Personalidade Da Comunicação Social Em Porto Alegre: Padre Landel De Moura1
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Personalidade da comunicação social em Porto Alegre: Padre Landel de Moura1 Dra. ARAUJO, Margarete Panerai. PMPA, RS 2 Bel. CACHAFEIRO, Manolo Silveiro. PMPA, RS3 Bel. VILLELA, Deborah Pilla. PMPA, RS4 Resumo: Este artigo pretende mostrar a relevância do Padre Landel de Moura, no eixo da inovação, tecnologia e comunicação para a cidade de Porto Alegre. Reúne alguns dados históricos e conceituais destacando a importância de tamanha personalidade frente às categorias propostas. A metodologia se remete a uma proposta de pesquisa descritiva-histórica agregando temas da atualidade e da interdisciplinaridade da comunicação. Pode-se considerar que o resgate histórico permite consolidar a representatividade do cientista, inventor do “transmissor de ondas”, na cidade colaborando no processo de globalização da informação para a sociedade brasileira, institucionalizando o espírito empreendedor e inovador, que ofereceu o seu conhecimento para um grande salto rumo a um mundo diferente. Palavras chaves: Comunicação; Cientista; Inovação; Padre Landell de Moura; Porto Alegre. Introdução Nos dias de hoje, através da ênfase aos estudos de comunicação globalizada a proposta é avançar no debate reflexivo de resgate histórico sobre uma personalidade portalegrense, que foi formador de conhecimento e inovação na sociedade 1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Sonora, integrante do 9º Encontro Nacional de História da Mídia, 2013. 2 Pós-doutorado em Comunicação Social (UMESP), doutorado em Comunicação Social (PUCRS). Professora-pesquisadora atualmente está vinculada ao Gabinete Inovação e Tecnologia (Inovapoa/GP) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – RS. E-mail: [email protected]. 3 Bacharel e licenciado em História (UFRGS), acadêmico do Curso de Museologia (UFRGS), Assistente Técnico do Gabinete de Inovação e Tecnologia (Inovapoa/GP) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – RS. E-mail: [email protected]. 4 Bacharel em Administração com ênfase em sistema de informação, Coordenadora Geral do Gabinete de Inovação e Tecnologia (Inovapoa/GP) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – RS. E-mail: [email protected]. contemporânea, porto-alegrense no início do século XX, sem perder de vista as especificidades, que viveu o cientista Padre Landel de Moura. Segundo Muller (1997), a globalização, bem como, a comunicação vem desencadeando um movimento denominado de competição, e que Nobre e Amazonas (2002) chamam de fetiche do crescimento econômico. Castells (2002) complementa que esse objeto em constituição, nesse momento atual está baseado nas mudanças, no rumo das estruturas descentralizadas, bem como, nas redes em organizações econômicas, sociais e institucionais, nos centros de inovação e informação e em todas as novas articulações frente à dinâmica local e mundial. Parte desse movimento apoia-se, ainda hoje, na comunicação e suas influências, confundem-se com a própria vida. Nesse contexto, o objetivo do artigo é apresentar, um quadro parcial, sobre a história da comunicação, identificando alguns conceitos de inovação relacionados à atual “globalização da comunicação”, que envolve a vida e obra do padre Landel de Moura. As questões metodológicas, norteadoras desse artigo, estão vinculadas ao que Demo (2002) denominou de conceito de complexidade aplicado à realidade e ao conhecimento. Em especial, de um lado, tem-se o real (ontologia) e, de outro, a possibilidade de captar essa realidade no viés da historiografia, considerada dinâmica e não linear (epistemologia). Nesse sentido, a partir de leituras, pesquisas e demais estudos, inclusive os empíricos, identificando e analisando o contexto chamado de moderno, de forma parcial, passou-se a descrever a vida de uma figura ilustre na sociedade porto-alegrense. Demo (1995), ainda apresenta que sempre é válida uma cautela metodológica, uma vez que, os próprios argumentos estão repletos de contextos prévios. Convém lembrar, que o conhecimento e sua divulgação são sempre uma tradução e reconstrução do mundo exterior. E, ao abordar fatos históricos buscou-se uma visão da realidade e sua captação científica, bem como, um teor lógico e bibliográfico voltado para a chamada compreensão da modernidade do início do século passado. Assim, correlacionar fatos históricos nesse artigo é uma necessidade epistemológica, para integrar os conhecimentos passados e a sua capacidade de contextualizar o momento. O artigo está dividido em três partes: a primeira destaca algumas teorias da comunicação nos primórdios do século XX, seguida por um resgate parcial, que traz luz sobre a vida do cientista Padre Landel de Moura e, por fim, o fio condutor que justifica esse histórico. Uma rápida viagem pela comunicação Tendo em vista, os temas centrais desse estudo, de resgate histórico apontam-se a interdisciplinaridade das teorias da comunicação na construção dos conceitos e a dialógica do conhecimento, que envolve essa abordagem historiográfica. A noção de comunicação recobre uma multiplicidade de sentidos, e, portanto, ao longo da construção desse conhecimento, têm-se diferentes disciplinas, como a Sociologia, Filosofia, História, Geografia, Etnologia, Economia, Ciências Políticas, Biologia, Cibernética, entre outras. Mattelart (1999) procurou dar conta da pluralidade e dispersão desse campo de observação científica e dessa forma, longe de designar escolas, ele contrapõe teorias que, ao lado de Wolf (1985), e Silva (2001) foram utilizadas como referência, pois colaboram na descrição parcial do conjunto de concepções da ciência da comunicação, necessárias ao enquadramento deste trabalho. A comunicação tornou comum a informação, que é um processo social, pressupondo uma bidirecionalidade (retorna como emissor para o receptor), e o receptor passa a ser emissor. Nesse sentido, Mauro Wolf (1985) afirmou que, quando se pensa na história da comunicação, pensa-se na história da humanidade, pois comunicação é a própria linguagem. E, o que caracteriza a linguagem é o ser humano, o único capaz de criar uma referência e um referencial, e também criar símbolos e os meios de comunicação. No período dos séculos XVII e XVIII, a Revolução Burguesa, ligada ao processo de urbanização, proclamou que a utilidade da Ciência e da Filosofia eram dar ao homem o conhecimento e o domínio da natureza, bem como, da sociedade, a partir da comunicação. Esta noção englobou também, o final do século XIX, cujo princípio teórico, projetado no núcleo da ideologia e do progresso, inspirou uma das primeiras concepções de uma ciência da comunicação. O sentimento de modernidade marcado pela revolução industrial assistiu à necessidade de conquistar outras regiões, como solução para absorver os produtos das metrópoles, e as guerras, entre as potências aceleraram, e modificaram o desenvolvimento global. Wolf (1985) e Mattelart (1999) sintetizaram alguns momentos teóricos significativos e esse pensamento foi internacionalizado pela comunicação. Ou seja, notou-se que o fim do século XIX e o início do século XX foram promissores, pois as mudanças sociais desencadearam muitas inovações para a época. No Brasil as produções cinematográficas sobre temas políticos, o direito feminino ao trabalho, os romances nacionais, denunciavam que a cultura brasileira começava a se configurar como cultura das massas. Convém lembrar, que anos de 1910 o Brasil, imitava a Europa e com a popularização da mídia, dos meios de transporte como os bondes urbanos elétricos incentivam o processo de industrialização de forma mais acelerada. Período dominado pelos movimentos desencadeou uma importante fase de formação da cultura urbana. Essa cultura de massa que se formava começava a interferir nas manifestações particulares, regionais e de classe. Historicamente, conforme Hohlfeldt, Martino, França (2001), a teoria hipodérmica coincidiu com o período entre guerras mundiais e com a difusão em larga escala das comunicações de massa. Nesse momento, o conceito de sociedade de massa foi fundamental para a compreensão da teoria hipodérmica, também chamada de teoria da propaganda e sobre a propaganda. Assim notou-se a busca de repostas: Quem? Diz o quê? Através de que canal? A quem? Com que efeito?. A partir da obtenção das respostas para tais perguntas, a mensagem era considerada como completa. A teoria segundo Wolf (1985) apareceu e se consolidou especialmente nos anos 20 e 30, chamando a atenção para os fatores retóricos e psicológicos, que eram utilizados, sendo esse modelo comunicativo associado à escola behaviorista, ou seja, o paradigma psicológico do comportamento. Já no desenvolvimento da teoria de abordagem empírico-experimental ou da persuasão aconteceu o abandono da teoria hipodérmica. E as novas teorias, baseadas nos estudos psicológicos, desenvolveram-se só nos anos 40 e sua contemporaneidade tornou difícil uma diferenciação nítida do contributo de cada uma delas, conforme Araujo e Rossi (2008). Também a teoria funcionalista fez uma abordagem global dos meios de comunicação de massa em seu conjunto nesse período inicial. Nesse sentido, acentuou a explicação das funções exercidas pelo sistema de comunicação de massa e concentrou- se nos problemas da manipulação, para passar aos da persuasão. Mesclada com a anterior à teoria sociológica estrutural funcionalista, salientou a ação social (e não o comportamento), em sua adesão aos modelos e valores interiorizados e institucionalizados. No funcionalismo o sistema social, em sua globalidade, foi entendido como um organismo, cujas diferentes partes desempenham funções de integração e de manutenção do sistema.