Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 13ª Vara Federal de

Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar ­ Bairro: Ahu ­ CEP: 80540­180 ­ Fone: (41)3210­1681 ­ www.jfpr.jus.br ­ Email: [email protected]

PEDIDO DE QUEBRA DE SIGILO DE DADOS E/OU TELEFÔNIC Nº 5009225­34.2015.4.04.7000/PR

REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

ACUSADO: PAULO ROBERTO COSTA

DESPACHO/DECISÃO

Trata­se de representação do MPF pela quebra do sigilo de contas no exterior que teriam transacionado com contas controladas por Paulo Roberto Costa mantidas na Suíça.

Solicitei esclarecimentos do MPF que os prestou no evento 6, juntando documentos e depositando também a referida mídia com os extratos da conta em Juízo.

Oportuno breve histórico.

Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processos incidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato.

Em uma primeira fase, foram propostas dez ações penais e ainda há investigações em andamento que podem resultar em outras. A dez já propostas tem os números 5025687­03.2013.2014.404.700, 5047229­ 77.2014.404.7000, 5026663­10.2014.404.7000, 5025699­ 17.2014.404.7000, 5049898­06.2014.404.7000, 5026212­ 82.2014.404.7000, 5025692­25.2014.404.7000, 5026243­ 05.2014.404.7000, 5025676­71.2014.404.7000 e 5025695­ 77.2014.404.7000. Duas delas já foram julgadas, outras aproximam­se da fase de julgamento.

Na Operação Lavajato, foram identificados quatro grupos criminosos dedicados principalmente à prática de lavagem de dinheiro e de crimes financeiros no âmbito do mercado negro de câmbio. Os quatro grupos seriam liderados pelos supostos doleiros Carlos Habib Chater, Alberto Youssef, Nelma Mitsue Penasso Kodama e . A investigação, com origem nos inquéritos 2009.7000003250­ 0 e 2006.7000018662­8, tinha por objeto inicial supostas operações de lavagem de produto de crimes contra a Administração Pública e que teriam se consumado com a realização de investimentos industriais, com recursos criminosos, na cidade de /PR. Este crime de lavagem, consumado em Londrina/PR, se submete à competência da 13ª Vara Federal de Curitiba, tendo dado origem à ação penal 5047229­77.2014.404.7000 acima já referida, na qual figuram como acusados Carlos Habib Chater, Alberto Youssef e subordinados.

No aprofundamento das investigações sobre o grupo dirigido por Alberto Youssef, foram colhidas provas, em cognição sumária, de que ele dirigia verdadeiro escritório dedicado à lavagem de dinheiro e que a operação de lavagem acima referida, consumada em Londrina, inseria­se em contexto mais amplo.

Alberto Youssef estaria envolvido na lavagem de recursos provenientes de obras da empresa pública Petróleo Brasileiro S/A ­ e esses valores, após lavados, seriam utilizados para pagamento de vantagem indevida a empregados da Petrobrás do alto escalão, como o ex­ Diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.

Na continuidade das investigações, colhidas provas, em cognição sumária, de que as maiores empreiteiras do Brasil estariam envolvidas no esquema criminoso.

Segundo o MPF, a OAS, Odebrecht, UTC, Camargo Correa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon, MPE, Skanska, Queiroz Galvão, IESA, Engevix, SETAL, GDK e Galvão Engenharia teriam formado um cartel, através do qual, por ajuste prévio, teriam sistematicamente frustrado as licitações da Petróleo Brasileiro S/A ­ Petrobras para a contratação de grandes obras entre os anos de 2006 a 2014, entre elas a RNEST, COMPERJ e REPAR.

As empreiteiras, reunidas em algo que denominavam de "Clube", ajustavam previamente entre si qual delas iria sagrar­se vencedora das licitações da Petrobrás, manipulando os preços apresentados no certame, com o que tinham condições de, sem concorrência real, serem contratadas pelo maior preço possível admitido pela Petrobrás.

Para permitir o funcionamento do cartel, as empreiteiras corromperam diversos empregados do alto escalão da Petrobras, entre eles os ex­Diretores Paulo Roberto Costa e Renato de Souza Duque.

Os agentes públicos, entre eles o ex­Diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, tinham o papel relevante de não turbar o funcionamento do cartel e ainda de tomas as providências para que a empresa definida pelo Clube de empreiteiras para vencer a licitação fosse de fato escolhida para o contrato. Para viabilizar o esquema criminoso, valores obtidos com os crimes de cartel e licitatórios foram submetidos a lavagem de dinheiro por Alberto Youssef e por outros profissionais da lavagem, para posterior pagamento aos empregados de alto escalão da Petrobrás.

Percentagem de cada contrato das empreiteiras com a Petrobrás era então destinada ao pagamento de propina aos empregados de alto escalão da Petrobrás.

Entre os expedientes de ocultação e dissimulação, depósitos em contas de pessoas interpostas e simulação de contratos de consultoria e prestação de serviços, especialmente empresas controladas por Alberto Youssef, como MO Consultoria, Empreiteira Rigidez, RCI Software e GDF Investimentos.

Também revelado que empregados do alto escalão da Petrobras receberam pagamentos em contas por eles controladas no exterior, usualmente mantidas em nome de offshores.

Na segunda fase da assim denominada Operação Lavajato, decretei, a pedido da autoridade policial e do MPF, a prisão cautelar e medidas de investigação em relação a dirigentes das empreiteiras envolvidas (decisão de 10/11/2014, evento 10, do processo 5073475­ 13.2014.404.7000). Foram propostas a partir de então pelo MPF seis novas denúncias contra dirigentes das empreiteiras, Camargo Correa, UTC Engenharia, OAS, Engevix e Galvão Engenharia.

Há um conjunto de provas, em cognição sumária, bastante significativo sobre os fatos, inclusive a confissão de Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, após celebrarem acordo de colaboração com o MPF, e provas documentais dos repasses financeiros das empreiteiras às empresas controladas por Alberto Youssef e, em relação a Paulo Roberto Costa, os extratos de suas contas na Suíça.

Paulo Roberto Costa revelou ao Ministério Público que controlava contas em nome de off­shores na Suíça e nelas teria recebido diversos pagamentos a título de propina.

No termo de depoimento n.º 38 declarou especificamente que abriu várias contas em nome de off­shores em bancos suíços e que nelas recebeu pagamentos, a título de vantagem indevida, da empreiteira Odebrecht (processo 5002744­55.2015.404.7000). Por vezes utilizava como beneficiários­proprietários dessas contas seus parentes como Humberto Sampaio de Mesquista e Ariana Azevedo Costa Bachmann.

Nas operações, teria atuado como intermediador Bernardo Freiburghaus, aparentemente operador financeiro dedicado à lavagem de dinheiro. Como decorrência desse conjunto probatório, várias e novas investigações encontram­se em curso, todas conexas e integrando a assim denominada Operação Lavajato.

Em decorrência de quebra judicial de sigilo bancário (decisão de 03/07/2014, evento 25, processo 5031505­33.2014.404.7000), vieram ao Brasil os extratos de movimentação das contas controladas por Paulo Roberto Costa no exterior.

Identifica o MPF, por meio de relatórios de análise dos extratos (reunidos no evento 6) as seguintes operações e contas nos extratos das contas, conforme planilhas anexas:

1 ­ crédito de USD 110.000,00 em 10/12/2012 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de Indumex S.A. (b.o. Francisco Antonio Feoli ­Porto Alegre) – BANKHAUS CARL F. PLUMP AND CO – BREMEN, da Alemanha;

2 ­ créditos de USD 149.984,75 e de USD 154.984,85 em 18/02/2013 e em 22/02/2013 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de MARVILLE INTERTRADE CORP – CREDIT ANDORRA ­ nº AD6300031101115801410101 Customer Number: 4294752, de Andorra;

3 ­ créditos de USD 1.000.000,00, 1.000.000,00, 1.005.800,00 e 1.000.000,00, em 29/08/2011, 30/08/2011, 12/09/2011 e 16/09/2011 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de INNOVATION RESEARCH ENGINEERING A. DEVELOPMENT LTD / MEINL BANK (ANTIGUA), em Antigua e Barbuda;

4 ­ créditos de USD 159.964,98, 199.964,56, 274.696,54 e 274.696,62, em 11/06/2007, 25/06/2007, 06/10/2009 e 15/10/2009, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de KLIENFELD SERVICES LTD ­ ANTIGUA OVERSEAS, BANK nº 000001414631, em Antigua e Barbuda;

5 ­ créditos de USD 493.535,00 e 378.266,00, em 19/11/2009 e 27/11/2009, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de TRIDENT INTER TRADING LTD. ­ ANTIGUA, OVERSEAS BANK LTD nº 000001558330, em Antigua e Barbuda;

6 ­ créditos de USD 150.000,00, 98.480,00 e 53.741,00, em 18/06/2012, 29/05/2012 e 21/02/2012, na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de COLUMBUS INVEST + TRADE LTD. ­ BSI OVERSEAS (BAHAMAS) LIMITED NASSAU – nº 8A15868A, LOTTE MANAGEMENT LTD. ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU ,BRANCH nº BS92566, e THE ADVISER INVESTMENTS LIMITED ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU BRANCH, respectivamente, nas Bahamas; 7 ­ créditos de USD 97.817,00, 22.823,00 e 55.619,00 em 21/08/2007, 25/10/2007 e 04/12/2007, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de ARISTAN INC. NASSAU BAHAMAS ­ WINTERBOTHAM TRUST COMPANY LIMITED, THE (WNTRBSNS), BAHAMAS nº2000192007278, nas Bahamas;

8 ­ créditos de USD 322.248,00 e 200.000,00 em 15/10/2013 e 19/12/2013, na conta Omega Partners S/A no Royal Bank of Canada, na Suiça, provenientes de Nepsis Investment S.A. ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU BRANCH nº 91915, e The Adviser Investments Limited ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU BRANCH nº 91370, respectivamente, nas Bahamas;

9 ­ créditos de USD 65.500,00, 45.480,00 e 90.980,00, em 01/06/2012, 07/02/2013 e 26/02/2013, na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de MACROANALISE CONSULTORIA ECONOMICA ­ ESPIRITO SANTO BANK – MIAMI – UNITED STATES ­ nº 107191778, nos Estados Unidos;

10 ­ créditos de USD 114.980,00, 99.980,00, 84.980,00 e 50.980,00, em 29/11/2010, 08/02/2013, 11/02/2013 e 07/02/2013, na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de SOAR FREE LTD. ­ UBS AG – STAMFORD – nº YR297042, OPINGTON CORPORATION ­ ESPIRITO SANTO BANK – MIAMI – UNITED STATES – nº 107189897, GUAVA INTERNATIONAL LTD ­ ABN AMRO BANK – MIAMI – nº 6085516, e LARRON OFFSHORE LIMITED – JP MORGAN CHASE BANK NEW YORK UNITED STATES – nº 849225743, respectivamente, nos Estados Unidos;

11 ­ créditos de USD 238.065,00, 439.535,00, 97.817,00 e 150.000,00, em 03/08/2009, 19/11/2009, 21/08/2007 e 14/08/2008, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de CONSTRUCTORA INTERNACIONAL DEL SUR S.A. ­ Received from HSBC Bank USA New York by order of 4010177279, TRIDENT INTER TRADING LTD. ­ Received from Bank Of America New York by order of 000001558330 REF AOB09111900005, ARISTAN INC. ­ Received from Bank Of New York F021000018, e OLEUM EQUIPMENT INC ­ CROSBY STATE BANK – nº 1819445, respectivamente, nos Estados Unidos; (ressalvo que nas três primeiras operações, os bancos norte­ americanods apenas intermediaram as transações)

12 ­ crédito de USD 86.000,00 em 11/09/2013 na conta Omega Partners S/A no Royal Bank of Canada, na Suiça, proveniente de MACROANALISE CONSULTORIA ECONOMICA ­ ESPIRITO SANTO BANK – MIAMI – UNITED STATES ­ nº 107191778, nos Estados Unidos;

13 ­ créditos de USD 76.230,20 e 49.971,20 em 25/02/2014 e 07/03/2014 na conta na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de AURELIO OLIVEIRA TELLES – CREDIT SUISSE, GIBRALTAR – nº GI47CRES000002010016366, em Gilbraltar; 14 ­ crédito de USD 149.980,00 em 06/08/2012 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de BV SCHEEPSWERF DAMEN GORINCHEM ­ ING BANK N.V – AMSTERDAM – nº 0024015806, na Holanda;

15 ­ crédito de USD 239.283,00 em 15/06/2012 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de SPLENDID CORE LIMITED – INDUSTRIAL AND COMMERCIAL BANK OF C – HONG KONG – nº 876530002061, em Honk Kong;

16 ­ crédito de USD 487.500,00 em 30/04/2012 na conta International Team Enterprise Ltd, no Royal Bank of Canada, na Suiça, proveniente de Universal Assets Corporation ­ HONGKONG AND SHANGHAI BANKING CORPORATION LIMITED – nº 809588122838, em Honk Kong;

17 ­ créditos de USD 3.621.926,00 entre 29/10/2011 a 28/12/2011 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de CROWN INTERNATIONAL LTD ­ BANIF BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL (CAYMAN) – nº PT50003800500167510177112, nas Ilhas Cayman;

18 ­ créditos de USD 857.098,00 entre 04/11/2010 a 16/12/2012 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de ENTERPRISE TECH INDUSTRIES INC / BANIF BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL (CAYMAN) – nº PT50003800500167510177112, nas Ilhas Cayman;

19 ­ créditos de USD 823.093,00 entre 13/08/2010 a 13/10/2011 na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de CROWN INTERNATIONAL LTD ­ BANIF BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL (CAYMAN) – nº PT50003800500167510177112, nas Ilhas Cayman;

20 ­ créditos de USD 253.972,00 e 107.736,00 em 07/08/2012 e 21/07/2009, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de ENTERPRISE TECH INDUSTRIES INC / BANIF BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL (CAYMAN) – nº PT50003800500167510177112, e APPLE CAPITAL CORP / BANIF BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL (CAYMAN) – nº PT50003800500167510177112, respecitvamente, nas Ilhas Cayman;

21 ­ crédito de USD 80.000,00 em 30/10/2012 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de ACUVE INTERNATIONAL CORP. ­ CENTRUM BANK AG – VADUZ – nº LI9208808000220140803, em Liechtenstein;

22 ­ crédito de USD 49.976,26 em 06/08/2018 na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça proveniente de ABILITY SPORTS MANAGEMENT LTDA ­ CENTRUM BANK AG – VADUZ – nº LI76088080549700A000U, em Liechtenstein; 23 ­ crédito de USD 172.403,00 em 21/10/2011 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de ORST ENTERPRISES ­ BANCO BRADESCO EUROPA LUXEMBOURG – nº 110070, em Luxemburgo;

24 ­ créditos de USD 309.427,17 entre 25/06/2012 a 14/01/2014 na conta Ost Invest & Finance Inc, no Banco Lombard Odier, na Suiça provenientes de GB MARITIME LTD – UBS LUXEMBOURG SA – nº LU560709672151000USD, em Luxemburgo;

25 ­ créditos de USD 17.780,60 e 19.373,12 em 30/08/2013 e 12/09/2013, na conta Ost Invest & Finance Inc, no SEAVIEW SHIPBROKING LTD ­ UBS LUXEMBOURG SA – nº LU170709670671000USD, em Luxemburgo;

26 ­ créditos de USD 1.118.023,00 entre 14/05/2009 a 03/08/2009 na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de CONSTRUCTORA INTERNACIONAL DEL SUR S.A. ­ PANAMA – CREDICORP BANK SA PANAMA nº 4010177279, no Panamá;

27 ­ crédito de USD 39.520,00 em 11/03/2013 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de SOERENSEN GARCIA ADVOGADOS ASS ­ BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS nº PT0003300004534005195305, em Portugal;

28 ­ crédito de USD 99.965,00 em 01/08/2012 na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça proveniente de NARAO TRADING INC – BANCO BPI SA – PORTOPORTUGAL – nº 4519430307001, em Portugal; e

29 ­ crédito de USD 1.438,00 em 23/11/2007 na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça proveniente de VEMOND CASA CAMBIARIA SOCIEDAD ANONIMA ­BANCO SURINVEST S.A. ­ MONTEVIDEO, no Uruguai.

Informa ainda o MPF a identificação de alguns débitos relevantes das contas controladas por Paulo Roberto Costa:

30 ­ débitos de USD 6.000,00 e 6.000,00, em 28/02/2012 e 19/12/2013, na conta Ost Invest & Finance Inc, no Banco Lombard Odier, na Suiça, em favor de Draftsystems and Communications Ltd. ­ MEINL BANK (ANTIGUA) nº 400485744, em Antigua e Barbuda;

31 ­ débito de USD 300.000,00 em 08/02/2013 na conta Glacier Finance Inc no Royal Bank of Canada, na Suíça, em favor de Royal Skandia Life Assurance Limited ­ NATIONAL WESTMINSTER BANK PLC ­ LONDON GB – nº GB05NWBK60730167544800, na Inglaterra; 32 ­ débito de USD 40.340,00 em 18/03/2013 na conta Ost Invest Finance Inc, Banco Lombard Odier, na Suíça, em favor de Felipe Maia Russo ­ STANDARD BANK ISLE OF MAN LIMITED – DOUGLAS – nº GB07SBIC40485210740376, na Ilha de Man;

33 ­ débito de USD 15.000,00 em 14/10/2013 na conta Glacier Finance Inc no Royal Bank of Canada, na Suíça, em favor de Felipe Maia Russo ­ STANDARD BANK ISLE OF MAN LIMITED – DOUGLAS – nº GB07SBIC40485210740376, na Ilha de Man;

34 ­ débitos de USD 10.150,00 entre 21/01/2011 a 09/09/2013 na conta Sagar Holding, Banco Julius Bar, na Suíça, em favor de ICS LIMITED ­ LIECHTENSTEINISCHE LANDESBANK AKTIE – VADUZ – nº LI5908800000034341401, em Liechtenstein;

35 ­ débitos de USD 1.600,00 e 2.000,00 em 24/02/2014 e 24/02/2014 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça, em favor de ICS LIMITED ­ LIECHTENSTEINISCHE LANDESBANK AKTIE – VADUZ – nº LI5908800000034341401, em Liechtenstein;

36 ­ débitos de USD 3.200,00 e 1.700,00 em 29/04/2011 e 11/04/2012 na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça, em favor de ICS LIMITED ­ LIECHTENSTEINISCHE LANDESBANK AKTIE – VADUZ – nº LI5908800000034341401, em Liechtenstein;

37 ­ débitos de USD 3.600,00 em 11/02/2014 na conta Omega Partners S/A no Royal Bank of Canada, na Suiça, em favor de ICS LIMITED ­ LIECHTENSTEINISCHE LANDESBANK AKTIE – VADUZ – nº LI5908800000034341401, em Liechtenstein;

38 ­ débito de USD 2.172.043,53 em 24/01/2011 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça, em favor de ABERDEEN MONEY MARKET FUND (SECURITY) –LUXEMBOURG, em Luxemburgo; e

39 ­ débitos de 4.005,00 entre 02/09/2013 a 20/09/2013 na conta Glacier Finance Inc no Royal Bank of Canada, na Suíça, em favor de Posadas & Vecino Consultores Int. ­ Banco ltau Uruguay SA, Montevideo, Uruguay – nº 6550245101, no Uruguai.

Considerando que há fundada suspeita da natureza criminosa das transações, já que, além das demais provas, o próprio Paulo Roberto Costa admite que os valores depositados nas contas seriam propina por ele, empregado público, recebida, justifica­se a quebra.

Há causa provável para a quebra do sigilo bancário sobre as contas das quais partiram créditos em favor das contas controladas por Paulo Roberto Costa, a fim de identificar seus titulares e reais controladores e realizar o rastreamento dos valores até sua origem. Também há causa provável para as transações de débito, a fim de verificar o destino dos valores.

Sem a quebra do sigilo bancário, não há como rastrear a origem e destino dos valores, sendo a medida imprescindível.

Ante o exposto, defiro o requerido para decretar a quebra do sigilo bancário sobre as transações acima e sobre as contas originárias dos créditos e as contas destinatárias dos débitos.

A quebra abrange a obtenção de todos os documentos relativos às contas, cadastros, documentos de abertura, extratos, ordens de pagamento, comunicações entre banco e clientes, formulários de compliance, e especialmente a identificação de todas as transações. Diante da fundada suspeita de seu emprego para lavagem de dinheiro, toda a movimentação das contas é relevante, ou, se não for possível na cooperação, pelo menos os registros dos últimos cinco anos.

Havendo possibilidade, na cooperação, de eventual rastreamento da origem remota dos valores, bem como do destino posterior dos débitos, autorizo que o MPF o solicite, uma vez que a quebra de sigilo e a obtenção dessa informação também se justificam pela causa provável acima descrita.

Como há indícios de que as contas originárias dos créditos foram utilizadas para pagamento de propina a agente público, decreto, em relação às contas originárias dos créditos nas contas controladas por Paulo Roberto Costa, o sequestro dos saldos mantidos nessas contas, como base no art. 4º da Lei nº 9.613/1998, ou, se não for possível na cooperação, pelo menos o montante corresponde às transações verificadas com as contas controladas por Paulo Roberto Costa.

Relativamente às contas que receberam transferências da conta de Paulo Roberto, defiro somente a quebra do sigilo bancário, reputando prematuro o sequestro, já que é possível que o destinatário não tivesse conhecimento da origem criminosa dos valores e que as transferências tenham envolvido terceiros de boa­fé. Caso no curso das apurações, surjam elementos que autorizem conclusão diversa, o Juízo poderá ser novamente provocado.

Encarrego o MPF de elaborar e encaminhar os pedidos de cooperação às autoridades estrangeiras. Deverá manter este Juízo informado. O detalhamento dos documentos e da forma de cooperação cabe ao MPF, competindo a este Juízo apenas o levantamento do sigilo e o decreto de sequestro, sujeitos no Brasil à reserva judicial.

Por ora, para preservar a eficácia das diligências, mantenho o presente feito sob sigilo em relação aos acusados/investigados. Arquive a Secretaria a mídia apresentada em Juízo, realizando ainda cópia de segurança. Autorizo pelo MPF e pela autoridade policial a extração de cópias segundo for necessário.

Ciência, concomitantemente, ao MPF e à autoridade policial desta decisão.

Curitiba, 09 de março de 2015.

Documento eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700000436923v39 e do código CRC ee2a4533.

Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): SÉRGIO FERNANDO MORO Data e Hora: 09/03/2015 18:44:53

5009225­34.2015.4.04.7000 700000436923 .V39 SFM© SFM