Amaryllidaceae S.S.E Alliaceae S.S.No Nordeste Brasileiro
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AMARYLLIDACEAE S.S. E ALLIACEAE S.S. NO NORDESTE BRASILEIRO1 Anderson Alves-Araújo2, Julie Henriette Antoinette Dutilh3 & Marccus Alves4 RESUMO (Amaryllidaceae s.s. e Alliaceae s.s. no Nordeste Brasileiro) O presente levantamento de Amaryllidaceae s.s. e Alliaceae s.s. no Nordeste do Brasil registrou 22 espécies. Amaryllidaceae está representada por 20 espécies e quatro gêneros: Griffinia (8 spp.), Habranthus (6), Hippeastrum (5) e Hymenocallis (1 spp.); e Alliaceae por duas espécies de Nothoscordum. São apresentadas chaves de identificação, descrições, ilustrações e dados sobre o habitat e distribuição geográfica das espécies no Nordeste. Palavras-chave: monocotiledôneas, taxonomia, florística, Caatinga, Mata Atlântica. ABSTRACT (Amaryllidaceae s.s. and Alliaceae s.s. in Notheastern Brazil) The present survey of the Brazil northeastern Amaryllidaceae s.s. and Alliaceae s.s. has recorded 22 species. Amaryllidaceae is represented by 20 species and four genera: Griffinia (8 spp.), Habranthus (6), Hippeastrum (5), and Hymenocallis (1); and Alliaceae by two Nothoscordum spp. Identification keys, descriptions and illustrations are provided, alongside with habitat and distribution data in the Northeastern Brazil. Key words: monocots, taxonomy, floristics, plant survey, Caatinga, Atlantic Rain Forest. INTRODUÇÃO três centros de diversidade principais: América A proximidade filogenética entre do Sul, sul da África e região do Mediterrâneo Amaryllidaceae e Alliaceae já foi motivo de (Meerow 2004). No Brasil, ocorrem discussão. Traub (1963) posicionou Alliaceae aproximadamente 15 gêneros e cerca de 150 como subfamília (Allioideae) de Amaryllidaceae, espécies. Cerca de 30 foram inicialmente enquanto Cronquist (1981) reuniu ambas as citadas para a Região Nordeste (Dutilh 2003), famílias, juntamente com Alstroemeriaceae, número reduzido para 19 táxons (Dutilh 2006) Asparagaceae, Hiacynthaceae e Hypoxidaceae, devido, principalmente, ao elevado número dentre outras, no grande táxon Liliaceae s.l. de sinônimos. Segundo APG II (2003), Amaryllidaceae s.s., O presente trabalho visa caracterizar juntamente com Alliaceae s.s. e Agapanthaceae, morfologicamente as espécies de Amaryllidaceae está subordinada à Alliaceae s.l.; mostrando s.s. e Alliaceae s.s. nativas do Nordeste brasileiro, que os três táxons são monofiléticos, e bem como fornecer dados sobre sua distribuição proximamente relacionados. geográfica, ambientes de ocorrência e breves Alliaceae s.s. inclui entre 12 e 15 gêneros comentários fenológicos. e cerca de 600 espécies, estando amplamente distribuída no globo. No neotrópico, a família MATERIAL E MÉTODOS está representada por três gêneros e A Região Nordeste do Brasil ocupa uma aproximadamente 20 espécies (Meerow 2004), área de cerca de 1.600.000 km2, com clima das quais apenas duas de Nothoscordum quente, predominando o semi-árido, variando ocorrem no Nordeste brasileiro (Ravenna de tropical semi-úmido a úmido (IBGE 1977), 1991, 2002). Amaryllidaceae s.s. é constituída e incluindo diversos tipos vegetacionais. Para por cerca de 60 gêneros e 850 espécies, melhor entendimento do complexo vegetacional, possuindo ampla distribuição geográfica, com segue-se Coutinho (2006), onde as áreas visitadas Artigo recebido em 02/2008. Aceito para publicação em 01/2009. 1Parte da dissertação do primeiro autor. 2Curso de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – PPGBV, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco, 50670-901, Recife, PE, Brasil. [email protected] 3Departamento de Botânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil. 4Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco, 50670-901, Recife, PE, Brasil. 312 Alves-Araújo, A., Dutilh, J. H. A. & Alves, M. distribuem-se pelos zonobiomas: Litobioma II, complementadas com dados bibliográficos. A Psamobioma I e Zonobiomas I e II. terminologia morfológica seguiu a proposta por Foram realizadas coletas durante o Font Quer (1989), Harris & Harris (1994), período de outubro/2004 a junho/2006, ao longo Meerow & Snijman (1998) e Dutilh (2005). de diferentes formações vegetacionais nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, RESULTADOS E DISCUSSÃO Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Foram registradas, para o nordeste do Norte e Sergipe. Os “vouchers” foram Brasil, 20 espécies nativas pertencentes a depositados no Herbário UFP e duplicatas quatro gêneros de Amaryllidaceae s.s., bem doadas a herbários do Brasil e do exterior. como duas espécies de Nothoscordum Amostras coletadas em estádio vegetativo (Alliaceae s.s.). Optou-se por tratar as foram transportadas à casa de vegetação do espécies Griffinia ilheusiana Ravenna como Centro de Ciências Biológicas – CCB/UFPE sinônimo de G. intermedia e G. mucurina e e mantidas sob cultivo para acompanhamento G. paubrasilica como sinônimos de G. do florescimento das mesmas. espiritensis, seguindo o sugerido por Preuss Foram consultadas as coleções botânicas & Meerow (2001a). Griffinia aracensis dos herbários ASE, BHCB, BOTU, CEPEC, Ravenna consta como táxon provavelmente EAC, HUEFS, IPA, JPB, K, MAC, MBM, NY, ocorrente no leste da Bahia. Contudo, este PEUFR, R, RB, SPF, TEPB, UEC, UFP, dado resume-se à suposta distribuição da UPCB, US (siglas de acordo com Holmgren espécie a partir de dados bibliográficos (Preuss & Holmgren (2006)), Herbário Sérgio Tavares 1999). Tampouco “vouchers” disponíveis da (HST) e Herbário do Trópico Semi-Árido referida espécie foram detectados nas (TSAH). As identificações foram realizadas coleções consultadas. com auxílio de chaves de identificação e os Adicionalmente, ainda dentre as espécies dados ecológicos obtidos a partir das relacionadas por Dutilh (2006) estão observações de campo e das etiquetas de Cearanthes fuscoviolacea Ravenna e herbário. Mapas de distribuição geográfica Crinum americanum L., que não foram foram confeccionados a partir do incluídos no presente trabalho devido à georreferenciamento das áreas visitadas, dos inacessibilidade ao material herborizado e não dados de herbário e de referências terem sido encontradas durante as expedições bibliográficas. de campo. Ravenna (2000a) descreve A maioria das medidas foram obtidas a Cearanthes fuscoviolacea como espécie partir de exemplares frescos, a exceção de próxima à Griffinia, tendo sido coletada no Griffinia espiritensis var. bahiana e estado do Ceará, porém o material indicado Hymenocallis littoralis as quais foram obtidas pelo autor como depositado no RB, não foi a partir de espécimes sob condições de cultivo; localizado. Já Crinum americanum, embora e para Hippeastrum solandriflorum, as quais referida como nativa do estado de São Paulo foram tomadas exclusivamente a partir de (Dutilh 2005), está incluída na listagem de exsicatas, pois a espécie não foi encontrada plantas nordestinas devido à ampla distribuição no campo. O tamanho das flores refere-se ao do gênero na América do Sul. Porém, a própria somatório das medidas do comprimento do autora ressalta a importância da realização de hipanto e da tépala de maior dimensão. As uma análise mais criteriosa. espécies não encontradas no campo e com As espécies estudadas ocorrem em áreas baixa representatividade nas coleções costeiras – Psamobioma I (Hymenocallis consultadas estão apresentadas sob a forma littoralis Salisb.); Mata Atlântica – Zonobioma de diagnoses e incluídas na chave de I (Griffinia alba, G. espiritensis Ravenna var. identificação a partir de informações bahiana, G. itambensis, G. intermedia e G. Rodriguésia 60 (2): 311-331. 2009 Amaryllidaceae s.s. e Alliaceae s.s. no Nordeste 313 parviflora (muitas das espécies de G. subg. relacionada ao gradiente de umidade, tendo Griffinia são localmente conhecidas como sido coletada e registrada em todos os Carícia), Hippeastrum puniceum; na Caatinga zonobiomas acima citados além dos Litobiomas – Zonobioma II (Griffinia gardneriana, II. As espécies de Habranthus foram Habranthus bahiensis, H. datensis, H. aff. encontradas em solos rasos de afloramentos itaobinus, Hippeastrum glaucescens, H. rochosos – litobiomas II (H. itaobinus) e em reticulatum, H. solandriflorum, Nothoscordum solos profundos de caatinga de areia ou bahiense e N. pernambucanum); e Cerrado argilosos - zonobioma II (H. itaobinus, H. – Piro-peinobioma II (Griffinia nocturna e robustus, H. sylvaticus). Os representantes Hippeastrum solandriflorum). Hippeastrum deste gênero são localmente conhecidos como stylosum (cebola-brava, cebola-de-cobra) lírios-de-chuva por florescerem após o início apresentou a maior abrangência de habitats das chuvas nas áreas mais secas do nordeste. Chave de identificação das espécies de Alliaceae s.s. e Amaryllidaceae s.s. ocorrentes no Nordeste brasileiro 1. Ovário súpero ............................................................................... Nothoscordum (Alliaceae) 2. Estilete ca. 3 mm compr., 1 óvulo/lóculo ................................................ 22. N. bahiense 2’. Estilete 4–5 mm compr., 2 óvulos/lóculo ................................... 10. N. pernambucanum 1’. Ovário ínfero .................................................................................................... Amaryllidaceae 3. Inflorescência uniflora. 4. Brácteas da inflorescência livres, hipanto > 7 cm compr., estigma trilobado (Fig. 5c) .............................................................................. 7. Hippeastrum solandriflorum 4’. Brácteas da inflorescência em parte fusionadas, hipanto < 30 mm compr., estigma trilobado a trífido (Fig. 4l) .....................................................................