A Dinâmica Urbana–Regional Sulmaranhense: Uma Abordagem a Partir Da Atuação Da Embrapa Na Microrregião Gerais De Balsas
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A DINÂMICA URBANA–REGIONAL SULMARANHENSE: UMA ABORDAGEM A PARTIR DA ATUAÇÃO DA EMBRAPA NA MICRORREGIÃO GERAIS DE BALSAS Aline Araújo Costa Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão - UEMASUL [email protected] Ana Carolina de Sá Noleto Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão - UEMASUL [email protected] Maria da Conceição Mesquita Leal Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão - UEMASUL [email protected] Helbaneth Macêdo Oliveira Docente, Mestre em Geografia, UEMASUL [email protected] 1 INTRODUÇÃO A região constitui-se em um dos temas básicos da geografia, sendo de fundamental importância o seu estudo para a leitura do espaço geográfico contemporâneo. Neste estudo concordamos com Castro et al. (2008, p. 59-60), ao afirmar que “A região é um produto, uma forma de ver o espaço que coloca em evidência os fundamentos da organização diferenciada do espaço”. Entende-se assim que o conceito de região, apesar de multifacetado, tem estreitas relações com a organização espacial. Entendemos que, ao nos propormos estudar a dinâmica urbana-regional Sulmaranhense estamos tratando de uma região que possui características próprias e, o seu estudo pode nos fornecer elementos fundamentais para a apreensão da forma como a mesma é organizada e/ou pensada, além dos atores envolvidos nesta dinâmica. Pensando assim, é importante entender como a região pode ser melhor entendida, e nesse sentido Corrêa (1990) nos diz que: O conceito de região tem sido largamente empregado para fins de ação e controle. Mais precisamente, no decorrer da prática política e econômica de uma sociedade de classes, que por sua própria natureza implica a existência de formas diversas de controle exercido pela classe dominante, utilizando-se o conceito de diferenciação de área e as subsequentes divisões regionais, visando ação e controle sobre territórios militarmente conquistados ou sob a dependência político-administrativa e econômica de uma classe dominante. (CORREA, 1990, p.47). Observando a colocação feita pelo autor, é possível abstrair que o conceito de região está permeado pela ideia de poder e domínio, tendo em vista que a luta de classes é claramente manifesta neste espaço. Portanto, estuda-la se apresenta como um grande desafio, dado a necessidade de compreender sua dinâmica para abstraí-la. Nessa direção, organização espacial e região são construções que possuem íntimas associações, sendo possível afirmar, segundo Corrêa (1990, p.57) que, “A organização espacial é assim constituída pelo conjunto das inúmeras cristalizações criadas pelo trabalho social. A sociedade concreta cria seu espaço geográfico para nele se realizar e reproduzir, para ela própria se repetir”. Compreendendo tais colocações, importa explicar que a região adotada para este estudo, ou seja, a região Sulmaranhense é entendida como sendo a região que envolve o sul, sudoeste e a região central do estado do Maranhão, a qual também utilizada por outros autores como Sousa (2009; 2013; 2015), Carvalho (2016), Oliveira (2017), dentre outros pesquisadores da porção sul do estado. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, entende por região Sul Maranhense (com a grafia separada) como sendo uma das mesorregiões do estado, que também faz parte da área de estudo. Um outro adjetivo dado a área estudada chama-se de região tocantina, ou seja, segundo Sousa (2013), esta corresponde ao sudeste do Pará, norte do Tocantins e a porção sul do Maranhão. A diversidade de adjetivos direcionados a área estuda tem respaldo no processo de colonização desta área, que em muito se difere da porção norte do estado. Acrescenta-se então que, durante o processo histórico de ocupação no Maranhão, houve duas entradas gerais, do qual uma ocorreu pelo litoral, a partir de São Luís, e outra pelo Sertão, mediante a uma combinações de excelentes condições do solo e do clima, alto nível tecnológico e terras disponíveis, houve um aumento expressivo na produção dos grãos de soja no Maranhão e lavoura o que posteriormente favoreceu para o agronegócio na região (CUNHA, 2015). Na contemporaneidade, em consonância com o exposto, Sousa (2015, p. 298) afirma que: O agronegócio é entendido nesse cenário como um dos principais instrumentos de motivação ao dinamismo econômico e também no conjunto das mudanças socioespaciais que se projetaram e se alicerçaram na cidade de Balsas a partir da década de 1970, implicando numa reestruturação das atividades econômicas e na dinâmica urbano-regional desta cidade. (SOUSA, 2015, p.298). É perceptível que mediante a evolução do agronegócio na região, o espaço em questão sofre grandes impactos, principalmente de ordem econômica gerando um dinamismo regional mediante as novas tecnologias que são introduzidas. Segundo Cunha (2015) o sul do Maranhão é responsável por 92% da produção e 91% da área de soja, ou seja, cerca de 600 mil hectares tem plantação de soja do qual ficam em sua maioria, as fazendas das empresas recentes, pois são mais produtivas e assim alcançam níveis superiores de produtividade. Isso favorece um dinamismo na região sul maranhense em relação ao espaço produtivo. Como aponta Sousa (2015. p, 286) a respeito do dinamismo em questão, “Este dinamismo pode ser notado na região Sulmaranhese que presencia a intensa a utilização de maquinas e implementos agrícolas”. Percebe-se que a produção da região Sulmaranhense é consideravelmente mediada a partir das influências do segmento do agronegócio e uma das grandes responsáveis por isso é a introdução de novas tecnologias que se voltam para o aperfeiçoamento e melhoramento da produção de grãos, em particular, a atividade sojicultora, do qual se tem observado um vasto crescimento do agronegócio nesta área (SILVA, 2016). Segundo Silva (et al., 2013) todos os avanços de áreas destinadas às atividades antrópicas é crescente, apontando que nos anos de 2002 a 2008, a microrregião Gerais de Balsas suprimiu 179 mil hectares de vegetação, seguida por Chapadas das Mangabeiras e por Porto Franco, com 66 e 65 mil ha, do qual totaliza-se 310 mil hectares na mesorregião Sul Maranhense. Fica nítido assim, a influência que outras cidades exercem sobre a região Sulmaranhense, contribuindo para o desenvolvimento econômico e favorecendo esse dinamismo regional apresentado. Observando Mamigonian (2005) no início dos anos 1970, as migrações em direção à mesorregião Sul do Maranhão iniciam-se pelos migrantes oriundos do sul do Brasil, tais como os gaúchos, catarinenses e paranaenses que se instalaram principalmente em Balsas. Cunha (2015) é enfático ao caracterizar a forma como ocorreu esse processo, segundo ele: Esses migrantes eram donos de 25 hectares (em média) e contavam, quase exclusivamente, com o seu próprio trabalho e o de sua numerosa família. Com abertura do complexo rural, eles vieram atrás de terras para todos os membros das famílias e crédito subsidiado pelo Estado para a modernização das atividades agropecuárias tradicionais (arroz) e para a produção de culturas modernas (soja). Os pioneiros trouxeram novas estratégias produtivas e econômicas e representaram um novo modal de aproveitamento do solo, principalmente nas chapadas, áreas subaproveitadas pelos fazendeiros de gado e pelos pequenos agricultores balsenses. (CUNHA, 2015, p. 129). Esse é, portanto, o contexto histórico em que a Microrregião Gerais de Balsas está inserida. Sendo fundamental explicar que esta microrregião também é composta, conforme a tabela 1, por cinco municípios que possuem características similares em muitos aspectos, dos quais tem destaque a dinâmica do agronegócio na região. Segundo o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos – IMESC (2013), dentre os dez municípios que tiveram maior participação no setor agropecuário no estado encontram-se quatro dos cinco que compõem a microrregião Gerais de Balsas (1º - Balsas, 2º - Tasso Fragoso, 3º - Alto Parnaíba e, 6º - Riachão). Tabela 1: Caracterização geral dos municípios que compõem a Microrregião Gerais de Balsas/MA - 2018. Densidade Ano de Área População Municípios Demográfica Instalação (Km²) Total (2010) (hab./km²) Alto Parnaíba 1881 11.132,176 0,96 10.766 Balsas 1892 13.141,757 6,33 83.528 Feira Nova do MA 1997 107,726 5,48 8.126 Riachão 1835 6.373,030 3,16 20.209 Tasso Fragoso 1961 4.382,975 1,77 7.796 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2010; e IBGE Cidades, 2015. Organização: Helbaneth Macêdo Oliveira (2018). Nesse sentido, dentre estes municípios tem destaque Balsas, não somente em área, mas principalmente quanto ao quantitativo populacional que está diretamente atrelado a dinâmica comercial, sendo o principal município da região Sul Maranhense (Mapa 1). De acordo com Mota (2011) a grande concentração populacional é oriunda do êxodo rural, em busca de melhores condições de vida, e assim, há uma verdadeira segregação espacial em relação à população de Balsas, tudo isso seguindo uma nova tecnologia industrial onde as cidades vão além dos seus limites populacionais acolhendo pessoas vindas de locais vizinhos. O mesmo autor esclarece que o município de Balsas encontra-se junto ao rio Balsas, o único afluente da margem, ao lado esquerdo o rio Parnaíba, em cerca de 510 km de extensão, a região de Balsas faz divisa com os estados de Tocantins (Norte) e Piauí (Nordeste do país), se junta às essas cidades citadas para alocar uma logística de capital, girando em torno delas, a cidade se destaca por uma das grandes pioneiras na produção de soja (MOTA, 2011). Mapa 1: Microrregião Gerais de Balsas e sua localização na região