Histórias De Vida Com Transtornos Alimentares: Gênero, Corporalidade E a Constituição De Si
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DANIELA FERREIRA ARAÚJO SILVA HISTÓRIAS DE VIDA COM TRANSTORNOS ALIMENTARES: GÊNERO, CORPORALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DE SI Tese de Doutoramento apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, sob a orientação da Profa. Dra. Heloísa André Pontes Este exemplar corresponde à versão preliminar da tese a ser defendida e aprovada pela Comissão Julgadora em 25/02/2011. Campinas, Fevereiro de 2011 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO IFCH - UNICAMP Bibliotecária: Sandra Aparecida Pereira CRB nº 7432 Silva, Daniela Ferreira Araújo Si38h Histórias de vida com transtornos alimentares : gênero, corporalidade e constituição de si / Daniela Ferreira Araújo Silva. - - Campinas, SP : [s. n.], 2011. Orientador: Heloisa André Pontes Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 1. Distúrbios alimentares - Narrativas pessoais. 2. Corpo humano - Aspectos antropológicos. 3. Gênero. 4. Anorexia nervosa. 5. Bulimia nervosa. I. Pontes, Heloisa André Pontes. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título. Título em inglês: Life histories with eating disorders : gender, embodiment and self constitution Palavras chaves em inglês Eating disorders - Personal narratives (keywords): Human body - anthropological aspects Gender Anorexia nervosa Bulimia Nervosa Área de Concentração: Estudos de Gênero Titulação: Doutor em Ciências Sociais Banca examinadora: Paulo Dalgalarrondo, Richard Miskolci, Martha Celia Ramirez-Gálvez, Isadora Lins França Data da defesa: 25-02-2011 Programa de Pós-Graduação: Ciências Sociais ii Para Christiano. v AGRADECIMENTOS Esta tese não teria sido produzida sem o apoio da bolsa de estudos de doutorado que me foi concedida pela Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. A conclusão de um trabalho da dimensão de uma tese seria impossível sem a colaboração e a generosidade de muitas pessoas. Eu gostaria de poder citar nominalmente a cada uma delas, mas para isso a seção de agradecimentos se transformaria em um capítulo à parte. Assim, antes de mais nada, caso algum de vocês não tenha sido diretamente mencionado, que fique registrada para a posteridade minha enorme gratidão. Agradeço, em primeiro lugar, a Bel, Vivianne e Valentina, pela coragem, talento narrativo e interminável paciência exigida em sua colaboração neste trabalho. Esta tese também pertence a vocês. Também gostaria de registrar minha gratidão ao apoio e a todos os ensinamentos que recebi do pessoal do Sinto Muito, dos Encontros de Sábado à Tarde e da RISSCA. Sou eternamente grata à minha querida orientadora, Heloísa Pontes, que me acompanhou como professora ainda na graduação, me orientou no mestrado em Antropologia Social, e teve a coragem de continuar me orientando durante o doutorado, com a mesma generosidade, paciência e olhar aguçado, capaz de dar alguma direção às reflexões um tanto caóticas que tenho por hábito produzir. Agradeço à professora Suely Kofes, que acompanhou de perto o meu trabalho desde o mestrado, e por sua generosa contribuição na banca de qualificação desta tese. Deixo registrado meu apreço e gratidão aos membros da banca examinadora, Prof. Richard Miskolci, Prof. Martha Celia Ramírez-Gálvez, Prof. Paulo Dalgalarrondo, que também foi um valioso interlocutor em sua participação na banca de qualificação, e Dra. Isadora Lins França. Estendo meu agradecimento aos membros suplentes da banca, Prof. Camilo Albuquerque Braz, Profa. Daniela Tonelli Manica e Dra. Regina Facchini. Aos meus queridos colegas do Ambulatório de Transtornos Alimentares da Unicamp: confesso que foi uma grata surpresa encontrar tanta receptividade, confiança, interlocução e colaboração. Que este trabalho possa contribuir de alguma forma para que vii continuem lutando por um serviço cada vez melhor, como todos têm feito desde o princípio. Meu abraço para meus colegas e professores do ITFCCamp, em especial Cacau Furia Cesar, Juares Soares Costa, Elisandra Maria de Souza, Tutti Ribeiro Machado, Virgínia Freire, Idamis Lescovar, Maria Amália Monteiro, Juliana Scheifer e Cláudia Zamboni, por tudo o que aprendemos juntos e pelas lições que vou levar comigo para o resto da vida. Gostaria de agradecer também aos funcionários do IFCH, cujo trabalho quase invisível nos bastidores da secretaria, da biblioteca, da cantina e dos serviços de limpeza, é essencial para que todo o trabalho desenvolvido junto ao instituto, dentre os quais esta tese, possa se realizar. Preciso também agradecer a generosidade dos amigos que me receberam tão bem na Nova Zelândia: David Epston, contagiada por seu entusiasmo e sua infalível esperança fui capaz de alcançar alguns lugares onde os ônibus não passam; a todo o pessoal da Agência, agradeço pela confiança, receptividade e carinho; Helen Gremillion, além da grande inspiração que obtive com a leitura do seu trabalho, agradeço por todos os insights motivados nossas conversas; Helene e Carabelle Connor, sou eternamente grata e me sinto privilegiada por ter sido “adotada” por vocês, da forma mais acolhedora possível; à Ann Epston, por ter me apresentado a deliciosos momentos de distração com os Invisibles. Minha família merece uma medalha de honra ao mérito, por ter me apoiado o tempo todo na minha escolha profissional, mesmo sabendo das dificuldades e dos sacrifícios que ela implica, tanto da minha parte, quanto da parte de cada um deles. Ao meu pai Jorge, minha mãe Eloisa, minha irmã Elisa e minha sobrinha Bebel, expresso o sentimento de dívida eterna por todo amor, carinho, apoio e alegria que vocês sempre me ofereceram, e pela paciência e compreensão pelos períodos de ausência. Agradeço também à minha família postiça, Julia Kawamura, Alexandre Megumi Tambascia, Marcos Antonio Tambascia, e o pequeno Benjamin. Agradeço também a Ada Letícia Murro por todo apoio. Meus amigos e colegas do IFCH também foram fundamentais para que eu chegasse até aqui. Aquele abraço especial para Júlio Antonaccio, André Novaes de Rezende, Laura Reily, Paula Vermeersch, Renato Henriques de Souza, Mônica Cardoso, Gábor Basch, viii Mariana Françozo, Nashieli Rangel Loera, Bertrand Borgo, Carolina Castelo Branco e Rosamaria Giatti. Vanessa Fioravanti, Anita Silveira: obrigada pelo apoio na comissão de animação. Mário Fernandes Filho, obrigada pelo axé. Uma menção honrosa para Marília Giesbrecht e Gustavo Freitas Rossi, meu “irmão” por orientadora, por todos os cafés e conversas até altas horas, e pela solidariedade quanto às agruras do processo do doutorado. Por último, e não em ordem de importância, preciso dizer ao Christiano que sinto que nunca conseguirei retribuir o amor, o carinho, o cuidado, e todo o trabalho que teve no revezamento das funções de chef, leitor, revisor, interlocutor, terapeuta e massagista. Por isso, e por tudo mais, essa tese é para você. ix RESUMO Esta tese surgiu do interesse em pesquisar em maior profundidade alguns aspectos da intrincada relação entre corporificação, gênero e assujeitamento, através da análise do conjunto de perturbações denominadas “transtornos alimentares”. No contexto contemporâneo em que o corpo torna-se alvo privilegiado de investimento e intervenção, assumindo centralidade nos processos de construção identitária, uma investigação antropológica destas perturbações permite pensar como a constituição de sujeitos corporificados é perpassada por múltiplas normatividades de gênero, classe, regionalidade, raça e etnicidade, presentes na socialidade cotidiana e nas práticas e discursos biomédicos. Tomando como eixo central a composição de três histórias de vida, em colaboração com mulheres que tiveram experiências pessoais com transtornos alimentares, é possível ter acesso ao processo através do qual pessoas vivenciam formas particulares de assujeitamento, compostas por distintas articulações entre múltiplas dimensões de poder, de forma inseparável, constituindo-se, assim, como sujeitos de ação em meio a conformações e resistências. Ainda que o fio condutor da tese encontre-se nas histórias de vida, escritas ao longo de quatro anos em colaboração com três interlocutoras voluntárias, sua trama é composta pelos diversos percursos teóricos e empíricos de uma etnografia multi-situada (HANNERZ, 2003), que transitou pelo universo de comunidades virtuais brasileiras sobre transtornos alimentares, um serviço ambulatorial de um hospital universitário, congressos de psiquiatria, uma vasta bibliografia e uma agência feminista de base comunitária para tratamento, educação e prevenção de transtornos alimentares na Nova Zelândia. xi ABSTRACT The aim of this thesis is to investigate in greater depth some aspects of the intricate relation between embodiment, gender and subjectification, through the analysis of the group of perturbations named “eating disorders”. In the contemporary context, in which the body becomes the privileged target of investment and intervention, assuming a central role in the processes of identity construction, an anthropological investigation of these perturbations allows us to evaluate how the constitution of embodied subjects is fraught with multiple normativities of gender, class, regionality, race and ethnicity, present in daily sociality and in biomedical practices and discourses. Taking as a central axis the composition of three life-histories, in collaboration with women who had personal experiences with eating disorders, it is possible to gain access to the process by means which persons live particular