A Voz de Portugal e Brasil: um estudo de caso da participação luso-brasileira na televisão

Brenda Parmeggiani*

Resumo O advento dos meios digitais levantou novas questões acerca da ativida- de das audiências. Assim, neste artigo, avalia-se a participação dos te- lespectadores portugueses e brasileiros por meio dos sites de redes sociais nos respectivos programas da franquia The Voice. Tomando por base os preceitos de Jürgen Habermas e outros autores importantes, questiona-se a comunicação estabelecida entre telespectadores e o programa: há parti- cipação e em que condições? Verifica-se que a participação existe, mas não em nível ideal. O que se pretende, em suma, é contribuir para a discussão da participação das audiências em Portugal e no Brasil, bem como para a reflexão sobre os comportamentos de usuários que surgem em um contexto de convergência midiática. Palavras-chave: Participação. Redes sociais. Audiência. Televisão.

* Jornalista graduada pela PUC/RS. M mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. Doutoranda em Comunicação e Sociedade na Universidade de Brasília. Membro do Centro de Investigação Media e Jornalismo (Portugal). E-mail: [email protected].

Introdução Introdução dos meios de comunicação voltada para a participação dasaudiências.dos meiosdecomunicação voltada aparticipação para meiro aconseguir–com trabalhar algumsucesso–com aconvergência da - dachama parte esteestudopelofatodefazerem escolhidaspara foram mensagens detexto(SMS), alémdo Twitter edoFacebook. asjátradicionaise como ligações utilizadas ferramentas telefônicas São divulgado pelos criadores como o mais interativo do gênero nomundo. na Rede Globo. Esse modelo deprograma, concebido na Holanda, é entre transmitida temporadafoi setembro de2012,meira edezembro em 25 de porada fevereiroterminou de 2012, e Voz dePortugal , RTP, portuguesa pública daemissora tem- cujaprimeira esuasaudiênciaspormeiodossitestelevisão) deredes sociais. lação deummeiocomunicação tradicional demassa(nestecaso, a A fimdetentar responder aessasquestões, avalia-sea nesteartigo re- e deaudiênciaestão aemergiratualmente?” (KLASTRUP, 2010, p. 1). Assim, aquestão: permanece “que deusuário tiposdecomportamentos cipar dosmeiosdecomunicação, emvez desimplesmenteconsumi-los”. (2006, p. 150), tecnologias refletem asnovas um - “desejo públicodeparti departicipação.vez maiorcom aspráticas Issoporque, segundoJenkins chamados “sites deredes sociais”os (SRSs), como oFacebook eo Twitter. audiências, também, novos dispositivos eplataformas, com destaque para sa participação”. das tecnológicocolocouao Odesenvolvimento alcance damídia,operação dascondições emtorno des- eosdebatesatuaisgiram Jenkins (2009, p. 56), “a da normal é vistacomo uma parte participação audiências, à participação. noquetoca principalmente Deacordo com diada questõesacerca porcomputador novas daatividade das levantou reality televisionreality . Essegênero é, segundoJenkins(2009, p. 23),- opri Além disso, The dafranquia ebrasileira asversões portuguesa Voice Para isso, sobre desenvolveu-se umestudodecaso osprogramas A éarelação nessecenário cada Uma dasalteraçõesmaisimportantes O advento dosmeiosdecomunicação digitaisedacomunicação me- usõsmi éis JENKINS,questões maissérias. 2009, ( p. 56) com com popular é muito a cultura do quebrincar mais divertido por umlado, porque são baixos; osriscos poroutro, porque brincar razões: popular porvárias estão primeiro àcultura sendoaplicadas direções quemuitos denóstenderemos aseguir. Essashabilidades pioneiros deusuários estão testandooterreno grupos edelineando mento comercial –ou, maisprecisamente, nestemomento, alguns pormeiodenossarelaçãodades com departicipação oentreteni- Neste momento, habili- estamosaprendendoasnovas aaplicar The BrasilVoice ,- cuja pri

65 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 66 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 BERMAS, as 1973; 1976; amplifica 2003)eahipótesedequeinternet ets, (HA- emconsideração alinhadepensamentohabermasiana levando mesma forma, na questão focou-se da qualidade e dos comentários por lidadeleitores publicados dos comentários em discursiva,no quetange àética ospesquisadores aqua- avaliaram catalães et al. de inspiração. (2010) serviu Com base nos critérios de Habermas dostelespectadores.qualidade daparticipação line noFacebook eno Twitter, da bemcomo sefazumaanálisecrítica aqui, arelação entre atransmissãodeumepisódiocom aatividade on- relacionou a veiculação de uma notícia à atividade notícias veiculadas do país. na televisão que Klastrup Da mesma forma Klastrup, em2010, sobre arelação doFacebook entre doisgrupos e duzir algunspontos dapesquisarealizada peladinamarquesa Lisbeth e,esse mesmoperíodo ainda, detemporada. fora repro foi Aintenção - como aatividade nassuaspáginasnoFacebook eno Twitter durante temporadasde A das primeiras Voz dePortugal e das redes sociaisonlinepromove participação? maioroumaiseficaz ticipação defato, com quegrau/nível eemquecondições? 5)Autilização entre telespectadores e produtores dosmeiosdecomunicação? 4)Hápar- nos de temporada?2. arelação entre osepisódioseaatividade registrada Qual ma ao longo dotempo–nosdiasemqueosprogramas são exibidosefora ência deatividade naspáginasdoFacebook edo Twitter progra decada - ticipação assíncrona. emtemporealestabeleceu-se pelatransferênciadainteração apar- para atividades.em outras Para Jenkins(2009, p. 56), essencial adiferença à televisão, demero como forma entretenimento –semseenvolverem p. 62)–porexemplo, assistir dequeosindivíduosapenasdesejariam JENKINS,comunicação a repensar algumas dessas suposições” 2009, ( television dosmeiosde aindústria atual sucessodareality estáforçando A fimdecontemplar esteúltimoponto, estudo por realizado Noci Para desteestudo, odesenvolvimento analisados três foram episódios Nesse sentido, serãodiscutidas asseguintesquestões: 1. afrequ- Qual Por outro lado, Jenkins(2006, p.135) defende: antigos tabus em relação a esse tipo de programas,Quebrando “o sites deredes sociais?3. entre Háinteração telespectadores (pares) e de meioscomunicação, eentre consumidores eprodutores. dores demeioscomunicação, entre consumidores econteúdos documentar asinteraçõesqueocorrem entre osprópriosconsumi- sobreMais doquefalarmos tecnologiasinterativas, deveríamos The BrasilVoice , bem sites online, verifica-se, dos jornais. Da twe - briel briel Tarde, dosquase-públicos. uma era qualificado. Éumquase-público”.Vive-se, talvez, Ga- parafraseando deque clusão “se existeumpúblicodetelevisão, ser o seu estatutodeve cimento incorpora” (DAYAN, 2006, p. 39). vontade emface dedefender outros públicososvalores queoaconte- Uma revisão do conceito de audiência conceito do audiência de revisão Uma como exemplos areflexão úteispara aqui proposta. dosusuários, dapostura ouuniversalização ralização mas funcionam análise desenvolvida. Assume-se, pois, quenão representam umagene- mas respostas apenasalgunspontos nosentidodeilustrar debatidosna obtidas nãosignificativo, foi napesquisaapenasalgu- incluídas foram e brasileiros dos respectivos programas. Como o número de respostas mente umdebatequalificado. potencialidades decomunicação edeparticipação,- masnão necessaria 1 desenrolar, oumesmocom aprópriaexistênciado acontecimento” sociabilidade”; 3. pedidosquetêmaver com o tendênciaafazer “uma 1. sentimentodepertença”;“um 2. “a reativação dasredesde específicas públicos”. écomposta porquatro Essatransformação fatores essenciais: p. 33), “estas em podemtambémtransformar-se audiências[detelevisão] de estabilidade; ede umaexistênciasocialconstruída. Para Dayan (2006, uma sociabilidade eumareação nomomento ouaposteriori , day after no ”; durabilidade,de certa aindaquelimitada – “a éconsciente, partilha tem Torres (2006, p. 82), porsuavez, queasaudiênciassão defende dotadas ponto importante: “A éreativa: suaatenção elaéaresposta aumaoferta”. vir aexercer essascaracterísticas. Dayan (2006, p. 32)destaca, ainda, um consciência dapertença,, devisibilidade oudeperformance maspodem e audiências: dotadas desociabilidade, estasnão são obrigatoriamente de mesmos espectadores”. (2006, p. 33), “audiências epúblicossão compostos muitas pelos vezes esses doisconceitos não são tão opostos. “Antes demais”, Dayan lembra tudo, Livingstone defendem (2005)eDayan conforme (2005; 2006), sobrede audiênciaéconstruída onegativo doconceito depúblico. Con- meio decomunicação – “assistentes dealgo”. Frequentemente, anoção te daagregação depessoasquecoincidemnoacesso adado ou evento forma maisconcisa. forma mesmo com a própriaexistênciadoacontecimento” (DAYAN, 2006)de “pedidos narrativos”, de Neste artigo, denominaremos esta pedidosquetêmaver com o desenrolar,“tendência afazer ou Tendo essefenômenoemvista, Dayan (2006, p. 47)chegou à con- Além disso, enviado foi umquestionário onlinea100fãsportugueses Pode-se que, dizer de fato, essenciais entre existem diferenças públicos gerais,Em termos audiênciadesignaaentidade coletivaresultan- 1 ; 4. “a “a 4. ;

67 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 68 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 As redes sociais na internet na sociais redes As mitem: 1. deumapersona através deumperfiloupágina aconstrução RO, 2011, p. 37). salientar quesão,mas éimportante emsi, apenassistemas” (RECUE- apenas umsuporte: podemapresentá-las,“Eles auxiliarapercebê-las, as conexõesumarede queformam socialonline. OsSRSs são, defato, no ambienteonline; porfim, osSRSs quepossibilitam sãoferramentas ta acima; osegundo ponto sóqueexpressa refere-se àmesmaestrutura eossites nainternet sença deredes sociais(SRSs).- descri foi Aprimeira sociais redes de sites Os redes sociaiscomo emredes sociaisligadas porcomputador”. social:ganização “As vez mais, cada pessoasorganizam-se não sóem avanços tecnológicos, dominante comodeor- forma elassedestacaram (2007,tells p. 134)admite sualonga existênciaeressalta que, com os os diversos atores”. (RECUERO, 2011, p. 12) de conexãosocial, de um grupo das conexões estabelecidas aentrepartir Sociais, porsuavez, ospadrões observar redepara éumametáfora “uma eminteração”suas partes (RECUERO, 2011, p. 12). Para asCiências um fenômeno, não apenasassuaspartes, observar énecessário masas Euler,tico Leonhard noséculoXVIII, eapontava que, “para entender séculos. vez pelomatemá- Essaabordagem pelaprimeira utilizada foi dasredesque ahistória sociaisémultidisciplinar etemmaisdedois mento dainternet, aspessoastendemapensá-locomo algo novo. Só sociais redes de O conceito sociais online. possível,Isso seria portanto, aos novos meiosdigitaiseàsredes graças mundial. queessemodeloéomaisinterativo datelevisão defendem nos programasThe dafranquia Voice: referido, conforme oscriadores dostelespectadoressão tidascomodiferencial ogrande naparticipação decomunicação como esuaconsequenteferramenta internet utilização contexto mais focado: as redes sociais. A presença das redes sociais na –,mente estudadoseinternet –televisão passa-sediretamente um para Segundo BoydSegundo eEllison(2007, p. 2), osSRSs são sistemasqueper - É preciso, todavia, entre umadistinção redes fazer sociais, suapre- Logo, asredes sociaisnão são umconceito novo. Osociólogo Cas- Por relacionado serumconceito emvoga eintrinsecamente ao mo- Uma vez queestão doismeiosdecomunicação envolvidos larga- dias dosepisódiosfinais(GRAF. 1e2): -americana, atualmentenasétimatemporada. nhecerem outros programas dafranquia,- aversão principalmente norte estreia; segundo, dostelespectadores ao fatodeparte brasileiros jáco- pelaRedeGlobo,alizada com feita muita antecedênciarelativamente à deve-se, muito provavelmente, adoisfatores: primeiro, àdivulgaçãore- ao doprograma brasileiro.no primeiroepisódioinferior Esseresultado português,mente nocaso emqueseregistrou umíndicedeparticipação procuram “educar” fomentaraparticipação, aaudiênciapara - principal mente, de àexistênciadeumperíodo “literacia”, emqueosprodutores dosprodutorespor parte ebaixapelosusuários. Issosedeve, possivel- atividade naspáginasdoFacebook edo Twitter altaefrequente começa de Voice The franquia na luso-brasileira A participação sites derede social. off-line”, porissotanto o Facebook como o Twitter são considerados redes sociais, doslaços amanutenção sociaisestabelecidosnoespaço diada por computador, pois “permitem das avisibilidade eaarticulação (2011, p. 43), osSRSsdecomunicação me- diferemformas deoutras emsualistadeamigos.rede usuário socialdecada Recuero Conforme pessoal; 2. publicados; peloscomentários ainteração e3. da aexposição The Voice É facilmente perceptível que o ponto alto da atividade acontece nos Tendo temporadas porbasedeanálisetrês episódiosdasprimeiras Brasil edeA Voz dePortugal, percebeu-se que, emgeral, a autora nas datas apontadas. datas nas autora pela recolhidas Fonte: Informações AVoz de Portugal de Facebook no 1–Atividade GRÁFICO

69 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 70 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 Fonte: Informações recolhidas pela pela recolhidas Fonte: Informações Facebook de autora nas datas apontadas. datas nas autora Atividade no no 2–Atividade GRÁFICO Brasil Voice The ação como umaespéciedeendossoaopublicado, quefoi umaforma no docurtir significado Facebook, GiselaCastro (2013)consideraessa em média, analisados. maioremambososcasos três vezes Ao analisaro “curte” émuitocomentários, maiorqueodaspublicam aser, chega limita-se a curtir.usuários Pode-se queo número afirmar de pessoas que transmissão. res são incentivados aatuarnosSRSs ao mesmotempoemqueveem a oprograma. durante e quesópodeserutilizada Assim, ostelespectado- que reúnedoFacebook asferramentas edo Twitter numsódispositivo smartphones (app) para Isso porque uma aplicação a Rede Globo criou de transmissão. Essefenômeno ocorre com especialênfasenoBrasil. -se ao ponto emqueotelespectador concentrasuaatuaçãonoperíodo JENKINS, comercial”o intervalo 2006, ( p. 141). Mais que isso: chegou- episódios imediatamenteapósatransmissãodoepisódioouatédurante emissão, discutirnovos atalpontoonlinepara queosfãs agoraficam tornaram “cada vez mais enredadas etemporalidadesda com os ritmos dofandomquese uma mudança naspráticas para aatenção chamou na datadoepisódio, mas, principalmente, atransmissão. durante Jenkins duos respondem, reagem ao queoprograma lhesoferece. reativo dasaudiências, porDayan identificado (2006, p. 32): osindiví- rente nestequeéomomento favorito decisivo. Issocorrobora ocaráter maisinformações,que buscam emitemopiniõesetorcem peloconcor- maisconteúdos da equipe do programacomo quepublica dosusuários Apesar dosaltosíndicesdeatividade registrados, dos parte grande reativo fatoquereforça essecaráter éaatividade não somente Outro Nesses pontos altos de atividade, tanto por parte há uma mobilização 2 comunicação eseustelespectadores. Umavez quesepropõe sero geral uma reprodução no Facebook. também publicado de algo que fora média –, enquantoaRTP registroupordia, amédiadeumtweet em ,registrados aemissãocercade30tweets durante quechegavam em pordiapelaRedeGlobo–emcontrastecom osnúmerosa três tweets umdecréscimotambém teve acentuado: umamédiadedois manteve-se em nenhum momento e a atividade desempenhada pelos produtores detemporada,sadas fora osprogramas nãoostrendingtopics atingiram ao vivo edostécnicosarespeito dosseuscandidatos. Nas datasanali - gando o Twitter expostos na tela dos usuários os comentários mais para mais intensa do Facebook pelos produtores doprograma daRTP, rele- de Portugal, nãoconstatada foi talinformação, autilização masénotória gir ostrendingtopics de transmissão do programa, no período centra-se a atin- quando chega te dosprodutores. que sofre umasensível queda, mastambémdiminuiaatividade porpar- posts. Dessaforma, não dosusuários ésomente aatividade porparte programas diminuiexpressivamenteemnúmero –principalmente de autoral. pelocaráter demonstra-se quenão háumaprioridade tenha sidoproduzido pelaequipedoprograma, enão porelepróprio; umconteúdorem maistrabalhadoecom link, partilhar mesmoqueseja temporadabrasileira.primeira Conclui-se, ainda, prefe- queosusuários por um concorrente. ao largamente utilizada longofoi da Essa prática cantor”. Ao aimagem, compartilhar seu favoritismo declara ousuário imagens dos concorrentes com o texto “esta pessoa torce por–nome do usuário. NodoThe caso BrasilVoice , produzidas foram peloprograma a algumposicionamento)doperfil eumasetaqueapontaafoto para imagem quecontém umtexto(geralmente, quefazreferência umafrase comumsociada aumaprática noBrasil: “esta pessoa...”. Trata-se deuma quecomentários.compartilhamentos estejaas- Essaconstatação talvez dois programas. érecordista Aaudiênciabrasileira –inclusive, com mais desteartigo.clusão departicipação? Voltaremosuma forma aesseponto aseguir, nacon- Levanta-se, pois, aquestão: podeserconsiderada Até queponto curtir queestádeacordo dizer comespecífica. aquelade ousuário publicação No Twitter, trendingtopics representam osassuntosmaiscitados com ousodahashtag(#). Um ponto importante neste artigo éa relação neste artigo entreUm ponto importante os meiosde Relativamente ao Twitter, atendênciaémesma: aatividade con- Nos (acima), gráficos datemporada dos nota-sequeaatividadefora O compartilhamento, porsuavez, éumfatordiferencial entre os 2 – o que foi verificado no caso brasileiro; no verificado –oquefoi emAVoz

71 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 72 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 4 3 doprograma:no desenvolvimento entre produtores etelespectadores, quetiveram umainfluênciaconcreta dos: alterou otempodevotação. Assim, estabeleceu-seumainteração de manifestaçõesdostelespectadores, aRedeGloboatendeuaos pedi- que tinha a menos audiência tempo votassepara candidato nele. Depois realizada, queera –damaneira participante em cada oterceiro eúltimo votar detempopara telespectadores injustaadistribuição consideraram leiro: oprimeiroepisódiodaetapachamada durante “morte súbita”, os colherinformações,para oualgo alémdeemitiropinião. reclamar constatou-se, também, queusamessescanais quesão poucososusuários lisado, constatou-se umaresposta direta aos usuários. Por outro lado, suas páginas nos SRS. Em nenhum momento, porém, ana- no período comunicação defatoentre osprodutores queatuamnas eosusuários modelo deprograma mais interativo domundo, quehajauma espera-se torcedômetro seus fãs. brasileiro, O caso porsuavez, apresenta particularidade: outra o assim, dos noscomentários não essa interação costumapassardecurtidas resposta doprograma, àoficialquenão umaalternativa acontece; mesmo tam determinadopost. porfuncionar Issoacaba como umasegundaviade em quesão oscomentários mencionados,curtem comen- algumasvezes audiência, a com principalmente. mais através envolvem do Facebook:se mentam sobre o que foi escrito aomentam sobrevivo. escrito oquefoi versão daRTP emqueosartistas, docomentário, alvo agradecemouco- reprodução doconteúdo pelaaudiência, publicado na com algunscasos os telespectadores, osprogramas limitam-se, majoritariamente, àmera resultados revelados não foram pelaemissora. Trata-se deumtermômetro quemede aspreferências daaudiência. aos sechegar Os meios para episódio finalepor meiodo “torcedômetro”. mente emnenhum momento entre arepórter V ealgumconcorrente, apenasindiretamente, no Na Rede Globo, noFacebook ostweets oucomentários lidosouabordados não foram direta- É preciso salientar, contudo,- brasi nocaso umaexceçãoocorrida Ainda sobre –ouafaltadelaentre ainteração osprodutores e brasileira ao elaboradopelaautora). questionário brasileira avotaçãoque encerrava (A. S. M., 31jan. 2013. Respostadefã votar,havia maistempopara é quesomente depoisdointervalo no inicio, o Thiago [Leifert, oapresentador] anunciouqueagora argumentando minhasrazões. No fimdesemanaseguinte, logo oprograma,para supereducado etal, dandominhassugestões e lhor emumadisputaquevence omelhor!Enviei ume-mail não sepodertertempodeavaliar, realmente, ome- quemfoi e deavaliarrealmente asapresentações, com aincoerência de votação emquenãovotar justa haviatempopara demaneira Pois bem, eufiqueiindignada com aincoerênciauma desecriar 4 . Essa, possivelmente, foi uma opção editorial: em vez de .de vez Essa,em possivelmente,editorial: umaopção foi 3 Noportuguês, caso oscantores –, prevalecendoasemissõesdeopinião, noestilofanpost noFacebookgrupos relativa anotíciasveiculadas na dinamarquesaTV (2010,Klastrup p. noseuestudosobre aatividade em 10-18)observou entreração pares, –assimcomo constatou-se queestatambéméescassa sões (médiadeumminutoe30segundosporepisódio). “twittou” (sobseuperfil)eentrou algumasvezes ao vivo- nastransmis do programa, gravou vídeosdebastidores veiculação para nainternet, comparação ao programa brasileiro. DanieleSuzuki, naversão brasileira ao po dedicado repórter V (médiadecincominutosporepisódio), em entradas ao vivo emA Voz dePortugal comprovada foi pelomaiortem- no Twitter ao longo datemporada(sobseuperfil). pelas Aprioridade cipalmente, das entradas ao vivo, apenas algumas publicações fazendo baixador daparticipação. Diogo Beja, daRTP, ficouencarregado,- prin representa umafigura voltada otelespectador, para umaespéciedeem- desempenhadas pelorepresentante programa, decada uma vez queele -se umaprevisão deresultado. tweets citar diretamente etweets oscomentários 6 5 do-se, sobretudo, mútua umatrocasimplesdeideias oucolaboração discussão próxima dos preceitos normativos habermasianos,- verifican entre emqueháinteração pares,casos dificilmenteéestabelecida uma ção eoutros,ção tambémpoucos, negativas. críticas fazem longo deste artigo foi mantida tal qual escrito pelos telespectadores/usuários. mantida talqualescrito longo foi desteartigo no ressaltar publicados doscomentários queagrafia É importante Facebook reproduzidos ao baseado nogosto pessoaldousuário. gens deincentivo, de voto, declaração elogios–ouseja, nosSRSs apublicação deumconteúdo seja predominantemente emocional em relação ao programa ouaumcandidato, como mensa- fanpostO termo , nestapesquisa, de uma opiniãocujoteor trata-se emitidaouumcomentário Na telespectador-meio interação decomunicação, ao analisarainte- orepórter Sobre V, umabreve análisecomparativadasfunções cabe - perguntasoupedidosdeinforma quefazem poucososusuários São quem escolheascanções, M... masestáfazendo ouatendendo a me parecem haver unsbeneficiados com taisescolhas. Não sei Acho que as músicas estão sendo muito mal escolhidas, onde (F. F., 29out. 2011, A Voz dePortugal) Esta não mecativa. Não percebi ofascíniorepentino dos juízes. Obrigado, A. S. (R. M. P. 29out. 2011, A Voz dePortugal) (A.Dos KingofLeon S. 29out. 2011, A Voz dePortugal) Portugal) Use somebody, dosKingofLion (C. L. 29out. 2011, AVozde Use somebody (A. S. 29out. 2011, A Voz dePortugal) A Voz dePortugal) (R. éonome damúsicaqueelecanta? Qual M. P., 29out. 2011, dos telespectadores, mostrou- 5 . Nos poucos 6 :

73 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 74 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 na fasedebatalhas, estabeleceu-seum aceso debateentre osusuários: da concorrente, algumasmanifestações, verificaram-se mas, ao avançar norte-americana, com mascasada umbrasileiro. aparição Jánaprimeira cantor Daniel,mifinal pelaequipedo Alma Thomas, éde nacionalidade e dadiscussão quecausou. Umadascandidatas, quedisputouatéase- Brasil, especificamente, quemerece doenvolvimento destaquerazão em considerado inadequada, équaseimediataareação dosdemais: com umcomentário umalinguagem maisagressiva publica ou usuário em relação dasnotícias,aos comentários 19) verificaram quandoalgum -se umaespéciede “autocensura”. Assimcomo Noci etal. (2010, p. 16- debaixopelaletra calão deumapalavra substituição “M”), constatando - acima, doscasos, namaioria são moderadasenão abusivas(note-sea argumentos, tantodaqueles queacreditavam gerandoumamobilização ao longo datemporada. Constata-se, aqui, umdebatesustentado por aetapaseguintedacompetição,para outros masotemapermeou posts Facebook deThe BrasilVoice , deAlma quediziarespeito àclassificação Há umasituação, encontradaaanálisedoprograma durante The Voice negativasquesão publicadas,Mesmo ascríticas como noexemplo Este é apenas um excerto da discussão que se criou numdospostsdo dadiscussão quesecriou Este éapenasumexcerto (L.F., 25nov. 2012, The BrasilVoice ) nacionalidade. deoutra ainscrição terpermitido não deveria ganhar...americana elatemtalentoéincontestável... Que mas do Cada umparticipa VOICETHE doseupaís, não achocerto umpreconceito.seria (T. P., 25nov. 2012, The BrasilVoice ) serumbrasileiro,deve esimapessoacom amelhorvoz. Isso Apesar doprograma sernoBrasil, queocampeão não querdizer The BrasilVoice não temvoz completa igualàdeAlma Thomas. realmenteO Brasil temmuitos talentos, do masnessaedição (C. G., 14jan. 2012, A Voz dePortugal) és dignadeestaronde estás!PARABÉNS EMUITAFORÇA!!! e melhoràs Brilhas-te ficam mulheres!!!ForçaSilva! rios Silvia earoupaver daspessoas????Penso abeleza queessescomentá- Mas oh, Eduardo, estamos aqui verou para para quem sabe cantar jan. 2012, A Voz dePortugal ) também. oteuvestido eatuacara éfeio Silva Sílvia (E. S. B., 14 não háfavorecimento... (SE. C., 28out. 2012, The BrasilVoice ) doprograma...tendências ediretrizes que detercerteza Gostaria Conclusão Conclusão achavam injustocompetir entre osbrasileiros. que aconcorrente continuar noprograma como deveria daqueles que foi majoritariamente deumnível superficial. majoritariamente foi complexo departicipação, estabelecida constatou-se queaparticipação res (HABERMAS, 1973; 1976; 2003), oquepressupõe umnível mais houve um efetivo debate, com argumentos e reconhecimento entre pa- cussão deAlma sobre aparticipação Thomas noThe BrasilVoice , emque um,de cada longe dospreceitos habermasianos. Com aexceçãodadis- conteúdosforam verificou reativos ebaseados nos meramente gostos queosfãspodem produzir2009) defende conteúdos criativos, oquese aquém doesperado. fica atividade dos usuários Enquanto Jenkins (2006; penho impossível tecnicamente. Ainda assim, de qualidade, em termos a – nestecaso, Facebook e Twitter –, logo nãoumdesem- sepodeesperar emsi(KLASTRUP,há limitesimpostospelasferramentas 2010, p. 3) processo decomunicação não vaialém. Épreciso, contudo, ressaltar que mais queisso. estagnada numprimeiroestágio; fica Essainteração o do telespectador com oprograma (RIBEIRO, 2011, p. 96), masnada pação superficial, noseunível maissimples: deinteração ummovimento ouvidaeatendida.e tiveram suareclamação sobremanifestaram otempodevotação aetapa durante “morte súbita” programa aconteceu naversão brasileira, quandoostelespectadores se influênciadireta queteve interação sobre oprocesso deprodução do pectador lida e, era português, no caso até comentada ao vivo. A única aemissão:durante pormeiodorepórter V, emqueaopinião doteles- ocorreram algumtipodeinteração emqueseverificou poucos casos direta,ração istoé, umarespostaaos pedidos dos usuários. pública Os questão maisproblemática. Nos SRSs, não seconstatou nenhumainte- Alma Thomas, na versão brasileira. – com exceçãodadiscussão danorte-americana sobre aparticipação reu interação, oresultado umasimplestrocadeideias oucolaboração foi que,verificou-se em geral, estaéescassa;casos emqueocor- nospoucos (CARPENTIER, 2007, p. 218). No quetangeentre àinteração pares, pação háumainteração, promove masnemtodainteração participação cionados. superficial, Demaneira - queemtodapartici pode-sedizer Até que ponto curtir constitui participação? constituiAté participação? queponto curtir Trata-se- deumapartici decomunicação, asinteraçõesusuário-meio Sobre resida talvez aía rela- são intrinsecamente Os conceitoseparticipação deinteração

75 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 76 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 7 ferramentas dos novos meios para usá-las emseupotencialtotal. dosnovos meiospara ferramentas talvez, ainda, ostelespectadores precisem aprender a lidar melhor com as da audiência sinta quefalta espaço (naemissão) sua produção;parte para participação, dele; nemtodososmembros daaudiênciapartilhem talvez, umdessespontos:pouco decada apesardeexistiruminegável desejode Seria motivação,Seria incentivo oudomesticação abarreira ultrapassa dodiscursoapenas? participação aquantidade– gerir deconteúdo criada. Até queponto oincentivo à produtores não conseguem por questões editoriais – ou não o fazem aparticipação; para oferece umagamamaiordeferramentas porém os eem convergênciaparticipativo com outros meios. Defato, o programa da franquia caso atenderaopara fluxo decomunicação quesurge.Só queessenão éo JENKINS, 2009,pativos ( p. 66), semestarem muitas preparados vezes cia, aponto muitos severem aadotar- obrigados procedimentos partici diências. E os próprios meios de comunicação perceberam essa tendên- essavontade dasau- consultados jádestacaram deinclusão nesteartigo) JENKINS, 2006;( 2009, RIBEIRO, 2011, citaralgunsdos apenaspara cipar nosprogramas (eoutros conteúdos mediáticos). Diversos autores nas redes sociaisnainternet. po não estejapresentenomesmolocal: fisicamente eleestá,caso, neste predominantemente umemgrupo, individualpara - mesmoqueessegru televisão. Deacordo com Jenkins(2009, p. 56), passa-sedeumconsumo mover umnível maiscomplexo departicipação, émudardever aforma das redes sociaisedosseussites, nesteestudodecaso, maisdoquepro- participação, tanto. mastêmpotencialpara Pode-se queopapel dizer não tenhampromovido talvez na internet umnível maiscomplexo de de participação. Com efeito, asredes sociaiseossites queasrepresentam dosnovos meiosnão significa,utilização necessariamente, maiornível cipação? produção ecomunicação doprograma promoveu- maiornível departi promove Eainserçãocanais dosSRSs maiornível departicipação? na ral, queacompanha tecnológico. odesenvolvimento Proporcionar mais de comunicação, natu- como mas isso uma pode evolução ser encarado mais dispositivos queojátradicional natelevisão. Abrem-se maisportas conversão (SILVERSTONE, 2006, p. 2) Esse processo é dividido pelo autor em quatro etapas: apropriação, objetivação, e incorporação um processo deconsumo queserelaciona com odesign doproduto ecom seuvalor simbólico. aquiO conceito é referido no sentido empregado (2006), de domesticação por Silverstone como Assim, umnível idealdeparticipação? sealcançar oquefaltapara É visível o desejo das audiências de sesentirem incluídas,- departi Ribeiro (2011, p. o fato de queaampla para a atenção 94) chama admitir,É necessário todavia, queoprograma realmente dispõede The Voice: já voltado criado o modelo foi um estilo para 7 das ferramentas? das ferramentas? Talvez, um : Participation.Keywords Social networks. Audience. Television. mediaconvergence.of Brazil, about the users’ the reflection as for as well that behaviors appear in a context theaudiences inPortugal theparticipation of thediscussionof for andin contribute the participation exists, but not in ideal level. is intended,What in short, it is to and the program: participation and in what that conditions? It is is there verified important authors, theestablished isquestionedbetween communication viewers TV franchise The Voice. theJürgen for of base theprecepts Habermas andother Taking pation isevaluated thesites through social of netsintherespective the programsof audiences. Likethis, inthis article, thePortuguese andBrazilian viewers’- partici the of advent thedigitalactivity The the of meanslifted questionsconcerning new Abstract intelevision lian participation The Voice of and Portugal ências aos públicos. Lisboa: Livros Horizonte, 2006. p. 29-49. DAYAN, Daniel. Televisão, oquase-público. In: ABRANTES, J. C.; ______. 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77 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 78 Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 19, jul./dez. de 2014 das audiênciasaos públicos. Lisboa: Livros Horizonte, 2006. p. 73-84. TORRES, Eduardo Cintra. Multidõeseaudiências. In: ABRANTES, J. C.; DAYAN, D. Televisão: verstone%20-%20reviso.pdf>. Acesso em: 30out. 2011. Acesso em: 15fev. 2012. ONONLINESYMPOSIUM JOURNALISM, 11., Austin (EUA), 2010...., Anais p. 1-20, Dispo- online newspapers. debatesincatalan ofcitizen anddynamics quality In: INTERNATIONAL I NOC LIVINGSTONE, Sonia. andpublics. Audiences Bristol: Books, Intellect 2005. . Acesso em: 15maio2012. (IAMCR) CONFERENCE 2010.… Anais Braga: Universidade doMinho, 2010. Disponível em: NATIONAL ASSOCIATION FORMEDIA ANDCOMMUNICATION RESEARCH KLASTRUP, Lisbeth. aday?: for Publics theaffective “audiences” on Facebook. York Press, University 2006. JENKINS, Henry. Fans, culture. andgamers bloggers : participatory exploring Nova Iorque: New 2009. JENKINS, Henry. Cultura daconvergência. 2. ed. Tradução deS. Alexandria. Paulo: São Aleph, da sociedade burguesa. 2. ed. RiodeJaneiro: Tempo Brasileiro, 2003. Jürgen. ­­­­­­­­­­­­HABERMAS, y Frankfurt. Madri: Universidade Autônoma (UAM), deMadrid 1973. p. 123-130. HABERMAS, Jürgen. delopúblico. esfera La In: DÍAZ, Francisco G. social en Lacritica Touraine HABERMAS, Jürgen. andtheevolutionsociety. Communication of Boston: Beacon Press, 1976. aceito em1°denovembro Enviado em29desetembro , J. D. D. , J. et al. Comments innews, nightmare boosteror journalistic assessing the democracy Mudança estrutural daesfera pública: estrutural Mudança investigações quanto a uma categoria 2014. 2014. In: INTER-