Fritjof Capra
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FRITJOF CAPRA O TAO DA FÍSICA Uma exploração dos paralelos entre a física moderna e o misticismo oriental EDITORIAL PRESENÇA FICHA TÉCNICA Título original: The Tao of Physics Autor; Fritjof Capra © 1975, ¡983 by Fritjof Capra Tradução © Editorial Presença, Lda., Lisboa, 1989 Tradução de; Maria José Quethas Dias e José Carlos Almeida — Engenheiro Físico Capa: Mana Figueiredo Fotoccmposição: Preto no Branco—Leça da Palmeira Impressão e acabamento: Imprensa Portuguesa — Porto 1.* edição, Lisboa, 1989 Depósito legai n.° 23 893/88 Reservados os direitos para a língua portuguesa, excepto Brasil, à EDITORIAL PRESENÇA, LDA. Rua Augusto Gil, 35-A 1000 Lisboa . Este livro é dedicado a: Ali Akbar Khan Carlos Castañeda Geoffrey Chew John Coltrane Werner Heisenberg Krishnamurti Liu Hsiu Ch 'i Phiroz Mehta Jerry Shesko Bobby Smith Maria Teuffenbach Alan Watts, por me ajudarem a encontrar a minha via, e a Jacqueline, que me acompanhou ao longo desta jornada a maior parte do tempo. Agradecimentos O autor e os editores agradecem a autorização para a reprodução das ilustrações das páginas seguintes: -pp. 70,168,192,193 (emcima), 197,220, Lawrence Berkeley Laboratory; - p. 110 reproduzida de Physics in the Twentieth Century, por Victor Weisskopf, sob autorização da M.I.T. Press, Cambridge, Massachusetts, copyright 1972 por Massachusetts Institute of Technology; - p. 134 Nor disk Pres se foto, Copenhagen; - p. 160 Gulbenkian Museum of Oriental Art; - p. 190 Argonne National Laboratory; -pp. 193 (em baixo), 195, CERN; - Gravura 1, Gunvor Moi te ssier; - Gravuras 2 e6, Estate of Eliot Elisofon; - Gravura 3, Gulbenkian Museum of Oriental Art; - Gravura 4, da colecçâo do Sr. Nasli Heeramaneck, reproduzida de The Evolution of the Buddha Image, por Benjamin Rowland Jr., The Asia Society, New York; - Gravura 5, de Zen and Japanese Culture por Daisetz T. Suzuki, Bollingen series LX1V (copyright 1959 por Bollingen Foundation), reproduzida sob autorização de Princeton University Press. 9 Na história do pensamento humano os desenvolvimentos mais fecundos ocorrem, de um modo geral, quando duas correntes totalmente distintas se encon- tram. Estas correntes podem radicar em zonas bastante diferentes da cultura humana, em tempos ou meios culturais diferentes, ou até em diferentes tradições religiosas; assim, se defacto se chegam a encontrar, ou seja, se defacto são pelo menos tão aparentadas que uma verdadeira relação possa ter lugar, só se pode esperar que novos e estimulantes progressos se sigam. Werner Heisenberg Prefácio à Segunda Edição Este livro foi publicado pela primeira vez há sete anos e teve origem numa experiência, descrita no prefácio à primeira edição, situada agora há mais de dez anos. Parece deste modo apropriado dirigir algumas palavras aos leitores desta novaedição sobre as muitas coisas que aconteceram nestes anos ao livro, â física e a mim próprio. Quando descobri o paralelo entre a visão do mundo dos físicos e dos místicos, sugerida anteriormente mas nunca profundamente explorada, tive a nítida sensação de que estava meramente a aclarar o que era óbvio e seria dado adquirido no futuro; por vezes, durante a escrita de O Tao da Física, cheguei a sentir que estava a fazê-lo através de mim, mais do que por mim. Os acóntenme ntos que se segui- ram confirmaram esta sensação. 0 livro tem sido entusiásticamente recebido no Reino Unido e nos Estados Unidos. Apesar da escassa publicidade, tornou-se rapi- damente conhecido e está hoje disponível, ou em publicação, em doze edições em todo o mundo. A reacção da comunidade científica, previdentemente, tem sido mais caute- losa; mas, também aí, o interesse nas vastas implicações da física do século vinte tem aumentado. A relutância dos cientistas modernos em aceitar as profundas semelhanças entre os seus conceitos e os dos místicos não é surpreendente, já que o misticismo — peto menos no Ocidente — tem sido tradicionalmente associado, de maneira errada, com coisas vagas, misteriosas, acientíficas. Esta atitude está, felizmente, a mudar. À medida que o pensamento oriental começou a interessar um número significativo de pessoas e a meditação deixou de ser ridícula ou suspeita, o misticismo tem sido tomado a sério mesmo na comunidade científica. 0 sucesso de O Tao da Física teve um forte impacto na minha vida. Nos últimos anos tenho viajado largamente, discursado para audiências profis- sionais e leigas, discutido as implicações da «nova física» com homens e mulheres de todos os cantos do mundo. Estas discussões ajudaram-me muito na compre- ensão do abrangente enquadramento cultural, presente no grande interesse pelo misticismo oriental que surgiu no Ocidente nos últimos vinte anos. Agora entendo este interesse como integrante de uma tendência que visa contrariar um profundo desequilíbrio na nossa cultura — nos nossos pensamentos e sentimentos, valores e atitudes, e estruturas sociais e políticas. .4cheJjjjermiiielogia chinesa de 13 egligenciado as suas contrapartes complementares yin, ou femininas. Temos ivorecido auto-asserções em tugar de integração, análise em lugar de síntese, onhecimento racional em lugar de sabedoria intuitiva, ciência em lugar-de reli- Ígião, competição em lugar de cooperação, expansão em lugar de conservação, e ~ assim por diante, Este desenvolvimento unilateral chegou a um estado "ãtür- mante, a uma crise de dimensões sociais, ecológicas, morais e espirituais.' ~ \ Estamos no entanto a testemunhar, concomitantemente, o início de um grandioso movimento de evolução que parece ilustrar o antigo ensinamento chinês de que «o yang, atingido o seu clímax, retira-se em favor do yin». Os anos sessenta e setenta geraram toda uma série de movimentos sociais que pareciam convergentes. Ajmscmte-preampaçãoxom a£cologia, o grandeinif resseJiamis^. jicismo, o crescente-despertar feminista e a redescoberta de contributos jnizaai-- I losos para a saúde e cura são tudo manifestações da ntfsma-Jmdencm-de-evo- Lluçãor_ Todos contrariam a sobrevalorização das atitudes e valores racionais., masculinos, e visam recuperar o equilíbrio entre o lado masculino e feminino •da natureza humana. .No entanto, a tomada de consciência da profunda harmonia entre a visão do mundo da física moderna e as visões do misticismo oriental aparecem como uma parte integrante duma transformação cultural mais laia, conducente à emergência duma nova visão da realidade que irá requerer uma mudança fundamental no nosso pensamento, percepções e valores. No meu segundo livro, The Turning Point, explorei os variados aspectos e implicações desta transformação cultural. ™ 0 facto de as mudanças correníesjtQ nosso sistema de valores afectar muitas ciencias pode parecer surpreendente para quentMcredita numa ciêneia^ objectiva, axiologicamente auto-suficiente. Esta é. no entanto, uma das impli- cações importantes da nova física. 0 contributo de Heisenberg para a teoria quãn- tica, que discuto em detalhe neste livro, implica claramente que a idéia clássica da objectividade científica não pode continuar a ser mantida, e do mesmo modo ja física moderna desafia o mito duma ciência valorativamente neutra. Os padrões' i que os cientistas observam na natureza estão intimamente ligados aos seus-mo^ j d&los mentais, com os seus conceitos, pensamentos e valores. Conseqüente- \ mente, os resultados científicos obtidos e as aplicações tecnológicas investît Igadas estarão- condicionadas pela sua estrutura mental. Apesar de muita da sua_ \pesquisa minuciosa não depender explicitamente do seu sistema de valores^ o grande trabalhgjie sisternatizaçâo no qual esta investigação-é levada-a-eaba minca_é axiologicamente neutro. Os cientistas são, por isto, intelectual e mo- ralmente responsáveis, "" Nesta 'perspectiva, a relação entre física e misticismo é não só muito interessante como extremamente importante. Mostra que os resultados da física moderna tornaram acessíveis dois caminhos muito diferentes pára os cientistas^, prosseguirem. Podem levar-nos— em termos extremos—até Buda ou até à bomba atómica, e compete a cada cientista decidir que caminho tomar. Parece-me que, numa altura em que perto de metade dos nossos cientistas e engenheiros trabalham para as forças armadas, desperdiçando um enorme potencial de 14 ingenuidade e criatividade humana no desenvolvimento de cada vez mais sofis- ticados meios de destruição total, o caminho de Buda, o «caminho pelo coração», não pode ser por de mais enfatizado. A presente edição deste livro foi actualizada pela inclusão de resultados da mais recente investigação e física subatómica. Fi-lo mediante pequenas modi- ficações no texto, com vista a tornar certas passagens mais consistentes à luz da nova investigação, e aditando uma nova secção no fim do livro, intitulada «A Nova Física Revi sitada», na qual os novos desenvolvimentos mais impor- tantes em física subatómica são descritos com algum detalhe. Tem sido muito gratificante para mim que nenhum destes desenvolvimentos recentes tenham invalidado nada do que escrevi há sete anos. Com efeito, a sua maioria foi ante- cipada na edição original. Isto confirmou a forte convicção que me levou a es- crever o livro — os temas básicos que usei na minha comparação entre física e misticismo serão reforçados, ao invés de invalidados, pela investigação futura. Mais ainda, sinto-me agora em terreno mais firme com a minha tese, já que ar paralelos cömAtmJIiSmm'örienlal estão,a. aparecer não só na física, mas também na bioloeia, psicolosia e outras ciências. Ao estudar as relações entre a física e essas ciências, descobri que uma extensão natural dos conceitos da fjsiç ajnúdema-^-eutro