Despacho/Decisão

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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 13ª Vara Federal de Curitiba Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar ­ Bairro: Ahu ­ CEP: 80540­180 ­ Fone: (41)3210­1681 ­ www.jfpr.jus.br ­ Email: [email protected] PEDIDO DE QUEBRA DE SIGILO DE DADOS E/OU TELEFÔNIC Nº 5009225­34.2015.4.04.7000/PR REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ACUSADO: PAULO ROBERTO COSTA DESPACHO/DECISÃO Trata­se de representação do MPF pela quebra do sigilo de contas no exterior que teriam transacionado com contas controladas por Paulo Roberto Costa mantidas na Suíça. Solicitei esclarecimentos do MPF que os prestou no evento 6, juntando documentos e depositando também a referida mídia com os extratos da conta em Juízo. Oportuno breve histórico. Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processos incidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato. Em uma primeira fase, foram propostas dez ações penais e ainda há investigações em andamento que podem resultar em outras. A dez já propostas tem os números 5025687­03.2013.2014.404.700, 5047229­ 77.2014.404.7000, 5026663­10.2014.404.7000, 5025699­ 17.2014.404.7000, 5049898­06.2014.404.7000, 5026212­ 82.2014.404.7000, 5025692­25.2014.404.7000, 5026243­ 05.2014.404.7000, 5025676­71.2014.404.7000 e 5025695­ 77.2014.404.7000. Duas delas já foram julgadas, outras aproximam­se da fase de julgamento. Na Operação Lavajato, foram identificados quatro grupos criminosos dedicados principalmente à prática de lavagem de dinheiro e de crimes financeiros no âmbito do mercado negro de câmbio. Os quatro grupos seriam liderados pelos supostos doleiros Carlos Habib Chater, Alberto Youssef, Nelma Mitsue Penasso Kodama e Raul Henrique Srour. A investigação, com origem nos inquéritos 2009.7000003250­ 0 e 2006.7000018662­8, tinha por objeto inicial supostas operações de lavagem de produto de crimes contra a Administração Pública e que teriam se consumado com a realização de investimentos industriais, com recursos criminosos, na cidade de Londrina/PR. Este crime de lavagem, consumado em Londrina/PR, se submete à competência da 13ª Vara Federal de Curitiba, tendo dado origem à ação penal 5047229­77.2014.404.7000 acima já referida, na qual figuram como acusados Carlos Habib Chater, Alberto Youssef e subordinados. No aprofundamento das investigações sobre o grupo dirigido por Alberto Youssef, foram colhidas provas, em cognição sumária, de que ele dirigia verdadeiro escritório dedicado à lavagem de dinheiro e que a operação de lavagem acima referida, consumada em Londrina, inseria­se em contexto mais amplo. Alberto Youssef estaria envolvido na lavagem de recursos provenientes de obras da empresa pública Petróleo Brasileiro S/A ­ Petrobras e esses valores, após lavados, seriam utilizados para pagamento de vantagem indevida a empregados da Petrobrás do alto escalão, como o ex­ Diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. Na continuidade das investigações, colhidas provas, em cognição sumária, de que as maiores empreiteiras do Brasil estariam envolvidas no esquema criminoso. Segundo o MPF, a OAS, Odebrecht, UTC, Camargo Correa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon, MPE, Skanska, Queiroz Galvão, IESA, Engevix, SETAL, GDK e Galvão Engenharia teriam formado um cartel, através do qual, por ajuste prévio, teriam sistematicamente frustrado as licitações da Petróleo Brasileiro S/A ­ Petrobras para a contratação de grandes obras entre os anos de 2006 a 2014, entre elas a RNEST, COMPERJ e REPAR. As empreiteiras, reunidas em algo que denominavam de "Clube", ajustavam previamente entre si qual delas iria sagrar­se vencedora das licitações da Petrobrás, manipulando os preços apresentados no certame, com o que tinham condições de, sem concorrência real, serem contratadas pelo maior preço possível admitido pela Petrobrás. Para permitir o funcionamento do cartel, as empreiteiras corromperam diversos empregados do alto escalão da Petrobras, entre eles os ex­Diretores Paulo Roberto Costa e Renato de Souza Duque. Os agentes públicos, entre eles o ex­Diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, tinham o papel relevante de não turbar o funcionamento do cartel e ainda de tomas as providências para que a empresa definida pelo Clube de empreiteiras para vencer a licitação fosse de fato escolhida para o contrato. Para viabilizar o esquema criminoso, valores obtidos com os crimes de cartel e licitatórios foram submetidos a lavagem de dinheiro por Alberto Youssef e por outros profissionais da lavagem, para posterior pagamento aos empregados de alto escalão da Petrobrás. Percentagem de cada contrato das empreiteiras com a Petrobrás era então destinada ao pagamento de propina aos empregados de alto escalão da Petrobrás. Entre os expedientes de ocultação e dissimulação, depósitos em contas de pessoas interpostas e simulação de contratos de consultoria e prestação de serviços, especialmente empresas controladas por Alberto Youssef, como MO Consultoria, Empreiteira Rigidez, RCI Software e GDF Investimentos. Também revelado que empregados do alto escalão da Petrobras receberam pagamentos em contas por eles controladas no exterior, usualmente mantidas em nome de offshores. Na segunda fase da assim denominada Operação Lavajato, decretei, a pedido da autoridade policial e do MPF, a prisão cautelar e medidas de investigação em relação a dirigentes das empreiteiras envolvidas (decisão de 10/11/2014, evento 10, do processo 5073475­ 13.2014.404.7000). Foram propostas a partir de então pelo MPF seis novas denúncias contra dirigentes das empreiteiras, Camargo Correa, UTC Engenharia, OAS, Engevix e Galvão Engenharia. Há um conjunto de provas, em cognição sumária, bastante significativo sobre os fatos, inclusive a confissão de Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, após celebrarem acordo de colaboração com o MPF, e provas documentais dos repasses financeiros das empreiteiras às empresas controladas por Alberto Youssef e, em relação a Paulo Roberto Costa, os extratos de suas contas na Suíça. Paulo Roberto Costa revelou ao Ministério Público que controlava contas em nome de off­shores na Suíça e nelas teria recebido diversos pagamentos a título de propina. No termo de depoimento n.º 38 declarou especificamente que abriu várias contas em nome de off­shores em bancos suíços e que nelas recebeu pagamentos, a título de vantagem indevida, da empreiteira Odebrecht (processo 5002744­55.2015.404.7000). Por vezes utilizava como beneficiários­proprietários dessas contas seus parentes como Humberto Sampaio de Mesquista e Ariana Azevedo Costa Bachmann. Nas operações, teria atuado como intermediador Bernardo Freiburghaus, aparentemente operador financeiro dedicado à lavagem de dinheiro. Como decorrência desse conjunto probatório, várias e novas investigações encontram­se em curso, todas conexas e integrando a assim denominada Operação Lavajato. Em decorrência de quebra judicial de sigilo bancário (decisão de 03/07/2014, evento 25, processo 5031505­33.2014.404.7000), vieram ao Brasil os extratos de movimentação das contas controladas por Paulo Roberto Costa no exterior. Identifica o MPF, por meio de relatórios de análise dos extratos (reunidos no evento 6) as seguintes operações e contas nos extratos das contas, conforme planilhas anexas: 1 ­ crédito de USD 110.000,00 em 10/12/2012 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça proveniente de Indumex S.A. (b.o. Francisco Antonio Feoli ­Porto Alegre) – BANKHAUS CARL F. PLUMP AND CO – BREMEN, da Alemanha; 2 ­ créditos de USD 149.984,75 e de USD 154.984,85 em 18/02/2013 e em 22/02/2013 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de MARVILLE INTERTRADE CORP – CREDIT ANDORRA ­ nº AD6300031101115801410101 Customer Number: 4294752, de Andorra; 3 ­ créditos de USD 1.000.000,00, 1.000.000,00, 1.005.800,00 e 1.000.000,00, em 29/08/2011, 30/08/2011, 12/09/2011 e 16/09/2011 na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de INNOVATION RESEARCH ENGINEERING A. DEVELOPMENT LTD / MEINL BANK (ANTIGUA), em Antigua e Barbuda; 4 ­ créditos de USD 159.964,98, 199.964,56, 274.696,54 e 274.696,62, em 11/06/2007, 25/06/2007, 06/10/2009 e 15/10/2009, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de KLIENFELD SERVICES LTD ­ ANTIGUA OVERSEAS, BANK nº 000001414631, em Antigua e Barbuda; 5 ­ créditos de USD 493.535,00 e 378.266,00, em 19/11/2009 e 27/11/2009, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de TRIDENT INTER TRADING LTD. ­ ANTIGUA, OVERSEAS BANK LTD nº 000001558330, em Antigua e Barbuda; 6 ­ créditos de USD 150.000,00, 98.480,00 e 53.741,00, em 18/06/2012, 29/05/2012 e 21/02/2012, na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de COLUMBUS INVEST + TRADE LTD. ­ BSI OVERSEAS (BAHAMAS) LIMITED NASSAU – nº 8A15868A, LOTTE MANAGEMENT LTD. ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU ,BRANCH nº BS92566, e THE ADVISER INVESTMENTS LIMITED ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU BRANCH, respectivamente, nas Bahamas; 7 ­ créditos de USD 97.817,00, 22.823,00 e 55.619,00 em 21/08/2007, 25/10/2007 e 04/12/2007, na conta Quinnus Services S/A no HSBC Private Bank na Suiça provenientes de ARISTAN INC. NASSAU BAHAMAS ­ WINTERBOTHAM TRUST COMPANY LIMITED, THE (WNTRBSNS), BAHAMAS nº2000192007278, nas Bahamas; 8 ­ créditos de USD 322.248,00 e 200.000,00 em 15/10/2013 e 19/12/2013, na conta Omega Partners S/A no Royal Bank of Canada, na Suiça, provenientes de Nepsis Investment S.A. ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU BRANCH nº 91915, e The Adviser Investments Limited ­ CREDIT SUISSE AG, NASSAU BRANCH nº 91370, respectivamente, nas Bahamas; 9 ­ créditos de USD 65.500,00, 45.480,00 e 90.980,00, em 01/06/2012, 07/02/2013 e 26/02/2013, na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de MACROANALISE CONSULTORIA ECONOMICA ­ ESPIRITO SANTO BANK – MIAMI – UNITED STATES ­ nº 107191778, nos Estados Unidos; 10 ­ créditos de USD 114.980,00, 99.980,00, 84.980,00 e 50.980,00, em 29/11/2010, 08/02/2013, 11/02/2013 e 07/02/2013, na conta Sygnus Assets S/A no PKB Privatbank da Suíça provenientes de SOAR FREE LTD.

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