Vetores Da Doença De Chagas No Brasil
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Vetores da Doença de Chagas no Brasil Cleber Galvão (org.) SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros GALVÃO, C., org. Vetores da doença de chagas no Brasil [online]. Curitiba: Sociedade Brasileira de Zoologia, 2014, 289 p. Zoologia: guias e manuais de identificação series. ISBN 978-85-98203-09-6. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this chapter, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste capítulo, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de este capítulo, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported. GUIAS E MANUAIS DE IDENTIFICAÇÃO Vetores da Doença de Chagas no Brasil Cleber Galvão (Organizador) Vetores da doença de Chagas no Brasil Cleber Galvão (Organizador) GUIAS E MANUAIS DE IDENTIFICAÇÃO Curitiba, 2014 Organizador Sociedade Brasileira de Zoologia (SBZ) Cleber Galvão Departamento de Zoologia, UFPR [email protected] Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba/PR Autores [email protected] pg 288 (41) 3266.6823 Fundação Oswaldo Cruz Coordenação Instituto Oswaldo Cruz. Rosana Moreira da Rocha Av. Brasil, 4365 [email protected] Manguinhos Sionei Ricardo Bonatto CEP 21040-900 - Rio de Janeiro/RJ [email protected] Projeto Gráfico e-Book / ilustração capa Trillo Comunicação e Design www.agenciatrillo.com.br [email protected] A elaboração desse livro foi beneficiada pelo apoio financeiro do: • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); • Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ); • Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde; • Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz; • Sociedade Brasileira de Zoologia (SBZ). Universidade Federal do Paraná Sistema de Bibliotecas ISBN 978-85-98203-09-6 Vetores da doença de chagas no Brasil [recurso eletrônico] / Cleber Galvão (organizador). – Curitiba : Sociedade Brasileira de Zoologia, 2014. 1 recurso eletrônico ; (289 p.) – (Série Zoologia : guias e manuais de identificação / Sociedade Brasileira de Zoologia) Modo de acesso: World Wide Web. URL: http://books.scielo.org/id/mw58j 1. Chagas, Doença de. 2. Inseto como transmissor de doenças. 3. Tripanossoma cruzi. 4. Livros eletrônicos. I. Galvão, Cleber, org. II. Rocha, Dayse S., org. III. Junberg, José, org. IV. Sociedade Brasileira de Zoologia. Série Zoologia : guias e manuais de identificação. CDD (20. ed.) 616.9363 Sumário 1. Introdução 5 Recipiente primário 215 Histórico 5 Embalagem secundária externa rígida 216 A doença de Chagas 7 Marcação e etiquetagem da 2. Histórico do controle da transmissão embalagem secundária 217 vetorial e situação epidemiológica atual 10 Preenchimento da documentação 218 Introdução 10 11. Ecologia dos vetores 220 O controle da transmissão vetorial Ecossistemas habitados pelos vetores 220 e sua história 11 Ecótopos dos vetores 222 As respostas ao controle 16 O processo de domiciliação dos A situação epidemiológica atual 17 triatomíneos 224 O futuro: novos desafios 25 O uso adequado de termos e conceitos 228 3. Sistemática e evolução dos vetores 26 Fauna associada 230 Noções de nomenclatura zoológica 30 Indicadores entomológicos 231 Sistemática tradicional x Sistemática Trabalho de campo voltado para filogenética 31 a pesquisa científica 232 4. Morfologia externa dos adultos 33 Aspectos ecoepidemiológicos dos vetores 234 5. Morfologia dos ovos e ninfas 40 12. Coleção Taxonômica 236 Morfologia dos ovos 45 Introdução 236 Diferenças entre ninfas e adultos 47 Coleções Entomológicas 236 6. Biologia e Comportamento 64 Coleção de Triatomíneos. 237 A seleção do habitat 65 Lista dos 111 tipos depositados na Busca e localização do hospedeiro 66 Coleção de Triatomíneos do Instituto Alimentação 68 Oswaldo Cruz (CT-IOC) 239 A comunicação entre indivíduos 69 13. Técnicas moleculares aplicadas A organização temporal do comportamento 70 à sistemática e ao controle vetorial 241 Manipulação do comportamento 71 Teoria Evolucionista de Darwin Conclusões 73 e a Genética Mendeliana 241 7. Reservatórios do Trypanosoma cruzi Introdução à sistemática molecular 243 e sua relação com os vetores 75 Isoenzimas 244 Ordem Marsupialia 78 Técnicas que utilizam como base Ordem Xenarthra 79 a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) 245 Ordem Rodentia 80 RAPD 247 Ordem Primata 82 PCR-RFLP 248 Ordem Carnivora 84 Microssatélites 249 Ordem Chiroptera 85 Sequenciamento de DNA 252 Ordem Artiodactyla 86 Projeto Genoma versus Custo 8. Vetores conhecidos no Brasil 88 do Sequenciamento 258 9. Chaves de identificação para adultos 171 Desenvolvimento de um estudo 10. Procedimentos de captura, em sistemática molecular de triatomíneos 259 montagem, conservação e envio 209 Glossário 261 Insetos mortos 209 Literatura Citada 266 Insetos vivos 211 Sugestões de leitura 284 Captura da amostra e identificação 211 Dedicatória e Agradecimentos 287 Transporte 213 Endereços dos autores 288 1.Introdução (Cleber Galvão & José Jurberg) “Tivemos informações da existência ali do hematófago, denominado Barbeiro pelos naturais da zona, que habita os domicílios humanos, atacando o homem à noite... ” “De regra, é o hematófago visto em maior abundância nas habitações pobres, nas choupanas de paredes não rebocadas e cobertas de capim.” (Carlos Chagas, 1909) Histórico O primeiro triatomíneo foi descrito formalmente em 1773 por De Geer, como Cimex rubrofasciatus (Figura 1.1). Posteriormente a espécie foi transferida para o gênero Triatoma passando a ser chamada Triatoma rubrofasciata. O contato dos seres humanos com esses insetos, entretanto, é bastante anterior à descrição de De Geer. O primeiro relato conhecido sobre o aspecto e os hábitos de um triatomíneo data de 1590 e foi feito pelo padre Reginaldo de Lizárraga, quando fazia uma viagem de inspeção a conventos do Peru e Chile: “esses insetos que têm medo da luz mas que, tão logo chega à escuridão, vêm das paredes ou se deixam cair do teto sobre o rosto ou a cabeça dos que dormem”. Darwin em sua célebre viagem pela América do Sul a bordo do “Beagle” também teve a oportunidade de ob- servar esses insetos na Argentina, fazendo o seguinte relato: “Um que eu peguei em Iquique, (eles são encontrados no Chile e Peru,) estava muito vazio. Quando colocado em uma mesa e cercado por pessoas, se um dedo fosse apresentado, o inseto corajoso projetava seu aparelho sugador imediatamente e, se permitido, sugava sangue. Nenhuma dor era causada pela ferida. Era curioso observar seu corpo durante o ato de sugar, como em menos de dez minutos mudava de plano de uma bolacha para uma forma globular ...”. Muitos outros Figura 1.1: Macho de Triatoma viajantes e naturalistas também fizeram referências a esses inse- rubrofasciata (De Geer, 1773) a tos, já mencionando sua presença nos domicílios e sua voracidade primeira espécie formalmente descrita (como Cimex (Darwin 1871, Lent & Wygodzinsky 1979, Galvão 2003). rubrofasciatus). Voltar ao Sumário 6 Introdução Em 1907, o médico brasileiro Carlos Chagas viajou a pedido do sanitarista Oswaldo Cruz para o norte do Estado de Minas Gerais para controlar um surto de malária que acometia os operários da Estrada de Ferro Central do Brasil. O jovem médico, de 28 anos, deslocou-se então para a região de Lassance. Decorrido um ano de sua presença na região, após controlar o surto de malária, Chagas “conheceu” um inseto hematófago vulgarmente chamado de “barbeiro” que lhe foi “apresenta- do” por Cantarino Mota, o chefe da comissão de engenheiros. Alertado para a presença desses insetos no interior das habitações humanas da região, resolveu investigar a possibilidade de eles transmitirem algum parasito ao ser humano, já que além da malária, encontrou quadros de difícil interpretação, pois a população se queixava de incômodo “baticum” e apresentava arritmias, sinais de insuficiência cardíaca, sendo a morte súbita inexplicável. Examinando os “barbeiros” encontrou flagelados em seu intestino, acreditando tratarem-se de formas de Trypanosoma minasense, que infectava saguis da região. Enviou alguns barbeiros para Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, para que fossem alimentados em saguis (Callithrix penicillata) livres de infecção. Após algumas semanas vol- tou ao Rio de Janeiro verificando se tratar de um novoTrypanosoma no sangue de um dos animais. Em homenagem ao seu mestre, denominou-o Schizotrypanum cruzi, nome posteriormente trocado para Trypanosoma cruzi. Retornou então para Minas Gerais para tentar identificar o hospedeiro vertebrado do parasito. Após numerosos exames de sangue humano negativos, encontrou um gato infectado. Cerca de 30 dias após, voltou à casa onde havia encontrado o animal infectado e encontrou uma menina febril e nela encontrou formas circulantes do T. cruzi (Coutinho & Dias 1999). Entre 1909 e 1912, Chagas descreveu uma nova enfermidade, seu agente etiológico, seus re- servatórios naturais e seu transmissor, fato inédito na medicina mundial até os dias de hoje, e um marco na história, já que a descoberta foi feita na sequência inversa do que é usual, pois a desco- berta das doenças geralmente antecede a de seus agentes causais. A descoberta de Chagas lhe valeu em 1912 o prêmio Schaudinn, concedido pelo Instituto de Moléstias Tropicais de Hamburgo, Alemanha (Chagas Filho 1968, 1993). Durante mais de um século, desde a primeira descrição