UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – Unb INSTITUTO DE ARTES – Ida
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB INSTITUTO DE ARTES – IdA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS YURI FIDELIS SOUZA DONAS MEDEIA DEGENERADA: UM PERCURSO ENTRE A TRAGÉDIA E O TERROR BRASÍLIA - DF 2019 YURI FIDELIS SOUZA DONAS MEDEIA DEGENERADA: UM PERCURSO ENTRE A TRAGÉDIA E O TERROR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade de Brasília na linha de pesquisa Processos Composicionais para a Cena como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Artes Cênicas. Orientadora: Profa. Dra. Sulian Vieira Pacheco. BRASÍLIA - DF 2019 2 FICHA CATALOGRÁFICA Fidelis, Yuri FF451m Medeia Degenerada: Um percurso entre a Tragédia e o Terror / Yuri Fidelis; orientador Sulian Vieira Pacheco. - Brasília, 2019. 236 p. Tese (Doutorado - Mestrado em Artes Cênicas) -- Universidade de Brasília, 2019. 1. Tragédia. 2. Terror. 3. Medeia. 4. Cinema. 5. Violência. I. Vieira Pacheco, Sulian , orient. II. Título. 3 YURI FIDELIS SOUZA DONAS MEDEIA DEGENERADA: UM PERCURSO ENTRE A TRAGÉDIA E O TERROR CINEMATOGRÁFICO Relatório final, apresentado à Universidade de Brasília – UnB, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre. Brasília, 10 de setembro de 2019. 4 BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Profa. Dra. Sulian Vieira Pacheco. ________________________________________ Membro interno: Profa. Dra. Felicia Carneiro Johansson. ________________________________________ Membro externo: Profa. Dra. Laura Loguercio Cánepa. ________________________________________ Membro suplente: Profa. Dra. Alice Stefânia Curi. 5 àqueles que brincam de ter, fazer, trazer e chamar medo àqueles que trazem pra cena destinos trágicos AGRADECIMENTOS Agradeço Às minhas avós que reverencio por todo o caminho, vocês são saudades que me abraçam; minha orientadora, Sulian Vieira Pacheco, por sua curiosidade, atenção, confiança, fé e disposição em me ouvir, ensaiar e estar comigo; Matheus Avlis, decisivamente um compositor de sons de pesadelos e que espero que nossa parceria seja cada vez mais firme, Felicia Johansson, pela confiança em dividir seus saberes e dúvidas artísticas comigo; Laura Cánepa, cuja escuta sensível das minhas questões me levou a conhecer as yuurei, Jana, amor em presença cujo sorriso e riso me assistiram a trajetória, te conhecer é presente, minha família, onde encontro amor na dúvida, humor no desespero e diárias doses de carinho, Pedro Ribeiro, seu sorriso é certeza de chegança em lugar seguro e bonito Larissa, que se esmerou em conceber a luz dessa minha viagem entre gêneros e se dispôs a ver um pouco de terror, Gabriel, que topou embarcar em dias de experimentação, risco e piração...por sua coragem e fé muito obrigado, Simone que me desencareta o espírito e me leva a banquetes de risos, Marcia Duarte, presença, presença, presença, sempre a me lembrar que cena é coisa de corpo, Dora, que me mostrou a diferença de sofrimento físico e sofrimento espiritual, Alice Stefânia, seu olhar atento abraça todo corpo que assiste, Agatha Bacelar, por me mostrar a singularidade do mundo grego, 6 Ana Flavia Garcia, Rosanna Viegas, Silvia Paes, Giselle Rodrigues, bruxas da cena, cada uma na sua linha de feitiçaria, As mães que deixaram segredos comigo, encarnam coragem e cantam para o medo sumir. 7 ela é terribilíssima 8 RESUMO A presente pesquisa se debruça sobre um percurso de abordagem da tragédia grega clássica Medeia de Eurípides, contaminada por saberes do terror cinematográfico. Sondando os respectivos contextos de invenção desses gêneros artísticos, dois pressupostos emergem: o desafio que ambos compartilham sobre como estetizar as violências em suas obras e o paradigma da ameaça para instauração cênica do terror. Investigando a elaboração e abordagem de algumas ameaças do cinema de terror e seus procedimentos de feitura, procura- se aproximar e justificar a abordagem cênica de Medeia enquanto ameaça em sua respectiva diegese e, portanto, propô-la como uma personagem potente para uma elaboração em performance terrorífica. Tendo o formato solo como estrutura e a análise pragmática, a exposição estética aos filmes de terror e prática artística como abordagens metodológicas, são levantadas a partir de noções de medo e caracterizações do terrível no pensamento de Schiller, Bauman, Lovecraft e Spinoza, além da contribuição aristotélica para especular elos entre o terror e a tragédia, as potências fóbicas sugeridas no texto euripidiano bem como critérios de seleção de um corpus que orientaram boa parte das escolhas estéticas do exercício cênico atrelado a essa pesquisa. Uma reflexão sobre a tendência de desumanização para atuação da ameaça, assim como de uma tendência à hiperhumanização da protagonista trágica, evidencia diferenças entre durações dessas presenças diegeticamente, metáfora e literalidade do ato violento, personagem de atmosfera e atuação em solo, flexibilização das atitudes, vantagens predatórias e inclusive o acesso, direito e relação delas com a palavra em performance. Palavras-chave: Terror. Tragédia. Medeia. Violência. Cinema. 9 ABSTRACT This research focuses on a course of approach to the classical Greek tragedy Medea of Euripides, contaminated by knowledge of cinematic terror. Probing the respective contexts of invention of these artistic genres, two assumptions emerge: the challenge they both share about how to aestheticize violence in their works, and the threat paradigm for the scenic instigation of terror. Investigating the elaboration and approach of some threats of horror cinema and its making procedures, we seek to approach and justify the scenic approach of Medea as a threat in their respective diegese and, therefore, to propose it as a potent character for an elaboration in Terrifying performance. Taking the solo format as structure and pragmatic analysis, aesthetic exposure to horror films and artistic practice as methodological approaches, are raised from notions of fear and characterizations of the terrible in the thinking of Schiller, Bauman, Lovecraft and Spinoza, as well as Aristotelian contribution to speculate links between terror and tragedy, the phobic powers suggested in the Euripidian text as well as criteria for selecting a corpus that guided much of the aesthetic choices of scenic exercise linked to this research. A reflection on the tendency of dehumanization to act the threat, as well as a tendency to hyperhumanization of the tragic protagonist, shows differences between durations of these presence diegetically, metaphor and literality of the violent act, character of atmosphere and acting on the ground, flexibility of attitudes, predatory advantages and even their access, right and relationship to the word in performance. Keywords: Horror. Tragedy. Medea. Violence. Film. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13 I – Medeia, totem de um crime ............................................................................................................... 21 I TRAGÉDIA E TERROR: APROXIMAÇÕES E DISTÂNCIAS ..................... 32 1.1 AIS DE MIM ............................................................................................................................................ 32 1.2 PRECEDENTES DE MEDO NO TEATRO OCIDENTAL ............................................................. 37 1.3 TERROR E HORROR: UMA PROPOSTA DE DIFERENÇA ....................................................... 46 1.4 AS DIETAS DE MEDO ........................................................................................................................... 50 1.5 HANNIBAL ............................................................................................................................................... 57 1.6 CALIGARI E NOSFERATU: AMEAÇA COMO COMPOSIÇÃO .................................................. 61 1.8 DRÁCULA, FRANKENSTEIN E OS MONSTROS DA UNIVERSAL ......................................... 67 1.9 MEDUSA, MONSTRO EXEMPLAR ................................................................................................... 73 1.10 PARA DIONISO, EM ATENAS, CANTAM COROS ..................................................................... 93 1.11 A POÉTICA ARISTOTÉLICA: RUPTURAS E ELOS COM A CENA TERRORÍFICA ......... 98 1.12 PERIPÉCIAS, RECONHECIMENTOS E CENAS PATÉTICAS: SANGUE COLORIDO, SOM E SHOCK CUTS.................................................................................................................................... 104 1.13 MINORIA SOBREVIVENTE ........................................................................................................... 120 II MEDEIA E(M) SEUS MEDOS ......................................................................... 125 2.1 MEDEIA, UMA PEÇA DE EURÍPIDES .......................................................................................... 126 2.2 MEDEIA COMO AMEAÇA ................................................................................................................ 130 2.3 SCHILLER, TRAILERS E O TEMÍVEL .......................................................................................... 133 2.4 BAUMAN: O QUE CONTAM CORPOS .......................................................................................... 137 2.5 ABISMOS DO SENTIDO: MEDOS LOVECRAFTIANOS .......................................................... 145 2.6 FILHOS TÃO AMADOS: MEDO COMO SUCUMBIR DA ESPERANÇA .............................. 156 III MEDEIA, DE YUUREIPÍDES .......................................................................