Ampliando o conhecimento sobre os peixes do rio Pandeiros

Rafael Couto Rosa de Souza1 , Marina Lopes Bueno2 , Marina Silva Ru no3 , Marina Fer- reira Moreira4 e Paulo Santos Pompeu 5

Resumo

AA produçãoprodução dede energiaenergia elétricaelétrica nono BrasilBrasil éé impulsionadaimpulsionada pelapela construçãoconstrução dede barragens,barragens, motivadamotivada pelapela diminuidiminui-- çãoção dada utilizaçãoutilização dede combustíveiscombustíveis fósseis.fósseis. Porém,Porém, aa modificaçãomodi cação causadacausada numnum riorio comcom aa implantaçãoimplantação destesdestes empreendimentosempreendimentos traztraz impactosimpactos ecológicosecológicos muitasmuitas vezesvezes irreversíveis.irreversíveis. OO objetivoobjetivo destedeste estudoestudo foifoi avaliaravaliar aa ictiofaunaictiofauna presentepresente nono riorio Pandeiros,Pandeiros, acimaacima ee abaixoabaixo dada barragem,barragem, ee osos possíveispossíveis impactosimpactos relacionadosrelacionados àà alimentaçãoalimentação e migraçãomigração oriundosoriundos dada PequenaPequena CentralCentral HidrelétricaHidrelétrica de de Pandeiros Pandeiros (PCH (PCH Pandeiros) Pandeiros) que que está está desativada desde 2008. Onze coletas foram realizadas entre 2014 e 2016 em oito pontos ao longo do rio. No desativada desde 2008. Onze coletas foram realizadas entre 2014 e 2016 em oito pontos ao longo do rio. No total foram idetificados 60 espécies de peixes. Além de aprimorar o conhecimento sobre a ictiofauna do rio total foram ideti cados 60 espécies de peixes. Além de aprimorar o conhecimento sobre a ictiofauna do rio Pandeiros, aumentando o número de espécies conhecidas, também se identificou o impacto da PCH Pandei- Pandeiros, aumentando o número de espécies conhecidas, também se identi cou o impacto da PCH Pandei- ros na distribuição e dinâmica dos peixes no rio, apoiando estudos que apontam a possibilidade de remoção ros na distribuição e dinâmica dos peixes no rio, apoiando estudos que apontam a possibilidade de remoção da mesma. da mesma. Palavras chave: ictiofauna neotropical; remoção de barragens; lista de espécies; peixes migradores; bacia do Palavras chave: rio ictiofauna São Francisco. neotropical; remoção de barragens; lista de espécies; peixes migradores; bacia do rio São Francisco. Abstract

The power production in is driven by the dam building, and motivaded by the decrease in the fossil fuels uses. However, the modi cation on the river due the instream structures has ecological impacts often irrever- sible. The main aim of this studywas to evaluated the icththyofauna in the Pandeiros River, upstream and do- wnstream the dam, and the possible impacts realted to feeding and migration due the small hydropower plant which has been deactivated since 2008. Eleven sampling events were caried out between 2014 and 2016 at eight sites along the river. We identi ed 60  sh species. Besides improving the knowledge about ichthyofauna of the Pandeiros River, increasing the number of known species, we also identi ed the impact of the SHP Pandeiros on the distribution and dynamics of the  shes in the river, supporting the studies suggesting the possibility of removal of such dam.

Keywords: Neotropical  shes; dam removal; checklist; migratory  shes; São Francisco basin.

1Doutor em Ecologia Aplicada. Brandt Meio Ambiente Ltda / Programa Peixe Vivo da Cemig. 2Doutoranda em Ecologia Aplicada. Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA. 3Mestra em Ecologia Aplicada. Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA. 4Mestranda em Ciências Biológicas. Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA. 5Professor Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras – UFLA

MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 5757 Introdução servação permanente”, onde é proibido o Em 2008 sua operação foi paralisada em da do rio São Francisco. Está localizado no exercício de qualquer atividade que ameace de nitivo e as águas do rio Pandeiros retor- norte de Minas Gerais, abrangendo os muni- A construçãoconstrução dede usinasusinas hidrelétricashidrelétricas paspas-- extinguir espécies da fauna aquática ou que naram para o canal natural. Apesar disso, cípios de Januária, Bonito de Minas e Cônego sou por momentosmomentos de de altos altos e ebaixos baixos durante (IEA possa colocar em risco o equilíbrio dos ecos- mesmo com a usina não operando, a estru- Marinho (BETHONICO, 2009). Está inserido 2015).a história Atualmente, do mundo verifica-se (IEA 2015). um Atualmente, grande in- sistemas. Assim, nos cursos d´água incluídos tura física da PCH Pandeiros ainda regula o em uma região de transição entre cerrado e vestimentopodemos veri na construçãocar um grande de barragensinvestimento para na nesta categoria  ca proibida a construção de nível acima da barragem. Além disso, o re- caatinga, o clima predominante é Aw, segun- produçãoconstrução energética, de barragens muitas para delas produção impulsio ener-- barragens. servatório está praticamente preenchido por do a classi cação de Koopen-Geiger (NUNES nadasgética, pelamuitas valorização delas impulsionadas de uma produção pela valo- de Em 1992, o rio Pandeiros tornou-se rio de sedimentos. Hoje é raso e conectado a uma et al., 2009). energiarização deelétrica uma produção sem uso de de energia combustíveis elétrica preservação permanente (pela Lei nº 10.629, lagoa lateral, que já foi temporária, e que atu- O rio Pandeiros é um rio de preservação fósseissem uso (NILSSON de combustíveis et al., fósseis2005, IEA (NILSSON 2015). revogada na Lei nº 15.082/2004). É consi- almente é perene, em função da presença da permanente segundo legislação do estado de Apesaret al., 2005, da hidroeletricidade IEA 2015). Apesar ter da uma hidroeletri- parcela derado rota de migração e área de desova barragem. Minas Gerais, Lei nº 15.082, de 27 de abril de essencialcidade ter na uma diminuição parcela essencialda emissão na de diminui- gases para peixes migradores e possui, aproxima- A presença desta barragem ainda pode 2004. Está inserido dentro do Refúgio de Vida deção efeito da emissão estufa, de e nogases Brasil de constituirefeito estufa, uma e damente, 145 km de comprimento. Além dis- ser fonte de impactos para os organismos Silvestre (REVS) implementado em 2004 sob alternativano Brasil constituir energética uma com alternativa grande potencialenergéti- so, no seu baixo curso, próximo ao rio São aquáticos da região, tanto acima quanto abai- o Decreto 43910, de 05/11/2004. Além de es- pelaca com abundância grande potencial de recursos pela abundânciahidrícos, essa de Francisco, há uma planície de inundação xo da mesma. Assim, a Superintendência tar inserido ao redor de uma série de áreas formarecursos de produçãohidrícos, essaé responsável forma de por produção grandes é com cerca de 50 km², que é considerada um Regional de Meio Ambiente de Minas Gerais protegidas como parques nacionais e áreas impactosresponsável no ecossistemapor grandes impactosaquático (POFFno ecos- & berçário para diversas espécies de peixes (SUPRAM) requeriu que a Cemig viabilizas- de proteção ambiental. Assim, con gura-se HARTsistema 2002). aquático (POFF; HART 2002). migradores (CAROLSFELD 2003, NUNES et se um estudo para avaliação dos impactos como uma área estratégica para proteção da Dentre os impactos ambientais gerados al., 2009). Embora esteja protegido e tenha da PCH Pandeiros e da possibilidade de re- fauna e  ora da região (DRUMMOND et al., pela construção de usinas hidrelétricas, des- grande relevância ecológica, ainda são pou- moção da estutura física de sua barragem. 2005). tacam-se os relacionados com a alteração do cos os estudos que tentam identi car, carac- Neste trabalho realizou-se novas amos- A amostragem foi realizada no rio Pan- regime natural de vazão do rio, com a inter- terizar e dimensionar sua importância para tragens e uma compilação dos dados já exis- deiros durante onze campanhas, de julho de rupção do  uxo livre no curso d´água e mo- bacia do rio São Francisco. Com relação às tentes sobre a ictiofauna do rio Pandeiros, 2014 a fevereiro de 2016, em oito pontos de di cação de hábitats naturais (POFF et al., comunidades de peixes, por exemplo, ape- com o objetivo de atualizar a lista de espé- coleta, divididos em duas regiões, ao longo da 1997, PRINGLE 2001, MIMS; OLDEN 2013, nas três trabalhos já foram publicados (GO- cies para a bacia. Além de comparar a ali- bacia do rio Pandeiros: duas regiões, a mon- WINEMILLER et al., 2016). Estes impactos já DINHO, 1986; ALVES; LEAL, 2010; SANTOS mentação entre os peixes mais abundantes tante e a jusante da PCH Pandeiros (MAPA 1). são bem documentados e conhecidos pela et el., 2015). presentes na lagoa ligada ao reservatório e comunidade cientí ca, mas até hoje sua mi- A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) uma lagoa marginal na foz do rio Pandeiros. tigação ou minimização não é efetiva ou é Pandeiros (525974.02 m E; 8285899.58 m E, veri car se ainda existe impacto da barra- pouco e ciente (PELICICE; AGOSTINHO S) localiza-se 50 km acima da foz do rio. A gem às espécies migratórias. Os dados apre- 2008, POMPEU et al., 2012, PELICICE et al., usina começou sua operação em 1957, com sentados neste estudo darão subsídios para 2015a). um trecho de vazão reduzida de aproxima- a possibilidade de remoção da PCH Pandei- Em Minas Gerais, contamos com uma damente 600 metros. A barragem tem uma ros. legislação especí ca que proporciona pro- altura máxima de 10,3 metros e uma área teção para ambientes aquáticos com impor- inundada máxima pelo reservatório de 0,28 Material e métodos tância ecológica, histórica ou turística e de km² (FONSECA et al., 2008). No trecho de grande beleza cênica. Nos termos da Lei nº vazão reduzida situam-se três cachoeiras, a O presente estudo foi realizado na calha 15.082/2004, foram criados os “rios de pre- maior delas com cerca de 9 metros. do rio Pandeiros, a uente da margem esquer-

59 5858 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Introdução servação permanente”, onde é proibido o Em 2008 sua operação foi paralisada em da dodo riorio SãoSão Francisco.Francisco. Está Está localizado localizado no exercício de qualquer atividade que ameace de nitivo e as águas do rio Pandeiros retor- norteno norte de Minasde Minas Gerais, Gerais, abrangendo abrangendo os muni- os A construção de usinas hidrelétricas pas- extinguir espécies da fauna aquática ou que naram para o canal natural. Apesar disso, cípiosmunicípios de Januária, de Januária, Bonito Bonitode Minas de e Minas Cônego e sou por momentos de altos e baixos durante possa colocar em risco o equilíbrio dos ecos- mesmo com a usina não operando, a estru- MarinhoCônego Marinho(BETHONICO, (BETHONICO, 2009). Está 2009). inserido Está a história do mundo (IEA 2015). Atualmente, sistemas. Assim, nos cursos d´água incluídos tura física da PCH Pandeiros ainda regula o eminserido uma emregião uma de região transição de transiçãoentre cerrado entre e podemos veri car um grande investimento na nesta categoria  ca proibida a construção de nível acima da barragem. Além disso, o re- caatinga,cerrado eo caatinga,clima predominante o clima predominante é Aw, segun- construção de barragens para produção ener- barragens. servatório está praticamente preenchido por doé Aw, a classi segundo cação a declassificação Koopen-Geiger de (NUNESKöopen- gética, muitas delas impulsionadas pela valo- Em 1992, o rio Pandeiros tornou-se rio de sedimentos. Hoje é raso e conectado a uma etGeiger al., 2009). (NUNES et al., 2009). rização de uma produção de energia elétrica preservação permanente (pela Lei nº 10.629, lagoa lateral, que já foi temporária, e que atu- O rio PandeirosPandeiros é umum riorio dede preservaçãopreservação sem uso de combustíveis fósseis (NILSSON revogada na Lei nº 15.082/2004). É consi- almente é perene, em função da presença da permanente segundo legislação do estado dede et al., 2005, IEA 2015). Apesar da hidroeletri- derado rota de migração e área de desova barragem. Minas Gerais, Lei nº 15.082, de 27 de abrilabril dede cidade ter uma parcela essencial na diminui- para peixes migradores e possui, aproxima- A presença desta barragem ainda pode 2004. Está inserido dentro do Refúgio de VidaVida ção da emissão de gases de efeito estufa, e damente, 145 km de comprimento. Além dis- ser fonte de impactos para os organismos Silvestre (REVS) implementado em 2004 sobsob no Brasil constituir uma alternativa energéti- so, no seu baixo curso, próximo ao rio São aquáticos da região, tanto acima quanto abai- o Decreto 43910,43910, de de 05/11/2004. 05/11/2004. Além Sua debacia es- ca com grande potencial pela abundância de Francisco, há uma planície de inundação xo da mesma. Assim, a Superintendência tartambém inserido está ao próxima redor de de umauma sériesérie de áreasáreas recursos hidrícos, essa forma de produção é com cerca de 50 km², que é considerada um Regional de Meio Ambiente de Minas Gerais protegidas como parques nacionais e áreasáreas responsável por grandes impactos no ecos- berçário para diversas espécies de peixes (SUPRAM) requeriu que a Cemig viabilizas- de proteçãoproteção ambiental.ambiental. Assim,Assim, configura-secon gura-se sistema aquático (POFF; HART 2002). migradores (CAROLSFELD 2003, NUNES et se um estudo para avaliação dos impactos como umauma área área estratégica estratégica para para proteção proteção da Dentre os impactos ambientais gerados al., 2009). Embora esteja protegido e tenha da PCH Pandeiros e da possibilidade de re- faunada fauna e  orae flora da regiãoda região (DRUMMOND (DRUMMOND et al. et, pela construção de usinas hidrelétricas, des- grande relevância ecológica, ainda são pou- moção da estutura física de sua barragem. 2005).al., 2005). tacam-se os relacionados com a alteração do cos os estudos que tentam identi car, carac- Neste trabalhotrabalho realizou-se realizou-se novas novas amostra amos-- A amostragem foi realizada no riorio PanPan-- regime natural de vazão do rio, com a inter- terizar e dimensionar sua importância para tragensgens e uma e uma compilação compilação dos dos dados dados já existen já exis-- deiros durante onze campanhas, de julho dede rupção do  uxo livre no curso d´água e mo- bacia do rio São Francisco. Com relação às tentestes sobre sobre a ictiofauna a ictiofauna do rio do Pandeiros, rio Pandeiros, com o 2014 a fevereiro de 2016, em oitooito pontospontos dede di cação de hábitats naturais (POFF et al., comunidades de peixes, por exemplo, ape- comobjetivo o objetivo de atualizar de atualizar a lista de a espécieslista de espé- para coleta, divididosdivididos em em duas duas regiões, regiões, ao ao longo longo da 1997, PRINGLE 2001, MIMS; OLDEN 2013, nas três trabalhos já foram publicados (GO- ciesa bacia. para Comparou-se a bacia. Além ainda de comparar a alimentação a ali- baciada bacia do riodo Pandeiros: rio Pandeiros: duas aregiões, montante a mon- e a WINEMILLER et al., 2016). Estes impactos já DINHO, 1986; ALVES; LEAL, 2010; SANTOS mentaçãoentre os peixes entre maisos peixes abundantes mais abundantes presentes tantejusante e a da jusante PCH daPandeiros PCH Pandeiros (MAPA (MAPA1). 1). na lagoa ligada ao reservatório e uma lagoa são bem documentados e conhecidos pela et el., 2015). presentes na lagoa ligada ao reservatório e marginal na foz do rio Pandeiros, e verificou- comunidade cientí ca, mas até hoje sua mi- A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) uma lagoa marginal na foz do rio Pandeiros. -se se ainda existe impacto da barragem às tigação ou minimização não é efetiva ou é Pandeiros (525974.02 m E; 8285899.58 m E, veri car se ainda existe impacto da barra- espécies migratórias. Verificou-se se existe pouco e ciente (PELICICE; AGOSTINHO S) localiza-se 50 km acima da foz do rio. A gem às espécies migratórias. Os dados apre- impacto da barragem às espécies migratórias. 2008, POMPEU et al., 2012, PELICICE et al., usina começou sua operação em 1957, com sentados neste estudo darão subsídios para Os dados apresentados neste estudo darão 2015a). um trecho de vazão reduzida de aproxima- a possibilidade de remoção da PCH Pandei- subsídios para a possibilidade de remoção Em Minas Gerais, contamos com uma damente 600 metros. A barragem tem uma ros. da PCH Pandeiros. legislação especí ca que proporciona pro- altura máxima de 10,3 metros e uma área teção para ambientes aquáticos com impor- inundada máxima pelo reservatório de 0,28 Material e métodos tância ecológica, histórica ou turística e de km² (FONSECA et al., 2008). No trecho de grande beleza cênica. Nos termos da Lei nº vazão reduzida situam-se três cachoeiras, a O presente estudo foi realizado na calha 15.082/2004, foram criados os “rios de pre- maior delas com cerca de 9 metros. do rio Pandeiros, a uente da margem esquer-

58 59 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 59 MapaMapa 1 – 1Localização – Localização dos dos pontos pontos de coletade coleta ao longoao longo do riodo Pandeirosrio Pandeiros

Nota:Legenda: P1 e P2: P1 alto e P2:rio Pandeiros;alto rio Pandeiros; P3 P3 e P4: e P4: Rio Rio Pandeiros, Pandeiros, imediatamente imediatamente a montantea montante do do reservatório reservatório da da PCH PCH Pandeiros; Pandeiros; P5 P5 e P6:e P6: Rio Rio Pandeiros, Pandeiros, imediatamente imediatamente a ajusante jusante da da barragem barragem da da PCH PCH Pandeiros; Pandeiros; P7 P7 e P8:e P8: Baixo Baixo rio rio Pandeiros, Pandeiros, na na região região de de seu seu Pântano. Pântano Fonte:Fonte: Adaptado Adaptado por deBueno, Bueno, 2016 2016.

Todos os pontos estão inseridos na Área de Proteção Ambiental pandeiros (APA) e qua- Todos os pontos estão inseridos na Área de Proteção Ambiental Pandeiros (APA) e qua- tro (pontos 5, 6, 7 e 8) deles também estão dentro do Refúgio da Vida Silvestre Pandeiros tro deles também estão dentro do Refúgio da Vida Silvestre Pandeiros (REVS) (TABELA 1). (REVS) (TABELA 1). TABELA 1 Coordenadas dos pontos amostrais ao longo do rio Pandeiros Tabela 1 - Coordenadas dos pontos amostrais ao longo do rio Pandeiros

Pontos Região Coordenadas (montante e jusante) Ponto 1 M 15°22’55.69”S/ 44°55’26.65”W Ponto 2 M 15°26’27.25”S/ 44°49’14.83”W Ponto 3 M 15º29’55.34”S/ 44°45’27.41”W Ponto 4 M 15°29’57.61”S/ 44°45’8.26”W Ponto 5 J 15°30’20.03”S/ 44°45’24.24”W Ponto 6 J 15°30’48.63”S/ 44°45’15.03”W Ponto 7 J 15°40’11.11”S/ 44°38’11.46”W Ponto 8 J 15°41’46.06”S/ 44°34’30.01”W

6060 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019

Mapa 1 – Localização dos pontos de coleta ao longo do rio Pandeiros Em cada ponto a amostragem dos pei- arrasto (ZALE et al., 2012). As redes foram xes foi realizada com redes de espera, com colocadas às 18 horas e retiradas na manhã malha de 3 a 16 cm entre nós opostos, além seguinte, permanecendo expostas por cerca de amostragem qualitativa com peneiras e de doze horas (FOTOGRAFIA 1A e 1B).

Fotogra a 1A - Rio Pandeiros a montante da PCH Pandeiros próximo ao ponto1

Legenda: P1 e P2: alto rio Pandeiros; P3 e P4: Rio Pandeiros, imediatamente a montante do reservatório da PCH Pandeiros; P5 e P6: Rio Pandeiros, imediatamente a jusante da barragem da PCH Pandeiros; A P7 e P8: Baixo rio Pandeiros, na região de seu Pântano. FonteFonte:: Acervo Acervo pessoalpessoal dede RafaelRafael CoutoCouto RosaRosa dede SouzaSouza Fonte: Adaptado de Bueno, 2016. Fotogra a 1B - Rio Pandeiros na região da planície de inundação Todos os pontos estão inseridos na Área de Proteção Ambiental Pandeiros (APA) e qua- tro deles também estão dentro do Refúgio da Vida Silvestre Pandeiros (REVS) (TABELA 1).

B Fonte:Fonte: AcervoAcervo pessoalpessoal dede RafaelRafael CoutoCouto RosaRosa dede SouzaSouza

60 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 6161 Os exemplares capturados foram etique- Carolsfeld et al., (2003) e Agostinho et al., Resultados e discussão Na lagoa modi cada pela presença da barra- tados e  xados em solução de formol 10%. (2007). Além disso, foi comparada a dieta gem (Ponto 4), observou-se baixa diversidade O material coletado foi levado ao Laboratório dos peixes capturados em duas lagoas, uma No presente estudo, foram identi cadas um de espécies, sendo a comunidade composta total de 60 espécies de peixes ( FOTOGRAFIA de Ecologia de Peixes – Universidade Fe- in uenciada pela barragem e outra natural na basicamente por indivíduos de tamboatá (Ho- deral de Lavras (UFLA), onde foi transferido 4). Foram observados maior número de espé- plosternum littorale – espécie exótica) e cangati planície de inundação (FOTOGRAFIA 2A e para solução de álcool 70º, e estão em pro- cies migradoras na região da foz e na planície (Trachelyopterus galeatus). As outras espécies 2B). A partir da análise de conteúdo estoma- cesso de tombamento na Coleção Ictiológica de inundação e maior quantidade de espécies exóticas ocorreram em número reduzido, tanto cal das espécies com número de indivíduos da UFLA - CIUFLA. exóticas (espécies não nativas da bacia do rio acima quanto abaixo da barragem (TABELA 2). Os peixes foram identi cados baseando- maior que cinco, foi possível calcular o Indíce São Francisco) nos pontos acima da barragem. se em Britski et al., (1988) e a classi cação Alimentar para cada item alimentar proposto das espécies migradoras foi baseada em por Kawakami & Vazzoler (1980). Fotogra a 4 – Algumas espécies nativas do rio Pandeiros coletadas durante o estudo

FotograFotografia a 2A2A –– LagoaLagoa conecadaconectada ao ao reservatório reservatório a aPCH PCH PandeirosPandeiros presentepresente nana margemmargem esquerda dodo riorio PandeirosPandeiros

A B

CD

Fotogra a 2B - Integrantes do estudo armando conjunto de rede na lagoa marginal na planície de inundação na foz do rio Pandeiros

E F

G H Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza

62 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 63 Os exemplares capturados foram etique- Carolsfeld et al., (2003) e Agostinho et al., Resultados e discussão Na lagoa modi cada pela presença da barra- tados e  xados em solução de formol 10%. (2007). Além disso, foi comparada a dieta gem (Ponto 4), observou-se baixa diversidade O material coletado foi levado ao Laboratório dos peixes capturados em duas lagoas, uma No presente estudo, foram identi cadas um de espécies, sendo a comunidade composta total de 60 espécies de peixes ( FOTOGRAFIA de Ecologia de Peixes – Universidade Fe- in uenciada pela barragem e outra natural na basicamente por indivíduos de tamboatá (Ho- deral de Lavras (UFLA), onde foi transferido 4). Foram observados maior número de espé- plosternum littorale – espécie exótica) e cangati planície de inundação (FOTOGRAFIA 2A e para solução de álcool 70º, e estão em pro- cies migradoras na região da foz e na planície (Trachelyopterus galeatus). As outras espécies 2B). A partir da análise de conteúdo estoma- cesso de tombamento na Coleção Ictiológica de inundação e maior quantidade de espécies exóticas ocorreram em número reduzido, tanto cal das espécies com número de indivíduos da UFLA - CIUFLA. exóticas (espécies não nativas da bacia do rio acima quanto abaixo da barragem (TABELA 2). Os peixes foram identi cados baseando- maior que cinco, foi possível calcular o Indíce São Francisco) nos pontos acima da barragem. se em Britski et al., (1988) e a classi cação Alimentar para cada item alimentar proposto das espécies migradoras foi baseada em por Kawakami & Vazzoler (1980). Fotogra a 4 – Algumas espécies nativas do rio Pandeiros coletadas durante o estudo

Fotogra a 2A – Lagoa conecada ao reservatório a PCH Pandeiros presente na margem esquerda do rio Pandeiros

A B

CD

Fotogra a 2B - Integrantes do estudo armando conjunto de rede na lagoa marginal na planície de inundação na foz do rio Pandeiros

E F

G H Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza

62 63 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 63 IJ Legenda: A - Lophiosilurus alexandri (pacamã); B - Crenicichla lepidota (jacundá); C - Pimelodus fur (mandi-prata); D - Prochilodus argenteus (curimba); E - Leporinus taeniatus (piau-jejo); F - Serrasalmus brandtii (pirambeba); G - Pachyurus francisci (corvina); H - corruscans (surubim); I - Bryconops sp. J - Salminus franciscanus (dourado). Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza

TABELA 2 – Número de indivíduos das espécies coletadas nos oito pontos amostrados, Tabela 2 – Númeroseparados de indivíduos entre das as espécies regiões coletadas montante nos (P1, oito P2,pontos P3, amostrados, P4) e jusante separados (P5, P6, entre P7, as regiõesP8) montante da PCH (P1, Pandeiros P2, P3, P4) e jusante (P5, P6, P7, P8) da PCH Pandeiros (Continua ...) Espécie Montante Jusante N P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 ORDEM Família Curimatidae Curimatella lepidura Eigenmann & Eigenmann, 1889 43 6 61 110 Cyphocharax gilbert Quoy & Gaimard, 1824 7 7 Steindachnerina elegans Steindachner, 1875 1 9 4 7 3 24 Família Prochilodontidae Prochilodus argenteus Spix & Agassiz, 1829M 10 6 22 38 Prochilodus costatus Valenciennes, 1850M 11 5 16 Família Leporellus vittatus Valenciennes, 1850 3 3 Leporinus piau Fowler, 1941 71 10 38 119 Leporinus taeniatus Lütken, 1875M 140 1 141 obtusidens Valenciennes, 1837M 1 2 1 1 5 Megaleporinus reinhardti Lütken, 1875M 21 4 23 48 Schizodon knerii Steindachner, 1875 18 4 28 50 Família Crenuchidae Characidium lagosantense Travassos, 1947 1 1 Characidium aff. zebra Eigenmann, 1909 1 1 Família Characidae Astyanax fasciatus Cuvier, 1819 12 8 3 43 23 1 90 Astyanax lacustris Lütken, 1875 8 10 7 4 27 4 3 63

6464 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 TABELA 2 – Número de indivíduos das espécies coletadas nos oito pontos amostrados, Tabela 2 – Número de indivíduos das espécies coletadas nos oito pontos amostrados, separados entre as separados entre as regiões montante (P1, P2, P3, P4) e jusante (P5, P6, P7, regiões montante (P1, P2, P3, P4) e jusante (P5, P6, P7, P8) da PCH Pandeiros P8) da PCH Pandeiros (Continua...) Espécie Montante Jusante N P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 Hemigrammus marginatus Ellis, 1911 1 5 3 9 IJMoenkhausia sanctaefilomenae Steindachner, 1907 1 1 Legenda: A - Lophiosilurus alexandri (pacamã); Orthospinus franciscensis Eigenmann, 1914 1 6 1 8 B - Crenicichla lepidota (jacundá); Phenacogaster franciscoensis Eigenmann, 1911 3 5 8 C - Pimelodus fur (mandi-prata); Serrapinnus piaba Lütken, 1875 4 3 7 D - Prochilodus argenteus (curimba); E - Leporinus taeniatus (piau-jejo); Tetragonopterus franciscoensis Silva, Melo, Oliveira F - Serrasalmus brandtii (pirambeba); & Benine, 2016 20 15 19 54 G - Pachyurus francisci (corvina); H - Pseudoplatystoma corruscans (surubim); I - Bryconops sp. Triportheus guentheri Garman, 1890 11 37 48 J - Salminus franciscanus (dourado). Família Serrasalmidae Fonte: Acervo pessoal de Rafael Couto Rosa de Souza Metynnis lippincottianus Cope, 1870E 4 10 3 1 18 Myleus micans Lütken, 1875 38 45 19 3 58 13 2 178 Pygocentrus piraya Cuvier, 1819 20 9 29 Serrasalmus brandtii Lütken, 1875 1 5 26 32 Família Bryconidae Brycon orthotaenia Günther, 1864M 2 3 3 8 Salminus franciscanus Lima & Britski, 2007M 8 5 15 28 Família Acestrorhynchidae Acestrorhynchus lacustris Lütken, 1875 12 8 25 97 42 102 5 3 294 Família Erythrinidae Hoplerythrinus unitaeniatus Spix & Agassiz, 1829 1 1 Hoplias intermedius Günther, 1864 15 31 6 7 20 27 1 4 111 Hoplias malabaricus Bloch, 1794 18 56 19 14 107 Família Parodontidae Apareiodon spp. 2 2 Parodon hilarii Reinhardt, 1867 2 3 1 6 Família Iguanodectidae Bryconops sp. 1 17 53 1 1 73 ORDEM SILURIFORMES Família Callichthyidae Corydoras multimaculatus Steindachner, 1907 8 8 Hoplosternum littorale Hancock, 1828E 3 1 12 304 45 365 Família Loricariidae Hisonotus sp. 8 6 5 1 20 Hypostomus sp1 7 28 3 26 3 67 Hypostomus spp 1 3 13 17 Hypostomus aff. alatus Castelnau, 1855 4 4 Hypostomus aff. margaritifer Regan, 1908 2 28 11 42 20 103 Pterygoplichthys etentaculatus Spix & Agassiz, 1829 1 1 2

64 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 65 TabelaTABELA 2 – 2 Número – Número de de indivíduos indivíduos das das espécies espécies coletadas coletadas nos nos oito oito pontos pontos amostrados,amostrados, separados entre as Foram coletadas nove espécies migrado- como para o carreamento de larvas em dire- regiõesSeparados montante entre (P1, as regiõesP2, P3, montanteP4) e jusante (P1, P2(P5,, P3, P6, P4) P7, e P8) jusante da PCH (P5, PandeirosP6, P7, P8) da PCH Pandeiros ras (Brycon orthotaenia, Leporinus taeniatus, ção às planícies de inundação (PELICICE et (Conclusão) Megaleporinus obtusidens, Megaleporinus al., 2015a). Espécie Montante Jusante N reinhardti, Pimelodus maculatus, Prochilo- Para se ter um conhecimento mais am- P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 dus argenteus, Prochilodus costatus, Pseu- plo de quais espécies são encontradas no rio Rineloricaria pentamaculata Langeani & de Araujo, 1 1 1994 doplatystoma corruscans Salminus francis- Pandeiros, foram incorporporados ao traba- Família Pseudopimelodidae canus). Destas espécies foram capturados lho estudos anteriores. Assim, até o momen-

Lophiosilurus alexandri Steindachner, 1876 1 3 4 305 indivíduos em seis pontos de coleta. Em to, 88 espécies de peixes já foram registradas Família Heptapteridae todos os pontos a jusante da PCH Pandei- neste rio (TABELA 3). Os estudos anteriores Rhamdia quelen Quoy & Gaimard, 1824 1 2 3 ros foi registrada a presença de espécies mi- haviam se concentrado em áreas na planí- Família Pimelodidae gradoras. Em contrapartida, a montante da cie de inundação (GODINHO 1986, ALVES ; M Pimelodus maculatus La Cepède, 1803 2 16 18 PCH Pandeiros estas espécies foram coleta- LEAL 2010). Apenas um estudo foi conduzido 2 2 Pimelodus fur Lütken, 1874 das somente em dois pontos e em pequena em outra região da bacia, amostrando uma Pseudoplatystoma corruscans Spix & Agassiz, 3 3 1829M abundância. Apenas dois indivíduos de ma- única vez em apenas quatro pontos (SAN- Família Auchenipteridae trinchã (B. orthotaenia) foram coletados no TOS et al., 2015). Apesar de não contemplar Centromochlus bockmanni Sarmento-Soares & 5 5 ponto 2 (P2) e um indivíduo de piapara (M. ainda pequenos a uentes do rio Pandeiros Buckup, 2005 obtusidens), no ponto 3 (P3) (TABELA 2). e não abranger um número maior de espé- Trachelyopterus galeatus Linneaus, 1776 2 3 41 309 10 9 6 380 Desta maneira, foi possível observar cies de menor porte, já é possível a rmar que ORDEM GYMNOTIFORMES diferenças na distribuição das espécies mi- pelo menos 1/3 da fauna de peixes do São Família Gymnotidae Gymnotus sp. 1 1 5 1 8 gradoras em função das alterações causa- Francisco pode ser encontrada na bacia do Família Sternopygidae das pelo barramento da PCH Pandeiros. Os Pandeiros (BARBOSA et al., 2017) Sternopygus macrurus Bloch & Schneider,1801 1 1 barramentos alteram o regime hidrológico ORDEM CYPRINODONTIFORMES original de um rio, resultando em um novo Família Poeciliidae ecossistema (AGOSTINHO et al., 2007, 6 6 Pamphorichthys hollandi Henn, 1916 SANCHES et al., 2014) e provocam altera- ORDEM SYNBRANCHIFORMES ção na composição e abundância das comu- Família Synbranchidae nidades aquáticas, causando proliferação de Eigenmannia besouro Peixoto & Wosiacki, 2016 6 5 1 2 1 1 16 algumas espécies e redução ou eliminação ORDEM PERCIFORMES Família Sciaenidae de outras. Além disso, os peixes migradores Pachyurus francisci Cuvier, 1830 1 1 necessitam de grandes trechos livres da ba- ORDEM CICHLIFORMES cia, onde se deslocam por vários quilômetros Família Cichlidae para completarem suas rotas migratórias E Astronotus ocellatus Agassiz, 1831 1 1 (AGOSTINHO et al., 2007). Portanto, este E 1 1 Cichla piquiti Kullander & Ferreira, 2006 grupo é um dos mais afetados pela constru- Cichlasoma sanctifranciscense Kullander,1983 2 3 4 26 6 41 ção de barragens, pois o barramento e seu Crenicichla lepidota Heckel, 1840 1 2 3 Total 138 183 187 885 262 630 126 410 2821 reservatório constituem um obstáculo para o Legenda: M = espécie migradora de grandes distâncias de acordo com Carolsfeld et al. (2003). livre deslocamento entre as áreas de alimen- E = espécie não nativa nas bacias do rio São Francisco segundo Reis et al. (2003). tação e desova (LOPES; SILVA 2012), bem

66 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 67 Foram coletadas nove espécies migrado- como para o carreamento de larvas em dire- ras (Brycon orthotaenia, Leporinus taeniatus, ção às planícies de inundação (PELICICE et Megaleporinus obtusidens, Megaleporinus al., 2015a). reinhardti, Pimelodus maculatus, Prochilo- Para se ter um conhecimento mais am- dus argenteus, Prochilodus costatus, Pseu- plo de quais espécies são encontradas no rio doplatystoma corruscans e Salminus francis- Pandeiros, foram incorporporados ao traba- canus). Destas espécies foram capturados lho estudos anteriores. Assim, até o momen- 305 indivíduos em seis pontos de coleta. Em to, 88 espécies de peixes já foram registradas todos os pontos a jusante da PCH Pandei- neste rio (TABELA 3). Os estudos anteriores ros foi registrada a presença de espécies mi- haviam se concentrado em áreas na planí- gradoras. Em contrapartida, a montante da cie de inundação (GODINHO 1986, ALVES ; PCH Pandeiros estas espécies foram coleta- LEAL 2010). Apenas um estudo foi conduzido das somente em dois pontos e em pequena em outra região da bacia, amostrando uma abundância. Apenas dois indivíduos de ma- única vez em apenas quatro pontos (SAN- trinchã (B. orthotaenia) foram coletados no TOS et al., 2015). Apesar de não contemplar ponto 2 (P2) e um indivíduo de piapara (M. ainda pequenos a uentes do rio Pandeiros obtusidens), no ponto 3 (P3) (TABELA 2). e não abranger um número maior de espé- Desta maneira, foi possível observar cies de menor porte, já é possível a rmar que diferenças na distribuição das espécies mi- pelo menos 1/3 da fauna de peixes do São gradoras em função das alterações causa- Francisco pode ser encontrada na bacia do das pelo barramento da PCH Pandeiros. Os Pandeiros (BARBOSA et al., 2017) barramentos alteram o regime hidrológico original de um rio, resultando em um novo ecossistema (AGOSTINHO et al., 2007, SANCHES et al., 2014) e provocam altera- ção na composição e abundância das comu- nidades aquáticas, causando proliferação de algumas espécies e redução ou eliminação de outras. Além disso, os peixes migradores necessitam de grandes trechos livres da ba- cia, onde se deslocam por vários quilômetros para completarem suas rotas migratórias (AGOSTINHO et al., 2007). Portanto, este grupo é um dos mais afetados pela constru- ção de barragens, pois o barramento e seu reservatório constituem um obstáculo para o livre deslocamento entre as áreas de alimen- tação e desova (LOPES; SILVA 2012), bem

67 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 67 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores

(Continua...) Nome Ordem Família Espécie Referências comum Anchoviella vaillanti Clupeiformes Engraulidae Sardinha Godinho,1986 Steindachner, 1908 Godinho, 1986; Curimatella lepidura Alves & Leal, Eigenmann & Eigenmann, Manjuba 2010 et al., 1889 2015 Cyphocharax gilbert Quoy Alves & Leal, Curimatidae & Gaimard, 1824 2010 Godinho, 1986, Steindachnerina elegans Alves & Leal, Saguiru Steindachner, 1875 2010; Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Prochilodus argenteus Spix Curimbatá- Alves & Leal, & Agassiz, 1829 pacu 2010; Santos Prochilodontidae et al., 2015 Godinho, 1986; Prochilodus costatus Curimbatá- Alves & Leal, Valenciennes, 1850 pioa 2010 Godinho, 1986; Leporinus piau Fowler, Alves & Leal, Piau-gordura 1941 2010; Santos et al., 2015 Characiformes Godinho, 1986; Leporinus taeniatus Lütken, Alves & Leal, Piau-jejo 1875 2010; Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Megaleporinus elegantus Alves & Leal, Piau Valenciennes, 1850 2010; Santos et al., 2015 Anostomidae Megaleporinus Alves & Leal, macrocephallus Garavello Piauçu 2010 & Britski, 1988 Megaleporinus obtusidens Piau- Alves & Leal, Valenciennes, 1837 verdadeiro 2010 Godinho, 1986; Megaleporinus reinhardti Piau-três- Alves & Leal, Lütken, 1875 pintas 2010; Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Schizodon knerii Piau- Alves & Leal, Steindachner, 1875 campineiro 2010; Santos et al., 2015

68 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores

Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores (Continua...) Nome Ordem Família Espécie Referências comum Characidium fasciatum Piabinha Godinho, 1986 Reinhardti, 1867 Characidium lagosantense Alves & Leal, Mocinha Crenuchidae Travassos, 1947 2010 Alves & Leal, Characidium zebra Mocinha 2010; Santos et Eigenmann, 1909 al., 2015 Godinho, 1986; Lambari-do- Astyanax fasciatus Cuvier, Alves & Leal, rabo- 1819 2010; Santos et vermelho al., 2015 Godinho, 1986; Characidae Astyanax lacustres Lütken, Lambari-do- Alves & Leal, 1875 rabo-amarelo 2010; Santos et al., 2015 Astyanax rivularis Lütken, Santos et. al., Lambari 1875 2015 Alves & Leal, Astyanax spp. Lambari 2010 Brachychalcinus Piaba Godinho, 1986 franciscoensis Bryconamericus Santos et. al., stramineus Eigenmann, 2015 1908 Alves & Leal, Bryconops affinis Günther, 2010; Santos 1864 et. al., 2015 Godinho, 1986; Hemigrammus marginatus Piaba Alves & Leal, Ellis, 1911 2010 Alves & Leal, Hyphessobrycon sp. Piaba 2010 Hyphessobrycon santae Alves & Leal, Piaba Eigenmann, 1907 2010 Characiformes Characidae Godinho, 1986; Moenkhausia costae Piaba Alves & Leal, Steindachner, 1907 2010 Godinho, 1986; Moenkhausia Alves & Leal, sanctaefilomenae Piaba 2010; Santos et Steindachner, 1907 al., 2015 Orthospinus franciscensis Santos et al., Piaba Eigenmann, 1914 2015 Piabina argentea Santos et al., Piaba Reinhardt, 1867 2015 Santos et al., Planaltina sp. Piaba 2015 Psellogrammus kennedyi Piaba Rigenmann, 1903 Godinho, 1986; Roeboides xenodon Piaba Alves & Leal, Reinhardt, 1851 2010

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 69 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores

(Continua...) Nome Ordem Família Espécie Referências comum Serrapinus heterodon Alves & Leal, Piabinha Eigenmann, 1915 2010 Godinho, 1986; Serrapinus piaba Piabinha Alves & Leal, Lütken, 1875 2010 Tetragonopterus Godinho, 1986; Paiba- chalceus Spix & Alves & Leal, rapadura Agassiz, 1829 2010 Godinho, 1986; Triportheus guentheri Paiba-falcão Alves & Leal, Garman, 1890 2010 Myleus altipinnis Santos et al., Pacu Valenciennes, 1850 2015 Godinho, 1986; Myleus micans Lütken, Alves & Leal, Pacu 1875 2010; Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Serrasalmidae Pygocentrus piraya Alves & Leal, Piranha Cuvier, 1819 2010; Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Serrasalmus brandtii Alves & Leal, Pirambeba Charaiformes Lütken, 1875 2010; Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Brycon orthotaenia Matrinchã Alves & Leal, Günther, 1864 2010 Bryconidae Godinho, 1986; Salminus franciscanus Alves & Leal, Dourado Lima& Britski, 2007 2010; Santos et al., 2015 Salminus sp. Godinho, 1986; Godinho, 1986; Acestrorhynchus Peixe- Alves & Leal, lacustres Lütken, 1875 cachorro 2010; Santos et Acestrorchynchidae al., 2015 Acestrorhynchus britskii Peixe- Godinho, 1986 Menezes, 1969 cachorro Hoplerythrinus Alves & Leal, unitaeniatus Spix & Léo 2010; Santos et Agassiz, 1829 al., 2015 Alves & Leal, Hoplias intermedius Trairão 2010; Santos et Günther, 1864 Erythrinidae al., 2015 Godinho, 1986; Hoplias malabaricus Alves & Leal, Traíra Bloch, 1794 2010; Santos et al., 2015 Hoplias sp. Godinho, 1986

70 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores (Continua...) Nome Ordem Família Espécie Referências comum Bryconidae Salminus sp. Godinho, 1986; Godinho, 1986; Acestrorhynchus Peixe- Alves & Leal, 2010; lacustres Lütken, 1875 cachorro Acestrorchynchidae Santos et al., 2015 Acestrorhynchus britskii Peixe- Godinho, 1986 Menezes, 1969 cachorro Hoplerythrinus Alves & Leal, 2010; Characiformes unitaeniatus Spix & Léo Santos et al., 2015 Agassiz, 1829 Hoplias intermedius Alves & Leal, 2010; Trairão Erythrinidae Günther, 1864 Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Hoplias malabaricus Traíra Alves & Leal, 2010; Bloch, 1794 Santos et al., 2015 Hoplias sp. Godinho, 1986 Corydoras multimaculatus Godinho, 1986 Steindachner, 1907 Callichthyidae Corydoras polystictus Peixe-gato Alves & Leal, 2010; Regan, 1912 Hoplosternum littorale Alves & Leal, 2010; Tamboatá Hancock, 1828 Santos et al., 2015 Hisonotus sp. n.2 Cascudinho Alves & Leal, 2010; Hypostomus spp. Cascudo Alves & Leal, 2010; Hypostomus lima, Santos et al., 2015 Lütken, 1874 Hypostomus francisci, Santos et al., 2015 Lütken, 1874 Loricariidae Pterygoplichthys Godinho, 1986; Cascudo, etentaculatus Spix & Alves & Leal, 2010; acari agassiz, 1829 Santos et al., 2015 Hartia longipinna Langeani, Oyakawa & Santos et al., 2015 Montoya-Burgos, 2001 Siluriformes Microglanis leptostriatus Alves & Leal, 2010 Mori & Shibatta, 2006 Pseudopimelodidae Lophiosilurus alexandri Pacamã Godinho, 1986 Steindachner, 1876 Imparfinis minutus Bagrinho Alves & Leal, 2010 Lütken, 1874 Heptapteridae Pimelodella lateristriga Alves & Leal, 2010; Chorão Lichtenstein, 1823 Santos et al., 2015 Pimelodella sp. Mandizinho Godinho, 1986 Godinho, 1986; Pimelodus maculatus La Mandi- Alves & Leal, 2010; Cepède, 1803 amarelo Santos et al., 2015 Pimelodidae Pimelodus sp. Mandi-branco Godinho, 1986 Pseudoplatystoma Godinho, 1986; corruscans Spix & Surubim Alves & Leal, 2010; Agassiz, 1829 Santos et al., 2015 Godinho, 1986; Trachelyopterus Auchenipteridae Cangati Alves & Leal, 2010; galeatus Linneaus, 1776 Santos et al., 2015

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 71 Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores Tabela 3 - Lista de espécies de peixes coletadas no rio Pandeiros em trabalhos anteriores

(Conclusão) Nome Ordem Família Espécie Referências comum Santos et al., Siluriformes Trichomycteridae Trichomycterus sp. 2015 Godinho, 1986; Gymnotus carapo Gymnotidae Sarapó Alves & Leal, Linnaeus, 1758 2010 Gymnotiformes Godinho, 1986; Eigenmannia virescens Alves & Leal, Sternopygidae Sarapó Valenciennes, 1836 2010; Santos et al., 2015 Pamphorichrichthys Alves & Leal, Cyprinodontiformes Poeciliidae Barriguinho hollandi Henn, 1916 2010 Synbranchus Alves & Leal, Synbranchiformes Synbranchidae marmoratus Bloch, Mussum 2010 1795 Pachyurus francisci Corvina Godinho, 1986; Periciformes Cuvier, 1830 Sciaenidae Pachyurus squamipennis Agassiz, Corvina Godinho, 1986; 1831 Alves & Leal, Australocheros facetus Cará 2010; Santos et Jenyns, 1842 al., 2015 Cichla ocellaris Alves & Leal, Tucunaré Schneider, 1801 2010 Cichla piquiti Kullander Santos et al., Tucunaré Cichliformes & Ferreira, 2006 2015 Cichlidae Cichlasoma Santos et al., sanctifranciscense Cará-preto 2015 Kullander, 1983 Cichlasoma sp. Godinho, 1986; Godinho, 1986; Crenicichla lepidota Jacubdá Alves & Leal, Heckel, 1840 2010

A partir da análise de conteúdo estoma- cal, agrupamos os itens alimentares encon- trados nos peixes em seis principais catego- rias, Tabela 4 e somamos seus respectivos valores de Indíce Alimentar, Tabela 5, veri-  cando como a dinâmica tró ca é alterada quando comparamos um ambiente natural (lagoa marginal na planície de inundação) e um ambiente modi cado (lagoa conectada ao reservatório) e em diferentes períodos do ano como seca e chuva.

72 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 72 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Tabela 4 - Agrupamento dos itens alimentares encontrados nos peixes em seis categorias

Categorias Itens alimentares Algas Todo tipo de alga, principalmente algas filamentosas; Detritos Constituído de matéria orgânica particulada; Invertebrados Adultos, larvas ou partes de insetos, como besouros e moscas, e demais invertebrados, como aranhas, crustáceos e nematodas;

Restos de animais Partes de animais, escamas, nadadeiras e peixes inteiros;

Restos vegetais Partes vegetais, raízes, sementes e frutos; Zooplântons Zooplânctons em geral, como ostracoda, cladocero, copepoda, e demais.

Tabela 5 - Conteúdo estomacal das espécies encontradas nas lagoas com N5

(Continua...) Nome (Continua...) Espécie Nome Período N N0 A D I RA RV Z Espécie popular Período N N0 A D I RA RV Z Peixe-popular Acestrorhynchus lacustris Peixe- S 20 11 +++ Acestrorhynchus lacustris cachorro S 20 11 +++ cachorro C 22 13 - +++ C 22 13 - +++ Bryconops affinis S 9 2 +++ - Bryconops affinis S 9 2 +++ - C 21 7 +++ C 21 7 +++ Cichlasoma Cichlasoma sanctifranciscense Cará-pretoCará-preto S S 8 82 2 + ++++ +++ - - sanctifranciscense C 8 0 ++ ++ + C 8 0 ++ ++ + Gymnotus carapo Sarapó S 1 0 +++ Gymnotus carapo Sarapó S 1 0 +++ C 4 0 +++ C 4 0 +++ Hoplias malabaricus Traíra S 10 7 +++ Hoplias malabaricus Traíra S 10 7 +++ C 13 11 - +++ C 13 11 - +++ A partir da análise de conteúdo estoma- Hoplosternum littorale Tamboatá S 19 2 - ++ ++ - Lagoaconectada reservatórioao

Lagoaconectada reservatórioao Hoplosternum littorale Tamboatá S 19 2 - ++ ++ - cal, agrupamos os itens alimentares encon- C 29 4 - + +++ - Trachelyopterus galeatus Cangati C S 29 20 4 3 - - + -+++ +++ - - - trados nos peixes em seis principais catego- Trachelyopterus galeatus Cangati S C 2021 3 2 - - +++ +++ - - - - rias, Tabela 4 e somamos seus respectivos Cichlasoma sanctifranciscense Cará-preto C S 21 2 2 ++++ - + - +++ - Cichlasoma valores de Indíce Alimentar, Tabela 5, veri- Cará-preto S C 2 4 2 ++ + ++ + +++- - Curimatellasanctifranciscense lepidura Manjuba S 30 +++ - +  cando como a dinâmica tró ca é alterada C C 4 18 2 ++ ++ +++ - - - ão quando comparamos um ambiente natural ç HopliasCurimatella malabaricus lepidura ManjubaTraíra S S 30 7 7 +++ - + C C 18 6 6 +++ - -

(lagoa marginal na planície de inundação) e inunda HoplosternumHoplias malabaricus littorale TamboatáTraíra S S 7 10 7 1 ++ - - +++ um ambiente modi cado (lagoa conectada C C 6 326 6 ++ - ++ HoplosternumLeporinus piaulittorale TamboatáPiau-gordura S S 10 16 1 1 ++ - - - - ++ +++ ao reservatório) e em diferentes períodos do Lagoamarginal planíciena de C 22 +++ - - - ano como seca e chuva. C 326 ++ - ++ Piau- Leporinus piau S 16 1 - - ++ gordura

Lagoamarginal planície na inundação de C 22 +++ - - - 72 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 73

Tabela 5 - Conteúdo estomacal das espécies encontradas nas lagoas com N5 ((ConConclusão)clusão) EspécieEspécie NomeNome popular popular Período Período N N N0 N0 A A D D I I RA RA RV RV Z Z Piau-três- (Continua...) Megaleporinus reinhardti Piau-três-Nome S 10 4 ++ ++ - EspécieMegaleporinus reinhardti pintas PeríodoS 10 N 4 N0 A ++ D I RA++ RV - Z pintaspopular ++ - + + Peixe- CC 9 9 ++ - + + Acestrorhynchus lacustris S 20 11 +++ Mandi-Mandi-cachorro PimelodusPimelodus maculatus maculatus SS 7 7 -- + + ++ ++ amaamarelorelo C 22 13 - +++ Bryconops affinis CC S 9 9 9 2 -- + + ++++++ +++ + + - - - Curimbatá- Prochilodus argenteus Curimbatá- S C 10 215 7 - ++ +++ ++ Prochilodus argenteus pacu S 10 5 - ++ ++ Cichlasoma sanctifranciscense Cará-pretopacu S 8 2 + +++ - C 11 7 ++ ++ C C 11 87 0 ++ ++ ++ ++ + PygocentrusPygocentrusGymnotus piraya piraya carapo PiPiranharaSarapónha S S S 7 7 11 1 0 +++++++++ - - CC C 2 2 4 11 0 +++++++++ SalminusSalminusHoplias franciscanus franciscanus malabaricus DourDouradoTraíraado S S S 5 5 102 2 7 ++++++ +++ CC C 8 8 134 4 11 +++-+++ +++ - - Hoplosternum littorale PiaPiau-Tamboatáu- S 19 2 - ++ ++ - Lagoaconectada reservatórioao SchizodonSchizodon knerii knerii SS 21 217 7 -- ++++++ cacampineirompineiro C 29 4 - + +++ - Trachelyopterus galeatus Cangati CC S 7 7 202 2 3 ------+++ +++- +++ - Lagoamarginal planície na inundação de Lagoa marginal na planície de inundação SerrassalmusSerrassalmus brandtii brandtii PiPirambebarambeb a S S C 8 8 21 2 +++++++++ - - - - Cichlasoma sanctifranciscense Cará-preto CC S 1 166 2 + ++++++ + - - +++ - TriportheusTriportheus guentheri guentheri PiaPiaba-facãoba-facã o S S C 20 20 4 2 2 2 ++ ++ -- +++- +++ Curimatella lepidura Manjuba CC S 1 155 30 +++ - - +++- +++ + PPeríodo:eríodo: S S = = P Períodoeríodo d dee s seca,eca, C C = = P Períodoeríodo d dee cchuva;huva; NN C == NNúmeroúmero 18 ddee inindivíduosdivíd+++uos aanalisados;nalisados; N0N0- == - ão NNúmeroúmeroç d ede Hopliasin indivíduosdivíduo malabaricuss a analisadosnalisado s c comom e estômagostôTraíramago v vazio;azio; A A S== a algas;lgas; 7 DD = 7= ddetritos;etritos; II == iinvertebrados;nvertebrados; RARA = =re restosstos d ede a nanimais;imais; RV RV = = re restosstos ve vegetais;getais; Z Z = = zoo zooplânctons.plânctonCs. 6 6

-, -,+ ,+, inunda ++ ++,, +++ +++ = = í níndicedice a alimentarlimentar menor menor q queue 10 10%%, ,en entretre 1010 ee 330%,0%, enentretre 3300 ee 660%0% ee mmaioraior qqueue 660%,0%, Hoplosternum littorale Tamboatá S 10 1 ++ - - +++ rerespectivamente.spectivamente. C 326 ++ - ++ Leporinus piau Piau-gordura S 16 1 - - ++ Lagoamarginal planíciena de Na lagoa natural, peixes que se alimen- é um ambiente que possui grande variação C 22 +++ - - - tam de diferentes tipos de recursos são bem ao longo do ano, podendo até secar comple- representados, enquanto na lagoa conecta- tamente em períodos de seca (GODINHO, da ao reservatório predominam as espécies 1986; NUNES et al., 2009), tornando-se al- que se alimentam de invertebrados (GRÁFI- tamente heterogênea, com grande diversi- CO 1). Estas diferenças estão ligadas, pos- dade de habitats e disponibilidade de recur- sivelmente, com a hetereogeneidade (habi- sos para a ictiofauna (LOWE-MCCONNELL, tat e recurso) e dinâmica de espécies que 1999; JUNK et al., 2006). estão nestes ambientes (POMPEU; GODI- NHO, 2003). A lagoa conectada ao reserva- tório é um ambiente arti cial que não sofre as in uências do rio ao longo dos períodos de seca e chuva. Assim, torna-se um am- biente com baixa heterogeneidade, pouca diversidade de habitats e disponibilidade de recursos. Em contraponto, a lagoa marginal da planície de inundação do rio Pandeiros,

7474 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 Gráfico 1 - Proporção das categorias alimentares dos peixes coletados nas lagoas acima e abaixo da barragem

Considerações finais efeitos positivos da remoção também se es- tenderiam ao rio São Francisco, visto que o rio O presente trabalho indicou, mais uma Pandeiros é um dos principais afluentes desta vez, que o rio Pandeiros apresenta uma ele- bacia na porção do médio rio São Francisco vada riqueza de espécies de peixes. Mas onde ele se localiza. esta fauna não é plenamente conhecida, uma A remoção de barragens é um tema vez que o estudo de riachos de menor porte delicado e complexo por abranger muitas da bacia enriqueceria a lista, principalmente questões. Mesmo em países que praticam pela adição de espécies de pequeno porte. tal medida, é necessário ter conhecimento Através deste trabalho foi possível definir detalhado sobre o ecossistema envolvido e que a remoção da PCH Pandeiros é recomen- atenção para que a decisão tomada seja a dável, pois, aparentemente, as populações melhor para o ambiente influenciado por ela. de espécies migradoras só são autossus- No caso da PCH Pandeiros, acredita-se que tentáveis a jusante. Vários efeitos positivos é uma medida ecologicamente viável, pois poderiam ser observados com o descomissio- demonstrou-se que a barragem é ainda fonte namento, como um aumento significativo dos de impacto para a ictiofauna, principalmente possíveis sítios de desova ao longo de todo para os migradores e determinante na distri- rio e a recolonização dos trechos a montante buição e estrutura da comunidade de peixes da barragem. O atual reservatório também do rio. voltaria à condição de rio, com ganhos para todo o sistema. Além disso, os potenciais

MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 75 Referências FONSECA, E. M. B.; GROSSI, W. R.; FIORINE, R.A.; PRADO, N. J. S. PCH Pandeiros: uma complexainterface com a gestão ambiental regional. AGOSTINHO, A. A.; MARQUES, E. E.; In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS E AGOSTINHO, C. S.; ALMEIDA, D. A. D.; OLIVEIRA, MÉDIAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 6., 2008, R. J. D.; MELO, J. R. B. D. Fish ladder of Lajeado Belo Horizonte. Anais [...] MG. 2008. p 1-16. Dam: migrations on one-way routes? Neotropical Ichthyology, v. 5, n. 2, p. 121-130, 2007. GODINHO, H. P. Pesquisas ictiológicas no rio Pandeiros, MG. Belo Horizonte.1986. 73p.Relatório AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C.; PELICICE, F. Técnico. M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil.Maringa: Eduem, 2007. 501 p. IEA - International Energy Agency. Renewable Energy. Paris. 2015. 501 p. ALVES, C. B. M.; LEAL, C. G. Aspectos da conservação da fauna de peixes da bacia do rio JUNK, W. J. et al. The comparative biodiversity São Francisco em Minas Gerais. Belo Horizonte, of seven globally important wetlands: a synthesis. IEF. MG Biota, v. 2, p. 26-50. 2010. Aquatic Sciences-Research Across Boundaries, v. 68, n. 3, p. 400-414, 2006. BARBOSA, J. M.; SOARES, E. C.; CINTRA, I. H. A.; HERMANN, M.; ARAÚJO, A. R. R. Per l da KAWAKAMI, E.; VAZZOLER, G. Método grá co e ictiofauna da bacia do rio São Francisco. Acta of estimativa de índice alimentar aplicado no estudo Fisheries and Aquatic Resources, v. 5, p. 70-90. de alimentação de peixes. Boletim do Instituto 2017. Oceanográ co, v. 29, n. 2, p. 205-207, 1980.

BETHONICO, M. B. M. Rio Pandeiros: território e LOPES, J. M. SILVA, F. O. Metodologia para o história de uma área de proteção ambiental no norte planejamento, implantação, de nição de objetivos de Minas Gerais. Acta Geográ ca, v. 3, n. 5, p. 23- e monitoramento de sistemas de transposição de 38, 2010. peixes pela CEMIG. In: LOPES, J. M.; SILVA, F. O. (Org.); Transposição de Peixes. Belo Horizonte, BRITSKI, H. A., Sato, Y.; ROSA, A. B. Manual de CEMIG, 2012. p. 20-21. identi cação de peixes da região de Três Marias: com chaves de identi cação para os peixes da LOWE-MCCONNELL, R. H. bacia do São Francisco. Câmara dos Deputados/ Estudos ecológicos CODEVASF, 1984. 115 p. de comunidades de peixes tropicais / Ecological studies in tropical  sh... São Paulo: Edusp, 1999. 534 p. ilus. (Coleção Base). BUENO, M. L. Avaliação de espécies migradoras de peixes e do ictioplâncton no rio Pandeiros, Minas Gerais. 2016. 67 f. Dissertação (Mestrado MIMS, M. C.; OLDEN, J. D. Fish assemblages em Ecologia Aplicada) – Universidade Federal de respond to altered  ow regimes via ecological  ltering Lavras, Lavras. 2016. of life history strategies. Freshwater Biology, v. 58, n. 1, p. 50-62. 2013.

CAROLSFELD, J. Migratory  shes of : biology,  sheries and conservation NILSSON, C.; REIDY, C. A.; DYNESIUS, M.; status. World Fisheries Trust/Banque mondiale/ REVENGA, C. Fragmentation and  ow regulation of CRDI, 2003. 380p. the world’s large river systems. Science, v. 308, n. 5720, p. 405-408. 2005.

DRUMMOND, G. M. C. S; MARTINS, A. B. M; MACHADO, F.A; SEBAIO, Y. ANTONINI. NUNES, Y. R. F.; AZEVEDO, I. F. P.; NEVES, W. V.; Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para VELOSO, M. D.; SOUZA, R. A.; FERNANDES, G. sua conservação. Belo Horizonte: Fundação W. Pandeiros: o Pantanal mineiro. Belo Horizonte, Biodiversitas, 2005. 97 p. IEF MG Biota, v. 2, n. 2, p. 4-17. 2009.

76 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 Referências FONSECA, E. M. B.; GROSSI, W. R.; FIORINE, PELICICE, F.; AGOSTINHO, A. A. Fish-passage DERGAM, J. A. Fish fauna of the Pandeiros River, R.A.; PRADO, N. J. S. PCH Pandeiros: uma facilities as ecological traps in large neotropical a region of environmental protection for  sh species complexainterface com a gestão ambiental regional. rivers. Conservation biology, v. 22, n. 1, p. 180- in Minas Gerais state, Brazil. Check List, v. 11, n. 1, AGOSTINHO, A. A.; MARQUES, E. E.; In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS E 188. 2008. p. 1507. 2015. AGOSTINHO, C. S.; ALMEIDA, D. A. D.; OLIVEIRA, MÉDIAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 6., 2008, R. J. D.; MELO, J. R. B. D. Fish ladder of Lajeado Belo Horizonte. Anais [...] MG. 2008. p 1-16. WINEMILLER, K. O.; MCINTYRE, P. B.; CASTELLO, Dam: migrations on one-way routes? Neotropical PELICICE, F. M.; POMPEU, P. S.; AGOSTINHO, L.; FLUET-CHOUINARD, E.; GIARRIZZO, T.; NAM, Ichthyology, v. 5, n. 2, p. 121-130, 2007. A. A. Large reservoirs as ecological barriers to S.; STIASSNY, M. L. J. Balancing hydropower GODINHO, H. P. Pesquisas ictiológicas no rio downstream movements of Neotropical migratory and biodiversity in the Amazon, Congo, and Pandeiros, MG. Belo Horizonte.1986. 73p.Relatório  sh. Fish and Fisheries, v. 16, n. 4, p. 697-715. AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C.; PELICICE, F. Mekong. Science, v. 351, n. 6269, p. 128-129. 2016. Técnico. 2015a. M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil.Maringa: Eduem, ZALE, A. V; PARRISH, D. L.; SUTTON, T. M. 2007. 501 p. IEA - International Energy Agency. Renewable PRINGLE, C. M. Hydrologic connectivity and Fisheries techniques. 3ed. Bethesda, Maryland: Energy. Paris. 2015. 501 p. the management of biological reserves: a global American Fisheries Society, 2012, 1009 p. perspective. Ecological Applications, v. 11, n. 4, ALVES, C. B. M.; LEAL, C. G. Aspectos da p. 981-998. 2001. conservação da fauna de peixes da bacia do rio JUNK, W. J. et al. The comparative biodiversity Agradecimentos São Francisco em Minas Gerais. Belo Horizonte, of seven globally important wetlands: a synthesis. IEF. MG Biota, v. 2, p. 26-50. 2010. Aquatic Sciences-Research Across Boundaries, POFF, N. L.; ALLAN, J. D.; BAIN, M. B.; KARR, v. 68, n. 3, p. 400-414, 2006. J. R.; PRESTEGAARD, K. L.; RICHTER, B. D.; STROMBERG, J. C. The natural  ow regime. Agradecemos todo o apoio que os mem- BARBOSA, J. M.; SOARES, E. C.; CINTRA, I. H. , v. 47, n. 11, p. 769-784. 1997. A.; HERMANN, M.; ARAÚJO, A. R. R. Per l da BioScience bros do Instituto Estadual de Florestas e da KAWAKAMI, E.; VAZZOLER, G. Método grá co e ictiofauna da bacia do rio São Francisco. Acta of estimativa de índice alimentar aplicado no estudo brigada em Pandeiros, que nos auxiliaram Fisheries and Aquatic Resources, v. 5, p. 70-90. de alimentação de peixes. Boletim do Instituto POFF, N. L.; HART, D. D. How Dams Vary and Why 2017. antes e durante as coletas, em especial Oceanográ co, v. 29, n. 2, p. 205-207, 1980. It Matters for the Emerging Science of Dam Removal an ecological classi cation of dams is needed to para Edilson Carvalho, na época gestão do BETHONICO, M. B. M. Rio Pandeiros: território e characterize how the tremendous variation in the Refúgio Estadual de Vida Silvestre do rio LOPES, J. M. SILVA, F. O. Metodologia para o história de uma área de proteção ambiental no norte size, operational mode, age, and number of dams planejamento, implantação, de nição de objetivos in a river basin in uences the potential for restoring Pandeiros (REVS Pandeiros) e Marco Túlio, de Minas Gerais. Acta Geográ ca, v. 3, n. 5, p. 23- e monitoramento de sistemas de transposição de 38, 2010. regulated rivers via dam removal. BioScience, v. gerente do REVS Pandeiros, no período da peixes pela CEMIG. In: LOPES, J. M.; SILVA, F. O. 52, n. 8, p. 659-668. 2002. (Org.); Transposição de Peixes. Belo Horizonte, pesquisa. Um agradecimento especial ao BRITSKI, H. A., Sato, Y.; ROSA, A. B. Manual de CEMIG, 2012. p. 20-21. pescador Ivo e à Dona Bia. identi cação de peixes da região de Três Marias: POMPEU, P. S.; GODINHO, H. P. Dieta e estrutura com chaves de identi cação para os peixes da tró ca das comunidades de peixes de três lagoas LOWE-MCCONNELL, R. H. bacia do São Francisco. Câmara dos Deputados/ Estudos ecológicos marginais do médio São Francisco. In: GODINHO, CODEVASF, 1984. 115 p. de comunidades de peixes tropicais / Ecological H.P.; GODINHO, A.L. (Eds.). Águas, peixes e studies in tropical  sh... São Paulo: Edusp, 1999. pescadores do São Francisco das Minas Gerais. 534 p. ilus. (Coleção Base). Belo Horizonte: PUC Minas, 2003.p. 183-194. BUENO, M. L. Avaliação de espécies migradoras de peixes e do ictioplâncton no rio Pandeiros, Minas Gerais. 2016. 67 f. Dissertação (Mestrado MIMS, M. C.; OLDEN, J. D. Fish assemblages POMPEU, P. S.; AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. em Ecologia Aplicada) – Universidade Federal de respond to altered  ow regimes via ecological  ltering M. Existing and future challenges: the concept of Lavras, Lavras. 2016. of life history strategies. Freshwater Biology, v. 58, successful  sh passage in South America. River n. 1, p. 50-62. 2013. Research and Applications, v. 28, n. 4, p. 504-512. 2012. CAROLSFELD, J. Migratory  shes of South America: biology,  sheries and conservation NILSSON, C.; REIDY, C. A.; DYNESIUS, M.; REVENGA, C. Fragmentation and  ow regulation of SANCHES, B. O. et al. A ictiofauna de quatro status. World Fisheries Trust/Banque mondiale/ reservatórios da Cemig: caracterização CRDI, 2003. 380p. the world’s large river systems. Science, v. 308, n. 5720, p. 405-408. 2005. das comunidades. In: CALLISTO, M. et al. (Org.).Condições ecológicas em bacias DRUMMOND, G. M. C. S; MARTINS, A. B. hidrográ cas de empreendimentos hidrelétricos. M; MACHADO, F.A; SEBAIO, Y. ANTONINI. NUNES, Y. R. F.; AZEVEDO, I. F. P.; NEVES, W. V.; Belo Horizonte: Companhia Energética de Minas Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para VELOSO, M. D.; SOUZA, R. A.; FERNANDES, G. Gerais, p.185-214. 2014. v. 1. sua conservação. Belo Horizonte: Fundação W. Pandeiros: o Pantanal mineiro. Belo Horizonte, Biodiversitas, 2005. 97 p. IEF MG Biota, v. 2, n. 2, p. 4-17. 2009. SANTOS, U.; SILVA, P. C.; BARROS, L. C.;

76 77 MG BIOTA, Belo Horizonte, V.12, n.1, jul./dez. 2019 MGMG BIOTA,BIOTA, BeloBelo Horizonte,Horizonte, V.12,V.12, n.1,n.1, jul./dez.jul./dez. 20192019 77