Um baile de classe: distinção e fronteiras entre elites Joana Brito de Lima Silva Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil https://orcid.org/0000-0003-4686-2792
[email protected] Placé dans une telle situation, le paysan est conduit à intérioriser l’image de lui-même que forment les autres, lors même qu’il s’agit d’un simple stéréotype. [...] Il n’est pas exagere de prétendre que la prise de conscience de son corps est pour lui l’occasion privilégiée de la prise de conscience de la condition paysanne. [...] Donner son corps en spetacle, comme dans la danse, suppose que l’on accepte de s’extérioriser et que l’on ait conscience satisfait de l’image de soi qu’on livre à autrui. (Pierre Bourdieu)1 Se um baile não é feito apenas de dança, música, anfitriões e con- vidados, o que mais esta combinação pode revelar? Numa primeira 1. “Colocado em tal situação, o camponês é conduzido a interiorizar a imagem dele mesmo que formam os outros, mesmo que se trate de um simples estereótipo. [...] Não é exagero indicar que a tomada de consciência de seu corpo é para ele a ocasião privilegiada de tomar consciência da condição campestre. [...] Entregar seu corpo ao espetáculo, como na dança, supõe que ele aceite se exteriorizar e que tenha consciência da imagem de si deixada por conta de outrem” (BOURDIEU, 2002, p. 117 – tradução minha). Revista de Ciências Sociais. Fortaleza, v. 50, n. 3, nov. 2019/fev. 2020, p. 469–524. DOI: 10.36517/rcs.50.3.a02 470 Distinção e fronteiras entre elites visada, sobressaem-se esses aspectos descritivos, mas um olhar socio- lógico pode ver, no baile, algo além de um mero encontro de pessoas com afinidades, dispostas num salão qualquer, espaçoso o bastante para a execução de passos dançantes.