PROCESSO Nº 04272-16 Denúncia – Prefeitura Municipal De Quijingue
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PROCESSO nº 04272-16 Denúncia – Prefeitura Municipal de Quijingue Denunciante: Juliano de Carvalho Cruz Denunciado: Almiro Costa Abreu Filho - Prefeito Exercício: 2014 Relator: Cons. Paolo Marconi RELATÓRIO/VOTO A denúncia foi oferecida pelo Sr. Juliano de Carvalho Cruz contra o Sr. Almiro Costa Abreu Filho, ex-Prefeito do Município de Quijingue, por supostas irregularidades em contratação, firmada em 2014 sem prévia licitação, com o advogado Jaime D'Almeida Cruz, sócio da “Pública Assessoria e Consultoria Ltda. - ME” e da “Jaime Cruz & Advogados Associados”. Informa o Denunciante que “o mencionado advogado não tem nenhuma especialização para atuar nesta área, como também não é dotado de notório saber que venha justificar a modalidade de contratação”. Disse ainda que os serviços contratados não foram prestados à Municipalidade, constituindo-se em apropriação do Erário, podendo se averiguar que o referido profissional firma contratos “com diversos municípios geograficamente distantes no Estado da Bahia”. Entre os documentos (fls. 02/45) acostados à Inicial constam as publicações, em Diário Oficial dos Municípios, de extratos e resumos de contratos de inexigibilidade, firmados por diversas Prefeituras Municipais, ora com as referidas empresas “Pública Assessoria e Consultoria Ltda. - ME” e “Jaime Cruz & Advogados Associados”, ora com o próprio advogado Jaime D'Almeida Cruz, na condição de pessoa física. Distribuídos os presentes autos por sorteio para esta Relatoria, notificou-se o Prefeito (DO Eletrônico/TCM, de 06/05/2016), nos termos do Edital nº 108/2016 (fl. 51), que apresentou as suas razões de defesa às fls. 58/60, acompanhadas dos docs. de fls. 61/62. O então Gestor considerou “inepta” a Denúncia, pois a ela não foi colacionado qualquer meio probatório idôneo sobre contratações celebradas 1 pelo Município de Quijingue com as empresas ali apontadas. Afirmou que “O setor de contratos administrativos e o setor de contabilidade da Prefeitura Municipal de Quijingue declaram expressamente que não houve a contratação ou pagamento às empresas Pública Assessoria e Consultoria Ltda. - ME e Jaime Cruz Advogados Associados”. Depois de registrar que o Município “sequer iniciou relação jurídica com as citadas empresas”, pediu pela declaração da improcedência da Denúncia. Submetidos os autos à apreciação do Ministério Público de Contas – MPEC, adveio Parecer, de fls. 66/69, emitido pelo Procurador Danilo Diamantino Gomes da Silva, que opinou pela improcedência da Denúncia. Ressaltou que, em consulta ao Sistema Integrado de Gestão e Auditoria (SIGA), observou-se “a inexistência de contrato entre o Município de Quijingue e as referidas empresas para o exercício de 2014”. Em seguida, o feito foi encaminhado à Assessoria Jurídica deste TCM, que se pronunciou, via Parecer (fls. 71/74) de lavra da Dra. Cristina Borges dos Santos, pela improcedência da Denúncia, por entender que “o Sr. Juliano de Carvalho Cruz (Denunciante) apenas colaciona evidências de vínculos das mesmas (empresas) com outras cidades”. É o relatório. VOTO A presente denúncia não merece prosperar perante este Tribunal de Contas, ante a absoluta carência de prova do fato em que está sustentada, ou seja, o de que teria sido celebrado contrato, pela Prefeitura de Quijingue, sem prévio procedimento licitatório, com o advogado Jaime D'Almeida Cruz, ou mesmo com os escritórios de que é sócio, a “Pública Assessoria e Consultoria Ltda.” e a “Jaime Cruz & Advogados Associados”. Registre-se, de plano, que nenhuma das contratações envolvendo as citadas pessoas jurídicas ou mesmo o mencionado advogado, à luz da documentação coligida pelo Denunciante, traz como parte contratante a Prefeitura de Quijingue, mas sim outras Prefeituras, a saber: Euclides da Cunha (fls. 10 e 15/21); Santa Luz (fl. 11); Barra da Estiva (fls. 12/14); Cansanção (fl. 22); Mirangaba (fl. 23); Ribeira do Amparo (fl. 25); Santo Antônio de Jesus (fl. 27); São José do Jacuípe (fl. 28); e Aporá (fls. 31 e 44). 2 A propósito deste último Município, Aporá, importa consignar que, nos autos da Denúncia nº 04262-16, promovida pelo mesmo Denunciante em função de supostas irregularidades na contratação do mencionado escritório de advocacia por parte da Prefeitura, este Conselheiro, também na qualidade de Relator, depois de ouvidos o MPEC e AJU, foi voto vencido em sessão de julgamento do dia 18/10/2016, por força de Deliberação deste Tribunal, que acompanhou o voto divergente lavrado pelo Conselheiro José Alfredo Rocha Dias, no sentido da improcedência da Denúncia. Sobre o presente feito vale ressaltar que os dados extraídos do SIGA (fls. 75/79) não revelam qualquer relação jurídica acordada naquele exercício entre as citadas partes, bem como que o Denunciante não se desincumbiu do ônus da prova da existência da contratação que estava a seu encargo, até porque sequer mencionou em sua peça Inicial o número do contrato supostamente havido. Neste sentido, desprovida a Denúncia da necessária força probante, prevaleceram as razões emitidas pelo então Gestor, em cuja peça de defesa afirmou, categoricamente, após consulta às áreas competentes, inexistir qualquer contrato administrativo assinado, durante a sua administração, com aquelas empresas, ou mesmo qualquer pagamento a elas efetuado neste período. Tal realidade impede esta Relatoria de apreciar o conteúdo das argumentações expostas pelo Denunciante, relativas aos pressupostos para a dita contratação por inexigibilidade (artigo 25, da Lei nº 8.666/93, dentre outros) e ao exame quanto à efetiva prestação dos serviços contratados. Na mesma linha de entendimento adotada por esta Relatoria se posicionou o MPEC (fl. 68), para quem, “em que pese os esforços do autor da denúncia em trazer documentos comprobatórios dos contratos firmados entre as empresas mencionadas e diversos municípios baianos, não restou comprovada a aludida relação jurídica entre estas empresas (JAIME CRUZ ADVOGADOS E ASSOCIADOS e PÚBLICA ASSESSORIA E CONSULTORIA LTDA. - ME) e o Município de Quijingue”. Também dele não discrepou a AJU, que informou não haver constatado “qualquer relação jurídica entre as empresas especificadas e o Município” (fl. 74). Em face do exposto, com base no art. 1°, inciso XX, da Lei Complementar n° 06/91, combinado com o artigo 10, § 3º da Resolução nº 1225/06, votamos pelo conhecimento, e, no mérito, pela improcedência da Denúncia, em vista da absoluta falta de provas para a demonstração dos fatos apontados em peça Inicial. 3 Fica o Denunciante advertido que denúncias desprovidas de qualquer materialidade e substrato probatório, como a do presente caso, podem sujeitar o seu subscritor às penas por litigância de má-fé, nos termos estabelecidos pelos §§1º e 2º do artigo 83 da Lei Orgânica deste Tribunal de Contas (Lei Complementar Estadual nº 006/91). Ciência aos interessados. SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS, em 08 de fevereiro de 2017. Cons. Paolo Marconi Relator Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste, vá na página do TCM em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente. 4.