Dissertação O Cinema De Ingmar Bergman Gritos E Sussurros.Pdf
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE BELAS ARTES Hellen Silvia Marques Gonçalves O cinema de Ingmar Bergman: A construção dos elementos estilísticos e existencialistas em Gritos e Sussurros Belo Horizonte 2020 1 Hellen Silvia Marques Gonçalves O cinema de Ingmar Bergman: A construção dos elementos estilísticos e existencialistas em Gritos e Sussurros Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Artes. Área de concentração: Cinema. Orientador: Prof. Dr. Leonardo Álvares Vidigal. Belo Horizonte Escola de Belas Artes da UFMG 2020 2 3 4 Dedicada à memória de Silvio Alves Gonçalves. 5 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, meu primeiro agradecimento. À minha mãe, Maria Tereza, por ser esta mulher extremamente forte, que sempre cuidou de mim e por me instigar à busca pelo conhecimento. A meu pai, Silvio (in memorian), apenas queria dizer que minha saudade é infinita, que sempre vou te agradecer por ter me ensinado a perder o medo da vida e por acreditar que eu ocuparia este lugar um dia. Agradeço também, ao meu irmão Ramon, à minha tia Maria Aparecida, à minha madrinha Marília e aos meus primos, Jéssica e Diogo, por me fazerem feliz nos dias mais improváveis. É muito importante ser grato, reconhecer os bons momentos e as pessoas que passam por nossas vidas. Agradeço imensamente aos meus amigos Cássio, Ludymila, Iolanda, Ângela e Caio, especialmente a Ana Beatriz, Brenda e Janaína pelo apoio incondicional, por sempre apontarem meus erros e minha qualidades, sempre me incentivando a ver as coisas boas que estão a minha frente. E como já dizia Drummond: “Precisa-se de um amigo que faça a vida valer a pena, não porque a vida é bela, mas por já se ter um amigo. Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo. Precisa-se de um amigo para ter-se a consciência de que ainda se vive”. Existem muitas formas de ver e ouvir um filme, a problematização do olhar já era do meu conhecimento, mas a do ouvir era completamente desconhecida. Assim, agradeço ao meu orientador, Leonardo Álvares Vidigal, por me ensinar a ouvir um filme, por todo aprendizado obtido, pela paciência, pelos conselhos e pela orientação dedicada e competente. Um agradecimento especial ao Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, a todos os professores que participaram da minha formação e por terem me proporcionado um ensinamento de qualidade. Agradeço também aos professores do Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa por terem me instruído a procura do conhecimento crítico, por enxergar a sociedade de outra maneira e por terem contribuído para a minha trajetória, principalmente a Karla Denise Martins, que tanto incentivou o início deste projeto e a minha entrada na pós- graduação. Aos membros da banca, as professoras Ana Lúcia Menezes de Andrade e Úrsula de Almeida Rösele, agradeço por terem aceitado a fazer parte deste trabalho, pelas observações subsequentes e de grande enriquecimento para a análise. 6 Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento da pesquisa, a todos aqueles que implementaram políticas públicas e que lutam por uma educação pública e de qualidade. 7 “Era difícil distinguir entre o que eu fantasiava e o que era considerado real. Se me esforçasse, podia fazer com que a realidade se conservasse real, mas lá havia, por exemplo, fantasmas e espectros. O que fazer com eles? E as histórias, eram reais? Deus e os anjos? Jesus Cristo? Adão e Eva? O Dilúvio? Como era mesmo o caso de Abraão e Isaac? Ele realmente tinha a intenção de cortar a garganta do filho? Eu olhava excitado para as gravuras de Doré e me identificava com Isaac, era algo real: o pai está prestes a cortar a garganta de Ingmar, imagine o que acontecerá se o anjo chegar atrasado. Eles vão chorar. O sangue escorre e Ingmar está pálido. Realidade. Então chegou o cinematógrafo. ” (Ingmar Bergman). 8 RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo analisar a construção de elementos estilísticos visuais e sonoros de um exemplar da extensa obra cinematográfica de Ingmar Bergman, aproximando- os da teoria existencialista, buscando compreender como o cineasta realiza uma discussão sobre determinados conceitos filosóficos por meio de suas personagens, da narrativa empregada e da interação entre imagem e som. Para tanto, o recorte do trabalho estabeleceu como fonte primária o filme Gritos e Sussurros (1972), dado que seu conteúdo se caracteriza pelo retorno da aproximação do cineasta sueco ao existencialismo elaborado por Søren Kierkegaard, tornando- se um índice de exceção da predominância do existencialismo agnóstico que perdurou por quase vinte anos na filmografia bergmaniana, no período de 1963 a 1981. Primeiramente, procurou- se discutir alguns pressupostos de Marc Ferro para empreender uma análise sobre a mentalidade sueca, na qual estava impregnado o diretor, de acordo com o que foi buscado e evidenciado em sua cinematografia, salientando a influência da tradição romântica sueca e eslava, na literatura e pintura. Nesse sentido, foram explicitadas algumas coordenadas conceituais referentes às imagens pictóricas, à trilha sonora e aos fundamentos existencialistas. Logo, a partir da investigação dos elementos estilísticos abordados por Bergman, abriu-se uma cadeia de possibilidades que corroboram paralelos com a filosofia kierkegaardiana, demonstrando como as personagens se situam nos estádios do caminho da vida expostos pelo filósofo dinamarquês. Palavras-chave: Artes, Cinema, Estilo, Ingmar Bergman, Existencialismo. 9 ABSTRACT This research aims to analyze the creation of the audio and visual stylistic elements from a sample of the extensive cinematographic work of Ingmar Bergman, approaching them to the existentialist theory, seeking to understand how the filmmaker discusses certain philosophic concepts through his characters and narratives, and the interaction between image and audio. In order to do so, the scientific clipping established as the primary font was the movie Cries and Whispers (1972), considering that this work is distinguished by the return of the proximity between the swedish filmmaker and the existentialism of Søren Kierkegaard, becoming an exception amid the agnostic existentialism that prevailed during almost twenty years in bergman's filmography, between 1963 and 1981. Firstly the premises of Marc Ferro were discussed to analyze the swedish mentality, that permeated the director accordingly to what was pursued and applied in his cinematography, enhancing the influence of romantic swedish and slavic tradition, in literature and painting. In this regard, pictoric images, the soundtrack, conceptual coordinates and the existentialist foundations of the movie were analyzed. Therefore, from researching the stylistic elements brought up by Bergman, a chain of possibilities that relate his work to kierkegaardian philosophy, displaying how the characters stand in the stages of the life path exposed by the danish philosopher. Key-words: Art, Cinema, Style, Ingmar Bergman, Existentialism. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Fotograma de Agnes e Anna fazendo uma alusão simbólica a obra Pietà (1499), de Michelangelo. Fonte: Gritos e Sussurros (1972).......................................................................59 Figura 02: Michelangelo, Pietà. 1498-99, mármore, altura 174 cm, base 195 cm, São Pedro, Roma.........................................................................................................................................60 Figura 03: Michelangelo, A Embriaguez de Noé na abóbada da Capela Sistina, 1508-12, afrescos, Museu do Vaticano, Roma..........................................................................................61 Figura 04: Digitalização da foto anatômica do hemitórax direito: (a) gradeado costal com as costelas seccionadas, (b) área cardíaca (contorno direito do coração), (c) diafragma, (d) seio costofrênico. Fonte: BARRETO, Gilson; OLIVEIRA, Marcelo G. A Arte Secreta de Michelangelo: Uma Lição de Anatomia na Capela Sistina. São Paulo: Arx, 2004. p. 189.............................................................................................................................................62 Figura 05: Digitalização da parte da inferior da Pietà de Michelangelo. Fonte: Secreta de Michelangelo: Uma Lição de Anatomia na Capela Sistina. São Paulo: Arx, 2004. p. 189.............................................................................................................................................62 Figura 06: Digitalização de parte da A Embriaguez de Noé de Michelangelo. Fonte: Fonte: BARRETO, Gilson; OLIVEIRA, Marcelo G. A Arte Secreta de Michelangelo: Uma Lição de Anatomia na Capela Sistina. São Paulo: Arx, 2004. p. 97..........................................................63 Figura 07: Digitalização da foto anatômica do hemitórax direito. Fonte: Fonte: BARRETO, Gilson; OLIVEIRA, Marcelo G. A Arte Secreta de Michelangelo: Uma Lição de Anatomia na Capela Sistina. São Paulo: Arx, 2004. p. 97..........................................................................63 Figura 08: Fotograma do primeiro close-up de Maria. Fonte: Gritos e Sussurros (1972)........................................................................................................................................99 Figura 09: Fotograma do último close-up de Maria. Fonte: Gritos