Inselberg No Serni-Arido Da Bahia, Brasil
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Hoehnea 32( I): 93-101, I tab., 2 fig., 2005 Estudos ecol6gico e floristico em ilhas de vegeta«;ao de urn inselberg no serni-arido da Bahia, Brasil l Flavio Fran«a 1,2, Efigenia de Melo , Andrea Karla de Almeida dos Santos I, lanaina Gelma Alves do Nasci mento Melo I, Marcos MarquesI, Marcus Flavius Borba da Silva-FilhoI, Leonardo Moraes 1 e Cecilia Machado I Recebido: 02.03.2004; aceito: 24.02.2005 ABSTRACT- (Ecological and floristic studies ofvegetational islands ofan inselberg in the semi-arid ofBahia, Brazil). A floristic and ecological study of vascular plants has been undertaken on an inselberg in the municipality of Feira de Santana, Bahia State, Brazil. The floristic survey has identified 48 species in 32 families. The largest families are: Orchidaceae (5 species - 10.4%), Bromeliaceae (4-8.3%), and Euphorbiaceae (4-8.3%). Bromeliaceae, Cyperaceae, and Melastomataceae have the largest dominance indexes, and each "island" ofvegetation has between 8 and II species. In these "islands", 60% of the species are phanerophytes, 25% hemicryptophytes, 10% terophytes, and 5% chamaephytes; while in the whole on the inselberg, 69% ofthe species are phanerophytes, 13% are chamaephytes, and 8% are hemicryptophytes. Key words: Bahia, floristic, inselbergs, semi-arid RESUMO - (Estudos ecol6gico e floristico em ilhas de vegetayaO de urn inselberg no semi-arido da Bahia, Brasil). 0 presente trabalho teve como objetivo 0 estudo floristico e ecol6gico da flora vascular de urn inselberg no municipio de Feira de Santana, Bahia. 0 levantamento registrou 48 especies em 32 familias. As familias mais representativas sao Orchidaceae (5 especies - 10,4%), Bromeliaceae (4-8,3%) e Euphorbiaceae (4-8,3%). 0 estudo da cobertura nas ilhas revelou que Bromeliaceae, Cyperaceae e Melastomataceae possuem os maiores indices de dominancia, sendo que 0 numero de especies varia de 8 a I I em cada ilha, sendo 60% das especies faner6fitas, 25% hemicript6fitas, 10% ter6fitas e 5% camefitas, enquanto 0 inselberg como urn todo possui 69% de faner6fitas, 13% camefitas e 8% de hemicript6fitas. Palavras-chave: Bahia, floristica, inselbergs, semi-arido Introdu~ao muitas vezes associada ao dominio da caatinga (Ab'Saber 1969). /nselbergs sao morros com forma de domos ou A flora da caatinga encontrada nos inselbergs castelos resultantes de processos de pediplana«ao mostra-se freqtientemente diferente do observado na ocorridos entre 0 fim do Terciario e 0 inicio do caatinga circundante, pois encontra-se severamente Quatemario, correspondendo, em geral, a por«oes das influenciada por aspectos ambientais ainda mais rochas mais resistentes ao intemperismo (Ibisch et al, rigorosos, exigindo maior adapta«ao dos organismos 1995, Penteado 1980). ali presentes (Fran«a et al, 1997, Porembsky & A flora caracteristica dos inselbergs Barthlott 2000). Uma forma de caracterizar a constitui-se de cianobacterias e liquens na superficie vegeta«ao presente neste ambiente e 0 estudo das da rocha, de vegeta«ao sazonal nas encostas e unidades vegetacionais que se formam sobre a rocha fissuras nas rochas, de vegeta«ao efemera nas po«as exposta, referidas como Monocotyledoneous mats d'agua (Rocky pool) e canais de drenagem, das ilhas (Barthlott et al, 1993), nome derivado do predominio de vegeta«ao e das matas na base e nas fendas do de representantes de monocotiled6neas, mas sendo afloramento (Porembski et al, 1996), sendo que no freqtiente a ocorrencia e, as vezes, a dominancja de semi-arido do nordeste brasileiro sua vegeta«ao e especies nao pertencentes as monocotiled6neas. I. Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciencias Biol6gicas, Km 03, BR 116, Campus Universitario, 44031-460 Feira de Santana, BA, Brasil 2. Autor para correspondencia: [email protected] ou [email protected] 94 Hoehnea 32( I), 2005 o presente estudo tem como objetivo 0 o sistema de classificac;:ao utilizado e 0 de levantamento f1oristico do inselberg propriamente Cronquist (1981). dito, ou seja, excluindo as vegetac;:oes associadas Foram utilizados dois metodos de coleta de dados como a mata da base ou a mata dos grotoes, paralelamente: enquanto um grupo realizava paralelamente caracterizando unidades caminhadas aleat6rias coletando material fertil , um vegetacionais, aqui denominadas "ilhas de outro grupo fazia a coleta de dados em ilhas de vegetac;:ao" em um inselberg. vegetac;:ao (= unidades amostrais). As unidades amostrais foram selecionadas Material e metodos aleatoriamente, no plato do inselberg, submetidas as mesmas condic;:oes ambientais. A area de estudo esta localizada na fazenda A dominancia relativa foi calculada atraves da Jib6ia, propriedade rural particular especializada em estimativa do grau de cobertura de Mueller-Dombois pecuaria principalmente bovina, nao tendo sido & Ellenberg (1974), utilizando-se a projec;:ao vertical observados caprinos, pr6ximo a cidade de Feira de das partes aereas de uma determinada especie, Santana (Bahia), a uma altitude de 270 m, nas expresso pela porcentagem relativa da somat6ria dos coordenadas 12°[6'18"S e 39°03'39"W, ocupando 2 individuos em relac;:ao a area total da unidade uma area de ca. 50.000 m . amostrada. Foram estabelecidas quatro classes de A area em lorna do inselberg e ocupada por frequencia (Green et al. 1984, modificado): pastagem. A mata da base esta bem degradada, com 0-5 = ocasional (0); 5,1-10 = pouco comum (C); arvores apresentando 0 diametro a altura do peito 10,1-50 freqiiente (F) e 50,1-100 abundante (A). sempre inferior a 10 cm, mostrando fortes sinais de ja = = ter sido queimada varias vezes. No caso de especimes em touceiras conside rou-se "individuo" cada uma das touceiras', nas o inselberg propriamente dito apresenta uma longa area de rocha exposta sofrendo uma grande Bromeliaceae, cada roseta foi considerada um insolac;:ao e ac;:ao dos ventos, com canais de drenagem, "individuo"; nas Orchidaceae, considerou-se cada fendas e areas de depressoes sombreadas que bulbo como um "individuo". Estas decisoes seguiram permitem 0 desenvolvimento de ilhas de vegetac;:ao as sugestoes contidas em Mueller-Dombois & em diferentes posic;:oes. Ellenberg (1974). Foram realizadas quatro excursoes ao inselberg, A similaridade f10ristica foi obtida a partir da durante 0 periodo de marc;:o a maio de 2003 para comparac;:ao das ilhas, de duas a duas, utilizando-se 0 coletas de plantas vascu[ares da area de estudos. Todo indice de Sorensen [S = 2 CIA + B] onde A e B material botanico coletado foi herborizado segundo as representam 0 numero de especies nas ilhas a e b, normas de Mori et al. (1977) e depositado na colec;:ao respectivamente; e C, 0 numero de especies em geral do Herbario da Universidade Estadual de Feira comum a ambas as ilhas; tambem utilizou-se 0 indice de Santana (H EFS). Alem do material resultante de Jaccard [J (1-2) = ala + 1 + 2], onde a = numero de coletas, tambem foram acrescentadas a listagem de especies comuns em I e 2; 1 = numero de especies colec;:oes feitas em outras epocas na mesma localidade, na ilha Ie 2 = numero de especies na ilha II (Mueller que estavam depositadas no HUEFS. As coletas foram Dombois & Ellenberg 1974) A classificac;:ao das formas de vida segue as concentradas no inselberg propriamente dito, nao proposic;:oes de Raunkiaer (1934 apud Mueller tendo sido feita incursoes na mata da base ou nos Dombois & Ellenberg 1974). grotoes, ambos astante antropizados. material coletado foi identificado ao nivel de o Resultados especie com 0 auxilio de literatura especifica e comparac;:ao com 0 material determinado por Foram identificadas 48 especies distribuidas em especialistas, depositado no HUEFS. Algumas familias 32 familias (tabela 1). As familias com maior riqueza foram identificadas por especialistas, cujos nomes foram Orchidaceae (5 especies - 10,4%), foram indicados na lista em anexo (tabela 1). Bromeliaceae (4-8,3%), Euphorbiaceae (4-8,3%). F. Fran~a el al.: Flora de urn Inselberg 95 Tabela I. Lista das especies rupicolas do morro da fazenda Jib6ia, Feira de Santana, Bahia. Classes de freqiH~ncia com intervalo fechado: 0-5: Ocasional; 5, I-I 0: Comum; 10, I-50: Freqiiente; 50, I-I 00: Abundante. "niio avaliada": especie ausente na ilha, mas presente na area de estudos. "X": presente, "-": ausente. Taxons Ilhal Ilhall IlhalIl Formas de vida Freqiiencia Testemunho PTERIDOPHYTA POLYPOOIACEAE Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) X Epifita Ocasional Santos el al. 66 Cope!. PTERIDACEAE DoryoptelYs ornithopus (Metl. ex Hook & X X Ge6fita Ocasional Santos et at. 114 Baker) J. Sm. LILIOPSIDA ARACEAE Anlhurium affine Schott XX Hemicript6fita Ocasional Santos et al. 54 BROMELIACEAE Encholirium spectabile Marl. ex Schull. f. XX X Hemicript6fita Abundante Santos et al. 55 Hohenbergia catingae Ule XX Hemicript6fita Freqiiente Santos et al. 56 Tillandsia recurvata (L.) L. X Epifita Ocasional Santos et al. 65 Aechmea aquilega (Salisb.) Griseb. Hemicript6fita Niio avaliada Santos et at. 116 CYPERACEAE Bulbostylis sp. XX Ter6fita Abundante Santos et at. 64 ORCHIDACEAE - del. C. van den Berg Encyclia dichroma (Lind!.) Schltr. X Camefita Ocasional Santos et al. 48 Brassavola tuberculata Hook. Camefita Niio avaliada Santos et at. 107 Call1eya aclandiae Lind!. Cametita Niio avaliada Santos et al. 118 Oeceoclades maculata Lind!. Camefita Niio avaliada Melo et al. 1099 Cyrtopodium sp. X Camefita Ocasional Niio coletada POACEAE - del. R.P. Oliveira Melinis repens (Willd.) Zizka X Ter6fita Abundante Santos et al. 51 = Rhychelytrum repens C.E. Hubb Panicum maximum Jacq. Ge6fita Niio avaliada Santos et al. 120 Digitaria sp. Ge6fita Niio avaliada Santos et at. 115 SMILACACEAE Smilax campestris Griseb. Liana Niio avaliada Santos et al. 60 MAGNOLIOPSIDA APOCYNACEAE sp. 1 Faner6fita Niio avaliada Santos et al. 126 ANACARDIACEAE sp. I X Faner6fita Ocasional Niio coletada ARISTOLOCHIACEAE del. M.J. Lemos Aristolochia birostris Duch. Liana Niio avaliada Santos et at. 59 ASCLEPIADACEAE Ditassa hastata Decne. X Liana Freqiiente Santos et. al. 49 ASTERACEAE Conocliniopsis prasiifolia (DC.) R.M. Faner6fita Niio avaliada Santos et al. 119 King & H.