Mídia e futebol: a construção do personagem pelas revistas Placar e ESPN na Copa de 20101

VENANCIO, Pedro (Graduado em Jornalismo pela UFMA)2 Universidade Federal do Maranhão/Maranhão FERREIRA JUNIOR, José (Doutor em Comunicação e Semiótica/PUCSP) Universidade Federal do Maranhão/Maranhão

Resumo:

Este Trabalho se propôs a estudar a construção do personagem Dunga como técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo nas edições das revistas “Placar” e “ESPN” entre os meses de março e julho de 2010. O debate entre as duas revistas se dá em torno dos conceitos de futebol-arte e futebol-resultado, cuja tradução para o campo da cultura no Brasil está colocada em trabalhos como o de José Miguei Wisnik (2008). É abordada a relação conflituosa que se constituiu entre Dunga e a mídia esportiva durante os quatro anos em que ele ocupou o cargo. Criticado duramente nesse período, ele encontrou nos resultados anteriores ao Mundial o respaldo necessário para responder de maneira cada vez mais ríspida aos ataques sofridos. Os títulos da Copa América e da Copa das Confederações fizeram com que ele conquistasse alguns defensores. O tratamento rude destinado a alguns jornalistas, aliado à escolha por um futebol que não se identifica com os valores do futebol-arte, trouxe muitos opositores ao seu trabalho. Em função da Copa do Mundo ter ocorrido em ano de eleição presidencial, há uma análise sobre o fato de Dunga ter agradado e desagradado jornalistas que declaram suas preferências políticas, como Diogo Mainardi, da Veja, e Rodrigo Viana, do blog “Escrevinhador”.

Palavras-chave: Mídia esportiva. Futebol-arte. Futebol de resultados.

1 IN T R O DU Ç Ã O

A Copa do Mundo é o cenário ideal para a construção de heróis e de vilões esportivos que são explorados em imagens e palavras pelos veículos de comunicação que cobrem o evento. Responsáveis por vitórias e derrotas, jogadores e técnicos são, indubitavelmente, os principais personagens do torneio e se tornam ídolos ou culpados pelo fracasso com a mesma velocidade em que acertam ou erram lances capitais que decidem os rumos de uma partida. A glória e a culpa são redimensionadas de acordo com a repercussão dada pela mídia aos lances. A diferença entre esses heróis e vilões (COSTA, 2008) sofre a influência fundamental

1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Impressa, integrante do VIII Encontro Nacional de História da Mídia, 2010. 2 Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão. Colunista dos sites trevela.com e olheiros.net e colaborador da revista ESPN. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUCSP. Professor Associado da Universidade Federal do Maranhão. Orientador do trabalho. de três variáveis: o resultado das partidas, o resultado do torneio e a expectativa anterior criada sobre as partidas e o torneio. Como no Brasil a expectativa é sempre o título da Copa do Mundo, qualquer resultado que não seja o título é classificado como negativo. Junto com a derrota, há a busca imediata por bodes expiatórios, personagens que sejam capazes de simbolizar e trazer respostas para um fracasso coletivo. Neste trabalho, buscamos analisar a construção do personagem Dunga como técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo, analisando a abordagem das revistas “Placar” e “ESPN” em relação ao treinador entre os meses de março e julho de 2010, quando a seleção brasileira foi eliminada do torneio. Com um discurso que prega o comprometimento acima de tudo e o resgate do amor à camisa da seleção, Dunga foi convidado para assumir a seleção brasileira depois da Copa do Mundo de 2006. Através dos bons resultados conquistados como os títulos da Copa América e da Copa das Confederações, sustentou-se no cargo até o Mundial de 2010. Ainda assim, vivia em conflito permanente com a imprensa especializada, entrando em atrito com jornalistas e sofrendo críticas pesadas. Há também um comentário sobre a postura de colunistas de veículos de mídia não especializados, sobretudo aqueles que declaravam suas preferências políticas, como Diogo Mainardi e Rodrigo Vianna, em relação às atitudes tomadas por Dunga. Afinal de contas, as eleições presidenciais foram realizadas em outubro de 2010, apenas quatro meses após a Copa do Mundo, e o futebol também fez parte desse cenário.

Dunga no comando: relação conturbada com a mídia

Durante os quase quatro anos em que foi técnico da seleção brasileira, Dunga usou frequentemente o termo “comprometimento” nas entrevistas e mostrou logo nas primeiras convocações que, para atuar na seleção com ele no comando, só o “nome” não bastaria. A prova disso é que Kaká e Gaúcho, os dois jogadores brasileiros mais badalados naquele momento, chegaram a ir para o banco de reservas no início do trabalho. As críticas da mídia esportiva sobre as escolhas de Dunga não demoraram a surgir. A afirmação de que a seleção que ele armou não jogava o “verdadeiro futebol brasileiro”, e sim um jogo “europeizado”, baseado na força física e sem muita criatividade, encontrava eco em diversos setores da imprensa. Além disso, nomes como Afonso Alves, convocado algumas vezes, eram motivos de chacota. Com o passar do tempo e as conquistas da Copa América e da Copa das Confederações, Dunga passou a revidar as críticas, dando cada vez mais respostas atravessadas aos jornalistas e acusando-os de tentar atrapalhar o trabalho da seleção brasileira. Os jornalistas não gostavam de ser criticados no ar e retrucavam. A relação entre Dunga e a crônica esportiva era cada vez mais pautada por uma espécie de rancor contínuo na qual ambos os lados se queixavam de atritos do passado e quase não se suportavam mais, como numa espécie de casamento de conveniência. O ponto alto do conflito foi após a partida entre Brasil e Costa do Marfim, em 20 de junho de 2010, pela Copa do Mundo. Na entrevista coletiva após a vitória por 3 a 1, Dunga se irritou com o repórter Alex Escobar, da Rede Globo, que estava falando no telefone celular no meio da entrevista coletiva, interpelou-o, perguntando se havia algum problema, e, diante da resposta negativa, chamou-o de “cagão”. O som foi captado pelo microfone. Após o episódio, a maioria esmagadora da crônica esportiva ficou do lado de Escobar. Dunga foi chamado de “desequilibrado” e “destemperado” em diversos programas televisivos e matérias em jornais. Depois da eliminação brasileira na Copa do Mundo, as críticas aumentaram mais ainda. A Rede Globo, que teria tido alguns pedidos de entrevistas exclusivas negados pelo treinador, pôs no ar um editorial com críticas pesadas ao trabalho do treinador, lido pelo repórter Marcos Uchôa. O comentarista Mauro Cezar Pereira, da TV ESPN Brasil, disse naquele momento que Dunga “já vai tarde”.

DUN G A E AS R E V ISTAS “PLACAR” E “ESPN”

Para que seja melhor compreendida a relação entre Dunga e a mídia brasileira no período anterior e posterior à Copa do Mundo, fez-se importante uma análise comparativa da abordagem de dois veículos de comunicação do mesmo meio. Os veículos escolhidos foram as revistas “Placar” e “ESPN”, que, por serem segmentadas e mensais, podem dedicar um número maior de páginas sobre os assuntos que escolherem.

5.1 Breve histórico das revistas “Placar” e “ESPN”

As duas revistas visam mais ou menos ao mesmo público: apreciadores de futebol em geral, de classe média, em sua grande maioria do sexo masculino. Em função da semelhança desse público, saber as diferenças entre elas é fundamental para que possam ser compreendidas as decisões sobre os temas e enfoques das reportagens. Pertencente ao grupo Abril, “Placar” foi às bancas pela primeira vez em março de 1970, passou por diversas reformulações editoriais ao longo do tempo. Grandes reportagens, a da Máfia da Loteria Esportiva, publicada em 1981, considerada por Bruno Chiarioni e Márcio Kroehn (2010), autores do livro “Onde o esporte se reinventa: histórias e bastidores dos 40 anos de Placar”, deram lugar a textos curtos, enxutos, com a maior quantidade possível de informações contidas na mensagem. Fotografias ganhavam cada vez mais destaque. Atualmente, “Placar” possui o formato de 20 x 26.5cm e uma circulação de 95.800 exemplares, atingindo cerca de 1.8 milhões de leitores em todo o país. A revista “ESPN”, por sua vez, é quase uma recém-nascida no mercado editorial brasileiro. Publicada pela editora Spring, a mesma que veicula a revista Rolling Stone, foi pela primeira vez às bancas em novembro de 2009 e é mais um produto com a marca do grupo Entertainment Sports Programming Network. A “ESPN” lançada no Brasil segue o padrão gráfico de sua “irmã” norte-americana e é veiculada no mesmo formato da Rolling Stone – 25.5 x 30cm -. E, assim como a TV ESPN Brasil, prioriza o futebol em sua cobertura, mas também dá espaço a outros esportes. Foram analisadas apenas as matérias relacionadas ao treinador da seleção brasileira publicadas entre os períodos de março e julho de 2010, para que possa ser melhor compreendida a forma como foram modificadas ou solidificadas as características do “personagem” Dunga como técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo.

Futebol-arte x Futebol de resultados

Ao longo do tempo, se constituiu uma dicotomia no futebol brasileiro, entre o futebol- arte, que visa ao espetáculo, e o futebol-força, que prioriza o resultado, ou, em outros termos, o futebol-poesia e o futebol-prosa (WISNIK, 2008). A discussão ganhou força sobretudo após a derrota da seleção brasileira em 1982, quando apresentou um estilo de jogo identificado com os valores do futebol-arte, e a vitória em 1994, quando mostrou um jogo organizado, pragmático, que buscava o resultado. Dunga, campeão mundial em 1994 foi, ao longo do tempo, construído como um representante do futebol-força, que prioriza o resultado, e não o espetáculo. Desde o jogador viril que distribuía carrinhos em campo até o técnico que constantemente entrou em confrontos com a imprensa, a imagem de um líder comprometido com a vitória só foi reforçada. O resultado, porém, nem sempre é suficiente para blindar os treinadores de julgamentos negativos e a prova disso é que, mesmo com dois títulos conquistados e o primeiro lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, Dunga foi duramente criticado na “ESPN” de março, que estampou na capa uma foto de Ronaldinho Gaúcho. A frase maior diz “Ele tem que ir”. Logo abaixo, reticências indicam que a chamada completa o sentido do título “... mas não vai. Para jogar na seleção, não basta futebol, tem que ser da “igrejinha”. Na figura, ele aparece com um gorro, o agasalho do Milan, clube que defendia na ocasião, e uma bola na cabeça, ligeiramente encoberta pela logomarca da revista. A sugestão é clara: trata-se de um “artista da bola” alguém que possa acrescentar “magia” à seleção brasileira. Mas a matéria, intitulada “Todo-Poderoso” e assinada por Caio Maia, se refere muito mais à “igrejinha”, termo usado para designar os jogadores que agradam Dunga, do que ao próprio Ronaldinho. No texto, Dunga é criticado de maneira ácida, chamado de “rancoroso” e acusado de formar um grupo baseado em “princípios que misturam igreja com exército”, como é explícito na página 56, na qual o jornalista escreve: “Para estar na Seleção Brasileira de Futebol hoje, não é nem necessário nem suficiente jogar futebol. É necessário e mais do que suficiente, comungar da fé da Igreja Dunguiana: nenhuma individualidade presta, principalmente para ter ideias fora do campo”. Na página 54, há uma critica até mesmo à participação de Dunga na Copa do Mundo de 1994: “Quando levantou a taça em 1994, Dunga não estava lá porque era o craque ou mesmo o líder da equipe. Estava lá porque, desde o primeiro momento, foi a voz do treinador dentro de campo. Aquilo que, no movimento sindical, se chama comumente de pelego”. Há também uma lista com os “fiéis” e infiéis da “igrejinha”. No primeiro grupo, destaque para , terceiro goleiro da Roma e, por isso, nome mais contestado da seleção. O segundo era encabeçado por Ronaldinho Gaúcho, que voltou a viver um bom momento na temporada 2009/10 após uma má fase que durou três anos. A intenção clara é associar a imagem de Dunga com a de um ditador inebriado pelo poder e pelos resultados, que contraria os interesses e os valores do “futebol arte” praticado no Brasil. Na “Placar” de março de 2010, que traz na capa, o técnico é criticado na coluna de Milton Neves, que tem o título “Gaúcho-10 é o Pelé-70!”, e no subtítulo faz o pedido expresso pela convocação de Ronaldinho Gaúcho, que estaria com a mesma vontade que Pelé estava de arrebentar na Copa do Mundo de 1970: “Chama ele, Dunga!”. No texto, ele reitera o pedido, dizendo que “Nenhum dos seus (do Dunga) 23 preferidos sequer passa perto de Ronaldinho Gaúcho, talento por talento”. Na edição de junho, o colunista pediria a convocação de e Paulo Henrique Ganso, eleitos como representantes do futebol-arte no país. Apesar dos pedidos de Milton Neves e diferentemente da “ESPN”, para quem os resultados anteriores mascaravam problemas da seleção, “Placar” acreditava que o time era competitivo. A revista publicou, em sua edição de abril, um texto na seção “Aquecimento”, nas páginas 24 e 25, assinado por Sérgio Xavier Filho, diretor de redação da revista, e intitulado como “Dunga, o vilão nacional”. No subtítulo, Xavier afirma que “a antipatia do técnico da seleção mascara o ótimo time que ele montou”, dizendo, no início do texto, que, por conta dessa dificuldade do técnico em se relacionar com a imprensa, nem os grandes resultados da seleção fazem com que a equipe seja elogiada. A opinião de Xavier é reforçada no trecho: “Sejamos sinceros. Dunga é um chato. Quase sempre de mau humor, com uma pedra na mão para atirar em quem passar pela frente. Dunga é como aquele cunhado sabe-tudo que a gente evita convidar para o churrasco do domingo. Por ser turrão e grosseiro, o técnico da seleção está tomando bordoada de todo lado”. No parágrafo seguinte, Xavier ironiza os “corneteiros”: “Não fosse Dunga o comandante, o Brasil jogaria mais bonito. Até o suor dos jogadores seria, por certo, mais perfumado”. O jornalista encerra o texto com o que pode ser encarado como uma resposta à matéria de “ESPN” no mês anterior: “Dunga pode ser culpado por ser do jeito que é, um problema para ele mesmo. Só não deveria ser criticado por montar uma seleção medíocre. Medíocre, francamente, não é ela, e sim a crítica”. Na página 25, há uma imagem de Dunga de costas, em preto e branco, como se estivesse olhando de soslaio para os críticos. Em sua edição de junho de 2010, mês no qual a Copa do Mundo se iniciou, “Placar” faz novamente um convite a uma reflexão sobre as críticas feitas a Dunga. Desta vez, o técnico da seleção brasileira era o personagem principal, ocupando a capa e uma matéria que figura entre as páginas 54 e 63, o que dá a entender que, para a revista, ele era o protagonista da seleção no Mundial. O título da capa, “Ame-o ou deixe-o”, era o slogan utilizado pela Ditadura Militar em seus “anos de chumbo” e remete principalmente ao processo de “militarização” pela qual passou a seleção brasileira com a imposição e o respeito de novas regras de conduta, embora sinalize também o dualismo que o técnico provoca nos torcedores. A fonte usada no título e o semblante sério e intimidador de Dunga na figura sugerem ainda mais um ambiente militar, o que é confirmado nas chamadas para a matéria. Na primeira delas, um convite à reflexão: “Antes de você decidir se malha Dunga, saiba como ele...”. Logo abaixo, quatro feitos do treinador: “Fez um pacto de sangue com o grupo”, “Liberou Luís Fabiano do Sevilla”, “Comanda o quartel-general na África do Sul” e “Vai combater o inimigo comum (e imaginário)”. A matéria principal, assinada por Ricardo Perrone e Bernardo Itri, afirma que Dunga de fato militarizou a seleção, embora não faça um juízo de valor explícito sobre essa militarização. O título “A guerra de Dunga” e o subtítulo “A principal batalha do exército verde-amarelo será na África. Conheça pactos e estratégias que moldaram um batalhão unido pelos ideais de seu comandante”. Na página 55, uma foto do treinador observando alguns bonecos armados e a postura deles em campo. O texto fala de um pacto que Dunga fez com os jogadores logo ao assumir a seleção, dizendo que quem fosse convocado, se dedicasse nos treinos e jogasse com amor à camisa iria voltar sempre, mesmo que não estivesse bem no clube onde atuasse. A promessa foi cumprida e jogadores como Doni e Julio Baptista, reservas em suas equipes, foram convocados. O treinador é descrito pelos jogadores como “disciplinador, mas aberto ao diálogo”, e os repórteres listam algumas atitudes do técnico que revelam o lado flexível dele. Duas imagens casadas com o texto ajudam a dar o tom da reportagem. Na página 56, uma foto pequena com jogadores se abraçando e a legenda “Unidos pela causa de Dunga”. Na página 57, uma imagem um pouco maior de um treino, com a legenda “Ao contrário de 2006, brincadeiras são raras nos treinamentos”. O texto também afirma que brigas com a imprensa servem para motivar a seleção. Um dos membros da delegação, não identificado pela revista, diz que Dunga “se alimenta de raiva”. Na página 58, é mostrado um quadro com as “patentes” atribuídas pela revista a cada jogador ou membro do “exército dunguiano”. No último parágrafo da página 63 os repórteres fazem um alerta: “Até aqui, habilmente, Dunga conseguiu tudo o que quis. Até tirou patrocinadores da CF de dentro do quartel da seleção brasileira. Moldou um time disciplinado, aplicado, acostumado a enfrentar adversidades e a valorizar o espírito de equipe. Falta o último passo: transformar seus jogadores em campeões mundiais, como foi o comandante”. A “ESPN” de junho, por sua vez, elegeu Kaká e Luís Fabiano como seus personagens da capa, que é dedicada inteiramente à Copa do Mundo. Na imagem, ambos seguram um globo com o mapa-mundi apontando o local onde está situada a África do Sul, ambos com um olhar confiante. O título, “Nesta África não tem zebra” refere-se também ao fato do continente ser conhecido por sua vasta fauna, e pela zebra ser o animal que esteja associado a um resultado surpreendente em um jogo de futebol. A revista reforça sua visão negativa em relação ao trabalho de Dunga na página 19, onde pode ser vista uma coluna “Refrescando a memória dunguista”, assinada por Mauro Cezar Pereira. No texto, o jornalista relembra alguns insucessos do período em que Dunga esteve no comando da seleção, como a derrota nas Olimpíadas e a dificuldade para vencer alguns jogos. O título, segundo o próprio autor, foi escolhido para contrapor um “esforço feito para que a seleção brasileira pareça imbatível”.

Aplausos e apupos à esquerda e à direita

Por movimentar somas financeiras gigantescas e ser um evento visto pelo mundo inteiro, a Copa do Mundo extrapola os limites das editorias de esportes ou dos programas esportivos dos veículos de comunicação no Brasil, país que mais vezes venceu o torneio. Pouco antes, durante e depois da disputa, os jornalistas que trabalham diariamente com esportes ganham a companhia de sociólogos, músicos, políticos, atores de cinema e diversos “comentaristas de ocasião” que não necessariamente acompanham futebol diariamente, mas torcem pela seleção brasileira de quatro em quatro anos. Além disso, é importante lembrar que a Copa do Mundo acontece em ano de eleições presidenciais, e, em função disso, é extremamente útil para pessoas que possuem espaço para expressar suas preferências políticas em algum veículo de comunicação. Algumas delas se aproveitam de acontecimentos relacionados à seleção brasileira, não necessariamente relacionados ao posicionamento ideológico dos atores envolvidos, para elogiar ou criticar as atitudes tomadas e relacioná-las com a conjuntura do país naquele momento. É o caso, por exemplo, de Diogo Mainardi, colunista da revista “Veja”, produto da Editora Abril, que também publica “Placar”. Um dos maiores críticos do governo Lula, Mainardi se posiciona à direita no espectro político do país, e comentou o Mundial na rádio “Jovem Pan”, de São Paulo. No dia 12 de junho, três dias antes da estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo contra a Coreia do Norte, ele publicou um texto sobre o assunto em seu blog, hospedado no site da “Veja”, elogiando o fato de Dunga não ter convocado Neymar e Paulo Henrique Ganso. No texto, intitulado “A comédia da Copa” que “Num momento como o atual, em que o Brasil é dominado pelo populismo mais ordinário, Dunga ignorou os apelos da arquibancada e repudiou Ganso e Neymar. Ganso e Neymar consagraram-se em partidas contra o Rio Branco e o Guarani. Escalá-los numa Copa do Mundo contra a Espanha e a Inglaterra seria o mesmo que escalar Lula para negociar com o regime genocida iraniano”. Naquele momento, as ausências dos dois santistas eram lamentadas diariamente em diversos veículos de comunicação. Dunga já tinha que conviver com o rótulo de “ditador”, e alguns comentaristas chegaram a dizer que aquela não era a seleção brasileira, mas sim a seleção “do Dunga”, para enfatizar o autoritarismo do treinador, que desagradavam democratas de esquerda e de direita. No entanto, se Mainardi encontrou na eficiência da seleção brasileira um bom argumento para ficar ao lado de Dunga, os blogueiros pró-Lula se manifestaram após o embate final do treinador com a Rede Globo, após a vitória contra a Costa do Marfim. E o defenderam como um “mártir” que lutou contra o fim dos privilégios da principal emissora de TV do país e tratou todos os jornalistas de maneira igual. Rodrigo Vianna, do blog “Escrevinhador”, é um deles. Sobre a situação, ele afirma que “É como se houvesse um menino acostumado a comer sempre o primeiro pedaço do bolo nas festinhas da escola. Um dia chega o professor novo e diz: “você pode ser rico, mas aqui tem que pegar fila pra comer o bolo”. O menino rico, em vez de avisar o pai e manobrar em silêncio pela demissão do professor, resolve chorar no meio do pátio, e ainda pendura um manifesto na porta da escola: “eu sou rico, tenho direito ao primeiro pedaço do bolo”. O menino rico, e mimado, joga a escola inteira contra ele. Talvez consiga a demissão do professor. Mas a comunidade inteira agora sabe que esses privilégios existem. A Globo conseguiu isso. Na guerra entre Globo e Dunga, o Brasil fica ao lado do técnico”. Naquele momento, Dunga havia se transformado no principal assunto do país, e era execrado em quase todos os veículos de comunicação. A Copa do Mundo merecia uma atenção quase que exclusiva dos meios de comunicação, e tudo o que acontecia paralelamente era deixado de lado. O jornalista Ricardo Kotscho, que foi secretário de divulgação e imprensa da presidência da república entre 2002 e 2004, falou sobre a situação em seu blog no portal “IG”, em texto publicado no dia 22 de junho, dois dias depois da confusão entre Dunga e Alex Escobar, e intitulado “Dunga vira a Geni, trégua para políticos”. No texto, Kotscho dizia: “Enquanto Serra e Dilma murcham no noticiário, com sabatinas, entrevistas e eventos sem nenhuma repercussão, Dunga virou assunto de todas as manchetes, matérias, colunas, blogs, até de quem sempre achou o futebol um assunto menor, coisa de ignorantes e fanáticos. De uma hora para outra, ele tomou o lugar de Lula como inimigo número um da imprensa livre”. Ele completou o raciocínio falando sobre uma semelhança entre Dunga e Lula: “Há, de fato, algo em comum entre os dois polêmicos personagens: mais do que o resultado do trabalho deles, o que se contesta é o seu modo de lidar com a própria imprensa, por não lhe dar a devida importância e a atenção que a instituição julga merecedora. Não que eles não mereçam críticas, como qualquer figura pública, muito ao contrário, mas o espírito de manada do linchamento dá a impressão de que virou uma gincana para ver quem joga mais pedras no alvo do momento”. Antes e durante a Copa do Mundo, a rotina de Dunga foi assim: sistematicamente apedrejado por uma imprensa que estava descontente com o tratamento a ela dado por ele, e explorado politicamente pela direita, que apreciava a eficiência dos resultados que davam respaldo ao trabalho, e pela esquerda, que adorou o fato dele ter comprado uma briga com a “Rede Globo” acabando com os privilégios dela na cobertura da seleção brasileira.

O fim do dilema

A dicotomia entre futebol-arte e futebol-resultado só faz sentido quando um existe e o outro não A partir do momento em que não há nem arte, nem resultado, a possibilidade de haver consenso nas análises é muito maior. É o que se vê nas revistas “Placar” “ESPN” de julho. Com a derrota a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2010, a “Placar” não trouxe na capa uma figura relativa ao torneio e preferiu olhar para o futuro, mais precisamente para o Mundial de 2014, a ser realizado no Brasil. O título “De Pato a Ganso” remete a e Paulo Henrique Ganso, dois jovens de apenas 21 anos apontados como os principais nomes do processo de renovação pelo qual a seleção teria necessariamente que passar. A cobertura sobre a derrota da seleção brasileira se inicia na página 40 com uma matéria sobre a derrota para a Holanda, intitulada “4 anos em 20 minutos”, relacionando o tempo de preparação para a Copa do Mundo e o interlúdio entre os dois gols da vitória holandesa por 2 a 1 nas quartas de final. A chamada explicita os fatores, que, para a revista, motivaram o revés: “Junte no mesmo pacote: um time limitado (não exatamente uma seleção), jogadores descontrolados emocionalmente e um técnico novato abandonado pela cúpula da CBF. Você está pronto para entender o fracasso da seleção na Copa”. A foto na página 41 mostra o momento em que Júlio César e Felipe Melo se chocam, dando origem ao primeiro gol holandês. A legenda descreve o lance como “Trapalhada fatal”. Na matéria, assinada por Arnaldo Ribeiro e Ricardo Perrone, eles falam novamente sobre o descontrole dos jogadores, especialmente Felipe Melo, expulso na partida por ter pisado na coxa de Arjen Robben. O primeiro intertítulo é intitulado “Um time, não uma seleção” e nele está contida uma crítica ao fato de Dunga não ter convocado jogadores como Ronaldinho Gaúcho, Alexandre Pato, Neymar, Adriano e Paulo Henrique Ganso. Os repórteres afirmam que o técnico não confiava no banco de reservas que havia levado para a África do Sul – com exceção de Daniel Alves e – e a prova disso é que fez apenas duas substituições contra a Holanda. Há também, na página 43, uma crítica ao fechamento excessivo da seleção no segundo intertítulo, “Clausura”. Há também um texto paralelo intitulado “As dores que minam Kaká”, que fala sobre o sacrifício que o meia fez para jogar a Copa do Mundo e a tristeza dele pela eliminação. No terceiro intertítulo “Ataque de nervos”, há mais uma crítica ao descontrole do time, enquanto no quarto, “Igrejinha”, a revista aborda o fato dos principais líderes da equipe serem evangélicos – Lúcio e Kaká, além do auxiliar-técnico Jorginho -, e não ter havido um suporte para jogadores que não comungavam da mesma fé. O termo é o mesmo usado pela “ESPN” de março na matéria “Todo- Poderoso”. O último intertítulo da matéria, “Atritos com a Globo”, sintetiza as brigas que o treinador “comprou” com a imprensa brasileira e o fato de Ricardo Teixeira ter dado, logo após o Mundial, uma entrevista para a Sportv, “braço esportivo da Globo”, criticando o trabalho da dupla Dunga-Jorginho, se eximindo de culpa e prometendo renovação na seleção. Abaixo dos textos, as capas do “Jornal Placar” complementavam a linha editorial. Em 2 de julho, dia da eliminação, a manchete era “Eu vou... Eu vou... Pra casa agora eu vou!”, remetendo à música de “Branca de Neve e os sete anões”. Dois dias depois, a manchete era “Já era, Dunga!”, em alusão ao termo “Era Dunga”. Se em “Placar” o tema principal ainda é a seleção brasileira, a “ESPN” preferiu não priorizar o tema e deu destaque ao Flamengo estampando , que pouco tempo antes havia assumido o futebol do clube Sobre a Copa do Mundo, há apenas uma pequena chamada: “Copa: As lições de mais um vexame”. A revista dedica 42 de suas 100 páginas ao tema “Copa do Mundo”. Na página 23, Paulo Vinícius Coelho assina uma coluna intitulada “O futebol pós- Copa” elencando alguns aspectos relativos ao nível técnico da Copa do Mundo de 2010, que, para ele, foi melhor do que a de 2006, e elogiando principalmente a seleção da Alemanha. PVC diz também que, mesmo a seleção brasileira, classificada como “pragmática”, teve momentos de bom futebol, como o primeiro tempo contra a Holanda. A página 47, contudo, é que abre de fato o resumo do Mundial feito por “ESPN”. Nela, há uma foto da seleção espanhola campeã do mundo e, acima, o título: “Por que não o Brasil?”. No primeiro subtítulo, as razões apontadas pela própria revista para a derrota: “Isolamento, lesão do principal jogador, convocação equivocada, autonomia excessiva de Dunga, descontrole emocional. Os motivos que levaram a não ser a seleção brasileira a protagonista da foto abaixo”. A matéria, assinada por André Kfouri, é intitulada “Anatomia de um vexame” e ocupa as páginas 48, 49 e 50. O subtítulo traz uma pequena síntese do que foi a partida entre Brasil e Holanda: “Um primeiro tempo perfeito sucedido por um segundo período catastrófico. Como a derrota para a Holanda resume o fracasso da seleção na África do Sul”. No texto, de três páginas, Kfouri começa descrevendo o clima desolador que tomou conta do vestiário da seleção brasileira após a derrota. Logo depois, o jornalista fala sobre o jogo, o excelente primeiro tempo da seleção brasileira, que fez 1 a 0 com Robinho, a virada sofrida, e o desequilíbrio da equipe, que, de acordo com ele, fez ali seu único jogo de “Copa do Mundo”. O argumento usado para dizer isso foi o de que os adversários anteriores não estavam à altura da equipe, exceção feita a Portugal, contra quem o Brasil fez um “amistoso”, pois as duas equipes estavam praticamente classificadas. A crítica aberta a Dunga está no penúltimo parágrafo: “Após a derrota para a França, na final da Copa de 1998, Dunga, o então capitão da Seleção, declarou que ‘o trabalho foi bom o suficiente para nos levar ao vice-campeonato’. A frase não pode ser aplicada em 2010. Com plenos poderes para tomar decisões sobre tudo, desde a construção de um muro para tapar a visão do hotel em que o time ficou concentrado até o sistema de atendimento aos jornalistas, o técnico não conseguiu superar as quartas de final”. A única frase do último parágrafo arrebata a crítica: “Para a seleção brasileira, este será sempre um resultado ruim”. Logo depois, na página 51, o diretor de redação Caio Maia, mostra uma visão ainda mais negativa sobre o treinador com o texto “Garrincha não apareceu”, ironizando a convocação de Dunga, o fato dele não ter levado “craques” capazes de decidir partidas. A exceção, Kaká, sofreu com problemas físicos. O subtítulo evidencia a intenção: “Convencido de que seu time era bom e os inimigos estavam do lado de fora, Dunga se isolou do mundo e fez tudo como queria, apenas para acabar quebrando a cara sozinho. Até 2014, porém, há muito mais que um novo Dunga a ser evitado”. No texto, o jornalista relembra a matéria “Todo-poderoso”, assinada por ele mesmo em março e já analisada anteriormente neste trabalho: “Em março deste ano, a revista ESPN dedicou sua capa não a uma reportagem, mas a um artigo, um texto opinativo. “Ele tem que ir, dizia a chamada da capa, sobre a foto de Ronaldinho. Mais que um apelo pela convocação do Gaúcho, o que havia ali era uma análise do ambiente que cercava a seleção brasileira, a “igrejinha” de Dunga. Baseada no credo em si mesma. Cheia de, como dizíamos, perigosas incertezas”. No parágrafo seguinte, ele continua a crítica: “Inebriado pelos resultados pré-Copa, Dunga ‘fechou o grupo’ e se isolou. Escolheu seus apóstolos, e convenceu-os de que o inimigo estava lá fora e devia ser maltratado. Buscou uma linha de confronto com a imprensa e, com isso, estimulou na seleção um sentimento belicoso e violento. Com o escudo do efêmero sucesso, estimulou a autossuficiência e a prepotência até em jogadores normalmente gentis e educados”. Em outro parágrafo do texto, Caio Maia praticamente comemora a derrota da seleção ao dizer que o fracasso significa a volta da liberdade de imprensa esportiva: “O Brasil perdeu a Copa, mas ganhou de volta, pelo menos por algum tempo, a possibilidade de dizer o que pensa de seu time de futebol. Exercê-la, para nós, não é direito, é dever. Em março, houve quem visse em nossa iniciativa uma ‘chatice’. ‘O time é bom, estão procurando pelo em ovo!’. Assim, sob o discurso do “todos juntos vamos, em 2010 engolimos um Dunga”. É possível perceber que as duas revistas naquele momento falavam que o resultado era ruim e listavam diversos motivos que levaram ao fracasso. A postura delas porém, é diferente. Enquanto a matéria de “Placar” sobre a derrota brasileira se limita a falar das causas do revés, “ESPN”, através de seu diretor de redação, passa uma mensagem de que “já sabia e havia previsto” que o fracasso poderia acontecer, em função das matérias que havia publicado sobre o treinador anteriormente. É a informação acrescida de uma opinião em tom de lição de moral, com um recado ao leitor: “Nós estávamos certos desde o início, mas não nos ouviram. Agora, todos terão de nos aguentar”.

6 C O NSID E R A Ç Õ ES F IN A IS

Em um mundo perfeito idealizado pelos fãs do futebol brasileiro, arte e resultado se completariam e, se isso acontecesse, o futebol poderia funcionar como a alegoria de uma sociedade que, ao mesmo tempo em que encanta, produz com eficiência e serve de exemplo para as demais. Como isso não acontece e não há como objetivar a arte, o resultado é o único critério objetivo possível para que se possa analisar o trabalho de um treinador. Trocando em miúdos, a “arte pela arte” no futebol não é bem vista, e precisa do resultado para que se legitime como tal. A prova disso é que muitas vezes quando se enaltece a dupla Pelé-Garrincha como símbolo do futebol brasileiro usa-se o argumento de que eles jamais perderam uma partida jogando juntos pela seleção brasileira. Mesmo na revista “ESPN”, que adotou uma linha editorial mais próxima dos valores do futebol-arte, Kaká, jogador notoriamente reconhecido por sua eficiência em campo sem fazer muitas jogadas de efeito, tinha mais status do que Robinho, quase um malabarista da bola, na seleção brasileira de 2010. O foco das críticas a Dunga é também a intransigência do treinador e as discordâncias da revista em relação ao fato dele não ter convocado determinados jogadores, como Ronaldinho Gaúcho. A revista “Placar”, por sua vez, não chega a se colocar explicitamente como defensora do futebol exclusivamente de resultados, mas convida o leitor para uma reflexão acerca das críticas que eram feitas a Dunga antes da Copa do Mundo. E um dos principais argumentos usados foi o retrospecto de títulos do técnico, que, de acordo com a revista, pagava um alto preço pelo temperamento indócil e pela intransigência com a mídia. Assim como a “ESPN”, “Placar” também associou a imagem de Dunga à de um ditador. Após a derrota para a Holanda, no entanto, a revista criticou o trabalho feito e algumas atitudes tomadas pela comissão técnica durante o Mundial, com enfoque e intertítulos parecidos com os da “ESPN”, mas evitando críticas frontais ao treinador como as feitas por Caio Maia em seu texto opinativo “Garrincha não apareceu”. A mensagem parece bem clara: enquanto “Placar” parece lamentar a derrota e elenca uma série de motivos, “ESPN” também aponta as causas e depois sugere, por intermédio de seu diretor de redação, que “há males que vêm para o bem”. Seria um equívoco, porém, colocar as duas revistas em lados completamente opostos, em função das semelhanças de enfoque já apontadas e da necessidade de agradar ao publico leitor formado por uma provável maioria de torcedores da seleção brasileira.

Referências

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