São Carlos 2017 a Construção Contraditória Do Discurso
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A CONSTRUÇÃO CONTRADITÓRIA DO DISCURSO IDENTITÁRIO NO CANCIONEIRO DE SOLEDAD PASTORUTTI NO CONTEXTO DO FOLCLORE ARGENTINO SÃO CARLOS 2017 NATHAN BASTOS DE SOUZA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA A CONSTRUÇÃO CONTRADITÓRIA DO DISCURSO IDENTITÁRIO NO CANCIONEIRO DE SOLEDAD PASTORUTTI NO CONTEXTO DO FOLCLORE ARGENTINO NATHAN BASTOS DE SOUZA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Mestre em Linguística. Orientador: Prof. Dr. Valdemir Miotello São Carlos - São Paulo - Brasil 2017 Dedico este trabalho à memória da minha mãe, Luci Mara, pelo amor, pela confiança que sempre teve em meu potencial, pelo incentivo aos estudos, pelas brigas que travou por uma educação melhor para mim e minha irmã. Aos meus alunos, em qualquer tempo. AGRADECIMENTOS A Deus, pelas oportunidades durante estes anos de estudos em conhecer tantas pessoas ímpares, pelas coisas que a ciência não explica. À minha mãe, Luci Mara, por ser alguém que ainda me dá luz mesmo não estando presente fisicamente, que orienta minha vida de alguma maneira mesmo de longe. Ao meu pai, Valdeci, e minha irmã, Nathiéli, por aguentarem minha distância e entenderem minhas horas de estudo. Pelos esforços dispensados em 2016 para que eu me mantivesse em São Carlos na adversidade de cursar mestrado sem bolsa, pelos sacrifícios dos dois, pelo carinho, pela torcida. Ao meu orientador, Valdemir Miotello, por ser alguém com quem pude contar desde o momento que pisei em São Carlos pela primeira vez, lá em 2014, quando eu não era mais que aluno de graduação ainda. Pelas batalhas que travou por mim, que foram árduas, pela confiança em meu trabalho, pela escuta responsável, pela amizade, pelas oportunidades. À minha (eterna) orientadora e mãe acadêmica, professora Fabiana Giovani, pela confiança em achar que eu poderia fazer algo positivo e forte quando eu era apenas um menino iniciando um curso superior. Pela partilha de conhecimentos, pelo amor, pela amizade, pela arguição da qualificação e agora da defesa. À querida professora Ana Beatriz Dias, pessoa por quem nutro grande admiração e carinho, pela leitura competente que fez quando da qualificação e certamente da defesa também. Pela torcida, pela força. Ao professor Moacir, pela amizade sincera de alguns anos já, por estar sempre se lembrando da minha pesquisa mesmo estando fora do país, pelas conversas, pelas boas risadas, pelos vinhos, pelos helps. Ao GEGE do meu tempo, Aninha, Thiago, Patrícia, Flávio, Efraín, Rosângela, Nicole, Alline Rufo, Aline Manfrim, Radamés, Cezinaldo, Bel, Nanci, Camila, Pajeú, Alan, Sueli, Marisol, Sandra Eli, Sandra Cardoso, Vanessa. À Dona Ju, Rosângela e Helinho, pela amizade que construímos, por ter sempre por perto um café para aquecer a alma e um feijão temperado com amor para aquecer o coração. A casa de vocês se tornou minha segunda casa em São Carlos. À Dona Lourdes, Seu Carlão, Fernanda, Cléber, Simone, Fábio, Rudy pela amizade, pelos churrascos, pelas conversas boas. Aos amigos que conheci na UFSCar, Lorena, Jéssica, Amanda, Pâmela, Jorcemara. Aos professores do PPGL com quem tive aula, Roberto, Carlos, Maria Sílvia, Vanice. À Unipampa Itaqui, pela recepção calorosa e pelos aprendizados que tive uma vez mais nessa instituição. Aos alunos pela paciência. Aos colegas, um abraço especial à Carla, Karina, Shanda e Cristina, pela parceria. Epígrafe RESUMO O objetivo desta dissertação é investigar como se materializam no discurso identitário do cancioneiro folclórico de Soledad Pastorutti os índices de contradição que apontam para a alteridade por meio de uma análise das relações dialógicas do cancioneiro com seu contexto de produção, da narrativa da indústria discográfica, de alguns relatos biográficos e de algumas canções. A abordagem teórica é advinda da teoria bakhtiniana e se concentra principalmente nas categorias de análise da contradição, da ambivalência e da bivocalidade. A metodologia de análise se pauta na noção de cotejamento de texto e toma os signos ideológicos como materialização na linguagem das valorações sociais. Os resultados comprovam a tese de que o discurso identitário no cancioneiro folclórico de Soledad Pastorutti se constrói sob os auspícios da própria contradição, visto que nos limites de uma só e mesma unidade linguística – às vezes uma palavra, às vezes uma oração completa – se escutam duas vozes, a primeira, mais evidente, que defende o discurso identitário atacando o ―outro‖ e a segunda, menos aparente, que demonstra o tanto que a identidade se constitui em relação com a alteridade. Em outras palavras, a resistência à alteridade é ambivalente, bivocal e contraditória porque o discurso que conjura o ataque se constitui na diferença. É um discurso identitário que se funda na contradição de repelir o que é constitutivo. Palavras chave: Contradição; Ambivalência; Bivocalidade; Soledad Pastorutti; Folclore argentino. RESUMEN El objetivo de esta tesis de maestría es investigar cómo se materializan en el discurso identitário del cancionero folclórico de Soledad Pastorutti los índices de contradicción que apuntan para la otredad por medio de un análisis de las relaciones dialógicas del cancionero con su contexto de producción, de la narrativa de la industria discográfica, de algunos relatos biográficos y de algunas canciones. El marco teórico adviene de la teoría bajtiniana y se concentra principalmente en las categorías de análisis de la contradicción, ambivalencia y bivocalidad. La metodología de análisis se pauta en la noción de cotejamiento de textos y concibe los signos ideológicos como materialización en el lenguaje de valoraciones sociales. Los resultados comprueban la tesis de que el discurso identitário en el cancionero folclórico de Soledad Pastorutti se construye bajo los auspicios de su propia contradicción, visto que en los límites de una sola y misma unidad lingüística – a veces una palabra, a veces una oración completa – se escuchan dos voces, la primera, más evidente, que defiende el discurso identitário atacando al ―otro‖ y la segunda, menos aparente, que demuestra lo tanto que la identidad se constituye en relación con la alteridad. En otras palabras, la resistencia a la otredad es ambivalente, bivocal y contradictoria porque el discurso que conjura el ataque se constituye de la diferencia. Es un discurso identitário que se funda en la contradicción de oponerse a lo que es constitutivo. Palabras clave: Contradicción; Ambivalencia; Bivocalidad; Soledad Pastorutti; Folclore argentino. RÉSUMÉ Le but de cette dissertation c‘est de estrechercerde quelle manière se matérialisent au discours identitaire du chansonn folklorique de Soledad Pastoruttiles indices des contradictions qui ménent à l‘alterité à travers une analyse des rapports dialogiques du chansonnier avec son contexte de production, de la narrative de l‘industrie discographique, de quelques récits biographiques et de quelques chansons.L‘approche théorique découle de la théorie bakhtinienne et se concentre surtout aux catégories de l‘analyse de la contradiction, de l‘ambivalenceet de la bivocalité.La méthodologie de l‘analyse se règle par la notion de comparaison de texte et prend les signes idéologiques comme matéralisation au langage des valorations sociales. Les résultats conffirmentla thèse quidéclare que le discours identitairedans le chansonnier folclorique de Soledad Pastorutti est construitsous les auspices de la contradiction, puisqu‘aux limites d‘une seule et même unité linguistique – quelquefois um mot, quelquefois une proposition complete - on écoute deux voix , la première, plus évidente qui defend le discours identitaire en attacant ―l‘autre‖ et la deuxième, moins apparente, qui prouve comment l‘identité se constitue par rapport à l‘altérité. Dans d‘autres mots , la résistence à l‘altérité est ambivalente, bivocale et contradictoire parce que le discours qui invoque se constitue à la différence. C‘est un discours identitaire qui se fonde sur la contradiction de repousser ce qui l‘est constitutif. Mots-clé: Contradiction; Ambivalence; Bivocalité; Soledad Pastorutti; Folklore argentin ABSTRACT This dissertation aims to investigate the presence of contradiction indexes that materialize themselves in Soledad Pastorutti‘s identity discourse, within her folk music body of work (corpus), while pointing toward otherness, through an analysis of the dialogic relations between folk corpora, their context of production, the music industry narrative, a few biographical reports, and a few songs. This dissertation‘s theoretical approach is taken from bakhtinian theory and focuses mainly on the subjects of analysis of contradiction, ambivalence, and bivocality. The methodology of the analysis is based on the notion of text comparison and takes ideological signs as the materialization of social value attribution in language. The results confirm the thesis that the identity discourse in Soledad Pastorutti‘s folk music corpus is built under the auspices of self- contradiction, given that within the limits of a single linguistic unit – sometimes a word, sometimes a whole sentence – two voices can be heard: a first one, more apparent, which defends the identity discourse while attacking the ―other‖, and a second one, less apparent, which shows how far identity constitutes itself in relation to otherness. In other words, the resistance to otherness is ambivalent, bivocal, and contradictory, inasmuch as the discourse