Estudo Histórico E Etnológico Do Vale Do Tua
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ESTUDO HISTÓRICO E ETNOLÓGICO DO VALE DO TUA Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua Concelhos de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor Porto, 2017 VOLUMEI ESTUDO HISTÓRICO E ETNOLÓGICO DO VALE DO TUA (Concelhos de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor) COORDENAÇÃO Pedro C. Carvalho Luís Filipe Coutinho Gomes e João Nuno Marques Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua Porto, 2017 VOLUMEI FICHA TÉCNICA ÍNDICE TÍTULO ESTUDOS SETORIAIS (Volume I) Estudo Histórico e Etnológico do Vale do Tua (Concelhos de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor) 4 00 Prefácios 10 01 Introdução (Pedro C. Carvalho, Luís Filipe Coutinho Gomes e João Nuno Marques) COORDENAÇÃO CIENTÍFICA 18 02 Áreas de estudo, objetivos e metodologias (Pedro C. Carvalho) Pedro C. Carvalho Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 46 03 Pré-história (Joana Castro Teixeira) 170 04 Proto-história (Dulcineia B. Pinto) COORDENAÇÃO EXECUTIVA 240 05 Época Romana (Pedro C. Carvalho) Luís Filipe Coutinho Gomes Diretor Técnico do PSPC do AHFT pelo Consórcio Arqueohoje&Palimpsesto. Sócio gerente da Arqueohoje, Lda. ESTUDOS SETORIAIS (Volume II) João Nuno Marques Diretor Técnico do PSPC do AHFT pelo Consórcio Arqueohoje&Palimpsesto. Sócio gerente da Palimpsesto, Lda. 4 06 Alta Idade Média (Catarina Tente) 58 07 Idade Média (Ana Rita Rocha) AUTORES DESIGN GRÁFICO e PAGINAÇÃO 126 08 Época Moderna e Contemporânea (Manuel António Pereira Couto) Alejandro Beltrán Ortega João Pedro Rato e Luís Ferreira 244 09 Etnologia (Lois Ladra) Ana Rita Rocha Armando Redentor EDIÇÃO Carlos Duarte EDP, S.A. AÇÕES ESPECÍFICAS E PartILHADAS (Volume III) Catarina Tente Edições Afrontamento, Lda. Damián Romero Perona Rua Costa Cabral, 859 – 4250-225 Porto 4 10 Sistemas de informação geográfica( Marcos Osório, Telmo Salgado) Dulcineia B. Pinto www.edicoesafrontamento.pt 60 11 Geologia (Manuel Abrunhosa) Elisabete Pereira [email protected] 78 12 Mineração antiga (F. Javier Sanchez-Palencia, Damián Romero Perona, Alejandro Beltrán Ortega F. Javier Sánchez-Palencia e Juan Luis Pecharromán Fuente) Fabíola Franco Pires IMPRESSÃO 124 13 Palinologia e antracologia (José Antonio López Sáez, Mónica Ruiz Alonso, Joana Castro Teixeira) Fernando Cerqueira Barros Rainho & Neves, Lda. – Santa Maria da Feira 138 14 Geoarqueologia (Catarina Tente e Carlos Duarte) Joana Castro Teixeira [email protected] 146 15 Arqueogeografia( Miguel Cipriano Costa) João Paulo Barbosa 178 16 Epigrafia romana(Armando Redentor) José Antonio López Sáez ISBN 208 17 Numismática romana (João Paulo Barbosa) Juan Luis Pecharromán Fuente 978-972-36-1600-2 230 18 Arquitetura e território (Fabíola Franco Pires e Fernando Cerqueira Barros) Lois Ladra 308 19 Paisagem agrícola (Natália Fauvrelle e Rui Pedro Barbosa) Manuel António Pereira Couto DEPÓSITO LEGAL 366 20 Plano de salvaguarda (Rui Pedro Barbosa, Elisabete Pereira, Marta Azevedo, Nuno Silveira Manuel Abrunhosa 431538/17 e Nuno Miguel Ferreira) Marcos Osório 392 21 Conclusão (Pedro C. Carvalho, Luís Filipe Coutinho Gomes e João Nuno Marques) Marta Azevedo DISTRIbuIÇÃO Miguel Cipriano Costa Companhia das Artes – Livros e Distribuição, Lda. Mónica Ruiz Alonso [email protected] Agradecimentos: Alexandre Lima, Amílcar da Conceição Rodrigues, Ana Cristina Ramos, Ana Rita Ferreira, Ana Teresa Peixinho, Anabela Natália Fauvrelle Peres, Antònia Tinturé, António Felício, António Sá Gué, António Vallejo Paes, Carla Rosa, Carlos Carvalho Dias, Carlos Cunha, Carlos d’Abreu, Carlos Delgado, Carlos Pinto Moreira de Sá, Carolina de Goes, Célia Quintas, Cristiano Morais, Dário Antunes, David Ferreira, Diogo Guedes Nuno Miguel Ferreira TIRAGEM Ferreira, Eduardo Beira, Elisabete Santos, Emília dos Anjos Mota, Fernando Barbosa, Fernando R. Santos, Francisco Queiroz, Helena Pontes, Joana Nuno Silveira 1500 exemplares Leite, Luís Pereira, Firmino Normando Vilares, Gualter Viriato Esteves, Hélder José Amorim da Silva, Inês Vasconcelos, Isidro Gomes, João Guedes, João Monteiro, João Madeira, João Paulo Avelãs Nunes, Joaquim Folhento, Joaquim Pêra, José Carlos Boura, José Carlos Reigadas, José Francisco Pedro C. Carvalho Ferreira Queiroz, José Luciano Nascimento, José Ruivo, Liliana Benites Carvalho, Luciano Vilas Boas, Lucília do Céu, Luís Pereira, Maria de Jesus Rui Pedro Barbosa PORTO, 2017 Sanches, Maria João Moita, Maria Laurinda Esteves, Maria Manuela Batista Assunção, Miguel Rodrigues, Nádia Figueira, Nuno Brito Jorge, Nuno Portal, Octávio Ribeiro, Patrícia Costa, Patrícia Rafaela Silva, Paulo dos Santos, Pedro Baptista, Pedro Cruz, Pedro Cunha, Pedro Rafael Morais, Sofia Tereso Profissionais alocados à obra da EDP Produção, da Fiscalização (Consórcio Fase-Gibb), da Coordenação de Segurança em Obra (Tabique), da Telmo Salgado Coordenação e Integração Ambiental (Profico Ambiente) e do Empreiteiro Geral (Foz Tua A.C.E.), Rui Santo, Sara Luísa Marques da Cruz, Sara Prata, Shawn Parkhurst, Sofia Lacerda, Sofia Tereso, Teresa Soeiro, Tiago Pereira e Xerardo Pereiro. Associação Cultural e Social do Amieiro, Associação Santo Mamede, Beta Analytic Limited, Biblioteca do Museu do Douro (Régua), Bibliotecas Municipais de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Murça, Vila Flor e Mirandela, Casa-Museu Maurício Penha (Sanfins do Douro), CEMUP - Centro de Materiais da Universidade do Porto, CICA - Centro de Interpretação do Castelo de Ansiães, Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Foto Morais (Alijó), Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto Internacional de Investigaciones Prehistóricas de Cantabria, Junta de Freguesia de Caravelas, Municípios de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor. 240 05 Época Romana EHEVT | Estudo Histórico e Etnológico do Vale do Tua 241 HÁ DOIS MIL ANOS EM REDOR DO VALE DO TUA, ENTRE O DOURO E TRÁS-OS-MONTES: TEMPOS DE CONFRONTO, PAISAGENS DE TRANSIÇÃO Em memória de minha Mãe e das suas origens no Douro 1. Introdução Roma construiu o maior Império do Mundo assim como se mantêm alguns fabricos cerâmicos ou Antigo. Esta região do Vale do Tua passa a integrar certos espaços de fronteira. O substrato social indígena verdadeiramente o Império Romano há cerca de 2000 prevalece nesta região. Em certos domínios as pontes anos – um vasto espaço comum, com capital em com o passado não foram cortadas. Roma, por onde circulam gentes, ideias, tecnologias e Não obstante essas permanências, as paisagens bens. A partir de então, nesta como noutras partes do alteram-se. A par dos castros que continuam povoados, Império Romano, quase nada mais será como antes. fundam-se novos núcleos de povoamento nas terras Essa será uma época de aceleração histórica, marcada baixas: das povoações (uici) e estalagens viárias por profundas transformações, estando muitas delas (mansiones), às ricas residências de campo (uillae), na origem do que hoje marca o nosso tempo e o nosso voltadas para a exploração agropecuária. Alguns desses mundo. novos lugares habitados corresponderão simplesmente A ocupação efetiva deste território ocorre ao tempo a quintas e casais dispersos. Habitualmente, os vestígios do primeiro imperador de Roma, Octávio César arqueológicos que os revelam não são muito expressivos; Augusto (27 a.C. - 14 d.C.). Marcam-se territórios dessas antigas moradas pouco resta hoje à superfície dos administrativos, abrem-se estradas e constroem-se terrenos: fragmentos de louças dispersos pelo solo, pedras edifícios, alguns deles públicos, recorrendo a novas do que há muito se desmoronou, reaproveitadas nos técnicas e materiais de construção. Generalizam-se muros que dividem propriedades, pedaços de mós ou de novas leis e formas de governo. Surge uma nova língua escórias, assinalam a área desses antigos lugares habitados, (o latim), falada e escrita. Enraízam-se no quotidiano perdidos no tempo e apagados da memória. Alguns dos Época ROMANA novos e requintados hábitos. Consomem-se produtos objetos encontrados, tanto nos castros como nas quintas, comercializados a grandes distâncias, no quadro do espelham várias facetas desse quotidiano longínquo, amplo mercado comum do Império, estimulado incluindo o amanho dos campos, a criação de gado, ou também pela circulação de uma moeda única. Erguem-se atividades específicas, como a fiação e a tecelagem. Por templos e dirigem-se as preces a Júpiter e a outros deuses vezes, a estrutura de um ancestral lagar, mesmo sendo de Pedro C. Carvalho romanos. São estas algumas das novidades que dão corpo cronologia incerta, acaba por refletir as práticas agrícolas Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. a esse novo mundo conhecido e globalizado de então. de então e lembra-nos que o cultivo da vinha e da oliveira 05 Porém, a tradição indígena não se dilui. Há um se iniciou em Período Romano. Como pano de fundo Doutorado em Arqueologia pela Universidade de Coimbra. Investigador no Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências passado que não se apaga e que continua atuante. Muitos destes ambientes agro-pastoris, as grandes frentes de do Património / UC. dos povoados fortificados proto-históricos (os castros) exploração mineira rasgariam parte dessas paisagens. permanecem ocupados em Época Romana, mantendo Não há nesta região verdadeiras cidades, desenhadas de mesmo muitas das práticas ancestrais nativas – sinais de acordo com o modelo clássico mediterrânico, mas tal não resistência que se traduziram em atos, mas também que significa que estas paisagens fossem menos “romanizadas”. se terão exercido pelo pensamento. Todo um sistema de Foram-no