Galoucura E Máfia Azul a Trajetória Das Principais Torcidas Organizadas De Belo Horizonte
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Galoucura e Máfia Azul A trajetória das principais Torcidas Organizadas de Belo Horizonte Bernardo Estillac Igor Junio Barbosa Marco Túlio Veras Bayma Sumário Sumário NOTA SOBRE OS TORCEDORES ENTREVISTADOS 3 INTRODUÇÃO 7 O NASCIMENTO DE GALOUCURA E MÁFIA AZUL 11 A fundação da Máfia Azul.............................................................................................................................................. 17 A fundação da Galoucura ............................................................................................................................................... 22 ANOS 1990: DINÂMICA DE CRESCIMENTO DAS TORCIDAS ORGANIZADAS 29 O contexto sociopolítico e os grupos urbanos da época ..................................................................................... 30 Rompendo as fronteiras .............................................................................................................................................. 34 Rendimento esportivo .................................................................................................................................................. 37 Investir no crescimento ............................................................................................................................................... 38 Dores do crescimento ................................................................................................................................................... 45 ANOS 1990: MÍDIA E REPRESSÃO 46 A violência, de fato, nas Torcidas Organizadas ..................................................................................................... 48 Futebol como produto .................................................................................................................................................. 51 Repressão: Coerção ostensiva e judicial.................................................................................................................. 58 TORCIDAS ORGANIZADAS, POLÍTICA E PODER 63 Relações com figuras da política ................................................................................................................................... 64 Relações com clubes e dirigentes ................................................................................................................................... 65 Conflitos internos e suas consequências ....................................................................................................................... 76 CENÁRIO ATUAL E NOVAS TORCIDAS 79 O Padrão FIFA e a arenização dos estádios de Belo Horizonte ............................................................................... 80 Clássicos de torcida única ............................................................................................................................................... 84 Os novos grupos de torcedores ...................................................................................................................................... 94 EPISÓDIOS MARCANTES NA HISTÓRIA DE GALOUCURA E MÁFIA AZUL 104 Junção Máfia Azul e Cru-Fiel Floresta ...................................................................................................................... 104 1 A vitrine da Fogueteira ................................................................................................................................................. 106 As 50 bandeiras .............................................................................................................................................................. 108 8 de outubro de 1997 ..................................................................................................................................................... 110 O Chevrolet Hall ............................................................................................................................................................ 113 O incidente na festa do título de 2013 ......................................................................................................................... 117 CONCLUSÃO 121 BIBLIOGRAFIA 126 2 Nota sobre os torcedores entrevistados Éder Toscanini (Tosca): Éder Toscanini, mais conhecido no meio da torcida do Cruzeiro como “Tosca”, é um dos membros mais importantes na trajetória da Máfia Azul. Aos 14 anos, criou a torcida, ainda com um caráter apenas de bairro, para na década seguinte ela se tornar a referência para o Cruzeiro entre as Torcidas Organizadas. Se manteve atuante como presidente desde a fundação até o final da década de 1990, mais precisamente 1998. Esteve envolvido até 2002, quando se afastou, mas nos últimos anos voltou a ter contato com a instituição e constantemente participa de eventos da Máfia Azul. Frederico Camargos (Fred): Fred é biomédico e acompanha o Atlético desde 1996. Seu pai foi sua maior influência ao levá-lo para o estádio, ainda com 2 anos de idade. Foi motivado àfiliar-se a Galoucura em 2008, no ano do centenário do Galo. Foi membro ativo até 2012, porém até hoje vai ao estádio e fica junto da torcida nas arquibancadas, além de viajar para os jogos do time em outras cidades. Jean Marc Gougeuil (Jean Francês): Jean é francês por parte de pai e italiano por parte de mãe. Desde criança é fanático por futebol, e, por ser reprimido pelo pai, fugia de casa para assistir os jogos do Paris-Saint Germain e Juventus de Turim pela TV. Foi Ultra (como o Torcedor Organizado é chamado em alguns países europeus) do PSG nos anos 1970, até vir para o Brasil, no início dos anos 1980. Simpatizou-se com o Cruzeiro ainda na França, quando a equipe foi jogar o Mundial de Clubes na Europa contra o Bayern de Munique. Entrou na Máfia Azul em 1986, por conviver com integrantes no bairro Floresta e até hoje é atuante, mas como parte da “velha-guarda” da organizada. João Paulo de Souza (JP): JP, como é conhecido na Torcida, é atleticano e membro da Galoucura desde meados da década de 1990. No momento da entrevista (2018), ainda fazia parte da Organizada. João já integrou a direção da Galoucura e foi responsável pela comunicação entre a Torcida, imprensa e órgãos públicos como a Polícia Militar e o Ministério Público. 3 Leonardo James Magalhães (Leo James): Leo James é atleticano e ingressou na Galoucura nos primeiros anos de fundação da Torcida. Leo é engenheiro civil e não frequenta a torcida desde o início dos anos 2000, quando teve problemas de sucessão no comando da diretoria. Em seu período de Galoucura, integrou a cúpula de diretores que estiveram à frente da instituição desde sua fundação, destacando-se Raimundo José Lopes Ferreira (Mundinho) e Paulo César Ribeiro (Melão). Márcio Jorge Melo (Bogus): Bogus é torcedor do Atlético, ingressou na Galoucura no fim da década de 1980, quando seu pai conseguiu a carteirinha da Torcida para os filhos. Passou a frequentar a Torcida ativamente a partir dos anos 1990, tendo participado de cargos na direção e organização. Participou ativamente do crescimento da Organizada e se desligou do movimento a partir da década de 2010. Na data da entrevista (2018), Bogus cursava o 10º período de licenciatura em Teatro pela Escola de Belas Artes da UFMG. Paulo Augusto Fonseca (Paulinho Popeye): Paulinho Popeye é economista e tem ligações familiares com o Cruzeiro. Seus avós participaram ativamente da construção do Mineirão e, cruzeirenses, sempre estavam presentes no estádio, levando o neto desde os primeiros anos de vida. Entrou para a Máfia Azul em 1983, após conhecer integrantes no bairro Santa Tereza e Floresta. Foi atuante até meados dos anos 2000, e, desde 2002, é conselheiro do Cruzeiro. Rafael: Natural de Sete Lagoas e estudante de Educação Física agora na capital mineira, conversamos com um membro da Máfia Azul que preferiu não se identificar. De forma ilustrativa, vamos chamá-lo de Rafael durante o livro. Rafael tem 23 anos e vive o Cruzeiro desde a infância, sendo hoje um dos membros mais ativos em seu Comando. 4 Prefácio A maioria dos torcedores se lembram de sua primeira vez na arquibancada. O estádio lotado, seu time in loco. Eu, pelo menos, me lembro vivamente do meu primeiro dia. O burburinho do lado de fora. A imensidão do Mineirão, que aos olhos de uma criança é ainda mais imenso. O estádio acompanhando os corpos dos torcedores e balançando aos meus pés. Talvez uma das sensações mais incríveis que já vivi. Mas, no meio desta lembrança tão vívida, alguns pontos são nebulosos. É engraçado, mas eu não me recordo de qual adversário enfrentávamos e nem quanto ficou o jogo. Tenho na memória vagamente que era um time de vermelho e preto e, como o estádio estava lotado, imagino que era o Flamengo. Não sei se ganhamos, mas lembro que teve gol. Sim, eu comemorei gol naquele dia! Também não lembro com clareza que time do Galo era esse em campo. Selegalo? O time daquela campanha de 1996? Não sei. E meu pai também não se lembra. Se esses pontos são nebulosos, outros mantém essa memória tão vívida como ela é pra mim. Sobretudo as imagens que vêm das arquibancadas, atrás do que conhecemos como gol da lagoa. Esses vestígios na minha memória são daqueles que conduziam todo o resto que ocorria ao redor: a Galoucura. Aquele foi o primeiro dia que eu vi o Galo de perto. Mas foi também o primeiro dia que vi a Galoucura. Os dois nunca se dissociaram na minha cabeça de criança: obviamente, não haveria Galoucura sem o Galo, mas, pra mim, a partir daquele dia, não parecia fazer sentido jogo do Galo sem a Galoucura. Eu cresci. Esse momento virou uma lembrança. Mas esse