DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 071.4.52.O

DATA: 09/05/06

TURNO: Vespertino

TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

INÍCIO: 14h

TÉRMINO: 20h02min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO

Hora Fase Orador

Incluídos os seguintes discursos: do Deputado Feu Rosa proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 043, realizada em 6 de abril de 2006; do Deputado Feu Rosa proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 057, realizada em 25 de abril de 2006; do Deputado Orlando Fantazzini proferido na Sessão Extraordinária da Câmara dos Deputados nº 065, realizada em 3 de maio de 2006; do Deputado Orlando Fantazzini proferido na Sessão Extraordinária da Câmara dos Deputados nº 067, realizada em 4 de maio de 2006; do Deputado Orlando Fantazzini proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 068, realizada em 4 de maio de 2006. CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ata da 071ª Sessão, em 09 de maio de 2006 Presidência dos Srs......

ÀS 14 HORAS COMPARECEM À CASA OS SRS.: Aldo Rebelo José Thomaz Nonô Ciro Nogueira Inocêncio Oliveira Nilton Capixaba Eduardo Gomes João Caldas Givaldo Carimbão Jorge Alberto Geraldo Resende Mário Heringer CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra na

Casa o comparecimento de 194 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. EDINHO BEZ, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR...... , servindo como 1º Secretário, procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

3 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Finda a leitura do expediente, passa-se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Concedo a palavra à nobre Deputada Vanessa Grazziotin.

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A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (PCdoB-AM. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último final de semana, retornamos de uma missão oficial a Cuba, da qual tive a felicidade de participar, a convite do Governo e

Parlamento cubanos.

A Câmara dos Deputados enviou 4 Parlamentares a Cuba para as várias atividades organizadas para a delegação brasileira. Da comitiva participaram o

Deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, como coordenador, que preside o Grupo

Parlamentar de Amizade Brasil/Cuba, na Câmara dos Deputados; o Deputado

Jackson Barreto, que tem longa história em defesa daquele país e da ampliação das relações comerciais e culturais entre as 2 nações irmãs, Brasil e Cuba; o Deputado

Paulo Baltazar, Líder do PSB na Casa, e esta Deputada. Ficamos naquele país de

1º a 4 de maio.

Nossa primeira atividade oficial foi participar dos atos comemorativos ao Dia do Trabalho, em 1º de maio. Foi uma bela manifestação. Confesso, Sr. Presidente, que já participei de muitas manifestações, mas nenhuma reuniu tal quantidade de pessoas nem se revestiu do caráter que ali observei. Fizemos questão, eu particularmente, de andar no meio das pessoas e sentir de perto o verdadeiro clima da comemoração do Dia do Trabalho em Cuba.

A manifestação pública teve como momento central a participação do

Presidente Fidel Castro, que, no pronunciamento de aproximadamente 4 horas, não apenas falou da política internacional e da conjuntura política do seu país, mas, principalmente, aproveitou a presença de milhares de trabalhadores e jovens para fazer uma prestação de contas do seu governo.

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Foi possível perceber que, em Cuba, uma nova sociedade vem sendo construída de forma coletiva. Tive a oportunidade de viver o mesmo sentimento em meados da década de 90, quando lá estive pela primeira vez. Apesar de aquele ter sido talvez o mais duro período por que passou o país, já sentíamos o desejo e a dedicação da população por construir uma sociedade de liberdade, uma sociedade socialista.

Com muita felicidade, percebemos que muita coisa mudou para melhor naquele país. Aos poucos, os cubanos estão conseguindo superar a grave crise enfrentada, em grande parte, em decorrência da queda do Muro de Berlim e da extinção do bloco dos países socialistas, que eram exatamente as nações com que mantinham maior relacionamento econômico.

Sras. e Srs. Deputados, Cuba é um país em obras. É uma alegria ver o belíssimo Centro Histórico de Havana sendo totalmente recuperado; é uma alegria ver que não há desemprego em Cuba; é uma alegria ver que, por mais baixo que seja o salário, todos dividem o pouco que o país tem. Isso é muito importante. Em breve falarei no Grande Expediente sobre o assunto porque há muito o que dizer.

Participamos de reuniões com dirigentes do partido e do Estado cubano e tivemos a oportunidade de visitar a Escola Latino-Americana de Medicina — ELAM, onde estudam mais de 10 mil latino-americanos, entre os quais 700 brasileiros. Emociona-nos ver que a universidade é gratuita e o país dá alojamento, alimentação e ajuda de 100 pesos a cada estudante brasileiro. Saí de Cuba com muita alegria no coração, Sr. Presidente, por ver que, apesar das muitas dificuldades, é possível... (O microfone é desligado.) O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - V.Exa. sabe que adotamos o critério de ser rigorosos com o tempo.

6 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Mauro Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, após haver discursado, durante a sessão de posse do Presidente do TSE, Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, o

Corregedor daquela Corte, Ministro Cesar Asfor Rocha, concedeu longa entrevista à imprensa cearense, reenfatizando a sua disposição de tudo fazer para que o pleito vindouro se processe sem o famigerado caixa 2, responsável pelas comprovadas ilicitudes que as CPIs constataram ao longo de seguidas investigações, desde o ano passado, e que tendem a prosseguir, ainda agora, após a constatação de novas irregularidades, denunciadas pelos veículos de comunicação social.

Antes de guindar-se à condição de Ministro do Superior Tribunal de Justiça, em maio de 1992, o Corregedor exercera funções judicantes no Tribunal Regional

Eleitoral, em 2 mandatos, quando pôs à prova o seu talento fulgurante e a preocupação, já aquela época, de escoimar o processo eleitoral dos vícios que buscavam deturpar a manifestação soberana das urnas.

Com incisividade, Cesar Rocha enfatizou aos jornalistas — segundo matéria ontem divulgada — que:

“Aquele (candidato) que não pode mostrar o que

está doando e aquele que não pode mostrar o que está

gastando, como também aquele que não pode dizer tudo

quanto recebeu em razão de venda de mercadorias e de

prestação de serviços para os partidos e candidatos,

evidentemente, que estão a praticar atos ilícitos. (...)”

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No entender do ilustre magistrado, a sociedade brasileira está mais consciente da existência da prática do caixa 2 e, de forma mais participativa, vai cobrar maior fiscalização da Justiça Eleitoral.

Para não deixar que remanescessem dúvidas quanto à severidade a ser aplicada, inflexivelmente, afirmou o entrevistado:

“Temos condições de atacar o gasto abusivo,

sobretudo porque nós sabemos que os principais gastos

são feitos com os programas de televisão, a confecção de

impressos e com brindes como camisetas e bonés”.

E esclareceu didaticamente:

“(...) essas empresas não são muitas e o TSE pode

e vai fazer eventualmente fiscalização nessas empresas

para saber o quanto elas dizem que receberam e se os

gastos estão compatíveis. (...)”

E ainda asseverou o Ministro Corregedor:

“Em todas as despesas eleitorais tem que constar o

número do CPF. Por outro lado, todas as doações aos

partidos e candidatos terão que ser feitas mediante recibo

firmado pelo partido e por candidato para evitar a

utilização do caixa dois. (...)”

O tom enérgico com que o preclaro jurista condenou os desacertos até aqui desbravadamente registrados reflete o seu sentimento e o de seus pares, a começar pelo Presidente Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, o que restou patente em seu antológico pronunciamento da última quinta-feira.

8 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A defesa, portanto, da transparência em todos os encargos financeiros de campanha passará a ser a tônica do comportamento a ser adotado pela Justiça, conforme assegurou o Ministro Cesar Asfor Rocha, que passa a defrontar-se com mais um sério desafio em sua brilhante judicatura.

Os políticos devem, pois, precautelar-se para observar os cânones legais, não transgredindo as normas imperantes, cuja aplicação tornar-se-á tarefa obsessiva por parte dos componentes daquele colegiado.

Espera-se, desta forma, que a próxima competição deflua sem as distorções até aqui registradas e que aviltavam a dignidade dos mandatos, muitos dos quais conquistados ao arrepio de princípios éticos e morais que deveriam prevalecer em todas as etapas da campanha eleitoral.

9 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há algum tempo, desta tribuna, havia externado minha preocupação a respeito dos cuidados que o empréstimo pessoal com desconto em folha de pagamento, o famoso crédito consignado, exigia. E afirmei que os juros cobrados pelos bancos eram muito altos, haja vista a operação não oferecer riscos — para os bancos, é claro, porque para os tomadores o risco do endividamento é enorme.

Pois bem, recente matéria de jornal catarinense trouxe a seguinte nota: “A farra do crédito consignado vai apresentando a sua fatura. Ao final de março, os serviços de proteção ao crédito registraram, no Brasil, mais de 3 milhões de idosos com restrições cadastrais. As instituições financeiras, que esfolam sem dó nem piedade no acréscimo de cobrança de atrasados, penhoradamente, agradecem”.

Os idosos — leia-se aposentados e pensionistas —, que são reconhecidos como os melhores pagadores da praça, estão protagonizando um festival de inadimplência, pois previsivelmente também deixaram de pagar seus outros compromissos.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tirando os gastos compulsórios, como alimentação, habitação, transporte, entre outros, sobram menos de 10% da renda disponível para outros compromissos financeiros nas camadas mais baixas, as que recebem até 5 salário mínimos por mês — R$1,5 mil.

Embora já realizado por funcionários públicos ativos, a Medida Provisória nº

130, de setembro de 2003, transformada na Lei nº 10.820, beneficiou os trabalhadores regidos pela CLT, permitindo os descontos das parcelas relativas a

10 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 empréstimos, financiamentos e leasing na folha de pagamento desses empregados.

A inclusão de pensionistas e aposentados do INSS se deu posteriormente.

A grande verdade é que o crédito consignado, em vez de acelerar o ciclo de desenvolvimento, transformou-se numa crise de inadimplência, pois as pessoas entram no crédito consignado para substituir dívidas caras por outras de juros menores, acumulam débitos, pagam o consignado e deixam de pagar outros débitos, o que prejudica o comércio em geral e o próprio aposentado. E a solução do

Governo para isso é penhorar o salário, em vez de diminuir a taxação.

Tal medida implementada pelo Governo Federal — a consignação do crédito em folha de pagamento — trouxe resultados desastrosos. Por isso, temos que olhar com mais atenção para o caso e solicitar novamente a sensibilidade do Ministro da

Previdência, da FEBRABAN, do Banco Central, para que se estabeleçam novos critérios, com o intuito de minimizar o problema e não de prejudicar a vida do aposentado.

Peço a atenção também do Ministério Público Federal, para que envide esforços a fim de que sejam revistas as regras de concessão desses empréstimos com desconto em folha, uma vez que várias pessoas estão sendo lesadas.

Coloco-me à disposição para que possamos trocar idéias sobre eventuais soluções para a questão.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. CARLOS NADER (PL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, já tive a oportunidade de me manifestar, por reiteradas vezes, sobre a importância para a cidade de Volta Redonda, no sul do

Estado do Rio, da conclusão das obras da Rodovia do Contorno, estrada projetada para tirar do centro da cidade o trânsito pesado de caminhões. Trânsito, principalmente, de caminhões que transportam produtos altamente perigosos para a população.

Desde o ano passado, Sr. Presidente, as obras dessa rodovia, já quase concluídas em sua totalidade, estavam paralisadas em razão de uma ação do

IBAMA. Desde setembro do ano passado, venho mantendo contatos permanentes com o Instituto, por intermédio da gerência regional do , para que todas as exigências do órgão sejam cumpridas e, assim, o processo possa ser encaminhado à Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, para a liberação da licença ambiental.

Recentemente, em abril do ano passado, o processo recebeu a aprovação técnica do IBAMA e foi remetido à FEEMA. E quero fazer um agradecimento em particular à Presidenta da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do

Rio de Janeiro, Dra. Isaura Fraga, que, compreendendo a importância do término das obras da Avenida do Contorno de Volta Redonda para a população da cidade, liberou a L.I. (Licença de Instalação), que permitirá ao IBAMA solicitar, logo após a publicação da referida licença no Diário Oficial do Estado, o desembargo da obra na

Justiça.

A Rodovia do Contorno tem uma importância relevante para Volta Redonda, e sua população não vê a hora de essa obra ser definitivamente concluída. Nós temos

12 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 nos empenhado em contribuir com os órgãos envolvidos para que, cumpridas todas as formalidades, os serviços sejam retomados e logo a estrada esteja pronta. E quero dizer aos moradores de Volta Redonda que continuaremos empenhados para que essa conclusão se dê o mais brevemente possível.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação deste meu pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

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O SR. JOÃO ALFREDO (PSOL-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ontem, a Folha de S.Paulo, no seu caderno Folha Ciência, manifestou a preocupação dos cientistas brasileiros pelo verdadeiro descaso do Governo ao

Programa Antártico Brasileiro — PROANTAR. Trata-se de programa fundamental, constante de tratado que o Brasil assinou, em 1982, na área científica, na área de meio ambiente, que inclusive pode levar a conexões importantes na questão do clima no nosso País.

O Governo investiu praticamente tudo, na área de ciência e tecnologia, na missão do Astronauta Marcos Pontes, mas tem deixado ao abandono projetos importantes como esse. Eles pedem 1,5 astronauta para a Antártida, em 3 anos. Ou seja, 20 milhões de reais, o que não significa muito para o Governo. Eles falam em

30 milhões, mas 20 milhões dariam para manter 28 projetos, em 3 anos.

É o registro que faço. Solidarizo-me com aqueles que fazem o PROANTAR, no Brasil e na Antártida.

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A SRA. SELMA SCHONS (PT-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje esta tribuna para comunicar que o

Governo Federal baixou uma norma que autoriza o Sistema Único de Saúde — SUS a utilizar terapias não convencionais nos tratamentos de pacientes. Na última quinta-feira, dia 4 de maio, o Ministério da Saúde editou a Portaria nº 971, que criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares — PNPIC no SUS.

Com a criação da PNPIC, estão autorizados o uso de plantas medicinais, da fitoterapia, homeopatia, acupuntura, termalismo — uso de águas minerais para tratamento de saúde — e de outras práticas terapêuticas alternativas nas unidades de saúde pública do nosso País. Trata-se de uma antiga demanda da população e de uma reivindicação de importantes segmentos da nossa sociedade. Podemos citar a Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde — ABIFISA, que, juntamente com outras organizações, luta pelo reconhecimento e implantação das práticas alternativas de tratamento de pacientes no Brasil. No Congresso Nacional, integramos, como membro titular, a

Frente Parlamentar para Regulamentação dos Produtos de Origem Natural para a

Promoção da Saúde, que luta por esses mesmos objetivos.

A portaria foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde e finalizada após amplo diálogo com a comunidade médica e científica. A PNPIC define as ações e responsabilidades dos gestores federais, estaduais e municipais na implementação de novas terapias e serviços no SUS, como também a adequação de programas que já vinham sendo desenvolvidos em âmbito regional. Além disso, estabelece as diretrizes para a incorporação e implementação dessas práticas no SUS de forma a

15 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 garantir qualidade, eficácia, eficiência e segurança a todos os brasileiros usuários do sistema público de saúde.

Uma das principais medidas inseridas na Política Nacional de Práticas

Integrativas e Complementares no SUS é a Proposta para Plantas Medicinais e

Fitoterapia, cujo objetivo é ampliar as opções terapêuticas aos usuários do Sistema

Único de Saúde, com garantia de acesso a plantas medicinais, medicamentos fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia, sempre voltada à segurança, eficácia, qualidade e integralidade da atenção à saúde de todos os brasileiros.

A Organização Mundial da Saúde — OMS reconhece que 80% da população dos países em desenvolvimento utiliza-se de práticas tradicionais nos cuidados básicos de saúde. Desse universo, 85% utilizam plantas ou preparados. Nesse sentido, a OMS recomenda a difusão mundial dos conhecimentos necessários ao uso racional das plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos.

E o Brasil, com sua diversidade genética vegetal estimada em 55 mil espécies catalogadas, possui ampla tradição de uso das plantas medicinais vinculado ao conhecimento popular e transmitido por gerações, além de tecnologia para validar cientificamente esse conhecimento.

Por termos biodiversidade rica, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é que esta portaria do SUS adquire uma importância ainda maior para o nosso povo e o nosso País. Sabemos que esse regulamento do Ministério da Saúde não é suficiente. Porém, trata-se de um importante avanço que o Governo do Presidente

Lula implanta na área da saúde. E nós, no Parlamento, estamos atentos e vamos continuar lutando pela aprovação do projeto de lei, que já tramita na Câmara dos

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Deputados e pretende dar um marco regulatório mais estável ao setor dos fitoterápicos.

Com essa atualização na legislação, a indústria nacional será motivada a incentivar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico de produtos brasileiros de origem natural que poderão fazer de nosso País um expoente internacional, a exemplo do que hoje acontece com a China e a Índia. Isso trará segurança para o setor que atualmente conta com 200 empresas que empregam 100 mil brasileiros e movimenta 1 bilhão de reais por ano. Além disso, ao regulamentar o setor, o Brasil estará protegendo sua biodiversidade da cobiça da indústria dos países desenvolvidos, que trabalham organizadamente na pirataria de ervas e substâncias naturais de nosso País.

Para finalizar, parabenizo o Ministério da Saúde e todos os nossos órgãos e

Ministérios envolvidos na feitura dessa portaria, bem como a ABIFISA, a Frente

Parlamentar e as demais organizações envolvidas nessa luta, que resultou no reconhecimento público de que as práticas terapêuticas alternativas são uma solução para o tratamento da nossa população. Estou muito feliz em poder participar de mais esse avanço, que é fruto do apoio do nosso Governo e uma conquista das organizações da nossa sociedade.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

Muito obrigada.

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O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para abordar tema de grande interesse para a saúde de nossos cidadãos: a ameaça de nova pandemia de gripe humana.

Está amplamente disseminada a informação de que a gripe aviária, causada pelo vírus influenza, pode ocasionar o surgimento de uma epidemia de gripe em escala global, o que caracterizaria uma pandemia.

É preciso esclarecer que, até o momento, os casos humanos, graves e de alta letalidade, decorrentes da gripe aviária foram devidos ao contágio direto entre humanos e aves infectadas por um subtipo do vírus influenza, o H5N1.

Até o momento não há evidências de transmissão de pessoa para pessoa nem de contaminação por ingestão de ave, pois a temperatura atingida no processo de cocção é suficiente para inativar o vírus, embora haja risco de infecção durante o manuseio inadequado de ave infectada. Não houve, portanto, confirmação de nenhum caso em que um indivíduo tenha sido contaminado em razão do contato com outro ser humano.

Trata-se, pois, de uma epizootia, ou seja, a gripe aviária é uma epidemia entre animais, particularmente aves, tanto as domésticas como as silvestres, e tem atingido países asiáticos desde 2003. Entretanto, já existem relatos de disseminação da doença para países europeus e africanos, a partir de aves migratórias, o que tem provocado forte reação de governos, no sentido de evitar tal disseminação.

Entre o final de 2003 e o dia 10 de março do corrente ano, a Organização

Mundial de Saúde Animal registrou 2.312 surtos de gripe aviária em criações de aves no Vietnã; 1.078 surtos na Tailândia; 209, na Indonésia; 126, na Turquia; 121, na China; além de surtos em mais 18 países.

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No que se refere aos casos entre humanos, a Organização Mundial da Saúde registrou, até 19 de abril de 2006, a ocorrência de 196 casos em 9 países, ocasionando 110 óbitos. Os países com mais casos entre humanos são o Vietnã (93 casos), Indonésia (32 casos), Tailândia (22 casos), China (17 casos) e Turquia (12 casos). Essa distribuição corrobora a informação anterior de que o contato com as aves infectadas é responsável pelos casos entre humanos.

Milhares de aves já foram sacrificadas nos países em que focos de gripe aviária foram detectados, e os efeitos econômicos já são sentidos nos países diretamente afetados, com a redução do consumo de carne de aves, e, até mesmo, nos países não afetados, como o Brasil, pois a redução na demanda internacional já afeta os exportadores de carne de frango de nosso País.

Entretanto, a fonte maior de preocupação, segundo reiterados alertas da

Organização Mundial da Saúde — OMS, é que o vírus H5N1 sofra uma mutação genética e, de súbito, adquira capacidade de se disseminar de uma pessoa para outra, a exemplo do que ocorre nos casos de gripe comum, a qual produz centenas de milhões de casos todos os anos. Mas a gripe comum, em geral, leva a apenas alguns dias de absenteísmo ao trabalho ou escola, sem maiores conseqüências, a não ser em idosos e outros grupos mais vulneráveis às complicações que podem suceder-se a um episódio de gripe, como as pneumonias bacterianas.

A preocupação com a pandemia tem fundamento, pois a história registra algumas pandemias de gripe provocadas por outros subtipos do vírus Influenza. A famigerada gripe espanhola de 1918 teria causado a morte de 20 milhões a 40 milhões de pessoas em todo o mundo. O Brasil foi duramente atingido, e entre as vítimas da gripe espanhola destacamos o Presidente da República Rodrigues Alves,

19 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 eleito para o cargo pela segunda vez, mas que não pôde tomar posse, vindo a falecer no dia 16 de janeiro de 1919.

Em 1957, a gripe asiática foi responsável por cerca de 4 milhões de óbitos no mundo e, em 1968, a gripe de Hong Kong foi responsável por mais 2 milhões de

óbitos.

A respeito da situação atual, novamente salientamos que a possibilidade de mutação do H5N1, gerando condições para uma disseminação rápida e produção de casos graves entre humanos não se trata de mera ficção. Poderá ocorrer, ou não.

Na verdade, não há como fazer tal previsão, muito menos estabelecer data para indicar o início da epidemia entre humanos em nosso País.

O que os governos podem e devem fazer é estar preparados para atuar desde já na prevenção dessa doença. Assim, solicitamos às autoridades dos diversos órgãos responsáveis pela saúde humana e animal que tomem as devidas providências para assegurar a nossa população de que os recursos disponíveis sejam usados com eficiência, a fim de minimizar as conseqüências no caso da hipótese mais pessimista se tornar realidade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na condição de Presidente da

Comissão de Seguridade Social e Família, temos buscado entendimento com o

Governo para as providências com relação a essa ameaça.

Nessas conversas com o Governo, temos visto as providências tomadas pelo

Governo Lula, principalmente no Ministério da Saúde, no que se refere à vacinação e ao remédio Tamiflu, que está sendo distribuído.

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Enfim, creio que vamos enfrentar com êxito a ameaça dessa pandemia de gripe. E graças a Deus ainda não temos nenhum caso registrado de transmissão entre humanos, somente de aves para humanos, em outros países, e não no Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, tramita nesta Casa, desde agosto do ano passado, o Projeto de Lei nº 5.845, de 2005, que dispõe sobre a carreira dos servidores do Poder Judiciário da União e dá outras providências.

A aprovação do referido PL é de grande importância para os servidores judiciários, uma vez que os dispositivos da Lei nº 10.475, referente ao plano aprovado em 2002, já estão defasados. O projeto, de autoria do Poder Judiciário, já foi aprovado na Comissão de Trabalho e agora se encontra na Comissão de

Finanças e Tributação, sob a Relatoria do Deputado Geddel Vieira Lima.

É bom destacar, Sr. Presidente, que a revisão do PCS também traz dispositivos que irão garantir a melhoria das condições de trabalho e a valorização do servidor, elementos fundamentais para uma prestação jurisdicional célere e de boa qualidade.

Vale ressaltar que há hoje uma disparidade salarial entre os servidores do

Judiciário e os que ocupam funções similares no Executivo e no Legislativo, o que leva vários funcionários a migrarem para outros órgãos públicos.

Baseado nisso, o PL nº 5.845, de 2005, faz uma revisão do Plano de Cargos e Salários do Poder Judiciário, objetivando diminuir tais distorções e garantir ao trabalhador as condições necessárias para exercer sua função com dignidade.

Nesta semana, Sr. Presidente, os servidores do Poder Judiciário iniciam uma série de reivindicações, com indicativo de greve, pela aprovação do seu Plano de

Cargos e Salários. Em vários Estados já acontecem paralisações.

Não podemos admitir, Sr. Presidente, que categorias importantes, como a

Polícia Rodoviária Federal, fiquem sem plano de carreira. Hoje, um policial é

22 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 superintendente, delegado; amanhã, vai para o asfalto — sem nenhum demérito para quem está no asfalto —, mas é preciso que haja um plano de cargos e salários para todas essa categorias.

Portanto, faço apelo no sentido de que o Projeto de Lei nº 5.845, de 2005, seja aprovado urgentemente. Dessa forma faremos justiça aos servidores do Poder

Judiciário que anseiam por melhores salários e condições de trabalho.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que encaminhe o meu pronunciamento de apoio ao Poder Judiciário.

23 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. GERALDO RESENDE (PPS-MS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a população de Mato Grosso do Sul vem se mobilizando por meio de iniciativas de caráter local, como o Movimento Moraliza

Brasil, deflagrado em Dourados, e o Grito do Ipiranga, promovido pelos produtores rurais em várias regiões do País. Nos 2 casos demonstra-se na exata medida o grau de insatisfação da sociedade. E é justamente sobre ambos os movimentos, genuinamente de iniciativa popular e que guardam semelhanças quanto ao objetivo, que quero discorrer.

Na sexta-feira passada a sociedade douradense voltou à praça pública, como há muito não se via. A população foi às ruas atendendo ao chamamento do Moraliza

Brasil. Aliás, a iniciativa já conta com a adesão do comércio de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, que fechou suas portas em apoio à população de

Dourados.

Mais de 8 mil pessoas — estudantes, comerciantes, comerciários, industriais, produtores rurais — foram às ruas de minha cidade, fecharam o comércio e deram início ao movimento.

Há pouco, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, em vez de receber os servidores levando em conta a livre manifestação, assumiu atitude muito grosseira, bateu nos manifestantes em frente a uma agência federal em Dourados.

Sr. Presidente, estive com a população na praça. E não poderia ser diferente, pois antes de sair às ruas com as propostas, na rotina desta Casa, nas andanças pelos Municípios, enfim, na vida diária, fiz da luta contra a corrupção um dos esteios da vida pública.

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Aliás, é preciso enfatizar que todas as bandeiras levadas à praça pública pelo movimento já vêm sendo defendidas por mim e por meu partido, o PPS. Seja por meio de projetos de lei, emendas à Constituição, seja através da atuação em defesa de investigações rigorosas e punição de envolvidos em esquemas de corrupção.

Uma das cobranças do movimento é o fim do voto secreto nas votações que acontecem nesta Casa, especialmente no caso de cassação de mandatos de

Parlamentares denunciados por corrupção e quebra do decoro parlamentar. Até por esse motivo, defendo o voto aberto não apenas nesta Casa, mas em todas as instâncias legislativas, nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais, para todos os processos de votação.

Tanto isso é verdade que tenho a honra de integrar a Frente pelo Voto Aberto, que defende a votação imediata da Proposta de Emenda à Constituição nº 349, de

2001, a qual põe fim ao voto secreto.

O PPS é um dos partidos que tem uma grande história de lutas contra a corrupção, tanto que não teve nenhum de seus membros envolvidos no chamado esquema do mensalão. Enquanto outros partidos fizeram acordões para salvar mensaleiros, nós seguimos a recomendação do Conselho de Ética e votamos a favor da cassação dos corruptos, muito embora estivéssemos impedidos de abrir nosso voto à população brasileira.

Com relação a outra das bandeiras do movimento, salientamos que o PPS também vem lutando pela diminuição da carga tributária e por uma política agrícola melhor definida. Defendemos, há muito, propostas que buscam a diminuição da carga de impostos sobre a sociedade e uma melhor aplicação dos recursos públicos.

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Acreditamos que por defender bandeiras tão caras à sociedade brasileira, o movimento Moraliza Brasil, iniciado em Dourados, está vocacionado a galgar uma dimensão nacional.

Aliás, tanto a bancada federal do PPS quanto a bancada de Mato Grosso do

Sul no Congresso poderiam, em peso, participar do movimento, se lá estivessem.

Além de não termos nenhum membro da bancada de nosso Estado envolvido no mensalão e em tantos outros escândalos que pipocam País afora, temos conseguido viabilizar projetos importantes para Mato Grosso do Sul, como a criação da UFGD, em Dourados, e obras importantes em Campo Grande e outros Municípios.

Fico muito satisfeito em verificar que a própria população avalia o nosso mandato como bastante positivo, tanto que somente neste mês estaremos participando da inauguração de mais de 10 postos de saúde que colaborei para implantar por meio de nossa luta em Brasília e em várias cidades do Estado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com relação ao Grito do Ipiranga, também denominado Grito da Terra, a iniciativa traduz-se na tentativa da sociedade de dar um basta a essa política econômica que tantos e tantos prejuízos vem causando ao setor produtivo e aos cidadãos.

E não foi por outro motivo, a não ser em virtude do desamparo a que foi relegado o produtor rural, que o campo começou a se mobilizar no sentido de mostrar à sociedade o quanto está comprometida essa atividade, devido à falta de uma política agrícola séria, que contemple a produção e, por conseqüência, gere renda e divisas ao País.

A mobilização teve início há 2 semanas, com maior ênfase em Mato Grosso do Sul, onde agências fazendárias e armazéns estão sendo fechados, estradas vêm

26 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 sendo bloqueadas para o tráfego de caminhões, e máquinas e implementos agrícolas vêm sendo levados à praça pública com o objetivo de a população tomar consciência das dificuldades enfrentadas pelos empresários rurais, médios e pequenos produtores.

Denominado Grito do Ipiranga, o movimento conta com a participação de empresários rurais e da população de mais de 60 Municípios de Mato Grosso do

Sul. Ontem, a Câmara Municipal de Campo Grande virou palco de manifestações dos produtores, que se reuniram com membros da bancada do Estado na Câmara e no Senado a fim de dar encaminhamento às reivindicações da classe.

A movimentação dos produtores, Sr. Presidente e nobres colegas, não é apenas justa, mas necessária. Não é possível que num País como o nosso, onde a produção do campo é imprescindível para a geração de riquezas e divisas, seja a atividade rural tratada com tanto descaso por parte do Governo Federal.

O mesmo Governo que toma para si o mérito pelo superávit da balança comercial — faça-se justiça, em grande parte é garantido pela produção do campo

— é o primeiro a virar as costas para o produtor.

As reivindicações do setor são justas e factíveis, visto que, a exemplo de outros setores da produção, o empresariado rural também sente na pele os reflexos nocivos da política de juros elevados implementada pela União.

Preços justos aos produtos agrícolas; revisão da política econômica, viabilizando a produção ao invés da especulação; investimento em infra-estrutura; implementação do seguro-agrícola; redução da carga tributária; e renegociação das dívidas dos produtores com o Banco do Brasil, essas são as reivindicações do empresariado rural.

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Esse leque de reivindicações atenderia não apenas os produtores sul-mato-grossenses, mas os de todo o País, uma vez que as dificuldades ocorrem em âmbito nacional. E é justamente diante dessa realidade que o movimento dos produtores deve aumentar, com a adesão de outros Estados, conforme anunciado hoje por Eduardo Riedel, um dos coordenadores da mobilização.

Portanto, não se trata de uma questão isolada, que afeta apenas Mato Grosso do Sul. É um problema em escala nacional, cuja solução depende do Governo

Federal, que até o momento demonstrou estar insensível ao problema. Ao lado dos produtores, desta tribuna continuaremos a cobrar da União o atendimento às reivindicações não apenas dos produtores rurais, mas de todos aqueles que diariamente fazem um esforço tremendo para poder continuar gerando empregos e distribuindo renda em nosso País.

Grato pela atenção.

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O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, em primeiro lugar, parabenizo V.Exa. pelo rigor com o tempo concedido a cada um dos Parlamentares, o que é necessário, porque temos o vício de falar demais. É uma exigência ao nosso espírito de síntese.

Quero conclamar todos os colegas para participar do ato, às 15h30min, na rampa do Congresso Nacional, em defesa do voto aberto no Parlamento. Todos devem estar presentes nessa importante luta pela votação da proposta de emenda constitucional.

Por falar em abertura, em nome inclusive dos que eventualmente estão sentindo-se injustiçados pela Polícia Federal e pela Justiça de Mato Grosso, é importante que o relatório seja publicado na íntegra, porque apenas alguns trechos foram veiculados pela imprensa.

Tenho certeza de que os Deputados injustamente citados naquela lista vão se defender com a rapidez necessária, e os culpados, que maculam emendas orçamentárias e cometem o crime de mexer com o sagrado dinheiro da saúde do nosso povo, vão ser efetivamente punidos. A apuração e a transparência são os

únicos caminhos que temos a tomar.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados e todos os que assistem a esta sessão ou nela trabalham, as revelações da Operação Sanguessuga colocam a atual

Legislatura federal no ponto máximo de degradação, constituindo-se numa espécie de “Mensalão II” e revelando que sua capacidade de produzir desmandos é inesgotável.

Em defesa do regime representativo ameaçado, proponho que:

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1) todos os Parlamentares citados apresentem à Câmara dos Deputados, imediatamente, refutação cabal e objetiva às menções de seus nomes, acionando judicialmente quem as fez e exonerando eventuais assessores envolvidos; qualquer demora no esclarecimento dos fatos elevará as suspeitas;

2) o Presidente Aldo Rebelo, ciente das limitações da Corregedoria da

Câmara, constitua uma Comissão Especial de Sindicância, composta por 10

Deputados, indicados pelos partidos, e aberta ao acompanhamento do Ministério

Público Federal, para, em 15 dias, apurar o envolvimento dos Parlamentares e assessores no esquema de corrupção;

3) sejam sustados a execução orçamentária e os empenhos para a aquisição de ambulâncias derivados de emendas parlamentares;

4) reabramos o debate com vistas a acabar com as emendas individuais;

5) o relatório da Polícia Federal que embasou o pedido de investigação da

Justiça Federal de Mato Grosso seja dado ao conhecimento público.

Grato pela atenção.

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O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na região de Espigão d’Oeste, na Reserva Roosevelt, há incidência de diamante, o que tem sido motivo de constantes conflitos entre garimpeiros e o povo cinta larga.

A Polícia Federal montou um grande cerco na região há um ano. No entanto, não está sendo suficiente para impedir a garimpagem ilegal. Foram detectados equipamentos pesados na área da reserva que só podem ter entrado lá com a conivência da FUNAI ou da Polícia Federal.

Fazemos esse alerta porque o Brasil pode perder o Certificado Kimberly por permitir que diamantes sejam extraídos de áreas irregulares e para que a Polícia

Federal reveja seus procedimentos na região. Não é possível que equipamentos de grande porte entrem na área da reserva sem a observância do contingente policial.

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A SRA. EDNA MACEDO (PTB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, apesar de emocionalmente abalada, quase sem condições de fazer este discurso, ocupo esta tribuna para me manifestar sobre os fatos recentemente ocorridos e que atingiram duramente um filho meu, a mim e toda a minha família.

Na manhã de quinta-feira próxima passada, fomos surpreendidos com um telefonema da atual namorada de meu filho Octávio, comunicando que policiais federais haviam ido à casa dela, onde ele mora, munidos de mandado de busca e apreensão.

Estupefato com a notícia, meu filho solicitou a um dos policiais informações sobre a razão do que ocorria, sendo polidamente informado de que não sabia.

Apenas cumpria ordens.

Ainda confuso, ele tentou falar com a namorada novamente e não conseguiu, porque, depois soubemos, ela havia sido arbitrária e ilegalmente impedida de atender ao telefone uma vez que o cumprimento de mandado de busca e apreensão não autoriza a restrição de qualquer direito a outrem — e ela não estava presa nem incomunicável.

Diante do fato e de moto próprio, resolvemos ir ao Departamento de Polícia

Federal para tentar obter maiores informações. Ao sairmos, deparamo-nos com 4 policiais federais que vinham cumprir mandado de prisão contra meu filho, o que foi feito.

É interessante notar que, quando da leitura e exibição desse mandado, já verificamos uma incorreção na qualificação de “servidor público da Câmara dos

Deputados”, o que é falso.

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Daí para a frente, a história já é do domínio público. Observaria apenas que meu filho foi transferido para Cuiabá sem que soubesse para onde ia ou o fato fosse comunicado à família ou a seu advogado, que, então, já havia sido constituído. Tal comunicação só ocorreu a posteriori.

Demorou para que minha família e eu soubéssemos os reais motivos da prisão de Octávio, e, ao deles tomarmos conhecimento, nosso espanto foi ainda maior.

Nobres pares, numa verdadeira democracia, os 2 maiores direitos do cidadão são a vida e a liberdade, direitos que devem reger e imperar sobre todos os demais.

Não se pode admitir que se tomem medidas restritivas à liberdade sem razões profundamente embasadas em fatos ou evidências indiscutíveis, como a prisão em flagrante delito, e esta é uma das grandes razões da existência de um

Poder Judiciário independente, a defesa intransigente do indivíduo e a garantia de seus direitos. Ademais, vale lembrar que deveria ser nulo o decreto de prisão que silencia quanto aos elementos concretos de prova da existência do crime e aos indícios ou ilações suficientes da autoria, limitando-se a referências genéricas.

Ao lermos a peça que solicitou a prisão temporária de meu filho (Ofício nº

170/2006 - DRCOR/SR/DPF/MT), verificamos que nenhuma das acusações se embasa em qualquer fato ou evidência tangível, mas tão-somente em um monte de ilações, sendo que a falsidade de uma, a da “corrupção passiva”, pode ser facilmente comprovada, uma vez que ele não é ou era, à época da tal escuta telefônica, servidor público ou assessor de qualquer Deputado. A propósito, qualquer cidadão pode constatar tal assertiva, tanto no Departamento de Pessoal como na 1ª

Secretaria desta Casa. Basta perguntar.

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Sabem qual foi o erro? Em vez de investigar, tomaram por base sua

Declaração do Imposto de Renda de 2005, que se referia ao ano anterior, 2004, quando, realmente, foi meu funcionário — prestava serviços na área de informática, na qual tem curso superior.

A investigação foi tão falha que, ao notarem o espantoso crescimento de seu patrimônio, de R$6 mil para R$27 mil, aumento devidamente declarado ao Fisco, foram incapazes de perceber que durante muito tempo ele, a mulher (hoje ex-esposa) e o filho moraram comigo. Dessa forma, tudo o que ele ganhou investiu na compra de 2 pequenos terrenos de loteamento rural em Minas Gerais, onde lentamente começou a construir uma casa modesta, aliás ainda inacabada, como pode atestar a Polícia Federal de Juiz de Fora, que lá esteve. E meu filho não terminou a obra porque o dinheiro acabou. Ele está desempregado.

Além disso, não descobriram que ele se separou em 10 de outubro de 2005 e que transferiu, em juízo, a citada casa para a ex-mulher. Ou seja, real e comprovadamente, sofreu gigantesco decréscimo patrimonial. Hoje, seu patrimônio

é praticamente zero.

É mister chamar a atenção dos nobres pares para o fato de que o titular da 2ª

Vara Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso, ao emitir o mandado de prisão, determinou que ela se justificaria por “formação de quadrilha” e, no entanto, no corpo da peça acusatória não existe qualquer evidência que justifique a acusação, sendo que o real motivo é encontrado ao se ler o documento citado: “Evitar a possível destruição de provas” — isto é claro e cristalino até para um leigo.

Ora, isso não é motivo legal para decretar-se a prisão temporária de quem quer que seja. Não existe jurisprudência ou exercício de hermenêutica qualquer que

34 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 possa conspurcar um dos direitos fundamentais do indivíduo, a liberdade. Senão, o regime em que vivemos pode ser qualquer coisa, menos uma democracia ou Estado de Direito.

Por que dizer-se que a prisão seria imprescindível para as investigações?

Que perigo latente para o seu transcurso ou influências negativa poderia ter meu filho? Que poder tem ele para tal? Por acaso está foragido ou não tem residência fixa?

Quanto à sua movimentação financeira, o seu grande erro foi pedir emprestados R$10 mil, quantia que, aliás, ainda não pôde pagar. Note-se que o depósito foi feito em sua conta, às claras, sem subterfúgios, nem havia motivos para esconder-se o fato.

O certo teria sido intimar meu filho a depor no inquérito, apreender seus computadores, e ele esclareceria de bom grado todas as dúvidas porventura existentes, e não decretar-se sua prisão por motivos de fato não embasados na lei, tolhendo sua liberdade, sem que lhe fosse assegurado o direito constitucional de defender-se.

Aliás, o segredo de justiça que cobria as investigações contrasta frontalmente com a pompa e circunstância da prisão.

É bom que se afirme, a bem da verdade, contestando o que se tem declarado, que as fraudes e a sangria do dinheiro público não ocorrem no Poder

Legislativo. Não detemos a chave do cofre, nem participamos de qualquer tipo de licitação ou a influenciamos. Apenas damos destinação programática às verbas previstas no Orçamento. Aos Parlamentares cabe apenas e tão-somente apresentar as emendas. Daí para a frente, não é mais sua atribuição ou competência comandar

35 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 a aplicação dos recursos, muito menos de qualquer assessor parlamentar. E, ao contrário do que alegam, assessor parlamentar nenhum, em tempo algum, tem tal poder ou prerrogativa. Estranhamente, mal se fala das responsabilidades do

Executivo. O alvo é só o Congresso Nacional. Por quê?

Outra pergunta que nos ocorre é relativa ao tempo decorrido entre a detecção do desvio de verbas destinadas à Saúde e a ação para interrompê-lo. Por que deixaram que a já combalida e tão desesperadamente necessária verba da Saúde fosse drenada por tão longo período? Não seria obrigação da autoridade agir imediatamente e interromper o processo? Por que somente o fazem agora?

Sr. Presidente, nobres pares, outro ponto interessante é o fato de que a investigação, que até agora era sigilosa, no momento em que supostamente atingiu

Parlamentares, tornou-se pública e tonitruante, justamente em ano de eleições.

De que adianta o Ministério Público agora afirmar que o fato de se citar nomes de Parlamentares ou prender assessores não significa que todos estejam envolvidos?

Ora, o veneno já foi disseminado. O prejuízo já foi causado. Somos eleitos pelo povo e dependemos primordialmente de nossa imagem e da confiança da sociedade. Em suma, já estamos sendo execrados e julgados antes de sermos sequer investigados. E agora?

No meu caso, em particular, a situação é ainda mais esdrúxula, pois meu nome foi para o noticiário com base em afirmação falsa, uma mentira disseminada no sentido de que teria sido preso um assessor político meu, algo que contestei desde o princípio, inclusive no próprio Departamento de Polícia Federal e, por

36 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 intermédio do meu marido, na imprensa. Infelizmente, porém, não nos deram muita atenção.

Como já afirmei, bastava telefonar para a Seção de Pessoal desta Casa e comprovar a verdade.

Estranhamente, isso ocorre também porque sou irmã do Bispo Macedo, algo sempre muito enfatizado.

Será que isso é um agravante? Sinto profundo orgulho dos meus irmãos e irmãs, inclusive e mormente o querido Edir. A propósito, sou também tia do Senador

Marcelo Crivella.

Finalmente, Sr. Presidente, nobre pares, não posso reprimir a sensação de que meu filho Octávio, o Tavinho, na realidade é um preso político. Disfarçada e inexoravelmente, o regime democrático, por que tantos lutaram e se sacrificaram, está se esvaindo.

Fico pensando, quantos outros não estão na situação do meu?

Não é por ser filho de Deputada. Estou Deputada, não sou Deputada. Sou uma excelente dona de casa, uma mulher de brio e caráter, como fui criada pelos meus pais. Não criei bandido — mas meu filho, um menino íntegro e de boa índole até na prisão, foi tratado como tal.

Vejam V.Exas. que, no domingo passado, fui visitá-lo em Cuiabá e levei uns sanduíches do Bob’s. Ele, porém, alegando que sempre os teve, preferiu dá-los para o preso mais perigoso que ali estava. E o homem ficou muito feliz, porque nunca havia comido um sanduíche do Bob’s.

Sr. Presidente, a índole do meu filho é boa. Se ao menos tivessem feito uma investigação preliminar para verificar com quem estavam lidando, isso não teria

37 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 acontecido. Repito: não criei nenhum bandido. Tenho 4 filhos e 5 netos. Não acredito no que estou vendo nem no que estou sentindo em meu coração.

Não estou envolvida em nada. Graças a Deus, não estou envolvida em nada.

Eu vim para cá representar o povo do meu Estado. E tenho honra e caráter, cumpri 2 mandatos como Deputada Estadual e nunca recebi um e-mail sequer falando mal de mim. Muito pelo contrário, de todos obtive solidariedade e amor.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

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O SR. REINALDO BETÃO (PL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, participei na manhã de hoje, no Município de

Duque de Caxias, de evento muito importante, intitulado Mercado Africano em

Destaque, onde foram apresentados os produtos, a cultura, a arte e um pouco da vida do continente africano.

Foi um acontecimento extremamente significativo para a economia do Estado, haja vista que servirá para incrementar as exportações, aproveitando que o

Município é o terceiro exportador do País, com o maior saldo comercial de 2005, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior.

Os organizadores do evento disponibilizaram 250 vagas para empresários do

Município, contando com apoio da Federação das Indústrias e da Câmara de

Comércio e Indústria do Rio de Janeiro. Agora, as empresas do Município, com reconhecido potencial de exportação, terão oportunidade de conhecer as demandas do mercado africano e descobrir os caminhos para exportar para aquele continente.

Além disso, Sr. Presidente, um ponto relevante a ser observado é que os empresários brasileiros que tiverem potencial para exportar não terão a barreira do idioma, pois diversos países africanos são de língua portuguesa. Isso certamente facilitará as negociações.

Portanto, parabenizo o Prefeito, Washington Reis, e o Secretário de

Desenvolvimento Econômico do Município de Duque de Caxias pela excelente iniciativa de fomentar a economia do nosso Município, bem como torná-la conhecida nacional e internacionalmente.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, abordo agora outro assunto. No próximo dia 13 de maio, o Brasil comemora mais uma vez a Abolição da

Escravatura. Na verdade, esse termo não retrata bem a realidade do povo brasileiro, pois continuamos reféns do poder econômico, sobretudo de alguns países do chamado Primeiro Mundo.

A situação de subserviência é mais antiga que pensamos. As atividades produtivas na época do Império dependiam quase que exclusivamente do sistema escravista. Por esse motivo, houve relutância em aboli-lo, haja vista que as classes dominantes não queriam perder espaço e tampouco poder.

E hoje, Sr. Presidente, será que podemos realmente comemorar a abolição da escravatura? Teoricamente o seu fim se deu em 13 de maio de 1888. Não foi fácil tirar da mente a questão da escravidão no Brasil. Esse apego devia-se ao fato de que os escravos eram os únicos que trabalhavam, quer nas cidades, quer no campo.

A escravatura em nosso País deixou mancha muito grande. Preconceito e racismo são as marcas mais negativas que até hoje atrapalham a interação entre as pessoas. Abolicionistas como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, José do Patrocínio,

André Rebouças, Luís Gama e Antônio Bento defendiam com garra o fim desse mal.

A abolição nunca foi uma concessão do Império, e sim uma conquista dos próprios escravos, quando decidiram abandonar as fazendas em número cada vez maior, desorganizando o trabalho.

Quero dizer com tudo isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que o trabalhador brasileiro teve suas conquistas de forma lenta e dolorosa. Vivemos dependentes da política econômica internacional, exportamos nossos produtos segundo o crivo, padrões e preços externos; somos assolados pelo desemprego,

40 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 pela falta de políticas públicas na área social, pela falta de segurança. Enfim, somos vítimas da ganância e do poder econômico.

Desejo, de coração, que essa data seja um momento para refletirmos e acabarmos de uma vez por todas com a prepotência, a arrogância, a auto-suficiência e a violência. Isso, sim, é escravidão!

Por fim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de registrar que a

Secretaria de Saúde de Duque de Caxias inaugurou um ambulatório de ortopedia no

Posto de Assistência Médica, chamado de PAM 404, localizado na Rua Professor

José de Souza Herdy, no bairro 25 de Agosto. O ambulatório já inicia suas atividades com uma estrutura muito boa. Ao todo, são 6 ortopedistas, que poderão atender cerca de 150 pacientes, diariamente.

De acordo com o Secretário de Saúde de Caxias, Dr. Oscar Berro, com o novo ambulatório, a população terá condições melhores de atendimento, já que o local é especializado. Além disso, desafogará outras unidades que têm atuação na

área de emergência, como o Hospital Municipal Duque de Caxias. Os exames e consultas são realizados de segunda a sexta, das 8h às 17h.

Não tenho dúvidas de que um ambulatório com atendimento tão direcionado e especializado como esse só tem a beneficiar a saúde pública do Município de Duque de Caxias e colocá-la num patamar de primeiro mundo. Merece, portanto, nosso reconhecimento o Prefeito Washington Reis e o Secretário de Saúde, Dr. Oscar

Berro.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação deste pronunciamento no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. HÉLIO ESTEVES (PT-AP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, desejo apenas registrar a visita do Ministro do

Planejamento, Paulo Bernardo, ao meu Estado na última sexta-feira, dia 5 de maio, para tratar de importantes assuntos de interesse do povo amapaense, como a situação dos servidores públicos do ex-Território Federal do Amapá. Lá S.Exa. se reuniu com vários sindicalistas e representantes de classe.

Agradeço ao Sr. Ministro do Planejamento a ilustre visita, que muito honrou o povo amapaense. E, ao mesmo tempo, faço um apelo a S.Exa. para que trate com carinho e brevidade os problemas, principalmente os que dizem respeito a situações já resolvidas em outros ex-Territórios.

Muito obrigado.

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O SR. COSTA FERREIRA (PSC-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o mercado informal brasileiro ganhou dimensões consideráveis e continua a crescer. Antes de tomá-lo como mero fator de evasão fiscal, deve-se ressaltar o espírito empreendedor que o mantém, bem como envidar esforços para incluí-lo no mercado regular.

O mercado informal vem crescendo de forma rápida. E o impacto desse crescimento ainda não foi dimensionado devidamente em todos os seus aspectos.

Sob as conclusões da 15ª Conferência de Estatísticas do Trabalho, promovida pela Organização Internacional do Trabalho, em 1996, o IBGE definiu que “pertencem ao setor informal todas as unidades econômicas de propriedade de trabalhadores por conta própria e de empregadores com até 5 empregados, moradores de áreas urbanas, sejam elas a atividade principal de seus proprietários ou atividades secundárias”.

Faltou incluir as propriedades situadas em áreas rurais, bem como as atividades não agrícolas ali desenvolvidas; não foram abrangidas, igualmente, as

“populações de rua”, que inclui, por exemplo, os camelôs, tampouco foram considerados os trabalhadores domésticos. No entanto, mesmo com essas limitações, da pesquisa resultou, no ano de 1997, um total de 12 milhões, 870 mil e

421 pessoas ocupadas nas empresas do setor informal.

Por outro lado, fica o entendimento de que qualquer uma delas converge para uma situação em que há uma violação a preceitos legais, violação essa que pode ser de pelo menos 3 ordens: penal, fiscal e laboral.

O aspecto mais importante, o laboral, caracteriza-se basicamente pela inobservância do cumprimento dos preceitos legais trabalhistas e previdenciários.

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Fora dessa situação, o trabalho não injeta no sistema os benefícios que atendam aos interesses nacionais.

Com relação ao Brasil, as estatísticas da OIT apontam que 60% da nossa população economicamente ativa não trabalha com carteira assinada, sendo esse

índice superado, na América Latina, apenas pela Bolívia, cuja proporção atinge 63%.

Essa percentagem representa, em números absolutos, algo em torno de 42 milhões de brasileiros.

Muitos estudiosos suscitam vários argumentos em defesa do mercado informal, sendo o principal deles a sua capacidade de absorver a grande oferta de mão-de-obra desqualificada submetida à situação de desemprego involuntário, diminuindo a pressão crescente e possibilitando-lhe um meio de subsistência.

Sem dúvida, a informalidade produz efeitos benéficos a milhares de trabalhadores, mas sempre à margem dos direitos fundamentais do trabalhador.

Entendemos que é chegado o momento de modificarmos essa situação.

Os trabalhadores submetidos à informalidade, em sua grande maioria, recebem salários muito inferiores aos que possuem registro, além de serem cidadãos que estão fora da rede de proteção contida na assistência social e previdenciária. E aqui estamos nos referindo a mais de 40 milhões de trabalhadores informais, isso sem considerarmos seus familiares, que também se vêem atingidos pelos efeitos nefastos da economia informal.

A mudança desse quadro é possível com a adoção de algumas medidas.

Devemos incentivar a retomada do crescimento econômico, único instrumento capaz de possibilitar a geração de novos postos de trabalho. Para tanto, não podemos conviver com as elevadas taxas de juros adotadas pelo Banco Central, principal

44 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 inibidor da retomada econômica. Embora tenha mantido uma trajetória descendente, ainda são altas e inibidoras.

Deve ser dado ênfase, igualmente, à capacitação dos nossos trabalhadores.

A capacitação é o instrumento mais apropriado para levar o trabalhador ao emprego formal.

Devemos ampliar as políticas de concessão de crédito, abrindo-se a possibilidade de o trabalhador criar o seu próprio negócio, ante a impossibilidade de reempregar-se.

As pessoas desejam ardentemente sair da situação de informalidade e, para tanto, submetem-se a qualquer infortúnio. A informalidade sofre sempre forte apelo de piratas e oportunistas.

Esses fatos indicam que é imprescindível a atuação decisiva do Legislativo para estancar o crescimento da informalidade, o que representará, em última instância, a recuperação da dignidade para milhares de cidadãos brasileiros.

Muito obrigado.

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O SR. SILAS CÂMARA (PTB-AM. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, faço uso desta tribuna para, com muita alegria, dizer que o

Brasil mudou para melhor. Infelizmente, também em muitas coisas mudou para pior.

O que estamos passando nesta Casa, o que ultimamente se fez com milhões de pessoas aqui representadas por Deputados corretos e honestos é algo lamentável!

Espero que rapidamente seja feita justiça aos que absolutamente nada têm a ver com o assunto. Mas o estrago é irreparável à democracia, a esta Casa, ao Brasil e àqueles a quem representamos.

É um absurdo o que tem acontecido nos últimos dias com Deputados honrados do Parlamento brasileiro.

Esta Casa tem de responder, por intermédio do Presidente e da Corregedoria, a todos esses fatos, principalmente para garantir justiça.

Muito obrigado.

46 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. LAURA CARNEIRO (PFL-RJ. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, nobres colegas Deputados, cidadania brasileira, na quinta-feira próxima passada — V.Exa., Deputado Inocêncio Oliveira, conhece-me bem, sabe que sou irreverente —, estava no Ministério do Planejamento quando um assessor daquele

órgão disse-me o que tinha acontecido na Operação Sanguessuga.

Levei um susto, mas segui para a Comissão Mista de Orçamento, a fim de trabalhar, e lá se realizava reunião com a presença do Secretário do Tesouro

Nacional. Depois fui para meu gabinete despachar, até que me telefonaram dizendo que um dos meus assessores havia sido preso.

Sr. Presidente, em primeiro lugar, para que todos tenham certeza do que estou dizendo, Carlos Augusto, o rapaz citado, não é meu assessor, não trabalha em meu gabinete. Em segundo lugar, não somente eu, mas também todos nós da

Casa elaboramos emenda para a saúde, porque somos instados a fazê-lo. Trinta por cento das emendas do Orçamento, obrigatoriamente, são feitas para a saúde. Por quê, Sr. Presidente? É simples: o Orçamento tem de fechar com a Emenda

Constitucional nº 29. Então, obrigatoriamente, temos de fazer as emendas. O

Governo manda os Parlamentares fazerem 30% de suas emendas na área da saúde.

Fiz verificação de emendas — não estou na defensiva, apenas quero explicar

às pessoas para que entendam o que está ocorrendo — e não encontrei nenhuma destinada à UTI Móvel.

O Deputado faz a emenda, a pedido do Prefeito, do Vereador, da entidade.

Os Ministérios da Saúde e outros dizem ao Parlamento qual é o valor da emenda.

Depois de feita, nós a apresentamos. E quem fiscaliza, verifica o projeto, procura

47 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 saber se ele é bom ou não, ou se existe, não somos nós ou o Ministério da Saúde, apesar de este liberar o dinheiro. Quem licita é o Prefeito da cidade, não é o

Deputado Federal.

Estão me pedindo para ser responsável por uma pessoa que disse algo que não sei o que é. Essa questão será investigada. Não posso ser responsável por outra pessoa. Sou responsável por mim.

E o mais grave, Sr. Presidente: no documento que recebi, está nítido que eu não sabia de absolutamente nada. É o mesmo que dizer que Palocci está sendo investigado por irregularidade, e Lula tem de ser condenado por isso. É a mesma coisa de dizer que uma pessoa, por conhecer alguém que está sendo investigado, tenha de ser investigada também.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que mande fazer uma análise e uma investigação.

Nós, da Oposição, não temos emenda liberada. Eu nunca vi licitação sem liberação de recursos orçamentários. Nós não temos dinheiro liberado para

Prefeitura poder fazer licitação.

Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. pedisse oficialmente que se fizesse uma investigação e se buscasse saber que instituições do Governo Federal, eventualmente, compraram dessa empresa algum equipamento motorizado.

Não digo que a situação não seja grave. É muito grave e tem de ser investigada. No entanto, não é justo pegar, de forma absolutamente irresponsável,

102 Deputados e jogá-los na lama.

48 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Já sofri isso e não vim a esta tribuna por motivo familiar, apenas por este motivo, mas não o farei novamente. Hoje estou aqui e diria, quantas vezes fossem necessárias, que sei de minha inocência.

Quero apenas deixar registrado que o rapaz citado não somente não é meu funcionário como também não tenho absolutamente nada a ver com essa história.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para dizer que entre as maiores mazelas do nosso País encontra-se a exclusão social, representada em todas as suas dimensões: a pobreza, a violência, o baixo nível de escolaridade e alfabetização, o emprego informal, entre outras ignomínias que maculam a vergonha do cidadão brasileiro.

Já há alguns anos, acostumamo-nos a assistir pacíficos, mas nem por isso menos indignados, à convivência de toda a sorte de penúria social com o crescimento dos setores econômicos modernos.

O avanço econômico em nosso País ocorre de forma totalmente dissociada de qualquer compromisso com a eqüidade social e a disseminação da cidadania.

Daí sermos também um dos campeões mundiais da desigualdade.

O desafio, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é encontrar a saída dessa esparrela. Se a política econômica é concentradora de renda e não há relevantes investimentos sociais, como fugir da deterioração do nível de vida dos setores menos providos da sociedade? Como evitar o aumento da pobreza e da violência urbanas?

Foi publicado, com certo alarde, no final do ano passado, resultado de pesquisa do IBGE que revela uma diminuição da miséria e uma suposta redução da desigualdade social no País. No entanto, alguns setores alegaram que a pesquisa,

49 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 embora apresente importantes dados, não contempla de forma completa a realidade de distribuição de renda do País, uma vez que há a subestimação da renda dos muito ricos e imprecisão na declaração de renda dos autônomos. Além disso, o crescimento do desemprego e do emprego informal dificulta ainda mais a definição exata da variação real na concentração de renda.

Dados do mesmo IBGE anunciaram, em 2004, a tendência de concentração da renda e mostraram o crescimento do número de pessoas que vivem em condições de extrema pobreza. De acordo com esses números, 33% da população ganhava o equivalente a menos de 30 dólares por mês. São brasileiros que, além da imensa pobreza em que vivem, não podem contar com serviços de educação, saúde, nutrição, saneamento, habitação.

A exclusão social no Brasil tem pelo menos duas faces, Sr. Presidente. Nas regiões mais pobres, a exclusão caracteriza-se pela ausência ou carência de escolaridade. Já nas Regiões Sul e Sudeste, onde a melhor escolaridade não significa a garantia de emprego, a exclusão manifesta-se pelo aumento monstruoso da violência.

Reconhecemos que a redução da pobreza e das iniqüidades, em um país tão complexo como o Brasil, não é tarefa das mais simples. A alta capitalização no setor agrário, a industrialização com geração menor de empregos e o aumento da competitividade interna e externa a exigir um crescente aumento no nível de especialização geram um imenso contingente de desempregados totalmente incapacitados para reintegrar-se no mercado do trabalho formal.

Pensamos, assim, Sr. Presidente, nobres colegas, que a ação mais urgente a ser realizada no País não é a reforma política, tampouco a busca desesperada por

50 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 soluções para a segurança pública. Defendemos a necessidade de uma reforma que distribua melhor os recursos existentes e atenda de preferência aos mais necessitados. Acreditamos que a reforma social deve sobrepujar qualquer outra providência do Governo. Sem ela, a degradação social que ocorre no interior dos nossos setores mais pobres poderá agravar-se de tal forma que será inviável cerzir o esgarçamento do frágil tecido de nossa sociedade.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu pronunciamento no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigada.

51 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, faço apelo aos membros da Comissão de Viação e Transportes desta

Casa, presidida pelo nobre Deputado Mauro Lopes, para que aprovemos, amanhã, o projeto dos mototaxistas. Essa profissão já é uma realidade. Por isso, esta Casa precisa responder ao clamor desses profissionais.

Se essa Comissão analisar e aprovar o projeto, ele será encaminhado à

Comissão de Constituição e Justiça, depois ao plenário e, caso aprovado, ao

Senado. Dessa forma, estaremos fazendo o melhor para esses profissionais.

Existem, na maioria dos mototaxistas, profissionais de primeira ordem que querem trabalhar dentro da legalidade.

Por isso, eu e alguns companheiros da Comissão de Viação e Transportes estamos encabeçando pedido ao Deputado Mauro Lopes para que inclua na pauta de manhã esse projeto, a fim de que possamos realmente reconhecer os mototaxistas como profissionais e dar-lhes oportunidade de trabalho digno, como fazemos a todos as profissões deste Brasil.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em meio a tantas notícias e fatos ruins emanados desta Casa, aproveito a oportunidade para, mais uma vez, enaltecer as conquistas do Governo Lula. Como sou bancário de formação, quero com este meu pequeno pronunciamento fazer justiça e ressaltar o desempenho do Banco do

Nordeste, especialmente no Maranhão, meu Estado.

Nos 3 primeiros anos da gestão do Presidente Roberto Smith, o Banco do

Nordeste tem aumentado de forma significativa o volume de financiamentos contratados no Maranhão no âmbito do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste — FNE. Esse resultado deve-se ao incremento operacional do banco, que

52 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 contratou em 2005 o total de 863,8 milhões de reais em financiamentos. Esse volume representa 254,4% a mais de tudo o que foi aplicado do FNE em 2004 e credencia o Estado como o segundo que mais recebeu recursos do BNB em toda a sua área de atuação (Nordeste, norte de Minas e norte do Espírito Santo). De uma aplicação de 21 milhões de reais no ano de 2002, as contratações do BNB com recursos do FNE, apenas no Estado, quadruplicaram em 2003, alcançando pouco mais de 91 milhões de reais, e quase que triplicaram no ano de 2004, chegando a

243 milhões de reais. Isso significa que o BNB teve um salto de mais de 4.000%, em

2005, com relação a 2002.

Outro destaque do desempenho do banco em 2005 foi o financiamento à agricultura familiar. Os contratos direcionados ao Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar — PRONAF neste ano somaram 222,9 milhões de reais, superando em 124,1% o total contratado no ano anterior, que foi de 99,5 milhões de reais. Em 2003, esse volume foi de 38,4 milhões de reais e, em

2002, de apenas 24,1 milhões de reais. Somos hoje o Estado onde o BNB mais aplicou recursos na agricultura familiar em toda a área de atuação do banco.

Por meio do CrediAMIGO, programa de microcrédito urbano do BNB, o maior da América do Sul, foram aplicados 73,9 milhões.

Esses bons resultados do BNB decorrem de uma nova postura do agente.

Hoje o banco saiu de sua casa e foi à luta na busca de fortalecer e ampliar as parcerias, com a instalação de pontos de apoio em cada localidade, para agilizar a concessão de financiamentos, principalmente aos mini e pequenos produtores rurais. Uma participação mais intensa em eventos como AGROBALSAS, em Balsas;

EXPOIMP, em Imperatriz; EXPOFRAN, em Porto Franco, e EXPOAGRA, em Grajaú,

53 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 foi de grande valia para esse desempenho. Para se ter uma idéia, nas 4 maiores exposições foram realizados negócios da ordem de mais de 27 milhões de reais.

O BNB, no Maranhão, tem ainda outros programas com bons resultados, como o Jovem Aprendiz, o Programa de Incentivo à Produção Cultural etc. Mas aqui, Sr. Presidente, quero destacar que esses resultados jamais teriam sido alcançados não fosse o esforço e a competência do corpo técnico do banco, de seus gerentes, dos agentes de desenvolvimento e, sobretudo, pelo Maranhão hoje contar com um superintendente regional de quem tenho as melhores referências sobre sua inegável competência e disposição, o que tem contribuído, e muito, para que os recursos do banco cheguem de forma eficaz à sua clientela.

Isidro Moraes de Siqueira, Superintendente Estadual do BNB no Maranhão, segundo me falam as pessoas, não é de ficar em gabinete. Esse perfil do superintendente de sair da Capital para conhecer a realidade dos Municípios e discutir os problemas e as soluções com as autoridades e a sociedade civil organizada, é decisiva para os resultados alcançados.

Mesmo com todos esses resultados, o BNB no Maranhão ainda conta com carências que, se suprimidas, melhorarão e muito os indicadores de desempenho do banco no Estado. A principal delas, certamente, é o reduzido número de agências diante da dimensão territorial do Estado. Hoje o BNB conta com 15 agências, e até o ano passado muitas regiões do Estado como parte do Baixo Parnaíba, região dos cocais e médio sertão eram assistidas por agências do vizinho Piauí.

Estados geograficamente pequenos em relação ao Maranhão, nesse sentido são melhores assistidos. Sergipe possui 15 agências; Pernambuco, 19; Ceará, 28;

Paraíba, 14; Rio Grande do Norte, 13, e Alagoas, 9. Observamos que essa

54 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 distribuição de agências é injusta e tem prejudicado o Maranhão. Por isso apelo à

Diretoria do banco para que desenvolva um programa de criação de novas agências no Estado. Para exemplificar, cito o Município de Arame, na pré-amazônia maranhense, assistido com dificuldade pela agência de Barra do Corda, que fica a mais de 200 quilômetros de distância, e essa situação ocorre em todo o Maranhão.

Cabe uma agência do BNB em Arame, em Governador Nunes Freire, em Porto

Franco e em muitos outros Municípios. Espero que a direção do BNB se sensibilize e repare uma condição injusta a que o Maranhão vem sendo submetido ao longo dos anos e proceda à instalação de novas agências no Estado.

Muito obrigado.

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O SR. PAULO MAGALHÃES (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não venho justificar, mas pedir que se apure, como se apurou a autenticidade da “Lista de Furnas”, a lista do Ministério da Saúde.

Apresentei emendas ao Orçamento da União, na área da saúde, porque é inerente ao meu mandato. Pedi a alocação de recursos, mas não para a compra de ambulâncias e, sim, de unidade móvel de saúde.

Sou representante de alguns Municípios que têm distritos distantes mais de

50 quilômetros, e é importante que tenham unidade de saúde móvel para fazer pequenas cirurgias, dar atendimento em Odontologia, enfim, dar a quem mora nos distritos distantes melhor tratamento médico.

Não é justo, Sr. Presidente, que um delegado, açodadamente — e posso dizer até irresponsavelmente —, inclua o meu nome numa lista de Deputados que possivelmente fraudaram a liberação de emendas para a área da saúde.

Aqui está a relação das emendas que apresentei desde que tomei posse como Deputado Federal. Aprovadas, foram destinados 658 mil reais para a aquisição de unidades móveis de saúde e 18,5 milhões de reais. São 3,55%. Nem chega a 4% o percentual de emendas de minha autoria aprovadas para a aquisição de unidades móveis de saúde.

Aqui venho refutar a denúncia e pedir aos Ministros da Justiça e da Saúde, bem como ao Procurador-Geral da República, através de requerimento, que acompanhem a tramitação das minhas emendas até o fim, para verificar se houve desvio de recursos públicos.

Sr. Presidente, não vão encontrar nada ilegal. Assim, sinto-me à vontade para dizer desta tribuna que, se existem Deputados que recebem comissão ou se

56 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 beneficiam com a apresentação de emendas ao Orçamento, não estou incluso nesse rol.

Esta Casa tem de apurar essas denúncias. O Sr. Presidente, Deputado Aldo

Rebelo, por quem nutro sentimentos de amizade, respeito e consideração, tem a obrigação de determinar a investigação, para que não seja o nome de um Deputado sério como eu e o de muitos outros incluso nessa lista de malandros.

O PT quer nivelar todos os Deputados por baixo. Mas não aceitamos isso.

Esta Casta tem de punir os Deputados que recebem comissão, que dividem os recursos públicos por meio da apresentação de emendas ao Orçamento. Mas tem de defender Deputados como eu, sérios, que tratam da coisa pública com decência.

Exijo o respeito que um Parlamentar com a minha linha de conduta merece.

Sr. Presidente, não aceito que um delegado, irresponsavelmente, inclua o meu nome numa lista que diz ser de possíveis fraudadores do Orçamento da União.

Ao mesmo tempo, o delegado diz que não é bem assim.

Esta Casa está obrigada a apurar os fatos. Ainda hoje estive com o

Corregedor, Deputado Ciro Nogueira. S.Exa., como sempre firme, disse-me que providenciará a apuração das denúncias. Se não forem apuradas, voltarei a esta tribuna.

Como disse no início do meu pronunciamento, encaminharei requerimento à

Procuradoria-Geral da República aos Ministérios da Justiça e da Saúde para que façam o levantamento das minhas emendas desde o momento em que a apresento até quando o Prefeito recebe o benefício.

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Esta Casa, Sr. Presidente, tem de defender esse posicionamento. Os

Deputados não podem ser tratados como malandros. Não aceito ser tratado como malandro ou vagabundo que se beneficia das emendas parlamentares.

O Conselho de Ética desta Casa tem de ser mais firme e contar com o apoio do Plenário. Se não, é melhor que seja extinto.

Sr. Presidente, estamos num fosso moral. Se nós Deputados não assumirmos um posicionamento mais firme, eles vão nos desmoralizar e nos liquidar. Nós,

Deputados sérios desta Casa, não podemos aceitar isso.

Sr. Presidente, sei que V.Exa. apóia o meu pronunciamento, pois é um dos homens sérios desta Casa. Por isso me dá mais tempo para externar a minha revolta, a minha indignação, acima de tudo a firmeza na defesa dos meus direitos, os mesmos de quem me colocou nesta Casa para brigar pelos interesses da Bahia e dos baianos.

Vamos até o fim, para apurar tudo. Esta Casa está compelida a discriminar os

Deputados metidos na malandragem, que roubam o Erário, e também a revelar o nome dos Deputados sérios. Estou à vontade para dizer que, se as listas forem feitas, estarei na dos Deputados sérios desta Casa.

Muito obrigado.

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O SR. ALMIR MOURA (PFL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, demais presentes no plenário, ouvintes da

Rádio Câmara e telespectadores da TV Câmara, quero denunciar aqui a irresponsabilidade da Polícia Federal, que não tem permissão para investigar

Deputados Federais. Mesmo assim, preparou uma lista apócrifa para denegrir a imagem de homens e mulheres de bem, cuja conduta sempre foi irrepreensível, como é o caso da Deputada Juíza Denise Frossard e do Líder do meu partido, o

PFL, Deputado Rodrigo Maia.

Tive a infelicidade de ser incluído numa lista apócrifa encaminhada à Câmara.

Passei o final de semana perturbado com a possibilidade de algum assessor meu estar envolvido, sem que eu soubesse, na aquisição ilegal de ambulâncias. Ontem, vim para Brasília o mais cedo que pude e procurei o Secretário-Geral da Mesa, o competente Mozart Vianna de Paiva, para saber o que pesava contra mim. Vianna entregou-me 3 folhas em que, na transcrição de diálogo de 2 desconhecidos, havia 2 ou 3 menções ao meu nome. Isso é tudo que a Polícia Federal tem contra mim. Será que é justo eu ser incluído por causa disso, entrar numa lista de suspeito de ter participado de um esquema ilegal apenas porque 2 desconhecidos mencionaram meu nome?

Os jornais de hoje divulgam uma lista, Sr. Presidente, da Justiça Federal com

65 nomes de Deputados e ex-Deputados. Meu nome não consta dessa lista, mas o erro da Polícia Federal, que me inclui indevidamente na lista apócrifa, já fez estragos.

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Pior que, depois que o nome aparece numa lista dessas, tem de ficar dando explicações para a família, os eleitores, para jornalistas. Mas como explicar a nulla res nata?

Está certa a Deputada Juíza Denise Frossard em processar o delegado responsável pela confecção dessa lista espúria. Estou estudando, com minha assessoria, medidas cabíveis e não vou me intimidar porque, no meu caso, o erro é ainda mais grave: meu nome não consta da lista que está na Justiça.

Agora, todos os Deputados que indicaram verbas para a saúde são suspeitos.

Mas quem não indicou? Daqui a pouco, ninguém mais vai indicar verba para a saúde com medo de ser incluído numa lista apócrifa. E a saúde vai ficar ainda mais debilitada.

Estranhamente, a lista divulgada pela PF só tem oposicionistas. Sei de vários

Deputados da base que indicaram verbas para ambulâncias, mas onde está o nome deles? Por que detonar apenas o nome dos Deputados da Oposição?

O jornal Correio Braziliense publica hoje matéria do jornalista Marcelo Rocha que relata que os partidos da base aliada são responsáveis por 65% das emendas liberadas para compra de ambulâncias em 2004. Em 2005, esses partidos receberam 70% das verbas para compra de ambulâncias. Entretanto, Sr. Presidente, na lista da PF só há Deputado da Oposição.

Será que o Presidente Lula, cujo impeachment é cada vez mais iminente, está querendo desviar para o Congresso Nacional o foco dos escândalos? Será que o

Ministro Márcio Thomaz Bastos, duramente interrogado na Câmara, está querendo vingar-se dos Deputados de oposição?

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Vou encaminhar pedidos de informação ao Ministério da Justiça um atrás do outro até saber o que está por trás dessas investigações.

Será que após o mensalão o Governo vai querer comprar Deputados com chantagens?

O Congresso Nacional não vai se curvar ao Estado policial implantado pelo

PT. Se é para investigar, vamos investigar. Mas instalem uma CPI para investigar os recursos do FNDE, outra para investigar as emendas para a agricultura, outra para investigar o Sr. Paulo Okamotto, que não tem imunidade, nem foro privilegiado, nada. Por que a Polícia Federal não o investiga?

O Ministro Márcio Thomaz Bastos deveria estar preocupado em esclarecer sua participação no episódio da quebra de sigilo do Francenildo. Será que o Ministro ajudou Palocci a encobertar o crime?

Essa lista da Polícia Federal, Sr. Presidente, se fosse séria, teria os nomes dos 513 Deputados, porque nossos nomes são citados o tempo todo por todo mundo. Um que quer extorquir dinheiro de empresas e usa o nome do Deputado; outro que quer extorquir dinheiro de Prefeitura e usa o nome do Deputado; outro que quer extorquir dinheiro do Estado e usa o nome do Deputado.

Marcos Valério, por exemplo, para extorquir dinheiro das estatais, usou o nome do José Dirceu, do Lula, do Genoíno, do Gushiken. Por que a Polícia Federal não mandou o nome deles para serem investigados pelo Congresso? São 2 pesos e

2 medidas ou o Estado policial?

Infelizmente, o Brasil está retrocedendo neste Governo. Não se respeitam mais os princípios da democracia. É ameaça de expulsar jornalista estrangeiro, é o financiamento do MST com recursos públicos, é a transformação da CUT em

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Ministério, é absurdo atrás de absurdo, e o povo não fala nada. Não fala nada porque existe o Bolsa-Família.

Enquanto o Brasil viver de bolsa-família e o Governo achar que compra o voto por 50 reais, este País nunca vai se desenvolver, nunca teremos os empregos de que precisamos.

Peço aos Deputados que reflitam sobre essas questões e os abusos cometidos pela Polícia Federal. São 64 Deputados. Algum pode até ser culpado, mas tenho certeza de que a maioria nada tem a ver com sanguessuga. Ainda assim, todos estão sendo igualmente vitimados. Amanhã pode ser você. A maneira mais fácil de destruir um inimigo é colocar o nome dele numa lista.

Não nos esqueçamos da famigerada lista de Furnas, um monstro criminoso inventado por integrantes do PT. Cadê a lista de Furnas? Era uma farsa, como é essa da lista dos sanguessugas.

Por coincidência, muitos dos nomes se repetem nas duas listas, e em nenhuma delas não há nenhum, nenhum Deputado do PT. Será que são santos? O mensalão mostrou que não. A maioria dos mensalistas era do PT.

É muito estranho isso.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. CLAUDIO CAJADO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no final de semana, tive oportunidade de visitar alguns Municípios da Bahia. Para minha alegria, na sexta-feira estive ao lado do

Governador Paulo Souto, do Vice-Governador Eraldo Tinoco, do Secretário de

Infra-Estrutura do Estado, Cláudio Melo, do querido amigo e Prefeito Ascir, de

Ipupiara, do Vice-Prefeito Olegário, do Presidente da Câmara, Zeca, do colega e

Deputado Federal Robério Nunes e de tantos outros amigos, para dar uma ordem de recuperação da estrada que vai de Ipupiara a Brotas de Macaúbas, a BR-242.

É interessante dizer, Sr. Presidente, que tivemos apoio do Governador, enorme esforço para que essa estrada, sonho do povo de Ipupiara, se tornasse realidade.

Paralelamente, pudemos constatar que o esforço do Governo da Bahia não se faz acompanhar do esforço do Governo Federal, haja vista que a BR-242, que liga Brotas de Macaúbas, no seu entroncamento, ao trecho de Seabra e Ibotirama, continua com buracos, malconservada, o que prejudica sensivelmente os veículos que por lá transitam e aumenta sobremaneira o Custo Brasil. Trata-se de um corredor rodoviário de imensa importância para o Estado e o País, e não temos a mesma atenção do Governo Federal na conservação das estradas. O Estado trabalha praticamente sozinho.

Por isso registro com alegria o esforço e a atenção do Governador ao nosso pleito, principalmente quanto às comunidades de Ipupiara e Brotas de Macaúbas.

Aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, para registrar que estive no

Município de Malhada, ao lado do Prefeito Anselmo e do nosso grupo político, participando das festas em homenagem à padroeira Santa Cruz. Em seguida fui ao

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Município de Carinhanha, com o Vereador Jader Wilton Oliveira Costa, conhecido por Jadinha, visitar a Agrovila 16 e participar de uma vaquejada. Digo isso porque nessas viagens ao interior constatamos que a força da representação que aqui exercemos tem, sem dúvida alguma, importância quando estamos imbuídos dos melhores propósitos.

Por isso registro com alegria, nesta Casa, a visita que fiz a essas localidades e agradeço a forma gentil e hospitaleira com que fui recebido.

Aproveito ainda esse segundo momento do meu pronunciamento para alertar, e o farei também no Estado, esta Casa e os órgãos de fiscalização do Governo

Federal para o fato de que a indústria Bahia Pulp, sediada no Pólo Petroquímico de

Camaçari, deseja ampliar suas instalações, mas com um pouco de açodamento.

Para se ter idéia, essa empresa, sediada em Camaçari, mas parte em Dias

D’Ávila, está perfurando um poço nesse último Município, e vai utilizar 50 mil litros de

água por dia nessa ampliação, o que equivale a 50 mil tanques de mil litros. Isso, em relação ao Município de Dias D’Ávila, cuja população é de 50 mil habitantes, representa 4 vezes o que se consome hoje. É como se toda a população consumisse 4 vezes a quantidade de água que consome atualmente.

Estamos fazendo um alerta porque há riscos de dano ambiental; o lençol freático precisa ser melhor estudado para ver se tem capacidade de ser ampliado dessa forma, e a Bahia Pulp não pode promover um investimento, ampliar suas instalações sem cumprir as obrigações da legislação ambiental, principalmente no que se refere ao Município de Dias D’Ávila.

Queremos o desenvolvimento econômico e social, mas jamais com prejuízo ambiental. Acabou-se a época em que qualquer empresário, qualquer indústria,

64 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 qualquer tipo de empreendimento podia se instalar causando visíveis danos ao meio ambiente. Essa empresa, em outras oportunidades, já poluiu muito, principalmente quando o tempo está chuvoso. Eu moro em Dias D’Ávila e sinto o reflexo dessa poluição ambiental na minha residência. Por isso não vamos aceitar essa situação.

Falo em nome do povo da minha terra, que me elegeu como representante para defender a nossa cidade, o nosso Estado e o País e abraçar as boas causas.

Queremos que essa empresa possa se adequar à legislação e cumprir seu papel de promotora do desenvolvimento econômico do Estado, mas sem perder de vista seus compromissos sociais e ambientais. Nesse sentido, não a desejamos.

Por isso, Sr. Presidente, faço esse alerta. Informarei minhas preocupações à

Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Habitação e ao Centro de Recursos

Ambientais do Estado da Bahia — CRA, para que analisem detidamente esse projeto de ampliação. Não vamos permitir que os recursos naturais do subsolo do nosso Município sejam prejudicados, o que acontecerá se o projeto não obedecer às regras da lei.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ ROCHA (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, registro a presença de inúmeros suplentes de Vereadores em Brasília. S.Exas. estão pedindo nosso apoio para que a Proposta de Emenda à Constituição nº 333, de 2004, entre na pauta. Sabemos que há unanimidade nesta Casa para a votação dessa PEC. É necessário que o Presidente da Casa a inclua o mais rápido possível na pauta de votação.

Com a redução do número de Vereadores eleitos por meio de resolução do

Tribunal Superior Eleitoral, eles não puderam tomar posse. Que eles possam tomar posse e desse modo restabelecer o quadro das Câmaras Municipais de todo o País.

Espero que o Presidente Aldo Rebelo resolva isso o mais rapidamente possível.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Tarcísio Zimmermann.

O SR. TARCÍSIO ZIMMERMANN (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quero, desta tribuna, ainda que tardiamente, solidarizar-me com o Presidente Evo Morales, que, por meio do Decreto Supremo nº

28.701, aprovado em 1º de maio último, nacionalizou as reservas de gás e petróleo da Bolívia. Aquela nação fez, portanto, o mesmo que a Constituição brasileira estabelece para as reservas de gás e petróleo.

Temos assistido a uma saraivada de críticas, sobretudo oriundas da imprensa conservadora, da oposição ao Presidente Lula, à iniciativa soberana da Bolívia — como muito bem definiu o Presidente —, que, por meio de sucessivas manifestações populares, ainda em 2004, a partir do resultado de um plebiscito, deliberou pela nacionalização e estatização das reservas de petróleo a partir da “boca do poço”.

Também nesse episódio devemos registrar com alegria a posição do

Presidente Lula, que não se deixou seduzir por aqueles que, em nome do discurso neoliberal, da suposta defesa do mercado, pior do que isso, de um suposto nacionalismo, que não passa de chauvinismo, não entendem que todas as populações têm direito ao desenvolvimento.

O Presidente Lula se solidarizou com o Presidente da Bolívia e reconheceu que aquele decreto é um ato de soberania nacional, portanto, um ato legítimo. É importante destacar que por meio desse decreto supremo o Presidente regulamentou uma lei que havia sido aprovada ainda no governo anterior.

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Portanto, registramos nossa solidariedade ao povo boliviano e nossa estranheza pela condução que historicamente vem sendo dada à relação entre o

Brasil, a PETROBRAS e a Bolívia.

Com muita surpresa, tomei conhecimento de que a sede da empresa responsável pela exploração do gás boliviano e pela extração e refino do petróleo não é no Brasil, mas na Holanda. Repito: na Holanda!

Quando, no Governo FHC, a PETROBRAS, uma empresa pública, foi conduzida a constituir, na Holanda, uma empresa responsável pela exploração do gás da Bolívia, rigorosamente falando, desprezou os povos brasileiro e boliviano.

Espero, sinceramente, que o Governo Lula tenha condições contratuais de reverter essa situação. Trata-se da desnacionalização da PETROBRAS, da perda da soberania brasileira sobre a empresa. Esse fato ocorreu silenciosamente, escondido desta Casa e do povo brasileiro. Foi um ato sorrateiro de quem, conscientemente, conspirou contra a soberania nacional.

Portanto, mais uma vez, solidarizo-me com o povo boliviano e com o

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

É necessário que a PETROBRAS tenha todas as suas sedes no Brasil ou no país em que estiver operando.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Em face de o primeiro orador do

Grande Expediente não poder estar presente, a Presidência vai estender o Pequeno

Expediente até as 15h30min.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra à Sra.

Deputada Alice Portugal.

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB-BA. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna informar à Casa que tivemos uma grande reunião hoje de manhã com o Conselho Federal de Medicina, o

Conselho Federal de Farmácia, o Conselho Federal de Biologia, a Sociedade

Brasileira de Análises Clínicas, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, a

Associação Médica Brasileira, a Associação Brasileira de Farmacêuticos e outros, a fim de discutirmos projeto que apresentei nesta Casa, regulamentando o fazer farmacêutico.

A Farmácia constitui profissão antiquíssima. Com a Medicina, sem dúvida, constitui o núcleo da equipe de saúde. No Brasil, país em desenvolvimento tecnológico e científico, a saúde só levará sua ação efetivamente a termo se for conduzida pela multidisciplinaridade das 14 profissões reconhecidas pelo Conselho

Nacional de Saúde.

Portanto, o projeto constitui o ato farmacêutico, define a produção de medicamentos industrialmente e, de forma magistral, a realização de análises clínicas, a complementação diagnóstica, sem aviltar o elemento nuclear da categoria médica: o diagnóstico, a anamnese, a definição do tratamento e a prescrição.

Efetivamente, o projeto do ato farmacêutico é necessário. A legislação sobre a profissão remonta a 1931. Portanto, é muito antiga. Desde essa época, houve legislação por decretos, por decreto-lei e, recentemente, a partir de 2000, por portarias da ANVISA.

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Saúdo os profissionais dessas entidades, que vieram discutir o projeto, dirimir as dúvidas e resolver os conflitos.

Fizemos uma discussão que abordasse todos os interesses. Faremos grupos de trabalho para tratar dos conflitos. Buscaremos fazer com que o projeto seja desapensado de outro que tramita no Senado, porque não há similaridade de conteúdo.

Quero tranqüilizar os patologistas clínicos. Os farmacêuticos buscarão a harmonização e definição correta, cada um de acordo com seu saber e sua formação, para garantir tanto a regulamentação da categoria médica, como dos farmacêuticos, assim como dos biólogos e dos biomédicos. Enfim, a interdisciplinaridade também é fundamental para que os cidadãos brasileiros tenham saúde de qualidade na ponta do sistema.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

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O SR. HELENO SILVA (PL-SE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, registro, primeiro, a manifestação dos 1.200 produtores rurais de Alagoas, que fechou a BR-101, na divisa com Sergipe, em protesto ao endividamento agrícola.

A Medida Provisória nº 285, de 2006, que trata da renegociação das dívidas dos produtores, está para ser votada nesta Casa. O Relator da matéria, Deputado

Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará, está trabalhando no relatório, o qual, esperamos, faça justiça para com o homem do campo. É com grande expectativa que os produtores aguardam a votação da MP. Trata-se de importante matéria, que recebeu elevado número de emendas.

O Governo vetou o projeto, anteriormente votado nas 2 Casas, e editou uma medida provisória que não corresponde aos anseios dos produtores rurais da

Região Nordeste. Desde a semana passada essa matéria está em pauta.

Esperamos aprová-la ainda hoje, no máximo, amanhã.

Os produtores do Nordeste, especificamente os de Alagoas, esperam que saia desta Casa um relatório justo com o homem do campo. Nós da bancada do

Nordeste, independentemente de partidos políticos, temos de nos posicionar no sentido de defender nossa região.

O Brasil tem grande dívida social com o Nordeste, sua região mais pobre, onde os índices sociais estão muito aquém do restante do País. Chegou o momento de fazermos justiça ao homem do campo, área que gera 70% dos empregos no Nordeste. A grande maioria dos produtores está endividada. Devemos votar esta medida provisória. Nós Deputados nordestinos temos de nos unir para aprovar matéria tão importante para a região. Muito obrigado.

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O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, “a podridão do Planalto exala hoje um odor muito mais nauseabundo e mefítico que nos tempos da Casa da Dinda. Sérgio

Ferraz, Relator do processo na OAB”.

A Ordem dos Advogados do Brasil, ontem, colocou o Presidente da

República, Luiz Inácio Lula da Silva, sob suspeita, ao aprovar queixa-crime para a

Procuradoria-Geral da República aprofundar as investigações sobre S.Exa.

No Jornal de Brasília de hoje, à pág. 9, estampa-se a seguinte manchete:

“Relator fala em podridão

Relator do processo no qual o Conselho Federal da

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu não pedir

o impeachment do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o

advogado Sergio Ferraz afirmou ontem que nunca houve

na história do presidencialismo brasileiro tanta

imoralidade e deterioração quanto no atual governo”.

Repito a afirmação do advogado Sérgio Ferraz: “(...) nunca houve na história do presidencialismo brasileiro tanta imoralidade e deterioração quanto no atual governo”.

Insisto em dizer: no presidencialismo! Foi o presidencialismo que envolveu o

Parlamento nessa trama do Presidente da República e de seu partido, que pretende, e está conseguindo, destruir o Congresso Nacional.

“A podridão do Planalto exala hoje um odor muito

mais nauseabundo e mefítico do que nos tempos da

‘Casa da Dinda’, disse Ferraz em seu voto, favorável à

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entidade encaminhar ao Congresso um pedido de

impeachment. No entanto, essa proposta foi rejeitada pelo

Conselho Federal da OAB.

‘Se tomássemos como elemento de prova tão

apenas as declarações à imprensa do próprio presidente,

teríamos que, pelo menos por omissão (na melhor das

hipóteses), atentou ele contra o livre exercício do Poder

Legislativo (compra de votos, ‘mensalões’, ‘caixa dois’

etc...) e a probidade na administração’, afirmou o

advogado.”

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, chegamos ao fundo do fundo do poço — passamos por um alçapão e o ultrapassamos. Há denúncias, e Silvio

Pereira confirma que Lula é o responsável maior e primeiro por tudo. A cúpula toda do PT está envolvida nesse processo.

Agora tentam destruir o Parlamento com uma lista da qual não consta ninguém do partido do Governo.

Estranho: os Deputados que não são do PT mas são da base do Governo estão na lista!

Digo com muita tranqüilidade que sou o Deputado mais perseguido pelo PT, porque minhas emendas não são liberadas. Entrei com ação no Supremo Tribunal

Federal, ano passado, para que determine ao Presidente da República e aos

Ministros da Fazenda e do Planejamento que paguem minhas emendas.

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Se vigorassem emendas impositivas, não estaríamos passando por esse vexame. Temos o poder e não o exercemos! Estamos submetidos ao Ministro da

Justiça, que manda na Polícia Federal.

Afirmo mais: o Brasil está à deriva! O Presidente Lula, que não gosta do agronegócio, destruiu a agricultura brasileira. Se alguém plantar 50 alqueires de soja com dinheiro emprestado do Banco do Brasil a juros de 8%, chegará ao final da safra no prejuízo. É isso que Lula está fazendo. Destruiu o Sistema Único de Saúde, cujas filas são intermináveis. Nossa posição perante a Bolívia é de capitulação.

Acuso o Presidente Lula de traidor da Pátria brasileira, de entreguista. A

PETROBRAS é uma empresa estatal que pertence ao povo brasileiro. Essa atitude dúbia não é a de um patriota, de um brasileiro!

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O SR. PASTOR FRANKEMBERGEN (PTB-RR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, em 18 e 19 de maio, realizará, em atos preparatórios para as eleições, seminário sobre propagandas eleitorais, fatos que podem ocorrer durante a campanha e ética na política. Parabenizo o

Presidente daquela Corte, Desembargador Robério Nunes dos Anjos, por essa iniciativa.

Aproveito para solicitar a transcrição de matéria do jornal Folha de Boa Vista de hoje, da qual leio trecho:

“O eleitor que pedir vantagens materiais em troca

do voto poderá ser punido. De acordo com a lei, no crime

de corrupção há dois agentes: o corruptor ativo e o

corruptor passivo. O ativo é aquele que oferece, dá ou

paga e o passivo quem pede, recebe ou aceita...”

Sr. Presidente, enquanto não mudarmos o atual sistema político brasileiro, estaremos condenados, cada dia mais, ao fracasso.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 77)

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O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ (PFL-AL. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o discurso que faço neste momento está voltado, antes de tudo, para o público interno. É uma palavra de tranqüilidade aos colegas.

O Presidente Aldo Rebelo, de forma bastante acertada e com o meu total apoio, na condição de 1º Vice-Presidente, o do Deputado Inocêncio Oliveira, 1º

Secretário da Mesa Diretora desta Casa, encaminhou as denúncias contra

Parlamentares ao Corregedor-Geral, Deputado Ciro Nogueira.

A grande dificuldade desse processo repousa na circunstância de haver o

Delegado de Polícia Federal de quem partiram as denúncias remetido ao Juiz peça, digamos, inconclusa, relação de nomes citados em gravação de telefonemas. O

Delegado da Polícia Federal remeteu, anexos, 8 ou 10 CDs. Não me lembro bem da quantidade. Os nomes não têm, em princípio, nenhuma presunção de culpabilidade.

Em linguagem corrente: ele apanhou tudo o que colheu e remeteu ao Juiz.

Sr. Presidente, falo na condição de ex-Promotor, de Procurador de Justiça aposentado. O inquérito em questão tem toda a aparência de procedimento policial inconcluso, desengavetado às pressas para ser remetido a uma autoridade.

O comum é a Polícia apurar a responsabilidade, maior ou menor, de A ou de

B, e remeter o processo ao Juiz, que o repassa ao Ministério Público para que seja oferecida denúncia ou para que sejam requeridas diligências complementares. Não foi o que aconteceu. E vejam V.Exas. o dano que isso pode causar.

Todos os colegas sabem que sou intransigente defensor da Casa. Não contemporizo com irregularidades de nenhuma espécie, mas não posso registrar

78 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 sem espanto a circunstância de se lançarem nomes na imprensa sem qualquer distinção do que fazem na pretensa relação.

No pouco que olhei percebi injustiças manifestas, clamorosas. Depois de ser incluído numa lista dessa natureza, o estrago político para o Parlamentar já está feito. Estamos em ano eleitoral. Qualquer pessoa cujo nome, a qualquer título, transite por essas listas terá, sem dúvida alguma, prejuízos e, possivelmente, satisfações indevidas a dar a sua base.

Por isso que a Presidência e a Mesa Diretora, por hora, fizeram o que é adequado: o Corregedor oferecerá à Mesa até amanhã posição preliminar, após examinar cada caso, separando os Deputados que são apenas citados.

Algumas citações são completamente surrealistas. Exemplo é o do nome do

Deputado Marcelo Ortiz. Há nas gravações trecho em que o comerciante de emendas, o delinqüente, diz: “Essa emenda é do Deputado Marcelo Ortiz”; “Que se dane o Deputado!” Evidência de que o Deputado nada tem a ver com isso. Sem falar da Deputada Juíza Denise Frossard, do meu Líder e de outros tantos Deputados.

Então, a Corregedoria fará a triagem, e amanhã a Mesa Diretora vai se posicionar a respeito.

Sr. Presidente, jabuti não sobe em árvore. V.Exa. sabe disso. Registro também, com absoluta serenidade, estranha coincidência: todas as vezes em que há fato negativo em relação à Presidência da República, aparece, automaticamente, algum tipo de escândalo no Poder Legislativo, sobretudo na Câmara dos Deputados.

Como não acredito em tanta coincidência e como vejo os autos da Polícia

Federal desentranhados rapidamente de forma inconclusa, conclamo os colegas e a sociedade brasileira a fazerem essa reflexão.

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É curioso ocorrer esse problema relativo a ambulâncias e logo após aparecer lista suspeita com nomes de Deputados. Não estou dizendo que não haja culpados.

Eles devem existir e precisam ser punidos. Mas necessitamos discutir o fato em si.

Então, será coincidência ocorrer tal coisa quando um ex-membro da Direção do PT,

Silvinho, diz que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia de tudo? Aliás, uma verdade surpreendente! Nem a velhinha de Taubaté acredita que o Presidente não sabia de nada. E há também a desastrada operação do gás boliviano.

A revista Veja foi exemplar. Digo isso da tribuna porque nem todos neste País de pobres a lêem. A capa da última edição traz a foto do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de costas, com a marca do solado de um sapato nas nádegas. É exatamente quando ocorrem insucessos políticos com o Presidente Lula que aflora mais um escândalo no Congresso Nacional.

Quero dizer aos colegas que o fato vai ser apurado com rigor. Quem tiver culpa, vai ser punido — esperamos; e os que são inocentes devem ser inocentados o mais brevemente possível, porque não se podem permitir acusações vãs, enlameando reputações honradas. Mais uma vez, um prejuízo para a Casa.

Esse, repito, é o posicionamento do Presidente da Câmara dos Deputados,

Aldo Rebelo, do 1º Secretário, Deputado Inocêncio Oliveira, do 1º Vice-Presidente, que fala neste momento, e de todos os Deputados que têm responsabilidade com esta Casa.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nobre Deputado José Thomaz

Nonô, em meu nome e em nome da Mesa Diretora desta instituição, parabenizo

V.Exa. pela posição firme e correta com que analisa esses fatos. V.Exa. transcreveu

80 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 exatamente o que o Presidente Aldo Rebelo, em reunião conosco e com o

Corregedor, disse sobre a dimensão do problema.

Vamos examinar caso a caso, fazer a triagem, o mais rapidamente possível.

A Mesa Diretora adotará posicionamento firme em defesa da nossa instituição e dos

Parlamentares sérios e honestos, pois tem o dever de fazê-lo. Aqueles que tiverem culpa serão punidos, ou seja, vão pagar pelos seus erros.

Deputado José Thomaz Nonô, V.Exa. foi muito feliz em seu pronunciamento.

Mais uma vez receba os meus cumprimentos e os de toda a Casa.

O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ - Agradeço a V.Exa.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Deputado

Lobbe Neto.

O SR. LOBBE NETO (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, inicialmente, quero cumprimentar o Deputado José Thomaz Nonô, 1º

Vice-Presidente, e elogiar V.Exa., Deputado Inocêncio Oliveira, pela postura em defesa da nossa Casa.

O Deputado José Thomaz Nonô demonstra lucidez na apreciação dos fatos e das coincidências que ocorrem no Congresso Nacional neste momento, com o objetivo de desviar a atenção da sociedade do escândalo do mensalão, da nacionalização das reservas de gás da Bolívia e das declarações de Silvio Pereira.

Sr. Presidente, peço-lhe que autorize a transcrição, e que a mídia da Casa a divulgue, de trecho de artigo do articulista Clóvis Rossi, em que registra o que Silvio

Pereira disse à repórter em entrevista que seria veiculada:

“Trecho 1 - ‘Vão me matar. Eles vão me matar,

você não entende. Tem muita gente importante

envolvida’”.

No momento em que se divulga o teor dessa entrevista, é claro que se torna necessário desviar a atenção da população e dos trabalhadores brasileiros.

Leio mais:

“Trecho 2 - Reproduzindo fala de Marcos Valério a

Pereira: ‘Tenho três opções: entregar todo mundo e

derrubar a República, ficar quieto e acabar como o PC

Farias, ou o meio-termo’. Se não são momentos mafiosos,

o que é máfia então?”

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez vemos a imagem do

Congresso Nacional ser denegrida por acusações contra vários Parlamentares.

Tenho certeza absoluta de que muitos dos envolvidos nesses fatos são pessoas ilibadas. Só que o estrago já foi feito: já chegou aos eleitores. E agora o Deputado não tem o mesmo espaço na mídia para se defender.

Por isso venho aqui prestar a minha solidariedade a todos aqueles que não têm culpa e que mais uma vez servem de pretexto para se desviar a atenção da sociedade dos desmandos, da corrupção instalada no País por um governo incompetente.

Dizem que o Governo anterior promoveu muitas privatizações e concessões, que fez esse acordo da PETROBRAS, mas o Presidente Lula, há 3 anos e meio no

Governo, poderia ter estatizado todas as empresas outra vez, poderia ter reformado várias ações do Governo FHC. No entanto, nada fez. Apenas usa o discurso fácil da crítica ao passado. O presente é este ao qual assistimos.

Se não tivermos cuidado, o que será do futuro dos trabalhadores e do povo brasileiro, nesse mar de lama, nessa corrupção e com o Governo incompetente que aí está?

Muito obrigado.

83 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. EDIR OLIVEIRA (PTB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, neste momento, 36 ônibus se deslocam para Brasília, trazendo trabalhadores desempregados da região do Vale dos Sinos e do Vale

Paranhana, no Rio Grande do Sul, representantes de mais de 20 mil pessoas que já perderam o emprego por causa do tratamento dispensado pelo Governo Federal ao setor calçadista.

Isso é inadmissível. Não há condições de concorrer no mercado internacional, onde até mesmo mão-de-obra escrava é utilizada. Alguns países chegaram à sofisticação de utilizar navios como fábrica, confinando trabalhadores por 30 dias, no percurso da Ásia aos Estados Unidos. Durante o percurso, produzem os calçados que serão vendidos no mercado internacional. Esses trabalhadores praticamente trabalham por um prato de comida por dia.

Outro absurdo: os impostos e os custos elevadíssimos da matéria-prima no

Brasil; e, em contrapartida, o dólar, que ontem estabelecia margem de equilíbrio e de competitividade aos nossos calçados, hoje só causa prejuízo. Os nossos calçadistas não conseguem mais se manter. Temos visto fábricas diminuírem o número de empregados ou serem fechadas. Definha hoje um dos setores mais importantes da economia gaúcha.

Por isso, meu caro Presidente, amanhã, às 14h, haverá grande audiência pública no Auditório Petrônio Portela, do Senado Federal, na qual os trabalhadores calçadistas e as lideranças políticas e empresariais do Rio Grande do Sul vão apelar ao Governo e ao Congresso Nacional no sentido de que encontrem uma saída para continuarem produzindo e empregando naquela região antes tão pujante do Vale do Rio dos Sinos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

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A SRA. TETÉ BEZERRA (PMDB-MT. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna nesta tarde para falar da grande preocupação dos produtores de grãos do meu Estado, Mato Grosso.

A partir de movimento deflagrado no Município de Ipiranga do Norte, chamado

Grito do Ipiranga, uma alusão histórica, que inicialmente teve a adesão de produtores de toda a região norte de Mato Grosso, o protesto expandiu-se para todo o Estado, ampliando a paralisação de agricultores e o bloqueio da passagem dos caminhões com a soja colhida. Os agricultores já bloqueiam estradas de 8 Estados:

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Paraná, Tocantins, Rondônia e

São Paulo.

Os agricultores, repito, estão bloqueando a passagem de caminhões carregados de grãos, combustíveis e insumos agrícolas. A paralisação já está afetando as indústrias processadoras de grãos, que, até a semana passada, trabalharam com o seu estoque, mas, a partir desta semana, começam a parar em função da falta de grãos. Em Mato Grosso, o abastecimento de grãos é crítico.

Vários armazéns de soja e fábricas de processamento estão parados.

Os riscos dessa crise econômica são evidentes e não atingem apenas o campo. Isso está claro nas manifestações feitas. Prefeituras de Mato Grosso, em torno de 95%, decretaram ponto facultativo na última semana, apoiadas pelas

Câmaras de Vereadores, pelas Associações Comerciais, pelos sindicatos, entre outras entidades que também estão apoiando o protesto por considerar que a crise na agricultura afetou diretamente a economia de centenas de Municípios mato- grossenses, pois derrubou a arrecadação de ICMS.

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Crise esta, Srs. Deputados, que já extrapolou os limites de meu Estado e tem-se tornado cada vez mais grave, tendo em vista a adesão significativa dos

Estados produtores que padecem do mesmo problema.

Há notícia de que grandes fábricas de tratores do Paraná, como New Holland e Case, bem como John Deere, no Rio Grande do Sul, vão parar de produzir nesta semana. Pararão as fábricas de implementos agrícolas, as de fertilizantes químicos e as de outros componentes da cadeia produtiva da agricultura. Em seguida, as de caminhões.

Os riscos econômicos são iminentes e graves, uma vez que, desestruturada a produção econômica em cascata, lá na frente tudo acaba em desemprego.

Mais uma vez os produtores, por intermédio de sua representação formal, e a classe política vão se reunir com o Sr. Ministro da Agricultura em audiência a ser realizada nesta tarde. E, por mais que se saiba da boa vontade do Ministro, Sr.

Roberto Rodrigues, acredito que a reunião esteja fadada a ser apenas mais uma entre tantas, tendo em vista que a reivindicação dos produtores extrapola a competência de S.Exa. Na verdade, para que o Ministro da Agricultura atenda à classe produtora, será necessário que a equipe econômica do Governo dê novo rumo à política agrícola brasileira.

Produzir grãos em Mato Grosso está inviável com o aumento dos custos de produção, com a queda na produtividade e os problemas causados pela ferrugem, entre eles o aumento em mais de 50% do custo de produção. Entre os principais responsáveis pelo aumento significativo dos custos de produção estão os fertilizantes, o óleo diesel, o frete e o aparecimento da ferrugem asiática.

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Levando tudo isso em conta, queremos registrar a pauta de reivindicações do

Movimento Grito do Ipiranga, que contém 13 tópicos. O primeiro deles é a solicitação de pacto de 180 dias com todos os credores do setor privado ou bancário. Cito outras reivindicações: refinanciamento de todas as dívidas oriundas de financiamentos que vençam até 31 de dezembro deste ano; criação de condições para que a negociação aconteça; desoneração do óleo diesel; garantia de preços mínimos; criação de câmbio para exportação; e fortalecimento da agricultura familiar.

Essas são as reivindicações consideradas de aplicação imediata. Outras são de curto prazo. Dentre elas estão a implementação do seguro rural; a liberação de recursos para a recuperação das BR em que há escoamento da produção; garantia de recursos para o crédito rural; conservação de estradas federais e estaduais; e declaração da ferrugem asiática e das cigarrinhas das pastagens como epidemia nacional.

Os produtores reivindicam maior agilidade no registro de genéricos e de novos produtos, bem como a dispensa dos testes já realizados em produtos equivalentes anteriormente registrados. Eles pretendem também obter autorização para promover a pavimentação de rodovia localizada dentro da reserva indígena

Paresi.

A pauta divulgada contém apenas as reivindicações para o Governo Federal.

Deve ser feita ainda pauta específica a ser apresentada ao Governo do Estado.

Isto posto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero solidarizar-me com a classe produtora do meu Estado, que muito tem contribuído para o crescimento não só de Mato Grosso, mas também do País.

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Precisamos encontrar solução que atenda a reivindicação importantíssima contida nessa pauta, pois os que acreditaram no potencial produtivo do nosso

Estado precisam obter resposta a essa crise que tem trazido incerteza, insegurança e desesperança para milhões de brasileiros.

Muito obrigada.

88 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. NELSON PELLEGRINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comemoro a decisão do Governo Federal de instalar no Município de Candeias, Estado da Bahia, fábrica de biodiesel.

Já havia feito pronunciamento desta tribuna sobre o tema, no qual solicitava à

Prefeitura Municipal e ao Governo Estadual agilização na escolha do local para a construção da fábrica, pois já vínhamos conversando com a PETROBRAS sobre a instalação da fábrica naquele Município.

Concretizado o processo, deverá ser anunciada amanhã, pelo Presidente

Lula, a instalação de 3 fábricas pioneiras no Brasil: uma em Candeias, na Bahia; outra em Quixadá, no Ceará; e outra em Montes Claros, Minas Gerais. A construção da fábrica envolve investimentos de 20 milhões de dólares ou 40 quarenta milhões de reais. Produzirá 50 mil toneladas de óleo ao ano. Entrará em operação em 2008, gerando mil empregos diretos e indiretos, bem como 25 mil empregos no campo.

Por fim, faturará 62 milhões de dólares ao ano.

Parabenizo o Presidente Lula pelo anúncio da instalação dessas fábricas.

Sinto-me feliz por ter contribuído para que Candeias fosse escolhida para sediar tão importante empreendimento da PETROBRAS.

Muito obrigado.

89 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. CARLOS WILLIAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS WILLIAN (PTC-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro, com satisfação, a presença nesta

Casa da nobre Juíza de Direito Maria Aparecida de Oliveira Grossi, de Ipatinga; da

Dra. Maria das Graças Rocha Santos, de Uberlândia; e do Sr. Juiz Gerson Cherem,

Secretário-Geral da Associação dos Magistrados Catarinenses — AMC, acompanhando os trabalhos da Comissão Especial que analisa a Proposta de

Emenda à Constituição nº 457.

Hoje será realizada audiência pública e amanhã será apresentado o parecer do ilustre Deputado João Castelo à proposta de concessão de aposentadoria compulsória aos servidores públicos aos 75 anos de idade.

Chamo a atenção dos nobres pares, principalmente, para o meu protesto: elevando a idade para a aposentadoria compulsória para 75 anos, não haverá qualquer possibilidade de os Juízes fazerem carreira na magistratura. Para se ter idéia, um juiz vai ficar 30 anos no Superior Tribunal de Justiça e 30 anos no Tribunal

Superior do Trabalho. são dados consignados e estudados.

A proposta é dirigida, e não sabemos a sua origem. O Brasil não suportará a aposentadoria compulsória para funcionários públicos aos 75 anos de idade.

Sr. Presidente, fica registrada a nossa manifestação contrária a essa matéria.

Muito obrigado.

90 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Zico Bronzeado.

O SR. ZICO BRONZEADO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, estou preocupado com as medidas que o Governo boliviano adotou em relação à nacionalização das reservas naturais de gás e petróleo daquele país e à reforma agrária que pretende fazer.

No Departamento de Pando há mais de 300 famílias brasileiras, entre seringueiros e extrativistas, que vivem na floresta boliviana há mais de 1 século. Em algumas famílias, filhos, netos e bisnetos foram registrados como cidadãos bolivianos.

Li hoje nos jornais do meu Estado que a Prefeita Leila Galvão, de Brasiléia, informa que o Município já se prepara para receber os brasileiros de volta e que o

INCRA já tem terras para lhes oferecer.

Sr. Presidente, sou dessa região e tenho receio porque não há infra-estrutura nem disponibilidade de terras, como afirma o INCRA, muito menos incentivo para que esses brasileiros retornem de imediato ao Brasil. O que há, Sr. Presidente, é política de reforma agrária ainda em aperfeiçoamento. Pode haver desapropriação de terras para que, no futuro, sejam feitos novos assentamentos, sob o novo modelo dos chamados assentamentos florestais.

Qual é a minha preocupação, Sr. Presidente? No Estado do Acre, que já pertenceu à Bolívia no passado, houve conflito armado. Somos brasileiros por opção.

Quero informar a todos que nos reuniremos com o Grupo Parlamentar

Brasil-Bolívia, cujo Presidente é o Deputado Nilson Mourão. Deveremos formar

91 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 comissão para conversar com o Embaixador boliviano, em busca de explicação mais precisa em relação aos extrativistas brasileiros que moram há mais de 1 século em território da Bolívia, sobrevivendo da extração da borracha, da castanha e de outros recursos naturais.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para me solidarizar com os

Deputados acusados direta ou indiretamente de participar de fraude na aquisição de ambulâncias. Por exemplo: o Deputado Marcelo Ortiz foi citado, na gravação de telefonemas feita pela Polícia Federal, por cidadão que disse não estar nem aí para

S.Exa.

Devemos apurar as denúncias feitas pela Polícia Federal, a partir da

Operação Sanguessuga, contra Deputados, porque muitas pessoas de bem estão sendo citadas indevidamente.

Sr. Presidente, não é verdade que o Governo está por trás disso. O PT não tem nenhum interesse em atingir os companheiros, principalmente aqueles que fazem parte da base de sustentação do Governo nesta Casa.

Muito obrigado.

92 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. LUIS CARLOS HEINZE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, colegas Parlamentares, quero registrar que, no dia de ontem, eu e o Deputado Ronaldo Caiado acompanhamos o Deputado Waldemir Moka a Mato

Grosso do Sul, onde 3 eventos foram realizados: um, na Câmara de Vereadores de

Campo Grande; outro, no Município de São Gabriel do Oeste; o terceiro, em

Maracaju.

Milhares de produtores estiveram presentes aos eventos. Reencontramos muitos gaúchos que por lá estão. A crise em Mato Grosso do Sul é extremamente grave, e somos solidários com os produtores. De resto, é o que também deve estar acontecendo na Bahia, em Mato Grosso, no Paraná, em Santa Catarina, seguramente no Rio Grande do Sul e em outros Estados da Federação.

Então, precisamos ser solidários com os protestos que agricultores estão fazendo hoje. Solicitamos que o Presidente Lula e o Ministro Guido Mantega atendam aos pleitos que o Ministro Roberto Rodrigues tem encaminhado para defender o setor, porque os agricultores não suportam mais o estado de coisas que estão vivendo neste instante.

Faço este registro em nome dos produtores sul-mato-grossenses.

93 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado João Grandão.

O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a preocupação do Governo Lula com as questões sociais mais uma vez se aflora com o beneficiamento de 200 mil famílias que moram em condições precárias, a partir da disponibilização de R$1 bilhão do

Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social.

Diversas favelas serão urbanizadas, e pessoas que moram em condições degradantes, sobre palafitas, receberão atendimento prioritário. Dessa forma, trabalhadores de baixa renda, que recebem até 3 salários mínimos por mês, ganharão mais dignidade, sendo-lhes permitidas condições mínimas de segurança, saúde e higiene.

A aplicação dos recursos dar-se-á em áreas degradadas e em pavimentação de ruas, com implantação de redes de abastecimento de água, de tratamento de esgoto e extensões de redes de energia elétrica, havendo ainda espaço para reforma e construção de unidades habitacionais.

Há que se destacar, senhoras e senhores, que comunidades carentes de 138

Municípios serão atendidas e que propostas para a construção de casas estão sendo analisadas pela Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades.

Quero aproveitar a oportunidade para alertar os Governos Estaduais e

Municipais para o fato de que os projetos e a documentação devem ser apresentados até o próximo dia 16 de maio, já que os investimentos terão aplicação imediata.

94 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Lembro ainda que Dourados, em Mato Grosso do Sul, já recebeu investimentos importantes nessa linha de ação do Governo Federal. Em nossa cidade, 400 famílias que residiam numa região de fundo de vale, sofrendo com inundações e falta de infra-estrutura, foram transferidas para novo bairro, dotado de escola, posto de saúde e centro de geração de renda. Também os irmãos índios da

Reserva Indígena de Dourados serão beneficiados com a construção de 600 casas em alvenaria, com possibilidade de chegarmos a mil unidades.

Finalizando, Sr. Presidente, volto a ressaltar que jamais o Brasil teve um governo que se preocupasse tanto com os segmentos sociais menos abastados quanto o Governo Lula, que, sem sombra de dúvida, já é um marco na história do nosso País, permitindo a todos os brasileiros se orgulharem do lugar, da forma e das condições em que vivem.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. João Grandão, o Sr.

Inocêncio Oliveira, 1º Secretário, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Aldo Rebelo,

Presidente.

95 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Inocêncio Oliveira.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, versado na Literatura e no Jornalismo; ex-Ministro do Tribunal de Contas da União e ex-Conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo; ex-Procurador da República e Vice-Presidente do Memorial JK neste

Distrito Federal, o homem público e intelectual Olavo Drummond está sendo pranteado por familiares, amigos e admiradores, devido ao seu falecimento na madrugada da segunda-feira, dia 8, em São Paulo.

Um dos fundadores do Memorial JK, manteve na década de 50 estreita ligação política com o então Governador Juscelino Kubitschek, ao exercer o mandato de Deputado Estadual em Minas Gerais. Os vínculos políticos e a amizade pessoal perduraram ao longo da vida do lendário construtor de Brasília.

Admirável figura humana, o Dr. Olavo Drummond exerceu cargos relevantes na vida pública de Minas Gerais, São Paulo e nesta Capital Federal. Deixou acervo de realizações, estimas e amizades. Foi construtor de êxitos e de vitória ao longo de existência profícua de trabalho e de bons serviços prestados à sociedade.

Nascido em Minas Gerais, na cidade de Araxá, iniciou as suas atividades profissionais nos Diários Associados daquele Estado, como repórter e redator político do jornal líder regional Estado de Minas e na antiga revista O Cruzeiro, pertencente ao conglomerado sob a liderança do capitão da imprensa Assis

Chateaubriand.

O exercício do jornalismo impulsionou a sua vocação para a política e para a

Literatura.

96 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Exerceu as funções de Procurador da Fazenda Nacional, de Secretário da

Presidência do Banco do Brasil e de Delegado da Marinha Mercantil do Brasil nos

Estados Unidos. Radicado em Brasília, foi nomeado Procurador da República junto ao Supremo Tribunal Federal.

Depois de 12 anos em Brasília, foi transferido para a Procuradoria da

República em São Paulo, cargo que exerceu durante 6 anos. Foi também

Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, em 1981.

Na iniciativa privada, ocupou a diretoria da empresa aérea VASP. De volta a

Brasília, Dr. Olavo Drummond foi nomeado, em 1990, Ministro do Tribunal de Contas da União, onde permaneceu até ser aposentado.

Vocacionado para o trabalho, a aposentadoria o levou a ser eleito Prefeito de sua cidade natal, Araxá, onde realizou brilhante administração, marcada pela restauração do Balneário e do Grande Hotel. Obras de alcance social, em parceria com o Governo do Estado, valeram-lhe a conquista da láurea Prefeito Criança, conferida aos 5 Prefeitos brasileiros que mais se destacaram no trabalho em favor da educação e da saúde da infância brasileira.

Contista e poeta, Olavo Drummond era membro da Academia de Letras de

Minas Gerais, eleito em 1986, na vaga do Presidente Tancredo Neves. Seus livros foram prefaciados por intelectuais do porte de Pedro Nava, Gerardo Melo Mourão,

Antônio Carlos Vilaça e Carlos Heitor Cony.

Por seus méritos e sua dedicação às causas sociais, recebeu das mãos do então Presidente Fernando Henrique Cardoso a Medalha de Ouro por 50 anos prestados ao serviço público, honraria que muito o emocionou, conforme seu depoimento.

97 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Olavo Drummond deixa viúva D. Márcia de Almeida Drummond, 4 filhos e netos.

Amigos, admiradores, colaboradores e companheiros reverenciam a sua memória com saudades e boas lembranças.

Quero externar a todos os familiares as mais sinceras condolências, na figura do meu grande amigo e seu irmão Toninho Drummond.

98 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. NATAN DONADON (PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, desta tribuna da Câmara dos Deputados, quero dedicar o meu tempo para falar de mais uma data importante do calendário nacional. Trata-se do Dia das Mães, comemorado no próximo domingo, 14 de maio.

Esta, sem dúvida alguma, é a mais importante data comemorativa do calendário brasileiro, que propicia reflexão em todos os lares do País, seja qual for o status do cidadão.

Quero, nesta oportunidade, mandar o meu abraço carinhoso a todas as mães brasileiras, especialmente às que residem em Rondônia, o meu Estado.

Contudo, e apenas para refletir sobre a data, o Dia das Mães não se poderia comemorar apenas no segundo domingo de maio. Para mim, todos os dias deveriam ser consagrados às mães. Acredito que assim poderemos respeitar e amar ainda mais a nossa mãe, que nos trouxe ao mundo, que nos viu crescer, que cuida de nós com afeto, carinho e dedicação, que nos dá educação, sentimento, com o objetivo de sermos alguém na vida. Essa é a mãe, pessoa que não mede esforços para nos dar o melhor da vida, que nos dá consolo, alegria, ternura, alívio e afeição.

A história conta que o Dia das Mães é a comemoração mais antiga. No Brasil,

é celebrado no segundo domingo de maio, conforme decreto assinado em 1932 pelo

Presidente Getúlio Vargas.

Sr. Presidente desta Casa de leis, quero mais uma vez enviar o meu abraço carinhoso e sincero a todas as mães do Brasil, o ser humano mais querido.

Muito obrigado.

99 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a agricultura brasileira tem sofrido, e muito, com a política cambial do Governo Federal, que insiste na fórmula do Banco Central de juros altos e valor do dólar baixo, gerando um processo de retenção do processo produtivo brasileiro, principalmente em relação ao setor primário.

Essa cena, já vista em outros governos, de achar que a economia vai bem, por força de uma política cambial capenga, terá resultados desastrosos em um curto espaço de tempo.

Ainda temos tempo de mudar essa taxa de juros, além de refazermos o grande mal que sofre a agricultura nacional.

Os preços agrícolas estão achatados, os agricultores, descapitalizados, e

Brasília só tem olhos para o mercado de capitais, sem perceber que está a 1 palmo da grave crise no campo.

A fórmula preços de insumos dolarizados em 3 por 1 mais taxas de juros internas estratosféricas destruirá todo o esforço feito no campo nesses últimos 10 anos.

O setor tecnológico está sofrendo por falta de verbas, e o Governo Federal tem a obrigação de implantar o plano de carreira da EMBRAPA, pois acabaremos vendo nossos melhores pesquisadores se debandando para a iniciativa privada, contrariando toda a lógica de estatização da pesquisa agropecuária.

No campo do acesso a novos mercados, estamos num dilema brutal: ou ficamos com economias fracas e deprimidas, principalmente as do continente africano, onde encontramos os maiores problemas de riqueza global, ou ousamos

100 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 abrir novas fronteiras com os países asiáticos, que estão crescendo entre 7% e 10% ao ano. Temos espaço para aproveitar as oportunidades nos 2 continentes.

Quanto a essa avaliação de novos mercados, queremos agradecer à

Embaixadora das Filipinas no Brasil, Dra. Teresita Barsana, representante de um dos países do Sudeste Asiático que cresce em ritmo vertiginoso, que nos recebeu na semana passada em audiência. Na ocasião, abordamos temas de interesse de nossos países.

Esse encontro serviu para avaliarmos as potencialidades de parceria no campo do biocombustível, principalmente do que concerne ao etanol e ao nosso

álcool combustível.

O Governo filipino está oferecendo uma grande oportunidade para que nossos empresários possam instalar-se nas Filipinas, oferecendo uma série de vantagens, incentivos fiscais, oportunidades de joint ventures com empresários sérios e conhecedores da necessidade de mudança da matriz energética utilizada pelos filipinos.

Já foram aprovadas medidas pelo Parlamento filipino, como a adição de até

10% de álcool combustível à gasolina num prazo de 10 anos. Temos que aproveitar esse estágio inicial para que o Brasil faça grandes negócios na Ásia.

Faz-se necessário que o Ministério da Agricultura, aliado ao Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além do setor empresarial, alargue seus horizontes para novos mercados. O Sudeste Asiático tem muito a nos oferecer.

Ressalto, Sr. Presidente, que essas ações são importantes para o agronegócio nacional, temos que vender mais e melhor.

101 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O mundo está em eterna mutação, e nós não podemos e não devemos perder essas oportunidades históricas, principalmente por sabermos que não existe espaço vazio em comércio exterior que não se preencha rapidamente.

Estaremos abrindo as portas para que nossos empresários do Estado de São

Paulo, terra que tenho a honra de representar, possam aproveitar esse diálogo com os nossos irmãos do Sudeste Asiático e implementar, em curto espaço de tempo, as destilarias e tecnologias que eles tanto desejam e aguardam.

O Estado de São Paulo já é detentor de diversas vantagens competitivas em todo o mundo, como economia de escala, poder de mercado, maior eficiência administrativa, diversificação do risco e redução de custos. Apenas precisamos aumentar as nossas ações e contatos pessoais e empresariais.

Finalizo aplaudindo o grande trabalho de aproximação entre Brasil e Filipinas que está realizando a Embaixadora Teresita Barsana em nosso País e sua fidalguia em nos recepcionar.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Nelson Marquezelli, o Sr.

Aldo Rebelo, Presidente, deixa a cadeira da presidência,

que é ocupada pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Secretário.

102 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Vander Loubet.

O SR. VANDER LOUBET (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com profunda consternação quero registrar e deixar gravado, nos Anais desta casa, o passamento de uma das figuras mais respeitadas e emblemáticas da hospitalidade pantaneira. Na tarde da última terça-feira, 25 de abril, morreu em Ladário, Mato Grosso do Sul, o Sr. Maximiniano

José dos Santos.

Essa vida, por si, já é um livro, não apenas pelos seus 113 anos bem vividos, mas por tudo que se inspirou na inesgotável reserva moral deste notável cidadão.

Era primeiro-tenente da Marinha aposentado e o eleitor mais velho de Mato Grosso do Sul. Aliás, uma das marcas de sua formação pessoal era a determinação de participar de todos os processos sociais e cívicos.

Fazia questão, por exemplo, de votar em todas as eleições, mesmo depois dos 70 anos, idade em que o voto deixa de ser obrigatório. Por essa demonstração de apego cívico e fidelidade à causa democrática, Seu Maximiniano recebeu em 2005, do TRE de Mato Grosso do Sul, a Medalha Comemorativa dos 60 anos da Justiça Eleitoral. Mas esse brasileiro exemplar não vivia em busca de galardões. Gostava mesmo era de aprender e ensinar. Costumava dizer que sua longevidade sobrevinha de bons hábitos, como não beber, não fumar, falar a verdade e respeitar as pessoas, mas nunca deixar de discordar quando julgasse necessário. Ficam, além de seus 4 filhos, 14 netos, 36 bisnetos e 18 tataranetos, os legados preciosos de uma vida de retidão e a saudade. Que seja preservada sua memória e que todos os que o conheceram disseminem as coisas boas que ensinou e praticou. Muito obrigado.

103 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. TAKAYAMA (PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a legislação asfixiante, o excesso de regulamentação dos mercados, o baixo crescimento econômico, as instabilidades na política cambial e o elevado Custo Brasil são os principais obstáculos para o desenvolvimento próspero das empresas brasileiras, tornando-as substancialmente menos competitivas.

A consultoria Price Waterhouse consultou 1.410 presidentes-executivos de grandes empresas mundiais existentes em 45 países e concluiu que há, de forma concisa, um maior interesse na aplicação de recursos financeiros em nosso País. O

Brasil está posicionado em terceiro lugar, atrás da China e da Índia, em ordem de prioridade para investimentos maciços no período de 2006 a 2008.

Apenas 13% dos empresários estrangeiros crêem que companhias brasileiras de peso devam despontar nos próximos 3 anos e afetar o mercado global em virtude de novos investimentos internacionais. O principal atrativo, ainda, é a oportunidade de acesso a novos clientes, ou seja, ao mercado consumidor crescente. Para 76% dos principais interessados em investir, o nosso cenário é próspero e relativamente livre, sendo isso ponto decisivo no momento na definição da escolha de qualquer nação como destino de aplicações.

Creio que todo o intento internacional em apostar no Brasil como destino de numerários é muito válido e necessário. Todavia, devemos apreender que não podemos ser coniventes com a prática desse tipo de intenção, sustentada em turbulências econômicas e no descaso burocrático interno. Nossos reguladores governamentais precisam ter maior coerência na adoção de políticas, muitas vezes

104 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 confusas e inviáveis, aos destinatários, macro e microempresários, empreendedores honestos que visam unicamente a sua estabilidade, a geração de emprego e renda.

Enfim, devemos estar contentes com os olhos dos investidores que estão voltados para nós. No entanto, é primordial estarmos de olhos bem abertos aos nossos, brasileiros perseverantes, batalhadores natos, braços fortes, incansáveis a desfraldar nossa bandeira colorida com o verde da esperança, o amarelo da riqueza, o azul anil da vida e o branco da paz, onde está inscrito o lema da maior verdade soberana, Ordem e Progresso, porque é necessário que ordenemos nossas diretrizes para assim podermos crescer com justiça social.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que meu pronunciamento seja divulgado pelos órgãos de comunicação desta Casa Legislativa.

Muito obrigado.

105 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. SOCORRO GOMES (PCdoB-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar nos Anais desta Casa matéria publicada no jornal Diário do Pará, edição desta terça feira, 9 de maio, que noticia as comemorações dos 78 anos de fundação da Rádio Clube, uma das mais importantes emissoras de rádio do norte brasileiro, cuja programação pode, inclusive, ser ouvida em todo o País, pela SKY.

Ao congratular-me com os dirigentes e funcionários da emissora, na pessoa de seu Presidente, Sr. Jader Filho, eu o faço na expectativa de que a emissora abra cada vez mais sua programação para a comunidade, não só para ampliar a prestação de serviços ao público, mas, especialmente, pela obrigação que tem de abrir-se ao debate e produção de informações que atendam aos legítimos interesses da população do Estado.

Eis a matéria, Sr. Presidente, publicada no Diário do Pará, edição de 9 de maio de 200.

“Rádio Clube

78 Anos de Tradição no Pará

Tradição combinada com um toque de

modernidade. Este foi o clima de comemoração de quase

oito décadas da Rádio Clube em Belém. Aos 78 anos de

idade, ostenta o título de quarta emissora do Brasil, sem

deixar de ser reverenciada por todos os paraenses. O

Solar Antique foi, ontem, palco do evento que reuniu

cerca de 300 pessoas nos festejos pela data. O

diretor-presidente do Diário do Pará, Jader Barbalho Filho,

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destacou a importância da Rádio Clube nas

comunicações paraenses e agradeceu aos colaboradores

e parceiros comerciais. Os grandes presentes de

aniversário, contudo, são o projeto de reformulação do

jornalismo e a cobertura da Copa do Mundo. Sob o

comando de Guilherme Guerreiro, uma equipe de 12

pessoas representará a Clube na Alemanha. Alguns

desses profissionais ostentam a premiação máxima do

rádio-esportivo nacional, o troféu Bola de Ouro — Cláudio

Guimarães, Ronaldo Porto, Geo Araújo, Guillherme

Guerreiro, Carlos Castilho, Rui Guimarães, Carlos Estácio

e Giuseppe Tomaso.

Sorteios de brindes e distribuição da Tabelinha da

Copa, com todas as informações sobre os jogos,

marcaram a festa, além da apresentação do link especial

no site da emissora para a Copa. O evento foi transmitido

ao vivo pelos locutores e comentaristas da Clube, dentro

do programa ‘A Turma do Bate-Papo’.

Tempo Real — Segundo o diretor de jornalismo,

Nonato Cavalcante, a programação atual será dinamizada

com o projeto ‘Aconteceu, se Ligue na Clube’, com a

cobertura em tempo real de todos os acontecimentos do

dia em Belém e no Estado. ‘Se o trânsito engarrafar no

Entroncamento, por exemplo, e o cidadão não sabe o que

107 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

aconteceu, basta se ligar na Clube que nosso repórter

estará direto de lá passando todas as informações’. Os

boletins informativos serão implantados já nos próximos

dias durante a programação.

Marco na história da imprensa paraense

Além de representar um marco na história da

radiofonia paraense, os 78 anos encontram a Rádio Clube

em plena liderança de audiência. Segundo a última

pesquisa do Ibope, a rádio detém 64% da audiência do

segmento AM no Pará. De acordo com o diretor geral da

RBA, Camilo Centeno, a emissora atravessou todos

esses anos liderando o mercado. ‘Chegamos até aqui

com todo vigor. Ela é a mais antiga e a mais moderna

rádio do Pará’, diz.

Os parceiros da Clube também se mostram satisfeitos com o sucesso. ‘É uma emissora digna de respeito e a gente tem o maior orgulho porque é um jeito de fazer rádio que é a cara do Pará. Quanto mais velha, melhor!’, comemora o representante do Banco da Amazônia, Valentin Figueira. Também compõem o grupo dos grandes parceiros a Unimed Belém, Yamada, Cerpa, TIM e a Prefeitura de Ananindeua. O capitão do Tri de 70 no México, Carlos Alberto Torres, veio direto do Rio para prestigiar o evento, como um dos integrantes da equipe que a Rádio Clube vai levar à Alemanha para cobrir o Mundial”. Era o que tinha a dizer.

108 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. PERPÉTUA ALMEIDA (PCdoB-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos presenciando um rico debate sobre a soberania latino-americana. O Presidente da República de Bolívia divulgou ações de seu governo que vão ao encontro dos compromissos eleitorais por ele publicados.

Entre essas decisões está a nacionalização do gás, fonte de divisas daquele país andino. A decisão de uma nação que busca garantir melhores condições de vida aos seus patriotas deve ser respeitada.

As relações comerciais internacionais, em que o modelo neoliberal determinava as condições de exploração, compra e venda de reservas naturais e também de setores estratégicos dos países emergentes, começam a ser revistas.

A Bolívia, que tem história quase idêntica à de todos os países latinos, foi por séculos explorada pelo império ibérico. Portugueses e espanhóis, além de holandeses, franceses e ingleses, levaram daqui milhares de toneladas de ouro e prata. As produções agrícolas tinham como objetivo sustentar as elites que se formavam no início da nossa história.

Senhoras e senhores, hoje, ao discutirmos ações de combate ao narcotráfico e à produção de drogas, vejo a nossa nação vizinha buscar caminho para sua sustentabilidade, haja vista o enorme índice de bolivianos que vivem abaixo da linha de pobreza.

A respeito disso, Sr. Presidente, passo a ler, para que fique registrado nos

Anais desta Casa, artigo da lavra do camarada Moisés Diniz, Deputado Estadual pelo PCdoB no Acre:

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“O Brasil está enfrentando um debate quase no

mesmo nível que fazem os norte-americanos sobre a

guerra no Iraque. É que o presidente indígena da Bolívia

nacionalizou o gás e o petróleo de seu país e provocou a

ira das transnacionais. O problema é que uma delas, a

maior delas, é a nossa gloriosa Petrobrás.

Gloriosa no nome e na feição, porque, de resto, já

está sob controle de outras mãos. Há muito tempo! A

Petrobrás foi ‘privatizada’ na gestão FHC, ficando apenas

32% do seu controle acionário nas mãos do estado

brasileiro. A gente finge que ela é nossa, apenas porque

temos a maioria dos votos.

Foi uma plástica tão bem feita que, até hoje, o povo

brasileiro pensa que é dono da Petrobrás. Companhias

norte-americanas controlam cerca de 40% do capital da

empresa que fez Getúlio Vargas e Lula sujarem as mãos

de petróleo. Outra fatia gorda fica com empresários

brasileiros. É como a dama que dorme em casa e se

prostitui durante o dia.

Aqui reside a grande tragédia. Como o estado

brasileiro detém o controle ‘político’ e administrativo da

Petrobrás, o contribuinte terá que pagar os custos de

qualquer prejuízo da empresa. É que os empresários,

estrangeiros e brasileiros, que detêm 68% do capital da

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empresa, não discutem prejuízos, só lucros. É aqui que

entra a tragédia boliviana.

Um país miseravelmente pobre, a Bolívia não

passava, até 1º de maio de 2006, de um mero garimpo de

gás e petróleo. Multinacionais como Repsol, Total,

Amaco, Enron e Petrobrás saqueavam a Bolívia, como as

multinacionais norte-americanas saqueiam o Brasil, a

África e o Oriente Médio. Duro de ouvir? A Petrobrás, na

Bolívia, não passa de uma multinacional.

Nós, que passamos tantas décadas dissertando e

reclamando da brutalidade das multinacionais, somos

agora os algozes. E o que faz a Petrobrás na Bolívia nada

difere do que fazem todas as multinacionais ao redor do

mundo. O mesmo discurso da mídia, que argumenta os

investimentos realizados pela Petrobrás na Bolívia, é o

mesmo utilizado por todas as multinacionais.

A Bolívia está na 114ª posição do IDH, tem um PIB

de apenas US$22,3 bilhões, exatamente 22 vezes menor

do que o PIB do estado de São Paulo. Uma renda ‘per

capita’ anual de US$2,6 mil e 64% da população abaixo

da linha da pobreza. Para se ter idéia da penúria, apenas

os US$1,3 bilhões de investimentos da Petrobrás na

Bolívia representam 18% do PIB daquele país.

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O dramático é que os seus 8,8 milhões de

habitantes estão em cima de um mar de riqueza,

controlada e apropriada por algumas multinacionais.

Repsol (espanhola), Total (francesa), British Gas e British

Petroleum (britânicas), Petrobrás (brasileira), Enron

(estadunidense), Shell (holandês/britânica). Elas

controlam a exploração de petróleo e gás, num valor de

100 bilhões de dólares.

Esta é a tragédia! O valor desses recursos naturais,

100 bilhões de dólares, corresponde a 12 vezes o PIB da

Bolívia. 75% do PIB da Bolívia, magros US$22,3 bilhões,

estão sob o controle de capitalistas estrangeiros, sendo

18 por cento desses sob controle brasileiro. A Petrobrás é

a maior multinacional no setor de gás e também controla

20 por cento dos postos de gasolina do país.

Só gás e petróleo, em reservas, representam

US$100 bilhões de dólares, mas o PIB da Bolívia é de

apenas 22,3 bilhões. E como isso é possível? Ora, é que

os bolivianos ficavam com apenas 18% do imposto

(royalty) sobre essas multinacionais. O MAS de Evo

Morales, ainda na oposição, elevou para 50% e, agora, o

Decreto ‘Heróis do Chaco’ o fixou em 82%. Imaginem

quantos bilhões de dólares foram ‘saqueados’ da Bolívia

em todas essas décadas!

112 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Apesar desses números terríveis, a imprensa

brasileira grita como se o nosso território estivesse sendo

invadido por uma força estrangeira. Os líderes da

oposição ao governo Lula só faltaram exigir que o exército

brasileiro invadisse a Bolívia, como Bush fez no Iraque. É

que não há nenhuma diferença. Lá é petróleo e aqui é

gás!

Imaginem se a Bolívia tivesse poder econômico e

militar para exigir o ressarcimento de todo o saque do

passado, perpetrado pelas mesmas multinacionais que

ainda estão lá. Alguns jornais e revistas daqui, no lugar da

tinta, usariam sangue em seus editoriais. E tudo ‘em

nome dos interesses nacionais’. Será que está mesmo em

jogo o ‘interesse nacional’?

Há 6 anos que FHC vendeu cerca de 40% do

capital da Petrobrás para os capitalistas de Wall Street e

19% para empresários brasileiros como Benjamin

Steinbruch e Daniel Dantas. O presidente tucano forçou o

Brasil e suas empresas, como a indústria cerâmica,

cimenteira e de vidros, a mudarem sua matriz energética

hídrica. Tudo para atender os ‘interesses nacionais’ de

empresas como Repsol, Total, Amaco e Enron, que

detinham o controle de reservas de 400 milhões de

metros cúbicos do gás boliviano.

113 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Mas, quem usa uma botija de gás em casa, pensa

que esse assunto tem a ver com ele. Quando se fala em

gás, todo mundo olha para a sua botija na cozinha. Então,

os números aparecem para clarear nossa mente. O gás

de cozinha teve um aumento de 2,2% no governo Lula

contra 420% no de FHC, aquele mesmo governo que fez

o contrato com a Bolívia para trazer, via gasoduto, 25

milhões de metros cúbicos de gás. Estranho, não?

E quanto dessa monstruosidade de gás vai para a

cozinha do brasileiro? O gás utilizado nas residências

(3%), no comércio (2%), na área de serviços (público e

privado) e no transporte com gás natural veicular (GNV)

fica em torno de 15% do consumo. Por outro lado, só a

indústria consome 79% de todo o gás boliviano que chega

ao Brasil.

Um aumento do gás interferiria na vida do

brasileiro, não por causa do consumo doméstico, mas

devido à política anterior do governo FHC, que sabotou a

nossa matriz energética hídrica. Agora, por causa da ação

soberana de um outro país, o Brasil sofrerá os prejuízos.

Dessa forma, o caminho não é ‘se irritar com Evo

Morales’, pois quem nos ferrou foi FHC.

O caminho, agora, é encontrar saídas a médio

prazo. Por enquanto, só nos resta a difícil trilha da

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negociação. Do contrário, se tivéssemos os falcões do

PSDB no governo da República, eles levariam o Brasil ao

confronto diplomático. Então, Evo Morales, para não se

desgarrar do profundo e histórico sentimento nacionalista

boliviano, fecharia os dutos.

Seria o desastre econômico na Bolívia e o caos no

abastecimento do Brasil. É o que sonham as

multinacionais, ofendidas pelo grito dos ‘Heróis do Chaco’.

Por aqui, também gritam os velhos falcões da política

brasileira, com suas asas quebradas na última eleição”.

Sr. Presidente, com essas considerações, fica claro perceber quem tem responsabilidade com o desenvolvimento nacional, quem busca dar aos seus compatriotas reais condições de sobrevivência.

Não foi o Governo Lula que fez péssimos contratos, que vendeu o que tínhamos de melhor na indústria brasileira. Foi o Governo FHC.

Registro que o Presidente Lula logrou êxito, na forma e no conteúdo político, comandando com inteligência e responsabilidade o que os analistas apressados chamavam de crise internacional.

Não há crise, Sr. Presidente, há a sensibilidade e o compromisso de líderes populares, oriundos das camadas populares, de proporcionar ações de desenvolvimento justo na América Latina.

Muito obrigada.

115 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JORGE KHOURY (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar a presença da caravana de

Vereadores da Bahia. Estão representados os Municípios de Brumado, na pessoa do Vereador Eduardo Ataíde; Vitória da Conquista, com Joana D´Arc e Arnaldo;

Feira de Santana, com Ângelo Almeida; Cândido Sales, com Litinho; Itapetinga, com

Romildo; Barra do Choça, com Paulo Bateria; dentre outros Municípios.

Esses Vereadores aqui se encontram buscando o apoio desta Casa no sentido de agilizar a tramitação da PEC 333/2004, que busca reparar grave equívoco do TSE, que por meio de resolução impediu a posse de significativo número de Vereadores, interferindo na decisão democrática e soberana do povo brasileiro.

Diante do exposto, apelo ao bom senso das Lideranças que compõem o

Colégio de Líderes, bem como da Mesa Diretora desta Casa e, em especial, do Sr.

Presidente, Deputado Aldo Rebelo, no sentido de agilizar a inclusão na pauta da

PEC 333/2004.

Vale ressaltar que tal medida fará valer o desejo democrático do povo brasileiro, sem com isso aumentar nenhuma despesa ao Erário.

Muito obrigado.

116 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. GIVALDO CARIMBÃO (PSB-AL. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, existem diversos entraves ao crescimento de nossa economia. Nenhum deles pode ser creditado a questões estruturais. São todos causados por situações conjunturais e, portanto, dependentes tão-somente de vontade política para que sejam solucionados. Muitos são de tão fácil solução que chega a nos intrigar que nada seja feito para saná-los.

A absurda informalidade que impera em todos os segmentos econômicos é inquestionavelmente um desses gargalos, e neste diapasão todos perdem. Perde o Estado, porque deixa de arrecadar todos os impostos que essa considerável fatia da economia deixa de recolher; perdem as empresas, porque a informalidade é sempre um obstáculo à expansão; e perdem os trabalhadores, porque a falta de recolhimento de INSS os impede de no futuro contar com uma aposentadoria digna.

Enfim o incentivo à informalidade é uma situação que perdura por razões que nunca conseguirei entender.

Não podemos nem conceber, Sras. e Srs. Deputados, que haja dificuldades para corrigir com urgência essas anomalias. As razões da informalidade são sobejamente conhecidas. É notória em nosso País as dificuldades impostas às empresas que querem exercer as suas atividades com transparência.

O Estado em vez de se comportar como facilitador para o crescimento da economia, acaba se espelhando em seus próprios exemplos e encarando quem deseja produzir como um sonegador em potencial, alguém pronto para passá-lo para trás. Por isso as estapafúrdias exigências para se criar uma empresa.

Algumas alternativas isoladas estão sendo estudadas pelo Governo Federal.

Entre elas, a possibilidade de dedução da contribuição previdenciária do

117 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 empregador doméstico no Imposto de Renda e redução de alíquota.

Indubitavelmente, será uma medida extremamente oportuna e trará enormes benefícios coletivos. A informalidade neste setor é a maior de todas, e buscar inibi-la redundará em benefícios coletivos, com a possibilidade até de valorização da categoria e mais ofertas de emprego.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

118 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JOÃO HERRMANN NETO (PDT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil é um país multiétnico, portanto, multicultural e multiligüístico. Não podemos desconsiderar, como temos feito, o fato de que mais de 200 línguas são faladas em nosso território, embora o português seja o idioma oficial, conforme o art. 13 da Constituição Federal. Essa unidade lingüística em torno da língua de Camões e de Machado de Assis é única em todo o mundo. Não existe um país com a extensão territorial do Brasil que apresente ao mesmo tempo uma unidade lingüística tão formidável. O português pode ser falado de norte a sul do país sem prejuízo da comunicação. Logicamente existem os dialetos, os regionalismos, mas eles não impedem que um falante do norte, por exemplo, compreenda perfeitamente a fala de um gaúcho.

No entanto, a unicidade lingüística do Brasil não significa que devamos nos esquecer das outras línguas que são faladas por alguns povos, sobretudo os povos indígenas, em diversas comunidades espalhadas por todo o nosso território. Ainda estamos longe de ser uma sociedade que respeita e valoriza as diversas linguagens existentes, muitas das quais estão se extinguindo a cada ano, devido à morte dos poucos falantes dessas línguas. Junto com a extinção dessas línguas, extinguem-se também a cultura, o saber, as tradições, uma gramática para todo o sempre.

Recentemente, por exemplo, a doutora Maria das Dores de Oliveira

Pankararu, na Universidade Federal de Alagoas, defendeu uma tese de doutorado em Lingüística. Sua tese tem a ver com a pesquisa da língua indígena ofayé, falada por apenas 11 pessoas da comunidade ofayé, de Brasilândia (MS), e que está em risco de extinção. Seu trabalho, em parceria com a professora ofayé Marilda de

Souza, foi fazer uma cartilha para ensinar as crianças da comunidade o idioma e

119 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 criar uma correlação entre a língua oral e a escrita para facilitar o aprendizado. Esse trabalho deveria servir de exemplo para que outros mais surgissem em nossa produção acadêmica para preservar a língua, a cultura, o saber que os povos indígenas certamente tem a oferecer a todos os brasileiros.

Com relação a essa temática, o Município amazonense de São Gabriel da

Cachoeira, o maior Município do País, está de parabéns, pois será o primeiro a oficializar a prática das línguas indígenas tucano, nheengatu e baniua nos meios de comunicação, serviços públicos, escolas, placas de sinalização, comércio e serviços bancários. A adoção dos idiomas está na Lei Municipal nº 145, de 2002.

Para regulamentar a lei, as entidades indígenas do Município, o Instituto de

Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística (IPOL), o Instituto

Socioambiental, a Câmara de Vereadores, a Secretaria de Educação do Amazonas, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Universidade Federal do Amazonas

(UFAM), entre outras instituições, realizam na cidade o Seminário Política

Lingüística, Gestão do Conhecimento e Tradução Cultural, na maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), de domingo, dia 23, até quarta-feira, 26 de abril.

A lei determinará como os serviços públicos e privados devem ser oferecidos nas línguas indígenas. Haverá mudanças em todas as áreas, especialmente nos serviços públicos municipais. O cumprimento da lei não será difícil, uma vez que

97% dos 45 mil habitantes do Município são indígenas.

A iniciativa de São Gabriel da Cachoeira indica que no Brasil o caminho da oficialização das línguas indígenas deve se expandir além do âmbito municipal. O

País tem cerca de 200 línguas, a maioria falada em um Município ou região, nunca

120 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 na área total do Estado. Com a aprovação da lei, o curso de magistério para 315 professores indígenas de 14 povos, iniciado em 2006, já é ministrado nas 3 línguas e em português.

Em julho próximo, terá início o primeiro curso de graduação da futura

Universidade dos Povos Indígenas. O curso de licenciatura em política educacional e desenvolvimento comunitário será oferecido pela Universidade Federal do

Amazonas, em parceria com o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em

Política Lingüística e a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.

Será o primeiro de uma universidade pública, nas aldeias, ministrado em línguas indígenas, com o português como língua auxiliar. As aulas serão ministradas em Cucuí, no Rio Negro; Taracuá, no Rio Uaupés; e Tunuí ou Assunção, no Rio

Içana.

Município com 112 mil quilômetros quadrados, São Gabriel da Cachoeira tem

área maior que Portugal. No Brasil, supera Estados como Pernambuco, Espírito

Santo, Santa Catarina, Alagoas, Sergipe e Paraíba. Faz divisa com Venezuela e

Colômbia. Caracteriza-se pelo plurilingüismo: tem 25 línguas indígenas de 5 troncos.

A maioria dos povos fala, além da sua língua materna, o tucano, o nheengatu e o baniua.

Dados do Censo Escolar de 2005 indicam que o Município tem 10 mil alunos indígenas em classes da educação infantil ao ensino médio, 208 escolas e 640 professores, todos indígenas.

É de fato marcante essa iniciativa dos munícipes e da administração de São

Gabriel da Cachoeira. O que mais caracteriza nossa realidade lingüística é a

121 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

“unidade na diversidade e diversidade na unidade”, como ensinava Serafim da Silva

Neto, um dos maiores filólogos brasileiros.

Portanto, o mais importante atualmente é que tenhamos uma população realmente multidialetal, ou seja, falantes que se movimentem com desenvoltura em vários ambientes lingüísticos, que conheçam o português, a língua oficial para sua progressão funcional, para ser usadas nos ambientes oficiais, nos concursos, nos vestibulares e em outras regiões do país, e que conheçam também as línguas de seus ancestrais, as línguas faladas por seus antepassados e que tenham condições de ensiná-las para seus filhos, a fim de que também eles se movam social e culturalmente numa sociedade que respeita os falantes dos diversos idiomas que enriquecem a cultura lingüística brasileira.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

122 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ALEX CANZIANI (PTB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, está provado: quando os Municípios estão integrados, os resultados florescem de maneira mais ágil.

Ocupamos esta tribuna para enaltecer o belo trabalho que está sendo realizado no norte do Paraná, o Arco Norte.

O Arco Norte, Sr. Presidente, prevê a integração dos Municípios de Londrina,

Ibiporã, Cambé, Rolândia, Arapongas e Apucarana, de forma a promover o desenvolvimento sustentável da região e gerar facilidades para a captação de recursos e investimentos públicos e privados.

Vale aqui ressaltar tal iniciativa, que tem à frente o Presidente do Instituto de

Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina, Luiz Figueira, e o coordenador do

Plano Diretor, Gilson Bergoc. O instituto é um órgão da Prefeitura de Londrina, que tem à frente o Prefeito Nedson Micheleti.

Há muito tempo empreendemos nossas ações em torno da integração municipal. Já defendíamos a idéia desde quando presidimos, em 1993 e em 1994, a

Associação de Vereadores do Médio Paranapanema — AVEMPAR, que congrega

25 Municípios do norte do Paraná. Mais recentemente, já como Parlamentar desta

Casa, também passamos a defender a criação de consórcios intermunicipais, visando ao progresso social e econômico dos parceiros envolvidos.

Entendemos, colegas Deputados, que o progresso municipal passa necessariamente pela conjugação de forças. Ao contrário do que possa parecer, muitos projetos municipalistas podem ser melhor viabilizados no âmbito regional.

É, portanto, dentro dessa linha que enaltecemos o Projeto Arco Norte. Os

Municípios que o compõem vêm crescendo acima da média do Estado e atraem as

123 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 populações rurais e urbanas de Municípios menores, que não conseguem imprimir uma dinâmica com geração de emprego e renda.

A região do chamado Arco Norte, Sr. Presidente, tem importantes institutos de pesquisa agrícola como o Instituto Agronômico do Paraná — IAPAR e a Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária — EMBRAPA, grandes instituições de ensino superior e mais de 6 mil indústrias já instaladas.

O projeto prevê o desenvolvimento de um novo parque industrial que integre os Municípios consorciados, a construção de um aeroporto internacional e a construção de duas rodovias.

O plano cita ainda um zoneamento ecológico-econômico, que vai nortear todo o projeto de constituição da ocupação e do uso do solo de toda a região. A ação vai constar das diretrizes dos planos diretores dos Municípios integrantes do consórcio.

Depois de firmada a ação do zoneamento ecológico-econômico, a intenção é de que seja viabilizado o Sítio Aeroportuário. Londrina, senhores, é o quinto produtor agrícola do Paraná, mas não há agroindústrias instaladas de forma satisfatória.

Trata-se, portanto, de um ambicioso projeto que merece todo o nosso apoio.

No que depender deste Deputado, a proposta do Arco Norte deixará de ser um sonho para se tornar uma grata realidade!

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. No último dia 24, os leitores do Paraná tiveram a grata satisfação de ler, nas páginas do conceituado jornal Folha de Londrina, um oportuno editorial que trata da importância da educação tecnológica para o desenvolvimento social e econômico do País.

Como Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Educação

Profissional, não poderíamos nos eximir de tal observação. A Folha de Londrina

124 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 abordou especificamente a implantação de um campus da Universidade Tecnológica

Federal em Londrina, que brevemente funcionará beneficiando toda a comunidade do norte do Estado oferecendo cursos técnicos superiores gratuitos. A Frente

Parlamentar participou de todo processo para que esse antigo sonho londrinense e norte-paranaense pudesse ser realizado.

Gostaríamos, então, Sras. e Srs. Deputados, de ler na íntegra esse importante editorial, para que seu conteúdo seja registrado nos Anais desta Casa.

O texto segue sob o título Um pólo nacional em tecnologia e diz:

“Se misérias sociais rondam Londrina, se faltam

creches, se a cidade está mal cuidada e se a violência

assume proporção amedrontadora, esta metrópole

regional não pára de crescer e vem se desenvolvendo

sobretudo no setor educacional e de ensino de

tecnologias. A cidade já é um avançado centro difusor de

conhecimentos, estribado em suas universidades e em

escolas dos mais variados gêneros, em seu Instituto

Agronômico e na Embrapa/Soja, e em breve contará com

a Universidade Federal Tecnológica.

Em recente estudo do Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada, Londrina figura em 15º lugar no

ranking nacional de inovação industrial. É reconhecida

como referência nacional e transnacional em geração

tecnológica para o setor agropecuário, e agora desponta

na área da educação a distância e na produção de

125 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

games. O entusiasmo parte especialmente da Associação

de Desenvolvimento Tecnológico de Londrina, a Adetec,

cujo coordenador executivo, Tadeu Felismino, não vê as

perspectivas como algo utópico, mas real, pela existência

de pontos favoráveis para o desenvolvimento de metas.

Ele avalia que Londrina está chegando ao ‘ponto de

ebulição’, pela capacidade que tem nos setores do ensino

superior, da graduação, do mestrado, do doutorado e da

pesquisa tecnológica.

Um dos indicativos para novo avanço no campo da

tecnologia é a aguardada vinda da Universidade

Tecnológica, reforçando a esperança conforme acredita o

representante da Adetec de que Londrina, dentro de cinco

anos, se situe entre os três principais pólos tecnológicos

do Brasil. Campanhas iniciadas duas décadas atrás e que

pareceram inglórias por algum tempo como o reivindicado

Centro Federal de Educação Tecnológica, o Cefet, que

agora vem chegando e se converterá em universidade

demonstram que a persistência é a forte alavanca para o

alcance de objetivos.

Foram vários os batalhadores pela vinda do Cefet,

incluindo-se este Jornal, que abraçou a causa desde a

primeira hora. Mesmo sem a instalação, ainda, do seu

campus, a Universidade Federal Tecnológica (derivação

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do Cefet) já implantará no ano que vem os cursos de

Tecnologia de Alimentos e de Química Industrial.

O advento dessa universidade consolidará ainda

mais o pólo de excelência educacional em que Londrina

se converteu, robustecendo o ideal previsto desde que a

cafeicultura foi riscada do mapa em 1975, pela ocorrência

da mais destruidora geada de todos os tempos de que a

cidade seria marcadamente prestadora de serviços e

entre estes, destacadamente, o educacional e o formador

de mão-de-obra especializada”.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o brilhante articulista de Veja, Roberto Pompeu de Toledo, um dos mais consagrados jornalistas da atualidade, escreveu em sua coluna semanal uma verdadeira pérola, intitulada Do fracasso à humilhação, que trago ao conhecimento desta Casa, para transcrição em seus Anais, devido à clareza de idéias e à defesa cristalina dos interesses nacionais. O jornalista enfoca os erros da diplomacia brasileira nos últimos episódios envolvendo os interesses do

Brasil na América Latina.

Antes de tudo, Sr. Presidente, devo dizer que trago o artigo de Roberto

Pompeu de Toledo a esta Casa não pelo fato de ser uma crítica ao Governo Lula, mas pela clara defesa dos interesses do Brasil.

Diz o jornalista, referindo-se à recente crise diplomática envolvendo o Brasil e a Bolívia, cujo Presidente assinou decreto que expropria o patrimônio de uma empresa-símbolo dos brasileiros, a nossa querida PETROBRAS:

“Uma instalação brasileira foi tomada manu militari

por um governo estrangeiro, pela penúltima vez, no

distante 12 de novembro de 1864, quando o governo

paraguaio apreendeu o navio brasileiro Marquês de

Olinda. Deu em guerra. A última vez ocorreu na

segunda-feira, 1º de maio, quando o governo de Evo

Morales despachou tropas para ocupar os campos de gás

da Petrobras na Bolívia. Deu numa nota em que o

governo brasileiro afirma reconhecer a decisão boliviana

como ‘ato inerente à sua soberania’.

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Não. Não se está dizendo que, à semelhança do

governo imperial brasileiro, o governo Lula devesse enviar

seus Urutus ao altiplano boliviano. Mesmo porque a

subida é íngreme, as curvas no caminho são perigosas e

o ar rarefeito que se respira por lá costuma tontear os

forasteiros. Mas a evocação daquele outro momento

histórico serve para enfatizar a enormidade que é recorrer

à ocupação militar, ainda que simbólica, ainda que sem

disparar um tiro, numa disputa com outro país. Se não é

ato de guerra, é um gesto de hostilidade profunda. Em

resposta, o governo Lula apresentou uma das reações

mais tíbias, tímidas e tatibitates já produzidas pela

diplomacia brasileira. Com isso, pôs em campo uma nova

modalidade de reação aos desafios externos — a política

de oferecer a outra face. Eis no que resultou a política

externa ‘altiva’ que o governo do PT julga ter implantado.

Poucos governos brasileiros ostentaram tanta

exuberância em sua política externa. Não bastou, ao

presidente operário, ter realizado o sonho de virar

presidente. Imaginou-se um líder para o continente, talvez

até para o mundo, ao qual ensinaria o caminho de

relações mais eqüitativas. Amparava-o, no devaneio, um

Itamaraty cheio de ardor terceiro-mundista. Para os

vizinhos mais próximos, Lula e o Itamaraty imaginaram

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uma Comunidade Sul-Americana de Nações que,

juntando o Pacto Andino e o Mercosul, as duas estruturas

supranacionais já existentes, uniria os Estados

associados em torno de uma moeda, um passaporte e um

Parlamento comuns. A Comunidade Sul-Americana foi

lançada numa reunião em Cuzco, realizada sob

inspiração brasileira, em dezembro de 2004. Em abril do

ano seguinte, num de seus arroubos característicos, Lula

diria: ‘Eu tenho a convicção de que o que nós fizemos na

América do Sul nesses dois primeiros anos foi um avanço

maior do que o que foi conquistado nos últimos quarenta

ou cinqüenta anos’.

O panorama da América do Sul, hoje, é de luta de

todos contra todos. O Pacto Andino se desfaz nas brigas

entre a Venezuela, de um lado, e o Peru e a Colômbia, de

outro. O Mercosul, que já vinha cambaleante em razão

das eternas querelas entre Brasil e Argentina, sofre agora

a ameaça de retirada do Uruguai, para assinar tratado de

livre comércio com os Estados Unidos. Lula, coitado, que

imaginou ser o natural condutor do processo sul-

americano, virou cego no meio de tiroteio. O fracasso no

continente soma-se ao de conquistar uma cadeira no

Conselho de Segurança da ONU, ao de estabelecer

relações privilegiadas com a China e a Índia e a tantos

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outros que fazem da diplomacia de Lula uma campeã de

trapalhadas.

Na semana passada mudamos de patamar. Não é

mais de fracasso que se trata, mas de humilhação. O

secretário-geral e ideólogo-mor do Itamaraty

terceiro-mundista, o embaixador Samuel Pinheiro

Guimarães, esteve na Bolívia nas vésperas da investida

de Evo Morales. Não lhe contaram nada. Também não

contaram nada a Lula. Seguiram-se a ocupação militar e a

pífia nota brasileira. Para culminar, uma reunião

quadripartide arranjada às pressas e realizada na quinta-

feira terminou com os presidentes Lula, Hugo Chávez,

Néstor Kirchner e Evo Morales com as mãos juntas, umas

em cima das outras, Lula e Evo Morales lado a lado, mão

na mão, o presidente brasileiro posando de amigo

daquele que dois dias antes tomara militarmente

instalações de uma empresa-símbolo do Brasil. Lula

oferecia mais que a mão. Entregava a outra face.

Por falar em Guerra do Paraguai.... Para azar dos

bolivianos, Evo Morales tem um traço em comum com

Solano López, o caudilho que arrastou seu país àquela

conflagração. Não, não é que ambos sejam líderes

‘antiimperialistas’, segundo uma tola fantasia criada nas

últimas décadas em torno do presidente paraguaio, na

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verdade um tiranete vulgar, que tipicamente administrava

o país como um fazendão particular, degolava os generais

de que desconfiasse e mandava meninos de 10 anos para

as batalhas. O que os une é a vocação suicida. López

julgou que podia estender seus domínios aos vizinhos

Brasil e Argentina. Levou seu país à ruína e acabou

morto. Evo Morales escolheu hostilizar o único comprador

possível de sua maior riqueza natural. O que vai provocar

de mais duradouro no Brasil é a corrida pelas alternativas

a seu gás. A curto prazo, pode até conseguir aumento de

preço. A longo prazo, arrisca ficar sem outra utilização

para seu produto senão queimá-lo em bonitos

espetáculos pirotécnicos ou encher balões.”

Sr. Presidente, faço inteiramente minhas as palavras de Roberto Pompeu de

Toledo. Um pouco de nacionalismo no Itamaraty não fará mal para o Brasil.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Agradeço a atenção a mim dispensada pelos nobres pares desta ilustre Casa.

Muito obrigado.

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O SR. NELSON BORNIER (PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, por que as autoridades não procuram uma fórmula para minorar os efeitos sociais, por muito que seja complicada? Por que as indústrias não redirecionam seus investimentos, de modo a garantir maior produtividade e competitividade? Parece que não é a isso que desejam chegar. O ponto fundamental, aqui, está numa constatação óbvia: não existem políticas em prol do emprego no Brasil, hoje; nenhum estímulo ao empregador que não demita, tampouco à carteira assinada, senão as sanções óbvias; nenhum programa de apoio ao chefe de família desempregado; nenhum fomento à profissionalização, a fim de melhorar a qualificação dos trabalhadores que têm de enfrentar um mercado que cresce, não na oferta de ocupações, mas na exigência de preparo.

Como é possível que a atividade econômica brasileira demonstre propensão ascendente, quando a taxa de desemprego chega a índices recordes?

Assim, Sr. Presidente, nem o otimismo do setor industrial, com expectativa de ver retomados os níveis de produção, não chega a entusiasmar. Ele não se reflete nas expectativas dos aspirantes a uma vaga de trabalho. Na verdade, o número de postos tem-se mostrado insuficiente para absorver a mão-de-obra que entra no mercado, até porque há muito tempo não se zeram tecnicamente os índices existentes. Assim, de resíduo em resíduo, de crise em crise, o desemprego no Brasil tornou-se, para mal dos pecados do povo, um problema estrutural.

Infelizmente, Sr. Presidente, nosso País está impedido de romper a barreira da pobreza, fadado ao subdesenvolvimento crônico.

Esse, Sr. Presidente, é o quadro. Volto ao mesmo ponto: o que faz, então, o

Governo, a fim de reverter tamanha adversidade? Que medidas, exceto atitudes

133 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 pífias, toma para amenizar de verdade o suplício de tantos, aliás, dos que mais precisam?

Ora, Sr. Presidente, a melhor política social é o emprego. Porquanto este, sim, resgata a cidadania, a dignidade e até mesmo a liberdade. O resto são esmolas, travestidas de humanitarismo e preocupação social. Ou, para muitos, o caminho da violência, ou ainda para milhões, a economia informal, ambos menos de opção e mais de injunção. No fim das contas, é preciso sobreviver.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Dr. Benedito Dias.

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O SR. DR. BENEDITO DIAS (PP-AP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados Federais, hoje, no período do Grande

Expediente, com orgulho falarei um pouco de uma trajetória de trabalho e de dificuldades, porém de muita perseverança e dedicação, que se traduziram em vitórias.

Menino pobre, filho de agricultores, nascido na Ilha Viçosa, no Município de

Chaves, que faz parte do complexo da Ilha do Marajó, juntamente com os meus pais, Elpídio Magalhães de Carvalho e Adair Dias de Carvalho, e mais 8 irmãos, levava uma vida de muita dificuldade.

Aos 8 anos de idade, fui estudar em Macapá, e ficava na casa de parentes ou amigos. A grande preocupação de meus pais era a de educar os filhos. Havia, também, uma outra maneira de estudarmos: era nos colégios internos, em Belém do

Pará, onde alguns dos meus irmãos estudaram.

A rotina de férias era auxiliar meus pais nos serviços agrícolas. Os meses de julho, dezembro e janeiro eram dedicados a plantar e colher os produtos da roça: melancia, abóbora, milho, arroz, feijão etc. Uma parte da produção servia para o nosso sustento, outra para alimentar animais menores, e o restante era vendido na cidade para comprar os produtos que não podíamos produzir na roça.

Papai embarcava seus produtos para serem vendidos no mercado

Ver-o-Peso, em Belém do Pará. Naquela época, a produção era transportada em canoa à vela, que levava de 3 a 5 dias, dependendo do vento, para chegar ao destino. A viagem de volta demorava mais ainda porque era feita contra o vento, tipo ziguezague, bordejando, como chamamos na região.

136 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

As coisas foram evoluindo. Fiz o primário na Escola Estadual Barão do Rio

Branco, em Macapá; parte do ginásio na Escola Salesiana, em Ananindeua, no

Pará, e o restante no Ginásio de Macapá; o 2º grau, até o segundo ano, no Colégio

Amapaense e, o terceiro, em Belém do Pará, onde prestei vestibular para a

Faculdade de Medicina do Estado e fui aprovado, graças a Deus, em segundo lugar, juntamente com meu irmão.

Terminei o curso de Medicina em 1982. Porém, não queria ser um médico qualquer. Em decorrência dos meus ideais, enfrentei novo desafio: fazer especialização em São Paulo, até hoje o melhor centro de Medicina do País.

Mas eu não conhecia São Paulo. Peguei um ônibus com meu irmão e um amigo e saltamos no Terminal Rodoviário Tietê às 18h. Como era tarde, pernoitamos num hotel pequeno e, no dia seguinte — um amigo tinha-me dado o endereço —, fomos para a pensão do Seu Ivo, perto do Hospital Beneficência

Portuguesa, onde moramos 3 meses.

Lembro isso para dizer que enfrentei muitos desafios na vida. Consegui fazer o curso de especialização. Passei 4 anos em São Paulo: 2 anos fazendo Cirurgia

Geral e os outros 2, Ginecologia.

Ouço o Deputado Mauro Benevides.

O Sr. Mauro Benevides - Deputado Dr. Benedito Dias, saúdo V.Exa. no momento em que enumera sua saga de sofrimento para alcançar suas metas, sobretudo a de aperfeiçoamento profissional. V.Exa. deixou seu Estado e, depois de longa vilegiatura, chegou a São Paulo, onde fez o curso de especialização. Portanto,

V.Exa. merece nossa admiração e homenagem pela persistência e obstinação que deixa transparecer no seu discurso.

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O SR. DR. BENEDITO DIAS - Muito obrigado, Deputado Mauro Benevides, pelas palavras, que incorporarei ao meu discurso.

Prossigo, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Após o curso de especialização, retornei ao Estado do Amapá, onde pratiquei os meus conhecimentos médicos, em prol da comunidade, juntamente com meus irmãos.

Vale ressaltar que, daquela família de agricultores, resultaram 1 bacharel em administração, 1 engenheiro agrônomo, 1 pedagoga, 1 economista, 4 médicos e 1 pecuarista.

Ao longo do meu amadurecimento profissional, dediquei minha vida à população de Macapá, do nosso Estado do Amapá, como médico da Secretaria de

Saúde, trabalhando no Hospital Geral de Macapá, no Pronto-Socorro e na

Maternidade.

Preocupado com as enfermidades tropicais, as doenças infecto-contagiosas e, principalmente, com a saúde do povo amapaense e brasileiro, sempre me esforcei, com determinação, retidão, afinco, esmero e, sobretudo, ética, para a melhoria da qualidade de vida da população.

Pequeno fui e pequeno continuo sendo, porque, nas palavras da escritora espanhola Teresa D’Ávila (1515/1582), “é uma grande virtude considerar a todos melhores do que nós”. Assim, com humildade, procurei delinear o meu profissionalismo em favor da prevenção, promoção e recuperação da saúde dos nossos compatriotas, continuo a exercer a medicina com dedicação e denodo.

Foram os 12 anos de trabalhos já relatados que me fizeram participar do pleito político, tendo em vista que um irmão meu foi Vereador e outro, Deputado

Estadual.

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Em 1998, candidatei-me a Deputado Federal e fui eleito, pelo PFL, para a

Legislatura 1999/2003 — fui o mais votado da história do Estado do Amapá.

Faço agora um parêntese. Não vou relatar nenhuma derrota, mas um acontecimento que em 1998 trouxe uma tristeza profunda ao meu coração. Nesse ano, meu filho de 16 anos, de maneira lamentável e brusca, foi assassinado por um amigo. Até hoje não se sabe por que ele cometeu esse ato. Apesar da tristeza, continuei trabalhando.

Como disse, fui eleito pelo Partido da Frente Liberal. Entretanto, como percebi que não havia espaço, mudei para o Partido Progressista Brasileiro. O partido não tinha representação federal, estadual e municipal. Comecei a fazer um trabalho partidário trazendo lideranças políticas e, posteriormente, elegendo Vereadores,

Prefeitos, Deputados Estaduais e Federais e um Vice-Governador. Essa foi uma demonstração do trabalho de lideranças. Juntamente com os meus companheiros, fizemos um partido com referência no meu Estado.

Se Deus quiser, o Partido Progressista Brasileiro, no futuro, elegerá o

Governador do Estado do Amapá.

O Sr. Reinaldo Betão - Concede-me V.Exa. um aparte?

O SR. DR. BENEDITO DIAS - Pois não, Deputado Reinaldo Betão.

O Sr. Reinaldo Betão - Deputado Dr. Benedito Dias, parabenizo V.Exa. não só como médico, mas como Parlamentar. Convivemos nas Comissões de Turismo e

Desporto e de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. V.Exa. muito orgulha esta Casa. É um exemplo não só na atividade de médico, mas também de

Parlamentar. Tenho certeza de que a população do Estado do Amapá também se orgulha de V.Exa. E, pela perda do filho, só Deus pode confortá-lo. Nós, que

139 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 estamos na vida pública, expomos, às vezes, nossa família, em prol da sociedade, dos menos favorecidos. Que Deus o ilumine e abençoe! V.Exa. é vencedor.

Parabéns pelo grande trabalho na Câmara dos Deputados.

O SR. DR. BENEDITO DIAS - Obrigado, Deputado Reinaldo Betão, pelas suas palavras, as quais incluo em meu discurso.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com a consciência livre e tranqüila, venho cumprindo meu mandato político norteado por todos os princípios do Código de Ética e Decoro Parlamentar: legalidade, democracia, livre acesso, representatividade, supremacia do Plenário, transparência, função social da atividade parlamentar, boa-fé, como também minucioso respeito e obediência a todos os subseqüentes dispositivos do referido código de postura.

Ouço, com prazer, o Deputado Armando Abílio.

O Sr. Armando Abílio - Deputado, ao vir para cá eu vinha ouvindo, pela

Rádio Câmara, o seu pronunciamento. Conheço V.Exa. há 2 mandatos. E, durante esses 2 mandatos, o que tem me chamado a atenção é sua presença, em primeiro lugar. V.Exa. é um freqüentador assíduo desta Casa, deste plenário, deste Poder. E tem desempenhado seu papel, seu trabalho, seu mandato, com ética, com dedicação e, acima de tudo, com responsabilidade. Eu queria exatamente aproveitar sua prestação de contas, inclusive, de ordem pessoal, para me acostar ao seu pronunciamento. Parabéns, Deputado Dr. Benedito Dias!

O SR. DR. BENEDITO DIAS - Obrigado, Deputado Armando Abílio.

O povo do Amapá me deixou emocionado, consagrando-me com seu apoio na conquista do meu segundo mandato parlamentar, como o mais votado na história

140 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 do Estado do Amapá, gesto que muito me honra e faz com que minhas forças se revitalizem na luta em benefício dessa gente maravilhosa.

Segundo o escritor Miguel de Cervantes (1547/1616):

“É de gente bem-nascida agradecer os benefícios

recebidos, e um dos pecados que mais ofendem a Deus é

a ingratidão”.

Dessa forma, sempre fui e sempre serei agradecido e fiel a todos que acreditam em meu trabalho parlamentar e, sobretudo, sou grato ao Pai Celestial, que me tem proporcionado inúmeras oportunidades de colaborar com a população do nosso País.

Recordo-me, com todas as vênias, de uma sentença que pronunciei ao assumir a Presidência da Comissão de Seguridade Social e Família desta Casa do povo: para os cristãos, a consciência é a presença do Pai Celestial no ser humano.

Portanto, devemos agradecê-lo por nos ter proporcionado ânimo e competência ao decidirmos com tanta sabedoria tantas proposituras legislaturas no ano passado, que ficou marcado, neste Parlamento, como um período de trabalho, de compromisso e de amor ao Brasil.

Também faço valer a riqueza do nosso magnífico Estado do Amapá.

Em 13 de setembro de 1943, foi criado o Território Federal do Amapá. Em 5 de outubro de 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal, esse

Território foi elevado à categoria de Estado.

O Estado do Amapá, com uma área de 140.276 quilômetros quadrados, só foi instalado de fato às 17h45min do dia 1º de janeiro de 1991, com a posse do primeiro Governador eleito: Anníbal Barcellos.

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A palavra Amapá é de origem indígena e vem da Nação nuaruaque, que habitava a Região Norte do Brasil no tempo do seu descobrimento. Amapá é uma espécie de árvore brasileira da família Apocináceas. Essa árvore dá leite e um fruto saboroso, em formato de maçã, de cor roxa, servindo muitas vezes como parte da farmacopéia do mundo amazônico.

Em Macapá, a Capital, a de São José é o principal ponto de visitação e considerada um dos mais imponentes e sólidos monumentos militares do

Brasil Colonial. Foi erguida para assegurar a conquista definitiva da Amazônia pelos portugueses. Já a Igreja de São José é a construção mais antiga da cidade, inaugurada em 1761, e que, tendo passado por várias reformas, ainda preserva características originais.

Para marcar a passagem da linha imaginária do Equador pela cidade, uma das únicas no mundo nessa trajetória, também foi construído um monumento, o

Marco Zero, com relógio de sol e terraço para observações. O Estado respeita a natureza e suas populações tradicionais, como os índios, os pescadores e os castanheiros, entre outros. Foi o primeiro Estado brasileiro a ter todas suas áreas indígenas demarcadas.

Prezados colegas, na condição de Deputado Federal representante do

Amapá, ressalto com muita felicidade as já citadas e todas as outras maravilhas desse grandioso Estado, tanto quanto as presentes em todo o território do nosso incomparável Brasil.

Coloco-me sob incontestável disposição, servindo, dia após dia, mês após mês e ano após ano com patriotismo, civilismo, idealismo, preocupação, satisfação, admiração, respeito e honestidade na luta contra os problemas econômicos, as

142 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 moléstias sociais, o racismo e todo tipo de preconceito, visando à construção de um

País mais justo e promissor.

Observo a sentença do poeta Pietro Antônio Metastasio (1698/1782), que declarou:

“É um instinto natural,

o amor ao pátrio ninho,

até as próprias feras amam as grotas onde

nasceram”.

A valorização da imagem do político em sua pátria tem base na sua representatividade, na qualificação e na aproximação da nossa classe com a sociedade contemporânea, na defesa dos reais interesses coletivos de seus ninhos.

Por isso, reforço em meus dizeres: é essencial, para que haja êxito, a formulação e aplicação de medidas governamentais voltadas para o desenvolvimento harmônico da sociedade, em termos sociais, educacionais e, em particular, nos programas no âmbito da saúde pública.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho consciência daquilo que até hoje fiz pelo meu Estado Amapá, para onde levei recursos para que tivesse uma estrutura e andasse com suas próprias pernas. O Estado do Amapá é promissor, rico, mas precisa de estrutura. Toda a bancada federal está empenhada nesse sentido. Precisamos investir nos aeroportos, no esporte, nas rodovias, na saúde pública. Temos trabalhado a fim de levar o melhor para o Estado do Amapá. Quero, desta tribuna, dizer que me sinto satisfeito e orgulhoso em saber que o Amapá tem um representante na Câmara dos Deputados. Temos procurado fazer o melhor para que o Amapá e o Brasil apresentem bons resultados. Por último, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que o meu pronunciamento seja divulgado nos meios de comunicação da Casa. Muito obrigado.

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O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última semana, em meio a significativas festividades, transcorreu o 18º aniversário de criação do Município cearense de Croatá, distante 355 quilômetros da Capital, com 17 mil habitantes, mas que começa a crescer pelo idealismo de seus filhos, em meio à ânsia de contribuir para o crescimento econômico e bem estar de nossa gente.

Tanto nas disputas majoritárias, especialmente a de 1986, para o Senado

Federal, quando Croatá ainda pertencia à jurisdição de Guaraciaba do Norte, bem assim como postulante, em 1998, a uma vaga de Deputado Federal, ali recebi estimulante apoio para que pudesse, no Congresso Nacional, defender as justas aspirações de nossa comunidade.

Os dirigentes locais do PMDB distinguiram-me com permanente atenção e indiscrepante solidariedade, infundindo-me confiança nos rumos partidários, pela convicção arraigada por entre os nossos filiados, naquela nova comuna.

Todos os movimentos que visam projetar a Zona Norte contaram habitualmente com o incentivo da população da nova comuna, a qual, durante vários anos, esteve sob o comando do saudoso Prefeito e Deputado José Maria Melo, que tradicionalmente mantinha vínculos de estreita ligação com o PMDB, sendo um dos seus mais prestigiosos representantes na Assembléia Legislativa, Casa que cheguei a presidir nos idos da década de 60, em instante de enormes dificuldades político-institucionais, sobretudo pelo cerceamento das liberdades democráticas.

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Falando com os líderes peemedebistas Domingos Ramos Filho e Antônio

Ramos Felinto, bem assim com os nossos Vereadores, transmiti cumprimentos pelos

18 anos de existência de Croatá, colocando-me à disposição para tudo fazer, levando em conta, primordialmente, a expansão de suas atividades produtivas, como celeiro de incremento agrícola, reconhecido até em unidades federadas do

Nordeste, como o Piauí, por exemplo.

Saúdo, pois, a Cidade de Croatá, os seus dirigentes e, sobretudo, aos quase

20 mil habitantes, todos impregnados do sentimento de servir aos legítimos interesses coletivos, impulsionando o crescimento do Ceará, do Nordeste e do próprio País.

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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar o transcurso dos

129 anos de emancipação política de Itapecerica da Serra. Cumprimento o Prefeito

Jorge José da Costa pela brilhante administração realizada naquele Município, acompanhado do Vice-Prefeito Antonio Trolesi.

Sr. Presidente, gostaria de lembrar, com satisfação e alegria, que recebemos, na sessão solene realizada ontem na Câmara Municipal de Itapecerica, o Título de

Cidadão Honorário de Itapecerica da Serra, uma concessão feita pelo Presidente da

Câmara, José Martins Filho, que contou com o apoio do Vice-Presidente, Antonio

Teixeira França, do Primeiro-Secretário, Amarildo Gonçalves, do

Segundo-Secretário, Ronildo de Lima Oliveira, do Jardim Branca Flor, onde entregamos, no sábado, um grande conjunto habitacional, construído com recursos do Governo Federal destinados a habitações de risco.

Aproveito para cumprimentar Cícero Costa, Comendador Lombardi, Professor

Clóvis Pinto, João Pereira, Regina Corsini, Tonho Paraíba, José de Moraes, Zé

Hélio, Vereadores de Itapecerica da Serra que estiveram presentes, tanto no sábado, quando da entrega do Conjunto Residencial Branca Flor, como também ontem, na sessão solene realizada na Câmara Municipal.

Registro também, com satisfação e alegria, a forma como o Prefeito Jorge

José da Costa tem conduzido os trabalhos da administração daquela cidade, em companhia do Vice-Prefeito Antonio Trolesi, e que, sem dúvida nenhuma, tem deixado toda a população extremamente satisfeita.

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Gostaria que todas as cidades recebessem esse mesmo tipo de tratamento que vem sendo dispensado à administração municipal de Itapecerica da Serra. Têm sido alcançados grandes índice de satisfação. Inclusive, estamos pleiteando no

Ministério das Cidades a implementação de verba para fins habitacionais nas chamadas áreas de risco, como no Jardim Jacira.

A Secretária Nacional de Habitação, Sra. Inês Magalhães, e o Diretor da área,

Sr. Daniel Nolasco, estiveram na cidade, no último sábado, em uma reunião com o

Prefeito e com representantes da Caixa Econômica Federal, ocasião em que anunciaram a possibilidade de liberação de verba extremamente importante para o

Jardim Jacira, em Itapecerica da Serra.

Quanto a nós, estamos empenhados em colaborar para a aprovação o mais rapidamente possível desses recursos que permitirão a Itapecerica da Serra grande desenvolvimento. Mesmo sendo uma cidade com impedimentos ambientais por estar na chamada área de manancial, o Prefeito Jorge José da Costa está implementando 2 áreas industriais com o fim de gerar os empregos necessários.

Mais uma vez parabéns a Itapecerica da Serra pelo transcurso de seus 129 anos de emancipação política e administrativa e principalmente ao Prefeito Jorge

José da Costa, pela sua administração.

Na sessão solene de ontem também foram homenageados os Deputados

Estaduais Analice Fernandes e Jorge Caruso.

Meus cumprimentos a ambos, na pessoa de Maurício Rocha, representante de Jorge Caruso em Itapecerica da Serra. Deixo nosso abraço a todos os demais assessores do Sr. Jorge Caruso.

Muito obrigado.

147 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Aldo

Rebelo, Presidente.

148 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. REINALDO BETÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. REINALDO BETÃO (PL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero aqui fazer uma manifestação de repúdio às notícias publicadas nos jornais.

Recebi tal informação assim que cheguei a esta Casa. Dirigi-me ao Secretário para pedir cópia da lista em que consta os nossos nomes citados pela Polícia

Federal nessa suposta transação.

Tenho certeza, tal qual a Deputada Juíza Denise Frossard e outros

Parlamentares injustamente citados, de que houve alguma falha na transcrição da lista da Polícia Federal. Consta que o suposto Sr. Darci telefonou para o meu gabinete, falou com a assessora Janaína, a quem solicitou o número do meu telefone celular.

Todos os Parlamentares têm contatos, assessoria e recebem telefonemas de pessoas dos seus Estado ou de qualquer entidade. E, às vezes, elas querem contatar o Deputado. A Janaína informou o número ao Sr. Darci, mas nem sequer foi gravada uma conversa entre nós. Porém fomos citados.

Consta nos jornais o nome dos Deputados citados e, mais abaixo, publicaram pequena matéria que mostra que nem todos os Deputados citados estão envolvidos na situação.

Então, por que divulgaram os nomes dos Deputados? A conversa foi com a

Janaína. Pediram o telefone do Deputado e não houve mais nenhuma conversa.

Quero que esta Casa tome providências e se manifeste sobre o teor da conversa.

149 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Estou nesta Casa exercendo meu primeiro mandato, e meu maior patrimônio

é a minha moral e a minha integridade. Às vezes, os adversários nos Estados pegam os jornais, ampliam as informações, como, por exemplo, “deputados citados”.

Assim como faço parte dos vários Deputados citados que não estão envolvidos em nada, mandei, e ainda mando, verba para a saúde. Fui o Deputado que mais enviou verba para o Estado do Rio de Janeiro.

Quero também fazer uma denúncia. Estive no Ministério e, por causa de 16 centavos, não liberaram um tomógrafo para determinada cidade. Em várias delas, as licitações são realizadas pelos Prefeitos. As emendas são para eles, as Prefeituras têm o poder de fazer licitações e pregões. O papel do Deputado acaba quando indica as emendas.

Vou xerocar o teor da conversa entre Darci e Janaína — quero que chegue às mãos dos meus pares —, em que ele apenas solicita o número do meu telefone celular. Eu nem sequer conversei com o cidadão chamado Darci.

Em nome do meu Estado e dos meus eleitores, quero que fique registrado nos Anais da Casa essa injustiça que a Polícia Federal e esse juiz do Estado de

Mato Grosso está cometendo ao divulgar o nome de pessoas que, às vezes, só perguntaram alguma coisa, mas nem sequer conversaram com o Deputado.

Deixo aqui, portanto, esta manifestação de repúdio.

O Ministério da Saúde precisa saber quais Municípios, quais Prefeituras dependem de equipamentos para salvar vidas, pois as verbas estão lá, conforme aferiu o Tribunal de Contas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - A Presidência pede a atenção do

Plenário para os esclarecimentos que passa a prestar.

Na última quinta-feira, deu entrada na Presidência da Câmara dos Deputados o Ofício nº 532, 2006, do Sr. Jeferson Schneider, Juiz Federal da 2ª Vara do Estado do Mato Grosso.

Tal ofício, “expedido com base nos autos da Medida Cautelar Quebra de

Sigilo nº 2004.4760-6, em que é requerente o Ministério Público Federal”, encaminha

à Câmara dos Deputados cópia da decisão proferida pelo Exmo. Sr. Juiz nos autos supramencionados da manifestação do Ministério Público Federal referentes aos

Deputados Federais relacionados para as providências necessárias.

Esse é o teor do ofício encaminhado pelo Sr. Juiz de Direito da 2ª Vara

Federal do Estado de Mato Grosso.

Em seguida, o ofício apresenta uma lista de 62 Srs. Deputados Federais.

À vista de tais documentos emanados de autoridade judicial contendo referência a Parlamentares, a Presidência decidiu pelo encaminhamento ao Sr.

Segundo Vice-Presidente e Corregedor da Câmara dos Deputados, Deputado Ciro

Nogueira, para exame da documentação.

Este é o procedimento adotado em tais casos, nos termos do que prevê o

Regimento Interno e na mesma linha adotada em situações semelhantes.

Destaque-se que o despacho não oferece qualquer juízo de valor por parte desta Presidência. O Sr. Corregedor, de posse dos documentos, emitirá seu parecer, que solicitei seja elaborado dentro do menor espaço de tempo possível, para análise e decisão da Mesa Diretora, tudo de acordo com o que dispõe o

Regimento Interno da Casa.

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A par dessas providências, a Presidência não poderia deixar de manifestar a sua estranheza em relação a alguns fatos.

A própria decisão do Juiz, para que todos saibam, deixa claro que não há investigação, nem inquérito policial, muito menos qualquer medida cautelar ou processo penal instaurado para investigar autoridades com prerrogativas de foro junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal Regional Federal e que, apenas por uma questão de cautela, já que há menção a nomes de Senador, Deputados

Federais e Prefeitos, entendeu o magistrado por bem informar as autoridades competentes.

O Delegado da Polícia Federal, Dr. Tardelli Cerqueira, por sua vez, esclarece que foram pesquisados e impressos diálogos em que aparecem os nomes das autoridades, não implicando, necessariamente, a informação de culpa ou indícios criminais em relação aos mesmos.

Ontem, no Jornal Nacional, o mesmo delegado esclarece que, recebendo a decisão do Juiz Federal, determinou que o núcleo de inteligência fizesse uma busca, usando a expressão “Deputado”, para ver todos os diálogos que foram selecionados.

Ou seja, num processo investigatório, em que não estão incluídas autoridades com prerrogativas de foro junto ao Supremo Tribunal Federal, buscam-se dados usando a expressão “Deputado”.

Por último, estranheza maior foi ao, pela manhã, folhear os jornais e ver estampada no noticiário matéria que tramita em segredo de Justiça.

A Presidência da Câmara não pode deixar de registrar, estarrecida, que o segredo de Justiça foi rompido para pôr em um mesmo nível, no noticiário, uma lista

152 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 de Deputados Federais envolvidos em uma investigação policial que não foi concluída, em que não houve inquérito, nem há decisão de autoridade judicial.

Por isso, após o trabalho do Sr. Corregedor e da Mesa Diretora, acionarei de imediato e com o mesmo senso de urgência o Sr. Procurador Parlamentar, para que, no foro competente, adote todas as medidas necessárias para resguardar a dignidade e o respeito às prerrogativas constitucionais das Deputadas e dos

Deputados que tenham sido atingidos em sua honra, em razão desses acontecimentos.

Isso não implica proteção aos que eventualmente possam ter-se desviado da sua conduta de representantes do povo.

A Câmara dos Deputados tem de zelar, ao mesmo tempo, pelo decoro e pela conduta, investigando, portanto, e negando qualquer tipo de proteção a quem tem responsabilidade na fuga das suas atribuições e da preservação do decoro parlamentar.

A Câmara dos Deputados e a Mesa Diretora não protegem quem não protege a Casa e não protege quem não protege o interesse público. Da mesma forma, porém, e com a mesma energia, a Mesa Diretora e a Presidência reagirão para proteger a honra e a dignidade daqueles que, representando o povo brasileiro, têm sua honra ameaçada ou enxovalhada pela conduta de quem não sabe separar o joio do trigo.

O Corregedor, naturalmente, apresentará o seu parecer, mas a Presidência antecipa às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados que tiveram seus nomes envolvidos, seja por lobistas, seja por outras pessoas inescrupulosas, que fará tudo o que estiver ao seu alcance para reparar qualquer dano causado e para proteger a

153 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 honra das Sras. Deputadas e dos Srs. Deputados que não tiverem responsabilidade no episódio a que nos referimos.

Portanto, Sras. e Srs. Deputados, reafirmo que solicitei ao Sr. Corregedor agilidade na realização e na elaboração do exame do documento da Justiça Federal, para que a Câmara possa naturalmente esclarecer e se posicionar diante do trabalho realizado pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pelo Sr. Juiz da 2ª

Vara da Justiça Federal do Estado do Mato Grosso.

Ao mesmo tempo, informo que determinei à Diretoria-Geral da Câmara dos

Deputados a abertura de sindicância para apurar a responsabilidade de servidores envolvidos no mesmo processo.

Era o que tinha a dizer, Sras. e Srs. Deputados.

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O SR. JÚLIO DELGADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JÚLIO DELGADO (PSB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, parabenizo a Presidência e a Mesa

Diretora da Câmara dos Deputados pelo posicionamento adotado em relação à investigação destinada a apurar o envolvimento de Parlamentares injustamente acusados. Realmente, como disse V.Exa., é preciso separar o joio do trigo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, certos acontecimentos nos fazem lembrar daqueles torcedores mais apaixonados que vão ao estádio assistir à final do campeonato. O Deputado Maurício e eu, que gostamos tanto de futebol, vimos durante a partida final de um campeonato o torcedor erguer faixa com a seguinte frase: “Eu já sabia”. Ou seja, comemorou a vitória do seu time e manifestou premeditadamente a informação. Pois bem. É assim que me senti ao ler a entrevista do ex-Secretário-Geral do PT Silvio Pereira ao jornal O Globo, edição de domingo.

Já sabia.

Quando, no final de 2005, apresentei o meu relatório ao Conselho de Ética da

Câmara dos Deputados, em que pedia a cassação do mandato do ex-Ministro e ex-Deputado José Dirceu, revelei o que todos já suspeitavam e o que o

Procurador-Geral da República confirmou em sua denúncia ao Ministério Público: o capitão do time do Presidente Lula era chefe de organização criminosa montada para sugar recursos do Estado e perpetuar o PT no poder.

No meu relatório afirmei de forma clara e provei com base em testemunhos e levantamentos de informações que Delúbio Soares, Silvio Pereira e Marcos Valério agiam sob o comando de José Dirceu. Mesmo como homem forte do Governo Lula,

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José Dirceu não deixou de comandar o PT e, apesar de ter o mandato parlamentar cassado, continua atuando no partido clandestinamente.

Não existe roubo sem ladrão; não existe quadrilha sem chefe; não existe crime perfeito, Deputado Francisco Turra. Agora, um integrante confesso da quadrilha que assaltou os cofres públicos confirma o que já sabíamos. Silvio Pereira afirma que Lula, José Dirceu, José Genoíno e Aloizio Mercadante davam as ordens no Partido dos Trabalhadores. E, em mais uma tentativa de inocentar seus chefes, diz que Lula de nada sabia e que José Dirceu se afastou de Marcos Valério em

2004. É mais uma mentira, Deputado Orlando Fantazzini.

Está provado em meu relatório, apresentado em 2005, que Marcos Valério ainda operava em nome do PT, intermediando audiências com a Casa Civil, como a que aconteceu em janeiro daquele ano entre o ex-Ministro José Dirceu e o

Presidente do Banco Espírito Santo. Ele atuava ainda em 2005 em nome do PT e em parceria com o ex-Ministro José Dirceu.

Numa tentativa de desqualificar as declarações do ex-companheiro, chamado carinhosamente de Silvinho, o atual Presidente do PT acusa-o de traidor e louco.

Mas é importante questionar em que momento da entrevista Silvinho está enlouquecido: se na parte em que afirma que Marcos Valério sabe muito mais do que contou e que pode derrubar a República ou se no momento em que tenta eximir de culpa o Presidente Lula.

O ex-Secretário-Geral do PT afirma que existem outros 100 Marcos Valério operando no Governo. É preciso dar nome aos bois. É preciso investigar a fundo essa cooptação política. O PT optou por esconder a sujeira embaixo do tapete, por retirar o sofá da sala, punindo apenas Delúbio Soares e Silvio Pereira. É pouco. A

156 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 sociedade brasileira exige mais. Nós, que lutamos corajosamente para resgatar a dignidade desta Casa, exigimos mais. Não aceitamos que as coisas fiquem como estão e que todos os políticos sejam colocados no mesmo saco. Joio é joio. Trigo é trigo.

Ontem, o Corregedor desta Casa arquivou mais uma denúncia feita por um petista levianamente contra aqueles que foram incluídos na suposta e falsificada

“Lista de Furnas”. O que acontecerá com esse Parlamentar? Ele julgou vários

Parlamentares de forma equivocada, a exemplo do que ocorre hoje em relação a colegas incluídos numa lista por mera citação.

Não podemos admitir que essa lama seja jogada no Congresso Nacional. A cada momento surge mais um escândalo que contamina todos nós. O caso das emendas parlamentares destinadas à compra de ambulâncias não pode se transformar numa crise que iguala todos os Parlamentares. Não somos todos iguais.

A Operação Sanguessuga desencadeada pela Polícia Federal deve ir fundo nas investigações, com racionalidade e acima de tudo com responsabilidade, para que sejam punidos os envolvidos, mas sem envolver injustamente Parlamentares citados apenas por terem apresentado emendas, mesmo que não tenham sido liberadas.

Desde 2004 o Ministério do Planejamento exige que 30% dos recursos das emendas parlamentares sejam alocados para a área de saúde. É preciso investigar a motivação de tal exigência.

Além disso, devemos repensar o modelo de funcionamento da Comissão

Mista de Orçamento, no sentido de criarmos nova maneira de tratar desse assunto no Congresso Nacional.

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Mais uma vez a Câmara dos Deputados é obrigada a agir para separar o joio do trigo. Mas, como já foi provado no caso dos Deputados mensaleiros, a punição dos envolvidos só será possível com a adoção do voto aberto na votação de pedidos de cassação de mandatos. Estamos nessa luta pela transparência do voto para que os cidadãos brasileiros tenham o direito de saber como votam os seus representantes. Só assim esta Casa estará sintonizada com a opinião pública, a quem devemos o nosso mandato e para quem temos o compromisso de trabalhar e de dar satisfação.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Júlio Delgado, assumem

sucessivamente a Presidência os Srs. Dr. Rosinha, § 2º

do art. 18 do Regimento Interno, e Inocêncio Oliveira, 1º

Secretário.

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O SR. PEDRO FERNANDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de me pronunciar a respeito desse

último escândalo que a Câmara dos Deputados está assistindo, referente às ambulâncias.

Há muito tempo, venho sugerindo aos Ministérios que não atuam com a CEF que é necessário que tenham nos Estados alguém que acompanhe, cobre, fiscalize a boa aplicação dos recursos.

Por isso defendo a administração da CEF na aplicação dos recursos.

Dificilmente um recurso aplicado pela Caixa Econômica dá problema.

Defendo inclusive convênios com o CREA, a CEF e parcerias com o BB e o

Banco do Nordeste, para que os recursos que conseguimos com sacrifício na

Comissão Mista de Orçamento sejam devidamente aplicados.

Quero dizer mais. Muitos Prefeitos não gostam dos recursos quando são da

Caixa Econômica porque lá realmente há exigência e acompanhamento definitivo na aplicação do dinheiro.

A solução não é mudar a Comissão Mista de Orçamento, mas fazer convênios. O Ministério da Saúde fica em Brasília, com seus lobistas e funcionários querendo aplicar nos Estados, quando temos a capilaridade de agências do Banco do Nordeste, do Banco do Brasil e da própria Caixa Econômica, que vem fazendo um belo serviço. É só verificar. O Ministério das Cidades tem aplicação de toda ordem e o Ministério do Turismo faz uma boa aplicação por intermédio da CEF.

159 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Portanto, Sr. Presidente, os recursos da FUNASA deveriam ser repassados imediatamente para um agente financeiro como a Caixa Econômica, para que aquela instituição pudesse aplicar os recursos e fazer o devido acompanhamento.

Muito obrigado.

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O SR. MAX ROSENMANN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAX ROSENMANN (PMDB-PR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, lamentavelmente, muitos setores da vida nacional, em especial do Governo Federal, permanecem paralisados por conta da crise do mensalão e das denúncias de corrupção que já duram mais de 1 ano e voltaram nos últimos dias às manchetes, por conta de declarações do ex-Secretário-Geral do PT Silvio Pereira.

Mas um outro Brasil, longe dos escândalos e da irresponsabilidade, continua trabalhando de sol a sol para que o País avance e possa atender às necessidades de seu povo.

Posso dizer com satisfação que, como Parlamentar que representa o Paraná, apesar de todas as dificuldades, tenho tido a felicidade de continuar realizando muito pelo nosso Estado, com a ajuda das lideranças e comunidades que nos apóiam, levando recursos para obras e projetos de fundamental importância para a vida dos paranaenses.

Recentemente, mais uma luta de praticamente 2 décadas do setor de transportes no Paraná finalmente começou a ter um desfecho feliz graças ao nosso empenho e ao apoio político que conquistamos.

Trata-se da pavimentação da BR-153, conhecida como Rodovia

Transbrasiliana, cuja retomada das obras foi garantida pessoalmente a este

Parlamentar pelo Ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Oliveira Passos, em reunião no último dia 27, em Brasília, que contou também com a presença do

Prefeito de Tibagi, Sinval Ferreira da Silva.

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A BR-153 é o segundo mais importante corredor rodoviário de ligação das

Regiões Norte e Nordeste com a Região Sul do País.

A rodovia é a única a fazer o trajeto pelo interior do Brasil.

Também conhecida como Rodovia Belém—Brasília, ela corta todo o Brasil, passando pelos Estados do Pará, do Tocantins, de Goiás, pelo Distrito Federal, pelos Estados de Minas Gerais, de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina, terminando no sul do País, em Aceguá, no Rio Grande do Sul.

No Paraná, as obras na Transbrasiliana permaneciam sem conclusão desde a década de 60, quando foi iniciada a construção do primeiro trecho.

A rodovia cruza o Estado desde Jacarezinho, no Norte Pioneiro, até General

Carneiro, na divisa com Santa Catarina, no sul do Estado.

Para pôr fim a essa espera, o Ministro garantiu-nos a liberação dos recursos para o asfaltamento do trecho de 80 quilômetros da rodovia entre Ventania e Alto do

Amparo (Tibagi).

Já estão garantidos cerca de R$25,5 milhões para o reinício das obras, sendo que R$10 milhões foram alocados no Orçamento da União e mais R$15,5 milhões através de emenda da bancada paranaense.

A conclusão do asfaltamento dessa rodovia é uma conquista que buscamos incessantemente há 20 anos. É uma das mais antigas reivindicações do Paraná no setor de rodovias, que finalmente vai sair do papel.

A contrário de anos anteriores, quando mesmo com os recursos reservados a obra ficou paralisada, desta vez não há risco de que as obras não sejam retomadas.

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Desta vez, o próprio Ministro assumiu um compromisso com a população paranaense. Ainda em maio, será emitida a ordem de serviço e as máquinas voltarão ao trecho.

Destacamos ainda o apoio e a participação do Governador Roberto Requião no esforço para reativar a obra.

A liberação dos recursos para a Transbrasiliana representa mais uma importante vitória para melhorar a infra-estrutura de transporte terrestre no Estado, garantindo condições para o desenvolvimento econômico do Paraná.

Recentemente, foi concluído o asfaltamento da BR-476, no trecho entre

Bocaiúva do Sul e Adrianópolis, conhecido como Estrada da Ribeira, e que também foi resultado de uma luta de quase 20 anos liderada pelo Deputado.

Com a pavimentação do trecho, a região do Vale do Ribeira, que se havia tornado uma das mais pobres do País por conta do isolamento, hoje vive uma situação de pleno emprego e crescimento econômico.

Também nesse caso, participamos desde o início da luta para que a Estrada da Ribeira fosse asfaltada, resgatando uma dívida social que o País tinha com a população da região.

Na semana passada, tivemos ainda a alegria de participar ao lado do

Governador Roberto Requião da inauguração das obras do trecho de 54 quilômetros da PR-092 — Rodovia Gertrudes Manguer da Rosa, que liga as cidades de Rio

Branco do Sul e Cerro Azul, outra antiga reivindicação da população do Vale do

Ribeira.

163 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

As obras integram definitivamente as 7 cidades que compõem o Vale da

Ribeira com a divisa de São Paulo e com as cidades da Região Metropolitana de

Curitiba.

Mas nosso trabalho para melhorar as condições de vida e dar ao Paraná os instrumentos necessários para o desenvolvimento econômico e social não pára.

Uma das nossas próximas prioridades é buscar a retomada das obras na

Rodovia Boiadeira (BR-487), no noroeste do Estado, que a exemplo da

Transbrasiliana permanece sem conclusão.

É assim, com muita determinação, trabalho, dedicação e senso de justiça, que buscamos honrar o voto que recebemos e que nos deu a condição de representar o Paraná e o Brasil nesta Casa, com a mente e o coração voltados para a construção de um país mais feliz, mais digno e com oportunidades para todos os brasileiros.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu pronunciamento no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. FRANCISCO TURRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO TURRA (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não gosto, sinceramente, de falar de crise no País. Gostaria de ver e de falar de um país em desenvolvimento, em crescimento, gerando empregos, exportando. Mas, andando pelo Brasil, especialmente pelo meu Estado, constatei uma crise que se avoluma do ano passado para cá, especialmente em alguns setores exportadores, como a indústria têxtil, a calçadista, a de máquinas e naturalmente os setores envolvidos com o agronegócio.

Observamos aumento do desemprego, queda de renda e, mais do que tudo,

Sr. Presidente, empresas que hoje estão repensando suas plantas industriais, algumas fechando as portas para transferir-se para a Argentina e até para a China.

Fico profundamente preocupado quando uma indústria coureiro-calçadista fecha uma unidade, desempregando 800 brasileiros, ao mesmo tempo pensando em abrir filial na China para importar calçado e sobreviver. O setor moveleiro também vive um drama. Esse é o quadro atual. Defasagem cambial; política de juros ainda elevada, o que atrai dólares aos montões; especuladores; sangria da nossa riqueza.

Estamos perdendo fôlego industrial.

Já vi esse filme no Plano Cavallo, em outros países, e não gostaria que ele nos apanhasse não de surpresa, mas sem reação.

Amanhã, estarão aqui mais de 2.500 desempregados da indústria calçadista, para protestar veementemente contra a oportunidade de trabalho que perderam. É lamentável, Sr. Presidente.

165 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Movimentos do agronegócio se desencadeiam em todo o Brasil. Uma indústria sólida ontem, hoje está fragilizada; o produtor está descapitalizado, empobrecido, perdeu renda e está pagando para trabalhar. Temos de rever esse quadro.

Lamentavelmente, os números às vezes impressionam. Então, perguntamos: mas como, se continuamos a exportar no mesmo nível, se temos saldo na balança?

Vejam V.Exas. que não é o setor produtivo como um todo, mas alguns segmentos, como, por exemplo, o de minérios, que estão exportando, gerando saldo.

Segmentos geradores de emprego e renda, como as indústrias têxtil, moveleira, calçadista, que se aparelharam, descortinaram mercados, estão perdendo fôlego, e se trata de mercados que não recuperaremos em 1 dia.

Então, a área econômica, como um todo, deveria repensar essa situação.

Não quero que se crie nada artificial, mas que se pergunte se a taxa SELIC tem razão para continuar em níveis estratosféricos. Não. Os juros não podem continuar tão elevados neste País. Quanto à tributação, por exemplo, não votamos a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, continuamos fazendo vista grossa. Isso não é possível.

Sr. Presidente, está na hora de prestarmos atenção ao protesto de amanhã, aos movimentos de todos os dias, já que todos eles mostram o Brasil real.

166 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. COLBERT MARTINS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. COLBERT MARTINS (PPS-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, funcionários, registro a ida, ontem, ao

Plenário da Câmara de Vereadores de Salvador, da Comissão Mista que discute o salário mínimo, presidida pelo Deputado Jackson Barreto. O Relator, nobre Senador

Paulo Paim, a Senadora Heloísa Helena, o Deputado Federal Daniel Almeida e eu estivemos presentes.

Sr. Presidente, lá, durante toda a tarde e princípio da noite de ontem, vários segmentos representativos da comunidade soteropolitana e várias representações de classe fizeram observações, as mais claras e judiciosas, com relação a termos uma política nacional que não permita mais, como se faz hoje, que uma medida provisória defina o valor do salário mínimo. A MP está trancando a pauta, e, se não for aprovada nos próximos 30 dias, poderá haver uma reversão: em vez do valor de

350 reais para o salário mínimo, ele retornará a 300 reais.

O PPS, Sr. Presidente, está disposto a votar. Estamos no plenário, sem obstruir, embora às vezes discordemos das matérias. Votamos tudo que entendemos precisa ser votado. E um dos nossos objetivos é votar a medida provisória que regula o novo salário mínimo. Outro é termos o voto aberto em

Plenário. Estamos prontos para votar.

Ontem, na Câmara de Vereadores, discutimos a respeito do último aumento concedido aos funcionários públicos do Estado da Bahia. O Governo Estadual conseguiu fixar soldos de policiais militares e civis e salários de agentes penitenciários e de agentes administrativos de várias áreas — inclusive da

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Universidade de Feira de Santana, da qual tenho a honra de ser professor — menores do que o salário mínimo. Ontem, na discussão, exigimos, além do estabelecimento de uma política de salário mínimo, clara punição para quem fixar remunerações abaixo do salário mínimo para pessoas que arriscam todos os dias a vida. Policiais militares, soldados e subtenentes recebem soldos menores do que o salário mínimo, bem como os policiais civis até o terceiro nível, pessoas que estão há mais de 10 anos na profissão. Dos 4 níveis de agentes penitenciários, 3 recebem abaixo do salário mínimo. Revoltas acontecem todos os dias.

Essas pessoas estão nas ruas para nos defender. No entanto, quando há qualquer tipo de dificuldade — na Bahia, o salário básico é muito baixo, o que se pendura é uma barbaridade —, na hora em que as pessoas mais precisam, no caso de lesões, por exemplo, não conseguem o mínimo de dignidade.

Sr. Presidente, registro com alegria a presença da Comissão e o anseio do

PPS por uma clara política nacional de salário mínimo.

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O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PDT-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro desta tribuna o 97º aniversário do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas — DNOCS.

Ontem, na cidade de Palmeira dos Índios, no agreste de Alagoas, tive a oportunidade de participar da comemoração.

Saúdo o Diretor-Geral do DNOCS, Dr. Eudoro Santana, que hoje participa, na

Comissão de Trabalho desta Casa, da discussão do PCCS dos funcionários do

órgão.

Sr. Presidente, o DNOCS vive hoje um grande paradoxo. De um lado, é fundamental reconhecer que nos últimos 3 anos realizou grandes reestruturações nas suas sedes e retomou seus investimentos. Tem trabalhado ativamente no meu

Estado na recuperação de barragens e açudes e na perfuração de poços artesianos e está construindo uma grande estação de piscicultura para a produção de alevinos, a qual vai abastecer todos os açudes do semi-árido de Alagoas.

Sr. Presidente, de outro lado, os servidores do DNOCS vivem hoje um momento de crise total, pois a instituição é a que pior remunera os servidores no

País. Temos um Plano de Carreiras, Cargos e Salários, Deputado João Fontes —

V.Exa. foi um dos autores do requerimento que culminou na audiência pública de hoje — dormindo no Ministério do Planejamento, sem receber a menor atenção do

Governo Federal.

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Vários Deputados do Nordeste, do Ceará, de Sergipe, de Alagoas, estavam na audiência pública. E, para nossa surpresa, o Ministro do Planejamento, infelizmente, não compareceu, frustrando a expectativa dos funcionários do DNOCS.

Parabenizo esses servidores e os Deputados da Comissão do Trabalho. A responsabilidade de organizar uma comissão é do Deputado José Pimentel, presente neste plenário. Precisamos efetivamente iniciar a negociação com o

Governo Federal, para que esses servidores sejam de uma vez por todas valorizados.

Deputado João Fontes, a demanda sempre será muito maior do que a previsto no Orçamento. Obviamente, é preciso que o Governo estabeleça prioridades, senão os funcionários do DNOCS continuarão recebendo um salário de miséria. Um servidor de nível médio recebe pouco mais de 300 reais; um diretor administrativo e financeiro, 800 reais; um coordenador regional, cargo de grande responsabilidade, pouco mais de mil reais. Isso é um convite à baixa produtividade e

à corrupção. É fundamental que o Parlamento se posicione e se mobilize para podermos resolver essa situação.

Parabéns, Deputado, pela iniciativa! Parabéns, servidores do DNOCS, pelo

97º aniversário da instituição!

170 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. CARLOS BATATA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS BATATA (PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna para tratar de um assunto importante. A Casa precisa reparar a interferência do Supremo Tribunal Federal nas eleições de 2004. Naquela época, esta Casa ainda não tinha uma lei que efetivamente permitisse que cada Câmara Municipal tivesse uma representação de acordo com a população.

Na realidade, hoje, há uma diferença no Parlamento municipal: Municípios com 900 habitantes possuem 9 Vereadores e Municípios com 180 mil habitantes, apenas 12 Vereadores. A sociedade não está representada de forma proporcional.

E o que houve? A decisão do Supremo fez surgir marajás em alguns

Municípios. A despesa nas Câmaras Legislativas continua a mesma, mas a representação popular diminuiu, como ocorreu na cidade do Cabo, no Estado de

Pernambuco.

Todos os partidos, sem exceção, assinaram a urgência urgentíssima da PEC nº 333, que vai reparar o casuísmo que ocorreu em 2004. Peço aos integrantes da

Mesa, ao colega pernambucano Deputado Inocêncio Oliveira, que também assinou a urgência urgentíssima, e ao Presidente da Casa, Deputado Aldo Rebelo, a sensibilidade para colocar em votação essa matéria nesta semana ou, no máximo, na próxima.

No passado, de forma casuística, sem nenhum parâmetro, uma decisão prejudicou aqueles políticos que não assumiram seus cargos e a sociedade, que deixou de ter representantes. Muito obrigado, Sr. Presidente.

171 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. LUIZ SÉRGIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, tem crescido no Brasil, de forma justa, uma campanha pela transparência nas eleições, com o objetivo de que a sociedade acompanhe esse processo e faça uma renovação no quadro dos políticos para acabar com o abuso do poder econômico.

Tudo isso é muito importante, mas essas pressões estão voltadas principalmente para o Legislativo. Seria bom que a ONG Transparência Brasil e todos aqueles que estão muito envolvidos nessa campanha também acompanhassem a quantidade de processos originários da legislação criada para combater o abuso do poder econômico nas eleições que ainda estão na Justiça.

Vou dar o exemplo de Município de Conceição de Macabu. A legislação diz muito claramente que o Prefeito, durante um período, não pode fazer licitações, mas ele fez; que não pode contratar funcionários, mas ele contratou; que não pode doar materiais, mas ele doou materiais de construção, licitados num período em que não podia licitar. O que fica evidenciado de forma muito clara é que houve abuso de poder na eleição.

A candidata que perdeu as eleições, por uma pequena diferença, recorreu. Na

Justiça, o processo foi indeferido, como se as provas materiais não evidenciassem que aquele Prefeito teria a obrigatoriedade de perder o mandato. E o pior é que esse processo, que se encontra no Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de

Janeiro, nem sequer foi mandado para uma instância superior, para que a pessoa pudesse pedir revisão da sentença.

172 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Quero, de forma clara, dizer que deve ser feita pressão sobre os políticos.

Deve-se exigir transparência na doação de recursos. As entidades que estão pressionando os políticos, principalmente a Transparência Brasil, precisam fazer um levantamento de quantos processos relativos a eleições não foram julgados no

Brasil. Ou seja, não basta que haja legislação, é necessário que se chegue ao final dos processos. O que não pode continuar ocorrendo é que um processo só seja concluído no término do mandato do Prefeito.

Essa pressão deverá cair sobre outras instâncias, para que essas legislações entrem realmente em vigor.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

173 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao ilustre Deputado Edinho Bez, que disporá de até 3 minutos na tribuna.

O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem, o Presidente Lula voltou a garantir que não haverá aumento do preço do gás natural para os consumidores ou para as empresas brasileiras, destacando que os contratos prevêem que os aumentos só podem acontecer a cada 5 anos.

Eu e o povo brasileiro temos nossas dúvidas quanto às palavras do

Presidente, tendo em vista seus antecedentes, o que dispensa maiores comentários.

O Presidente da PETROBRAS declarou que não pretende negociar reajuste com a Bolívia — concordo —, mas sem segurança ainda, haja vista as últimas notícias no sentido de que está claro que falta contundência aos nossos representantes.

Em Santa Catarina, a maior prejudicada quanto à questão do gás será a indústria cerâmica.

Frise-se que o Brasil é comprador do petróleo boliviano. Conseqüentemente, paga imposto e gera emprego. A PETROBRAS é responsável por 15% do PIB boliviano. Se deixássemos de comprar o gás, a Bolívia não teria onde armazenar a produção. E não tem condições de abrir mão dessa receita, uma vez que sua economia se baseia na exportação de gás para o Brasil e de estanho para os

Estados Unidos e na produção de coca.

A Bolívia está beneficiada com as importações brasileiras, com os investimentos da PETROBRAS. Por isso, pedimos atenção e competência ao

Governo Federal, pela relevância do tema, enquanto aguardamos novas posições,

174 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 para passar tranqüilidade ao povo brasileiro, que desacredita na forma como o

Governo tem se comportado diante da situação — dizendo, por exemplo, que é um direito da Bolívia brigar, defender seus recursos naturais. Isso quem tem de dizer é ela. Nós temos de exigir o cumprimento do contrato.

A expectativa dentro do Ministério de Minas e Energia — tenho conhecimento de que o Ministro está se esforçando — é que na reunião de amanhã, em La Paz, o

Governo boliviano apresente formalmente sua proposta de preço para o gás natural, exigindo do Governo brasileiro mais determinação e eficácia nas negociações.

Vamos exigir o cumprimento da lei por parte da Bolívia, apesar da intoxicação ideológica. Os brasileiros não podem e não devem pagar por isso.

Aproveito a oportunidade para repisar o que venho dizendo: está na hora de olharmos para nossas fontes domésticas. Temos a alternativa do carvão nacional, que pode atender às questões de segurança energética, baixo custo de energia e compatibilidade ambiental e tem reserva para mais 200 anos, no mínimo.

Era o que tinha a dizer.

175 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, no final da semana passada, a imprensa brasileira divulgou o resultado da Operação Sanguessuga, da Polícia

Federal.

Observei atentamente a lista de nomes dos assessores, principalmente dos

Parlamentares acusados de envolvimento na fraude. Veio a minha mente o que ocorre na CPMI dos Correios, em que alguns, na ânsia de serem os donos da verdade, como se fossem repletos de moralidade e ética, trouxeram a público nomes de pessoas contra as quais, depois das investigações, absolutamente nada foi provado. Essa era a prática dos Deputados Rodrigo Maia e Eduardo Paes, principalmente, que se fartaram de tecer acusações contra pessoas cujos nomes não constam do relatório final da Comissão.

Não quero dizer que a lista divulgada recentemente seja autêntica, mas ela tem de ser investigada. Como se sentiram os denunciados que citei, contra os quais, depois, não se provou nada? Provavelmente como se sentem os que constam da relação de nomes apresentada pela Polícia Federal, após a Operação Sanguessuga. Devemos tomar certos cuidados na vida pública. Acusação deve ser feita somente com fortes indícios. É importante termos essa compreensão. Tanto essa lista quanto outras que poderão surgir devem ser investigadas a fundo. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esse tipo de operação só tem sido possível nos últimos 3 anos porque a Polícia Federal tem liberdade para trabalhar, o que, no Governo anterior, não tinha. Ela investiga como se deve investigar. Aqueles que acusarem em vão sentirão na pele as conseqüências.

176 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JOÃO FONTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO FONTES (PDT-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Vereadores aqui presentes, na luta pela aprovação de PEC que restabelece o que é de justiça (palmas nas galerias), porque

é um grande equívoco restringir a participação parlamentar em nome da redução de custos nas Câmaras Municipais, o que não existiu. Esse é um grande engodo passado para a opinião pública, que hoje é contra todos os políticos — um grande engano, porque o povo brasileiro deve ser contra os políticos corruptos (palmas nas galerias), contra essa quadrilha montada pelo PT para saquear os cofres públicos.

Agora, um dos ex-Secretários do partido, um daqueles que fazem parte da trinca forte da República, Silvinho “Land Rover” Pereira, abre a boca e conta tudo.

Imaginem! A cúpula do PT procura desqualificá-lo dizendo que está doido. No passado, esse louco era quem nomeava Ministro, visitava Ministérios para liberar recursos, era o interlocutor do Planalto que fiscalizava a ficha das pessoas indicadas para a administração pública. Hoje, Ricardo Berzoini, ex-Ministro do Trabalho que massacrou os aposentados na Previdência, diz que ele está delirando e que é um traidor do partido. É uma atitude usada no regime militar e na época de Hitler — quando alguém denunciava, desmascaravam o denunciante.

Silvinho Pereira traz à tona o que todos já sabiam: quem manda no PT?

Presidente Lula; quem manda no PT? José Dirceu; quem manda no PT? A eminência parda — a Rainha da Inglaterra — José Genoíno; quem manda no PT?

Marcos Valério, aquele carequinha que ia arrecadar mais de 1 bilhão de reais.

177 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Srs. Vereadores, o que o povo brasileiro quer é ver esse pessoal na cadeia, e não a cassação do mandato dos Vereadores — tiraram seu direito de concorrer na

última eleição, diminuindo a representação popular. (Palmas nas galerias.)

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência informa, sobretudo aos legítimos representantes do povo nos Municípios, a quem recebe com muita honra na Casa, que é proibido manifestação nas galerias, favorável ou contrária à matéria ou ao pensamento do orador na tribuna. Sentimo-nos honrados com a presença, mas o Regimento Interno é claro: é proibido manifestar-se nas galerias.

Retorno a palavra ao ilustre Deputado João Fontes.

O SR. JOÃO FONTES - Sr. Presidente, requeiro o tempo que me foi estabelecido, já que V.Exa. é extremamente democrático e, com certeza, favorável ao pleito dos Srs. Vereadores.

Povo brasileiro, imagine 1 bilhão de reais desviados da merenda escolar, da recuperação de estradas, dos hospitais, da segurança pública, do leite das crianças pobres. Trata-se de uma quadrilha montada, chefiada, sim, agora dito pelo ex-Secretário-Geral Silvio Pereira, que precisa de garantia de vida.

Digo isso porque no PT é assim, basta alguém confessar alguma coisa para nos lembrarmos de Celso Daniel e de Toninho, de Campinas. Como disse acertadamente Roberto Jefferson, que não é paradigma para ninguém, pois fazia parte da quadrilha, o PT não tem coração. Essa gente só sabe usar as pessoas.

Usam enquanto precisam e depois as jogam na lata de lixo.

Agora, o pobre do Silvinho não presta mais. Tarso Genro, que não quis ser

Presidente do PT, que em setembro do ano passado dizia não ver motivação alguma para o povo brasileiro votar novamente no PT, é hoje Ministro de Lula,

178 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 homem forte e coordenador político, e diz que Silvinho está delirando, que suas afirmações de nada valem.

Ora, Sr. Presidente, Lula dizia que a Roberto Jefferson dava um cheque em branco e dormia tranqüilo.

Espero que o povo brasileiro reflita melhor, com serenidade, porque um segundo mandato do Presidente Lula significa a supressão de direitos dos trabalhadores e dos aposentados, significa a entrega do País.

O povo quer o fim da impunidade e na cadeia o Ali Babá e os seus 400 ladrões.

Obrigado.

179 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. DARCÍSIO PERONDI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma boa notícia: a assembléia geral dos credores da VARIG, realizada hoje pela manhã, no Rio de Janeiro, aprovou o plano de recuperação judicial. Dessa assembléia participaram os 5 maiores credores e mais os trabalhadores da VARIG.

O primeiro plano aprovado foi o de ter uma VARIG operacional. Haverá um leilão judicial a interessados, com valor mínimo de 860 milhões de dólares. As empresas do Governo votaram a favor desse projeto, que os trabalhadores da

VARIG defendiam, com apoio de uma consultoria recuperadora de empresas. Um detalhe: esse plano não permite o fatiamento da empresa. Havia uma proposta para a VARIG internacional e para a VARIG doméstica. A VARIG internacional ia ficar sem nada. Era como se o Ronaldinho não tivesse as pernas. O primeiro plano aprovado foi o da VARIG operacional. Os credores confirmaram e acreditaram. O

BNDES fará um empréstimo-ponte, antes do leilão, que deve ocorrer dentro de no máximo 60 dias.

A Fundação Ruben Berta, uma das responsáveis, nos últimos 10 anos, pela crise da VARIG, entrega esta semana todas as ações para o grupo nomeado pelo

Juiz Ayoub, o responsável pela recuperação judicial da empresa. Ele está muito feliz com essa decisão.

Frente a este fato, Sr. Presidente, já que 2 dos 5 credores — a INFRAERO e a BR — votaram pela aprovação desse plano, não há mais nenhuma dificuldade.

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O Governo custou para entender, mas entendeu, que a VARIG é uma marca forte e que ele próprio devia a ela. A VARIG voava apesar da crise e de o Governo estar de portas fechadas para ela. Agora, não há mais nenhum obstáculo.

A INFRAERO já aceitou dar 5 meses de prazo à VARIG, e a BR, 60 dias de carência para o fornecimento do querosene. Ela já faz isso com as outras empresas.

O importante é passar aos clientes, a todos os brasileiros e aos credores que hoje a VARIG deu um grande passo. Ela vai continuar voando. Que bom que o

Governo conseguiu entender a importância dessa empresa.

Parabéns, trabalhadores da VARIG e povo brasileiro!

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência tem o prazer de anunciar a presença, nas galerias do plenário, dos Srs. Suplentes de Vereadores de todo o Brasil, do Movimento em Defesa dos Vereadores, que vieram a Brasília em defesa da PEC nº 333, de 2004.

A Presidência os saúda em nome da Mesa Diretora, comandada pelo

Presidente Aldo Rebelo. É com satisfação que os recebemos na Casa. Esta é a

Casa do povo, é a Casa de vocês. O Legislativo Municipal também representa o povo de seus Municípios. (Palmas.)

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O SR. CARLOS NADER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS NADER (PL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente, quero cumprimentar os suplentes de Vereador presentes neste plenário. Parabéns aos senhores pela presença em

Brasília. Sejam bem-vindos. Podem contar com nosso apoio, juntamente com o do

Presidente Inocêncio Oliveira. (Palmas.)

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, venho à tribuna partilhar com esta Casa problema já abordado por tantos especialistas e muitos colegas: o alcoolismo entre a juventude brasileira.

Os dados dos 2 últimos feriados são alarmantes: o número de jovens vítimas de acidentes de trânsito foi 2 vezes maior do que no mesmo período no ano anterior, e as vítimas estavam dirigindo alcoolizadas.

Como ressaltam os especialistas, quanto mais cedo começa a ingestão do

álcool, mais cedo a pessoa se tornará dependente. No início, um copo de cerveja provoca num garoto ou garota de 13, 14 anos, uma leve sensação de bem-estar. Em poucas semanas, ela já precisará, para sentir a mesma sensação, de três ou quatro copos, e assim por diante, até chegar a um grau de dependência que o fará se embriagar diariamente.

Os jovens motoristas, insistem em dizer que ingeriram quantidade muito pequena de álcool e em nada afetará seus reflexos à direção.

É preocupante quando se vê meninos que ainda estão em fase de crescimento com copos de cerveja nas mãos. Depois, começa o contato com outras

183 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 bebidas, ainda mais fortes, as destiladas, como a cachaça e o uísque. A procura por centros de tratamento de dependentes químicos é crescente em todo o País.

O alcoolismo, como qualquer diagnóstico psiquiátrico, é estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconheça o próprio estado de dependência alcoólica é exigir dela forte quebra da auto-imagem e, conseqüentemente, da auto-estima.

Com a auto-estima enfraquecida a pessoa já não tem a mesma disposição para viver e, portanto, lutar contra a própria doença. É uma situação paradoxal para a qual não se obteve solução satisfatória. Dependerá da arte de conduzir cada caso particularmente; dependerá da habilidade de cada profissional e de cada dependente.

Aliás, são os profissionais que explicam: a identificação precoce do alcoolismo quase sempre é prejudicada porque o paciente se nega a aceitar sua condição de dependente. Quando o diagnóstico é evidente e o paciente concorda em se tratar é porque já se passou muito tempo, e diversos prejuízos foram consumados. Então, é claro, será mais difícil reverter-se o processo.

Portanto, combater o alcoolismo é tarefa de todos. Desestimular a juventude ao consumo do álcool é primordial. Fiscalizar a venda e punir aqueles que desrespeitam a lei, ainda mais. Não é possível que fiquemos assistindo a um número cada vez maior de brasileiros, na sua fase de formação, entregues ao consumo desmedido de álcool, com resultados nefastos no futuro.

Muito obrigado.

184 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. GONZAGA PATRIOTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, desejo apenas apresentar projeto de lei que poderá resolver o problema relativo a mototáxi no Brasil. O meu projeto é sobre triciclo.

Em muitos países da América Latina o triciclo é usado como transporte alternativo.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

185 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ALMIR SÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALMIR SÁ (PL-RR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, diante de tanta notícia ruim, do confisco dos bens da PETROBRAS na Bolívia, do escândalo das ambulâncias, das declarações bombásticas do ex-Secretário-Geral do PT, da greve de fome do ex-Governador

Garotinho, das disputas eleitorais, o País, a mídia, o Parlamento, o Governo e a sociedade não estão dando a devida atenção a uma crise muito mais grave e com conseqüências muito mais danosas no curto prazo. Estou falando, senhoras e senhores, da crise no campo, da situação de insolvência dos produtores rurais e da paralisação das atividades em vários Estados.

Já disse aqui, desta mesma tribuna, que, se nada fosse feito, em menos de 2 anos o Brasil, ou melhor, o celeiro do mundo, seria obrigado a importar comida, com repercussões na taxa de inflação, no superávit primário e na alta dos juros, enfim, o mesmo círculo vicioso que vivemos há mais de uma década.

Depois disso o Governo anunciou um pacote que, para a platéia, foi vendido como a salvação do setor. Dissemos e repetimos que não era suficiente. A

Confederação da Agricultora e Pecuária do Brasil — CNA disse que a renegociação da dívida proposta pelo Governo não resolveria os problemas do campo, a bancada ruralista repetiu o alerta neste Parlamento, e o Governo prometeu novas medidas de socorro para os próximos dias. Mas onde estão elas? Será que o Brasil que precisa comer e que precisa exportar pode esperar? Esperar que o Presidente Lula resolva os problemas com seu “companheiro” Evo Morales? Esperar que seja contornada a crise criada pelo partido governista? Esperar que o Presidente consiga a sua

186 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 reeleição para, só então, olhar para o setor que é responsável pelos sucessivos saldos positivos na balança comercial e que transformou o País em fenômeno mundial na produção de alimentos?

A situação, hoje, é a seguinte, Sras. e Srs. Deputados: agricultores desesperados estão bloqueando estradas em 8 Estados, não por acaso os maiores produtores de alimentos — Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Paraná,

Tocantins, Rondônia e São Paulo. Protestam contra o câmbio irreal, contra o alto preço do diesel e contra o endividamento estratosférico, decorrente das mais altas taxas de juros do planeta, não custa repetir.

Esses bloqueios barram a passagem de caminhões e impedem a chegada dos produtos agrícolas, principalmente a soja, aos portos. O problema de abastecimento já é crítico em Mato Grosso e deve se disseminar pelo País. Os armazéns de soja e fábricas de processamento de grãos estão parados. As grandes indústrias multinacionais do setor estão bloqueadas.

Só em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul mais de 50 cidades, antes pólos de prosperidade, estão simplesmente paradas. Em Rondonópolis, na semana passada, a fila tinha mais de 5 mil caminhões parados, interrompendo toda a cadeia produtiva.

Diante desse cenário trágico, digam-me, Sras. e Srs. Deputados, qual foi o pronunciamento do Governo. Se bem sei, o Presidente Lula, alheio a tudo o que acontece à sua volta e sempre sem saber de nada, passou o fim de semana em um sítio de Minas. Pelas fotos mostradas na imprensa, parecia pouco preocupado com a situação do País que pretende governar por mais 4 anos.

O que os produtores rurais reivindicam com esses protestos espalhados por todo o País? A renegociação das dívidas com juros mais baixos, redução da CIDE e

187 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

COFINS do óleo diesel, programas de combate à ferrugem asiática, alteração da política cambial e regulamentação do seguro agrícola. São essas as demandas apresentadas ao Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. E o Ministro, que tem consciência da gravidade da situação, ao invés de prestigiado, foi isolado dentro do

Governo, onde setores importantes o vêem com mero representante do empresariado rural. Não reconhecem a importância que tem o agronegócio para o

País. Está agendada para o próximo dia 16 uma reunião de 12 Governadores com o

Presidente Lula. Será que S.Exa. vai dizer, mais uma vez, que não sabia de nada?

Sras. e Srs. Deputadas, nem mesmo entramos aqui no mérito da infestação de febre aftosa, também conseqüência da falta de ação do Governo e que derrubou as exportações de carne; não entramos no mérito das invasões de propriedades produtivas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, financiadas com dinheiro público e que espalham insegurança no campo, inibem investimentos e transformam o País em palco de confrontos como nunca se viu antes.

É essa a justiça social que nos foi prometida? Quanto tempo vai demorar para que o Brasil siga o exemplo da Bolívia, expropriando propriedades privadas, punindo empresas estrangeiras que trazem recursos, geram empregos, arrecadação e distribuição de renda? Será que veremos também nosso Governo romper contratos?

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Bolívia não é o melhor exemplo a ser seguido, tampouco a Venezuela. Infelizmente o Brasil e nosso Governo estão a reboque desses 2 pobres países e de seus governantes tresloucados. Enquanto isso, acompanhamos passivamente o naufrágio de um dos mais importantes setores da economia nacional. Já que o presidente da República nunca sabe de nada, alguém precisa alertá-lo.

188 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Solicito que seja dada a devida divulgação a este pronunciamento nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

189 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. NILSON MOURÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ouvi recentemente declaração do ex-Governador do Estado de São Paulo Dr. Geraldo Alckmin, que me deixou perplexo. Cobrava S.Exa. do Presidente Lula algumas satisfações à sociedade brasileira. Que moral tem o Dr. Geraldo Alckmin para cobrar alguma satisfação do

Presidente Lula ao povo brasileiro? Quem deve dar satisfações ao povo brasileiro é o Governador Alckmin, diante de uma série de denúncias, às quais até o presente momento S.Exa. ainda não respondeu.

Primeira delas: S.Exa. precisa esclarecer o desvio de merenda escolar ocorrido no seu Governo, tirando comida da boca das criancinhas do Estado de São

Paulo.

Segunda: S.Exa. precisa esclarecer o mensalão existente na Assembléia

Legislativa do Estado de São Paulo. O Deputado Estadual Afanasio Jazadji disse ao povo paulista e brasileiro que Deputados da Assembléia Legislativa de São Paulo eram pagos com recursos do banco estatal Nossa Caixa.

Terceira: S.Exa. precisa esclarecer os 400 vestidos que a D. Lu, sua esposa, recebeu de um grande figurinista do Estado de São Paulo. O que a ex-Primeira-Dama de São Paulo fez com todos esses vestidos? Talvez tenha mantido contato com a D. Imelda Marcos, aquela dos milhares de sapatos, nas

Filipinas.

E a última, Sr. Presidente: o ex-Governador Geraldo Alckmin deve esclarecer ao povo brasileiro o tráfico de influência e as relações com aquele acupunturista de

190 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

São Paulo. Diversas revistas mostram associação entre seu filho e a filha do médico, que recebeu dinheiro do Governo, no caso do povo do Estado de São Paulo, destinado à publicidade.

É isso, Dr. Alckmin, que o senhor deve esclarecer ao povo paulista e brasileiro. Enquanto isso, se não tem moral para cobrar nada de ninguém, não venha cobrar satisfações do Presidente Lula.

Sr. Presidente, o que de fato se passa é que a campanha do Dr. Alckmin não decola. Ela não tem referências com o povo brasileiro, por isso não cresce. Assim, vem sofrendo pressões, no âmbito do PSDB, para trocar a sua candidatura pela do

Dr. Serra.

Sua campanha não consegue animar ninguém, não decola, pois seu motor não tem potência. No momento, o Presidente Lula vem reduzindo a diferença no

Estado de São Paulo, cai a diferença em São Paulo. Nem lá o Dr. Alckmin consegue convencer as pessoas.

Por isso, o melhor que o Dr. Alckmin pode fazer é ficar calado, trabalhar na sua campanha, melhorar o seu nível de campanha, para poder se apresentar ao povo brasileiro. Antes de fazer qualquer cobrança precisa esclarecer São Paulo e o

Brasil sobre as denúncias que o envolvem diretamente.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

191 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. LINCOLN PORTELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LINCOLN PORTELA (PL-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Parlamentares, venho à tribuna informar a Casa a respeito do andamento do Projeto de Lei nº 1.318, de

2005, de autoria do Senador Rodolpho Tourinho, do PFL da Bahia, que prevê a concessão de aposentadoria para donas de casas e outros trabalhadores de baixa renda.

Esse projeto, que já obteve a aprovação do Senado Federal, será agora analisado por nós, Deputados, com certeza, com o justo sentimento de que, por seu intermédio, se repara injustiça histórica. Afinal, não há justificativa para se deixar as donas de casa à margem dos benefícios da Previdência Social. Alegar que elas não desempenham qualquer atividade profissional é um argumento tão vazio quanto dizer que o ensino também não é uma atividade profissional. Ora, assim como o ensino é uma atividade mestra para todas as demais, o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos antecedem o próprio ensino formal. Por conseqüência, todas as demais atividades sociais e profissionais não existiriam, se a sociedade não dispusesse do abnegado trabalho cotidiano da dona de casa.

Atualmente, é facultado à dona de casa contribuir com a Previdência com vistas à aposentadoria, mas a maioria delas não consegue pagar a alíquota mensal.

O projeto recebido do Senado propõe que tanto o trabalhador de baixa renda quanto a dona de casa contribuam para a Previdência com uma alíquota de 11% — a alíquota normal é de 20%. Segundo a proposta, para usufruir desse benefício, o trabalhador deve exercer atividade por conta própria e ter renda mensal de até 2

192 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 salários mínimos. A dona de casa beneficiada é a que se dedica exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família de baixa renda. Com a alíquota reduzida, o contribuinte terá direito à aposentadoria apenas por idade, aos 60 anos, e de valor equivalente a um salário mínimo.

Vale ressaltar que a proposição considera família de baixa renda a que forma um grupo doméstico vivendo sob o mesmo teto e cuja renda mensal per capita seja de até meio salário mínimo.

Estima-se que, a curto prazo, poderão ser beneficiadas 1 milhão de donas de casa. E a inclusão na Previdência desse formidável contingente humano movimentará a economia de centenas de pequenas comunidades em todo o País.

Tão ou mais importante que isso, porém, é o ganho de auto-estima e o resgate da cidadania que se proporcionará para as administradoras do lar e para os trabalhadores de baixa renda.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

193 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. CORONEL ALVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CORONEL ALVES (PL-AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na semana passada, anunciamos a nossa satisfação em saber que o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Sr.

Paulo Bernardo, faria uma visita ao povo do Amapá na última sexta-feira. A honrosa visita de S.Exa. ao nosso Estado aconteceu. E, como de costume, o povo amapaense, sempre hospitaleiro — ainda mais quando se trata de visita ilustre —, recepcionou bem o nobre visitante.

Nós, que militamos em favor dos servidores públicos do ex-Território Federal do Amapá — policiais civis, militares, bombeiros, professores e de todos os irmãos que integram esse quadro em extinção, não em extermínio —, ficamos um pouco decepcionados com as últimas notícias sobre o encaminhamento dado às reivindicações dos que construíram e ainda constróem o Estado do Amapá e muito colaboram para o seu desenvolvimento.

Continuamos, porém, ávidos e esperançosos de que muito em breve receberemos uma resposta positiva para os graves problemas enfrentados pelos servidores civis e militares do Amapá.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Secretário, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. José

Thomaz Nonô, 1º Vice-Presidente.

194 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MARCO MAIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a apalavra.

O SR. MARCO MAIA (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente registro que, neste final de semana, o Rio Grande do Sul, foi realizado o 11º Congresso Estadual da Central Única dos

Trabalhadores, que elegeu Presidente o companheiro Celso Woyciechowski, o

Celsinho, que é oriundo do setor de ensino.

Aproveito, então, esta oportunidade para homenagear o Celsinho, que, por 3 anos, será o Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio

Grande do Sul, e, ao mesmo tempo, render homenagens ao Presidente Lula.

Durante este final de semana, fiz mais uma viagem pelo interior do Estado.

Fui à região do Alto Uruguai e estive em Jacutinga, pequeno Município de ampla vocação para agricultura. Depois de uma reunião com militantes e filiados do Partido dos Trabalhadores, fui convidado a visitar uma pequena propriedade daquele

Município. Lá, surpreendi-me ao encontrar uma moradia popular com uma placa do agente financiador, a Caixa Econômica Federal, e do Governo Federal. Aquela propriedade foi construída com recursos subsidiados pelo Governo Federal, solicitados por uma família de agricultores que precisava de mais espaço para, a partir disso, continuar produzindo para o País.

São exemplos como este que encontramos pelo País afora que deveriam ser vistos pelos que ocupam esta tribuna para, de forma desesperada, se referir ao

Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Uma moradia popular em propriedade de trabalhador da agricultura familiar construída com subsídios da Caixa Econômica

Federal, portanto, do Governo Federal, é prova de que as ações prometidas pelo

195 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Governo Lula — seja na área social, seja na área econômica, seja no atendimento das demandas e reivindicações dos trabalhadores do País — se concretizam.

Por isso, Sr. Presidente, constantemente temos de vir a esta tribuna convidar as Sras. e os Srs. Deputados para andar pelo Brasil e se dar conta da existência do

PROUNI, dos programas de habitação popular, do impacto que o aumento do salário mínimo e o controle da inflação causaram à cesta básica; do Programa Fome Zero, do Bolsa-Família e tantos outros programas realizados pelo Presidente Lula.

Esses programas são de responsabilidade, sim, de um Governo cuja característica é a defesa dos interesses dos trabalhadores do País.

É até compreensível que alguns Deputados se utilizem de sua verborréia para tentar atacar e desgastar a figura do Presidente Lula. Mas o povo conhece a verdade, está acompanhando os fatos e saberá dar a resposta nas urnas, no dia 1º de outubro.

Muito obrigado.

196 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Apresentação de proposições.

Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:

197 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

VI - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

198 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - A lista de presença registra o comparecimento de 262 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.

199 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Passa-se à apreciação da matéria sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.

Item 1.

Medida Provisória Nº 284-A, de 2006

(Do Poder Executivo)

Continuação da votação, em turno único, da

Medida Provisória nº 284-A, de 2006, que altera

dispositivos das Leis nºs 9.250, de 26 de dezembro de

1995, e 8.212, de 24 de julho de 1991; tendo parecer da

Relatora da Comissão Mista, designada em Plenário, pelo

atendimento dos pressupostos constitucionais de

relevância e urgência; pela constitucionalidade,

juridicidade e técnica legislativa; pela adequação

financeira e orçamentária; e, no mérito, pela aprovação

desta e aprovação, total ou parcial, das Emendas de nºs

25, 28, 49, 53, 61 a 68, 71, 73, 98, 102 e 103, na forma do

Projeto de Lei de Conversão apresentado; e pela rejeição

das Emendas de nºs 1 a 24, 26, 27, 29 a 48, 50 a 52, 54 a

60, 69, 70,72, 74 a 97 e 99 a 101 (Relatora: Dep. Sandra

Rosado)”.

200 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Apreciaremos agora o Destaque de Bancada nº 1.

201 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RONALDO DIMAS (PSDB-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na quinta-feira passada, quando votamos o texto principal, foi questionada a ausência da Relatora. Percebo que, novamente, a Relatora não se encontra presente neste plenário. O Presidente que então conduzia os trabalhos nos disse que nomearia um Relator ad hoc.

Pergunto a V.Exa. se vai haver substituição na relatoria da matéria.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - A Presidência esclarece a

V.Exa., respondendo à indagação, que o pronunciamento do Relator é facultativo.

Havendo sido o relatório apresentado e publicado, está cumprida a exigência regimental.

Esta Presidência não vai designar Relator ad hoc e dará seguimento à apreciação da pauta nos termos normais, sem nenhuma interrupção do trabalho.

Presume-se que a Relatora está de tal forma consciente da excelência de seu parecer que entende não precisar estar presente para responder pequenos incidentes processuais.

202 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Sobre a mesa o Destaque de

Bancada nº 1 no seguinte teor:

“Sr. Presidente, requeremos a V.Exa., nos termos

do art. 161, e § 2º, do Regimento Interno, destaque para

votação em separado da Emenda nº 29, apresentada à

Medida Provisória nº 284/2006”.

Subscreve o Deputado Moroni Torgan, pela Liderança do PFL.

203 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Em votação.

Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Murilo Zauith, que falará a favor da matéria.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, já votamos a matéria principal da Medida Provisória nº 284.

Agora, estamos iniciando a votação dos destaques.

Um dos destaques que inserimos — e para o qual solicitamos apoio aos nobres pares — diz respeito ao limite de tempo.

O Governo, por meio de expediente eleitoreiro, quer que a medida provisória em exame vigore até 2012. Com isso, somente até 2012, quem contrata um empregado doméstico poderá deduzir do Imposto de Renda a contribuição social calculada apenas sobre um salário mínimo e de um só funcionário. O que estamos propondo é a retirada da limitação de tempo até 2012, para que o instituto passe a vigorar permanentemente. Este é o primeiro ponto.

Segundo: quem contrata um empregado doméstico poderá recolher a contribuição e deduzir do Imposto de Renda não somente sobre um salário mínimo, mas sobre o salário efetivamente pago ao empregado. Assim, se o empregador pagar mais de um salário mínimo, poderá descontar a contribuição com base no valor integral do salário pago — e a medida vale para quantos empregos domésticos ele tiver.

Acreditemos que, dessa forma, a medida provisória atenderá ao seu objetivo, será mais abrangente e de caráter permanente.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

204 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Luiz Sérgio, que falará contra a matéria.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a

Medida Provisória nº 284 tem o objetivo claro de promover inclusão e atende a reivindicação histórica, principalmente do movimento de mulheres, no sentido de que o salário pago ao empregado doméstico até o limite de um salário mínimo possa ser debitado do Imposto de Renda de quem paga. Essa é uma experiência nova que objetiva a inclusão de mais trabalhadores na Previdência.

Estabeleceu-se o limite até 2012 para que se possa avaliar se o mecanismo cumpriu ou não os objetivos.

Quanto à proposta de se colocar a expressão “valor efetivamente pago” — e há quem pague R$1.000,00, R$1.500,00 a seu empregado doméstico —, isso só beneficiaria os que podem pagar salários muito elevados.

Por isso, Sr. Presidente, votamos contra a emenda.

205 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Indago às Lideranças se querem orientar os partidos. (Pausa.)

Como vota o PFL?

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, gostaria de ressaltar a importância da emenda. Em primeiro lugar, no mérito, a medida provisória é boa para incentivar a formalização das relações de trabalho dos empregados domésticos. E tanto o empregado quanto o empregador vão exigir essa formalização, que será benéfica para ambos.

No entanto, essa é uma medida provisória prevista para durar até 2012.

Nessa emenda, o Deputado Rodrigo Maia propõe que não seja estipulada data para o término da vigência desse instrumento, por entender que a medida provisória deve valer para sempre, ad aeternum.

Então, a emenda é totalmente benéfica à medida, para que tanto o empregado quanto o empregador não fiquem na incerteza, sem saber se daqui a 6 anos terão ou não esse benefício. E 6 anos é um espaço muito curto de tempo.

Somos favoráveis à emenda, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Como vota o PSDB?

O SR. RONALDO DIMAS (PSDB-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, embora sejamos favoráveis ao caráter permanente que o PFL quer dar à medida provisória, o destaque contém pontos que vão além do que seria justo.

Isso porque, além de não estabelecer limite de vigência, não estabelece limites quanto à remuneração sobre a qual será calculado o desconto do recolhimento patronal ao INSS e que poderá ser descontada do Imposto de Renda.

Por esse motivo, o PSDB é contrário ao destaque proposto, Sr. Presidente.

206 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Como vota o PT, Deputado Luiz

Sérgio?

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O PT vota “não”, Sr. Presidente.

O SR. MÁRIO ASSAD JÚNIOR (PSB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PSB vota pela manutenção do texto, portanto contrariamente ao destaque.

O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o PPS vota com a emenda, vota “sim”.

O SR. PROFESSOR IRAPUAN TEIXEIRA (PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PP vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Como vota o PL, Deputado

Lincoln Portela?

O SR. LINCOLN PORTELA (PL-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, esta Casa e o Governo Federal estão empreendendo grande esforço em prol da inclusão previdenciária dos trabalhadores domésticos, mas beneficiar as pessoas que querem promover a inclusão dos seus empregados por meio de descontos desse nível no Imposto de Renda é muito ruim.

O Partido Liberal é contra a emenda, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Mais algum partido deseja orientar a bancada?

O SR. GASTÃO VIEIRA (PMDB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

O PMDB vota “não”, Sr. Presidente.

207 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. DANIEL ALMEIDA (PCdoB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PCdoB encaminha o voto “não”.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Como vota o PTB? (Pausa.)

Como vota o PDT? (Pausa.)

Como vota o PV? (Pausa.)

Como vota o PSOL?

O SR. JOÃO ALFREDO (PSOL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PSOL encaminha o voto “não”.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Como vota o PRONA? (Pausa.)

Como vota o PRB? (Pausa.)

Como vota o PTC? (Pausa.)

Como vota a Minoria? (Pausa.)

Como vota o Governo? (Pausa.)

208 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Passa-se à votação.

A Presidência esclarece que o que está em votação é a emenda, ou seja, que votam “sim” os Srs. Parlamentares que querem acolhê-la.

209 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Em votação a Emenda nº 29.

210 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

211 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE.) - Sr. Presidente, peço verificação.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Verificação concedida.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ.) - Sr. Presidente, peço verificação conjunta.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Verificação conjunta concedida.

212 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - A Presidência solicita aos Srs.

Deputados que se encontrem nas diferentes dependências desta Casa que venham ao plenário, pois a votação será nominal.

213 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - A Presidência solicita às Sras.

Deputadas e aos Srs. Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

214 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - A Presidência determina que soem as campainhas e reitera o apelo feito aos Srs. Deputados para que compareçam ao plenário.

215 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar pelo PDT.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (PDT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o PDT encaminha o voto "sim".

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Está consignada a orientação do

PDT, voto "sim".

216 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. CÉSAR BANDEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CÉSAR BANDEIRA (PFL-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há exatamente um mês ocupei a tribuna desta Casa para pedir ao meu partido que refletisse a respeito das coligações em referência à não-queda da verticalização.

Na ocasião, pedi ao eminente Senador Jorge Bornhausen, Presidente do

PFL, que realizasse ampla consulta entre Deputados, Senadores e Presidentes de

Diretórios, para que, ouvido um colegiado considerável, fosse tomada uma decisão que vai pesar muito na eleição de 2006.

Somos atualmente a terceira bancada da Câmara dos Deputados e a segunda do Senado Federal. E, em âmbito nacional, temos perspectivas de crescimento das bancadas federais, estaduais e municipais, bem como do número de Governadores e das Assembléias Legislativas em que somos maioria.

Não podemos tomar medidas para atender a pequeno segmento do nosso partido. Nossas medidas têm de ser responsáveis, visando à amplitude do partido.

Dessa forma, acrescento à sugestão, já acatada pelo Presidente do PFL, mais uma: que sejam ouvidos também os membros do partido a respeito da indicação, no caso de haver coligações, de Vices. Isso daria amplitude democrática

à consulta que o partido faz em boa hora.

É a sugestão que faço na condição de um dos fundadores, um dos Deputados mais antigos da bancada do PFL nesta Casa e Presidente do Diretório Estadual no

Maranhão. Seria altamente democrático ouvir todos a respeito das coligações.

217 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Dito isso, Sr. Presidente, quero lamentar o que me chegou às mãos: farta documentação relativa à prática de fraude no Bolsa-Família na minha terra, a cidade de Vitorino Freire, no Estado do Maranhão. Aproveito para informar que, amanhã, ocuparei a tribuna da Câmara dos Deputados para apresentar essas denúncias e nominar os envolvidos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

218 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PHILEMON RODRIGUES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PHILEMON RODRIGUES (PTB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PTB orienta sua bancada a votar “não”.

O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PV tem receio das conseqüências da aprovação de emenda como esta. Então, também encaminha o voto “não”.

219 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LAURA CARNEIRO (PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)

- Sr. Presidente, num dia de notícias tão ruins, trago uma boa.

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Casa, atendendo a requerimento de minha autoria, realizou grande reunião que teve como objeto de debate os pagamentos atrasados aos anistiados brasileiros. A partir de então, montamos uma comissão tripartite, composta por representantes das associações de anistiados, do Ministério do Planejamento e da Comissão de

Trabalho. A reunião de hoje, com quase 3 horas de duração, foi a terceira, e nela avançamos para um acordo final de pagamento do passivo dos anistiados.

Esse acordo possibilitará, por exemplo, no seu primeiro ano, que as pessoas com remuneração mensal de até R$2 mil tenham seus atrasados quitados; os anistiados terão 5 remunerações pagas ainda em 2006. No segundo, terceiro, quarto e quinto anos, essa segunda remuneração será de R$4 mil, acrescida da metade, se ultrapassar R$8 mil. A cada ano, os valores de R$50 mil serão absolutamente quitados. No sexto ano, essa margem de R$50 mil passa para R$100 mil e, no sétimo e oitavo anos, para R$200 mil.

Com isso, Sr. Presidente, esperamos que até o sexto ano desse acordo, 74% dos anistiados tenham recebido o que lhes é devido, o que era um sonho para essas pessoas.

O Ministro Paulo Bernardo cumpriu seu compromisso. E esperamos que em breve o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva envie ao Congresso Nacional projeto relativo ao pagamento desses atrasados aos anistiados brasileiros.

220 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é grave o momento que vivemos no agronegócio. O Governo Federal, porém, não faz nenhum movimento no que diz respeito ao estabelecimento de diálogo, a fim de que o produtor rural tenha esperança quanto ao atendimento de suas reivindicações.

A equivocada política econômica em vigor faz com que o real se valorize e o dólar chegue a patamares de 2001. Hoje, a R$2,10, o dólar está no mesmo patamar de fevereiro de 2001. Mas o litro de óleo diesel, em 2001, custava R$0,90 e hoje vale R$2,20. Ou seja, custava 40 centavos de dólar e hoje custa 1 dólar.

Por sua vez, o produtor rural, cuja despesa para fazer o plantio e a colheita é em real, tem a produção cotada em dólar na hora da venda. Assim, a conta não fecha, e não há como arcar com as despesas, com os compromissos assumidos com o banco para financiamento e custeio de máquinas agrícolas. O caos chegou aos Estados produtores de grãos e de carne neste País.

Em Mato Grosso do Sul, a situação não é diferente.

Quero, então, reiterar meu apoio aos produtores rurais de Mato Grosso do

Sul, que se uniram para fechar armazéns e indústrias e não deixar que os grãos circulem no Estado. O próximo movimento será fechar a Agência Fazendária —

AGENFA, impedindo que se tirem notas de produtos agrícolas.

Assim, os Governadores, principalmente os dos Estados do Centro-Oeste, ao verem cair sua arrecadação, terão de vir a Brasília para levar ao Presidente Lula a preocupação de quem produz no País.

221 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Segundo os jornais, Sr. Presidente, o BRADESCO teve, neste trimestre, o maior lucro da história dos bancos, algo comparável aos maiores do mundo.

Enquanto isso, o produtor rural está à míngua, sem condições de quitar suas dívidas ou de vender seu produto.

Solidarizo-me com os produtores rurais de Dourados, que, na tentativa de fecharem a AGENFA, foram reprimidos pela PM e recebidos a cassetete, por ordem do Governador do Estado. Os agricultores, aqueles que realmente produzem, queriam apenas discutir o preço mínimo para seu produto, além de um seguro agrícola. Enquanto isso, na mesma cidade de Dourados, sem-terra invadiram o

INCRA, destruíram e tomaram conta de tudo, e nenhum PM apareceu.

Será que o produtor rural não tem o direito de protestar quando sua conta não fecha e fica impedido de produzir grãos para este País?

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

222 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - A Presidência reitera o chamamento aos Srs. Deputados que se encontram nas diversas dependências da

Casa para que acorram ao plenário. Há votação nominal.

223 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MAURO PASSOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURO PASSOS (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, semana passada, manifestei-me desta tribuna em relação ao papel desta Casa quanto às absolvições havidas aqui, ao posicionamento contrário do Plenário em relação ao Conselho de Ética, à insegurança, à incerteza, à desconfiança, inclusive, que essa situação gerou em todos nós.

Comentei a possibilidade de se imaginar outro fórum capaz de fazer essa espécie de julgamento que esta Casa se mostrou, na prática, incapaz de fazer, em função do ocorrido. No último final de semana — e toma conta dos noticiários no dia de hoje —, houve a Operação Sanguessuga, que relaciona com atos de corrupção número expressivo de Deputados, provavelmente, com o ingresso de novos nomes, em função do depoimento que está sendo dado pela funcionária encarregada dessa questão no Ministério da Saúde. Podemos chegar a uma extensa nominata, que vai exigir todo aquele trâmite: passar pela Corregedoria, ir ao Conselho de Ética, até chegar ao Plenário para dar apreciação do que foi denunciado e que precisamos, dentro das normas vigentes, apurar.

Penso, Deputado Orlando Fantazzini e Deputado Chico Alencar — que tiveram essa experiência no Conselho de Ética —, que vamos literalmente parar. Se para apreciar as cassações passadas já foi preciso elevado número de horas desta

Casa legislativa, para resultados que são até hoje questionáveis, imaginem, em função da Operação Sanguessuga, o caos que vai estabelecer-se! Praticamente não

224 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 teremos mais condições de legislar, de apreciar matérias, de debater qualquer tema que esteja pautado nesta Casa.

Se continuarmos a pensar com base na forma estabelecida, sem encontrar outro caminho mais prático que leve as pessoas indiciadas, das que foram nomeadas, a um outro fórum de defesa, vamos trazer para a Câmara uma situação que vai nos expor a uma condição, sem qualquer sombra de dúvida, que impedirá qualquer atividade legislativa.

Como esta Casa vai averiguar 60, 70, 80 nomes que podem estar em uma lista e que terão de necessariamente passar por todo um rito regimental estabelecido nesta Casa?

Então, Sr. Presidente, parece-me oportuno, sem ter conhecimento do que agora está sendo veiculado, repensar a forma de tratar esses casos. Pela quantidade e pelo continuísmo de situações semelhantes ao que estamos vendo, simplesmente isso engessaria a atividade legislativa da Câmara, o que é muito ruim para esta Casa.

Portanto, fica o meu registro para que a Mesa discuta e aprecie alguma outra alternativa que não seja a costumeira, a fim de evitar o congestionamento de apurações que se darão aqui.

225 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JOSÉ MÚCIO MONTEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ MÚCIO MONTEIRO (PTB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, chegamos à conclusão de que quebra de sigilo telefônico já se tornou prática absolutamente normal no País. Não é considerado crime no

Brasil a quebra de sigilo telefônico. Muitas vezes, os donos dos telefones são os

últimos a saber.

Quero fazer uma consulta à Mesa, já que a Justiça, alguns segmentos da imprensa e a Polícia têm acesso aos meus telefones, divulgam seu conteúdo e sou julgado antes mesmo de saber que crime cometi.

Será que eu poderia requerer semanalmente à Mesa os diálogos ocorridos no telefone do meu gabinete, para não ser responsável por um possível crime? Será que um Deputado poderia requerer à Mesa, todas as segundas-feiras, os diálogos de todas as ligações telefônicas ocorridas em seu gabinete? Se eu não tomar providências, serei parceiro do crime, mas terei acesso a possíveis deslizes que possam ocorrer em meu gabinete.

Já que quebrar sigilo telefônico não é mais crime — e esta Casa sabe disso

—, quero saber da Mesa, repito, se posso requerer semanalmente os diálogos ocorridos nos telefones do meu gabinete, para minha segurança.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Líder José Múcio Monteiro, se a reivindicação de V.Exa. for para ser tomada ao pé da letra, eu diria que a Mesa determinaria essas providências. Apenas conhecedor de V.Exa. e admirador de sua

226 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 inteligência e fina ironia, entendo isso como uma manifestação de irresignação contra a banalidade lamentável dos dias que correm quando as mais comezinhas normas de proteção ao cidadão são quebradas.

Mais estarrecedor que o contumaz rompimento dos sigilos telefônicos é o fato de aflorarem nas televisões e jornais processos que correm em segredo de justiça.

Quebrar segredo de justiça é crime, crime induvidoso, e o que é mais grave, em procedimentos nos quais não há a mínima formalização processual. A minha formação jurídica e de promotor não consegue entender.

A Mesa normalmente não permite esse tipo de consideração, mas os tempos em que vivemos são de tal forma ásperos, de tal forma marcados por esse dia-a-dia policialesco em que se transformou a convivência na Câmara dos Deputados, que sou obrigado a fazer essas considerações. Mas a Mesa tomará as providências cabíveis para atender a V.Exa. no momento oportuno.

227 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - A Presidência convoca os Srs.

Deputados para votar. Há 338 Deputados na Casa e até agora apenas 226 acorreram ao plenário. Reitero o chamamento para que possamos encerrar essa votação.

Lembro aos Srs. Deputados que a próxima medida provisória penso ser do interesse de quase toda a Casa, a de nº 285. E, para chegarmos a ela, temos evidentemente de vencer a Medida Provisória nº 284.

228 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Eduardo Valverde. (Pausa.) Ausente.

229 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. CHICO ALENCAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é importante que, diante do escândalo da hora, tenhamos atitude mais pró-ativa. Creio que esta Casa tem agido com tibieza, com pouca rapidez em tais casos.

Que aconteceu agora? Um juiz federal, como é de seu direito, faz uma investigação sobre um dos muitos esquemas de corrupção existentes no País — corrupção larvar, crônica, sistêmica, que muitas vezes começa com o cidadão comum subornando o guarda da esquina e chega às estruturas do Estado brasileiro.

Prática como essa só tem fim com mudanças culturais e estruturais, tarefa que leva tempo, mas que precisa ser enfrentada desde já com a implementação da ética do cotidiano, a ser ensinada nas escolas, e com o comportamento exemplar das autoridades públicas, mandatadas pela população.

No entanto, creio que, no caso dos sanguessugas, até que surja outro na próxima semana, na medida em que novamente a Câmara dos Deputados ganha a crítica principal, talvez minimizando o papel das autoridades dos Executivos

Municipais e do próprio Ministério da Saúde nisso, deveríamos ter uma resposta infinitamente mais rápida.

Hoje eu perguntei ao Presidente Aldo sobre o relatório que embasou a informação dada pelo juiz a esta Casa e ao Ministério Público. Não sei se se trata de denúncia, mas o material é volta e meia citado nos jornais.

Precisamos saber disso, até porque pode haver — e de fato parece que há —

Deputado citado de forma elogiosa, afinal um bandido dizer a outro que com tal

230 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Parlamentar não tem jogo é um elogio. Ou seja, o fato de o nosso nome estar na boca de um meliante não significa que o nome ficou sujo por isso. Agora, a pior coisa é a desinformação. Se os jornais têm o relatório de um processo que corre em segredo de justiça, nós temos de tê-lo também.

E mais: todos os Deputados — muitos já o fizeram — têm de mostrar que a colocação de seu nome nesse relatório foi absolutamente indevida, criminosa, inaceitável. É preciso uma reação indignada e rápida. Se há assessor que se desviou a ponto de participar dessa falcatrua, deve ser exonerado liminarmente.

Confesso que fiquei preocupado com o fato de o Presidente Aldo ter dito que o Corregedor — parece-me que sozinho e rapidamente — está examinando o material, com o objetivo de separar o joio do trigo. Isso tinha de ser feito ainda hoje, de imediato, e, obviamente, separando o joio do trigo sem qualquer perdão para aqueles que fraudaram o interesse público, para aqueles que cometeram o pior dos crimes contra o interesse público: o desvio de verbas da saúde. Logo esse setor que serve à população mais desvalida, mais combalida do País. Isso é inaceitável.

Agora, precisamos definir os responsáveis e agir rápido. Essa demora, essa postergação, só aumenta a generalização da suspeita e fere de morte essa

Legislatura já de triste fama.

Muito obrigado.

231 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. LUIZ SÉRGIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, se a investigação da Polícia Federal tramitava em segredo de justiça e se a imprensa teve acesso a ela, houve quebra de sigilo. O pior é saber que, neste caso, ninguém demonstra a mesma indignação apresentada em outros temas, cujo crime é igual. Quanto ao caseiro, por exemplo, houve grande indignação; no caso em tela, existiu a quebra de informação que estava sob segredo de justiça. Então, do ponto de vista do princípio, deve haver a mesma indignação, ou então vamos eliminar o sigilo, o que não convém.

Mudando de pauta, hoje, ao ler o jornal O Globo, fiquei feliz, porque havia uma informação de que o Prefeito do Rio de Janeiro enviou mensagem à Câmara de

Vereadores solicitando permissão para adquirir um empréstimo da Caixa Econômica

Federal, no valor de 61 milhões de reais, destinados a obras de saneamento. S.Exa. busca obter esse financiamento para executar uma ação há anos reivindicada pela comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro: saneamento para a região de

Sepetiba.

Pedra de Sepetiba e Sepetiba são 2 Municípios onde ainda existe uma comunidade com atividade pesqueira muito forte e que praticamente está-se deteriorando em decorrência do grave problema da falta de saneamento.

Conforme a reportagem, há uns 3 anos, o Prefeito do Rio de Janeiro negocia com a Caixa Econômica Federal. Agora conseguiu o aval da Caixa para obtenção desses recursos, mas precisa da autorização da Câmara de Vereadores daquele

Município. Espero que a Câmara rapidamente debata esse assunto e autorize o

232 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Prefeito a receber esses recursos da Caixa Econômica Federal, a fim de atender ao antigo pleito da região de Sepetiba de ver preservados o resto de mangue ali presente, as comunidades que ali vivem e, acima de tudo, a atividade pesqueira tão fortemente existente na zona oeste do Rio de Janeiro.

233 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. FÁTIMA BEZERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Thomaz Nonô) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. FÁTIMA BEZERRA (PT-RN. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, hoje acompanhei a Profa. Wilma Farias,

Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, em audiência com o Dr. Pedro

Brito, Ministro da Integração Nacional.

Na ocasião, tratamos de diversos assuntos de interesse do nosso Estado, notadamente no que diz respeito à questão dos recursos hídricos, como, por exemplo, a barragem de Tabatinga, que contém as enchentes da cidade de

Macaíba. É uma obra que se faz necessária, cuja promessa já vem se arrastando há mais de 70 anos. Finalmente, está muito perto de essa obra começar. A bancada do nosso Estado aprovou emenda ao Orçamento da União e já temos, portanto, assegurados 9 milhões de reais. A concorrência nacional deverá ser lançada agora, dia 24, de forma que a nossa expectativa é de que essa obra comece o quanto antes.

A Governadora também pautou outra importante obra de natureza hídrica para o meu Estado e que diz respeito principalmente à região do Seridó. Refiro-me à barragem de Oiticica, um sonho antigo de todos os seridoenses e que sem dúvida alguma vai causar impacto extremamente positivo, do ponto de vista de segurança hídrica, para uma região caracterizada como semi-árido nordestino.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nessa reunião com o Ministro, expus a situação da Barragem do Bujari, que fica na cidade de Nova Cruz, na divisa com a

Paraíba. Esse também é um sonho antigo de mais de 50 anos. Posso dizer, com muita alegria, que finalmente esse sonho está perto de se realizar, pois o projeto

234 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 básico está sendo concluído e, em seguida, será feito o projeto de impacto ambiental.

Solicitei ao Ministro Pedro Brito que, até o final deste mês, recebesse a

Bancada Federal do nosso Estado, a Governadora, todos os Prefeitos da região e as lideranças da sociedade civil. Esperamos que, nessa audiência — S.Exa. assumiu um compromisso conosco, no sentido de que vai ser realizado até o final do mês —, o Ministro possa apresentar uma proposta concreta de viabilização financeira para a construção daquela obra.

A obra da Barragem do Bujari é muito importante, porque além da reserva d’água que vai assegurar para Nova Cruz e diversos Municípios, vai trazer um impulsionador muito forte para o desenvolvimento econômico e social da região do agreste e da Paraíba, pois vamos poder desenvolver atividades de agricultura, turismo e lazer.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

O Sr. José Thomaz Nonô, 1º Vice-Presidente,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

Inocêncio Oliveira, 1º Secretário.

235 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ THOMAZ NONÔ (PFL-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ouvi atentamente o discurso feito há poucos minutos pelo nobre Deputado Murilo Zauith. No Mato Grosso do Sul, os agricultores irresignados fecharam a agência fazendária. Evidentemente que, isso feito, não se arrecada nem se paga nada do que diz respeito ao Estado.

No meu Estado, Alagoas, neste exato momento, os produtores rurais, cansados de esperar pelo que nada sabe, pelo que nada vê, pelo Presidente Lula, esse autista contumaz da política brasileira, fecharam a BR-101. Há barricadas e incêndios na estrada, exatamente na divisa entre Alagoas e Sergipe.

É impressionante o Presidente da República não dar nenhuma resposta a mais de 300 mil mutuários, na sua quase totalidade, pequenos agricultores que estão fora do sistema bancário há 10 anos. Ou melhor, a resposta do Presidente

Lula foi vetar o PLC nº 142/05, que a Câmara e o Senado aprovaram pela quase totalidade de seus membros.

Não satisfeito em vetar, ele não deixa, com os seus aliados, que o Congresso aprecie os vetos e, de quebra, edita uma medida provisória. O que determina a medida provisória? Ela, em primeiro lugar, exige tudo quanto é certidão. Ora, os 300 mil mutuários — e 82% deles estão no Banco do Nordeste — têm irregularidades, estão no CADIN, porque não podem pagar. Quem tomou dinheiro — já disse isso da tribuna na semana passada — para comprar 10 vacas, pagou 20 e deve 50 vacas. É impossível pagar esse débito.

236 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Pois bem, esse Governo, que tem sensibilidade para com Hugo Chávez, que tem sensibilidade para com Evo Morales, que compreende que a Bolívia não pague, que dá perdão a grandes empresários deste País, não olha para o pequeno agricultor, que não tem mais o que fazer nem sabe a quem apelar. No Mato Grosso do Sul, fecha a agência fazendária; em Alagoas, toca fogo na estrada, faz uma barricada. O que espera S.Exa? Uma cena de sangue? Violência? É isso o que quer o Presidente da República?

Eu fico pasmo. Faço aqui um apelo ao Ministro vaselina, perdão, ao Ministro

Manteiga, não, ao Ministro Mantega. É isso mesmo. Não faça um gesto de comiseração, nobre Deputado, porque o Ministro não merece esse respeito. Ministro que não respeita o agricultor brasileiro não merece respeito de Deputado da

Oposição. Pode merecer o respeito de Deputado do Governo; da Oposição, não. O

Ministro é cruel, e o Presidente é incompetente e ausente. E já o é por 12 anos.

Aliás, é uma incompetência que remonta até a períodos anteriores, a bem da verdade. Só que neste Governo se exacerba.

O que precisam fazer mais as pessoas? Já fizeram barricada, movimento de protesto, mobilização, marcha, pedido, súplica, imploraram. Já fizeram tudo o que é possível. Agora estão tocando fogo na estrada e fechando agência fazendária. O que espera o Presidente Lula? Que invadam o seu palácio? Que quebrem o seu

Ministério? É nisso que vão redundar as legítimas reivindicações populares.

Sou aqui solidário. Sou como era o PT dos velhos tempos; não o moderno

PT, mas o antigo. Sou aqui solidário à reivindicação dos agricultores alagoanos, dos agricultores nordestinos.

237 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Todo o montante envolvido não dá 2 bilhões de reais. Já foi lançado na provisão para devedores duvidosos dos bancos, porque o Banco Central assim o exige. Tecnicamente, não há mais débito. O que falta é vontade política de atender a essas pessoas.

E não são, como disse o Líder Mercadante, 16 bilhões de reais, mas apenas

1,8 bilhão de reais. E pode tirar-se daí o grande tomador. Não fazemos nenhuma questão. Queremos que sejam atendidos os que devem 50 mil, 60 mil, 100 mil, 200 mil reais e não têm a menor condição de pagar.

Foi para fixar o homem no campo, para viabilizar a sofrida agricultura nordestina, que os alagoanos encontraram talvez o caminho extremo de protestar nas ruas e barrar os cidadãos, para que o Governo ouça os seus clamores.

Peço a Deus que Lula, pelo menos desta vezinha, escaldado com a experiência boliviana, dê algum gás ao pobre agricultor nordestino.

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Secretário, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Aldo

Rebelo, Presidente.

238 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JOSUÉ BENGTSON - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero comunicar a esta Casa o falecimento do Prefeito de Dom

Eliseu, Estado do Pará, ocorrido hoje, às 16h, num acidente de automóvel na

Rodovia Belém—Brasília.

Quero transmitir ao povo de Dom Eliseu e à família do Prefeito Tonhão as minhas condolências.

Muito obrigado.

239 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. IVAN VALENTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, no esquema de rodízio estabelecido pelo meu partido, assume hoje a

Liderança do PSOL o nosso grande companheiro Deputado João Alfredo, do Ceará.

240 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Está encerrada a votação.

Esta Presidência anuncia o resultado da votação: 71 votos “sim”; 240 votos

“não”; abstenção, 1. Total: 312 votos.

A EMENDA FOI REJEITADA.

241 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. REINALDO BETÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. REINALDO BETÃO (PL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei conforme a orientação do Partido Liberal na votação anterior.

242 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Jutahy Junior, para uma Comunicação de Liderança, pelo PSDB.

O SR. JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, participei hoje, às 16h, de reunião com os presidentes de diversos partidos de Oposição, entre eles os Senadores Tasso

Jereissati, do PSDB, Jorge Bornhausen, do PFL, Osmar Dias, representando o

Presidente do PDT; o Sr. José Luiz Penna, Presidente Nacional do PV; o Deputado

Roberto Freire, Presidente Nacional do PPS.

Realizada no gabinete da Liderança do PSDB no Senado, ou seja, no gabinete do Senador Arthur Virgílio, a reunião tinha como base a entrevista de Silvio

Pereira, em que disse ter muito a falar sobre fato extremamente grave, já comprovado pela CPMI e denunciado pelo Ministério Público, ou seja, a existência de organização criminosa no Governo Lula, envolvida em esquema de corrupção, de compra de apoio político de partidos e de Parlamentares. Além de tudo o que sabemos, disse Silvio Pereira que tinha muito mais a falar; e que, se falasse, este

Governo poderia cair. Disse ainda que tinha medo de perder a vida porque outras pessoas, em situações semelhantes, já foram mortas; que Marcos Valério combinou com a estrutura governamental e partidária — com dirigentes do PT — uma solução intermediária para o seu depoimento.

Sr. Presidente, são fatos muito graves e só não deixam estarrecido o País porque, como disse o jornalista Arnaldo Jabor, este Governo conseguiu desmoralizar até os escândalos. São tantos e tão contínuos, tão repetitivos, que as pessoas acham que é algo mais sobre “aquele assunto”. Aquele assunto, Sr. Presidente, é a corrupção no Governo, é o tráfico de influência, é o esquema organizado para a

243 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 compra de partidos políticos e de Parlamentares, o que estarrece a sociedade brasileira.

O Parlamento, do qual tenho muito orgulho de fazer parte, infelizmente, nesta

Legislatura, foi contaminado pelo mensalão. Parlamentares foram envolvidos num esquema de compra de votos, principalmente devido à sistemática do voto secreto.

Por isso, fizemos uma reunião e tomamos a seguinte decisão:

“Ao povo brasileiro

Os partidos da oposição reunidos para avaliar o

novo momento nacional, após a entrevista do

ex-secretário do PT Silvio Pereira, resolvem:

a) Expressar seu apoio à decisão da Ordem dos

Advogados do Brasil em apresentar uma notícia-crime

contra o Presidente da República, responsável pelo

governo, portanto, na condição de réu, não podendo

ignorar o amplo esquema de corrupção nele montado;

b) Considerar que a entrevista do ex-secretário da

executiva nacional do PT acrescenta fatos novos e graves

ao processo de investigação e deve portanto ser

analisada e complementada com nova presença na CPI;

c) A oposição, ouvindo os apelos do Sr. Silvio

Pereira, expressos na entrevista, conclama o governo a

definir claramente um esquema permanente de proteção

à sua vida para que possa depor de novo e esclarecer os

pontos ainda obscuros no processo de corrupção;

244 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

d) A Oposição unida rejeita toda a possibilidade de

artifícios legais para impedir que Silvio Pereira revele o

que sabe e comunica que, caso sejam insatisfatórios os

dados revelados, pode evoluir para uma nova CPI, no

Senado Federal, uma vez que os graves acontecimentos

envolvendo o governo são objeto de investigações que

podem transcender a própria legislatura que se encerra

em janeiro de 2007;

e) Considerando que parcela expressiva da

Câmara dos Deputados tem sido leniente com os

acusados no caso do mensalão e que o processo de

investigação é fundamental para a história moderna do

País, depois da nova audiência de Silvio Pereira, os

partidos de oposição pretendem se unir à sociedade

numa comissão única, de Parlamentares, juristas e

cidadã(os) de várias origens, com o objetivo de criar um

Comitê da Cidadania, destinado a avançar nas

investigações e legar não somente uma versão correta

dos fatos, mas todos os documentos que possam ser

examinados pelas novas gerações de brasileiros”.

Assinaram esta nota o Senador Tasso Jereissati, Presidente Nacional do

PSDB; o Senador Jorge Bornhausen, Presidente Nacional do PFL; o Senador

Osmar Dias, representando o Presidente Nacional do PDT; o Sr. José Luiz Penna,

Presidente Nacional do PV; e o Deputado Federal Roberto Freire, Presidente

245 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Nacional do PPS, numa demonstração inequívoca de que a sociedade começa a se unir, independentemente dos diferentes posicionamentos político-partidários da

Oposição, e que deseja a concretização da unidade das Oposições, para que esse processo tenha fim.

Queremos impedir a continuidade desse processo que degradou a vida pública nacional, dessa ação que diminuiu e contaminou o Congresso Nacional, a

Câmara dos Deputados em particular, por intermédio do Governo Lula.

246 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. CARLOS SOUZA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS SOUZA (PP-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do partido na votação anterior.

O SR. ALCESTE ALMEIDA (PTB-RR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, acompanhei a orientação do partido.

O SR. ZONTA (PP-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei de acordo com a orientação do partido.

A SRA. JUÍZA DENISE FROSSARD (PPS-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, votei de acordo com a orientação do PPS.

O SR. DILCEU SPERAFICO (PP-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. ANIVALDO VALE (PSDB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei conforme a orientação do partido.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, acompanhei a orientação do partido na votação anterior.

O SR. SALATIEL CARVALHO (PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei de acordo com a orientação do partido na última votação.

O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, votei de acordo com a orientação do Partido Progressista.

247 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Henrique Fontana, para uma Comunicação de Liderança, pelo PT.

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acabamos de ver o Líder do PSDB utilizar a tribuna para ler nota assinada por 5 partidos e dar continuidade ao debate político que enfrentamos neste momento.

O que sempre nos chama a atenção ao ouvir o Líder do PSDB é que a preocupação que S.Exa. apresenta com o aprofundamento das investigações, infelizmente, não tem o mesmo peso e a mesma medida da preocupação demonstrada no período em que seu partido governou o País. Aliás, não tem o mesmo peso e a mesma medida a atuação, na qualidade de Governador do Estado de São Paulo, do seu candidato à Presidência da República.

Gostaria de ouvir o Líder do PSDB ler nota em que dissesse que o Governo do PSDB em São Paulo quer ser profundamente investigado pelo menos por uma

CPI. Uma só. Não precisaria ser investigado por 3 CPIs, conforme ocorreu no

Congresso Nacional.

Jamais convenceremos o tribunal do PSDB e do PFL a julgar favoravelmente o Presidente Lula. Eles estão envolvidos em luta política pelo Poder e querem derrubar o Presidente Lula. Como têm cada vez mais dificuldades em conseguir a vitória por meio do processo eleitoral, apelam permanentemente para a criação de fatos, chegando ao cúmulo de propor a instalação de nova CPI.

O Parlamento instalou 3 CPIs no último ano: uma para investigar o suposto mensalão; outra para investigar a denúncia de corrupção nos Correios; e outra para investigar a utilização de casas de bingo para lavagem de dinheiro. Nesta última,

248 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 aliás, o que menos se investigam são os bingos: o que mais se investiga é qualquer assunto que possa gerar desgaste para o Governo atual.

Sr. Presidente, é preciso lembrar que ontem a Ordem dos Advogados do

Brasil tomou uma decisão. Alguém tem de assomar a esta tribuna e dizer que essa decisão tem significado. Depois de 6 meses, tempo em que a OAB debateu o assunto à exaustão e decidiu, por 25 votos contra 7 a favor, que não há base legal para o pedido de impeachment do Presidente Lula, PSDB e PFL continuam tentando fazer novas investigações.

Todos somos favoráveis às investigações, nobre Líder do PSDB, mas queremos que sejam feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Com toda a franqueza, não é razoável supor que o PSDB e o PFL tenham isenção para fazer investigação neste momento sobre o Presidente e o Governo Lula.

Por que V.Exas. não permitem a investigação do Governo Geraldo Alckmin?

Há temor em relação às ações do ex-Governador? Por exemplo: há fortes indícios de uso de recursos do banco Nossa Caixa para fins publicitários, com o objetivo de comprar o apoio de Deputados Estaduais. E não vejo V.Exa., Líder do PSDB, dar explicação quanto ao fato de não querer a instalação de CPI na Assembléia

Legislativa de São Paulo. Mas já estão prontos para solicitar a instalação de outra

CPI no Congresso Nacional, supostamente porque acham que as últimas 3 não foram suficientes.

É evidente que ocorreram graves irregularidades; que se constituiu um caixa

2; que houve repasse ilegal de recursos a partidos da base aliada. Agora, o debate que PSDB e PFL tentam fazer é uma espécie de instrumentalização da crise, na tentativa de convencerem a opinião pública de que a corrupção no Brasil teve início

249 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 no dia 1º de janeiro de 2003, de que os Governos que nos antecederam eram exemplares no combate à corrupção. Mas não se dão conta da complexidade do debate sobre esse tema.

A entrevista concedida pelo ex-Secretário-Geral do PT, que saiu do partido para não ser expulso, trata de 3 tentativas de corromper o Governo e envolviam o interesse de 3 grandes bancos. Um, a propósito, de propriedade de um grande amigo do PSDB: o Sr. Daniel Dantas. Falo do Banco Opportunity, que fez grandes negócios quando V.Exas. estavam no Governo, quando privatizaram as telecomunicações, o que até hoje não nos deixaram investigar. Quando estavam no

Governo, usavam a Maioria para impedir a instalação de toda e qualquer CPI no

Congresso Nacional.

O Sr. Daniel Dantas fez excelentes negócios durante o Governo de V.Exas., se não me engano com 10% ou 15% das ações de empresas que comprou no processo de privatização. O Governo anterior fazia tráfico de influência com os fundos de pensão e os obrigava a apoiar integralmente as iniciativas do Sr. Daniel

Dantas, agora condenado em diversas instâncias da Justiça como quadrilheiro; é fato comprovado.

Esse cidadão tentou corromper o Governo atual. Esse fato foi reafirmado na entrevista concedida por Silvio Pereira e longamente debatido na CPI. Mas qual foi o resultado, para ele, nas negociações com o Governo atual? Ele perdeu influência nos fundos de pensão. Não conseguiu alcançar o seu objetivo.

O Líder do PSDB disse que a Oposição planeja criar um Comitê da

Cidadania. Quero corrigi-lo. Respeito todos os que, democraticamente, assinaram a nota, mas devo dizer que o comitê será de parte da cidadania, porque a outra parte

250 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 não participará por ter outras idéias sobre o Brasil, outras avaliações do Governo

Lula. Ela acha, por exemplo, que o Governo Lula melhorou a economia do Brasil com as políticas sociais. Por isso as pesquisas de opinião apontam — o que amplia o desespero de V.Exas. — o favoritismo do Presidente Lula nas eleições.

Encaramos as pesquisas com muita prudência e humildade, mas elas indicam que a população brasileira prefere o Governo que não privatiza o patrimônio público. A população indica nas pesquisas de opinião que não quer devolver o Governo

Federal ao PSDB e ao PFL, no caso a Geraldo Alckmin, porque tem medo de que privatizem a PETROBRAS, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Vou dar outro exemplo, sobre o qual não vejo o Líder do PSDB falar: os contratos da GTECH com a Caixa Econômica Federal foram superfaturados.

Quando foram assinados esses contratos? Na gestão do PSDB e do PFL, que entregaram à GTECH o domínio sobre o sistema de informática da Caixa. E o que aconteceu nos 3 anos do Governo Lula? A Caixa Econômica Federal recuperou, progressivamente, a sua capacidade de inteligência e restabeleceu o controle sobre o sistema de informática.

Aliás, a GTECH está perdendo todos os contratos que, de maneira muito generosa, havia conquistado durante o Governo do PSDB e do PFL.

Então, vamos parar com essa hipocrisia, com esse cinismo, ao dizer que a corrupção só existe agora. Sempre pedimos desculpa. E o fazemos aqui mais uma vez porque as ilegalidades cometidas não contam com o apoio da imensa maioria dos filiados dos partidos de sustentação ao atual Governo. Se erros e ilegalidades ocorreram, vamos corrigi-los. Mas espero que V.Exas. retirem do debate político nacional a tentativa de golpe, de impeachment; que V.Exas. façam o debate

251 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 democrático e apresentem o seu candidato. Não sei se continuam firmes no apoio à candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República. Li matérias que mencionam a dúvida ou a possibilidade de eventual troca de candidato. Não há problema. Se quiserem trocar de candidato, evidentemente, essa é uma prerrogativa de V.Exas.

Vamos comparar os governos. Vamos analisar como estava o Brasil em 1º de janeiro de 2003: à beira do precipício, com endividamento brutal, que cresceu na gestão de V.Exas., e estagnado, pois não se geravam mais de 8 mil empregos por mês.

Se analisarmos as melhorias consolidadas pelo atual Governo, verificaremos que a situação da economia brasileira hoje é bem melhor, depois dos 8 anos da desastrosa administração de V.Exas.

É isso que dificulta o crescimento da candidatura Alckmin, porque o povo brasileiro tem memória e sabe o que foi o Governo do PSDB e do PFL, o que representou a estagnação, o endividamento brutal do País, o crescimento recorde da carga tributária, a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, contra o interesse nacional. O povo não quer voltar a esse passado.

Mais uma vez pedimos confiança aos brasileiros para irmos além dos resultados que já obtivemos e melhorar ainda mais o País. (Palmas.)

252 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JOÃO MENDES DE JESUS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO MENDES DE JESUS (PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei de acordo com a bancada do PSB na votação anterior.

O SR. HELENILDO RIBEIRO (PSDB-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o PSDB.

O SR. IBERÊ FERREIRA (PSB-RN. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. MARCELO CASTRO (PMDB-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

253 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. ANN PONTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. ANN PONTES (PMDB-PA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não é praxe eu vir a esta tribuna dialogar de forma mais premente com este Plenário. Mas, ao término dos meus trabalhos no

Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, fui surpreendida com a notícia lamentável de que meu nome estaria incluído no rol de Deputados envolvidos na denominada

Operação Sanguessuga.

Minha primeira atitude foi a de me reunir com os funcionários do meu gabinete para avisar que vinha a esta tribuna tornar público que colocaria à disposição meus sigilos fiscal, telefônico e bancário, assim como os de todas as pessoas que trabalham em meu gabinete. Se não fizesse isso, não dormiria. Faço questão de que isso seja apurado a fundo.

Sr. Presidente, como dizia a V.Exa., tive 3 tumores há algum tempo, talvez por não ter falado. Não quero mais ter tumor em nenhum lugar. É preciso falar.

Sempre fui — e sempre serei — defensora desta Casa, principalmente do meu nome e da minha honra, meu maior patrimônio.

Muito obrigada. (Palmas.)

254 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

João Alfredo, para uma Comunicação de Liderança, pelo PSOL.

O SR. JOÃO ALFREDO (PSOL-CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, as declarações de Silvio Pereira, referidas por alguma Ministro como fruto do desequilíbrio, devem merecer de todos os brasileiros e brasileiras a firme decisão de cobrar a apuração dos fatos, porque são provenientes de alguém que esteve na intimidade do poder e que disse ter havido um combinemos para acertar a versão entre o PT e Marcos Valério com relação ao chamado mensalão.

São declarações graves, porque dão conta, inclusive, da participação de

Marcos Valério na campanha de Lula; porque falam de acerto de empresas e apontam para a perspectiva do aprofundamento das investigações.

Nós, do PSOL, que não assinamos a nota lida há pouco pelo Deputado

Jutahy Junior, queremos dizer que apoiamos a ação da OAB de solicitar da

Procuradoria-Geral da República o aprofundamento das investigações.

Queremos dizer que somos contrários às privatizações do Governo Fernando

Henrique Cardoso, que vendeu os sistemas elétrico e telefônico, mas somos contrários também às privatizações do Governo Lula, que vendeu inclusive o Banco do Estado do Ceará. Denunciamos, como fez o Deputado Henrique Fontana, que

Fernando Henrique aumentou a dívida pública de 60 bilhões para 700 bilhões de reais em 8 anos, mas denunciamos também que o Presidente Lula aumentou essa mesma dívida pública de 700 bilhões para mais de 1 trilhão de reais.

Sempre denunciamos a compra de votos para a reeleição do Presidente

Fernando Henrique Cardoso, mas denunciamos também o mensalão, que hoje não

255 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

é mais uma decisão do relatório de uma CPI, mas uma denúncia do Ministério

Público Federal.

Não aceitamos que cada denúncia feita de um lado seja respondida com outra, para, na verdade, se acobertarem as questões levantadas no dia-a-dia.

Há pouco, uma Deputada — quem a conhece como a conhecemos sabe da sua retidão — disse que abria seu sigilo telefônico, fiscal e bancário. Pois bem, Sr.

Presidente Aldo Rebelo, projeto de autoria da Senadora Heloísa Helena determina que nenhum Parlamentar disponha de seu sigilo telefônico, fiscal e bancário.

O Congresso Nacional deveria tomar medidas assim. Se a cada denúncia o

Parlamento continuar absolvendo os acusados, como tem absolvido os mensaleiros, se não tiver coragem de realizar mudanças profundas, como a abertura desses sigilos dos seus membros — mudanças que, há pouco, nós, da Frente Parlamentar pelo Fim do Voto Secreto, reclamamos para acabar com o anonimato que acoberta os Parlamentares —, não mudaremos a situação.

Vemos aqui discussão sobre qual foi o Governo mais corrupto, qual levou o

Brasil a uma situação pior. Não é verdade, infelizmente, Deputado Henrique

Fontana, que a situação econômica nacional seja tão boa. O País, no ano passado, em toda a América, apenas cresceu mais que o Haiti, destruído pela guerra civil.

Nós, do PSOL, cobramos da Casa o fim da impunidade, a apuração de todos os fatos relatados por Silvio Pereira, para dar uma resposta à altura do que a sociedade quer.

Muito obrigado.

256 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. CARLOS SANTANA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. COLOMBO (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o partido na votação anterior.

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO (PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, votei com o partido na votação anterior.

O SR. NELSON TRAD (PMDB-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o partido na votação anterior.

O SR. OLAVO CALHEIROS (PMDB-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, da mesma forma, votei com o PMDB.

257 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Sobre a mesa o Destaque de Bancada nº 2, da bancada do PFL, para votação em separado da Emenda nº 98.

258 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Murilo Zauith.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, votamos o mérito da Medida Provisória nº 284, de 2006.

Agora, estamos encaminhando os destaques. O PFL apresentou destaque para a

Emenda nº 98, em que faculta a dedução pelo que for pago a todos os empregados, não apenas a 1.

Para ficar mais claro, a Medida Provisória nº 284, de 2006, dá a cada família o direito de descontar no Imposto de Renda a contribuição equivalente a 1 salário mínimo por 1 funcionário doméstico. Estamos propondo que ela possa deduzir a contribuição equivalente ao que for pago integralmente ao funcionário doméstico e não apenas a referente a 1 salário mínimo.

Se o empregado doméstico ganhar mais de 1 salário mínimo, poderá ser deduzido do Imposto de Renda tudo que for pago a ele. Outro ponto: se o empregado doméstico tiver recolhimento de FGTS, que o empregador também possa deduzir do Imposto de Renda esse valor.

O mais importante é que se trata de medida provisória temporária, eleitoreira.

O Presidente a editou em época de eleição para fazer com que o empregador possa deduzir do Imposto de Renda, ano que vem, o valor pago este ano. Não é medida perene, para sempre, ad aeternum. Queremos que ela o seja, a exemplo de muitas discutidas e aprovadas por nós nesta Casa.

Sr. Presidente, queremos que a Medida Provisória nº 284, de 2006, permita ao empregador deduzir do Imposto de Renda a integralidade do que pagou ao INSS

259 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 e ao FGTS por seu funcionário doméstico. Espero que esta medida provisória, transformada em lei, seja perene, ad aeternum.

Aproveito a oportunidade para, desta tribuna, saudar meus futuros colegas

Parlamentares, os Vereadores que se encontram nesta Casa, lutando essa luta que também é nossa para assumir sua cadeira de Parlamentar Municipal. (Palmas nas galerias.)

Muito obrigado, Sr. Presidente.

260 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação a matéria.

261 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, peço a palavra para orientar.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAUDERNEY AVELINO (PFL-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, entendemos que esse destaque acaba com o proselitismo político com que o Governo quer trazer essa proposta. Essa regra não pode ter caráter temporário, ela tem de ser definitiva. E nosso destaque prevê isso.

Queremos que a dedução seja feita para mais de 1 empregado, e o projeto só prevê

1.

Dados do IBGE nos dizem que temos no Brasil 1,6 milhão de empregados domésticos. Destes, 65,6% não têm carteira assinada. Dos que a têm, 79,9% recebem entre 1 e 2 salários mínimos. Por isso, é importante que se mantenha o caráter permanente e se abra para mais de 1 empregado.

É o destaque do PFL, a que e votamos “sim”.

O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, a medida provisória, da forma como foi editada, permite a dedução apenas da parcela do INSS. Ela tem a finalidade de estimular a formalização da atividade doméstica. Esse não é estímulo suficiente para que se alcance o objetivo.

Esta emenda permite a dedução das contribuições relativas ao FGTS e ao salário efetivamente pago. Ela amplia os benefícios, estimula mais a formalidade dessa categoria, produzindo o efeito que o Governo quer.

Como o Governo quer levar para a formalidade os empregados domésticos, devemos votar favoravelmente à emenda. Aí sim, teremos um estímulo real.

Sim!

262 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, creio ser oportuno chamar a atenção dos Parlamentares para o fato de haver empregados domésticos no Brasil que não têm carteira assinada. Isso já mostra uma cultura cruel entre nós.

Portanto, a iniciativa do Governo é exatamente para estimular a formalidade dessa categoria e não para pegar impostos arrecadados por toda a sociedade brasileira e financiar uma atividade privada de parte da sociedade.

Essa emenda tem um erro conceitual que nos impele a falar e votar contra.

Por quê? Imaginemos que a sociedade vá financiar quem tem 2, 3, 4, 5, 6 empregados domésticos. São pessoas com altíssimo poder aquisitivo, que não deveriam necessitar de nenhum estímulo para registrar em carteira seu empregado.

O estímulo dado pela medida provisória é para quem tem 1 empregado doméstico, um empregador de classe média baixa, para beneficiar o empregado, e não um empregador de altíssimas posses. Penso que isso seria um desvirtuamento.

O fato de ser transitório não tem nada de eleitoreiro. Se as pessoas podem ter empregado doméstico, têm de se organizar para pagar por isso mais do que vêm pagando.

Não podemos pegar dinheiro público e financiar os que têm mais na sociedade.

263 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação a emenda.

264 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

265 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. FRANCISCO TURRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO TURRA (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

O SR. MARCELO TEIXEIRA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

O SR. ELISEU PADILHA (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

266 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Prorrogo a sessão por 1 hora.

267 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Sobre a mesa requerimento de DVS para a Emenda nº 93, do Deputado Ronaldo Dimas.

268 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

Concedo a palavra ao Deputado Ronaldo Dimas, para encaminhar.

O SR. RONALDO DIMAS (PSDB-TO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta emenda é para que todos os brasileiros que têm filhos em escolas particulares possam abater do Imposto de Renda, no mínimo, o mesmo valor que o Governo Federal estipula para gastos com a educação pública. Sempre no início do ano, o Presidente da República, através de decreto, estipula o valor mínimo a ser gasto com a educação nas escolas públicas de ensino fundamental. Esse valor, só para exemplificar, no ano passado, foi de aproximadamente 630 reais.

Só que do Imposto de Renda, naquela primeira faixa, as pessoas que mantêm seus filhos em escolas particulares podiam abater aproximadamente 300 reais anuais com a educação do filho. O Governo admite que é necessário gastar pelo menos 600 reais com a educação de cada jovem brasileiro, mas aqueles que procuram as escolas particulares para ter uma educação de melhor qualidade somente podem abater 300 reais com a educação de seus filhos.

Tentamos equiparar o gasto que pode ser ressarcido por meio da declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física com a educação dos jovens ao limite que o

Poder Público Federal estipula como gasto anual mínimo por aluno nas escolas públicas de todo o País. Esse limite serve para complementação do FUNDEF e servirá para complementação do FUNDEB.

Com esta emenda, estamos tentando fazer justiça. Peço a todos os

Parlamentares que nos apóiem.

269 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PAULO RUBEM SANTIAGO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO RUBEM SANTIAGO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do meu partido.

270 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação a emenda.

271 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

272 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RONALDO DIMAS (PSDB-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PSDB é a favor.

273 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Sobre a mesa requerimento de DVS para a Emenda nº 103, da bancada do PTB.

274 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

Pergunto ao Deputado José Múcio Monteiro se deseja encaminhar a matéria.

(Pausa.)

Concedo a palavra o nobre Deputado Josué Bengtson, para encaminhar.

O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PTB encaminha a Emenda nº 103 porque entende que o benefício pretendido tem relevante alcance social, pois incentivará a formalização dos contratos, além de representar garantias ao empregado doméstico. Os recursos oriundos do desconto com certeza repercutirão no financiamento da casa própria. O

Governo poderá compensar no incentivo fiscal.

Por essa e outras razões, o PTB entende que esta emenda vai ajudar o

Brasil. Ela permitirá ao empregador que recolher o Fundo de Garantia ter o abatimento no Imposto de Renda.

É o parecer do PTB, Sr. Presidente.

275 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação a emenda.

276 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a emenda que propõe o PTB vem ao encontro do que defende o PFL.

O recolhimento do FGTS para o empregado doméstico é opcional. O PTB propõe que, quando recolhido, ele seja descontado no Imposto de Renda.

Votamos favoravelmente à emenda, Sr. Presidente.

O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, já aprovamos o projeto de lei de conversão que permite a dedução no Imposto de Renda da parcela do INSS. Esta emenda pretende acrescentar o

FGTS, opcional para o empregador doméstico. É, portanto, um estímulo a mais.

Se o Governo realmente deseja estimular a formalização do trabalho doméstico, não vai ser apenas com o INSS que vai conseguir isso. É preciso haver mais estímulo.

Por isso, Sr. Presidente, votamos favoravelmente à dedução da parcela do

FGTS, que é opcional. Se o empregador a recolher, poderá deduzi-la do Imposto de

Renda.

Votamos, portanto, “sim”.

O SR. RONALDO DIMAS (PSDB-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, sendo o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, no caso do empregado doméstico, facultativo ao empregador, é claro que a grande maioria não recolhe.

Esta emenda vai incentivar o empregador a recolher o FGTS, tendo em vista que ele poderá abater o recolhimento do Imposto de Renda.

277 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Não sei se incentivará a formalização, mas, sem dúvida nenhuma, para os que já estão na formalidade, incentivará e muito o recolhimento do Fundo de

Garantia.

Por isso, o PSDB encaminha o voto “sim”.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, hoje é facultativo o pagamento do FGTS, obrigatório para o empregador no caso dos demais trabalhadores. Então, há pessoas que não pagam a taxa. Se essa emenda for aprovada, elas vão continuar sem pagar, porque quem cobrirá o prejuízo será o conjunto da sociedade, que vai bancar para essas pessoas, à medida que elas vão poder abater o valor do Imposto de Renda. Ou seja, elas querem continuar sem pagar.

Encaminhamos contra a emenda, porque o que determinadas pessoas não pagam a sociedade não pode custear.

278 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação a emenda.

279 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

280 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ANTONIO CRUZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTONIO CRUZ (PP-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. ADEMIR CAMILO (PDT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, também votei com o partido.

O SR. MANOEL SALVIANO (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

O SR. AGNELO QUEIROZ (PCdoB-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, na última votação, votei com o partido.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei com partido.

281 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Edson Duarte, para uma Comunicação de Liderança, pelo PV.

O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a divulgação de listas com o nome de acusados em denúncias a que temos assistido chegou à beira da irresponsabilidade. Quando se faz uma lista e a imprensa a publica, incluindo nomes de pessoas que, comprovadamente, são inocentes, acaba-se prejudicando a apuração do caso e até a punição dos verdadeiros culpados.

Cito o caso do Deputado Marcelo Ortiz, companheiro do Partido Verde, pessoa dedicada e comprovadamente honesta que teve seu nome citado numa gravação sobre uma emenda que não trata de ambulância e que nem sequer foi liberada. O seu nome já consta de uma lista, o que traz graves prejuízos para a sua imagem pública e pode até acobertar os verdadeiros responsáveis por tudo de ruim que tem acontecido com a liberação de recursos públicos neste País.

Quando o Governo anuncia o contingenciamento de emendas de

Parlamentares e divulga essa informação à opinião pública, tenta transferir a responsabilidade do Executivo para o Legislativo. Nesta Casa, temos a responsabilidade de apresentar e elaborar propostas amparada pela lei. Trata-se de um direito constituído. O problema não está na origem, mas na forma como o recurso é liberado e aplicado. Além disso, há deficiência na fiscalização e nos instrumentos de controle. Aí sim, reside o grande problema. O Governo não pode, portanto, transferir responsabilidades.

282 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Quero parabenizar o Presidente Aldo Rebelo pelas providências adotadas no sentido de apurar o fato e punir os verdadeiros culpados que estão nesta Casa, mas também de querer inocentar os que não têm nenhuma responsabilidade.

Precisamos apurar, inclusive no âmbito da Polícia Federal, se não estão utilizando aquele importante órgão público como instrumento político, divulgando listas com nomes que não passaram por uma mínima investigação.

Na condição de Líder do PV, quero solidarizar-me não somente com o

Deputado Marcelo Ortiz, mas com todos os que tiveram o nome citado indevidamente, e conclamar esta Casa, por intermédio da Mesa Diretora, a investigar rigorosamente todos os que têm algum tipo de envolvimento. Que o Poder

Executivo, seja federal, seja estadual, seja municipal, não se afaste de suas responsabilidades e não deixe de adotar as medidas necessárias ao caso.

Muito obrigado.

283 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ZENALDO COUTINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ZENALDO COUTINHO (PSDB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o PSDB.

O SR. HUMBERTO MICHILES (PL-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, votei com o Partido Liberal.

O SR. ITAMAR SERPA (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o PSDB.

O SR. BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com o PSB.

284 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MARCELO ORTIZ - Sr. Presidente, peço a palavra por 1 minuto, em razão de meu Líder ter citado meu nome.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Citou o nome de V.Exa. como? S.Exa. o atacou?

O SR. MARCELO ORTIZ - Não. Ao contrário. Defendeu-me. Se V.Exa. não quer me conceder a palavra, eu não falo.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Não é que eu não queira. É que não é regimental, Deputado.

O SR. MARCELO ORTIZ - Muito obrigado, Sr. Presidente.

285 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ÉRICO RIBEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ÉRICO RIBEIRO (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o PP.

286 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Sobre a mesa requerimento de DVS para a Emenda nº 28, do Líder do PDT, Deputado André Figueiredo.

287 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado André Figueiredo.

O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (PDT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apresentamos este destaque porque, da maneira como foi apresentada, a presente medida provisória parece ser extremamente benéfica ao trabalhador brasileiro, à empregada doméstica e ao assalariado de classe média, quando, na verdade, chega a ser até um pouco perversa, visto que restringe a dedução do Imposto de Renda ao modelo de declaração completo.

Quem opta pelo modelo simplificado não pode fazer a opção para deduzir do

Imposto de Renda a recolher. Ou seja, só quem ganha muito será beneficiado com isso, contradizendo o que o nobre Líder do Governo afirmou aqui, ou seja, que quem tem 2, 3, 4 empregados não precisa ter esse benefício. Na verdade, quem opta pelo modelo completo da Declaração do Imposto de Renda geralmente é quem ganha mais.

Apresentamos este destaque, primeiro, para beneficiar o assalariado que ganha até 2 salários mínimos. É hipocrisia pensar que qualquer empregado hoje ganha 1 salário mínimo. Então, vamos legitimar o registro com base em apenas 1 salário mínimo, ou seja, o por fora vai continuar existindo. Ao mesmo tempo, hoje há inúmeros casos de velhos ou de deficientes físicos que têm 2 pessoas trabalhando com ele. Eles precisam registrar os funcionários e conseqüentemente ter esse benefício fiscal.

Por isso, apresentamos o destaque. Requeremos aos nobres colegas que examinem isso, inclusive o próprio Governo. Não estamos pedindo muito, não

288 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 estamos pedindo o registro de todos os empregados domésticos, independentemente de valores. Estamos limitando em 2 salários mínimos e em até 2 empregados por beneficiário.

Então, Sr. Presidente, apresentamos este destaque e voltamos a insistir que, se quer realmente fazer justiça social, o Governo deve também beneficiar quem faz a opção pelo modelo simplificado e não apenas quem utiliza o modelo completo.

289 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. KELLY MORAES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. KELLY MORAES (PTB-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

O SR. NELSON MEURER (PP-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

290 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. FERNANDO CORUJA - Sr. Presidente, peço a palavra para orientar a bancada.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o destaque do PDT vai na linha de ampliar os benefícios para o empregador que formaliza o contrato do empregado doméstico. Entende que o abatimento no Imposto de Renda apenas da parcela do INSS paga pelo empregador não é suficiente para estimular a formalização. Por isso, estende para 2 empregados domésticos e também para a contribuição previdenciária incidente sobre o décimo terceiro salário.

Se queremos realmente estimular a formalização do emprego doméstico no

País — e, repito, esta é a finalidade do Governo, está na exposição de motivos, o

Governo alega que há muitos empregados domésticos na informalidade e que quer arrecadar mais e permitir que esses empregados tenham o benefício de auxílio-doença, o benefício da aposentadoria —, precisamos aprovar a emenda.

Votamos “sim” à emenda do PDT.

291 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, peço a palavra para orientar.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao Deputado Murilo

Zauith, para orientar.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a emenda que o PDT propõe à Medida Provisória nº 284 faz com que ela melhore muito, como outras emendas que já discutimos aqui. Ela propõe que o décimo terceiro salário também seja deduzido no Imposto de Renda, o que é uma boa medida. E que, pela Declaração de Imposto de Renda Simplificada, também se possa deduzir os valores pagos ao empregado doméstico.

Na medida provisória — deve ter havido um lapso —, não está escrito que pela Declaração Simplificada também é permitida a dedução. Só as pessoas que fazem a declaração por inteiro têm esse direito? Penso que houve um equívoco na edição da medida provisória e que precisamos corrigi-lo, para que aqueles que fazem a Declaração Simplificada também possam descontar aqueles valores.

292 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

293 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Aqueles que forem favoráveis à aprovação da emenda permaneçam como se acham. (Pausa.)

REJEITADA.

294 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. NEYDE APARECIDA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. NEYDE APARECIDA (PT-GO. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)

- Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)

- Sr. Presidente, votei com meu partido na votação anterior.

O SR. RAIMUNDO SANTOS (PL-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, votei com o PL na votação anterior.

A SRA. SUELY CAMPOS (PP-RR. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, votei com o PP.

295 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Fernando Coruja, para uma Comunicação de Liderança, pelo PPS.

O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Como Líder. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, este final de semana foi tomado pela entrevista do ex-Secretário de Organização do PT Silvio Pereira, na qual ele confirma a existência do mensalão e insinua que o Presidente Lula tinha conhecimento do assunto, por ser um dos chefes do PT.

Houve também a denúncia dos sanguessugas no Brasil, que está amortecido por tantas denúncias e escândalos. E, talvez pelo número elevado de escândalos, nem percebemos mais a gravidade dos fatos quando há uma denúncia.

É claro que a denúncia de Silvinho Pereira é grave, porque vem de um membro que era da cúpula do PT. Podem os fatos não ser novos, mas é uma denúncia grave devido à fonte. Não se pode desqualificar o ex-Secretário, que era uma pessoa qualificada no partido. Não é fácil desqualificar quem é qualificado. Mas

é claro que precisamos de esclarecimentos. O fato de ele dizer que a intenção era arrecadar 1 bilhão não quer dizer que isso seja verdade. Precisamos de esclarecimentos, repito.

Da mesma forma ocorre com os sanguessugas. De pronto, o nosso partido, na sexta-feira, em uma reunião no diretório nacional, pediu esclarecimentos — sempre é necessário solicitar explicações. É evidente que se deve fugir do denuncismo, porque há listas demais neste País. Mal noticiaram o escândalo do

Silvinho Pereira e já surge mais uma lista de pessoas.

O nome de 2 Deputados constam da lista. Já houve o desmentido por parte da pessoa do Ministério da Saúde que citou a Deputada Juíza Denise Frossard,

296 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Parlamentar da mais alta qualidade, dona dos mais altos valores éticos. S.Exa. disse que está acima de qualquer suspeita. E citaram o Deputado Fernando Estima, que nem Deputado era. S.Exa. chegou esses dias para substituir o Deputado Valdemar

Costa Neto. Então, as emendas eram feitas pelo então Deputado Valdemar Costa

Neto.

Queremos defender os Parlamentares, mas insistimos para que todos aqueles que estão envolvidos — e nossos Deputados estão fazendo isso — digam publicamente: “Não, eu não fiz. Não é verdade”.

O Presidente da República também deveria se pronunciar e, talvez, atender ao pedido do Senador Eduardo Suplicy, dizendo: “Não, não é verdade. Eu não estou envolvido”.

A Nação precisa de esclarecimentos. Todos são inocentes até que provem o contrário. Mas o homem público, quando é acusado, precisa se defender das acusações, como fizeram Deputados do nosso partido — eles já demonstraram que não estão envolvidos — e como fez a Deputada Ann Pontes, que veio até aqui e se pronunciou. É preciso que façam isso.

Talvez seja a hora de o Presidente da República dizer à Nação: “Não estou envolvido. Não é verdade”. Ou, então, explicar por que o Secretário-Geral do PT insinua que S.Exa. pode estar envolvido e confirma a tese do mensalão.

Nós, do PPS, solicitamos, como partido de oposição nesta Casa, que as explicações sejam dadas para que se compreenda o que está acontecendo no País.

Há uma frouxidão moral, mas ela não pode tomar conta de todos. É preciso que as pessoas reajam a isso, solicitem explicações e aqui se pronunciem.

Obrigado.

297 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BONIFÁCIO DE ANDRADA (PSDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

298 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - A Presidência presta, em nome da

Casa, condolências aos familiares e amigos pelo desaparecimento do ex-Deputado

Federal, ex-Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, ex-Prefeito da cidade de

Araxá, o advogado e escritor Olavo Drummond.

299 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. OSMAR TERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. OSMAR TERRA (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

O SR. DURVAL ORLATO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

300 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Sobre a mesa requerimento de DVS, da bancada do PFL, para a Emenda nº 40.

301 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. NELSON PROENÇA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NELSON PROENÇA (PPS-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

302 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Murilo Zauith.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, estamos em processo de discussão e votação das emendas da Medida Provisória nº 284, na qual o Governo propõe que o empregador registre o empregado doméstico com um salário mínimo e deduza esse valor no Imposto de

Renda. Isso por caráter temporário. Estamos fazendo uma lei em caráter temporário.

Não é definitivo. Ela tem prazo de vencimento.

O que estamos discutindo, em várias emendas, de vários partidos, é a melhoria do texto, para que ele seja mais abrangente. Há emendas que propõem a dedução do décimo terceiro salário no Imposto de Renda, assim como o recolhimento do FGTS. Quem tiver mais de um empregado, quem pagar mais de um salário, poderá deduzir esse valor do Imposto de Renda. É essa discussão que estamos fazendo nas emendas de vários partidos. A que estamos propondo agora faz com que todos os empregados domésticos possam ser registrados e a que contribuição seja deduzida no Imposto de Renda.

É o encaminhamento que fazemos neste momento, em discussão com os partidos, para melhorarmos o texto. Entendo que o texto tem algumas falhas de redação. Por exemplo, não prevê que, na declaração simplificada do Imposto de

Renda, seja deduzido o valor o que se paga ao empregado doméstico.

Temos de corrigir o texto para fazermos com que a lei seja abrangente e perene.

É o que queremos discutir.

303 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MORONI TORGAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, temos apresentado várias emendas a esse projeto, não para enfraquecê-lo, mas, ao contrário, para fortalecê-lo.

No mérito, somos favoráveis à matéria.

Acreditamos que se trata de uma boa iniciativa para que as pessoas saiam da informalidade. Nesse sentido, somos favoráveis e queremos enriquecê-lo. Por exemplo, ele tem prazo de validade até 2012, mas queremos que tenha caráter definitivo.

Queremos também que outros empregados domésticos sejam reconhecidos e tenham desconto no Imposto de Renda. Isso os incentiva. Se, por um lado, o

Governo perde no Imposto de Renda, por outro, vai ganhar nos demais tributos que todos esses empregados vão pagar.

Por isso somos favoráveis a esta emenda.

304 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

305 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Os Srs. Deputados que aprovam a emenda permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

306 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. MARCUS VICENTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARCUS VICENTE (PTB-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, acompanhei o voto do meu partido.

O SR. LEONARDO VILELA (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

307 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Sobre a mesa requerimento de destaque para votação em separado, da bancada do PSDB, do inciso II do § 3º do art. 12, constante no art. 1º do PLV apresentado à Medida Provisória nº 284/06.

A bancada do PSDB tem a intenção de excluir o inciso II. Portanto, quem quiser manter o inciso tem de votar “sim”.

308 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RONALDO DIMAS (PSDB-TO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, discutimos sobre a possibilidade de fazer uma verificação nesta emenda, que suprime a parte em que a Relatora considerou como dedutível somente para as pessoas que declararem naquele formulário completo. Ou seja, todos os empregadores que declararem no formulário simplificado não teriam direito ao ressarcimento do Imposto de Renda pelo que foi pago de INSS.

Ao mesmo tempo — e aí solicito atenção do Deputado Coruja e dos demais

Líderes dos partidos de oposição —, há uma dúvida se a supressão pura e simples de parte do texto seria eficiente, porque há entendimentos de que a própria Receita

Federal poderia, por meio de uma regulamentação, obrigar aos que quiserem o ressarcimento a fazerem somente a declaração completa.

Há essa dúvida. Se não constar no texto, uma regulamentação da Receita poderia ter o efeito que a Relatora pretende. Ou seja, somente nas declarações completas é que se poderia abater do Imposto de Renda o que foi pago no recolhimento do INSS. Mesmo assim nós queremos ver essa supressão do texto.

Nosso desejo é verificar no item seguinte, no destaque seguinte, que se refere a 2 salários mínimos no máximo, uma emenda da Deputada Yeda Crusius.

Somos pela supressão de parte do texto, aquela que obriga os contribuintes a fazerem uma declaração completa.

309 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PAULO DELGADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO DELGADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, justifico que na votação anterior votei com o partido.

310 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Para orientar, pelo PPS, concedo a palavra ao Deputado Roberto Freire.

O SR. ROBERTO FREIRE (PPS-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, argumento que o projeto defende que aqueles que tenham empregados domésticos com contrato de trabalho e paguem o INSS podem descontar do Imposto de Renda essa parcela da Previdência Social.

Esta é a regra geral. Não pode a Receita Federal — por isso precisamos excluir esse inciso — criar discriminação. Essa discriminação é contra a lei. A lei não diz que tem de ter renda superior os que fazem as declarações integrais, para que possam descontar. Aquele que tem empregado doméstico e contribui para a

Previdência, mesmo tendo renda menor e fazendo com declaração simples, deve gozar do direito previsto na lei.

Portanto, urge que se retire esse inciso II, até para garantir que todos que tenham empregado doméstico e contribuam para a Previdência possam descontar essa parcela no Imposto de Renda, e não apenas aqueles que tenham renda superior. Evidentemente é um grave equívoco esse inciso II e ele tem de ser retirado.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Para orientar, concedo a palavra ao

Deputado Moroni Torgan.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acho que este é o tipo de emenda que a própria Relatora poderia assumir. Não sei o que houve, porque, num primeiro momento, a Relatora havia concordado que na declaração simplificada pudesse ser feito também esse desconto com empregados domésticos.

311 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Posteriormente, no relatório lido, isso foi suprimido e ficou só a declaração completa. Acredito até que a própria nobre Relatora também tenha vontade de inserir o desconto na declaração simplificada.

Aliás, hoje em dia, cada vez mais, está-se usando a declaração simplificada.

Seria muito injusto se não se pudesse fazer o desconto do empregado doméstico naquela declaração que é a mais usada pelas classes média e média/alta. Acho que essa é uma questão de justiça.

Sr. Presidente, acredito que se a nobre Relatora for consultada, ela mesma será favorável. Portanto, não vejo razão para nós não assumirmos essa emenda, de modo que todo mundo que faça a declaração de Imposto de Renda, seja por meio de declarações simplificadas, seja completas, tenha o benefício do desconto por aquilo que foi gasto com o empregado doméstico.

Sr. Presidente, essa é a nossa posição. Portanto, somos favoráveis à emenda.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Concedo a palavra ao Deputado André

Figueiredo, para orientar o voto pelo PDT.

O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (PDT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, na verdade, isso está muito claro. A nobre Relatora é favorável a essa emenda. Tanto que, no primeiro PLV que encaminhou a esta Casa, S.Exa. contemplava o modelo simplificado e o modelo completo. Só que, no decorrer da noite, evidentemente, a base aliada e o Governo devem ter pressionado, e S.Exa. mudou no PLV seguinte.

Então, nós, neste momento, estamos aqui justamente para demonstrar claramente que, se o Governo quer que, por meio desta medida provisória, se faça

312 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 justiça, se beneficie o empregador e a empregada doméstica, que contemple os 2 universos. Senão, isso vai limitar quem tiver alto rendimento. Só terá benefícios quem pode declarar o Imposto de Renda com o modelo completo, e não com o modelo simplificado.

Sr. Presidente, o PDT vota de acordo com a emenda.

313 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação.

Os que quiserem manter o texto terão que votar “sim”, ou seja, terão de permanecer como se acham; os que forem a favor da exclusão do inciso II do § 3º terão de se manifestar.

314 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PL-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero fazer um apelo ao Governo, às Lideranças do Governo, às

Lideranças dos partidos tanto do Governo quanto da Oposição. E quero que o nobre

Líder Arlindo Chinaglia ouça.

Realmente, a Relatora sempre defendeu essa emenda, esse destaque. O

Deputado Roberto Freire tem razão. A lei não pode discriminar, sobretudo, porque a lei discrimina quem é mais pobre, quem faz seu Imposto de Renda pela declaração simplificada. Essa emenda é de Robin Hood, às avessas. Quem é mais rico pode descontar, pois declara no formulário completo. Quem é mais pobre, que declara pelo modelo simplificado, não pode.

Meu caro líder, V.Exa. tem uma visão social tão boa, sempre foi um dos defensores da igualdade social neste País, sempre defendeu isso em São Paulo, quer como Presidente de sindicato, quer como Presidente do Conselho Regional de

Medicina paulista, faço apelo no sentido de que os declarantes pelo modelo simplificado sejam beneficiados pela emenda.

315 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Para orientar, concedo a palavra ao Sr.

Deputado Arlindo Chinaglia.

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, primeiro, cumprimento o Deputado Inocêncio Oliveira pelo esforço de convencer o Plenário, inclusive a Liderança do Governo. No entanto, talvez esteja havendo uma inversão, não por parte do Deputado Inocêncio Oliveira, mas de quem pela primeira vez formulou a tese. Por quê? Ao escolher a declaração simplificada, o contribuinte tem um desconto geral de 20%, sem precisar confirmar seus gastos. O cidadão tem poder de escolha, opta pela declaração simplificada ou a integral se for conveniente. Se se excepcionaliza a questão do empregado doméstico, por que não a educação, a saúde, o número de dependentes?

Portanto, se o cidadão tem determinados gastos, inclusive com o empregado doméstico, se for conveniente, fará a declaração integral e terá o benefício, independentemente da sua renda. Quando se escolhe a declaração simplificada, tem de haver uma regra geral para todos os itens que possibilitem o desconto do

Imposto de Renda. Se houvesse a excepcionalização, aí sim, incorreríamos em erro.

Por quê? Estaríamos tirando a oportunidade do pobre de obter desconto por ter mais dependentes, mais filhos na escola.

Sr. Presidente, creio que a proposta, inicialmente, é chamativa, mas já chegamos, Deputado Inocêncio Oliveira, aparentemente, à compreensão que acabo de relatar. Enfim, cada um vai fazer a sua conta e escolher a que for melhor: a simplificada ou a integral.

316 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o argumento do Deputado Chinaglia pode ser confutado pelo seguinte: queremos o desconto padrão e mais esse.

É claro que precisamos dar um tratamento igualitário para as classes C e D, porque elas têm empregada doméstica; às vezes ganham pouco e têm uma babá que cuida das crianças. Não podemos permitir que o desconto seja apenas para quem faz declaração completa, geralmente as classes A e B.

Insistimos na tese de que é possível resolver esse tecnicismo que S.Exa. defende, por uma fórmula simples: é o padrão e mais esse.

Continuamos votando “não”.

317 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Em votação o inciso.

318 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Os Srs. Deputados que forem pela manutenção do inciso permaneçam como se encontram. (Pausa.)

A Presidência vai fazer a verificação da votação pelo sistema eletrônico.

319 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - A Presidência solicita aos Srs.

Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

320 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. JOSÉ OTÁVIO GERMANO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ OTÁVIO GERMANO (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com meu partido, na votação anterior.

O SR. LEANDRO VILELA (PMDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o PMDB.

O SR. MAURO LOPES (PMDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

321 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RONALDO DIMAS (PSDB-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PSDB encaminha o voto “não”, ou seja, pela supressão.

O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o PPS encaminha o voto “não”.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PFL vota “não”.

O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (PDT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- O PDT orienta o voto “não”, Sr. Presidente.

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero dialogar com o Plenário mais uma vez, porque talvez haja um problema de compreensão. Vale a pena fazer uma última tentativa de aproximação.

A minha leitura é a de que quem opta pela chamada declaração simplificada tem um desconto padrão.

Esta medida provisória traz uma vantagem de desconto para quem deve pagar Imposto de Renda. Se o cidadão entender que, com essa vantagem, ele passa a obter um ganho fazendo a declaração simplificada, vai optar por esse caminho. Temos de dar liberdade ao cidadão. Se ele quiser utilizar o modo simplificado, terá o desconto padrão, que vale para tudo: para o médico, para a empregada doméstica, que está entrando na lei agora, e para todos os itens que poderão ser descontados no Imposto de Renda. O contribuinte define se faz a declaração no modelo simplificado ou completo.

322 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Se o cidadão optar pela declaração completa e obtiver vantagem com essa nova lei, a emenda que estamos votando, na minha opinião, é inócua.

Por isso entendo que manter o texto é melhor e sugiro o voto “sim”.

323 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ROBERTO FREIRE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROBERTO FREIRE (PPS-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, talvez eu possa esclarecer a questão. Acho que poderíamos chegar a um acordo.

A proposta não atrapalha em nada a Receita Federal. Mais do que isso: se votarmos “não”, iremos incentivar a legalização da situação das empregadas domésticas. Mesmo para aqueles que têm baixo rendimento, que optam pela declaração simplificada e têm o desconto padrão, isso poderia ser oferecido, porque não é um gasto de um serviço qualquer, é o pagamento de uma contribuição do trabalhador. A vantagem de desconto no Imposto de Renda incentiva a regularização da situação do trabalhador, o que não vai contra a Receita. Ao contrário, a favor do objetivo de legalizar, com contrato formal, a situação das empregadas domésticas.

É nesse sentido que faço um apelo, porque tanto o simples quanto o padrão ou outra declaração seria um direito garantido para quem tivesse empregada doméstica, legalizada e pagasse a Previdência.

324 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PSOL?

O SR. JOÃO ALFREDO (PSOL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PSOL vota “não”, por entender que a medida atende à classe média baixa e à legalização das empregadas domésticas.

Nosso voto é “não”, pela emenda.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PV?

O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PV entende que é preciso garantir a dedução tanto da simplificada como da declaração completa.

Portanto, o PV encaminha o voto “não”.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PTB?

O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PTB vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PP?

O SR. ILDEU ARAÚJO (PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PP vota “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PL?

O SR. LINCOLN PORTELA (PL-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Partido Liberal vota “sim”, pela manutenção do texto. A medida provisória está bem clara, dando opção ao contribuinte.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PSB?

O SR. MÁRIO ASSAD JÚNIOR (PSB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PSB vota favoravelmente à manutenção do texto.

325 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PCdoB?

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (PCdoB-AM. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, o PCdoB vota “não”, pela supressão, porque há outra emenda exatamente com o mesmo conteúdo.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Como vota o PP?

O SR. ILDEU ARAÚJO (PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PP vota “sim”.

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Governo vota “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - O PMDB, por ser o primeiro entre todos...

O SR. GASTÃO VIEIRA (PMDB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, em homenagem a V.Exa., nós vamos encaminhar “sim”, para manter o texto.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Muito obrigado, Deputado Gastão Vieira.

O SR. GASTÃO VIEIRA - De nada, Presidente.

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Governo vota “sim”.

326 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - A Presidência solicita aos Srs.

Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

327 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - A Presidência convoca as Sras.

Deputadas e os Srs. Deputados que porventura se encontram nos gabinetes para comparecerem imediatamente ao plenário, pois a votação será encerrada dentro de alguns minutos.

328 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. PASTOR AMARILDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PASTOR AMARILDO (PSC-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PSC encaminha o voto “sim”.

329 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. VIGNATTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VIGNATTI (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o PT.

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com a bancada do PDT, na votação anterior. E agora voto novamente com a minha bancada: “não”.

O SR. PAULO DELGADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na primeira votação, justifiquei meu voto. Votei com a bancada.

330 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

A SRA. ANGELA GUADAGNIN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. ANGELA GUADAGNIN (PT-SP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fiz questão de escrever o que quero dizer agora para não me deixar envolver pelo sentimento e até falar alguma coisa que não gostaria ou não deveria.

Desde o início dos trabalhos do Conselho de Ética, os Deputados conselheiros são testemunhas da minha presença constante, tanto nas sessões de depoimentos como nas sessões administrativas e mesmo nas de apresentação dos relatórios e votações. Hoje, alguns membros não estavam aqui desde o início, mas receberam, como Deputados, informações constantes de tudo o que acontecia nesse conselho. Tive que mudar completamente minha rotina de participação nas diversas Comissões Especiais, para poder me dedicar com responsabilidade à tarefa que meu partido me deu de ser titular no Conselho de Ética.

Procurei ter sempre a mesma posição coerente e respeitosa com todos os

Relatores, independentemente do Deputado que estava sendo julgado, assim como de seu partido.

Muitas vezes concordava com a posição geral dos outros membros do

Conselho, e de outras discordava. Entretanto, nunca faltei com o respeito com nenhum de V.Exas. Sempre procurei desenvolver uma relação amistosa e companheira, sem abrir mão das minhas opiniões.

Tenho como princípio de vida pessoal e político a busca dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito. Construímos uma democracia com muita luta, para vencermos a ditadura, e essa luta nos custou a vida de muitos, que também

331 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 acreditaram que a democracia é um bem a ser conquistado e mantido permanentemente.

Na minha vida pessoal e política sempre combati a corrupção, sempre lutei pela ética na política, na utilização dos recursos públicos para construir uma sociedade mais justa, fraterna, sem desigualdades sociais e raciais. Tenho princípios religiosos muito firmes que me conduzem nesta caminhada.

Desde o início da minha atuação no Conselho de Ética procurei estudar cada caso, analisar cada depoimento e examinar cada prova. Nunca aceitei o que os meios de comunicação impuseram à opinião pública, segundo os quais todos os

Deputados representados eram culpados igualmente e deveriam ter o mesmo julgamento, ou seja, deveriam ser cassados, e que só desse modo a corrupção seria varrida para sempre da Câmara Federal.

A Constituição brasileira é muito clara quando garante o direito de defesa de todos os acusados; que o acusado só é culpado depois de julgado; e que todos têm a garantia de que os procedimentos processuais serão respeitados. Qualquer coisa diferente disso é característica de regime totalitário, de regime de exceção, de regime de pensamento único.

A minha atuação no sentido de ver garantidos os preceitos constitucionais e de não aceitar a imposição da mídia parece que incomodou muita gente, dentro e fora do Conselho. Incomodava quando eu pedia vista de um processo, como se fosse algo ilegal ou imoral. Alguns, mesmo para dizerem que eu estava usando meu direito regimental, apelavam para o deboche e adotavam postura irônica.

Incomodava quando eu fazia voto em separado. Mas, quando outros também

332 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 pediam vista ou faziam votos em separado, parecia que não agrediam o Conselho e os seus membros.

Procurei atuar em todos os casos me pautando por esses princípios igualmente, sem diferenciação de partido, tanto dos Deputados do meu próprio partido como dos representados dos outros partidos. Tanto que, em alguns casos, votei pela cassação; em outros, pela absolvição; em outros ainda, propus pena alternativa, porque reconhecia a presença de alguma irregularidade, mas não punível com cassação.

Essa minha conduta na busca da verdade e de se fazer justiça, além de não ter sido aceita, por contrariar o pensamento único que estava sendo imposto à opinião pública, provocou uma necessidade de vingança a esse alguém que ousava desrespeitar esse modo totalitário de impor um pensamento único, num claro desrespeito à Constituição e às leis.

Tenho sido execrada pela mídia desde o início dos processos no Conselho.

Constantemente eram ouvidas frases como “novamente ela pediu vista”, “novamente ela apresentou voto em separado”, “novamente ela questiona a posição deste ou daquele Relator”, “novamente ela está atrasando os processos”, “imaginem, ela ousou expressar um sentimento de alegria porque seu amigo não foi cassado”, “ela dançou a impunidade no plenário da Câmara”.

No mais recente episódio em que fui alvo de maledicência, usaram 20 segundos da minha vida e tentaram acabar com mais de 20 anos de vida como médica pediatra e outros 20 da minha vida pública, tempo em que me dediquei integralmente à defesa da igualdade, da justiça e dos princípios democráticos. Num

333 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 plenário quase vazio, à 1h da madrugada, uma simples manifestação de alegria foi interpretada como a maior das ignonímias já praticadas por uma pessoa.

Ação suficiente para, no entendimento daqueles que têm pensamento único, caracterizar como vibração pela impunidade. Impuseram à opinião pública a versão dos fatos por eles criada, desconsiderando a realidade dos fatos. Para eles, vale mais a versão.

A versão do fato e a repercussão do fato repetido à exaustão em todos os veículos de comunicação conseguiram passar para a opinião pública que a

“Deputada defende corruptos, dança pela absolvição dos mensaleiros e, portanto, deve ser execrada e afastada do Conselho, para não contaminar as ações de seus membros”. E mais, “ela deve ser punida”, “imaginem fazer tudo isso e não ser punida!”

Cabe lamentar tudo isso, mas a mim particularmente cabe muito mais continuar minha caminhada com os objetivos que tracei, aos quais já me referi.

Os Srs. Deputados membros do Conselho melhor do que ninguém me conhecem e melhor do que ninguém acompanharam minha atuação. S.Exas. podem ter tido opinião diferente da minha, mas sabem que em nenhum momento agi da forma como fui apresentada pela mídia, como se estivesse desrespeitando a Casa ou os meus pares, e muito menos a população. Tudo isso porque eu somente procurei agir dentro da lei e respeitando à Constituição, garantindo o direito de defesa, o direito do contraditório e o direito ao devido processo legal.

Sempre agi na defesa da democracia. A versão dos fatos, e não os fatos, recomendou a minha punição.

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Todos sabem aquilo a que o Plenário da Câmara já assistiu em tempos recentes e remotos. O Plenário já viu ações de raiva, de descontrole, e também já viu manifestações de alegria. O Plenário desta Casa já presenciou Deputado puxar arma para outro Deputado. Já assistiu a Deputada jogar o microfone de aparte no

Presidente em exercício. Já testemunhou Deputado homem agredir Deputada mulher com xingamentos, socos e empurrões. O Plenário já viu Deputado se acorrentar numa cadeira, já viu xingamentos e agressões.

Todos se lembram muito bem, quando da aprovação da reeleição de FHC: os

Deputados cantaram, dançaram e fizeram trenzinho no plenário. Aplausos após vitórias em votações difíceis. Abraços e papéis picados sendo jogados para o alto, numa clara manifestação de alegria pela vitória em uma votação. Recentemente observamos Deputados aplaudindo, jogando outro Deputado para o alto pela vitória conseguida em votação na CPMI.

Mais recentemente, em manifestação tipicamente política no plenário da

Casa, por ocasião de votação secreta, Deputados exibiram seus votos, num claro desrespeito à Constituição Federal, que determina procedimento por voto secreto nos processos de cassação de mandatos parlamentares. Desrespeito à

Constituição, de forma pública, em plena sessão da Câmara, é ou não é ato incompatível com o decoro parlamentar? O art. 4º, inciso I, do Código de Ética desta

Casa diz claramente: cassação do mandato do Parlamentar que agir assim.

No próprio Conselho vimos Deputados aplaudindo quando o Supremo negou a liminar pedida pelo ex-Deputado José Dirceu. Certo órgão de imprensa publicou matéria sobre um Deputado do Conselho que teve suas contas de campanha rejeitadas pela Justiça Eleitoral. Ninguém considerou que aquele Deputado deveria

335 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 ser afastado do Conselho. Também não se cogitou do afastamento do Presidente do

Conselho, ou do exercício de seu mandato, quando se noticiou ter ele contratado, para assessoria na Presidência do Conselho, pessoa que tinha sido demitida, a bem do serviço público, do Ministério de Minas e Energia. Por que 2 pesos e 2 medidas?

Por que a manifestação da Deputada Angela é totalmente desvinculada do contexto em que ocorreu e merece ela punição? Só porque ela ousou pensar diferente?

Eu tenho minha consciência tranqüila. Às pessoas que se sentiram ofendidas por terem recebido a versão deturpada do fato já pedi desculpas, mesmo sabendo não ter dançado pela impunidade ou debochado da opinião pública ou de qualquer pessoa em especial.

Outro fato sobre o qual não posso deixar de me manifestar agora se refere à relatoria do Deputado José Janene, exatamente por causa das acusações que estão sendo feitas contra mim. Não aceito que o atraso no processo do Deputado Janene tenha sido causado por mim. Fiz a minha parte, cumprindo todo o ritual do processo, tomando todas as providências para a sua instauração, instrução, inclusive com a juntada dos depoimentos prestados nas CPIs, no Ministério Público e na Polícia

Federal, apresentando e chamando, inclusive, as testemunhas necessárias para esclarecer as contradições existentes entre os seus depoimentos e a defesa apresentada pelo Deputado Janene. Todos os membros do Conselho e todos os meus pares desta Casa acompanharam as ações que eu fiz. Nunca me omiti ou provoquei qualquer atraso no processo.

Todas as representações chegaram ao Conselho de Ética no dia 14 de outubro do ano passado, e foram designados os Relatores logo que os processos

336 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 voltaram da Mesa. Imediatamente, todos os Deputados representados foram indiciados, dando-se início aos processos.

S.Exas. lembram que apenas um Deputado não foi indiciado junto com os outros, ou na mesma época. Por diversas vezes, o Conselho discutiu os procedimentos que seriam adotados no caso do Deputado José Janene, que se encontrava afastado de suas funções por licença médica desde setembro de 2005.

O Deputado José Janene foi intimado através do seu advogado, no último segundo do dia 15 de dezembro, dia em que terminava o ano legislativo. Apesar da convocação extraordinária, só ocorreu sessão de plenário no dia 16 de janeiro, quando se começou a contar o prazo de 5 sessões de plenário, conforme previsto no Regulamento do Conselho de Ética. No dia 20 de janeiro, o Deputado Janene apresentou sua defesa prévia através de seu advogado.

Logo em sua defesa inicial, o advogado do Deputado Janene salientou que o estado de saúde do representado o impossibilitava de comparecer para depoimento, afirmando que o Deputado fazia questão de comparecer ao Conselho para prestar todas as informações e responder as indagações que fossem feitas pela Relatora e pelos demais membros do Conselho.

Após a apresentação da defesa prévia, e diante do impasse, apresentei diversos requerimentos ao Conselho para que solicitasse à Mesa da Câmara providências no sentido de compor uma junta médica para examinar o Deputado

Janene, assim como no de solicitar informações dos médicos que o atendiam, com a finalidade de atestar a real incapacidade de seu comparecimento ao Conselho para que ele pudesse ser ouvido. Solicitei, também, informação junto à Mesa para que o

Conselho fosse informado dos procedimentos cabíveis nesse caso.

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O Conselho decidiu pela continuidade do processo, considerando que o

Deputado fora indiciado através de seu advogado, apresentou defesa prévia e que o próprio advogado o substituiria durante as oitivas das testemunhas arroladas por mim, como Relatora, ou mesmo daquelas arroladas pelo Deputado Janene.

Novamente o advogado do Deputado apresentou recurso para que a decisão do

Conselho fosse suspensa, alegando que o Deputado reafirmava seu interesse em comparecer pessoalmente. Seu advogado, em todos os momentos, alegava que o

Conselho estava negando o direito de defesa do seu representado.

Todas as testemunhas foram convidadas para prestar depoimentos, sem que aceitassem o convite, sob a alegação de que não havia fatos novos que tornassem necessários novos depoimentos. Mais uma vez o advogado apresentou requerimento questionando a ausência do Deputado Janene. Começamos a chamar as testemunhas apresentadas pelo advogado, mas também elas não quiseram comparecer.

Para não ser acusada de impedir a defesa, ainda chamamos outras testemunhas que seriam “suplentes”, por falta das outras 5 arroladas. Convidamos o

Deputado Padre José Linhares, que na ocasião afirmou não saber de qualquer fato que esclarecesse o processo. Foi convidado também o Deputado Agnaldo Muniz, quando já não tive oportunidade de estar presente.

Como pode ser observado, esta Deputada, na função de Relatora do processo do Deputado Janene, em nenhum momento se omitiu, postergou, adiou, atrasou ou adotou qualquer procedimento que atrapalhasse o andamento do processo.

338 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Não podemos esquecer que esse processo se iniciou no dia 16 de janeiro deste ano, data totalmente diferente das dos demais Deputados representados. Até o dia de hoje, já se passaram cerca de 4 meses. No Conselho, os processos iniciados em outubro de 2005 consumiram, em média, 5 ou 6 meses. Por que no caso do Deputado Janene sou apresentada como a culpada pelo atraso do processo?

Tenho consciência de que o Presidente do Conselho já nomeou um novo

Relator para esse caso. Não vou questionar essa decisão. Durante todo o tempo em que fui Relatora, procurei não expressar qualquer juízo de valor sobre o processo, procurando agir com a maior ética possível. Mesmo durante as diversas oportunidades em que a imprensa me entrevistou, não fiz qualquer comentário, informei, apenas, o andamento do processo.

Por essas razões, não aceito a acusação de que eu causei qualquer obstáculo ao prosseguimento do processo do Deputado Janene ou tenha agido de má-fé ou com conduta imprópria.

Por fim, quero expressar, agora, meu profundo desapontamento com a forma como fui afastada do Conselho. Poderia ter recorrido à CCJ, já que havia divergência entre a posição da Mesa e o entendimento do Conselho. Portanto, nada me impedia de permanecer com a relatoria a mim designada nem de participar das demais sessões.

Não recorri! Para que pôr mais lenha na fogueira? Eu já tinha sido julgada e condenada por aqueles que durante quase 1 ano trabalharam junto comigo, me conhecem e sabem como eu sempre agi. Para mim, esse caso está encerrado.

339 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Estou encaminhando à Liderança da minha bancada um pedido de substituição do meu nome no Conselho.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nas minhas reflexões, particularmente, lendo a Bíblia, encontrei, no livro da Sabedoria, capítulo 2, versículos 1 e 12, a justificativa para tudo o que aconteceu. Nessa passagem, lemos: “Dizem entre si os ímpios, em seus falsos raciocínios: armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir”.

Eu só tenho encontrado forças para continuar lutando por princípios em que sempre acreditei, porque tenho certeza de que o Senhor que me guia e sustenta, e lê o meu coração, sabe que tenho buscado a justiça e a verdade.

Deus abençoe a todos!

340 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. HELENO SILVA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. HELENO SILVA (PL-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, os produtores rurais do Nordeste esperam, com muita expectativa, a aprovação da Medida Provisória nº 285, de 2006, que trata da renegociação da dívida dos produtores. Pelo jeito, nós a votaremos amanhã.

Muito obrigado.

341 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GILMAR MACHADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com a bancada do PT.

342 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

O SR. ABELARDO LUPION - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aldo Rebelo) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ABELARDO LUPION (PFL-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, meus companheiros e companheiras, Deputados e Deputadas, na

última segunda-feira, fui brindado com 2 páginas no jornal Correio Braziliense.

Muitos dos senhores não viram, mas, se tiverem curiosidade de pegar esse jornal, verão uma reportagem que nada mais é do que aquela famosa missa encomendada.

Todos sabem da minha atuação e da minha vida. Não existe alguém que aja de maneira mais previsível e transparente: há 15 anos, nesta Casa, defendo minha atividade, a do agronegócio brasileiro. Tenho ideologia também, tenho posições fortes, firmes, e, junto com meus companheiros, às vezes, podemos até machucar alguém, mas desrespeitar, nunca.

Todos sabem o que aconteceu na CPMI da Terra, onde apresentamos um relatório, vencemos e, por conseqüência desse relatório, em uma reunião de agroecologia, em Cascavel, foi colocada sob suspeita uma compra de uma fazenda no Paraná feita por mim em 1999. Alegaram subfaturamento. Fui procurado por um jornalista — não é a primeira vez. Mais de 5 vezes mostrei aos jornalistas a minha documentação, transparente, séria. E eles viram que não tinham matéria para fazer.

Agora, um jornalista chamado Solano Nascimento, do Correio Braziliense, veio e me apresentou matéria que iria ser publicada no Correio. Não pedi a ninguém que a matéria não fosse publicada. Apresentei cada documento, cada recibo, cada escritura, cada fato que houve durante todos esses anos. Daí, com fotografia e tudo,

é publicada a reportagem. Todos os argumentos que expus de nada serviram.

Inclusive, quando houve essa reunião da agroecologia, fui denunciado pelo

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Ministério Público nesta Casa e apresentei à Corregedoria toda a documentação, e o processo foi arquivado. Será que esse é o jornalismo que devemos respeitar?

Respeito todos os jornalistas desta Casa. Nunca me omiti a respeito de nenhuma informação. Não tenho nada a esconder.

Estou transtornado! Por isso pedi ao Presidente Aldo Rebelo para vir contar essas histórias. Casa gabinete dos senhores receberá a mesma documentação que mostrei a esse jornalista do Correio Braziliense, para que façam um juízo de valor.

Não aceito esse tipo de acusação. Apresentei toda a documentação, certidões oficiais, mostrando que a compra não foi subfaturada, foi uma compra limpa, justa, com pagamento total, há os registros dos pagamentos feitos em banco na época, cumpri integralmente o contrato.

Será que, ao entrarmos aqui, temos de abdicar da nossa vida particular, da nossa consciência e abrir mão das nossas crenças? Não! Vim para esta Casa para fazer um trabalho e vou fazê-lo. Não vou me curvar a chantagens. Não vou me curvar a nenhum tipo de ação que seja predatória ao meu setor.

Agora, ouvir uma filha me ligar à noite chorando por causa daquilo que fizeram comigo — ela, como advogada, com apenas 23 anos, que conhece cada caso, que tomou conhecimento de todo esse assunto — eu não aceito. Infelizmente, ainda há jornalistas desse naipe, homens que denigrem a classe séria jornalística deste País.

O que me cabe fazer aqui? Mostrar a minha indignação e ir para a Justiça contra esse jornalista. Se o Correio Braziliense, um jornal sério, conhecesse o caráter desse jornalista, jamais o teria contratado, pois ele denigre essa classe profissional.

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Desculpem-me o desabafo.

Muito obrigado. (Palmas.)

O Sr. Aldo Rebelo, Presidente, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 1º

Secretário.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vou encerrar a votação.

Alguém mais deseja votar? (Pausa.)

Não é possível esperar mais, precisamos concluir a votação desta matéria.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Está encerrada a votação.

A Presidência vai anunciar o resultado: votaram “sim” 172 Sras. e Srs.

Deputados; votaram “não” 171 Sras. e Srs. Deputados. Total: 343 votos.

MANTIDO O DISPOSITIVO.

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O SR. ADÃO PRETTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ADÃO PRETTO (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do meu partido.

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VII - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:

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DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Encerro a sessão, designando para quarta-feira, dia 10, às 14h, a seguinte

ORDEM DO DIA

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(Encerra-se a sessão às 20 horas e 2 minutos.)

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO FEU ROSA NO PERÍODO

DESTINADO AO GRANDE EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA

DOS DEPUTADOS Nº 043, REALIZADA EM 6 DE ABRIL DE 2006 — RETIRADO

PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. FEU ROSA (PP-ES.) - Sr. Presidente. Sras e Srs. Deputados, nada indica o arrefecimento da crise política que continua sacudindo o Governo e o

Congresso Nacional, atirando mais lama nas instituições oficiais do País.

A CPMI dos Correios é o centro de toda a agitação. Quem viu, nas primeiras páginas dos jornais de hoje, o Deputado Osmar Serraglio nos braços de outros

Deputados, comemorando a aprovação de seu relatório e pensa que acabou, que será foro da Polícia Federal ou do Judiciário o prosseguimento da CPMI, está muito enganado.

A cada dia surpreende o prosseguimento da CPMI. As acusações são deprimentes. Embora parte dos envolvidos apregoe ser inocente, a verdade é que eles foram pegos desprevenidos e com toda a boa-fé que pode ter o ser humano.

Como tudo isso irá terminar é ainda imprevisível. A própria Oposição tem poupado o Presidente Lula: evidencia o seu intuito de feri-lo, mas não de provocar a sua morte.

Na verdade, a Nação torce para que Lula se salve do maremoto, porque, do contrário, a tragédia seria ainda maior não somente para o País, como para o povo brasileiro e, acima de tudo, para a democracia.

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Em março de 1964, ocorreu o terremoto provocado por João Goulart, deflagrando o enfrentamento entre as esquerdas revolucionárias e as elites conservadoras. Restou provado, muitos anos depois da ditadura militar, que nenhum outro regime representa verdadeiramente os anseios do povo como a democracia, aqui restabelecida pelas eleições diretas.

A democracia é a idéia mais próxima do que denominamos elaboração legislativa. E Governo democrático é aquele que se faz conceitualmente pelo povo e voltado para a satisfação das necessidades da população. Assim, o próprio povo deveria, de maneira direta, formular as leis, segundo as circunstâncias do momento e os valores que tenha como absolutos.

Com o desenvolvimento da sociedade e das instituições incumbidas de governá-las, compreende-se que o processo legislativo se tenha tornado mais complexo e, de certa forma, mais distante do cidadão comum. Assim, o cidadão deixa de ser agente para se limitar a ser objeto da legislação, mas isso não proíbe as pessoas de lutarem para fazer parte do sistema, buscando reviver, no século XXI, a experiência da democracia direta praticada pelos gregos 5 séculos antes de Cristo.

Esse ideal inspirou a criação da Comissão Legislativa Participativa da Câmara dos Deputados. Entre seus campos temáticos, incluem-se sugestões de iniciativas legislativas apresentadas por associações e órgãos de classe sindicais e entidades organizadas da sociedade civil, exceto partidos políticos.

Esses propósitos foram amplamente discutidos em 2003, no Seminário

Exercício de Cidadania junto ao Poder Legislativo, cujo êxito ainda repercute publicamente.

354 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Essa representação popular nunca é necessariamente explicada a Nação, deixando-se de repassar ao povo, ao eleitor, a verdadeira importância e responsabilidade que ele tem no perfeito funcionamento do regime democrático.

Registra a Constituição de 1946: "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido". Esse princípio foi repetido na Carta Magna aprovada em 1988, segundo a qual o poder é exercido ou por meio de representantes eleitos ou diretamente pela vontade popular.

Em meio às crises por que constantemente passamos e que são repetições de outras ocorridas no passado, em momento algum a vontade do povo foi respeitada, senão quando o Presidente Fernando Collor foi cassado, impedido de governar por ter sido acusado da prática de corrupção e dos abusos que hoje estão se repetindo.

Somos vítimas da improbidade administrativa e do enriquecimento ilícito praticado por governantes e políticos que, ainda assim, não têm vergonha de dizer que representam o povo.

Há momentos em que se reconhece a necessidade de o povo, por intermédio de referendos ou plebiscitos, se manifestar sobre se aprova ou não alguma questão de relevância. Foi o que ocorreu quando o cidadão se decidiu, nas urnas, entre o parlamentarismo e o presidencialismo e quando foi chamado a opinar sobre a proibição do comércio de armas de fogo no País.

Como prega Bernardo de Souza, intelectual gaúcho, “no Campo da Ciência

Política, há duas formas de exercício direto da democracia. A humanidade não conseguiu inventar outra maneira: a Assembléia que delibera e não a que escolhe o representante, porque se assim fosse seria uma forma de democracia

355 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 representativa, que pode ser legítima; e o plebiscito e o referendo, que é quando o povo decide através do voto".

Sr. Presidente, há imperiosa necessidade de se discutir o tema da reforma política por ser notório que o povo brasileiro não está satisfeito com esse tipo desacreditado de democracia que hoje vivemos.

Diz ainda Bernardo de Souza, em suas pregações renovadoras, que não podemos ter um cidadão de tempo integral, como um dia imaginou Rousseau ou até o próprio Marx, que só pensava em fazer política, ignorando que as pessoas têm outras ocupações legítimas na sua vida pessoal e profissional.

Só há plebiscito quando a Constituição o prevê. Não é possível emancipação sem plebiscito? Então, temos de realizá-lo.

A Constituição abriu primordial possibilidade quando reconheceu que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes.

A nossa democracia, neste momento de crise, está gravemente enferma, está na UTI, em estado de coma institucional. O melhor remédio não seria, então, consultar a opinião do povo a respeito das modificações a serem feitos no processo democrático e que deverão ser seguidas pelos chamados representantes da população com dignidade e respeito aos postulados sagrados defendidos e exigidos pelos cidadãos, pela sociedade e pela Pátria?

Não seria essa a exigência primordial na discussão da proposta de reforma política em debate?

O País não se mostra satisfeito com o desempenho do atual regime democrático, cuja prática deixa brechas para engodos, fraudes administrativas e conchavos políticos, como os que estão sendo tornados públicos, os que estão

356 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 sendo investigados pela CPMI dos Correios e outros ainda mais graves e vergonhosos objetos de tantas outras Comissões de Inquérito.

É impossível fechar os olhos e os ouvidos diante desses descalabros, Sr.

Presidente! A solução honesta e objetiva seria consultar o povo brasileiro e estudar com a sociedade as necessárias correções e mudanças estruturais na nossa democracia.

O bom senso indica ser urgente a medida. Os anônimos assessores e consultores desta Casa e do Senado Federal estão prontos para, mobilizados, nos ajudar a alcançar esse grande objetivo.

Vamos, pois, colocar isso em prática, antes que seja tarde demais. Vamos pedir ajuda aos cidadãos e ao País. Não podemos perder mais tempo. É necessário agir urgentemente na elaboração e condução desse processo de mudanças que pode fazer a diferença ansiada pelo povo brasileiro.

Sr. Presidente, estamos enveredando por caminhos até curiosos.

Em artigo que publicou no jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro,

Carlos Lacerda asseverou com muita ênfase: “O Brasil é como uma rã enlouquecida e imantada no olho hipnótico da serpente”.

Estamos novamente caminhando para isso. Estamos como um país louco, ensandecido, enlouquecido. Esta é a Pátria da patacoada.

Sras. e Srs. Deputados, o que estamos vendo na Câmara dos Deputados, no

Senado Federal e na imprensa são verdadeiras patacoadas, um jubileu de pechisbeque — o ouro falso é colocado como verdadeiro e o verdadeiro como falso.

Pátria da patacoada, jubileu de pechisbeque, meus amigos Deputados Wagner

Lago, Sebastião Madeira, Armando Abílio!

357 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

É uma tristeza para o Maranhão, para a Paraíba e para outros Estados, aqui representados com tanta ênfase, assistir diuturnamente a patacoadas e a verdadeiras loucuras nesta Casa.

Não sei como é possível termos coragem de participar do que está sendo representado neste Congresso Nacional e traduzido na mídia com tanta intensidade.

É impressionante!

Vamos agora caracterizar algo que tivemos a ousadia de expor em uma sessão deliberativa.

O País continua inconformado com o adiamento na vigência das mudanças nas regras eleitorais que visam reduzir os custos astronômicos das campanhas e, entre outros fatores, acabar com o chamado caixa 2, responsável pelos abusos que culminaram nos escândalos que têm causado a cassação e/ou a renúncia de

Parlamentares.

Nobres colegas Deputados, quais as causas de todos esses problemas que envolvem colegas nossos acusados, indiciados ou colocados publicamente de maneira tão indecorosa? Quase tudo se relaciona com o tal caixa 2 advindo da eleição de 2004. Vejam o caso do Deputado João Paulo Cunha, ontem absolvido, cuja causa foi a eleição municipal; vejam os casos do Professor Luizinho, do

Deputado Wanderval Santos, daqueles que renunciaram aos seus mandatos e de tantos outros que estamos dolorosamente a testemunhar aqui: todos tiveram origem na eleição municipal

A discussão da reforma política deveria ter prioridade no Congresso Nacional, e é lamentável que armações e manobras de grupos retrógrados e desonestos tenham mais uma vez imposto um adiamento injustificável. É o jubileu de

358 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 pechisbeque de que falava Carlos Lacerda. O que aparece na mídia como grande defensor dos direitos do povo é o ouro falso, é sepulcro caiado. Mas, pouco a pouco, o povo está compreendendo o que são essas pessoas no vídeo mais amplo e mais ostensivo das televisões.

O prazo constitucional para as reformas serem aprovadas há muito se esgotou, mas persistiu o desentendimento sobre o que os políticos chamam de “abrir a porteira”: a aprovação de emenda constitucional relaxando, apenas para este ano, a exigência do art. 16 da Constituição Federal, que institui que toda mudança será votada com um ano de antecedência do pleito.

Nobres colegas, Sr. Presidente, há menos de 15 dias, testemunhamos o

Plenário da Câmara dos Deputados deliberar, com pronunciamentos e votos contra e a favor, sobre substitutivo do Deputado Moreira Franco relativo à proposta de reforma política. Ora, isso não pode ser sério, é a patacoada de que Carlos Lacerda falava.

Diz o art. 16 da Constituição Federal em vigor:

“Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral

entrará em vigor na data de sua publicação, não se

aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua

vigência”.

Então, temos de compreender que milhares de pessoas não sabem ler e que as elites mandam no País. Pátria da patacoada, como dizia Carlos Lacerda.

O prazo constitucional deveria ser cumprido, mas há muito se esgotou.

359 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Para muitos políticos, abrir a porteira constitui grande perigo. O art. 16 da

Constituição Federal que acabei de ler é uma barreira eficiente contra a adoção de casuísmos, mudanças de regras com o jogo em curso.

Sras. e Srs. Deputados, não foi por acaso que os Constituintes de 1988 colocaram essa regra. Na verdade, é uma maneira de os Deputados e Senadores terem um mínimo de juízo e de consciência jurídica e política. Mas não é o mínimo, não, é o minimum minimorum, o mínimo dos mínimos. Mas não existe isso. Pátria das patacoadas.

A Oposição mostrou-se contra a emenda que abre a porteira, embora sejam de 2 oposicionistas as propostas nesse sentido.

A preocupação dominante diz respeito aos custos e financiamentos de campanhas, ficando claro que alguns partidos políticos querem aprovar mesmo é a redução da cláusula de barreira de 5% para 2%. Alguns Líderes não concordam, alegam que estariam aprovando uma reforma para acabar com a única inovação positiva prevista para 2006. Há meses os pequenos partidos buscam reduzir essa cláusula, que consideram excessiva e limitadora da liberdade partidária. Partidos que não obtiverem 5% dos votos totais do pleito e 2% distribuídos em pelo menos 9

Estados perderão regalias funcionais na Câmara dos Deputados — tão violentamente disputadas como sabemos, pois somos testemunhas oculares —, acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda no rádio e na televisão, importantes instrumentos para a sobrevivência das agremiações partidárias.

Visando reduzir o quadro partidário, a cláusula mira a governabilidade. Com menos e mais fortes partidos, será mais fácil construir maiorias para governar, negociar projetos e conteúdos, e não favores.

360 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Sr. Presidente, 7 Líderes assinaram o documento para que a Constituição fosse modificada, e — reparem bem — não se trata de reforma política. V.Exa.,

Deputado Natan Donadon, sabe muito bem como lutamos pela coincidência de mandatos.

Qual é o custo da não-coincidência de mandatos? Além de todas essas loucuras que acabamos de mencionar e que estamos acompanhando nos últimos 6 meses por intermédio da imprensa, ainda existe outra. Primeiro, o custo de uma eleição bianual é de R$10 bilhões, ou US$4 bilhões. Esses recursos saem direto do

Erário. Diretamente. Há, ainda, outros custos, fora os gastos individuais de cada campanha eleitoral e os custos partidários.

Todos sabem como foi difícil para o PSDB, importante partido, escolher o seu pré-candidato à Presidência da República. O que estava por trás da escolha de

Alckmin e da disputa dele com o ex-Prefeito Serra? É um mistério. Mas os analistas políticos sabem, e também sabemos nós, que somos bons leitores.

Não foi somente em São Paulo que se deu aquela disputa, não! Lá, resolveu-se pela saída de um Prefeito eficiente para disputar o Governo do Estado, por questões políticas — eu não diria nem tanto políticas, pois mais eleitorais que políticas. Ouvimos falar nisso, porque, excetuada a União, São Paulo e sua Capital são os mais importantes orçamentos do Brasil e têm grande influência não apenas no País, mas no mundo. São Paulo é uma cidade cosmopolita, e o Estado de São

Paulo praticamente representa a metade do PIB nacional.

Esse tipo de disputa ocorreu em todos os Municípios do Brasil, quer seja individualmente, quer seja em consórcio de lideranças políticas. Imaginem V.Exas. os custos de tais decisões e suas repercussões na sociedade.

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Meus amigos, quanto ao exemplo de São Paulo, calculem o prejuízo gerado na esfera administrativa, quer no Estado, quer no Município. Observem que, em todos os aspectos gerenciais, houve má decisão, com efeitos administrativos negativos e enormes prejuízos para sociedade.

Se consultarmos a realidade de processo político dessa natureza, que visa eleições, observaremos um prejuízo extraordinário de que a Nação passa a ser vítima. Tudo isso está muito além dos R$10 bilhões de que falamos, montante previsto nos Orçamentos federal, estaduais e municipais.

Na opinião da jornalista Tereza Cruvinel, estudiosa desses complexos debates políticos e eleitorais, o Congresso Nacional poderia aprovar outras mudanças nas regras eleitorais para o próximo pleito sem mexer na cláusula.

Bastaria mencionar na emenda da abertura da porteira os pontos que seriam alterados fora do prazo, deixando a cláusula preservada.

A democracia brasileira tem sido muito criticada devido às facilidades existentes para fundação de pequenos partidos, beneficiados com privilégios como acesso ao Fundo Partidário e a tempo de rádio e televisão, além da venda de legenda para candidatos sem nenhuma expressão eleitoral, o que não ocorre em países mais evoluídos, e a possibilidade de troca-troca de partido, o que já critiquei veementemente em outro pronunciamento.

As reformas políticas são necessárias até para a preservação do regime democrático, garantidor das nossas liberdades e dos nossos ideais de igualdade e justiça social.

Ouço, com prazer, o Deputado Wagner Lago.

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O Sr. Wagner Lago - Deputado Feu Rosa, meus cumprimentos a V.Exa. pelo balanço das causas das turbulências políticas que estamos atravessando. Este tem sido um mandato difícil. Nosso dever precípuo nesta Casa deveria ser, no plano político-partidário, o de aperfeiçoar as instituições, as práticas e as agremiações políticas, mas não temos conseguido cumpri-lo. V.Exa. tem razão: perdemos tempo com o substitutivo do Deputado Moreira Franco, quando sabíamos de antemão que o preceito constitucional inserido no art. 16 não permite alteração da legislação eleitoral em ano de eleições. Portanto, V.Exa. traz à discussão também a frustração do Parlamentar que não viu o avanço democrático ocorrer. E essa decepção pode ser estendida à maioria do Parlamento, que não viu melhoria nas eleições ou avanço na qualidade da representação popular. Qualquer alteração que possa ou deva ser feita só poderá ocorrer um ano antes da eleição — fui Constituinte e sei das razões para que isso fosse inscrito na Carta. Portanto, se tivermos outro mandato, será nossa obrigação fortalecer a tese de uma reforma profunda, mas profunda mesmo, na qual enfatizemos não só as alterações partidas de nós outros, representantes do povo, mas também o plebiscito e o referendo, instrumentos que robustecem a democracia. Parabéns, nobre Deputado Feu Rosa.

O SR. FEU ROSA - Muito obrigado, nobre Deputado Wagner Lago.

Ouço, com prazer, o ilustre amigo, Deputado Armando Abílio.

O Sr. Armando Abílio - Deputado Feu Rosa, fiquei exatamente 3 anos e 3 meses afastado desta Casa, período em que senti muitas saudades dos pronunciamentos de V.Exa. Graças a Deus, logo no reinício de minhas atividades, tenho a oportunidade de ouvi-lo centrar sua preocupação e frustração no que diz respeito ao processo político. A propósito, ontem, participei de momento de

363 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 intranqüilidade, agitação e até de frustração quanto ao desempenho desta Casa.

Então, ficam registrados, como sempre, meu apoio, minha solidariedade e minha admiração ao seu pronunciamento e à proposta apresentada hoje ao Plenário desta

Casa. Parabéns, Deputado Feu Rosa.

O SR. FEU ROSA - Muito obrigado, Deputado Armando Abílio.

Sr. Presidente, gostaria de, no estilo dos meus grandes colegas, um do

Maranhão e outro da Paraíba, repetir o seguinte: Lacerda, nos idos de 1956, disse que o Brasil se parecia com uma rã enlouquecida e imantada no olho hipnótico da serpente, falou de jubileu de pechisbeque e de pátria da patacoada. Nesse mesmo artigo, Lacerda se refere ao Brasil como “mãe dolorosa de filhos piolhentos” — e isso foi escrito década de 50.

Sr. Presidente, como fazer eleição de 2 em 2 anos, acabando com nossa democracia e gastando R$10 bilhões?

Ora, milhares de pessoas morrem de fome neste País, que não tem habitação, segurança (a violência avança a galope), estradas, serviços sociais adequados e saneamento básico para milhões de habitantes. Mas, não tem problema. Vamos divertir o povo e, de 2 em 2 anos, jogar no buraco R$10 bilhões. É algo digno de uma elite ensandecida no olho hipnótico da serpente. Estamos acabando com nossa democracia, destruindo o bem maior, depois de longos períodos de ditaduras e golpes — nem diria de autoritarismos — que começaram com a República e acabaram em 1985.

É importante que Deputados e Senadores assumam suas posições. Não é possível afundarmos este País. Se esse mínimo, claro como a luz solar, não se consegue compreender, como andam as Administrações federal, estaduais e

364 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 municipais que não estão sendo observadas, que não estão sendo foco de CPIs?

Lembro o caso das estatais no Brasil: se a Vale do Rio Doce não tivesse sido privatizada, suas ações não estariam custando R$97,00 ou R$100,00, mas jogadas no lamaçal das 21 empresas estatais investigadas nessa loucura das CPIs que a todos envergonha.

Espero fervorosamente que a idéia de pôr fim a essa prática injusta, ridícula e abominável de eleições de 2 em 2 anos, que nos leva a acabar literalmente com nossa democracia, que até hoje não tem traduzido para o povo as benesses do voto direto, entre na cabeça de Governadores, Senadores e Deputado. Não será a solução para todos os problemas, mas, definitivamente, o início para o bom encaminhamento de muitos deles.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO FEU ROSA NO PERÍODO

DESTINADO À ORDEM DO DIA DA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA DOS

DEPUTADOS Nº 057, REALIZADA EM 25 DE ABRIL DE 2006 — RETIRADO

PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. FEU ROSA (PP-ES. Pela ordem.) - Sr. Presidente, Sra. e Srs.

Deputados, desde que assumi meu mandato nesta Casa, há 11 anos e poucos meses, tenho a alegria de falar que a melhor notícia que já apareceu nos jornais brasileiros saiu exatamente hoje. Estou lendo O Globo, do Rio de Janeiro, mas certamente todos os grandes jornais do Brasil e mesmo os não tão grandes divulgaram a mesma notícia: Cai o número de crianças desnutridas no semi-árido.

365 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Na condição de Coordenador da Frente Parlamentar de Combate à

Desnutrição Infantil, participamos de programas de leite e do Comunidade Solidária e agora somos Relator do Projeto da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e

Nutricional. Lemos essa notícia com grande alegria. É bom que se diga que os magnos problemas nacionais — e estamos observando, com muita atenção, esse festival de burrice por que está passando o Brasil de hoje, em todos os Poderes e em todos os níveis — só serão resolvidos a partir da queda, a praticamente zero, da desnutrição infantil.

Não é possível outra coisa. O país que não tem competência para acabar com a desnutrição infantil não tem competência para absolutamente nada. Churchill já dizia que o melhor negócio de qualquer governo, qualquer que seja o seu nível, de qualquer instituição, é colocar leite na boca das crianças. Sem essa mínima competência, como acreditar em solução dos magnos problemas nacionais?

Sr. Presidente, depois de 10 anos de pesquisa patrocinada por vários órgãos institucionais, nacionais e internacionais, de responsabilidade, verifica-se que os números da fome das crianças de zero a 5 anos estão baixando.

Viva o Brasil! Há muitos anos não falo sobre atitudes dessa natureza na tribuna da Câmara dos Deputados. Repito: a melhor notícia desde a minha posse como representante do meu Estado nesta Casa, há 11 anos, é esta: Cai o número de crianças desnutridas no semi-árido. Agora, é preciso que caiam os índices nas periferias das grandes cidades. Aguardamos com ansiedade novas notícias sobre peso, constituição física e massa cinzenta das nossas desprotegidas crianças, que merecem o respeito desta Nação e que normalmente não têm sido tratadas como deveriam ser.

366 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, caiu o número de crianças desnutridas no Brasil! Isso significa que as futuras gerações nas câmaras federais, estaduais ou municipais serão melhores do que esta, que a qualidade dos

Parlamentos será melhor do que esta e que a qualidade da sociedade brasileira será incomparavelmente melhor do que a que estamos vivenciando.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI NO

PERÍODO DESTINADO À ORDEM DO DIA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 065, REALIZADA EM 3 DE MAIO DE 2006 —

RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. ORLANDO FANTAZZINI (PSOL-SP. Pela ordem.) - Sr. Presidente, inicialmente, convido as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados favoráveis à adoção do voto aberto a participarem, hoje, às 14h, no Plenário 4, do ato de lançamento da

Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto nesta Casa.

E aproveito a oportunidade para comunicar que divulgaremos amanhã o ranking da campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania, realizada com base nas denúncias elaboradas por um conjunto de cidadãos sobre os piores programas de televisão do País.

Ainda com a complacência de V.Exa., Sr. Presidente, desejo manifestar-me sobre o evento ocorrido entre a Bolívia e o Brasil. Entendo que o Presidente Evo

Morales não está enganando o povo boliviano. Durante a sua campanha eleitoral, comprometeu-se com a nacionalização das reservas naturais de gás e do petróleo do país, e assim fez.

367 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176

Se, no entanto, a imprensa ou aqueles que detêm o controle da mídia no

Brasil têm concepção neoliberal e não conseguem compreender o que é soberania, mas apenas o que é subserviência aos interesses do capital, é óbvio que encontraremos textos em que se afirmará que Evo Morales roubou ou está roubando, que é louco. Ao contrário: Evo Morales, Presidente boliviano eleito pelo voto popular, cumpre seus compromissos de campanha.

Embora a PETROBRAS esteja nesta situação, não lhe faltou aviso. O

Presidente Evo Morales se pronunciou a respeito da intenção na campanha eleitoral e logo após ser empossado. Acredito que houve titubeio por parte do Governo brasileiro, que deveria ter-se antecipado, inclusive nas negociações, para a eventualidade de adoção de medida como a que foi adotada.

Portanto, temos de respeitar a soberania do Estado boliviano, inclusive os acordos e tratados. Por certo, o Brasil dispõe de instrumentos e de foros adequados para discutir a questão.

Encerrando, gostaria de me congratular com o colunista Clóvis Rossi, que, sobre este tema específico, mais uma vez manteve sobriedade e equilíbrio, algo que nem todos os jornalistas neste País têm. Meus cumprimentos ao jornalista.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI NO

PERÍODO DESTINADO À ORDEM DO DIA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 067, REALIZADA EM 4 DE MAIO DE 2006 —

RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. ORLANDO FANTAZZINI (PSOL-SP. Pela ordem.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, público presente, venho a esta tribuna para dizer que,

368 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 enquanto esta Casa tem tomado posição no sentido de defender mensaleiros, absolvendo-os — ontem o décimo mensaleiro foi absolvido neste Plenário —, começamos a perceber uma reação do Poder Judiciário.

A sociedade há muito tempo mostra-se descrente em relação às instituições, mas acho que há sinalizações muito positivas. O episódio que vou narrar não significa, entretanto, o restabelecimento da credibilidade nas instituições.

Cito, primeiramente, o caso do jornalista Pimenta Neves, que está em processo de julgamento. A sociedade acreditava — ou ainda acredita — que as pessoas com poder econômico ou algum status social jamais chegariam às barras dos tribunais. No entanto, por intermédio desse julgamento, estamos vendo que esse quadro se diferencia, ainda que de maneira muito específica.

O segundo fato que temos a saudar e elogiar é a postura do Tribunal

Regional Federal em rever a sua decisão no caso do Juiz Nicolau dos Santos Neto, do ex-Senador Luiz Estevão, de José Eduardo Teixeira Ferraz e de Fábio Monteiro de Barros Filho, condenando-os, ontem, a mais de 30 anos de prisão pelo desvio de mais de 160 milhões de reais na construção do prédio do Tribunal Regional do

Trabalho no Estado de São Paulo.

Essas sinalizações deveriam servir para esta Casa como algo que pudesse também fomentar neste plenário o desejo do combate à impunidade.

Lamentavelmente, esta Casa ainda prima pela garantia da impunidade e pelos negócios escusos e ilícitos que se instalaram no País — obviamente, nem toda ela, porque as votações têm demonstrado que aproximadamente 200

Parlamentares buscam o combate irrestrito à impunidade, principalmente em relação aos envolvidos com o valerioduto e o esquema do mensalão. E esses negócios se

369 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 instalaram não só no Governo Lula. Vinham sendo metas e princípios máximos no

Parlamento e no Estado brasileiro a corrupção, o desvio de dinheiro e o favorecimento de setores econômicos, em detrimento do povo brasileiro.

Portanto, Sr. Presidente, minhas congratulações ao Ministério Público

Federal, por provocar novo julgamento, condenando à prisão esses 4 envolvidos diretamente em esquemas de corrupção. Minhas congratulações também ao

Judiciário, que está impossibilitando qualquer ação no sentido de assegurar a impunidade daqueles que detêm o poder econômico.

Encerro, Sr. Presidente, convidando todos os Deputados do Estado de São

Paulo a participarem, amanhã, na Avenida Paulista, junto com o PSOL e outros partidos, da manifestação que faremos pelo voto aberto. Coletando assinaturas da população, pretendemos acabar, de uma vez por todas, com essa vergonha de os

Deputados se esconderem atrás do voto secreto para garantir a impunidade e os esquemas de corrupção nesta Casa e no Estado brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI NO

PERÍODO DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 068, REALIZADA EM 4 DE MAIO DE 2006 —

RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. ORLANDO FANTAZZINI (PSOL-SP.) - Sr. Presidente, divulgo o 11º ranking da campanha da Comissão de Direitos Humanos Quem financia a baixaria é contra a cidadania, que denuncia os programas mais rejeitados pela sociedade civil, pela sistemática violação aos direitos humanos: em primeiro lugar, Pânico na TV; em

370 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 071.4.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 9/5/2006 Montagem: 4176 segundo, Brasil 6; em terceiro, Superpop; em quarto, a minissérie JK; em quinto, Domingo Legal.

Convidamos a sociedade a denunciar, por meio do site www.eticanatv.org.br ou do telefone 0800619619, da Câmara dos Deputados, programas com conteúdo que afronta a dignidade humana. É uma grande contribuição para que a tevê brasileira respeite a dignidade humana.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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