade Federal Fluminense, Brasil (1981) Atuação em Odontologia Social e Preventiva Professor Assistente IV da Universidade Federal do Pará, Brasil

Betânia Rocha de Sousa

Graduação em Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Federal do Pará - Campus Universitário de Castanhal, Brasil (2004)

Biatriz Araújo Cardoso

Graduação em Fisioterapia pela Universidade da Amazônia, Pará, Brasil (2007)

Cláudio Joaquim Borba Pinheiro

Especialização em Especialização em Educação Física Escolar pela Universidade do Estado do Pará, Brasil (1997) Professor de 1º e 2º grau do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará , Brasil

Cristovam Wanderley Picanço Diniz

Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 | Orientador de Mestrado | Orientador de Doutorado Doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil (1987) Pós-Doutorado pela University of Southampton, Inglaterra (2002) Atuação em Anatomia Universidade Federal do Pará, Brasil

Darlisom Sousa Ferreira

Especialização em Enfermagem Em Unidade de Terapia Intensiva Adulto pela Universidade Federal do Amazonas, Brasil 100 (2005) Atuação em Enfermagem de Saúde Pública Estudante de Pós-Graduação (Mestrado) da Universidade do Estado do Pará, Brasil

Dora Flora de Carvalho Ribeiro

Mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2007) Atuação em Serviço Social Aplicado, com ênfase em Serviço Social do Trabalho Professora substituta da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal do Pará, -Brasil

Edmilson Alves do Carmo

Graduação em Educação Artistica Habiliação em Música pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2005) Professor na Secretaria de Educação do Estado do Pará, Brasil

Elizabeth Teixeira

Doutorado em Ciências Sócio Ambientais pela Universidade Federal do Pará, Brasil (1999) Pós-Doutorado pela Universidade de Coimbra, Portugal (2002) Atuação em Educação Em Enfermagem Universidade do Estado do Pará , Brasil

Elizabeth Sumi Yamada

Doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará, Brasil (1995) Pós-Doutorado pelo Philipps Universität Marburg, Alemanha (2008) Atuação em Neurociências Universidade Federal do Pará, Brasil

Eduardo Otávio Ferreira Vasconcelos

Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté, Brasil (2008) Atuação em Administração de Empresas Professor na Faculdade Ipiranga , Brasil

Eula Regina Lima Nascimento

Mestrado em Mestrado Em Educação pela Universidade Federal da Paraíba, Brasil (2004) Efetivo do Campus Universitário de Castanhal, Brasil

Fernanda Vaz Fonseca

Especialização em Gestão e Responsabilidade Social pela Universidade Vale do Acaraú / Faculdade Ipiranga – UVA (2009), Curso de curta duração em Filosofia Natural pela Associação Cultural Nova Acrópole, Brasil (2000) Atuação em Serviço Social Aplicado, com ênfase em Serviço Social da Educação Voluntária na Universidade Federal do Pará , Brasil 101

Grace de Nazareth Rodrigues Soares

Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2007) Assistente Social na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social , Brasil

Genilma Matos da Costa

Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2006) Médica do programa Saúde da Família da Prefeitura Municipal de Abaetetuba, Brasil

Gleisiane de Nazaré Vilhena Miranda

Especialização em Desenvolvimento de Áreas Amazônicas FIPAM XXI pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2007) Atuação em Serviço Social Aplicado, com ênfase em Serviço Social da Saúde registro em carteira do ERC. Casa da Criança Santa Inês, Brasil

Heliana Baia Evelin Soria

Doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (1994) Universidade Federal do Pará, Brasil

Hilma Tereza Tôrres Khoury

Doutorado em Psicologia pela Universidade de Brasília, Brasil (2005) Universidade Federal do Pará, Brasil

Ivanilde Apoluceno de Oliveira

Doutorado em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (2002) Atuação em Educação Popular Professor titular da Universidade do Estado do Pará, Brasil

Izan Yver Nascimento de Carvalho

Graduando em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil, bolsista de extensão do Programa Universidade da Terceira Idade - UNITERCI

Giceli Brito Ferreira

Mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2005) Professora da Universidade Federal do Pará, Brasil

Jane Felipe Beltrão 102

Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 | Orientador de Doutorado Doutorado em História pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil (1999) Atuação em Antropologia e História da Saúde e da Doença Professor associado I Doutor da Universidade Federal do Pará , Brasil

Jerônimo Cardoso Nunes

Especialização em Gestão e Responsabilidade Social pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, Brasil (2007) Atuação em Serviço Social Aplicado Colégio Salesiano do Carmo,Pará-Brasil

João Sérgio de Sousa Oliveira

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia pela Universidade Federal do Pará / Universidade Federal do Amazonas / FIOCRUZ, Brasil (2008) Professor do Centro Universitário do Estado do Pará , Brasil

Juliana Gomes de Araújo

Especialização em Especialização em Saúde Mental pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão, Brasil (2007) Atuação em Serviço Social Aplicado Assistente Social da Prefeitura Municipal de Parauapebas, Brasil

Karlo Edson Carneiro Santana Moreira

Doutorado em Medicina Interna e Terapêutica pela Universidade Federal de São Paulo, Brasil (2003) Atuação em Clínica Médica Médico Preceptor da Universidade Federal do Pará, Brasil

Luis Eduardo Aragón Vaca

Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A | Orientador de Doutorado Doutorado em Geografia pela Michigan State University, Estados Unidos (1978) Pós-Doutorado pela Stockholm University, Suécia (1994) Universidade Federal do Pará, Brasil

Leidiane Maciel Leal

Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2008)

Maria Izabel Penha de Oliveira Santos

Mestrado em Educação pela Universidade do Estado do Pará e Instituto de Pesquisa Latino Americano e C. Brasil (2000)

Maria Leonice da Silva de Alencar

Mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2007) 103 Socióloga na Universidade Federal do Pará, Brasil

Maria das Graças da Silva

Doutorado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil (2002) Pós-Doutorado pelo Instituto de Ciências Sociais Universidade de Lisboa, Portugal (2008) Professor da Universidade do Estado do Pará, Brasil

Maria Cristina Gonçalves Cardoso

Doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (2002) Atuação em Serviço Social Aplicado, com ênfase em Serviço Social da Saúde Professor Associado I da Universidade Federal do Pará, Brasil

Mirleide Chaar

Mestrado em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba, Brasil (2005) Professor titular da Universidade Federal do Pará, Brasil

Maria Socorro dos Santos Aguiar

Doutorado em Psicobiologia pela Universidade de São Paulo, Brasil (1995) Atuação em Psicologia Fisiológica, com ênfase em Psicobiologia Professor Associado II da Universidade Federal do Pará, Brasil

Maria Luzia Miranda Álvares

Doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Brasil (2004) Atuação em Comportamento Político Professor Associado 1 da Universidade Federal do Pará , Brasil

Maria de Nazaré dos Santos Saldanha

Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2007)

Maria de Nazaré dos Santos Machado

Mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2004) Professor da Universidade Federal do Pará, Brasil

Manoel Diniz Peres

Doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil (2005) Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará, Brasil

Neila da Silva Reis 104

Doutorado em Educação pela Universidade Federal do , Brasil (2007) Professor Adjunto II da Universidade Federal do Pará, Brasil

Rommel Mario Rodríguez Burbano

Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 | Orientador de Mestrado | Orientador de Doutorado Doutorado em Ciências Biológicas (Genética) pela Universidade de São Paulo, Brasil (1998) Pós-Doutorado pela Universidade Federal de São Paulo, Brasil (2005) Atuação em Genética Humana e Médica Profesor Adjunto IV da Universidade Federal do Pará , Brasil

Rosa Elizabeth Acevedo Marin

Doutorado em História e Civilização pelo École des Hautes Études en Sciences Sociales, França (1985) Pós-Doutorado pelo Centre National de la Recherche Scientifique, França (1993) Atuação em História do Brasil, com ênfase em História Regional do Brasil Professor Adjunto IV da Universidade Federal do Pará, Brasil

Samuel Maria de Amorim e Sá

Doutorado em Antropologia pela University Of Florida Gainesville, Estados Unidos (1980) Pós-Doutorado pelo Colorado School of Mines, Estados Unidos (1988) Antropólogo do Instituto Evandro Chagas, Brasil

Sandro Tadeu Ferreira da Silva

Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2007)

Selma Nazaré Pina

Especialização em Terapia e Orientação Familiar pela Universidade da Amazônia, Brasil (2007) Assistente social da Universidade Federal do Pará, Brasil

Selma Suely Lopes Machado

Doutorado pelo PPG da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2008). Professora adjunta da FASS / UFPA.

Simone Silene Dias Seabra

Mestrado em Engenharia Arquitetônica pela Universidade de Osaka, Japão (1997) Atuação em Projeto de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Planejamento e Projeto do Espaço Urbano Arquiteta da Companhia de Transportes do Município de Belém , Brasil

Sérgio Cardoso de Moraes 105

Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil (2005) Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará , Brasil

Silvia Katrine Silva Escher

Mestrado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2008) Instrutor do Marinha do Brasil , Brasil

Sidney Emanuel Batista dos Santos

Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 | Orientador de Doutorado Doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Genética) pela Universidade de São Paulo, Brasil (1996) Atuação em Genética Humana e Médica Universidade Federal do Pará, Brasil

ESTADO DE RONDÔNIA

Ari Miguel Teixeira Ott

Doutorado em Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de , Brasil (2002) Universidade Federal de Rondônia , Brasil

Ana Paula Fernandes De Angelis Rubira

Mestrado em Odontologia pela Universidade de Taubaté, Brasil (2008) Professor titular do Centro de Ensino São Lucas , Rondônia-Brasil

Carlos Alberto Paraguassu Chaves

Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidad de La Habana, Cuba (2001) Pós-Doutorado pela Universidade de Brasília, Brasil (2006) Atuação em Epidemiologia Universidade Federal de Rondônia, Brasil

César Ricardo Lamp

Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior pelo Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná, Brasil (2007) Atuação em Docente Professor Auxiliar do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná,Rondônia - Brasil

Ilma Rodrigues de Souza Fausto

Especialização em Metodologia do Ensino Superior pela União das Instit.de Form. Contin. em Negócios, Tecnologia, Educação, Brasil (2007) 106 Atuação em Informática na Educação Professora e coordenadora da Faculdade Panamericana de Ji-Paraná , Rondônia-Brasil

Lucia Rejane Gomes da Silva

Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil( 1998) Professor Adjunto II da Universidade Federal de Rondônia, Brasil

Priscila Lima Ferreira

Graduação em Curso de Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba, Brasil (2007) Educador popular do Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia, Rondônia-Brasil

Sheila Ximenes de Souza

Mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia, Brasil (2009) Atuação em Administração Educacional, com ênfase em Administração de Sistemas Educacionais Pesquisadora do GEPGENERO da Universidade Federal de Rondônia, Brasil

Anotações

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