Cities of the Future
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P r i m a v e r a | V e r ã o 2 0 1 8 8 9 1 7 - 3 8 1 2 N S S I RCL # 48 R E V I S T A D E C O M U N I C A Ç Ã O E L I N G U A G E N S Cidades do Futuro Cities of the Future (Ed.) Catarina Patrício Ficha Técnica Revista de Comunicação e Linguagens – Cidades do Futuro Journal of Language and Communication – Cities of the Future Diretoras: Margarida Medeiros Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. CIC.Digital Pólo NOVA FCSH/ Instituto de Comunicação da NOVA Maria Teresa Flores Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. CIC.Digital Pólo NOVA FCSH/ Instituto de Comunicação da NOVA Editora: Catarina Patrício Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. CIC.Digital Pólo NOVA FCSH/ Instituto de Comunicação da NOVA Endereço da Redacção Instituto de Comunicação da NOVA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa Avenida de Berna, 26-C, sala 3.20 | 1069-061 Lisboa e-mail: [email protected] | URL: www.icnova.fcsh.unl.pt ©2018, ICNOVA Todos os direitos reservados Capa: «A hora do cometa», grafite sobre papel, 150x90 cm. Catarina Patrício. 2018 ISSN 2183-7198 Abril de 2018 Revista de Comunicação e Linguagens disponível em: http://www.fcsh.unl.pt/rcl/index.php/rcl/ind ex Edições anteriores: https://www.cecl.com.pt/pt/publicacoes/revi sta-de-comunicacao-e-linguagens Conselho Consultivo | Advisory Board Andrea Pinotti, Universitá degli Studi di Milano Andrew Fisher, Goldsmiths University of London Antonio Somaini, Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3 Claudio Rozzoni, IFNova Graham M Jones, MIT, MA Gustav Frank, Ludwig-Maximilians-Universitaet-Muenchen Sophie Mayer, Universidade de Cambridge Rosana Monteiro, Universidade Federal de Goiás Teresa Castro, Université Sorbonne Nouvelle - Paris III, France Ruth Rosengarten, PhD, Investigadora independente Comissão editorial |Editorial comission José Bragança de Miranda, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa Carlos Smaniotto Costa, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa José Pinheiro Neves, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga Jorge Martins Rosa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa João Borges da Cunha, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa Michiel de Lange, Media and Cultural Studies, Utrecht University, Utrecht Christoph Breser, Institute of Urban and Architectural History, Graz University of Technology, Graz Coordenação electrónica | Technical staff Patrícia Contreiras, ICNOVA- Instituto de Comunicação da NOVA, Portugal A Revista de Comunicação e Linguagens (ISSN: 2183-7198) está incluída nos catálogos LATINDEX e ProQuest / CSA (Cambridge Scientific Abstracts). The journal of Language and Communication (ISSN: 2183-7198) is index in LATINDEX and ProQuest/CSA (Cambridge Scientific Abstracts). Índice Cidades do Futuro: Introdução do Editor Cities of the Future: Editor’s Introduction Catarina Patrício 1 A Cidade do Futuro (Revisitada) The city of the future (revisited) Luís Cláudio Ribeiro 19 Depois da Metrópole, as redes info-ecológicas e o fim da experiência urbana After the metropolis, the info-ecological networks and the end of urban experience Massimo di Felice 31 O fim da natureza: paradoxos e incertezas na era do Antropoceno e do Geo-construtivismo The end of nature: paradoxes and uncertainties in the era of the anthropocene and geo-constructivism Manuel Bogalheiro 48 Cityspaces as interior settings: on an inside out effect in the cities under New Capitalism A paisagem urbana como cenário interior: Um efeito verso-reverso na cidade sob o regime do novo capitalismo João Borges da Cunha 67 As Cidades Inteligentes e as Narrativas de Futuro Smart cities and the narratives of the future Herlander Elias 78 Pólis, Política e Protesto Polis, politics and protest Filipe Pinto 89 Das cidades inteligentes às metatopias urbanas From smart cities to the urban metatopias José Pinheiro Neves 106 Moving towards a green tomorrow: Urban Allotment Gardens and the “new green city” Nicola Charlotte Thomas 123 Reframing Digital Practices in Mediated Public Open Spaces associated with cultural heritage Carlos Smaniotto Costa, Georgios Artopoulos, Alekasandra Djukic 143 Would Urban Cultural Heritage Be Smart? Culture as a land factor and Italian cities’ smartness Mario Neve 163 The New (Public) Space: On Cities, Shopping Centers, Political Demonstrations and the Future of Public Uses O novo espaço (público): Sobre cidades, centros comerciais, manifestações políticas e o futuro dos espaços públicos Miguel Silva Graça 191 Future Cities of Loneliness: Dysfunctional Urbanities on Filmic Mars Denis Newiak 208 Catarina Patrício «A hora do cometa», grafite sobre papel, 150x90 cm, 2018. Cidades do Futuro | Cities of the Future CIDADES DO FUTURO: INTRODUÇÃO DO EDITOR Catarina Patrício Universidade Lusófona e CIC.Digital Polo FCSH-UNL, Lisboa [PT] [email protected] It is the business of the future to be dangerous; and it is among the merits of science that it equips the future for its duties. Alfred North Whitehead, Science and the Modern World (1925) Na capa deste número da Revista de Comunicação e Linguagens, vê-se um homem e um cão1. Encontram-se num mesmo gesto, quase uma mesma natureza. Entrepõem-se escombros, são eles o elemento revelador: talvez aqui os últimos habitantes da Terra. O problema da extinção da humana, não sendo da ordem da experiência, obriga a uma permanente renegociação ontológica porquanto converte a nihilização do existente num instrumento do pensamento. Essa inteligibilidade da extinção2 diremos que serve para incidir criticamente sobre um certo antropocentrismo, inexorável efeito vindo da facticidade das leis da ciência3 e que tem marcado a Modernidade enquanto complexo técnico e político. Num momento em que se manifestam crises de todo o género, tomar o fim por princípio evidencia-se uma atitude politicamente necessária. Presente. Toda a ocorrência no presente é processual e manifesta-se em devir. Revelando-se, coloca-se também ela entre uma multiplicidade de outras tantas coisas sem as quais não poderia ser (Whitehead, 1925: 176). Futuro. Tudo o que está por vir existe em 1 O leitor reconhecerá que se trata de uma montagem de uma cena do filme Damnation (1987) de Béla Tarr sobre um cenário extraído de Blade Runner (1982) de Ridley Scott. Ao desenho assiste-lhe um método, o cut-up, uma potente técnica proposta por William S. Burroughs que supõe entremear inscrições com outras tantas. Texto, som, imagem, tudo pode ser arrolado, cortado e montado. Refeito em novo objeto, é pela montagem que se tensiona o presente enquanto se distendem linhas para um futuro. Como Burroughs dissera algures, “when you cut into the Present the Future leaks out”. 2 Veja-se Brassier, R. 2007. Nihil Unbound: Enlightenment and Extinction. London: Palgrave Macmillan. 3 É esta a tese de Quentin Meillassoux em Aprés la Finitude. A esse programa antropocêntrico que refuta, Meillassoux chama-lhe correlacionismo: um anel metafísico que o ser humano ergueu em torno de si e que força a co-extensividade entre ser e pensamento. Mas em vez de apontar para o problema da extinção, como fará posteriormente Brassier, Meillassoux procura o domínio da ancestralidade (arque-fóssil) de forma a anular o excesso de confiança e peso humanos sobre a história, a ciência e a metafísica (Cf. Meillassoux, Q. 2006. Après la Finitude: Essai sur la nécessité de la contingence. Paris: Seuil). RCL – Revista de Comunicação e Linguagens | Journal of Communication and Languages N. 48, 2018 ISSN 2183-7198 Catarina Patrício associação, colocando-se também entre uma multiplicidade de futuros possíveis – aí temos a contingência. O presente, sempre a deixar de o ser, ativa ligações que não são apenas estabelecidas com base na lateralidade da co-presença, na medida em que um qualquer acontecimento ou entidade perfaz-se enformando uma antecipação, traduzindo dentro de si mesmo aspetos de como o futuro vai remetendo para o presente (Whitehead, 1925: 74). Se, como diz Whitehead, o ofício do futuro é ser perigoso e um dos méritos da ciência é equipar o futuro para os seus deveres, isso significa comprometer o presente, do menor ao mais complexo gesto, com uma ciência que se espera preparada para lidar com dilemas em curso e por vir. Tudo se joga no presente; é aí que está um futuro a fazer-se. Pensar as cidades do futuro implica, por isso, proceder a cortes no presente. Percorram-se algumas das linhas que o executam, comprimem e distendem, isto porque as cidades do futuro estão já sujeitas a determinações, muitas feitas no presente. As razões são múltiplas e inescapáveis. Crescentemente mediada e orientada por dispositivos técnicos, em que máquinas sensíveis na forma de imagens visuais e sonoras vêm à frente “onde quer que alguém e um aparelho estejam” (Valéry, 1928: 313), a experiência da cidade não se livrou de uma mobilização generalizada para a experiência4, que a transforma como lugar de cruzamentos (Cf. RCL 48 L. C. Ribeiro). Nos transportes e comunicações, e se “a cidade é [ainda] um correlato da estrada” (Deleuze e Guattari, 1972; 551), depois da supressão das distâncias pela aceleração da viagem ou na comunicação instantânea que revolucionaram o século XX, a convergência tecnológica estimula a coalescência entre elementos. É neste campo que os drones, por exemplo, se têm constituído como uma das faces mais visíveis de um embate que se espera polémico: tanto projeteis como veículos, também “máquinas de visão”5 e de registo, simultaneamente comercializados ao nível militar e civil, está ainda por perceber a forma como irão incidir sobre as cidades. É também neste momento, em que se lança uma espécie de monitorização geral decorrente da rastreabilidade da informação (que alcança todos, do indivíduo comum às megaestruturas), que se agudizam debates em torno da propriedade, do espaço público e do destino do privado. A trama adensa-se ainda com a miniaturização de objetos, que se infiltram nos espaços e nos corpos pelas nano- 4 Trata-se aqui de perceber a “realidade cinética da Modernidade enquanto mobilização” (Sloterdijk, 1989: 27).