Boletim

#09 Abril > Junho 2009

A DGARQ e o Dia Internacional dos Arquivos O Dia Internacional dos Arquivos foi instituído pela Assembleia Geral do CIA Conselho Internacional de Arquivos, realizada no Québec, em Novembro de 2007.

Foi escolhida esta data, por ter SILVA ANTÓNIO JOSÉ © Objectos Digitais sido precisamente a 9 de Junho Autênticos,) o de 1948, que a criou o arquivo digital cia – Conselho Internacional de nacional também Arquivos. desenvolvido pela O objectivo da criação de um Dia dgarq em cola- Internacional de Arquivos visa boração com a proporcionar condições para que, Universidade do em todo o Mundo, se desenvol- Minho. Finalmente vam acções de promoção e divul- um terceiro posto gação da causa dos arquivos. rápida desactualização de suportes, permitia aos utilizadores utiliza- A dgarq – Direcção-Geral de máquinas e outros dispositivos rem livremente a internet. Arquivos, ao iniciar este ano as informáticos. Uma outra valência foi a reali- celebrações deste dia, pretende Uma área multimédia em que zação de conversas com pessoas chamar a atenção de todos os foi compilado um filme exposto seleccionadas de acordo com a cidadãos para a enorme respon- em powerpoint e projectado temática de fundo adoptada – a sabilidade da preservação da directamente sobre uma parede, preservação digital – focando den- memória e dos novos desafios que contendo slides e filmes represen- tro desta os seguintes temas: patri- se associam ao uso de meios de tativos de imagens digitais, preten- mónio digital; preservação digital informação/prova, cada vez mais dendo revelar as potencialidades na administração pública; a pers- voláteis, com que a nossa socie- oferecidas pelas novas tecnologias pectiva tecnológica da preservação dade se vê hoje confrontada. e por diversos pequenos filmes digital e ainda a assinatura digital Para esse efeito optou­‑se por um relativos aos problemas suscitados e problemas jurídicos associados. formato de «dia aberto» em que por essas mesmas tecnologias Para este efeito a dgarq pode con- os eventos se desenrolavam no Uma área interactiva onde os tar com a colaboração de 4 indivi- mesmo espaço sendo oferecida às visitantes tinham a possibilidade dualidades que muito contribuí- pessoas a possibilidade de alternar de testar e observar em funciona- ram para o sucesso da iniciativa, livremente a sua atenção por entre mento o digitarq – nova base de ficando a intenção de adoptar este as várias áreas temáticas criadas. dados de gestão de arquivos defi- formato para a realização de outras O evento foi organizado da nitivos e que actualmente constitui entrevistas subordinadas a outras seguinte forma: o suporte de descrições e disponi- temáticas que sejam do interesse Uma área expositiva em que bilizada de imagens digitais, uti- dos arquivistas e dos cidadãos. foram expostos exemplos de lizado pela dgarq. Refira­‑se que material informático obsoleto de este sistema foi desenvolvido pela Francisco Barbedo forma a ilustrar a realidade da dgarq. O roda (Repositório de Subdirector da DGARQ Actividade formativa na DGARQ

no contexto de uma estratégia central), apenas 9,69% da totalidade Conforme se constata no Gráfico I ao nível da promoção e adaptabi- da candidatura mereceu aprovação. dos 451 formandos que participa- lidade dos recursos humanos às Independentemente desse facto, ram em acções formação, a área tic e aos novos modelos organi- do total das 50 acções de formação que reuniu maior percentagem de zacionais, o Plano de Formação promovidas, foram realizadas 34 participantes centrou­‑se em torno relativo a 2008 procurou conciliar acções, o que representa uma taxa da Arquivística, com 54,55 % do as efectivas necessidades de procura de execução de 68 %. Ficaram por total de participações, seguindo­‑se, de formação ao objectivo maior de realizar 32% das acções previstas. por ordem decrescente, as áreas dos qualificação dos recursos humanos Quanto às formações de oferta ao cursos de Gestão, 23,73%; Jurídica, da dgarq. exterior, foram realizados dois semi- 11,53%; e Informática, 10,20%; Nesse sentido, com o objectivo de nários, tendo os mesmos reunido Para o corrente ano de 2009, desenvolver e adequar competên- 312 participantes externos. duas novas candidaturas, uma das cias nos domínios da utilização das Não obstante, em termos de rea- quais para apoio à formação em novas tecnologias de informática lização formativa, agregando os modo e­‑learning, foram subme- e de instrumentos de gestão, bem valores da formação de oferta ao tidas para apreciação do Fundo como, desenvolver ou adequar exterior à tabela de execução for- Social Europeu, na expectativa de competências nos domínios das mativa interna, a dgarq obteve um se conseguir reunir as condições novas concepções e abordagens da total global de 763 participações em financeiras necessárias para alar- gestão pública, 12% da oferta for- actividades formativas, o que repre- gamento da oferta formativa a um mativa foi distribuída por acções senta um incremento em número maior número de colaboradores na área da informática; 9% na área de participações de cerca de 12,04%, da dgarq, principalmente aos dos do Comportamento / Liderança; comparativamente ao transacto ano Arquivos Distritais que, por razões 49% na área da de 2007. orçamentais, distância geográfica e Gestão / Qualidade / Jurídica custos de deslocação, dificilmente (Contabilidade / Recursos conseguem assegurar vinda a Humanos) e 3% na formação de GRÁFICO I Lisboa com a regularidade desejável formadores em modo e­‑learning, Distribuição total de formandos para participarem das actividades sendo o restante reservado para as internos por área de formação formativas. áreas de arquivística no âmbito da Infelizmente, não foi possível % DE FORMANDOS actividade formativa promovida por parte do poph, a aprovação internamente. de valores destinados a apoiar os Contudo, a execução do Plano encargos da organização com as de Formação para o ano de 2008 24% ajudas de custo, nem foi igualmente enfermou de vicissitudes várias e considerada a aprovação da can- que em muito contribuíram para o 11% didatura para formação em modo não cumprimento integral do pre- e­‑learning, tendo sido aprovada visto. Primeiro porque, nesse ano, 55% 10% apenas uma das candidaturas onde,

2009 a dgarq perdeu um dos seus mais globalmente, resulta uma taxa de valiosos parceiros no apoio à acti- aprovação financeira na ordem dos Abril > Junho vidade formativa, o iefp; segundo 57,831.60 €, ou seja, 43,40% do ini- 09 # porque, não obstante as duas cialmente proposto, para efeitos de 02 candidatura submetidas ao qren Arquivo formação e qualificação dos recur- para financiamento da actividade Gestão sos humanos. formativa 2008/2009, Tipologia de Jurídica Intervenção 3.3 (programa poph José Maria Furtado Informática com vista à qualificação dos pro- Chefe da Divisão de Formação, fissionais da administração pública Informação e Qualidade O I Encontro de Arquivos no Algarve Valorização do Património Histórico do Algarve o 1.º encontro de arquivos no Algarve teve como organi- zadores a Associação para o Desenvolvimento do Nordeste Algarvio, a Direcção Regional de Cultura do Algarve, o Arquivo Distrital de Faro e a Câmara Municipal de Alcoutim e decorreu no anfiteatro do castelo de Alcoutim de 15 e 16 de Maio de 2009. Teve a participação de oradores convidados, tais como o Professor Dr. Joaquim Romero Magalhães e o Dr. Hugo Cavaco e também de onze comunicantes pertencentes a diver- sas instituições algarvias e nacionais. Das intervenções e das discussões e eficácia das instituições, é também 5. A Intervenção do cidadão que se produziram, durante os tra- um seguro de vida à salvaguarda dos na identificação e sinalização de balhos, podemos extrair a seguinte documentos de conservação perma- património cultural potencial- síntese: nente. mente classificável está previsto 1. As novas tecnologias e as 3. O papel dos investigadores como na própria lei 107/2001 de 8 de oportunidades e os problemas que utentes interessados e exigentes dos Setembro que estabelece as bases transportam à gestão e à difusão dos arquivos estimulam e aumentam a da política e do regime de protec- documentos de preservação defi- responsabilidade da instituição arqui- ção e valorização do Património nitiva. Processos que por um lado vística no que diz respeito à dispo- Cultural. podem levar o documento à casa do nibilização de todos os seus fundos O empenhamento dos arquivistas investigador e, por outro, levantar através de bons instrumentos de des- na promoção de uma política de dúvidas e problemas quanto à pre- crição, da divulgação dos documen- cidadania activa e de intervenção servação definitiva dos documentos tos através de publicações em papel nesta área será fundamental para a originados em ambiente digital e aí de originais ou paleografados ou por preservação e salvaguarda do patri- conservados. processos digitais. mónio arquivístico. Também os conflitos latentes de 4. A salvaguarda e organização 6. Os arquivistas defrontam­‑se quem quer preservar e de quem dos arquivos da Igreja do Algarve, com grandes desafios, tais como a procura ter acesso ao documento necessários à preservação da memó- necessidade de centrar o serviço de original devido, normalmente, às ria e da convivência entre o religioso arquivo numa única unidade orgâ- dificuldades de leitura, serão melhor e o profano, são de grande impor- nica, de promover a implementação resolvidos através dos processos tância para a história tanto da igreja da Gestão de Qualidade e de apoiar digitais directamente sobre os origi- como da sociedade. o progresso da Gestão Documental 2009 nais, sejam em suporte de papel ou Para além do levantamento já Electrónica nas diversas instituições Abril > Junho de pergaminho. efectuado, ainda muito insuficiente, algarvias, tal como desenvolver 09 A importância de se saber utilizar será fundamental o trabalho em projectos no âmbito da Extensão # as diversas ferramentas via internet, rede com as instituições da área de Cultural, área em crescente desen- 03 tais como as aplicações da Web 2.0, influência das paróquias, tais como volvimento. na difusão e divulgação dos arquivos a realização de protocolos com as e dos seus documentos. autarquias. Para além da hipótese da João Sabóia 2. A gestão integrada dos arquivos, incorporação dos documentos das Director do Arquivo Distrital para além de aumentar a eficiência paróquias no Arquivo da Diocese. de Faro ARQUIVOS MUNICIPAIS Ferreira do Alentejo

Arquivo Municipal de Ferreira do Alentejo as valências que lhe são impres- O Arquivo Municipal compreende Rua Visconde de Ferreira, cindíveis para o funcionamento e unifica numa só estrutura o 7900 – Ferreira do Alentejo de um Arquivo. A disposição do arquivo corrente, intermédio e defi- Coordenação: Maria João Pina espaço interior encontra­‑se divido, nitivo, numa perspectiva de gestão Contactos: T 284 738 716 · F 284 739 250 por pisos, em três zonas: a zona de integrada dos documentos recebidos arquivo@cm‑ferreira­ ‑alentejo.pt­ acesso ao público, com recepção, e produzidos pelo Município, inde- Horário: Dias úteis – 9h00 › 12h30 área de exposições e sala de leitura; pendentemente do tipo de suporte 14h00 › 17h30 a zona de depósito dos documen- ou formato, através de um Plano de tos, subdividida em duas, uma para Classificação e dos procedimentos o arquivo municipal de Ferreira o arquivo intermédio e outra para definidos no Regulamento Interno do Alentejo abriu portas ao público arquivo definitivo, contando ainda de Arquivo. no passado dia 17 de Abril com com uma sala de triagem de docu- A implementação de um sistema uma cerimónia de inauguração das mentos; e a zona dos serviços técni- de arquivo integrado na instituição novas instalações, presidida pelo cos, onde se localizam os gabinetes e constituiu, desde o início da inter- Sr. Ministro da Cultura, José Pinto a sala de trabalho técnico. venção arquivística, o principal vec- Ribeiro, Sr. Presidente da Câmara O edifício do Arquivo Municipal tor da linha da actuação do Arquivo. Municipal, Dr. Aníbal Reis Costa; de Ferreira do Alentejo reveste­‑se Deste modo, o arquivo corrente contando com a presença do Exmo. de um cariz inovador, dentro de assumiu­‑se como a primeira etapa do Sr. Director da Direcção-Geral de um programa arquitectónico influ- processo, na elaboração de um Plano Arquivos Dr. Silvestre Lacerda e ênciado pela vertente da sustenta- de Classificação. Paralelamente, por demais representantes institucionais bilidade, enquadrada no projecto necessidades internas, regulou­‑se os envolventes. «Ferreira Sustentável», num encon- procedimentos de transferência de O projecto de dotar o patrimó- tro de equilíbrios com o tempo e a documentos para o arquivo inter- nio arquivístico do município de memória, na utilização de materiais médio; bem como a sua organização instalações próprias, teve desenvol- e técnicas tradicionais de construção, para efeitos de recuperação e acesso vimento na Divisão Sócio Cultural, manifestas na estrutura do edifício da informação. no âmbito do programa museoló- com o emprego dos adobes e da Actualmente o Arquivo Municipal gico, da instituição, contando com taipa. dedica, principalmente, a sua activi- o apoio, esforço e empenhamento A vertente da sustentabilidade, dade ao tratamento dos documentos que os executivos prestaram, para patente no aproveitamento das inactivos. Encontra­‑se a executar a que o projecto se tornasse realidade. águas pluviais para abastecimento higienização e limpeza, simultâne- Por outro lado, a concretização sanitário, assim como da existência amente procede à sua identificação, da obra do Arquivo Municipal, só de uma chaminé solar que serve de para posterior descrição arquivística foi possível ao abrigo de financia- ventilação natural distribuída a todo no DigitArq. A preservação cons- mento de fundos públicos, para a o interior dos espaços. A escolha titui igualmente uma preocupação sua construção. Neste contexto, a dos materiais de construção tradi- neste processo, de forma que são Câmara elaborou uma candidatura cionais, como a terra, a madeira e elaboradas unidades de instalação

2009 ao Programa de Apoio à Rede de a cortiça, potencia um comporta- próprias a cada documento. Arquivos Municipais, promovido mento térmico favorável e adequado O Arquivo Municipal procura Abril > Junho pela actual dgarq; e ao Contrato às variações de temperatura que se continuadamente assegurar a uni- 09 # Programa da Secretaria de Estado da fazem sentir nesta região do país. dade da estrutura arquivística, de 04 Administração Local, num investi- A obtenção de condições ambientais modo a garantir a integridade dos mento total que rondou os 600 mil confortáveis reduzem os custos de documentos, a sua segurança e pre- euros. manutenção do edifício diminuindo servação a longo prazo. O acervo do arquivo municipal o impacto no ambiente, fazendo encontra­‑se actualmente instalado deste tipo de arquitectura um exem- Arquivo Municipal num edifício previsto com todas plo singular. de Ferreira do Alentejo Oliveira de Azeméis

Arquivo Municipal de Oliveira e Azeméis Rua Manuel Alegria, 131 3720­‑292 – Oliveira de Azeméis Contactos: T 256 690 100 arquivo@cm‑oaz.pt­ Horário: 9h00 › 12h30 – 14h00 › 17h30

a inauguração do arquivo Municipal de Oliveira de Azeméis, no dia 15 de Maio de 2009, figurará para sempre na história do municí- pio ao ficar associada às comemora- ções do 25.º aniversário de elevação de Oliveira de Azeméis a cidade. O novo equipamento encontra­ ‑se instalado no edifício conhecido como «Casa das Escadas Redondas» mandado construir na segunda metade do século xix, presumivel- mente no ano de 1881, data inscrita no frontão do portão original. espaço com as condições necessárias Área do Público Até à sua aquisição pela Câmara à preservação e divulgação do patri- Recepção, sala de leitura (com capa- Municipal, em 1979, com vista à ins- mónio arquivístico do concelho. cidade para 6 pessoas), biblioteca talação da maternidade do hospital, O projecto, da autoria da de referência/Espaço Internet, sala serviu de habitação a algumas per- Arquitecta Ana Bacelar, partiu de do serviço educativo, sala de expo- sonalidades da sociedade oliveirense. uma ideia de reinterpretação do sições. Com o fim da necessidade de edifício original, adequando­‑o ao No Arquivo Municipal podemos expansão do hospital, devido à novo programa de arquivo munici- encontrar documentação produzida/ reorganização da rede hospitalar, a pal. Procurou recuperar a harmonia recebida pela Câmara Municipal Câmara entendeu auxiliar a instala- exterior do edifício, com a reaber- no exercício da sua actividade, do ção da cerciaz, através da cedência tura de portas e janelas que haviam início do séc. xix até à actualidade, deste edifício. Situação que durou de sido tapadas, e manter, no essencial, documentação da Administração 1980 a 1988. a organização espacial interior, de do Concelho da Bemposta e outros Após a saída da cerciaz, várias acordo com as necessidades de fun- fundos particulares. foram as hipóteses ponderadas para cionamento do Arquivo, separando Do importante acervo documental a utilização do edifício – esquadra as áreas públicas das áreas técnicas. destacamos as actas, os testamentos, da psp, Centro de Saúde, Escola de O edifício compreende 3 zonas os registos, os legados pios, a corres-

Enfermagem – sem que nenhuma se distintas: pondência, as escrituras, a despesa, a 2009 viesse a concretizar. receita, os autos de arrematação, os Abril > Junho Por fim, em2001 , decidiu­‑se, Área de Depósitos autos de posse, o registo de minas, 09 com a colaboração do Programa as licenças de obras, as plantas, o # de Apoio à Rede de Arquivos Área Técnica recenseamento militar, e a colecção 05 Municipais (param), do Instituto Sala de recepção/eliminação; sala de fotografias. dos Arquivos Nacionais Torre de limpeza e expurgo; sala de trata- do Tombo, reabilitar o edifício mento arquivístico; sala de conser- Fernanda Soares adaptando­‑o às necessidades de vação e restauro; sala de reprodução Técnica Superior Arquivo Municipal, criando­‑se um de documentos; de Arquivo EM DESTAQUE O fundo Ernesto Melo Antunes

1. Caracterização da documentação: SILVA ANTÓNIO JOSÉ © 7.ª Conselheiro da Revolução; o fundo ernesto melo antunes, 8.ª Conselheiro de Estado; de origem privada, foi doado ao 9.ª Subdirector­‑Geral da unesco Estado Português, para integração para a Coordenação Regional e no Arquivo Nacional da Torre do Descentralização; Tombo, em cerimónia pública ocor- 10.ª Estudos, projectos e activida- rida em 8 de Maio de 2009. des políticas não associadas a Este fundo, em suporte de papel e cargos públicos; composto por 258 caixas ou dossiês, 11.ª Carreira Militar. compreende o âmbito cronológico de 1953 a 1999. SILVA ANTÓNIO JOSÉ © Dentro de cada secção foram identifi- A documentação do fundo cadas e descritas as respectivas séries Ernesto Melo Antunes encontra­ documentais, tendo­‑se a descrição ‑se associada, primeiramente, ao aprofundado, em geral, até ao nível exercício de funções públicas de da unidade de instalação «Pasta», cor- Ministro sem Pasta e de Ministro respondente, com maior frequência, a dos Negócios Estrangeiros. Sob uma colecção de documentos afins. esta perspectiva, este fundo contém Os trabalhos de inventariação documentação única sobre o pro- decorrem sob coordenação simul- cesso de abertura e de afirmação de tânea da Direcção de Serviços de no seio da Comunidade Arquivística e Apoio Técnico e da Internacional, no período pós 25 de tação de teor jurídico e de doutrina Divisão de Aquisições e Tratamento Abril, da adopção de linhas políti- de fundamentação «do contrato Arquivístico, e estão a ser realiza- cas e geo­‑estratégicas consideradas social» à luz das linhas do Programa dos pelo mestrando em Ciências essenciais para a soberania nacional, do mfa, e de posteriores desenvolvi- da Informação, Dr. Luís da Cunha bem como do acompanhamento mentos político­‑sociais. Pinheiro. dos processos de independência das ex­‑colónias portuguesas. 2. Tratamento arquivístico 3. Regime de acesso Outro importante segmento de Para a respectiva organização foram O público terá acesso à documenta- documentação provém da sua qua- constituídas, até ao momento, 11 sec- ção do fundo Ernesto Melo Antunes lidade de membro quase fundador ções documentais, nomeadamente: dentro dos prazos previsto no n.º 2 do mfa, contendo documentação do Art.º 17.º do Decreto­‑Lei 16/93, associada ao desenvolvimento 1.ª Participação nas Eleições de 26 de 23 de Janeiro, designadamente teórico­‑político do programa do de Outubro de 1969, para deputa- «50 anos sobre a data da morte da mfa e à crítica da sua aplicação, dos à Assembleia Nacional; pessoa a que respeitam os documen- bem como documentação compro- 2.ª Membro do Movimento das tos ou, não sendo a data conhecida, vativa da preocupação contínua, por Forças Armadas; decorridos 75 anos sobre a data dos

2009 parte de Ernesto Melo Antunes, de 3.ª Ministro sem Pasta do 2.º documentos». Quem pretender con- explicitação e sistematização das Governo Provisório; sultar este fundo antes de expirados Abril > Junho implicações políticas, económicas, 4.ª Ministro sem Pasta do 3.º estes prazos deverá solicitar autori- 09 # culturais e científicas do projecto Governo Provisório; zação aos seus doadores. 06 de sociedade portuguesa defendido 5.ª Ministro dos Negócios pelo mfa. Estrangeiros do 4.º Governo António Frazão Encontra­‑se, também, associada Provisório; Direcção de Serviços às suas funções de Presidente 6.ª Ministro dos Negócios de Arquivística e Apoio Técnico da Comissão Constitucional do Estrangeiros do 6.º Governo Gabinete de Salvaguarda Conselho da Revolução, documen- Provisório; do Património TORRE DO TOMBO 11:30 Horas

Assinatura do Contrato de Doação dos Documentos do pai ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Senhor Ministro da Cultura; Senhor antigo Presidente da República, Dr. ; Senhor Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros; Dra. Maria de Jesus Barroso; Senhor Director­‑Geral de Arquivos; Minhas senhoras e meus senhores; Amigos e amigas

Em nome dos meus irmãos, Catarina e Ernesto – que infelizmente não pode estar presente – e também em nome da viúva do meu pai, Maria José, do irmão do meu pai, Fernando, da nossa mãe, Gabriela, e dos meus sobrinhos, Maria, Pedro, Ernesto e Luisa, gostaria de começar por agradecer a todas as pessoas o facto de estarem presentes numa cerimó- nia que se reveste, para nós, de um grande valor emocional. Quando há cerca de 10 anos recebemos estes documentos, soubemos, desde o primeiro momento, que eles não nos pertenciam. A questão foi saber onde os colocar de forma a que, por um lado, não se degradassem, mas, onde, também, pudessem estar disponíveis para consulta de todos aqueles que tivessem vontade de o fazer. Neste aspecto, quando abordados, a decisão de doar estes documentos ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo foi uma decisão fácil. Na realidade, a Torre do Tombo deu­‑nos todas as garantias de que as nossas principais preocupações seriam acolhidas, e tem sido, tanto a através do seu director, como através dos seus técnicos, principalmente do António Frazão e da Madalena Arruda Garcia, de um profissionalismo, disponibilidade e simpatia inexcedíveis. Mas às preocupações objectivas de preservação e vontade de disponibilização ao público, juntavam­‑se questões de ordem afectiva, muito mais difíceis de ultrapassar. Se é verdade que sempre soubemos que estes documentos perten- ciam por direito à memória histórica do nosso país, eles são, ao mesmo tempo, e principalmente, fragmentos da vida do nosso pai. No fundo, e de alguma forma, fragmentos das nossas próprias vidas. Abdicar destas coisas íntimas, foi um processo, que demorou o seu tempo (10 anos), e posso dizer que nem sempre foi fácil. Neste aspecto, gostaria de frisar que a organização de uma tão grande quantidade de documentos só foi possível pela forma como, em família, todos nos solidarizámos para a concretização deste objectivo. Apesar do empenho de todos gostaríamos de agradecer, muito em particular, à nossa prima Maria do Rosário, pela dedicação com que nos ajudou a tratar de uma parte importante da memória do nosso pai. Houve, ainda, um terceiro conjunto de preocupações que estiveram presentes durante o processo da nossa decisão e que gostaríamos de partilhar convosco. Pensamos que o nosso pai foi uma pessoa extraordinária e muito completa, mas o facto mais excepcional da sua vida foi ter feito uma revolução para instaurar a democracia ao lado de outras pessoas igualmente extraordinárias: os capitães de Abril. Não podemos deixar de sentir que há aqui uma certa contradição entre a existência de um Arquivo individual Melo Antunes e a Revolução enquanto processo colectivo. No fundo, não podemos deixar de questionar se o nosso pai tomaria a decisão de entregar os seus documentos à Torre do Tombo. Talvez não. Penso que era demasiado modesto para o fazer. Mas o nosso pai ensinou­‑nos que a contradição faz parte da vida, e a vida ensinou­‑nos que entre o que o nosso pai faria e aquilo que nós devemos fazer pode haver uma diferença. E nós decidimos fazer esta doação. É por isso com muito orgulho, grande honra e sentimento de missão cumprida que entregamos o Arquivo Melo

Antunes ao Estado Português, dando, desta forma, um simples contributo para a conservação da memória do nosso pai 2009 e para a construção da memória histórica do nosso país. Abril > Junho

Acrescentaria, que pensamos que para ele seria um motivo de grande satisfação e orgulho ter os seus documentos no 09 Arquivo Nacional da Torre do Tombo. # Terminava, agradecendo à Torre do Tombo o reconhecimento do papel do nosso pai na história recente do país ao 07 aceitar passar a ser a proprietária destes documentos. Pedimos para que os cuidem bem.

Muito obrigada a todos.

Discurso proferido por Joana Melo Antunes, em nome da Família Melo Antunes. Diferentes mundos num mesmo universo: o Hospital de Todos os Santos

com memórias anteriores nua praticamente inexplorado. Com ao hospital ou sobre a abertura de às da Misericórdia de Lisboa e per- o objectivo de iluminar um pouco um talho público, ao mesmo tempo cursos que só marginalmente se mais uma parte tão importante da que organizam a escola de cirurgia, tocam até meados do século xvi, história nacional, a Universidade de as práticas de anatomia ou o trata- quando passam a contar uma his- Évora, a Associação Portuguesa para mento dos sifilíticos e dos insanos. tória comum, o Hospital de Todos o Desenvolvimento Hospitalar e a Mais do que uma instituição com os Santos (hts) cunhou, com a Direcção­‑Geral de Arquivos cele- variadas funções e dimensões, sob Misericórdia de Lisboa, o quadro braram, em Fevereiro de 2008, um a autoridade régia – ainda que indi- da assistência e da saúde pública protocolo de colaboração que, com rectamente depois de 1564 quando em Portugal ao longo do período o apoio do Instituto de Emprego a coroa transferiu o hospital para a moderno. Gizado por D. João II no e Formação Profissional, permitiu administração da Misericórdia de contexto do processo de reforma dos recrutar uma estagiária para traba- Lisboa –, mais do que um espaço hospitais que atravessava a Europa lhar no arquivo do Hospital de S. e um edifício, o Hospital de Todos tardo­‑medieval, coube a D. Manuel I José, que guarda a memória do hts. os Santos revela­‑se um governo de a efectiva concretização do projecto Face ao volume de documentação variados espaços e construções, de do seu antecessor. Dotado de regi- em causa, foi nossa opção iniciar o diferentes gentes com distintas moti- mento em 1504, o Hospital Grande, trabalho pelas vertentes mais ins- vações, uma labiríntica representa- como então era designado, surgia titucionais do hospital, o que per- ção da sociedade, que deve ser anali- regulamentado por indicações já mitiu aprofundar o conhecimento sada em função dos contextos e dos bastante precisas quer em relação às sobre uma realidade que já sabíamos interesses em jogo, que em muito questões organizativas e funcionais, complexa e multifuncional, mas transcenderam os dos profissionais quer em termos de especialização de que agora se mostrava em outras de saúde e os dos muitos milhares tarefas e de público a servir. Seguindo facetas menos expectáveis. Tendo de pacientes que ao longo de vários de perto as linhas orientadoras do sido construído num momento de séculos usaram os recursos da insti- Hospital de Santa Maria Nueva de afirmação do poder da Coroa, porta- tuição. Diversos mundos num uni- Florença, cumprindo, de resto, o dor de inegáveis propósitos políticos verso compósito, cujo conhecimento desejo expresso por D. João II, o hts e comemorativos, além do investi- em muito se aprofundará com a tese pode, com propriedade, ser conside- mento social que representava, bem de doutoramento em curso que visa rado o primeiro hospital moderno entendido, o hts despontava genero- reconstituir as diferentes vertentes português, corporalizando um novo samente financiado por D. Manuel I institucionais do hospital e sua evo- paradigma do espaço hospitalar, que, em simultâneo, onerava a nova lução no período moderno. Se esta onde a assistência medicalizada (con- instituição com rendas e tenças dissertação, apoiada pela fct, se tra- forme os conceitos prevalecentes ao diversas, como se de património duz num dos resultados mais ime- tempo) se sobrepunha à assistência da Coroa se tratasse, num contínuo diatos do trabalho desenvolvido no espiritual, sem obviamente a secun- exercício da liberalidade régia que âmbito do referido protocolo, a con- darizar. em muito terá contribuído para o tinuação da investigação e colabora- Apesar das linhas gerais da histó- desenvolvimento da faceta de «hotel ção institucional entre as entidades

2009 ria do hts serem já conhecidas, em público» que é atribuída ao hospital envolvidas facilitará, a breve prazo, versão teleológica e heróica, como na segunda metade do século xviii. o acesso à consulta do arquivo do Abril > Junho era corrente ao tempo em que a A este monarca terá o hospital ficado Hospital de S. José e abrirá caminho 09 # principal monografia do hospital a dever uma série de competências ao estudo da vertente médica e aos 08 foi escrita, e em trabalhos mais muito peculiares, que explicam, por usos curativos do hospital – afinal a recentes que experimentam novas exemplo, porque é que ao longo do razão principal da sua existência. abordagens interpretativas, o extra- período moderno os seus governan- ordinário espólio documental deste tes, em sessões de gestão corrente, Laurinda Abreu hospital custodiado no Arquivo deliberam sobre a acomodação e Universidade de Évora Nacional da Torre do Tombo conti- alimentação de pessoas exteriores Junho 2009 FUNDOS E COLECÇÕES Manso de Lima e a Inquisição jacinto leitão manso de lima 175 páginas manuscritas, das quais interpretar os constantes estudos (1690­‑1753), clérigo do hábito de 83 são de autógrafos de Manso de que Manso de Lima menciona, São Pedro e beneficiado na igreja Lima e apresentam inclusive 4 assi- como declaração de permanente matriz da Sertã, granjeou fama pós- naturas dele. ampliação de uma obra aberta – e tuma como autor de uma obra de A grave acusação que o levou prosseguida, portanto, para além genealogia intitulada Famílias de a ser formalmente denunciado à deste novo limite. Portugal, em mais de 50 volumes de Inquisição de Lisboa, consistiu em Outrossim, alguma incidência de originais que hoje integram o acervo alegadas «solicitações» a quatro determinados apelidos que compa- da Biblioteca Nacional de Portugal. mulheres, ou seja, um delito pri- recem no «Sumário», como Leitões, Embora tal obra seja referenciada vativo dos clérigos que incitassem, Correias, Mansos etc., sugere paren- amiúde nos estudos da especia- sempre no específico momento da tescos entre adversários e aliados, lidade, começou a ser realmente confissão, a prática de actos desig- mas sobretudo insinua o reduzido publicada apenas em 20081, se nados como «desonestos», de cariz âmbito social a que Manso de Lima exceptuarmos uns exemplares poli- evidentemente erótico. estava circunscrito na Sertã, a con- copiados em tiragem restrita e infe- No decurso das diligências Manso trastar com a profusão de famílias lizmente interrompida, produzidos de Lima escreve cartas de eloquente que ele meritoriamente arrola na nas décadas de 1920 e 1930. auto­‑defesa, dirigidas a um inqui- sua obra. Seria interessante verificar, O biógrafo de Manso de Lima, sidor que supomos seria seu sim- ademais, se nela constam os envolvi- Frederico Gavazzo Perry Vidal, patizante, contribuindo para que se dos na questão em pauta… aliás o principal responsável pela perceba, no final, que tudo não terá Enfim, mediante a abordagem de referida tiragem, teve acesso à docu- passado de uma cilada concebida um exemplo singular, esta nossa mentação do Santo Ofício existente por um seu vizinho e desafecto, mas breve notícia pretende apontar para na Torre do Tombo, pois cita um de cujo ardil Manso de Lima conse- algo bem mais lato, qual seja, a testemunho indirecto que então gue sair inocentado. constelação de informações ainda compulsou, a saber, a habilitação ao Para nós, o que importa reter de não desbravadas no fundo Tribunal cargo de familiar daquele tribunal todo o imbroglio são os indícios por do Santo Ofício, um potencial que por parte do único cunhado do seu meio dos quais Manso de Lima se começa a ser disponibilizado aos genealogista. O que Perry Vidal cer- revela nas suas cartas, principal- investigadores de todos os quadran- tamente não teve oportunidade de mente as alusões que faz aos seus tes, graças aos trabalhos de des- consultar, na medida em que asse- exclusivos interesses existenciais, crição e subsequente digitalização, gurava conhecer só uma assinatura como nos seguintes trechos: metas do projecto «Inquisição de e uma rubrica de Manso de Lima, «A minha vida he bem sabida dos Lisboa on­‑line», realizado ao abrigo foi outro testemunho que pertence meus naturaes, que he ou na Igreja de um protocolo de cooperação ao mesmo fundo e que diz respeito ou na minha Livraria…» e «… gas- estabelecido entre a ren – Redes ao próprio biografado, constituindo tando nam só os dias, mas as noites Energéticas Nacionais sgp, s.a. e o assim o objecto desta notícia. sobre os meus livros e aplicações Estado Português, por intermédio Com efeito, ao realizarmos a estudiosas, nam só de agora mas de da Direcção­‑Geral de Arquivos descrição arquivística do Caderno muitos annos a esta parte». (dgarq). 2009 24º de solicitantes, ora provido De facto, os segmentos acima Abril > Junho do código de referência pt/tt/ transcritos literalmente, dão respaldo Paulo Leme 09 tso­‑il/037/0764, tivemos oca- documental a que seja alargado o ANTT / DATA # sião de nos deparar com um limite cronológico estimado por 09 inédito «Sumário contra o padre Perry Vidal para a produção final Jacinto Leitão Manso de Lima». da alentada obra genealógica, isto 1 lima, Jacinto Leitão Manso de. Famílias de Portugal, Tomo I (Abelha – Atouguia) Abrangendo 97 fólios e cobrindo o é, avançando­‑se de 1738 para 1741. / Leitura, organização e índices por Nuno período que vai de Novembro de Numa leitura ainda menos acanhada Gonçalo Pereira Borrego. [S.l.]: Casa da Prova, 1740 a Novembro de 1741, perfaz daqueles trechos, poderíamos [2008]. isbn: 978­‑989­‑9582­‑81­‑1 A Fotografia no ANTT: 10 anos depois

em 1999, há precisamente dez anos, o Arquivo de Fotografia de Lisboa (afl), arquivo dependente do Centro Português de Fotografia (cpf) – criado pelo Decreto­‑Lei n.º 160/97 –, iniciava o seu funcio- namento nas instalações do Arquivo Nacional Torre do Tombo (antt). Ao abrigo do Programa de Restruturação da Administração Central do Estado (prace), e de acordo com o Decreto­‑Lei n.º 93/07, o cpf passou a fazer parte Barco do Burnay – pt/tt/jal/2318 integrante da estrutura orgânica da Direcção­‑Geral de Arquivos e antigas colónias portuguesas também e respectiva descrição (consultáveis o afl foi integrado na Divisão de não foram esquecidas. em www.dgarq.gov.pt), bem como Comunicação do antt. As imagens digitalizadas sobre as a edição de um guia dos fundos e Detém um património composto temáticas acima referidas têm ilus- colecções existentes nos arquivos de por cerca de dois milhões de espé- trado até hoje, publicações, exposi- Lisboa e do Porto. cies fotográficas distribuídas por37 ções, trabalhos escolares, teses aca- Já no contexto da dgarq, a Divisão fundos e colecções, sendo estes cons- démicas e documentários. de Comunicação tem desenvolvido tituídos por negativos em vidro e ace- O ex­‑afl tinha como competên- uma política de parcerias com as tato e provas fotográficas avulsas ou cias a conservação, o tratamento grandes editoras que frequentemente coladas em fichas ou álbuns. Embora arquivístico e a digitalização do patri- necessitam de imagens para ilustrar o acervo possua imagens dos últimos mónio fotográfico que se encontrava as suas obras. Esta colaboração per- anos da década de 90 do século xix, à sua guarda com o objectivo de o mitiu já a disponibilização para con- a esmagadora maioria reporta­‑se à divulgar junto dos investigadores e sulta na sala de referência do antt história portuguesa do século xx e a público em geral. Nesse sentido, e de 133 álbuns alfabéticos em suporte temáticas relacionadas com a história ainda antes da fusão com o antt, digital e a digitalização integral das portuguesa até 1992. procedeu­‑se ao tratamento e acondi- fichas ilustradas de Oliveira Salazar Até hoje o arquivo recebeu 1615 cionamento do fundo Jorge Almeida da sub­‑série «Primeiros Ministros» pedidos de pesquisa e muitas foram Lima (num total de 5597 negativos). do fundo «sni». Ainda durante o pre- as temáticas solicitadas para digita- Paralelamente, e no âmbito das séries sente ano iniciar­‑se­‑á a digitalização lização. que compõem a secção «Serviço de 7900 fichas ilustradas da sub­‑série No âmbito da história contem- de Fotografia» do fundo «Empresa «Política Geral» também do fundo porânea portuguesa, os temas mais Pública Jornal O Século», iniciaram­ «sni». pesquisados foram os acontecimen- ‑se os seguintes trabalhos: revisão A dgarq tem igualmente sido tos históricos ocorridos durante a I alfabética de parte da série «Ficheiro procurada por coleccionadores e República, o e o Estado Central», reorganização arquivística entidades privadas interessados em

2009 Democrático, resultante da revolução da série «Joshua Benoliel», limpeza, doar importantes colecções fotográ- de 25 de Abril de 1974. As persona- acondicionamento e digitalização sis- ficas, de que o caso do arquivo foto- Abril > Junho lidades nacionais e estrangeiras dos temática dos negativos da sub­‑série gráfico do «Diário de Lisboa» é um 09 # mais variados quadrantes (político, «Álbuns Alfabéticos». Ainda no que dos exemplos mais recentes, motivo 10 artístico, militar, entre outros), foram respeita a esta última sub­‑série e para pelo qual ainda não se encontra dis- igualmente alvo de grande interesse poder dar continuidade aos traba- ponível para consulta ao público. por parte dos investigadores. No lhos, o cpf contou com o apoio do contexto da fotografia documental Programa Operacional de Cultura, Fernando Costa as imagens das diferentes regiões apoio esse que permitu a disponibi- Técnico Superior de Portugal, Açores, Madeira e das lização de mais de onze mil imagens Divisão de Comunicação INFORMAÇÕES Jornada sobre arquivos de família

realizou­‑se no dia 21 de maio de 2009, na fcsh­‑unl Ao contrário da manhã, o registo não era tanto científico (Lisboa), o encontro «Jornada sobre arquivos de famí- como patrimonial e custodial – que arquivos se detém, que lia (épocas medieval e moderna)». A organização desta preocupações eles suscitam, que soluções estão disponí- reunião científica, enquadrada num projecto de pós­ veis. A sessão foi aberta por uma intervenção de fundo do ‑doutoramento inserido em duas unidades de investiga- Director­‑Geral da dgarq, Silvestre Lacerda. Numa postura ção da fcsh (Instituto de Estudos Medievais e Centro de de grande abertura, a tónica foi posta na colaboração mútua História de Além­‑Mar)1, contou com a colaboração da e, é importante frisá­‑lo, num apelo à apresentação de solu- dgarq. O objectivo principal do Encontro foi constituir­‑se ções e propostas por parte dos proprietários, desejavelmente em primeira etapa de um percurso mais vasto, que procura em diálogo com as instituições universitárias e arquivísticas. estudar os acervos de produção familiar e linhagística das Foi de seguida apresentado o testemunho de Maria José Épocas medieval e moderna, bem como valorizar e dinami- Mexia, arquivista da Torre do Tombo, que durante décadas zar o sector dos arquivos de família. Este momento inicial foi, laboriosa e tenazmente, intermediando a relação entre reuniu, num espaço comum, os diferentes interessados no o Arquivo Nacional e os proprietários de arquivos de famí- tema: cientistas da informação/arquivistas, historiadores e lia. Um momento alto do Encontro chegou por fim com as proprietários de arquivos. Em conjunto e a vozes saudavel- intervenções de vários proprietários de arquivos de família mente diferentes, tentou­‑se debater este assunto de interesse depositados, ou não, nas instituições públicas de custódia comum e definir vias de colaboração futura. documental: Luís Vasconcellos e Souza, António Pinto da Na primeira parte do encontro, foram apresentadas comu- França, Maria José Villas Boas e Luís da Costa de Sousa de nicações no âmbito da arquivística/ ciência da Informação e Macedo. Estas apresentações foram marcadas por um fac- da História medieval e moderna. Pretendeu­‑se assim começar tor impressivo, regra geral ausente de reuniões científicas e por definir tanto as grandes linhas teóricas de intervenção técnicas: a existência de uma ligação afectiva, pessoal e fami- directa nos acervos­‑ para os identificar, custodiar, organi- liar, com os «seus» arquivos, por parte de todos os oradores. zar e difundir, como apresentar soluções afins seguidas em A preocupação com a conservação e difusão dos acervos diversos países com trabalho consolidado neste sector (em nasce de um relacionamento familiar – geracional – com os especial Itália, Espanha e França). O primeiro «painel», subor- mesmos, e tem contornos identitários profundos. Como foi dinado ao tema Organizar Arquivos de Família: perspectivas salientado, este «amor pelos arquivos» como motivação de teóricas actuais, contou com intervenções a cargo de Maria fundo, que foi sendo corporizado, lenta mas inequivocamente, de Lurdes Rosa (iem/fcsh) e de Armando Malheiro da Silva poderá ser um importante factor de arranque e consolidação (fl­‑up). Foi depois dada a palavra aos principais utilizadores de um campo de intervenção onde os proprietários de arqui- destes acervos, os historiadores – num percurso cronológico, vos de família sejam protagonistas activos. Um primeiro sinal apresentaram­‑se comunicações sobre trabalhos de investiga- positivo foi o elevado número de participantes (cerca de cento ção realizados com arquivos de família (Mário Sérgio Farelo, e trinta, ao longo do dia) – a que não foram de todo alheios iem/fcsh: «Investigar em História social da Idade Média com o auxílio na organização e o empenho posto na difusão por arquivos de família: uma experiência»), e sem arquivos de parte de diferentes proprietários de arquivos, a quem se família (Alexandra Pelúcia cham/fcsh: «Quando o silêncio regista um agradecimento público. Somando­‑lhe a isto a qua- impera: construir a história da nobreza sem arquivos de famí- lidade das intervenções, a riqueza do debate, e a motivação lia»). Nuno Monteiro (ics) e Tiago Miranda (cham) apresen- dos intervenientes, alcançam­‑se fortes motivos de esperança

taram de seguida dois estudos focalizados no uso e história dos para quem acredita na importância e oportunidade destes 2009 acervos, respectivamente, «Algumas notas sobre arquivos de desígnios, pese embora todo o caminho a percorrer. Abril > Junho

casas nobiliárquicas (séculos xvi­‑xix)» e «A organicidade dos 09 ‘fundos’ de Antigo Regime. Entre o ‘público’ e o ‘privado’ nas Maria de Lurdes Rosa # colecções do Conselho Ultramarino (séculos xvii­‑xix)». (FCSH – Dep. de História; IEM, CHAM) 11 Da parte da tarde, o painel «Salvaguardar, custodiar, difun- dir Arquivos de Família», propositadamente único, pretendeu dar a voz aos proprietários de arquivos de família, por vezes 1 Projecto de pós­‑doutoramento, financiado pela fct, de Maria de Lurdes Rosa (fcsh­‑ iem/cham), intitulado «Em torno dos arquivos de família demasiado ausentes, e à autoridade arquivística nacional que do Portugal Medieval e Moderno. Ciência arquivística, História social e maioritariamente se tem ocupado do sector, a dgarq. património» (sfrh/bpd/39720/2007) Editor Direcção­‑Geral de Arquivos g1

Coordenação Aura Carrilho Alameda da Universidade Design e paginação Guidesign 1649–010 Lisboa Produção Guide – Artes Gráficas, lda. T 217 811 500 Tiragem 1000 exemplares F 217 937 230 Periodicidade Trimestral ISSN 1646­‑785X [email protected] Depósito legal 265701/07 www.dgarq.gov.pt

AGENDA

Exposições Como funcionava um Scriptorium Medieval? apresentação no dia 14 de Julho, às 15 horas, no edifício da Torre do Tombo, pela Professora Invisões, Portugal Visto Pelos Fotógrafos Franceses Doutora Maria José Azevedo Santos, directora do Arquivo da 4 de abril › 28 de setembro Universidade de Coimbra. Nesta apresentação dar­‑se­‑á a num ano em que a cidade do porto assinala a evocação conhecer o mobiliário, os instru- do Bi­‑Centenário das Invasões Francesas, o programa expositivo do cpf mentos e os materiais indispensá- para 2009 pretende destacar a relevância da obra fotográfica de autores veis às tarefas de preparação dos franceses enquanto apreciados «invasores» do nosso país suportes, das tintas, da escrita, da iluminura, da encadernação, para Autores com trabalho representado na mostra a produção de códices e de outros Georges Dussaud, Edouard Boubat, Pierre Devin, Alain Buttard, Jean documentos medievais. Gaumy, Guy Le Querrec, Bernard Plossu, Frédéric Bellay, Henri Cartier­ ‑Bresson, Alain Fleischer e Bernard Faucon, Robert Demachy, Jacques­ E… 300 anos não passam ‑Henri Lartigue, Emile Constant Puyo, Alfred Fillon Photographe, ao Lado… no aniversário Mayer & Pierson Frères, Charles Jacotin e Numa Blanc. do Convento do Louriçal até 31 de agosto © GEORGES DUSSAUD © CENTRO PORTUGUÊS DE FOTOGRAFIA / DGARQ / MC mostra documental a assinalar as Comemorações dos 300 anos da fundação do Convento do Louriçal. Do Breve do Papa Alexandre VII de 1659, que autoriza a criação de uma comunidade religiosa no Louriçal, ao processo de partilha 2009 do Convento e dos seus bens vai uma longa história de uma comuni- Abril > Junho

09

# dade que não se esgota na Vida da Porto, Sé, Paço Episcopal, Mondego 94 · autor: Pierre Devin · Colecção Nacional de Fotografia, Venerável Madre Maria do Lado. 12 Novembro de 2007 CNF 0343

Centro Português de Fotografia/Direcção­‑Geral de Arquivos Arquivo Nacional da Torre do Tombo Edifício da Cadeia da Relação do Porto · Campo Mártires da Pátria · 4050­‑368 Porto Portugal Alameda da Universidade · 1649-010 Lisboa Tel. + 351 222 076 310 · Fax. + 351 222 076 311 · e­[email protected] · www.cpf.pt Tel. 217 811 500 · Fax. 217 937 230 Horário do centro de exposições: 3.ª a 6.ª das 10h00 às 12h30 e das 15h00 às 18h00 [email protected] · Horário: de 2.ª a 6.ª: Sábados, Domingos e Feriados das 15h00 às 19h00 – Entrada Livre das 10h00 às 19h00 – Entrada Livre