Rev. BrasiL BioL, 45(4): 489 - 497 Novembro, 1985 - Rio de Janeiro, RJ

MIRIDEOS NEOTROPICAIS, CCLVII: REVISAO DE ALGUMAS ESPECIES DESCRITAS POR 0. M. REUTER E CORRECOES TAXONOMICAS () JOSt C. M. CARVALHO* Museu Nacional, Rio de Janeiro (Com 6 figuras)

RESUMO Este trabalho COnsta da revisko de esp6cies descritas anteriormente por0. M. Reuter (Hemiptera, ), bem como propostas de novas esp6cies, como segue: Ambracius capucinus Reuter, 1905, Venezuela; Carmelus tennuicomis (Reuter, 1905), Venezuela; Ceratocapsuspilosus Reuter, 1905, Venezuela; Derophthalma irrorata (Lethierry, 1881), Guadalupe; Derophthalma jamaicensis nsp., Jamaica; Derophthalma azteca nsp., Mexico; Derophthalma nebulosa (Reuter, 1905), Venezuela; Falconiodes concolor Reuter, 1905, Venezuela; Monalocorisca conspurcata Reuter, 1913, Brasil Neostenotus bipunctatus Reuter, 1905, Venezuela; Pycnoderes albicornis Reuter, 1905, Venezuela; Caulotops distanti (Reuter, 1905), Venezuela. Algumas mudancas taxon6micas sAo propostas e seis esp~cies ilustradas. Palavras-chave: Mirideos Neotropicais, reviseo, corresbes, taxon6micas. ABSTRACT Neotropical Miridae, CCLVII: revision of some species described by 0. M. Reuter and taxonomical corrections (Hemiptera) This paperdeals with the revisionofprevious works in the familyMiridae, Hemiptera, as well as, proposal of new species, as follows: Ambracius capucinus Reuter, 1905, Venezuela; Carmelus tennuicornis (Reuter, 1905), Venezuela; Ceratocapsus pilosis Reuter, 1905, Venezuela; Derophthalma irrorata (Lethierry, 1881), Guadalupe; Derophthalma jamaicensis n.sp., Jamaica; Derophthalma azteca nsp., Mexico; Derophthalma nebulosa (Reuter, 1905), Venezuela; Falconiodes concolor Reuter, 1905, Venezuela; Monalocorisca conspurcata Reuter, 1913, Brasil; Neostenotus bipunctatus Reuter, 1905, Venezuela; Pycnoderes albicornis Reuter, 1905, Venezuela; Caulotops distanti (Reuter, 1905), Venezuela. Some taxonomical changes are proposed and six species illustrated.

Recebido em 4 de dezembro de 1984. Aceito em 20 de junho de 1985. Distribuido em 30 de novembro de 1985. * Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvol- vimento Cientifico e Tecnolfgico (CNPq). 490 CARVALHO

INTRODUVAO cente entre o meio do disco e os Angulos umerais, area dos calos com quatro manchas lutescentes Graqas a gentileza dos colegas Nils M. separadas uma da outra por linhas pretas, brilhan- Andersen, Museu Zool6gico da Universidade, tes; escutelo castanho-escuro. Copenhague e Antti Janson, Museu Zool6gico da Hemi~litros cinamoros, traslucidos, sutura Universidade, Helsinki o autor p6de examinar os claval castanho-escura, margem externa do emb6- tipos de algumas esp~cies neotr6picas descritas por lio e do cu'neo fmamente negras, membrana fusca, 0. M. Reuter, coligidas na Venezuela, Mbxico e nervuras negras. Brasil. Lado inferior e pernas castanho a castanho- Com essa revislo de tipos algumas modifi- escuro, peritrema ostiolar e rostro pAlidos. ca96es taxonbmicas sio apontadas no presente Corpo densamente pubescente, ptlos recur- trabalho. vos, Area anterior aos cals proerinente, avan- Os desenhos que constam no texto ske de 9ando sobre o vertice, rostro alcancando as coxas autoria de Paulo Roberto Nascimento e Maria Lilia medianas, pronoto e escutelo pontuados, hemi-litro Gomide da Silva, sob a supervis~e do autor. rugoso-pontuado, cuneoifiuito mais longoque largo na base, ar6olas e nervuras da memrana alon- Ambracius capucinus Reuter, 1905 ,gadas. Macho: desconhecido. Ambrocius capucinus Reuter, 1905:30, Fig. 13; Exemplar estudado: femea, Caracas, Mei- Ambracius capucinus Carvalho, 1957:38. nert, type,Ambrociuscapucinus nsp. 0. M. Reuter (Fig. 1) det. , depositado no Museu de Zoologia da Univer- sidade, "Universitetsparken", Copenhague. P o hol6tipo da esp6cie. At6 que exemplares machos sejam reconhe- cidos como dessa esp~cie ela deveri ser mantida. Embora muite pr6xima deAmbracius dufori Stal, 1860 dele se diferencia pelas manchas lutescentes do pronoto. A' Carmelus tennuicornis (Reuter, 1905) Paranias tennuicornis Reuter, 1905:32, Fig. 14; Fig. 1 -Ambraciuscapucinus Reuter, 1905, femea, Carmelus tennuicornis Carvalho, 1952: 52 holotipo. (Fig. 2 ) Caracterizadopelacoloraraogeraldocorpoe Caracterizada pela coloraAo do corpo e dimensoes. pelas suas dimensies. Femea: comprimento 4,6 mm, largura 1,7 Fimea: comprimento 3,8 mm, largura 1,4 mm. Cabera: comprimento 0,1 mm, largura 0,7 mm. Cabera: comprimento 0,2 mm, largura 0,7 mm, v6rtice 0,34 mm. Antena: segmento 1, com- mm, v6rtice 0,38 mm. Antena: segmento I, cor- primento 0,2 mm; II, 1,3 mm; III e IV mutilados. primento 0,5 mm; II, 1,3 mm; III, 1,0 mm; IV Pronoto: comprimento 0,8 mm, largura na base 1,4 mutilado. Pronoto: comprimento 0,8 mm, largura mm. Czxneo: comprimento0,80 mm, largura nabase na base 1,2 mm. Caineo: comprimento 0,34 mm, 0,28 mm (holotipo). largura na base 0,30 mm (holktipo). Colorajao geral cinamomo, translucida, com Colora9ao geral palido-amarelada com Areas areas pretas e lutescentes; cabeca lutescente com castanhas; cabega e pronoto pAlidg-amarelados, uma mancha circularpreta(tendo em seu meio a cor olhos e &ngulos umerais castanhos, antena palida, lutescente), brilhante olhos e antenas castanho- segmentos I e III napor9&o apical iqegros, escutelo, escuros. base e Apice do clavo, mancha ao lado do apice Pronoto castanho-escuro, com faixa lutes- claval e da comissura corial, bem come ar6olas da MIRiDEOS NEOTROPICAIS, CCLVII -491

m-embrana castanhos; membrana palida, translu- Macho: desconhecido. cida alem da porcAo areolar. Exemplar estudado: famea, holotipo, Cara- Lado inferior castanho, fendas coxais e cas, 22.VI.91, Parantias tennuicornis 0. M. pernas palido-amareladas. Reuter, type, depositado no Museu de Hist6ria Corpo glabro, pronoto fortemente pontuado, Natural da Universidade, "Universitetsparken", area anterior aos calos de largura aproximada a Copenhague. largura de um olho, calos transversos, confluentes, Diferencia-se das demais especies do g6nero com linha de pontua9oes anterior e posteriormente, pela colora9go do hemielitro. emb6lio muito largo no meio, afilado para a extre- midade apical, rostro alcancando as coxas media- nas. Ceratocapsus pilosus Reuter, 1905 Ceratocapsus pilosus Reuter, 1905:34 Caracterizada pela colora9&o da antena, pela colorailo geral do corpo e pela pubesc6ncia. Fimea: comprimento 3,8 mm, largura 1,6 mm. Cabefa: comprimento 0,2 mm, largura 0,7 mm, vertice 0,36 mm. Antena: segmento L com- primento 0,4 mm; II, 1,0 mm; III, 0,6 mm; IV, 0,5 mm. Pronoto: comprimento 0,6 nun, largura na base 1,2 mm. Cuneo: comprimento 0,56 mm, largura na base 0,40 mm (paralect6pico). Coloragao geral castanha; olhos e regiAo anterior do pronoto castanho-escuros, antena com extremo apice dos segmentos I e II e segmentos III e IV avermelhados, embolio mais pAlido que o conio, membrana fusca. Lado inferior castanho, metapleura e peritre- ma ostiolar mais claros, pernas pilido-amareladas. Corpo chagren, revestido de pelos longos, visivelmente erectos no pronoto, clavo e base do c6rio, segmento I da antena engrossado, segmentos III e IV mais grossos que o- II, revestidos de pelos curtos, vertice marginado, tibias tamb(m com pelos curtos. Macho: desconhecido. Exemplar estudado: fmea, 25.VI.91, M (Meinert), Ceratocapsus pilosus n.sp; 0. M. Reuter det depositado no Museu Zoologico da Universidade, "Universitetsparken", Copenhague. Esse exemplar e o segund6 mencionado por Reuter em sua descri9&o original, sendo aqui considerado o paralect6tipo da especie, jA que o lectotipo foi designado porCarvalho, Fontes e Henry, 1983:26. Esse exemplar encontra-se no Museu Zoologico da Universidade, Helsinki como spec. typ. No 10032. Fig. 2 - Carnelus tennuicornis (Reuter, 1905), As dimens~es coincidem, havendo apenas diferen- ftmea, hol6tipo. gas de pouca monta. 492 CARVALHO

Derophthalma irrorata (Lethierry, 1881) anotado os seguintesdados: "GneroDerophthaIma Berg, segnento I da antena e cuneo avermeihados, Poeciloscytus (Charagochilus) irroratus segmento II negro napor9Ao apical, margemposte- Lethierry, 1881:10; ror do disco do pronoto, Apice do escutelo e apice Derophthalma irrorata Carvalho, 1959:81. do corio pAlidos, fXmur posterior negro na extre- midade apical com dois aneis negros no meio, No Catilogodos MMdeosdoMundo, volume especie pequena, Mandevile". IV:81 o autor tratou corretamente esta especie no Os exemplares com o nome de irrorata genero Derophthalma Berg, 1883. Houve porem Reuter no Museum Zoologicum Universitatis um lapso ao considerar as especies Cyrtocapsidea (Helsinki), com rotulos manuscritos de 0. M. irrorata Reuter, 1907, proveniente de Jamaica e Reuter sAo: 1 femea, Bilimek, Orizaba, 5 Mai e 1 Cyrtocapsidea nebulosa Reuter, 1905, de Caracas, macho, Rio Beni Bolivia, Balzan, 1891, Mus. Civ. Venezuela, como smonnimas de irrorata (Lethierry). Genova 0 primeiro representa uma especie nova geogrifico (insular- lIha Pelo seu isolamento (azteca n.sp.) e o segundo e um exemplar de de Guadalupe), a especie de Lethierry devera se Derophthalma reuteri Berg, 1883. constituir como uma especie bem definidadentrodo No Museu de Historia Natural de Viena, gbnero. Das localidades geograficas citadas apenas existem tamb~m exemplares fbmeas, rotulados a referencia a Ilha de Guadalupe e acertada. como Cyrtocapsidea irrorata Reuter, provenientes Ao rever espocies do genero presentes em de Orizaba, Bilimek, 5 Mai e Bilimek, Mexico, cole96es diversas Carvalho & Gomes, 1980:118 Esses exemplares pertencem a serie descrita (Jamaica) 1871. mantiveram apenas irrorata Reuter por Reuter. Esse autor considerou os exemplares da como sinbnimo de irrorata (Lethierry) com a Jamaica (Madeville) como pertencentes a mesma seguinte justificativa: "Ate que possa ser efetuado espzcie. Todos eles pertencem a azteca n.sp., Reuter e um estudo critico dos tipos de nebulosa descrita a seguir (vide Carvaho, 1980:646). irrorata Reuter, preferiu-se manter a sinonimia Carvalho & Gomes, 1980:124 comentam: (com a especie de Lethierry), mesmo porque, sob a "A esp6cie descritaporReuter 1907:a, proveniente condi9Ao de hombnimada especie de Lethierry, nAo da Jamaica, como irrorata, hom6nima da especie comr esse nome". Presente- poderia ser mantida de Lethierry, e considerada por n6s, como sinonima mente, com o conhecimento dos tipos de Reuter de nebulosa (Reuter) atW que os respectivos tipos (irrorafa e nebulosa), tudo faz crer que a especie sejaam reestudados. Ambas am o apice do escutelo, (Lethierry, 1881) e dife- Derophthalma irrorata estreita faixa na margem posterior do disco do 1907 e rente de Derophthalma irrorata Reuter, pronoto e fermures, na base, pilido-amarelados". assim deverA ser mantida. Nio cabe pois a sinommia de irrorata (Reuter) corn irrorata (Lethierry). Devido a homo- Derophthalma jamaicensis n.sp nimia entre as duas especies, o exemplar macho, descrito como Cyrtocapsidea irrorata Reuter, de Cyrtocapsidea irrorata Reuter, 1907:9 n.preoc. Mandeville, Jamaica, 6tratado neste trabalho como por Derophthalma irrorata (Letfhierry, 1881); Derophthalma jamaicensis n.sp. e continuara id. Cyrtocapsidea irrorata Van Duzee, 1907:32; como hol6tipo da nova especie. id. Reuter 1912:34; Derophthalma irrorata Carvalho & Gomes, 1980 nec Lethierry, id. Carvalho, 1980: 645. Derophthalma azteca nsp. Como ja foi mencionado esta especie foi Derophthalma irrorata Carvaiho & Gomes, erroneamente considerada sin6nima de irrorata 1980:116 nec Lethierry, figs. 39, 61 e 82. (Lethierry) no CatAlogo dos Mindeos do Mundo, volume IV:81 e repetido o mesmo engano por A descrigAo apresentada pelos autores acima Carvalho & Gomes, 1980:116 na revisao do genero devera ser consideradavalidaparaazteca (Experin- Derophthalma Berg. tiae, 26(5): 116-117,1980). Verificadas a identi- = 0 tipo de Cyrtocapsidea irrorata Reuter, dade de irrorata (Lethierry) e irrorata (Reuter 1907 foi localizado pelo autor na Academia de jamaicensis n.sp.), surge a necessidade da descri- Ciencias da California, San Francisco, tendo sido rao de uma terceira especie. MIRIDEOS NEOTROPICAIS, CCLVII 493

Hol6tipo: mracho, MtXICO, Chiapas, 4,4 abaixo do inseto. Indicacio semeihante acha-se mi N Bochil, 1 7.VIII.67, H. R. Burke e J. Hafernik, debaixo de Monalocorisca conspurcata Reuter na colecAo do Museu Nacional de Historia Natural originaria doBrasil (Rio de Janeiro). Ele representa dos Estados Unidos daAmerica, Washington, D.C. uma femeadeDerophthalma neotropica (Carvalho Pardtipos: macho, 31 mi SE Comitan, Chis. Mex. & Gomes, 1980. Os exemplares de Helsinki (Me- VI-18, 19-65, H. R Burke, J. R Meyer, J. C. xico e Brasil) possuem o segmento II da antena Schaffner, fmea, Mexico, Chiapas, 12 mi n. palido na por9Ao basal (exceto anel negro subbasal) Ococoautl*, July 10, 1971, Clark, Murray, Hart, e outras caracteristicas morfologicas que muito os Schaffner, f~mea, Catemaco, V. C. Mex. ca Playa aproxima, motivo da sinonimia ent~o estabelecida. Azul, VI.8.1965, Burke, Meyer, Schaffner, femea, A especie Derophthalma nebulosa (Reuter, Mexico, Veracruz, 17 mi n. Fortin, June 30, 1971, 1905) deve assim ser mantida com sua identidade Clark, Murray, Hart, Schaffner. Outros exemplares propria e excluida dela a sinonimia com mencionados :na Revisio do genero Derophthalma Derophthalma irrorata (Reuter, 1907) que neste Berg (Carvaho & Gomes, 1980:117), distribuidos trabalho passa a receber o nome de Derophthalma por outras coleqoes e com o r6tulo de irrorata jamaicensis n.nov. Lethierry nAo deverAo ser considerados como park- tipos da especie. Falconiodes concolor Reuter, 1905 Aproxima-se de Derophthalma reuteri Berg, (Fig. 3 ) diferenciando-se pela distincia entre a margem anterior do olho e o apice do clipeormaior que o Falconiodes concolor Reuter, 1905-:34 diAmetro transversal medianodo olho (1,4:1 ) e pelo espiculo, da v6sica afilado e curvo na porgo apical, Caracterizada pela coloracio do corpo. bem como pela area anterior do gonoporo nao Femea: comprirento 3,3 mm, largura 1,1 serreado na margem. mm. Cabepa: comprimento 0,4 mm, largura 0,6 O nome especifico e alusivo ao povo Azteca mm, vertice 0,32 mnm Antena: segnento 1, com- que ocupou grande parte do territorio mexicano. prinmento 0,6 mm; IL 0,9 mm; HI, 0,5 mm; IV mutilado. Pronoto: comprimento 0,6 mm, largura Derophthalma nebulosa (Reuter, 1905) na base 0,9 mm. Cuneo: comprirento 0,40 mm, largura na base 0,20 mm (holotipo). Cyrtocapsidea nebulosa Reuter, 1905:26, fig. 11; Derophthalma nebulosa Carvalho, 1952:94; Co1oragio geral palido-amarelada; olhos, id. Carvalho & Gomes, 1980:122, figs. 16, 42, segmentos II e III da antena negros, segmento I 50,65,86. enfuscado na extremidade apical, sutura claval enfuscada (mais acentuadamente na extremidade O autor cometeu um engano ao sinonimizar apical). esta especie com irrorata (Reuter, 1907), tendo o Lado inferiorpalido, regiio lateral do pronoto mesmo lapso sido repetido em 1980. (Carvalho & com faixa lateral longitudinal fusca. Gomes) com aobserva9ao: "Caberia um estudodos Corpo revestido de pelos curtos e finos, tipos dessas duas esp~cies, a fim de que sejam pontuado, olhos removidos do pronotopordistAncia definidas definitivamente suas identidades. 0 holo- equivalente a grossura do segmento I da antena, tipo de nebulosa acha-se em Helsinki". disco reintrante na margem posterior (em frente ao Houve tambem a afirmativa de que a especie: escutelo), segmento II da antena corn pelos mais "aproxima-se bastante de Derophthalma irrorata longos ou tio longos quanto agrossura do segmento, (Lethierry)" baseando-se noporte e pela morfologia cilindrico, embolio notadamente largo, reflexo, da genitalia do macho (neste caso a genitalia de levemente convexo na regiso mediana, tibias com irrorata (Reuter). pelos curtos. Recentemente foi venrficado que o verdadeiro Macho: desconhecido. hol6tipo da especie acha-se no Museum Zoologi- Exemplar estudado: ftmea, hol6tipo, Cara- cum, Universitetsparken, Copenhague, e que o cas, 6/10/91, type, Falconiodes concolor n. sp. 0. exemplar de Helsinki, com o rotulo manuscrito de M. Reuterdet, nacolevio doMuseu de Zoologiada Reuter, nio traz a indicaqAo escrita de localidade Universidade, Helsinki mas simplesmente um pequeno retingulo verde Difere das demais espzcies descritas nesse 494 CARVALHO

g:nero pela colora9Ao palida, praticamente uni- outros exemplares: um com o r6tulo de Monalo- color. corisca conspurcata (manuscrito de Reuter), outro sem rotulo e um terceiro com apenas o rotulo Monalocorisca. Esses tres exemplares pertencem ao g~nero Tropidosteptes Uhler, 1878. A especie ocorre nos Estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Minmas Gerais.

Neostenotus Reuter, 1905 Neostenotus Reuter, 1905:21, Fig. 10; id. Carvalho & Gomes, 1972:85. Alda Reuter, 1909:4 (nov. sinonimia); id. Carvalho & Gomes, 1972:85.

Por um lapso, desses que nao podem ter explicasao facil, o genero de Reuter descrito em 1905 foi colocado na sinonimia do outro descrito em 1909. A lei da prioridade e regra comesinha entre os sistematas. Portanto, sonoscabe retificA-lo aqui lembrando queNeostenotus Reuter, 1905 tem prioridade sobre Alda Reuter, 1909 e portanto devera ser mantido como valido e com precedencia sobre o segundo. A sinonimiaentre ambos e correta. As especies incluidas em Alda Reuter ate o presente, deverio ter a seguinte designarAo: ,/Neostenotus bahianus (Carvalho, 1976) INeostenotusbifasciatus (Carvalho & Fontes, 1972) ,/Neostenotus bipunctatus (Reuter, 1905) / Neostenotus bocainus (Carvalho & Fontes, 1972) ; ;,A* I Neostenotus ecuatorianus (Carvalho & Gomes, 1969) \I> vNeostenotusfuscipennis (Reuter, 1909) Neostenotus juruenus (Carvalho & Fontes, Fig. 3 -Falconiodes concolor Reuter, 1905, femea, 1972) holotipo. Neostenotus paulistanus (Carvalho & Fon- tes, 1972) Neostenotus pechinchanus (Carvalho & Monalocorisca conspurcata Reuter, 1913 Gomes, 1969) Neostenotus planaltinus (Carvalho & Fon- Monalocorisca conspurcata Reuter, 1913:63; id. Carvalho, 1975:454; figs. 1. tes, 1972) 7-1 Neostenotus rzflnervis (Reuter, 1908)

Esta especie foi descrita por Reuter de I Neostenotus, exemplar femea proveniente do Brasil, coligido por bipunctatus Reuter, 1905 J. F. Sahlberg e depositado no Museu de Helsinki. Neostenotus bipunctatus Reuter, 1905:22 0 exemplar com o rotulo manuscrito de Reuter nAo 4) possui todavia indica9&o de localidade e traz apenas (Fig. um pequeno retAngulo verde (indicarAo de material Caracterizada pelacoloraAo da area anterior coligido por Sahlberg). Junto a ele acham-se tres do pronoto e pelas suas dimensbes. MIRfDEOS NEOTROPICAIS, CCLVII 495

Femea: comprimento 5,6 mm, largura 2,0. muito curtos, rostro alcancando o segmento VI do Cabepa: comprimento 0,2 mm, largura 0,9 mm, abdome. vertice 0,36 mm. Antena: segmento I, comprimento Macho: desconhecido. 1,0 mm; II, 2,0 mm, III, 1,2 mm; IV, 0,8 mm. Exemplar estudado: femea, Caracas Pronoto: comprimento 0,6 mm, largura na base 1,6 (VENEZUELA), Meinert, type, Neostenotus mm. Cfineo: comprimento0,80 mm, larguranabase bipunctatus nsp. 0. M. Reuter det, holotipo, 0,48 mm (holotipo). depositado no Museude Zoologia da Universidade, "Universitetsparken", Copenhague. Enquanto nao forem encontrados exemplares machos dessa especie tornse dificil uma com- parasao com Neostenotus fuscipennis (Reuter, 1909) da qual muito aproxima. Pycnoderes albicornis Reuter, 1905 PyCnoderes(Arsinotus)albicornisReutter, 1905:5, fig 2. (Fig. 5)

Fig. 4 - Neostenotus bipunctatus Reuter, 1905, femea, holotipo. l 4 Fig. 5 - Pycnoderes albicornis Reuter, 1905, femea. Coloraqio geral castanho-clara; olhos cas- lectotipo. tanho-escuros, duas manchas arredondadas em frente aos calos e Apice do cuneo pretos, antena Caracterizadapelacoloraqodoemb6lio e do palida com segmento II negro na extremidade cuneo, bem como pela-morfologia do pronoto. apical, membrana fusca, regiio mediana do corio Fe6mea: comprimento 2,3 mm, largura 1,1 levemente mais escura. mm. Cabea: comprimento 0,14 mm, largura 0,52 Lado inferior castanho, faixa lateral da mm, vertice 0,26 mm. Antena: segmentos mutila- cabeqa, lados do mesoesterno e metapleura negros, dos. Pronoto: comprimento0,7 mm, larguranabase pernas palidas. 1,0 mm. Ctineo: comprimento 0,34 mm, largura na Corpo densamente piloso, olhos arredonda- base 0,30 mm (Lect6tipo). dos, contiguos ao pronoto, este ultimo e o hemielitro Colora9Ao geral castanho-escura a preta com finamente pontuados, p~bos da antena e das tibias areas branco-leitosas; antena palido-amarelada, 496 CARVALHO

olhos castanhos, emb6lio, com grande mancha Macho: desconhecido. basal, alongada, nao ultrapassando a sutura Exemplar estudado: fmea, La Moka, type, emb6lio-corial e outra pequena, arredondada, Pyconoderes (Arsinotus) albicornis Reuter, 1905, subapical (ocupando apenas a area do emb6lio), aqui designado como lect6tipo, depositado no juntamente com o cineobranco leitosos; membrana Museu Zool6gico da Universidade, "Universitets- fusca, arbolas negras. parken", Copenhague. Lado inferior preto na regiAo esternal, cas- Reuter menciona a exist~ncia de dois exer- tanho no abdome, coxas e pernas pilidas. plares. As antenas nAo est~io mais presentes no Corpo com pubescencia curta, hemielitros exemplar estudado, sendo a cor citada aqui aquela com pruinosidade prateada, pronoto e escutelo mencionada por esse autor. fortemente pontuados, disco inteiro, convexo, escu- Difere das demais esp6cies pela colorag&o do telo parcialmente coberto, emb6lio largo, levemrente emb6lio e do cuneo. arredondado no meio, pelos da area anterior aos calos e do escutelo convergentes, rostro invisivel Caulotops distanti (Reuter, 1905) devido o exemplar estar colado a um cartXo. Eurycipitia distand Reuter, 1905:4; Caulotops distant Reuter, 1908:155; Caulotops rufoscutellatus Carvalho, 1948:530, figs.; id. Carvalho, 1954:424. (Fig. 6) Caracterizada pela colora;Ao e dimensoes. Ftmea: comprimento 3,4 mm, largura 1,5 mm. Cabera: comprimento 0,2 mm, largura 1,0 mm, v~rtice 0,60 mm Antena: segmento I, com- primento 0,4 mm 11. 0,5 mm; HIL 0,4 mm; IV, 0,4 mm. Pronoto: comprimento 0,5 mm, largura na base 1,2 mm. Ciineo: comprimento 0,40 mm, largura na base 0,34 mnm (hol6tipo). ColoraqAo geral castanho-lutescente a cas- tanho-avermelhada, segments II-IV da antena (exceto base do HI) negros, hemielitros com ten- dancia ao negro-azulado, mais claro dos lados, membrana fusca, nervura negra. Corpo revestido de pubesctncia pAlida, ver- tice tio largo quanto o comprimento do segmento II da antena, pronoto e hemielitro levemente pontua- dos, pernas curtas e grossas, rostro alcaniando o apice do mesoesterno. Macho: desconhecido. Exemplar eshudado: Caracas, d. 22 Julii, Eurycipitia distanti 0. M. Reuter det, holotipo, Museu de Zoologia da Universidade; "Universi- tetsparken", Copenhague. Em 1954 sinonimizei minha especie Caulo- tops rufoscutellatus Carvalho, 1948 comr Caulo- ops distanti Reuter, baseado na coloraqAo e nas caracteristicas gerais de ambas. Sendooholotipoda especie de Reuter um exemplar fZmea, at que se- possa conseguir exemplares machos da mesma Fig. 6 - Caulotops distanti Reuter, 1905, femea, localidade, essa sinonimia nao deixa de ser mantida holotipo. em duvida. Nesse genero existe grande convergen- MIRIDEOS NEOTROPICAIS, CCLVII 47 cia entre as femeas das varias esp6cies e s6 um CARVALHO, J. C. M., 1975, Mirideos Neotropicais, estudo da genitalia do macho (muito caracteristica CXCIIL Sobre algumas esp~cies que ocorrem ns caatingas brasileiras (Hemiptera). Rev. Brasil. em nivel especifico) poderA elucidar definitiva- BioL, 35(3): 451-459, 17 figs. mente a questAo. CARVALHO, J. C. M., 1980, Analecta Miridologica, Reuter (1908) ao descrever Caulotops III: Observations on type specimens in the Natural cyanneipennis menciona: "Hujus generis species History Museum ofWien and Genova(Hemiptera, est etiam Eurycipida Rout e Venezuela". Miridae). Rev. Brasil BioL, 40(4): 643-647. CARVALHO, J. C. M. & GOMES, L. P., 1972, Mirf- deos Neotropicais, CXLI: Genero Alda Reuter, REFERfiNCIAS BIBLIOGRAFICAS com describes de novas esp~cies (Hemiptera). Rev. BrasiL Biol, 32(1): 85-96, 35 figs. BERG, C., 1883, Addenda et emendanda ad Hemiptera CARVALHO, J. C. M. & GOMES, I. P., 1980, Minf- Argentina (2) An. Soc. Ci. Arg., 16:5-32, 73-87, deos Neotropicais, CCXVIII: Revisio do genero 105-125, 180-191, 231-241, 285-294. Derophthalma Berg, 1883 (Hemiptera). Ex- CARVALHO, J. C. M., 1948, Mirldeos Neotropicais, perentiae, 26(5): 93-146, 96 figs. XXXV: Generos Corcovadocola ngen., Guana- CARVALHO, J. C. M., FONTES, A. V. & HENRY, T. barea ngen. e Caulotops Bergroth (Hemiptera). J., 1983, Taxonlkny of the South American Rev. Brasil. Biol., 8(4): 525-533, figs. Species of Ceratocapsus, with descriptions of 45 CARVALHO, J. C. M., 1952, On the major classifica- new species (Hemiptera, Miridae). U.S. Dept. tion of the Miridae (Hemiptera), with keys to the Agr., Tech. Bull. 1676:58 p., 174 figs. subfamilies and tribes and a Catalogue ofthe world LETHIERRY, L, 1881, Liste de H6miptbres recueillis genera. An. Acad BrasiL Ci., 24(1): 31-110, 48 par M. Delauney A Guadeloupe, La Martinique et figs. Saint-Barthalemy. Ann Soc. Ent Belg., 25:1-12. CARVALHO, J. C. M., 1954, Neotropical Miridae, REUTER, 0. M., 1905, Capsidae in Venezuela a Fr. LXXVII; Miscelaneous observations in some Meinert collectae enumeratae novaeque species European Museums (Hemiptera). An. Acad descriptae. Ofv. F. Vet Soc. Forh, 47(19): 39 p. Brasil Ci, 26(3-4): 423-427. REUTER, 0. M., 1907, Capsidae novae in insula CARVALHO, J. C. M., 1957, Catilogo dos Mindeos do Jamaicamense Aprilis 1906 aD. E. P. Van Duzee Mundo, Parte I, subfamilias Cylapinae, Deraeo- collectae. Ofv. F. Vet. Soc. Forh, 49(5): 27 p. corinae, . Arq. Mus. Nac. R. Jan, REUTER, 0. M., 1908, Capsidae Mexicanae a D. XLIV: 158 p. Bilimek collectae in Museu Vindobonensi CARVALHO, J. C. M., 1959, Catllogo dos Mirideos do assevatae enumeratae. Ann Nat Hofinus. Wien, Mundo, Parte IV, subfanilia Mirinae. Arq. Mus. 22: 150-179 (1907). Nac. R Jan, LVII: 384 p.