IV Congresso Latino Americano De Opinião Pública Da WAPOR Belo Horizonte
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
IV Congresso Latino Americano de Opinião Pública da WAPOR Belo Horizonte - Brasil Área Temática: Jornada dos Estudantes e Jovens Pesquisadores do IV Congresso Latino Americano de Opinião Pública da World Association for Public Opinion Research. Título: Information, Political Support, and Voter’s Preference: Evidence from Brazil Autor: Daniel Marcelino (UnB) [email protected] Keywords: Political information; electoral campaign; president Lula. How political information spreads among voters in a two-round competitive race? Political information plays an important role in electoral races; either by supporting a candidate, party or, at least, to convince supporters to go out and cast their vote on the Election Day. I address to these issues here by analyzing the timing of information acquisition by voters and its implications for both voters and candidates. I use data from a state governor race in Brazil during last electoral competition (2010). I tracked day- by-day voters’ preferences toward major candidates. As Lula supported candidates to each state during his best job approval rating I also tested the impact of the president Lula as a principal supporter to the trailer candidate in the both rounds campaign in Goiás’ state. Using a large sample of interviews conducted from August to October end, this paper contributes to understanding the information acquisition in subnational elections and the role of president endorse in a lame-duck race. Two questions are highlighted: how do presidents’ support can influence voter's mind in subnational level? What count most, the president’s high job approval or the campaigning itself? 1 Introdução Durante as últimas eleições falou-se muito da importância do apoio do Presidente Lula nas eleições subnacionais; entretanto, quão importante foi receber tal apoio? Este trabalho lança mão da análise de tracking – acompanhamento diário da intenção de votos - realizado no estado de Goiás para demonstrar como a imagem do presidente Lula serviu de informação relevante na campanha para governador de estado. Para medir e representar que impacto teve o presidente Lula na eleição, utilizo médias móveis a partir de dados de survey aplicados aos eleitores de Goiás durante os dois turnos da disputa local. Na próxima seção, apresento a discussão teórica sobre aquisição de informação política e como as pessoas utilizam a informação heurística para simplificar suas decisões políticas. Em seguida, apresento o desenho da pesquisa reproduzindo alguns detalhes da metodologia utilizada. Por fim, a seção dos resultados discute os dados e os principais achados passando para as considerações finais. 2 O que diz a teoria? Qualquer discussão acerca do comportamento eleitoral está submetida à suposição de que o eleitor possui certas habilidades: razoável nível de conhecimento do que está se acontecendo a sua volta, compreensão, e interesse por política. Não obstante, a literatura sobre informação e política retrata que os eleitores prestam muito pouco atenção ao cotidiano político. Eles raramente pensam sobre os grandes temas e por isso não conseguem posicionar seus representantes em relação aos temas da agenda política (Sniderman, Brody et al., 1991a). Essa realidade é perversa, pois em sociedades desiguais, como a brasileira, a informação é distribuída e também processada de maneira diferente entre grupos e níveis sociais, favorecendo homens brancos, com maior nível de renda, e de maior escolaridade (Rennó, 2007). Ainda assim, as pessoas podem fundamentar suas decisões de modo confiável desde que encontre uma maneira eficiente de simplificar as escolhas diante delas (Lupia, Mccubbins et al., 2000, 2000). Nas próximas seções aprofundarei esse tema. 2.1 Aquisição de informação De acordo com Pipa Norris (Norris, 2002) as campanhas podem ser entendidas como esforços organizados para informar, persuadir e mobilizar eleitores. Também Gelman e King (1993) acreditam que o maior efeito das campanhas é o de ativar preferências políticas nas pessoas, ou seja, “iluminar” as predisposições dos eleitores realizando uma espécie de [re]alinhamento com seus interesses, sejam eles sociais, econômicos ou ideológicos. Mas, como as campanhas podem ativar preferências políticas? A teoria no Brasil tem demonstrado que ter informação faz a diferença na escolha dos eleitores (Rennó, 2007). Além disso, ter mais ou menos informação também pode afetar o comportamento do brasileiro em relação a outros temas na agenda do governo, como prioridades e alocação de gastos públicos (Turgeon e Rennó, 2010). Rennó (2007) encontrou que o tipo de informação mais relevante para as escolhas políticas no Brasil é a informação factual sobre o cotidiano político. Em sua análise – embora desatualizada diante da evolução recente dos meios de comunicação – o autor encontrou que saber o nome dos candidatos e ter informação sobre deputados federais tem importante impacto sobre o voto, concluindo que a informação “específica” sobre as eleições é o principal determinante do comportamento político do eleitor. As campanhas portanto, “amplificam” a informação política reduzindo - ao menos no período de campanha - o custo de aquisição da informação, proporcionando maior equilíbrio entre os eleitores de todos os níveis sociais e econômicos. O equilíbrio informacional também se dá na outra ponta: entre os lideres políticos da situação e seus opositores. Ambos, situação e oposição recebem ainda no período pré-eleitoral uma dose de exposição maior do que em outros momentos; dessa forma, pelo menos para os principais candidatos não há como deixar de se tornarem fonte de informação. É exatamente a partir dessas fontes que os eleitores estabelecem os atalhos cognitivos que iluminam suas decisões; mais especificamente, os julgamentos heurísticos sobre os líderes políticos são transferidos ou associados ao temas de interesse, permitindo aos eleitores avaliar as mensagens usando as atitudes do emissor (Borges e Clarke, 2008). A próxima seção explora mais a fundo a utilização dos atalhos informacionais em eleições. 2.2 Simplificação de escolHas Numa eleição, várias opções são postas aos eleitores que decidem em quem votar. Mas como realizam esse processo? O que faz um candidato ser escolhido e outros refutados pelos eleitores? Há muito tempo essa questão é perseguida por cientistas políticos que se dedicaram a compreender como votam os eleitores (Lazarsfeld, Berelson et al., 1944; Campbell, Converse et al., 1960; Figueiredo, 1991; Lau e Redlawsk, 2006; Almeida, 2008). Ao longo dos anos esse tema tomou espaço e, segundo Figueiredo (1991), talvez seja um dos temais cruciais para se entender o desenvolvimento da ciência política no mundo, pois dividiu claramente o campo teórico a partir dos anos 50. A literatura em psicologia política coloca que gostar ou não de uma personalidade ou grupo em particular pode ser um bom motivo para as pessoas decidirem sobre apoiar ou se opor a uma política ou a uma candidatura. Precisamente, segundo Sniderman et al (1991a, p. 8) “one way people can compensate for a lack of information about politics is to base their policy preferences on their likes and dislikes, and the less information they have about politics, the more likely they are to do so.” A literatura usualmente citada também sugere que se os eleitores reconhecem que o partido que governa está fazendo um bom trabalho – é bem avaliado – e transmite confiança de que vai cumprir o que está prometendo, este partido ou líder político merece ser recompensado (Domínguez, 1998; Przeworski, Stokes et al., 1999; Stokes, 2001). Em eleições subnacionais não é raro o eleitor estabelecer conexões entre o líder local e o nacional (Samuels, 2003; Ames, 2004). Em certa medida isso é formalizado através do apoio político das elites, do apadrinhamento político e das dobradinhas; ou seja, há um certo jogo em saber “quem está por trás?”. Seguramente, mesmo que as pessoas adquiram informação contextual ou factual (positiva/negativa) durante uma campanha, o uso de atalhos cognitivos pelos eleitores ajuda a compensar algum tipo atraso de informação sobre os grupos e candidatos rivais. Ainda que o processamento destes atalhos se dê de maneira distinta de pessoa para pessoa (Sniderman, Brody et al., 1991b). Além do mais, a emoção e o sentimento em relação aos candidatos e à quem os endossam é extremamente importante já que os sentimentos ajudam a filtrar e reinterpretar as informações factuais; “os sentimentos são portanto, um elemento integral do raciocínio político” (Sniderman, Brody et al., 1991b, p. 24). Por isso, não há dúvida que gostar ou não de um partido ou de uma personalidade política deve afetar as escolhas de eleitores em qualquer lugar do mundo. A próxima seção apresenta o desenho do estudo e em seguida os resultados empíricos. 3 Dados e desenHo do estudo O tracking de intenção de votos realizado em Goiás foi contratado por um dos candidatos que concorreram ao governo do estado. A pesquisa envolveu o trabalho e treinamento de aproximadamente de 50 pessoas no primeiro turno e de 28 pessoas no segundo turno. Ao todo foram entrevistados 40.012 eleitores: 26.655 no primeiro turno e 13.357 no segundo turno. As entrevistas foram aplicadas sem reposição de eleitores durante 66 dias de trabalho de campo divididos assim: 1 dia para pré-testes; 44 dias de coleta no primeiro turno (12 de agosto a 2 de outubro); e 21 dias de coleta no segundo turno (5 a 30 de outubro). Todos os dias, com exceção de domingo e feriados, eram coletadas mais de 6501 entrevistas feitas ao telefone. Os números de telefones fixos