Mariano Magri Retórica E Política: O Impeachment De Dilma Rousseff MESTRADO EM LÍNGUA PORTUGUESA São Paulo 2018
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Mariano Magri Retórica e política: o impeachment de Dilma Rousseff MESTRADO EM LÍNGUA PORTUGUESA São Paulo 2018 Mariano Magri Retórica e política: o impeachment de Dilma Rousseff Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Língua Portuguesa, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira. São Paulo 2018 Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Dissertação de Mestrado por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Assinatura: Data: e-mail: Mariano Magri Retórica e política: o impeachment de Dilma Rousseff Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Língua Portuguesa, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira. Aprovado em: ______/______/__________ BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira – PUC-SP _____________________________________________________________ Profa. Dra. Claudia Borragini Abuchaim de Oliveira – Curso-Objetivo __________________________________________________ Prof. Dr. João Hilton Sayeg de Siqueira – PUC-SP O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Processo: 88887.150403/2017-00. AGRADECIMENTOS À professora Nancy dos Santos Casagrande, coordenadora, à época, do curso de Letras da PUC-SP, por me aceitar como aluno portador de diploma no semestre em que prestei vestibular e fui barrado pela não abertura de turma. Tudo começou a partir dessa porta que ela me abriu. À professora Ana Luiza Marcondes Garcia, pelo incentivo e orientação no trabalho de iniciação científica; meus primeiros passos no complexo mundo da linguagem. O interesse pela pesquisa surgiu daí. À professora Valeuska França Cury Martins, pelas infindáveis discussões sobre a gramática normativa da Língua Portuguesa, que me fizeram entender a lógica da língua. O bloqueio em relação à norma foi superado aí. À professora Maria Aparecida Caltabiano, pelo constante incentivo à pesquisa e por ceder seu tempo para me treinar para prova de proficiência em língua estrangeira. A primeira barreira do curso de mestrado foi vencida por aí. À professora Ana Rosa Ferreira Dias, pela clareza, delicadeza e leveza em explicar o que gira em torno de um discurso. Compreendi, a partir daí, que a realidade social é sempre uma construção discursiva. Ao professor João Hilton Sayeg de Siqueira, pelos ensinamentos dos caminhos trilhados pelas palavras, das frases às dimensões sociais. Foi a partir daí que me situei no tempo e nas fases do progresso em torno dos estudos sobre a língua e o discurso. Aos professores que compuseram a banca, João Hilton Sayeg de Siqueira e Claudia Borragini Abuchaim de Oliveira, pelas valiosas considerações em tempo de qualificação, as quais permitiram deixar esta pesquisa sem erros gritantes e incoerências teóricas. Aos amigos Renan Locatelli, pela revisão cuidadosa da formalidade do texto, e Leonardo Tavares, pela sempre disposição em ler e criticar as prévias deste trabalho e ajudar na pesquisa bibliográfica. Ao Grupo de Estudos Retóricos e Argumentativos – ERA, pelas reuniões quinzenais, discussões sobre Retórica, publicações e colóquios. Todos esses eventos contribuíram para o meu aprendizado. E, por último, mas não menos importante, meu especial agradecimento ao professor Luiz Antonio Ferreira, pela disposição em me orientar antes mesmo do meu ingresso no curso de mestrado; pela segurança em me deixar caminhar sozinho e resgatar-me quando me perdia; pelas devolutivas sempre rápidas e acuradas e, acima de tudo, pelos ensinamentos sobre a Retórica, meu objeto teórico de estudo. Compreendi, a partir dos seus ensinamentos, que a controvérsia é inata aos regimes democráticos e que a retórica não sobrevive à tirania. Meus sinceros agradecimentos, professor. RESUMO MAGRI, Mariano. Retórica e política: o impeachment de Dilma Rousseff. 2018. 107 f. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018. Desde dezembro de 2015, quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acatou o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, iniciou-se um intenso debate público que permeou os espaços políticos, os veículos de comunicação, as Universidades e as mídias sociais, entre tantos outros espaços públicos e privados. Embora um processo de impeachment seja previsto constitucionalmente, boa parcela dos discursos esforçara-se para transmitir a ideia de que tudo não passava de um golpe parlamentar. O objetivo desta pesquisa é analisar as estratégias argumentativas que propuseram a perspectiva de ilegitimidade do processo de impeachment e verificar se houve proximidade ao conceito de provas lógicas, com o objetivo de refutar as acusações formais e invalidar as denúncias, ou se se aproximaram do conceito de provas psicológicas, com o objetivo de acentuar o plano opinativo e, por conseguinte, fomentar a controvérsia como estratégia de defesa. Para tanto, analisamos os discursos de quatro senadores – Gleisi Hoffmann, Armando Monteiro, Vanessa Grazziotin e Randolfe Rodrigues –, realizados no Senado Federal, no penúltimo dia do julgamento. A base analítica é constituída por autores da retórica, Aristóteles (2013) e Perelman & Olbrechts-Tyteca (2000), e por autores mais contemporâneos, como Campbell et al. (2015), Ferreira (2015), Meyer (2007), Mosca (1997) e Tringali (2013). As observações são realizadas com base em cinco categorias de análise. A primeira demonstra que as discussões não se deram no mundo de verdades e mentiras, mas no plano dialético-persuasivo. A segunda enfatiza que a finalidade do auditório, que era conferir culpa ou inocência à ré, foi desviada, em vários momentos, por discursos essencialmente políticos, que objetivaram ressaltar os supostos prejuízos com o êxito do processo. A terceira (ethos) e a quarta categoria (pathos) se atêm às provas psicológicas e analisam como os oradores criaram a imagem de si e da ré perante o auditório, bem como as incitações às paixões. A quinta e última (logos) atenta-se às provas lógicas, com o objetivo de saber de quais provas racionais se valeram os oradores para persuadir o auditório. Pelo que pudemos constatar, os oradores fizeram uso acentuado de provas psicológicas e visaram ressaltar a idoneidade da ré e macular a imagem de todos que participaram em prol do impeachment, sem que, em nenhum momento de seus discursos, descontruíssem as acusações que ensejaram o processo. Palavras-chaves: impeachment, Retórica, ethos, logos, pathos. ABSTRACT MAGRI, Mariano. Rhetoric and politics: the impeachment of Dilma Rousseff. 2018. 107 p. Dissertation (Master's Degree in Portuguese Language) - Postgraduate Studies Program in Portuguese Language, Pontifical Catholic University of São Paulo, São Paulo, 2018. Since December 2015, when the then president of the Chamber of Deputies, Eduardo Cunha, accepted the request for impeachment against Dilma Rousseff, an intense public debate began that permeated political spaces, communication vehicles, universities, social media among many other public and private spaces. Although a process of impeachment is constitutionally foreseen, a good deal of the speeches were made to convey the idea that it was nothing more than a parliamentary coup. The objective of this research was to analyze the argumentative strategies that proposed the illegitimacy of the impeachment process and to verify if there was proximity to the concept of logical evidence, with the objective of refuting the formal accusations and invalidating the denunciations or if they approached the concept of evidence psychological, with the aim of emphasizing the opinion plan and, therefore, fomenting the controversy as a defense strategy. For that, we analyze the speeches of four senators - Gleisi Hoffmann, Armando Monteiro, Vanessa Grazziotin and Randolfe Rodrigues -, held in the Federal Senate, on the penultimate day of the trial. The analytical base was composed by authors of the rhetoric, Aristóteles (2013) and Perelman & Olbrechts-Tyteca (2000) and more contemporary authors, such as Ferreira (2015), Meyer (2007), Mosca (1997) and Tringali (2013). The observations were made based on five categories of analysis. The first one demonstrated that the discussions did not take place in the world of truths and lies, but in the dialectical-persuasive plane. The second emphasized that the purpose of the auditorium, which was to confer guilt or innocence on the defendant, was diverted, at various moments, by essentially political discourses, which aimed to highlight the supposed damages to the success of the process. The third (ethos) and the fourth category (pathos) followed the psychological tests and analyzed how the speakers created the image of themselves and of the back before the audience, as well as the incitement to the passions. The fifth and last (logos) focused on the logical evidence, with the purpose of knowing what rational evidence the speakers used to persuade the audience. As far as we could see, the speakers made a strong use of psychological evidence and aimed to emphasize the defendant's suitability and to tarnish the image of all those who participated in favor of impeachment, without at any point