Participação de negros em novelas evolui, mas ainda é longe do Brasil real

Com personagens negros em destaque, “O Outro Lado do Paraíso” entrega o que Walcyr Carrasco prometeu desde o anúncio da trama ao abordar o racismo.

(UOL, 30/03/2018 – acesse no site de origem)

A personagem escolhida para ser o fio condutor das polêmicas que envolvem o tema é Nádia (Eliane Giardini), mulher branca que fez o diabo para separar o filho Bruno (Caio Paduan) de Raquel (Erika Januza), uma negra, e na última semana destilou seu fel racista sobre o neto, que antes mesmo de receber um nome teve de passar por um teste de DNA para provar que é filho de Diego (Arthur Aguiar).

Leia mais: Ancine anuncia cotas de gênero e raça em edital para produção de filmes (UOL, 29/03/2018)

Assim como em “Outro Lado”, ao longo da história da teledramaturgia brasileira, os negros ganharam destaque nas novelas quando o racismo é abordado de forma clara, mas será que não há mais espaços para personagens negros? Especialistas ouvidos pelo UOL dizem que sim.

Tramas de época que tinham o tema escravidão, como as emblemáticas “Escrava Isaura” e das duas versões de “Sinhá Moça”, além de “Lado a Lado”, que falava do Brasil pouco depois da abolição, tinham por obrigatoriedade trazer mais personagens negros do que os demais tipos de novelas.

Especialistas apontam que ao longo de pelo menos 40 anos de teledramaturgia, para além das novelas de época, a presença de personagens negros evoluiu na TV brasileira. Houve um aumento da participação nos anos 1980 por conta das tramas de época, uma queda nos anos 1990 com a diminuição desse tema e uma leve subida a partir dos anos 2000.

Se a população de pretos ou pardos no país é de 54%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as novelas deveriam ter mais pessoas que representam essa fatia, como aponta o pesquisador, cineasta e escritor Joel Zito Araújo, autor de “A Negação do Brasil”, documentário lançado em 1999.

“Embora haja um esforço para evitar estereótipos e situações desagradáveis que estimulam a baixo autoestima da população negra, ela continua quase insignificante como representação.”

Além da quantidade ainda não ideal de personagens negros, há ainda os estereótipos. Araújo destaca o esforço dos próprios atores negros para acabar com esse estigma.

“Os tipos humanos, a cor de pele, dos olhos e cabelos que estão na TV parece querer passar que não somos um país negro, mas um país branco, nórdico. É o ideário de embranquecimento do século 19. Quem liga em nossas novelas e séries pensa que nos Estados Unidos há mais negros que aqui, quando os pretos e pardos lá são 13%”, explica o pesquisador.

“Eu migrei para o Netflix e Amazon também porque a dramaturgia deles começou a contemplar personagens negros como heróis, como vilões interessantes, entre outros perfis que a nossa TV está longe de alcançar. Mas há também um esforço dos atores que tentam fazer esse trabalho de educação para a mudança. Eles gastam uma quantidade enorme de energia pessoal. Houve uma evolução produtiva, mas o ideário do branqueamento não foi mexido”, ressalta.

Caricatura para tratar racismo

Para além dos números, os pesquisadores do Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa) identificam uma circunstância que aparece em algumas tramas que tratam a questão do racismo abertamente, como acontece em “Outro Lado”: a forma caricata como o racismo é apresentado. Nádia é um exemplo claro do que explica o sociólogo e coordenador do Gemaa, Luiz Augusto Campos.

“Geralmente usam uma caricatura para tratar o racismo. O racista também é homofóbico, tem uma série de preconceitos, é um meio vilão. Dificilmente tem outra abordagem”, disse o especialista.

Se formos para trás das câmeras, como diz Campos, a situação ainda é menos representativa para a população negra.

“São ainda menos diretores, produtores e roteiristas negros. Por mais esforços que façam para aumentar o casting de negros, a evolução ainda é muito lenta atrás das câmeras”, afirma Campos sobre outro motivo que pode explicar porque o Brasil das novelas é ainda tão branco.

Carolina Farias

Estupro, relacionamento abusivo e questão trans: Como a TV nos fez pensar em 2017

Do reality à ficção, a televisão abordou temas complexos e gerou debate.

(HuffPost Brasil, 28/12/2017 – acesse no site de origem)

20 de outubro de 2017. 21h16. Milhões de televisores ligados. Gente dispensou o bar, saiu correndo do trabalho, pegou rota alternativa pelo Waze, jantou mais cedo. Sintonizou a TV um pouco antes do horário marcado, viu os créditos finais do Jornal Nacional e sentiu o coração palpitar de ansiedade, repassou mentalmente suas últimas apostas, era agora: ia ao ar, pela última vez, um capítulo da novela A Força do Querer. Seu último capítulo marcou 50 pontos de audiência no Ibope na Grande São Paulo. Cada ponto no Ibope equivale a 688 mil telespectadores.

Em 2017, o brasileiro voltou a acreditar nas telenovelas.A Força do Querer recuperou a audiência do horário nobre e sua sucessora, O Outro Lado do Paraíso, vem batendo recordes positivos. Nos últimos anos, todas as produções da faixa das 21h sofreram rejeição e marcaram médias de 35 pontos de audiência.

Mais do que assistir às tramas, discutimos à exaustão seus temas. Sentados à mesa de casa, discutimos se Bibi deveria ou não perdoar o Rubinho. No trabalho, entramos em conflitos com colegas ao falarmos sobre a transição da Ivana para o Ivan, exaltamos a independência da Jeiza enquanto alguns preferiam que ela fosse domada por Zeca.

Quando a novela acabou, ficamos desolados. A melhor produção desde a icônica Avenida Brasil, que explorou temas e personagens fortes, registrou a primeira transição de gênero televisionada. Pensamos que não seria possível superá-la. Mas Walcyr Carrasco expôs com responsabilidade um relacionamento abusivo em pleno horário nobre. Vimos, com clareza, que pode haver estupro em um casamento e assistimos à importância daLei Maria da Penha.

Em 2017, a TV nos provou que é muito mais do que o simples entretenimento e que pode, sim, gerar debates tão profundos quanto outras produções audiovisuais.

Primeiro, o reality Muito antes de conhecermos a Ivana ou a Clara e o Gael, a televisão aberta enfrentou sua primeira polêmica. Era abril, e a casa do Big Brother Brasil tinha pouquíssimos participantes. Metade dos espectadores odiava a Emilly. Outra metade a venerava. O todo, no entanto, ficou estarrecido com as situações de violência vividas por ela.

A participante Emilly Araújo, de 20 anos, teve um relacionamento com o médico Marcos Harter, de 37. Durante o programa, Marcos praticou violência psicológica contra a companheira. Até que chegou ao embate físico: puxões, empurrões e beliscões. Foi expulso do programa em 10 de abril.

Aqui, não houve roteiro para nos fazer pensar. Foi a realidade de milhares de mulheres, no Brasil e fora dele, se revelando nacionalmente.

Mas, infelizmente, aprendemos uma lição a partir da tristeza. Houve a presença de uma delegada da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher do Rio, abertura de inquérito pela Polícia Civil, realização de exame médico e avaliação psicológica e muito cuidado com a vítima. Houve, também, uma hashtag e centenas de histórias compartilhadas.

A partir da hashtag#EuViviUmRelacionamentoAbusivo , as mulheres derramaram na internet seus corações e suas angústias, compartilharam momentos delicados e tristes de suas vidas e, nesse exorcismo coletivo de fantasmas interiores, ajudaram a promover um debate imprescindível. O Brasil descobriu, tristemente, todos os estágios da violência psicológica e quão devastadora ela pode ser em um relacionamento. “O reality show tem grande abrangência, entra todos os dias nas casas das pessoas. Então quando aborda temas como esse, eles não ficam mais restritos à fala de um grupo ou a uma rede social, e não são apenas as pessoas interessadas que o discutem. Ele passa a circular nacionalmente entre pessoas que não pararam para pensar ou que não tinham interesse anteriormente”, explica Daniela Afonso Ortega, pesquisadora do Centro de Estudos em Telenovelas, da USP (Universidade de São Paulo).

A pesquisadora ressalta ao HuffPost Brasil o poder de identificação que a TV aberta ainda possui sobre grande parte da população brasileira. “Muita gente que não enxerga uma relação abusiva, ou que está em uma e não sabe como pedir ajuda, a partir do momento que enxerga no outro, vê um reflexo de si mesmo e passa a questionar sua própria condição.”

Depois, o furacão

Muito antes da trans, houve a inter.Buba, interpretada por Maria Luísa Mendonça, era uma hermafrodita na novelaRenascer (1993). Ela havia nascido com dois órgãos sexuais: masculino e feminino. Foi criada como homem até que teve sua primeira menstruação. E então passou a se identificar como mulher. Na novela, viveu dois relacionamentos, com Zé Venâncio (Taumaturgo Ferreira) e Zé Augusto (Marco Ricca). Sofreu preconceito durante a trama mas reverteu tudo com a doçura que a atriz imprimiu na personagem. Buba foi a primeira intersexual em uma novela.

Agora, em 2017, diferentes manifestações de gênero e sexualidade voltam a ser trabalhadas pela teledramaturgia. A estreante Carol Duarte interpretou lindamente as angústias da Ivana, seu incômodo com seu corpo, a descoberta como transgênero, a transição, a cirurgia de remoção dos seios e o nascimento do Ivan. A rejeição da família, o desencaixe social e, por fim, a aceitação que veio com muito custo e sofrimento.

Assistimos a um pedacinho do que é a vida de transgêneros e transexuais, embora o final não seja tão feliz para a maioria deles no Brasil. Somos o país que mais mata pessoas trans no mundo. Por isso, esse personagem foi tão importante para nós.

“Ecoa na novela algo que é da contemporaneidade. Mas quando a novela, que é esse produto popular, que tem esse alcance gigantesco até hoje, traz esse tema para que ele seja discutido pelos telespectadores, é fantástico”, explica o pesquisador Lucas Martins Neia, também do Centro de Estudos em Telenovelas da USP.

Para muitos, a transição de gênero e de sexo é algo pouco familiar e, muitas vezes, de difícil assimilação. Mesmo diante disso, Ivana e Ivan foram acolhidos e aceitos pelo público. Para o pesquisador, o mérito é da construção da narrativa.

“A autora primeiro apresentou uma personagem mulher que se olhava e se questionava sobre o que via. E soube trabalhar essas questões que perpassam todos os seres humanos, porque estamos falando de autoaceitação, e mostrou esse processo quase que didaticamente. Muito se questiona sobre o didatismo em roteiros para televisão, mas é de suma importância quando se fala com o grande público.”

Além de falar da questão trans, a produção contou comuma atriz trans interpretando o papel de uma mulher cis. Enfim, o inferno

Clara (Bianca Bin) e Gael (Sérgio Guizé) eram um casal apaixonado no início de O Outro Lado do Paraíso. Depois do casamento, veio o inferno. A novela ousou ao mostrar o estupro marital e, logo, a violência física e doentia contra a mulher.

E os telespectadores se chocaram. Se angustiaram. Alguns não conseguiram assistir à cena completa, outros foram tomados pela raiva. Para Daniela Ortega, da USP, é preciso saber como abordar um estupro na ficção para que o debate certo seja gerado. E O Outro Lado do Paraíso conseguiu fazê-lo: “A novela falou de estupro mostrando tudo que tem por trás, de errado e de perigoso. Revelou de uma forma forte como isso pode acontecer. Sem amenizar. Mostrou a face de insatisfação dela, o medo dela nessa relação. Deixou as pessoas desconfortáveis”.

Os pesquisadores defendem que a telenovela brasileira sempre teve uma característica social. “É isso que vai nos diferenciar do modelo mexicano”, esclarece Martins Néia. Mas não, as telenovelas não têm obrigação de defender uma causa social. Assim como qualquer outro produto cultural, podem servir apenas para divertir e tocar seu público. “Mas a novela é enriquecida quando olha para essas causas. E, assim, gera identificação e ajuda a mudar a sociedade”, defende Ortega.

Para a pesquisadora, é importante que um produto tão popular, de certa forma, eduque as pessoas. “Quando uma sociedade inteira percebe que aquilo [violência doméstica e estupro] é errado, que você não é a causadora, mas sim a vítima, e esse comportamento passa a ser visto por todos como errado, te dá forças pra sair daquela condição.”

Em 2017, assistimos a retrocessos no Brasil e no mundo. Por um lado, supremacistas brancos estão marchando nos Estados Unidos contra negros, imigrantes, gays e judeus. Por outro lado, deputados homens estão deliberando sobre o corpo das mulheres, para restringir aborto até em caso de estupro.

Em O Outro Lado do Paraíso, há algumas personagens que encarnam esse retrocesso social. “Vemos pessoas sendo claramente racistas e machistas para mostrar justamente como esse comportamento está equivocado. Os abusos, a trama mais forte da novela, mostra o avanço do movimento feminista. Como as mulheres precisam perder o medo e denunciar a violência que sofreram. E as mulheres dessa história, por mais que tenham passado por essas situações, não foram passivas diante disso”, finaliza Ortega.

BBB e A Fazenda: a mídia enaltece agressores de mulheres, por Iara Moura

Um agrediu a parceira, o outro chegou a ser detido pelo mesmo motivo. Os dois ganham status de celebridade e “nova chance” em reality da Record (CartaCapital, 15/09/2017 – acesse no site de origem)

A estreia da 9ª edição do reality A Fazenda, pela Record, emissora do bispo Edir Macedo, ocorreu nesta terça-feira (12). O burburinho já comum em torno do fato, alimentado por anúncios da própria emissora em seus veículos e por reportagens, artigos e discussões em fóruns da internet, foi potencializado pela notícia de que dois dos 16 participantes, Marcos Harter e Yuri Fernandes, protagonizaram episódios públicos de violência contra a mulher.

O primeiro chegou a ser expulso da casa, após diversas agressões contra sua parceira na edição deste ano do BBB que culminou com a intervenção da Polícia Federal. Yuri, por sua vez, foi detido sob acusação de bater na então namorada, Angela Sousa, na época dançarina do Domingão do Faustão.

No episódio que levou Marcos a ser expulso ressaltamos,neste blog, a necessidade de não só responsabilizar o agressor, mas também a própria TV Globo, que postergou a expulsão do participante, semana após semana, enquanto lucrava com a “polêmica” gerada pelo relacionamento abusivo, acompanhado todos os dias por milhares de brasileiras e brasileiros. A Rede Mulher e Mídia, articulação da qual o Intervozes faz parte, chegou a solicitar a intervenção do Ministério Público Federal na responsabilização da emissora neste e em outros casos.

A banalização da violência na televisão brasileira não é tema novo nem privilégio dos realities. Porém, tais programas, justamente por se basearem num jogo de “imitação da realidade”, são espaços por excelência de reprodução do machismo, do racismo, da LGBTfobia e de outras opressões. O problema, neste caso, reside justamente na maneira de lidar com estas questões.

Como era de se esperar, em sua busca incansável por audiência e lucro, as emissoras não têm tido uma atitude ativa no sentido de prevenir e combater violações de direitos humanos. E tal atitude não seria um favor ou uma ação de caridade cristã por da parte das empresas: é previsão claramente colocada na Constituição Federal e em diversos pactos e tratados de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário. A própria Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, estabelece como tipos de violência contra a mulher a psicológica, a sexual, a patrimonial e a moral. E determina, em seu artigo 8º, inciso III, “o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar”.

Ao contrário, num jogo de regras próprias que operam a despeito dos princípios constitucionais e legais, as emissoras dão uma roupagem sensacionalista às opressões, alimentando uma atmosfera que explora a violência como “polêmica” e, pior, eleva agressores ao status de celebridade. É muito simbólico, e até jocoso, que a 9ª temporada de A Fazenda se intitule “Nova chance”. Que mensagem nada subliminar tal atitude da emissora contém?

Em A Fazenda, Marcos Harter tem encontrado espaço e audiência para se defender da acusação de agressão e ainda acusar a ex-parceira, Emilly, de tê- lo usado para vencer o BBB. O argumento é de que a mulher teria se vitimizado: “Fiquei com medo de ela inventar que eu a estuprei”, falou Marcos no episódio que foi ao ar nesta semana.

O pesquisador Bruno Campanella, em livro que trata do BBB, ressalta que há, por parte das emissoras, a produção de uma atmosfera de cotidiano nesse tipo de programas que mescla as ideias de realidade, ficção e jogo e que, em sua relação com as audiências, constituem valores morais muito caros à sociedade atual.

Entre eles, estão o esmaecimento da divisão entre a esfera pública e a privada, a valorização do comum, o desejo de retorno ao real e a premiação pelo mérito. Assim, conceder aos agressores uma segunda chance de acesso aos programas não diz respeito somente à possibilidade de ganhar o prêmio em dinheiro, mas simboliza uma nova oportunidade de que atuem e se visibilizem enquanto sujeitos políticos e midiáticos, legitimando atitudes de machismo e violência.

Nos diversos episódios em que a sociedade, os/as telespectadores/as e os movimentos feministas cobraram respostas das emissoras quando das violências vivenciadas e transmitidas nesses programas, em geral não houve retorno a contento. Por um lado, as emissoras buscam ignorar a todo custo as denúncias, os pedidos de direito de resposta, os escrachos online e offline e, por outro, seguem argumentando que não têm parcela de culpa nas violações de direitos humanos cometidas em seus estúdios e veiculadas por suas antenas.

Tais violações não se restringem aos direitos das mulheres. Noreality A Casa, também da TV Record, assistimos a uma competição entre 100 participantes que são colocados numa casa de 120 metros quadrados, com infraestrutura e espaço para uma família de quatro pessoas e que devem sobreviver em condições degradantes e humilhantes com falta de lugar para dormir, comida escassa e sem condições mínimas de higiene.

Quando se fala desse “tirar o corpo fora” por parte das emissoras, experiências de outros países apontam no sentido contrário. Na França, por exemplo, em 2011, o Conselho Superior do Audiovisual (CSA), após realizar dezenas de audiências públicas sobre o tema, lançou um documento com recomendações às emissoras relacionadas à proteção dos direitos humanos no contexto dos realities.

O documento solicita aos produtores dos programas cuidados na seleção dos/as participantes que incluam acompanhamento médico e psicológico antes, durante e depois do programa; encoraja a identificação da faixa etária indicada; lembra que, qualquer que seja o conceito do programa, os/as participantes não deverão ser colocados em situações degradantes ou que os/as levem a adotar ou se submeter a atitudes humilhantes; pede que os contratos com os/as participantes fiquem sujeitos à análise do CSA nas questões de sua competência.

Além disso, solicita que “os produtores e diretores reflitam sobre a sua responsabilidade social e ética em relação aos valores que veiculam os reality shows, susceptíveis de serem assistidos pelo público jovem, qualquer que seja a faixa etária definida, e que podem encontrar eco particularmente forte na internet, notadamente nos espaços comunitários (fóruns, blogs, redes sociais…) onde os conteúdos são menos regulados”. No Brasil, diante da ausência de um órgão regulador efetivo para analisar o conteúdo da programação veiculada nos meios de comunicação de massa – que, no caso do rádio e da TV são concessões públicas – a quem cabe definir junto às emissoras as regras do jogo? Vale tudo? A que situação extrema esperaremos chegar – além de um estupro presumido, da convivência forçada com um agressor e com um abusador de adolescente, da submissão a rotinas e provas humilhantes e degradantes – para tomar uma atitude?

*Iara Moura é jornalista, mestra em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e integra o Conselho Diretor do Coletivo Intervozes

**Erramos: publicamos há pouco o texto relatando que o ex-BBB Laércio, condenado por estupro de vulnerável, estaria participando da nova edição de A Fazenda. Laércio não está nessa edição do programa e responde a processo na Justiça.

Simba ofereceu apoio ao governo em troca de pressão sobre Anatel, diz site

As emissoras que formam a Simba procuraram o ministro Wellington Moreira Franco, da Secretaria Geral da Presidência, no final de maio, “sinalizando com apoio ao governo, tanto no tom editorial quanto nas bases políticas no Congresso”, escreve o jornalista Samuel Possebon no site Teletime, especializado no mercado de telecomunicações.

(Blog do Maurício Stycer, 08/06/2017 – acesse no site de origem)

Segundo o relato, Record, SBT e RedeTV! teriam oferecido 80 votos na Câmara. Em resposta, Moreira Franco teria procurado a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para pressionar o órgão em favor da tese das emissoras.

Em nota divulgada às 16h50, a Simba diz que “a informação é absurda e totalmente improcedente”.

“A estratégia seria impor às operadoras de TV por assinatura um desconto a ser concedido aos assinantes pelo fim do carregamento dos sinais abertos”, escreve Possebon. Juarez Quadros, presidente da Anatel, confirma que teve um encontro com Moreira Franco, mas nega qualquer tipo de pressão sobre a agência.

As operadoras de TV paga contam justamente que não sejam obrigadas pela Anatel a dar desconto aos seus clientes pela retirada dos sinais das três emissoras.

Segundo o Teletime, antes da pressão do governo, a tendência da área técnica da Anatel era não aplicar às operadoras de TV paga nenhuma obrigação de desconto, sob a justificativa de que os canais abertos eram de carregamento obrigatório. “Mas nas últimas semanas a pressão para um entendimento diferente, ou pelo menos não definitivo, teria crescido”, escreve o jornalista (o texto pode ser lido aqui).

Como este blog noticiou em 29 de maio, já há uma decisão judicial favorável à tese que os clientes das operadoras têm direito a desconto na mensalidade em função da saída dos três canais dos seus pacotes. O juiz Eduardo Francisco Marcondes, da Vara do Juizado Especial Cível do Foro Regional de Itaquera, em São Paulo, determinou que uma cliente tem direito a um desconto de R$ 7,50 (ou R$ 2,50 por canal) em seu contrato com a Net. Cabe recurso à decisão.

Maurício Stycer Modern Family e a representatividade trans nas séries de TV

Presença de ator trans no sitcom norte-americano e pedido de ganhador do Emmy por mais inclusão acendem debate sobre presença de transexuais na TV

(CartaCapital, 21/10/2016 – acesse no site de origem)

Em seu discurso de aceitação do prêmio Emmy de melhor ator de comédia, Jeffrey Tambor pediu: “Por favor, deem aos talentos trans uma chance. Dê a eles audiência, dê a eles histórias. Eu ficaria feliz se fosse o último homem cisgênero a interpretar uma mulher trans na televisão”. Tambor foi premiado pela segunda vez pelo seu retrato da mulher transgênera Moira Pfefferman no seriado Transparent, produzido pela Amazon.

O apelo pela representatividade foi atendido, em parte, no último dia 28, quando o sitcom norte-americano Modern Family apresentou o ator trans Jackson Millarker, de 8 anos, interpretando um personagem trans. Foi a primeira vez que o seriado, que gira em torno de famílias não-convencionais, trabalhou com a temática trans. Provavelmente, foi também a primeira vez que utilizou-se uma criança transexual para retratar outra na mesma condição na televisão norte-americana.

Apesar de tímida – o personagem de Millarker falou oito palavras e o ator esteve em cena por menos de um minuto – a série apresenta para uma audiência mais ampla as discussões acerca da transexualidade, conceito que abarca (mas não só) pessoas que se identificam como pertencentes ao gênero diferente do sexo biológico atribuído no nascimento e querem ser reconhecidas socialmente no gênero que desejam.

A diretora da série, Ryan Case, posou entusiasmada ao lado da criança em seu Instagram com a legenda “Esse é Jackson Millarker. Ele tem 8 anos, nasceu em Atlanta e é transgênero. Ele interpreta Tom, amigo de Lily, no episódio desta semana e é maravilhoso. É uma das muitas razões pelas quais eu amo esse seriado”

A diretora de Modern Family, Ryan Case, ao lado do ator trans mirim Jackson Millarker (Foto: Reprodução)

No episódio “A Stereotypical Day’ (‘Um dia de estereótipos’), o segundo da oitava temporada, Lily (Aubrey Anderson-Emmons) gera ansiedade nos pais Mitchell e Cameron ao supostamente discriminar o colega de escola Tom (Jackson Millarker), antes conhecido como Tina.

No início do episódio, o casal, formado por dois homens, estava orgulhoso das atitudes exibidas por sua filha diante do novo amigo. Uma pequena confusão, porém, leva os dois a uma crise existencial acerca das atitudes da criança e da família como um todo relacionadas a essa questão.

O episódio não vai fundo no tema. A certa altura, o patriarca da família, Jay Prichett (Ed O’Neil) ironiza o filho: “Interessante. No tempo que levei para aceitar que meu filho estava vivendo uma vida diferente da que eu esperava, Mitchell me chamou de velho hétero branco preconceituoso. Agora, você é igual a mim”.

Colunista de cultura pop na revistaThe Atlantic, Spencer Kornharber observa que os roteiristas optaram por realçar a ansiedade dos americanos brancos escolarizados de parecerem intolerantes, esmaecendo a complexidade da questão. “Foi uma mensagem tranquilizadora, para não dizer limitada para a audiência americana mainstream em 2016, afirmar que os conflitos identitários são, em sua maioria, mal-entendidos entre pessoas bem intencionadas”.

De toda forma, cresceu nos últimos anos o clamor por uma escolha maior de atores e atrizes transexuais para representarem seus pares na televisão. Além da temática do próprio Transparent, que mostra os conflitos familiares diante do anúncio do pai (Jeffrey Tambor) de que agora deseja ser conhecido pela identidade feminina, a atriz Laverne Cox despontou como uma das personagens (e atrizes) mais interessantes da série Orange is The New Black, que trata do cotidiano e das histórias das internas de um presídio feminino de segurança mínima.

A atriz trans Laverne Cox, de Orange is the new Black: ‘Um pequeno grande passo’ (Foto: Reprodução)

Aos 32 anos, a atriz mostra uma visão otimista sobre a representatividade trans na televisão. “Acho que demos um primeiro passo. Acredito que ser representada na TV é algo muito importante”, explicou Laverne ao portal iG.

“Hoje, a maioria dos americanos entende que os homossexuais têm o direito de casar. No meu pensamento, essas pessoas mudaram seus corações e mentes por causa desse tipo de representação. Então, é algo realmente poderoso. Mas as políticas públicas também têm que mudar”.

Responsável por encarnar a personagem transgênera Nomi na série Sense8, do Netflix, a atriz trans Jamie Clayton mostra entusiasmo ao obter o papel e, mais ainda, pela oportunidade de ser conduzida por uma diretora e roteirista trans, Lana Wachowski.

Lana é uma das idealizadoras da trilogia Matrix e de V de Vingança, cuja identidade de mulher transgênera passou a ser conhecida do grande público no início deste ano. “Sei que serei protegida e representada de uma maneira que os trans nunca antes foram representados na televisão”, afirmou Clayton.

Tory Oliveira

Autores falam sobre a ausência de negros na dramaturgia: “Difícil admitir”

O RD1 convidou os autores Walcyr Carrasco, Duca Rachid e Renata Dias Gomes para uma discussão sobre a ausência de personagens negros nas novelas.

(RD1, 20/10/2016 – acesse no site de origem)

Apesar dos recentes avanços, há poucos atores negros em destaque na televisão, e muitas vezes eles ocupam papéis de subalternos e são escalados para arquétipos específicos.

Atualmente preparando a sinopse de sua próxima trama das 21h na Globo, Walcyr foi responsável por emplacar a primeira protagonista negra em uma novela brasileira quando escreveu “Xica da Silva”, em 1996. Apesar de retratar a vida real da escrava, a TV Manchete resistiu em escalar uma atriz negra para o papel e chegou a propor intérpretes brancas com peles bronzeadas para dar vida à personagem, fato que não foi aceito pelo autor.

Carrasco, no entanto, afirma que nem todos os personagens negros de suas novelas foram escritos para serem interpretados necessariamente por atores negros, como geralmente acontece na dramaturgia, mas admite que a diversidade étnica é ignorada em grande parte das produções.

A opinião do dramaturgo é parecida com a da colega de emissora Duca Rachid. Autora de novelas como “” (2011), “” (2009) e “” (2006), ela acredita que além da falta de atores negros, há a ausência de autores vindos de outras realidades, e a televisão precisa reeducar o telespectador. “[É preciso] dar a ele, inclusive, o que ele ainda não sabe que quer”, opinou. Recentemente, a Globo cancelou a novela “O Homem Errado”, que Duca escrevia com Thelma Guedes para o horário nobre, por considerar a sinopse ousada.

Neta dos autores Dias Gomes (1922-1999) e Janete Clair (1925-1983), Renata Dias Gomes também acredita que a falta de representantes negros reflete a sociedade em que vivemos, e afirma que se o autor não definir a etnia de determinado personagem, dificilmente a equipe de direção pensará em um ator negro para o papel, o que não ocorre com atores brancos. Para a escritora, a televisão carece de estrelas negras justamente por conta da falta de oportunidade.

Para autores, “Mister Brau” representa um avanço na busca por igualdade na TV (Foto: Divulgação / TV Globo)

Ainda há muito pouco espaço para atores negros nas novelas. No entanto, vem surgindo produções em que os negros foram destaques recentemente, como em “Mister Brau” e “Justiça”. Houve um avanço?

Walcyr Carrasco: Há um avanço, mas acredito que ainda pequeno. Boa parte das produções não têm papéis negros de destaque.

Duca Rachid: Sim, acho que sim. “Mister Brau”, sobretudo, é um bom exemplo disso. Mas acho que ainda falta avançar muito.

Renata Dias Gomes: Olhando a TV hoje, percebemos alguns avanços em relação a anos atrás. Os avanços vêm acontecendo bem lentamente. Ainda há um caminho enorme a ser percorrido. O racismo no Brasil é estrutural. Está em todos os lugares, em todas as camadas da sociedade. Não é um problema só da TV.

Aline Dias foi escalada para um papel em que não exigia atriz negra (Foto: Divulgação / TV Globo)

Recentemente, a atriz Aline Dias afirmou ao RD1 que sua personagem em “Malhação” não foi idealizada para ser negra, e que ela conquistou o protagonismo da trama por conta de seu talento. Quando um autor cria um personagem, geralmente a etnia é pensada antes da escalação do ator? Porque existe tanta falta de personagens negros?

Walcyr: O autor às vezes pensa na etnia, às vezes não. Óbvio que se a personagem for uma escrava, a questão da etnia é importante. Se não for um personagem cuja história dependa da etnia, o importante é que seja um bom personagem. A falta de bons personagens negros reflete, na minha opinião, a discriminação a que os negros são submetidos em todo país. Em “Eta Mundo Bom!”, por exemplo, eu tinha o personagem do garoto Pirulito, que no filme “Candinho”, de Mazzaropi, que inspirou a novela, foi feito por um branco. Eu resolvi botar um menino negro, e tivemos uma grande interpretação de JP Rufino.

Duca: Depende muito da história. Algumas histórias exigem que o ator seja negro, japonês, loiro, tenha sotaque, etc. Outras não. Acho que a falta de personagens negros ainda é um reflexo da falta de protagonismo do negro na nossa sociedade, infelizmente. Já avançamos bastante. Mas ainda falta avançar muito. Eu acho que faltam inclusive autores negros trabalhando na TV e no cinema. É preciso dar voz a esses autores. Que eles tragam histórias das suas realidades. Isso é muito importante. Só vai contribuir para a diversidade e qualidade da nossa dramaturgia.

Renata: Isso depende bastante e não sei falar por outros autores. O que vejo em geral é que se o autor não marca que o personagem precisa ser negro, dificilmente as outras pessoas da equipe pensarão num ator negro. De qualquer forma, hoje no Brasil ser negro inevitavelmente impacta na vida da pessoa e com isso também impactará na vida do personagem. Acredito que a falta de personagens negros se deve a diversos fatores. Um deles é o fato do “pensamento branco” ser dominante. Como falei antes, se não estiver marcado no perfil que tal personagem é negro, dificilmente produção de elenco ou direção pensarão num ator negro. Já para o ator branco, isso não precisa estar escrito. A falta de oportunidade para atores negros faz também com que existam menos estrelas negras do que brancas. Pra mim isso vai começar a mudar de verdade quando tivermos mais autores negros também. Precisamos abrir essas oportunidades para eles e, principalmente, ouvi-los. Autores comentam casos de racismo envolvendo artistas negros nas redes sociais (Foto: Reprodução)

À medida que artistas negros ganham destaque na TV, aumentam casos de racismo nas redes sociais. Como você avalia essas manifestações?

Walcyr: Elas expressam o racismo de maneira horrível. Eu me arrepio quando vejo algo assim acontecer.

Duca: É difícil pra gente admitir, mas existe um pensamento extremamente retrógrado muito atuante hoje não só no Brasil, mas no mundo. É triste, mas é real. Talvez nas redes sociais essas manifestações sejam mais agudas. É um meio de expressão ainda novo. As pessoas ainda não sabem lidar muito bem com ele, não têm a dimensão da exposição a que estão sujeitas, se julgam protegidas por um falso ambiente privado, por um falso anonimato. Mas infelizmente o racismo, a homofobia, o misoginismo, não estão só nas redes. Estão nas ruas. Estão em toda parte.

Renata: O Brasil é um país racista. Quem é negro percebe isso no dia a dia inevitavelmente. As redes sociais só estão escancarando isso.

Personagens estereotipados limitam a busca por diversidade na televisão (Foto: Reprodução)

Você acredita que a dramaturgia precisa se esforçar para criar formas de representar todas as pessoas?

Walcyr: Eu, como escritor, acredito que tenho responsabilidade social. Há situações a denunciar, e à medida que envelheço, considero isso mais importante.

Duca: Sempre. A dramaturgia tem que dar opções ao público. Dar a ele inclusive o que ele ainda não sabe que quer. Mas que vai querer. Vai gostar de ver. Só não sabe ainda disso, porque nunca viu. E trazer outras vozes também. Vozes de outros autores, de realidades diversas, de outras culturas, de outras regiões do país.

Renata: Acredito que sim. É muito importante que os negros, que formam mais da metade da população brasileira, sejam representados e se vejam representados.

Na ficção, negros ricos quebram paradigmas ou escondem a realidade da maioria da população? (Foto: Reprodução)

Muitos telespectadores criticam a presença de personagens negros bem sucedidos nas novelas, argumentando que a dramaturgia às vezes mascara a realidade da maioria dos negros, mas também há muitas críticas por atores que geralmente só fazem os mesmos papéis de subalternos. Como lidar com isso?

Walcyr: O autor tem que escrever movido por suas ideias, sua inspiração. Seus princípios apareceram claramente, porque ninguém consegue mentir quando escreve com o coração.

Duca: Com honestidade. A gente tem que tentar retratar a realidade da maneira mais honesta e humana possível.

Renata: Se houvesse mais papéis para negros, não haveria esse problema. Não vejo problema no negro fazer o empregado. O problema é só ter esse personagem negro no produto. Há brancos fazendo toda sorte de personagens. É ridículo ter uma favela sem negros, por exemplo. Mas por que não ter também um negro advogado, arquiteto, artista, contador. Negros estão em todos os lugares da nossa sociedade apesar de ainda serem maioria na população pobre exatamente por conta desse racismo estrutural.

Daniel Ribeiro

STF libera emissoras para definir horário da programação

Canais continuarão obrigados a estampar o selo de recomendação etária do programa no início da transmissão

(O Globo, 31/08/2016 – acesse no site de origem)

O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou nesta quarta-feira a regra da classificação indicativa que obrigava emissoras de rádio e de televisão a exibir programas em horários autorizados pelo Ministério da Justiça. Em caso de desobediência, o canal ficava sujeito a punição. Agora, não existe mais a sanção. As emissoras continuarão obrigadas, entretanto, a estampar o selo de recomendação etária do programa no início da transmissão, como está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A ação direta de inconstitucionalidade questionando a norma foi proposta pelo PTB em 2001, com o apoio da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). O julgamento começou em 2011, mas foi interrompido várias vezes por pedidos de vista. A votação foi concluída com placar de sete votos a três.

Votaram pelo fim da punição às emissoras os ministros Dias Toffoli, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Teori Zavascki, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto, já aposentado. Eles argumentaram que a norma fere a garantia constitucional da liberdade de expressão, pois limita as empresas a seguirem recomendação imposta pelo poder público.

Toffoli, que é relator do processo, afirmou que a possibilidade de multar o veículo de comunicação é uma forma de censura. O relator explicou que a classificação indicativa deve ser apenas uma informação para a família sobre a faixa etária para a qual o programa é direcionado. Portanto, deveria ser usada pelos pais como uma ferramenta, não como uma imposição do poder público.

— Mais importante seria o Estado, ao invés de ficar tão preocupado com sanções, fazer programas publicitários contra a violência doméstica e a violência contra crianças. Esse trabalho pedagógico é muito mais importante. Nessa realidade em que vivemos, muitas crianças assistem à violência no mundo real, não na televisão. O que acontece nas favelas é muito pior do que assistir a um programa ficcional — declarou Toffoli.

— Cabe a cada núcleo familiar e a cada indivíduo decidir sobre a conveniência de submeter-se a programação das emissoras de televisão. Os pais, e não o Estado, têm a prerrogativa de dirigir a criação e a educação dos filhos — argumentou Marco Aurélio.

Teori afirmou que a Constituição Federal permite a indicação da classificação com relação à idade, mas não a sua imposição às emissoras:

— O texto constitucional formatou um modelo prevendo que a competência da União para classificar tem efeito indicativo, cabendo ao poder público, por lei federal, apenas informar sobre a natureza das diversões e espetáculos.

Por outro lado, Edson Fachin, Rosa Weber e o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, votaram pela manutenção da multa às emissoras. Para esses ministros, o Estado pode cumprir um papel importante no sentido de ajudar as famílias na formação das crianças.

— Temos uma sociedade no Brasil extremamente estratificada. A grande massa não tem condições de controlar o que entra pelas suas casas. É preciso confiar minimamente no Estado. Classificação indicativa não se confunde com censura — ponderou Lewandowski.

Dez ministros do STF defenderam, no entanto, a continuidade da classificação. Ou seja, no início dos programas, a emissora deve informar qual a faixa etária recomendada para as imagens que serão exibidas. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a emissora que descumprir a classificação indicativa está sujeita ao pagamento de multa e, em caso de reincidência, a programação pode ser retirada do ar por até dois dias. Para a minoria dos ministros do STF, essa regra é uma forma de censura. Apenas o ministro Gilmar Mendes não participou da votação.

Em 2011, a Advocacia Geral da União (AGU) e o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defenderam a legislação em vigor. Eles lembraram que a Constituição lista entre os deveres do Estado a proteção à criança e ao adolescente. Por isso, o poder público teria a obrigação de regular o acesso da audiência a programas inadequados.

Carolina Brígido

EBC sedia encontro global sobre televisão digital interativa

(Agência Brasil, 10/12/2015) Especialistas do Brasil e da Europa reuniram-se hoje (10), em Brasília, na sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), para discutir tendências em TV digital interativa e tecnologias associadas na Cúpula do Conselho da Global ITV.

O Projeto Global ITV é uma proposta que reúne universidades e instituições que buscam soluções para a convergência da televisão com a internet. O foco é a interatividade e a interoperabilidade, ou seja, a capacidade de comunicação entre sistemas do Brasil e da União Europeia para televisões digitais. O superintendente executivo de relacionamento da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), André Barbosa, disse que o projeto discute a convergência entre os processos de televisão e de internet que vão oferecer aos usuários a oportunidade de novas alternativas e serviços multimídia.

“A televisão como conhecemos hoje precisa mudar, essa TV que não tem a capacidade de bidirecionalidade, ou seja, que você fala e ouve ao mesmo tempo como o telefone, ou como a internet que você escreve e recebe a informação ao mesmo tempo. A televisão só manda e não recebe, então, hoje não há mais possibilidade de sobrevivência de uma tecnologia como essa. As pessoas estão procurando ter respostas imediadas, em tempo real, com todos os aparatos que a internet pode fornecer”, disse Barbosa.

Na reunião, Barbosa apresentou o projeto Brasil 4D, iniciativa da EBC, que reúne, com a utilização da tecnologia Ginga, as principais diretrizes de políticas públicas de governos para as esferas federal, estaduais e municipais, convertendo-as em conteúdos audiovisuais e aplicativos que permitem o acesso do cidadão. O foco são famílias de baixa renda que têm acesso, pelo controle remoto, a listas de vagas de emprego, saldo e extrato de contas correntes no Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal, por exemplo. O Brasil 4D funciona com um conversor tipo C, adaptado ao software Ginga.

“Isso já é a porta aberta para, no futuro, quando a banda larga chegar para todos, eles já estarem alfabetizados digitalmente, saberem usar os aparatos e a televisão se manter numa nova característica de modernidade junto com a internet.”

O objetivo final do Projeto Global ITV é estabelecer as bases para uma plataforma de TV interoperável que possa abranger os serviços de radiodifusão e de banda larga integrados. O representante da Opera Softwares, empresa que tem escritórios em diversos países, Marcelo Natali, explicou que brasileiros e europeus trocam experiências tecnológicas que vão determinar qual caminho o Brasil vai tomar em relação ao futuro da interatividade da TV brasileira. “Além de verificar a programação, você vai conseguir navegar por alguns programas, assistir a programação online, então, se você perdeu algo na TV, vai conseguir assistir em um outro horário”, disse.

O Global ITV é formado por dezoito universidades, empresas, organizações e institutos de pesquisa com experiência em televisão interativa do Brasil e da União Europeia.

Yara Aquino; Edição: Maria Claudia

Acesse no site de origem: EBC sedia encontro global sobre televisão digital interativa (Agência Brasil, 10/12/2015)

Violência contra a mulher: problema além da ficção

(Jornal de Brasília, 02/12/2015) Bastante discutido nas redes sociais, tema também é retratado na TV como forma de conscientizar

Recentemente, campanhas como #meuprimeiroassédio e #meuamigosecreto, que denunciam abusos sofridos por mulheres, tomaram conta das redes sociais. Por conta dessas iniciativas, o número de denúncias de violência contra a mulher – seja ela física, moral ou psicológica – no 180, o disque- denúncia, chegou a 63.090, 40% a mais do que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados, ontem, pela Central de Atendimento à Mulher. Na TV e no cinema, o tema violência contra a mulher também é muito abordado, e não é de hoje.

Na novela Mulheres Apaixonadas (2003), o tema da violência doméstica foi bastante discutido com a personagem da atriz Helena Ranaldi. Ela vivia Raquel, mulher que sofria agressões físicas do marido Marcos (Dan Stulbach). Vítima do ciúme doentio do parceiro, a personagem tinha medo de denunciá-lo. As célebres cenas de agressão com raquete de tênis deram o que falar na época. Atualmente, os noveleiros de plantão têm se deparado com o relacionamento abusivo vivido por Domingas e Juca (Osvaldo Mil), em . A atriz que dá vida à personagem, Maeve Jinkings, ressalta a importância de se falar no assunto, para que as pessoas olhem com mais simpatia para mulheres que passam por essas situações, e ainda precisam lidar com o julgamento da sociedade. “Espero que não apenas as mulheres agredidas psicologicamente, como Domingas, possam refletir melhor, mas também os que estão ao redor. A pessoas tendem a não compreender a complexidade das relações e frequentemente culpam a vítima. Isso é uma ignorância que fortalece o agressor”, diz a atriz brasiliense.

Inspiração

Jinkings afirma não ter como prever se a sua história irá servir como motivação para mulheres que passam pela mesma situação, mas se diz satisfeita com a repercussão de seu trabalho. “Antes eu não conhecia quase nada da dinâmica do assédio moral nas relações de casal. O que espero é que isso, no mínimo, cause algum debate, algum incômodo”.

A teledramaturgia brasileira está repleta de personagens que podiam servir de referência e pesquisa, mas Maeve preferiu não utilizar nenhuma. “Queria compreender essas mulheres na vida. Li bastante o diário de Frida Kahlo, sobre seu enorme amor por Diego (Rivera), sua solidão, e como ela suportava as traições dele”, conta a atriz, que adianta, ainda, que os telespectadores estão próximos de ver no ar a reviravolta na vida de Domingas.

Lei Maria da Penha

Paolla Oliveira, de O Profeta (2006), era Sônia, que chegou a ser trancada no quarto pelo próprio parceiro, sem poder comer. No fim, ela consegue se libertar do cativeiro e vive sua vida longe do malfeitor. Na pele da personagem Catarina, de (2008), Lília Cabral deu vida a uma dona de casa submissa que sofria com agressões físicas e morais do marido, vivido por Jackson Antunes. Na trama a reviravolta começa quando Catarina começa a se relacionar com Stela (Paula Burlamaqui).

Em 2011, a novela Fina Estampa representou as implicações policiais e legais decorrentes da denúncia de violência doméstica por meio da história do casal Baltazar (Alexandre Nero) e Celeste (Dira Paes), na foto abaixo: ele agride a mulher e a filha continuamente. Ao tentar matar a esposa em uma briga, a polícia é acionada, e ele, preso em flagrante, sendo retratado na trama todo o desenrolar do procedimento previsto na Lei Maria da Penha.

Quatro perguntas para Maeve Jinkings

Onde buscou referências para criar a Domingas? Chegou a ter contato com mulheres vítimas de violência?

Entrevistei e continuo aberta a entrevistar diversas mulheres vítimas desse tipo de relação. No início precisei procurá-las, mas hoje em dia os depoimentos chegam em enxurrada, vou filtrando na medida de minha possibilidade emocional e de tempo. Também conversei com homens agressores e li relatos de alguns deles a fim de compreender melhor a dinâmica que os leva a acreditar que podem agredir suas companheiras.

Por que, na sua opinião, tanto a personagem, quanto as “Domingas” da vida real, se mantêm em um relacionamento abusivo?

Em primeiro lugar porque ninguém acha que está vivendo isso. É como uma doença que só “o outro” é quem tem… quem vive isso demora muito a perceber e, quando percebe, o mais comum é se sentir responsável pela situação. Uma relação abusiva é alimentada basicamente por medo e culpa, o agressor joga com esses elementos e assim manipula psicologicamente a vítima. De todo modo, cada caso é um caso.

A audiência feminina da novela te aborda na rua? Se identifica?

Sim, muitas mulheres me abordam, e muitas naturalmente me contam suas histórias. A verdade é que elas são mais comuns do que se pensa, e em todas as classes e família há algum caso. Depois de Domingas, já obtive relatos de todos os lados, até dentro dos meus círculos de amizade mais próximos, na família, no Projac. Todos conhecem alguém, a gente apenas não fala sobre isso, pois é um tema vergonhoso e confuso.

Você nasceu em Brasília, mas foi embora muito cedo. Tem boas lembranças da cidade?

Tenho memórias muito vivas da minha infância na capital. Meu pai, irmãs, parentes e amigos ainda vivem na cidade. Visito todos os anos, amo muito Brasília!

Raquel Martins Ribeiro

Acesse no site de origem: Violência contra a mulher: problema além da ficção (Jornal de Brasília, 02/12/2015)

MPF quer cassar licenças de rádio e TV de 40 congressistas

(Folha de S. Paulo, 22/11/2015) O Ministério Público Federal, por meio de suas sedes estaduais, promete desencadear ações contra 32 deputados federais e oito senadores que aparecem nos registros oficiais como sócios de emissoras de rádio ou TV pelo país.

Entre os alvos da iniciativa inédita -lançada com aval do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e coautoria do Coletivo Intervozes-, estão alguns dos mais influentes políticos do país, como os senadores Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, Edison Lobão (PMDB-MA), José Agripino Maia (DEM- RN), Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Na Câmara, devem ser citados deputados como Sarney Filho (PV-MA), Elcione Barbalho (PMDB-PA), ex-mulher de Jader, Rodrigo de Castro (PSDB- MG) e Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Casa.

No Ministério das Comunicações, todos eles constam como sócios de emissoras. Baseado em dispositivo da Constituição que proíbe congressista de “firmar ou manter contrato com empresa concessionária de serviço público” (Art. 54), a Procuradoria pedirá suspensão das concessões e condenação que obrigue a União a licitar novamente o serviço e se abster de dar novas outorgas aos citados.

No total, os 40 parlamentares radiodifusores aparecem como sócios de 93 emissoras.

A primeira leva de ações foi protocolada em São Paulo na quinta-feira (19) contra veículos associados aos deputados Antônio Bulhões (PRB), titular de concessões de rádios em Santos, Gravataí (RS), Olinda (PE) e Salvador; Beto Mansur (PRB), com rádios em Santos e São Vicente; e Baleia Rossi (PMDB), vinculado a duas rádios no interior paulista.

Nas peças (ações civis públicas), quatro procuradores e o advogado Bráulio de Araújo, do Intervozes (entidade que milita na área de comunicação), citam o caso do ex-deputado Marçal Filho (PMDB-MS), condenado no STF (Supremo Tribunal Federal) por falsificação do contrato social de uma rádio.

Conforme o acórdão do STF (documento da decisão final), Marçal falsificou papéis justamente para omitir a condição de sócio da emissora. No processo, os ministros Roberto Barroso e Rosa Weber fizeram considerações sobre o artigo 54 da Constituição, o mesmo evocado agora contra parlamentares radiodifusores.

Barroso disse que a norma “pretendeu prevenir a reunião de poder político e controle sobre veículos […], com os riscos decorrentes do abuso”.

Weber afirmou que “há um risco óbvio na concentração de poder político com controle sobre meios de comunicação de massa” e que, sem a proibição expressa na Constituição, “haveria risco de que o veículo, ao invés de servir para o livre debate e informação, fosse utilizado apenas em benefício do parlamentar”.

Ela lembrou ainda que “tal distorção” foi reconhecida pelo próprio ex- deputado Marçal no processo, quando afirmou que resolveu virar sócio da rádio em seu Estado porque “não teve mais espaço em empresas controladas por seus adversários políticos”.

CONFLITO

Outro argumento das ações da Procuradoria é o do conflito de interesses. Os procuradores lembram que cabe ao Congresso apreciar atos de outorga e renovação de concessões. Conclui então que congressistas radiodifusores “estarão propensos” a votar sempre pela aprovação para não prejudicar futuras análises de seus processos.

As peças citam uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de 2011 que deu aval a 38 concessões e 65 renovações em apenas três minutos e com só um deputado presente. Citam ainda casos de políticos que votaram na aprovação de suas próprias outorgas ou renovações.

Bráulio de Araújo afirma que, no futuro, também poderá entrar com ações contra políticos que escondem a propriedade de rádios e TVs em nome de parentes ou laranjas.

Nessa primeira leva, só serão acionados veículos que têm o próprio parlamentar no quadro societário.

Além dos processos da Procuradoria, uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental sobre o tema está sendo formulada para ser levada ao STF. Nesse tipo de ação, os ministros não são provocados a condenar ou absolver casos individuais, mas a analisar a situação em geral à luz da Constituição.

OUTRO LADO

Dos 40 congressistas que constam como sócios de rádios ou TVs, sete creem que a legislação permite esse tipo de participação, desde que eles não exerçam funções administrativas nas emissoras.

Essa opinião foi manifestada por Baleia Rossi (PMDB-SP), Fernando Collor (PTB-AL), Gonzaga Patriota (PSB-PE), João Henrique Caldas (SD-AL), João Rodrigues (PSD-SC), Ricardo Barros (PR-PR) e Victor Mendes (PV-MA).

“O ordenamento jurídico permite [ser sócio]. Não exercendo direção, não há vedamento legal”, disse Caldas.

Presidente da Frente Parlamentar de Radiodifusão, Rodrigues, que também defende essa tese, afirmou que, se necessário for, deixará a Câmara para manter o controle de sua rádio em Nanoai (RS). “Sou radiodifusor antes de ser deputado. Não vou colocar a minha vida profissional e aquilo que me sustenta fora por causa de um mandato.”

Collor, em nota, afirmou que não participa da gestão das emissoras: “As concessões às empresas da Organização Arnon de Mello estão dentro da legalidade conforme a interpretação corrente das normas constitucionais”.

O Código Brasileiro de Comunicações, de 1962, diz apenas que parlamentar não pode ser diretor de veículo. Não proíbe nem autoriza expressamente a possibilidade de ser sócio. Para os signatários das ações do Ministério Público, a Constituição de 1988 afastou essa dúvida ao dizer que congressista não pode ter “contrato” com concessionárias de serviço público.

Outros quatro parlamentares também confirmaram que são sócios de emissoras: Aníbal Gomes (PMDB-CE), Domingos Neto (Pros-CE), Felipe Maia (DEM-RN) e José Agripino (DEM-RN).

Sócio de uma rádio e uma TV em Natal, outra rádio em Mossoró (RN) e uma terceira em Currais Novos (RN), Agripino disse que todas são herança de seu pai. “Não foram concessões dadas a mim. É uma questão nova para o Judiciário. Além disso, minha participação é minoritária” (ele divide as emissoras com a mãe e dois irmãos).

Neto afirmou que a Difusora de Inhamuns é de sua família “há mais de cem anos” e que ele hoje tem 5% da firma. Maia e Gomes disseram que já eram proprietários de suas rádios antes de assumir mandato. Gomes foi além: “Desconhecia a legislação e achei que era permitido que um deputado mantivesse a rádio, desde que tivesse sido concedida antes do começo do mandato”, afirmou.

Dez afirmaram que não são mais sócios de emissoras ligadas aos seus nomes: Acir Gurgacz (PDT-RO), Afonso Motta (PDT-RS), Antônio Bulhões (PRB-SP), Fábio Faria (PSD-RN), Jaime Martins (PSD-MG), Jorginho Mello (PR-SC), Beto Mansur (PRB-SP), Roberto Rocha (PSB-MA), Rubens Bueno (PPS-PR) e Soraya Santos (PMDB-RJ).

“Tem mais de 20 anos que saí da rádio”, disse o deputado Rubens Bueno. “Comprei e vendi, era uma coisa pequena, insignificante.”

A assessoria de Soraya Santos disse que “há dez anos a deputada transferiu a titularidade [da rádio Cantagalo, no Rio] para uma igreja”.

Bulhões, Motta, Faria, Martins, Mello e Rocha sugerem que há defasagem no cadastro do ministério, hipótese refutada pela pasta.

Rodrigo de Castro (PSDB-MG) disse que a rádio em seu nome “só existe no papel”, nunca funcionou de fato.

Aécio Neves (PSDB-MG), sócio de uma FM em Betim, na região metropolitana de BH, informou que só comentará quando for notificado.

A Folha não conseguiu entrar em contato com Átila Lira (PSB-PI), César Halum (PRB-TO), Dâmina Pereira (PMN-MG), José Nunes (PSD-BA), Júlio César (PSD-PI) e Cabuçu Borges (PMDB-AP).

Adalberto Cavalcanti (PTB-PE), Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), Damião Feliciano (PDT-PB), Edison Lobão (PMDB-MA), Félix Mendonça (PDT-BA), Jader e Elcione Barbalho (PMDB-PA), José Rocha (PR-BA), Sarney Filho (PV- MA), Magda Mofatto (PR-GO) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) não responderam.

O Ministério das Comunicações não quis comentar a iniciativa do Ministério Público, pois não foi notificado.

Ricardo Mendonça e Paula Reverbel. Colaborou Bruno Fávero

Acesse o PDF: Ações visam cassar licenças de rádio e TV de 40 congressistas (Folha de S. Paulo, 22/11/2015)