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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E TERRITORIALIDADES

LUCAS BRAGANÇA DA FONSECA

DRAG: CORPO, MÍDIA E AFETO

VITÓRIA 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E TERRITORIALIDADES

LUCAS BRAGANÇA DA FONSECA

DRAG: CORPO, MÍDIA E AFETO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para obtenção do título de Mestre.

VITÓRIA 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E TERRITORIALIDADES

LUCAS BRAGANÇA DA FONSECA

Ficha catalográfica disponibilizada pelo Sistema Integrado de

Bibliotecas - SIBI/UFES e elaborada pelo autor DRAG: CORPO, MÍDIA E AFETO Bragança da Fonseca, Lucas, 1988- B813d BraDrag : Corpo, Mídia e Afeto / Lucas Bragança da Fonseca. - 2019. Bra138 f.

BraOrientador: Erly Vieira Jr. Dissertação apresentada ao Programa de BraDissertação (Mestrado em Comunicação e Territorialidades) - Pós-Graduação em Comunicação e Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Artes. Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para Bra1. . 2. Corpo. 3. Mídia. 4. Afeto. 5. Cultura obtenção do título de Mestre. LGBT. I. Vieira Jr, Erly. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Artes. III. Título. CDU: 316.77

VITÓRIA 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E TERRITORIALIDADES

LUCAS BRAGANÇA DA FONSECA

DRAG: CORPO, MÍDIA E AFETO

Dissertação de mestrado apresentada na Universidade Federal do Espírito Santo no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades, como requisito para a obtenção do título de mestre.

BANCA EXAMINADORA

______Prof. Dr. Erly Milton Vieira Jr. Universidade Federal do Espírito Santo

______Profª. Drª. Gabriela Santos Alves Universidade Federal do Espírito Santo

______Profª. Drª. Ramayana Lira de Sousa Universidade do Sul de Santa Catarina

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E TERRITORIALIDADES

LUCAS BRAGANÇA DA FONSECA

DRAG: CORPO, MÍDIA E AFETO

Dissertação de mestrado apresentada na Universidade Federal do Espírito Santo no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades, como requisito para a obtenção do título de mestre.

BANCA EXAMINADORA

______Prof. Dr. Erly Milton Vieira Jr. Universidade Federal do Espírito Santo Drag é a liberdade de poder se manifestar artisticamente. É a liberdade de transitar entre os mundos, ______entre os tempos, entre os seres vivos e os imaginários. Profª. Drª. Gabriela Santos Alves É a mistura entre tudo que a gente tem com o que nem existe ainda, Universidade Federal do Espírito Santo ao mesmo tempo, com tudo aquilo que já existiu.

______Andréxia Simon Profª. Drª. Ramayana Lira de Sousa (Desaquendando a História Drag, 2018) Universidade do Sul de Santa Catarina

RESUMO

A cultura drag se configura na contemporaneidade como um fenômeno midiatizado. Esse novo momento se difere drasticamente da visão menos valorizada sobre essas performances que havia se instaurado desde meados da década de 1990. Com isso em mente, este trabalho se desenvolveu no intuito de compreender essa nova cena nacional, partindo do entendimento do corpo drag como uma plataforma comunicacional. Para tanto, foi elaborado um levantamento histórico sobre o desenvolvimento da cultura drag com enfoque às especificidades da cultura e mídia brasileiras. O estudo percebeu que a presença da visualidade drag nas mais variadas plataformas midiáticas afetou parte dos espectadores que passaram a experimentar as sensorialidades e corporalidades da performance drag em seus próprios corpos. A cena insurgente pós RuPaul’s , um dos principais catalisadores para essa reestruturação, no entanto, repaginou a cultura drag, criando especificidades que se diferem da construção drag de outros momentos históricos.

PALAVRAS-CHAVE: Drag Queen; Queer; Mídia; Afeto; Corpo.

RESUMO ABSTRACT

A cultura drag se configura na contemporaneidade como um fenômeno midiatizado. e drag culture is conigured toda as a mediatied penomenon is ne cultural Esse novo momento se difere drasticamente da visão menos valorizada sobre essas moment diers drasticall rom te less alued ie o tese perormances tat ad performances que havia se instaurado desde meados da década de 1990. Com isso em een in place since te mids it tis in mind, tis or as deeloped aiming mente, este trabalho se desenvolveu no intuito de compreender essa nova cena to understand tis ne national scene, starting rom te understanding o te drag od nacional, partindo do entendimento do corpo drag como uma plataforma as a communicational platorm o tis end, a istorical sure on te deelopment o comunicacional. Para tanto, foi elaborado um levantamento histórico sobre o drag culture ocusing on te speciicities o railian culture and media as conducted desenvolvimento da cultura drag com enfoque às especificidades da cultura e mídia e stud ound tat te presence o drag isualit in te most aried media platorms brasileiras. O estudo percebeu que a presença da visualidade drag nas mais variadas aected part o te ieers o egan to eperience te sensorialities and plataformas midiáticas afetou parte dos espectadores que passaram a experimentar as corporealities o drag perormance in teir on odies e postRuPaul’s Drag Race sensorialidades e corporalidades da performance drag em seus próprios corpos. A cena insurgent scene, one o te main catalsts or tis restructuring, oeer, as insurgente pós RuPaul’s Drag Race, um dos principais catalisadores para essa redesigned drag culture, creating speciicities tat distinguis contemporar drag rom reestruturação, no entanto, repaginou a cultura drag, criando especificidades que se its istorical peers diferem da construção drag de outros momentos históricos.

KEYWORDS: Drag ueen ueer edia ection od PALAVRAS-CHAVE: Drag Queen; Queer; Mídia; Afeto; Corpo.

AGRADECIMENTOS

rer lugar agrae aca e sele ue eeeu a releca re e es e cserars se resee Da esa aera aes ue sslu esele esse re c al eca ue sslu a reerera ue au clca r e e args e cluse u lr

rae a er rga a rear e ag rl ue acaa eu ercurs ese a aculae grae elas crues r e aresear as ersecas r e cear a acear as ruaes ue a se clca e eee ue seu rea ass sae er a aa e r ss a se arela u a e u rga s crues a aca sere erees ue uras u s clcaas e aera aeusa e resesa r us ue eee a rca e a elcaea ue raar ecas c essa

rga as ressres ue erassara eus esus urae esra aa u cruu e algu grau c a ala cece sre ca a cuca ara ere u s clegas e classe esra r surare e se aare cleaee s grus e as ees esecas a Paula els csaes ces rur elas rcas aguar ass sers Ru e Rauel uur clega e uca a es saela ela clara a elara re ue resulu lr e Rc elas crrees rgrcas e el gac ue e rrcu a eca araa ara esusa e ura

Aos amigos “da vida”, antes, peço desculpas. O amigo de vocês se tornou quase u reclus ara ue suas eas uesse se rasrar e alaras rce ara ue elas ecre uras ees ue r sua e essas gae u es a ereaa sa

ala esecalee a e c r u uase a e r e Rea agrae els us ses ue aceeee ura sre caa re e caa ra urae esse rcess ra au clea AGRADECIMENTOS SUMÁRIO

rer lugar agrae aca e sele ue eeeu a releca 1. INTRODUÇÃO ...... 10 re e es e cserars se resee Da esa aera 2. FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA BABADEIRA ...... 25 aes ue sslu esele esse re c al eca ue . acuras clssicas as manas de outros tempos ...... sslu a reerera ue au clca r e e args e cluse u . A ball culture e os club kids ...... lr . ransormismo ropical ...... 3. A MONTAÇÃO DO CORPO DRAG ...... 51 rae a er rga a rear e ag rl ue . ecaçes aproimaçes de uma deiniço drag ...... acaa eu ercurs ese a aculae grae elas crues r e . A percepço tupiniquim de transormismo e perormance drag ...... aresear as ersecas r e cear a acear as ruaes ue a se . rag ings, muleres drag e outras possiilidades ...... clca e eee ue seu rea ass sae er a aa e r . e oga no camp, pintosa ...... ss a se arela u a e u rga s crues a aca . ando coi na eteronormatividade o queer ...... sere erees ue uras u s clcaas e aera aeusa e resesa . em mana, nem mano, nem mona a contrasseualidade ...... r us ue eee a rca e a elcaea ue raar ecas c 4. AFETOS E DESAFETOS A PARTIR DA CENA DRAG MIDIÁTICA ...... 81 essa . Shantay, you stay o reavivamento cultural drag ...... . ondragulations m realit so drag ...... rga as ressres ue erassara eus esus urae esra . Afetos e desafetos em RuPaul’s Drag Race ...... aa u cruu e algu grau c a ala cece sre ca . A espectatorialidade de aeto queer ...... a cuca ara ere u s clegas e classe esra r . m retrato dos novos corpos drag e seus aetos ...... surare e se aare cleaee s grus e as ees esecas 5. CONCLUSÃO ...... 128 a Paula els csaes ces rur elas rcas aguar ass sers REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 133 Ru e Rauel uur clega e uca a es saela ela clara REFERÊNCIAS AUDIOVISUAIS ...... 138 a elara re ue resulu lr e Rc elas crrees rgrcas e el gac ue e rrcu a eca araa ara esusa e ura

Aos amigos “da vida”, antes, peço desculpas. O amigo de vocês se tornou quase u reclus ara ue suas eas uesse se rasrar e alaras rce ara ue elas ecre uras ees ue r sua e essas gae u es a ereaa sa

ala esecalee a e c r u uase a e r e Rea agrae els us ses ue aceeee ura sre caa re e caa ra urae esse rcess ra au clea

1. INTRODUÇÃO

Aerrao Aerrate Aomel Afemada Afemado Afetado Afrescalado Afrotosa Afrotoso Adtco Alegre Almofada Amador de cu Aormal Areado Arromado Asueroso Asseuado aa froa acaa agacera agaa atola alde am adea are ee eel erardo esa a a ca louca ca m ca o com oo ca u u ca ela ca crrma ca cola coa coso sseual oola oeca ouetero oto de camsa ela otar araa ara rgar rga de esada udero utc acura amoera a ugo oclo uacu uarola catr a uca oca ue ata ocudo olaelcro oa otrro aturea orrutor de oes u de gala ulero De Pelotas Degeerado Desaergoado Desefreado Desmuecado Desado Deasso Doete da alma Dudoso De femado cuado goleesada teddo scadalosa scra sada aca acoo ata a ema l orcador rago resco ruta ruta ala aco a ao ao lete ogota ruo de rsco omemmuler omflo goto moral mrro corrgel decete flamate flame ertdo sca erto doso osome ouca ouco acofmea acoa aladro aaco o uerada arcaroue ara flor arca arcas arcoa arua ascula eo dama oola oa ostro orde froa ulera oro eusa fomaaco asta r Paca Paueca Paa merda Pecador Pederasta Peltra Pelotudo Perturador da ordem moral Ptosa Ptoso Proo Pt ca Pratcate de sudade Prearcador Proscrto Pulaoca Putm Puta Puto ualra ueer uemarosca Roto afado adala aacaa aato aturao em ergoa eu ru odomta u arado da lgua a oero raseual rasertdo rasado raa raeca raeco raesga raest rasta rso ado etlado ado ado ado te e uatro oletador de omes ugo

ssa lstagem fo realada de acordo com os documetros e tetos com os uas te cotato durate o ercurso alm da ca rra cotrues de amgos de ros estados rasleros e do leatameto realado or egg de lera em sua esusa

gero esecalmete o aleo materalase como uma osesso socal As 1. INTRODUÇÃO costrues seculares e os esteretos refcados cotdaamete lmtam o esectro erceto e crtco sore o ue atural e o ue crado o os atemos aeas a Aerrao Aerrate Aomel Afemada Afemado Afetado comreeder a comledade de ossa rra detdade como temos a ecessdade Afrescalado Afrotosa Afrotoso Adtco Alegre Almofada Amador de cu de slumrar e esecular sore o outro e muto alm de estgar e aotar Aormal Areado Arromado Asueroso Asseuado aa froa acaa agacera uasuer caracterstcas ue comreedermos como desate do ue se etede agaa atola alde am adea are ee eel erardo esa a comumente como “normal” e “moral”. a ca louca ca m ca o com oo ca u u ca ela ca ossos coros e osso comortameto socal mutas ees so costrudos e crrma ca cola coa coso sseual oola oeca ouetero areddos sore uma ase de dcotomas ue os dferecam e dsclam forado oto de camsa ela otar araa ara rgar rga de esada udero utc todos a se moldarem e se ecaarem os dtames socas e coforme oucault acura amoera a ugo oclo uacu uarola catr a uca a o seo um tco costate a stra umaa a socedade acaa or ees oca ue ata ocudo olaelcro oa otrro aturea orrutor de oes gerdo “determsmos efmeros” ue lmtam as cas e eercas dduas u de gala ulero De Pelotas Degeerado Desaergoado Desefreado e cada oca Desmuecado Desado Deasso Doete da alma Dudoso De femado cuado goleesada teddo scadalosa scra sada aca acoo sso se desdora em ossa dferecao gerca e seual ue tem seu co os ata a ema l orcador rago resco ruta ruta ala aco as socas gerados e eserados ara cada um de s crado um esao socal a ao ao lete ogota ruo de rsco omemmuler omflo demarcado ue acresceta regras e comortametos ao uerso olgco sem ue goto moral mrro corrgel decete flamate flame ertdo esta grade flude as defes estaelecdas sses as so os fatores de sca erto doso osome ouca ouco acofmea acoa dferecao seual ue oretam a telgldade dos coros elas costrues socas aladro aaco o uerada arcaroue ara flor arca arcas de cdgos esttcos fucoas e comortametas Para lea essa

arcoa arua ascula eo dama oola oa ostro orde tetata de dar telgldade a um coro a de regra o gesto de froa ulera oro eusa fomaaco asta r Paca egedrlo so alguma forma de recoecmeto a ual tem or ase ormas socas estatas ou mdcourdcas getes er um Paueca Paa merda Pecador Pederasta Peltra Pelotudo Perturador da ordem coro tramarle sgos um ome uma raa um seo uma defcca uma essoa um gero uma seualdade er um coro moral Ptosa Ptoso Proo Pt ca Pratcate de sudade Prearcador recoeclo or meo da lguagem oserlo atraessado Proscrto Pulaoca Putm Puta Puto ualra ueer uemarosca Roto or dsostos e ormas regmes de oder e otecologas ato de atrur um gero e uma seualdade a um coro reercutr um afado adala aacaa aato aturao em ergoa eu ru odomta ser em gero ara os outros e ara s mesmo eredlo em uma tea dscursa de regulaes de reetes e de deslugues u arado da lgua a oero raseual rasertdo rasado raa raeca raeco raesga raest rasta rso ado etlado ado esse coteto um dos oucos dduos ue ueram esse aradgma so as ado ado te e uatro oletador de omes ugo drag uees oeto de estudo desta estgao las aresetam as duas olardades de gero em um mesmo state mesclado e satrado as defes r cocedas elas os as de gero se ecotram ustaostos crado a ssa lstagem fo realada de acordo com os documetros e tetos com os uas te cotato durate o ercurso alm da ca rra cotrues de amgos de ros estados rasleros e do ossldade de ressgfcar as relaes fas etre gero coro e seo ermtdo leatameto realado or egg de lera em sua esusa

enar em uma enaturalao o lao ue enolem ee conceto .

oer aer em ua netao acerca a enealoa a ra ueen erceeu ue a reena ee nuo uma contante na tra umana. o entanto a contemoraneae em ano noo contorno ra ueen eno notra ua aceno cultural ercea or eemlo na cena mucal ralera atra o uceo e cantora ra como retua o lora rooe e eecalmente allo ttar.

emo com nere ontua urante a caa anterore e e certa notoreae em arte a caa e atra or eemlo e rane uceo cnematorco como Priscilla, Rainha do Deserto tean llott e Gaiola das Loucas e col o o e tranormta no rorama o lo anto ou memo contratae reuente e o e ra ueen em eento oca o aena em com o lanamento o rorama RuPaul’s Drag Race ue a ra atnram um outro ecoo ma amlo.

e ante a ra ueen etaam em uma oo e ura e entretenmento etco areentaa olaa e eoracamente e ue arantam o cumrmento a “cota e erae” atualmente ela e reareentam matcamente e orma ma amla e artculaa elctano ua rera nterna ua comunae em luar omente o nuo e ua reartculao lca a amuae e nero – caractertca ue or ua e aam a reoar num to e latea ue tamm aa a uerer er ra o ue entenemo ue ocorre em uma ecala em ma ntena ue em momento anterore. m erceee uma noa raa tanto na reena mtca ee nuo uanto e ua erceo or arte a oceae.

ato ue a a cre a ntauraa no nal a caa e a comunae ue na conutano eao ocal e alano ncluo como releo o orte momento oca a caa e oltou a er ma otlaa.

tlaremo urante too o etuo a la – ao n or eemlo e lca a eua traet traneua trannero ntereua ueer aeua e outra olae or er ana a la ma em uo elo momento oca como o ruo a a aa ttruoaaaa.com.r . ntenemo no entanto ue a la no contemla toa a ama a eualae umana.

enar em uma enaturalao o lao ue enolem ee conceto . “comportamento promíscuo”, grande oer aer em ua netao acerca a enealoa a ra ueen erceeu ue a reena ee nuo uma contante na tra umana. o entanto a contemoraneae em ano noo contorno ra ueen eno notra ua aceno cultural ercea or eemlo na cena mucal ralera atra o uceo e cantora ra como retua o lora rooe e eecalmente allo ttar.

emo com nere ontua urante a caa anterore e e certa notoreae em arte a caa e atra or eemlo e rane uceo cnematorco como Priscilla, Rainha do Deserto tean llott e Gaiola das Loucas e col o o e tranormta no rorama o lo anto ou memo contratae reuente e o e ra ueen em eento oca o aena em com o lanamento o rorama RuPaul’s Drag Race ue a ra atnram um outro ecoo ma amlo.

e ante a ra ueen etaam em uma oo e ura e entretenmento etco areentaa olaa e eoracamente e ue arantam o cumrmento a “cota e erae” atualmente ela e reareentam matcamente e orma ma amla e artculaa elctano ua rera nterna ua comunae em luar omente o nuo e ua reartculao lca a amuae e nero – caractertca ue or ua e aam a reoar num to e latea ue tamm aa leituras bíblicas, como em Deuteronômios 22:5: “A m a uerer er ra o ue entenemo ue ocorre em uma ecala em ma ntena ue ae em momento anterore. m erceee uma noa raa tanto na reena tem aversão por toda pessoa que assim procede” (BÍBLIA, 1969). mtca ee nuo uanto e ua erceo or arte a oceae. ato ue a a cre a ntauraa no nal a caa e a comunae ue na conutano eao ocal e alano ncluo como releo o orte momento oca a caa e oltou a er ma otlaa. tlaremo urante too o etuo a la – ao n or eemlo e lca a eua traet traneua trannero ntereua ueer aeua e outra olae or er ana a la ma em uo elo momento oca como o ruo a a aa ttruoaaaa.com.r . ntenemo no entanto ue a la no contemla toa a ama a eualae umana. 1

oucas personagens emininas que trabalam oe aem qualquer esoro para alterar o tom de suas voes. Ao se preparar para interpretar um papel em drag como Dorot icaels no ilme se, o ator Dustin oman percebeu que usar sua vo natural era muito mais eica do que tentar algum eeito atravs do uso de alsete ... (BA, 199, 555).

papel undamental das drag queens para a istria LB ocidental as aponta como indivíduos de etrema relevncia que oe, potencialiados por um alcance miditico, podem se apresentar mais do que nunca como, aos moldes de reciado (21), potenciais proletrios de uma possível revoluão seual. e, conorme Lauretis (199), os discursos, dos quais a mídia contemporaneamente um dos maiores produtores, contribuem para reiicar as restries estereotipadas impostas para dierenciar o masculino do eminino, as drag queens, em um contraluo, possuem o potencial denunciativo que desregula o esalse.

o Brasil, a cantora lria roove (alterego de Daniel arcia elicione apoleão), omem ga, negro e gordo, um claro eemplo. lria cantora de rap, um territrio ocupado maoritariamente por omens prioritariamente eterosseuais. m um terreno onde ser ga ou ser muler representa uma ruptura ao ideal do rap, um homem gay travestido com elementos femininos, cantando “no feminino” letras que enaltecem a muler na sociedade, como tambm questes relativas ao gnero e seualidade, coloca alguns obstculos na compreensão imediatista que temos quando vemos alguma perormance artística.

utro eemplo a polmica que envolveu a drag queen emmenino (alterego de ino de Barros), quando em 21, unto niversidade ederal de iosa, o artista gravou um vídeo intitulado “Na Hora do Lanche” em uma escola infantil no Dia das Crianças. Nele, Femmenino fala “não existir coisas de menino e menina”, e, nesse momento, uma criança espontaneamente fala “isso é preconceito!”. Apenas essa

a msica Prceer, por eemplo, lria versa: a ra ee ra ua eca cu cl e agraar ua as eu s as a car ale sea eu rgul esaa a cara Pra eu csegur rar sr esses cara Pe e er assar a resear eu er a er ue aurar ue esse rceer ale sea e ue eu cegue esuea sluaee cscee e lea. m ato curioso que diversas crianas coraram e pediram autgraos ao artista por pensarem se tratar de abllo ittar, a drag queen com maior proeminncia no cenrio nacional atual. o im do vídeo as crianas cegam a cantar, em coro, sua msica . 1

oucas personagens emininas que trabalam oe aem qualquer interação foi o suficiente para que se levantasse uma onda de reaçes na internet. Não esoro para alterar o tom de suas voes. Ao se preparar para interpretar um papel em drag como Dorot icaels no ilme se, o ator apenas a niversidade e o artista mantiveram suas posiçes, como o fato acaou Dustin oman percebeu que usar sua vo natural era muito mais eica gerando tamém um levante de manifestaçes de apoio, como da ecretaria stadual do que tentar algum eeito atravs do uso de alsete ... (BA, 199, 555). de Direitos Humanos, da e outros.

papel undamental das drag queens para a istria LB ocidental as aponta claro que, como nos fala utler , a performance drag pode tamém como indivíduos de etrema relevncia que oe, potencialiados por um alcance funcionar como uma reiteração dos universos masculinofeminino, especialmente se miditico, podem se apresentar mais do que nunca como, aos moldes de reciado compreendermos a performance de forma simplista como “homens vestidos de (21), potenciais proletrios de uma possível revoluão seual. e, conorme Lauretis mulheres”. No entanto, como a própria autora (2017) coloca, as drag queens podem (199), os discursos, dos quais a mídia contemporaneamente um dos maiores revelar, tamém, a fragilidade das imposiçes normativas de gnero. sses produtores, contribuem para reiicar as restries estereotipadas impostas para questionamentos acaam revelando a instailidade da relação entre sexo, gnero e dierenciar o masculino do eminino, as drag queens, em um contraluo, possuem o sexualidade. sta instailidade pode denotar o carter performativo do nosso senso de potencial denunciativo que desregula o esalse. identidade , .

o Brasil, a cantora lria roove (alterego de Daniel arcia elicione s drag queens criam seus corpos e identidades por meio dos mais artificiais apoleão), omem ga, negro e gordo, um claro eemplo. lria cantora de rap, um materiais cola, espuma, maquiagem, além de um pouco de fita adesiva para auear territrio ocupado maoritariamente por omens prioritariamente eterosseuais. m a eca. arte drag, então, reside em um devir. sses artifícios acaam expondo um um terreno onde ser ga ou ser muler representa uma ruptura ao ideal do rap, um conunto de cdigos culturais, os quais somos ensinados desde o nascimento como homem gay travestido com elementos femininos, cantando “no feminino” letras que estanque. representação drag, portanto, explicita o carter ficcional sore os enaltecem a muler na sociedade, como tambm questes relativas ao gnero e determinismos de gnero. seualidade, coloca alguns obstculos na compreensão imediatista que temos quando vemos alguma perormance artística.

utro eemplo a polmica que envolveu a drag queen emmenino (alterego “reados e preadas, apreciamos a discussão de ideias. s manifestaçes a respeito do vídeo de ino de Barros), quando em 21, unto niversidade ederal de iosa, o artista certamente serão oeto de discussão e anlise pelos responsveis. as comentrios homoficos, que contenham palavres, inria ou firam a política de comentrios da pgina serão excluídos. emos cpia gravou um vídeo intitulado “Na Hora do Lanche” em uma escola infantil no Dia das de todos eles para não haver dvidas sore o procedimento adotado, como a exclusão das manifestaçes ‘tem de fuzilar’, ‘poderia jogar gasolina no próprio corpo’. #VaiTerDragSim”. Disponível em: Crianças. Nele, Femmenino fala “não existir coisas de menino e menina”, e, nesse httpit.lycx . “Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, que mantém homens e momento, uma criança espontaneamente fala “isso é preconceito!” . Apenas essa mulheres presos em padres do passado ... gente quer que meninos rinquem de oneca e cresçam para ser pais carinhosos, queremos que eles rinquem de vassourinha e dividam as tarefas da casa com suas mulheres. gente quer que as meninas rinquem de carrinho, gritem, corram e tenham lierdade corporal para crescerem mulheres fortes e donas de si, que não continuem reproduindo o papel da a msica Prceer, por eemplo, lria versa: a ra ee ra ua eca cu cl mulher indefesa que precisa de um macho alfa para protegla e sustentla. Ns queremos mostrar para e agraar ua as eu s as a car ale sea eu rgul esaa a cara as crianças que elas podem ser do eito que elas quiserem, sem necessidade de continuar replicando as Pra eu csegur rar sr esses cara Pe e er assar a resear eu er a er ue performances de gnero tão quadradas e sufocantes”. Disponível em: [ httpit.lyDl . aurar ue esse rceer ale sea e ue eu cegue esuea sluaee cscee odas as notas podem ser visualiadas no lin httpit.lyrxo . e lea. arte do léxico homossexual rasileiro, o pau. e refere ao ato de esconder o pnis com oetivo de m ato curioso que diversas crianas coraram e pediram autgraos ao artista por pensarem se tratar criar uma vagina ilusria. s testículos são colocados um para cada lado, o pnis é puxado para trs e os de abllo ittar, a drag queen com maior proeminncia no cenrio nacional atual. o im do vídeo as testículos são, então, posicionados dentro da cavidade inguinal, finaliando com emplastros, fita adesiva crianas cegam a cantar, em coro, sua msica . ou apenas vestindo cuecacalcinha para segurar a posição. 1

Se seguirmos o pensamento de utler (2017) de que nossa nica condio natural é a de que nascemos humanos e que toda a construo de nossas identidades é moldada ao longo da vida por meio das performatividades com as quais temos contato percebemos que pesquisar uma temtica que envolve a seualidade é lidar estreitamente com as compleidades que isso suscita, como percebidas, por eemplo, nas propostas científicas de ilse e de enjamin10.

própria discusso em torno da sigla T (ou TTTQ11) também é representativa dessa compleidade, j que, desde sua concepo, as variveis nomenclaturas vm sendo criticadas por deiarem de fora certas seualidades. penas em 200, por eemplo, no 12 ncontro rasileiro de as, ésbicas e Transgneros foi aprovado o uso da sigla T, incluindo, oficialmente, a letra como representao de bisseuais e em 200, na onferncia Nacional T, decidiram posicionar a letra frente do com intuito de dar maior visibilidade s lésbicas. tualmente as discusses ocorrem em muitas frentes, como na incorporação de “I” para intersexuais e “Q” (queer) como um termo guardachuva para diversas seualidades no normativas12.

Nessa compleidade, a performance drag caracteriza um fato nico: ela consiste em uma minoria (homosseual) que passa por uma transformao momentnea estigmatizada (homem travestido) visando parecerse aproimarhomenagear (e outras possibilidades) com mulheres, outro grupo minoritrio. omo veremos, as diversas possibilidades da performance de gnero (drag queens, drag ing, fau queens, etc.) contm todo carter transgressor suscitado pelo autor. ssim, a eplorao de elementos etracorpóreos como forma de significar os corpos criando objetos

scala de inse, descrita nos livros eual ear e ua ale (1) e eual ear e ua eale (1) tenta descrever o comportamento seual de uma pessoa ao longo do tempo e de suas vivncias. la usa uma escala iniciando em 0, com o significado de um comportamento eclusivamente heterosseual, terminando em , para comportamentos eclusivamente homosseuais. la inclui, inclusive, a asseualidade. 10 scala de rientao Seual de arr enjamin, também conhecida como S..S proposta na década de 10 através do caso de um paciente de lfred inse que, apesar do biótipo masculino, desejava transformarse em mulher. Diferentemente de crossdressers e travestis, foi identificada pela primeira vez na medicina moderna ocidental o que hoje chamamos de transeual, levando enjamin estudar o assunto e a propor uma escala para a transeualidade. 11 sigla engloba: ésbicas, as, isseuais, Travestis, Transeuais, Transgnero, Queer, ntersseuais e o “+” representando outras possibilidades. Neste estudo adotarei a sigla LGBT pelo fato de ser ainda a sigla mais corrente consciente de que ela no abarca toda a compleidade seual humana. 12 ara saber mais sobre a sigla, veja o verbete da iipedia [ http:bit.l1l e a reportagem de ndré abette bio para o ornal Neo: [ http:bit.l2lVsV . 1

Se seguirmos o pensamento de utler (2017) de que nossa nica condio sintticos, facilmente apreendidos como artificiais, são denunciatios dos constructos natural é a de que nascemos humanos e que toda a construo de nossas identidades é pelos quais se dão nossa sexualidade e apreensão de gnero. moldada ao longo da vida por meio das performatividades com as quais temos contato s drag queens representam, não apenas uma ruptura com o tradicional e com percebemos que pesquisar uma temtica que envolve a seualidade é lidar o normatio, mas tambm um obeto pouco explorado academicamente. esmo estreitamente com as compleidades que isso suscita, como percebidas, por eemplo, dentro da teoria queer e dos estudos gas e lsbicos, a temtica drag queen um campo nas propostas científicas de ilse e de enjamin10. restrito de conecimento frente outras facetas da cultura LGBT, basta er a limitada própria discusso em torno da sigla T (ou TTTQ11) também é bibliografia especfica sobre o tema, tornandose indispensel ampliar os estudos e o representativa dessa compleidade, j que, desde sua concepo, as variveis conecimento desse grupo em ista de identificar e promoer uma naturaliação de nomenclaturas vm sendo criticadas por deiarem de fora certas seualidades. penas suas particularidades. em 200, por eemplo, no 12 ncontro rasileiro de as, ésbicas e Transgneros foi Se, para alguns autores, como Boucier (PRECIADO, 2017, p.14) “o século se aprovado o uso da sigla T, incluindo, oficialmente, a letra como representao de anuncia como um tempo de mudança nos discursos e nas prticas da sexualidade”, bisseuais e em 200, na onferncia Nacional T, decidiram posicionar a letra emos, concomitantemente, o crescimento de polticas de carter conserador. No frente do com intuito de dar maior visibilidade s lésbicas. tualmente as discusses Brasil com a escandaliação relatia arte e sexualidade, os cercamentos da população ocorrem em muitas frentes, como na incorporação de “I” para intersexuais e “Q” (queer) LGBT no io de aneiro por meio de uma poltica religiosa e a legitimação desse como um termo guardachuva para diversas seualidades no normativas12. pensamento atras da eleição de um candidato enolto em polmicas por falas Nessa compleidade, a performance drag caracteriza um fato nico: ela consiste omofbicas e racistas sem esquecermos, claro, de sermos o lugar onde mais se mata em uma minoria (homosseual) que passa por uma transformao momentnea omossexuais do mundo, isso tudo simultaneamente ao momento em que uma das estigmatizada (homem travestido) visando parecerse aproimarhomenagear (e outras cantoras de maior sucesso uma drag queen, o trabalo de discussão sobre temas possibilidades) com mulheres, outro grupo minoritrio. omo veremos, as diversas oltados comunidade LGBT em um ambiente repleto de contradiçes se torna possibilidades da performance de gnero (drag queens, drag ing, fau queens, etc.) extremamente pertinente, especialmente os casos que conseguem contrariar o leante contm todo carter transgressor suscitado pelo autor. ssim, a eplorao de de conseradorismo. elementos etracorpóreos como forma de significar os corpos criando objetos que obetio com este trabalo, então, entender essa noa cena nacional, tendo em ista o corpo drag como uma plataforma comunicacional, qual, quem entra scala de inse, descrita nos livros eual ear e ua ale (1) e eual ear e ua eale (1) tenta descrever o comportamento seual de uma pessoa ao longo do tempo e em contato não consegue permanecer impassel. Busco, tambm, a compreensão de de suas vivncias. la usa uma escala iniciando em 0, com o significado de um comportamento eclusivamente heterosseual, terminando em , para comportamentos eclusivamente homosseuais. como os espectadores são afetados pela presença desses corpos nas ariadas la inclui, inclusive, a asseualidade. 10 scala de rientao Seual de arr enjamin, também conhecida como S..S proposta na década plataformas miditicas, com enfoque em RuPaul’s Drag Race, chegando, inclusive, a de 10 através do caso de um paciente de lfred inse que, apesar do biótipo masculino, desejava transformarse em mulher. Diferentemente de crossdressers e travestis, foi identificada pela primeira vez na medicina moderna ocidental o que hoje chamamos de transeual, levando enjamin estudar o assunto e a propor uma escala para a transeualidade. O Globo (27/09/17): “Manifestações contrárias exposição Queermuseu foram ees mais istas 11 sigla engloba: ésbicas, as, isseuais, Travestis, Transeuais, Transgnero, Queer, ntersseuais e nas redes”. Disponível em: [ ttpsglo.bo . o “+” representando outras possibilidades. Neste estudo adotarei a sigla LGBT pelo fato de ser ainda a Esquerda Diário (10/10/17): “Segunda maior parada LGBT do país pode não acontecer por causa de sigla mais corrente consciente de que ela no abarca toda a compleidade seual humana. Crivella”. isponel em ttpbit.lp . 12 ara saber mais sobre a sigla, veja o verbete da iipedia [ http:bit.l1l e a reportagem de stadão () ustiça confirma condenação e multa de mil a Bolsonaro por declaraçes ndré abette bio para o ornal Neo: [ http:bit.l2lVsV . omofbicas. isponel em ttpbit.lon . 1 quererem experimentar as sensorialidades e corporalidades da performance drag em seus prprios corpos.

Se buscamos compreender o momento contemporneo, o trabalho procura elaborar um levantamento histrico dessas performances, dando enfoque suas especificidades na cultura e mídia brasileiras. Dessa forma, será possível pontuar nossas características, bem como entender as especificidades da cena insurgente.

O tema também apresenta a possibilidade de estudo sobre um processo incomum: o da saída da margem em direção ao mainstream. ualquer fenmeno que colabore para que algum grupo socialmente marginaliado se torne celebrado – mesmo que por uma parcela social limitada – ou para que encontre espaços dentro de ambientes hegemonicamente normativos para se comunicar com sua prpria comunidade e fortalecer seus laços merece ser pesquisado e compreendido.

Todo o percurso terico do trabalho estará baliado nas conceituações (e provocações) queer, uma corrente de pensamento multidisciplinar1 fundada no ideário psfeminista entrelaçado fragmentação identitária proposta pelo psmodernismo. Estou também atento ao que a crítica pscolonial17 alerta sobre as limitações da “importação” de um campo de conhecimento que se sedimentou principalmente no contexto euroamericano ser suficiente para responder questões relativas especificidade brasileira. Lembrando que estamos falando, em grande parte, do impacto de um produto midiático estadunidense em espectadores brasileiros, periféricos no contexto global. Minha intenção é fugir, dentro das possibilidades, das concepções globaliantes das identidades sexuais variantes em todo o planeta1. Acerca disso, Larissa Pelcio (2014, p.121) é incisiva ao falar que:

ossa drag, por exemplo, não é a mesma do capítulo do Problemas de Gnero, de udith Butler (200), nem temos exatamente as drag

1 S dentro do Brasil é possível encontrar suas discussões presentes em campos como a Psicologia (Borges, 2014 Chidiac e Oltramari, 2004 Sampaio e Germano, 2014), Administração (ieira, 2017), ilosofia (Rodrigues, 2012), Comunicação (Lopes, 2004), Literatura e Linguística (Costa e vila, 200), Educação (César, 2009 ranco e Cicillini, 201 Motta e Ribeiro, 201 Louro, 2001 Colling, 2012), sendo especialmente na Sociologia e Antropologia (Als, 2010 Bento, 200 Brumer, 2009 Duque, 2012 ernandes, 201 Misolci, 2009a Misolci e Balieiro, 2011 Pino, 2007) que a teoria queer se consolidou. 17 Alguns autores aqui utiliados que pertencem a essa corrente epistemolgica são Spiva e Bhabha. 1 Para ilustrar essas variáveis, na ndia, o acrnimo utiliado é o LGBTI que abrange os ra, uma terceira identidade de gnero. 1 quererem experimentar as sensorialidades e corporalidades da performance drag em in das oicinas de montaria de eatri reciado ou sequer podemos alar do homosseual do mesmo modo de aid alperin ou da seus prprios corpos. como o e ichel arner osso armrio não tem o mesmo ormato daquele de e edic Se buscamos compreender o momento contemporneo, o trabalho procura er como reerncias correntes tericas que deendem a dinamiação das elaborar um levantamento histrico dessas performances, dando enfoque suas conceituaçes totaliantes de nero e seo um desaio isto que nem todas as especificidades na cultura e mídia brasileiras. Dessa forma, será possível pontuar nossas epistemoloias ou correntes tericas são receptias a esse pensamento e este como características, bem como entender as especificidades da cena insurgente. um recente campo de conhecimento não possui ases ias na erdade sua prpria O tema também apresenta a possibilidade de estudo sobre um processo ideia nunca se tornar io nos colocando em um terreno instel e de rande incomum: o da saída da margem em direção ao mainstream. ualquer fenmeno que resistncia social colabore para que algum grupo socialmente marginaliado se torne celebrado – mesmo ara discutir as reairmaçes e neaçes de nero nas dra queens ser que por uma parcela social limitada – ou para que encontre espaços dentro de preciso de certa orma a utiliação das conceituaçes que o prprio traalho pretende ambientes hegemonicamente normativos para se comunicar com sua prpria reeitar ordo então os uniersos emininos e masculinos mesmo que a proposta comunidade e fortalecer seus laços merece ser pesquisado e compreendido. aqui deendida que tais mundos são menos idealiados e imisceis como se ula Todo o percurso terico do trabalho estará baliado nas conceituações (e costumeiramente o entanto como ainda inserido em uma realidade em que esses 1 provocações) queer, uma corrente de pensamento multidisciplinar fundada no ideário inmios se encontram pereitamente delineados encontrome como rem de seu psfeminista entrelaçado fragmentação identitária proposta pelo psmodernismo. enloamento Estou também atento ao que a crítica pscolonial17 alerta sobre as limitações da ste estudo se d de orma crticopoltica sore os oetos aqui islumrados “importação” de um campo de conhecimento que se sedimentou principalmente no contaminado pelo iderio de reciado p que cateoricamente airma que contexto euroamericano ser suficiente para responder questões relativas os atos de ala de ns ichas sapas e transeuais possuem a capacidade de sacudir as especificidade brasileira. Lembrando que estamos falando, em grande parte, do impacto tecnoloias da escritura do seo e do nero de um produto midiático estadunidense em espectadores brasileiros, periféricos no contexto global. Minha intenção é fugir, dentro das possibilidades, das concepções ara tanto a pesquisa ocorreu em trs rentes primeira de reisão globaliantes das identidades sexuais variantes em todo o planeta1. Acerca disso, iliorica que e uma reisão histrica para situar esses sueitos como atuantes na Larissa Pelcio (2014, p.121) é incisiva ao falar que: histria humana em como para identiicar as especiicidades contemporneas em relação s dra queens preressas seunda rente uscou compreender o corpo dra ossa drag, por exemplo, não é a mesma do capítulo do Problemas de Gnero, de udith Butler (200), nem temos exatamente as drag ntendese aqui o corpo como uma plataorma miditica que aeta comunica

impacta sensiilia plicos tanto de maneira presencial quanto de maneira 1 S dentro do Brasil é possível encontrar suas discussões presentes em campos como a Psicologia midiatiada ssim oram inestiadas questes relatias perormance de nero (Borges, 2014 Chidiac e Oltramari, 2004 Sampaio e Germano, 2014), Administração (ieira, 2017), ilosofia (Rodrigues, 2012), Comunicação (Lopes, 2004), Literatura e Linguística (Costa e vila, 200), incluindo conceitos tericos que se atrelam essa eperincia e que costumeiramente Educação (César, 2009 ranco e Cicillini, 201 Motta e Ribeiro, 201 Louro, 2001 Colling, 2012), sendo especialmente na Sociologia e Antropologia (Als, 2010 Bento, 200 Brumer, 2009 Duque, 2012 são aordados em outros estudos como o queer e o camp ernandes, 201 Misolci, 2009a Misolci e Balieiro, 2011 Pino, 2007) que a teoria queer se consolidou. 17 Alguns autores aqui utiliados que pertencem a essa corrente epistemolgica são Spiva e Bhabha. omo orma de traer maiores contriuiçes para as elaoraçes tericas a partir 1 Para ilustrar essas variáveis, na ndia, o acrnimo utiliado é o LGBTI que abrange os ra, uma terceira identidade de gnero. da perormance dra uscamos elaorar um aproundamento a partir do conceito de contrasseualidade

terceira parte a pesquisa de campo la ocorreu em dierentes etapas a primeira, o objetivo foi entender essa nova cena drag e a contribuição de RuPaul’s Drag ace nesse conteto m seuida desenolemos uma anlise dos momentos perormances corpos que causaram mais impacto racionais sensrios emocionais etc nos espectadores tendo como cateoria principal o aeto ara tanto oi utiliado utiliado o rupo This is not RuPaul’s Best Friends Race Group como ponto de partida para o entendimento dessas dinmicas interim diretamente como pesquisador atras de postaens estimulando os participantes do rupo a pontuarem que momentos de RuPaul’s Drag Race mais os aetaram e de que maneira os aetou om isso em mente elaoramos uma relação entre o prorama e uma espectatorialidade especiicamente queer

partir da com o entendimento tanto dos discursos presentes na plataorma quanto dos processos pelos quais os plicos são aetados desenolemos uma srie de entreistas com oens dra queens ssa inestiação oi realiada na orma de entreistas semiestruturadas com dra queens rasileiras ssas dras oram selecionadas a partir de dois critrios principais a reião do pas em que iem e o tempo em que perormam como dra tendo em ista que o oetio traçar a noa cena drag a partir de RuPaul’s Drag Race, o que, portanto, limitava o corpus a um rupo de aia etria de no mimo anos em como questes liadas raça esttica e dierentes reies do pas om isso uscamos estaelecer aproimaçes aastamentos e particularidades das reies do pas

oram realiadas entreistas semiestruturadas ou sea entreistas com alumas peruntas chae mas que não estiesse presa a um script echado mas adaptel de acordo com as questes suscitadas pelas entreistas ssas dras oram estimuladas a alar sore suas eperincias de construção do corpo dra suas perormances e da

eundo anini as entreistas semiestruturadas cominam peruntas aertas e echadas nas quais o inormante tem a possiilidade de discorrer sore o tema proposto esse tipo de entreista o pesquisador possui um conunto de questes preiamente deinidas mas pode ir adicionando questionamentos que podem surir ao lono da conersa da perormance dra uscamos elaorar um aproundamento a partir do conceito de relação entre esse corpo e suas impresses sobre o programa e a nova cena miditica contrasseualidade endo assim, as entrevistas falaram tanto de uma eperincia corprea e sensorial, quanto a dimensão espectatorial e afetiva desenvolvida com o programa, seus terceira parte a pesquisa de campo la ocorreu em dierentes etapas a contedos, discursos e corpos miditicos primeira, o objetivo foi entender essa nova cena drag e a contribuição de RuPaul’s Drag ace nesse conteto m seuida desenolemos uma anlise dos momentos partir do arcabouço terico e da vivncia das drag queens, foi possvel perormances corpos que causaram mais impacto racionais sensrios emocionais visualiar de que forma essas plataformas miditicas traem contribuiçes para que etc nos espectadores tendo como cateoria principal o aeto ara tanto oi utiliado essas drag queens vivam a condição queer do devir drag que as move em uma cena nova utiliado o rupo This is not RuPaul’s Best Friends Race Group como ponto de partida e distinta da cena cultura drag e transformista de dcadas passadas para o entendimento dessas dinmicas interim diretamente como pesquisador uando tratamos sobre esse “reavivamento cultural”, possvel afirmar com atras de postaens estimulando os participantes do rupo a pontuarem que assertividade que, em uma visão ampla, as drag queens, na verdade, sempre momentos de RuPaul’s Drag Race mais os aetaram e de que maneira os aetou om participaram do asrea Dentro das lgicas do teatro, cinema e da televisão, isso em mente elaoramos uma relação entre o prorama e uma espectatorialidade homens caracteriados como mulheres são algo cotidiano stão presentes, por especiicamente queer eemplo, em programas de fofoca, são personagens sempre presentes nas comdias partir da com o entendimento tanto dos discursos presentes na plataorma e programas de televisão e, mais ainda, no teatro quanto dos processos pelos quais os plicos são aetados desenolemos uma srie Porque, então, mesmo essa presença sendo constante, falamos hoje sobre um de entreistas com oens dra queens ssa inestiação oi realiada na orma de reavivamento cultural drag fato que esse tipo de performance drag est, muitas entreistas semiestruturadas com dra queens rasileiras ssas dras oram vees, tão enraiada socialmente que não abala nada no saus u possvel ver, por selecionadas a partir de dois critrios principais a reião do pas em que iem e o eemplo, pessoas etremamente preconceituosas gargalhando com personagens tempo em que perormam como dra tendo em ista que o oetio traçar a noa femininos nas comdias de Paulo Gustavo problemtica surge quando, na equação cena drag a partir de RuPaul’s Drag Race, o que, portanto, limitava o corpus a um rupo perceptiva do pblico, a dimensão seual aparece, j que, como identifica Baer , de aia etria de no mimo anos em como questes liadas raça esttica e p , desde os tempos do teatro elisabetano os atores sempre tiveram permissão de dierentes reies do pas om isso uscamos estaelecer aproimaçes violar cdigos tanto estticos, quanto religiosos aastamentos e particularidades das reies do pas nquanto se entende o transformismodrag como um homem que atende ao oram realiadas entreistas semiestruturadas ou sea entreistas com alumas menos parte s epectativas de gnero masculinas “fingindo ser” uma mulher, tambm peruntas chae mas que não estiesse presa a um script echado mas adaptel de acordo com as questes suscitadas pelas entreistas ssas dras oram estimuladas a emplos disso são amma Bruschetta, personagem de ui enrique participante do programa alar sore suas eperincias de construção do corpo dra suas perormances e da cala" da Rede TV; Tia, personagem de Guilherme Uzeda no programa “uleres” da TV Gazeta. Pensemos no personagem arol Paião de Rodrigo antanna e sua atuação em programas de humor na Globo e no ultisho ric Barreto, por eemplo, era um notrio personificador feminino que se apresentava em shos de eundo anini as entreistas semiestruturadas cominam peruntas aertas e echadas nas calouros brasileiros quais o inormante tem a possiilidade de discorrer sore o tema proposto esse tipo de entreista o omo não lembrar de era erão alterego de orge afond, personagem de imensa popularidade nas pesquisador possui um conunto de questes preiamente deinidas mas pode ir adicionando dcadas de e e da elha urda personagem de Roni Rios do programa Praa ssa por questionamentos que podem surir ao lono da conersa eemplo atendendo s epetatias do ue seria uma mulher, espeialmente uando eistir um arter mio, isso no gera prolemtias maiores. o entanto, uando essas dimenses iam turas a partir da perormane drag ue mistura as ategorias de gnero, identidade e seualidade, isso se torna uma uesto s istas da soiedade.

ssim no nos interessa, nesse estudo, o oneito amplo de drag ueen, mas, preisamente, as drag ueens ue “rinam” tamm om as dimenses de gnero e ue ogem das diotomias homemmulher e masulinoeminino no apenas em suas perormanes, mas, muitas ezes, em seus prprios estilos de ida.

drag ueen eppermint presente na nona temporada de RuPaul’s Drag Race um eemplo disso. gnes oore nasida ein oore uma mulher transeual, drag, que mesmo em sua forma “desmontada”, ou seja, como mulher, utiliza cabelo curto, um signo assoiado masulinidade. gnes, portanto, tore todas as onepes sore gnero e seualidade, apresentandose omo mulher trans ue utiliza um dos mais marados signos masulinos em sua orma natural e ue, uando perorma omo eppermint, uma drag ueen, utiliza os elementos emininos na omposio de um orpo idealizado.

o ue se reere s uestes relatias territorialidade, o traalho parte do entendimento de o orpo omo o primeiro e o ltimo dos territrios e omo um ampo de luta e disputa poltia UUT, , . Todo o desenolimento da pesuisa se atentar para outras duas uestes. primeira diz respeito ao entusiasmo ultural e aadmio em torno do reaiamento ultural drag. omo demonstra eter urton apud R, , p. esse ato no representa algo neessariamente noo, ue houe algumas eploses ulturais drag na histria oidental. ontudo, talez nuna om essa magnitude e, muito menos, om a rpida asoro do plio e noteis transormaes dentro da omunidade GT.

segunda sore erto ponderamento sore os resultados, isto ue a presena das drag ueens na mdia, ou ao menos no tocante de RuPaul’s Drag Race, é limitada dado ao ato do programa no ser eiido em anais rasileiros aertos. programa tee temporadas eiidas no ultisho, no omed entral e na V, mas a maior atendendo s epetatias do ue seria uma mulher, espeialmente uando eistir um arte dos esectadores utilizam o serio de sreag etfli e lataformas de arter mio, isso no gera prolemtias maiores. o entanto, uando essas donload ilegais como os sites de rres dimenses iam turas a partir da perormane drag ue mistura as ategorias de odaia, mesmo que isso diminua seu alcance, no o freia Proa disso é seu gnero, identidade e seualidade, isso se torna uma uesto s istas da soiedade. imacto junto comunidade – ercebido no alto engajamento nas comunidades ssim no nos interessa, nesse estudo, o oneito amplo de drag ueen, mas, de aceboo bem como no objeto dessa esquisa o imacto do rograma no preisamente, as drag ueens ue “rinam” tamm om as dimenses de gnero e imaginrio de joens drags, ossielmente afetadas elo rograma e or sua ue ogem das diotomias homemmulher e masulinoeminino no apenas em suas reercusso miditica perormanes, mas, muitas ezes, em seus prprios estilos de ida. Partimos do ressuosto que os esectadores de RPDR e outras lataformas drag ueen eppermint presente na nona temporada de RuPaul’s Drag Race miditicas de rotagonismo drag so afetados ela elicitao da artificialidade dos um eemplo disso. gnes oore nasida ein oore uma mulher transeual, drag, gneros e, com isso, sensibilizam seus coros a roduzirem noas concees sobre os que mesmo em sua forma “desmontada”, ou seja, como mulher, utiliza cabelo curto, rrios coros a artir de sua orientao ela diferena, originando corosconstructos um signo assoiado masulinidade. gnes, portanto, tore todas as onepes sore que se aresentam de forma contrasseual, destoando, colocandose isel e se gnero e seualidade, apresentandose omo mulher trans ue utiliza um dos mais aresentando com uma identidade inadequada s eectatias de gnero marados signos masulinos em sua orma natural e ue, uando perorma omo ossa hitese, ortanto, é a de que esse tio de afeto roocado or rodutos eppermint, uma drag ueen, utiliza os elementos emininos na omposio de um miditicos como RPDR ressoa cororalmente e simbolicamente em arte de seus orpo idealizado. esectadores e conocaos a eerimentarem esse deir drag como arte constitutia o ue se reere s uestes relatias territorialidade, o traalho parte do de uma noa identidade sses blicos, afetados ela cena miditica, assam a entendimento de o orpo omo o primeiro e o ltimo dos territrios e omo um ampo desenoler uma noa cena nacional, autada em influncias do rograma, mas de luta e disputa poltia UUT, , . Todo o desenolimento da também com caractersticas muito articulares Para chegarmos ao objetio traado e, pesuisa se atentar para outras duas uestes. primeira diz respeito ao entusiasmo ortanto, erificar a hitese, o trabalho se sistematiza em trs catulos ultural e aadmio em torno do reaiamento ultural drag. omo demonstra eter rimeiro catulo aborda questes histricas e o rotagonismo drag ara a urton apud R, , p. esse ato no representa algo neessariamente noo, comunidade , como nas reoltas de toneall, bem como dos atos de resistncia ue houe algumas eploses ulturais drag na histria oidental. ontudo, talez durante a ditadura brasileira sso foi realizado atraés de material bibliogrfico e nuna om essa magnitude e, muito menos, om a rpida asoro do plio e noteis documentrios sobre esse erodo raamos uma genealogia drag desde a récia transormaes dentro da omunidade GT. antiga até a contemoraneidade balizados na inestigao realizada or Roger aer segunda sore erto ponderamento sore os resultados, isto ue a presena a fim de resonder, no tico seguinte, a indagao o que é drag na das drag ueens na mdia, ou ao menos no tocante de RuPaul’s Drag Race, é limitada contemoraneidade dado ao ato do programa no ser eiido em anais rasileiros aertos. programa tee temporadas eiidas no ultisho, no omed entral e na V, mas a maior Duas das ginas brasileiras sobre o rograma so This is not RuPaul’s best friends race group httbitlq com mais de mil articiantes e ll Ruaul httbitlhag com cerca de mil articiantes

também da inversão do drag “tradicional” com os drag kings.

2. FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA BABADEIRA

resentes na atalidade em grande arte da indstria do entretenimento as drag eens viviam até oco temo em m niverso bem menos glamoroso e valoriado. e a istria das ersoniicadoras emininas remonta ase ao incio da istria mana tendo sa resena nos mais variados contetos istricos também da inversão do drag “tradicional” com os drag kings. ore ainda eiste tanta resistncia nos mais variados setores sociais a essa erormance lém disso al é o ael desemenado elas drag eens no decorrer istricosocial m m mndo de constante renovaão e asso or domnios religiosos mercantis indstriais e eeriencio gerras mndiais a ascensão do mndo digital seriam as drag eens de oe as mesmas transormistas e ersoniicadoras emininas de otrora er drag eens como obetos centrais na narrativa de ma esisa sscita mitas ergntas e ocas resostas dadas a riori. oco disctidas academicamente ma ve e a erormance drag é estigmatiada ela acaba se tornando m abeto eistemolgico e origina oco arondamento na comreensão do e são e do e almeam esses indivdos e sas erormances. reciso ortanto comreender e demarcar o lgar istrico desses indivdos e esontaneamente e mesmo contra resistncias diversas vm realiando erormances e mitas vees dennciam o carter artiicial das constres de gnero. esta arte do trabalo ara a anlise segiremos algmas das concees do método areolgico roosto or ocalt tendo em vista e ele bsca detectar a ormaão istrica do discrso de m obeto dentro do meio social observando como se ormo e se legitimo certa visão sobre o mesmo. scase aer ma leitra crtica e mitas vees retratam narrativas como contnas sem levar em conta os eventos ennciados e criam rtras com o lo istrico.

retendese então identiicar as ormaes discrsivas e corriam em cada éoca e como elas de orma variada ercebiam dierentemente não aenas as

erormances e vivncias drag mas também as sealidades dissidentes e em m maior esectro são arte da essncia drag contemornea.

2.1 Cacuras clássicas: as manas de outros tempos

esgatar ma istoricidade drag não é ma tarea simles. lém de ocas bibliograias mitas delas não se encontram acessveis em acervos brasileiros tradidas ara o ortgs o mesmo disonveis em lataormas digitais – mesmo ilegais – de comartilamento de arivos. oger aker oi m dos ioneiros na tentativa de sistematiar m ensamento sobre esses indivdos ando em escreve a obra “rag a histor of feale ipersonation in the perforing arts”. O autor bsco a sintetiaão de conecimento istrico não aenas sobre as ersoniicadoras emininas e seriam de acordo com o ator rrias da teatralidade como se emeno em abranger também em edies osteriores as drag eens mais contemorneas e ertencentes cltra .

m sa esisa aker . noto a resena das drag eens e de sas variveis ao longo do temo desde o incio da istria mana mesmo em cltras e éoca distintas e geograicamente distantes mas das otras. s rimeiros registros encontrados elo ator datam de antes do erodo clssico e mostram e aéis de reresentaão eminina eram desemenados or omens em estivais olclricos e marcavam as mdanas de estaão e em otros ritais.

o entanto é a artir da civiliaão grega e se encontram mais acilmente registros docmentais da resena da erormance de gnero. omo coloca manas . o rrio srgimento das mscaras teatrais se d or conta da necessidade do omem em mimetiarse o transormar sa aarncia. esde esse erodo era ael dos omens a interretaão de ersonagens emininos ato e ser ma constante na istria variando aenas al tio de oder estatal social o religioso estar realiando os ditames e convenes sociais.

s omens não aenas aiam so das mscaras na interretaão de ersonagens femininos, bem como “roupas e enchimentos também eram adicionados para a composição da personagem” (AMANAJÁS, 2015, p.5). Neste momento se 2

erormances e vivncias drag mas também as sealidades dissidentes e em m desenvoveram, de acordo com aer (1), dois campos de atuação dos maior esectro são arte da essncia drag contemornea. personificadores femininos. O primeiro seria as drags cuas caractersticas estariam votadas aos rituais pagãos, stira, basfmia e a dar vo ao indive na sociedade,

muito primas das caractersticas de muitas das drags contemporneas. A segunda 2.1 Cacuras clássicas: as manas de outros tempos possua uma caracterstica sagrada, tendo a responsabiidade de viver os papéis trgicos esgatar ma istoricidade drag não é ma tarea simles. lém de ocas do teatro grego. bibliograias mitas delas não se encontram acessveis em acervos brasileiros Na dade Média europeia, uando a igrea era o principa formador e reguador tradidas ara o ortgs o mesmo disonveis em lataormas digitais – mesmo socia, a performance de gnero ficava restrita a representaçes sacras de partes da ilegais – de comartilamento de arivos. oger aker oi m dos ioneiros na bbia. Os homens eram os encarregados por todos os papéis, incuindo os femininos, tentativa de sistematiar m ensamento sobre esses indivdos ando em visto ue era vetada a participação de muheres em grande parte da vida socia (A, escreve a obra “rag a histor of feale ipersonation in the perforing arts”. O autor 1). bsco a sintetiaão de conecimento istrico não aenas sobre as ersoniicadoras emininas e seriam de acordo com o ator rrias da teatralidade como se o outro ado do mundo, o carter de dominncia mascuina também eistia. emeno em abranger também em edies osteriores as drag eens mais Através de uma forma de teatro rituastica e forma, nos diversos estios teatrais contemorneas e ertencentes cltra . asiticos, desde os cssicos chineses e aponeses, ao Topeng e aang ong da ndonésia (AMANAJÁS, 2015) e ao athaali da ndia (AASNAN, 200), eram m sa esisa aker . noto a resena das drag eens e de sas também os homens os representantes de todos os papéis. variveis ao longo do temo desde o incio da istria mana mesmo em cltras e éoca distintas e geograicamente distantes mas das otras. s rimeiros registros Baker (1994, p.65) aponta que: “as técnicas teatrais da Ásia são tão estilizadas e encontrados elo ator datam de antes do erodo clssico e mostram e aéis de refinadas que chamar esses personificadores femininos de ‘drag queens’ não parece ser reresentaão eminina eram desemenados or omens em estivais olclricos e apropriado”. Em grande parte do teatro asiático, a intenção da representação feminina marcavam as mdanas de estaão e em otros ritais. é de ser rea ou, ao menos, de serem primas ideaiação feminina, sem sina de ambiguidade, sea cmica ou andrgina. o entanto é a artir da civiliaão grega e se encontram mais acilmente registros docmentais da resena da erormance de gnero. omo coloca manas entro do teatro cmico ogen e do dramtico N eistem as figuras das . o rrio srgimento das mscaras teatrais se d or conta da necessidade onnagatas (女形), papéis femininos interpretados por homens – muito primos da ideia do omem em mimetiarse o transormar sa aarncia. esde esse erodo era dos atores tan do teatro, ou da pera chinesa – treinados por cerca de de anos, desde ael dos omens a interretaão de ersonagens emininos ato e ser ma sua uventude para a interpretação desses papéis (AMANAJÁS, 2015, p.). sses constante na istria variando aenas al tio de oder estatal social o religioso personagens possuem uma interpretação rituastica em ue estar realiando os ditames e convenes sociais.

s omens não aenas aiam so das mscaras na interretaão de 25 A sistematiação da presença dos imitadores femininos na hina é ago compeo, dado sua etensão ersonagens femininos, bem como “roupas e enchimentos também eram adicionados geogrfica e histria mienar. O teatro mais popuar na cutura se chama ching hsi – mais conhecido como Peing draa. O uso de atores homens performando muheres ocorreu como resutado do banimento para a composição da personagem” (AMANAJÁS, 2015, p.5). Neste momento se das muheres no teatro por uestes morais (A, 1).

... a imitação superficial dos maneirismos das mulheres não é nem primo de suficiente. s regras de estimenta, comportamento, gestos, maquiagem e fantasia eram tão rgidas que se tornaram intimamente ligados ao auki a ponto de se mulheres reais desempenhassem papéis na onnagata o efeito, no palco, seria eatamente como o mesmo de um homem (BE, 1994, p.94).

e olta ao ocidente, por olta do século , começaram a surgir as companhias de teatro itinerantes italianas completamente desassociadas igrea e geralmente oltadas comédia. oncomitantemente, na nglaterra, surgia o teatro Elisaetano, em que “os papéis femininos escritos por Shakespeare6 ou qualquer outro dramaturgo eram interpretados por oens adolescentes homens – meninos entre dez e treze anos” (Á, 15, p.1).

o Brasil, como aponta ilério reisan em eassos no Paraso (1), desde os autos catequéticos dos esutas, os raros papéis femininos eram todos interpretados por homens, “como a personagem de uma velha em a festa de o oureno, do padre José de Anchieta, representada pelos índios ainda no século XVI”.

egundo Baker (1994), em 164 houe uma mudança asilar na cultura teatral: as mulheres conquistaram o direito de suirem aos palcos e interpretarem papéis femininos. A presença da mulher no teatro “se tornou um mecanismo de exploração da seualidade feminina, fazendo com que suas hailidades cnicas fossem as ltimas das preocupações da plateia” (AMANAJÁS, 2015, p.11). Essas atrizes acumulavam, muitas ezes, funçes de cortesãs.

o final do século o ator feminino haia se tornado uma figura cmica, uma criatura do urlesco e da pardia. uas apariçes no palco durante os primos 15 anos ou mais eram ocasionais, mas pelos meados do reinado itoriano sua reailitação estaa em andamento (BE, 1994, p.161).

6 recorrente a isão de que hakespeare, ao escrever suas peças utilizava a sigla “DRAG”6 (dressed as a girl – estido como mulher) para indicar os personagens femininos que seriam protagonizados por homens. o entanto, se a prpria eistncia de hakespeare, o real autor das peças (e não, por eemplo, um pseudnimo6), é até hoe questionada, essas afirmaçes são realizadas sem ase concreta alguma. liás, se pensarmos que nesse perodo da histria do teatro praticamente todos os personagens eram realizados por homens, o sentido da indicação de um homem estido como mulher no roteiro seria asolutamente irreleante.

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... a imitação superficial dos maneirismos das mulheres não é nem or aqui, a realidade não era muito distante. Mesmo que houvesse proiição das primo de suficiente. s regras de estimenta, comportamento, gestos, maquiagem e fantasia eram tão rgidas que se tornaram mulheres suirem aos palcos desde 10, através de uma lei promulgada pela rainha intimamente ligados ao auki a ponto de se mulheres reais Maria I, suas participações eram comuns. No entanto, essas atrizes, geralmente, desempenhassem papéis na onnagata o efeito, no palco, seria eatamente como o mesmo de um homem (BE, 1994, p.94). tamém estavam ligadas prostituição. claro que, com a promulgação da lei, muito se

e olta ao ocidente, por olta do século , começaram a surgir as companhias dificultou na exploração da mulher nas peças de teatro, tendo ficado a cargo dos de teatro itinerantes italianas completamente desassociadas igrea e geralmente homens a maioria dos papéis.

oltadas comédia. oncomitantemente, na nglaterra, surgia o teatro Elisaetano, em Em antigas crnicas sore a temporada teatral ocorrida no ano de que “os papéis femininos escritos por Shakespeare6 ou qualquer outro dramaturgo 10, em uia, era asoluta a ausncia de atrizes. As personagens femininas das vrias oras apresentadas durante um ms de eram interpretados por oens adolescentes homens – meninos entre dez e treze anos” festividade foram interpretadas por homens que, considerando a estailidade dos elencos mesmo em se tratando de amadores, (Á, 15, p.1). pareciam ter se especializado em papéis de mulher. S nessa temporada, um certo Silvério José da Silva fez seis papéis importantes o Brasil, como aponta ilério reisan em eassos no Paraso (1), desde (REVISAN, 201)2. os autos catequéticos dos esutas, os raros papéis femininos eram todos interpretados Assim, as personificações femininas vivenciaram um declínio. As drags se por homens, “como a personagem de uma velha em a festa de o oureno, do padre tornaram figuras raras no mito teatral tendo em vista o fato da visão sore o ato de José de Anchieta, representada pelos índios ainda no século XVI”. homens se travestirem com elementos femininos ter virado motivo de piada. Suas

egundo Baker (1994), em 164 houe uma mudança asilar na cultura teatral: aparições no palco durante o prximo século, além de ocasionais, sempre estavam as mulheres conquistaram o direito de suirem aos palcos e interpretarem papéis atreladas comicidade, ao urlesco e pardia. femininos. A presença da mulher no teatro “se tornou um mecanismo de exploração da oi apenas no século XVIII que houve o aparecimento da drag queen como um seualidade feminina, fazendo com que suas hailidades cnicas fossem as ltimas das indivíduo relacionado homossexualidade. Isso como decorrncia do afastamento das preocupações da plateia” (AMANAJÁS, 2015, p.11). Essas atrizes acumulavam, muitas drag queens do teatro untamente a transformações socioculturais que passaram a ezes, funçes de cortesãs. enxergar o ato de se travestir com elementos femininos, motivo de piada. Nesse enseo,

o final do século o ator feminino haia se tornado uma figura surgem as oll ouses, que, em linhas gerais, eram complexos amientes de cmica, uma criatura do urlesco e da pardia. uas apariçes no socialização homossexual que tentavam aarcar todas as possiilidades sexuais e de palco durante os primos 15 anos ou mais eram ocasionais, mas pelos meados do reinado itoriano sua reailitação estaa em gnero negadas e perseguidas socialmente, visto que a sodomia era considerada um andamento (BE, 1994, p.161). crime. Aqui era comum o crossdressing, o simulacro de casamentos, a prostituição e a realização de fetiches (NRN, 200).

6 recorrente a isão de que hakespeare, ao escrever suas peças utilizava a sigla “DRAG”6 (dressed as a girl – estido como mulher) para indicar os personagens femininos que seriam protagonizados por homens. o entanto, se a prpria eistncia de hakespeare, o real autor das peças (e não, por eemplo, um pseudnimo6), é até hoe questionada, essas afirmaçes são realizadas sem ase concreta alguma. 2 liás, se pensarmos que nesse perodo da histria do teatro praticamente todos os personagens eram No capítulo “Reminiscências da cena travestida” de seu livro eassos no Paraso (201), revisan faz realizados por homens, o sentido da indicação de um homem estido como mulher no roteiro seria um rilhante traalho, a partir de documentos histricos, de arqueologia dessas performances teatrais asolutamente irreleante. por todo o territrio nacional. 2 ara um aprofundamento sore as oll ouses como o primeiro amiente homossexual legítimo, ver other laps oll ouse The a ubculture in ngland (200) de Ricton Norton.

Nesse mesmo período na tlia dentro da arte da pera anaram ora as iuras do castrati meninos eralmente italianos ros ou de amílias desavorecidas ue eram vendidos irea para ue se untassem aos coros uas enitlias eram mutiladas daí o nome castrati ue em portuuês siniica castrado para ue suas voes no se modiicassem com a ceada da adolescência N p

ssa prtica eistia desde tempos mais remotos em cerca de d no mprio iantino mas conuistou a aprovao papal por isto em denunciando assim ue a moral catlica da poca era mais tolerante com a castrao de arotos ue com a ideia de muleres emitindo qualquer som dentro da “morada do Senhor”, ferindo seu dever de permanecer em silêncio. Vários castratis italianos ue viviam em ortual oram traidos para as terras tupiniuins em unto com a comitiva do rei oo em sua ua de Napoleo onaparte onde passaram a cantar na apela Real RN

no sculo omens reuentavam amientes conecidos como usic all espaos onde cantavam e realiavam peuenos papis cmicos nos uais as dra cmicas conceituadas por aer 1994) como “pantomímicas”, foram logo tomando e marcando como um espao prprio ocasionando novamente certa respeitailidade e aceitao

No Rio de aneiro por eemplo esses espaos eistiam no entorno do aro do Rossio atual raa iradentes o ual como conta arlos iari em s utrs ariocas muito antes de era identiicado como um espao de circulao omoertica

rios centros de diverses music alls caars parues de diverses ares cas ospedarias alm do conecido eatro o edro e especialmente o mnasio ramtico – toda uma instituio vinculada ao omoerotismo no Rio de aneiro desde meados do sculo – circundavam a praa coniurando um dos espaos uranos privileiados para o divertimento e o seo a riterium localiado nessa rea reunia ovens atores dos teatros ue usavam p dearro e carmim iari

ssim a personiicao eminina

entrou no sculo com laro sorriso as mos na cintura vestindo roupas estranas parodiado a alta moda um nino de pssaro como 1

Nesse mesmo período na tlia dentro da arte da pera anaram ora as peruca e uma maquiagem descontroladamente exagerada. […] seu humor era rousto e terrenamente domstico quando ele ganhou a iuras do castrati meninos eralmente italianos ros ou de amílias desavorecidas confiana do plico e compartilhou as provaes da vida conugal. le ue eram vendidos irea para ue se untassem aos coros uas enitlias eram se tornou a dama pantomímica amplamente popular, haitada por todos os principais comediantes da poca e críticos srios de teatro mutiladas daí o nome castrati ue em portuuês siniica castrado para ue suas voes lhes deram avaliaes srias , 1994, p.11). no se modiicassem com a ceada da adolescência N p na virada do sculo, ento, que as drag queens comeam a ganhar contornos

ssa prtica eistia desde tempos mais remotos em cerca de d no primos aos que perceemos hoe. sse tipo de drag se tornou a coqueluche dos palcos mprio iantino mas conuistou a aprovao papal por isto em e a atrao cmica mais carismática do início do sculo . s personagens possuíam denunciando assim ue a moral catlica da poca era mais tolerante com a castrao um discurso que se relacionava diretamente com o cotidiano da classe mdia de arotos ue com a ideia de muleres emitindo qualquer som dentro da “morada do traalhadora da poca, por meio de personagens como

Senhor”, ferindo seu dever de permanecer em silêncio. Vários castratis italianos ue ... senhoras por volta dos seus quarenta e tantos anos que lanavam viviam em ortual oram traidos para as terras tupiniuins em unto com a prolemáticas pertinentes s mulheres daquela sociedade a mulher feia que nunca arranaria casamento e ficaria condenada a comitiva do rei oo em sua ua de Napoleo onaparte onde passaram a cantar permanecer so a custdia da família, a enfermeira, a viva, a fofoqueira, a rotina da simples vendedora de flores das ruas e o diaa na apela Real RN dia da dona de casa cuas tiradas cmicas eram dirigidas no somente s reais donas de casa, mas tamm aos seus maridos S, no sculo omens reuentavam amientes conecidos como usic all 1, p.1). espaos onde cantavam e realiavam peuenos papis cmicos nos uais as dra o entanto, com a uerra undial 1914191), houve profundas mudanas cmicas conceituadas por aer 1994) como “pantomímicas”, foram logo tomando e sociais que repensaram os papis de gênero dentro da sociedade, colocando o homem marcando como um espao prprio ocasionando novamente certa respeitailidade e como um heri de guerra, eemplo de virilidade, e as mulheres como ativas, aceitao traalhadoras e mais independentes. ara aer 1994) nessa mesma poca que No Rio de aneiro por eemplo esses espaos eistiam no entorno do aro do comea a crescer um movimento antihomosseual que se proliferou em toda a mídia Rossio atual raa iradentes o ual como conta arlos iari em s utrs impressa e colocou as drag queens no anonimato por mais de uma dcada. ariocas muito antes de era identiicado como um espao de circulao grande desenvolvimento tecnolgico da uerra undial 199194) omoertica ocasionou a melhora nos aparelhos televisivos que prontamente se alastraram pelas

rios centros de diverses music alls caars parues de residências mundo afora e foram transformados na predominante fonte de diverses ares cas ospedarias alm do conecido eatro o edro e especialmente o mnasio ramtico – toda uma instituio entretenimento, faendo com que os teatros de variedade e comdia stand up fossem vinculada ao omoerotismo no Rio de aneiro desde meados do sendo deiados de lado pelo plico S, 1, p.14). om isso, as sculo – circundavam a praa coniurando um dos espaos uranos privileiados para o divertimento e o seo a riterium possiilidades das drag queens pantomímicas foram cerceando, ao mesmo tempo em localiado nessa rea reunia ovens atores dos teatros ue usavam p que a televiso, o cinema, a cultura pop e os movimentos sociais de raa, gênero e dearro e carmim iari seuais foram surgindo, criando novas possiilidades. ssim a personiicao eminina os anos 19 e comeo dos 19, grupos de homens passaram a se reunir entrou no sculo com laro sorriso as mos na cintura vestindo roupas estranas parodiado a alta moda um nino de pssaro como secretamente em casas fechadas para se travestirem. mais famosa dessas casas foi a

asa usanna nos stados nidos. esses amientes crossdressers omossexuais e pessoas trans que iiam dentro da eteronormatiidade no cotidiano encontraam um espao seguro para ienciar seus deseos. sso aponta para o ato de que mesmo que os espaos legitimados para a perormance drag estiessem sendo cerceados esses corpos continuaam a existir em outros contextos.

a dcada de e comeo dos anos episdios como as reelies de toneall e as primeiras marcas s eidenciam a dimenso poltica de um moimento social resistente no qual drag queens e transexuais tieram papel primordial tanto nas lutas por direitos unto sociedade quanto na desconstruo de preconceitos e polticas de gnero dentro da prpria comunidade .

omo conta arsa . onson uma das drag queens da lina de frente da rebelião: “Quando eu fui pela primeira vez ao Stonewall, eu era praticamente a nica drag queen l. u alei o que acam sou omem ou muler. o responderam a decidi entrar. orque era um bar só para homens”. Mesmo quando passou a aceitar a entrada de todos existia uma certa rigide entre as sexualidades e os espaos ocupados. a parte da rente icaam os gas eteronormatios na outra em olta do ueox icaam as drag queens.

esse perodo os ares gas eram os centros sociais da ida omossexual no s por l mas tamm no rasil. omo coloca o depoimento de uma estudante lsica em para mar upini nior ornalista que noticiaa a caada s lsicas em o aulo durante a ditadura

nesses ares a gente encontra gente como ns s l somos aceitas estamos em casa. t na niersidade de o aulo onde as pessoas se consideram aanadas os omossexuais no so aceitos. rincipalmente as lsicas. o traalo quando descorem somos mandadas emora. em casa mina me no consegue entender por que eu sou assim por mais que eu tente mostrar a ela que estou em assim no teno nada de anormal.

s omossexuais cientes da reeio social conergiam e ainda conergem sua sociailidade para amientes prprios ares oates cas clues tudo para criar espaos de lierdade distantes dos olares de desaproao da sociedade. a realidade

asa usanna nos stados nidos. esses amientes crossdressers omossexuais e nos stados nidos, os as eram proibidos, inlusive, de frequentarem e beberem em pessoas trans que iiam dentro da eteronormatiidade no cotidiano encontraam bares Slvia ivera apud , . um espao seguro para ienciar seus deseos. sso aponta para o ato de que mesmo urante toda a revolta de Stonewall, o papel das dra queens omo de que os espaos legitimados para a perormance drag estiessem sendo cerceados esses transeuais, transneros e travestis foi, não apenas determinante, mas protaonista, corpos continuaam a existir em outros contextos. sendo parte da liderana do aonteimento atribuda a Slvia ivera e a Marsha . a dcada de e comeo dos anos episdios como as reelies de ohnson. toneall e as primeiras marcas s eidenciam a dimenso poltica de um Como a própria Sylvia (FRANCE, 2017) fala: “[...] as pessoas trans de rua e as drag moimento social resistente no qual drag queens e transexuais tieram papel queens foram a vanuarda do movimento ... nós fiamos na frente e lutamos ontra a primordial tanto nas lutas por direitos unto sociedade quanto na desconstruo de polia. omos nós que não nos importamos de levar paulada na cabeça”. Marsha e preconceitos e polticas de gnero dentro da prpria comunidade . Slvia, a partir da, se envolveram na riaão da treet Traestite ction Reolutionaries omo conta arsa . onson uma das drag queens da lina S... , uma asa que abriava ovens desabriados. ara paar as ontas e de frente da rebelião: “Quando eu fui pela primeira vez ao Stonewall, eu era manter os desabriados fora da rua, sem auda, elas se prostituam. praticamente a nica drag queen l. u alei o que acam sou omem ou muler. revolta desses rupos era ainda mais ompreensvel, visto que nesse perodo o responderam a decidi entrar. orque era um bar só para homens”. Mesmo quando havia uma lei de em vior que tornava rime o ato de se travestir. rs peas de passou a aceitar a entrada de todos existia uma certa rigide entre as sexualidades e os vestuário tinham que ser do “seu gênero” ou você estaria infrinindo a lei. omo fala espaos ocupados. a parte da rente icaam os gas eteronormatios na outra em Yvonne Ritter (DAVIS; HEILBRONER, 2010), “ao usar roupas de mulher, o ruim que olta do ueox icaam as drag queens. vo podia ser presa de verdade se alum perebesse que vo não era o que vo esse perodo os ares gas eram os centros sociais da ida omossexual no parecia ser no exterior”. s por l mas tamm no rasil. omo coloca o depoimento de uma estudante lsica o rasil, a realidade não era muito diferente, visto que vivamos desde em para mar upini nior ornalista que noticiaa a caada s lsicas em o sob o reime militar que perdurou at . or aqui, os homosseuais viviam mer aulo durante a ditadura da ei da adiaem. ssa lei se apliava a todos que não estivessem dentro da nesses ares a gente encontra gente como ns s l somos aceitas normatividade esperada e que não estivessem om doumentaão e arteira de estamos em casa. t na niersidade de o aulo onde as pessoas se consideram aanadas os omossexuais no so aceitos. trabalho assinada. Trejeitos “femininos”, utilização de roupas “do sexo oposto” e rincipalmente as lsicas. o traalo quando descorem somos mandadas emora. em casa mina me no consegue entender por Qualquer determinaão sobre os universos dra queen, travesti, transeual e transnero, nessa poa, que eu sou assim por mais que eu tente mostrar a ela que estou em limitado, visto que esse perodo histório repressivo fazia om que muitos ovens trans vivessem uma assim no teno nada de anormal. vida dupla, performando nero em momentos espefios omo dra queens. própria tentativa de enquadramento de Marsha . ohnson em uma das ateorias dra, trans e s omossexuais cientes da reeio social conergiam e ainda conergem sua travesti frustrada, omo visto em no doumentrio orte orte e a ida de arsha P ohnson: “Ele não lia a mnima se veste de roupas de homem ou de mulher. totalmente livre. Se ele quiser se vestir sociailidade para amientes prprios ares oates cas clues tudo para criar como homem, se veste. Ou como mulher, se veste de mulher. Se quiser usar patins, usa. Tanto faz”. espaos de lierdade distantes dos olares de desaproao da sociedade. a realidade Marsha responde olhando para a câmera “Isso mesmo”. S treet Transestite ction Reolutionaries, ou, em portuus, ão evoluionria das ravestis de ua era uma assoiaão riada e liderada por Slvia ivera que tinha omo propósito audar a forneer abrio e omida uventude que vivia nas ruas de ova or. Importante frisar que Yvonne usa a expressão “in drag” nesse contexto. utilização de maquiagens por “homem” eram motivos suficientes para que se prendessem os homossexuais (REEN; INALHA, 201). No entanto, a lei era ainda mais precisa com travestis e transexuais, já que suas próprias existências davam polcia o poder de encarceramento.

A partir dos anos 1970, quando a polícia passou a “fazer rondas visando à diminuição da criminalidade”, os eram enquadrados na Lei da Vadiagem de 11. ames reen e Renan uinalha (201, p.2) explicam que:

Códigos criminais com noçes de moral e decência pblica vagamente definidas, e provises que controlavam estritamente a vadiagem, forneceram uma rede jurdica pronta para capturar aqueles que transgredissem as normas sexuais construdas socialmente. Embora a homossexualidade em si não fosse tecnicamente ilegal, a polcia brasileira e os tribunais dispunham de mltiplos mecanismos para conter e controlar este comportamento.

Essa lei se aplicava a todos que não estivessem dentro da normatividade esperada. Trejeitos femininos, utilização de roupas do sexo oposto e utilização de maquiagem por homens eram motivos suficientes para se prender homossexuais. A lei era ainda mais precisa com travestis e transexuais, já que suas próprias existências davam polcia o poder de encarceramento.

A primeira arada LBT veio a acontecer apenas em 17 em São aulo. O papel das drag queens na realização da parada foi muito alm de estarem na linha de frente, mas de participarem da própria organização atravs de nomes como aá Di olly e Salete Campari. aá Di olly (BRAANA, 201, p.) conta que:

Chegou na ltima hora, não queriam deixar a arada sair. Eu cheguei para o Roberto de esus e falei: “Olha Beto, eles não querem deixar o carro sair, eu vou fazer um negócio ali na frente e quando eu fizer, você aproveita para colocar o carro na rua e fazer a passeata sair”. Eu fui lá na frente, fingi que estava passando mal, me joguei no chão e o trânsito da aulista parou. No que o Roberto de esus viu o trânsito da aulista parado, ele fez o carro entrar na avenida e todo mundo foi atrás. Tinha só umas duas mil pessoas. A me levantei e sa correndo atrás da arada e os guardas ficaram todos com cara de idiotas.

A Lei da Vadiagem foi criada durante o perodo do Estado Novo de etlio Vargas. Considerava crime a ociosidade punindo os criminosos com at meses de prisão. utilização de maquiagens por “homem” eram motivos suficientes para que se sso rendeu à aá o título de madrinha de honra da arada Ga de ão aulo. prendessem os homossexuais (REEN; INALHA, 201). No entanto, a lei era ainda or muitos anos, de acordo com aá, o principal papel das drags nas aradas era de mais precisa com travestis e transexuais, já que suas próprias existências davam polcia levar visiilidade, á que seus corpos decorados e espalhafatosos funcionavam como o poder de encarceramento. “verdadeiros carros alegóricos”, “uma flor no meio de uma procissão”. As drags levavam plico para as paradas, á que seu reconhecimento artístico fazia com que fossem A partir dos anos 1970, quando a polícia passou a “fazer rondas visando à consideradas algo prximo de celeridades para parte da comunidade LGBT. Alm disso, diminuição da criminalidade”, os LGBTs eram enquadrados na Lei da Vadiagem de esses corpos espetaculares atiçavam a curiosidade da prpria população que, mesmo 11. ames reen e Renan uinalha (201, p.2) explicam que: lateralmente, participava da arada como plico. Códigos criminais com noçes de moral e decência pblica vagamente definidas, e provises que controlavam estritamente a vadiagem, esmo com papel proeminente nos enfrentamentos da revolta de toneall e forneceram uma rede jurdica pronta para capturar aqueles que transgredissem as normas sexuais construdas socialmente. Embora a tamm na linha de frente das primeiras manifestaçes LGBT plicas no Brasil, as drag homossexualidade em si não fosse tecnicamente ilegal, a polcia queens e as travestis não eram apenas oprimidas no sistema das instituiçes sociais brasileira e os tribunais dispunham de mltiplos mecanismos para conter e controlar este comportamento. “tradicionais”, mas, muitas vezes vistas com desdém dentro da comunidade LGBT. Em

Essa lei se aplicava a todos que não estivessem dentro da normatividade um discurso , ao som de vaias e xingamentos de protesto sore sua suida ao palco na esperada. Trejeitos femininos, utilização de roupas do sexo oposto e utilização de arada Ga de 197, ilvia ivera grita maquiagem por homens eram motivos suficientes para se prender homossexuais. A melhor ficarem calados assei o dia tentando suir aqui por seus lei era ainda mais precisa com travestis e transexuais, já que suas próprias existências irmãos e suas irmãs gas na cadeia Eles me escrevem toda maldita semana pedindo sua auda E vocs não fazem nada por eles Vocs á davam polcia o poder de encarceramento. foram espancados E estuprados E presos Agora pensem sore isso. ... Eu á fui presa, á fui estuprada e espancada tantas vezes por A primeira arada LBT veio a acontecer apenas em 17 em São aulo. O papel homens omens heterossexuais ... as vocs me dizem pra sair com o rainho entre as pernas. Eu não vou tolerar essa merda Eu á das drag queens na realização da parada foi muito alm de estarem na linha de frente, fui espancada á queraram meu nariz á fui presa erdi meu emprego erdi meu apartamento por conta da liertação dos gas E mas de participarem da própria organização atravs de nomes como aá Di olly e vocs me tratam assim ual a porra do prolema de vocs ensem Salete Campari. aá Di olly (BRAANA, 201, p.) conta que: nisso Eu acredito no poder ga. uero que tenhamos nossos direitos, do contrário, eu não estaria lutando por nossos direitos. Era isso que Chegou na ltima hora, não queriam deixar a arada sair. Eu cheguei eu queria dizer a vocs. Vão ver sua gente na TR ouse, na rua 1. para o Roberto de esus e falei: “Olha Beto, eles não querem deixar o ão as pessoas que estão tentando fazer algo por todos ns, e não carro sair, eu vou fazer um negócio ali na frente e quando eu fizer, você homens e mulheres que pertencem a um clue de rancos de classe aproveita para colocar o carro na rua e fazer a passeata sair”. Eu fui lá mdia Esse o lugar de vocs evolução agora oder ga na frente, fingi que estava passando mal, me joguei no chão e o trânsito da aulista parou. No que o Roberto de esus viu o trânsito da interessante perceer que mesmo dentro de uma cultura e um movimento em aulista parado, ele fez o carro entrar na avenida e todo mundo foi que se usca a lierdade individual, alguns corpos são vistos como mais legítimos que atrás. Tinha só umas duas mil pessoas. A me levantei e sa correndo atrás da arada e os guardas ficaram todos com cara de idiotas. outros, especialmente os corpos que lidam com as questes de gnero de uma forma não normativa.

A Lei da Vadiagem foi criada durante o perodo do Estado Novo de etlio Vargas. Considerava crime a ociosidade punindo os criminosos com at meses de prisão. O discurso completo de lvia ivera pode ser visto em httpit.lig .

2.2 A ball culture e os club kids

correto afirmar ue a lieraão omosseual não veio acompanada, proporcionalmente, por aceitaão social. Assim, era enorme o nmero de omens e muleres gas ue eram renegados por suas famlias e amigos e ficavam desamparados. esse conteto, no comeo dos anos , uma sucultura essencialmente negra e ga, a ball culture, gana maiores propores, redefinindo noes de famlia, masculinidade e amizade.

A ball culture, eternizada no documentrio Paris is urning de ennie Livingston, eram bailes realizados por grupos que se intitulavam “houses”, onde eistia uma cadeia ierruica de omens e muleres omosseuais formulada a partir de seus desempenos nos ailes. Essas casas promoviam um amiente para além da lierdade seual, mas um local de refgio.

Essas organizaes acaavam sendo influenciadas pela cultura ip op, em ue a nfase se dava nos grupos de rua e formas de união fraternal do omem negro. omo conta oerts, em matéria para a ire Tap againe em :

Assim como o ip op – com sua nfase nos grupos de rua e outras formas de união fraternal do omem negro – surgiu mais ou menos na mesma época como uma resposta artstica para algumas condies polticas e econmicas ue afligiam os omens negros em ova or, as casas tornaramse redes sociais underground feitas por e para pessoas omosseuais negros e uranos.

s ailes, feitos por e para omosseuais periféricos, tinam como oetivo a apresentaão individual em desfiles e a disputa por troféus em diversas categorias. A grande maioria desses indivduos viviam em guetos e gastavam tudo ue tinam, ou mesmo rouavam, para rilarem nessas festas e aduirirem notoriedade e reconecimento dentro de suas comunidades.

iversos istoriadores traam as origens desses eventos nos ailes drags do arlem nos anos e , perodo conecido como enascimento do arlem

arlem é um airro de anattan na cidade de ova or, conecido por ser um grande centro cultural e comercial dos afroamericanos.

tambm omo ovo ovimento egro que riou novas tendnias na literatura, na msia, na poltia e tambm na vida noturna da idade 2.2 A ball culture e os club kids

correto afirmar ue a lieraão omosseual não veio acompanada, s luuosos bailes arnavalesos drag desse perodo se tornaram espaos onde proporcionalmente, por aceitaão social. Assim, era enorme o nmero de omens e os tabus raiais e de inonormidade seual e de gnero eram quebrados omo nos muleres gas ue eram renegados por suas famlias e amigos e ficavam desamparados. onta oberts , esses eventos logo evoluram para grandes estas a antasia o esse conteto, no comeo dos anos , uma sucultura essencialmente negra e ga, entanto, a riao de disputas em ategorias riou uma problemtia os negros, apesar a ball culture, gana maiores propores, redefinindo noes de famlia, masculinidade de terem o direito de ompetir, raramente ganavam om isso, a omunidade deidiu e amizade. reestruturar os bailes para que ossem verdadeiramente prprios

A ball culture, eternizada no documentrio Paris is urning de ennie oi ento nos anos que os primeiros bailes de um novo iruito drag em Livingston, eram bailes realizados por grupos que se intitulavam “houses”, onde eistia ova or omearam a surgir sses bailes aonteiam, em grande parte, s trs ou uma cadeia ierruica de omens e muleres omosseuais formulada a partir de seus quatro da madrugada, para que os partiipantes pudessem andar pela idade montados desempenos nos ailes. Essas casas promoviam um amiente para além da lierdade e de salto alto em maior segurana sse orrio tambm permitia que o aluguel dos seual, mas um local de refgio. sales para os bailes osse mais barato, bem omo garantia a partiipao da lasse trabaladora noturna – garotos de programa, travestis e transeuais que ganavam suas Essas organizaes acaavam sendo influenciadas pela cultura ip op, em ue vidas om a prostituio, bem omo de garons e outros trabalos que perduravam a nfase se dava nos grupos de rua e formas de união fraternal do omem negro. omo durante a madrugada , conta oerts, em matéria para a ire Tap againe em : oi apenas no inal dos anos e omeo dos que se iniiou o enmeno Assim como o ip op – com sua nfase nos grupos de rua e outras formas de união fraternal do omem negro – surgiu mais ou menos na das houses asas, ambientes que se tornavam redes alternativas de parenteso, mesma época como uma resposta artstica para algumas condies atravs da igura de uma ohe e e, s vezes, de um he pai que tinam suas polticas e econmicas ue afligiam os omens negros em ova or, as casas tornaramse redes sociais underground feitas por e para hes rianas, ompostas por pessoas que no tinam nenum parenteso pessoas omosseuais negros e uranos. sanguneo s ailes, feitos por e para omosseuais periféricos, tinam como oetivo a doumentrio de Livingston mostra que, para muitas dessas pessoas, apresentaão individual em desfiles e a disputa por troféus em diversas categorias. A as relaes amiliares das houses eram tanto quanto ou mais proundas e aetivas que grande maioria desses indivduos viviam em guetos e gastavam tudo ue tinam, ou as relaes amiliares sanguneas sso ia laro quando uma das entrevistadas ita o mesmo rouavam, para rilarem nessas festas e aduirirem notoriedade e ato de que ngie travaganza, sua me na ouse o , a nia pessoa que reconecimento dentro de suas comunidades. le d presentes e que se preoupa om seu bemestar iversos istoriadores traam as origens desses eventos nos ailes drags do

arlem nos anos e , perodo conecido como enascimento do arlem nmero de asas impreiso, sendo muitas delas oneidas por serem mais eetivas em algumas ategorias que outras Algumas casas “legendárias” são: ouse o o ouse o o ouse o h ouse o su ouse o ouse o h ouse o ouse o o ouse o eo ouse o o ouse o s ouse o ouse o ess ouse o e ouse o e arlem é um airro de anattan na cidade de ova or, conecido por ser um grande centro cultural ouse o ouse o ouse o es ouse o e ouse o uee ouse o e comercial dos afroamericanos. ouse o ue ouse o oe

sses amienes uncionaam de orma muio rima radicional insiuião amiliar ois muias ees eram comosas de essoas eiladas de suas rrias casas muio em cona de sua seualidade oers coloca amm ue ouros elemenos como o declnio dos susdios sociais a genriicaão a diminuião de serios olados a oens semeo e o aumeno das aas de desemrego enre omens negros e lainos amm oram deerminanes na criaão dessas noas redes aeias

A criaão de casas ransormou o circuio drag ara semre uando noas oulaes algumas das uais nunca se seniram aradas ailes de drag enraram na comunidade ma aonomia rica de essoas e idenidades de gnero loresceu: rosiuos ue eram noos ara a culura ga as lsicas de mocassim com nculos ericos com omens gas esilisas negros e asionisas ansiosos ara colocar suas roupas "para teste" na nova cena urbana. O termo “drag” agora signiicaa algo muio mais rico ue aenas omens esidos como muleres

Nesse momento, “drag” passou a ser uma metáfora da vida cotidiana, todos, de uma orma ou oura esariam erormando uma idenidade esecica indeendene do crossdressing esar eolido

a enaia de dar senido a essa crescene gama de erormances de gnero os ailes adoaram um sisema de linguagem comlicado ue reresenaa os dierenes ios de idenidades ue iam na comunidade: “Butch Queens” era um termo usado para descrever ualuer omem iologicamene nascido ue aresenasse ele próprio como masculino, “Butch Queens Up in Drag”, por outro lado, eio signiicar omens gas ue esiramse em drag eseciicamene ara os ailes mas ainda iiam sua ida coidiana como omem “Femme Queens” eram mulheres transexuais préoeradas muias vezes conhecidas por sua fascinante beleza e estranha “realidade”. “Butches” era um termo usado para descreer muleres lsicas agressias ou ranseuais de seo eminino ara masculino ermo “mulher” só foi reservado para mulheres heterossexuais, iologicamene nascidas ou lsicas emininas ue não se identificaram com o título “butch” (ROBERTS,

ara orian ore uma drag ueen mãe da ouse o oe:

em odos odiam ser edees de as egas em odos odiam colocar uma ila de enas na caea não eles ieram as caegorias ara odos sso o ue realmene e os ailes mudarem não oue mais enolimeno enualmene ao longo de um ano de ailes odos andaram ela isa em alguma caegoria ou oura u oc em um coro legal ou oc esá muio na moda ou oc muio

sses amienes uncionaam de orma muio rima radicional insiuião bonita, ou voc é muito real, mas sempre há algo para todos. E isso é o ue os mantm todos próximos. E é como na natureza eu sou f da amiliar ois muias ees eram comosas de essoas eiladas de suas rrias casas natureza os ovens sempre esto tentando mover os velhos touros muio em cona de sua seualidade oers coloca amm ue ouros para fora do caminho. por isso ue eles mudam e passam por todas essas categorias loucas ue eu nunca consigo acompanhar. elemenos como o declnio dos susdios sociais a genriicaão a diminuião de Foi nos bailes, também, ue surgiu o vogue, um estilo de dana ue, pelo serios olados a oens semeo e o aumeno das aas de desemrego enre próprio nome, se espelha na moda, em especial, nas poses das modelos presentes nas omens negros e lainos amm oram deerminanes na criaão dessas noas redes revistas. O vogue é uma dana abertamente afeminada, com poses inspiradas nas aeias modelos e compostas por movimentos corporais definidos. onforme illi Nina, me A criaão de casas ransormou o circuio drag ara semre uando da ouse o (NSTON, : noas oulaes algumas das uais nunca se seniram aradas ailes de drag enraram na comunidade ma aonomia rica de essoas e idenidades de gnero loresceu: rosiuos ue eram noos ara a oguing veio do she . orue era uma dana ue duas pessoas culura ga as lsicas de mocassim com nculos ericos com faziam porue no se gostavam. Em vez de lutar, voc a danaria na omens gas esilisas negros e asionisas ansiosos ara colocar pista de dana, e uem fez os melhores movimentos foi atirando o suas roupas "para teste" na nova cena urbana. O termo “drag” agora melhor she, basicamente. O nome é retirado da revista "ogue" signiicaa algo muio mais rico ue aenas omens esidos como porue alguns dos movimentos da dana também so as mesmas ue muleres as poses dentro da revista. O nome é uma declarao em si. dana toma dos hieróglifos do antigo Egito. sso também leva de algumas Nesse momento, “drag” passou a ser uma metáfora da vida cotidiana, todos, de formas de ginástica. mbos se esforam para obter linhas perfeitas no corpo, posies estranhas. as vai um passo adiante. uma orma ou oura esariam erormando uma idenidade esecica indeendene Os bailes, mesmo existindo até hoe e se espalhado pelo mundo, entraram em do crossdressing esar eolido colapso uando a crise da DS se instaurou e desestruturou sua organizao, como a enaia de dar senido a essa crescene gama de erormances também boa parte do sistema de casas por conta do falecimento de muitas mes e pais, de gnero os ailes adoaram um sisema de linguagem comlicado ue reresenaa os dierenes ios de idenidades ue iam na mesmo existindo uma preocupao para muitos desses ovens negros e periféricos, ue comunidade: “Butch Queens” era um termo usado para descrever ualuer omem iologicamene nascido ue aresenasse ele tinham nas houses seus nicos vínculos familiares, de honrarem o legado das próprio como masculino, “Butch Queens Up in Drag”, por outro lado, fundadoras. Na uue, o ohe o ohe o ohe o ohe vira sse o sse eio signiicar omens gas ue esiramse em drag eseciicamene ara os ailes mas ainda iiam sua ida coidiana como omem o sse o sse. “Femme Queens” eram mulheres transexuais préoeradas muias vezes conhecidas por sua fascinante beleza e estranha “realidade”. No Brasil, diversas iniciativas tm surgido como forma de introduzir “Butches” era um termo usado para descreer muleres lsicas agressias ou ranseuais de seo eminino ara masculino ermo contemporaneamente a cultura dos bailes e, principalmente, o vogue. á anualmente “mulher” só foi reservado para mulheres heterossexuais, o oue ee, um encontro internacional de danarinos e entusiastas do vogue iologicamene nascidas ou lsicas emininas ue não se identificaram com o título “butch” (ROBERTS,

ara orian ore uma drag ueen mãe da ouse o oe:

em odos odiam ser edees de as egas em odos odiam colocar uma ila de enas na caea não eles ieram as caegorias osteriormente o vogue chegou ao se através da msica de mesmo nome de adonna, no ara odos sso o ue realmene e os ailes mudarem não álbum ehess us o se he de , trilha sonora do filme oue mais enolimeno enualmene ao longo de um ano de , em ue a cantora utilizou no apenas elementos da cena da uue, como também os próprios ailes odos andaram ela isa em alguma caegoria ou oura u danarinos dos bailes do arlem. oc em um coro legal ou oc esá muio na moda ou oc muio Shade é uma gíria própria da cena ga estadunidense ue é, em linhas gerais, a prática de falar mal de alguém de maneira sarcástica ou irnica. realizado em Belo orizonte. O evento conta com orshops e aulas com convidados internacionais, com batalhas de vogue, etc.

oncomitante a parte da cena da uue, mas do outro lado da cidade e em outro estrato social, cultural e racial, desenvolviase a cena dos u s. omo fala ichael usto (BE BRBTO, :

Uma boate geralmente tem certo grupo de pessoas ue so fabulosas, ue se montam, e ue entram nas boates de graa e recebem todos os benefícios como uma celebridade nas festas, como bebida grátis e entrada franca.

Esses eram os eeues, os precursores dos u s. Dentro dessa cena, aparece ichael lig, um rapaz de ndiana ue havia se mudado para Nova or para estudar moda. ames St. ames (BE BRBTO, , um dos u s e também um dos eeues conta ue:

Nos anos tudo muito rígido e muito determinado. E aí ichael estoura na cidade. ichael era como um beb odzillla, pisoteando os clubes e destruindo tudo. Ficamos todos horrorizados, absolutamente horrorizados ue esse peueno monstro ue saiu do nada e estava tirando nossa cena de nós mesmos.

lig comeou a promover festas de grande sucesso em grandes casas noturnas, como a eh, a ue e a u, repleta de celebridades e pessoas da “alta sociedade”. Além disso, ele também realizava festas “fora da lei”, em lugares públicos ou mesmo particulares, como em estaes de metr, restaurantes Dunkin’ Donuts, os, casas abandonadas, etc.

O ápice desses eventos ocorria, ustamente, com a chegada da polícia (BE BRBTO, . untamente a seus amigos, lig criava alter egos, personas e personagens: drag ueens, góticos, andróginos, bizarros, irreverentes ou ualuer outra possibilidade ue a criatividade permitisse. Eles viriam, mais tarde, a serem conhecidos como u s.

ais informaes em: http:bit.lDahz . eeus ou celebutantes em portugus seria um neologismo criado a partir da uno das palavras celebridade e debutante. lguns viriam a se tornar notórios na cena drag, como Ruaul e manda epore. realizado em Belo orizonte. O evento conta com orshops e aulas com convidados sse grupo usava roupas ultraates, sedo defiidos por ames t. ames internacionais, com batalhas de vogue, etc. A AA, 1998) como “parte drag, parte palhaço, parte infantilismo”. Essa estética abraava o capitalismo americao, ao mesmo tempo ue zombava dele. aziam oncomitante a parte da cena da uue, mas do outro lado da cidade e em graa das covees sociais e criavam um espao de sociabilidade para idivduos ue outro estrato social, cultural e racial, desenvolviase a cena dos u s. omo fala se setissem desaustados socialmete. ichael usto (BE BRBTO, : desfeco dos u kis como um movimeto veio atrelado ao assassiado de Uma boate geralmente tem certo grupo de pessoas ue so fabulosas, ue se montam, e ue entram nas boates de graa e recebem todos Andre “Angel” Melendez, um u ki ue fazia forecimeto de drogas e ue os benefícios como uma celebridade nas festas, como bebida grátis e entrada franca. tualmete vivia o apartameto de icael Alig . ua morte, em meio ao abusivo uso de drogas, culmiou a priso de icael Alig, tedo sido seteciado a aos. Esses eram os eeues, os precursores dos u s. Dentro dessa cena, esmo ue tea eistido por um curto tempo, a cultura u ki, sua estética e seu aparece ichael lig, um rapaz de ndiana ue havia se mudado para Nova or para umor so aida uma das maiores iflucias para grade parte da cea drag estudar moda. ames St. ames (BE BRBTO, , um dos u s e também cotemporea. um dos eeues conta ue:

Nos anos tudo muito rígido e muito determinado. E aí ichael estoura na cidade. ichael era como um beb odzillla, pisoteando os clubes e destruindo tudo. Ficamos todos horrorizados, absolutamente 2.3 Transformismo Tropical horrorizados ue esse peueno monstro ue saiu do nada e estava tirando nossa cena de nós mesmos. e a persoificao femiia o mudo sempre esteve atrelada istria do

lig comeou a promover festas de grande sucesso em grandes casas noturnas, teatro, o rasil o foi diferete. femeo do travestismo detro do teatro como a eh, a ue e a u, repleta de celebridades e pessoas da “alta brasileiro o era algo restrito apeas aos grades cetros urbaos. omo fala revisa sociedade”. Além disso, ele também realizava festas “fora da lei”, em lugares públicos (2000, p.237): “em Porto Alegre, por volta de 1830, existiu uma certa Sociedade de ou mesmo particulares, como em estaes de metr, restaurantes Dunkin’ Donuts, eatrio ue matia em seu eleco algus rapazes especializados em papéis os, casas abandonadas, etc. femininos” assim como:

o estado do arao coecemse programas de represetaes O ápice desses eventos ocorria, ustamente, com a chegada da polícia (BE teatrais de meados do século , os uais os omes faziam todos BRBTO, . untamente a seus amigos, lig criava alter egos, personas e os papéis femiios como um certo Augusto ucci, ue iterpretava o persoagem orotéia, fila de um uiz, a peracmica no personagens: drag ueens, góticos, andróginos, bizarros, irreverentes ou ualuer outra us, apresetada em A, , p. . possibilidade ue a criatividade permitisse. Eles viriam, mais tarde, a serem conhecidos ossa particularidade, o etato, est o fato do travestismo teatral brasileiro como u s. ter evoludo para duas vertetes diversas

A istria do assassiato de Agel, uto com a cultura u ki pode ser vista o filme t onst ais informaes em: http:bit.lDahz . A AA, , o documetrio omimo t onst A AA, e o livro eeus ou celebutantes em portugus seria um neologismo criado a partir da uno das palavras ue ispirou o filme, Diso oot, de ames t. ames , o documetrio e a pea teatral. celebridade e debutante. Atualmete, icael Alig se ecotra em liberdade codicioal por bom comportameto a priso e lguns viriam a se tornar notórios na cena drag, como Ruaul e manda epore. possui um caal o ouube uto a rie lam ttps.outube.comusereeee . 2

ma meramente ldica floresceu, de modo esfuziante, no carnaval, protagonizada por homens (inclusive pais de famlia) vestidos com roupas de suas esposas (ou irms ou mes ou amigas), durante pelo menos trs dias ao ano (ESA, 2000, p.21) ... A outra vertente do travestismo voltouse para um oetivo mais profissional, com o surgimento nos palcos do atortransformista, ue passou a viver profissionalmente da imitaço das mulheres e, com freuncia, tornouse travesti tamm na vida uotidiana (ESA, 200, p.23).

primeiro registro, ento, do transformismo no rasil atrelado homossexualidade data do final da dcada de 190, com a peruana i iachea, uma artista ue imitava grandes personalidades pelas ruas do centro de ruas de So Paulo. o começo da cena drag de So Paulo as apresentaçes eram ao vivo, no existindo dulagem, como hoe ocorre na maior parte das performances. avia um conunto ue tocava e as artistas cantavam (SEE, 2013). Essa cena acaou se desenvolvendo muito rpido, ao menos em So Paulo, como aponta do depoimento da Miss i (SEE, 2013):

omecei a receer convites traalhar em tudo ue era canto. heguei a fazer casas por noite. ovidade todo mundo uer ver, n Pessoal da sociedade ia, o pessoal htero, no era casa ga, no existia casa ga. sso em 0, at um pouco antes.

Srgio Mendes (SEE, 2013), no mesmo documentrio, conta que “os anos 70 foi uma dcada icha. oel ra fazia t, um cone da poca, voc tinha Secos e Molhados, zi rouettes, David Bowie [...] Era a androginia, o amor livre”. Nesse perodo começam a aparecer casas noturnas ue misturavam o plico ga e htero, mas ue tinham como grandes estrelas os shos de travestis. omo fala Ed Star, uma dessas estrelas andrginas setentistas rasileiras:

os anos 70 o ue eu me lemro muito em dentro da classe ga so os espetculos do teatro, da riueza, do glamour. 20 e tantas, 30 travestis em cena, todos muito em vestidos, com um grande al.

nascimento dessa cultura foi to veloz ue, uando se faz uma pesuisa no acervo digital da Folha de São Paulo utilizando o termo “transformismo”, a década de

Evidenciado no livro “Além do carnaval” (1999) de James N. Green. zi rouettes foi um grupo teatral e de dança rasileiro atuantes entre 1972 e 197. As peças continham monlogos, nmeros de dança e canto, mas o grande destaue era o visual dos atores, sempre carregados de mauiagem e do uso de traes femininos. Essa inadeuaço de gnero chamou a atenço da ditadura ue censurou o espetculo. A trupe foi ento para a rança, onde alcançou sucesso e, atravs do apoio de iza Minelli, chegaram a colaorar com o cineasta laude elouch no filme e hat et la Souris. 2

ma meramente ldica floresceu, de modo esfuziante, no carnaval, 19 aarece com aenas resultados, enquanto a década de 19 ossui 11 protagonizada por homens (inclusive pais de famlia) vestidos com roupas de suas esposas (ou irms ou mes ou amigas), durante pelo citaes sore essas erformances. menos trs dias ao ano (ESA, 2000, p.21) ... A outra vertente do travestismo voltouse para um oetivo mais profissional, com o No io, nesse erodo, a região da inelndia era o centro cultural da cidade. , surgimento nos palcos do atortransformista, ue passou a viver em diversos teatros, as transformistas rilhavam em esetculos roduzidos com profissionalmente da imitaço das mulheres e, com freuncia, tornouse travesti tamm na vida uotidiana (ESA, 200, p.23). caricho e sofisticaão. Dentre eles, o teatro ival, onde ogéria, aléria, Jane Di astro, primeiro registro, ento, do transformismo no rasil atrelado amille , Fuia de ollida, Elona dos eoardos, arquesa e Brigitte de Bzios homossexualidade data do final da dcada de 190, com a peruana i iachea, uma formaram um gruo conhecido como Divinas Divas, hoe, eternizado elo documentrio artista ue imitava grandes personalidades pelas ruas do centro de ruas de So Paulo. de mesmo nome, criado or eandra eal a artir de sua convivncia com essas o começo da cena drag de So Paulo as apresentaçes eram ao vivo, no existindo estrelas. dulagem, como hoe ocorre na maior parte das performances. avia um conunto ue ma das rimeiras casas noturnas de São Paulo foi a , um equeno sorado tocava e as artistas cantavam (SEE, 2013). Essa cena acaou se desenvolvendo na Bela intra que tinham como donos Elisa ascaro e Fernando Simes, dois muito rpido, ao menos em So Paulo, como aponta do depoimento da Miss i emresrios que viriam a ser os grandes atronos da cena ga aulistana. A oate (SEE, 2013): rontamente se tornou um sucesso

omecei a receer convites traalhar em tudo ue era canto. dia da inauguraão chovia l dentro de tanta gente u t. Não heguei a fazer casas por noite. ovidade todo mundo uer ver, n era nada, era tudo imrovisado. oda hora a olcia ia l. Seta e Pessoal da sociedade ia, o pessoal htero, no era casa ga, no existia sado então ficava até horas da manhã aquele ovo na rua orque casa ga. sso em 0, at um pouco antes. não caia (Elisa ascaro em SEFFEN, 1). Srgio Mendes (SEE, 2013), no mesmo documentrio, conta que “os anos As atidas oliciais eram constantes e os rolemas com a vizinhana fizeram os 70 foi uma dcada icha. oel ra fazia t, um cone da poca, voc tinha Secos donos arirem outra oate em agosto de 191, o edieval, casa que viria a se tornar e Molhados, zi rouettes, David Bowie [...] Era a androginia, o amor livre”. Nesse referncia histrica não aenas na cena transformista e drag nacional, mas tamém perodo começam a aparecer casas noturnas ue misturavam o plico ga e htero, na comunidade GB. mas ue tinham como grandes estrelas os shos de travestis. omo fala Ed Star, uma lugar, no entanto, não era acessvel a oa arte da oulaão, dado ao fato de dessas estrelas andrginas setentistas rasileiras: ser pensado como um ambiente refinado onde “garçons serviam com luva, castial e os anos 70 o ue eu me lemro muito em dentro da classe ga so candelabros na mesa” (Elisa Mascaro em STEFFEN, 2013) e “Chiquinho Scarpa chegava os espetculos do teatro, da riueza, do glamour. 20 e tantas, 30 travestis em cena, todos muito em vestidos, com um grande al. com as amigas, o show tinha comeado, ele falava Elisa comea de novo o show, nascimento dessa cultura foi to veloz ue, uando se faz uma pesuisa no eu pago o cache de todo mundo” (Kaká Di Polly em STEFFEN, 21). Personalidades acervo digital da Folha de São Paulo utilizando o termo “transformismo”, a década de nacionais como Eva ilma, hiquinho Scara, Faf de Belém, anderléia e ee, eram

Evidenciado no livro “Além do carnaval” (1999) de James N. Green. documentrio acomanha o reencontro das artistas ara a montagem de um esetculo, trazendo zi rouettes foi um grupo teatral e de dança rasileiro atuantes entre 1972 e 197. As peças ara a cena as histrias e memrias de uma geraão que revolucionou o comortamento seual e desafiou continham monlogos, nmeros de dança e canto, mas o grande destaue era o visual dos atores, sempre a moral de uma éoca. carregados de mauiagem e do uso de traes femininos. Essa inadeuaço de gnero chamou a atenço Bortolozzi (1) em seu traalho t tnsoist sii ots u noi ooni da ditadura ue censurou o espetculo. A trupe foi ento para a rança, onde alcançou sucesso e, atravs faz uma ecelente anlise que elicita e aroimaes entre as travestis, os artistas transformistas e as do apoio de iza Minelli, chegaram a colaorar com o cineasta laude elouch no filme e hat et la Souris. drag queens nesse erodo. figuras constantes nos eventos do Medieval, mostrando que o lugar, apesar de se apresentar como gay, era frequentado pelas mais variadas seualidades (e no necessariamente por todos os estratos sociais)

ápice dos eventos no Medieval acontecia na festa anual o. “Só descia a ugusta, da Paulista ugusta quem fosse festa do medieval rua ficava toda lotada com cordo de isolamento, com aqueles holofotes de cinema” (Elisa Mascaro em STEFFEN, 2013) cena drag, neste perodo era etremamente criativa Segundo Kaka di Polly (STEFFEN, 2013), as coisas que aconteciam nesse evento eram to inimagináveis que parecem mentira Para ilustrar ele conta dois casos icnicos dos eventos do Medieval

oc imagina um Darby Daniel chegando carregado por anes num caio de vidro, vestido de branca de neve me vem um cara num cavalo branco, descia do cavalo, tirava a tampa de vidro e dava um beio na boca do Darby o Darby cuspia uma maç e entrava dentro da boate oc imagina uma cena dessa acontecendo assim que elas faiam chegar oc imagina a ila Carla, em cima de um elefante subindo a rua ugusta Ela vestida de odalisca (STEFFEN, 2013)

Como aponta Elisa (STEFFEN, 2013), os shos do Medieval eram como Paris, regados a muita pluma e muito paet No entanto, enquanto lá os shos eram realiados por mulheres, por aqui ficava a cargo das drags e travestis Para oo Silvrio Trevisan (STEFFEN, 2013), “era uma sensação libertária indescritível de ir o Medieval”.

sucesso do Medieval fe com que a cena gay se tornasse pungente em boa parte das grandes capitais brasileiras e tambm diversificasse seus pblicos Em So Paulo, por eemplo, diversas iniciativas tiveram incio nesse perodo boate osto ono de propriedade da Condessa Mnica a boate oo in, mais conhecida como S0, que tinha como frequentadores personalidades internacionais como Freddie Mercury Segundo eo obo (STEFFEN, 2013): “o HS começou a dar uma coisa mais

Nostro Mondo, inclusive, permaneceu aberta por 3 anos, encerrando suas atividades em 201 No entanto, a partir da dcada de 10 os shos á no era eram protagoniados pelas drag queens, mas por gogo boys e atores porn Fonte httpbitly2mN3ss nteriormente, um advogado chamado Clvis ieira, que deiou para trás toda sua vida em busca do sonho de se tornar uma mulher empreendedora 0 boate se tornou to notria que aparecia no Spartacus, um guia de viagem gay internacional publicado anualmente desde 10 e referncia mundial no turismo gay figuras constantes nos eventos do Medieval, mostrando que o lugar, apesar de se moderna, mais americana orque alm das travestis, tinham as comdias (realiadas apresentar como gay, era frequentado pelas mais variadas seualidades (e no por Meise Emanuel e Veneza). Começou a tirar a roupa dos garotos no palco”. necessariamente por todos os estratos sociais) lternativas não areciam faltar, esecialmente na rua Marqus de tu, em São ápice dos eventos no Medieval acontecia na festa anual o. “Só descia aulo, onde casais homosseuais á circulavam livremente de mãos dadas. casa a ugusta, da Paulista ugusta quem fosse festa do medieval rua ficava toda oiso, ertencente a ndra de Mao1 (a mesma da reortaem sobre as travestis lotada com cordo de isolamento, com aqueles holofotes de cinema” (Elisa Mascaro em citada no item 1.1.1 deste trabalho), era uma dessas. á frequentavam, como conta Eria STEFFEN, 2013) cena drag, neste perodo era etremamente criativa Segundo Kaka Palomino para a Folha de São Paulo (19 de maio de 2000), “bandidos, mocinhas, drags, di Polly (STEFFEN, 2013), as coisas que aconteciam nesse evento eram to inimagináveis semidras, clubbers, s, travas e bos descolados, famosos, herdeiros milionários e que parecem mentira Para ilustrar ele conta dois casos icnicos dos eventos do artistas”. sso, claro, alm de rostitutas, travestis de rua, arçons e outras essoas Medieval que anhavam a vida no turno noturno. luar ficou imortaliado nos versos da msica s s so is de aua: “Você nunca varou / A Duvivier às 5 / Nem levou um oc imagina um Darby Daniel chegando carregado por anes num caio de vidro, vestido de branca de neve me vem um cara num susto / Saindo do Val Improviso”. cavalo branco, descia do cavalo, tirava a tampa de vidro e dava um beio na boca do Darby o Darby cuspia uma maç e entrava dentro rofissionaliação das dra queens e travestis na oca era sem recedentes. da boate oc imagina uma cena dessa acontecendo assim que elas faiam chegar oc imagina a ila Carla, em cima de um Na ointo, outra casa noturna de Elisa Mascaro, havia 1 erformers e 12 bailarinos, elefante subindo a rua ugusta Ela vestida de odalisca (STEFFEN, alm dos outros funcionários. Todas que trabalhavam lá tinham carteira assinada, 2013) dcimo terceiro, frias aas, NSS (STEFFEN, 2013). s shos eram montados e ficavam Como aponta Elisa (STEFFEN, 2013), os shos do Medieval eram como Paris, em carta de a meses, s vees or at um ano. sso ocorreu muito em decorrncia regados a muita pluma e muito paet No entanto, enquanto lá os shos eram ao sucesso dos atores transformistas no teatro de revista2 dos anos 10. omo fala realiados por mulheres, por aqui ficava a cargo das drags e travestis Para oo Silvrio Trevisan (2000, .232) foi assim que: Trevisan (STEFFEN, 2013), “era uma sensação libertária indescritível de ir o Medieval”. os travestisatores uderam encontrar esaço rofissional mais amlo sucesso do Medieval fe com que a cena gay se tornasse pungente em boa nas revistasmusicais que, a artir de meados do sculo , invadiram os alcos brasileiros e aí roliferaram. riundo da França, mas parte das grandes capitais brasileiras e tambm diversificasse seus pblicos Em So devidamente dierido e transformado no rasil, esse nero teatral Paulo, por eemplo, diversas iniciativas tiveram incio nesse perodo boate osto abrasileirouse, assando em revista os acontecimentos, ideias e costumes da oca, tudo de forma cmica. travs das revistas ono de propriedade da Condessa Mnica a boate oo in, mais conhecida musicais, lançavamse cançes de carnaval e novas beldades, que se tomavam adres de belea nacional. blico acorria ara ver nos como S0, que tinha como frequentadores personalidades internacionais como Freddie alcos as mais belas vedetes do aís, que se eibiam em rouas Mercury Segundo eo obo (STEFFEN, 2013): “o HS começou a dar uma coisa mais sumárias, dançando em meio a cenários luuosos que incluíam fontes luminosas tudo ao som de randes orquestras.

Nostro Mondo, inclusive, permaneceu aberta por 3 anos, encerrando suas atividades em 201 No 1 ndrea foi uma fiura imortante em toda cena dratransformistatravesti brasileira. Ela não aenas entanto, a partir da dcada de 10 os shos á no era eram protagoniados pelas drag queens, mas por era dona de uma das casas de sho mais icnicas de São aulo, como interou a bancada do ri do gogo boys e atores porn Fonte httpbitly2mN3ss rorama do rorama do Silvio Santos e interretou o ael de uma travesti no bemsucedido musical nteriormente, um advogado chamado Clvis ieira, que deiou para trás toda sua vida em busca do de hico uarque, o no, insirado na os ts intns (TESN, 2000, .2). sonho de se tornar uma mulher empreendedora 2 Teatro de revista um nero teatral comosto de nmeros falados, musicais e coreoráficos. Tem 0 boate se tornou to notria que aparecia no Spartacus, um guia de viagem gay internacional publicado como base a aródia e o humor e fa uso eaerado das vedetes (bailarinas desse tio de esetáculo) anualmente desde 10 e referncia mundial no turismo gay vestidas semre cheias de lumas e aets.

os anos 190, das seis peças de teatro de reista ue estaam em cartaz no io de aneiro, uatro eram protagonizadas por transormistas (EVS, 2000). Como conseuncia dessa notoriedade, algumas transormistas conuistaram reconhecimento. ogria ganharia o rou Mambembe, concedido pelo nstituto acional de rtes Cnicas, como reelação de atriz por seu trabalho em Desemesado, de rioaldo Matos ndra de Mao interpretou uma traesti em A pera do alandro, de Chico uarue Claudia onder atuou na ersão teatral de Nossa Senora das lores de ean enet, bem como em omem e o avalo de sald de ndrade (reisan, 201). Essa abertura do cenrio musical e teatral brasileiro acabou sendo uma das maiores inluncias para ue o transormismo pudesse aos poucos ganhar pblico nas casas noturnas para, no im dos anos 190, inalmente chegar teleisão.

programa So de alouros, no ar a partir de 19 no S, criou uma categoria especica para essa perormance. concurso das transormistas irou, então, um dos maiores destaues do programa. omes como o de Eric arreto, um transormista ue interpretaa uma personagem chamada iana Fins ue azia imitaçes de rias artistas do mundo da msica se tornaram clebres. o caso de Eric, sua personiicação de Carmen Miranda, tão realstica, chegou a lhe render o protagonismo no ilme armen iranda ananas is m usiness (199), por indicação da prpria irmã de Carmen Miranda, elena Solberg.

Em suas perormances em plena V aberta brasileira, Eric, muitas ezes, realizaa apresentaçes ue se iniciaam com ele dentro dos padres de um homem heterosseual, sorendo uma transormação em pleno palco, tendo como pice a eibição de uma igura eminina. o som de a Du Soleil Sur aris de ine enaud, por eemplo, Eric aparecia no palco estindo um smoing e, durante sua interpretação, ele aplicaa mauiagem, despindose das roupas “masculinas”, e transformavase em uma euberante mulher.

m eemplo a peça escatolgica protagonizada por aura de Vison, uma drag ueen estacolgica e gorda ue se inspiraa no personagem iine (uma drag ueen americana progatonista de ilmes de ain aters) para realizar suas perormances. Vrias dessas perormances encontramse disponeis no ruio ransormistas em httpbit.l29an .

os anos 190, das seis peças de teatro de reista ue estaam em cartaz no io utra de suas performances marcantes uma em ue ric aparecia dulando e de aneiro, uatro eram protagonizadas por transormistas (EVS, 2000). Como vestido como um omem militar, carreando uma andeira da rentina e ostentando conseuncia dessa notoriedade, algumas transormistas conuistaram iode e outros sinos masculinos, at ue, em certo momento da performance, a reconhecimento. ogria ganharia o rou Mambembe, concedido pelo nstituto andeira virava um lono tecido ue o coria por inteiro, permitindoo se transformar acional de rtes Cnicas, como reelação de atriz por seu trabalho em em uma muler em poucos instantes Desemesado, de rioaldo Matos ndra de Mao interpretou uma traesti em A ric, inclusive, se colocava como um ancrio transformista e utiliava as pera do alandro, de Chico uarue Claudia onder atuou na ersão teatral de peuenas aerturas miditicas para colocar as pautas das transformistas, como nessa Nossa Senora das lores de ean enet, bem como em omem e o avalo de sald performance realiada no rorama da ee no em ue ele fala de ndrade (reisan, 201). Essa abertura do cenrio musical e teatral brasileiro muito lindo, de repente, voc arir esse canal pra ente orue a acabou sendo uma das maiores inluncias para ue o transormismo pudesse aos ente traala tanto tempo, tantos anos muito difcil a poucos ganhar pblico nas casas noturnas para, no im dos anos 190, inalmente chegar ente uerar esse estima, essa arreira, sae ue proe o transformista, pessoas fantsticas, de ocupar um espao desses a nvel teleisão. nacional

programa So de alouros, no ar a partir de 19 no S, criou uma categoria mais interessante ue isso tudo ocorria perante salvas de palmas de um especica para essa perormance. concurso das transormistas irou, então, um dos auditrio ipnotiado pela ailidade do artista ssa plateia e essa audincia eram maiores destaues do programa. omes como o de Eric arreto, um transormista ue compostas maoritariamente por muleres eterosseuais interessadas nessas interpretaa uma personagem chamada iana Fins ue azia imitaçes de rias performances o rorama do Silvio Sanos, por eemplo, eram elas ue viravam, artistas do mundo da msica se tornaram clebres. o caso de Eric, sua personiicação torciam e votavam nas concorrentes, visto o prorama ter uma dinmica de competio de Carmen Miranda, tão realstica, chegou a lhe render o protagonismo no ilme armen entre as dra ueens, reconecendo esses indivduos como artistas admirveis iranda ananas is m usiness (199), por indicação da prpria irmã de Carmen sse reconecimento artstico no se refletia na preocupao com esses artistas, Miranda, elena Solberg. visto ue nenuma palavra era dita sore os sumios repentinos da televiso, ue Em suas perormances em plena V aberta brasileira, Eric, muitas ezes, realizaa muitas delas adoeciam e morriam por conta das doenas associadas ao sso tudo, apresentaçes ue se iniciaam com ele dentro dos padres de um homem claro, ocorria em plena poca de caa s travestis, movidas pelo pnico da ids, em heterosseual, sorendo uma transormação em pleno palco, tendo como pice a ue avia um pensamento astante popular de ue matar travestis impediria ue eles eibição de uma igura eminina. o som de a Du Soleil Sur aris de ine enaud, por disseminassem ids eemplo, Eric aparecia no palco estindo um smoing e, durante sua interpretação, ele mdia rasileira sempre tratou os s, especialmente as transformistas e as aplicaa mauiagem, despindose das roupas “masculinas”, e transformavase em uma dra ueens, com amiuidade – ora rindo delas, ora permitindo certas recas euberante mulher. ensemos, por eemplo, na fiura de ore afond, uma ica preta ue faia um sucesso travestido de muler era ero m seus esuetes em A raa Nossa ,

m eemplo a peça escatolgica protagonizada por aura de Vison, uma drag ueen estacolgica e era ero era sempre onada, umilada, armava um arraco em resposta, deiava gorda ue se inspiraa no personagem iine (uma drag ueen americana progatonista de ilmes de ain aters) para realizar suas perormances. Vrias dessas perormances encontramse disponeis no ruio ransormistas em isponvel em ttpitlcrt httpbit.l29an . apresentao e a fala de ric podem ser vistas em ttpitlfp

o maia

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So de Variedades Novo So de alouros

riscila a aina do Desero mainsream ara on oo riada por udo ulie Nemar

andoleiro Amrica do Sul

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So de Variedades

Novo So de alouros

riscila a aina do Desero mainsream ara on oo riada por udo ulie Nemar aecaelo

andoleiro Amrica do Sul tagem “Bate ponta, bate cabelo: a curta e explosiva trajetória da drag queen Márcia Pantera no vôlei profissional” de Peu Araújo para a Vice:

Mesmo isso no foi suficiente para manter as drag queens como pilares da noite A cultura drag passou, como em perodos mais remotos, a existir em espaos mais perifricos, menos glamorosos e frequentados por uma gama menor de público ua valoriao artstica foi diminuindo, e, mesmo nos grandes centros, poucas artistas prosseguiram com a performance drag ao longo da dcada seguinte

Mesmo isso no foi suficiente para manter as drag queens como pilares da noite 3. A MONTAÇÃO DO CORPO DRAG A cultura drag passou, como em perodos mais remotos, a existir em espaos mais perifricos, menos glamorosos e frequentados por uma gama menor de público ua 3.1 Fechações: aproximações de uma definição drag valoriao artstica foi diminuindo, e, mesmo nos grandes centros, poucas artistas ato de definir um ato de excluso uma ao que restringe, diminui, cerca prosseguiram com a performance drag ao longo da dcada seguinte e aprisiona pessoas, objetos e conceitos o entanto, conceituar tambm pode ser um mal necessário, pois, por meio das definies, podemos repensar, recriar, redefinir e facilitar um constante aprendiado que permite observar mudanas e evolues sobre o que nos debruamos

iente de que todas as conceituaes funcionam como generaliaes e, por sua ve, todas as generaliaes so excludentes a partir de um olar particular, falo a partir de uma perspectiva istórica, a fim de compreender o movimento da cultura drag como um objeto em evoluo e a performance drag tem a possibilidade de contribuir com a expanso das vises sobre as possibilidades de sexualidade e de gnero atravs da exibio corpórea de outros modelos de identidade, delimitar seu universo podar uma de suas maiores caractersticas: a de no se moldar, se adaptar, se ajustar ou condier com qualquer definio

ocialmente, a viso simplista e igieniada que se prega na contemporaneidade é a de que drag queens seriam “homens (gays ou não) que fazem uso de elementos femininos para criar a ilusão de uma mulher”. De imediato podemos descartar esse tipo de afirmao Primeiramente, a ideia de que so necessariamente omens a desempenarem esse papel já seria excludente de outras identidades de gnero

Em segundo lugar, “elementos femininos” é uma afirmao a ser repensada, já que cada ve mais se entende que os universos masculino e feminino so constructos artificiais desenvolvidos e expandidos pelo mbito cultural e impostos socialmente B, A cena dos clu ids uma perfeita demonstrao de que drag, no apenas oje, está muito alm apenas das questes de gnero

Alguns preciosistas se prendem suposta etimologia saespeareana da palavra, colocando drag – dressed as a irl – como uma performance que só pode ser realiada por omens se vestindo de muleres ou muleres se travestindo de omens Mesmo que possamos apreender tal afirmao, toda lngua viva e vai criando novos contornos e significados que ultrapassam seus sentidos originais. Drag não é apenas um termo, mas um moimento.

perceptel o receio dos autores contemporneos em misturar a questão da performance dragtransformista com questes de gnero. Essa demanda em na esteira de um pensamento heterosseualizado e compartimentado que, no intuito de colocar as drag queens como sueitos de alor artstico, intentam desliglas de suas intersees de profundidade de gnero.

Aqui, vamos transpassar as discussões sobre a drag “tradicional” pertencente à cultura , tendo em ista que ela foi eaustiamente discutida e reiterada desde os traalhos de utler () por diersos estudos acadmicos rasileiros. Estaremos atentos s particularidades dessas performances no mito nacional, nos contornos mais contemporneos e arangentes do conceito de drag. o fim, traaremos algumas caractersticas que perpassam grande parte dessas performances, o camp e o queer, trazendo ainda uma noa proposião, a do atrelamento das drags e de suas performances ao que reciado () chama de contrasseualidade.

3.2 A percepção tupiniquim de transformismo e performance drag

companhando discusses dentro de grupos organizados nas redes sociais, é notel que, em comparaão s concepes leantadas por aer (), a noão do que é e do que compe uma drag queen se alterou enormemente na ltima década. o rasil, especificamente, a concepão artstica de drag se mescla com elementos muito localizados, como a ideia do transformismo, do “show das travestis” nas boates e programas teleisios que engloam nessas atiidades pessoas que se identificam e entendem suas performances de maneiras ariadas ator transformista, atriz transformista, traesti, drag queen etc. (, ).

ssim, é costumeiro o emaralhamento das definies sore traestis, transeuais, transgneros, transformismo e drag queens, mesmo que seus oetios e motiaes possam ser de esferas distintas. Em primeiro lugar, é preciso entender que, em oposião grande parte dos traalhos que colocam essas performances apenas pela e significados que ultrapassam seus sentidos originais. Drag não é apenas um termo, sua perspectiva artstica, tanto a performance drag, quanto a performance mas um moimento. transformista, pode estar, sim, atrelada a questões de gnero

perceptel o receio dos autores contemporneos em misturar a questão da omo aponta ortolozzi , p, as identidades lsbica, ga, bisseual, performance dragtransformista com questes de gnero. Essa demanda em na esteira travesti, mulher transeual e homem transeual e outras possibilidades adquiriram nos de um pensamento heterosseualizado e compartimentado que, no intuito de colocar ltimos anos definiões mais estveis no vocabulrio poltico e terico ssas as drag queens como sueitos de alor artstico, intentam desliglas de suas intersees concepões, quando entrecruzadas com as definiões de sueitos engaados em de profundidade de gnero. traetrias artsticas, criam um amplo campo de indefiniões ainda em debate

Aqui, vamos transpassar as discussões sobre a drag “tradicional” pertencente à omo fala emon atheus ortolozzi em A Are ransormisa rasileira , cultura , tendo em ista que ela foi eaustiamente discutida e reiterada desde os a categoria travesti foi utilizada por dcadas no rasil como sinnimo da artista traalhos de utler () por diersos estudos acadmicos rasileiros. Estaremos transformista. Esse termo “guardachuva” abrangia diversas identidades de gênero atentos s particularidades dessas performances no mito nacional, nos contornos esse perodo, tanto homens que performavam pontualmente nas noites, quanto mais contemporneos e arangentes do conceito de drag. o fim, traaremos algumas pessoas trans e travestis que realizavam performances nas casas noturnas, eram todos caractersticas que perpassam grande parte dessas performances, o camp e o queer, entendidos como travestis ou transformistas Assim, esses termos, at o comeo da trazendo ainda uma noa proposião, a do atrelamento das drags e de suas dcada de , eram sinnimos e no tratavam diretamente sobre a epresso de performances ao que reciado () chama de contrasseualidade. gnero cotidiana

termo drag queen chega ao rasil em meados da dcada de e passou a

3.2 A percepção tupiniquim de transformismo e performance drag delimitar mais homens gas que performavam nas casas noturnas sso distanciou, em parte, a performance drag de identidades de gnero como das travestis e pessoas companhando discusses dentro de grupos organizados nas redes sociais, é trans omo conta a drag capiaba Andria imon AAA, , p notel que, em comparaão s concepes leantadas por aer (), a noão do que é e do que compe uma drag queen se alterou enormemente na ltima década. o A Andria a Andria u sou imo uando eu estou transformado em Andria, eu no eisto o sou eu uma outra personalidade, rasil, especificamente, a concepão artstica de drag se mescla com elementos muito uma outra pessoa As pessoas tm dificuldade de me reconhecer na localizados, como a ideia do transformismo, do “show das travestis” nas boates e rua porque eu no permito que a minha identidade tenha qualquer programas teleisios que engloam nessas atiidades pessoas que se identificam e O termo “identidade de gênero” trata do entendimento que uma pessoa tem de si, identificandose como homem, mulher ou identidades no binrias, uma possibilidade que no se enquadra em nenhuma entendem suas performances de maneiras ariadas ator transformista, atriz das polaridades homemmulher A epresso de gnero se refere ao conunto de vestimentas e comportamentos pelos quais uma pessoa transformista, traesti, drag queen etc. (, ). eterioriza seu gnero homem, mulher e no binrio que pode, ou no, refletir sua identidade de gnero u sea, a identidade como a pessoa se sente, enquanto a epresso como a pessoa se coloca ssim, é costumeiro o emaralhamento das definies sore traestis, no mundo , inclusive, uma enorme discusso acerca da diferenciao da identidade travesti das identidades transeuais, transgneros, transformismo e drag queens, mesmo que seus oetios e trans ara alguns, a diferena se d no convvio harmnico das travestis com traos masculinos, enquanto as identidades trans buscariam uma transformao mais completa para o gnero com o qual se motiaes possam ser de esferas distintas. Em primeiro lugar, é preciso entender que, identificam ara outros estudiosos e portavozes, essas questões esto mais ligadas a marcadores sociais em oposião grande parte dos traalhos que colocam essas performances apenas pela de raa e classe social sse pensamento afirma que, em linhas gerais, as travestis seriam pessoas trans mais marginalizadas, sem condiões financeiras de realizar as modificaões corporais que deseariam e tambm estariam ligadas à viso social da prostituio unnime, contudo, a viso de que a transgenitalizao no se coloca como um fator de diferenciao dessas identidades

tipo de infuência na personaidade de ndria. Eu tento manter as coisas separadas, tanto que minha me passava do meu ado e ea no me reconhecia. Ea s veio a ter essa noo das personaidades quando ea comeou a ver eu me arrumando e notar o processo dessa transformao.

t ento, as artistas performticas de gênero eram entendidas como transformistas e travestis. iferentemente da viso de revisan , adeha , p., em uma tentativa de diferenciar a performance das transformistas em reao a performance drag, afirma que a diferena basiar entre o transformismo e a performance drag seriam suas diferentes inguagens artsticas. ara o autor, a composio corprea de uma drag queen vai am do simpes uso de signos femininos, ou sea, as drags agregariam eementos no naturais ao corpo feminino construdo, enquanto a performance transformista estaria mais apoiada em arquétipos “da mulher” obetivando, em sua composio, uma iuso feminina mais reaista.

uando aponto que essas esferas se distanciaram, no descarto a possibiidade de tambm estarem atreadas. autoidentificao como drag queen pode conviver com a autoidentificao como travesti ou transeua. uitas pessoas trans performam como drag queens, assim como muheres heterosseuais, bisseuais e sbicas, visto que a epresso artstica drag vai am da composio fidedigna de uma muher ou da utilização de “elementos femininos”.

Essas reaes traadas at aqui podem ser ainda mais compeas. faa de Andressa de Lavietein, uma das transformistas da “velhaguarda” capixaba, que se epressa corporamente como homem, sintomtica das compeidades dos determinismos terminológicos: “a minha performance como transformista era o meio de vivenciar a minha transexualidade”.

ndressa conta que, mesmo se entendendo como uma pessoa trans, preferiu se epressar como homem para no sofrer as restries que as travestis sofriam e poder gagar mehores condies de vida e de empregabiidade. oram essas performances que permitiram que ea se reaiasse e se epressasse sem amarras. ua performance transformista servia como vvua de escape s imposies sociais s quais ea preferiu se adaptar. tipo de infuência na personaidade de ndria. Eu tento manter as As falas de Andréxia e de Andressa mostram que as motivaçes para a montação coisas separadas, tanto que minha me passava do meu ado e ea no me reconhecia. Ea s veio a ter essa noo das personaidades quando podem ser plurais e englobar esses diversos caminhos. izer que essas performances ea comeou a ver eu me arrumando e notar o processo dessa possuem sempre a mesma finalidade seria errneo. transformao.

t ento, as artistas performticas de gênero eram entendidas como m uma tentativa de diferenciar essas performances, as entrevistadas transformistas e travestis. iferentemente da viso de revisan , adeha , apontaram uma caracterstica principal: o transformismo e a performance drag seriam p., em uma tentativa de diferenciar a performance das transformistas em reao a duas diferentes linguagens artsticas. A performance transformista vislumbraria uma performance drag, afirma que a diferena basiar entre o transformismo e a feminidade palpvel em uma busca artstica de performar como vedetes em grandes performance drag seriam suas diferentes inguagens artsticas. ara o autor, a produçes teatrais eou de realizar dublagens em nmeros musicais. uando composio corprea de uma drag queen vai am do simpes uso de signos femininos, observados os relatos e imagens da época, é possvel perceber que a maior parte das ou sea, as drags agregariam eementos no naturais ao corpo feminino construdo, transformistas se tornavam verdadeiras beldades, assumindo ao mximo as formas enquanto a performance transformista estaria mais apoiada em arquétipos “da mulher” socialmente esperadas de uma mulher. obetivando, em sua composio, uma iuso feminina mais reaista. a performance drag teria um carter mais surreal, absurdo e fantstico. la

uando aponto que essas esferas se distanciaram, no descarto a possibiidade trata, em grande parte, de parecer com o outro sexo, mas de ser tudo ao mesmo tempo, de tambm estarem atreadas. autoidentificao como drag queen pode conviver com uma sntese, um corpo hbrido repleto de possibilidades. la intenta, por meio da criação a autoidentificao como travesti ou transeua. uitas pessoas trans performam como artificial do corpo, mostrar os mecanismos de repressão, brincando, fugindo das regras, drag queens, assim como muheres heterosseuais, bisseuais e sbicas, visto que a não se adequando propositadamente ao que se é esperado. epresso artstica drag vai am da composio fidedigna de uma muher ou da A performance drag é uma brincadeira séria em que o corpo se mistura arte. utilização de “elementos femininos”. iferentemente da performance transformista realstica, a montação drag pode conter

Essas reaes traadas at aqui podem ser ainda mais compeas. faa de nuances animalescas, performar como um cirborgue, ter asas, ser uma esttua grega e Andressa de Lavietein, uma das transformistas da “velhaguarda” capixaba, que se tudo mais que a imaginação permitir. as palavras de uaul, uma das drag queens mais epressa corporamente como homem, sintomtica das compeidades dos famosas no mundo e apresentadora do primeiro realit sho composto inteiramente determinismos terminológicos: “a minha performance como transformista era o meio por drag queens, o RuPaul’s Drag Race: “Eu não penso que eu poderia nunca me de vivenciar a minha transexualidade”. assemelhar a uma mulher. las não se vestem desta forma. omente drag queens se vestem assim”. ndressa conta que, mesmo se entendendo como uma pessoa trans, preferiu se epressar como homem para no sofrer as restries que as travestis sofriam e poder u sea, enquanto as transformistas visavam, em geral, uma performance um gagar mehores condies de vida e de empregabiidade. oram essas performances pouco mais realista da corporeidade de uma mulher, a performance drag, por outro que permitiram que ea se reaiasse e se epressasse sem amarras. ua performance lado, estaria na exacerbação da exploração do polo oposto do sistema de gnero ou, transformista servia como vvua de escape s imposies sociais s quais ea preferiu no caso das mulheres drags, na exacerbação do mesmo polo com um obetivo artstico se adaptar. ou de expressão momentnea desse gnero.

odavia se reetirmos a respeito da visuaidade de saeita dos atins aler eg de ore mar esias personaem criado nos anos – e portanto anterior importaão do termo que intentaria separar transormistas e dra queens – ou mesmo sore as apresentaes de Eric arreto amoso peas perormances de transormismo em proramas de teevisão em que se apresentava metade omem metade muer vemos que essa dierenciaão não rida.

sso ocorre especiamente porque a cutura dra em certos pontos do oo eistia e traia inuncias dentro da cutura transormista. prpria saeita por eempo reaiava viaens para a Europa sendo a cutura dra presente em pases como oanda e naterra. rova disso o ato de o eore vocaista da anda inesa ulure lu ter sido demitido de sua primeira anda em meados de pois seu empresrio acava que ee eventuamente se montaria como uma dra aparecendo de vestido em suas apresentaes.

a mesma maneira se oservarmos a perormance dra na atuaidade a imitaão idedina da iura eminina eiste e est enoada como uma perormance dra queen. incusive um termo e uma sementaão especica para esse tipo de performance, “s”, que fala sobre o nível de feminilidade que a drag queen apresenta em sua montaão.

ara am disso no rasi a cutura dra aparece tamm em uma virada na cena musica. t então as perormances inspiradas em randes divas eram reaiadas peas transormistas por meio de duaens teatraiadas e perormticas que evavam o pico aos apausos ou s rimas. om o tempo a msica eetrnica ana espao e passa a reinar nas oates modiicando o estio das perormances mais atreadas a um estio de dana aressivo e rentico. ssim nasce o atecaeo um estio de dana perormado peas dras em que as perucas iram o mais rpido possve em movimentos circuares.

evouão das terminooias e a mudana da mentaidade sore os termos provocou mudanas contundentes no entendimento dessas perormances peos prprios artistas. urante as entrevistas vrias transormistas reataram se identiicar tamm como travestis.

odavia se reetirmos a respeito da visuaidade de saeita dos atins aler eg mesmo no aconteceu nas entrevistas com as ovens drag queens nenuma de ore mar esias personaem criado nos anos – e portanto anterior relatou o sentimento transeual como fator determinante para suas performances m importaão do termo que intentaria separar transormistas e dra queens – ou mesmo linas gerais, travestis e transeuais se entendem como muleres e se epressam dessa sore as apresentaes de Eric arreto amoso peas perormances de transormismo forma cotidianamente, enquanto as drag queens possuem um seo que independe da em proramas de teevisão em que se apresentava metade omem metade muer epressividade que vai ser colocada a partir da montao, sendo sua realiao vemos que essa dierenciaão não rida. geralmente motivada por questes artísticas e políticas

sso ocorre especiamente porque a cutura dra em certos pontos do oo cultura drag vem, de certo modo, de uma erana da cultura espetacular eistia e traia inuncias dentro da cutura transormista. prpria saeita por teatral o entanto, o foco de nossa discusso no a drag como categoria do teatro, eempo reaiava viaens para a Europa sendo a cutura dra presente em pases como geralmente imersa de comicidade, performada por omens eterosseuais e com oanda e naterra. rova disso o ato de o eore vocaista da anda inesa presena garantida no entretenimento pelo apelo umorístico que sua presena suscita ulure lu ter sido demitido de sua primeira anda em meados de pois seu qui, interessanos falar da drag queen ligada culturalmente omosseualidade empresrio acava que ee eventuamente se montaria como uma dra aparecendo de mesmo que realiada por pessoas eterosseuais que tem o gnero como pauta de vestido em suas apresentaes. um discurso eposto pelo corpo

a mesma maneira se oservarmos a perormance dra na atuaidade a transformismo e a performance drag brasileira foram contínuos e, portanto, imitaão idedina da iura eminina eiste e est enoada como uma perormance possuem refleos uns nos outros mbos tratam de uma performance de gnero dra queen. incusive um termo e uma sementaão especica para esse tipo de realiada por meio da montao ompreendendo as duas performances como arte, performance, “s”, que fala sobre o nível de feminilidade que a drag queen apresenta podese afirmar que nenuma epresso artística est vinculada a um gnero ou em sua montaão. seualidade de origem rte no tem seo lis, nem a iluso feminina contemporaneamente uma prerrogativa para drag queen ara am disso no rasi a cutura dra aparece tamm em uma virada na cena musica. t então as perormances inspiradas em randes divas eram reaiadas peas transormistas por meio de duaens teatraiadas e perormticas que evavam o 3.3 Drag kings, mulheres drag e outras possibilidades pico aos apausos ou s rimas. om o tempo a msica eetrnica ana espao e performance drag, ao longo da ltima dcada, se epandiu e criou inmeras passa a reinar nas oates modiicando o estio das perormances mais atreadas a um variaes e categorias de performance e de epresso rag queens barbadas, peludas, estio de dana aressivo e rentico. ssim nasce o atecaeo um estio de dana andrginas, drag ings muleres performando omens, etc, so figuras cada ve mais perormado peas dras em que as perucas iram o mais rpido possve em movimentos presentes na noite circuares. mais emblemtica dessas incorporaes a das muleres como parte legítima evouão das terminooias e a mudana da mentaidade sore os termos dessa cultura performance drag realiada por muleres se d o nome au uees ou provocou mudanas contundentes no entendimento dessas perormances peos muleres drags las se utiliam dos mesmos elementos da drag convencional prprios artistas. urante as entrevistas vrias transormistas reataram se identiicar eacerbam os traos do rosto e a vestimenta e agregam o estilo ocoso típico da tamm como travestis. performance drag

ua incorporao, no entanto, vem acompanada de certa resistncia m grupos de discusso sobre RuPaul’s Drag Race no aceboo, por eemplo, podese notar um constante questionamento sobre o fato de mulheres “poderem ou não” serem drag queens otase, sem dvida, certa misoginia nessas afirmaes, visto que os omens, mais uma ve, poderiam tomar para si o que deseam, no caso, os elementos “femininos” para compor uma performance, enquanto deslegitimam a utiliao desses mesmos elementos por muleres

argumento mais utiliado pelos participantes desses grupos o de que a performance drag tem como base a eplorao do polo oposto ssim, s seriam “legítimas” as performances drag queen performance feminina a partir de um corpo masculino e drag ing performance masculina a partir de um corpo masculino o entanto, como aponta aer , desde sempre a performance drag atrelada ao eagero, a levar a afetao a outro nível que etrapole sua definio como omens ou muleres

u sea, a performance drag um almmuler, em que as mesmas possuem total possibilidade de criar essas iluses, de denunciar opresses de gnero e de padres estticos esperados lm disso, grande parte das performances drag no so realiadas tendo como base a transformao no polo oposto do sistema de gnero androginia, inclusive, uma das mais marcantes características dessa cultura

odemos, inclusive, entender a performance de uma muler drag como ainda mais potente no âmbito desregulação das noções “fixas” de gênero na perspectiva que, muitas delas, podem se passar por omens travestidos u sea, a ampliao da prtica drag a partir de corpos de muleres tem o potencial de transformar a visualidade drag ainda mais desestabiliadora, tendo em vista que o pblico dessas performances passaria a no compreender, priori, a materialidade do corpo o qual a drag foi construída m entrevista ao , ernanda quino, uma muler drag lsbica, conta

ma das maiores comunidades sobre o programa no Brasil é o grupo This is not RuPaul’s best friends race group com mais de mil integrantes ttpbitlq preciso destacar, no entanto, que a performance drag tambm pode servir como reafirmadora tanto das categorias de gnero, quanto das epectativas estticas a partir do momento em que busca uma representao fidedigna e realística sem um obetivo satírico, debocado ou irnico em sua composio isponível em ttpsglobomfa

ua incorporao, no entanto, vem acompanada de certa resistncia m quando comecei a sair montada, começou a dar um n na cabeça da minha mãe Porque ela não estava lidando bem com grupos de discusso sobre RuPaul’s Drag Race no aceboo, por eemplo, podese o fato de eu ser lésbica, masculina, e aí, do nada, ela me vê notar um constante questionamento sobre o fato de mulheres “poderem ou não” serem performando uma feminilidade muito forte la chegou a falar que eu ia começar a me prostituir, misturar as coisas as hoe drag queens otase, sem dvida, certa misoginia nessas afirmaes, visto que os em dia ela entende que não tem a ver com gênero nem com a omens, mais uma ve, poderiam tomar para si o que deseam, no caso, os elementos sexualidade

“femininos” para compor uma performance, enquanto deslegitimam a utiliao desses sso aponta o carter libertrio de sexualidade e gênero que essas performances mesmos elementos por muleres podem proporcionar pluralidade dos corpos pelos quais se constroem os corpos drag

argumento mais utiliado pelos participantes desses grupos o de que a contemporâneos podem potencialiam a denncia do carter de construção de gênero performance drag tem como base a eplorao do polo oposto ssim, s seriam artificial gerado pelo uso dos signos da feminilidademasculinidade e mulheres e “legítimas” as performances drag queen performance feminina a partir de um corpo homens fiessem drag na mesma proporção, como definiríamos quem é o que e masculino e drag ing performance masculina a partir de um corpo masculino o homens e mulheres fierem drag ings, exaltando as formas tradicionalmente entanto, como aponta aer , desde sempre a performance drag atrelada ao conhecidas como masculinas, como definir o gênero original daqueles indivíduos eagero, a levar a afetao a outro nível que etrapole sua definio como omens ou a contramão desse pensamento, muitos participantes do grupo de aceboo muleres citado criticavam as performances realiadas por mulheres utiliando como prerrogativa

u sea, a performance drag um almmuler, em que as mesmas possuem que a construção da mulher drag seria apenas um uso exagerado da maquiagem total possibilidade de criar essas iluses, de denunciar opresses de gnero e de padres umentar e criar um novo contorno para a boca, mudar a direção e o formato da estticos esperados lm disso, grande parte das performances drag no so sobrancelha, afinar o nari, delinear as maçãs do rosto, etc seriam meras aplicações em realiadas tendo como base a transformao no polo oposto do sistema de gnero um rosto já “feminino”, sem “realmente” alteraram. androginia, inclusive, uma das mais marcantes características dessa cultura ontudo, ao faerem essas modificações as mulheres passam a denunciar o

odemos, inclusive, entender a performance de uma muler drag como ainda exato mesmo que os homens em drag ssas performances não servem apenas para mais potente no âmbito desregulação das noções “fixas” de gênero na perspectiva que, realocar os universos masculinofeminino, mas também, como forma de denunciar a muitas delas, podem se passar por omens travestidos u sea, a ampliao da prtica opressão sofrida pelas mulheres sobre as características esperadas em seus corpos e drag a partir de corpos de muleres tem o potencial de transformar a visualidade drag as mulheres recriam os contornos da boca, transbordando os lbios de maneira ainda mais desestabiliadora, tendo em vista que o pblico dessas performances grotesca, elas podem criticar as imposições sobre a idealiação dos lbios grandes e passaria a no compreender, priori, a materialidade do corpo o qual a drag foi carnudos, da mesma forma como o afinamento do nari através do uso da maquiagem construída m entrevista ao , ernanda quino, uma muler drag lsbica, conta pode demonstrar a crítica idealiação do nari fino deseado

Para além do comparativo entre essas performances, a drag protagoniada por

ma das maiores comunidades sobre o programa no Brasil é o grupo This is not RuPaul’s best friends mulheres também possui características próprias. Como visto na reportagem “ee race group com mais de mil integrantes ttpbitlq London’s Female Queens” da VICE, as la uees de ondres faem o uso do drag preciso destacar, no entanto, que a performance drag tambm pode servir como reafirmadora tanto das categorias de gnero, quanto das epectativas estticas a partir do momento em que busca uma representao fidedigna e realística sem um obetivo satírico, debocado ou irnico em sua composio isponível em ttpsglobomfa isponível em httpbitlsh como forma de se libertarem no apenas dos estigmas femininos, como também dos homens. caracteriao como drag funciona como fator de repulsa masculina, pois afastam os homens ue se confundem sobre o gnero e a seualidade daueles indivíduos. Essas performances vm ganhando espaos nas festas temáticas e nas apresentaes em boates por todo rasil. á, inclusive, um coletivo nacional composto apenas por mulheres intitulado o Queens ue se denominam drag ueens.

o final, seja como forem as interpretaes, as mulheres, como sempre ocorreu no percurso histórico, demarcaram seu espao e, independentemente das conceituaes criadas ou dissonncias de discurso, lá permanecero. o século I discutir o ue pode ou no faer uma mulher, é caminhar na contramo do mundo.

preciso lembrar, também, ue o espao da performance drag sempre foi dado s mulheres transeuais e travestis. Como abordado, a performance transformista no rasil, era uma mescla dessas identidades sob um nico termo. a mesma maneira, as drag ueens protagonistas das revoltas de toneall podem ser consideradas, para muitos, mulheres trans, tendo em vista ue as delimitaes desses universos eram escassas e as terminologias, ineistentes. ssim, o ue se discute, na verdade, é a incorporao de mulheres cis, tendo em vista ue as mulheres trans já faem parte desse processo há bastante tempo.

esmo ue menos eplorada, há também performances drag englobam o sentido contrário do binarismo de gnero, ou seja, a performatividade de uma masculinidade eacerbada ou mesclada com elementos femininos. Esse universo é conhecido como drag ings, ou seja, mulheres ue utiliam signos masculinos na construo de um corpo híbrido onde o pontapé inicial é o corpo feminino. m eemplo claro desse tipo de performance é o ale eo o Calderone de ad aga, performado durante do .

Essa eplorao da masculinidade drag nos corpos é algo cada ve mais presente. iguras constantes na noite, as drag ueens barbadas e peludas se proliferam. m eemplo midiático conhecido é Conchita rust, vencedora do Eurovision ong Contest,

grupo pode ser acompanhado em httpbit.lv . m eemplo de drag ing é pie Van e httpbit.lCI . como forma de se libertarem no apenas dos estigmas femininos, como também dos uma competio musical de países Europeus, em . o som da msica ise lie a homens. caracteriao como drag funciona como fator de repulsa masculina, pois hoeni, Conchita utiliou um vestido longo e vermelho, ao mesmo tempo ue uma afastam os homens ue se confundem sobre o gnero e a seualidade daueles mauiagem aos olhos e também na barba, para escurecela. indivíduos. Essas performances vm ganhando espaos nas festas temáticas e nas á, inclusive, um programa protagoniado apenas por visualidades drags mais apresentaes em boates por todo rasil. á, inclusive, um coletivo nacional composto contestadoras, o ragula. ele, as mais diversas corporeidades se encontram apenas por mulheres intitulado o Queens ue se denominam drag ueens. presentes e apresentam de maneira nítida as mesclas de corpos masculinos e femininos o final, seja como forem as interpretaes, as mulheres, como sempre ocorreu na montao drag. Em ragula, isso é elevado potncia com apresentaes no percurso histórico, demarcaram seu espao e, independentemente das escatológicas e biarras, já ue o programa se prope a mistura da arte drag com os conceituaes criadas ou dissonncias de discurso, lá permanecero. o século I filmes de horror e a fico científica. discutir o ue pode ou no faer uma mulher, é caminhar na contramo do mundo. Como aponta ragana , mesmo dentro da cena drag convencional, ou preciso lembrar, também, ue o espao da performance drag sempre foi dado seja, das drag ueens performadas por homens s, a cultura drag se modificou. s mulheres transeuais e travestis. Como abordado, a performance transformista no Como falado, a nova cena musical acabou transformando a figura dos s como central rasil, era uma mescla dessas identidades sob um nico termo. a mesma maneira, as na noite, relegando as drags para espaos periféricos e marginaliados por todo país. drag ueens protagonistas das revoltas de toneall podem ser consideradas, para Como forma de adaptao e sobrevivncia, a cena drag jovem vem se realocando muitos, mulheres trans, tendo em vista ue as delimitaes desses universos eram também para o espao dos s. escassas e as terminologias, ineistentes. ssim, o ue se discute, na verdade, é a Em uma viso geral, a corporalidade drag e os estímulos ue elas criam em seus incorporao de mulheres cis, tendo em vista ue as mulheres trans já faem parte variados pblicos adeuam essas performances dentro de trs categorias teóricas o desse processo há bastante tempo. camp, o ueer – até ento constantemente eplorados nos trabalhos ue abordam essa esmo ue menos eplorada, há também performances drag englobam o temática – e a contrasseualidade. Essas categorias ajudam a compreender ue a sentido contrário do binarismo de gnero, ou seja, a performatividade de uma construo do corpo drag no se trata apenas de um recurso estético, mas também masculinidade eacerbada ou mesclada com elementos femininos. Esse universo é político. Vindo do pensamento estadunidense e europeu, essas características drag conhecido como drag ings, ou seja, mulheres ue utiliam signos masculinos na acompanham, até certo ponto, até a importao dessa estética nos anos e também construo de um corpo híbrido onde o pontapé inicial é o corpo feminino. m no final da década de . eemplo claro desse tipo de performance é o ale eo o Calderone de ad aga, performado durante do . 3.4 Se joga no camp, pintosa! Essa eplorao da masculinidade drag nos corpos é algo cada ve mais presente. m dos recursos mais atrelados performance drag é o ue podemos chamar iguras constantes na noite, as drag ueens barbadas e peludas se proliferam. m de “camp”. e uma parte a da performance drag é sua estética, o sujeito drag eemplo midiático conhecido é Conchita rust, vencedora do Eurovision ong Contest, e sua performance esto completamente atrelados esteticidade e artificialidade. Essa

grupo pode ser acompanhado em httpbit.lv . Essa apresentao pode ser vista em httpsbit.li . m eemplo de drag ing é pie Van e httpbit.lCI . primeira temporada do programa está disponível no ouube. forma artificial entrelaçada a certa teatralidade de expressão de si é o “camp” delineado e a amp

e eed e e e de e ed e e camp de d ee ee e e eddee de ee e dde d e e

de e e e e dee de e camp d e e e e edde d d e e ded de e camp e e ee dd de e d e e d dde e e e e e deeeee e d e e deede d d ed

camp e de ee d de e d ee e e e ee e e edde e d ee e ee e e d e e apud LOPES, 2002, p.7). Ele e se encontra conectado “ao divertimento, a uma seriedade e ee ee m edde ício, à incongruência” (SOUZA, 2014, p.3453).

ee ee ee ed d ee eeee de e d e de e ed e eee de d de de e ee e d e – d e e d eeee camp eede de e e e d e ee ee d e e

e d eee aa e eee e e d a a pa d 3 forma artificial entrelaçada a certa teatralidade de expressão de si é o “camp” delineado Ou sea, o camp é generoso e pretende divertir, não se aseando em e a amp ualificaçes do tipo omruim, onitofeio, entre outras antíteses do ulgamento estético comum (SOA 14 apud SOUZA, 2014, p.344). e eed e e e de e ed e e camp de d O camp é uma categoria ue estaelece mediaçes, transita entre oetos culturais e o conunto do social, é mutvel no decorrer do ee ee e e tempo e possui uma istria e uma concreção delimitveis, eddee de ee e dde constituindo um conunto de imagens e atitudes, ue por ora podemos camar não de uma tendência artística, um estilo, mas de um d e e imaginrio ue tem um papel singular e relevante (LOPES, 2002, p.7).

de e e e e dee de Ele gana força, principalmente, pelo fato dos recursos tradicionais ue e camp d e e e e edde permitem ultrapassar a seriedade convencional, a ironia e a stira, por exemplo, não d d e e ded possuírem a mesma potência atualmente, visto a uma sociedade supersaturada no ual de e camp e e ee dd de e a sensiilidade contempornea é educada. O camp introdu um novo modelo o artifício d e e d dde e e e e e como ideal, a teatralidade (SOA, 17, p.333). deeeee e d e e deede d d nspirada nas colocaçes sore um alto camp e um aixo camp de serood ed (154), Sontag (14) traça uma classificação sore o camp ingênuo e o delierado. O ingênuo, para a autora é mais praeroso e ocorre uando alguém ou um oeto possui camp e de ee d de e d ee a pretensão de ser sério, mas seu descomedimento acaa o tornando camp o e e e ee e e delierado é uando o sueito possui a intencionalidade camp desde sua concepção, edde e d ee como no caso das drag ueens. e ee e e d e e apud LOPES, 2002, p.7). Ele e se encontra conectado “ao divertimento, a uma seriedade Se para Sontag (14, nota n2) o camp é descompromissado e despolitiado72, e ee ee m edde nos aproximamos aui da noção de camp de enilson Lopes ue, no c a ício, à incongruência” (SOUZA, 2014, p.3453). amp (2002), aponta o fato dessa sensiilidade ser tamém política, especialmente uando ligado à omossexualidade ee ee ee ed d ee eeee de e d e de ormalmente um emaraço para a cultura ga psStoneall, o camp se tornou político, não s por sua marginalidade inicial, como cdigo e ed e eee de d de de e ee específico para pessoas isoladas, excluídas ou solitrias (LO, S. e d e – d e e d eeee 1993, 89/90), forma de sobrevivência, “num mundo dominado pelo gosto e interesses daqueles a quem se serve” (ROSS, A.: 1993, 62), um camp eede de e e e d “heroísmo de pessoas não chamadas a serem heróis” (CORE, P.: 14,15), até passar a ser utiliado em passeatas e manifestaçes de e ee ee d e e

72 preciso salientar ue Sontag (14) aponta o camp como apolítico, mas ue, no entanto, não compreende os oetos e pessoas camp dessa forma, visto ue a característica ou a percepção sore algo como camp não retira outras características inerentes à uestão. Assim, uma pessoa ou um oeto pode e d eee aa e eee e e d ter características políticas, no entanto, essas características não viriam unto à percepção do camp. Um a a pa d exemplo disso é o a discutido pela a autora na nota n 15. 6

militantes gas (EER, .: 199, 1), mas pela centralidade do afetivo (OPES, 2002, p. 18).

Se pensarmos nessa sensibilidade com resposta tendência normativa das sensibilidades, da esttica e do comportamento na sociedade contempornea, percebemos que o camp, especialmente quando atrelado a movimentos contraculturais, possui um carter etremamente político, mas que seus obetos ou performances intentam transparecer certa frivolidade e at superficialidade. O camp pode funcionar, então, como uma forma deliberada de se faer política sob um manto de futilidade aparente que corrói a ordem, torce valores e os denuncia atravs, inclusive, da conquista pela comicidade que o eagero pode provocar.

Sob esse ogo de eploraão da inadequaão, Sontag (196) e opes (2002) identificam uma estrita relaão entre o camp e a homosseualidade. Para opes (2002) o camp não essencialmente ga, ou mesmo pertence aos gas desde sua origem, mas se tornou parte de uma identidade homosseual no ltimo sculo.

Como comportamento, o camp pode ser comparado aos modos exagerados, “afetados”, de determinados homossexuais. Como questão esttica, estaria relacionado aos eageros do brega e no culto a certas cantoras da P e seus fãs (SOA, 201, p. 31).

Para enilson opes (2002, p.9899), mesmo com a crescente normaliaão do meio homosseual, h um rechaamento do camp. sso visível no ideal esttico e imagtico que valoria o macho ga em detrimento da bicha afeminada, sendo refleo do fato do camp trazer à tona a afetividade em uma sociedade que percebe “o declínio da heteronormatividade hegemnica, mudanas nos papis sociais, o desenvolvimento do movimento feminista, mas que, apesar de tudo, coloca o sentimentalismo ainda margem” (SOUZA, 2014, p. 3452).

essa perspectiva, o uso desse iderio pode ser considerado uma estratgia para os sueitos camp o que tange a homosseualidade, a sensibilidade camp não se concretia apenas como uma política, mas tambm um meio de sobrevivência, visto que muitas vees esses sueitos colocam suas pautas e seus questionamentos na construão artificial de comportamentos e de seus corpos, colocando suas pautas de maneira sutil ou escancarada, criando uma reaão de conquista ou de repulsa, a depender de quem olha. 6 5 militantes gas (EER, .: 199, 1), mas pela centralidade do afetivo Se para Sontag (1964, nota nª22) o “camp a arte que se prope seriamente, (OPES, 2002, p. 18). mas não pode ser levada totalmente a sério porque é ‘demais’”; entendemos que o Se pensarmos nessa sensibilidade com resposta tendência normativa das camp deliberado no se quer ser levado a srio, pois sua aparncia descompromissada sensibilidades, da esttica e do comportamento na sociedade contempornea, uma das maiores armas de conquista de espaos e de expanso das pautas as quais percebemos que o camp, especialmente quando atrelado a movimentos traz a estanque. sso visível na tomada miditica das drag queens contraculturais, possui um carter etremamente político, mas que seus obetos ou A assimilao simplificadora das drag queens no centro da indstria de performances intentam transparecer certa frivolidade e at superficialidade. O camp entretenimento, sea no cinema ou na televiso, sobretudo no que se pode funcionar, então, como uma forma deliberada de se faer política sob um manto refere ao humor custico e à fantasia de ambiguidade sexual (USC, C. 15), mesmo que sea tambm uma forma de se falar em de futilidade aparente que corrói a ordem, torce valores e os denuncia atravs, inclusive, transexualidade, ao invs de homossexualidade (, C. A. 11, 3), um exemplo bvio de circulao do camp para alm das da conquista pela comicidade que o eagero pode provocar. comunidades gas ... (OS, 2002, p.11).

Sob esse ogo de eploraão da inadequaão, Sontag (196) e opes (2002) o entanto, como coloca Souza (2014, p.345), mesmo que essa sensibilidade identificam uma estrita relaão entre o camp e a homosseualidade. Para opes (2002) tenha sido apropriada pela indstria comercial, o camp vai achar outras e novas o camp não essencialmente ga, ou mesmo pertence aos gas desde sua origem, mas maneiras de reagir, ao mesmo tempo, a favor e contra os gostos do pblico ou mesmo se tornou parte de uma identidade homosseual no ltimo sculo. criar novos e estranhos comportamentos, ignorando “o monopólio do refinamento”, como diria Sontag (SOUZA, 2014, p.345). Como comportamento, o camp pode ser comparado aos modos exagerados, “afetados”, de determinados homossexuais. Como questão esttica, estaria relacionado aos eageros do brega e no culto Se para Core (14, p.) as minorias muitas vezes possuem características a certas cantoras da P e seus fãs (SOA, 201, p. 31). inaceitveis à sociedade – “talento, pobreza, inconveniência física, anomalia sexual” – Para enilson opes (2002, p.9899), mesmo com a crescente normaliaão do que geram vulnerabilidade e risadas de todo mundo, o camp apresentase como uma meio homosseual, h um rechaamento do camp. sso visível no ideal esttico e maneira de camuflar essa humilhao com comportamentos quase to desviantes como imagtico que valoria o macho ga em detrimento da bicha afeminada, sendo refleo os que escondem (SOUZA, 2014). A performance camp, portanto, possui um segredo o do fato do camp trazer à tona a afetividade em uma sociedade que percebe “o declínio qual o sueito ironicamente quer esconder e evidenciar (CO, 14, p.). da heteronormatividade hegemnica, mudanas nos papis sociais, o desenvolvimento O camp tambm estaria atrelado à categoria de artifício (OS, 2002, p.104), do movimento feminista, mas que, apesar de tudo, coloca o sentimentalismo ainda no pensado como uma oposio ao real, mas um entrelugar que dissolve as categorias margem” (SOUZA, 2014, p. 3452). de real e irreal. As drag queens e o transformismo acabam sendo um dos sueitos mais essa perspectiva, o uso desse iderio pode ser considerado uma estratgia para aplicveis nessa ótica, em virtude de serem uma “subjetividade que prefere encarar o os sueitos camp o que tange a homosseualidade, a sensibilidade camp não se mundo como teatro, a vida enquanto transformao contínua, para alm de prises concretia apenas como uma política, mas tambm um meio de sobrevivência, visto que identitárias” (SOUZA, 2014, p.3453). muitas vees esses sueitos colocam suas pautas e seus questionamentos na construão ssa teatralizao no permite que as identidades se cristalizem, criando sueitos artificial de comportamentos e de seus corpos, colocando suas pautas de maneira sutil multifacetados. o prprio h críticas constantes a algumas participantes sobre ou escancarada, criando uma reaão de conquista ou de repulsa, a depender de quem certa coerncia em demasia nos loos e nas performances, sendo os urados sempre olha. 66 estimuladores de que esses alter egos criados estejam em constante fluxo relacional e de mudana estética, ou seja, que esses sujeitos estejam em uma emulaão constante, um devir contínuo.

O conceito de devir está atrelado a uma ideia de mudana constante, de estar nmade, em oposião ao Ser enquanto imutável. evir não é atingir uma forma através da imitaão, mas encontrar uma zona de indiscernibilidade ou de indiferenciaão. Um devir está sempre no meio, não é regido por exclusões como “ou homem ou mulher, ou criana ou adulto, ou humano ou inumano, ou orgnico ou inorgnico, é regido pela conjunão aditiva ser homem e ser mulher, ser criana e ser adulto, ser humano e ser inumano, ser orgânico e ser inorgânico” (S, 200, p. 359) ... evir seria traar para si novas singularidades a cada encontro, embarcar em linhas de fuga, desterritorializantes, que desestabilizam nossos hábitos. O devir acontece no encontro, não a partir de referências ou ideias prédeterminadas, fixas ou inabaláveis, mas uma transformaão mtua a partir da relaão com o outro (SOUZA, 2014, p.3456).

O aspecto dbio que o camp gera é, inclusive, um dos motivos para que as performances drags não sejam sempre entendidas como transgressoras (U, 201). Se os sujeitos queer se colocam, muitas vezes, a disposião do riso alheio, a performance que pode transparecer certa condescendência com o machismo e a misoginia, no entanto, demonstra que rir desses indivíduos é rir da própria condião domesticada sem, muitas vezes, racionalizar a questão. omo coloca opes (2002, p.6)

O camp “seria decorrente da condição de oprimido do homossexual, que torna possível que ele enxergue a natureza artificial de categorias sociais e a arbitrariedade dos padres de comportamento (AA, . 1990, 231), sem pretender a idealizaão que seria considerar o camp, sobretudo na sua associaão com travestimento, como basicamente transgressor (U, . 1993, 125 e 235), ao invés de valorizar sua situaão intervalar, corrosiva, para além da instabilizaão entre masculino e feminino.

Se através de sua performance camp as drags se aproximam do que ouro (2016, p.8) pontua como sujeito “da sexualidade desviante [...] um sujeito de pensar e de ser que desafia as normas regulatórias da ambiguidade, do entrelugares', do indecidível”, sendo, portanto, “um corpo estranho que incomoda, perturba, provoca e fascina”, as drag queens se apresentam, portanto, como um dos mais representativos sujeitos queer e sua corporeidade, performance e construão despontam junto outras 66 estimuladores de que esses alter egos criados estejam em constante fluxo relacional e performatividades de gneros ambíguas, como uma das mais desestabiliadoras das de mudana estética, ou seja, que esses sujeitos estejam em uma emulaão constante, noções normativas. um devir contínuo.

O conceito de devir está atrelado a uma ideia de mudana constante, 3.5 Dando coió na heteronormatividade: o queer de estar nmade, em oposião ao Ser enquanto imutável. evir não é atingir uma forma através da imitaão, mas encontrar uma zona de O termo “queer” outro um vocábulo pertencente à língua inglesa e que não indiscernibilidade ou de indiferenciaão. Um devir está sempre no meio, não é regido por exclusões como “ou homem ou mulher, ou possui uma correspondncia precisa em portugus. lgumas aproximações falam sobre criana ou adulto, ou humano ou inumano, ou orgnico ou inorgnico, “estranho”, “ridículo”, “excêntrico”, “raro”, “extraordinário” (LOURO, 2004, p. 38) ou é regido pela conjunão aditiva ser homem e ser mulher, ser criana e ser adulto, ser humano e ser inumano, ser orgânico e ser inorgânico” mesmo “abjeto”. De forma geral, podese compreender o termo como uma oposição ao (S, 200, p. 359) ... evir seria traar para si novas singularidades a cada encontro, embarcar em linhas de fuga, desterritorializantes, “normal” ou a normalização. É uma palavra comumente usada para se referir a gays, que desestabilizam nossos hábitos. O devir acontece no encontro, não lésbicas, travestis, transexuais e outras possibilidades de forma pejorativa em países a partir de referências ou ideias prédeterminadas, fixas ou inabaláveis, mas uma transformaão mtua a partir da relaão com o anglfonos e que contemporaneamente acabou sendo incorporada por parte dos outro (SOUZA, 2014, p.3456). movimentos acadmicos e ativistas) como forma de resistncia. essa maneira, O aspecto dbio que o camp gera é, inclusive, um dos motivos para que as “a palavra ‘queer’, que antes era proferida ou sussurrada como insulto, agora é performances drags não sejam sempre entendidas como transgressoras (U, 201). orgulhosamente reivindicada como marca de transgressão por pessoas que antes se Se os sujeitos queer se colocam, muitas vezes, a disposião do riso alheio, a performance chamavam a si mesmas de lésbicas e gays” (SPARGO, 2017, p.9). que pode transparecer certa condescendência com o machismo e a misoginia, no entro do campo acadmico, uma série de estudos – e estudiosos – acerca das entanto, demonstra que rir desses indivíduos é rir da própria condião domesticada sexualidades, desejos e gnero foram aglutinadas sob um campo de pensamento sem, muitas vezes, racionalizar a questão. omo coloca opes (2002, p.6) conhecido como eoria ueer. o entanto, esse campo não se configura estritamente O camp “seria decorrente da condição de oprimido do homossexual, como uma teoria una, mas uma rea multidisciplinar que tem como centralidade a que torna possível que ele enxergue a natureza artificial de categorias sociais e a arbitrariedade dos padres de comportamento (AA, função de questionar, denunciar e transformar estruturas políticas, sociais e culturais . 1990, 231), sem pretender a idealizaão que seria considerar o camp, sobretudo na sua associaão com travestimento, como que promovem a manutenção de sistemas de opressão sobre os sujeitos e seus corpos. basicamente transgressor (U, . 1993, 125 e 235), ao invés de valorizar sua situaão intervalar, corrosiva, para além da instabilizaão sso, portanto, coloca o queer não apenas como um campo de conhecimento, entre masculino e feminino. mas também um territrio de ação que, em ambos os casos, pensa e age sempre de Se através de sua performance camp as drags se aproximam do que ouro (2016, forma não ortodoxa. O pensamento queer também não se configura como um espaço p.8) pontua como sujeito “da sexualidade desviante [...] um sujeito de pensar e de ser esttico, mas um olhar para o mundo que visa a modificação e, portanto, também pode que desafia as normas regulatórias da ambiguidade, do entrelugares', do indecidível”, se modificar a partir das rupturas e mudanças de paradigmas sociais que possam vir a sendo, portanto, “um corpo estranho que incomoda, perturba, provoca e fascina”, as ocorrer. drag queens se apresentam, portanto, como um dos mais representativos sujeitos queer e sua corporeidade, performance e construão despontam junto outras 8

Para isolci (201), a eoria ueer não se apresenta como um pensamento estadunidense importado como colocam alguns autores73, mas um campo de pensamento multisituado, que se baseou em correntes de pensamento e autores diversos e, a partir disso, também se dissipou em variados pontos do planeta. Sua gênese, portanto, não teria ocorrido com a primeira veiculação do termo “ ” no campo acadêmico com Teresa de Lauretis em uma conferência na Califórnia em 1990 e nem pela ampliação do discurso alcançado através do pensamento de autoras como udith utler (Problema de Gênero, 1990) e ve Sedic (pistemologia do Armário, 1991).

O queer, como qualquer outro campo investigativo teria se dado antes mesmo de sua conceituação. Guy ocquenghen (O desejo homossexual, 1977), Deleuze e Guattari (O AntiÉdipo, 1972), effrey eas (oming Out, 1977), agnus irschfeld (Die ravestiten, 192), ary acntosh (he omosexual Role, 198), etc., são alguns dos autores que já tangenciavam, cada um sob uma perspectiva, questes queer em suas investigaçes, fornecendo bases para uma posterior sistematização epistemolgica.

á uma preocupação no rasil sobre a aplicabilidade dessas perspectivas “importadas” para o contexto nacional (PLO, 2014 OAA, 201 PRRA, 2012). sses autores compartilham uma visão

bastante crítica quanto ao modo como, no que diz respeito à geopolítica do conhecimento afinada em escala global, a produção terica queer brasileira deve desafiar, desde as margens, os postulados projetados como verdade pela colonialidade do saber, regime que visa definir – segundo uma hierarquia na qual os saberes do “Sul Global” são necessariamente inscritos por efeitos de subalternidade, ao passo que as produçes euroestadunidenses são hiperestimuladas e sobrevalorizadas – o que conta ou não como “teoria de ponta” (MOÇAMBA, 2016).

Pereira (2012), por exemplo, ressalta que no rasil haveria outros dispositivos que influenciariam o corpo, como as religies afrobrasileiras (umbanda, candomblé ou quimbanda) que fogem da centralidade dos elementos de matriz biotecnolgica na

73 á por parte os estudiosos, inclusive, um incmodo sobre o termo em inglês ser usado em outros contextos, havendo tentativas de tradução, como os termos teria cuir, teoria vadia, teoria cu, teoria rarita, teoria torcida, teoria transviada, etc. 8 6

Para isolci (201), a eoria ueer não se apresenta como um pensamento produção do corpo propostos principalmente por autores euroestadunidenses como estadunidense importado como colocam alguns autores73, mas um campo de aul B. reciado e Micel oucault. pensamento multisituado, que se baseou em correntes de pensamento e autores O pensamento feminista, em especial o radical, se configura como uma das diversos e, a partir disso, também se dissipou em variados pontos do planeta. Sua influências epistêmicas mais fundamentais ao pensamento ueer. oram essas gênese, portanto, não teria ocorrido com a primeira veiculação do termo “ pensadoras ue apontaram para os limites da cidadania e criticaram o suposto olar ” no campo acadêmico com Teresa de Lauretis em uma conferência na Califórnia neutro pelo ual se construiu o conecimento, a poltica e as instituiçes modernas pelo em 1990 e nem pela ampliação do discurso alcançado através do pensamento de olar masculino. autoras como udith utler (Problema de Gênero, 1990) e ve Sedic (pistemologia do Armário, 1991). Sob essa ótica os estudos ueer percebem o olar eterosseualiado e generificado dentro da linearidade esperada a partir do seo biológico, do deseo e das O queer, como qualquer outro campo investigativo teria se dado antes mesmo prticas seuais como os responsveis pela produção de conecimento. São essas de sua conceituação. Guy ocquenghen (O desejo homossexual, 1977), Deleuze e pessoas ue costumeiramente faem poltica e possuem maior influência sobre a ordem Guattari (O AntiÉdipo, 1972), effrey eas (oming Out, 1977), agnus irschfeld cultural e social (MSOLC, 201), construindo de modos de vida a partir da ótica (Die ravestiten, 192), ary acntosh (he omosexual Role, 198), etc., são alguns masculina e eterosseual. dos autores que já tangenciavam, cada um sob uma perspectiva, questes queer em suas investigaçes, fornecendo bases para uma posterior sistematização Mesmo o crescimento sobre os estudos das seualidades e do gênero durante a epistemolgica. dcada de 10 com os estudos gas e lsbicos, as epresses seuais e de gênero dissidentes continuaram a serem vistas como minorias, reforçando a á uma preocupação no rasil sobre a aplicabilidade dessas perspectivas contraproducente ideia de uma eterosseualidade natural e dominante (MSOLC, “importadas” para o contexto nacional (PLO, 2014 OAA, 201 PRRA, 200). oi apenas em 10 com o pósestruturalismo ue se cristaliou uma ideia central 2012). sses autores compartilham uma visão para a perspectiva ueer a de ue a seualidade e o gênero não são dados gerados por bastante crítica quanto ao modo como, no que diz respeito à componentes biológicos ( claro, não ignorando tambm a biologia como parte do geopolítica do conhecimento afinada em escala global, a produção terica queer brasileira deve desafiar, desde as margens, os sueito), mas como resultado de assimilaçes feitas pelas instituiçes, pela poltica e pela postulados projetados como verdade pela colonialidade do saber, cultura, fornecendo a visão de ue as condiçes de os sueitos – e seu carter regime que visa definir – segundo uma hierarquia na qual os saberes do “Sul Global” são necessariamente inscritos por efeitos de masculinofeminino – não uma condição natural, mas um constructo moldvel e não subalternidade, ao passo que as produçes euroestadunidenses são hiperestimuladas e sobrevalorizadas – o que conta ou não como preeistente. “teoria de ponta” (MOÇAMBA, 2016). Como outros aspectos do comportamento umano, as formas Pereira (2012), por exemplo, ressalta que no rasil haveria outros dispositivos institucionais concretas de seualidade em ualuer poca ou lugar, que influenciariam o corpo, como as religies afrobrasileiras (umbanda, candomblé ou o pensando ueer, não como dimensionar essas uestes, visto ue não averiam identidades quimbanda) que fogem da centralidade dos elementos de matriz biotecnolgica na fias. Os binmios omemmuler femininomasculino, talve não eistissem em um mundo onde todos pudessem ser livros e transitassem como bem entendessem. Como coloca Misolci (201, 0010) “Será que todos nós se tivéssemos condições familiares, educacionais, institucionais para vivenciarmos os nossos deseos livremente, essas fronteiras não desapareceriam a ideia de ue as pessoas cabem em 73 á por parte os estudiosos, inclusive, um incmodo sobre o termo em inglês ser usado em outros duas ou três orientações do desejo se dissiparia?” contextos, havendo tentativas de tradução, como os termos teria cuir, teoria vadia, teoria cu, teoria rarita, teoria torcida, teoria transviada, etc.

so produtos da aço umana sto imudas de conflitos de interesse e manoras polticas, tanto delieradas como fortuitas esse sentido, o seo é sempre poltico , , p icel oucault, em istória da Seualidade a, coloca o seo como um dispositivo istórico de poder central na formulaço de toda a ordem social S, , a partir disso, os estudos queer vo uscar entender os meandros pelos quais essas determinações se manifestam m eral, o que se é perceido, é que ouve uma eterosseualiaço da seualidade que naturaliou o desejo pelo seo oposto, compreendendo apenas esse como natural se aseado principalmente no peso da questo reprodutiva

ara isolci á um forte vnculo da eoria ueer com os anos sso se dá por fatores aqui já levantados, com a epidemia da S que passa a marcar tanto movimentos sociais quanto a produço acadêmica da época, além de questões da poltica macro, como o levante de overnos conservadores lemremos do duo araret atcer na nlaterra e onald ean nos stados nidos, criando um discurso reativo ao conteto da época sse discurso ocorreu em moldes muito próimos ao que oucault a, p identificou no aparecimento do discurso leal e psiquiátrico do século , que possiilitou

um avanço em marcado dos controles sociais nessa reio de ‘perversidade’; mas também possibilitou a constituição de um discurso ‘de reação’: a homossexualidade pôsse a falar por si mesma, a reivindicar sua legitimidade ou sua ‘naturalidade’ e muitas vezes dentro do vocáulo e com as cateorias pelas quais era desqualificada do ponto de vista médico á uma mudança do eio da poltica seual que passa da defesa das identidades para uma crtica das normas sociais no que toca o ênero e a seualidade essa virada dos anos que vai possiilitar o queer, essa percepço de que tem que ir dos sujeitos e da defesa de aluns sujeitos, que supostamente seriam uma minoria, um rupo calculado para uma prolemática que é de toda a sociedade S, ,

esse perodo, toda construço de uma revoluço seual que ocorria desde Stoneall foi desarmada com o incio da epidemia, onde ocorreu uma repatoloiaço do comportamento omosseual S, sso acaou erando, concomitantemente, o que isolci aponta como um refluo conservador s epectativas eradas na revoluço seual acaaram se convertendo parcialmente em so produtos da aço umana sto imudas de conflitos de lutas por assimilação: casamentos e direitos dos homossexuais viraram as novas interesse e manoras polticas, tanto delieradas como fortuitas esse sentido, o seo é sempre poltico , , p bandeiras de parte dos movimentos

icel oucault, em istória da Seualidade a, coloca o seo como um e principalmente aps a rise da ids grande parte dos homossexuais dispositivo istórico de poder central na formulaço de toda a ordem social S, buscaram sua assimilação social através de um “bom mocismo” nas formas tradicionais , a partir disso, os estudos queer vo uscar entender os meandros pelos quais sociais, desejando ser reconhecidos como sujeitos “decentes” e de plenos direitos, a essas determinações se manifestam m eral, o que se é perceido, é que ouve uma poltica ueer implica outra visão: em vez de se aderir a uma noção de cidadania dada eterosseualiaço da seualidade que naturaliou o desejo pelo seo oposto, é preciso uma luta poltica por novas ormas de se criar a sociedade ueer não compreendendo apenas esse como natural se aseado principalmente no peso da encara a homossexualidade e as variantes de gnero e sexo como minorias questo reprodutiva ueer portanto surge dos sueitos inclinados a transormar a sociedade a ara isolci á um forte vnculo da eoria ueer com os anos sso criticar o ue é dado e o ue é considerado natural e ue buscam ao invés da se dá por fatores aqui já levantados, com a epidemia da S que passa a marcar tanto assimilação aos ditames sociais uma transormação prounda obetivando uma movimentos sociais quanto a produço acadêmica da época, além de questões da reconiguração social ue agregue todos os corpos poltica macro, como o levante de overnos conservadores lemremos do duo medo de uma poltica transormadora oi o ue causou no rasil a araret atcer na nlaterra e onald ean nos stados nidos, criando um “reinterpretação” do termo “queer” como “ideologia de gênero”. A reação à vinda da discurso reativo ao conteto da época sse discurso ocorreu em moldes muito próimos ilsoa udith utler um dos nomes mais importantes desse campo cientico em ao que oucault a, p identificou no aparecimento do discurso leal e para um congresso ue trataria da uestão do conlito entre srael e alestina mostrou psiquiátrico do século , que possiilitou o medo social por mudanças no a um avanço em marcado dos controles sociais nessa reio de ‘perversidade’; mas também possibilitou a constituição de um e as instituiçes a ordem urdica a cultura e a poltica são dependentes de uma discurso ‘de reação’: a homossexualidade pôsse a falar por si mesma, ordenação da sexualidade e do deseo a – e do gnero – uma a reivindicar sua legitimidade ou sua ‘naturalidade’ e muitas vezes dentro do vocáulo e com as cateorias pelas quais era desqualificada reconiguração da percepção sobre essas uestes amedronta a sociedade do ponto de vista médico á uma mudança do eio da poltica seual que passa da defesa das identidades para uma crtica das normas sociais no que toca o ênero ssa tensão entre as cises do movimento homossexual radical e assimilacionista pode ser vista no e a seualidade essa virada dos anos que vai possiilitar o queer, livro ma de ichael ormal essa percepço de que tem que ir dos sujeitos e da defesa de aluns Esse é o principal fator de diferenciação dos estudos queer em relação aos “estudos gays e lésbicos”, sujeitos, que supostamente seriam uma minoria, um rupo calculado outro campo de pesuisa cientica da sexualidade e do gnero s pensadores dos estudos gas e lésbicos para uma prolemática que é de toda a sociedade S, , tm o entendimento das expresses sexuais não normativas como minorias o ue reorça a contraproducente ideia de uma heterossexualidade natural e dominante o pensamento ueer não h como dimensionar essas uestes visto ue não haveria identidades esse perodo, toda construço de uma revoluço seual que ocorria desde ixas s binômios homemmulher; emininomasculino talvez não existissem em um mundo onde todos pudessem ser livres e transitassem como bem entendessem omo coloca isolci em uma ala no Stoneall foi desarmada com o incio da epidemia, onde ocorreu uma repatoloiaço Seminário Queer, em 2015: “Será que todos nós se tivéssemos condições familiares, educacionais institucionais para vivenciarmos os nossos deseos livremente essas ronteiras não desapareceriam a do comportamento omosseual S, sso acaou erando, ideia de que as pessoas cabem em duas ou três orientações do desejo se dissiparia?” concomitantemente, o que isolci aponta como um refluo conservador s Acusada de ter vindo propagar a “ideologia de gênero” no Brasil maniestantes promoveram uma caça às bruxas em plena entrada do Sesc Pompéia. Aos gritos de “queimem a bruxa!” e empunhando crucifixos, epectativas eradas na revoluço seual acaaram se convertendo parcialmente em maniestantes atearam ogo a uma boneca vestida de bruxa com o rosto de utler lém disso utler e sua esposa oram agredidas isicamente ao embarcar de volta para os stados nidos 2

“especialmente a brasileira que descende de processos coloniais e de escravidão”, sendo uma nação que se construiu “sobre o medo da possibilidade de que as pessoas alcancem a igualdade” (MIKSOLCI, 2015, 00:39:55).

A perspectiva queer pretende torcer nosso olhar para percebermos o mundo de maneira não linear entre o gênero, o sexo, o desejo e as práticas sexuais. u seja, pretende que criemos uma visão não normativa de se viver e de estarmos constantemente abertos a possiblidades que fujam de concepções preestabelecidas, não aceitando divisões simplistas que acabam por legitimar o que é linear e padroniado e que torna abjeto e preferencialmente fora de cena o que não se enquadra. A eoria Queer seria então, apenas um rótulo para um conjunto de pesquisas e de ações polticas, nem sempre coesas, mas que objetivam reconhecer possibilidades de transformação e de autonomia envolvendo o gênero, a sexualidade e o desejo.

u seja, em geral, os estudos queer apontam para o fato de, durante o percurso histórico, ter havido uma heterossexualiação da sexualidade que naturaliou o desejo pelo sexo oposto, compreendendo apenas esse como natural, baliandose, principalmente, no peso da questão reprodutiva. oucault 201 identificou no aparecimento do discurso legal e psiquiátrico do século um avanço propositado dos controles sociais sobre essas “perversidades”.

oi dentro do campo de pensamento queer que as drag queens ganharam certa proeminência no mundo acadêmico visto terem sido um dos objetos mais utiliados por udith Butler. Para a Butler 201, as drag queens possuiriam não apenas uma visualidade ambgua, mas também poderiam tanto trabalhar no sentido de desestabiliar concepções heteronormativas e de linearidade entre sexo, gênero e corpo, como poderiam, por outro lado, reproduir ideais de feminilidade que oprimem as mulheres quando, por exemplo, faem uso desses signos de forma tão realstica que aparentemente não chegariam a criar um estranhamento nos espectadores.

o entanto, mesmo a performance drag fidedigna dos signos femininos, pode, por exemplo, gerar estmulos eróticos ou sexuais em relação a sujeitos heterossexuais que, no momento da performance que se compreende a realidade ou a ficção da figura que performa, toda uma estrutura societária de linearidade compulsória entre sexo, 2 3

“especialmente a brasileira que descende de processos coloniais e de escravidão”, corpo e gnero e de determinismos entre seualidades eterosseuais e omosseuais sendo uma nação que se construiu “sobre o medo da possibilidade de que as pessoas se desa. m , por eemplo, a participante Courtne ct (alterego de Sane ene), alcancem a igualdade” (MIKSOLCI, 2015, 00:39:55). se tornou clebre por sua aparncia etremamente eminina9 que poderia levar qualquer omem eterosseual a questionar suas prprias concepçes de A perspectiva queer pretende torcer nosso olhar para percebermos o mundo de masculinidade. Sane ene, inclusive, coloca seu gnero em um entrelugar maneira não linear entre o gênero, o sexo, o desejo e as práticas sexuais. u seja, cisgnerotransgnero0. o rasil, os ac dos videoclipes de abllo ittar estão pretende que criemos uma visão não normativa de se viver e de estarmos repletos de reaçes conusas e comentrios que assumem certa conusão dos sentidos constantemente abertos a possiblidades que fujam de concepções preestabelecidas, pelo rebolado e a c da drag queen. não aceitando divisões simplistas que acabam por legitimar o que é linear e padroniado e que torna abjeto e preferencialmente fora de cena o que não se enquadra. A eoria O papel disruptivo das drag queens sobre as normativas de gnero as aponta Queer seria então, apenas um rótulo para um conjunto de pesquisas e de ações polticas, como indivduos de etrema relevncia que oe, potencialiados por esse alcance nem sempre coesas, mas que objetivam reconhecer possibilidades de transformação e midiático, podem se apresentar mais do que nunca como “trabalhadoras” de uma de autonomia envolvendo o gênero, a sexualidade e o desejo. possvel revolução seual. Se, conorme eresa de Lauretis em seu clebre teto ca (199), os discursos, dos quais a mdia contemporaneamente u seja, em geral, os estudos queer apontam para o fato de, durante o percurso um dos maiores produtores, contribuem para reairmar as divises entre os gneros, a histórico, ter havido uma heterossexualiação da sexualidade que naturaliou o desejo abertura miditica para as drag queens, em um contraluo, possui o potencial pelo sexo oposto, compreendendo apenas esse como natural, baliandose, libertador e denunciativo de desregular essas padroniaçes. principalmente, no peso da questão reprodutiva. oucault 201 identificou no aparecimento do discurso legal e psiquiátrico do século um avanço propositado dos claro que, seguindo o pensamento de utler (201) sobre a perormance drag controles sociais sobre essas “perversidades”. poder tambm uncionar como uma reiteração dos universos masculinoeminino, algumas apariçes miditicas, especialmente as que são compreendidas de orma oi dentro do campo de pensamento queer que as drag queens ganharam certa simplista como “homens vestidos de mulheres”, trabalham na contramão. proeminência no mundo acadêmico visto terem sido um dos objetos mais utiliados por udith Butler. Para a Butler 201, as drag queens possuiriam não apenas uma ensemos, por eemplo, no sucesso do ator aulo ustavo em suas comdias. O visualidade ambgua, mas também poderiam tanto trabalhar no sentido de carter cmico apresentado por seus personagens baseados nas representaçes da desestabiliar concepções heteronormativas e de linearidade entre sexo, gênero e muler pode imbuir, mesmo que não intencionalmente, um certo reairmamento da corpo, como poderiam, por outro lado, reproduir ideais de feminilidade que oprimem divisão entre os universos masculino e eminino. aulo ustavo seria um ator omem as mulheres quando, por exemplo, faem uso desses signos de forma tão realstica que aparentemente não chegariam a criar um estranhamento nos espectadores.

o entanto, mesmo a performance drag fidedigna dos signos femininos, pode, 9 Inclusive, quando Courtne ct a sua entrada em , ao entrar na sala com as outras participantes por exemplo, gerar estmulos eróticos ou sexuais em relação a sujeitos heterossexuais ela pergunta “É aqui o American Next Top Model?” fazendo uma brincadeira sobre sua aparncia e um programa de modelos eibido tambm na televisão estadunidense. isponvel em: que, no momento da performance que se compreende a realidade ou a ficção da figura ttp:bit.l2Ctr . 0 isponvel em: ttp:logo.to2CbC . que performa, toda uma estrutura societária de linearidade compulsória entre sexo, 1 ac o termo popular para vdeos de reação populares no ouube. eles, os gravam vdeos de si mesmos reagindo a um determinado contedo. representando uma “figura feminina fidedigna” a partir das vestimentas, do gestual e do comportamento, obetivando uma simples verossimilhana.

A fragilidade das imposies normativas de gnero aparece, por exemplo, em abllo ittar. ua figura composta por perucas coloridas, usos da maquiagem como forma de rearranar as feies do rosto, roupas que vão alm de um uso cotidiano das vestimentas, etc. ada a confusão gerada pela sua composião masculina e feminina simultnea em um corpo que brinca, ainda, com a sexualidade, abllo, mesmo com uma figura feminina prxima da verossimilhana, consegue desnortear os binmios homemmasculino mulherfeminino.

A figura de abllo, inclusive, está longe de unanimidade. ara alguns, sua figura tambm recria padres, inclusive do feminino, tendo em vista seu corpo magro, suas pernas longas, seus traos finos, etc. A drag apresentaria padres estticos do idealismo da mulher. alta, nessa equaão, pensarmos que abllo uma figura nordestina e homossexual que abraa e explora sua afetaão como um recurso, não apenas de sobrevivncia no sentido de enfrentamento, mas tambm financeiro. A prpria escolha de nome para sua drag á demonstra a intencionalidade desreguladora que sua performance busca. ua popularizaão ainda ocorre em meio a uma polarizaão poltico social e do levante conservador.

Atravs da sensibilidade camp e das intencionalidades queer, as drag queens se apresentam, como pontua uacira opes ouro em m p a , como um sujeito “da sexualidade desviante” com “um jeito de pensar e de ser que desafia as normas regulatrias da ambiguidade, do entrelugares', do indefinível”, sendo, portanto, “um corpo estranho que incomoda, perturba, provoca e fascina”. A corporeidade e a performance drag queen se apresentam, unto s outras performatividades de gnero ambguas, como uma das aes mais denunciativas das noes normativas.

Mesmo que as performances drag do teatro não seam nosso foco, o sucesso estrondoso de aulo ustavo o coloca como um obeto importante de ser observado no contexto midiático atual.

representando uma “figura feminina fidedigna” a partir das vestimentas, do gestual e 3.6 Nem mana, nem mano, nem mona: a contrassexualidade do comportamento, obetivando uma simples verossimilhana . omo apontado, a performance drag um acontecimento complexo ela

A fragilidade das imposies normativas de gnero aparece, por exemplo, em consiste em uma minoria homossexual que passa por uma transformao abllo ittar. ua figura composta por perucas coloridas, usos da maquiagem como momentnea estigmatiada homem travestido visando parecerse forma de rearranar as feies do rosto, roupas que vão alm de um uso cotidiano das aproximarhomenagear e outras possibilidades com mulheres ou outras vestimentas, etc. ada a confusão gerada pela sua composião masculina e feminina possibilidades. A drag queen, portanto, constituída na mescla de trs potncias simultnea em um corpo que brinca, ainda, com a sexualidade, abllo, mesmo com uma oprimidas para construo de um novo corpo temporrio. sses indivíduos seriam, figura feminina prxima da verossimilhana, consegue desnortear os binmios assim, um dos exemplos mais didticos de toda a compreenso de reciado homemmasculino mulherfeminino. acerca de seu conceito de contrassexualidade, que, para o autor , p. consiste em A figura de abllo, inclusive, está longe de unanimidade. ara alguns, sua figura tambm recria padres, inclusive do feminino, tendo em vista seu corpo magro, suas uma teoria do corpo que se situa fora das oposies homemmulher, masculinofeminino, heterossexualidadehomossexualidade. la pernas longas, seus traos finos, etc. A drag apresentaria padres estticos do idealismo define a sexualidade como tecnologia, e considera que os diferentes elementos do sistema sexo/gênero denominados “homem”, da mulher. alta, nessa equaão, pensarmos que abllo uma figura nordestina e “mulher”, “homossexual”, “heterossexual”, “transexual”, bem como homossexual que abraa e explora sua afetaão como um recurso, não apenas de suas prticas e identidade sexuais, no passam de mquinas, produtos, instrumentos, aparelhos, truques, prteses, redes, sobrevivncia no sentido de enfrentamento, mas tambm financeiro. A prpria escolha aplicaes, programas, conexes, fluxos de energia e de informao, de nome para sua drag á demonstra a intencionalidade desreguladora que sua interrupes e interruptores, chaves, equipamentos, formatos, acidentes, detritos, mecanismos usos, desvios... performance busca. ua popularizaão ainda ocorre em meio a uma polarizaão poltico termo foi desenvolvido tendo como partida os estudos de oucault, social e do levante conservador. particularmente sua afirmao de que a forma mais efica de resistncia produo Atravs da sensibilidade camp e das intencionalidades queer, as drag queens se disciplinar da sexualidade não é o embate contra a proibição, mas sim “a apresentam, como pontua uacira opes ouro em m p a , como contraprodutividade, isto , a produo de novas formas de praersaber alternativas um sujeito “da sexualidade desviante” com “um jeito de pensar e de ser que desafia as sexualidade moderna” (PRA, , p.. A prtica contrassexual, portanto, pode normas regulatrias da ambiguidade, do entrelugares', do indefinível”, sendo, ser compreendida como um projeto de resistncia normatividade e, tanto quanto, portanto, “um corpo estranho que incomoda, perturba, provoca e fascina”. A uma reformulao social onde as visualidades, as prticas sexuais e os gneros no corporeidade e a performance drag queen se apresentam, unto s outras apenas se modifiquem, mas deixem de representar uma questo. performatividades de gnero ambguas, como uma das aes mais denunciativas das O trabalho de Preciado “rompe com toda uma série de binômios oposicionistas: noes normativas. homossexualidadeheterossexualidade, homemmulher, masculinofeminino, natureza/tecnologia” (BOURCIER apud PRECIADO, 2017, p.11). A contrassexualidade seria “uma análise crítica da diferença de gênero e de sexo, produto do contrato social heterocentrado, cujas performatividades normativas foram inscritas nos corpos como

Mesmo que as performances drag do teatro não seam nosso foco, o sucesso estrondoso de aulo verdades biológicas” (PRECIADO, 2017, p.21). ustavo o coloca como um obeto importante de ser observado no contexto midiático atual. 7

A visualidade de Isabelita dos Patins (alterego de orge Iglesias) funciona como exemplo da construção contrassexual do corpo. A exuberncia da construção de seu corpo por meio, não apenas do extensivo uso da mauiagem (com uma infinidade de camadas de blush, base, sombra, rímel, cílios, pedrarias, lápis, etc.), mas roupas sempre elevadas ao ltimo grau de complexidade (criadas com cola, fitas, enchimentos, brilhos, apliues, etc.) criam um sueito híbrido, nem homem, nem mulher, uma uimera ue vai além de ualuer conceituação, alcançando um status de espectro ue perpassa os gêneros, mas vai muito além.

Para o autor, o corpo é um espaço de construção política ue sofre opresses, mas também pode funcionar como um centro de resistência. Ele seria o espaço mais intenso de disputa. Isso vem de sua própria vivência, tendo em vista ue Preciado é um homem trans. eu pensamento vem na esteira de uma explosão das expectativas, da naturalidade do ser e da “normalidade”. Para ele, não se trata de criar uma nova natureza, uma outra regulação do sexo, do corpo e da sexualidade, mas ustamente seu fim como ordem ue legitima a sueição de certos corpos a outros (PRECIADO, 2017, p.21).

esse ponto, a popularização da performance drag através do contemporneo alinhamento midiático é fatídico em espalhar essas representaçesoutras para pblicos antes inatingíveis. ão é possível, hoe, algum brasileiro não ter tido contato com a existência de alguma drag ueen, tendo em vista ue os espaços habitados por esses indivíduos são inmeros depois ue permearam diversos espaços midiáticos (notícias no impresso e na eb, grade televisiva, msicas do rádio, etc.). Ou sea, o travestimento (ue englobaria, logicamente, não só as drag ueens, mas toda uma gama de sexualidades e generificaçes não normativas) ue esteve estruturalmente fadado abeção e ao hábito noturno, passa a ser mais visível.

uando aborda a contrassexualidade, Preciado (2017) engloba a sexualidade, o gênero e o sexo, assim como a construção do sueito drag atrelado comunidade B

a verdade, por mais ue autores colouem preciado como um homem trans, o autor aponta em sua biografia de anifesto Contrassexual (2017, p.223): “se sou homem ou mulher? Esta pergunta reflete uma obsessão ansiosa do ocidente. ual A de uerer reduzir a verdade do sexo a um binômio. Eu dedico minha vida a dinamitar esse binômio. Afirmo a multiplicidade infinita do sexo!”. 7 77

A visualidade de Isabelita dos Patins (alterego de orge Iglesias) funciona como (ue, como vimos, se diferencia da performa drag teatral, por exemplo). As diversas exemplo da construção contrassexual do corpo. A exuberncia da construção de seu possibilidades da performance de gnero (drag ueens, drag ing, faux ueens, etc.) corpo por meio, não apenas do extensivo uso da mauiagem (com uma infinidade de suscitam uma complexa teia de possibilidades do corpo, incluindo a, interpretaes camadas de blush, base, sombra, rímel, cílios, pedrarias, lápis, etc.), mas roupas sempre mais fantsticas de construão desses corpos. elevadas ao ltimo grau de complexidade (criadas com cola, fitas, enchimentos, brilhos, A exploraão de elementos extracorpreos funciona como forma de significar apliues, etc.) criam um sueito híbrido, nem homem, nem mulher, uma uimera ue esses corpos criando objetos sintéticos, hibrido do corpo “natural” com elementos vai além de ualuer conceituação, alcançando um status de espectro ue perpassa os “tecnológicos”, como espumas, maquiagens, apliques, roupas, etc. Esses, facilmente gêneros, mas vai muito além. apreendidos como artificiais, podem mostrar atravs da visualidade os constructos Para o autor, o corpo é um espaço de construção política ue sofre opresses, pelos uais se dão nossa sexualidade e apreensão de gnero. Essa desestabiliaão do mas também pode funcionar como um centro de resistência. Ele seria o espaço mais gnero e da sexualidade – pois, pensemos, muitas pessoas heterossexuais podem se intenso de disputa. Isso vem de sua própria vivência, tendo em vista ue Preciado é um sentir sexualmente atradas pelas figuras construdas – são uma insubordinaão s homem trans. eu pensamento vem na esteira de uma explosão das expectativas, da normativas sociais, portanto, producentes de um contrapoder e contrassexuais. naturalidade do ser e da “normalidade”. Para ele, não se trata de criar uma nova Em seu livro, Preciado (2017) tambm busca elaborar pensamentos a partir de natureza, uma outra regulação do sexo, do corpo e da sexualidade, mas ustamente seu algumas temticas. A performance drag em muito se assemelha perspectiva de fim como ordem ue legitima a sueição de certos corpos a outros (PRECIADO, 2017, Preciado (2017) sobre o dildo. Ambos são desenvolvidos tendo como base serem p.21). suplementos prostticos, imitaes, trabalham com a simulaão (e dissimulaão) do esse ponto, a popularização da performance drag através do contemporneo corpo. Eles demonstram ue a naturea do corpo pode ser criada. dildo (ou a alinhamento midiático é fatídico em espalhar essas representaçesoutras para pblicos performance drag) a verdade da heterossexualidade como pardia. anto a lgica do antes inatingíveis. ão é possível, hoe, algum brasileiro não ter tido contato com a dildo, uanto da performance drag provam ue os prprios termos do sistema existência de alguma drag ueen, tendo em vista ue os espaços habitados por esses heterossexual masculinofeminino não passam de elementos entre muitos outros de indivíduos são inmeros depois ue permearam diversos espaços midiáticos (notícias um sistema arbitrrio de significaão. as drag ueens, os enchimentos com espuma, o no impresso e na eb, grade televisiva, msicas do rádio, etc.). Ou sea, o travestimento remapeamento facial realiado pela mauiagem, etc. são, assim como o dildo, (ue englobaria, logicamente, não só as drag ueens, mas toda uma gama de “indicadores da plasticidade sexual do corpo e da possível modificação prosttica do seu sexualidades e generificaçes não normativas) ue esteve estruturalmente fadado contorno” (PRECIADO, 2017, p.79). abeção e ao hábito noturno, passa a ser mais visível. a mesma maneira, uando elabora seu pensamento acerca do fetichismo como uando aborda a contrassexualidade, Preciado (2017) engloba a sexualidade, o um processo contrassexual, Preciado (2017) fala ue ele atua como uma moderna gênero e o sexo, assim como a construção do sueito drag atrelado comunidade B produão do corpo e a relaão deste com os obetos manufaturados. A histria da sexualidade estaria, então, atrelada histria artificial da produão. Essa lgica se potencialia uando pensamos no corpo drag. Por sua construão ser elaborada tendo a verdade, por mais ue autores colouem preciado como um homem trans, o autor aponta em sua biografia de anifesto Contrassexual (2017, p.223): “se sou homem ou mulher? Esta pergunta reflete como base o uso dessa cadeia de produtos, as drag ueens estariam tambm permeadas uma obsessão ansiosa do ocidente. ual A de uerer reduzir a verdade do sexo a um binômio. Eu dedico minha vida a dinamitar esse binômio. Afirmo a multiplicidade infinita do sexo!”. por essa relaão de construão do corpo atravs dos obetos. A onda drag 7 contempornea, em especial, tendo em vista que para ela se criam cadeias de produtos específicos, como perucas frontlace caríssimas, colas para peruca, botas espalhatosas e em nmeros maiores, batons, cílios postiços, base, corretivo, sombra, lpis, paletas variadas de cores, incluindo até a fita adesiva específicas para a melhor aa a ca. ão inmeros os potenciais de consumo desses pblicos.

Preciado (2017) coloca que no mbito contrassexual, não devemos nos definir pelo sexo, gênero ou sexualidade, mas nos reconhecer como “corpos falantes” equivalentes entre si. Esses corpos “reconhecem em si mesmos a possibilidade de acender a todas as prticas significantes, assim como a todas as posiçes de enunciação, enquanto sujeitos, que a história determinou como masculinas, femininas ou perversas. Por conseguinte, renunciam não só a uma identidade sexual fechada e determinada naturalmente, como também aos benefícios que poderiam obter de uma naturaliação dos efeitos sociais, econômicos e jurídicos de suas práticas significantes” (PRECIADO, 2017, p.21).

A contrassexualidade não est interessada nas definiçes, mas nas indefiniçes. endo como base suas provocações, não definiríamos o corpo drag como “um homem utilizando elementos femininos”; “mulher exagerando esses elementos” ou quaisquer outras elaboraçes, mas como expresses desses corpos. Para Preciado (2017, p.0)

A bicha, o travesti, a drag queen, a lésbica, a sapa, a caminhoneira, a butch, a machona, a bofinho, as transgneras, as 2 e os 2 são brincadeiras ontológicas, imposturas orgnicas, mutaçes prostéticas, recitaçes subversivas de um código sexual transcendental falso.

Diferente, por exemplo, da construção do corpo trans que não se identifica com o sexo de origem, a performance drag est mais próxima da realidade contrassexual tendo em vista que j busca, a partir da temporalidade restrita de cada performatividade de gnero (por exemplo, como homem no cotidiano e como mulher em festas e eventos) de compreender e praticar essa renncia da simples adequação de gnero.

Pabllo ittar, uma das mais populares drag queens do mundo, é também um dos maiores exemplos de como as drags não apenas podem ser entendidas como sujeitos contrassexuais, mas também produem significaçes intencionais com seus corpos em 7 contempornea, em especial, tendo em vista que para ela se criam cadeias de produtos um processo de “proletariado contrassexual” (PRECIADO, 2017). Em entrevista, Pabllo específicos, como perucas frontlace caríssimas, colas para peruca, botas espalhatosas afirma e em nmeros maiores, batons, cílios postiços, base, corretivo, sombra, lpis, paletas empre gostei de passear entre o universo masculino e o feminino, variadas de cores, incluindo até a fita adesiva específicas para a melhor aa a nunca vi uma barreira entre os dois, então at hoje tenho isso comigo, não tenho uma linha entre um e outro, passeios pelos dois lados ca. ão inmeros os potenciais de consumo desses pblicos. sempre. ... Pode me chamar de ela ou de ele que vou atender da mesma maneira. Pode parecer confuso, mas que não estou presa e Preciado (2017) coloca que no mbito contrassexual, não devemos nos definir nenhum deles. pelo sexo, gênero ou sexualidade, mas nos reconhecer como “corpos falantes” Essa fala denota que a construção contrassexual das drag queens não se dá equivalentes entre si. Esses corpos “reconhecem em si mesmos a possibilidade de apenas no entendimento dos prprios corpos, mas em uma política de ressignificação acender a todas as prticas significantes, assim como a todas as posiçes de enunciação, desses corpos em possibilidades mais abrangentes ou mesmo irrestritas que se enquanto sujeitos, que a história determinou como masculinas, femininas ou perversas. perpetuam em parte do pblico que passa a ter contato com essas visualidades. Por conseguinte, renunciam não só a uma identidade sexual fechada e determinada Alm disso, a construção do corpo drag não sempre a mesma. Por mais que naturalmente, como também aos benefícios que poderiam obter de uma naturaliação grande parte das drag queens tenham uma ideia de uma persona, elas se alteram em dos efeitos sociais, econômicos e jurídicos de suas práticas significantes” (PRECIADO, cada montagem. Assim, uma mesma drag pode performar uma feminilidade extrema 2017, p.21). em um dia e, no seguinte, criar uma persona andrgina, animalesca ou outras A contrassexualidade não est interessada nas definiçes, mas nas indefiniçes. possibilidades. Preciado (2017, p.30) identifica que são nesses espaços “de paródia e a endo como base suas provocações, não definiríamos o corpo drag como “um homem transformação plástica que aparecem as primeiras práticas contrassexuais como utilizando elementos femininos”; “mulher exagerando esses elementos” ou quaisquer possibilidades de uma deriva radical com relação ao sistema sexo/gênero dominante”. outras elaboraçes, mas como expresses desses corpos. Para Preciado (2017, p.0) A contrassexualidade supõe que o sexo e a sexualidade (e não somente o gênero A bicha, o travesti, a drag queen, a lésbica, a sapa, a caminhoneira, a devem ser compreedidos como tecnologias sociopolíticas complexas. Ela não rejeita a butch, a machona, a bofinho, as transgneras, as 2 e os 2 são brincadeiras ontológicas, imposturas orgnicas, mutaçes hiptese das construções sociais de utler ou as psicolgicas de gênero, mas as prostéticas, recitaçes subversivas de um código sexual transcendental falso. realocam dentro de um sistema tecnolgico mais amplo que influencia de maneira mais articulada sobre os indivíduos e seus corpos (PRECIADO, , p.. A natureza Diferente, por exemplo, da construção do corpo trans que não se identifica com humana seria um efeito dessa tecnologia social que perpetua regulações específicas nos o sexo de origem, a performance drag est mais próxima da realidade contrassexual corpos, nos espaços e nos discursos, distorcendo o conceito de natureza com o de tendo em vista que j busca, a partir da temporalidade restrita de cada performatividade heterossexualidade e criando o que ela define como tecnologia social heteronormativa. de gnero (por exemplo, como homem no cotidiano e como mulher em festas e eventos) de compreender e praticar essa renncia da simples adequação de gnero. Os papis e as práticas sexuais, que naturalmente se atribuem aos gêneros masculino e feminino, são um conjunto arbitrário de Pabllo ittar, uma das mais populares drag queens do mundo, é também um dos regulações inscritas nos corpos que asseguram a exploração material de um sexo sobre o outro” (PRECIADO, 2017, p.26). maiores exemplos de como as drags não apenas podem ser entendidas como sujeitos contrassexuais, mas também produem significaçes intencionais com seus corpos em “’Sempre fui extremamente feminina’ declara Pabllo Vittar”. Matéria de Liliane Cutrim para o Imirante. Disponível em httpsbit.lIjlr . 0

Com isso, a sociedade legitima e naturalia alguns corpos, relega outros s margens ou mesmo eliminam os mais “perversos”. A contrassexualidade, na contramão

tem como tarefa identificar os espaços errneos, as falas da estrutura do texto (corpos, intersexuais, ermafroditas, loucas, caminoneiras, bicas, sapas, bibas, fancas, butcs, istéricas, sadas ou frgidas, ermafrodes...) e reforçar o poder dos desvios e derivaçes com relação ao sistema eterocentrado (PRECIADO, 2017, p.27).

Realocando a discussão de Preciado (2017, p.3), poderamos dier que as performances drag desvia o corpo de sua origem “autêntica” porque é alheio às caractersticas que supostamente imita. Estrana naturea e produto da tecnologia, a performance drag comportase como uma mquina que não pode representar a naturea senão sob o risco de transformla. Relegada, até agora, categoria de imitação secundria, o corpo drag auda a abrir uma lina de evolução da carne alternativa à “natureza”.

Através da construção desse corpo assumidamente artificial, as drag queens como sueitos contrassexuais colocariam a si mesmas como uma possibilidade de ascender a todas as prticas significantes, assim como a todas as posiçes de enunciação enquanto sueitos, indo além do que a istória determinou como masculinas, femininas ou perversas. Por conseguinte, as drag queens renunciam não só a uma identidade sexual fecada e determinada naturalmente, como também aos benefcios que poderiam obter de uma naturaliação dos efeitos sociais, econmicos e urdicos de suas prticas significantes.

Pensemos, por exemplo, no caso das travestis no rasil, onde a expectativa de vida é de apenas 3 anos, metade da média nacional. Mesmo assim, poucas são as iniciativas que busquem o real enfretamento dessa questão e nfimas são as açes realiadas pelo governo. Leia mais em ttps//bit.l/2Aox . 0

Com isso, a sociedade legitima e naturalia alguns corpos, relega outros s 4. AFETOS E DESAFETOS A PARTIR DA CENA DRAG MIDIÁTICA margens ou mesmo eliminam os mais “perversos”. A contrassexualidade, na contramão 4.1 Shantay, you stay: o reavivamento cultural drag tem como tarefa identificar os espaços errneos, as falas da estrutura e a cultura drag rasileira viveu em certo ostracismo como eplicar seu do texto (corpos, intersexuais, ermafroditas, loucas, caminoneiras, bicas, sapas, bibas, fancas, butcs, istéricas, sadas ou frgidas, ressurgimento de maneira to intensificada na ltima década esmo as performances ermafrodes...) e reforçar o poder dos desvios e derivaçes com relação ao sistema eterocentrado (PRECIADO, 2017, p.27). drag tendo um potencial transgressor que pode incomodar parcelas significativas de plico o fato de estarem intrinsecamente ligadas à estetizao e ao eagero realizado Realocando a discussão de Preciado (2017, p.3), poderamos dier que as em um territrio ldico torna as drag queens produtos facilmente moldveis aos performances drag desvia o corpo de sua origem “autêntica” porque é alheio às interesses da indstria do entretenimento. caractersticas que supostamente imita. Estrana naturea e produto da tecnologia, a performance drag comportase como uma mquina que não pode representar a omo mostra oucault a quando se visualiza a histria da representao naturea senão sob o risco de transformla. Relegada, até agora, categoria de da homosseualidade é possvel afirmar que a viso social de sua corporeidade sempre imitação secundria, o corpo drag auda a abrir uma lina de evolução da carne oscilou entre o corpo aeto e a personificao da ilegalidade por meio da histrica alternativa à “natureza”. supresso de ase religiosa e mais recente dos discursos médicolegais que patologizaram comportamentos considerados desviantes. a contemporaneidade essa Através da construção desse corpo assumidamente artificial, as drag queens situao avanou em certos aspectos entretanto ainda parece ser preciso alguma como sueitos contrassexuais colocariam a si mesmas como uma possibilidade de estrutura interessada para que culturas minoritrias como a ganhem espao e ascender a todas as prticas significantes, assim como a todas as posiçes de enunciação visiilidade na grande mdia. enquanto sueitos, indo além do que a istória determinou como masculinas, femininas ou perversas. Por conseguinte, as drag queens renunciam não só a uma identidade uma compreenso difundida de que a virada do milênio troue à tona sexual fecada e determinada naturalmente, como também aos benefcios que diversas lutas polticas e movimentos sociais adormecidos latentes ou sem proeo até poderiam obter de uma naturaliação dos efeitos sociais, econmicos e urdicos de suas a década anterior e que nesses caldeires culturais emergiram mudanas sociais em prticas significantes. muitas direes p. . m conunto a essas novas conquistas dos movimentos sociais ao redor do gloo que novamente promovem certa lierao homosseual uma nova viso de mercado vem se fortalecendo a do mercado de nichos .

ssa reestruturao usca produtos que conquistem plicos consumidores menores em vez de investir apenas em produtos roustos focados em criar grandes hits de mercado. omo fala ess artnarero a capacidade de adaptao do capitalismo para sua sorevivência é uma de suas maiores caractersticas e com isso as

Pensemos, por exemplo, no caso das travestis no rasil, onde a expectativa de vida é de apenas 3 anos, metade da média nacional. Mesmo assim, poucas são as iniciativas que busquem o real enfretamento dessa questão e nfimas são as açes realiadas pelo governo. Leia mais em ttps//bit.l/2Aox . casamento entre pessoas do mesmo seo por eemplo é uma realidade em mais de pases. indstrias da cultura arem espaos inclusive para protagonismos minoritrios e de epresso popular que acaam fomentando plicos de nicho dentro de uma grade ainda hegemnica. odese afirmar ento que a hegemonia quando desafiada intenta realocar esse desafio dentro da sua gramtica ressignificando a disputa dentro de seu prprio escopo tornando o processo de identificao de mdias contrahegemnicas mais difuso.

partir dessa tica criase um mercado interessado em que o homosseual vai no s deiando de ser indeseado mas tornandose um grupo social para o qual devem ser criadas tticas de eplorao mercadolgica. entro do mareting por eemplo os homosseuais se transformam em uma categoria prpria os s que criam uma imagem homosseual so o olhar da economia enaltecendo suas prticas de consumo em detrimento das suas caractersticas sociais.

e olho em uma nova fatia de mercado nasceu em o programa RuPaul’s Dra Race fortemente inspirado no formato de America’s Next Top Model e Proect Runa. ua frmula é simples uma dzia de drag queens em um espao de traalho aastecido com tecidos maquiagem acessrios perucas sapatos e uma cadeia de outros produtos comercializveis realizando desafios de costura dana canto atuao e comédia. s episdios culminam em uma atalha de dulagem e eliminao de uma das competidoras. sso tudo aspirando tamém a um prêmio em dinheiro e a uma coroa representativa do título de “prxima superstar dra dos A”.

endo como urados personalidades do entretenimento norteamericano o programa tem como criador apresentador e pea fundamental das dinmicas uaul harles a primeira drag queen a alcanar notoriedade fora do circuito com seu hit upermodel ou etter or de . uaul foi tamém vocalista da anda ee ee ole ator em mais de filmes e seriados além de urado e apresentador em diversos programas televisivos. ravou tamém a msica Don’t o reain M eart

Doule income no ids em traduo livre renda dupla sem filhos. ois realit shos de competio estadunidenses envolvido com o mundo da moda. primeiro trata da competio para eleição da “Próxima Modelo dos Estados Unidos” e o outro é uma competição de designers e estilistas para relevar novos nomes para o mundo da moda. ais informaes em http.rupaul.comiograph cesso em . indstrias da cultura arem espaos inclusive para protagonismos minoritrios e de com Elton on ue alcançou luar nas paradas musicais do eino Unido epresso popular que acaam fomentando plicos de nicho dentro de uma grade além de ter sido um dos rostos da M osmetics por anos. ainda hegemnica. odese afirmar ento que a hegemonia quando desafiada intenta Em sua carreira a dra raou mais de luns escreeu dois liros e possui realocar esse desafio dentro da sua gramtica ressignificando a disputa dentro de seu inclusie uma esttua no mundialmente conecido museu de cera Madame Tussaud’s prprio escopo tornando o processo de identificao de mdias contrahegemnicas e uma estrela na calçada da ama. Em alcançou um noo pico em sua traetória mais difuso. uando oi o encedor do Emm na cateoria apresentador de realit so. partir dessa tica criase um mercado interessado em que o homosseual vai serando o percurso proissional de uPaul é notel o ato de sua carreira ter no s deiando de ser indeseado mas tornandose um grupo social para o qual devem sempre se direcionado comunicação em massa e estar enolta pelo mercado do ser criadas tticas de eplorao mercadolgica. entro do mareting por eemplo os entretenimento e so i. Para oer aer p. homosseuais se transformam em uma categoria prpria os s que criam uma uPaul é um espetacular ato de autorreinenção e reiindicação dra. imagem homosseual so o olhar da economia enaltecendo suas prticas de consumo Ele criou uma personaem – atreida orte linda e nera – mas arumenta ue sua perormance é de um personiicador eminino em detrimento das suas caractersticas sociais. aleando ue ele não se parece com uma muler e sim com uma dra ueen. e olho em uma nova fatia de mercado nasceu em o programa RuPaul’s Podese oserar ue o próprio título do prorama a orrida das Dras de Dra Race fortemente inspirado no formato de America’s Next Top Model e Proect RuPaul coloca a própria uPaul como peça central do prorama. esse contexto uPaul Runa. ua frmula é simples uma dzia de drag queens em um espao de traalho demarca a si como ponto de reerncia para toda uma sucultura e cria uma posição de aastecido com tecidos maquiagem acessrios perucas sapatos e uma cadeia de proeminncia em relação a toda comunidade dra. ssim um dos principais oetios outros produtos comercializveis realizando desafios de costura dana canto atuao de RuPaul’s Drag Race é ender a imaem de uPaul como um ícone para os e comédia. s episdios culminam em uma atalha de dulagem e eliminao de uma espectadoresconsumidores. das competidoras. sso tudo aspirando tamém a um prêmio em dinheiro e a uma coroa representativa do título de “prxima superstar dra dos A”. sso se d não apenas nas entradas triunais especialmente no episódio inal de cada temporada mas durante toda a edição do prorama. Em cada um dos episódios endo como urados personalidades do entretenimento norteamericano o uPaul a uso de suas próprias msicas como trila para o desile inal um dos programa tem como criador apresentador e pea fundamental das dinmicas uaul momentos centrais do prorama em como são elas tamém ue compem o harles a primeira drag queen a alcanar notoriedade fora do circuito com seu encerramento dos episódios. hit upermodel ou etter or de . uaul foi tamém vocalista da anda ee ee ole ator em mais de filmes e seriados além de urado e apresentador em Em rias temporadas as inalistas tm como tarea a raação de participação diversos programas televisivos. ravou tamém a msica Don’t o reain M eart no ideoclipe de uPaul ue é eralmente lançado no ltimo episódio do prorama. lém disso uPaul sempre demonstra ser uma iura com status uando em meio as discusses sore o desempeno das participantes ele rita “Silêncio! Eu tomei minha

Doule income no ids em traduo livre renda dupla sem filhos. decisão” em como é ele sem consulta dos outros urados ue decide a partir da ois realit shos de competio estadunidenses envolvido com o mundo da moda. primeiro trata da competio para eleição da “Próxima Modelo dos Estados Unidos” e o outro é uma competição de designers e estilistas para relevar novos nomes para o mundo da moda. ais informaes em http.rupaul.comiograph cesso em . oe o prorama possui inmeras premiaçes. uPaul tamém anou o troéu em e . dua ua aa a ua ua a da aa a da ua ada a da da ds dsas ss s sds assu a aa au d a da sas a d us ga riendl d as d su das da us u u sss d ua aa ada d in mone

as d sas d ss dads uaa ss sa aaa ua s a a a d sas auas sd das dsas d su Seuinueen arco arco merican arel d us l and huc rael a etaa d ss nastasa eerl ills D oe us ss as a s sa ss sas d ds us uas sas as d as u s a da a us da as ads aas aas ello itt solut oda

da d aa a u as as aas ua aa a d sus as ss as s dad d ad suas uadads ads s a d aa ad sus s s ssa a d a ada aau da as asa aada usa d ud a ad ua a ada aa asas usas ud a a ss a ada ssu u as aa d aua uTu aa ada duu ass ad asas d da standu a ada au dad a d suas adas usas a ada adu ud da aua sd a a ssa a s aa aa aaa d sa a a adua ua a adua

ariendl u usad aa s a uas as ssas u sus u ua aa a a d u a aa as ssas T s ss s s ss urricane ianca TT s ss ss dua ua aa a ua ua a da aa a da s da u aa d d aa saduds s ua ada a da da ds dsas ss s sds assu a as d a a T aa dsad a T aa au d a da sas a d us ga susd d ad a ad as d T assaua s riendl d as d su das da us u u sss d ua sads ds aa aua uad u aa d aa ada d in mone sda a au auas adas s a dss a uas a das s aas us d as d sas d ss dads uaa ss sa a ud a ad assa d s a ua aas aa aaa ua s a a a d sas auas sd aaa aa u a a d s da ssa das dsas d su Seuinueen arco arco merican arel d us sa s sads ds a d s a ad l and huc rael a etaa d ss nastasa eerl ills D aas d usa d d aa oe us ss as a s sa ss sas d ds us uas sas as d as u s a da a as aa aau sa u us d ass us da as ads aas aas ello itt solut oda da u ad a s as dss a s dsa sads ssa as as ds s aas d aa d u a a s da a uua a a uddad d da d aa a u as as aas a adas asas d asa da uua da ua aa a d sus as ss as s dad d ad suas uadads ads s a d aa ad sus s s ss a sa u ds as as aa u s suss d ssa a d a ada aau da as asa aada aa a s a sada das da us d u a aaad usa d ud a ad ua a ada aa ad ua ss ua ad aa dssa uua asas usas ud a a ss a ada ssu u as ua adad s asa s u s aa dssa a aa d aua uTu aa ada duu suua uad sus aas uas asas d as as a ass ad asas d da standu a a ada au dad a d suas adas usas a Tdaa a daa das aas d du as as da ada adu ud da aua sd a a ssa a s aa aa us s aas d a sas dus aa ds u aaa d sa a a adua ua a d ssa ua d a sa au ss adua a a a s cademia de Drags ua adaa asa d RuPaul’s Drag Race a aua ds uTu ada a da u a ua das sas d a dsau da aua

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a da aa u dsau da a da a ausaa a caas assaas ras escalgcas e esas arrs, as ceras us a u ds ads s s asa da as recsa rrrar s esecares ara sere elgaas els uras a d sua aa da suu a a d sua sa Rs a , ra, ua crescee ullca e rus cs sa ue P us s ua ada usa aera, rcalee, uers le e cega a rasl a arr a e e ass uus dads s dsd u u are esses ces e caas uue e a r las raas De uda asas l esse lu e esecares e csures, caas lcas se ra as ad a RuPaul’s Drag Race, seu suss a aa a d cus sa res acers u sea, a esca rag e e u crescee e s ads ua aa d ss a aa Pa u ularae luecaa r a e erca a usca r se rar u e caa llas P a d aadas ss d uTu d a das d e as reel adas as as P R a au Pr au, as rag uees, ara al as arcaes earalaas e ual rgraas e ca, ceara a ear seus ercas rela , ua uuer dss a a d uau assu a aa a ua ular, assu a cr rgraa ua caal Peel ea, Ra aua u s d aa d a sus ds da u e ar as aresea rgraa a as a u caal , ec a as s u uda us ssua da u l ss, al e , laaa a sre aaa ara auls caaa ua a s s s s a u uer Drags, ua ru raslera e ers aas, era ea e d aas dsd sua sa Paul escau srua ela el sre csse as aeuras e Parc, Dee a as ds dus a a a au a d e Ral, ags ue raala e ua la e earaes, as ue se a s dua a u ssa dads ua das da us rasra e suereras e , carle ares e ara a, as aas d uau s d sds sa da d ssa sua “uer Drags” eu e reger l, a “eerga al as gas”, a alca aa d daa a l s dudads d s u a rag a la Ds ersages e esaue rgraa s ulas, cluse, ua ua dad aa sa aas as sads elas rag uees Pall ar la e a le lla eee aage dss uas aas s adas a d a as aas d ad aa aula uad uTu adad sera, ereaee lc, ara ueses c uaeals as u s aa ss as as a das relgs, recce e uras eaas e , sere e ra susas sadas sa s s d d a d cca e sarcsca, rgraa a us e ses e ur lcaee crre, c e grae are as rag uees ce a sre, clar, cu ue s crcas a e ua a sceae

ua aaa uaa dada d ua ssu ua a a a da ua s aes e leae reacr cserar sera s ls as, du as a aua ua aaa aa ada s d lega c a ele e ar lsar e , e cas e uer Drags as as suausda s adas d s sas aa da dua ss uTu aclee erce, r eel, cuca e ela ceae raslera s de Pediatria. Mesmo a série animada sendo voltada ao público adulto, o grupo viu “com heroínas”, ignorando a faixa etária

uuaa ss u Pa R a as a ua al u algo natural no ambiente midiático. O “cidadão de bem” acredita que um adolescente ulto, mas não para assistir aos “perigos” de um desenho protagonizado por drag

cujas “derrapadas” nos roteiros quase passam despercebidas.

Pslla RuPaul’s Drag Ra us Ralss

de Pediatria. Mesmo a série animada sendo voltada ao público adulto, o grupo viu “com especialmente, a conquista do . pesar das duras críticas sofridas por esses produtos por conta de seu alinhamento com os sistemas de produão, o que, para heroínas”, ignorando a faixa etária alguns, desestruturaria a maior qualidade drag, a da transgressão é importante perceber que praticamente todas essas iniciativas abordam, mesmo que de forma tangencial, algumas demandas do movimento em suas narrativas e visualidades. uuaa ss u Pa R a as a gnese desses produtos está no entretenimento, não sendo possível compreendlos ua al u como essencialmente “militantes”. Isso não anula o incômodo social que causa em parcelas da sociedade. algo natural no ambiente midiático. O “cidadão de bem” acredita que um adolescente ulto, mas não para assistir aos “perigos” de um desenho protagonizado por drag 4.2 Condragulations! Um reality show drag escolha de se estruturar o programa dentro do escopo do ral s não foi aleatria, ela vem apoiada em uma estratégia midiática de uma sociedade espetacularizada que “sob todas as suas formas particulares – informaão ou propaganda, publicidade ou consumo direto de divertimentos –, o espetáculo constitui o modelo atual da vida dominante” (DEBORD, 1997, p. 14). cujas “derrapadas” nos roteiros quase passam despercebidas. O sucesso desse formato é visível quando olhamos a programaão televisiva e seus níveis de audincia. sso não impede que esse gnero sofra de críticas tanto no meio acadêmico, quanto no campo “popular”. Em seu prefácio da edição brasileira do Pslla livro de ohn Downing (2004), Arlindo Machado é categórico ao dizer que “perdemos RuPaul’s Drag Ra boa parte de nosso tempo útil discutindo bobagens como os ral ss” e que isso us Ralss levaria a um “desperdício de energia e certo bitolamento da discussão” (au O, , p. . Para Mateus , p. ... devido sua natureza trivial e fragmentária que procura espelhar a vida cotidiana, os programas televisivos de realidade tm sido acusados de deslocar os valores éticos e traduzirem um descomprometimento social. Preocupados com assuntos prosaicos, por vezes difundindo comportamentos reprováveis ou de gosto duvidoso, muitas críticas encontram na superficialidade dos temas abordados, um exemplo da perturbaão que os realitshos infligiram televisão. O dinheiro rosa descreve o poder de compra da comunidade que passou de uma franja de mercado para uma prspera indústria em diversos setores, como bens de consumo, viagem e entretenimento. 90

Dentro do formato realit, é possível observar heranças do Realismo e do aturalismo (MAE, 2012). Enquanto movimentos literários, ambos se preocupavam com a denncia das realidades sociais comunicandose através de uma linguagem quotidiana ou mesmo vernácula. Essa influência é visível em RuPaul’s Drag Race á que, paralelamente s dinmicas do programa, através das histórias pessoais contadas por cada uma das participantes, há diálogos sobre questes pertinentes comunidade B, como seualidade, limites entre gêneros, auto aceitação, relaçes familiares, homofobia, preconceito, novas configuraçes familiares, etc.

er esses debates sendo abordados por pessoas ordinariamente comuns, com sua própria voz e vivência, diferente dos olhares técnicos que a televisão costumeiramente traz a esse tipo de discussão, é uma das estratégias que visam gerar empatia do pblico com os participantes e o programa e, assim, aumentar as potencialidades de consumo. imultaneamente, essas açes acabam por dar início a um processo afetivo de relação entre o contedo e os espectadores. Assim, é importante notar que a dimensão mercadológica e comercial do programa é etensa e atravessa todo o seu contedo, porém, ela não é a nica.

Para Fernanda Bruno (2010, p.115): “O crescente aumento de programas de caráter confessional e ‘realista’ coloca os holofotes sobre o indivíduo e sua realidade ordinária, seus problemas psíquicos, conjugais, pessoais” criando uma ligação entre espectadores e participantes, em que estes acabam ganhando um alto grau de popularidade. Dessa forma, os realitshows também criam suas próprias celebridades partindo de indivíduos comuns que se tornam notórios desde o momento em que são veiculados nessas mídias. Esse fato é um desdobramento representativo de outro universo de ascendência dos realit shows enquanto gêneros televisivos o ornalismo sensacionalista.

ara Mateus (2012), os programas de realidade criam seu próprio sensacionalismo, instigando diversos tipos de relaçes e posiçes particulares dentro desses universos. Em RuPaul’s Drag Race é perceptível que grande parte dos discursos debatidos pelos participantes durante a montação não são orgnicos, mas advindos de 90 1

Dentro do formato realit, é possível observar heranças do Realismo e do um roteiro previamente levantado pela produção e que intenta produir desavenças ou aturalismo (MAE, 2012). Enquanto movimentos literários, ambos se gerar posiçes conflituosas entre os participantes. preocupavam com a denncia das realidades sociais comunicandose através de uma al como estes estilos documentais, os participantes dos realit shos linguagem quotidiana ou mesmo vernácula. Essa influência é visível em RuPaul’s Drag raramente dirigem o olhar para a cmara e apenas o faem aquando de entrevistas cujo Race á que, paralelamente s dinmicas do programa, através das histórias pessoais propsito é falos epor aquilo que pensam de determinada ocorrncia. Por outro contadas por cada uma das participantes, há diálogos sobre questes pertinentes lado, é como se este recorte da realidade que a estética documental dos programas comunidade B, como seualidade, limites entre gêneros, auto aceitação, relaçes televisivos de realidade opera tornasse certas questes quotidianas mais susceptíveis familiares, homofobia, preconceito, novas configuraçes familiares, etc. de serem problematiadas, quer pelos participantes, quer pelos prprios espectadores.

er esses debates sendo abordados por pessoas ordinariamente comuns, com (, 2012, p.). sua própria voz e vivência, diferente dos olhares técnicos que a televisão uando Doning (200, p. 21) conceitua seu entendimento sobre o termo costumeiramente traz a esse tipo de discussão, é uma das estratégias que visam gerar “mídia radical”, ele está se referindo “à mídia – em geral de pequena escala e sob muitas empatia do pblico com os participantes e o programa e, assim, aumentar as formas diferentes – que epressa uma visão alternativa s políticas, prioridades e potencialidades de consumo. imultaneamente, essas açes acabam por dar início a um perspectivas hegemônicas”. Ele vê essas mídias como atreladas aos objetivos dos processo afetivo de relação entre o contedo e os espectadores. Assim, é importante movimentos sociais de transformação da realidade social. notar que a dimensão mercadológica e comercial do programa é etensa e atravessa m RuPaul’s Drag Race nem sempre essa questão é aparente. omo o prprio todo o seu contedo, porém, ela não é a nica. RuPaul, em entrevista ao s geles es102 afirma: “Nosso objetivo é apenas divertir Para Fernanda Bruno (2010, p.115): “O crescente aumento de programas de e celebrar o drag, [...] O que acontece depois disso, não é da minha conta”. No entanto, caráter confessional e ‘realista’ coloca os holofotes sobre o indivíduo e sua realidade mesmo que afirmemos que a intenção do programa seja puramente mercadolgica, o ordinária, seus problemas psíquicos, conjugais, pessoais” criando uma ligação entre que poderia desestruturar qualquer análise que visse o programa pela perspectiva espectadores e participantes, em que estes acabam ganhando um alto grau de contrahegemnica, Doning afirma que: popularidade. Dessa forma, os realitshows também criam suas próprias celebridades a verdade, as reais intençes dos prprios comunicadores podem partindo de indivíduos comuns que se tornam notórios desde o momento em que são revelarse inteis como guias nesse labirinto ou, no mínimo, guias veiculados nessas mídias. Esse fato é um desdobramento representativo de outro notavelmente insuficientes. histria está repleta de casos de indivíduos e grupos que não faiam ideia, e que não poderiam ter universo de ascendência dos realit shows enquanto gêneros televisivos o ornalismo ideia, da cadeira de acontecimentos disruptivos que estariam deflagrando (DO, 200, p.2). sensacionalista. Em todos os episódios de RuPaul’s Drag Race há uma alternância frequente entre ara Mateus (2012), os programas de realidade criam seu próprio o decorrer da narrativa e a inserção de vídeos em estilo documental onde os sensacionalismo, instigando diversos tipos de relaçes e posiçes particulares dentro participantes são estimulados em entrevistas particulares a falarem sobre si, suas desses universos. Em RuPaul’s Drag Race é perceptível que grande parte dos discursos preocupaçes, conquistas e opinies sobre as outras participantes e suas histrias. O debatidos pelos participantes durante a montação não são orgnicos, mas advindos de objetivo dessas inserçes é o fomento de desavenças, bem como de dar espaço a

102 Fonte: http:lat.ms2b2btf . cesso em 25121. depoimentos sobre problemas reais vividos pelos participantes antes do programa, e produir, assim, intimidade e proimidade emocional entre espectadores e protagonistas. demais, a característica documental dos realit shos, nesse caso, acaba por colocar em pauta assuntos invisibiliados em espaos antes inacessíveis às discusses de importância para a comunidade .

omo aponta Doning , erteau nos alerta sobre o fato de ser preciso analisar os “inteligentes truques utilizados pelos fracos dentro da ordem estabelecida pelos fortes, a arte de levar a melhor sobre o adversário no seu próprio terreno”, assim como cott descreve o fato de haver um vasto continente que se estende entre a rebelião e a passividade O, , au DONN, , p.. Essas vises, dialógicas com o conceito de ‘língua menor’ proposto por Deleuze e Guatarri (, defendem a ideia de que atos de resistência podem ocorrer dentro da lógica hegemônica, se apropriando e as torcendo de dentro para fora. Eemplo disso é, como aponta Dênis Pacheco para o uffpost rasil em :

Em drag ou “desmontadas”, as participantes de RuPaul’s Drag Race são referidas sempre por meio de pronomes femininos. O gesto, que parece apenas divertido quando se comea a assistir, nada mais é do que uma verdadeira afirmaão política: em RuPaul’s Drag Race as barreiras de gênero como vocês conheciam serão quebradas não apenas visualmente com homens andando em saltos plataforma e usando batom, mas também semanticamente. Eles aqui são elas, e sem aspas.

ssim, o principal âmbito para compreensão da contribuião do programa em um processo de maimiaão da cultura drag estão em seu conteto e em suas consequências DONN, , p.. Essa visão, atributiva da recepão da mensagem e seus desdobramentos sociais acabam tornando a visualiaão dos produtos midiáticos ainda mais compleos de serem estudados em relaão a se fossem fechados apenas às esferas produtivas e de contedo. O olhar sobre as dinâmicas geradas pelo pblico a partir do programa pode suscitar questes completamente opostas à intencionalidade dos criadores do programa, visto que, na visão de Doning , p.:

e as audiências são redefinidas como usuários da mídia em ve de consumidores, como ativas em ve de acríticas, como variadas em ve

uando assistir RuPauls Drag Race se torna um ato político. Disponível em: [ https:bit.lEDn ]. depoimentos sobre problemas reais vividos pelos participantes antes do programa, e de homogneas, ento o termo (audincias pode libertar grande parte de sua bagagem mercadológica produir, assim, intimidade e proimidade emocional entre espectadores e protagonistas. demais, a característica documental dos realit shos, nesse caso, ssim, os espectadores muitas vezes tomam o que oferecido pelos produtos acaba por colocar em pauta assuntos invisibiliados em espaos antes inacessíveis às culturais de massa e constroem situaes que podem encontrar ressonncias num discusses de importância para a comunidade . potencial de libertao (DG, , p om isso em mente, quando visualizamos as significativas transformaes socioculturais da cultura drag no território omo aponta Doning , erteau nos alerta sobre o fato de ser preciso nacional, por meio, por eemplo, da rápida ascenso de abllo ittar na indstria analisar os “inteligentes truques utilizados pelos fracos dentro da ordem estabelecida fonográfica (e de outras cantoras drag com menos epresso, como retuza ovi e Gloria pelos fortes, a arte de levar a melhor sobre o adversário no seu próprio terreno”, assim Groove, da proliferao de festas de temática drag em casas noturnas G (como a como cott descreve o fato de haver um vasto continente que se estende entre a festa riscilla que eibe, inclusive, epoentes internacionais e participantes de RuPaul’s rebelião e a passividade O, , au DONN, , p.. Essas vises, Drag Ra e de um programa brasileiro completamente protagonizado por drag queens dialógicas com o conceito de ‘língua menor’ proposto por Deleuze e Guatarri (, como o Drag as a u, eibido no canal por assinatura , podese afirmar que o defendem a ideia de que atos de resistência podem ocorrer dentro da lógica pblico consumidor da performance e esttica drag vem crescendo hegemônica, se apropriando e as torcendo de dentro para fora. Eemplo disso é, como aponta Dênis Pacheco para o uffpost rasil em : importante ressaltar que, pelo programa ser apresentado e protagonizado por drag queens, a dimenso corpomídia no pode ser ignorada Doning, inclusive, Em drag ou “desmontadas”, as participantes de RuPaul’s Drag Race são referidas sempre por meio de pronomes femininos. O gesto, que categórico ao afirmar em entrevista atrícia ittenberg avalli ( que possui uma parece apenas divertido quando se comea a assistir, nada mais é do viso antropológica da mídia, entendendo outros processos e dispositivos como que uma verdadeira afirmaão política: em RuPaul’s Drag Race as barreiras de gênero como vocês conheciam serão quebradas não plataformas midiáticas apenas visualmente com homens andando em saltos plataforma e usando batom, mas também semanticamente. Eles aqui são elas, e esse mbito, como coloca utler (, as drag queens possuem um duplo sem aspas. poder, tanto podem contestar os binmios masculinosfemininos, quanto de reafirmá ssim, o principal âmbito para compreensão da contribuião do programa em los a partir de uma tentativa de representao da mulher o caso de RuPaul’s Drag um processo de maimiaão da cultura drag estão em seu conteto e em suas Ra, a ampla representatividade cultural e tnica acaba por trazer participantes com consequências DONN, , p.. Essa visão, atributiva da recepão da mensagem os mais diversos estilos, que muitas vezes no se propem a criar alteregos femininos e seus desdobramentos sociais acabam tornando a visualiaão dos produtos midiáticos fidedignos, mas personagens que etrapolam os limites do gnero ainda mais compleos de serem estudados em relaão a se fossem fechados apenas às omo aponta Doning (2004, p. 7) não se pode minimizar “a importância dos esferas produtivas e de contedo. O olhar sobre as dinâmicas geradas pelo pblico a usos que os movimentos e grupos de oposio podem s vezes fazer da mídia partir do programa pode suscitar questes completamente opostas à intencionalidade convencional”. Quando é focado o impacto gerado da audiência, observase um dos criadores do programa, visto que, na visão de Doning , p.: crescimento de um mercado drag, da formao de comunidades e redes de apoio, e as audiências são redefinidas como usuários da mídia em ve de consumidores, como ativas em ve de acríticas, como variadas em ve principalmente pautadas em comunidades de redes sociais, alm do constante discurso

de aceitao própria to importante para uma comunidade que vive sob os estigmas uando assistir RuPauls Drag Race se torna um ato político. Disponível em: [ https:bit.lEDn ]. 4 sociais e culturais tradicionalistas ue muitas vezes não entendem a populaão como parte integrada da sociedade.

papel da mdia transformadora não é simplesmente de negar na forma e no contedo um alinamento egemnico, mas formar sueitos istricos capazes de transformar seus contetos de vida, ue a egemonia não é s um conunto de ideias, mas uma prtica de vida (, 2004). bservando matérias como a do portal 04, vemos ue o programa fomentou, em primeira instância, ue indivduos comeassem a uestionar a rigidez do gênero, como também estimulou os espectadores a uestionarem as normas a partir da performance drag. RuPaul’s Drag Race, então, disputando um espao na grande mdia na forma de uma trinceira, acaba fomentando ideias e valores ue permitem ue as pessoas epandam sua luta. omo nos fala ênis aceco (204)

oi assistindo a essa corrida insana de drags ue aprendi a valorizar tardiamente meu colega da escola ue, ga como eu, mas muito mais coraoso, ogava como menina tentando não ceder pressão do ulgamento aleio. por fim, passei a reconecer a atitude do garoto ue, aos 4 anos, entendia ue ogamos todos untos com o obetivo individual e coletivo de marcar o maior nmero de pontos possvel.

A presença desses corpos e de suas falas em projetos midiáticos como RuPaul’s rag ace fornecem outros modelos de vivência. m reportagem do , uaul afirma amar ser um modelo para os jovens, em uma entrevista ao Papel Pop ele diz: “Eu sou responsvel por ser eu mesma. ivendo a vida como eu vivo, isso pode audar outras pessoas a se acharem e encontrarem o seu propósito na vida também” (RuPaul: ntrevista a elipe ruz. 207). a mesma forma, na entrevista fornecida para o , uaul afirma ue osso programa permite ue istrias seam contadas e uando uma drag ueen conta a sua istria para uma audiência de televisão, ovens do mundo inteiro sabem ue uma tribo, ue pessoas no mundo esperando por eles. ovens ue estão nos lugares mais remotos do rasil podem ver o programa e entender ue um lugar para eles. ssa é uma grande revoluão. Quando eu era mais novo, eu acei ue estava sozino. sse programa criou uma comunidade global.

04 isponvel em ttpbit.l2bt cesso em 027. 4 sociais e culturais tradicionalistas ue muitas vezes não entendem a populaão prorama vem colocando indivduos ue no se enuadram nos binmios de como parte integrada da sociedade. nero masculinofeminino com protaonistas ou seja, pessoas ue no se encaiam nas epectativas sociais esto sendo dispostas na televiso, protaonizadas, papel da mdia transformadora não é simplesmente de negar na forma e no possibilitando o fomento sobre uestes identitárias e de nero e, como conseuncia, contedo um alinamento egemnico, mas formar sueitos istricos capazes de inspirando espectadores a se enajarem nos uestionamentos acerca da riidez desses transformar seus contetos de vida, ue a egemonia não é s um conunto de ideias, universos mas uma prtica de vida (, 2004). bservando matérias como a do portal 04, vemos ue o programa fomentou, em primeira instância, ue indivduos e antes, ento, a presença das dra ueens na mdia ocorria como meio de comeassem a uestionar a rigidez do gênero, como também estimulou os espectadores atender a uma “cota de diversidade” ou de “excêntrismo”, hoje, as drag queens são a uestionarem as normas a partir da performance drag. RuPaul’s Drag Race, então, protaonistas s corpos midiatizados em RuPaul’s Drag Race e a representaço disputando um espao na grande mdia na forma de uma trinceira, acaba fomentando desestabilizadora do feminino por meio de corpos lidos como masculinos institui uma ideias e valores ue permitem ue as pessoas epandam sua luta. omo nos fala ênis uebra do ideal heemnico no só heterosseual, mas da homosseualidade moldada aceco (204) pelos ditames heteronormativos

oi assistindo a essa corrida insana de drags ue aprendi a valorizar Pelo fato do prorama se comunicar prioritariamente com seus pares, ou seja, a tardiamente meu colega da escola ue, ga como eu, mas muito mais coraoso, ogava como menina tentando não ceder pressão do comunidade no há fica visvel um confronto social frontal, mas, mais importante, ulgamento aleio. por fim, passei a reconecer a atitude do garoto ajudase a fomentar uma rede afetiva ue tenta valorizar as diferenças da populaço ue, aos 4 anos, entendia ue ogamos todos untos com o obetivo individual e coletivo de marcar o maior nmero de pontos possvel.

A presença desses corpos e de suas falas em projetos midiáticos como RuPaul’s importante frisar ue a performance dra é tanto entretenimento, uanto rag ace fornecem outros modelos de vivência. m reportagem do , uaul afirma poltica Por se tratar de uma performance de nero, a partir do uso de elementos amar ser um modelo para os jovens, em uma entrevista ao Papel Pop ele diz: “Eu sou compreendidos como femininos na criaço de um outro indivduo ue, em rande parte, responsvel por ser eu mesma. ivendo a vida como eu vivo, isso pode audar outras tem intençes mercadolóicas (apresentaçes em boates, shos de sa u ce pessoas a se acharem e encontrarem o seu propósito na vida também” (RuPaul: etc tanto uanto intençes polticas de demonstrar a artificialidade dos neros, é ntrevista a elipe ruz. 207). a mesma forma, na entrevista fornecida para o , compreensvel ue o prorama também sia a mesma lóica e use dos mesmos uaul afirma ue artifcios u seja, se a base da performance dra, mesmo fora do prorama, é uma osso programa permite ue istrias seam contadas e uando uma crtica social, cultural e poltica feita entre risadas e dublaens, no estaria o prorama, drag ueen conta a sua istria para uma audiência de televisão, ento, apenas ressinificando essa abordaem através da mdia ovens do mundo inteiro sabem ue uma tribo, ue pessoas no mundo esperando por eles. ovens ue estão nos lugares mais remotos do rasil podem ver o programa e entender ue um lugar o ponto de vista estratéico, podese considerar o alinhamento rande mdia para eles. ssa é uma grande revoluão. Quando eu era mais novo, eu como uma trincheira ue cria, dentro do aparelho heemnico, um ambiente de acei ue estava sozino. sse programa criou uma comunidade global. eposiço de ideias Esses artifcios fariam o prorama ter menos resistncia a entrar em mais rupos sociais e sua dinmica se aproimaria, em certa perspectiva, do

Como mostra a matéria “Real s americano inspira nova geração de drag queens no Brasil” do 04 isponvel em ttpbit.l2bt cesso em 027. isponvel em: https:loboho Acesso em euae, ou seja, um entretenimento que tamém possui um carter educacional e pedaggico

um mundo em que mulheres ainda sorem preconceitos ignorantes, assistir homens adultos distriurem liçes de humanidade e tirarem orça do ato de se vestirem como mulheres representa uma excelente alegoria de empoderamento em ser vio, uauls rag ace prova todos os anos que existe para extrapolar as arreiras que o classiicam apenas como um realitsho divertido num canal segmentado CC,

alve RuPaul’s Drag Race esteja posicionado onde cott , au , 2004, p. 51) compreende como um “terreno intermediário no qual a conformidade, com requência, é uma estratégia acanhada, e a resistência, algo cuidadosamente equilirado, que evita conrontos do tipo tudo ou nada, conseguindo evitar o imenso terreno político que se encontra entre a concórdia e a revolta” ou mesmo absorto no iderio de amond illiams, que compreende que toda cultura possui elementos dominantes, residuais e emergentes carter de entretenimento, nesse sentido, pode ser assimilado como uma inteligente estratégia de diluir o carter poltico para que o programa seja araçado por plicos mais amplos e, dessa orma, esgueirandose pelas aerturas, endas, oportunidades e sutergios encontrados, promover discursos de tolerncia, igualdade e mesmo celerar a cultura drag

RuPaul’s Drag Race, portanto, quera expectativas simplistas de classiicação humor e o entretenimento se tornam a moeda de troca de uma relação em que se apresentam e se normaliam vivênciasoutras dentro das dinmicas do programa no que tange o posicionamento político do programa, parafraseando RuPaul, “toda vez que uma drag bate seus cílios é um posicionamento político”.

ato de se montar em drag demarca, como apontado, um ato poltico de resistência a todo um sistema de restrição dos corpos e das lierdades individuais uando essa montação passa a permear a mdia, ela aeta um amplo plico de espectadores em dierentes nveis arte desse plico passa a compreender as demandas suscitadas pelos corpos drag e, a partir da, tamém uscam reelaorar seus corpos e traçar suas polticas dimensão miditica, portanto, é undamental para a passagem da dimensão individual da perormance drag para a ormação de uma euae, ou seja, um entretenimento que tamém possui um carter educacional dimenso coletiva, que potencializa a performance drag como um ato político compleo e pedaggico e articulado.

um mundo em que mulheres ainda sorem preconceitos ignorantes, assistir homens adultos distriurem liçes de humanidade e tirarem orça do ato de se vestirem como mulheres representa uma excelente 4.3 Afetos e desafetos em RuPaul’s Drag Race alegoria de empoderamento em ser vio, uauls rag ace prova todos os anos que existe para extrapolar as arreiras que o classiicam Como falado, um dos traços mais marcantes em RuPaul’s Drag Race é seu caráter apenas como um realitsho divertido num canal segmentado CC, confessional. por meio dos corpos espetacularizados e desses depoimentos que o programa comunica signos que so apreendidos pelos espectadores, produzindo afetos. alve RuPaul’s Drag Race esteja posicionado onde cott , au , Esses afetos não devem ser entendidos “como um ponto de partida de um esquema 2004, p. 51) compreende como um “terreno intermediário no qual a conformidade, com estímuloresposta, mas sim como um encontro, cua virtualidade insistente fora a requência, é uma estratégia acanhada, e a resistência, algo cuidadosamente pensar” (R, 200 apud , 2012, p.10). equilirado, que evita conrontos do tipo tudo ou nada, conseguindo evitar o imenso terreno político que se encontra entre a concórdia e a revolta” ou mesmo absorto no icael ardt 2015, p.) fala sobre uma virada afetiva nos estudos das cincias iderio de amond illiams, que compreende que toda cultura possui elementos sociais. sses trabalos teriam enfoque no corpo a partir dos desenvolvimentos da dominantes, residuais e emergentes carter de entretenimento, nesse sentido, pode eoria eminista americana e também da eplorao das emoes levantada pela eoria ser assimilado como uma inteligente estratégia de diluir o carter poltico para que o ueer. ssa virada afetiva conduz a pensar que afetamos o que está ao nosso redor, ao programa seja araçado por plicos mais amplos e, dessa orma, esgueirandose pelas mesmo tempo em que somos afetados por ele, ou sea, a partir dos encontros entre os aerturas, endas, oportunidades e sutergios encontrados, promover discursos de corpos. omo coloca ilva 2012, p.2) tolerncia, igualdade e mesmo celerar a cultura drag Para pinoza “os omens no so sueitos pensantes, mas esto sueitos aos afetos sentimentos, paies). esmontase assim, a RuPaul’s Drag Race, portanto, quera expectativas simplistas de classiicação crena no omem como centro do real, atomizado, para tornar o humor e o entretenimento se tornam a moeda de troca de uma relação em que se umano como produto de encontros”. apresentam e se normaliam vivênciasoutras dentro das dinmicas do programa no s encontros podem se desenvolver em diversas esferas. o caso do programa, que tange o posicionamento político do programa, parafraseando RuPaul, “toda vez que na visual, a partir da espetacularizao, da plasticidade e artificialidade do corpo e da uma drag bate seus cílios é um posicionamento político”. performance drag, bem como através das abordagens com os temas que o programa suscita que passam a se ligar com o íntimo e o sensível do espectador. ontudo, esses ato de se montar em drag demarca, como apontado, um ato poltico de encontros no se resumem racionalidade da mente ou mesmo materialidade dos resistência a todo um sistema de restrição dos corpos e das lierdades individuais corpos, mas a uma troca noracionalizável, que é apreendida pelos afetos que se criam uando essa montação passa a permear a mdia, ela aeta um amplo plico de com a presena desses corpos e com o estarnomundo. espectadores em dierentes nveis arte desse plico passa a compreender as demandas suscitadas pelos corpos drag e, a partir da, tamém uscam reelaorar seus s afetividades, emoes e sensibilidades se do pelos diversos estímulos corpos e traçar suas polticas dimensão miditica, portanto, é undamental para a sensórios, ápticos, de entonao de voz, de plasticidade dos movimentos e uma longa passagem da dimensão individual da perormance drag para a ormação de uma cadeia de possibilidades. partir disso se desenvolvem novas formas de contato e de interação, assim como novas possiilidades de eistir e resistir. Como nos lemra uni Sodré (2006, p.17), “sentir implica o corpo”.

Durante o desenvolvimento de todos os episdios de RuPaul’s Drag Race, as participantes individualmente são estimuladas a comentar sore todos os desafios, sore seu desempeno e o das outras participantes e de eplorar, ainda mais, os momentos em que, durante o episdio, alguma temática relevante é iniciada em algum diálogo. Essas temáticas ocorrem, principalmente, durante a montação. o processo de construção do corpo drag, especialmente no momento em que as drags estão se maquiando, elas conversam sore suas vidas, seus passados, suas epectativas. claro que, por se tratar de um realit so, vários desses momentos catárticos ocorrem pontualmente em outras dinmicas.

lém disso, os desafios tamém apresentam o corpo drag como um grande espetáculo. Essas dinmicas criam sensaçes fsicas e psquicas nos espectadores que são afetados pelas apresentaçes, roupas, rilo, umor – tudo que o camp pode proporcionar como sensação através de sua artificialidade espetacular.

Durante todo processo de pesquisa, estive atento s dinmicas e conversas dentro do grupo s s a RuPaul’s best friend race group do aceoo. á, usquei compreender quais momentos e aspectos potencialiavam os vnculos e engaamentos afetivos junto aos espectadores com a pergunta “Quais momentos mais te emocionaram em RuPaul’s Drag Race e por que?”. Embora mais concentradas nas descriçes de reaçes emocionais diante de falas das personagens e menos centradas em sensaçes e engaamentos sensriosperceptivos (algo que somente pude oter nas entrevistas individuais com algumas drag queens, a serem aordadas no primo sucaptulo, podemos perceer nas respostas que não são poucos os afetos levantados pelo programa, mas uma gama de possiilidades que vai sensiiliando corpos diferentemente.

mais recente dessas postagens pode ser vista em ttpsit.lud . ela, me identifiquei como mestrando, solicitando auda dos integrantes do grupo. lguns relatos serão utiliados como forma de ilustrar as relaçes afetivas que se estaelecem entre as queens e os espectadores. s usuários serão identificados pelas iniciais de seus nomes e, quando possvel, pela cidade e estado em que residem. ufeed, inclusive, fe uma matéria com o ttulo eos de RuPaul’s Drag Race que estamos ea suerar. Disponvel em ttpsfd.itms . interação, assim como novas possiilidades de eistir e resistir. Como nos lemra uni discusso dos dramas familiares, especialmente os que tocam as dificuldades Sodré (2006, p.17), “sentir implica o corpo”. envolvendo a seualidade das concorrentes foi uma das caractersticas mais levantadas pelos participantes do grupo. omo aponta um usurio Durante o desenvolvimento de todos os episdios de RuPaul’s Drag Race, as participantes individualmente são estimuladas a comentar sore todos os desafios, mais pesado pra mim foi no untuced quando a org (emporada ) disse q a me dela disse em seu leito de morte que ela era boa em sore seu desempeno e o das outras participantes e de eplorar, ainda mais, os muitas coisas mas que ela nunca seria a melor em nada, eu fiquei momentos em que, durante o episdio, alguma temática relevante é iniciada em algum muito na bad por isso, as vees julgamos as pessoas sem saber oq elas passaram, talve se a me dela no fosse assim, org no tivesse diálogo. Essas temáticas ocorrem, principalmente, durante a montação. o processo de tanta inveja (P.. – Rio de aneiroR). construção do corpo drag, especialmente no momento em que as drags estão se im i (emporada ) é outra queen que durante toda sua temporada fe maquiando, elas conversam sore suas vidas, seus passados, suas epectativas. claro questo de epor sua intimidade. esmo sendo uma celebridade no mundo drag antes que, por se tratar de um realit so, vários desses momentos catárticos ocorrem mesmo de entrar no programa, a participante conta que sua famlia no sabe sobre sua pontualmente em outras dinmicas. montao, pensando que ela trabalaria apenas como maquiador em seu cotidiano. Ela

lém disso, os desafios tamém apresentam o corpo drag como um grande também aborda seus problemas de autoimagem, de vir de uma tradicional famlia espetáculo. Essas dinmicas criam sensaçes fsicas e psquicas nos espectadores que coreana e de sua virgindade. sso afeta os espectadores com base na identificao são afetados pelas apresentaçes, roupas, rilo, umor – tudo que o camp pode sadora eclio im i toda ve que ela abre a boca, me vejo todina proporcionar como sensação através de sua artificialidade espetacular. nela (.. – npolis). Quando im i conta que a me no sabe que ela é drag, aca que é Durante todo processo de pesquisa, estive atento s dinmicas e conversas apenas maquiadora. Energuei vrios amigos meus que vivem escondidos dentro de casa e no conversam com seus pais sobre seus dentro do grupo s s a RuPaul’s best friend race group do aceoo. á, usquei reais sonhos” (.. – ortaleaE). compreender quais momentos e aspectos potencialiavam os vnculos e engaamentos im i me proporcionou boas lgrimas durante a season . anto pelo afetivos junto aos espectadores com a pergunta “Quais momentos mais te fato de no ser assumida aos pais, quanto a no aceitao do corpo. e identifiquei demais. o episdio em que ela fala com ela mesma emocionaram em RuPaul’s Drag Race e por que?”. Embora mais concentradas nas quando criana ento... eu Deus e acabei (.. – raatubaSP). descriçes de reaçes emocionais diante de falas das personagens e menos centradas a final de sua temporada, im i se apresenta com uma msica desenvolvida para ela em sensaçes e engaamentos sensriosperceptivos (algo que somente pude oter nas chamada “at fem and asian” (gorda, feminina e asiática)10. Nela, versa que “Beyoncé, entrevistas individuais com algumas drag queens, a serem aordadas no primo adonna, got noting on tis triple treat (eoncé, adonna, no so nada perto sucaptulo, podemos perceer nas respostas que não são poucos os afetos levantados dessa tripla ameaa). msica adquire sons eletrnicos que marcam perfeitamente pelo programa, mas uma gama de possiilidades que vai sensiiliando corpos cada uma das palavras gorda, feminina e asitica. o fim, a batida se torna mais frenética diferentemente . e im i, com toda sua timide sempre mencionada no programa, dana de maneira livre, imbuda de toda estranea que seu corpo, sua feminilidade e sua falta de molejo,

mais recente dessas postagens pode ser vista em ttpsit.lud . ela, me identifiquei permitiriam. dana leva o pblico ao frenesi, tendo em vista que, até esse ponto, a como mestrando, solicitando auda dos integrantes do grupo. lguns relatos serão utiliados como forma de ilustrar as relaçes afetivas que se estaelecem entre as queens e os espectadores. s usuários serão drag avia desenvolvido uma coreografia praticamente parada no palco. esse identificados pelas iniciais de seus nomes e, quando possvel, pela cidade e estado em que residem. ufeed, inclusive, fe uma matéria com o ttulo eos de RuPaul’s Drag Race que estamos ea suerar. Disponvel em ttpsfd.itms . 10 cena est disponvel no ouube ttpsbit.l2S . momento, o rograma foca em duas drag queens oquiaertas com a cena e deois mostra o lico do teatro onde acontecia a final, se levantando, alaudindo e gritando. enas como essa criam um encontro com inmeros coros que ossuem questes a serem sueradas. omo aontou um articiante do gruo

aresentao da im hi na finale ... foi lindo q eu senti que ela finalmente suerou os rolemas com o rrio coro e querou a armadura dela (N. . – o uis).

erda tamém aarece com momentos sensveis durante o rograma. anila uon (emorada ) conversou com Naomi malls acerca da erda de entes queridos falando, esecialmente da morte rematura de seu marido, que tamém articiou de RuPaul’s Draga Race, ahara avenort (emorada ). lém disso, as queens da nona temorada conversaram sore o ocorrido no atentado terrorista da oate ulse, em rlando. rinity aylor conta que havia se aresentado na casa uma semana antes. Nesse momento, as drag queens aram seu rocesso de maquiagem elo meio e olham ara rinity surresas.

Na sequncia inthia ee ontaine (emorada ) conta que ela iria se aresentar lá no dia, mas acaou no conseguindo chegar ao local e um amigo, que foi até ara ver sua erformance, foi uma das vtimas. uando conta isso, as queens se comovem e um closeu é feito em uma das drags que se maquiava ao mesmo temo que chorava. cena ainda mostra a fotografia da vtima amiga de ynthia que encerra com sua fala dizendo: “Nunca esperamos que uma tragédia dessas ocorra em nossa comunidade ou acontea em uma oate orque ns ensamos que finalmente construímos um lugar seguro para nossa comunidade”.

uestes relativas religiosidade tamém se aresentaram de maneira frequente, esecialmente os casos de onique eart (emorada ) e usty ay Bottoms (emorada ). onique conta que estudou em um seminário ara ser astor e, inclusive, liderava o grupo dos “ex gays” da igreja. la tamém aordava sore a

liás, a rria ahara, em sua edio, contou seus rolemas enfrentados com anoreia. assacre de rlando foi um atentado terrorista doméstico que ocorreu em de unho de , na oate B chamada ulse, em rlando, lrida, stados nidos. elo menos essoas foram mortas e ficaram gravemente feridas. isonvel em httsit.lyrt . odo diálogo está disonvel em httsit.lyfiq . momento, o rograma foca em duas drag queens oquiaertas com a cena e deois impossiilidade social de ser um omem negro e gay nos stados nidos. egundo os mostra o lico do teatro onde acontecia a final, se levantando, alaudindo e gritando. usurios: enas como essa criam um encontro com inmeros coros que ossuem questes a uando a onique conta sore o passado super religioso dela e diz serem sueradas. omo aontou um articiante do gruo u ca e lac a ga u us ca. real que na comunidade negra, em geral, um omem negro e gay é algo inimaginvel de tao macoalfa q ele tem q ser .. – ampo aresentao da im hi na finale ... foi lindo q eu senti que ela rande. finalmente suerou os rolemas com o rrio coro e querou a armadura dela (N. . – o uis). onique contando como ela tentou orar para deixar de ser gay pray te gay aay e nada aconteceu... me identifiquei por ter tentado orar erda tamém aarece com momentos sensveis durante o rograma. anila para sair da depresso .. – uarapuava. uon (emorada ) conversou com Naomi malls acerca da erda de entes queridos uando a usty usty ay ottoms – emporada disse que foi exorcizada por ser gay. u corei real porque a gente aca, se ilude na falando, esecialmente da morte rematura de seu marido, que tamém articiou de verdade, que essas paradas religiosas esto to distantes, sae as RuPaul’s Draga Race, ahara avenort (emorada ). lém disso, as queens da muitas pessoas sofrem com essas araridades até oje. iquei muito sentida .. – o aulo. nona temorada conversaram sore o ocorrido no atentado terrorista da oate ulse, utro ponto importante foi a relao que os espectadores traaram sore o em rlando. rinity aylor conta que havia se aresentado na casa uma semana ocorrido na quinta temporada, quanto no ll tars com seus enfrentamentos de antes. Nesse momento, as drag queens aram seu rocesso de maquiagem elo meio ullying. uando angela ll tars , mesmo com o melor desempeno durante a e olham ara rinity surresas. competio no é escolida como uma das finalistas por suas colegas de elenco, traz Na sequncia inthia ee ontaine (emorada ) conta que ela iria se uma rememorao de processos de rejeio e de inadequao. Na cena, como em aresentar lá no dia, mas acaou no conseguindo chegar ao local e um amigo, que foi outros momentos decisivos do reality, as participantes so filmadas em close, exiindo até ara ver sua erformance, foi uma das vtimas. uando conta isso, as queens se tela a expectativa de se tornarem finalistas. trila contriui para o clima de suspense. comovem e um closeu é feito em uma das drags que se maquiava ao mesmo temo uando reveladas as finalistas, ennedy avenport fica oquiaerta e rixie atter que chorava. cena ainda mostra a fotografia da vtima amiga de ynthia que encerra are os raos em expresso de espanto. angela, com o maior desempeno com sua fala dizendo: “Nunca esperamos que uma tragédia dessas ocorra em nossa durante a temporada, feca os olos com expresso de tristeza. omo contriui um comunidade ou acontea em uma oate orque ns ensamos que finalmente usurio: construímos um lugar seguro para nossa comunidade”. cena das queens falando que angela é a mais irritante e depois ela uestes relativas religiosidade tamém se aresentaram de maneira no receendo nenum apoio pelas que diziam que eram amigas dela até deocaram e ela quase corando. e lemrou muito eu na frequente, esecialmente os casos de onique eart (emorada ) e usty ay escola .. – o aulo. Bottoms (emorada ). onique conta que estudou em um seminário ara ser astor eguindo o mesmo tema, poderíamos citar a saída de aymes ansfield e, inclusive, liderava o grupo dos “ex gays” da igreja. la tamém aordava sore a emporada que perceeu certa inadequao a um grupo de drag queens espalafatosas, enquanto ela mesma se definia como tímida e introspectiva. m sua

liás, a rria ahara, em sua edio, contou seus rolemas enfrentados com anoreia. saída aymes fala: “yu ae reall us acce a se reas us are assacre de rlando foi um atentado terrorista doméstico que ocorreu em de unho de , na oate B chamada ulse, em rlando, lrida, stados nidos. elo menos essoas foram mortas e ficaram gravemente feridas. isonvel em httsit.lyrt . odo diálogo está disonvel em httsit.lyfiq . isponível em: ttps:it.lypmd .

ea r u” discurso de “tudo é possível, basta querer”.

“ ‘ ’” “ ” “ ” “ ”

ea r u” a sequcia as quees ae ieras perutas se que aes cosia ter discurso de “tudo é possível, basta querer”. tepo de respodlas: “Você está insegura? Extasiada?” e Jaymes nunca chega a copletar u raciocíio. arlie depois ala e depoieto co que aes est tedo diiculdades e pular e lutar por ateo. la est tíida, parecedo ervosa, eto aco que aes est co probleas. s discusses cotiua e as quees decide alar que elas aca que ora as piores do episdio. urea coea a alar apotado para aes “pra i, provavelete ela” e aes respode “ela te u oe”, sua epresso de elicidade vai se trasorado u de tristea e u close. urea cotiua eu deiitivaete aco que é voc porque voc é uito separada e “ pelo que eu vi voc o é espalaatosa. epois de certo tepo, as quees ala ‘ ’” “levate sua o se voc aca que est a salvo”. aes a ua cara de dvida e levata e baia a o rapidaete. utra quee diretaete ala “aes, voc “ ” “ ” levatou e abaiou a o”. la respode “o, a que estou eaado”. “ ” eos, assi, coo a iadequao, vista pela via do aeto, te a ver co u opertecieto. sso é percebido o s pelas alas, as pelos estos, poses, pelo estar isicaete votade ou o uto u rupo de pessoas. sso se itesiica o proraa pela escola do uso dos ulos de toada, trila soora, etc. ssa esa iadequao é percebida o bulli sorido i osoo eporada por toda teporada. cotrapartida istria de aes, i alcaa u oeto catrtico, quado vece a ial do proraa sobre, precisaete, o rupo que partia a aior parte das oesas. sso ressoa diretaete e u pblico que passou por situaes uito parecidas de reeio durate, pricipalete, a vida estudatil, e especial as eios aeiados e eias asculiiadas. odas as dras alado q eliiaria i ooso pq e lebrou istrias de reeio da época do coléio .. – ecie. ial da quita teporada, pois ada ais arrebatador do que passar a teporada toda sedo buliada por pessoas ais ortes, sepre se ater e pé, arrasar e todos os desaios, e o i aar .. – elo oriote. utra costate tato os proraa, quato o eedbac dos espectadores é a

tetica do . participate ia eporada , eocioada por ter vecido o desaio iva la ua lia de aquiaes da osetics que doa parte de seus lucros ara camanhas de Vaids reela sua sorologia e conta ue está coniendo com o rus or dois anos Essa temática e reelao olta a ocorrer com rinity onet emorada e com harlie ides emorada a mais elha drag a cometir no rograma uando deu um deoimento sore como oi a luta contra a aids em sua uentude

rograma ainda chega a aordar esturo lair t lair emorada a transgeneridade onica eerly ills emorada e eermint emorada e distrios alimentares asha Velour e – emorada omo aontou o deoimento de uma esectadora:

iuei muito emocionado com a cena das meninas na alando sore distrios alimentares um assunto delicado ra mim – amina rande

s aresentaes aoteticas em uaul tamm oram uma constante nas resostas enrentamento entre as melhores amigas aen e Juuee ll tars em um emocionante duelo ou mesmo o enrentamento icnico entre lyssa e atiana ll tars na usca de uma noa chance no rograma a dulagem de hi hi eVayne emorada ue ao som de ellg u rome seu colar de rolas ue caem sore todo o alco o dulo simultneo de agana Estrana e Josylin ox emorada e o enrentamento de lexis ateo e ara oia emorada oram alguns dos momentos citados elos articiantes do gruo do gruo em resosta ergunta

utro momento muito lemrado a entrada de Violet hachi emorada na inal da oitaa temorada uando ela entra ara assar a coroa Violet surge de trás de um ainel de lues com um enorme estido rilhante usando cau e um semlante las Ela caminha elo alco com uma ostura altia e ao inal retira seu cau reelando ue seu crnio está amalgamado coroa Vários insetos ornam seu rosto e sua indumentária

uando a Violet aarece na coroao da o com auela roua ereita uando eu i ela iuei incrdula J – Vila VelhaE ndr oreira einitiamente Violet entrando na season com o melhor loo á isto na histria de – lagoinhas

isonel em: htts:itlyVhm isonel em: htts:itly lucros ara camanhas de Vaids reela sua sorologia e conta ue está coniendo com o rus or dois anos Essa temática e reelao olta a ocorrer com rinity onet al emorada e com harlie ides emorada a mais elha drag a cometir no rograma uando deu um deoimento sore como oi a luta contra a aids em sua –

uentude

rograma ainda chega a aordar esturo lair t lair emorada a transgeneridade onica eerly ills emorada e eermint emorada e distrios alimentares asha Velour e Valentina – emorada omo aontou o deoimento de uma esectadora: reeer e a a e uce s le s uc ge s iuei muito emocionado com a cena das meninas na alando sore distrios alimentares um assunto delicado ra mim – eal a er e u ge s eal a scg amina rande a le ca s aresentaes aoteticas em uaul tamm oram uma constante nas resostas enrentamento entre as melhores amigas aen e Juuee ll tars em um emocionante duelo ou mesmo o enrentamento icnico entre lyssa e atiana ll tars na usca de uma noa chance no rograma a dulagem de hi hi eVayne emorada ue ao som de ellg u rome seu colar de rolas ue caem sore todo o alco o dulo simultneo de agana Estrana e Josylin ox emorada ge s eal e u – e o enrentamento de lexis ateo e ara oia emorada oram alguns dos momentos citados elos articiantes do gruo do gruo em resosta ergunta – utro momento muito lemrado a entrada de Violet hachi emorada na inal da oitaa temorada uando ela entra ara assar a coroa Violet surge de trás de um ainel de lues com um enorme estido rilhante usando cau e um semlante las Ela caminha elo alco com uma ostura altia e ao inal retira seu cau reelando ue seu crnio está amalgamado coroa Vários insetos ornam seu rosto e sua indumentária

uando a Violet aarece na coroao da o com auela roua ereita uando eu i ela iuei incrdula J – Vila VelhaE ndr oreira einitiamente Violet entrando na season com o melhor loo á isto na histria de – lagoinhas

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“” “ ” “ ” “ ” “ ” “ ” “ ” – “ ” – – “ ” “ ” assistindo RuPaul’s Drag Race. Os “ mãos juntas à boca, como se fosse rezar e grita “Valentina ”, enquanto ” Valentina não irá tirar a máscara, vários começam a gritar em desespero “ !”. “”

uando RuPaul interrompe a dinmica, o bar inteiro começa a gritar e a levar as mãos à boca, isso tudo vidrados às telas dispostas no local. les reagem a cada uma das falas de RuPaul e Valentina. o meio da segunda apresentação, algum do bar fala em um microfone: “u estou pessoalmente ofendido! ssa a melor msica do álbum viado!”. Quando a participante eliminada, o pblico do bar permanece incrdulo, com epresses de surpresa que evidenciam que os afetos atravessam as telas em direção aos corpos dos espectadores.

sse fato evidencia tanto o afeto como pertencimento, tendo em vista o pblico ser ga, frequentando um bar ga e um programa ga, quanto a possibilidade do encontro, da presença fsica e da interação corporal que esses afetos podem gerar. O vdeo passou a ser a “prova” de que RuPaul’s Drag Race era “o futebol das gays”.

Vários episdios são desenvolvidos pensando diretamente na discussão sobre algumas temáticas. emplos deles são o episdio Veteran ffars emporada que contou com a participação de militares abertamente gas e o izzards of Drag que contou com a participação de muleres anãs. esses episdios, os diálogos entre as participantes e os convidados sempre fluem em direção a compreender as dificuldades e os enfretamentos dessas realidades. Da mesma maneira, esses episdios evidenciam o afeto em sua dimensão interativa dos corpos e tambm do convite à eperimentação da montação drag como uma possibilidade em corpos “não pensados” para essas dinmicas.

RuPaul finaliza todos os episdios de todas as temporadas com a seguinte frase “ u ca le ursel e ell u ga le se else” demarcando um momento de diálogo direto com os membros da comunidade que sofrem problemas em abraçar quem são. Ou seja, ele demarca em cada um dos episdios a dimensão afetiva em suas interseçes com o senso de identidade e pertencimento à comunidade .

Pode parecer besta, mas as frases de efeito de Ru meem muito comigo. obre amor prprio, sobre opinies aleias, sobre valores. mo .D. – aringáP.

“Se você não pode amar a si mesma, como diabos você vai amar alguém?” (Tradução nossa).

uando RuPaul interrompe a dinmica, o bar inteiro começa a gritar e a levar as om esses eemplos, podemos afirmar que a pluralidade dos corpos fantsticos mãos à boca, isso tudo vidrados às telas dispostas no local. les reagem a cada uma das encanta de maneira distinta os espectadores. Da mesma maneira, a diversidade de falas de RuPaul e Valentina. o meio da segunda apresentação, algum do bar fala em istrias traidas em cada vivência e eperiência das participantes, coloca uma ampla um microfone: “u estou pessoalmente ofendido! ssa a melor msica do álbum perspectiva de problemas, enfrentamentos, processos catrticos que cada pessoa, em viado!”. Quando a participante eliminada, o pblico do bar permanece incrdulo, com especial os sueitos dissidentes sofrem. ada istria passa a interpelar um tipo de epresses de surpresa que evidenciam que os afetos atravessam as telas em direção pblico que passa a se identificar tanto com as falas, quanto do uso drag como aos corpos dos espectadores. superação dessas problemticas.

sse fato evidencia tanto o afeto como pertencimento, tendo em vista o pblico omo coloca uni Sodré (), a presença de um grupo social na mdia ser ga, frequentando um bar ga e um programa ga, quanto a possibilidade do isoladamente não é capa de provocar engaamento (e afetos). preciso gerar encontro, da presença fsica e da interação corporal que esses afetos podem gerar. O reconecimento narcsico para que a audiência se reconeça de alguma maneira no vdeo passou a ser a “prova” de que RuPaul’s Drag Race era “o futebol das gays”. contedo eibido, sendo, então, o formato real s estratégico, pois gera mais empatia com seus personagens reais que programas roteiriados (TS, ). Vários episdios são desenvolvidos pensando diretamente na discussão sobre algumas temáticas. emplos deles são o episdio Veteran ffars emporada que ncerramos, assim, com a cena mais comentada pelos usurios. Tratase do contou com a participação de militares abertamente gas e o izzards of Drag que emocionante depoimento Roy ndres (Temporada ) quando contou ter sido contou com a participação de muleres anãs. esses episdios, os diálogos entre as abandonada pela mãe em um ponto de nibus. participantes e os convidados sempre fluem em direção a compreender as dificuldades pesar de ter soado um pouco como estratégia (por ela ter se aberto e os enfretamentos dessas realidades. Da mesma maneira, esses episdios evidenciam antes da possvel eliminação), a declaração da Roy sobre ter sido abandonada no ponto de nibus. Doeu e eu corei pra caralo (.. – o afeto em sua dimensão interativa dos corpos e tambm do convite à eperimentação elémP). da montação drag como uma possibilidade em corpos “não pensados” para essas Roy e o ponto de nibus me matou por dentro, porque meus pais dinmicas. são mortos e isso é inconformante, imagina ser deiada (.. – Três arras do ParanPR). RuPaul finaliza todos os episdios de todas as temporadas com a seguinte frase a cena, Roy ficou entre as piores da semana e realia uma dublagem, onde “ u ca le ursel e ell u ga le se else” realiou uma ig reveal que deiou os ues boquiabertos e ealtados. ssim que essa demarcando um momento de diálogo direto com os membros da comunidade que dinmica se encerra, Roy começa a corar com as mãos no rosto, tentando esconder sofrem problemas em abraçar quem são. Ou seja, ele demarca em cada um dos o que est sentindo. s cmeras dão close em sua epressão. quanto cora, a msica episdios a dimensão afetiva em suas interseçes com o senso de identidade e para repentinamente com um som intenso e uma trila de suspense entra. RuPaul pertencimento à comunidade . pergunta o que est acontecendo e quando ela fala que o programa pode prosseguir, RuPaul insiste em saber o motivo. Pode parecer besta, mas as frases de efeito de Ru meem muito comigo. obre amor prprio, sobre opinies aleias, sobre valores. mo .D. – aringáP. Quando Roy começa a falar, closes de seu rosto se intercalam com a cara de RuPaul que, até esse momento, mostrava um semblante céptico. ssim que inicia a

“Se você não pode amar a si mesma, como diabos você vai amar alguém?” (Tradução nossa). Disponvel em: ttps:bit.ly .

“Dói muito saber que fui abandonada. Ninguém se importou”, RuPaul responde dizendo:

all culure

A esectatoraldade de afeto ueer

orpos, produzindo sensaes e eperinias. endo isso em mente e atraés dos eemplos itados no tópio anterior, podemos afirmar: a drag afeta o orpo de espetadores que podem ser leados a performar e se tornarem drags. sso, laro, no é uma elusiidade das drags midiatizadas, oorrendo também nos palos das boates. que diferenia das drags midiatizadas das drag queens que performam em palos é que as mdias eletrnias espeialmente a teleiso e as redes soiais ampliam “Dói muito saber que o alane desse ato e talez por isso tenamos tantas oens drags, em um nmero fui abandonada. Ninguém se importou”, RuPaul responde dizendo: bem maior do que o que aia antes de RuPaul’s Drag Race. esmo assim, as drags antigas afirmam terem sido afetadas pelas produes miditias. Para ndressa de aietein, uma das drags da ela guarda apiaba: que despertou a drag para o rasil foi Prscla a Raa all Deser, aquilo era drag ... peruas altssimas, maquiagens culure fantsticas e um bodyzinho”. Segundo Chica Chiclete, uma das drag queens mais atuantes e produtora ultural no sprito anto, esse filme foi um diisor de guas. oi a partir dele que as ulturas – transformista e drag ganaram ainda mais fora em uma perspetia artstia RN, , p.. Por tratarmos, espeialmente, de um programa estadunidense, alguns podem perguntar se essa realidade também seria transformadora no rasil. omo oloa alor (2013, p.26), “s performanes iaam, desafiando e influeniando outras performanes”. Isso é ntido ao ompreendermos omo esses orpos, riados em um onteto soial distinto do naional, onseguem ressoar nos orpos brasileiros, tendo em ista os noos espaos oupados por essa ultura. iemos “a mundializao da ultura R, , um proesso pelo qual os alores, estilos e formas de pensar se espalam de uma populao a outra” (N , , p.. Pode se dizer que os ariados pblios das drags, seam eles espetadores das mdias, seam espetadores preseniais so afetados por “atos de transferência”, ou sea, a transmisso de oneimento, de memória, de um sentido de identidade soial A esectatoraldade de afeto ueer por meio de um “comportamento reiterado” (TAYLOR, 2013, p.25). u sea, podemos pensar que esses espetadores também so estimulados a interir e mudar o urso de suas próprias aes, ou sea, as performanes om as quais os espetadores tm ontato

ilme australiano de om direo de tepan lliott. 112 os proocam a realizar mudanas em si mesmos. Assim, a performance um meio de transmisso e o afeto, um meio de comunicao. alar em comunicao significa falar sobre a relao estabelecida entre dois corpos. Como aponta Sila (2012, p.12)

de se pensar ue uando dois corpos comunicam, o ue produzido por essa ligao fruto de uma coniência entre esses corpos, ou sea, algo ue no pertence a nenhum deles, mas se estabelece por esse contato. A comunicao, desse modo, conforma uma superfcie de contato, ou sea, uma superfcie em comum ue agrega elementos senseis dos corpos ue a compe. ... no mbito dessa superfcie, trata sueito e obeto como entidades ue agem uns sobre os outros, por meio de afeces e afetos.

So os afetos realizados pelas corporalidades e seus discursos ue conduzem uma mudana de estados do corpo. a uesto plstica, o programa potencializa a glamourizao da arte drag com os holofotes, os desfiles, as dublagens espetacularizadas ue muitas ezes surpreendem o espectador. Isso cria uma atmosfera celebratria ue ressoa em parte de sua audiência ue passa a perceber drag em diferentes perspectias sinnimo de uma ida de celebridade, mesmo ue realizada de forma eagerada a ponto de no necessariamente ser erossmil, poltica, humorstica, artstica, etc.

m ualuer das opes, a dinmica da artificialidade do corpo drag eidente e afeta no pela induo, mas da identificao os espectadores a ienciarem todas as prticas significantes do gênero. Assim

sse is crtico s concepes socialmente construdas sobre o gênero um fator releante na criao de nculos entre o espectador e a drag ueen, uma ez ue a apreenso da performatiidade de gênero d brecha para uma aceitao indiidual, e subseuente desmembramento de uma insegurana psicolgica, ue antes o inibia de ser uem realmente deseaa (SILA SOA, 201, p.).

A prpria isualidade da plasticidade dessas performances pode conidar o espectador a tambm performar ou a desear performar, mesmo ue essa performance no ocorra no mesmo instante, ela instiga o pblico a se imaginar drag e a construir esse corpo e essa persona. uando falamos em espectatorialidade, estamos focados em uma espectatorialidade particularmente ueer ue 112 113 os proocam a realizar mudanas em si mesmos. Assim, a performance um meio de est embasada nos processos coletios, subetios e histricos de interao, interpretao, produo e reproduo de formaes transmisso e o afeto, um meio de comunicao. alar em comunicao significa falar culturais e discursias de seogênero e seualidades, leando em sobre a relao estabelecida entre dois corpos. Como aponta Sila (2012, p.12) considerao as negociaes e disputas ideolgicas, as apropriaes materiais e simblicas dos produtos flmicos e o eerccio de crtica ou conciliao com essas narratias no teto social (SILA, ARCOI, de se pensar ue uando dois corpos comunicam, o ue TOATTI, 201, p.13). produzido por essa ligao fruto de uma coniência entre esses corpos, ou sea, algo ue no pertence a nenhum deles, mas se Sua diferenciao parte de uma historicidade particular aos corpos ueer ue se estabelece por esse contato. aproima do pblico por fluos de abeo, inadeuao, artificialidade etc., at A comunicao, desse modo, conforma uma superfcie de contato, ou sea, uma superfcie em comum ue agrega elementos senseis dos processos mais comuns, como o de identificao. Como aponta Sila, arconi e corpos ue a compe. ... no mbito dessa superfcie, trata sueito e obeto como entidades ue agem uns sobre os outros, por meio de Tomazetti (201), o desenolimento de produtos alinhados ao pensamento ueer, , afeces e afetos. muitas ezes So os afetos realizados pelas corporalidades e seus discursos ue conduzem oigenada por um esteticismo ue bebe de elementos como a uma mudana de estados do corpo. a uesto plstica, o programa potencializa a artificialidade, o camp, o lindo, o frolo, o ecesso, o deboche, o agastamento da erossimilhana e o gosto pela ruptura das diferenas glamourizao da arte drag com os holofotes, os desfiles, as dublagens entre o real e o artificial, entre o profundo e o superficial afinal, ‘nada espetacularizadas ue muitas ezes surpreendem o espectador. Isso cria uma atmosfera mais ftil do ue nossos esforos para tornar tudo srio, til, racional nada mais srio do ue o intil” (SILA, ARCOI, celebratria ue ressoa em parte de sua audiência ue passa a perceber drag em TOATTI, 201, p.). diferentes perspectias sinnimo de uma ida de celebridade, mesmo ue realizada de Isso, mediado pelo afeto e pelas suas apropriaes simblicas, materiais e forma eagerada a ponto de no necessariamente ser erossmil, poltica, humorstica, reerberaes nesses corpos ueer ou potencialmente ueer. Para ardt (2015, p. I), artstica, etc. a perspectia afetia propicia refletir simultaneamente entre o poder da mente de

m ualuer das opes, a dinmica da artificialidade do corpo drag eidente pensar e o poder do corpo de agir. Assim, entendemos ue o programa suscita e afeta no pela induo, mas da identificao os espectadores a ienciarem todas uestionamentos ue perpassam, em parte de sua audiência, no apenas na as prticas significantes do gênero. Assim compreenso do ue eibido, mas na prpria eplorao dessas racionalidades em seus corpos. sse is crtico s concepes socialmente construdas sobre o gênero um fator releante na criao de nculos entre o espectador e a drag Isso se alinha ao ue o autor entende como “trabalho afetivo”, ou seja, uma ueen, uma ez ue a apreenso da performatiidade de gênero d brecha para uma aceitao indiidual, e subseuente categoria de trabalho ue “enolem diretamente o afenciamento conunto de razo e desmembramento de uma insegurana psicolgica, ue antes o inibia de ser uem realmente deseaa (SILA SOA, 201, p.). paio, inteligência e emoo” (ARDT, 2015, p.II). essa perspectia, a performance drag pode sugerir “alternatias polticas para a organizao de prticas coletias de A prpria isualidade da plasticidade dessas performances pode conidar o recusa e libertao” (ARDT, 2015, p.II). espectador a tambm performar ou a desear performar, mesmo ue essa performance no ocorra no mesmo instante, ela instiga o pblico a se imaginar drag e a construir esse Diferente da cultura transformista e drag de outras pocas, Chica percebe ue drag, hoe, seria uma prtica de libertao, uma forma corpo e essa persona. uando falamos em espectatorialidade, estamos focados em uma dessa uentude dizer “estou aui, fodase o mundo, eu ou me estir espectatorialidade particularmente ueer ue como uiser” ... les esto tentando se impor mais uma ez. oi o ue aconteceu eatamente na dcada de 10 e 10. les no

uerem viver dentro do armrio como o a arbie, certinho, bonitinho, barbudinho, eludinho, fortinho les uerem ser eles les aora enfrentam no os hteros, mas o rrio blico a ue muito discriminatrio , ,

s temticas e as materialidades dos coros, assim, afetam em diferentes nveis os diferentes tios de blicos, convidando a todos a erformar como dra e utiliar esse coro construdo como uma lataforma oltica, artstica, eressiva, identitria e ualuer outra ossibilidade emticas, como o eisdio em ue as dra ueens transformaram homens as do ercito americano em dras, or eemlo, odem insirar histrias como a de atarina an elsin, uma dra criada or um militar a partir de RuPaul’s Drag Race.

om isso em mente, a diversidade na escolha dos assuntos abordados, de desafios roostos teatro, costuma, msica, humor, etc e uestes de reresentatividade na escolha das articiantes do rorama so ontos chaves na otencialiao da identificao dos esectadores com essas erformances iferentes etnias, acgrus culturais e estilo esttico so alumas caractersticas constantemente ercetveis no casg do rorama ara alor , , recht

se aoia na ideia de ue os esectadores esto fortemente liados aos acontecimentos no alco, no or meio da identificao, mas da articiao, e de ue eles so freuentemente chamados a intervir e mudar o curso da ao

t a uarta temorada do rorama, notase constantes enfrentamentos entre as articiantes ssa radicaliao da ao do coro vai dando luar a uma esttica mais domesticada e conciliatria uanto mais as temoradas avanam, mais h um clima celebratrio entre as articiantes e o foco do rorama vai deiando de ser os conflitos entre elas, voltandose ara seu real desemenho nas roostas do rorama e, na mesma rooro, a criao de um ambiente conciliatrio e tranuilo, onde trocam suas eerincias de vida e se aoiam afetivamente

sso se d tanto elo fato de o rorama ter modificado sua intencionalidade, tendo em vista a diminuio dos “barracos” em troca de um alaramento de blico, ao

Barbie é um estereótipo dentro do mundo gay. São os famosos “bombados”, os sarados da academia, dentro dos adres de belea e masculinidade eserados istrias de erdade ilitar ontem, hoje uma dra ueen isonvel em httsbitlts

uerem viver dentro do armrio como o a arbie, certinho, mesmo tempo em ue a partir desse alargamento, ele busca maiores e mais afetias bonitinho, barbudinho, eludinho, fortinho les uerem ser eles les aora enfrentam no os hteros, mas o rrio blico a ue inseres das problemticas dos participantes. muito discriminatrio , , s desafios propostos pelo programa colocam as participantes como “pessoas s temticas e as materialidades dos coros, assim, afetam em diferentes nveis reais” ue ainda assim conseguem ier momento de glamouriaão em suas idas. sso os diferentes tios de blicos, convidando a todos a erformar como dra e utiliar transmite uma realidade, mesmo ue embasada em uma artificialidade. omo bem esse coro construdo como uma lataforma oltica, artstica, eressiva, identitria e aponta Diana aylor , p. ualuer outra ossibilidade emticas, como o eisdio em ue as dra ueens mbora uma dana, um ritual ou uma manifesaão eiam uma transformaram homens as do ercito americano em dras, or eemlo, odem separaão ou um enuadramento ue os diferenciem de outras insirar histrias como a de atarina an elsin, uma dra criada or um militar a prticas sociais sua olta, isso não implica ue a performance não sea real ou erdadeira a performance é um ato real de partir de RuPaul’s Drag Race. artificialidade. ... a época de seu aparecimento, nos anos , como produto dos leantes sociais e disciplinares ue, no final da om isso em mente, a diversidade na escolha dos assuntos abordados, de década de , sacudiram a academia, os estudos da performance buscaam atenuar as diises disciplinares entre a antropologia e o desafios roostos teatro, costuma, msica, humor, etc e uestes de teatro, encarando os dramas sociais, a liminariadde e a encenaão reresentatividade na escolha das articiantes do rorama so ontos chaves na como formas de escapar das noes estruturalistas de normatiidade R, , p.. otencialiao da identificao dos esectadores com essas erformances iferentes ssim, como o cinema ueer, RuPauls Drag Race funciona como um etnias, acgrus culturais e estilo esttico so alumas caractersticas contradisciplinador seual ue de maneira negatia se dedica desconstruão da constantemente ercetveis no casg do rorama ara alor , , recht naturaliaão das prticas, deseos e identidades de seognero e ue de maneira se aoia na ideia de ue os esectadores esto fortemente liados positia proclama a euialncia de todos os sueitos e seus corpos performticos aos acontecimentos no alco, no or meio da identificao, mas da articiao, e de ue eles so freuentemente chamados a intervir e S R , , p.. ssim, aendo um reconecimento como mudar o curso da ao sueito ueer a partir da isualiaão do reality, parte desses espectadores também t a uarta temorada do rorama, notase constantes enfrentamentos entre passam a se identificar como estranos e diferentes das elaboraes normatiadas e as articiantes ssa radicaliao da ao do coro vai dando luar a uma esttica mais eterosseualiadas de sociedade, cegando a uerer ou se tornar drag ueens. domesticada e conciliatria uanto mais as temoradas avanam, mais h um clima Bato palmas para esses meninos ue estão lutando pelo espao deles. celebratrio entre as articiantes e o foco do rorama vai deiando de ser os conflitos les estão uebrando barreiras também. les uerem simplesmente entre elas, voltandose ara seu real desemenho nas roostas do rorama e, na se impor e ser felies. Do eito deles, estido de muler, de omem, com barba, sem barba, com perna cabeluda, sem perna cabeluda. eu mesma rooro, a criao de um ambiente conciliatrio e tranuilo, onde trocam suas aplaudo muito isso. uma forma muito lida BR, , p.. eerincias de vida e se aoiam afetivamente omo pea audioisual, o programa se relaciona com a isão de Sairo , sso se d tanto elo fato de o rorama ter modificado sua intencionalidade, apud S R , , p. sobre o cinema como um “mapa tendo em vista a diminuio dos “barracos” em troca de um alaramento de blico, ao afetio” em ue uma transersalidade entre afeto, emoão e sentimento e ue não é realiando apenas por processos representaão, mas como constructos ue Barbie é um estereótipo dentro do mundo gay. São os famosos “bombados”, os sarados da academia, dentro dos adres de belea e masculinidade eserados istrias de erdade ilitar ontem, hoje uma dra ueen isonvel em httsbitlts

ca

– trabalha “ sess ”

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Como falado, RuPaul’s Drag Race foi o pivô do nascimento de uma nova cena ra aratrta rra a a alatr a ra rt at ral r atalt lt a a artta cultural drag. Essa cena, afetada por RuPaul’s Drag Race, passa a afetar outros corpos a artr a ra ta al a rra r ta tta alatra l a brar a a rr a artr t la a a rl rraa br r b bar aratrta a r bralr

ca m retrato dos oos coros drag e seus afetos

alt alt bat trabra lt a ba clla crse a bralha lta ba ta aa ta aa a tra rta

– a aa b araa arr r t ta a tr a lbra a a altra t at habtaa a bralha trabalha “ sess ral rlh lttr a l r a aa a rt ” lt tra r r lt a bla tr r ra r tal ra a a ra

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aa tra a ra aa ra tar a a performances, em um universo onde RuPaul’s Drag Race já era uma realidade, tendo ta a rra traa ba alhaa l lb anos suseuentes. Como critrio, todas as drags deveriam ter assistido alguma temporada de RuPaul’s Drag Race, tendo em vista que buscamos também entender as dimenses do afeto a partir da relao entre seus corpos e os corpos das drags midiatiadas.

Diferente do ue o estudo vislumrava antes das entrevistas, a menor parte das drag queens tiveram seu primeiro contato com essa cultura através de RuPaul’s Drag Race. eatri e u contam ue seu primeiro contato com a cultura drag ocorreu em casas noturnas de suas cidades. itania coloca ue já avia visto drag ueens pela televiso, mas ue sua entrada na cultura foi diretamente imersiva, em uma festa de carnaval onde omens se vestiam como muleres e muleres como omens. á ei inlian anos – RecifePE conta

eu primeiro contato com drag ueens foi atravs de um grupo teatral recifense camado rupe do arulo, um dos grupos de maior importncia para o teatro de Recife.

Palloma e ara foram as nicas ue tiveram o primeiro contato com drag por RuPaul’s Drag Race. Yara conta que onde vive as drag ueens no eram comuns e ue ela tamm no tina idade suficiente para freuentar oates gas

primeira temporada ue vi foi a season. ma amiga avia visto na televiso e me contou, resolvemos ver juntas. iuei maravilada com auele universo. ... s desafios ue mais amo so os ue elas precisam criar roupas com lio. impressionante como se criam coisas fantásticas usando coisas ue ningum mais uer, tipo papel alumnio, sae Dá pra criar um vestido ue reflete tudo ue tá em volta e camar ateno de todo mundo. Eu fi um.

Mesmo que posterior, o contato com RuPaul’s Drag Race foi impactante para algumas delas.

eu primeiro contato com a drag RuPaul foi atravs de amigos. De incio acei incrveis suas produes e perucas. persona RuPaul uma magnfica drag ueen. o digo o mesmo do realit so eatri. cei tudo auilo muito louco, fiuei impressionado com todo auele universo, e ceguei at a pensar em desistir com medo de no alcanar aueles tipos de drag apresentadas pelo programa ei.

Esses afetos atravessam as telas e ressoam diretamente nos corpos, resultando diretamente no desejo de performarem como drags. s motivaes para comear a se anos suseuentes. Como critrio, todas as drags deveriam ter assistido alguma montar são plurais. Titania conta que achou “interessante explorar esse lado de sua temporada de RuPaul’s Drag Race, tendo em vista que buscamos também entender as personalidade e seu corpo”, atribuindo dimensões que trazem outras sensações, tendo dimenses do afeto a partir da relao entre seus corpos e os corpos das drags em vista que quando está de drag “é uma outra experiência de vida que não havia nunca midiatiadas. pensado. diferente quando voc se produ, coloca vestido, cama ateno, voc é outra pessoa”. Assim também funciona para Palloma. Para a drag o que importa é o Diferente do ue o estudo vislumrava antes das entrevistas, a menor parte das glamour e a magia que sente quando se transforma. Mei inlian, por outro lado, entrou drag queens tiveram seu primeiro contato com essa cultura através de RuPaul’s Drag para o circuito drag de forma quase racional Race. eatri e u contam ue seu primeiro contato com a cultura drag ocorreu em casas noturnas de suas cidades. itania coloca ue já avia visto drag ueens pela empre fi teatro, e quando entrei no curso de icenciatura em eatro da P eu comecei a pesquisar sobre teatro asitico, ao me deparar televiso, mas ue sua entrada na cultura foi diretamente imersiva, em uma festa de com diversos movimentos teatrais, tais como abui, pera cinesa e carnaval onde omens se vestiam como muleres e muleres como omens. á ei ataali, eu me impressionei com o trabalo do female impersonator, e decidi partir em pesquisas sobre esse ofcio. o meu inlian anos – RecifePE conta , onde planeei falar sobre os benefcios do treino do ator cins na pera de Pequim, meu orientador troue uma inquietao, e me eu primeiro contato com drag ueens foi atravs de um grupo sugeriu enveredar pelo mundo das drag queens, pensando ainda nessa teatral recifense camado rupe do arulo, um dos grupos de maior corporeidade da pera cinesa, e assim Mei inlian nasceu, fruto de importncia para o teatro de Recife. um eperimento muito ousado afinal de contas, ver uma drag queen bem ocidentaliada performando pera cinesa do século passado, é Palloma e ara foram as nicas ue tiveram o primeiro contato com drag por realmente bem confuso.

RuPaul’s Drag Race. Yara conta que onde vive as drag ueens no eram comuns e ue e antes a cultura drag provina de um senso de famlia onde as “mães” ela tamm no tina idade suficiente para freuentar oates gas ensinavam s suas filas o desenvolvimento desses corpos, atualmente o Youube se

primeira temporada ue vi foi a season. ma amiga avia visto na configura como o maior produtor dessas relaes. odas as entrevistadas relataram ter televiso e me contou, resolvemos ver juntas. iuei maravilada com aprendido parte ou a totalidade de suas prticas de construo de corpo com tutoriais auele universo. ... s desafios ue mais amo so os ue elas precisam criar roupas com lio. impressionante como se criam coisas eibidos em canais da rede social fantásticas usando coisas ue ningum mais uer, tipo papel alumnio, sae Dá pra criar um vestido ue reflete tudo ue tá em volta e Recebi auda de grandes amigos, e claro, através da internet sempre camar ateno de todo mundo. Eu fi um. acompanei grandes artistas que esto na cena, muitos anos eatri. Mesmo que posterior, o contato com RuPaul’s Drag Race foi impactante para ... mas também entrou no meio a internet, tutoriais ... Mei. algumas delas. om tutoriais no Youtube. D PRD Palloma. eu primeiro contato com a drag RuPaul foi atravs de amigos. De prendi treinando muito e assistindo varis tutoriais de maquiagem, incio acei incrveis suas produes e perucas. persona RuPaul penteado e costura u. uma magnfica drag ueen. o digo o mesmo do realit so eatri. rios tutoriais no Youube itania. cei tudo auilo muito louco, fiuei impressionado com todo auele ssistindo canais de outubers drag, como o da Miss ame Yara. universo, e ceguei at a pensar em desistir com medo de no alcanar aueles tipos de drag apresentadas pelo programa ei. emos, com isso, uma nova centralidade na produo desses corpos. o entanto, os atos de transferncia ainda ocorrem quando se trata dessa questo. e antes Esses afetos atravessam as telas e ressoam diretamente nos corpos, resultando as mães drags possuíam centralidade na construção do corpo de suas “filhas”, as mídias diretamente no desejo de performarem como drags. s motivaes para comear a se digitais possibilitaram que as drags criassem contedos e afetassem uma maior gama de pessoas que queiram experimentar a montação drag. las, portanto, facilitaram o conhecimento da compreensão da montação.

os tutoriais, as drags aprendem sobre as texturas, as paletas de cores, aplicação de brilhos, utilização de pedrarias, composição de roupas, estilos estéticos, categorias drags e outras maneiras de construir seus corpos, partindo da sensibilidade que deseam ter e também dos afetos que queiram produzir com sua presença.

As características dessa nova onda drags também são diversas, reflexo, talvez, da prpria seleção das entrevistadas. xagero, extravagncia, deboche, tendência ao luxo irreal, irreverência, humorística, são algumas das qualidades colocadas. egundo uz, sua drag

... é muito extravagante, rica, muito dourado e cabelos grandes, referenciada na velha burguesia falida com seus casacos de pele.

orporalmente, a performance drag acaba também funcionando como um transbordamento, não apenas do gênero, mas também de características que perpassam sua materialidade. ei inlian, por exemplo, sendo um homem ga brasileiro e nordestino, performa com inspirações na cultura asiática “numa estética mais lolita, aaii”.

Apesar do tom de pele claro, eu e minha drag somos afrodescendentes e é sempre bom exaltar a beleza negra Titania. lha me veo como pardo, filho de pai branco com mãe negra. a minha drag é mexicana, atina Palloma.

Para as drags, mesmo que o programa se preocupe com a pluralidade na escolha de suas participantes, há uma exaltação por certos tipos de drag e estilos estéticos, o que gera fortes críticas do pblico s ovens drags locais que nem sempre conseguem se adequar ao que é exibido no programa.

ão é que não exista representatividade, muito pelo contrário, existe sim, mas infelizmente as que mais ganham destaque são as mais padrãozinho possível. prprio programa até reforça isso, ao ver drags mais magras seminuas no palco falam o quanto ela é linda e

ão diversos canais de maquiagem feita por drags famosos, sendo o mais conhecido, o osmoqueens httpsbit.ltzco da revista osmopolitan. Pabllo ittar chegou a fazer um vídeo sobre seu estilo de maquiagem para a ogue, ao lado de personalidades como lie enner e ihanna. digitais possibilitaram que as drags criassem contedos e afetassem uma maior gama usaa e a er ua ra se esartil icele á entra e nin eiin ua “silueta einina” se uleres iesse de pessoas que queiram experimentar a montação drag. las, portanto, facilitaram o e ua s ra n es. se earar c iss n conhecimento da compreensão da montação. rraa lic iaente se sente encraa a reruir esses recnceits iscurs e i etreaente ascara e “sae” ei. os tutoriais, as drags aprendem sobre as texturas, as paletas de cores, aplicação de brilhos, utilização de pedrarias, composição de roupas, estilos estéticos, Assim, esteticamente, de acordo com os depoimentos, a influência de RuPaul’s categorias drags e outras maneiras de construir seus corpos, partindo da sensibilidade ra ace na cena ineáel ten e ista ue s esectares assa a alriar que deseam ter e também dos afetos que queiram produzir com sua presença. certas crraliaes e isualiaes e etrient utras.

As características dessa nova onda drags também são diversas, reflexo, talvez, eis ue ecii ceçar a traalar c ra i ue ua as ras e cnseuir ais isiiliae e aceitaç era e aatan da prpria seleção das entrevistadas. xagero, extravagncia, deboche, tendência ao as les e eincias rraa e e seus s r assi ier. uança rástica a ina auiae i a rieira cisa ue luxo irreal, irreverência, humorística, são algumas das qualidades colocadas. egundo rraa e aetu. n uei aina ara nel e a e uz, sua drag erucas ists lá r alta e ineir es. ssa inluncia se eu ais ela necessiae e arranar traal es. ntes ina ... é muito extravagante, rica, muito dourado e cabelos grandes, esttica estaa esse nel rraa e eu era referenciada na velha burguesia falida com seus casacos de pele. uit escanteaa ela cuniae a rlu e ter estial e cultura creana aui e recie e eu ui ntaa e i i e orporalmente, a performance drag acaba também funcionando como um naa ts ntara ue eu eistia. ra race ei u uc eis e ceçar a e ntar uan cecei a traalar c transbordamento, não apenas do gênero, mas também de características que ra as n i c ua ra e arener a e ntar as si u el ual eu si aen aatações ra ina ei. perpassam sua materialidade. ei inlian, por exemplo, sendo um homem ga brasileiro e nordestino, performa com inspirações na cultura asiática “numa estética mais lolita, ssi a es te ue as errances cria ua na lei e s a aaii”. cultura ra rane arte elas acreita ue nesse asect a ulariae rraa acau eran ua reerncia uit estrita a cnceç e ra Apesar do tom de pele claro, eu e minha drag somos afrodescendentes e é sempre bom exaltar a beleza negra Titania. le recis ier ua cisa ue ai sar u uc retente ais n u an e ia ue n artista ueren caar rera na lha me veo como pardo, filho de pai branco com mãe negra. a arte s utrs. ... eis rraa t un aca ue iru minha drag é mexicana, atina Palloma. esecialista e ra ueen as n n irara e at ter ira esecialistas e as e ra n assa lne. ica Para as drags, mesmo que o programa se preocupe com a pluralidade na escolha aenas eican sua ia a ilatrar as ras rancas aras e t de suas participantes, há uma exaltação por certos tipos de drag e estilos estéticos, o els u as ue te ut ra ais nit eel il e stean sre ras ra ar c eu ue inclusie á ui que gera fortes críticas do pblico s ovens drags locais que nem sempre conseguem se tia e ataues e assa s s e ra race as e adequar ao que é exibido no programa. sicinar sre ats rics n rraa. sses s ica reruin iscurs e i nas ras neras nas ras ras nas uleres ue ae ra sea trans u cis e eles n cntriue ão é que não exista representatividade, muito pelo contrário, existe e c a cena uit el cntrári cntriue c a sim, mas infelizmente as que mais ganham destaque são as mais estruiç a área e á ra culas r esestiular ierss padrãozinho possível. prprio programa até reforça isso, ao ver ais eus e as ees at eu ens e arar e e ntar r drags mais magras seminuas no palco falam o quanto ela é linda e cnta esse an tic. ir e tu er ue eles n sente s recnceituss as ta ie ara ilatrar rsts nits ão diversos canais de maquiagem feita por drags famosos, sendo o mais conhecido, o osmoqueens e se cnte ue ue ais te e e ia ras linas e httpsbit.ltzco da revista osmopolitan. Pabllo ittar chegou a fazer um vídeo sobre seu estilo de maquiagem para a ogue, ao lado de personalidades como lie enner e ihanna. cletaente antirissinais u rreis e cena enuant e

dras talentosssimas serem etremamente destratatas e desaloriadas por esse plico nfim, nas palaras de asmine asters Rupauls ra Race fuced up dra ei ue troue representatiidade isso ineel, porm sem uerer, tale, acaou ue colocando a arte em uma caia omo muita ente passou a conecer a arte por causa do prorama acaam ue endo e ulando a arte seundo os olos do prorama o os piores tipos de fs, eles usam o prorama como parmetro, ulam dras a partir do ue iram no prorama Palloma

s de dra race ue no conecem dra ueen somente o prorama, so um pouco irritantes, pois sempre tudo ue faemos eles uerem comparar ou referenciar com alo relacionado a dra race, mas infelimente as ees no temos acesso ou recursos pois os caces no so altos ue ueens americanas tem u

Assim

s oens amantes da cultura dra parecem mais dispostos a paar caro em uma passaem para os randes centros, no inresso da oate e, muitas ees, no ee a gree para conecer pessoalmente as artistas exibidas em RuPaul’s Drag Race, do que abraçar essa arte de maneira interal RAAA, , p

A iso de ue o prorama funciona como um catalisador da cultura dra nesse noo cenrio midiatiado unnime

m nel de internacional uma rande representatiidade a e dra aora comeando deaarino a dar isiilidade as trans pois a todo momento rupaul fala referências da cultura a da forma mais a possel, como podemos er atualmente pessoas eterosseuais falando ordes do prorama itania prorama criou uma noa cultura dra no mundo todo, noas dras se inspiram muito nas ruirls o rasil nao diferente Palloma Acredito ue o prorama influencia toda a noa erao dra sea esteticamente ou influenciando a comear a se montar u

uanto aos afetos erados pela interao com outras ueens, as eperiências costumam ser positivas, mostrando que o conceito de “família drag” ainda permeia essa noa cena cultural

inas amias primas so dras tm e traalamos muito untas, no somos um rupo com nome e etc mas somos um rupo de amios e tamm somos dras u eno um rupo de amios ue tamm se montam e a ente t sempre se audando e tudo mais, teno minas filas ue sempre t audando, e tamm fao parte do coletio oue Recife, ue a

dras talentosssimas serem etremamente destratatas e unço de duas ii ouses daqui de Recife, e ns levamos o voguing desaloriadas por esse plico nfim, nas palaras de asmine pela cidade a ogue Recife existem apenas a figura das oters, asters Rupauls ra Race fuced up dra ei que meio que coordenam coisinas pequenas nos nossos eventos, mas em linas gerais a relaço bem oriontal mesmo esse grupo ue troue representatiidade isso ineel, porm sem uerer, temos uma relaço muito boa empre apoiando os proetos solos das tale, acaou ue colocando a arte em uma caia omo muita ente outras, sempre audando uma a outra com as montaçes e tudo mais passou a conecer a arte por causa do prorama acaam ue endo e ossa relaço bem tranquila t trocamos experincias bem ulando a arte seundo os olos do prorama o os piores tipos incríveis ei de fs, eles usam o prorama como parmetro, ulam dras a partir do ue iram no prorama Palloma a relaço entre as novas drags varia

s de dra race ue no conecem dra ueen somente o prorama, uito vem de briga de ego, e tambm da padroniaço que Drag Race so um pouco irritantes, pois sempre tudo ue faemos eles uerem trouxe, aí viu quem se aca rica e bonita demais no se mistura com comparar ou referenciar com alo relacionado a dra race, mas as pobreinas do povo feito eu ei infelimente as ees no temos acesso ou recursos pois os caces no so altos ue ueens americanas tem u la a cena drag aqui no rio bem complicado, se formam panelinas e vc no for daquela panelina voc preterida Palloma Assim s drags que se conecem aqui em ix sempre audam umas s outras, principalmente pq a gente começou do nada e at oe no temos s oens amantes da cultura dra parecem mais dispostos a paar muitas coisas, ento sempre que possível emprestamos algumas caro em uma passaem para os randes centros, no inresso da oate coisas itania e, muitas ees, no ee a gree para conecer pessoalmente as artistas exibidas em RuPaul’s Drag Race, do que abraçar essa arte de Para elas, o cenário brasileiro pós RuPaul’s Drag Race se alterou muito, mas maneira interal RAAA, , p grande parte nota certa desvaloriaço da cena drag local e nacional A iso de ue o prorama funciona como um catalisador da cultura dra nesse noo cenrio midiatiado unnime credito sim que, oe muitas drags revolucionrias que se criaram atravs do programa as eu sempre vou bater em uma tecla em que m nel de internacional uma rande representatiidade a e ns brasileiros temos tudo nossa cultura brasileira to rica, com dra aora comeando deaarino a dar isiilidade as trans pois a pessoas to incríveis brasileiro por si s so grandes artistas por todo momento rupaul fala referências da cultura a da forma mais naturea, s precisamos explorar o que nosso por direito, e no a possel, como podemos er atualmente pessoas eterosseuais buscar fora grandes ideais que no nos cabe competir muito menos falando ordes do prorama itania nos espelar eatri prorama criou uma noa cultura dra no mundo todo, noas dras u sinto que os “fs” do muito mais valor para essas drags do que as se inspiram muito nas ruirls o rasil nao diferente Palloma drags locais uitas drags iniciantes buscam inspiraçes nas drags de Rupaul, como sempre as pessoas viram os olos para o que vem de Acredito ue o prorama influencia toda a noa erao dra sea fora e esquecem que temos drags timas aqui tbm im, como eu falei esteticamente ou influenciando a comear a se montar u o programa criou um padrao de drag, nada tem a ver com as drags antigas pelo menos aqui no rasil Palloma uanto aos afetos erados pela interao com outras ueens, as eperiências rias pessoas agora que acam que tem doutorado em drag mas costumam ser positivas, mostrando que o conceito de “família drag” ainda permeia essa nunca botaram nem um cílio postiço itania noa cena cultural Para várias delas, a “importação” da cultura drag americana é um problema,

inas amias primas so dras tm e traalamos muito untas, tendo em vista que a cena local diverge em certos aspectos que so ignorados pelos no somos um rupo com nome e etc mas somos um rupo de pblicos amios e tamm somos dras u eno um rupo de amios ue tamm se montam e a ente t programa pode ser uma inspiraço para a arte, mas a meu ver no sempre se audando e tudo mais, teno minas filas ue sempre t cabe encaixar muitos dos padres em nossa cultura utro país utra audando, e tamm fao parte do coletio oue Recife, ue a realidade utras personalidades no rasil uma cultura forte de

magnicas drag ueens ue são grandes estrelas nas uais podemos nos inspirar eatri o meu caso, o programa me apresenta pouco ina drag é indgena, eu retiro mais do meu cotidiano e da mina cidade ue do programa iro mais ideias das apresentaçes ue elas aem depois do programa em boates sim eu veo e adapto pro meu estilo ara

principal caracterstica positiva do programa levantada é a visibilidade e aceitação na cultura asrea ue o programa está proporcionando á as negativas

deinitivamente é a etrema padroniação ue o programa está promovendo Drags magras, brancas, bonitas e sem outra caracterstica a não ser esses atributos supericiais estão sendo ealtadas cada ve mais e mais, enuanto drags negras, gordas, ora do padrão “rupaul” estão tendo seu trabalo desvalidado só por não serem auilo ue o pblico v no programa ei roue visibilidade para as drags em todo o mundo, uma revolução as peca em assuntos crticos como macismo, transobia, misoginia e até mesmo racismo ora as cotaçes do programa e sua edição tendenciosa anto é ue eu não acompano mais o programa desde o Palloma programa sempre prega o amor e da visibilidade a muitos assuntos importantes, como , mas tem uma visão muito ecada sobre o ue é ser drag, pra vc participar deve seguir um padrão de eminilidade ue na prática é muito dierente itania

abandono do acompanamento do programa por Palloma denota a potncia aetiva proporcionada pelo seu contedo sso porue, em teoria, apenas um produto de entretenimento, os atravessamentos causados pelos corpos são tão intensos ue á uma cobrança por um discurso social coeso não cumprimento dessas demandas acabam aastando parte dos espectadores

Poucas são as drag ueens ue conseguem se proissionaliar com a perormance ec rer é um dos poucos eemplos

omo cover de Pabllo ittar e de eoncé, ec ala ue se proissionaliou e oe consegue se manter tendo drag como profissão. É claro que, como ela pondera, “entre aspas, né Porue para manter um personagem de luo, ceio de brilo e perucas de boa qualidade é um gasto muito grande”. Ela conta que não é uma “drag montação” que se produz para ir a festas, mas para fazer shows, tendo, inclusive, uma turn ue circula pelo sprito anto e aia durante o carnaval, em cidades como Pima, Porto eguro, léus, tabuna, eieira de reitas, inares, riri e em ila ela R, , p magnicas drag ueens ue são grandes estrelas nas uais podemos enhuma das drags consegue ier dessas performances. sso aponta que o nos inspirar eatri carter do interesse performtico ai muito além de uma usca por ganhos financeiros, o meu caso, o programa me apresenta pouco ina drag é indgena, eu retiro mais do meu cotidiano e da mina cidade ue do programa estando mais alinhado a um deseo pela performance e seus motiadores particulares. iro mais ideias das apresentaçes ue elas aem depois do programa É claro que, não necessariamente a performance drag se atrela ao ganho financeiro, em boates sim eu veo e adapto pro meu estilo ara podendo estar mais alinhado a um deseo pela performance, pela construção do corpo, principal caracterstica positiva do programa levantada é a visibilidade e pela plasticidade, etc. aceitação na cultura asrea ue o programa está proporcionando á as negativas omo rias apontaram durante as entreistas, a arte drag é uma arte cara e os deinitivamente é a etrema padroniação ue o programa está promovendo Drags magras, brancas, bonitas e sem outra cachs que receem são sempre pequenos, geralmente não chegam a pagar o custo da caracterstica a não ser esses atributos supericiais estão sendo produção. sso não é noidade, que desde a performance transformista essa ealtadas cada ve mais e mais, enuanto drags negras, gordas, ora do padrão “rupaul” estão tendo seu trabalo desvalidado só por não reclamação é uma constante , . serem auilo ue o pblico v no programa ei roue visibilidade para as drags em todo o mundo, uma revolução té cheguei a pensar sore uma rentailidade como a minha drag, as peca em assuntos crticos como macismo, transobia, misoginia mas a arte drag quase sempre não tem retorno financeiro. e ineste e até mesmo racismo ora as cotaçes do programa e sua edição muito e o retorno é fraco eatriz. tendenciosa anto é ue eu não acompano mais o programa desde Esteticamente, a maior parte das drags colocam suas personas muito distantes o Palloma programa sempre prega o amor e da visibilidade a muitos assuntos das drags exibidas por RuPaul’s Drag Race. Apenas itania se colocou como uma importantes, como , mas tem uma visão muito ecada sobre o ue influncia do programa é ser drag, pra vc participar deve seguir um padrão de eminilidade ue na prática é muito dierente itania mei, me deu outra perspectia do cenrio drag e seriu como um comustel pra eu começar a me montar ... porque mostra muitas abandono do acompanamento do programa por Palloma denota a potncia idéias, muitos loos lindos, e faz oc querer ser drag tamém ... a aetiva proporcionada pelo seu contedo sso porue, em teoria, apenas um produto partir dele que eu passei a procurar noas referncias do que é drag, personalidades importantes da histria drag etc itania. de entretenimento, os atravessamentos causados pelos corpos são tão intensos ue á ara a maior parte das drag queens entreistadas foram os encontros não uma cobrança por um discurso social coeso não cumprimento dessas demandas midiatizados que proocaram as maiores transformaçes em seus corpos drag. alloma, acabam aastando parte dos espectadores inclusie, como drag arada, não consegue notar semelhanças entre seu corpo e Poucas são as drag ueens ue conseguem se proissionaliar com a nenhuma das queens que passaram pelo programa e aponta que a construção de sua perormance ec rer é um dos poucos eemplos drag se d em uma usca de fuga dos padres l eiidos. omo cover de Pabllo ittar e de eoncé, ec ala ue se proissionaliou e oe consegue se manter tendo drag como s afetos produzidos pelas drag queens aradas diferem das tradicionais, ao profissão. É claro que, como ela pondera, “entre aspas, né Porue passo que sua estética é ainda mais “perturbadora” das normativas de gênero. Como para manter um personagem de luo, ceio de brilo e perucas de boa qualidade é um gasto muito grande”. Ela conta que não é uma “drag aponta ara, “as drags barbadas são 8 ou 80. Ou você ama ou odeia”. montação” que se produz para ir a festas, mas para fazer shows, tendo, inclusive, uma turn ue circula pelo sprito anto e aia RuPaul’s nunca me influenciou, muito pelo contrário. Nunca houve durante o carnaval, em cidades como Pima, Porto eguro, léus, interesse da minha parte. inhas grandes influncias foram e são das tabuna, eieira de reitas, inares, riri e em ila ela R, rasilidades eatriz. , p

eatri conta ue o intuito de sua drag

ncantar. rilhar. aer parte de um grande sho. ostrar a sociedade os diversos tipos de emoes. raer a graa, o divertimento. Aprimorar o pensamento.

A performance drag de eatri, denota toda essa artificialidade e as sensaes ue ela produ no conunto de uma apresentaão, atravs do brilho, dos holofotes, das risadas, do divertimento ocoso tipicamente drag ue afetam espectadores. sso, sem perder sua dimensão poltica, visvel em sua resposta uando aponta ue obetiva, também, “aprimorar o pensamento”. Quando perguntada sobre as motivaes ue a fieram performar como drag, responde

Porue a noite, as lues e o brilho da cena noturna sempre me chamaram a atenão. empre fui de palco, de exageros, de graas, piadas. Acredito ue da minha personalidade encenar, divertir, encantar, refletir.

ssas adentram o ue falamos sobre a experiência esttica ue estar e performar em drag, bem como de entrar em contato com esses corpos. uas respostas apontam o caráter mais sensrio dessas performances, mas tambm deixa ntido, simultaneamente, o caráter poltico, á ue, ao final de ambas as respostas, eatri usa os termos “refletir” e “aprimorar o pensamento”. Além disso, sua intencionalidade perpassa afetar outros corpos quando fala “mostrar”, “trazer” e “aprimorar”.

A dimensão drag, portanto, não afeta outros de forma casual, mas possui uma intencionalidade ue perpassa desde sua visualidade, sua performance de maneira geral. Como aponta Ahmed (2006, p.12): “todos os corpos ao se colocarem no mundo marcam uma posião ue pode ser de conformidade ou desconformidade em relaão ao establish social”. ssa forma de existência no mundo diverge os corpos heterossexuais e os dissidentes. sto porue a heteronormatividade busca sempre desualificar esses corpos sob uma suposta desconformidade AD, 00.

Nessa nova cena cultural, a montaão continua perpassando a difusão de gênero e presente nos eventos e festas voltadas temática drag, mas tambm passa a incorporar necessidades de seus ambientes mais comuns, as boates, criando uma nova vertente de drag a drag D RAANA, 08, p.. Assim, as novas drags vão indo alm das propostas exibidas pelo programa, ganhando novos contornos valorativos. 12

eatri conta ue o intuito de sua drag sso, por sua ez, reinicia o ciclo, se refletindo no aumento das pessoas que passam a querer se montar, perdendo a inibio e o medo ao erem cada ez mais pessoas ncantar. rilhar. aer parte de um grande sho. ostrar a sociedade os diversos tipos de emoes. raer a graa, o divertimento. aderindo cultura. Aprimorar o pensamento.

A performance drag de eatri, denota toda essa artificialidade e as sensaes ue ela produ no conunto de uma apresentaão, atravs do brilho, dos holofotes, das risadas, do divertimento ocoso tipicamente drag ue afetam espectadores. sso, sem perder sua dimensão poltica, visvel em sua resposta uando aponta ue obetiva, também, “aprimorar o pensamento”. Quando perguntada sobre as motivaes ue a fieram performar como drag, responde

Porue a noite, as lues e o brilho da cena noturna sempre me chamaram a atenão. empre fui de palco, de exageros, de graas, piadas. Acredito ue da minha personalidade encenar, divertir, encantar, refletir.

ssas adentram o ue falamos sobre a experiência esttica ue estar e performar em drag, bem como de entrar em contato com esses corpos. uas respostas apontam o caráter mais sensrio dessas performances, mas tambm deixa ntido, simultaneamente, o caráter poltico, á ue, ao final de ambas as respostas, eatri usa os termos “refletir” e “aprimorar o pensamento”. Além disso, sua intencionalidade perpassa afetar outros corpos quando fala “mostrar”, “trazer” e “aprimorar”.

A dimensão drag, portanto, não afeta outros de forma casual, mas possui uma intencionalidade ue perpassa desde sua visualidade, sua performance de maneira geral. Como aponta Ahmed (2006, p.12): “todos os corpos ao se colocarem no mundo marcam uma posião ue pode ser de conformidade ou desconformidade em relaão ao establish social”. ssa forma de existência no mundo diverge os corpos heterossexuais e os dissidentes. sto porue a heteronormatividade busca sempre desualificar esses corpos sob uma suposta desconformidade AD, 00.

Nessa nova cena cultural, a montaão continua perpassando a difusão de gênero e presente nos eventos e festas voltadas temática drag, mas tambm passa a incorporar necessidades de seus ambientes mais comuns, as boates, criando uma nova vertente de drag a drag D RAANA, 08, p.. Assim, as novas drags vão indo alm das propostas exibidas pelo programa, ganhando novos contornos valorativos. 12

e para ara Ahmed (2006), a eperincia fenomenolica dos corpos queer nos espaos priados e pblicos destoam dos demais, criando um sentimento de “estar perdido”, o desenolimento de uma noa cena, complea, cria espaos horizontais onde a diferena no é apenas celebrada, mas é a rera. m outros espaos, esses corpos queer so sempre identificados e seus comportamentos prontamente tolhidos como forma de se adequar s epectatias sociais.

estoar, portanto, em uma perspectia corprea é uma forma de resistir, de fazerse isel, de se colocar no mundo de maneira prpria – e também de constituir, atraés do prprio corpo e de suas linuaens (erbais, estuais, isuais, senseis), um noo léico, uma espécie de lnua menor ( AA, 1), que torce alores heemnicos (e no caso, conseradores), ressinificando, determinaes que nos so dadas a estanque.

e o termo ‘orientação’ adinda do manetismo e da naeao se tornou comum nos discursos leais e psiquitricos como forma de entender a seualidade (e sua “direta relação” com o gênero), os corpos drag se propõem a desorientar. Os corpos dra se dedicam “inversão” (A, 2006), pois, como sueitos queer, colocamse no mundo propondo a desestabilizao de preconcepes, muitas ezes, irandoas de cabea para baio. Uma das correspondências possíveis para o termo “queer”, em português, é “invertidos”.

omo isto, a performance dra, em suas rias facetas, estee presente por quase toda histria humana. A personificao feminina do teatro, em determinado momento, subdiidese para a dra da cultura , como hoe conhecemos. A aceitao desses corpos no seio social foi se alterando com o tempo, no entanto, uma constante é que essas performances, se tierem carter humorstico, so celebradas em qualquer conteto.

sso fez com que as dra queens se apresentassem como interessantes corporalidades para os meios de comunicao, especialmente os audioisuais, dado sua performance estar liada uma materialidade isual. Assim, diersos proramas 12

brasileiros englobavam drag queens como parte de uma “cota de diversidade”, tendo como moeda de troca a comicidade.

entro dessa cultura, as diversas possiilidades de construção do corpo, e para ara Ahmed (2006), a eperincia fenomenolica dos corpos queer nos possiilitam uma assimilação, pelos espectadores – seam eles miditicos ou de espaos priados e pblicos destoam dos demais, criando um sentimento de “estar perormances presenciais – da artiicialidade pela qual construímos nossos gêneros. perdido”, o desenolimento de uma noa cena, complea, cria espaos horizontais claro que, parte dessas drags tamém perormam uma eminilidade idealiada que onde a diferena no é apenas celebrada, mas é a rera. m outros espaos, esses acaa, até certo ponto, contriuindo para a reairmação dos discursos do que seriam e corpos queer so sempre identificados e seus comportamentos prontamente tolhidos como deve parecer uma muler. o entanto, o reavivamento contemporneo vem como forma de se adequar s epectatias sociais. epandindo as concepções do que é o sueito drag, ampliando a participação das estoar, portanto, em uma perspectia corprea é uma forma de resistir, de muleres tanto como muleres drag, quanto como drag queens, que passam, tamém, fazerse isel, de se colocar no mundo de maneira prpria – e também de constituir, a satiriar as epectativas de construção idealiada desses corpos. atraés do prprio corpo e de suas linuaens (erbais, estuais, isuais, senseis), um ara entender com mais proundidade essa construção do corpo, situamos a noo léico, uma espécie de lnua menor ( AA, 1), que torce perormance drag so as perspectivas tericas do queer, enquanto produção cultural alores heemnicos (e no caso, conseradores), ressinificando, determinaes que que reelaora as concepções de seo, gênero e seualidade, o ca, como recurso nos so dadas a estanque. estético artiicial que cria uma atmosera de artiicialidade que contriui para a coneão e o termo ‘orientação’ adinda do manetismo e da naeao se tornou com a comunidade e de contrasseualidade, como um processo de comum nos discursos leais e psiquitricos como forma de entender a seualidade (e desestruturação do entendimento de gênero e seualidade, o qual a perormance drag sua “direta relação” com o gênero), os corpos drag se propõem a desorientar. Os corpos auda a pautar. dra se dedicam “inversão” (A, 2006), pois, como sueitos queer, colocamse no O transormismo, aceta da cultura drag, viveu certo apogeu durante a década mundo propondo a desestabilizao de preconcepes, muitas ezes, irandoas de de no rasil. ssas artistas, que misturavam gêneros e seualidades dierentes so cabea para baio. Uma das correspondências possíveis para o termo “queer”, em esse termo, galgaram reconecimento artístico, traalando em casas de sos e português, é “invertidos”. programas televisivos. om a crise da ids, a mudança da cena musical noturna para a omo isto, a performance dra, em suas rias facetas, estee presente por eletrnica e a inluência da construção do corpo drag mais antstico, acaou quase toda histria humana. A personificao feminina do teatro, em determinado desenvolvendo proundas transormações nessa cultura. momento, subdiidese para a dra da cultura , como hoe conhecemos. A om o passar dos anos, mesmo com uma tentativa de reormulação da cena, aceitao desses corpos no seio social foi se alterando com o tempo, no entanto, uma através das apresentações de atecaelo, a cultura drag oi caminando cada ve mais constante é que essas performances, se tierem carter humorstico, so celebradas em para a marginalidade e seu apreço artístico, oi sendo deiado de lado. penas em , qualquer conteto. com o lançamento do programa RuPaul’s Drag Race, a cena é reanimada. O programa sso fez com que as dra queens se apresentassem como interessantes passa a aer sucesso dentro do plico . eu carter conessional, tendo em vista corporalidades para os meios de comunicao, especialmente os audioisuais, dado se tratar de um realit so, aeta seus espectadores nas mais diversas eseras. arte sua performance estar liada uma materialidade isual. Assim, diersos proramas deles se sentem representados pelos discursos evidenciados no programa, parte so aetados pela construo dos corpos, outros pelas perormances, etc. Ou sea, esses aetos se do pela mescla dos elementos simblicos que tratam de uma identiicao com a audincia com elementos sensveis que se ligam diretamente ao ntimo e imiscvel de cada espectador.

Partimos do pressuposto que os espectadores de RPDR e outras plataormas miditicas de protagonismo drag so aetados pela eplicitao da artiicialidade dos gneros e, com isso, sensibiliam seus corpos a produirem novas concepes sobre estes a partir de sua orientao pela dierena, originando corposconstructos que se apresentam de orma contrasseual, destoando, colocandose visvel e se apresentando com uma identidade inadequada s epectativas de gnero. sto porque, parte do pblico percebe de maneira racional, ou no, que a eperincia da montao e da perormance drag no mundo se relaciona com

a eperincia do etravio, to presente no universo simblico queer, em sua orma de airmao poltica sem onas de onorto, sem aer conundir os contornos do corpo com a paisagem da norma dominante ou sea, sentirse ora do lugar, mas aer disso uma airmao, uma potncia R R, , p..

sses aetos ocorrem de maneira como supercies que vo se encontrando e se moldando pela sensibilidade de lidarem eibirem ormas de eistncia no normativas, que valoram os sueitos “desviantes” D, . ssim, o programa imbui seus espectadores de se arriscarem “em traetos desviantes, em lugar da retido das linas eteronormativas, que to pouco costumam oerecer a quem nelas no se enquadra” R R, , p.. sses indivduos passam a ver as drag queens como uma possibilidade, deseando perormarem dessa maneira com seus corpos. sso omentou uma nova cena nacional.

esmo que RuPaul afirme (como para a NBC News), que “Drag Race nunca tentou efetuar mudanças ou gerar impacto” e que o objetivo do programa é “fazer um show que celebre o drag”, RuPaul’s Drag Race acabou sendo a catarse para o reavivamento cultural da cena no rasil. Primeiro pelo ato de colocar em constncia a auto aceitao e a celebrao das dierenas. essncia de sua narrativa, basicamente sobre a tenacidade do esprito umano, ao abordar personagens que oram aastadas deles se sentem representados pelos discursos evidenciados no programa, parte so da sociedade e que precisam trilhar um caminho difcil para serem reconhecidos através aetados pela construo dos corpos, outros pelas perormances, etc. Ou sea, esses da arte e de suas histrias de vida, desenvolve potentes laços de identificaço dentro aetos se do pela mescla dos elementos simblicos que tratam de uma identiicao das narrativas (PRR, , p) sso também se d no carter performtico que com a audincia com elementos sensveis que se ligam diretamente ao ntimo e atinge os espectadores de maneira direta através da euberncia dos corpos fantsticos imiscvel de cada espectador. dispostos tela

Partimos do pressuposto que os espectadores de RPDR e outras plataormas programa é o principal responsvel (hoje junto outras articulaçes miditicas de protagonismo drag so aetados pela eplicitao da artiicialidade dos miditicas, como a cena drag musical) por retirar o carter marginal da cultura drag no gneros e, com isso, sensibiliam seus corpos a produirem novas concepes sobre Brasil, colocandoa em uma perspectiva artstica e humanizada egundo, pela conquista estes a partir de sua orientao pela dierena, originando corposconstructos que se de espaço dentro da mídia hegemônica, tendo em mente que “a representaço é um apresentam de orma contrasseual, destoando, colocandose visvel e se apresentando campo de disputa poltica por visibilidade” (, RCN, , , p) com uma identidade inadequada s epectativas de gnero. sto porque, parte do m todos esses mbitos, h uma forte criaço de laços afetivos entre o contedo pblico percebe de maneira racional, ou no, que a eperincia da montao e da e parte do pblico, tendo em vista a valorizaço de suas corporalidades e vivncias perormance drag no mundo se relaciona com RuPaul’s Drag Race chacoalha determinadas perspectivas sociais convencionais e a eperincia do etravio, to presente no universo simblico queer, colabora com a modificaço de determinados valores e incide nessa viso de mundo em sua orma de airmao poltica sem onas de onorto, sem aer conundir os contornos do corpo com a paisagem da norma com uma nova tica em parte de sua audincia dominante ou sea, sentirse ora do lugar, mas aer disso uma airmao, uma potncia R R, , p.. preciso ter em mente que a abordagem comunicacional no presente trabalho

sses aetos ocorrem de maneira como supercies que vo se encontrando e se no se d apenas por ter como objeto que permeia toda a abordagem um fruto moldando pela sensibilidade de lidarem eibirem ormas de eistncia no normativas, miditico, mas também e to importante quanto, por entender, também, os corpos que valoram os sueitos “desviantes” D, . ssim, o programa imbui seus como produtos miditicos, que se comunicam, afetam, geram sensibilidades, sensaçes, espectadores de se arriscarem “em traetos desviantes, em lugar da retido das linas elaboraçes racionais, emocionais em outros corpos

eteronormativas, que to pouco costumam oerecer a quem nelas no se enquadra” Como concluso, diferentemente das hipteses imaginadas antes do trabalho, a R R, , p.. sses indivduos passam a ver as drag queens como uma maior parte das jovens drag queens no percebem uma relaço direta entre a possibilidade, deseando perormarem dessa maneira com seus corpos. sso omentou construço de seus corpos com o programa, mesmo sendo quase unanime, a viso de uma nova cena nacional. que a midiatizaço dos corpos drag vem criando uma certa padronizaço estética na

esmo que RuPaul afirme (como para a NBC News), que “Drag Race nunca cultura, criando um juzo de valor sobre os corpos drag celebrados e os relegados sso tentou efetuar mudanças ou gerar impacto” e que o objetivo do programa é “fazer um se deu, provavelmente, pela escolha consciente durante o processo de seleço, de show que celebre o drag”, RuPaul’s Drag Race acabou sendo a catarse para o diferentes visualidades artsticas, visando obter diferentes vises sobre as questes reavivamento cultural da cena no rasil. Primeiro pelo ato de colocar em constncia a suscitadas pelo estudo auto aceitao e a celebrao das dierenas. essncia de sua narrativa, basicamente ssa nova cena vem também criando contornos prprios e a figura do D passa sobre a tenacidade do esprito umano, ao abordar personagens que oram aastadas ser central na entrada da msica eletrnica como piv da cena noturna, as drags contemporneas uscam esses espaços, traalhando suas perormances de gnero simultaneamente perormance como Ds espaço miditico vem sendo cada ve mais permeado por essas corporalidades atravs da eploso de representaço dos mais diversos programas protagoniados por drag queens, desde programas de transormaço de estilo s sries animadas stes, por sua ve, reiniciam o ciclo de aeto e de reconhecimento espectatorial de outros corpos “inadequados”, desenvolvendo sensaçes em uma nova gama de plicos que, por sua ve, tamm passam a querer perormar como drags

omo resultado, o traalho gerou mais de cinco artigos que oram sendo desenvolvidos durante o processo de pesquisa e veiculados em revistas e livros nacionais, em como, apresentados em mais de de congressos oi a partir deste estudo, tamm, que se realiou o primeiro evento que uscava deater a temtica drag dentro da universidade pública, o “Cultura Drag Capixaba” em conjunto à Preeitura de itria e a Psraduaço em omunicaço e erritorialidades da niversidade ederal do spírito anto

inda assim, o maior ruto da pesquisa oi a conecço do livro Desauea a sra Drag u rasl e sr a , o primeiro sore a temtica no rasil proeto oi selecionado no edital de Diversidade ultural de da ecretaria de stado da ultura tendo como ase o teto desenvolvido para a qualiicaço, em como as ponderaçes lançadas pela anca durante a deesa livro, lançado em como diço ndependente em deemro de , se encontra em processo de reviso para ser relançado pela editora ulina ainda em

Drag, como movimento de constante renovaço, a cada deiniço ou conceituaço terica, encontra sutergios para desaiar tais constriçes ssim, esse traalho se propôs colaorar com um panorama sore essa cena contempornea renovada, mas entende ser impossível dar conta da compleidade do oeto ssim, outras questes, lançadas no decorrer do traalho, sero respondidas e aproundadas em proetos posteriores emplo disso, so o ato das drags entrevistadas no acreditarem que o programa tenha inluenciado sua esttica e as respostas, quase unnimes, sore o pssimo comportamento dos s, sore uma suposta padroniaço esttica – mesmo que nenhuma das drags entrevistadas se reconheçam dentro dela

contemporneas uscam esses espaços, traalhando suas perormances de gnero RRA RA simultaneamente perormance como Ds espaço miditico vem sendo cada ve mais permeado por essas corporalidades atravs da eploso de representaço dos mais D, arah ueer Peomeolog Durham Due niversit ress, diversos programas protagoniados por drag queens, desde programas de D, arah e ultural Poltcs of moto dimburgo dinburgh niversit ress, transormaço de estilo s sries animadas stes, por sua ve, reiniciam o ciclo de aeto D, Chris do mercado de massa para o mercado de nicho io e de reconhecimento espectatorial de outros corpos “inadequados”, desenvolvendo A cauda loga de aneiro lsevier, sensaçes em uma nova gama de plicos que, por sua ve, tamm passam a querer , gor Drag ueen um percurso histrico pela arte dos atores perormar como drags transormistas Resta elas Artes, edio, o aulo, Disponvel em httpbitlxbb omo resultado, o traalho gerou mais de cinco artigos que oram sendo , liabeth C, uanne ovements and memor the maing o desenvolvidos durante o processo de pesquisa e veiculados em revistas e livros toneall mth Amerca ocologcal Ree, vol, Disponvel em nacionais, em como, apresentados em mais de de congressos oi a partir deste httpbitlDa estudo, tamm, que se realiou o primeiro evento que uscava deater a temtica drag , oger Drag a istor o emale mpersonation in the erorming rts ova dentro da universidade pública, o “Cultura Drag Capixaba” em conjunto à Preeitura de orque e or niversit ress, itria e a Psraduaço em omunicaço e erritorialidades da niversidade ederal , adanam Daces of da athaali ova Deli isdom ree, do spírito anto D, argot stra mudal do teatro o aulo erspectiva, inda assim, o maior ruto da pesquisa oi a conecço do livro Desauea , ortugus A la agrada ntigo e ovo estamento raduo de oo a sra Drag u rasl e sr a , o primeiro sore a erreira de lmeida dio revisada e atualiada no rasil raslia ociedade blia do temtica no rasil proeto oi selecionado no edital de Diversidade ultural de rasil, da ecretaria de stado da ultura tendo como ase o teto desenvolvido para a , ucas Desauedado a stra Drag no undo, no rasil e no sprito qualiicaço, em como as ponderaçes lançadas pela anca durante a deesa livro, anto dio ndependente itria, lançado em como diço ndependente em deemro de , se encontra em processo arratas do AD o tter e suas correlaes com a uetude raslera cotemorea Congresso rasileiro de Cincias da de reviso para ser relançado pela editora ulina ainda em Comunicao ntercom Curitiba, a Disponvel em httpbitlDlcx

Drag, como movimento de constante renovaço, a cada deiniço ou Degenerando formatos midiáticos e construções sociais: RuPaul’s Drag ace e mercantiliao de espaos dissidentes , n, b conceituaço terica, encontra sutergios para desaiar tais constriçes ssim, esse Resta ala Disponvel em httpsbitlpagi traalho se propôs colaorar com um panorama sore essa cena contempornea hant ou ta a ocupao dos territrios miditicos pela cultura renovada, mas entende ser impossível dar conta da compleidade do oeto ssim, drag Resta ula, v no , p , Disponvel em httpsbitlc outras questes, lançadas no decorrer do traalho, sero respondidas e aproundadas , ucas C, dgard , aael dia e Diversidade caminhos em proetos posteriores emplo disso, so o ato das drags entrevistadas no para relexo e resistncia ed oo essoa erca, Disponvel em acreditarem que o programa tenha inluenciado sua esttica e as respostas, quase httpsbitlubqx unnimes, sore o pssimo comportamento dos s, sore uma suposta padroniaço , udith Prolemas de gero eminismo e subverso da identidade io de aneiro Civiliao rasileira, esttica – mesmo que nenhuma das drags entrevistadas se reconheçam dentro dela

R oana Uma reflexão sobre 'RuPaul’s Drag Race' Reista arta aital Disonel em: tt:itlfn R ernanda áuinas de er modos de ser: isiilidade e suetiidade nas noas tecnologias de informaço e de comunicaço n: P – ongresso da ssociaço acional de Programas de Psraduaço em omunicaço o ernardo do amo oo enriue atualidade da discusso sore a indstria cultural em eodor dorno Resa rasormão arlia: n maiago Disonel em: tt:itlDt

DRD u soceae o eseculo isoa: DP irginie eora g og o Paulo: n edições D on D a racal: reeldia nas comunicações e moimentos sociais o Paulo: ditora enac

D illes R li afa: or uma literatura menor raduço lio astaon uimares Rio de aneiro: mago

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D ristoer rutalit arden: rocla a e mergece of a rala ouerculure ael ill: niersit of ort arolina Regina oimento omosseual no rasil: recomondo um istrico aeros n Disonel em: tt:itlrau R arlos s ours carocas: nterelações eerincias e identidades omoerticas no Rio de aneiro: sculos ao elo orionte: ditora Rio de aneiro: PR

icel sra a sexualae : a ontade de saer Rio de aneiro o Paulo: Pa erra a

sra a sexualae : o uso dos raeres Rio de aneiro o Paulo: Pa erra a

sra a sexualae : o cuidado de si Rio de aneiro o Paulo: Pa erra

crofsca o oer Rio de aneiro o Paulo: Pa erra coro uco as eerooas o Paulo: n R ames Renan rgs Daura e omossexualaes: reresso resistncia e a usca ela erdade o arlos: dar

R oana Uma reflexão sobre 'RuPaul’s Drag Race' Reista arta aital lm o caraal Disonel em: tt:itlfn

R ernanda áuinas de er modos de ser: isiilidade e suetiidade nas Resa Dgal noas tecnologias de informaço e de comunicaço n: P – ongresso da ssociaço acional de Programas de Psraduaço em omunicaço o ernardo do amo Polca o oro oo enriue atualidade da discusso sore a indstria cultural em eodor dorno Resa rasormão arlia: n maiago Disonel aggos em: tt:itlDt DRD u soceae o eseculo isoa: ercom DP irginie eora g og o Paulo: n edições D on D a racal: reeldia nas comunicações e moimentos sociais o Paulo: ditora enac ecas e masses D illes R li afa: or uma literatura menor raduço lio astaon uimares Rio de aneiro: mago omem ue amaa raaes e ouros esaos D im a b e: e orgotten istor of a ieration oa or: asic oos oas ara uma feomeologa ueer D ristoer rutalit arden: rocla a e mergece of a rala ouerculure ael ill: niersit of ort arolina lor e aafrão Regina oimento omosseual no rasil: recomondo um istrico aeros n Disonel em: tt:itlrau Um coro esrao R arlos s ours carocas: nterelações eerincias e identidades omoerticas no Rio de aneiro: sculos ao elo orionte: ditora Rio sueo a ela de aneiro: PR –

icel sra a sexualae : a ontade de saer Rio de aneiro o resa semesruuraa Paulo: Pa erra a sra a sexualae : o uso dos raeres Rio de aneiro o Paulo: Pa erra a ommucao culure a egemo sra a sexualae : o cuidado de si Rio de aneiro o Paulo: Pa erra crofsca o oer Rio de aneiro o Paulo: Pa erra Resa omucao coro uco as eerooas o Paulo: n R ames Renan rgs Daura e omossexualaes: reresso eora ueer resistncia e a usca ela erdade o arlos: dar

Rumo a uma resrbução esobeee e gêero e acoloal a olêca PR DPRDR UR D RP

eles auecas esuos culurales

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Rumo a uma resrbução esobeee e gêero e acoloal a olêca çã çã PR DPRDR UR D RP eles auecas esuos culurales oer la's oll ouse – eraão arula Percus abo em forma e gee ê Resa Percus beão e eseo Resa oemorea exuala alu ocea Resa aoamercaa – Resa oemorea “Ecossistemas Artísticos” c 'm from Recfe Resa oemorea aeros Pagu

“Fervendo com as drags” onemornea – – –

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aemens ar mne more de vda de arsa onson cadema de drags vnas vas rag me as a een raga er em sca de m sono o o rvve a age amo da sna ars s rnng n Famngos eeo de onea as rag ace o ao em F emorada de caa e norma ear onges ned