Para protagonizar ‘Mulher- Maravilha’, Gal Gadot recebeu 2% do salário pago ao ator de Superman, diz site

A atriz Gal Gadot, estrela de “Mulher-Maravilha” ganhou apenas 2% do salário pago ao ator Henry Cavill por “Superman: Homem de Aço”.

(Folha de S.Paulo, 20/06/2017 – acesse no site de origem)

Segundo o site norte-americano “Decider”, o cachê de Gal por “Mulher- Maravilha” foi de US$300 mil dólares, enquanto Henry levou US$14 milhões para protagonizar o filme do Superman.

Convertendo para reais, Gadot recebeu R$990 mil, menos do que o prêmio conquistado por Emilly Araújo no “ Brasil 17”, que foi de R$1,5 milhão.

O site diz também que esse valor foi acordado com Gal como pagamento para cada um dos três filmes que ela fará – “Batman vs Superman”, lançado em 2016, “Mulher-Maravilha” e “Liga da Justiça”, que estreia em 2018.

Ou seja, ela levaria, pelo trabalho completo, US$900 mil dólares. O veículo ressalta a possibilidade de um acordo preestabelecido de participação nos lucros. O filme já faturou US$573,5 milhões em bilheteria ao redor do mundo.

O salário de Gal seria equivalente a inexperiência da atriz em Hollywood, que tem no currículo como trabalho de maior destaque quatro filmes da franquia “Velozes & Furiosos”.

O “Decider” diz que o valor pago à atriz é o mesmo que Chris Evans recebeu pelo primeiro “Capitão América”, em 2011.

Para comparação, Jennifer Lawrence recebeu UU$1 milhão pelo primeiro “Jogos Vorazes” (2012). Para a sequência, “Em Chamas” (2013), a atriz voltou com um Oscar conquistado por “O Lado Bom da Vida” e recebeu dez vezes mais.

Empresas fazem pacto para acabar com estereótipos de mulheres na publicidade

Objetivo é que medida gere mudanças culturais positivas na sociedade

(O Globo, 20/06/2017 – acesse no site de origem)

Alguns dos maiores anunciantes do mundo uniram forças à ONU para banir estereótipos de gêneros de anúncios. O grupo, que inclui Facebook, Google, Mars, Microsoft e a gigante publicitária WPP, lançou a Unstereotype Alliance para combater “a generalizada prevalência de estereótipos que são frequentemente perpetuados por meio da publicidade”.

O objetivo é causar mudanças culturais positivas ao usar os anúncios para espalhar “retratos realistas e não tendenciosos sobre mulheres e homens”.

— Estereótipos refletem ideias com raízes profundas sobre feminilidade e masculinidade — destacou Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, antes do evento inaugural do grupo em Cannes, marcado para esta quinta-feira.

Ela também comentou o impacto social dos anúncios.

— Concepções negativas, diminuídas de mulheres e meninas são uma das grandes barreiras para a igualdade de gênero, e nós precisamos atacar e mudar essas imagens onde quer que elas apareçam. A publicidade é um motor particularmente potente para mudar percepções e impactar normais sociais — completou a executiva.

PROGRESSO FEITO NÃO É O BASTANTE

Keith Weed, diretora de marketing e comunicação da Unilever, que está convocando para o evento, em parceria com a ONU Mulheres, disse que já houve progresso na indústria, mas admitiu que ele não é suficiente.

O plano é que, na primeira reunião do grupo sejam definidos seus compromissos prioritários, sua visão e estabelecidas as estratégias-chave prioritárias.

A ONU Mulheres informou que trabalha para desfazer estereótipos e envolver diversos grupos na questão da igualdade de gêneros. Esses grupos incluem empresas de notícias, homens, meninos, jovens e líderes religiosos.

Igualdade de gênero na publicidade ganha valor em Cannes

O tema da responsabilidade social na comunicação das marcas deve dominar o festival internacional de publicidade Cannes Lions, o principal evento anual da indústria, que acontece nesta semana na Riviera Francesa.

(Folha de S.Paulo, 17/06/2017 – acesse no site de origem)

Pauta de palestras e debates, ações afirmativas por igualdade de gênero e causas sociais deverão influenciar até mesmo o julgamento dos trabalhos publicitários mais criativos que receberão os cobiçados prêmios do festival.

Pela primeira vez, os jurados receberam orientação formal contra a objetificação de gêneros. A organização pede aos jurados que “considerem se um trabalho objetifica um gênero” e “levem isso em conta ao votar nos trabalhos”.

A intenção é evitar deslizes como o ocorrido no ano passado, quando o festival foi criticado por premiar uma campanha desenvolvida pela agência brasileira AlmapBBDO para a Aspirina, acusada nas redes sociais de ser machista e incentivar a chamada “pornografia da vingança”.

A propaganda do remédio contra dor de cabeça incluía a frase “Calma amor, não estou filmando isso.mov”, referência a atos sexuais gravados e divulgados sem consentimento de uma das partes. A pedido do cliente, a farmacêutica Bayer, a campanha teve sua inscrição cancelada e a agência devolveu o prêmio recebido, o Leão de bronze na categoria outdoor.

Desta vez, a estrela do festival deverá ser o pastor americano Jesse Jackson, ativista dos direitos humanos, convidado a falar sobre a necessidade de as marcas participarem da construção de uma sociedade mais inclusiva.

Em outro painel, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, vencedor do Nobel, vai discutir as lições do acordo de paz com a guerrilha colombiana com o chefão de uma grande agência de relações públicas, Jack Leslie, da Weber Shandwick. “Promover a paz é o briefing mais difícil”, afirma o anúncio da palestra.

Maurice Lévy, do grupo Publicis, receberá para um bate papo a diretora- gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde. Assunto: “A criatividade é capaz de mudar o mundo?”

Gal Barradas, co-presidente da agência BETC São Paulo, diz que a recomendação do júri contra a objetificação de gênero resulta de um processo iniciado há cinco anos, quando o ex-presidente dos EUA Bill Clinton fez uma palestra em Cannes e convidou a indústria a usar a criatividade para impactar a sociedade.

“O festival bebeu muito daquela palestra e a partir dali começaram a valorizar campanhas que falam de sustentabilidade e diversidade”, diz. O festival lançou um programa para estimular a presença de mulheres nos departamentos de criação das agências -tido como reduto masculino em todo o mundo.

O programa é voltado para profissionais em meio de carreira e levará a Cannes neste ano 15 publicitárias, que participarão de workshops e atuarão como mentoras de outros profissionais. Entre elas, a brasileira Deborah Vasques Soares, redatora sênior da Lew’Lara\TBWA.

Uma criação da BETC São Paulo tem boas chances de ser premiada por ir de encontro às preocupações dos organizadores do festival -um aplicativo de celular que calcula o número de vezes em que uma mulher é interrompida por um homem numa reunião, o Women Interrupted.

O aplicativo foi criado por iniciativa própria da agência, sem envolvimento de nenhum cliente nem veiculação na mídia. Com sede em Paris, a BETC é conhecida pelo ativismo político e social -todas as filiais são co-presididas por uma mulher e um homem.

“Cannes não é um lugar para descobrir as novas tendências, mas mostra o que se consolidou na indústria”, diz Barradas. “Essa questão do apoio à diversidade atingiu um ponto de maturidade.”

O engajamento da indústria também segue uma lógica de mercado. “O poder de decisão de consumo no mundo está na mão das mulheres”, diz. “Além disso, um ambiente de trabalho mais diverso e justo é mais criativo e impacta no resultado dos negócios.”

“As marcas não conversam mais só com clientes e colaboradores”, diz o presidente da Dentsu, Mario D’Andrea, único brasileiro a presidir um júri neste ano, na categoria Rádio. “Elas têm que se preocupar em como são percebidas pela sociedade.”

Mariana Barbosa Tive de ser ‘sargentona’ para ganhar respeito, lembra jornalista pioneira no Brasil

Ana Arruda Callado, jornalista e escritora, foi a primeira mulher a ocupar a chefia de reportagem de um jornal no Brasil. A viúva do escritor Antônio Callado esteve recentemente em Londres e visitou a BBC, onde Callado trabalhou de 1942 a 1947. Ela compartilha aqui com a BBC Brasil sua história de pioneirismo no Jornalismo:

(BBC Brasil, 13/06/2017 – acesse no site de origem)

Em 1966, o Diário Carioca, um jornal com grande prestígio na cidade e que se vangloriava de ser pequeno – tinha apenas 12 páginas -, iniciou uma reforma.

O novo dono, Horácio de Carvalho, chamou o jurista Prudente de Morais Neto para a direção do jornal. Este escolheu Zuenir Ventura, que havia se destacado na Tribuna da Imprensa, para a Chefia de Redação. E para a Chefia de Reportagem? Discutiram o tema e chegaram a um nome: Ana Arruda, que no Jornal do Brasil havia assinado reportagens importantes. Ana Arruda Callado foi a primeira chefe de reportagem de um jornal brasileiro, nos anos 1960 (Foto: Arquivo Pessoal)

Houve grande propaganda em torno do fato de uma mulher, pela primeira vez, ter ocupado esta função. Um jornal inovador, foi a mensagem.

Para mim, um desafio e uma comprovação: eu tinha chegado lá; estava entre os jornalistas que admirava.

Eu havia feito vestibular para o Curso de Jornalismo da Faculdade Nacional de Filosofia no início de 1955. Terminara o Curso Científico no Colégio de Aplicação da então Universidade do Brasil e não perguntem por que escolhi ser jornalista, quando minhas disciplinas preferidas no colégio eram Matemática e Física.

Ninguém mais do colégio optou por esse caminho. Na turma da FNFi, as outras mulheres eram funcionárias públicas que buscavam um diploma para ascender no emprego. Uma única, Mary Akierstein, queria, como eu, seguir a carreira. E seguiu, por pouco tempo, e hoje é Mary Ventura, esposa de Zuenir.

O curso universitário era apenas uma etapa necessária para conhecer melhor a profissão e amadurecer um pouco. Afinal, eu tinha apenas 17 anos. Mas estava decidida, apesar de ninguém da minha família ter seguido o jornalismo. Sendo uma das doze filhas de meus pais (eles tiveram e criaram bem ainda mais três homens), ouvi daquele pernambucano nascido no final do século 19 o seguinte conselho: “Estudem, minhas filhas, tenham uma profissão, ou vocês vão ser escravas de homens”.

Havia tido, anos antes da faculdade, uma experiência marcante. Era da Ação Católica e um dia apareceu, em uma de nossas reuniões, um rapaz chamado Cícero Sandroni, com um convite. Estava sendo criado um jornal do movimento, o Roteiro da Juventude, e precisavam de colaboradores. Imediatamente me apresentei. Além de Cícero, trabalhava no jornalzinho uma moça do Colégio Sion, Laura Austregésilo de Athayde, filha do conhecido jornalista e mais tarde presidente da Academia Brasileira de Letras.

Fiz umas pequenas matérias até que, um dia, surgiu a grande oportunidade. Cícero queria ir ao cinema com a moça, mas esta, séria, impôs uma condição: só aceitaria o convite se o jornal já estivesse, como ele havia prometido, na gráfica. Ele pediu minha ajuda e lá fui eu conhecer pela primeira vez um jornal de verdade, a Última Hora, e logo pela oficina.

Os gráficos me ajudaram muito, achando graça naquela menina metida a jornalista. Fechei o jornal – e Cícero e Laura estão casados há mais de 50 anos. Ana Arruda Callado diante da sede da BBC em Londres; ela foi uma pioneira no jornalismo brasileiro (Foto: BBC Brasil)

Formada, quis logo trabalhar. E foi mais uma vez Cícero Sandroni quem me abriu caminho. Encontrei-o e perguntei o que fazer para entrar em um jornal. Ele me animou dizendo que o momento era ótimo porque o Jornal do Brasil havia iniciado uma reforma e queria gente nova. Ele estava saindo de lá para o Jornal do Commercio.

Com a cara e a coragem, fui até oJB e procurei o chefe de reportagem, Wilson Figueiredo. Ele consultou Odylo Costa, filho, o diretor, e os dois decidiram me dar um estágio logo na semana seguinte. Três meses de estágio e eu estava efetivada, e com tarefas importantes. Ganhei ainda neste primeiro ano de jornal o Prêmio Herbert Moses, do Ministério da Agricultura, com a série “Reforma Agrária: todo mundo fala e ninguém faz”. Isso em 1958!

Me sentia um pouco estranha na redação, só de homens. As poucas mulheres apareciam lá ao fim da tarde: eram funcionárias públicas que levavam o noticiário de suas repartições. Havia uma repórter, Silvia Donato, ótima, mas com poucos estudos e, por isso, um tanto esnobada. Fiz amizade com ela, que me dava as matérias que fazia para eu corrigir o português.

Tornei-me uma espécie de especialista em assuntos agrários e com isso viajei pelo país, conhecendo então o preconceito contra mulheres, principalmente jovens, profissionais, que então eram raras.

Sofri, em Belém, por parte do assessor de imprensa da prefeitura um assédio que me fez muito medo. “Você acha que me engana com essa história de repórter? Mulher viajando sozinha eu sei o que é” – foi a abordagem. E quando, na portaria do hotel, pedi que não deixassem ninguém entrar para falar comigo, o porteiro deu um risinho tão cínico que eu empurrei um sofá para a porta do quarto.

Mas tive uma recompensa. Estava se organizando na cidade a “Caravana de Integração Nacional”, que percorreria a Belém-Brasília pela primeira vez.

Liguei para o jornal e fui informada de que não haviam mandado ninguém para cobrir o evento, que era de fato propaganda do governo Juscelino.Fui até a sede de onde ia sair a Coluna Norte(havia outras, saindo de vários pontos do País em direção à Nova Capital) e procurei o dirigente, Coronel Lino Teixeira. Pedi a ele que me incorporasse à expedição. “Não há hipótese de levar uma mulher, quando devem estar na Coluna uns 300 homens, e não sabemos o que vamos encontrar pelo caminho”, esbravejou ele.

“Coronel”, argumentei, “não sou ‘uma mulher’. Sou uma jornalista”. Ele me olhou de alto a baixo e respondeu, agora sorrindo: “Pois, para mim parece uma mulher”.

Como vi que não havia jeito, perguntei como iam acompanhar a jornada por terra e soube que todos os dias um avião sairia de Belém para sobrevoar a Caravana.

E aí consegui um furo que me valeu elogios, mas também muitos xingamentos. STF reúne especialistas para discutir o direito ao esquecimento

Liberdade de imprensa e expressão versus preservação da intimidade e da imagem. Os dois direitos fundamentais, garantidos pela Constituição, foram tema de uma audiência pública nesta segunda-feira (12), no Supremo Tribunal Federal (STF), que debateu o chamado “direito ao esquecimento”. O objetivo do encontro é fornecer subsídios para pacificar sua aplicação em processos judiciais.

(Agência Brasil, 12/06/2017 – acesse no site de origem)

Os ministros do STF deverão, em breve, dar um entendimento definitivo sobre o assunto. Tramita na Corte um recurso da família de Aída Curi, uma jovem de 18 anos que foi assassinada após uma tentativa de estupro, em 1958, no Rio de Janeiro. O caso foi lembrado pelo programa “Linha Direta”, da TV Globo, em 2004.

Os parentes da vítima pedem reparação de danos contra a emissora, por se sentirem lesados pela exploração da história novamente em um programa de TV, com objetivos comerciais e sem autorização, reabrindo feridas já superadas. O recurso foi negado pelas instâncias anteriores da Justiça, até chegar ao Supremo.

Leia mais: Direito ao esquecimento fere direito à informação? (Jota, 12/06/2017)

O advogado dos familiares, Roberto Algranti Filho, negou que o que se pretenda seja a censura a meios de comunicação. Para ele, há que se observar com mais atenção o direito da vítima de crimes ao esquecimento, sobretudo por questões de saúde. Ele ressaltou que, em nenhum momento, Aída Curi abriu mão de sua privacidade, motivo pelo qual sua memória merece proteção. “Se fala muito dos requisitos para o direito ao esquecimento, mas eu vejo muito pouco essa questão da análise da saúde da vítima, que muitas vezes fica marcada pela vida por uma notícia de interesse mórbido, uma notícia que sirva para vender jornal, para vender publicidade, mas que não agrega nada de novo para a sociedade”, afirmou Algranti Filho.

O advogado argumentou que a afirmação ou não do direito ao esquecimento nunca deverá ser absoluta, sendo necessário se observar cada caso. No processo defendido por ele, por exemplo, não haveria prejuízo aos registros históricos. “Sem nenhuma ironia: Aída Curi não é Getúlio Vargas.”

Em sua defesa, a TV Globo alega que o caso é de caráter brutal e rumoroso, motivo pelo qual continua amplamente discutido na sociedade, inclusive em reportagens escritas e livros, sobretudo por envolver questões que interessam a toda a coletividade, como a violência contra a mulher.

Para o advogado da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Gustavo Binenbojm, o termo “direito ao esquecimento” é vago, não abarcado pelo ordenamento jurídico brasileiro e incapaz de servir de contraponto a outros direitos fundamentais garantido pela Constituição.

“O mero desejo de alguém de não ser lembrado por fatos embaraçosos, desabonadores ou simplesmente desagradáveis que tenham acontecido no passado podem servir de fundamento jurídico para limitar, restringir, suprimir o exercício de liberdades constitucionais como são as liberdades de expressão, de imprensa, o próprio direito de informação, o direito de informar, se informar e ser informado?”, indagou Binenbojm.

O relator do recurso dos familiares de Aída Curi é o ministro Dias Toffoli, responsável por convocar a audiência pública. O processo, que será levado a plenário, tem repercussão geral e a decisão dos ministros do STF servirá para orientar a resolução de todos os casos do tipo no Brasil.

Felipe Pontes; Edição: Amanda Cieglinski Simba ofereceu apoio ao governo em troca de pressão sobre Anatel, diz site

As emissoras que formam a Simba procuraram o ministro Wellington Moreira Franco, da Secretaria Geral da Presidência, no final de maio, “sinalizando com apoio ao governo, tanto no tom editorial quanto nas bases políticas no Congresso”, escreve o jornalista Samuel Possebon no site Teletime, especializado no mercado de telecomunicações.

(Blog do Maurício Stycer, 08/06/2017 – acesse no site de origem)

Segundo o relato, Record, SBT e RedeTV! teriam oferecido 80 votos na Câmara. Em resposta, Moreira Franco teria procurado a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para pressionar o órgão em favor da tese das emissoras.

Em nota divulgada às 16h50, a Simba diz que “a informação é absurda e totalmente improcedente”.

“A estratégia seria impor às operadoras de TV por assinatura um desconto a ser concedido aos assinantes pelo fim do carregamento dos sinais abertos”, escreve Possebon. Juarez Quadros, presidente da Anatel, confirma que teve um encontro com Moreira Franco, mas nega qualquer tipo de pressão sobre a agência.

As operadoras de TV paga contam justamente que não sejam obrigadas pela Anatel a dar desconto aos seus clientes pela retirada dos sinais das três emissoras.

Segundo o Teletime, antes da pressão do governo, a tendência da área técnica da Anatel era não aplicar às operadoras de TV paga nenhuma obrigação de desconto, sob a justificativa de que os canais abertos eram de carregamento obrigatório. “Mas nas últimas semanas a pressão para um entendimento diferente, ou pelo menos não definitivo, teria crescido”, escreve o jornalista (o texto pode ser lido aqui).

Como este blog noticiou em 29 de maio, já há uma decisão judicial favorável à tese que os clientes das operadoras têm direito a desconto na mensalidade em função da saída dos três canais dos seus pacotes. O juiz Eduardo Francisco Marcondes, da Vara do Juizado Especial Cível do Foro Regional de Itaquera, em São Paulo, determinou que uma cliente tem direito a um desconto de R$ 7,50 (ou R$ 2,50 por canal) em seu contrato com a Net. Cabe recurso à decisão.

Maurício Stycer

‘Piadas no Whatsapp também colocam a mulher em posição de inferioridade’, aponta promotora

A Promotora de Justiça Gabriela Manssur comenta o projeto “Tempo de Despertar”, que é voltado para homens que cometeram violência doméstica, e explica como funciona o processo jurídico contra quem agride mulheres.

(Rádio CBN, 30/05/2017 – Acesse no site de origem) Mulheres indígenas criam agência de notícias

A comunicação tem se mostrado um campo de batalha decisivo. Os meios comerciais agem cada vez mais como usinas ideológicas, disseminando não as notícias, mas sim a ideologia necessária para respaldar o poder dominante. As vozes dos movimentos, dos trabalhadores, da periferia não conseguem se expressar nesses espaços. Por isso, com as novas tecnologias aproximando pessoas e garantindo as condições materiais para a produção de informação, cada vez mais os movimentos se articulam e buscam criar espaços próprios de comunicação.

(IELA, 14/04/2017 – acesse no site de origem)

Essa semana, no México, um grupo de mulheres, comunicadoras, apresentou a Agência de Notícias de Mulheres Indígenas e Afrodescendentes, a Notimia. A proposta é garantir o espaço para vizibilizar a luta dos povos e comunidades de toda a América, mundializando a cobertura.

O grupo tem o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional e da ONU-Mulheres. Assim, dessa vez , as mulheres indígenas e negras terão um papel preponderante na 16 sessão do Fórum Permanente para as Questões Indígenas da ONU, que acontece de 24 de abril até cinco de maio. A cobertura deverá ser o primeiro grande trabalho da agência, que pretende espalhar pelo mundo as vozes dos indígenas, sempre tão cerceadas.

Não bastasse isso o grupo deverá começar a abastecer o mundo todo com narrativas dos povos indígenas, dos afrodescendentes, histórias e lutas em andamento. O foco são as questões das mulheres, mas não só. A rede Notimia – vozes, meios e redes para a paz tem um número de 2o0 colaboradoras profissionais de todo o continente americano, bem como da África, Ásia e Oceania.

Ainda que a proposta nasça com o apoio da ONU, certamente significará um passo muito importante na batalha informativa. Pelo menos serão as próprias mulheres indígenas e afrodescendentes que falarão por si mesmas. Para conhecer o trabalho, acesse: www.notimia.com

Por Elaine Tavares

Heather Webb: ‘A desigualdade de gêneros por trás das câmeras se reflete na tela’

Diretora executiva da rede Women in Film & Television, de Toronto, veio ao Rio participar do seminário ‘Mulheres no audiovisual’, promovido pela Ancine

“Tenho mestrado em História da Arte e trabalho com cultura e arte há 25 anos. Em 2011, tornei-me diretora executiva da WIFT-Toronto. Tem sido, para mim, uma tremenda oportunidade de aprendizado, e fico honrada de partilhar do talento, da criatividade e da paixão dos nossos colaboradores.”

(O Globo, 12/04/2017 – acesse no site de origem)

“Apesar de representarem 50% da população mundial, as mulheres não têm 50% de participação nas produções audiovisuais”, pontua a escritora e historiadora Heather Webb (Foto: Fabio Guimarães / Agência O Globo)

Conte algo que não sei.

Mulheres tiveram 30% dos papéis com fala e dirigiram apenas 7% dos 250 filmes com maior bilheteria nos Estados Unidos, no ano passado. É um retrato da disparidade existente entre homens e mulheres na indústria audiovisual.

A indústria audiovisual, de modo geral, é machista?

A palavra machista é muito forte, mas ainda existe, de fato, uma grande distância entre o número de homens e mulheres trabalhando na indústria, tanto na frente como por trás das câmeras. Também há disparidade na quantidade de cargos de liderança ocupados e nos salários pagos às mulheres que ocupam os mesmos cargos que homens.

Por que isso acontece?

Em parte, porque existe um viés inconsciente que leva as pessoas a contratarem quem é parecido com elas ou quem já está no mercado, que historicamente é composto por homens e, geralmente, brancos. É importante haver igualdade, inclusão e diversidade na indústria, seja de mulheres, indígenas, pessoas com deficiência ou homens que estejam em minorias, porque, hoje, o conteúdo na tela não reflete a sociedade.

Esse quadro está mudando?

Nas últimas três décadas, a situação não mudou muito, mas nos últimos três anos vimos o tema da igualdade de gêneros se tornar uma preocupação global. Com isso, temos recebido notícias de muitas iniciativas com o objetivo de dar um impulso às mulheres nesse mercado. Apesar de representarem 50% da população mundial, as mulheres não têm 50% de participação nas produções audiovisuais.

Que iniciativas são essas?

A Suécia tem liderado esse movimento. A agência nacional de filmes da Suécia traçou a meta de direcionar 50% dos seus financiamentos para projetos liderados por mulheres. Outros países têm seguido a mesma linha. Há iniciativas semelhantes no Reino Unido, na Austrália e, agora, no Canadá. Estamos muito empolgadas e esperamos que ações como essa deem mais espaço para as mulheres.

Como atua a Women in Film & Television?

É uma organização composta por homens e mulheres que trabalham em indústrias baseadas em tela, incluindo cinema, TV e mídia digital. O objetivo é dar suporte às mulheres para que progridam na carreira. Fazemos isso através de programas de desenvolvimento profissional, mentorias, networking e promoção de eventos que mostram ao mundo a criatividade de nossos membros.

Qual será o impacto, para as produções, da maior participação das mulheres?

As mulheres ainda são pouco vistas como protagonistas de filmes ou como personagens multidimensionais. A desigualdade de gêneros por trás das câmeras se reflete na tela. Por isso, é importante termos mulheres contando e dirigindo histórias.

As mulheres que não fazem parte da indústria audiovisual podem abraçar essa causa?

Com certeza. Estudos mostram que as mulheres representam 50% do público pagante no cinema. Como parte representativa da audiência, todas nós temos certo poder, simplesmente escolhendo os filmes a que vamos assistir. Indiretamente, esse tipo de informação chega até os organizadores de festivais e financiadores da indústria. Definitivamente, as mulheres têm voz e podem fazer com que ela seja ouvida. Conar puniu sete peças publicitárias por denúncias de machismo em 2016

#chegadeassedio, #meuamigosecreto, #meuprimeiroassedio. As hashtags mostram que a luta pela igualdade de gênero da atual era da informação não está só nas manifestações de rua, mas dentro meios digitais.

“O Facebook hoje é um grande balcão das denúncias no mundo”, afirma Marina Negri, professora do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo)

(UOL, 11/04/2017 – acesse no site de origem)

Com o alastramento das informações e formação de coletivos feministas proporcionados pelas redes sociais, especialistas em publicidade e gênero entrevistados pelo UOL afirmam que a sociedade passou a ser mais sensível às temáticas relacionadas aos direitos humanos, algo que se reflete diretamente na maneira como a publicidade trata a figura da mulher.

Tanto que, no ano passado, sete propagandas foram punidas pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) por terem elementos considerados machistas, que objetificam o corpo da mulher e/ou desrespeitam a condição feminina.

O número pode parecer pequeno, mas há dez anos nenhuma das denúncias que foram julgadas pela entidade, sobre essa matéria, geraram punição.

Por ser um órgão de classe, o Conar não aplica multas, por exemplo, quando um anunciante é condenado, mas a empresa condenada se vê obrigada a sustar ou alterar a peça publicitária, penalidades que podem ser agravadas com uma advertência, afinal a imagem é a alma do negócio. Os processos relacionados a machismo julgados pelo Conar cresceram 87,5% em dez anos, se comparados os dados de 2006 e 2016. Dos casos julgados em 2006, oito denunciavam alguma forma de machismo contido em peças publicitárias.

Considerando os anos de 2006, 2011 e 2016, o número total de processos julgados pelo Conar por diversas motivações variou 10% nos referidos anos, passando de 279 em 2006 para 309 em 2016 – alcançou 321 julgamentos em 2011.

O levantamento foi feito pelo UOL com base nos dados sobre casos julgados divulgados no site do Conar. O UOL analisou as denúncias classificadas nos subgrupos de “Respeitabilidade” e “Responsabilidade Social” nos anos de 2006, 2011 e 2016. Os dados analisados mostram que o consumidor está fiscalizando mais as publicidades veiculadas pela imprensa.

Para se ter uma ideia, dos 308 processos instaurados em 2016 pelo Conar, 196 foram motivados por consumidores. Dez anos antes, 81 dos 303 vieram de queixas de público. Apesar de representar uma pequena parcela dos casos, quando o tema é machismo, o consumidor se mostra mais ativo do que na média das reclamações julgadas. Em 2016, os consumidores deram origem a 14 dos 15 casos julgados sobre machismo.

Denúncia não fica só em “textão” no Facebook; vai parar no Conar

Dos sete processos que geraram algum tipo de punição (sustação ou alteração, podendo ou não ter uma advertência como agravante) no Conar no ano passado, seis resultaram de denúncias de consumidores.

Editora Minuano tirou anúncio do ar depois que o Conar abriu um processo contra ela, motivado por queixas de consumidores

Em um deles, uma peça publicitária divulgada na internet e em revistas trazia uma foto de uma mulher passando o aspirador de pó enquanto o marido lê o jornal e toma café. No anúncio, há estimativas de gastos também com profissionais que fazem trabalhos domésticos e a seguinte frase: “Casar com uma mulher que não cobra nada disso, não tem preço”. A propaganda foi denunciada por consumidoras de (AM), (RS), Rio de Janeiro (RJ), Santos e Campo Limpo Paulista (SP) e Florianópolis (SC), segundo texto da representação nº: 225/15 no Conar.

Em sua defesa, a editora Minuano informou que suspendeu a veiculação do anúncio assim que foi notificada da abertura da ação pelo Conar. O caso foi julgado em fevereiro do ano passado pelos membros do Conselho de Ética, que votaram pela sustação da peça, ou seja, a retirada dela dos veículos de comunicação.

Outro exemplo foi o da sustação de uma propaganda feita para redes sociais da marca Prudence. Em outubro do ano passado, o Conar condenou o anunciante a tirar do ar peça publicitária após consumidoras denunciarem seu conteúdo. O anúncio tinha como título “Feliz dia do: Relaxa, eu vou pôr só a cabecinha” e segundo as queixas era “desrespeitoso, machista, misógino, além de fazer apologia do estupro”.

Prudence tirou propaganda de rede social após denúncias de consumidoras feitas no Conar

A DKT, fabricante da Prudence, alegou em sua defesa que, por ter sido veiculado na rede social da empresa, “ele é dirigido exclusivamente a quem deseja, de fato, visualizá-lo”, negou razão às denúncias, considerando que o título do anúncio é uma frase comumente usada nas ruas, “que alguém poderia, no máximo, considerar de mau gosto”. A relatora afirmou que jovens poderiam acessar a página do anúncio e, ao se depararem com o anúncio, “entender como natural e aceitável o desrespeito à eventual resistência apresentada por uma mulher que não quer prosseguir com a relação sexual”. A sustação foi votada em unanimidade.

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, as denúncias no Conar são reflexo do aumento das discussões sobre temas ligados aos direitos humanos proporcionado pelas redes sociais.

Até abril de 2016, só o Facebook tinha um total de mais de 102 milhões de usuários brasileiros ativos mensalmente — a rede social foi criada em 2004, e em 2006 tinha cerca de 12 milhões de usuários no mundo.

Carlos Frederico Lúcio, antropólogo e coordenador da ESPM Social, afirma que as redes sociais fizeram com que certas discussões se alastrassem, auxiliando na formação de coletivos feministas, LGBTs. “Elas mobilizam as pessoas em torno de uma discussão e são plataformas de denúncias. Além disso, as mídias digitais têm mobilizado grande volume de informação, divulgando censos, pesquisas, denúncias”, afirmou.

O nível de exigência aumentou e a publicidade está atenta a isso

A força das redes sociais e a divulgação dos debates que estão acontecendo dentro delas por parte da grande imprensa têm aumentado os níveis de exigência dos consumidores, segundo Lúcio.

Marina Negri diz que a publicidade também está atenta a essas mudanças. “Existe a tendência de pensar que a publicidade é inovadora, que ela lança tendências. Mas ela é mais covarde do que se pensa. Não é protagonista, ela se adapta às tendências”, diz.

Lúcio coordena um projeto de propaganda consciente na ESPM que premia empresas cujas peças publicitárias se mostram antenadas com as causas dos direitos humanos e de responsabilidade social — o prêmio Renato Castelo Branco.

“O projeto tem mais de dez anos. Os estudantes têm visualizado um crescimento muito grande de propagandas que expressam conexão com o que vem sendo debatido pela sociedade, que tem uma postura crítica”, afirma.

A Verão de 2014, da Itaipava, não é a mesma de hoje

Os especialistas citam como exemplo das mudanças que vêm ocorrendo nas propagandas de cerveja. “A mulher tem aparecido como sujeito da ação. É uma mudança que vem ocorrendo nos últimos seis, sete anos”, pontua Lúcio.

Verão mudou, mas comercial da Itaipava continua motivando denúncias no Conar. Quatro filmes da marca responderam processos em 2016

No ano passado, quatro comerciais para TV e internet da cerveja Itaipava, do Grupo Petrópolis, foram alvos de processos no Conar. Os vídeos foram divulgados entre dezembro de 2015 e maio de 2016. Em todos os casos, os consumidores se queixaram do “abuso na exposição do corpo da mulher e da sensualidade”. O Conselho de Ética votou pelo arquivamento dos processos.

As denúncias acontecem mesmo tendo havido mudanças na maneira como a personagem Verão, vivida pela atriz Aline Riscado, é apresentada nas peças.

Para a gerente de propaganda do Grupo Petrópolis Eliana Cassandre, o aumento das reclamações no segmento mostra que o nível de exigência aumentou e que isso é muito bom para a marca. “As pessoas estão dizendo o que elas acreditam, estão sendo críticas. É o jeito delas de discutir e cobrar. Estamos atentos ao que elas têm a dizer, conversando, fazendo pesquisas para tentar entender esse consumidor”, explica.

Segundo ela, se os consumidores estão entendendo que a propaganda passa uma mensagem errada, então é preciso mudar a forma de fazer a propaganda. “Na primeira campanha, Aline aparecia de biquíni segurando o produto, inclusive nos pontos de venda. Hoje ela não aparece mais nos cartazes. Continua sendo a nossa garota propaganda nos comerciais de televisão, agora como coadjuvante das histórias de verão”, explica Cassandre.

Para a gerente de propaganda do grupo, o público mudou e a marca mudou junto com ele. “O consumidor de hoje não é só consumidor, é produtor de conteúdo. As redes sociais mostram isso. Ele quer ouvir uma história com a propaganda, quer que a mensagem vá além da marca. Estamos sempre de olho no que ele está falando”, acrescenta.

“Essa guerrilha ainda vai durar um tempo”

Mudanças estão acontecendo, mas a sociedade brasileira ainda é conservadora, segundo Marina Negri, da USP. Segundo ela, vivemos hoje um momento de transição. “Essa transição vai custar um preço. Tem gente que vai se magoar, que vai aplaudir. Essa guerrilha ainda vai durar um tempo. Nesse processo, a publicidade pisa em ovos para que a marca não seja malvista, para não gerar perda”, acredita.

O presidente da Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade), Armando Strozenberg, no entanto, não acredita que essas mudanças causem pressão dentro das agências de publicidade durante o processo criativo das propagandas.

Veja como denunciar no Conar e como a queixa é analisada

Quem se sentir ofendido por propagandas divulgadas em qualquer veículo de comunicação pode formalizar uma denúncia no site (http://www.conar.org.br/) do Conar. Se ela se encaixar em algum (ou alguns) dos artigos do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, é aceita e motiva a abertura de um processo. Se houver várias denúncias sobre a propaganda em questão, elas são anexadas a um mesmo processo.

Um relator é escolhido dentro do Conselho de Ética. O caso é analisado e vai para julgamento em primeira instância. Se a decisão for desfavorável para o anunciante, cabe recurso, mas ela tem efeito imediato. Na segunda instância, e a decisão for unânime, o caso se encerra. Se não, vai para votação na plenária do Conselho.

Segundo a assessoria de imprensa do Conar, todos os processos instaurados costumam ser julgados no mesmo ano.

Mithyani Bezerra