ISSN 0370-6583

es ia Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Volume 61 Número 2 2010 13 0E 5)

Rodrigu BBJSl Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Volume 61 (2): 1 57-352 Abril-Junho 2010 INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO - Rua Jardim Botânico 1008 Jardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ - CEP 22460-180 ©JBRJ ISSN 0370-6583

Presidência da República Rodriguésia LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA A revista Rodriguésia é uma trimestral do Instituto Presidente publicação de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a qual foi criada em 1935. A Revista publica artigos científicos originais, Ministério do Meio Ambiente de revisão, de opinião e notas científicas em diversas áreas IZABELLA MÔNICA VIEIRA TEIXEIRA da Biologia Vegetal (taxonomia, sistemática e evolução, Ministra fisiologia, fitoquímica, ultraestrutura, citologia, anatomia, palinologia, desenvolvimento, genética, biologia reprodutiva, JOSÉ MACHADO ecologia, etnobotànica e filogeografia), bem como em História Secretário-Executivo da Botânica e atividades ligadas a Jardins Botânicos.

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro LISZT VIEIRA Presidente Ficha catalográfica Rodriguésia: revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. — Vol.l, n.l (1935) - .- Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rb de Janeiro, 1935- Indexação v. : il. ; 28 cm. DOAJ Trimestral Index of Botanical Publications (Harvard University Herbaria) Inclui resumos em português e inglês Latindex ISSN 0370-6583 Referativnyi Zhurnal 1. Botânica I. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico Review of Pathology do Rio de Janeiro Ulrich's International Periodicals Directory CDD - 580 - Esta publicação é afiliada à ABEC- Brasil CDU 58(01)

Corpo Editorial Editora-chefe Karen Lúcia Gama De Toni, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Editores -assistentes André Mantovani, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Daniela Zappi, Royal Botanic Gardens, Kew, Inglaterra Editores de Área Alessandra Rapini, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, BA Francisca Soares de Araújo, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE Gilberto Menezes Amado Filho, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Giselda Durigan, Instituto Horestal do Estado de São Paulo, Assis, SP Lana da Silva Sylvestre, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ Marccus Vinícius Alves, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE Maria das Graças Sajo, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP Nivaldo Peroni, Universidade Federal de Santa Catarina, Horianópolis, SC Tânia Sampaio Pereira, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Tânia Wendt, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ

Editoração Edição on-line Carla Molinari Carla Molinari Simone Bittencourt Simone Bittencourt Dayanne Martins (bolsista CNCFlora)

Capa Edição eletrônica Simone Bittencourt http://rodriguesia.jbrj.gov.br SUMÁRIO/CONTENTS

Artigos

Crescimento

Initial

Marilda

Sistema

Breeding

Marina

Morfoanatomia

Morphoanatomy

Alessandra

significado

O

município

The cultural

Jeremoabo

Vanusa

Fungos causadores

Rust

Isadora

Samambaias

estado

Ferns

Jeferson

Additions

Adições

Massimiliano

Orchidaceae

Orchidaceae

Alessandro

Bromeliaceae

Bromeliaceae

Thiago

Chrysobalanaceae

Chrysobalanaceae

Paula Malvaceae

Flora

Revisão Rodriguesia 61(2): 157-165. 2010 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Crescimento inicial de plantas Euterpe edulis Mart. em diferentes condições de luz, água e nutrientes Initial growth of seedlings of Euterpe edulis Mart under different conditions of light, water and mineral nutrients

Marílda Neuburger1, Thaysi Ventura de Souza2 & Maria Terezinha Silveira Paulilo3

Resumo A introdução e manejo de plântulas de Euterpe edulis Mart. em florestas tem sido uma alternativa encontrada para não levar a espécie à extinção devido ao extrativismo desenfreado. O objetivo deste estudo é ampliar o conhecimento das exigências ecológicas das plântulas desta espécie, visando auxiliar sua conservação in situ. Frutos despolpados da espécie germinaram em casa de vegetação e as plântulas, ainda com os vestígios da semente ligados ao eixo embrionário, foram separadas em seis lotes. Cada lote recebeu os seguintes tratamentos: 2% de luminosidade, 50% de luminosidade, sem nutrição mineral, com nutrição mineral, irrigação a cada dois dias e irrigação a cada sete dias. Observou-se que o tempo de esgotamento das reservas das sementes não pareceu ser influenciado pela intensidade de luz e fertilidade do solo, como também o peso da matéria seca, área foliar e número de folhas das luz e fertilidade do plântulas, sugerindo que o crescimento da plântula parece ser independente da intensidade de solo enquanto há reservas na semente. Sob regime de menor disponibilidade de água, as plântulas apresentaram apresentaram aumento no teor de prolina da folha, indicando que a espécie apresenta regulação osmótica As plântulas inibição do crescimento a 2% de luz solar, indicando que o nível de luz solar que chega ao interior da floresta fechada pode ser limitante para o crescimento de plântulas desta espécie. Palavras-chave: água, Arecaceae, luz, nutrientes minerais, palmiteiro, plântula. Abstract The introduetion and management of Euterpe edulis seedlings in forests is an altemati ve that has been found to prevent the ' extinetion. The aim of this study is to increase our knowledge of the ecological demands of seedlings of this species in order to contribute to in situ conservation. Fruits of Euterpe edulis without pulp were germinated in the attached to the greenhouse, in veimiculite moistened with water. The seedlings obtained, still with some seed reserves embryonic axis, were separated in six groups. Each received the following treatment: 2% sunlight, 50% sunlight, without mineral nutrition, with mineral nutrition, irrigation every other day and irrigation every seven days. It was observed that the time of seed-reserve depletion did not seem to be influenced by light intensity or soil fertility, nor did dry mass, leaf área and number of leaves, which suggests that seedling growth is independem of these environmental factors while the seed reserves are present. Under decreasing water, seedlings showed an increase in proline content, indicating a mechanism of osmotic regulation. The showed growth inhibition under 2% sunlight. This result indicates that the levei of light intensity that rcaches the interior of a closed forest can limit seedling growth. Key words: water, Arecaceae, light, mineral nutrients, palmiteiro, seedling.

Introduçãoe manejo do palmiteiro em florestas naturais ou O palmiteiro (Euterpe edulis Mart.), espécieplantadas tem sido uma alternativa encontrada para climácica da floresta ombrófila densa (Conte et al.não levar a espécie à extinção devido ao extrativismo 2000), é de grande valor econômico, porém não sedesenfreado (Reis et al. 2000). Tanto para a introdução adapta facilmente ao monoculti vo devido às suasquanto para o manejo de uma espécie, há a necessidade exigências ecológicas (Clement 2000). A introduçãodo conhecimento de suas exigências ecológicas,

' Mestre em Biologia Vegetal. Programa de Pós-Graduação cm Biologia Vegetal, UFSC !Mestranda em Biologia Vegetal. Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, UFSC. "Autor Centro de Ciências Biológicas, Depto. Botânica. Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal. para correspondência: Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Universitário, 88040-900. Florianópolis. SC Brasil, [email protected] 158 Neuburger, M., Souza, T.V. & Paulilo, M.T.S. ê principalmente na fase de estabelecimento de plântulas, Plantas com 135 dias, em número de 252, foram uma das fases do ciclo de vida dos vegetais mais retiradas das caixas de madeira com vermiculita e vulneráveis ao ambiente & Westoby 1991). (Haig O transplantadas para sacos plásticos pretos, furados ambiente florestal não é homogêneo em relação aos na base, de IL de volume, contendo areia, barro e recursos luminosos, hídricos e minerais, principalmente vermiculite na proporção 2:1:2. As plântulas foram ao nitrogênio e fósforo (Chapin et al. 1987), o quanto separadas em quatro lotes, 63 plantas por lote, cada que poderia afetar a colonização de plântulas num ou lote recebendo um dos seguintes tratamentos: noutro local da floresta. Algumas características Tratamento 1: 2% luz, com adubação; Tratamento apresentadas espécies, pelas como o tempo de duração 2: 2% luz, sem adubação; Tratamento 3: 50% luz, das reservas da semente (Houter & Steege 2000) e a com adubação; Tratamento 4: 50% luz, sem das em maximizar plasticidade plântulas a captação dos adubação. Cada tratamento constou de três recursos & Feleke 2001) favorecer (Fetene podem a unidades experimentais, cada unidade com 21 colonização numa maior de ambientes gama florestais, plantas. Nos tratamentos com adubação, as aumentando sua de regeneração. plantas probabilidade foram irrigadas mensalmente com 50 mL de solução Estudos anteriores com Euterpe edulis de NPK, na concentração de 1,4 mg mL1. A redução verificaram aspectos relacionados ao tempo de de luz solar foi obtida com tela de degradação de reservas et al. 1996; Venturi por (Andrade sombreamento de 50% ou 98% de redução de luz. & Paulilo 1998), à influência da variação da adubação A cada 30 dias após o início do experimento, foram (Venturi & Paulilo 1998) e da intensidade de luz coletadas nove plantas tratamento (Nakazono et al. 2001) no crescimento de O por para plantas. determinação do peso da matéria seca de órgãos objetivo deste trabalho, entretanto, é verificar a influência vegetais, da área foliar e do número de folhas, e, em da luz e adubação na velocidade de esgotamento das seguida, procedimento da análise de crescimento. reservas, a interação entre luz e adubação no Estes experimentos foram conduzidos dois anos crescimento inicial de bem como as respostas por plantas, em área aberta do Departamento de Botânica da de crescimento à variação da disponibilidade hídrica. Universidade Federal de Santa Catarina. O crescimento de Euterpe edulis sob diferentes Material e Métodos disponibilidades de água foi determinado para Para realização deste estudo foram utilizados indivíduos obtidos a partir da germinação de sementes, frutos oriundos de indivíduos de Euterpe edulis como descrita anteriormente. Para tanto foram escolhidas Mart., popularmente conhecido por palmiteiro ou 78 plantas com a primeira folha fotossintetizante Jussara, localizados no Parque Botânico do Morro em início de expansão, seis para a - análise de do Baú Ilhota/SC (experimentos de esgotamento prolina e 72 para as demais medidas, as quais foram transplantadas das reservas e de efeito de luz e nutrientes) ou no para sacos plásticos pretos, município de Florianópolis (experimento de furados na base, de 1,5 L de volume, contendo terra de mata disponibilidade hídrica). Logo após a coleta, os e compostagem termofílica na proporção de 1:1 e mesmo foram despolpados. colocadas sob tela de sombreamento de 50% de redução de luz. Metade Para obtenção de plântulas, frutos despolpados das plântulas foi irrigada até percolação, foram colocados para germinar em casa de vegetação, a cada dois dias, e a outra metade recebeu irrigação até utilizando-se caixas de madeira de 40 cm de percolação a cada sete dias. As plantas foram divididas em três unidades comprimento, 30 cm de largura e 6 cm de altura, experimentais com 12 plantas cada. contendo vermiculita umedecida com água. Após 85 e 170 dias, nove plântulas de cada tratamento hídrico foram Visando a verificação do tempo de esgotamento coletadas, medindo-se o teor de prolina das reservas foram separados visualmente 50 frutos da folha, o peso da matéria seca, a área foliar e despolpados de tamanho semelhante, as quais foram procedendo-se à análise de crescimento. separadas em embrião e restante do fruto e as partes A umidade do substrato em capacidade de campo levadas para estufa a 80°C até peso constante. Para foi calculada subtraindo-se a massa de sete amostras determinação do peso foi utilizada balança analítica de 1,5L de substrato irrigado até percolação da massa com três casas decimais. de peso da matéria seca (MS) destas amostras após Entre 15 e 135 dias após a semeadura, a cada 15 secagem em estufa até massa constante, sendo obtido dias, 15 plântulas de tamanho semelhante foram coletadas o valor de 0,29gH,0/gMS, que eqüivale a 100% da e separadas em eixo embrionário e restante da semente, água que o substrato pode reter. A umidade do sendo o peso da matéria seca avaliado para ambas as solo no tratamento de deficiência hídrica foi obtida partes, utilizando-se a mesmo procedimento acima. pesando-se o substrato após 30 dias sem irrigação.

Rodriguesia 61(2): 157-165.2010 Crescimento inicial de Euterpe edulis Mart. 159

Foram calculadas as taxas de crescimento plantas por coleta. Apenas para determinação do teor relativo em termos de peso de matéria seca (TCR) de prolina foram utilizadas três plantas por tratamento, e razão de área foliar (RAF), segundo Hunt (1982), uma por unidade amostrai. Os dados foram sendo TCR = In m2 - In nij /12 -1, e RAF = (a / m + inicialmente avaliados quanto à homogeneidade de a. / irij) / 2. Onde: m2 = peso da matéria seca da planta variância de acordo com o teste de Levene, e quando na coleta final; m: = peso da matéria seca da planta na necessário, houve transformação dos dados para coleta inicial; t-t, = intervalo de tempo entre as atender os pressupostos do teste estatístico coletas inicial e final; a, = área foliar da planta na paramétricos. Os dados foram avaliados em nível de coleta inicial; a2 = área foliar da planta na coleta final. 5% (p < 0,05) de probabilidade de erro, utilizando-se A área foliar foi obtida através da comparação análise de variância multifatorial (experimento 2), com do peso do contorno de folhas desenhadas em comparação de médias pelo teste Tukey, ou teste / de papel com o peso de áreas conhecidas do mesmo Student, no caso do experimento 3 (Banzatto & papel. O peso da matéria seca de raiz, caule e folhas Kronka 1989). Utilizou-se o programa estatístico foi obtido colocando-se as partes vegetais para Statistica, versão 6.0. secar em estufa a 80°C até peso constante, sendo pesadas após este período. A altura da planta foi Resultados medida utilizando-se régua plástica, medindo-se Verificação do tempo de desde a região de transição entre raiz e caule até a esgotamento das reservas base da folha mais nova. O da matéria seca do eixo embrionário e A determinação dos níveis de foi feita peso prolina dos restos da semente de 255 dias após segundo método de Bokhari & Trent Três pelo período (1985). a semeadura das sementes, mantidas a 2% e folhas recém expandidas de três (DAS) plântulas por 50% de luminosidade, ser observado na Figura tratamento foram misturadas e separadas pode picotadas, 1. Observa-se a maior das reservas das em três amostras de 500 mg de matéria fresca. Cada que parte sementes foi consumida até 135 DAS, época em amostra de folhas foi macerada em 10 mL de ácido já que as plantas apresentavam a primeira folha sulfosalicílico (solução aquosa a 3%). Os macerados fotossintetizante ainda enrolada. Até esta fase, as obtidos foram centrifugados a 3000g e alíquotas de sementes cerca de 70% de sua matéria seca 2 mL do sobrenadante alíquotas amostra) perderam (três por original. Assim, a maior das reservas foi foram retiradas e colocadas em tubos de ensaio parte gasta antes da apresentar a folha alíquota tubo), com 2 mL do planta primeira (uma por juntamente fotossintetizante completamente expandida. Os reagente nihidrina ácida de nihidrina a 20 (1,25 g restantes 33% das reservas foram até o dia 255 mL de ácido acético e a 20 mL de ácido acético gastos glacial DAS, as apresentavam duas folhas fosfórico a 6 M em banho-maria a 70°C) e 2 mL de quando plantas já fotossintetizantes expandidas. Este das reservas ácido acético Os tubos com a solução gasto glacial. restantes deu-se de maneira semelhante, resultante foram aquecidos em banho-maria a 100°C independentemente do tratamento de luz ou nutricional por 1 h e a reação interrompida colocando-se os tubos a que as plantas foram submetidas após 135 DAS. em banho de gelo. Foram, então, acrescentados a cada Observa-se a velocidade de de reservas tubo 4 ml de tolueno, agitando-se, que perda posteriormente, não foi sempre a mesma. Houve uma fase mais lenta mistura dos líquidos. Após repouso para para entre 15 e 105 DAS onde a da matéria seca foi separação das fases, a fração tolueno foi retirada e sua perda cerca de 2,0 mg dia"1, uma fase mais rápida entre os absorbância medida a 520 nm, em espectofotômetro. dias 105 e 165 DAS, com uma da matéria seca de A absorbância obtida foi comparada com a absorbância perda cerca de 5,0 mg dia"1 e novamente uma fase mais lenta, de soluções-padrão de em concentrações de prolina dos 165 até o término das reservas, 255 DAS, 0-2-4-6-8-'6ug mL-1, sendo utilizadas três aos onde a perda da matéria seca foi cerca de 0,7 mg dia1. repetições por concentração. O experimento para determinação do efeito de luz e nutrientes e o de disponibilidade hídrica foram Resposta da planta em diferentes arranjados em delineamento completamente intensidades de luz e disponibilidade casualizado e, no primeiro caso, em fatorial de 2 x 2 (2 de nutrientes luminosidades x 2 condições de nutrição do substrato). O peso da matéria seca total das plantas (Fig. 2) Cada experimento constou de três unidades amostrais. não foi afetado pelos tratamentos de luz e nutricional A cada coleta, de cada experimento, foram retiradas até 195 dias após a semeadura. A partir de 405 DAP, três plantas por unidade amostrai, perfazendo nove verifica-se que os nutrientes têm maior importância

Rodriguésia 61(2): 157-165.2010 160 Neuburger, M., Souza, T.V. & Paulilo. M.T.S.

—ir Eixo embrionário, com adubacão A Eixo embrionário, sem adubarão -Q— Semente, com adubacão L_0. Semente, sem adubaçào

-Q— Eixo embrionário, com adubaçào 1.2 ¦ —4— Eixo embrionário, sem adubacão ¦ 1 —Q-Sementes, com adubacão -0- Sementes, sem adubacão /í

90 135 0 15 30 45 60 75 105 165 195 225 255 0 15 30 45 60 75 90 105 135 165 195 225 255 Dias após semeadura a Dias após semeadura|^

- Figura 1 Médias do peso de matéria seca (g) do eixo embrionário e dos restos da semente de plântulas de Euterpe edulis submetidas a diferentes adubações do substrato - a. 50% de intensidade de luz; b. 2% de intensidade de luz. Figure 1 - Embryonic axis and remains of seed dry matter weight (g) of plants of Euterpe edulis submitted to different substrate fertilization - a. 50% of light intensity; b. 2% of light intensity.

no crescimento em peso de matéria seca que a luz, de folhas, observada neste período. A altura do sendo que plantas crescidas a 2% de luz com caule (Fig. 7) também foi limitada em alta intensidade nutriente apresentam maior peso de matéria seca de luz e na ausência de nutrientes. que plantas a 50% de luz sem nutrientes. As plantas A taxa média de crescimento relativo (TCR) com mais luz e mais nutrientes apresentaram a partir das plantas a 50% de luz com adição de nutrientes de 405 DAS significativo aumento do peso de manteve valores mais altos que plantas sob os matéria seca em relação aos demais tratamentos, demais tratamentos durante quase todo o tempo de experimentação mostrando o teste F para interação entre os fatores (Tab. 1) A razão de área foliar luz e nutrição, interação significativa entre estes foi maior em plantas sob menor intensidade de luz, não havendo influências da nutrição das dois fatores a partir desta data (< 0,05). 2). O resultado verificado para peso de matéria plantas (Tab. a de 405 DAP não foi devido ao seca total partir Resposta da da matéria seca da raiz (Fig. 3), mas sim da planta a diferentes peso disponibilidades de água parte aérea (Fig. 4). As não Em relação à área foliar total (Fig. 5), o efeito plantas irrigadas por 14 e 30 dias não apresentaram diferença no crescimento em massa dos tratamentos é mais marcante a partir dos 405 de peso da matéria seca, área foliar, número de folhas DAP, verificando-se que a área foliar total de plantas e comprimento do caule em relação com nutrientes é maior independentemente da às irrigadas (controle) e nem no teor de 3). O teor intensidade luminosa aplicada. A área foliar de prolina (Tab. de água do substrato após 30 dias sem irrigação foi em intensidade de luz mais alta e sem plantas de 0,039gH20/gMS, eqüivalendo a 13,5% da foi a mais baixa entre os tratamentos a nutrientes capacidade de campo. partir dos 405 DAP. Já o número de folhas (Fig. 6) foi semelhante para os tratamentos até 405 DAP, à Discussão exceção das plantas sob maior intensidade de luz e sem nutrientes. Os dados indicam que a ausência Verificação do tempo de de nutrientes prejudicou a área foliar e a emergência esgotamento das reservas de folhas, apontando que a nutrição é um fator mais As reservas da semente de Euterpe edulis se limitante que intensidade de luz para o crescimento esgotaram quando as plântulas apresentavam a segunda inicial de plantas de palmiteiro. A partir de 405 DAP, folha palmada bem expandida, independentemente mesmo tendo ocorrido anteriormente o aumento e da intensidade de luz ou adubacão aplicada. Cerca área foliar com adubacão, a área foliar começa a de 70% das reservas sendo gastas até a plântula diminuir em todos os tratamentos devido à queda apresentar o início do desenvolvimento da primeira

Rodriguésia 61(2): 157-165.2010 161 Crescimento inicial de Euterpe edulis Mart.

1.6 -, 50% de luminosidade, com adubação 50% de luminosidade, com adubação 50% de luminosidade, sem adubação í? M 50% de luminosidade, sem adubação com adubação O 2% de luminosidade, com adubação 2% de luminosidade, 12 2% de luminosidade, sem adubação g- 2% de luminosidade, sem adubação p—i i—o .A

405 465 615 0 165 195 225 255 405 465 615 165 195 225 255 Dias após semeadura Dias após semeadura - Figura 2 - Médias de peso de matéria seca (g) de plantas de Figura 3 Médias de peso de matéria seca (g) de raiz de Euterpe edulis submetidas a diferentes condições de luminosidade plantas de Euterpe edulis submetidas a diferentes condições de e adubação do substrato. luminosidade e adubação do substrato. - Figure 2 - Dry matter weight (g) of plants of Euterpe edulis Figure 3 Root dry matter weight (g) of plants of Euterpe submitted to different conditions of light intensity and substrate edulis submitted to different conditions of light intensity and fertilization. substrate fertilization.

50% de luminosidade, com adubação 50% de luminosidade, com adubação 50% de luminosidade, sem adubação 50% de luminosidade, sem adubação 2% de luminosidade, com adubação 2% de luminosidade, com adubação /" 3 2% de luminosidade, sem adubação B 2% de luminosidade, sem adubação (7- 2.0 Z-J £**»

Kf w^

^f^ Su

0 165 195 225 255 405 465 615 Dias após semeadura Dias após semeadura

Figura 4 - Médias de peso de matéria seca (g) de parte aérea de Figura 5 - Área foliar (cm2) de plantas de Euterpe edulis plantas de Euterpe edulis submetidas a diferentes condições de submetidas a diferentes condições de luminosidade e adubação luminosidade e adubação do substrato. do substrato. Figure 4 - Shoot dry matter weight (g) of plants of Euterpe Figure 5 - Leaf área (cm2) of plants oi Euterpe edulis submitted edulis submitted to different conditions of light intensity and to different conditions of light intensity and substrate fertilization. substrate fertilization.

50% de luminosidade, com adubação 50% de luminosidade, com adubação 50% de luminosidade, sem adubaç3o 50% de luminosidade, sem adubação 2% deluminosidade, com adubação 2% de luminosidade, com adubação 2% de luminosidade,YA sem adubação 2% de luminosidade, sem adubação

/ \

Dias após semeadura Dias após semeadura - Figura 6 Número de folhas de plantas de Euterpe edulis Figura 7 - Altura do caule (cm) de plantas de Euterpe edulis submetidas a diferentes condições de luminosidade e adubação submetidas a diferentes condições de luminosidade e adubação do substrato. do substrato. - - Figure 6 Number of leaves of plants of Euterpe edulis submitted Figure 7 Stem weight of plants of Euterpe edulis submitted to to different conditions of light intensity and substrate fertilization. different conditions of light intensity and substrate fertilization.

Rodriguésia 61(2): 157-165.2010 162Neuburger, M., Souza, T.V. & Paulilo, M.T.S.

- Tabela 1 Taxa de crescimento relativo (TCR) de plantas de Euterpe edulis submetidas a diferentes condições de luminosidade e adubação do substrato. - Table 1 Relative growth rate (TCR) of plants of Euterpe edulis submitted to different conditions of light intensity and substrate fertilization " TCR (mg d-1) 2% de luz50% de luz Intervalo de tempo (DAP)CNSNCNSN 195-1650,009a0,010a0,011a0,009a 225-1950,001b0,001b0,011a0,002b 255-2250,004b0,003b0,014a0,016a 405-2250,007a0,003b0,006a0,001c 465-405(-)(-)o,002a(-) 615-4650004a0,00,006a(-)

= DAP Dias após a semeadura, (-) taxa negativa de crescimento relativo e CN= com adição dc nutrientes, SN = sem adição de nutrientes. Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05). - = DAP=Days after sowing. (-) negalive relative growth rate and CN with addition of nutrients, SN without addilion of nutrients. Means followed by same letters in line are not significantly diffcrenl, according to lhe Tukey's test (p<0.05).

- Tabela 2 Razão de área foliar (RAF) de plantas de Euterpe edulis submetidas a diferentes condições de luminosidade e adubação do substrato. Table 2 - Leaf área rate (RAF) of plants of Euterpe edulis submitted to different conditions of light intensity and substrate fertilization.

RAF (cm2 mg') 2% de luz 50% de luz Intervalo de tempo (DAP) CNSN CNSN 195-165 0,119a 0,117a 0,96b0,97b 225-195 0,147a 0,106b 0,96c0,907c 255-225 0,143a 0,109b 0,84c0,84c 405-225 0,132a 0,107b 0,82c0,81c 465405 0,146a0,82b 0,83b0,65b 6154650,100a0,112a 0,70b0,46c

= = nutrientes, SN " sem adição de nutrientes. Médias seguidas de DAP Dias após a semeadura, CN com adição de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). - ¦ DAP"Days after sowing, (-) negative relative growth rate and CN with addition of nutrients, SN without addition of nutrients. Means followed by same letters in line are not significantly different, according to the Tukey's test (p<0.05).

- Tabela 3 Médias de peso de matéria seca, área foliar, número de folhas e teor de prolina em plantas de Euterpe edulis, submetidas à baixa irrigação. Table 3 - Dry weight matter, leaf área, leaf number and proline content in plants of Euterpe edulis submitted to low water.

Tratamentos" Raiz(mg)Folha(mg)Parte Aérea(mg)Total(mg)Área Foliar(cm")N° Folhaug prolina mg-' Controle329a479b781a1110a126,85a3a0,23a 14 dias sem 392a517a821a1213a135,96a3a0,22a irrigação Controle705A1058A1841A2682A267A5A0,23A 30 dias sem 872A1279A2070A2991A275A5A0,26A irrigação

As letras minúsculas comparam controle e 14 dias sem irrigação e as maiúsculas, controle e 30 dias sem irrigação. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste det(p<0,05). The small letters compare control and plants without irrigation during 14 days and the capital letters compare control and plants without irrigation during 30 days. Means followed by same letters are not significantly different, according to the / test (p< 0.05).

Rodriguésia 61 (2): 157-165. 2010 Crescimento inicial de Euterpe edulis Mart. 163 folha palmada, os 30% restantes foram gastos entre do que nos pouco férteis, mas sombreados. o estádio de desenvolvimento anterior e o estádio Entretanto, estas condições ambientais, a julgar pelos em que a planta jovem apresentou a segunda folha resultados encontrados no presente trabalho, não se palmada expandida, resultado semelhante ao fariam sentir nos primeiros meses de crescimento, mas encontrado por Andrade et ai. (1996) e Venturi & sim em plantas próximas ao primeiro ano de vida. Paulilo (1998), em condições de luz e nutrição de Em termos de sobrevivência de plantas, sob plantas diferentes das deste estudo. Isto parece a baixa intensidade de luz, em alta ou baixa indicar que enquanto há reservas nas sementes, o disponibilidade de nutrientes, não foi observado desenvolvimento da plântula independe das declínio de peso de matéria seca das plantas. Isto condições de luz e nutrição dadas e o estádio alcançado poderia indicar que ambientes mais sombreados, a ao fim do esgotamento das reservas é o de a planta possibilidade de sobrevivência de plantas, embora apresentar segunda folha palmada expandida. o crescimento fosse mais lento, seria maior que em Estes resultados são apoiados por Silva ambientes pouco férteis e bastante iluminados. Matos & Watkinson (1998), que observaram a Analisando o efeito dos tratamentos, tem-se grande mortalidade de plântulas de Euterpe edulis que a taxa de crescimento relativo em termos de peso em campo por volta do surgimento da terceira folha de matéria seca de plantas, TCR, é dependente da palmada, etapa do desenvolvimento em que a plântula, fotossíntese líquida (TAL) e da proporção de área de acordo com os resultados aqui encontrados, fotossintetizante, RAF, de maneira que o aumento passaria a sofrer influência do ambiente. O ambiente da TAL ou RAF leva a um aumento da TRC (Hunt de sub-bosque, onde as plântulas de E. edulis podem 1982). Em vista disto, observando-se o efeito da alta ser encontradas, chega a receber apenas 2% da e baixa intensidade de luz no crescimento de plantas radiação solar incidente (Januário et ai. 1992), o entre 225 e 405 DAS, período em que as respostas que poderia limitar o crescimento e a sobrevivência foram mais evidentes, tem-se que, em alta nutrição, a das plântulas. TCR em baixa e alta intensidade de luz foram semelhantes. Analisando em cada caso os valores Efeito da luz e nutrição no da RAF no período, tem-se que em alta luz a TCR foi crescimento de plantas influenciada pela TAL, já que a RAF apresentou menor valor em baixa intensidade de luz, e, em O crescimento das plantas foi favorecido pela que baixa luz a RAF influenciou a TCR, o valor da adubação sob maior quantidade de luz (50%), pois mostrando interação entre luz e nutrientes apenas RAF foi alto. Na ausência de nutrientes, a TCR foi mais alta em baixa intensidade de luz, e, neste caso, quando há nível mais elevado de luz. Este tipo de tem-se o valor da RAF influenciando a TCR, interação também foi encontrado parais, edulis por já que Illenseer & Paulilo (2002), trabalhando com o efeito foi mais alto em plantas mais sombreadas. da variação de nitrogênio e fósforo em diferentes Observou-se pelos resultados que a taxa de crescimento relativo, em termos de de matéria intensidades de luz no crescimento de plantas jovens peso desta espécie. A interação entre alta nutrição mineral seca, das plantas de E. edulis, foi de 0,016 mg d"1 em e alta intensidade de luz também foi encontrada em seu valor mais alto. Este valor é inferior ao encontrado outras espécies florestais por Elliot & White (1994), para outras espécies da Floresta Atlântica, crescidas Minolta & Pinzauti (1996), Gunatillekeeía/. (1997) e em condições similares e de idade similar, como Bungard et ai. (2000), considerando os autores que Cecropia glazioui Sneth., com TCR de 0,035 mg d"1 esta resposta é vantajosa na competição entre espécies (Duz et ai. 2004), Tabebuia avellanedae Lorentz ex quando há, por algum motivo, uma abertura no dossel Griseb., com TCR de 0,040 mg d"1 (Moratelli et ai. da floresta, possibilitando o aumento de luz. 2007), ColubrinaglandulosaPerk. e Peltophorum Em baixa nutrição, as plantas foram prejudicadas dubium (Spreng) Taub, com valor de TCR ao redor mais cedo quando em alta intensidade luminosa do de 0,60 mg.d'(Caus & Paulilo 2000). Estes dados que quando em baixa intensidade luminosa, confirmam os de Yamazoe (1973), os quais indicam provavelmente pelo crescimento mais acelerado, lento crescimento para E. edulis nos estádios utilizando os recursos nutricionais do substrato mais iniciais de crescimento e os de Pina-Rodrigues et rapidamente, como observado em outras espécies ai. (1990) que relatam crescimento mais lento de (Chapin et ai. 1987). Desta forma, em condições espécies que se estabelecem mais tarde na sucessão naturais, é possível que a sobrevivência de plantas florestal, como é o caso de E. edulis (Klein 1980) jovens de E. edulis seja mais baixa em locais em relação a espécies de sucessão inicial, como é o ensolarados com baixa disponibilidade de nutrientes caso das espécies citadas acima.

Rodriguésia 61(2): 157-165. 2010 164 Neuburger,'M., Souza, T.V. & Paulilo, M.T.S.

Os dados para crescimento de plantas em Duz, S.R.; Siminski, A.; Santos & M. & Paulilo, M.T.S. substrato bem irrigado e deficiente em água 2004. Crescimento de três espécies arbóreas da Floresta mostraram que o teor de água do substrato não Atlântica em resposta a variação na quantidade de luz. Revista Brasileira alterou o peso de matéria seca de raízes ou de parte de Botânica 27: 587-596. Elliot, K. aérea da planta. Esta resposta à diminuição de água & White, A.S. 1994. Effects of light, nitrogen and não era esperada face aos vários resultados de campo phosphorus on red pine seedling growth and nutrient use efficiency. Forest Science 40: 47-58. com a espécie, os quais têm relacionado a ocorrência Fetene, M. & Feleke, Y. 2001. Growth and de E. edulis a elevado teor de água no solo (Mattos photosynthesis of seedlings of four tree species from a dry tropical & Mattos 1972; Bovi 1987; Nogueira Júnior et al afromontane forest. Journal of Tropical Ecology 2003). Os estudos em condições controladas nem 17:269-283. sempre exprimem o observado em campo, em pois Gunatilleke, C.V.S.; Gunatilleke, I.A.U.N.; Pereira, campo há a ação de vários outros processos sobre G.A.D.; Burslen, D.F.R.P.; Ashton, P.M.S. & Ashton, os quais a água poderia agir como na decomposição P.S. 1997. Responses to nutrient addition among da serapilheira (Reissmann et al. 1990), ou no seedlings of eight closely related species oíShorea favorecimento da germinação (Nazário & Ferreira, in Sri Lanka. Journal of Ecology 85:301-311. 2010), o que poderia favorecer a ocorrência de E. Haig, D. & Westoby, M. 1991. Seed size, pollination edulis em locais úmidos. Estudos mais detalhados, costs and angiosperm success. Evolutionary Ecology 5: entretanto, são necessários para identificar a resposta 231-247. Houter, N. & de crescimento inicial de plantas de E. edulis à Steege, H. 2000. The importance of seed variação na disponibilidade de água no solo. mass and canopy openness for the early growth responses of tree seedlings of eight tropical rain forest species. In: Rose, S. (ed.). Seeds, seedlings Referências and gaps - size matters: a study in the tropical rain Andrade, A.C.S.; Venturi, S. & Paulilo, M.T.S. 1996. forest of Guyana. Georgetown, Tropenbos-Guyana Efeito do tamanho da semente de Euterpe edulis Series 9. Pp 19-39. Mart. sobre a germinação e crescimento inicial. Hunt, R. 1982. Plant growth curves: the functional Revista Brasileira de Sementes 18: 150-157. approach to plant growth analysis. Edward Arnold Banzato, D.A. & Kronka, S.N. 1989. Experimentação Ltd., London. 248p. agrícola. FUNEP, Jaboticabal. 247p. Illenseer, R. & Paulilo, M.T.S. 2002. Crescimento e Bokhari U.G. & Trent, J.D. 1985. Proline concentrations eficiência na utilização de nutrientes em plantas in water stressed grasses. 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In: Reis, M.S. Nazário, P. & Ferreira, S.A.N. 2010. Emergência de & Reis, A. (eds.). Euterpe edulis Martius (Palmiteiro) plântulas de Astrocaryum aculeatum G. May. em biologia, conservação e manejo. Herbário Barbosa função da temperatura e do período de embebição Rodrigues, Itajaí. Pp. 106-130. das sementes. Acta Amazônica 40: 165-170.

Rodriguésia 61(2): 157-165.2010 Crescimento inicial de Euterpe edulis Mart. 165 Nakazono, E.M.; Costa, M.C; Futatsugi, K. & Paulilo. Reissmann, C.B.; Santos Filho, A. & Rocha, H.O. 1990. M.T.S. 2001. Crescimento inicial de Euterpe edulis Composição química foliar do palmito (Euterpe Mart. Em diferentes regimes de luz. Revista edulis Mart.) em quatro sítios distintos da Mata Brasileira de Botânica 24:173-179. Atlântica do Paraná. Anais do 6o Congresso Florestal Nogueira Júnior, L.R.;Fisch, S.T.V.& Ballestero, S.D. 2003. Brasileiro, Campos de Jordão. Pp. 662-663. Influência da umidade do solo no desenvolvimento inicial Silva Matos, D.M. & Watkinson, A.R. 1998. The de plantas do palmiteiro Euterpe edulis Mart. fecundity, seed and seedlings ecology of the edible em floresta nativa. Revista de Biociências 9: 7-13. palm Euterpe edulis in southeastern Brazil. Pinã-Rodrigues, F.C.M.; Costa, L.G.S. & Reis, A. 1990. Biotropica 30: 595-603. Estratégia de estabilidade de espécies arbóreas e Venturi, S. & Paulilo, M.T.S. 1998. Esgotamento nas manejo de florestas tropicais. Anais do 6° Congresso de Euterpe edulis Mart. e efeito Florestal Brasileiro, Campos do Jordão. Pp. 676-684. reservas da semente da nutrição mineral nas Acta Botânica Reis, M.S.; Fantini, A.C; Nodari, R.O; Reis, A.;Guerra, plàntulas. M.P. & Mantovani, A. 2000. Management and Brasilica 12: 215-220. conservation of natural populations in Atlantic Rain Yamazoe, G. 1973. Observações preliminares sobre a Forest: The case study of palm heart (Euterpe edulis altura de Euterpe edulis Mart. Boletim Técnico do Martius). Biotropica 32: 894-902. Instituto Florestal 6: 17-22.

Artigo recebido em 20/04/2009. Aceito para publicação em 04/12/2009.

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Sistema reprodutivo e polinização de Senna multijuga (Fabaceae) em Mata Atlântica Montana1 Breeding system andpollination of Senna multijuga (Fabaceae) in a montane A tlantic Forest

Marina Wolowski & Leandro Freitas

Resumo O conhecimento da biologia reprodutiva e polinização de árvores ncotropicais vêm aumentando nas últimas décadas. No entanto, ainda é incipiente para a Mata Atlântica e muitas questões persistem, por exemplo, sobre a prevalência de autoincompatibilidade. A biologia floral, o sistema reprodutivo e os visitantes florais de Senna multijuga foram estudados, com o objetivo de verificar a ocorrência de autoincompatibilidade e determinar seus polinizadores. A espécie apresenta características florais típicas do gênero, como flores assimétricas, enantiostilia, heteranteria e deiscência poricida. A antese é diurna e a viabilidade do pólen não diferiu entre os morfos de anteras. Os polinizadores foram abelhas dos gêneros Bombus, Epicharis, Centris e Xylocopa e abelhas menores atuaram como pilhadores de pólen. A reprodução sexual em 5. multijuga depende da transferência de pólen pelos polinizadores, pois não foram formados frutos por apomixia ou autopolinização. Este último resultado pode ser devido à depressão por endogamia ou a um mecanismo de autoincompatibilidade de ação tardia, uma vez que houve aborto uniforme de pistilos e penetração de tubos polínicos nos óvulos após autopolinização. Diferença na fecundidade após polinização manual e em condições naturais indica que a limitação polínica afeta o sucesso reprodutivo feminino, assim como a disponibilidade de recursos. Palavras-chave: autoincompatibilidade de ação tardia, depressão por endogamia, flor de pólen, polinização. Abstract Knowledge of reproduetive biology and pollination of Neotropical tree species has been increasing in recent decades. However, this is still incipient in the Atlantic Forest, and many questions remain, for instance, about the prevalence of self-incompatibility. We studied the floral biology, breeding system and floral visitors of Senna multijuga in order to verify the occurrence of self-incompatibility and determine its pollinators. This species bears the typical floral traits ofthe genus, such as asymmetry, enantiostily, heteranthery and poricid anthers. Anthesis is diurnal and pollen viability did not differ among the morphs of anthers. Pollinators were bees ofthe genera Bombus, Epicharis, Centris and Xylocopa and smaller bees acted as pollen thieves. Sexual reproduction of Senna multijuga depends on the transfer of pollen by pollinators, as no fruit was formed by either apomixis or self-pollination. The latter result may be due to inbreeding depression or by a mechanism of late-acting self- incompatibility, as we observed after self-pollination both penetration of pollen tubes in the ovules and uniform abortion of pistils. Differences on fertility after manual crossings and under natural conditions indicate that female fitness is affected by pollen limitation, as well as by the availability of resources. Key words: inbreeding depression, late-acting self-incompatibility, pollen flower, pollination.

Introduçãoespécies na América Central e do Sul (Bawa 1974; O conhecimento acerca da biologia reprodutivaZapata & Arroyo 1978; Bawa et al. 1985a,b) e pelo e da polinização de espécies arbóreas neotropicaisacúmulo de informações de diversos estudos pontuais vêm aumentando ao longo das últimas três décadas,(e.g. Gibbs & Sassaki 1998; Gribel etal. 1999; Dick a partir dos estudos pioneiros para conjunto de2001; Freitas & Oliveira 2002; Carvalho & Oliveira

Parte da dissertação de Mestrado da primeira autora. 2Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, R. Pacheco Leão 2040,22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, [email protected] 'instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 915,22460-030, Rio de Janeiro. RJ, Brasil, [email protected] 168 WWolowski, M. & Freitas. L. 2003; Quesada etal. 2004). Para espécies arbóreas depressão por endogamia e não a mecanismos de de Mata Atlântica, os dados ainda são incipientes, autoincompatibilidade (Gibbs & Sassaki 1998; Hufford embora a quantidade de estudos seja crescente (e.g. &Hamrick2003). Sazima et al. 1985; Goldenberg & Varassin 2001; No gênero Senna há registros de Borges et al. 2008; Pires & Freitas 2008). autocompatibilidade e autoincompatibilidade de ação As questões que motivaram os primeiros estudos tardia (Silva et al 2002; Carvalho & Oliveira 2003; reprodutivos nas florestas tropicais surgiram em tomo Laporta 2005). Especificamente para Senna multijuga da alta riqueza de espécies de árvores e suas baixas (Rich.) Irwin & Barneby não foi realizado estudo densidades populacionais, da capacidade dos sobre sistema reprodutivo, porém em populações polinizadores se movimentarem entre as plantas e dos em áreas de pastagem e vegetação secundária, na níveis de autopolinização e polinização cruzada nas borda do Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais, espécies (Fedorov 1966; Ashton 1969; Janzen 1971). foram observadas taxas de cruzamentos variáveis Nesses estudos pioneiros, a autoincompatibilidade através de marcadores moleculares, o que sugere foi registrada para a maioria (ca. 80%) das espécies ausência de autoincompatibilidade para a espécie hermafroditas estudadas (Bawa 1974; Bawa et al. (Ribeiro & Lovato 2004). 1985a). Alguns autores sugerem que a prevalência da Flores assimétricas, enantiostilia, heteranteria e autoincompatibilidade, que implica na necessidade deiscência poricida são características comuns às de fecundação cruzada, provavelmente está relacionada espécies da subtribo Cassiinae (Fabaceae) à pressões seletivas para a manutenção da variabilidade (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1988). A genética (Bawa 1974; Zapata & Arroyo 1978; Seavey enantiostilia evoluiu independentemente em pelo & Bawa 1986). Contudo, a autocompatibilidade menos dez famílias de angiospermas e normalmente ocorrente em espécies arbóreas (Sazima et al. 1985; está associada a outras características incluindo a Goldenberg & Varassin 2001; Pires & Freitas 2008) heteranteria, a coleta de pólen por vibração realizada abelhas, ausência pode também ser vantajosa como forma de aumentar por de nectários e a assimetria floral a chance de sucesso reprodutivo em espécies cujas (Barrett et al. 2000; Jesson et al. 2003). A presença desses caracteres em não-relacionados sugere populações têm baixa densidade ou em ambientes grupos a convergência com escassez de polinizadores. evolutiva para a qual a posição do Em Fabaceae, há uma tendência para maior polinizador durante a visita é importante para a freqüência de sistemas de autoincompatibilidade em dispersão do pólen e, consequentemente, para o sucesso reprodutivo masculino et al. 2000). grupos de arbóreas que em grupos de herbáceas, e (Barrett A deiscência é comum em espécies em para sistemas de autoincompatibilidade gametofítica poricida que o é o único recurso floral e a coleta de é (Arroyo 1981). Mais recentemente tem sido registrada pólen pólen ativa, realizada fêmeas autoincompatibilidade de ação tardia (LSI) em várias por de abelhas capazes de vibrações nas florais leguminosas tropicais (Seavey & Bawa 1986; Gibbs et promover peças (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger al. 1999; Lewis & Gibbs 1999; Carvalho &01iveira 2003; 1988). Contudo, nem todas as espécies visitam flores atuam Borges et al. 2008). Contudo, nos supostos casos de que de pólen como polinizadores e a relação de tamanho entre o LSI em que não se identificam barreiras pré-zigóticas, visitante e o e os estames longos é uma não é fácil distinguir sua ocorrência dos efeitos de gineceu característica importante para a polinização das depressão por endogamia isto é, a expressão de alelos espécies do gênero (Gottsberger & Silberbauer- recessivos deletérios que impedem o desenvolvimento Gottsberger 1988; Pinheiro & Sazima 2007). embrionário (Seavey & Bawa 1986; Sage et al. 1994; Neste estudo são descritos aspectos da biologia Husband & Schemske 1996). Por exemplo, em floral e do sistema reprodutivo e registrada a composição Epilobium obcordatum A.Gray (Onagraceae) foi de visitantes florais de Senna multijuga em uma área a ocorrência de LSI dada a proposta pós-zigótica, de Mata Atlântica, com o objetivo de verificar a esterilidade de algumas e aborto de embriões plantas existência de mecanismo de autoincompatibilidade e em estágio inicial de desenvolvimento (Seavey & Bawa determinar os polinizadores da espécie. 1986). Posteriormente, foi demonstrado que a variação e entre a produção de sementes de autopolinização Material e Métodos polinização cruzada nessa espécie era decorrente de depressão por endogamia (Seavey & Carter 1994). Em O estudo foi desenvolvido nos anos 2007 e algumas espécies de Fabaceae, a formação de progênie 2008 em área de floresta ombrófila densa montana Veloso et al 1991), predominante alógama também foi associada à (sensu entre 500 e 1000 m de

Rodriguésia 61(2): 167-179. 2010 Sistema reprodutivo de Senna multijuga 169 altitude, no Parque Nacional do Itatiaia (PNI) bolso. A viabilidade polínica foi estimada em 200 (22°27'S; 44°36'W). O clima nessa faixa altitudinal é grãos de pólen por antera em três anteras de tamanho do tipo Cwa e Cfb (classificação de Kõeppen) e distintos, corados com carmim acético, com auxílio apresenta duas estações bem marcadas: um período de microscópio óptico (Dafni 1992). O teste Qui- quente coincidindo com abundantes chuvas e um quadrado (X2) foi utilizado para analisar possíveis período frio associado à baixa pluviosidade diferenças na viabilidade entre os grãos de pólen (Segadas-Vianna & Dau 1965). Observações e provenientes desta anteras. O número de grãos de experimentos complementares foram realizados na pólen foi estimado em três anteras por tamanho, Área de Proteção Ambiental da Serrinha do utilizando a câmara de Neubauer, com auxílio de Alambari (APASA) (22°23'S; 44°32'W) que é microscópio óptico. A razão pólen/óvulo foi contígua ao PNI e localiza-se na sua zona de determinada de acordo com Cruden (1977). Outros amortecimento. Na área de estudo na APASA, a aspectos da biologia floral como coloração, odor, variação altitudinal é semelhante à do PNI e a horário da antese e duração da flor foram registrados vegetação se encontra em diferentes estágios de em observações diretas no campo (Dafni 1992). sucessão ecológica. O sistema reprodutivo foi determinado Senna multijuga (Rich.) Irwin & Barneby é através de testes de polinização controlados em uma espécie de hábito arbóreo, com 10 a 15 m de flores de inflorescéncias isoladas em sacos de "voile" altura, que apresenta distribuição ampla na América ainda em botões florais. Foram utilizados Central e do Sul, mas com variedades de distribuição três indivíduos em pico de floração em fevereiro e geográfica mais restrita (Irwin & Barneby 1982). Na março no PNI e dois indivíduos na APASA em área de estudo ocorre 5. multijuga subsp. abril de 2008. O acesso às flores foi feito a partir lindleyana (Gardner) H.S. Irwin & Barneby (Morim de escada e montagem de andaimes de construção & Barroso 2007), a qual se distribui do sul da Bahia civil (cf. Pires & Freitas 2008). As flores foram ao nordeste de Santa Catarina, nas cristas e submetidas aos seguintes tratamentos: i. apomixia declives da Mata Atlântica (Irwin & Barneby 1982). - flores em pré-antese foram emasculadas e Senna multijuga é comum entre 50 e 950 m de mantidas ensacadas na inflorescência; ii. altitude, em clareiras, bordas de floresta, matas autopolinização espontânea - flores em pré-antese ciliares e em áreas perturbadas e em regeneração, não manipuladas foram mantidas ensacadas na assim como pode ser preservada em pastagens e inflorescência; iii. autopolinização manual - flores plantações para sombrio (Irwin & Barneby 1982). em antese em que o conteúdo de pólen de uma Também é indicada para restauração de áreas antera da própria flor (autogamia) ou de outra flor degradadas, como espécie secundária inicial do mesmo indivíduo (geitonogamia) foi depositado (Moraes et ai. 2006), e é cultivada e utilizada para no estigma; iv. polinização cruzada manual - flores em arborização urbana em alguns estados brasileiros antese em que o conteúdo de pólen de uma antera de (Irwin & Barneby 1982; Rodrigues etal. 2005). No outro indivíduo foi depositado no estigma. O número PNI, a subespécie é freqüente na faixa entre 600 e de flores por tratamento consta na tabela 1. Os 900 m de altitude, em locais próximos ao rio Campo tratamentos foram distribuídos entre os indivíduos Belo, no interior da mata e em áreas de vegetação analisados. A autopolinização manual foi aplicada em alterada (Morim 2006; Morim & Barroso 2007). Na cinco indivíduos e os demais tratamentos, em quatro. APASA, indivíduos foram observados em bordas Nos tratamentos autopolinização manual e polinização de mata, áreas em regeneração e pastagens, bem cruzada, a antera foi dissecada sobre lâmina limpa e o como nos arredores de residências (Torres 2009). conteúdo depositado no estigma. Nesses tratamentos A floração dos indivíduos acompanhados no PNI foram realizados cruzamentos para os três diferentes e na APASA ocorreu entre janeiro e maio e a tamanhos de anteras citados acima. frutificação entre março e dezembro (Torres 2009). O crescimento dos tubos polínicos foi A dispersão das sementes é pelo vento. verificado utilizando a técnica de fluorescência de A biologia floral foi estudada a partir de material Martin (1959) em pistilos provenientes de fresco ou estocado em FAA 70%. A presença de tratamentos de autopolinização manual e de osmósforos foi verificada por meio de teste com polinização cruzada manual fixados em FAA 70% a vermelho neutro (Dafni 1992). A receptividade do intervalos de 12,24,48 e 72 horas após o tratamento. estigma foi determinada utilizando peróxido de Ainda, alguns pistilos autopolinizados foram hidrogênio (Zeisler 1938), com auxílio de lupa de fixados 24 horas após o tratamento e, então,

Rodriguesia 61(2): 167-179. 2010 170 Wolowski, M. & Freitas, L. desidratados em série etílica ascendente até etanol de óvulos. Sementes íntegras, com testa bem absoluto e incluídos em hidroxietilmetacrilato formada, foram consideradas desenvolvidas. (Gerrits & Smid 1983). Após inclusão e montagem Sementes com desenvolvimento interrompido e/ou dos blocos, estes foram seccionados longitudinalmente deformadas foram consideradas abortadas. O teste com auxílio de micrótomo de rotação com 3 pm de Kruskal-Wallis (H) foi utilizado para analisar espessura. As secções foram aderidas a lâminas de possíveis diferenças entre o número de óvulos, de vidro e coradas com azul de toluidina 0,05% (OTirien sementes desenvolvidas, de sementes abortadas, et al. 1965) e observadas em microscópio óptico a fecundidade e a taxa de aborto dos cruzamentos de campo claro. com anteras de diferentes tamanhos do tratamento A fim de estimar a produção de frutos em polinização cruzada manual. O teste Mann- condições naturais, flores em antese foram marcadas Whitnney (U) foi utilizado para analisar possíveis e mantidas expostas. O teste Qui-quadrado (X2) foi diferenças no número de óvulos, de sementes utilizado para avaliar possíveis diferenças na desenvolvidas, de sementes abortadas, na produção de frutos formados nos tratamentos (entre fecundidade e na taxa de aborto entre os tratamentos cruzamentos com anteras de diferentes tamanhos) e polinização cruzada e condições naturais. Os testes entre os tratamentos polinização cruzada e condições estatísticos foram realizados no software naturais. Os dados de condições naturais são STATISTICA 6.0 (Statsoft 2001). provenientes de um indivíduo do PNI. O outro Os visitantes florais foram coletados com puçá indivíduo que seria utilizado como controle sofreu e o comportamento de forrageio foi registrado. As forte florivoria por formigas do gênero Atta e não observações foram realizadas em dias com céu limpo pode ser utilizado para este fim. As flores desse ou parcialmente encoberto totalizando 12 horas indivíduo que estavam ensacadas não foram distribuídas entre 8:00 e 17:00h em três indivíduos danificadas e os dados dos outros tratamentos foram em fevereiro de 2008 no PNI. As espécies coletadas utilizados nas comparações. foram classificadas como polinizadores ou Foi feita a contagem de óvulos, sementes pilhadores com base na observação de contato do desenvolvidas e sementes abortadas de frutos corpo da abelha com o estigma, o que se deve ao provenientes do tratamento polinização cruzada (18 seu tamanho (Frankie et al. 1983) e comportamento frutos) e condições naturais (75 frutos) do PNI. A de forrageio (Pinheiro & Sazima 2007). fecundidade foi medida pela razão do número sementes desenvolvidas/ número de óvulos. A taxa Resultados de aborto foi medida pela razão sementes abortadas/ As flores de Senna multijuga, dispostas em óvulos. Os frutos foram abertos com e estilete pinça panículas terminais, são assimétricas e em prato, da e os óvulos e sementes contados com auxílio com 36,81 ± 2,56 mm (média ± desvio-padrão, em lupa. O número de câmeras seminíferas e cicatrizes todo o texto) (n = 10) de diâmetro. As sépalas de óvulos foram utilizados para estimar o número amarelas, em número de cinco, são livres. As pétalas, também de coloração amarela e em mesma quantidade, são desiguais Ia). O androceu é Tabela 1 - Produção de frutos (porcentagem do número (Fig. constituído dois estames um estame de frutos/número de flores) após tratamentos de por grandes, médio, quatro estames e três estaminóides controlados de Senna multijuga no Parque pequenos polinização (Fig. Ia). Os estames apresentam anteras Nacional de Itatiaia e na Área de Proteção Ambiental grandes curvas (7,50 ± 0,74 mm, n = 10) e filete alongado da Serrinha do Alambari. ± 0,94 mm, n = 10). O Table - Fruit (6,28 estame médio apresenta 1 production (percentage of fruit number/flower = number) after treatments of Senna multijuga in the antera curva (6,40 ±1,51 mm, n 10) e filete curto pollination = Itatiaia National Park and the Environmental Protection Área (2,08 ± 0,45 mm, n 10). Os estames pequenos of the Serrinha Alambari. apresentam anteras retas (4,56 ± 0,65 mm, n = 10) e n°de n°de filetes curtos (1,98 ± 0,20 mm, n = 1Q). As anteras flores frutos (%) apresentam deiscência poricida e o p<}fen é o único As Apomixia150 (0) recurso floral. anteras reagiram ao testéiiim vermelho neutro e a dos osmóforos Autopolinização espontânea150(0) presença foj Verificada da base ao ápice da antera em estruturas como Autopolinização manual1370(0) plinidas frisos longitudinais, os quais são con$Íff idos por um Polinização cruzada 10455(53) maciço de células de origem epidérijSJúja e natureza

Rodriguésia 61(2): 167-179. 2010 Sistema reprodutivo de Senna multijuga 171 secretora (sensu Guimarães etal. 1984). O pistilo, com manual com pólen proveniente dos três tamanhos de + =10) nanteraM= 46> nan,eraG = 13,93 0,44 mm (n de comprimento (dabase ao a"16™ K».= 137; "antena 39' estigma), apresenta ovário supero e unilocular, com 52) (Tab. 1). A forma em foice dos pistilos abortados 45,07 ±6,14 (n= 75) óvulos de placentação sutural. O foi a mesma da observada nas flores em antese, estigma é circular, em forma de câmara e a abertura está independentemente do momento do aborto. Os pistilos voltada para a parte interna da flor. de polinização cruzada após cinco dias já adquiriram A viabilidade dos grãos de pólen foi de 96,33 forma ereta. O acompanhamento do desenvolvimento + 0,02% (n = 3) nas anteras pequenas, 98,17 ± 0,003% de 66 pistilos autopolinizados por até dez dias após o (n = 3) para as anteras médias e 97,33 ± 0,02% (n = 3) cruzamento mostrou que 91 % destes abortaram entre para as anteras grandes. Não houve diferença para cinco a nove dias após o autocruzamento. No viabilidade polínica do pólen proveniente dos três tratamento de polinização cruzada, não houve diferentes tamanhos de antéra (X* = 3,82, p = 0,15). diferença entre a produção de frutos (F) dos Anteras pequenas possuíam 11.789 ± 3.206 grãos de cruzamentos com pólen dos três tamanhos de antéra pólen, anteras médias 12.300 + 2.909 e anteras [^=0,94;p = 0,62F^F(o^0,53(55/104);FmteraP= grandes 20.178 ± 3.384. Desta forma, o número total 0,59(23/39),FMeraM=0,50(14^8),F_G=0,49(18/37)]. médio de grãos de pólen em uma flor foi estimado em Desta forma, esses dados foram agrupados (Tab. 1). 99.811 e a razão pólen/óvulo em 2.218. Tubos polínicos provenientes de tratamentos de Durante o desenvolvimento do botão floral, autopolinização manual e de polinização cruzada o pistilo desloca-se da posição central para posição manual foram observados penetrando no ovário ou lateral, à esquerda ou à direita, caracterizando a nos óvulos em flores fixadas 12 horas e 24 horas após enantiostilia. Flores de morfos opostos foram a polinização (Fig. lc-e). Não foram observadas encontradas na mesma inflorescência (Fig. lb). Os diferenças aparentes na taxa de crescimento de tubos estames de anteras grandes acompanham o polínicos provenientes de autopolinização e deslocamento do pistilo no sentido oposto, se polinização cruzada manual, nem de tratamentos com aproximando da pétala maior e a abertura do poro é pólen proveniente dos três diferentes tamanhos de direcionada no sentido da curvatura da pétala maior. anteras. Não foi observado, através microscopia de O estame médio acompanha o movimento do pistilo fluorescência, desenvolvimento dos óvulos e fica em posição oposta à pétala maior e o poro da autopolinizados e de polinização cruzada nos pistilos antéra é extrorso (Fig. 1 a). Os estames pequenos se fixados nos intervalos de tempo de 24,48 e 72h. dispõem no centro da flor e a abertura dos poros A produção de frutos após polinização também é direcionada ao centro da flor. Durante o cruzada foi significativamente maior que em deslocamento do pistilo e estames, a corola vai se condições naturais (Tab. 2). No tratamento abrindo. No botão em pré-antese, a corola já estava polinização cruzada, não houve diferença entre o totalmente aberta. O início da antese ocorreu no número de óvulos (H = 0,43, p = 0,81), de sementes início da manhã (por volta das 7:00h), quando o desenvolvidas (H - 0,10, p = 0,95), de sementes estigma estava receptivo e as anteras apresentavam abortadas (H = 1,69, p = 0,43), fecundidade (H = 0,18, coloração amarelo-esverdeada e os frisos p =0,92) e taxa de aborto (H = 1,45, p = 0,49) dos longitudinais alaranjados. Ao longo da manhã, os cruzamentos com pólen dos três tamanhos de antéra. frisos longitudinais das anteras liberaram odor, os Esses dados foram agrupados e comparados às poros se abriam e o pólen se tornava disponível, condições naturais (Tab. 2). A fecundidade no sendo liberado apenas por vibração. O estigma tratamento polinização cruzada foi significativamente permanecia receptivo por todo o dia. Ao final da maior em relação às condições naturais e a taxa de tarde, o odor não era mais perceptível e os frisos aborto não apresentou diferença (Tab. 2). adquiriam coloração amarronzada. A antese teve Os visitantes florais observados foram fêmeas duração de ca. 12 horas. Na manhã do segundo de abelhas (Hymenoptera: Apoidea), que coletaram dia, a maioria das flores já havia perdido os estames pólen. A coleta teve início por volta das 8:00h, ou eles estavam amarronzados e senescentes e, em permaneceu intensa até o início da tarde e diminuiu seguida, as pétalas começavam a cair. Na manhã do a partir das 14:00h. Foram consideradas pilhadoras terceiro dia, o pistilo e o cálice persistiam, podendo abelhas pequenas (< 12 mm) que durante a visita ter persistido também a pétala de maior tamanho. não contatavam o estigma e polinizadoras as Quanto ao sistema reprodutivo a espécie não é abelhas de tamanho médio e grande (> 12 mm) que apomítica (Tab. 1). Não houve formação de frutos a contatavam o estigma, como Euglossa iopoecila. partir dos tratamentos autopolinização espontânea e Das quatorze espécies coletadas, 64% foram

Rodriguésia 61(2): 167-179. 2010 172 Wobwski. M. & Freitas. L.

Figura 1 - Flor de Sewna multijuga e crescimento de tubos polínicos - a. disposição das pecas florais: pétala maior (Pm) e anteras grandes (G) opostas ao pistilo (Pi) e ao estame médio (M). Estames pequenos no centro da flor (P); b. inflorescência com flores dos dois morfos. c. penetração de tubos no ovário após autopolinização manual com pólen proveniente de antera pequena; d. tubo polínico penetrando em óvulo após autopolinização manual com pólen proveniente de antera grande; e. corte longitudinal de óvulo após autopolinização manual mostrando tubo polínico atravessando o tegumento e o nucelo (setas). Barras: a-b = 1 cm, c-e = 100 um. Figure 1 - Flower of Senna multijuga and pollen tube growth - a. arrangement of floral parts: Major petal (pm) and large anthers (G) in opposition to the pistil (Pi) and the médium stamen (M). Small stamens in the center ofthe flower (P); b. inflorescence with flowers of both morphs; c. penetration of tubes into the ovary 12 hours after manual self-pollination with pollen from a small anther; d. pollen tubes penetrating the ovary 12 hours after manual self-pollination with pollen from a major anther; e. longitudinal section of an ovule 24 hours after manual self-pollination showing pollen tube crossing the tegumcnt and the nucellus (arrows). Bars: a-b = lem, c-e = 100 um.

Rodriguésia 61(2): 167-179.2010 Sistema reprodutivo de Senna multijuga 173

Tabela 2 - Produção de frutos (porcentagem do número de frutos/número de flores), número de sementes desenvolvidas, de sementes abortadas e de óvulos, fecundidade (sementes desenvolvidas/óvulos) e taxa de aborto (sementes abortadas/ óvulos) de Senna multijuga, após polinização cruzada e em condições naturais. Dados são média ± desvio padrão (exceto produção de frutos em %). Table 2 - Production of fruits (pcrccntage of fruit number/flower number), number of seeds developed, seeds aborted and ovules, fecundity (seeds developed/ovules), and abortion rate (seeds aborted/ovules) of Senna multijuga after cross-pollination and natural conditions. Data are mean ± standard deviation (except for fruit production in %).

Polinização cruzadaControleEstatísticap Produção de frutos (%)53(55/104)14(13/90)^ = 31,32<0,0001 Sementes desenvolvidas31,44 ±6,5727,29 ±7,20U = 27,00,18 Sementes abortadas3,61 ±3,526,47 ±2,68U = 22,00,09 Óvulos39,28 ±2,5945,07 ±5,09U=11,00,01 Fecundidade0,80 ±0,160,60 ±0,09U = 8,00,01 Taxa de aborto0,09 ±0,090,15 ±0,07U = 25,00J4

classificadas como polinizadores, pois foi possível em relação à polinização por vibração (Marazzi et observar o contato do corpo na região estigmática al. 2007). A diversidade e maior especialização das durante a visita (Tab. 3). Essas abelhas se anteras abaxiais em relação aos estames medianos aproximavam da flor e se prendiam pela mandíbula podem estar relacionadas à divisão funcional das e pernas dianteiras. A vibração produzida pelas anteras, em alimentação e polinização, e ao abelhas durante o vôo era transmitida às anteras comportamento de coleta de pólen pelas abelhas promovendo a liberação do pólen (cf. Buchman (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1988; Silva 1983). As partes ventrais do tórax e do abdômen et al. 2002; Marazzi et al. 2007). Contudo, não está ficavam sobre as anteras de tamanho pequeno e a claro se esta divisão implica em restrições lateral do tórax e do abdômen ficavam próximas às reprodutivas ao pólen proveniente de cada morfo outras anteras. As espécies de polinizadores mais (Marazzi etal. 2007). Dados sobre a viabilidade e freqüentes diferiram em relação ao comportamento fertilidade do pólen proveniente de cada morfo de de transferência de pólen entre as visitas. Bombas antera mostram que S. multijuga não apresentou restrição a reprodução, semelhante a S. morio permanecia pairado e transferia o pólen do para australis H.S. Irwin & Barneby et al. tórax e do abdômen para a corbícula, com auxílio (Vell.) (Silva 2002), outras espécies do a das pernas dianteiras e medianas, enquanto as porém, gênero apresentaram, tais como S. corymbosa H.S. espécies de Centridini se prendiam com as (Lam.) mandíbulas nas estruturas florais e transferiam o Irwin & Barneby e S. sylvestris (Vell.) H.S. Irwin & Barneby & Oliveira 2003; Laporta 2005). pólen do tórax e do abdômen para as escopas das (Carvalho A orientação dos afeta diretamente a pernas traseiras com auxílio das pernas dianteiras e poros direção de liberação do e a assimetria da medianas. De maneira geral, as visitas duravam até pólen corola tem um três segundos. As abelhas visitaram diversas flores papel importante durante a et al. 2007,2008). flor de 5. numa mesma inflorescência e diversas polinização (Marazzi Na multijuga, a maior é assimétrica, falcado- inflorescéncias de um mesmo indivíduo antes de pétala ovada e côncava et 1984). A deixarem a árvore. (Guimarães al. posição e a concavidade da pétala maior de S. multijuga ser uma característica Discussão parece importante para direcionar o pólen liberado das anteras grandes para Senna multijuga apresenta morfologia floral a parte lateral e dorsal do corpo das abelhas e reduzir semelhante à de outras espécies do gênero, por a perda de pólen, enquanto o pólen das anteras exemplo, pela assimetria da corola e androceu pequenas é liberado diretamente na região ventral (Marazzi et al. 2006,2007,2008). As peculiaridades do corpo das abelhas. A enantiostilia é outro das estruturas florais em Senna, como diferentes aspecto da assimetria floral de S. multijuga que tamanhos de estames e diferenças de orientação associado a heteranteria contribui na polinização. dos poros das anteras, provavelmente evoluíram Jesson e Barrett (2005) sugerem que a deflexão das

Rodriguésia 61(2): 167-179. 2010 174 Wolowski, M. & Freitas, L.

Tabela 3 - Espécies de abelhas (Hymenoptera: Apoidea) visitantes das flores de Senna multijuga. Legenda: Po polinizador e Pi = pilhador. - Table 3 Bees species (Hymenoptera: Apoidea) visitors of flowers oi Senna multijuga. Captions: Po - pollinator and Pi = theft.

Família Espécie Função Tribo

Apidae Euglossini Euglossa iopoecila Dressler, 1982 Pi Bombini Bombus (Fervidobombus) brasiliensis Lepeletier, 1836 Po Bombus morio Swederus, 1787 Po Centridini Epicharis fiava Friese, 1900 Po Epicharis dejeanii Lepeletier, 1841 Po Centris similis Fabricius, 1804 Po Centris (Melacentris) cf. discolor Smith, 1874 Po Centris (Melacentris) cf. conspersa Mocsáry, 1899 Po Centris varia Erichson, 1848 Po Meliponini Melipona rufiventris Lepeletier, 1836 Pi Melipona sp. Pi Xylocopini Xylocopa frontalis Olivier, 1789 Po Xylocopa subcyanea Pérez, 1901 Pi Halictidae Augochlorini Pseudaugochlora callaina Almeida, 2008 Pi

anteras grandes opostas ao pistilo pode aumentar planta e dos polinizadores, como diferenças nas a precisão de transferência de pólen cruzado e escolhas de forrageamento dos polinizadores, em reduzir a interferência do estigma e das anteras resposta à composição e à fenologia das espécies dentro ou entre flores da mesma planta. Desta forma, de cada área. a distinção dos visitantes florais de S. multijuga Senna multijuga não formou frutos por em pilhadores e polinizadores é determinada pela autopolinização, o que em geral é tido como indicativo combinação das características florais e a relação da presença de sistema de autoincompatibilidade. O de tamanho com o corpo das abelhas. Os polinizadores crescimento de tubos polínicos no ovário e a de S. multijuga na área de estudo pertencem aos penetração nos óvulos de pistilos autopolinizados mesmos gêneros (Xylocopa, Centris, Bombus e indicam que não se trata de sistema de Epicharis) dos polinizadores de outras espécies autoincompatibilidade gametofítico clássico (Gibbs do gênero (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1990). Assim, o desenvolvimento de frutos após 1988; Silva etal. 2002; Carvalho & Oliveira 2003; autopolinização pode estar sendo impedido por Laporta 2005; Pinheiro & Sazima 2007). Entretanto, mecanismo de autoincompatibilidade de ação tardia das nove espécies de polinizadores de S. multijuga (LSI). O termo LSI é utilizado para classificar no Itatiaia, apenas três (Bombus morio, Epicharis mecanismos de rejeição diferentes e com origem fiava e Xylocopafrontalis) atuaram também como independente, que essencialmente partilham a polinizadores desta espécie em área costeira em característica de não se enquadrarem nos mecanismos Ubatuba, São Paulo (Pinheiro & Sazima 2007), a de autoincompatibilidade tradicionais (Seavey & Bawa qual dista ca. 110 km do PNI. A composição de 1986). Os mecanismos de ação tardia são identificados polinizadores de uma planta pode variar ao longo basicamente pela inibição de tubos na camada do de sua área de ocorrência (Carvalho & Oliveira 2003; nucelo do óvulo ou a inibição da fusão dos gametas Devoto et al. 2006) e isto pode refletir tanto masculinos com a oosfera e núcleos polares nos casos divergências entre a distribuição geográfica da de rejeição prezigótica; e pelo aborto dos óvulos em

Rodriguésia 61(2): 167-179.2010 Sistema reprodutivo de Senna multijuga 175 estágio inicial de desenvolvimento ou a degeneração abortados, sementes maduras e plântulas) (Hufford & do endosperma nos casos de rejeição pós-zigótica Hamrick 2003). Neste estudo, houve diminuição da (Seavey & Bawa 1986). Apesar disso, nem todos os progênie autofertilizada ao longo dos estágios (expressa registros de LSI em Fabaceae tem diferenciado os pelo aumento da heterozigosidade observada a cada mecanismos de rejeição em pré- ou pós-zigótica. nível) e a maior expressão da depressão por endogamia Evidências para a rejeição pós-zigótica podem ser se deu entre o estágio de semente madura e o observadas em várias espécies da família, assim como, estabelecimento da plântula. Nesses casos, análises em espécies de Bignoniaceae (Bittencourt etal. 2003; de progênies em diferentes estágios de Bittencourt & Semir 2005, 2006). Em Hymenaea desenvolvimento seriam mais eficientes do que testes stigonocarpa Mart. ex Hayne, isso se deu pela evidência de polinização controlados para responder tal questão. de zigoto sem divisões com núcleos do endosperma As duas populações de S. multijuga estudadas (Gibbs et al. 1999), em Caesalpinia calycina Benth., por Ribeiro & Lovato (2004), no estado de Minas Gerais, pela evidência de penetração do tubo polínico no saco apresentaram diferentes taxas de cruzamento (t = 0,84 embrionário (Lewis & Gibbs 1999), além de outras na área de pastagem fora do Parque e t = 0,54 na área evidências para Dalbergia retusa Hemsl., Dipteryx de borda). A média das populações (t = 0,69) e a menor panamensis (Pittier) Record & Mell e Myrospermum taxa de cruzamento são inferiores às taxas registradas frutescens Jacq. (Seavey & Bawa 1986). Por outro lado, para a maioria das espécies arbóreas neotropicais com existe uma evidência para rejeição prezigótica em Acácia, predomínio de cruzamento cruzado (Dick 2001; Quesada retinodes Schltdl. (Kenrickef a/. 1986). etal. 2004; Mathiasen etal. 2007; Borges etal. 2008). A ausência de frutos por autopolinização em Portanto, Ribeiro & Lovato (2004) concluem que seus espécies descritas com LSI pós-zigótica pode ser resultados sugerem a ocorrência de autofecundação igualmente atribuída à depressão por endogamia, o que em S. multijuga, o que compromete a existência de LSI torna complicado diferenciar a presença de um nesta espécie, sugerida pelos nossos resultados no mecanismo de autoincompatibilidade dos efeitos da Itatiaia depressão por endogamia (Seavey & Bawa 1986; Sage Além disso, os resultados de Ribeiro & Lovato et al. 1994). Segundo Seavey & Bawa (1986), a (2004) apontam que S. multijuga deve apresentar autoincompatibilidade de ação tardia pode ser sistema de cruzamento misto, o que pode refletir distinguida da depressão por endogamia por três depressão endogâmica prematura e não critérios, a saber: 1) a rejeição por ação tardia ocorreria necessariamente um mecanismo de LSI em relação ao em um momento único, causando o aborto dos embriões aborto de frutos autopolinizados na espécie. Apenas em um estágio de desenvolvimento uniforme enquanto por meio de testes de polinização é difícil concluir qual na depressão por endogamia, o acúmulo de alelos é o processo (endogamia ou mecanismo LSI) que atua deletérios causaria o aborto progressivo de embriões para impedir a formação de frutos autopolinizados. De em diferentes estágios de desenvolvimento; 2) na ação um lado, os níveis variáveis de alogamia entre tardia, a maioria dos indivíduos da população deve ser populações mineiras de Senna multijuga sugerem autoestéril; 3) a ocorrência de autoincompatibilidade existência de depressão por endogamia mas por outro em espécies relacionadas indicaria a segregação de lado, o aborto uniforme de pistilos autopolinizados entre alelos de incompatibilidade dentro da família. O aborto indivíduos na população do Itatiaia sugere LSI. de pistilos autopolinizados após um curto período de Em muitas espécies, os mecanismos de tempo, a ausência de desenvolvimento inicial dos autoincompatibilidade não se expressam totalmente, óvulos autopolinizados e ausência de frutos nos cinco ou seja, parte dos autocruzamentos produz frutos com indivíduos que foram autopolinizados em S. multijuga sementes (Bawa 1974; Zapata & Arroyo 1978; Sage et sugerem a presença de um sistema de al. 2001). A expressão da autoincompatibilidade pode autoincompatibilidade de ação tardia. variar em função da composição de alelos, expressão Todavia, esíudos que sugerem LSI em de genes modificados, composição da carga de pólen, leguminosas não descartam a possibilidade de condições ambientais (e.g., temperatura) e condições ocorrência de depressão por endogamia (Gibbs et al. internas do pistilo, tais como idade da flor, época do 1999; Freitas & Oliveira 2002). Outra evidência que os ano e presença de frutos em desenvolvimento (revisão efeitos da depressão por endogamia podem imitar um em Stephenson et al. 2000). Gibbs et al. (2004) mecanismo de autoincompatibüidade foi demonstrada verificaram que a produção de sementes de Ceiba em Platypodium elegans Vogel com o uso de chodatii (Hassl.) Ravenna é inferior em frutos de marcadores moleculares utilizando progênies em cruzamentos com carga de pólen mista (auto e diferentes estágios de desenvolvimento (embriões cruzado) em relação à carga de pólen cruzado. Neste

Rodriguésia 61(2): 167-179. 2010 176 Wolowski. M. & Freitas, L. estudo, os autores sugerem que a polinização natural intensidade da seleção sexual mais do que na é resultante da mistura de pólen (auto e cruzado) disponibilidade de polinizadores e recursos. Nesse que chega ao estigma e que em espécies com LSI, sentido, a seleção para aumentar a dispersão de pólen essa carga de pólen mista pode resultar em uma seria o principal fator na produção de flores excedentes proporção de sementes de autofertilização. Assim, de S. multijuga, enquanto o sucesso feminino parece esses autores predizem que espécies com LSI ser regulado tanto pela limitação polínica como pela podem apresentar sistema de cruzamento misto. limitação por recursos. Outro aspecto relacionado a esta discussão é a Em resumo, embora nossos resultados não variação da expressão da autoincompatibilidade permitam concluir que Senna multijuga apresenta entre populações de uma espécie (Sage et ai. 2001; mecanismo de autoincompatibilidade, os testes de ver também Barrett et ai. 1989 e Pailler & Thompson polinização controlada (ausência de frutos por 1997 para heterostilia), esperada em particular para autoDolinização e aumento da frutificação e certas circunstâncias, como em populações com fecurididade após suplementação de pólen cruzado) tamanhos diferentes e nos limites geográficos de demonstram que sua reprodução é dependente da distribuição da espécie (Fausto et ai. 2001; Stone transferência de pólen entre indivíduos realizada et ai. 2006). Desta forma, apesar dos resultados de pelos polinizadores. Ribeiro & Lovato (2004) sugerirem sistema de cruzamento misto e efeito de endogamia, isto não Agradecimentos exclui a possibilidade de existir um mecanismo de A Paulo Eugênio A.M. Oliveira e Alexandra incompatibilidade de ação tardia combinado, desde P. Fernandez as sugestões em uma versão e que parcial, em que sua expressão varie tanto por prévia aos dois revisores anônimos as criticas e sugestões; diferenças entre a composição da carga de pólen a Leila Nunes Morgado e Maria Cristina Gaglianone transportada pelos polinizadores como por a identificação das abelhas; a Victor Silvestre e diferenças entre populações da espécie. Leandro Silva o auxílio no trabalho de campo; a O aumento significativo da produção de frutos Elaine Z. Souza, Rogério C. Figueiredo e Karen L.G. e da fecundidade após polinização cruzada manual De Toni o auxílio na e análise de material em relação às condições naturais pode indicar limitação preparação anatômico, respectivamente. Este estudo foi nos níveis de polinização natural (Stephenson 1981; financiado Petrobrás Mata Atlântica Burd 1995). Tal limitação poderia ser pela escassez pela (Programa - JBRJ). LF agradece ao CNPq a concessão de de polinizadores e/ou pelo transporte inadequado bolsa, modalidade PQ. de pólen compatível, visto que 30% das espécies visitantes apresentaram comportamento pilhador. Além disso, os visitantes legítimos visitam várias Referências flores no mesmo indivíduo, o que reduz o fluxo de Arroyo, M.T.K. 1981. Breeding systems and pollination pólen e favorece a geitonogamia. Contudo, a biology in Leguminosae. In: Polhill, R.M. & Raven, P.H. Advances produção de frutos (52%) e a fecundidade (0,80) em in Legume Systematics Part 2. Royal Botanical Garden, Kew. Pp. S. multijuga após a polinização cruzada manual foram 723-769. Ashton, P.S. 1969. Speciation inferiores aos seus potenciais máximos. Isto se reflete among tropical forest trees: some deduction in the light of recent evidence. Biological em uma quantidade muito superior de flores que de Journal of the Linnean Society 1: 155-196. frutos e indica outros fatores podem produzidos que Barrett, S.C.H.; Morgan, M.T. atuar concomitantemente à limitação tais & Husband. 1989. The polínica, dissolution of a complex the como a limitação recursos, é tida como um genetic polymorphism: por que evolution of self-fertilization in trustylous Eichornia dos fatores mais importantes na regulação da paniculata (Pontederiaceae). Evolution 43:1398-1416. de frutos e sementes nas produção plantas Barrett, S.C.H.; Jesson, L.K. & Baker, A.M. 2000. The 1981). No contexto da seleção sexual, o (Stephenson evolution and function of stylar polymorphism in sucesso reprodutivo masculino provavelmente é flowering plants. Annals of Botany 85(Supp.A): limitado pela capacidade dos gametas masculinos 253-265. garantirem o acesso aos gametas femininos, enquanto Bawa, K.S. 1974. 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Artigo recebido em 30/04/2009. Aceito para publicação em 12/02/2010.

Rodriguesia 61(2): 167-179.2010 Rodriguesia 61 (2): 181 -194. 2010 http: / /rodriguesia.jbrj.gov.br

Morfoanatomia do sistema subterrâneo de Smilax subsessiliflora (Smilacaceae)' Morphoanatomy ofthe underground system of Smilax subsessiliflora (Smilacaceae)

3'5 Alessandra Ribeiro Guimarães2, Cecília Gonçalves Costa & Regina Helena Potsch Andreata 4'5

Resumo Smilax subsessiliflora Duhamel, espécie exclusivamente brasileira, tem por habitat a floresta Atlântica, mesófila e as matas de restinga. Este trabalho tem por objetivo descrever a morfoanatomia do sistema subterrâneo de S. subsessiliflora. O sistema subterrâneo da espécie em questão é constituído pelo rizóforo, do qual partem os ramos caulinares e as raízes adventícias. O rizóforo apresenta epiderme uniestratificada com estômatos, córtex com células de paredes espessadas e lignifícadas, meristema de espessamento primário e cilindro vascular, integrado por feixes colaterais. Das raízes adventícias que partem do rizóforo originam-se outras que se distinguem pelo calibre e pela cor. Aquelas apresentam córtex externo, constituído por células parenquimáticas e córtex interno, constituído por esclereídes, que passam a exercer a função de revestimento, após a eliminação do córtex externo. O cilindro vascular é poliarco e sifonostélico. Grãos de amido ocorrem no periciclo e na medula. No córtex das raízes laterais detectaram-se endomicorrizas arbusculares. As características anatômicas observadas no sistema subterrâneo de S. subsessiliflora se assemelham às relatadas para o rizóforo de S. quinquenervia. Palavras-chaves: caule, monocotiledôneas, raiz, rizóforo, Smilacaceae. Abstract Smilax subsessiliflora Duhamel, a native Brazilian species, inhabits the Atlantic rain forest, Mesophytic forest and Restinga forest. This study aims to describe the morphoanatomy ofthe underground system of S. subsessiliflora and compare the results to literature data. The underground system of the analyzed species is composed of the rhizophore, which emits the shoots and adventitious roots. The rhizophore has unistratified epidermis with stomata, córtex with thick lignified cell walls, primary thickening meristem (MEP) and vascular cylinder composed of collateral bundles. In the adventitious roots emitted by the rhizophore, other roots are fomied, distinguished by thickness and color. These have externai córtex composed by parenchyma and inner córtex (composed of sclereids) that becomes the outermost part after the elimination ofthe externai córtex. The vascular cylinder is polyarch and siphonostelic. Starch grains are present in pericycle and pith. Arbuscular mycorrhizae were detected in the córtex ofthe lateral roots. The anatomical characters observed in the underground system of S. subsessiliflora are similar to those ofthe rhizophore of 5. quinquenervia. Key words: stem, monocotyledons, root, rhizophore, Smilacaceae.

Introdução Smilax é constituído por cerca de 300 espécies Smilacaceae, situada na ordem Liliales, tem das quais 32 ocorrem no Brasil e são conhecidas "salsaparilha" "japecanga" distribuição predominantemente tropical e popularmente como ou subtropical, com menor representatividade nas (Andreata 1997; 2009). Dentre estas, 15 são regiões temperadas (Andreata 2009). exclusivamente brasileiras, e sua distribuição varia de

Parte da dissertação de Mestrado da primeira autora, bolsista CAPES. - - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós-Graduação Botânica, Museu Nacional, Quinta da Boa Vista s/n, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, [email protected] Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 915,22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Instituto de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Santa Úrsula, R. Fernando Ferrari, 75,22231 -040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 5 Bolsista de Produtividade CNPq. 182 Guimarães. A.R., Costa. CG. & Andreata. R.H.P. restrita a ampla no território nacional, sendo mais Menezes 1986; Rocha & Menezes 1997), comumente encontradas em formações florestais propuseram estender a designação de "rizóforo" (Andreata 1997). ao órgão homólogo de Smilax quinquenervia Vell. Na medicina popular há um extenso histórico Esse termo foi indicado por Menezes et ai. com relação ao gênero Smilax (Peckolt 1936; (1979), ao reinterpretarem o sistema subterrâneo de Medeiros et ai. 2007), sendo que várias espécies Vernonia psilophylla DC. e V. linearifolia Less. estão incorporadas em farmacopéias de diversos (Asteraceae). As autoras tomaram como base as países. A Farmacopéia Brasileira (1929), embora com observações de Goebel (1905 apud Menezes et ai, "que nomenclatura desatualizada, menciona quatro 1979) relacionou o órgão espessado de espécies indicadas empiricamente com base na Dioscorea com o órgão formador de raiz (rizóforo) coloração e no diâmetro da raiz (Martins & em Selaginella, sem usar o termo rizóforo". Foi, Appezzato-da-Gloria 2006). entretanto, Ogura (1938) quem primeiro utilizou a Muitos estudos têm sido desenvolvidos no palavra rizóforo para designar o órgão formador de campo da fitoquímica sobre espécies de Smilax raízes em Dioscorea (Menezes 2007). dada a sua riqueza em compostos secundários (Silva Andreata & Menezes (1999) observaram 2006). Dentre eles, cita-se o trabalho de Hongzhu que em S. quinquenervia o rizóforo se desenvolve a et ai. (2004), onde são assinalados dois novos partir das gemas cotiledonares, frisando que o órgão o sistema subterrâneo de Smilax glucosídeos para desempenha importante papel na ampliação da bockii Warb. Merecem também referência os rizosfera, nas funções de armazenamento, condução trabalhos de Rugna etal. 2005). No (2003; primeiro, de água e nutrientes e propagação vcgetativa. foi desenvolvido um estudo fitoquímico Tendo em vista as dúvidas ainda comparativo entre as folhas e o rizoma de Smilax que persistem sobre a estrutura interna da campestris Griseb., e no segundo, os autores porção caulinar do sistema subterrâneo das espécies de analisam os flavonóides ocorrentes em diferentes Smilax, propõe-se, neste trabalho, analisar a órgãos dessa planta. morfoanatomia desse sistema na espécie em Nos últimos anos houve um avanço S. grande subsessiliflora. Desta maneira, espera-se contribuir científico em relação aos estudos químicos e para ampliar os conhecimentos sobre os órgãos farmacológicos de plantas medicinais, visando obter subterrâneos das espécies de Smilax, que são as novos compostos com propriedades terapêuticas. partes utilizadas para fins medicinais. Entretanto, o sucesso dessa linha de pesquisa depende da integração entre os conhecimentos botânico, Material e Métodos químico e farmacológico. No âmbito da botânica, os estudos taxonômicos « anatômicos são de Foram coletados três espécimes de Smilax primordial importância dada a sua contribuição para subsessiliflora Duhamel em um fragmento de Mata a correta identificação das espécies medicinais, Atlântica, numa propriedade particular localizada no auxiliando desta forma, o controle de qualidade da município de Miguel Pereira, estado do Rio de Janeiro. matéria-prima utilizada nos fitoterápicos, o que O material foi identificado pela Dra. Regina H. proporciona maior confiabilidade ao usuário Potsch Andreata e as exsicatas confeccionadas foram (Anvisa2004). incorporadas ao Herbário RB: S. subsessiliflora, A.O. Conforme reportado por Silva (2006), as partes Dias Neto 47, 48, 51 (RB), com duplicatas nos utilizadas de Smilax para fins medicinais são as herbários RUSU eR. raízes e os rizomas, ou seja, o sistema subterrâneo. Para a análise anatômica foram coletados o O sistema subterrâneo das espécies de Smilax rizóforo, em sua porção mediana, as raízes adventícias tem sido estudado por diferentes autores que e suas laterais, nas regiões apical e subapical. divergem quanto à terminologia utilizada para O material coletado foi fixado em FAA em designar a parte caulinar desse sistema. Cunha etanol 50%, segundo Johansen (1940) e preservado (1937), Oliveira et ai. (1973), Guaglianone & Gattuso em etanol 70%. O rizóforo foi incluído em (1991) e, recentemente, Palhares & Silveira (2005) e polietilenoglicol (PEG) 1500 e seccionado em Silva (2006) utilizaram o termo rizoma. Andreata & micrótomo de deslize, na espessura média de 20 Menezes (1999), fundamentadas nas características (im. Após clarificação com hipoclorito de sódio a estruturais do órgão e em seu desenvolvimento, 50%, as secções foram lavadas em água destilada e assim como em estudos anteriores sobre o gênero coradas com safranina e azul de astra (Bukatsch Vernonia Screb. (Menezes et ai. 1979; Sajo & 1972). As amostras das raízes foram incluídas em

Rodriguésia 61(2): 181 -194. 2010 Sistema subterrâneo de Smilax subsessiliflora Duham. 183 historesina, segundo Gerrits & Smitd (1983), obtendo- estratos de células de parênquima (Fig. 2c), onde se secções com 2-5 um de espessura ao micrótomo ocorrem esclereides (Fig. 3a), idioblastos fenólicos rotativo Jung, posteriormente coradas com azul de e ráfides de oxalato de cálcio. A camada mais interna toluidina 0,05% em tampão fosfato de sódio pH 7,2 e do cortex é representada pela endoderme (Fig. 3a) e ácido cítrico pH 4,5 (Sakai 1973). a seguir, observa-se o periciclo que se apresenta Os testes histoquímicos foram realizados em como uma larga faixa celular. A endoderme material recém-coletado para detectar: substâncias acompanha a saída das raízes adventícias e neste vermelho de rutênio (Johansen 1940); nível apresenta células de paredes lignificadas com pécticas, pelo "O" amido, pelo lugol (Berlyn & Miksche 1976); lignina, espessamento em (Fig. 3a). por meio da floroglucina em meio ácido (Johansen A região do meristema de espessamento primário 1940) e por observação ao microscópio de (MEP) é extensa, constituída por uma faixa contínua fluorescência, usando a auramina (Considine & de 12-14 camadas celulares (Fig. 2c e 3b) que, no Knox 1979). As substâncias lipídicas foram curso da diferenciação, têm suas paredes evidenciadas pelo Sudan black B e Sudan IV gradativamente espessadas e lignificadas (Fig. 4a). (Jensen 1962); a natureza dos cristais foi testada Esse aspecto foi confirmado pelo teste da floroglucina pelo ácido clorídrico e por observação ao e por observação em microscopia de fluorescência. microscópio de luz polarizada (MP) e os compostos No cilindro vascular atactostélico ocorrem fenólicos, detectados pela reação nitrosa, referida feixes colaterais, visualizados nos sentidos por Jensen (1962). transversal e longitudinal, e que se apresentam do rizóforo Para observação da epiderme foram envoltos por bainha esclerenquimática (Fig. 2c, 3b utilizados fragmentos de aproximadamente 1 cm2, e 4a). Alguns desses feixes vão constituir os traços que foram submersos em solução de Jeffrey vasculares dos ramos aéreos e/ou das raízes corados (Johansen 1940), e em seguida com adventícias (Fig. 2c). 1972). safranina (Bukatsch No rizóforo, mesmo sem tratamento prévio, são A morfologia do rizóforo foi documentada por observados numerosos idioblastos fenólicos, assim com câmera digital. Os detalhes meio de fotografias como ráfides, gotas lipídicas e células contendo registrados com o auxílio de uma anatômicos foram grãos de amido no cilindro vascular (Fig. 4b-c). câmera digital Cool Snap Pro, acoplada ao BX50, microscópio óptico Olympus utilizando-se o Raiz Pro Plus Versão 4.0 Windows. software Image para No ápice de uma raiz adventícia observa-se, em secção longitudinal, a organização apical do tipo Resultados aberta (Fig. 5a, c). Nesta fase inicial de diferenciação, Morfologia externa já ocorrem idioblastos fenólicos e de ráfides, nas O sistema subterrâneo de Smilax regiões correspondentes ao cortex e à medula (Fig. subsessiliflora é constituído pelo rizóforo e pelas 5a-b). A cerca de 3 mm do ápice radicular, tem início raízes adventícias nele originadas. O rizóforo tem a zona pilífera. Os pêlos radiculares têm formato e consistência lenhosa, coloração marrom, dimensões variáveis, alguns com as paredes um ramificação simpodial e é constituído de artículos tanto espessadas. Neste nível, as células da cobertos por catáfilos dispostos disticamente (Fig. endoderme já apresentam todas as paredes la-b). Desta estrutura, conforme referido espessadas, não sendo possível visualizar as anteriormente, desenvolvem-se as raízes estrias de Caspary. adventícias (Fig. 1 a-c), de coloração marrom escuro, Numa raiz mais desenvolvida, observa-se a fibro-lenhosas na maturidade (Fig. Ib), que se epiderme uniestratificada com células alongadas no estendem horizontalmente, atingindo vários metros sentido anticlinal (Fig. 6a). O cortex é formado por de extensão. Quando jovens, são claras e de células parenquimáticas, algumas das quais se consistência macia. apresentam colapsadas nas proximidades da periferia. Abundantes idioblastos fenólicos são vistos nessa Morfologia interna região (Fig. 6a). As células parenquimáticas da porção Rizóforo mais interna do cortex diferenciaram-se, originando O rizóforo adulto apresenta epiderme uma faixa esclerenquimática, integrada por cerca uniestratificada com estômatos anomocíticos (Fig. de quatro estratos de esclereides (Fig. 6a-b). 2a-b) e cortex formado por aproximadamente 25-30 Numa fase posterior de desenvolvimento a

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- - Figura 1 Sistema subterrâneo de Smilaxsubsessiliflora a. rizóforo, raízes adventicias e caule em sua porção subterrânea; b. detalhe do rizóforo e das raízes adventicias e laterais, e porção do rizóforo evidenciando um artículo; c. secção transversal do = rizóforo, evidenciando a saída de raízes adventicias. Cs = caule porção subterrânea; Ra raiz adventícia; RI = raiz lateral; Ri = rizóforo; Art = artículo. Figure 1 - Undcrground system oi Smilax subsessiliflora - a. rhyzophore, adventitious roots and underground portion of stem; b. detail ofthe rhyzophore, adventitious and lateral roots, and a portion ofthe rhyzophore with an articlc; c. transvcrse section of lhe rhyzophore with the = = exit of adventitious roots. Cs = underground portion of stem; Ra adventitious root; RI lateral root; Ri = rhyzophore; Art = article.

de amido. A epiderme e a porção externa do córtex são eliminadas grãos medula é conspícua, formada células e essas camadas passam a exercer a função de por parenquimáticas com abundante reserva revestimento. Subjacente a essa faixa, visualiza-se amilífera (Fig. 6c). Nessa região observam-se ainda a endoderme uniestratificada cujas células têm idioblastos fenólicos (Fig. 6c). "O" espessamento em (Fig. 6 a-b). Na região pericíclica da raiz adventícia, as raízes O cilindro vascular é poliarco e sifonostélico. originam-se laterais. Estas, por sua vez, dão origem a outras raízes O periciclo é constituído por 3-4 camadas de células laterais, ampliando a ramificação radicular. com paredes pouco espessadas (Fig. 6a), contendo

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- Figura 2 - Rizóforo de Smilax subsessiliflora. Secção transversal a. epiderme uniestratificada; b. vista frontal da epiderme; estômato anomocítico; c. evidencia-se o cortex com células de paredes espessadas e lignificadas, além da = região do meristema de espessamento primário (MEP) em várias camadas e traços vasculares (setas). Ep epiderme; Co = = cortex- MEP = meristema de espessamento primário; Cv cilindro vascular. Escalas: 10 um (a); 25 pm (b); 50 um (c). - Figure 2 - Rhyzophore of Smilax subsessiliflora. Transversal section a. unistratified epidermis; b. frontal view of epidermis; anomocytic stomate; c. showing the cortex with thick and lignified walls, besides the primary thickening meristem (MEP) région in = = = = several layers and vascular traces (arrows). Ep epidermis; Cor cortex; MEP primary thickening meristem; Cv vascular cylinder. Scales: 10 um (a); 25 um (b); 50 um (c).

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Figura 3 - Rizóforo de S/w7ax subsessiliflora. Secção transversal - a. observa-se saída de raiz adventícia e presença de córtex, com esclereides e endoderme; b. detalhe do rizóforo evidenciando a região do MEP. Algumas células em = orientação radial. Co = córtex; Es = esclereides; Cv = cilindro vascular; En endoderme; Ra = raiz adventícia; MEP = meristema de espessamento primário. Escalas: 50 pm (a); 25 pm (b). Figure 3 - Rhyzophore oi Smilax subsessiliflora. Transversal section - a. note the exit of adventitious root and córtex with sclereid band = = and endodermis; b. detail ofthe rhyzophore with MEP région. Some cells radially disposed. Co córtex; Es sclereids; Cv = vascular cylinder; En = endodermis; Ra = adventitious root; MEP = primary thickening meristem. Scales: 50 um (a); 25 um (b).

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Figura 4 - Rizóforo de Smilax subsessiliflora. Secção transversal - a. região do MEP com células de paredes espessadas e lignificadas (setas); b. detalhe do cilindro vascular; notam-se idioblastos fenólicos e diminuto feixe vascular; c. detalhe do cilindro vascular evidenciando grãos de amido (seta) em células do parênquima. MEP = meristema de espessamento primário; Id = idioblastos fenólicos; Co = córtex; Cv = cilindro vascular; Fv = feixe vascular. Escalas: 25 um (a); 50 um (b-c). Figure 4 - Rhizophorc oi Smilax subsessiliflora. Transversal section - a. MEP region with thick lignified walls (arrows); b. detail of the vascular cylinder; note phenolic idioblasts and small vascular bundle; c. detail of vascular cylinder with starch grains (arrow) in = = idioblasts; ¦ = ¦ parenchyma cells. MEP primary thickening meristem; Id phenolic Co córtex; Cv vascular cylinder; Fv vascular bundle. Scale: 25 um (a); 50 um (b-c).

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- Figura 5 - Raiz adventícia de Smilax subsessilijlora. Secções longitudinais a. aspecto geral da porção apical; b. detalhe da porção cortical evidenciando idioblastos de ráfides (em MP); c. detalhe da porção apical evidenciando a = região das células iniciais (setas). Id = idioblasto fenólico; Raf ráfides. Escalas: 100 pm (a-b); 25 pm (c). - Figure 5 - Adventitious root oi Smilax subsessilijlora. Longitudinal sections a. general view of apical portion; b. detail of cortical portion showing raphid idioblasts (in MP); c. detail of apical portion showing région of initial cells (arrows). Id = phenolic idioblasts; Raf = raphids. Scales: 100 um (a-b); 25 \im (c).

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Figura 6 - Raiz adventícia de Smilax subsessiliflora. Secção transversal - a. resquícios do córtex, onde se observam células epidérmicas, pêlos radiculares e córtex externo; córtex interno com esclereides, endoderme com espessamento "O"; em bem como periciclo em várias camadas celulares, xilema e floema alternados, e medula; b. detalhe da figura anterior, evidenciando o córtex interno e a endoderme; c. células da medula contendo grãos de amido. Pel = pêlo radicular; Cep = célula epidérmica; Co = córtex, porção externa; Ci = córtex, porção interna; En = endoderme; Per = = periciclo; Id = idioblasto fenólico; Me medula. Escalas: 100 \im (a); 25 um (b); 50 p.m (c). - Figure 6 - Adventitious root of Smilax subsessiliflora. Transversal section a. remains of the córtex, with epidermal cells, root hairs "O" and outer córtex; inner córtex with sclereids, endodermis with thickening. Besides the pericycle in several cell layers: altemated xylem and phloem, and pith; b. detail of the previous figure, showing inner córtex and thick-walled endodermis; c. pith cell with starch = » = Ci = inner córtex; = = = grains. Pel root hair; Cep epidermal cell; Co outer córtex; En endodermis; Per pericycle; Id phenolic idioblast; Me = pith. Scales: 100 um (a); 25 fim (b); 50 um (c).

Rodriguésia 61 (2): 181 -194. 2010 190 Guimarães, A.R.. Costa, CG. &. Andreata. R.H.P. A cerca de 1,7 mm do ápice da raiz lateral tem No presente trabalho, embora não tenham sido início a zona pilífera com pêlos radiculares de desenvolvidos estudos ontogenéticos, optou-se pelo paredes espessadas (Fig. 7a). Idioblastos fenólicos termo rizóforo para designar o sistema subterrâneo e outros portadores de ráfides são observados em de S. subsessiliflora, dadas as características todo o cortex. anatômicas observadas no órgão adulto, que se A região mais externa do cortex é constituída assemelham às relatadas para o rizóforo de 5. por quatro camadas de células parenquimáticas, onde quinquenervia - um sistema de ramificação bipolar, ocorrem endomicorrizas arbusculares (Fig. 7b). Mais constituído pelo caule subterrâneo, do qual partem internamente, observa-se uma camada de esclereides os ramos caulinares aéreos e o sistema radicular cujas paredes anticlinais, assim como as periclinais adventício. No entanto, fazem-se necessários internas são espessadas e pontoadas (Fig. 7c). O estudos morfoanatômicos e ontogenéticos para estrato mais interno do cortex é representado pela melhor esclarecimento do assunto. endoderme que é constituída por células com paredes Andreata (1997) comenta que o posicionamento irregularmente espessadas. Esse espessamento pode do rizóforo em relação ao solo pode variar de acordo se manifestar em todas as paredes da célula ou apenas com a espécie, dependendo do ambiente em que as nas anticlinais e nas periclinais externas (Fig. 7c). As mesmas ocorrem, apresentando-se vertical em 5. células de passagem, localizadas nas proximidades brasiliensis Spreng. e horizontal em S. quinquenervia. dos elementos de protoxilema, são desprovidas de Nos espécimes de S. subsessiliflora aqui analisados, espessamento. o rizóforo se posiciona horizontalmente. O cilindro vascular desta raiz é diarco e Análises anatômicas evidenciaram a ocorrência protostélico, e o periciclo é constituído por uma de estômatos na epiderme do rizóforo de S. camada de células com parenquimáticas paredes subsessiliflora, aspecto também mencionado por delgadas 7c). (Fig. Andreata & Menezes (1999) para S. quinquenervia e por Palhares & Silveira (2005) para S. goyazana. Discussão Andreata & Menezes (1999) e Appezzato-da-Glória O caule subterrâneo das espécies de Smilax (2003) consideraram que a presença de estômatos tem sido designado na literatura especializada ora na epiderme de rizóforos pode evidenciar que estes como rizóforo (Cunha 1937; Oliveira et al. 1973; órgãos derivam de um órgão ancestral aéreo. Guaglianone & Gattuso 1991; Palhares & Silveira 2005; Em S. subsessiliflora, na porção mediana do Silva 2006), ora como rizoma (Andreata & Menezes rizóforo, ocorre uma ampla região de meristema de 1999; Martins & Appezzato-da-Glória 2006), com espessamento primário (MEP), localizada ente o cortex e cilindro base, principalmente, nos aspectos morfológicos. o vascular, responsável pelo aumento Menezes etal. (1979), Sajo & Menezes (1986), Rocha do órgão em espessura, assim como pela formação de & Menezes (1997) e Andreata & Menezes (1999), novos elementos vasculares e das raízes adventícias. analisando estruturas subterrâneas similares aos Esses resultados corroboram as observações de DeMason em a autora rizomas, que se distinguiam destes por apresentarem (1980), que considera que a sistema bipolar de ramificação caulinar, adotaram zona situada entre o cortex e o cilindro vascular, o MEP, é responsável aumento uma nova interpretação para tais estruturas. Andreata pelo do caule em diâmetro. Rudall tem & Menezes (1999), acompanhando a ontogenia de (1991) o mesmo pensamento e acrescenta as conexões entre o sistema Smilax quinquenervia, verificaram que o sistema que vascular do caule, subterrâneo desta espécie apresenta características da raiz e das folhas também se originam no MEP. Andreata & Menezes de rizóforo, adotando assim este termo para (1999), acompanhando desginá-la. Martins & Appezzato-da-Gloria (2006), o desenvolvimento do rizóforo de S. quinquenervia, observaram uma região de MEP por sua vez, ao descreverem o sistema subterrâneo cujas características são semelhantes às citadas de Smilax polyantha Griseb. corroboraram a para o rizóforo de S. interpretação de Andreata & Menezes (1999), e subsessiliflora, aqui analisada. Já Martins & Appezzato-da-Glória estenderam também o termo rizóforo para esta espécie. (2006) argumentam que no Fundamentada nesses estudos, Appezzato-da-Glória rizóforo de 5. polyantha a produção do cortex secundário direção centrífuga) (2003) aponta critérios para distinguir rizoma e rizóforo. (na e de feixes vasculares, assim como de Segundo a autora, o rizoma tem origem na plúmula, parênquima, em direção centrípeta, é uma conseqüência enquanto o rizóforo se origina a partir de gemas da atividade de um de espessamento cotiledonares ou pelo espessamento do hipocótilo. meristema secundário (MES).

Rodriguésia 61(2): 181 -194. 2010 191 Sistema subterrâneo de Smilax subsessiliflora Duharn.

- Figura 7 - Raiz lateral de Smilax subsessiliflora. Secção transversal a. detalhe da epiderme e dos pêlos radiculares; b detalhe da região cortical, evidenciando as endomicorrizas arbusculares; c. região central, evidenciando camada uniestratificada = de esclereides endoderme com células de passagem, e cilindro vascular protostélico. Ea endomicorrizas arbusculares; = = = Per = = vascular. Pel = pêlo radicular; Es esclereides; En endoderme; Cp célula de passagem; periciclo; Cv cilindro Escalas: 100 p.m (a); 50 um (b-c). - Figure 7 - Lateral root oi Smilax subsessiliflora. Transversal section a. detail of epidermis and root hairs; b. detail of cortex région, showing arbuscular endomycorrhizae; c. central région, showing unistratified layer of sclereids, with thick pitted walls, endodermis = = = = with passage cell and protostelic vascular cylinder. Ea arbuscular endomycorrhizae; Pel root hair; Es sclereids; En endodermis; = = cylinder. Scales: 100 um 50 um Cp = passage cells; Per pericycle; Cv vascular (a); (b-c).

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De acordo com DeMason (1983), a distinção as principais responsáveis pela atividade entre MEP e MES é muito tênue, e alguns autores farmacológica do gênero Smilax (Rugna et al. 2003). divergem quanto à interpretação da extensão desses Segundo os autores a predominância de cumarinas. meristemas. Cheadle (1937) considera que o MES é flavonóides e esteróides (saponinas) no rizoma de análogo ao câmbio vascular das dicotiledôneas e S. campestris é um dado importante, que pode servir das gimnospermas. DeMason (l.c), ao contrário, como marcador quimiotaxonômico para a espécie. chama a atenção para o fato de que os tipos Nas raízes de maior calibre a substituição do secundários produzidos em ambos os meristemas córtex externo pela porção interna, que passa a são muito distintos e ressalta a necessidade de exercer a função de revestimento, foi também estudos mais acurados a respeito. Por outro lado, mencionada por Martins & Appezzato-da-Glória Menezes et al. (2005) discutem a atividade (2006) em S. polyantha. Oliveira et al. (1973) relatam meristemática da endoderme e do periciclo no igualmente a ocorrência de esclereídes no córtex espessamento primário de monocotiledôneas. interno da raiz de S. japecanga, comentando que Os resultados observados corroboram o nem sempre essas células estão presentes. A pensamento de De Mason (1983) no que diz endoderme de S. subsessiliflora apresenta células "O", respeito à dificuldade em separar os limites entre de paredes com espessamento em semelhante MEP e MES, e em relação à diversidade dos tipos ao relatado para a raiz de S. polyantha (Martins & secundários produzidos por esses dois meristemas Appezzato-da-Glória 2006) e para outras espécies e ressalta-se também a necessidade de estudos mais brasileiras do gênero Smilax (Cunha 1940). Esau acurados a respeito. Por outro lado, discorda-se de (1974) também relatou este tipo de espessamento Cheadle (1937) quanto à analogia entre o MES e o para S. herbácea L. e Eames & MacDaniels (1947), câmbio vascular das dicotiledôneas e das para S. rotundifolia L. gimnospermas. Outrossim, o que se refere ao reflexo Em S. subsessiliflora o cilindro vascular da raiz da atividade meristemática da endoderme e do adventícia é poliarco e sifonostélico, à semelhança periciclo no processo de espessamento primário, do que foi descrito para S. polyantha (Martins & referido por Menezes et al. (2005), não foi Appezzato-da-Glória 2006). O periciclo de S. observado no material aqui analisado. subsessiliflora é formado por 3^1 estratos de células O cilindro vascular do rizofóro de 5. com paredes ligeiramente espessadas e a região medular, subsessiliflora é integrado por feixes colaterais conspícua, difere da raiz de S. japeganga em que envoltos por bainha esclerenquimática, no que esta região é pouco desenvolvida (Oli veira et al. 1973). difere do que foi descrito por Palhares & Silveira Smilax subsessiliflora apresenta grande (2005) para o rizoma de S. goyazana A. DC., em que proporção de grãos de amido compostos no os autores relatam a presença de uma endoderme periciclo e na região medular. Já em S. polyantha o com estrias envolvendo cada feixe vascular. amido está presente apenas na medula radicular Martins & Appezzato-da-Glória (2006) assinalam (Martins & Appezzato-da-Glória 2006). A ocorrência também a ocorrência de feixes vasculares envoltos de amido nos órgãos subterrâneos indica que os por células com paredes espessadas e lignificadas mesmos exercem a função de armazenamento, e que acumulam amido, no rizóforo de S. polyantha. pode estar relacionada com a sobrevivência do No rizóforo de S. subsessiliflora foi observada vegetal em condições adversas (Kolb etal. 1998). grande quantidade de metabólitos secundários, Nas células corticais das raízes laterais em S. dispersos por todo o órgão, sendo a maioria subessiliflora constatou-se a presença de representada por idioblastos fenólicos. Martins & endomicorrizas arbusculares. Segundo Akiyama et Appezzato-da-Glória (2006) constataram a presença al. (2005), a maioria das plantas vive em simbiose de idioblastos fenólicos apenas no cilindro vascular com fungos ou em associações com bactérias que do rizóforo de 5. polyantha. A ocorrência de otimizam sua nutrição. Fungos endomicorrízicos metabólitos secundários no gênero Smilax foi arbusculares (FMA) estabelecem associações igualmente assinalada por Cunha (1937), Oliveira simbióticas com as raízes em mais de 809r das plantas et al. (1973), Andreata (1980), Guaglianone & terrestres. Pouco se sabe, porém, sobre os mecanismos Gattuso (1991), Rugna et al. (2003), Palhares & moleculares que regulam essas associações, assim Silveira (2005), Martins & Appezzato-da-Glória como a respeito do reconhecimento entre fungos e (2006), e Silva (2006). Dentre estes metabólitos plantas hospedeiras (Akiyama et al. 2005). Após a secundários, as saponinas são consideradas como entrada das endomicorrizas arbusculares numa

Rodriguésia 61 (2): 181 -194. 2010 Sistema subterrâneo de Smilax subsessiliflora Duham. 193 célula epidérmica, o fungo se desenvolve e coloniza rizóforo de Smilax quinquenervia Vell. Boletim de o meio intercelular das células corticais, sem penetrar Botânica da Universidade de São Paulo 18: 39-51. na endoderme (Reinhardt 2007). Tal situação foi Appezzato-da-Glória, B. 2003. Morfologia de sistemas também observada na espécie em estudo. subterrâneos: histórico e evolução dos conhecimentos no Brasil. A.S. Pinto, Ribeirão Preto. 80p. O cilindro vascular da raiz lateral em S. Berlyn, G.P. & J.P. Miksche. 1976. Botanical microtechnique subsessiliflora é diarco e protostélico, no que difere and cytochemistry. The Iowa State University Press, de ordem. Diferenças também da raiz primeira Ames. 336p. ocorrem com relação à endoderme, em algumas que Bukatsch, F. 1972. Bermerkungen zur Doppelfarbung espessamento nas células apresentam paredes Astrablau-Safranin. Mikrokosmos 61: 255. externas e nas anticlinais. Acredita-se periclinais Cheadle, V.l. 1937. Secondary growth by means of a que a raiz adventícia, portadora de grande proporção thickening ring in certain monocotyledons. Botanical de grãos de amido, desempenharia, preferencialmente, Gazette 98: 535-555. a função de armazenamento. Já a raiz lateral, por suas Considine, J.A. & Knox, R.B. 1979. Development and características estruturais e pela associação com histochemistry of the cells, cell walls, and cuticle of endomicorrízas arbusculares, teria como função the dermal system of fruit of the grape, Vitis vinifera principal a absorção de água e de nutrientes. L. Protoplasma 99: 347-365. Espera-se com este estudo contribuir para Cunha, N.S. 1937. Da salsaparrilha a japecanga. Tribuna estudos futuros, como a análise ontogenética do Farmacêutica 5: 145-150. rizóforo, a fim de acompanhar seu desenvolvimento Cunha, N.S. 1940. As salsaparrilhas em face da farmacopéia brasileira. Tribuna Farmacêutica 8:105-112. e verificar se o meristema responsável pelo Demason, D.A. 1980. Localization espessamento do órgão é de origem primária ou of cell division activity in the thickening meristem mAUium secundária; e futuras pesquisas fitoquímicas, a partir primary cepa L. American Journal of Botany 67: 393-399. das análises histoquímicas realizadas, como registro Demason, D. A. 1983. The thickening meristem: de idioblastos fenólicos e amilíferos no rizóforo, primary definition and function in monocotyledons. o do órgão. revelando potencial químico American Journal of Botany 70: 955-962. Eames, A.J. & MacDaniels, L.H. 1947. Introduction to plant Agradecimentos anatomy. 2 ed. Book Company Inc., New York. 427p. À Agência de fomento CAPES, a concessão da Esau, K. 1974. Anatomia das plantas com sementes. Blucher, bolsa de mestrado à primeira autora e ao CNPq as Edgard São Paulo. 293p. bolsas de Produtividade em Pesquisa das demais Gerrits, P.O. & Smitd, L. 1983. 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Artigo recebido em 12/08/2009. Aceito para publicação em 04/03/2010.

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Rodriguesia 61(2): 195-209.2010 httpV/rodriguesia.jbrj.gov.br

O significado cultural do uso de plantas da caatinga pelos quilombolas do Raso da Catarina, município de Jeremoabo, Bahia, Brasil The cultural significance ofuse of caatinga plants by Quilombolas ofthe Raso Catarina, Jeremoabo distríct, Bahia, Brazil

Vanusa Sousa Almeida'z & Fábio Pedro Souza de Ferreira Bandeira'

Resumo Uma das formas que os negros no Brasil criaram para enfrentar o regime escravocrata foi a formação de quilombos, dos quais centenas estão localizados no estado da Bahia, e vêm mantendo ao longo dos séculos conhecimentos e práticas de manejo sobre a flora local, ainda pouco estudados. Esta pesquisa visou determinar o valor local das espécies vegetais utilizadas pelos quilombolas do município de Jeremoabo, na região nordeste da Bahia, principalmente aquelas da caatinga. A coleta de dados se deu através de entrevistas semi- estruturadas e lista livre. Os entrevistados citaram 86 espécies que estão distribuídas em dez categorias de uso: medicinal, ritual ou religioso, construção, alimentação, combustível, veterinário, melífera, forrageira, comercialização e artesanato. As cinco espécies que tiveram o maior valor local, em ordem decrescente, foram: Gochnatia oligocephala (candeia), Myrcia sp. (araçá), Schinus terebinlhifolius (aroeira), Hymenaea courbaril (jatobá). Mimosa tenuiflora (jurema-preta). Os resultados dessa pesquisa, sobretudo as espécies vegetais de maior valor local identificadas, podem ser aplicados em programas de recuperação de áreas degradadas, desenho de sistemas agroflorestais e educação ambiental nas escolas locais. Palavras-chave: conservação, etnobotânica, quilombos, significado cultural. Abstract "quilombos". One ofthe ways that blacks in Brazil created to confront the regime of slavery was the formation of "quilombolas" This study aimed to determine the value of local plant species used in the of Jeremoabo district located in northeastern Bahia, especially the Brazilian species from the caatinga environment. Data collection was made through semi-structured interviews and free lists. The people interviewed cited 86 species that are distributed in ten use categories: medicinal, ritual or religious, building, food, fuel, veterinarian, honey, fodder. marketing and handicrafts. The five espécies that had the largest local value in descending order were: Gochnatia oligocephala (candeia), Myrcia sp. (araçáÀ Schinus terebinthifolius (aroeira), Hymenaea courbaril (jatobá), Mimosa tenuiflora (jurema-preta). The results of this research, especially the plant species of highest local value identified. can be applied in environmental restoration programs of degraded áreas, agroforestry design and environmental education in the local schools. "quilombos". Kev words: conservation, cultural meaning, ethnobotany,

Introduçãocultural oferece possibilidade de fazer inferências O termo significado cultural é definido porsobre sistemas de nomenclatura tradicionais, Berlin et al. (1973) como o valor prático que Rutilização, apropriação e importância dos recursos conhecimento biológico tem para uma determinadanaturais (Garibay-Orijel et al. 2007). Alguns cultura, enquanto Hunn (1982) utilizou o termo parapesquisadores, em diversas partes do mundo, têm designar a importância ou papel que um táxonavaliado o significado cultural do uso de plantas, apresenta dentro de uma cultura. O significadoPor exemplo, Berlin et al. (1973) relacionaram o

' Universidade Estadual de Feira de Santana. Depto. Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Botânica, Av. Universitária s/n. 44031 -460. Feira-de-Santana. BA. Brasil. : Autor para correspondência: vansoaKnyahoo.com.br 196 Almeida. V.S. & Bandeira. F.P.S.F. significado cultural de plantas com a retenção léxica degradação ambiental e mudanças socioculturais e entre os Tzeltal-Tzotzil; Stoffle et al. (1990) econômicas por que vem passando o semi-árido calcularam o significado cultural das plantas em nordestino, onde se encontra esse Bioma. comunidades indígenas americanas; e Pieroni (2001) A região do semi-árido possui uma população avaliou o significado cultural de plantas alimentícias que expressa uma grande diversidade cultural, na Toscana, Itália. formada por grupos étnicos diferenciados, Seguindo o desenvolvimento desse campo principalmente indígenas, quilombolas e da Etnobiologia, diversos métodos quantitativos campesinos, com costumes e modo de vida vêm sendo criados e testados para avaliar a tradicionais, detentores de conhecimento sobre a importância cultural das plantas e seus usos. Muitos biodiversidade que precisam ser conhecidos e desses métodos têm utilizado índices, como o índice valorizados. Entretanto, devido à grande de significado cultural (ISC), criado por Turner concentração de terra e prática extrativista (1988). Este foi formulado para calcular o valor ou (madeireira, agrícola e pastoril), a caatinga configura i nportância das espécies vegetais dentro de um um cenário de enorme desigualdade ao acesso dos grupo humano, que posteriormente foi adaptado recursos pelas diversas populações rurais. por Stoffle et al. (1990) e modificado por Lajones & Associa-se assim negativamente: a um quadro de Lemas (2001) que o denominaram de índice de valor aumento da pobreza; uma forte modificação da de importância etnobotânica (IVIE). Entretanto Silva cobertura vegetal, conduzindo à degradação etal. (2006), a partir da crítica feita por Phillips (1996) ambiental, à perdas irrecuperáveis para a ao índice ISC de Turner (1988). propõem um novo diversidade da flora e da fauna, ao aumento do índice para calcular o significado cultural de plantas processo de erosão, declínio da fertilidade do solo acrescentam outros elementos como o consenso e qualidade da água, bem como a desigualdade do informante, tentando desta forma eliminar o social e perda cultural (Sampaio & Batista 2004). caráter subjetivo das técnicas anteriores que O conhecimento local sobre os recursos privilegiavam a visão do pesquisador em detrimento vegetais que quilombolas. indígenas e campesinos têm a do informante. Colaço (2006) adaptou o índice produzido e mantido por gerações; vem chamando desenvolvido por Pieroni (2001) para plantas muito a atenção dos pesquisadores brasileiros alimentícias para criar o ISCPF - índice do significado Monteles & Pinheiro (2007), que investigaram os cultural de plantas forrageiras. Além desses índices, recursos vegetais relacionados às práticas Lawrenceé-ía/. (2005) desenvolveram um método que terapêuticas no Quilombo Sangrador no Maranhão; calcula índices quantitativos utilizando interpretação Franco & Barros (2006) determinaram o valor de "Valor de informação qualitativa, denominado Local", uso das plantas medicinais em comunidades negras que é utilizado para medir o significado cultural de Olhos D'água dos Pires no Piauí; Nascimento etal. plantas. Este método é muito utilizado para explorar (2001) estudaram as formas de uso e manejo de diferenças de valores entre homens e mulheres, entre espécies vegetais destinadas à construção de cercas índios e imigrantes e o efeito do contexto geográfico e em comunidades rurais no Pernambuco; Morais et econômico sobre a informação. al. (2005) trabalharam com os índios Tapebas no A utilização crescente desses índices em Ceará, identificando o acervo de plantas medicinais estudos etnobotânicos quantitativos possibilita a usado na cura das doenças; Rufino et al. (2008) realização de estudos comparativos entres diferentes investigaram a importância das palmeiras [Syagrus culturas bem como tipos de vegetação, ampliando corona ta e Orbignya phalerata) em uma também as bases para o desenvolvimento teórico comunidade que vive próxima ao Parque Nacional desse campo do conhecimento a partir da Vale do Catimbau, em Pernambuco: Colaço (2006) e descoberta de padrões gerais no uso, manejo e Bandeira (1996) trabalharam com os índios valoração cultural das plantas. Pankararé do Raso da Catarina/Bahia, abordando o Apesar da importância do bioma Caatinga, significado cultural dos recursos vegetais, sua onde se concentra uma parte da biodiversidade etnopedologia e etno-ecografia, respectivamente: brasileira, com altos índices de endemismo (Giulietti Albuquerque & Andrade (2002a) investigaram o et al. 2004), e do crescente número de estudos conhecimento botânico tradicional, enfocando etnobotânicos realizados nos últimos dez anos. ainda aspectos da percepção e manejo desses recursos se faz necessário ampliar os esforços nesse campo no bioma da caatinga, em uma comunidade rural de pesquisa, tendo em vista as tendências de situada no município de Alagoinha/Pcrnambuco.

Rodriguésia 61(2): 195-209. 2010 197 O significado cultural do uso de plantas da caatinga

Muitas dessas pesquisas têm demonstrado a de Jeremoabo (10°04'29"S; 38o21'02"W) e ficam importância da etnobotânica para conservação de aproximadamente a 35 km e 24 km, respectivamente, recursos e gestão da vegetação nas regiões tropicais da sede municipal. Jeremoabo situa-se na região (Albuquerque et al. 2009). Nesse contexto, ainda nordeste do estado da Bahia, distante de Salvador são escassos os estudos sobre etnobotânica em 371 km. Faz limite com os seguintes municípios: comunidades quilombolas no nordeste, sobretudo Canudos, Macururé, Pedro Alexandre, Santa Brígida, na Bahia, estado que apresenta o maior número Paulo Afonso, Rodelas, Novo Triunfo, Coronel João dessas comunidades em todo o país (Anjos 2000). de Sá, Pedro Alexandre e Sítio do Quinto. A formação de quilombos no Brasil foi uma Esta região é uma das mais inóspitas do "Polígono das frentes de resistência contra o regime estado, estando inserida no chamado escravocrata, definido este como o sítio geográfico das Secas" ou Semi-árido, definido como região que onde se agrupavam povos negros que se rebelavam apresenta índice pluviométrico anual abaixo de 800 contra o sistema escravista da época, formando mm (PDRS 2000). O clima da região, portanto, é comunidades livres (Anjos 2000). Embora o termo caracterizado como semi-árido, predominantemente quilombo tenha sido uma manifestação de seco, com temperatura mediai anual de 24°C, máxima contrariedade ao regime escravista (Carvalho 1995), de 28°C e mínima de 20,2°C. A pluviosidade média é a partir do texto do artigo 68 da Constituição anual é de 654 mm, máxima de 2273 mm e mínima de Federal de 1988 que o termo assumiu um novo 276 mm. As chuvas ocorrem nos meses de maio a significado, pois o mesmo é usado para designar a julho (SEBRAE 1995). situação dos segmentos negros em diferentes A área é coberta por uma vegetação do tipo regiões e contextos do Brasil, que ocupam terras caatinga que não se apresenta homogênea, mas em que resultaram da compra por negros libertos; da um mosaico descontínuo, com predominância da posse pacífica por ex-escravos de terras vegetação de aspecto arbóreo aberto, às vezes mais abandonadas pelos proprietários em épocas de crise denso ou mais rarefeito e de menor porte (PDRS econômica; da ocupação e administração das terras 2000). Apresenta também áreas de contato entre doadas aos santos padroeiros ou de terras cerrado-caatinga-floresta estacionai; cerrado- antigos entregues ou adquiridas por escravos caatinga além de caatinga arbórea sem palmeiras, organizados em quilombos. caatinga arbórea densa sem palmeiras, caatinga Muitos estudiosos propõem uma arbórea aberta com palmeiras (CEI1994). ressemantização do termo. Conforme assinalado pela Associação Brasileira de Antropólogos Caracterização das comunidades seria comunidade rural (ABA), quilombo qualquer As comunidades quilombolas estudadas, de afro-descendentes com manifestações e urbana Casinhas e Baixa dos Quelés, têm respectivamente culturais ligadas ao e ao se passado que, 35 e 104 famílias. São formadas por pequenos como a constituir e autodefinir quilombo, passa agricultores rurais, que para sustentar suas famílias ser reconhecido como tal (Fiabani 2005). vivem dos cultivos de subsistência, principalmente ampliação do De modo a contribuir com a da Manihot esculenta Crantz (mandioca), Phaseolus da etnobotânica de comunidades de conhecimento vulgaris L. (feijão), Zea mays L. (milho) e Mangifera no Brasil, esta visou determinar quilombos pesquisa indica L. (manga). Cada família possui sua própria índice desenvolvido o valor local, com base no por área de cultivo ou roças. Para completar a renda familiar, Lawrence et al. (2005), das espécies vegetais algumas famílias criam animais como gado, galinhas e utilizadas do de Baixa pelos quilombolas povoado porcos em unidades afastadas de suas casas, dos e Casinhas, em uma região altamente Quelés enquanto outros utilizam os quintais. No povoado a conservação da biodiversidade prioritária para Baixa dos Quelés há um grupo de pequenos do Bioma Caatinga (MMA 2002), o Raso da apicultores que utilizam a mata de mel. avaliar as diferenças de valor para produção Catarina, bem como O artesanato se restringe à confecção de esteiras, local entre as duas comunidades e entre os gêneros. vassouras e panela de barro para uso doméstico. As vassouras e esteiras são feitas com palhas de Syagrus Material e Métodos coronata (Mart.) Becc (Licuri ou pindoba), atividade Área de estudo esta realizada principalmente pelas mulheres. As duas comunidades quilombolas estudadas. As comunidades mantêm algumas práticas Casinhas e Baixa dos Quelés, pertencem ao município tradicionais de manejo dos recursos naturais. Os

Rodriguésia 61(2): 195-209. 2010 198 Almeida. V.S. & Bandeira. F.P.S.F. quilombolas da Baixa dos Quelés, por exemplo, realizadas oito visitas às comunidades durante o fazem uso de adubação orgânica (principalmente ano de 2008, com duração de 15 dias para cada estéreo de gado), enquanto que na comunidade visita. Inicialmente, aplicou-se um questionário com Casinhas há uma combinação de adubação química as lideranças locais para a caracterização sócio- e orgânica. Durante a coleta de madeira para econômica das comunidades. A obtenção das produção de lenha, os galhos mortos são preferidos. informações etnobotânicas foi feita através de O feijão e milho são conservados sob uma forma entrevistas semi-estruturadas, nas se "ariá", quais bastante peculiar chamado que consiste em interrogava sobre o uso e restrições de uso das misturar esses grãos a um barro, retirado próximo ao plantas, parte usada, e os fatores culturais, "toá". povoado, chamado localmente de Segundo geográficos e históricos relacionados à escolha os quilombolas, essa técnica permite a conservação dessas espécies como recursos vegetais. Também dos grãos por um período de quase dez anos. O se utilizou a lista livre, por meio de uma pergunta plantio de algumas espécies frutíferas é baseado na chave sobre as dez espécies mais importantes passagem da lua, com base na crença local de que utilizadas nos últimos dez anos, em ordem de essa prática garantirá a produção naquele ano. preferência (Lawrence etal 2005). Esta técnica visa Nas comunidades há presença de buscar informações específicas sobre um domínio manifestações religiosas de origem católica, matriz cultural da comunidade estudada, ou seja, um afro-brasileira e evangélica. As principais elemento culturalmente relevante seja delineado festividades de Casinhas são a festa de São pelo próprio informante, em sua linguagem, dando Jerônimo, que é o padroeiro do povoado, realizado possibilidade de fazer inferências sobre a estrutura no dia 28 de setembro, e o caruru de Santa Bárbara cognitiva do mesmo a partir da ordem em que que ocorre no dia 4 de dezembro. Estas festas são recorda e coloca os elementos na lista envolvidas por cânticos e danças, como a do coco (Albuquerque & Lucena 2004). Desta forma foi e o principá, que acompanhadas pelos ritmos dos possível observar os itens mais salientes, melhores instrumentos musicais (gaita, flauta, zabumba e conhecidos ou mais importantes, através da posição bandeiro), os participantes vivenciam momentos em que aparecem nas listas de citações. A partir da lúdicos e de devoção aos seus santos. Baixa dos ordenação realizada pelos informantes, os dados Quelés tem como padroeiro Santo Antônio e sua foram convertidos em um rank. Desse modo, uma festividade ocorre no dia do santo 13 de junho. planta que foi colocada na primeira posição pelo Nos dois povoados existem escolas de informante recebe score igual a 10. a planta de rank primeira a quarta séries, enquanto as séries 2 recebe score igual a 9, e assim sucessivamente; seguintes são cursadas na sede município de os táxons não mencionados recebem score igual a Jeremoabo. Muitos adultos foram alfabetizados zero. Os dados calculados a partir da lista livre foram nos últimos anos, diminuindo o índice de sistematizados, tabulados e analisados com relação analfabetismo no povoado. ao significado cultural de uso das plantas. Para isso O acesso aos postos de saúde é difícil, muitas aplicou-se o índice de significado cultural (valor pessoas quando não fazem uso de remédios local) segundo Lawrence etal. (2005), levando-se alopáticos utilizam as plantas para curar suas em conta as diferenças de gênero. doenças, ou associam as duas práticas médicas. Para participar da pesquisa, os seguintes As principais doenças listadas pelas lideranças critérios de inclusão foram considerados: ser locais foram: problemas gastrointestinais, quilombola, maior de dezoito anos e viver no sobretudo altos índices de doenças parasitárias nas quilombo pelo menos há dez anos. As casas crianças, pois não há esgotamento sanitário em uma dos moradores foram enumeradas e a partir de das comunidades, problemas respiratórios, cefaléia, uma tabela numérica aleatória os entrevistados diabetes, pressão alta, infecção no aparelho foram selecionados conforme o número que urogenital e depressão. correspondesse à numeração das casas. Quarenta e seis colaboradores participaram da pesquisa (23 Coleta de dados na comunidade de Casinhas e 23 em Baixa dos Antes de iniciar a pesquisa houve a leitura, Quelés), sendo 16 mulheres e 7 homens em cada para os colaboradores, do Termo de Consentimento comunidade. Segundo Wcller& Romney (1988), de Livre e Esclarecido e só após a aprovação dos 20 a 30 informantes são suficientes para definir um envolvidos a coleta de dados foi iniciada. Foram domínio cultural e, a partir disto, as informações se

Rodriguésia 61(2): 195-209.2010 199 O significado cultural do uso de plantas da caatinga repetem, ou seja, os itens pouco mudam e as listas combustível (9,3%), veterinário (5,8%), melífera tomam-se estáveis. A saturação de respostas bem (5,8%), forrageira (4,6%), artesanato (1,2%) e como a aceitação em participar da pesquisa foram os comercialização (1,1%). No geral, a maioria das critérios para definir o número total de entrevistados. espécies possui de uma a cinco categorias de uso. Com auxílio dos colaboradores locais, o Cunha & Albuquerque (2006) encontraram seis a material botânico citado foi coletado, depositado dez usos para quinze espécies. no Herbário da Universidade Estadual de Feira de A categoria melífera está associada às plantas Santana (HUEFS) e identificado com ajuda de percebidas pelos entrevistados com potencial especialistas ou por meio de comparação com melífero, tais como: Gochnatia oligocephala exsicatas. O sistema adotado para a classificação (candeia), Pityrocarpa moniliformis (quipé), de famílias foi o de Cronquist (1988). Byrsonima vacciniifolia (murici), Mimosa tenuiflora (jurema-preta), Anacardium occidentale Análise dos dados (cajueiro branco), Croton tricolor (sacatinga), etc; A fórmula do valor local (Mulher/Homem) é e que são visitadas pelas abelhas Apis mellifera L. "Oropa") dada pela equação: VTxc = E Tx/nx, onde para cada (Italianas ou durante o período da floração táxon (T), é calculado o valor local das plantas sendo associadas pelos entrevistados com a atribuídas pelas mulheres ou pelos homens (x) de produção do mel, fato registrado por um grupo de cada uma das comunidades (c), dividido pelo apicultores da comunidade Baixa dos Quelés. número total de mulheres ou homens (nx). Essas plantas são retiradas da mata próxima A fórmula do valor local de cada comunidade é ao povoado ou cultivadas nos quintais ou nos dada pela equação: VTc b 1/2 (E Tm/nm +1 Tf/nf), campos de cultivo (roças). Os quintais apresentam onde para cada táxon (T) é calculado o valor local das uma diversidade de elementos manejados, que vão plantas atribuído pelos homens (m), somado ao valor desde espécies de plantas nativas e cultivadas até local das mulheres (f) de cada comunidade (c). a criação de animais de pequeno porte, como Os resultados obtidos pelo valor local foram galinhas e porcos. "afligem testados através do teste normalidade Shapiro-Wilk. Para curar as doenças que à alma", Posteriormente, aplicou-se o teste t (Student) para categoria própria do sistema etnomédico local, avaliar se houve diferenças significativas do valor local algumas pessoas procuram rezadores e benzedeiras das plantas, entre os gêneros e entre as comunidades. que além das rezas, usam diversas plantas em seus procedimentos de cura. As principais plantas Resultados e Discussão utilizadas para estes fins são: Gochnatia oligocephala (candeia), Commiphora Os quilombolas das duas comunidades citaram leptophloeos (imburana), Jatropha sp. 86 espécies de uso local, que estão distribuídas entre (pinhão- manso), Jatropha ribifolia (pinhão-roxo), Capparis 34 famílias e 60 gêneros (Tab. 1). As famílias com sp. número maior de representantes foram: Leguminosae, (quebra-mandinga), Vanilla sp. (bonia), Protium heptaphyllum Euphorbiaceae, Myrtaceae, Lamiaceae e (amesca). Lippia thymoides Scoparia dulcis Anacardiaceae. Resultado bem próximo foi (alecrim), (vassourinha), Petiveria alliacea (cambabá). encontrado por Franco & Barros (2006) ao pesquisar Embora o valor local a maioria das o uso e diversidade de plantas medicinais em uma para plantas relacionadas aos rituais tenha sido baixo, à exceção comunidade quilombola do Piauí, na área de transição mista de da candeia e do alecrim, a quantidade de plantas entre cerrado e floresta decidual (Mata "males Babaçu), onde foram identificadas 85 espécies. Para utilizadas nos rituais para a cura dos área de caatinga Albuquerque et ai (2002b) espirituais" é alto (22,1%), em comparação, por encontraram 75 espécies, sendo dessas, 14 exemplo, ao resultado encontrado em comunidades introduzidas e Colaço (2006) 64 plantas. negras do Mato Grosso do Sul, onde apenas 9% "paus-do-mato", das 189 espécies citadas foram usadas com esta As plantas ou termo finalidade, através de banhos e utilizado pelos quilombolas estudados para de descarrego designar os vegetais de uma forma geral, estão benzeduras (Schardong & Cervi 2000). Em uma das distribuídas em dez categorias de uso, sendo que comunidades até pouco tempo atrás existia uma casa de candomblé de matriz as plantas para fins medicinais foram as mais citadas: (religião afrobrasileira), medicinal (75,6%), ritual ou religioso (22,1%), no entanto, com o falecimento da mãe de santo, os construção (19,8%), alimentação (15,1%), rituais cessaram, e possivelmente, muitos dos

Rodriguésia 61(2): 195-209.2010 200 Almeida. V.S. & Bandeira. F.P.S.F. conhecimentos etnobotânicos disseminados pelo o conhecimento sobre o uso desta planta como culto ficaram sedimentados no interior das veterinário não se encontra completamente comunidades. Camargo (2007) cita o cambabá disseminado na comunidade. Por outro lado. (Petiveria alliacea), uma das espécies usadas candeia é referida pelos quilombolas como uma ritualmente nas comunidades estudadas, como uma planta de uso múltiplo. Como lenha, por exemplo, planta ligada ao universo místico-religioso africano essa espécie é identificada juntamente com Myrcia no Brasil. No período escravagista essa planta, sp. (araçá) e Eremanthus capitatus (Spreng.) "amansa-senhor", também chamada era preparada MacLeish (come-cherem), como sendo de grande numa porção mágica e usada pelos escravos para importância. É bastante comum as três espécies deixar os seus senhores em estado de debilidade serem utilizadas para combustão de maneira como uma forma de defesa das mulheres negras combinada, na comunidade de Baixa dos Quelés. aos assédios dos seus patrões. principalmente durante o verão quando se encontram mais secas. Outro aspecto da candeia é a qualidade "poços" Valor local de plantas da caatinga da madeira para construção de (cercas) das O valor local total dos táxons nas duas roças e casas. Segundo os entrevistados, sua comunidades variou de 0,03 a 5,49 (Tab. 2). As durabilidade permite um tempo maior de duração, interferindo na escolha desta em detrimento dez espécies que tiveram o maior valor local, por planta comunidade, em ordem decrescente foram: das outras. Embora sendo uma espécie importante Casinhas - Gochnatia oligocephala (candeia - com grande espectro de uso e preferência, se 5,49), Hymenaea courbaril (jatobá - 3,87), observou que sua disponibilidade ainda é alta no Poincianella microphylla (catingueira - 2,88), local, pois a forma de coleta e manejo da planta pelos Lippia thymoides (alecrim - 2,70). Schinus quilombolas se dá de forma aparentemente terebinthifolius (aroeira - 2.23), Maytenus sp. sustentável. Por exemplo, não são retirados galhos apenas "galhos mortos" e. existe uma (pau-de-colher - 2,13), Anacardium occidentale jovens quando - do araçá (cajueiro branco - 2,06), Myrcia sp. (araçá 1.89), maior quantidade no ambiente, essa espécie Mimosa tenuiflora (jurema-preta - 1,61). é a preferida. Contudo, essa observação precisa ser avaliada estudos de ecologia de da Libidibia férrea (pau-ferro 1,54) e Cordia sp. por populações espécie na área. (pau-santo - 0,03) planta de menor valor local. houve diferenças significativas valor Para Baixa dos Quelés tem-se: G. oligocephala Não do (candeia - 4.83). Myrcia sp. (araçá - 4,07), 5. local de espécies entre mulheres de comunidades = = terebinthifolius (aroeira - 3,09), M. tenuiflora diferentes (t 0,29, p 0,76), bem como entre os = = (jurema-preta - 2,66). Cordia curassavica homens (t 0,18, p 0,85 )o fato de que para algumas de citações (caatinga-de-cheiro - 2,59), Miconiaferruginata espécies, o número acompanhou a DC. (babatenão - 2,48). Croton sp. (quebra-fação magnitude do valor local, isso é devido à influência - 2,30), A. occidentale (cajueiro branco - 2,02), do mesmo no cálculo desse índice. Plantas que Pisonia laxa (bandola - 1,63), L. thymoides foram mais citadas, geralmente, têm maior valor local, (alecrim - 1,55). Nesta área os menores valores entretanto, a ordem de citação na lista livre também influencia no cálculo do valor local (Tab. 2). locais foram de 0,03 para Gossypium sp. (algodão- criolo), Scoparia dulcis (vassourinha), e As dez plantas, em ordem decrescente de valor local, citadas mulheres foram: Plectranthus sp. (malva grossa). pelas - Mesmo não havendo diferenças significativas Gochnatia oligocephala (candeia 4,81). Myrcia - terebinthifolius entre as comunidades (t ¦ 0.26, p = 0,79) e entre os sp. (araçá 3,53). Schinus (aroeira - - (t = 0.27. = 0.78) os diferentes táxons 3,25), Miconiaferruginata (babatenão 2,88), gêneros p para - (resultado semelhante encontrado Colaço. 2006). Lippia thymoides (alecrim 2,53), Anacardium por - verifica-se G. oligocephala (candeia) é a occidentale (cajueiro branco 2.44). Poincianella que - espécie de maior valor local dentro de cada microphylla (catingueira 2,19), Maytenus sp. (pau- - 1,84), Hyptis - comunidade, tanto para os homens quanto para as de-colher peetinata (sambacathá - mulheres. Gochnatia oligocephala (candeia) e 1,63) e Cordia curassavica (caatinga-de-cheiro hcptuphyllum iamesed). Gossypium Pitxrocarpa moniliformis (quipé) foram as plantas 1,38). Prolium sp. Plectranthus sp. que apresentaram o maior número de usos (5). Quipé (algodão-criolo), (malva Cordia sp. (pau-santo) tiveram o menor difere da candeia pelo uso veterinário, entretanto, grossa) e local (0,03). apenas uma pessoa o indicou, o que faz inferir que valor

Rodriguésia 61(2): 195-209.2010 Tabela 1 - Espécies citadas na lista livre usada no cálculo do VL (valor local) pelos Quilombolas de Baixa dos Quelés e Casinhas. Categorias e formas de uso: A-Alimento;° M-Mcdicinal; Mc-Mclífcra; C-Combustívcl; R-Ritual/religioso; CT-Construção; Cm-Comcrcialização; F-Forrageira; V-Veterinário; Ar-Artesanato. Table 1 - Espécies cited in the free list used in the calculation of VL (local value) by the Quilombolas from Baixa dos Quelés and Casinhas. Categories and types of use: A-§_ 0> cdible, M-medicinal; Mc-melliferous; C-fuel; R-ritual/religion; CT-construction; Cm-commerce, F-forage; V-veterinary; Ar- handicraft.g_ N Forma de g Nome vernáculo Nome científico Família Uso preparo fr I M O Leguminosae0Xarope ou chá - Acançu Periandra mediterrânea (Vell.) Taub. * ro O Alecrim/alecrinho Lippia thyntoides Mart. & Scherer VerbenaceaeM, 5Chá, lambedor. banho, defumador Algodão-criolo Gossypium sp. Malvaceae0Sumo Amesca Protium heptaphyllum March. BurseraceaeM, 5Defumador, torrar £¦ Angico Anadenanthera colubrina var. Cebil (Griseb.) Altschul LeguminosaeC, 0Chá, uso direto, lambedor Araçá Myrcia sp. MyrtaceaeC, Me, M, CTChá, uso direto Araçá-dc-moça Eugenia sp. Myrtaceae$Uso direto Araticum Annona sp. AnnonaceaeM. $Infusão Aroeira Schinus terebinthifolius Raddi. AnacardiaceaeM. 5Chá, infusão, banho Babatenão/babatenã Miconia ferruginata DC. Melastomataceae0Infusão, banho Bambão/mclancia-da- praia Solanum sp. Solanaceae0Lambedor Bandola/pandola Pisonia laxa Netto NyctaginaceaeM, 9Infusão Bom-pra-tudo Indeterminada 1 0Chá Bonia Vanilla sp. OrchidaceaeM, 5Chá, cheiro Braúna Schinopsis brasiliensis Engl. AnacardiaceaeM, CTLambedor, chá Catinga-de-cheiro Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult. Boraginaceae0Chá, banho Café-bravo/cafezeiro Erythroxylum sp. ErythroxylaceaeCT, &Uso direto Caibeiro Indeterminada 2 MyrtaceaeCTUso direto Cajueiro branco Anacardium occidentale L. AnacardiaceaeCm, M, A, Me Doce, suco, chá Cambabá/guinezinho Petiveria alliacea L. PhytolacaceaeM, 5Chá. banho Camboatá Cupania oblongifolia Mart. Sapindaceae0Infusão Cambucá Myrcia sp. MyrtaceaeA.CUso direto Cambui Myrcia rostrata DC. MyrtaceaeA, M, &Uso direto, chá Candeia Gochnatia oligocephala (Gardner) Cabrera AsteraceaeC, M, Me, CT, R Chá Kl Canudinho Hypenia salzmannii (Benth.) Harley Lamiaceae0Chá O Nome vernáculo Nome científico Família Uso Forma de preparo Capim-faixa-brancaIndeterminada Poaceae)Uso direto CatingueiraPoincianella microphylla (Mart.ex G Don) L.P.Queiroz LeguminosaeM, C, CTChá, Infusão CedroCedrellafissilis Vell.MeliaceaeM. CT. 5Banho, defumador ChacuretáIndeterminada C, CTUso direto Cipó-de-grajaúIndeterminada 0Chá Come-cheremEremanthus capitatus (Spreng.) MacLeishAsteraceae&Uso direto CoronaCe st rum sp.Solanaceae5Banho FedegosoSenna occidentalis (L.) Link.Leguminosae5Chá, Banho ImburanaCommiphora leptophloeos (Mart.) J.B. GillettBurseraceaeM. 5Chá. xarope, infusão, decoeção Icó-pretoCapparis jacobinae Moric.Capparaceae0Torrar JarrenhaAristolochia triiobataL.Aristolochiaceae0Chá JatobáHymenaea courbaril L.LeguminosaeR, 0Defumação, xarope, banho, infusão, chá JiquirizeiroIndeterminada LeguminosaeM, $Infusão JuazeiroZiziphus joazeiro Mart.Rhamnaceae0Banho, infusão Jurema-pretaMimosa tenuiflora (Wü\d) Poir.LeguminosaeCT, C, M, MeBanho, chá. xarope JurubebaSolanum paniculatum L.Solanaceae0Lambedor. chá Laranjinha-do-matoZanthoxyluni spl.RutaceaeM. 5Maceração. banho Licuri/nicuriSyagrus coronata (Mart.) Becc.ArecaceaeM, A, Ar, )Uso direto MacambiraIndeterminada CTUso direto MaçarandubaManilkara sp.SapotaceaeM, CTUso direto MacelaHyptis martiusii Benth.Lamiaceae5Banho Malva-de-jegucSida cordifoliaL.Malvaceae0Chá Malva-grossaPlectranthus sp.Lamiaceae0Lambedor MamoniaIndeterminada CTUso direto MandacaruCereus jamacaru DC.CactaceaeM. $Uso diretojf MangabaHancornia speciosa GomesApocynaceaeM.AExtração do látexgj MarmeleiroCroton hlanchetianus Bi\\\\.Euphorbiaceae0InfusãoR° - s Maracujá prá poucoPassiflorafoetida L.Passifloraceae0Chá N MastruzChenopodium ambrosioides L.Chenopodiaceae0Maceração O vD Benth. Mart.Leguminosae0Chá2 N Mororó/grão-de-boiBauhinia suhclavata in o Murici verdadeiroByrsonima crassifolia (L.) Kunth.Malpighiaceae$Uso direto j£ 33 Família Uso Forma de 8. Nome vernáculo Nome científico preparo Murici-peba Byrsonima triopterifolia A. Juss.Malpighiaceae$Suco Murta Campomanesia eugenioides var. desertorum (DC.) Landrum Myrtaceae0Infusão Palma Opuntia ficus-indica Mill.Cactaceae)Uso direto Pau-darco Tabebuia impetiginosa (Mart.) StandleyBignoniaceae0Chá, infusão Pau-de-colher Mavtenus sp.Celastraceae0Infusão, chá o Pau-de-rato Indeterminada 0Chá o Pau-ferro Libidibia (Mart. ex Tul.) L.P. infusão, pó o férrea QueirozLeguminosae0Chá, Pau-pra-tudo Zantlwxylum sp2.Rutaceae0Infusão, chá Pau-santo Cordia sp.BoraginaceaeR. 0Banho, chá Pega-pinto Boerhavia sp.NyctaginaceaeM, 9Chá Pereiro Aspidosperma pyrifolium Mart.ApocynaceaeV, CTMaceração Pindaíba Indeterminada 100Chá Pinhão-manso Jatropha sp.EuphorbiaceaeM, 5Defumador, torrado Pinhão-roxo Jatroplta ribifolia (Poh\.)Bai\lEuphorbiaceaeM, 5Banho, maceração Pulsar Indeterminada 11Myrtaceae$Uso direto Quebra-facão Croton sp.EuphorbiaceaeM, 5Banho, infusão, chá Quebra-mandinga Capparis sp.Capparaceae5Banho Quina-quina Chiococca brachiata Ruiz & Pav.RubiaceaeV, 0Infusão, chá Quipé Pityrocarpa monilifonnis (Benth) Luckow e R.W. Jobson LeguminosaeM, C, Me, V, CT Infusão, chá Quixabeira Sideroxylumobtusifolium (Roem. Et.Sch.)Sapotaceae0Chá, infusão Sacatinga Croton tricolor (L.) Mull. Arg.Euphorbiaceae0Banho, chá Sambacaitá Hyptispectinata (L.) PottLamiaceaeM , CTBanho, chá Sucupira Bowdichiavirgilioides KunthLeguminosae0Infusão Su suara Indeterminada 12CTUso direto Tuturubaca Pouteria sp.SapotaceaeA, )Uso direto Umbu de ameixa Ximenia americana L.Olacaceae0Chá Umbuzeiro Spondias tuberosa L.AnacardiaceaeA, 0Infusão Vassourinha Scoparia dulcis L.ScrophulariaceaeR, 0Banho, sumo Velame Croton heliotropiifolius KunthEuphorbiaceae0Torrado, chá Velandinho Cwton pulegioides Mull. Arg.Euphorbiaceae0Chá Tabela 2 - Valor local e número de citações de plantas para homens e mulheres nas comunidades Casinhas e Baixa dos Quelés, do município de Jeremoabo/BA. VLBQ - Valor local Baixa dos Quelés; VLMQ - Valor local mulheres b. dos Quelés; VLHQ Valor local homens b. dos Quelés; CMQ -Número de citações feitas por mulheres de B.dos Quelés; CHQ -Número de citações feitas por homens de B.dos Quelés; CQT - Número total de citações; VLC - Valor local Casinhas; VLMC - Valor local mulheres de Casinhas; VLHC - Valor local homens de Casinhas; CMC - Número de citações feitas por mulheres de Casinhas; CHC- Número de citações feitas por homens de Casinhas; CCT - Número total de citações de Casinhas;VL (H+H) - Valor local para os homens das duas comunidades; VL(M+M) - Valor local para as mulheres das duas comunidades. Table 2 - Local Value and number of citations of plants for men and women ofthe communities Casinhas and Baixa dos Quelés ofthe municipality of Jercmoabo / BA. VLBQ Local Value Baixa dos Quelés; VLMQ - Local Value for women in Baixa dos Quelés; VLHQ - Local Value for men in Baixa dos Quelés; CQM-Number of citations by women of Baixa dos Quelés; CQH-Numbcr of citations by men of Baixa dos Quelés; CQT - Total number of citations; VLC - Local Value in Casinhas; VLMC - Local Value for women in Casinhas; VLHC - Local Value for men in Casinhas, CMC - The number of citations by women in Casinhas; CHC- Number of citations by men in Casinhas; CCT - Total number of citations in Casinhas; VL (H + H) - Local value for men ofthe two communities, VL (M + M) - Local value for women ofthe two communities.

Nome vernáculoVLBQVLMQVLHQCMQCHQCQTVLCVLMCVLHCCMCCHCCCTVL(H+H)VL(M+M)

Acançu0,300.310.290.590,750,430,360,53 Alecrim/alccnnho1,551,811.292,703.252,1410121,722,53 Algodão-criolo0,030,060,000.000.000,000,00,03 Amesca0,000,000.000,530,061,000.50,03 Angico0.000,000,000.811.630,000,00,82 Araçá4,074,004,1410141,893,060.712,433,53 Araçá-de-moça0,000,000,000,100,190,00100.00,09 Araticum0,000.000,000.710,001,43,0,720.0 Aroeira3,092,753,43102,233.750.71102,073,25 Babatenão/babatenã2,482.812.141,472,940,001,072,88 BambàWmelancia-da-praia0,000.000.000,090.190.00,0.00.10 Bandola/pandola1,631,691,571.030,631,431.51.16 a, Bom-pra-tudo0,000,000,000.360.000.71,0,360.0 Bonia0.000,000.000.710.560,86,0.430,28 | | Braúna0,000,000.000.460,630,290.150,32 §. Cafébravo/cafezeiro0,160,310,000,070,000.140,070,16 Jl r Caibeiro0.000.000,000,570,001,14,0,570.0 V> w Cajueiro branco2,023.190,862,061.692.431,642,44 * g Canibabá/guinc/inho0,980.811,14,0,000,000,000,570,41 js Camboalá0,210,000,430.000,000,000,220,0 | -n £ Cambucá0.14().()()0,290,000,000,000,150.0 2 Cambuí0,50().(X)1,00,0,280,560,000,500,28 5 „»T, Nome vernáculoVLBQ VLMQ VLHQ CMQ CHQ CQT VLC VLMC VLHC CMC CHC CCT VLQH+H) VL(M+M) ° \ Candeia 4,834,944.71II165,494,696,29145,54,82 Canudinho 0,691,380,000,000,000,000,00,69 2 Capim-cana 0,160,310,000.000,000,000,00,16 Capim-faixa-branca 0,190,380,000,000,000.000,00,19 g Catinga-de-cheiro 2,592,752,43().(K)0,000,001,221,38 rvj Catingueira 1.301.750,86,2,882,633,142,002,19 ? Cedro 1,540,942,140,000.000.001,070,47 2 Chacurctá 0,070,000,140,000,00(),()()0,070,00 Cipó-de-grajaú 0,220,440,00 0,000,000,000,000,22 I Come-cherem 0,951.190.710.000,000,000,360,60 Corona 0,130,250,00 0,000,000,000,000,13 Fedregoso 0,150,000,29,0,000,000,000,150,00 Imburana 1,501,561,430,160,310,000,720,94 Icó-preto 0,000,000,000,130,250,000,000,13 Jarrenha 0,310,630,00 ,0,000,000,000,000,32 Jatobá 0,590,191,00,3,872.315,433,221,25 Jiquirizciro 0,360,000,71,0,000,000,000,360,00 Juazeiro 0,410,810,000,920,561,290,650,69 Jurema-preta 2,660,754,571,610,942,293,430,85 Jurubeba 0,070,130,000,000,000,000,000,07 Laranjinha-do-mato 0,000,000,000,410,810,000,000,41 Licuri/nicuri 0,130,250,00,0,260,380,140,070,32 Macambira 0,000.000,000,210,000,430,220,00 Maçaranduba 0,880,751,00,0,930,001,861,430,38 Macela 0,000,000,000,070,130,000,000,07 Malva-grossa 0,030,060,00,0,000,000,000,000,03 Malva-de-jegue 0,280,560,000,000,000,000,000,28 Mamonia 0,640,001,290,000,000,000,650,00 Mandacaru 0,000,000,000,440,310,57,0,290,16 Mangaba 0,540,380,711,150,441,861,290,41 Maracujá prá pouco 0,000,000,000,130,250,000,000,13 Marmeleiro 0,190,380,000,000,00().()()0,000,19 Mastruz 0,000,000,000,070,130,000,000,07 Mororó/grão-dc-boi 0,360,000,711,051,250,860,790,63 Murici verdadeiro 0,000,000,001,021,190,860,430,60 Murici-peba 0,000,000,000,920,001,850,930,0 Nome vernáculo VLBQ VLMQ VLHQ CMQ CHQ CQT VLC VLMC VLHC CMC CHC CCT VLQH+H) VL(M+M) o

Murta 0.000,(X)0,000,220.44O.(X)0.00 0,22 Palma 0,000.000.000,530,630,430,22 0,32 Pau-darco 0,000,000,000,380,750,000,00 0,38 Pau-de-colher 0,000,000.002,133,690,570,29 1,85 Pau-de-rato 0,000,000,000.290,000,570,29 0.0 Pau-ferro 0,570,001.14,1,541,501.571,36 0,75 Pau-pra-tudo 0.190,380.000.000,000,000.00 0,19 Pau-santo 0,000.000.000,030,060,000,00 0,03 Pega-pinto 0,000,000,000,380,750.000,00 0,38 Pelciro 0,000,000.000.430,000.860,43 0,00 Pindaíba 0,000.000,000,570,001.140,57 0.00 Pinhão-manso 0.410,250.570,140,000,290,43 0,13 Pinhão-roxo 1.370,881,860.130,250.000,93 0.57 Pulsar 0,090,190,000.440,880.000,00 0.54 Quebra-facão 2,301.752,860,290,000.57111,72 0.88 Qucbra-mandinga 0,000,000.000.160,310.000,00 0,16 Quina-quina 0,000.000.000,400.380.430,22 0,19 Quipc 1,150,881.43,0.470.380.57121,00 0,63 Quixabeira 0,860,001.710.360.000.711,21 0.00 Sacatinga 0,000.000.000,510,310,71120,36 0,16 Sambacaitá 0,470,940.001.162.310.000,00 1,63 Sucupira 0,670,191,140.140.000,290.72 0,10 Susuara 0.000,000.000.430,000,860,43 0,00 Tuturubaca 0,000,000,000,790,001,570,79 0.00 Umbu de ameixa 0,920,561,290.000.000.000,65 0,28 Umbuzeiro 0,310,630.000.720.880.570,29 0,76 Vassourinha 0,030.060.000.160.310,000.00 0,19 I Vclame 0,160.310.00,0.440,880.000,00 0.60 Velandinho 0,210.000,430.000.000,000,22 0.00

0> Obs.: Os valores em negrito referem-se aos maiores valores locais as dez espécies citadas nas comunidades. ri para Note: Bold values reler to higher local values for the ten species cited in the communities. fl w I IV O <0 N o O significado cultural do uso de plantas da caatinga 207 Das dez espécies de maior valor local, cinco significativas entre gêneros para o valor local, existem possuem propriedades terapêuticas reconhecidas diferenças para alguns grupos de plantas em pela comunidade para combater as doenças ligadas particular. Amorozo (1996) e Borba & Macedo (2006) ao aparelho reprodutor feminino. No geral, existe também observaram esse comportamento dentro de uma forte tendência em associar diversas plantas comunidades em relação ao domínio cognitivo entre no preparo dos remédios locais. Sambacathá, única os gêneros sobre o conhecimento de plantas. espécie citada apenas pelas mulheres de ambas as As espécies de frutos silvestres (murici, comunidades, é muito utilizada em associação com pulsar, mangaba, umbu, etc.) com exceção da aroeira e pau-de-colher durante o preparo do mangaba, no geral, apresentaram valor local baixo. "banho de assento". Para combater a gripe é Segundo relato dos entrevistados, esses frutos "xarope produzido o do mato", combinando várias eram mais consumidos dentro do povoado e plantas: Periandra mediterrânea (acançu), Cereus comercializados nas feiras, a exemplo do umbu. Com jamacaru (mandacaru), Hymenaea courbaril a melhoria das condições de vida de algumas (jatobá), Lippia thymoides (alecrim), Solanum famílias, esses frutos deixaram de ser vendidos. paniculatum (jurubeba), etc. Observação Atualmente, algumas famílias têm nas suas áreas semelhante foi realizada por Abreu (2000) e Franco de cultivo indivíduos arbóreos de Anacardium & Barros (2006). Essa combinação não se limita occidentale (cajueiro branco), cujos frutos são apenas ao uso de o mastruz juntamente comercializados nas feiras livres dos municípios plantas: "oiteiro", com uma pedra chamada são próximos e na sede municipal. componentes de medicamento tradicional para As comunidades estudadas dependem combater hemorragias. estreitamente das plantas nativas da caatinga para O valor local de plantas em ordem decrescente sua reprodução social, extraindo diversos recursos para os homens foi: Gochnatia oligocephala vegetais para seu consumo e uma pequena parte (candeia - 5,50), Mimosa tenuiflora (jurema-preta - para comercialização. As plantas são utilizadas, 3,43), Hymenaea courbaril (jatobá -3,21), Myrcia principalmente, com fins medicinais, usos rituais e - sp. (araçá - 2,43), Shinus terebinthifolius (aroeira construção. Embora a quantidade de espécies para 2,07), Poincianella microphylla (catingueira - 2,00), fins medicinais tenha sido alta, merecem destaque Croton sp. (quebra-facão -1,71), Lippia thymoides as espécies usadas em práticas rituais. Mesmo que (alecrim -1,71). Anacardium occidentale (cajueiro muitos quilombolas assumam como religião o branco - 1,64), Pisonia laxa (bandola - 1,50). As catolicismo, os conhecimentos e práticas rituais espécies de menor valor local foram Byrsonima de matriz africana ainda persistem nessas crassifoliu (murici-peba), Syagnis coronata (licuri), comunidades, como: as rezas para cura de doenças uma espécie ainda não identificada (chacuretá) e próprias do seu sistema etnomédico ("livramento "descarrego"), Erythroxylum sp. (cafezeiro-bravo) todas com valor do mal" e banhos de normalmente local de 0,07. são acompanhadas pelo uso de plantas. As plantas Exceto a bandola e o alecrim, que não são com potencial energético (lenheiro) ganham também usadas para construção, as plantas com grande importância dentro da valoração cultural das potencial madeireiro. sejam para construção de espécies nas comunidades estudadas, e sobre essas casas ou poços (cercas), foram as que obtiveram o deve haver uma maior pressão de coleta pelas maior valor local. Esse resultado revela também que comunidades. existem diferenças de gênero na escolha das Os resultados dessa pesquisa indicam plantas, e está relacionado às particularidades das espécies vegetais, aquelas de maior valor local, que atividades produrivas realizadas por homens e deveriam ser consideradas nos programas de mulheres. Enquanto as atividades do gênero conservação da caatinga na região, em projetos de masculino se voltam mais para a construção, recuperação de áreas degradadas, no desenho de reparos de casas, delimitação das áreas de plantio sistemas agro florestais bem como em projetos e pasto, a grande maioria das mulheres cuida das educação ambiental, culturalmente diferenciados, atividades de casa e dos filhos; apenas no período nas escolas locais da região. Os resultados também do plantio e colheita homens e mulheres trabalham podem ser usados como base para seleção de "roças". juntos nas Colaço (2006), em estudo espécies prioritárias para estudos posteriores de realizado com os índios Pankararé, no Raso da ecologia de populações, visando à avaliação da Catarina, verificou que embora não haja diferenças sustentabilidade do seu manejo.

Rodriguesia 61(2): 195-209.2010 208 Almeida. V.S. & Bandeira. F.P.S.F. Agradecimentos Camargo, M.T.L.A. 2007. Contribuição etnofarmaco- botânica ao estudo de Petiveria alliacea L.- Ao curso de Pós-Graduação em Botânica da Phytolacaceae ("amansa-senhor") e a atividade Universidade Estadual de Feira de Santana/BA o hipoglicemiante relacionada a transtornos mentais. qual este projeto de pesquisa está vinculado. A Rodriguésia 23: 21-27. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia Carvalho, J.J. 1995.0 quilombo do Rio das Rãs: histórias, (FAPESB) a concessão da bolsa de Doutorado. Aos tradições, lutas. EDUFBA, Salvador. 270p. moradores das duas comunidades estudadas CEI. 1994. Centro de estatística e informacões-básicas Casinhas e Baixa dos Quelés o acolhimento, gentileza dos municípios baianos: região nordeste. Salvador e disposição em colaborar durante todo o trabalho e 11:35-37. que foram imprescindíveis a sua realização. Colaço, M.0.2006. 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Artigo recebido em 15/06/2009. Aceito para publicação em 07/12/2009.

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Fungos causadores de ferrugens (Uredinales) da Reserva Biológica do Lago Piratuba, Amapá, Brasil Rust fungi (Uredinalesl from Piratuba Lake Biological Reserve, Amapá state, Brazil

Isadora Fernandes de França1, Helen Maria Pontes Sotão2 & Salustiano Vilar Costa-Neto3

Resumo Este trabalho apresenta resultados do levantamento da micota Urediniológica realizado na Reserva Biológica do Lago Piratuba e áreas de entorno, no estado do Amapá. Foram inventariados 17 táxons da ordem Uredinales, parasitando 15 gêneros de plantas hospedeiras, classificados em 12 famílias vegetais. As espécies Aecidium amazonense Henn, Phragmidiella bignoniacearum (W.T. Dale) Buriticá & J.F. Hennen,Prospodium laevigatum J. F. Hennen & Sotão, Puccinia cynanchi Berk. & M. A. Curtis, Puccinia laleritia Berk. & M. A. Curtis, Puccinia peperomiae J. C. Lindq., Puccinia puta H.S. Jacks. & Holw. e Puccinia spegazzinii De Toni são novas citações para o Amapá. Todas as espécies inventariadas são primeiros registros para a área de estudo. Palavras-chave: Amazônia, Basidiomycota, Brasil, fungos, Urediniomycetes. Abstract This paper presents the results ofthe rust mycobiota (Uredinales) inventory from Lake Piratuba Biological Reserve, Amapá state, Brazil. Seventeen taxa of rust fungi were identified. The specimens were parasitizing fifteen host plant genera from twelve families. The species Aecidium amazonense Henn., Phragmidiella bignoniacearum (W.T Dale) Buriticá & J.F. Hennen, Prospodium laevigatum J. F. Hennen & Sotão.Puccinia cynanchi Berk. & M. A. Curtis, Puccinia laleritia Berk. & M. A. Curtis, Puccinia peperomiae J. C. Lindq., Puccinia puta H.S. Jacks. & Holw. andPuccinia spegazzinii De Toni are new reports for Amapá. Ali the listed species are new reports for the study área. Kev words: Amazônia. Basidiomycota. Brazil, fungi, Urediniomycetes.

Introdução para o aperfeiçoamento da sistemática desses Os fungos da ordem Uredinales fungos (Figueiredo & Hennen 1998). (Urediniomycetes) são organismos parasitas obrigados, No estado do Amapá, podem ser ressaltados os trabalhos de Hennen que apresentam uma alta especificidade em relação aos & Sotão (1996, 1997) e Hennen seus hospedeiros e que ocasionam uma doença vegetal etal. (1998), nos quais foram publicadas comumente denominada como ferrugem. novas espécies e variedades, e o de Sotão et al. Vastas áreas da América tropical, entre as (2001), que descreveram e ilustraram 15 espécies do Puccinia. Para quais está incluído o Brasil, permanecem até hoje gênero a área de estudo foram sem estudos relativos a este grupo de doenças. Os reportados dois novos registros de ferrugens sobre trópicos brasileiros são regiões que apresentam plantas em Fabaceae para o Brasil, Atelocauda ampla variação vegetacional, desde o semi-árido à incrustans Arthur & Cummins e Chaconia florestas chuvosas e dos campos gerais ao cerrado, alutacea Juel. (França & Sotão 2009). Este trabalho sendo, portanto, áreas potencialmente ricas em representa um inventário realizado espécies de Uredinales, onde a realização de sobre a micobiota da REBIO Lago Piratuba estado do Amapá, tendo inventários pode adicionar informações essenciais como objetivos contribuir para o

1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, DF.PA. Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia. R. Dom Manoel de Medeiros s/n. Dois Irmãos. 52171 -900, Recife, PE, Brasil. Autor para correspondência: isa_bioíã yahoo.com.br. ;Muscu Paraense Emil» Goeldi. MPEG. Coordenação de Botânica, CP. 399. 66040-170. Belém. PA. Brasil. Centro dc Pesquisa Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá. IEPA. Rod. Juscelino Kubitschek km 10. Fazendinha. 68912-250. Macapá. AP, Brasil. 212 França. I.F.. Sotào. H.M.P. & Costa-Neto. S.V. conhecimento da diversidade e ampliação da identificadas 17 espécies pertencentes a nove distribuição geográfica mundial das espécies de gêneros. Os espécimes registrados estavam Uredinales, apresentando dados referentes a uma região parasitando 15 gêneros de plantas hospedeiras, com escasso conhecimento de sua biodiversidade. distribuídos em 12 famílias vegetais.

Material e Método Famílias Botânicas hospedeiras e respectivas ferrugens ocorrentes na REBIO do Foram coletadas amostras com sintomas de Lago Piratuba ferrugem na Reserva Biológica (REBIO) do Lago 1.Annonaceae Piratuba Criada pelo Decreto N° 84.914/1980 e alterado 1.1 Aecidiumamazonense Henn., Hedwigia43: 169. pelo Decreto N° 89.932/1984, a reserva localiza-se no 1904.Fig. la-c estado do Amapá entre as coordenadas geográficas Material estudado: Sobre 01°10'- 01°50'N e 49°34,-0°34'W, abrangendo uma Guatteria sp. BRASIL. AMAPÁ: Tartarugalzinho. Base da Extrema, 14.XI.2005, H. Sotão & 357.000 ha. Apresenta área de aproximadamente L üibato H63 (I) (HAMAB, MG). de formações vegetais e ecossistemas, diversidade Ocorre no Brasil (Amazonas e Pará) e Peru abrigando algumas manchas de floresta tropical densa (Hennen etal. 2005). Este é o primeiro registro desta de aluvial, compreendendo a sub-região dos planície espécie para o estado do Amapá. de do Amapá e a subregião do litoral campos planície Seis das onze espécies de Aecidium (manguezal), bem como os ecossistemas de transição conhecidas sobre gêneros da família Annonaceae entre estas formações 2008). (IBAMA no neotrópico ocorrem sobre Guatteria spp. No As amostras foram coletadas em expedições entanto, Hennen et ai. (2005) reconhecem apenas realizadas em 2005 (novembro) e em 2006 (junho, duas espécies, A. amazonense e A. guatteriae e novembro), seguindo-se a metodologia julho Dietel, pois consideram que as diferenças e herborização de Cummins de coleta, preservação apresentadas entre estas seis espécies não são & Hiratsuka (2003). consistentes para diferenciá-las. A identificação dos espécimes foi baseada Aecidium amazonense pode ser identificada em literatura especializada, principalmente por apresentar células peridiais de parede externa dos táxons, tais como os contendo a descrição lisa e interna vernicosa e eciosporos catenulados trabalhos de Hennen et ai. (2005), Buriticá (1999ab), com parede de 2 um de espessura, verrucosa, Carvalho Jr. et ai. (2001) e Sotão et ai. (2006). As contendo 3^1 grânulos refrativos grandes e um ou ilustrações das espécies foram feitas em microscopia dois menores. Em A. guatteriae as células peridiais eletrônica de varredura (MEV) a de lâminas partir possuem parede externa estriada e interna com estruturas dos fungos estudados. verrucosa, e os esporos apresentam numerosos Os espécimes estão depositados nos Herbários grânulos refrativos. João Murça Pires (MG), do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém (PA) e Herbário Amapaense 2.Asclepiadaceae (HAMAB), do Instituto de Estudos e Pesquisas do 2.1 Puccinia cynanchi Berk. & M.A. Curtis, J. Estado do Amapá, Macapá (AP). Philadelphia Acad. Sei., ser. 2,2:281.1853. Foram elaboradas chaves de identificação Fig. Id ocorrem na mesma para as espécies estudadas que Material estudado: Sobre Ditassa sp., BRASIL. família de planta hospedeira. Devido à AMAPÁ: Amapá. Fazenda Macarry, 12.XI.2006. LC. especificidade de hospedeiro, própria deste grupo, Lobato & P. Sanjuan LC31 (III) (HAMAB, MG) os resultados estão apresentados primeiramente Esta espécie é referida para a Argentina. Cuba, por família de hospedeiros, seguido das espécies Estados Unidos, Paraguai e Suriname (Lindquist de Uredinales relacionadas a cada família. São 1982). No Brasil já foi relatada nos estados de Mato também informados os protólogos, espécimes Grosso. Minas Gerais, Paraná. Pará. Rio de Janeiro. estudados, distribuição geográfica do fungo e Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo informações adicionais das espécies. (Hennen et ai. 2005). Esta é a primeira citação da espécie para o Estado do Amapá. Resultados e Discussão Tem sido reportada com diferentes sinonímias menos, sete de A partir dos inventários de fungos Uredinales parasitanto, pelo gêneros realizados na Reserva e áreas de seu entorno, foram Asclepiadaceae. No Brasil, Hennen et ai. (2005)

Rodriguésia 61(2): 21 1-221. 2010 Ferrugens da Reserva Biológica do Lago Piratuba. Amapá 213

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Figura 1 - a-c. Aecidium amozoneme Henn - a. eciósporos de parede verrucosa com grânulos refrativos (seta); b-c. células - peridiais, superfície interna verrucosa e externa lisa respectivamente, d. Puccinia cynanchi Berk. & M.A. Curtis teliósporos, variação na forma dos esporos e na inserção do pedicelo. e. P. spegazzinii De Toni - teliósporos. f. Phragmidiella bignoniacearum (Dale) Buriticá & J.F. Hennen - urediniósporos. Figure 1 - a-c. Aecidium amazonense Henn - a. aeciospores wall verrucose with refractive granules (arrow); b-c. peridial cells, inner surface verrucose and outer surface smooth, respectively. d. Puccinia cynanchi Berk. & M.A. Curtis - teliospores, variation in the - spores shape and pedicel attachment. e. P. spegazzinii De Toni teliospores. f. Phragmidiella bignoniacearum (Dale) Buriticá & J.F. Hennen - urediniospores.

Rodriguésia 61 (2): 21 1 -221. 2010 214 França. I.F.. Sotào. H.M.P. & Costa-Neto. S.V. citam a sua ocorrência sobre os gêneros Calotropis. Segundo Lindquist (1982), a presença de Ditassa, Metastelma e Oxypetalum. teliósporos globosos contendo septos dispostos Sobre Asclepiadaceae são conhecidas as obliquamente é a principal característica de P. espécies Puccinia cynanchi (P. oblíqua), P. cynanchi, porém este é um aspecto variável e, em rouliniae Henn. e P. araujae Lév., as quais são de alguns casos, torna-se difícil diferenciá-la de P. difícil identificação devido às características araujae e P. roulinia. Através das imagens de morfológicas muito semelhantes. Jorstad (1956) microscopia eletrônica de varredura (MEV). propôs uma chave de identificação para estas observou-se que a parede dos teliósporos não é espécies, onde P. cynanchi diferencia-se das outras totalmente lisa, apresentando finas estrias. As por possuir teliósporos de largamente elipsóides a imagens em MEV de teliósporos dos espécimes quase globosos, paredes usualmente de coloração tipos destas três espécies citadas serviriam para marrom-canela, pedicelo geralmente inserido comparar a ornamentação da parede com esta obliquamente e teliossoros marrom-escuros. característica observada no espécime estudado.

3. Asteraceae Chave de identificação das espécies de Uredinales sobre plantas da família Asteraceae 1. Sobre Mikania sp.; teliósporos cilíndricos a clavados, paredes com 0,5-1 um de espessura lateral e 2-3 (-4) um de espessura no ápice 3.2. Puccinia spegazzinii V. Sobre Spilanthes sp.; teliósporos oblongos, paredes com 1-2,5 um de espessura lateral e 4-16um de espessura no ápice 3.1. Puccinia cnici-oleracei

3.1 Puccinia cnici-oleracei Pers. ex Desm., Catai. considerada de interesse econômico o "jambu" por parasitar Pl.Omis.p.24.1823. (Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen), cujas Material estudado: Sobre Spilanthes sp.. BRASIL. folhas são muito utilizadas na culinária regional. AMAPÁ: Amapá, REBIO do Lago Piratuba, Tabaco. 7.XI.2005, H. Sotão & LC. Lobato H03 (III) (HAMAB, 3.2 Puccinia spegazzinii De Toni, in Saccardo, MG); 30.VI.2006. /. França 117 (\\\) (HAMAB, MG). Syll. Fung. 7:704.1888.Fig. le até a Ocorre desde o Alasca e sul do Canadá Material estudado: Sobre Mikania sp., BRASIL. Costa Rica América do Sul, Europa e Ásia (Cummins AMAPÁ: Tartarugalzinho, Base da extrema, 14.XI.2005, 1978). No Brasil está distribuída nos estados do H. Sotão & L Lobato H68 (III) (HAMAB, MG). Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Segundo Cummins (1978) é reportada desde Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, o sul dos Estados Unidos até o Panamá e América Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul c do Sul. No Brasil é encontrada no Amazonas, São Paulo (Hennen etal. 2005). Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Paraná. Rio de Puccinia cnici-oleracei é uma ferrugem Janeiro, Santa Catarina. São Paulo e Rio Grande do microcíclica, com vários sinônimos encontrados na Sul (Hennen etal. 2005). Este é o primeiro registro literatura. O patógeno tem sido registrado sobre desta espécie para o estado do Amapá. muitas espécies de Asteraceae, família com grande Segundo Viégas (1945) esta é uma ferrugem número de membros, complexa e com ampla microcíclica, e os seus teliósporos germinam sem distribuição geográfica. Hennen etal. (2005) citam período de dormência. Evans & Ellison (2005) sete gêneros de Asteraceae parasitados por P. confirmaram o ciclo de vida reduzido desta espécie cnici-oleraceae para o Brasil: Acanthospennum. através de inoculações experimentais. Eleutheranthera, Emilia, Melampodium, Picrosia, Várias espécies de Mikania Willd. são Spilanthes e Stenachaenium. parasitadas por P. spegazzinii. No Brasil, esta espécie Puccinia cnici-oleracei foi relatada pela tem sido reportada sobreM. cordifolia (L.f.) Willd., primeira vez para o Amapá por Sotão et ai. (2001). M. micrantha Kunth, M. scandens (L.) Willd. c M. parasitando plantas dos gêneros Eleutheranthera. smilacina DC. Emilia. Melampodium e Spilanthes. Estes autores Quatro espécies válidas de Puccinia são ressaltam que, na Amazônia, esta ferrugem é conhecidas sobre Mikania: P. granchacoensis J0rst.,

Rodriguésia 61 (2): 211 -221. 2010 Ferrugens da Reserva Biológica do Lago Piratuba. Amapá 215 P. mikaniae H.S. Jacks. & Holw., P. mikanifolia H.S. Entre as espécies de Uredinales conhecidas Jacks. & Holw. e P. spegazzinii Esta última diferencia-se sobre o gênero Mikania, Aecidium mikaniae por apresentar soros compactos, firmemente Henn., Chrysocyclus mikaniae (Arthur) Syd., P. agrupados, coloração marrom acinzentada, tomando- mikaniae, P. mikanifolia, P. spegazzini e Uromyces se branco acinzentado devido à germinação sem mikaniae Viégas estão registradas para o Brasil dormência dos teliósporos. Barreto & Evans (1995) (Hennen et al. 2005). Em A. mikaniae não é citam outras diferenças morfológicas entre estas produzida a fase teleomorfica. A espécie C. espécies de Pucciniaem relação a P. spegazzinii: P. mikaniae diferencia-se de P. spegazzinii por granchacoensis apresenta teliósporos de coloração apresentar télios agrupados em círculos, laranja- diferente (marrom-castanho claro) e possui um avermelhado, que se tornam cinza após a estágio uredinial conhecido e P. mikaniae tem o télio germinação; U. mikaniae diferencia-se por possuir rodeado por écios. teliósporos unicelulares e estágio ecial conhecido.

4. Bignoniaceae Chave de identificação das espécies de Uredinales sobre plantas da família Bignoniaceae 1. Soros anamórficos produzindo esporos de parede bilaminada; télios com teliósporos bicelulares fortemente constritos no septo e isolados 4.2. Prospodium laevigatum r. Soros anamórficos produzindo esporos de parede simples; télios desconhecidos ou quando produzidos com teliósporos unicelulares e catenulados2 2. Sobre Cydista sp.; uredínios com paráfises periféricas, urediniósporos 17,5-25 x 15-20 mm e com poros germinativos obscuros; teliósporos catenulados4.1. Phragmidiella bignoniacearum 2\ Sobre Memora sp.; uredínios sem paráfises, urediniósporos 26-31 (-33) x 17-23(-24) mm e com 2 poros germinativos mais ou menos equatoriais; teliósporos desconhecidos 4.3. Uredo amapaensis

4.1 Phragmidiella bignoniacearum (W.T. Dale) bicelulares e pedicelados. Esta espécie foi referenciada Buriticá & J.F. Hennen. Rev. Acad. Colomb. Cienc. pela primeira vez para o Brasil, no estado do Pará, 23:425.1999.Fig. If por Sotão etal. (2006), constituindo o primeiro registro Anamorfo: Macabuna daleae Buriticá & J.F. de ferrugem sobre o gênero Cydista Hennen, Rev. Acad. Colomb. Cienc. 23:425.1999. Material estudado: Sobre Cydista sp. (Bignoniaceae), 4.2 Prospodium laevigatum J. F. Hennen & Sotão, BRASIL. AMAPÁ: Amapá. REBIO do Lago Piratuba, Sida 17:182.1996.Fig. 2a Tabaco. 07.XI.2005. H. Sotão & LC. Lobato H06 (II) Material estudado: Sobre Bignoniaceae indeterminada, (HAMAB, MG); Rego do Boiado. 11.VI.2006, Costa- BRASIL. AMAPÁ: Amapá. REBIO do Lago Piratuba, Neto et al. 2418 (II) (HAMAB, MG). Piranhas, atrás da base do Ibama, 1I.XI.2005, H. Sotão Ocorre em Trinidad, Panamá (Buriticá 1999b), & LC. Lobato H48 (II, III) (HAMAB, MG). no Brasil no estado do Pará (Sotão et. al. 2006). Esta Esta espécie tem distribuição conhecida referência desta espécie o Amapá. é a primeira para apenas para o Brasil, estado do Pará (Hennen & Buriticá (1999b) transferiu o desta gênero Sotão 1996; Sotão et al. 2009). sendo este o primeiro Phragmidiella e espécie de Cerotelium para registro desta espécie para o estado do Amapá. nomeou o seu anamorfo Macabuna daleae. com Buriticá (1999b), P. De acordo 43 Uredo amapaensis J.F. Hennen & Sotão, SIDA bignoniacearum tem como hospedeiros os gêneros 17(1): 179-180.1996. Clytostoma e Cydista Para o Brasil, Hennen etal. Material estudado: Sobre Memora sp., BRASIL. AMAPÁ: (2005)citam ProspodiumsingeriPetr. parasitando Amapá, REBIO do Lago Piratuba, Tabaco, 7.XI.2005, //. o gênero Clytostoma. Sotão & LC. Lobato H05 (0) (HAMAB, MG). Phragmidiella bignoniacearum pode ser Espécie conhecida somente para o norte do diferenciada por apresentar teliósporos unicelulares e Brasil, nos estados do Amapá (Hennen & Sotão catenulados, enquanto em P. singeri os esporos são 1996) e Pará (Sotão et al. 2009).

Rodriguésia 61 (2): 211 -221. 2010 216 França. I.F.. Sotào. H.M.P. & Costa-Neto. S.V. Hennen & Sotão (1996) sugerem que Uredo laevigatum pode ser diferenciado das espécies de amupaensis está relacionada a quatro espécies de Porotenus por seus eeiósporos coronados, e de P. Porotenus sobre Memora sp. (P. bibasiporultis J.F. anomalum por seus teliósporos de parede lisa. Hennen & Sotão, P. biporus J.F. Hennen & Sotão, P. concavus Viégas e P. memorae F.C. Albuq.). 5. Boraginaceae Entretanto diferencia-se por apresentar parede dos 5.1 Aecidium sp. urediniósporos fortemente equinulada. com Material estudado: Sobre Cordiasp., BRASIL. AMAPÁ: ornamentação mais ou menos uniforme e sem áreas Tartarugalzinho. Base da Extrema. 14.XI.2005, H. Sotão & LC. Lobato H62 e H66(0, I) MG). lisas, as quais estão presentes nos urediniósporos (HAMAB, As características das espécies de Porotenus. observadas nos espécimes estudados foram: espermogônios adaxiais, agrupados, Hennen et al. (2005) reportam cinco espécies de dispostos em manchas arredondadas e escurecidas. Prospodium com teliósporos de parede lisa: P. Écios abaxiais, opostos aos espermogônios, aequinodialis (Holw.) Cummins sobre o gênero agrupados em manchas escurecidas, dispersas e Cydista; P. cumminsii F. Kern & Thurst. sobre geralmente arredondadas, cupulados, esbranquecidos; Amphilophium; P. gentryi J.F. Hennen & Cummins células trapezoidais ou hexagonais, 22-30 sobre Parmentiera, P. laevigatum J.F. Hennen & Sotão peridiais x 17-23 mm. externa lisa e interna sobre Mansoa, e P. venezuelanum F. Kern sobre uma parede parede vernicosa; eeiósporos catenulados. elipsóides a espécie de Tabebuia Destas, P. laevigatum provável poliédricos, 26-8 x 20-26 mm, 1.5-2 mm de é a única registrada o Brasil, e ser diferenciada parede para pode espessura lateral, com até 5(6) cm de espessura no apresentar eeiósporos bilaminados e bicapitados, por ápice, finamente vernicosa, hialina. télios ciatiformes, supraestomatais, teliósporos Hennen et al. (2005) citam quatro espécies de fortemente constritos no septo, sendo as células quase Uredinales sobre Cordiasp. parao Brasil: Aecidium frágeis. globóides e pedicelos brasiliense Dietel, Aecidium cordiae Henn.. tipo tenha sido identificada Embora a espécie Aecidium lindavianum P. Syd. & Syd. e Puccinia Sotão et al. relatou a sobre o gênero Mansoa, (2009) cordiae Anhur. Aecidium sp. diferencia-se de A. ocorrência desta espécie em três outros gêneros de brasiliense e A. lindavianum por apresentar esporos Bignoniaceae: Memora, Pachyptera e Stizophyllunu espessos no ápice. Os eeiósporos de Aecidium sp. coletados na Floresta Nacional de Caxiuanã. Pará. apresentam dimensões semelhantes às dos esporos No Brasil, somente P. laevigatum é conhecida sobre de A. cordiae. porém, as células peridiais A. cordiae os Mansoa e Pachyptera. Sobre o gêneros gênero tem parede externa lisa e interna verrucosa- Stizophyllum também é registrada a espécie tubercular. Embora os esporos sejam catenulados o stizophylli H.S. Jacks. & Holw., se Prospodium que anamorfo de P. cordiae não apresenta perídio, diferencia de P. laevigatum por apresentar parede diferindo, portanto, do táxon estudado. dos teliósporos finamente rugosas, pedicelo com um Dale (1955) descreveu a espécie Aecidium septo e presença de numerosos mesosporos. trinilen.se W.T. Dale sobre Cordia bicolor A. DC. Sobre Memora sp. são conhecidas seis espécies para Trinidad e Tobago. Esta espécie apresenta células de Uredinales: Porotenus bibasipondus J.F. Hennen peridiais com parede externa lisa e interna verrucosa- & Sotão, Porotenus biporus J.F. Hennen & Sotão. tubercular. porém seus esporos (18-26 x 15-20 mm) Porotenus concavus Viégas. Porotenus memorae F. são menores que os da espécie estudada. Novas C. Albuq.,Prospadiiunanomalum H.S. Jacks. & Holw.. coletas são necessárias para realização de e Uredo amapaensis J.F. Hennen & Sotão. Pros[x>dium estudos adicionais.

6. Convolvulaceae Chave de identificação das espécies de Uredinales sobre plantas da família Convolvulaceae 1. Uredínios sem perídio, urediniósporos com parede uniforme (1-1.5 um); teliósporos unicelulares e sésseis 6.1. Coleosporium ipomoeae 1". Uredínios com perídio. urediniósporos com parede de 1.5-2 um de espessura lateral e engrossada no ápice (até 8 u.m de espessura); teliósporos bicelulares e pedicelados 6.2. Puccinia puta

Rodriguésia 61 (2): 211 -221.2010 Ferrugens da Reserva Biológica do Lago Piratuba. Amapá 217 6.1Coleosporium ipomoeae (Schwein.) Burrill. P. rubicunda e P. supérflua apresentam Buli. Illinois State Lab. Nat. Hist. 2:217.1885. urediniósporos com parede uniforme, enquanto em Sinanamorfos: Caeoma ipomoea Link em P. puta estes esporos são mais espessados no Willdenow, Sp. PI. 6(2): 14. 1822. Peridermium ápice (até 8 mm). Puccinia nocticolor possui ipomoeae Hedgec, Mycologia 9:239.1917. urediniósporos de parede tuberculada, sendo Material estudado: Sobre Ipomoeae alba L. verrucosa em P. puta. P. ibrae apresenta a parede (Convolvulaceae). BRASIL. AMAPÁ: Amapá, REBIO dos teliósporos com 6-9 mm de espessura no ápice, 8.VI.2006, S. do Lago Piratuba, Escavado do Jaburu, e P. puta possui parede com 5-6 mm de espessura Costa-Neto etal. 2387, 2388(11) (HAMAB, MG). no ápice. Ocorre nas Américas da Argentina até os Estados Unidos. No Brasil nos estados do Amapá, 7.Dioscoreaceae Minas Gerais, Pará. Piauí. Rio de Janeiro, São Paulo 7.1 Sphenospora (G. Winter) Dietel, Engler Grosso et ai. 2004). pallida (Hennen etal. 2005) e Mato (Vieira e Prantl., Nat. 11:70.1897. o Brasil. Hennen et ai. (2005) citam cinco Para Anamorfo: Uredo dioscoreae Henn., Hedwigia 35: sobre Ipomoea espécies de Uredinales 255.18%. Coleosporium ipomoeae, (Convolvulaceae): Material estudado: Sobre Dioscorea sp., BRASIL. Puccinia crassipes Berk. & M. A. Curtis,Puccinia AMAPÁ: Amapá, REBIO do Lago Piratuba, Rio Araguari, opulenta Spegazzini, Puccinia puta H.S. Jacks. & 5.VII.2006, /. França 131 (II) (HAMAB, MG). Holw. ex F. Kern, Thurst. & Whetzel e Uromyces Ocorre em Belize, Brasil (Acre, Amapá, Mato vicinus H.S. Jackson e Holway. C. ipomoeae Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, diferencia-se das espécies do gênero Puccinia e Santa Catarina e São Paulo), Equador e Venezuela Uromyces, por apresentar teliósporos sésseis. (Hennen et ai. 2005). Albuquerque (1971) descreveu Uredo F. Kern, 6.2Puccinia puta H.S. Jacks. & Holw. ex aristolochiae F.C. Albuq., e, posteriormente, Thurst. & Whetzel, Mycologia 25:477.1933. Hennen et ai. (1982) colocaram este táxon como Fig. 2 b-d sinônimo de S. pallida Hennen etal. (2005) relatam Anamorfo: Aecidium distinguendum P. Syd. & a existência de um homônimo anterior denominado Syd., Monogr. Ured. 4: 131.1923. Uredo aristolochiae DC, sinônimo de Puccinia Material estudado: Sobre Ipomoea fistulosa Mart. ex aristolochia (DC.) G. Winter, de ocorrência na H. Choisy. BRASIL. AMAPÁ: Cutias, 05.XI.2005, Europa, diferente da espécie descrita por Solão & L. Lobato H01 (II) (HAMAB, MG); sobre Albuquerque (1971). No entanto, é necessário um Ipomoea sp.. Fazenda Macarry, 11.XI.2006, L Lobato minucioso estudo da espécie de Albuquerque MG). para & P. Sanjuan LC25 (II, III) (HAMAB, confirmação do hospedeiro e do fungo. Esta espécie está registrada o Brasil para Hennen et ai. (2005) citaram duas espécies Bahia e Ceará), Colômbia, Equador, (Amazonas, de Uredinales sobre o gênero Dioscorea no Brasil, Peru, Porto Rico e Venezuela (Hennen et México, Sphenospora pallida e Uredo dioscoreicola F. ai. 2005; Hernández 2006; Hennen & McCain 1993). Kern, Cif. & Thurst., as quais apresentam poucas espécie o Este é o primeiro registro desta para diferenças entre seus urediniósporos, sendo a estado do Amapá. parede destes densamente equinulada em S. pallida Nos comentários da espécie Coleosporium e moderadamente equinulada em U. dioscoreicola. estão descritas as diferenças entre as ipomoeae A melhor característica para identificar a espécie sobre Ipomoea o Brasil. espécies registradas para Sphenosporra pallida são os teliósporos Para o Neotrópico, são conhecidas dez espécies bicelulares e septo vertical. de Puccinia que ocorrem sobre Ipomoea: P. crassipes Berk. & M.A. Curtis, P. ibrae J.F. Hennen & J.W. 8.Euphorbiaceae P.jalapensisCummiiK. McCain, P. insignis Holw., 8.1 Phakopsora arthuriana Buriticá & J.F. Hennen Arthur & J.R. Johnst., P. P. megalospora (Orton) em: Buriticá, Rev. I.C.N.E. (Medellin) 5(2): 180.1994. Holw., P. opulenta Speg., P. P. nocticolor puta, Anamorfo: Malupa jatrophicola (Arthur) Buriticá rubicunda Holw. e P.supérflua Holw. P.puta pode & J.F. Hennen. ser diferenciada de P. jalapensis por apresentar Material estudado: Sobre Jatropha sp., BRASIL. uredínio catenulado verrucoso. enquanto a segunda AMAPÁ: Amapá, REBIO do Lago Piratuba, Margem possui uredínio pedicelado equinulado. Puccinia do Rio Araguari, 10.XI.2005, H. Sotão & LC. Lobato crassipes, P. insignis. P. megalospora, P. opulenta H31 (II) (HAMAB. MG).

Rodriguésia 61 (2): 211-221 2010 218 França. I.F.. Sotão. H.M.P. & Cosía-Neío. S.V. Segundo Buriticá (1999a) distribui-se pelas 10. Piperaceae Antilhas, Brasil (São Paulo e Pará), Costa Rica, 10.1 Puccinia peperomiae J.C. Lindq., Rev. Facult. Cuba, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Agr. La Plata. 29:41.1952.Fig. 2e Haiti, México, Panamá, Porto Rico, República Anamorfo: Uredo peperomiae Henn., Hedwigia Dominicana e Venezuela. Este é o primeiro registro Beiblatt 38: (69). 1899. desta espécie para o estado do Amapá. Material estudado: Sobre Piper sp., BRASIL. AMAPÁ: Na revisão do gênero Phakopsora no Tartarugalzinho, Base da Extrema, 14.XI.2005, H. Sotão & neotrópico realizada por Buriticá (1999a), são citadas L Lobato H65 (III) (HAMAB, MG). dez espécies parasitando quatro gêneros da família Ocorre na Argentina, Peru, Colômbia, Porto Euphorbiaceae. Porém, somente Phakopsora Rico e Brasil (Pará, Rio de Janeiro e São Paulo) arthuriana e seu anamorfo estão citados ocorrendo (Hennen et ai. 2005). Esta é a primeira citação desta sobre o gênero Jatropha. espécie para o estado do Amapá. Hennen et ai. (2005) citam para o Brasil três Bemdt et ai. (2002) publicaram Crossopsora espécies de Uredinales sobre o gênero Jatropha: piperis R. Berndt, F.O. Freire & CN. Bastos sobre Phakopsora arthuriana. Uromyces cnidoscoli Piper hostmannianum (Miq.) C DC, a qual tem como Henn. e Uromyces jatrophicola Henn. Phakopsora anamorfo Malupa piperinum (Syd.) Buriticá e J.F. arthuriana apresenta télio subepidermal, não Hennen. C. piperis diferencia-se de P. peperomiae irrompentes com 6 a 12 camadas de esporos sesseis por apresentar teliósporos arranjados em fileiras enquanto as espécies de Uromyces apresentam delgadas e pela presença de paráfises periféricas télios irrompentes, teliósporos pedicelados e não tanto nos uredínios como nos télios. Este representa em camadas. o primeiro registro de télios para o Brasil.

11. Poaceae Chave de identificação das espécies de Uredinales sobre plantas da família Poaceae 1. Sobre Guadua sp.; teliósporos unicelulares, catenulados; urediniósporos (21—)23—28(—31) x(14-)16- 19(-21) (im, 4-5 poros germinativos 11.1. Kweilingia divina V. Sobre Pariana sp.; teliósporos bicelulares, pedicelados; urediniósporos (15-) 17-27 x (13-) 15-20 um. poros germinativos obscuros 11.2. Puccinia bambusarum

11.1 Kweilingia divina (Syd.) Buriticá, Rev. Acad. anamorfos, Physopella inflexa (S. Ito) Buriticá e Colombiana Cienc. 22:330.1998. (0,1, II, IU). J.F. Hennen, como fase uredinial e Aecidium Sinanamorfos: Physopella inflexa (S. Ito) Buriticá & thaungii A.A. Carvalho, J.F. Hennen & Figueiredo, J. F. Hennen, Rev. Acad. Colombiana Cienc. 19:56. como fase ecial. 1994. Aecidium thaungii A. A. Carvalho, J.F. Hennen De acordo com Hennen et ai. (2005), esta & Figueiredo, Summa Phytopatol. 27:261.2001 ferrugem tem sido registrada sobre os seguintes gêneros Material estudado: SobreGuadua sp., BRASIL. AMAPÁ: de bambus: Bambusa. Dendrocalamus. Ochlandra. Amapá. REBIO do Lago Piratuba Fazenda Monte Sião, Qxytenanthera, Thyriostaschysc Gigantochloa. Este 1.VII.2006, /. França 123 MG). (II) (HAMAB, é o primeiro registro sobre o gênero Guadua. Esta espécie é reportada para a índia, Japão e Taiwan (Cummins 1971). No Brasil, tem sido 11.2 Puccinia bambusarum Arthur, Bot. Gaz. registrada para os estados do Amapá, Mato Grosso 65:467.1918. do Sul, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Anamorfo: L/r«/r>r>/v/«í'Henn..Hcdwigia43:164.1904. Paulo (Hennen etal. 2005). Material estudado: Sobre Pariana sp., BRASIL. Carvalho Jr. et ai. (2001) estudaram a fase AMAPÁ: Tartarugalzinho, Base da extrema. 14.XI.2005. teleomórfica da ferrugem encontrada sobre H. Sotão & LC. Lobato H64 (III) (HAMAB, MG). Bambusa vulgaris Schrad. ex].C Wendl., coletadas Esta espécie é reportada somente para Peru e em São Paulo, Brasil, e propondo Kweilingia divina Brasil (Amapáe Pará) (Hennen etal. 2005). (Syd.) Buriticá, como denominação correta para esta No inventário das espécies de Puccinia espécie. Estes autores também validaram dois realizado por Sotão et ai. (2001) em algumas áreas

Rodriguésia 61(21:211 -221. 2010 Ferrugens da Reserva Biológica do Lago Piratuba. Amapá ~ 219 ____^~>' ^'Wa ,PHl *$.r 1 (§_úíí|| :-'-. r^ ¦I ¦_V9R m__r^_F_____i __^_^_u_^nr\u_^^^^ fi. À ______

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Figura 2 - a. Prospodium laevigatum J.F. Hennen & Sotão. teliósporo (T) e eciósporo (E). b-d. Puccinia puta H.S. Jacks. & Holw. er F. Kern, Thurst. & Whetzel - b. Urediniósporos de parede verrucosa; c. Parede interna verrucosa das células; d. Teliósporo de parede verrucosa. e. P. peperomiael.C. Lindq. - teliósporos com inserção lateral dos - pedicelos. f. P. lateritia Berk. & M.A. Curtis teliósporo destacando os poros germinativos (seta). Figure 2 - a. Prospodium laevigatum JF Hennen & Sotão, teliospore (T) and aeciospore (E). b-d. Puccinia puta H.S. Jacks. & Holw. ex - F. Kcm, Thurst. & Whetzel b. Urediniospores wall verrucose; c. Inner spore wall verrucose; d. Teliospore wall verrucose. e. P. peperomiae - J.C. Lindq. - teliospores with lateral attachment of pedicels. f. P. lateritia Berk. & MA Curtis teliospores with germ pore (arrow).

Rodriguésia 61(2): 211-221. 2010 220 França. I.F.. Sotào. HM.P. & Costa-Neto. SV. do estado do Amapá, foram referidas as espécies P. Agradecimentos bambusarum e P. obliquo-septata parasitando Os autores agradecem ao MMA/IBAMA o da família Poaceae. Puccinia bambusarum plantas financiamento, coordenação e apoio logístico do difere-se de P. obliquo-septata por apresentar projeto Diagnósticos Abiótico, Biótico e uredínios sem paráfises periféricas e parede apical Socioeconômico para subsidiar a elaboração do dos teliósporos espessada (2-3 mm), pouco Plano de Manejo da Reserva Biológica do Lago enquanto P. obliquo-septata uredínios que possui Piratuba e a toda equipe do à Patrícia com e apical dos projeto; paráfises periféricas parede Pinha. Mírian Lucatelli. Iranildo Coutinho e toda a teliósporos bastante espessada (3-7 mm). equipe do Instituto Chico Mendes/Amapá/ REBIO do Lago Piratuba a coordenação do 12.Rubiaceae projeto e organização das excursões; ao IEPA e MPEG as 12.1 Puccinia lateritia Berk. & M.A. Curtis, Jour. facilidades e infraestrutura oferecida; ao Dr. Joe Acad.Nat.Sci.PhiladelphiaII,2:281.1853. Fig. 2f F. Hennen a bibliografia cedida; aos colegas Luís Material estudado: Sobre Borreria sp., BRASIL. Carlos Lobato, Carlos Alberto Silva e Priscila Sanjuan AMAPÁ: Taratarugalzinho. Propriedade do Sr. Mimi, o apoio nas coletas e identificações Botânicas; 29.VI.2006, /. França 101, 103(III) (HAMAB. MG). a Jeferson Costa, a ajuda na composição Esta espécie é amplamente distribuída, desde das figuras: e à CAPES a concessão de bolsa a Argentina até os Estados Unidos. No Brasil está de mestrado ao primeiro autor. registrada para os estados da Bahia, Minas Gerais. Pará, Rio de Janeiro e São Paulo (Hennen et ai. Referências 2005). Esta é a primeira citação desta espécie para o estado do Amapá. Albuquerque, F.C. 1971. Relação das espécies de Hennen etal. (2005) reportam quatro espécies Uredinales coletadas na Amazônia. Pesquisa Agropecuária Brasileira Série Agronômica 6:147-150. de ferrugens sobre o gênero Borreria para o Brasil: Barreto, Aecidium borreriicola H.S. Jacks. & Holw., A. R.W. & Evans, H.C. 1995. The mycobiota of the weed Mikania micrantha in southern with holwayi H.S. Jacks., Puccinia lateritia Berk. & M.A. Brazil particular reference to fungai for biological Curtis e Uredo borreriae (Henn.) F. Kem & Whetzel. pathogens control. Mycological Research 99: 343-352. Puccinia lateritia é uma espécie microcíclica que Bemdt, R.; Freire. F. & Bastos, C.N. 2002. Crosssopsora apenas télios com teliósporos e mesosporos, produz piperis, a new rust species from Brazil. Mycotaxon enquanto U. borreriae e as duas espécies de 83: 265-268. Aecidium são anamorfos produzindo somente Buriticá. P. 1999a. La família Phakopsoraceae en el urediósporos e eciósporos, respectivamente. Neotrópico III- Gêneros: Batistopsora y Phakopsora Revista de Ia Academia Colombiana de Ciências 13.Smilacaceae Exactas, Físicas y Naturales 23: 271-305. 13.1 Sphenospora smilacina Syd.. Ann. Buriticá, P. 1999b. La Família Phakopsoraceae (Uredinales) en el Neotrópico IV-Géneros: Mycologici. 23:318-319.1925. Crossopsora, Cerotelium. Phragmidiellay Catenulopsora. Revista Anamorfo: Uredo Henn.. yurinaguasensis de Ia Academia Colombiana de Ciências Exactas. Hedwigia 43:164.1904. Físicas y Naturales 23: 407-431. Material sp., BRASIL. estudado: Sobre Smilax Carvalho Jr.. A.A.; Hennen, J.F. & Figueiredo. MB. AMAPÁ: Tartarugalzinho, Propriedade do Sr. Mimi. 2001. Primeira constatação do teleomorfo da 29.VI.2006, /. França 110 (II) (HAMAB, MG). ferrugem (Kweilingia divina) do bambu (Bambusa Ocorre no Brasil (Amapá. Minas Gerais. Pará, vulgaris) nas Américas. Sunima Phytopathologica Paraíba. Rio de Janeiro e São Paulo), Colômbia. 27: 260-263. Costa Rica. Equador, Guatemala, Honduras, México, Cummins. G.B. 1971. The rust fungi of cereais, grasses Panamá, Peru. República Dominicana, Trinidad e and bamboos. Springer-Verlag, New York. 570p. Tobago e Venezuela (Jackson 1926; Gallegos & Cummins, G.B. 1978. Rust fungi on legumes and composites in North America. University of Arizona Cummins 1981; Hennen etal. 2005). Press. Tucson. 424p. Hennen et ai. (2005) citam para o Brasil duas Cummins. G.B. & Hiratsuka, Y. 2003. Illustrated genera espécies de Uredinales scbreSmilax .Puccinia smilacis of rust fungi. 3 ed. The American Phytopathological Schwein. e Sphenospora smilacina, que se diferenciam Society, St. Paul. 225p. pelo tipo de septo dos teliósporos: horizontal em Dale, W.T. 1955. New species of Uredinales from P. smilacis e vertical em S. smilacina. Trinidad. Mycological Papers 59: 1-11.

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Evans, H.C. & Ellison, CA. 2005. The biology and Hernández, J.R. 2006. First report of Puccinia puta on of rust fungi associated with the neotropical Ipomoea carnea subsp.fistulosa from Puerto Rico. vine Mikania micrantha, a major invasive weed in Plant Disease 90: 245. Ásia. Mycologia 97: 935-947. IBAMA. 2008. Unidades de Conservação. Reservas Figueiredo. M.B. & Hennen, J.F. 1998. Uredinales Biológicas. Unidade: Reserva Biológica do Lago Piratuba. (ferrugens) no Brasil e no estado de São Paulo. Disponível em Acesso em 03 novembro 2008. França, I.F. & Sotão, H.M.P. 2009. Novos registros de Jackson, H.S. 1926. The rusts of South America based on ferrugens (Uredinales) sobre Fabaceae para o Brasil. the Holway colections -1. Mycologia 18: 139-162. Acta Botânica Brasilica 23: 860-863. J0rstad, 1.1956. Uredinales from South America and Tropical Gallegos, H.L. & Cummins, G.B. 1981. Uredinales (Royas) North America. Arkiv For Botanik 2: 443-490. de México. Vol. 1. Secretaria de Agricultura y Recursos Lindquist, J.C 1982. Royas de Ia República Argentina y Hidráulicos de México, Cualicán. 490p. zonas limítrofes. Instituto Nacional de Tecnologia Hennen, J.F.; Figueiredo, M.B.; Carvalho Jr., A.A. & Agropecuária, Buenos Aires. 574p. Hennen, P.G. 2005. Catalogue of plant rust fungi Sotão, H.M.P.; Hennen, J.F. & Cavalcante, M.A. 2001. (Uredinales) of Brazil. Disponível em . Acesso em 15 agosto 2005. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Hennen, J.F; Hennen, M.M. & Figueiredo, M.B. 1982. Botânica 17: 107-159. índice das ferrugens (Uredinales) do Brasil. Arquivo Sotão, H.M.P.; França, I.F & Hennen, J.F. 2006. Fungos do Instituto Biológico 49: 1-201. das Famílias Phakopsoraceae e Uropyxidaceae Hennen, J.F. & Mccain, J.W. 1993. New species and (Uredinales) da Floresta Nacional de Caxiuanã, Pará, records of Uredinales from the Neotropics. Mycologia Brasil. Hoehnea 33:407-417. 85: 970-986. Sotão, H.M.P.; Hennen, J.F.; França, I.F.; Freires, E.; Moura, Hennen, J.F. & Sotão, H.M.P. 1996. New species of M.F.; Martins Júnior, A.S.; Medeiros, PS.; Silva, M.FF Uredinales on Bignoniaceae from Brazil. Sida 17: 2009. Ferrugens (Uredinales - Basidiomycota) da 173-184. FLONA de Caxiuanã. In: Lisboa, P. (org.). Caxiuanã: Hennen. J.F. & Sotão, H.M.P. 1997. Aecidium desafios para conservação de uma floresta nacional maprouneae var. noncrassatum (Uredinales) sobre na Amazônia. MPEG, Belém. Pp. 371-381. Maprouneae sp., novo táxon do estado do Amapá, Viégas, A.P. 1945. Alguns fungos do Brasil IV. Uredinales. Brasil. Fitopatologia Brasileira 22: 444-447. Bragantia5: 1-144. Hennen, J.F; Sotão, H.M.P. & Hennen, M.M.W. 1998. Vieira, F.M.C.; Pereira, O.L. & Barreto, R.W. 2004. First The genus Diorchidium in the Neotropics. report of Coleosporium ipomoeae on Ipomoea Mycologia 90: 1079-1086. fistulosa in Brazil. Fitopatologia Brasileira 29: 693.

Artigo recebido em 22/01/2009. Aceito para publicação 08/01/2010.

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Samambaias e licófitas do Parque Ecológico de Santa Bárbara 1 do Gunma, município do Pará, estado do Pará, Brasil Ferns and lycophytes from Gunma Ecological Park, Santa Bárbara do Pará municipality, Pará state, Brazil

Jeferson Miranda Costa' & Mareio Roberto Pietrobom2

Resumo O Parque Ecológico do Gunma - PEG (Santa Bárbara do Pará, estado do Pará, Brasil) representa um dos poucos remanescentes florestais da região metropolitana de Belém. O PEG mantém uma rica flora fanerogâmica composta por espécies consideradas raras, mas nada se conhece a respeito de sua flora de plantas vasculares sem sementes. Assim, este trabalho teve como objetivo inventariar as espécies de samambaias e licófitas do Parque Ecológico do Gunma. No PEG foram registradas 56 espécies, distribuídas em 28 gêneros e 15 famílias. Das espécies registradas, Lellingería suspensa (L.) A.R. Sm. & R.C. Moran foi citada pela primeira vez para o estado do Pará, e Polyphlebium diaphanum (Kunth) Ebihara & Dubuisson constituiu um novo registro para a Região Norte (Amazônia brasileira). As famílias mais representativas foram Hymenophyllaceae (15 spp.), Dryopteridaceae (8 spp.), Polypodiaceae (7 spp.) e Pteridaceae (6 spp.), e os gêneros foram Trichomanes (7 spp.) e Elaphoglossum (6 spp.). A maioria das espécies apresentou hábito herbáceo (52 spp.), habitat epifítico (30 spp.) e terrestre (23 spp.), ocorreu exclusivamente nos sub-bosques (35 spp.) e apresentou distribuição americana (34 spp.). Estes resultados demonstraram a importância do Parque Ecológico do Gunma para a preservação da flora local e regional de plantas vasculares sem sementes. Palavras-chave: Amazônia brasileira, floristica, plantas vasculares sem sementes. Abstract - The Gunma Ecological Park PEG (Santa Bárbara do Pará, Pará state, Brazil) is one of the few preserved forest remnants in the metropolitan region of Belém. The PEG has a rich phanerogamic flora with rare species, but nothing is known about its seedless vascular-plant flora. Our aim is to present a floristic survey of fems and lycophytes from Gunma Ecological Park. The 56 recorded species belong to 28 genera and 15 families. This is the first record for Lellingeria suspensa (L.) A.R. Sm. & R.C. Moran in Pará state and also for Polyphlebium diaphanum (Kunth) Ebihara & Dubuisson in the Brazilian Amazon. The richest families were Hymenophyllaceae (15 spp.), Dryopteridaceae (8 spp.), Polypodiaceae (7 spp.) and Pteridaceae (6 spp.). The genera with highest number of species were Trichomanes (7 spp.) and Elaphoglossum (6 spp.). The majority of the species were herbaceous (52 spp.), with epiphytic (30 spp.) and terrestrial (23 spp.) habitat, occurred exclusively in the understory (35 spp.) and presented American distribution (34 spp.). This result demonstrates the importance of Gunma Ecological Park for local/regional seedless vascular-plant flora preservation. Key words: Brazilian Amazon, floristic, seedless vascular plants.

Introdução 1.150 espécies (Windisch 1996a), com cerca de Estima-se que existam cerca de 13.600 550 delas podendo ser registradas na Amazônia espécies de samambaias e licófitas no mundo, das brasileira (Prado & Moran 2009). quais 3.500 ocorrem na América do Sul (Moran As samambaias e licófitas distribuem-se dos 2008). No Brasil, devem ocorrer aproximadamente trópicos até próximo aos círculos polares, ocorrendo

1 Instituto Federal de Educação. Ciência c Tecnologia do Para, Campus Abaetetuba, R. Rio Grande do Sul 3322,68440-000, Abaetetuba, PA, Brasil. jcfcrwn.m.costatâ Jiotmail.com universidade Federal do Para. Campus Bragança. Lab. Biologia Vegetal. Al. Leandro Ribeiro s/n. 68370-000, Bragança, PA, Brasil, [email protected] 224 Costa. J.M. & Pietrobom. M.R. desde o nível do mar até quase o limite da vegetação Manilkara huberi (Ducke) Chevalier (maçaranduba). altimotana. Apresentam uma grande variedade de Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. (ipê- formas de vida que incluem plantas terrestres, roxo), entre outras (Almeida etal. 2003; Videira 2007). epífitas, rupícolas, aquáticas, hemiepífitas e No entanto, os inventários botânicos pretéritos trepadeiras, variando desde minúsculas herbáceas realizados no PEG não abrangeram a sua flora de até formas arborescentes com 20 m de altura plantas vasculares sem sementes. (Windisch 1992). Entretanto, apesar de ocorrerem Desta forma, o objetivo do presente estudo em vários ecossistemas, com diferentes formas de foi inventariar as espécies de samambaias e licófitas vida, o que pressupõe uma ampla variedade de do Parque Ecológico do Gunma (Santa Bárbara do adaptações, a maior parte das espécies (cerca de 3/4) Pará, estado do Pará, Brasil), além de caracterizar é encontrada apenas nos trópicos e, destas, cerca de hábito, habitat, ambiente de ocorrência e padrão de 1/3 cresce como epífitas (Zuquim etal. 2008). distribuição geográfica das espécies. O conhecimento sobre a flora de plantas vasculares sem sementes do estado do Pará obteve Material e Métodos avanços nos últimos sete anos. Várias grandes O Parque Ecológico do Gunma (PEG) está espécies nunca antes referidas o estado foram para localizado no município de Santa Bárbara do Pará, coletadas e citadas em trabalhos recentemente região metropolitana de Belém (RM-Belém), como os realizados na Área de Pesquisas publicados, nordeste do estado do Pará (Fig. la-c). Possui cerca Ecológicas do Guamá etal. 2004), no Parque (Rodrigues de 540 ha (01°13'00,86"S-48°17'41,18"W), com 2006) e na Ilha de Ambiental de Belém (Costa et al. acesso no km 18 da Rodovia PA-391, sentido Mosqueiro (Costa & Pietrobom 2007), áreas que Belém-Ilha de Mosqueiro, sendo gerenciado pela incluem florestas de terra firme (o tipo predominante), Associação Gunma Kenjin-Kai do norte do Brasil várzea igapó. Alguns inventários, no entanto, e (Almeida et al. 2003). como restringiram-se a apenas um tipo de ecossistema No PEG a vegetação é floresta - predominante no Bosque Rodrigues Alves Jardim Botânico da ombrófila densa de terra firme, além de florestas de terra firme Amazônia constituído por floresta (Maciel secundárias (capoeiras), igapós e várzeas (Almeida et al. 2007), na Ilha do Combu, representada unicamente et al. 2003). O parque faz parte da Planície floresta de várzea (Ferreira et al. 2009) e nas restingas por Amazônica, com pouca declividade mesmo próximo das Ilhas de Algodoal e Maiandeua (Costa 2009). Com aos cursos d'água, e apresentando os solos exceção deste último, realizado no município de latossolos amarelos álicos, concrecionário laterítico foram desenvolvidos Maracanã, os demais estudos álico e gley pouco húmido (RADAMBRASIL 1974). em áreas florestais de Belém, que estão sob grande Quanto à hidrologia, o PEG apresenta ao sul pressão antrópica (Leão et al. 2008). Mesmo assim, o igarapé Tracuateua e ao nordeste o igarapé Tauriê estes fragmentos florestais apresentaram mais de 15 (Fig. lc), os quais formam os ambientes de várzea e novas ocorrências para o estado, incluindo novos de igapó ocorrentes na área (Almeida et al. 2003). registros para a Região Norte e para o Brasil, o que A região apresenta clima do tipo Af - tropical úmido mostra a importância das florestas urbanas para a (classificação de Koeppen), temperatura média conservação da biodiversidade local e regional. anual em torno de 26°C, com mínima de 22°C e °C, A região metropolitana de Belém abrange além máxima de 31 e precipitação pluviométrica anual da capital paraense os municípios de Ananindeua. variando de 2500 a 3000 mm. com umidade relativa Marimba Benevides e Santa Bárbara do Pará. Embora do ar atingindo cerca de 85% (SUDAM 1984). componham uma das áreas mais afetadas pela presença As coletas foram realizadas nos meses de humana na Amazônia, estes ainda apresentam abril, maio e agosto de 2005, maio de 2006 e em remanescentes florestais preservados, com poucos julho de 2008, sendo uma por mês, totalizando registros de samambaias c licófitas. Uma dessas áreas cinco expedições ao parque. Durante a etapa de compreende o Parque Ecológico do Gunma (PEG), campo, foram percorridos os diversos ambientes localizado no município de Santa Bárbara do Pará, e contidos nas formações vegetacionais do PEG, cuja flora fanerogâmica é bem conhecida, sendo objetivando a coleta das espécies e o registro de constituída por espécies de alto valor conservacionista, seus hábitos, habitats e ambientes de ocorrência. paisagístico, biológico e econômico. Neste Parque, As amostras foram coletadas e herborizadas foram registradas espécies arbóreas consideradas raras, seguindo a metodologia especificada por como Vouacapoua americana Aubl. (acapu), Windisch (1992).

Rodriguésia 61(2): 223-232. 2010 Samambaias e licófitas do Parque Ecológico do Gunma. Pará 225 A identificação dos exemplares coletados foi realizada com base em chaves de identificação e textos .^ Y_bw t\r\PPÍ 6r—W-*J/ \ V especializados, como Alston etal. (1981), Barrington (1978), Boer(1962), Kramer(1957), Labiak& Prado (2003,2005), Mickel & Smith (2004), Moran (2000), •"*AM/ PA 1/ Moran & Riba (1995), Prado (2005), Prado & Labiak (2005), Prado & Moran (2008), Smith (1986, 1995), Sylvestre(2001),Tryon&Stolze(1989a-b, 1991,1994) e Windisch (1978,1996b). Os nomes dos autores das espécies foram padronizados de acordo com Pichi- Sermolli (19%). O material testemunho foi incorporado ao acervo do herbário MG e, sempre que possível, com duplicatas enviadas para os herbários MBM, PACA, RB, SPe UB (Holmgren etal. 1990). As licófitas foram circunscritas de acordo com Kramer & Green (1990) e, para as monilófitas (referidas aqui como samambaias), seguiu-se a circunscrição de famílias proposta por Smith et al. (2006), exceto para Cyatheaceae onde seguiu-se Lellinger (1987), e Hymenophyllaceae, para a qual foi adotada a classificação proposta por Ebihara et al. (2006). Os táxons compreendidos em cada um desses grupos são citados a partir de família e organizados em ordem alfabética. As espécies foram classificadas ao arxyoo63VQ.. quanto hábito em herbáceas, arborescentes e trepadeiras. Em relação aos habitats, foram consideradas como terrestres, ***•$ epífitas ou hemiepífitas. Os ambientes x de ocorrência reconhecidos na área foram sub- bosque, margem da mata e clareira. ^v *• A análise da distribuição geográfica das espécies segue a classificação proposta por Parris (2001) e Moran & Smith (2001), com modificações de Schwartsburd & Labiak (2007), segundo os quais as

Rodriguésia 61(2): 223-232. 2010 Tabela 1 - Lista das espécies de samambaias e licófitas do Parque Ecológico do Gunma (PEG), município de Santa Bárbara, estado do Pará, Brasil. Ambientes de ocorrência: MM - Margem da mata; SB - Sub-bosque; CL - Clareira. (' ) Espécies com primeira indicação em Unidade de Conservação na região metropolitana de Belém. Material selecionado depositado em MG. Table 1 - List of fems and lycophytes species ofthe Parque Ecológico do Gunma (PEG), municipality of Santa Bárbara do Pará, state of Pará, Brazil. Environments types: MM - Forest border; SB - Understory; CL - Clearing. ( + ) Species reported for the first time in a conservation unit área within the metropolitan área of Belém. Voucher deposited at MG. Táxon HabitatAmbiente DistribuiçãoMaterial geográficaselecionado LICÓFITAS LYCOPODIACEAE Lycopodiella cernua (L.) Pie. Serm. TerrestreMMCircum-Antártica Pietrobom 5984 SELAGINELLACEAE Selaginella conduplicata Spring TerrestreSB/MMSul-AmericanaPietrobom & Sanjuan 6080 * Selaginclla produeta Baker TerrestreSBAmericanaPietrobom etal. 7708 SAMAMBAIAS ASPLENIACEAE A \ph-niumjughmdifolium Lam. * EpífitaSBAmericanaPietrobom 5965 Asplenium serratum L. EpífitaSBAmericanaPietrobom 5991 BLECHNACEAE Blechnum serrulatum Rich. TerrestreMMPacíficaPietrobom & Sanjuan 6075 Salpichlaena hookeriana (Kuntze) Alston * TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom & Sanjuan 6083

8. CYATHEACEAE Cyathea cyathcoides (Desv.) K.U. Kramer TerrestreSB/CLSul-AmericanaPietrobom etal. 7721 Cyathea micmdonta (Desv.) Domin TerrestreSB/MMAmericanaPietrobom etal. 7726 Cyathea surinamensis (Miq.) Domin TerrestreSBAmericanaPietrobom et al. 7728

N rv DRYOPTERIDACEAE H I M Cycloílium heterodon Moore var. abhtvviaium Presl) A.R. Sm. TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom 5958 co (Schrad.)T. (C. rv M Cyclodium meniscioides (Willd.) C. Presl var. meniscioides TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom & Sanjuan 6064 0 Elaphoglossum discolor (Kuhn) C. Chr. EpífitaSBSul-AmericanaPietrobom et al. 7724 s Táxon Habitat Ambiente Distribuição Material geográfica selecionado * Elaphoglossum flaccidum (Fée)T. Moore Epífita SB Americana Pietrobom et al. 7727 Elaphoglossum laminarioides (Bory ex Fée) T. Moore * Epífita SB/CL Sul-Americana Pietrobom 5979 ro PO Epífita SB/CL Americana Pietrobom 5977 u Elaphoglossum luridum (Fée) Christ I N * U Elaphoglossum obovatum Mickel Epífita SB/CL Sul-Americana Pietrobom et al. 7733 i» * IV) Elaphoglossum styriacum Mickel Epífita SB Sul-Americana Pietrobom 8258 o HYMENOPHYLLACEAE Epífita Americana Pietrobom et al. 5896 | Hyinenophyllum abruptum Hook. SB o Hymenophyllum hirsutum (L.) Sw.+ Epífita SB/CL Americana Pietrobom & Sanjuan 6094 a. Hynienopliyllum polyanthos (Sw.) Sw. Epífita SB/CL Circum-Antártica Pietrobom & Sanjuan 6097 Didytnoglossuni angustifrons Fée Epífita SB Americana Pietrobom 5950 Didymoglossuin kapplerianum (J.W. Sturm) Ebihara & Dubuisson Epífita SB Americana Pietrobom 5988 Didymoglossum pinnatinervium (Jenman) Pie. Serm. Epífita SB Americana Pietrobom 5989 Didymoglossum punetatum (Poir.) Desv. Epífita SB/CL Americana Pietrobom 5960 Polypldebium diaphanian (Kunth) Ebihara & Dubuisson Epífita SB Americana Pietrobom et al. 6268 Trichomanes accedens C. Presl + Epífita SB Americana Pietrobom et al. 6263 Trichomanes ankersii C. Parker ex Hook. & Grev. Hemiepífita SB Americana Pietrobom & Sanjuan 6076 Trichomanes arbuscula Desv. Epífita SB Americana Pietrobom & Sanjuan 6090 Trichomanes hostinannianuni (Klotzsch) Kunze + Terrestre SB Sul-Americana Pietrobom & Sanjuan 6061 Trichomanes pedicellatum Desv. Hemiepífita SB Americana Pietrobom etal. 7719 Trichomanes pinnatum Hedw. Terrestre SB Americana Pietrobom et al. 7725 Trichomanes trollii Bergdolt + Terrestre SB Sul-Americana Pietrobom et al. 6259 LINDSAEACEAE Lindsaea lancea var. falcata (Dryand.) Rosenst. Terrestre SB Americana Pietrobom et al. 1117 Lindsaea lancea (L.) Bedd. var . lancea Terrestre SB Americana Pietrobom et al. 1112 LOMARIOPSIDACEAE Lomariopsis prieuriana Fée Hemiepífita SB/CL Americana Pietrobom et al. 6255 ro Nephrolepis hirsutula (G Forst.) C. Presl Epífita MM Pacífica Pietrobom 5954 to Táxon Habitat Ambiente Distribuição Material geográfica selecionado MARATTIACEAE Danaea simplicifolia Rudge TerrestreSBAmericanaPietrobom 5971 METAXYACEAE Metaxya rostrata (Kunth) C. Presl TerrestreSB/CLAmericanaPietrobom 5994 OLEANDRACEAE * Oleandra articulata (Sw.) C. Presl EpífitaCLAmericanaPietrobom 5975 POLYPODIACEAE Campyloneurum phyllitidis (L.) C. Presl EpífitaSB/CLAmericanaPietrobom 5966 Cochlidium serrulatum (Sw.) L.E. Bishop EpífitaSB/CLAtlânticaPietrobom & Sanjuan 6093 Lellingetia suspensa (L.) A.R. Sm. & R.C. Moran EpífitaMMAmericanaPietrobom & Sanjuan 6095 Microgramma lycopodioides (L.) Copei. EpífitaSB/MMAmericanaPietrobom et al. 112>A Microgramma reptans (Cav.) A.R. Sm. EpífitaSB/MMAmericanaPietrobom & Sanjuan 6077 Microgramma thurnii (Baker) R.M. Tryon EpífitaSBSul-AmericanaPietrobom et al 6252 Serpocaulon triseriale (Sw.) A.R. Sm. EpífitaMMAmericanaPietrobom 8259 PTERÍDACEAE Adiantum glaucescens Klotzsch TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom 5969 * Adiantum paraense Hieron. TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom et al. 6257 Adiantum tomentosum Klotzsch * TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom & Sanjuan 6084 Anetium citrifoliuni (L.) Splitg. EpífitaSBAmericanaPietrobom & Sanjuan 6096 Hccistopterispunida (Spreng.) J. Sm. EpífitaSBAmericanaPietrobom & Sanjuan 6092 I Polytuenium guayanen.se (Hieron.) Alston EpífitaSBAmericanaPietrobom et al 6251 TECTARIACEAE Triplophyllian angustifolium Holttum * TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom & Sanjuan 6082 * M Triplophylluni dicksonioides (Fée) Holttum TerrestreSBSul-AmericanaPietrobom et al. 6253 ti u I I M Triplophyllunifunestum (Kunze) Holttum TerrestreSBAmericanaPietrobom 5981 3 u 8" j, 3 M Triplophyllutn hirsutuni (Holttum) J. Prado & R.C. Moran TerrestreSBAmericanaPietrobom & Sanjuan 6072 O Samambaias e licófitas do Parque Ecológico do Gunma. Pará 229 Tabela 2 - Lista de inventários de samambaias e licófitas realizados no estado do Pará. N° Esp. - número de espécies; habitat: T - Terrestre, E - Epífita, H - Hemiepífita, R - Rupícola, A - Aquática flutuante. Table 2 - List of ferns and lycophytes inventories conducted in state of Pará. N° Esp. - number of species; habitat: T - Terrestrial, E - Epiphytic, H - Hemiepiphytic, R - Lithophyte, A - Floating aquatic.

Área inventariadaMunicípio Tamanho N°Esp.HabitatReferência 7E H 5A Parque Ecológico do Gunma Santa Bárbara 540 ha562330 3 Neste estudo do Pará Ilha de MosqueiroBelém22.000 ha 703933 4 Costa & Pietrobom 2007 Restingas da APAMaracanã 2.378 ha 102 - Costa 2009 Algodoal-Maiandeua IlhadoCombuBelém1.500ha 261015 2 Ferreira et ai. 2009 Parque Ambiental de Belém Belém1.340 ha 492720 4 Costa et ai. 2006 Bosque Rodrigues AlvesBelém15 ha391721 - Maciel et ai. 2007 Área de Pesquisas Ecológicas Belém12 ha392016 3 Rodrigues et ai. 2004 do Guamá

gêneros e 13 famílias (Tab. 1). Trata-se da segunda relacionada ao fato de, em geral, samambaias e licófitas área com maior riqueza de espécies na região serem pouco tolerante à potenciais condições de metropolitana de Belém, sendo neste aspecto inferior déficit hídrico (Holttum 1967), assim, ambientes apenas à Ilha de Mosqueiro (Tab. 2), área distrital do florestais, como é o caso do PEG, apresentam uma maior município de Belém, onde foram registradas 70 riqueza de espécies do que as formações não-florestais, espécies (Costa & Pietrobom 2007). Ainda assim, a como as restingas. riqueza de espécies do Parque pode ser considerada São citados dois novos registros, Lellingeria significativa, uma vez que Mosqueiro possui uma suspensa para o estado do Pará e Polyphlebium maior variabilidade de ambientes e área 40 vezes maior diaphanum para a Região Norte (Amazônia que a do PEG (Tab. 2). brasileira). Era esperado que estas espécies O número de espécies registradas no parque foi ocorressem no Pará, pois Lellingeria suspensa está maior do que em outras quatro áreas inventariadas em amplamente distribuída nos países ao Norte da Belém (Tab. 2): a Área de Pesquisas Ecológicas do América do Sul e no Brasil, ocorre no Amapá, Bahia, Guamá (Rodrigues et ai. 2004) e o Bosque Rodrigues Espírito Santo e São Paulo (Labiak & Prado 2005). Alves - Jardim Botânico da Amazônia (Maciel et ai. Polyphlebium diaphanum também ocorre nos países 2007), nas quais a menor quantidade de espécies se amazônicos (Smith 1995; Pacheco 1995) e no Brasil deve provavelmente ao tamanho reduzido de suas era citada para as Regiões Sudeste e Sul, em Minas respectivas áreas, que são pelo menos 35 vezes menores Gerais (Figueiredo & Salino 2005), São Paulo (Salino 1996) Paraná que a do PEG; o Parque Ambiental de Belém (Costa et e (Schwartsburd & Labiak 2007). ai. 2006), onde a menor riqueza de espécies deve estar A flora fanerogâmica do PEG apresentou associada ao seu maior grau de alteração antrópica, espécies consideradas raras por não apresentarem visto que o PEG, por estar mais distante do centro mais populações naturais em outras áreas da RM- urbano, vem sofrendo menos com a pressão humana e Belém (Almeida etal. 2003). O mesmo foi observado possui uma vegetação mais conservada; e a Ilha do em relação a algumas espécies de samambaias, como Combu (Ferreira ei ai. 2009), cuja pequena Hymenophyllum abruptum que possui somente um representatividade de espécies se atribui ao ambiente registro de ocorrência no Pará referido há mais de de várzea que constitui a totalidade de seu território, 30 anos por Tryon & Conant (1975). enquanto no PEG ocorre uma maior variedade de üpos Outro aspecto que demonstra a importância do vegetacionais. A riqueza específica do parque foi maior parque para a conservação da flora de samambaias e também que a registrada nas restingas da APA licófitas da região é o fato de que, do total de espécies Algodoal-Maiandeua, município de Maracanã/PA registradas, 17 espécies ainda não tinham sido (Costa 2009) (tab. 2). Esta constatação pode estar coletadas em áreas protegidas da RM-Belém (Tab. 1).

Rodriguésia 61 (2): 223-232. 2010 230 Costa. J.M. & Pietrobom. M.R. Entre estas espécies estão Elaphoglossum obovatum. Prado 2005), várzea (Ferreira et ai 2009) e em algumas E. styriacum, Trichomanes trollii, Salpichlaena áreas de terra firme (Maciel etal. 2007). Em áreas mais hookeriana e Triplophyllum angustifolium, citadas extensas nas quais a floresta de terra firme é o tipo há pouco tempo como novos registros para o estado predominante de vegetação, enquanto igapós e do Pará (Costa & Pietrobom 2007). várzeas ocupam áreas menores, foram as espécies As famílias mais representativas foram terrestres que estiveram em maior número (Costa et Hymenophyllaceae (15 spp.), Dryopteridaceae (8 ai. 2006; Costa & Pietrobom 2007). tabela 2. A elevada spp.), Polypodiaceae (7 spp.) e Pteridaceae (6 spp.), riqueza de espécies epífitas registrada no Parque está em conformidade com os dados obtidos nas demais relacionada às famílias mais representativas, uma vez áreas inventariadas de Belém (Rodrigues et ai. 2004; que Polypodiaceae. representada exclusivamente por Costa et ai. 2006; Maciel et ai. 2007; Costa & samambaias epífitas, e Hymenophyllaceae, Pietrobom 2007). Em trabalhos fiorísticos realizados Dryopteridaceae e Pteridaceae, com pelo menos no estado do Amazonas estas famílias também são metade de suas espécies crescendo em habitat as mais ricas, como na Reserva Ducke (Hopkins epifítico. apresentaram mais de 80% das espécies 2005) e na Reserva Biológica de Uatumã (Zuquim epífitas registradas no PEG. Contudo, a et ai. 2008), ambas em Manaus, e nas florestas representatividade de samambaias nesse tipo de inundáveis do alto Rio Negro, em Santa Isabel do habitat deve ainda estar subestimada, pois até o Rio Negro (Freitas & Prado 2005). momento não foi usada uma metodologia direcionada No PEG, Hymenophyllaceae apresentou a à amostragem de epífitas ocorrentes em dossel. maior riqueza específica já registrada em relação aos As espécies ocorrentes na área encontravam- outros inventários locais feitos na Amazônia brasileira se associadas à floresta e distribuídas ao longo de (Edwards 1998; Rodrigues et ai. 2004; Freitas & Prado três ambientes reconhecidos como clareiras, 2005; Hopkins 2005; Costa et ai. 2006: Maciel et ai. margem das matas e sub-bosque. Foi no sub-bosque 2007; Costa & Pietrobom 2007: Zuquim et ai. 2008; que se registrou o maior número de espécies (50 Ferreira et ai. 2009; Costa 2009), sendo que das 18 spp.). das quais 35 ocorreram exclusivamente nesse espécies desta família registradas em Belém somente ambiente, enquanto nas clareiras e margens das três não foram coletadas no Parque, Vandenboschia matas não ocorreram mais que cinco espécies repens Schott ex J.W. Sturm, Trichomanes vittaria exclusivas (Tab. 1). A preferência destas plantas DC. ex Poir. (Rodrigues etal. 2004) e Didymoglossum pelo interior das matas (sub-bosques) em detrimento krausii (Hook. & Grev.) C. Presl (Maciel et ai. 2007; a outros ambientes associados ou não às Ferreira et ai. 2009). O gênero mais representativo foi formações florestais foi constatada por todos os Trichomanes L. com sete espécies (Tab. 1). A elevada demais estudos feitos na região metropolitana de riqueza específica de Dryopteridaceae está Belém (Rodrigues et ai. 2004; Costa et ai. 2006: relacionada à elevada quantidade de espécies de Maciel etal. 2007; Costa & Pietrobom 2007). Elaphoglossum Schott. ex J. Sm. (6 spp.), o segundo A maioria das espécies registradas no parque gênero mais representativo (Tab. 1), sendo composto apresenta distribuição americana (34 spp.), pelas mesmas espécies referidas para a Ilha de representando o dobro de espécies sul-americanas (17 Mosqueiro (Costa & Pietrobom 2007). spp.). Entretanto, entre as espécies consideradas Na área inventariada, foram coletadas três americanas, algumas têm uma distribuição restrita à espécies arborescentes, Cyathea cyatheoides, C América do Sul e Trinidad: Cyathea surinamensis. microdonta e C. surinamensis. Assim, das quatro Elaphoglossum flaccidum (que ocorre também em espécies registradas com esse hábito nos Tobago). Didymoglossum pinnatinervittm. remanescentes florestais de Belém, somente C Trichomanes accedens. T. arbuscula. T. pedicellaitim pungens (Willd.) Domin (Costa & Pietrobom 2007) c Danaca simplicifolia. Poucas espécies ocorrem cm não ocorre no PEG. Apenas uma espécie trepadeira outros continentes, sendo duas circum-antárticas foi coletada no Parque, Salpichlaena hookeriana. (Lycopodiella cernua e Hymenophyllwnpolyanthos l. a qual, segundo Costa & Pietrobom (2007), duas pacíficas (Blechnum serrulatum e Nephrolepis apresenta pouca tolerância a alterações ambientais. hirsútula) c uma atlântica (Coclilidiitm serrulatum). Quanto ao habitat das espécies coletadas no Com os resultados obtidos, pode-se afirmar PEG, 30 são epífitas, 23 são terrestres e três são que o Parque Ecológico do Gunma mesmo localizado hemiepífitas (Tab. 1). O predomínio de espécies epítitas numa área de grande pressão antrópica, constitui em relação às terrestres (Tab. 2) foi constatado também uma área floristicamente importante, não só em em florestas de igapó (Rodrigues et ai. 2004; Freitas & relação à já conhecida flora fanerogâmica. mas agora

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também no que tange à flora de plantas vasculares do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais sem sementes da região metropolitana de Belém e 2: 45-56. do estado do Pará. Essa importância é evidenciada Costa, J.M.; Souza, M.G.C. & Pietrobom, M.R. 2006. Levantamento florístico das (Lycophyta pela grande riqueza de espécies, entre as quais pteridófitas e Monilophyta) do Parque Ambiental de Belém algumas são raras, como Hymenophyllum abruptum. (Belém, Pará, Brasil). Revista de Biologia registrada última vez no Pará e talvez no Brasil, pela Neotropical 3: 4-12. há mais de 30 anos. Pode ser mencionada também a Ebihara, A.; Dubuisson, J-Y.; Iwatsuki, K.; Hennequin, ocorrência de dois novos registros, um o estado para S. & Ito, M. 2006. A taxonomic revisión of a Região Norte - (Lellingeria suspensa) e um para Hymenophyllaceae. Blumea 51: 221-280. diaphanum), Amazônia brasileira (Polyphlebium Edwards, P.J. 1998. 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Pteridófitas de quatro o auxílio no trabalho de campo, Sanjuan de Medeiros reservas particulares do patrimônio natural ao sul motivo pelo qual também se deve agradecer aos alunos da região metropolitana de Belo Horizonte, Minas que cursaram a disciplina Taxonomia de Pteridófitas Gerais, Brasil. Lundiana 6: 83-94. ofertada pelo curso de Mestrado em Botânica do Freitas, C.A.A. & Prado, J. 2005. Lista anotada das MPEG; ao Biólogo Luiz Armando de Araújo Góes Neto pteridófitas de florestas inundáveis do alto Rio a elaboração do Abstract; e aos revisores e editores as Negro, município de Santa Isabel do Rio Negro, AM, Brasil. Acta Botânica Brasilica importantes sugestões para a melhoria deste artigo. 19: 399-403. Holmgren, P.K.; Holmgren, N.H. & Banett, L.G. 1990. Referências Index Herbariorum. Part 1: The herbaria ofthe world. 8ed. Memoirs of the New York Botanical Garden, Almeida, S.S.; Amaral, D.D. & Silva, A.S.L. 2003. Projeto: New York. 452p. 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Rodriguésia 61(2): 223-232. 2010 232 Cosia. J.M. & Pietrobom. M.R.

Jardim Botânico da Amazônia, município de Belém, Schwartsburd. P.B. & Labiak, P.H. 2007. Pteridófitas estado do Pará, Brasil. Boletim do Museu Paraense do Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Emílio Goeldi, Ciências Naturais 2: 69-83. Paraná, Brasil. Hoehnea 34: 159-209. Mickel, J.T. & Smith, A.R. 2004. The Pteridophytes of Smith, A.R. 1986. Revision ofthe Neotropical fern genus México. Memoirs of the New York Botanical Cyclodiuin. American Fern Journal 76: 56-98. Garden 88: 1-1070. Smith, A.R. 1995. Hymenophyllaceae. In: Berry, P.E.; Moran, R.C. 2000. Monograph ofthe Neotropical species Holst, B.K. & Yatskievych, K. (eds.). Pteridophytes, of Lomariopsis (Lomariopsidaceae). Brittonia 52: spermatophytes: Acanthaceae-Araceae. In: 55-111. Steyermark, J.S.; Berry, P.E. & Holst, B.K. (eds.). Moran, R.C. 2008. Diversity, biogeography, and floristics. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 2. Missouri In: Ranker, T.A. & Haufler, CH. (eds.). Biology and Botanical Garden. Timber Press. Pp. 159-185. evolution of ferns and lycophytes. Cambridge Smith, AR.; Pryer, K.M.: Schuettpelz, E.; Korall, P; University Press, New York. Pp. 367-394. Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification Moran, R.C. & Riba, R. 1995. Psilotaceae a Salviniaceae. for extant ferns. Taxon 55: 705-731. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Knapp, S. (ed.). Flora SUDAM. 1984. Atlas de climatologia da Amazônia mesoamericana. Uni versidad Nacional Autônoma de brasileira. Publicação 39. Belém. 125p. México, Ciudad de México. Vol. 1. Pp. 1-470. Sylvestre, L.S. 2001. Revisão taxonômica das espécies Moran, R.C. & Smith, A.R. 2001. Phytogeographic de Aspleniaceae A.B. Frank ocorrentes no Brasil. relationships between neotropical and African- Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, Sâo Madagascar pteridophytes. Brittonia 53: 304-351. Paulo. 57lp. Pacheco, L. 1995. Hymenophyllaceae. In: Moran, R.C. Tryon, R.M. & Conant, A.S. 1975. The ferns of Brazilian & Riba, R. (ed.). Psilotaceae a Salviniaceae. In: Amazônica. Acta Amazônica 5: 23-34. Davidse, G.; Sousa, M. & Knapp, S. (ed.). Flora Tryon, R.M. & Stolze, R.G. 1989a. Pteridophyta of mesoamericana. Universidad Nacional Autônoma de Peru. Part. I. 1. Ophioglossaceae - 12.Cyatheaceae. México, Ciudad de México. Vol. 1. Pp. 62-83. Fieldiana Botany, new series 20: 1-145. Parris, B.S. 2001. Circum-Antarctic continental Tryon, R.M. & Stolze, R.G. 1989b. Pteridophyta of distribution patterns in pteridophyte species. Peru. Part. II. 13. Pteridaceae -15. Dennstaedtiaceae. Brittonia 53: 270-283. Fieldiana Botany. new series 22: 1-128. Pichi-Sermolli, R.E.G. 1996. Authors ofscientifc names Tryon, R.M. & Stolze, R.G. 1991. Pteridophyta of Peru. in Pteridophyta. Royal Botanical Garden. Kew. 78p. Part. IV. 17. Dryopteridaceae. Fieldiana Botany, Prado, J. 2005. Flora da Reserva Ducke, Amazonas, new series 27: 1-176. Brasil: Pteridophyta - Lomariopsidaceae. Tryon, R.M. & Stolze, R.G. 1994. Pteridophyta of Peru. Rodriguesia 56: 59-66. Part. VI. 22. Marsileaceae - 28. Isoetaceae. Fieldiana Prado, J. & Labiak, P. H. 2005. Flora da Reserva Ducke. Botany, new series 34: 1-123. Amazonas. Brasil: Pteridophyta - Vittariaceae. Windisch. P.G. 1978. Sphaeropteris (Cyatheaceae). The Rodriguesia 56: 108-113. systematies of the group of Sphaeropteris hirsuta. Prado, J. & Moran, R.C. 2008. Revision of the Memoire ofthe New York Botanical Garden 29:2-22. neotropical species of Triplophyllum (Tectariaceae). Windisch. P.G. 1992. Pteridófitas da região norte- Brittonia 60: 103-130. ocidental do estado de Sâo Paulo: guia para Prado. J. & Moran, R.C. 2009. Checklist ofthe ferns and excursões. 2ed. UNESP, São José do Rio Preto. I lOp. lycophytes of Acre State, Brazil. Fern Gazette 18: Windisch. P.G. 1996a. Towards assaying biodiversity 230-263. in Brazilian pteridophytes. In: Bicudo, C.E.M. & RADAMBRASIL. 1974. Folha AS. 22 - Belém: geologia, Menezes, N.A. Biodiversity in Brazil: a first geomorfologia, solos, vegetação e uso potencial da approach. CNPq. São Paulo. Pp. 109-117. terra. Levantamento de Recursos Naturais. Vol. 5. Windisch. P.G. 1996b. Pteridófitas do estado de Mato DNPM, Rio de Janeiro. Grosso: Hymenophyllaceae. 6: 400-423. Rodrigues, S.T.; Almeida, S.S.; Andrade, L.H.C; Barros, Videira. M.L. 2007. A biodiversidade do Parque I.C.L. & Berg, M.E. van den. 2004. Composição Ecológico do Gunma. In: Silva, L.G.S & Silva, florística e abundância de pteridófitas em três M.G.S. Caderno de Pesquisa e Educação Ambiental. ambientes da bacia do rio Guamá, Belém, Pará, MCT/MPEG, Belém. Pp. 9-16. Brasil. Acta Amazônica 34: 35-42. Zuquim, G.; Costa. F.R.C.; Prado, J. & Tuomisto, H. Salino. A. 1996. Levantamento das pteridófitas da Serra 2008. Guia de samambaias e licófitas da REBIO do Cuscuzeiro. Analândia. SP, Brasil. Revista Uatumã. Amazônia Central. Design Ed., Manaus. Brasileira de Botânica 19: 173-178. 316p.

Artigo recebido em 29/05/2009. Aceito para publicação em 24/02/2010.

Rodriguesia 61(2): 223-232. 2010 Rodriguesia 61(2): 233-241. 2010 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Additions to the genus Lessingianthus (Asteraceae, Vernonieae) from South America Adições ao gênero Lessingianthus (Asteraceae, Vernonieae) da América do Sul

Massimiliano Dematteis1 & Maria Betiana Angulo1

Abstract Two new species of Lessingianthus (Asteraceae: Vernonieae) are described and illustrated. One of these, L.foliosus Dematt., bears a resemblance to L. vepretorum, but can be separated from it by its linear leaves, that are lanate on the abaxial surface, and by its shorter internodes. The other new species, L. lapinhensis Dematt., can be easily separated from L. brevijolius and other taxa of the genus by the combination of stems 8-18 cm tall, glabrous linear leaves and campanulate involucres. Thirteen other taxa previously described as Vernonia are transferred to the genus Lessingianthus and two lectotypes are designated here. Key words: Compositae, new combinations, new species, Vernonia. Resumo Duas novas espécies de Lessingianthus (Asteraceae: Vernonieae) são descritas e ilustradas. Uma dessas espécies, L. foliosus Dematt., apresenta semelhança com L. vepretorum, mas diferencia-se dela pelas folhas lineares, lanosas na face abaxial e pelos entrenós mais curtos. A outra espécie, L. lapinhensis Dematt., pode ser distinguida facilmente de L. brevijolius e outros taxons do gênero pela combinação de caule 8-18 cm compr.. folhas lineares, glabras e invólucro campanulado. Outros treze taxons descritos como Vernonia são transferidos para o gênero Lessingianthus e dois lectótipos são aqui designados. Palavras-chave: Compositae, novas combinações, novas espécies, Vernonia.

Introduction (Robinson 1999). The genus is distinguished also by the surface morphology The genus Lessingianthus H. Rob. of the pollen grains and was initially established to the basic chromosome number. The pollen (Robinson 1988) "B" grains recognize the species originally arranged under have been called type by Keeley & Jones (1979) Vernonia Schreb. sect. Lepidaploa (Cass.) DC. and they are tricolporate, echinolophate, with a series Macrocephalae Benth. & Hook. (Bentham discontinuous tectum, very long germinal furrows & Hooker 1873). It is widely distributed in South that converge at the poles and lacunae distributed America, including Venezuela, Colômbia, Peru, in a regular pattern but lacking a polar lacuna Brazil, Bolívia, Paraguay, Argentina and Uruguay (Dematteis & Pire 2008). The basic chromosome (Robinson 2007). Almost ali the species are number of the genus is x=16, differing from the majority of the American Vernonieae perennial herbs, with médium or large-sized capitula with a base and seriate-cymose inflorescences (Robinson number of x=17 (Dematteis 2002). Following the segregation 1988). The genus comprises more than 120 species oi Lessingianthus that mostly occur in campo cerrado and campo (Robinson 1988), the only modification has been rupestre habitats (Bremer 1994). the transference of Lessingianthus subgên. Oligocephalus H. Rob. to the This group can be distinguished from the genus Chrysolaena remaining American members of the tribe by its H. Rob. (Dematteis 2007). Nevertheless, several eglandular anther appendages, lack of basal style species still included in Vernonia have not been examined and consequently their taxonomic node and quadrate raphids in the achene wall

1 Instituto de Botânica dei Nordeste (UNNE-CON1CET), Casilia de Com» 209.3400 Comentes. Argentina. [email protected] 234 Dematteis. M. & Angulo. M.B. position remains uncertain. In this paper, two new pedunculata, corymbosa. Corolla 8-9 mm longa, species are described and thirteen taxa previously lobis lanceolatis 3.1-3.5 mm longis. placed in Vernonia are transferred to Lessingianthus. Erect shrubs. 40-80 cm height. with xylopodia. Stems 1-3. simple, rounded. densely leafy at the Materials and Methods inflorescence, scarred on the lower portion, internodes \-A mm long. Leaves alterriate, ascending. sessile, This study was based on morphological coriaceous, discolorous: leaf blades linear. 15-25 mm analysis of specimens deposited at BA, BCN, BM, long, 2-A mm wide. entire. revolute at margins. apically BR, C, CTES, CESJ, ESA, F, FCQ. G, G-DC, HBR. acute, cuneate at base, above, lanate ICN, K, L, LIL, LP, LPB, MBM, MNES, NY, P, PACA, glabrous beneath. secondary veins R, S, SI, SP, SPF, UEC, US, USZ and W (Holmgren pinnatinervate, prominent above. Inflorescence terminal, corymbose, 3-6 cm et al. 1990). The terminology applied for the long, bearing 3-8 capitula; capitula discoid, solitary, description of the species in follows general densely lanate, 2-5(-8) mm Robinson (1988) and Dematteis (2007). The line pedunculate, peduncles long; inflorescence bracts leafy, longer than capitula. drawings were realized under camera lúcida with a Involucres campanulate, 7-9 mm high, 6-8 mm Leica MZ6 stereo microscope using herborized diameter; 4- or 5-seriate, imbricate, specimens. The abbreviations used for authors' names phyllaries appressed. inner lanceolate to are those recommended by Brummit & Powell (1992). yellowish. phyllaries ovate-lanceolate, mucronate, lanate to villous, 4-6 mm Journal abbreviations are from Botânico Periodicum long, 1.0-1.3 mm wide, outer ovate, acuminate, lanate Huntianum (Lawrence et al. 1968) and book toward apex, 1.5-3.5 mm long. 0.8-1.2 mm wide. Florets abbreviations are from the many volumes of Taxonomic 18-22 capitulum; corollas violet 8-9 mm Literature, edition 2 (Stafleu & Cowan 1976-1988). per glabrous, long, 1.8-2 mm diameter, lobes lanceolate, 3.1-3.5 mm Pollen samples were obtained by removing long; anthers basally calcarate, thecae 3.0-3.2 mm long, one or two florets from herbarium specimens ofthe apical appendages ovate, 0.5-0.6 mm long; style species. The were acetolysed pollen grains 10-11 mm long, branches linear, 2.5-3 mm long. according to the suggested by Erdtman procedure Cypselas obconical, ribbed. densely sericeous (1966). For light microscopy (LM) the samples pollen 2-2.5 mm long; biseriate, were mounted in on slides and pubescent, pappus glycerine-jelly glass inner bristles 5.5-6 mm long, outer scales then examined with a Zeiss Axioplan microscope. grayish, lanceolate, fimbriate, 0.6-0.8 mm long. Pollen Permanent slides were deposited at the grains spheroidal, tricolporate, echinolophate. 55.76-66.64 Palynological Laboratory of the Universidad um diameter, spines 2.1-4.0 um long and lacunae Nacional dei Nordeste (PAL-CTES). Forscanning 10.80-16.32 um diameter (type "B"). electron microscopy acetolysed (SEM), pollen This taxon was initially determined as a new were firstly washed in 96° alcohol and absolute grains species by Glaziou in herbarium specimens alcohol, next sputtered with and then gold-palladium deposited at P, but it remained unknown until the observed in a JEOL 5800 LV scanning electron author published (posthumously) the Pluntae microscope. The terminology applied for pollen grain Brasiliae centralis a Glaziou lectae (Glaziou in follows Keeley & Jones description general (1979). 1909-1910). In this article. the author listed ali the species of Asteraceae from central Brazil. including Results also Vernonia paulensis. This name was also Lessingianthus foliosus Dematt.. sp. nov. Type: included in the Supplement IV of Index Kewensis BRAZIL. SÃO PAULO: Campos da Bocaina. (Prain 1913). but the name was published without 7.1.1876, fl. e fr., A.F.M. Glaziou 8133 (holotype P a validating description, according to the 00372495; isotypes G, P 00372496, photo F 37338). International Code of Nomenclature (McNeil et Fig. 1,3a al. 2006). A detailed examination ofthe specimens Vernonia paulensis Glaz., Buli. Soe. Bot. collected by Glaziou showed that they constitute France 56, Mém. 3d: 370. 1909, nom. nud. a hitherto undescribed species belonging to the Lessingiantho vepretoro (Mart. ex DC.) H.Rob. genus Lessingianthus. affinis sedfoliis linearibus subtus lanatis et intcrnodiis The new species bears a resemblance to brevioribus.Sidjrutexerectus 40-80 cm altus,caulibiis Lessingianthus vepretorum (Mart. f.vDC.) H. Rob., rotundatis, dense foliatis. Folia linearia, 15-25 mm but can be separated by its 18-22 florets per capitulum longa, coriácea, discoloria. Capitula 3-8, (vs. 25-30 in L vepretorum). peduncles 2-5 mm

Rodriguésia 61(21:233-241.2010 Additions to Lessingianthus (Asteraceae) 235

- Figure 1 - a-1. Lessingianthus foliosus Dematt. a. plant; b. detail of the leaves; c. capitulum; d. corolla showing anthers and style; e. corolla lobe apex; f-h. outer phyllaries; i-j. middle phyllaries; k-1. inner phyllaries. (a-1 Glaziou 8133).

Rodriguésia 61 (2): 233-241 2010 236 Dematteis. M. & Angulo. M.B. long (vs. 5-15 mm), linear (vs. lanceolate to oblong- The new species appears to be closely lanceolate) leaves, lanate (vs. incanous orgrayish- related to Lessingianthus brevifolius (Less.) H. white) on the abaxial surface and internodes l^lmm Rob. by the shape and distribution of the leaves, (vs. 20-50) long. The name refers to the leaves but it differs mainly in having hemispherical density of the new species. involucres, leaves lanate on the abaxial surface. 40-50 florets per capitulum and corollas 14-15 mm Lessingianthus lapinhensis Dematt., sp. nov. Type: long, amongst others features. It is only known BRAZIL. MINAS GERAIS: Santana do Riacho, from southwestern Minas Gerais in the Serra do Serra da Lapinha, maciço NW da Serra do Cipó, Cipó. It grows on the campo rupestre habitats. próximo da localidade da Lapinha. a ca. 50 km da which possesses rocky and sandy soils occupied rodovia Belo Horizonte-Conceição do Mato Dentro, by shrubby savannas and grasslands. In Brazil. em solo arenoso-pedregoso, encharcado, 1300 m this habitat is especially represented in the Serra alt., 27.111.1991, fl. e fr., J.R. Pirani, A.M. Giulietti, do Espinhaço and associated ranges in Minas N.L Menezes, M. Seguro, J.V. CoffaniNunes, F.A. Gerais, the Chapada Diamantina in Bahia, and Vitta & L Parra-Lazzari 12129 (holotype SPF; the Serra Geral in Goiás (Oliviera-Filho & Ratter isotypeCTES).Fig. 2,3b. 2002). Haec species Lessingiantho brevifolio (Less.) H.Rob. similis sed foliis glabratis, involucris Lessingianthus constrictus (Matzenb. & Mafiol.) angustioribus et corollis brevioribus differt. Herba Dematt., comb. nov. Vernonia constricta Matzenb. erecta 8-18 cm alta, caulibus simplicibus & Mafiol., Napaea 10:19.1994. Type: BRAZIL. RIO rotundatis dense foliatis. Folia linearia, 8-16 mm GRANDE DO SUL: Capão da Canoa, 10.1.1982, fl. e longa, 5-8 mm lata, utrinque glabrata. Capitula fr., N.l. Matzenbacher 823 (holotype ICN). solitária, campanulata ad inflorescentiam Additional specimens examined: BRAZIL. RIO cymosam 2-5-cephala disposita. Corolla 10-11 GRANDE DO SUL: Ozono, XII. 1953, fl.. /, Vidal IV- mm longa, lobis lanceolatis, 3.2-3.6 mm longis. 616 (R); Panambi, Granja L.I. Doth, 1.IV.1972, fl., B. Irgang 9805 Perennial herbs, 8-18 cm height, with small (CTES); Torres, BR-101, Campo Bonito. 10.11.1983, fl. e fr.. A. Krapovickas & CL Cristóbal xylopodia. Stems 2 or 3, rounded. 1-1.5 glabrous, 38510 (C. CTES, G); 4 km S dei acceso a Torres, BR- mm in diameter, densely leafy to inflorescence, 101, 31.1.1994, fl.. A. Krapovickas & CL Cristóbal scarred in lower portion, internodes 0.5-0.8 mm 44722 (CTES, G); Estrada do Mar. em frente à Barraca long. Leaves alternate, dense, ascending, do Gaúcho. 22X2005, fl.. V.C. Souza & V.F. Kinupp coriaceous, aciculiform, 8-16 mm long, 0.5-1 mm 30570 (ESA). wide; leaf blades narrowly linear, entire, margins Among the species ofthe genus. it seems to revolute, apically acute, basally cuneate, glabrous, be closely related to L glabratus (Less.) H. Rob.. 1-veined. Capitula pedunculate, solitary at stem from which it can be distinguished by the capitulum apex or in a lax corymb, bearing 2-5 capitula: size and the phyllary shape. Lessingianthus involucre campanulate, notably shorter than capitula. constrictus possesses larger capitula and the 8-9 mm high, 11-13 mm diameter: phyllaries phyllaries are notably caudate at the apex. appressed, yellow-brownish, 5- or6-seriate. inner linear-lanceolate, acute, glabrous or laxly lanate lessingianthus correntinus (Cabrera & Cristób.) towards apex, 8-10 mm long, 1.5-1.7 mm wide, outer Dematt.. comb. nov. Vernonia correntina Cabrera phyllaries triangular to oblong, acuminate, & Cristóbal. Hickenia 1(24): 129. 1978. Type: completely lanate, 3-5 mm long, 0.6-1 mm wide. ARGENTINA. CORRIENTES: Dept. Curuzú Cuatiá Florets 20-25; corollas purple, glabrous, 10-11 mm Ruta 14,8 km N de Curuzú Cuatiá, 8.1.1977, fl. e fr.. long, 2.5-3 mm diameter, lobes linear-lanceolate, A. Schinini & O. Ahumada 13895 (holotype CTES; 3.2-3.6 mm long; anthers 4.2^4.5 mm long, basally isotypesCTES.LP.US). caudate, apical appendage ovate, 0.4-0.5 mm long; This species is only known from the type styles 11-12 mm long, branches linear, pilose, 2.2- locality in the southeast of Corrientes, Argentina. 2.5 mm long. Cypselas densely sericeous- It appears to be related to Lessingianthus pubescent, 2-2.5 mm long; pappus biseriate, inner macrocephalus (Less.) H. Rob.. from southem Brazil bristles setaceous, 9-10 mm long, outer scales and Uruguay, that possesses seriate-cymose linear, 1.5-1.8 mm long. Pollen grains tricolporate. inflorescences (vs. corymbose) and scariose (vs. "B"). echinolophate, 47-50 um diameter (type leafy) phyllaries.

Rodriguésia 61 (2): 233-24 1. 2010 Additions to Lessingianthus (Asteraceae) 237

"•- Sd tóJe \áílf ^g ^h**'

- Figure 2 - a-k. Lessingianthus lapinhensis Dematt. a. plant; b. detail of the leaves; c. capitulum; d-e. outer phyllaries; anthers and style; k. apex of the corolla lobe. Pirani f-g. middle phyllaries; h-i. inner phyllaries; j. corolla showing (a-k 12129).

Rodriguésia 61(21:233-241.2010 238 Dematteis, M. & Angulo. M.B.

Lessingianthus hystricosus (Cabrera & Dematt.) Terán, J. Antbarro & M. Serrano 550 (CTES, LPB). Dematt., comb. nov. Vernonia hystricosa Cabrera SANTA CRUZ: Auf Bergtriften der Cuesta de los & Dematt., Candollea 54: 103. 1999. Type: Monos, III.1911, fl.. Th. Herzog 1698 (L, LP); Prov. PARAGUAY. CORDILLERA: Tobaty, orillas dei Cordillera. 3 km NE of Abra de Quine, 3 l.XII. 1995, fl., M. Nee 46655 Prov. Vallegrande, camino, 22.111.1975, fl. e fr., A. Schinini 10908 (USZ); Comunidad de Chapas, 18°32,5'S 63057,5'W, 26.XII.1993. fl., IG. (holotype CTES; isotypes F, G, SI). Vargas 3070 (CTES, USZ); Sabucal, 13,6 km de El Trigal. Additional specimens examined: PARAGUAY. 4.II.1994, fl., C. Saravia Toledo 12309 (CTES). AMAMBAY: 34 km al sur de Bella Vista, 13.111.1996. Jones (1982) considered this species a fl., A. Schinini, S. Ferrucci & A.M. Gonzalez 30446 (CTES, subspecies SI). CENTRAL: Asunción, 11.1920, fl., C. Spegazzini of Vernonia asteriflora. However, both taxa 10805 (LP); 13.111.1937, fl. e fr., / West 8511 (SI). have strong morphological differences and PRESIDENTE HAYES: Estância Salazar, 12.11.1993, fl. different geographic distribution. Lessingianthus e fr., L Pérez 2886 (CTES, SI). SAN PEDRO: Colônia kuntzei is distributed in southern Bolívia, between Primavera, 12.II.1956,fl.efr.,A. Woolston 133a(LP,S\). 1400 and 3500 m, while L asteriflorus grows in eastem This species resembles some specimens of Paraguay and southern Brazil. The first taxon has Lessingianthus glabratus, that occasionally have lanceolate leaves, glabrous above and acute at the latter species has oblanceolate leaves. However, the apex, while L. asteriflorus possesses oblanceolate 35^40 florets per capitulum and mostly glabrous leaves, to obovate leaves, lanate above and apically obtuse. while L hystricosus has 20-30 florets per capitulum, the leaf blades hirsute above and densely pubescent Lessingianthus lanatus (Cabrera) Dematt., comb. below. It is widely distributed in eastem Paraguay, nov. Vernonia glabrata Less. var. lanata Chodat, growing on the cerrado and campo habitats. Buli. Herb. Boissiersér. 2,2(3): 304.1902. Vernonia lanata (Chodat) Cabrera, Hickenia 2(35): 155.1995. Lessingianthus intermedius (DC.) Dematt., comb. Type: PARAGUAY. GUAIRÁ: Cerro Pelado près nov. Vernonia intermedia DC, Prodr. 5: 27. 1836. de Villa Rica. IV. 1876, fl. e fr., B. Balansa 774 Cacalia intermedia Kuntze, Revis. gen. pi. 2: 970. (holotype G). 1891. Type: BRAZIL. Rio Grande, F. Sellow s.n. Additional specimens examined: BRAZIL. PARANÁ: (holotype P; isotype G-DC). Piraí do Sul. Joaquim Murtinho. 21 .III. 1968, fl. e fr., G. Additional specimens examined: BRAZIL. RIO Hatschbach 18797 (MBM). PARAGUAY. CAAGUAZÚ: GRANDE DO SUL: ad fl. Caí, pr. Porto Alegre, 27.IV. 1949, km S de Diú, 10.111.2002, fl. e fr., A. Schinini. M. Dematteis. fl. e fr., B. Rambo 41258(PACA); Grande, 1833, fl. e fr., R. Dure & M. Quintcma 36144 (CTES, PY). CORDILLERA: C. Gaudichaud s.n. (P); Porto Alegre, Montserrat, 1944, Itacurubí. III. 1969, fl., A. Schinini 2632 (G, CTES). fl.. B. Rambo 28930 (PACA); Uruguaiana, estrada Plano GUAIRÁ: Estância J.C, Independência, 13.11.1987. fl., Alto-João Arregue, após o rio Epané, 3.XII.1994, fl., G. Schmeda 840 (CTES). ITAPÚA: Encamación, III.1944, J.R. Stehmann 1576 (UEC). fl..L Jiménez 11091 (LP). PARAGUARÍ: In valle fluminis It is one member of the Lessingianthus Y-acá, in campis montanis. XII. 1900, fl. e fr., E. Hassler plantaginoides (Less.) H. Rob. complex that can 6867 (BM, G, K). be distinguished by the corymbose inflorescence This species resembles Lessingianthus and largely pedunculate capitula. Its most closely niederleinii (Hieron.) H. Rob. with similar capitulum shape and inflorescence related taxon is L plantaginoides, which possesses pattern, but it differs in the seriate-cymose inflorescences and sessile capitula. shape. distribution and size ofthe leaves, in addition to the plant being taller than the other species. Lessingianthus kuntzei (Hieron.) Dematt., comb. nov. Vernonia kuntzei Hieron., Bot. Jahrb. Syst. 22(4- Lessingianthus laniferus (Cristobal & Dematt.) M. 5): 678.1897. Cacalia kuntzei Kuntze, Revis. gen. pi. B. Angulo, comb. nov. Vernonia lanifera Cristobal 3:138.1898. VernoniaasterifloraMart.«DC.subsp. Dematt.. Darwiniana 40(1-4): 51. 2002. Type: kuntzei (Hieron.) S. B. Jones, Brittonia 34(1): 110. ARGENTINA. MISIONES: Dept. San Javier, Ayo. 1982. Type: BOLÍVIA. Sierra de Santa Cruz, 3000 m Portera, 10 km E de San Javier, 21.1.1976, fl.efr., A. alt., V. 1892, fl., O. Kuntze s.n. (Lectotype. designated Krapovickas & CL Cristobal 2HH21 (holotype by Jones (1982) Bt, photo CTES; New Lectotype, CTES; isotypes C, G, MICH, MO, SI, UC). designated here NY 00274868). Additional specimens examined: ARGENTINA. Additional specimens examined: BOLÍVIA. MISIONES: Dept. Gral. Manuel Bclgrano, Campinas CHUQUISACA: Prov. B. Boeto, Comunidad Ovejeros, de America. 27.VIII.20O6. fl., H. Keller 3663 (CTES); 4 km al NE de la localidad de V. Serrano, 22.1.1994, fl../ Dept. Candelária. Loreto, 25.1.1945, fl. e fr., / E. Montes

Rodriguésia 61(21:233-241.2010 239 Additions to Lessingianthus (Asteraceae) 203 CORRIENTES: Dept. 523 (SI); Dept. San Ignacio, San Ignacio, 29.XII. 1946, fl., fl., A.G. Schulz (CTES). J.E. Montes 2378 (SI). CORRIENTES: Dept. Ituzaingó, Capital, Perichón, 18.XII. 1975, fl. e fr., A. Schinini & R. 15 km E de rata nacional 12, \\.11.197l.fl.,A. Krapovickas Martínez Crovetto 12247 (CTES). FORMOSA: Dept. Puente Sastre, 17.111.1948, fl., /. Morei5107 et ai. 18056b (BA, BAA, CTES, LP, TEX). BRAZIL. Pilcomayo, PARANÁ: Ponta Grossa, 10.1.1915, fl., P. Dusén 16299 (CTES). SANTIAGO DEL ESTERO: Dept. Gral. camino entre Bandera Cuatro Bocas, (S); Piraí do Sul, Serra de Fumas, 22.XII.2000. fl. e fr.,./. Taboada, y Carneiro 853 (CESJ, MBM). RIO GRANDE DO SUL: 25.R. 1973, fl. e fr., M. Elisetch 328 (CTES). PARAGUAY. Palmeira, 30.1.1952, fl.. B. Rambo 51958 (S); 25 km S de AMAMBAY: Bella Vista, Estância Apa-mí, 28.XII. 1996, Vacaria, BR-116, 29.1.1973, fl., A. Krapovickas, CL fl. e fr., J. Molero & R. Dure 1116 (BCN). BOQUERÓN: Cristóbal & V. Marunak 23016 (CTES). SANTA Colônia Fernhein, Estância Laguna Porá, 1.III. 1991, fl., CATARINA: Campo Eré, Fazenda Campo São Vicente, R. Vanni 2628 (CTES). CAAGUAZÚ: Arroyo Yukareí, 29.11.1964, fl.. R. M. Klein 5027 (HBR. LP); Campos 8.II. 1989, fl. e fr., E. Zardini & Velázquez 10803 (FCQ). Novos, 3 km West of Campos Novos, 9.II.1957, fl. e fr.. CENTRAL: Santa Trinidad, Asunción, 29.1.1946, fl. e LB. Smith & R.M. Klein 11151 (HBR). fr., G. W. Teague 661 (BM). PARAGUARI: In regione Cerros de Paraguarí, marginis silvis Lessingianthus laniferus belongs to the L. collium prope Paraguari, XII. 1900, fl. e fr., E. Hassler 6571 (BM, G, rubricaulis (Humb. & Bonpl.) H. Rob. complex, K, P, S, W). which possesses shortly seriate-cymose inflorescences, sessile capitula, 30-40 florets per Lessingianthus rigescens (Malme) Dematt., comb. capitulum and linear to linear-lanceolate leaves, nov. Vernonia rigescens Malme, Kongl. Svenska incanus to lanate beneath. However, L laniferus Vetensk.-Akad. Handl. 32(5): 27. 1899. Type: can be distinguished from the remaining taxa ofthe BRAZIL. MATO GROSSO: Santa Anna da by its lanate on the abaxial group pubescence Chapada, in cerrado minus denso, 7.III. 1894, fl., G. surface ofthe leaves (Dematteis 2004). O. Malme 1462 (holotype S). Additional specimens examined: BRAZIL. MATO (Dematt. & Cabrera) M.B. Lessingianthusprofusus GROSSO: Cuiabá, 1834, fl., P. Silva Manso 8 (BR); & Angulo, comb. nov. Vernonia profusa Dematt. Santa Anna da Chapada, 16.V. 1903, fl. e fr., G. O. Malme Cabrera. Candollea 54:105.1999. Type: PARAGUAY. s.n. (S); 17.V. 1903, fl., G. O. Malme s.n. (S); 8 km NE of AMAMBAY:alrededoresdePJ.Caballero. 13.111.19%, the base campo of the expedition, 12°54'S, 51°52'W, fl. e fr., A. Schinini, S. Ferrucci & A.M. González 9.IV.1968, fl. e fr., J. A. Ratter 916 (K). 30440 (holotype CTES; isotypes G, LP, TEX). Lessingianthus rigescens seems to be related Additional specimens examined: BRAZIL. MATO to L laevigatus (Mart. ex DC.) H. Rob., from which GROSSO: Chapada dos Guimarães, road from Buriti to it differs by the pilose corolla lobes and narrowly Água Fria. 17.111.1996, fl. e fr., B. Dubs 2097(S). MATO linear leaf blades, apically acute. The latter has do Grego, rio Aquidauana. GROSSO DO SUL: Ponte glabrous corolla lobes and linear-lanceolate leaves, CL. Cristóbal 31.1.1979. fl. e fr., A. Krapovickas & rounded to sub-obtuse at the apex. 34490 (CTES); Amambai, arredores da tribo Caiuá, 1979, fl. e fr., W.G. Garcia 13949 (UEC); rio Amambay, camino Lessingianthus sancti-pauli (Hieron.) Dematt., comb. Ponta Porá-Amambay, 23.11.1968, fl. e fr., A. Krapovickas nov. Vernonia sancti-pauli Hieron., Bot. Jahrb. Syst. et ai. 14143 (CTES). PARAGUAY. AMAMBAY: Parque Nacional Cerro Cora. III.1993. fl. e fr.. N. Soria 22(4-5): 687.1897. Type: BRAZIL. SÃO PAULO: s.l., - 6167 (FCQ). CORDILLERA: Cerro Tobatí, 28.1.1988, L Riedel 589 (holotype Bt photo CTES; lectotype, fl., E. Zardini & R. Degen 4285 (FCQ). designated here G; isolectotypes K, L). This taxon belongs to the Lessingianthus Additional specimens examined: BRAZIL. MINAS niederleinii complex, but it can be distinguished GERAIS: in campis ad Curvelho, III. 1835, fl., P. W. Lagoa Santa, by its ample inflorescence with its capitula Lunds.n. (C); fl. e fr., E. Warming 2669 (C, P). PARANÁ: Balsa Nova, Felipe de Cancela, 20.1.1992, between the leafy bracts (not axillary). positioned fl. e fr., /. M. Langohr 31 (MBM); Palmeira, BR-277, descida rio Capivara, 8.III. 1984, fl. e fr., G. Hatschbach (Dematt.) M. B. Angulo. Lessingianthus pusillus 47835 (CTES); II. 1985, fl. e fr., LT. Dombrowski 12955 Dematt.. Bonplandia comb. nov. Vernonia pusilla (MBM); Vila Velha, 29.IV. 1914, fl. e fr., P. Dusén 14822 PARAGUAY. (Comentes) 13(1-4): 10.2004. Type: (G). SANTA CATARINA: Lajes, campo 16 km east of PARAGUARI: frente a Florida, orilla rio Tebicuary, Lajes on the road to Painel, 15.1.1957, fl., LB. Smith & 4.II. 1966, fl. e fr., A. Krapovickas. CL Cristóbal & R.M. Klein 10100 (LP). SÃO PAULO: about 1 km NW R. Palácios 12396 (holotype CTES; isotype LP). from the Tanque de Zunica, 3.II.1827, fl. e fr., W.J. Additional specimens examined: ARGENTINA. BurchelNlll (P, W); Itararé, fazenda Ibiti, 9.IV.1989, CHACO: Dept. Io de Mayo, Colônia Benítez. 111.1932, fl. e fr., C.A.M. Scaramuzza & V.C. Souza 198 (ESA);

Rodriguesia 61 (2): 233-241. 2010 240 Dematteis. M. & Angulo. M.B.

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- Figure 3 - Pollen grains of Lessingianthus. a. L.foliosus polar view. b. L. lapinhensis - equatorial view, colporous (a Glaziou et al. 8133; b Pirani et al. 12129)

Jabaquara, Capital, 9.III.1939, fl. e fr., G. Hashimoto possesses seriate-cymose branches. This is only 406 (SP); São José dos Campos, XII. 1908, fl., A Lofgren known from the rocky soils of southern Misiones, 111 (RB); 8 km SW de São José dos Campos, 30.1.1962, Argentina. fi. e fr., /. Mimura 230 (SP). This taxon the northernmost possesses Lessingianthus teyucuarensis (Cabrera) Dematt.. distribution of a species belonging to the comi), nov. Vernonia teyucuarensisCabKra. Darwiniana Lessingianthus complex. Its área plantaginoides 28(M): 187.1987. Type: ARGENTINA. MISIONES: includes the Brazilian states of Minas Gerais, Dept. San Ignacio, Teyucuaré, 14.11.1980, fl. Paraná, Santa Catarina and São Paulo. The species e fr., A. Schinini 19870 (holotype SI; isotype of this complex have lanate stems, campanulate CTES). Additional specimens examined: ARGENTINA. involucres, linear lanate and narrowly phyllaries MISIONES: Dept. San Ignacio, Casa de Horacio It can be Quiroga, linear leaves, densely woolly beneath. 25.III.I996, fl. e fr., M. Dematteis 515 (CTES); Teyú easily distinguished by the seriate-cymose Cuaré, 6.II.1982, fl. E fr., A. Schinini et al. 21889 inflorescences having short branches, with the (paratypes CTES, SI); 9.II.1995. fl. e fr., M. Dematteis lower capitula pedunculate capitula and the upper 476 (CTES); camino a Teyú Cuaré, 20.11.1994, fl. e fr., ones sessile. Lessingianthus plantaginoides M. Dematteis et al. 298 (CTES, MNES). shows large branches in the inflorescence and the This species is closely related to Lessingianthus capitula are all sessile. glabratus, but can be separated by the shape of leaves and the outer phyllaries. Lessingianthus Lessingianthus spicatus (Cabrera) Dematt., comb. teyucuarensis possesses widely obovate leaf blades nov. Vernonia spicata Cabrera, Darwiniana 18(3- and ovate phyllaries, while L glabratus has narrowly 4): 414. 1974. Type: ARGENTINA. MISIONES: lanceolate leaves and lanceolate to ovate-lanceolate Dept. San Ignacio. Puerto Espana, 12.1.1918, fl. e fr., phyllaries. Lessingianthus constrictus differs in G.J. Schwarz5391 (holotype LIL). having constricted phyllaries and lanceolate leaves. Additional specimens examined: ARGENTINA. MISIONES: Dept. San Ignacio. Santo Pipo. 19.11.1948, Acknowledgements fl.. AG. Schulz 7185 (CTES); La Plantadora. 2.II.I948, fi. e fr.. G.J. Schwarz 5491 (LIL, CTES). Thanks to Nicholas Hind (Royal Botanic It appears to be closely related to Lessingiantluis Gardens, Kew). The line drawings were prepared by polxphyllus (Sch. Bip.) H. Rob., but can be easily Minha Liliana Gómez from the Instituto de Botânica separated by the inflorescence pattern. L spicatus has dei Nordeste (Argentina). This work has been supported pseudo-spicate inflorescences, while L polyphyllus by grants from the Consejo Nacional de Investígaciones

Rodriguésia 61(2): 233-241. 2010 Additions to Lessingianthus (Asteraceae) 241 1982. A revision Científicas y Técnicas (C0N1CET) and the Secretaria Jones, S.B. of Vernonia series Buddleiifoliae Vemonieae). Brittonia General de Ciência y Técnica of the Universidad (Compositae: 34: 102-117. Nacional dei Nordeste, which are greatly appreciated. Keeley, S.C. & Jones, S.B. 1979. Distribution ofthe pollen types in Vernonia (Vemonieae: Asteraceae). References Systematic Botany 4: 195-202. Genera Bentham, G. & Hooker, J.D. 1873. Vemonieae. Lawrance, G.H.M.; Buchheim, A.F.G.; Daniels, G.S & Vol. 2, 1. Pp. plantarum. Reeve & Co., London. pars. Dolezal, H. 1968. Botanico-Periodicum-Huntianum. 227-231. Hunt Botanical Library, Pittsburg. 1063p. 1994. Asteraceae. Cladistics and classification. Bremer, K. McNeill, J. (Chairman); Barrie, F.R.; Burdet, H.M.; Pp: 1-752 Timber Press, Portland. Demoulin, V.; Hawksworth, D.L.; Marhold, K.; Authors of names. Brummit, R.K & Powell, CE. 1992. plant Nicolson, D.H.; Prado, J.; Silva, P.C.; Skog, J.E.; Kew. 732p. Royal Botanic Gardens, Wiersema, J.H. (Members) & Turland, N.J. analysis of South Dematteis, M. 2002. Cytotaxonomic (Secretary). 2006. International Code of Botanical of Vernonia American species (Vemonieae: Nomenclature (Vienna Code). Regnum Vegetabile Linnean Society Asteraceae). Botanical Journal ofthe 146: i-xviii, 1-568. 139:401-408. Oliveira-Filho A.T. & Ratter, J. A. 2002. Vegetation Dematteis, M. 2004. Taxonomia dei complejo Vernonia physiognomies and woody flora of the cerrado rubricaulis Asteraceae). Bonplandia (Vemonieae, biome. In: Oliviera, P.S. & Marquis, R.J. (eds). 13:5-13. (Comentes) The cerrados of Brazil. Columbia University Press, notes on the Dematteis, M. 2007. Taxonomic genus New York. Pp. 91-120. Chrysolaena (Vemonieae, Asteraceae), including a new Prain, D. 1913. Index Kewensis, Supplementum IV species endemic to Paraguay. Annales Botanici Fennici (1906-1910). Oxford University Press, London. 44: 56-64. Robinson, H. 1988. Studies in the Lepidaploa complex Dematteis, M. & Pire, S.M. 2008. Pollen morphology of (Vemonieae: Asteraceae). IV. The new some species of Vernonia sensu lato (Vemonieae, genus Lessingianthus. Proceedings of the Biological Asteraceae) from Argentina and Paraguay. Grana 47: Society of Washington 101: 929-951. 117-129. Robinson, H. 1999. Generic and subtribal Erdtman. G. 1966. Pollen morphology and plant taxonomy. classification of American Vemonieae. Angiosperms. Hafner, New York. 555p. Smithsonian Contributions to Botany 89: 1-116. Glaziou, A.F.M. 1909-1910. Plantae Brasiliae centralis Robinson, H. 2007. Tribe Vemonieae. a Glaziou lectae. Liste des plantes du Brésil central In: Kadereit, J. & recueillies en 1861-1895 par A.-F.-M.- Glaziou. Jeffrey, C. (vol. eds.). The families and genera of Bulletin de Ia Sociéteé Botanique de France 56, vascular plants (K. Kubitzky, ser. ed.). Vol. 8. Mémoires 3: 366-425. Asterales. Springer-Verlag, Berlin, Heidelberg, New Holmgren, P.K.; Holmgren, N.H. & Barnett, L.C. 1990. York. Pp. 165-192. Index Herbariorum. I. The herbaria of the world. Stafleu, F. A. & Cowan, R.S. 1976-1988. Taxonomic literature. 8thed. Regnum Vegetabile 120: 1-693. Vols. 1-7. Bohn, Scheltema & Holkema, Utrech.

Artigo recebido em 14/09/2009. Aceito para publicação em 10/03/2010.

Rodriguésia 61 (2): 233-24 1. 2010 Rodriguésia 61(2): 243-259. 2010 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Orchidaceae na região central de São Paulo, Brasil Orchidaceae in the central portion ofSão Paulo state, Brazil f #

Alessandro Wagner Coelho Ferreira , Maria Inês Salgueiro Lima2 & Emerson Ricardo Pansarin

Resumo Este estudo apresenta o levantamento florístico de Orchidaceae ocorrentes em 125 fragmentos florestais de 23 municípios da região central do estado de São Paulo. Foram identificadas 218 espécies distribuídas em 96 gêneros. Os indivíduos coletados em estado vegetativo foram mantidos em casa de vegetação até a ocorrência de floração. A maioria das espécies (64%) é epífita, 35% são terrícolas, 14,6% são rupícolas, duas são hemiepífttas (0,9%) e apenas uma é micoheterotrófica (0,4%). Os gêneros mais representativos são Acianthera (13 spp.), Habenaria e Gomesa (12 spp.) e Epidendrum (11 spp.). Dentre as espécies não identificadas, quatro parecem ser novas para a ciência: Anathallis sp., Baskenilla sp., Pelexia sp., Triphora sp. Além disso, uma nova combinação para o gênero Gomesa R.Br. é apresentada. O elevado número de espécies encontradas provavelmente está relacionado ao fato da região ser um ecótono entre o Cerrado e a Floresta Atlântica. Muitas das espécies (44,7%) são raras na região e encontram-se ameaçadas devido ao intenso desmatamento e coletas indiscriminadas. Palavras-chave: Cerrado, ecótono. Floresta Atlântica, levantamento florístico. Abstract This study reports the floristic survey of Orchidaceae occurring in 125 forest fragments distributed among 23 counties of the central région of São Paulo state, Brazil. In this région, the is characterized by 219 species distributed in 96 genera. Individuais collected in the vegetative state were maintained in a greenhouse until flowering. The majority of species (64%) are epiphytes, while 35% are terrestrial, 14.6% are rupicolous, two (0.9%) are hemi-epiphytes and one is mycoheterotrophic (0.4%). Acianthera (13 spp.), Habenaria and Gomesa (12 spp.), and Epidendrum (11 spp.) are the most representative genera. Of the unidentified species, four are possibly new to science: Anathallis sp.. Baskenilla sp., Pelexia sp., Triphora sp. Furthermore, a new combination for the genus Gomesa R.Br. is presented. The central portion of São Paulo state is an ecotone between Brazilian Savanna and Atlantic Forest with a high number of species from both formations. Many species (44.7%) are rare in the study área and are threatened due to anthropogenic disturbance and indiscriminate collecting of orchids. Key words: Savanna, ecotone. Atlantic Forest, floristic survey.

Introduçãoa grande maioria delas ocorre como epífita. Em Orchidaceae é cosmopolita em distribuição Hmédia, duas em cada três espécies de Orchidaceae estima-se que possua 24.500 espécies (Dresslersão encontradas sobre árvores (e.g., Dressler 1981, 2005). De acordo com Pabst & Dungs (1975), o Brasil1993). Segundo Kersten (2006), devido à possui aproximadamente 2.300 espécies e 191dependência da umidade e do substrato arbóreo, a gêneros. As espécies de orquídeas podem serdiversidade de epífitas é um indicador ecológico terrícolas. palustres, epífitas e rupícolas. No entanto,da qualidade ambiental.

'Doutorando do Programa de Pós-Graduaçào cm Ecologia c Recursos Naturais da Universidade rederal de São Carlos, Depto. Botânica, Rod. Washington Luís km 235, CP. 676,13565-905. Sào Carlos. SP. alcssandrowcfii yahoo com.br l ni v ers.dade Federal de Sào Carlos. Depto. Botânica. Rod. Washington Luis km 235. CP. 676,13565-905. Sào Carlos, SP. [email protected] de Filosofia. Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Depto. Biologia, 14040-901. Ribeirão Preto. SP. Autor para comrsrx>ndcncia: Universidade de Sào Paulo. Faculdade cpansOTivuffcUp.usp.br 244 Peneira. A.W.C.. Lima. M.I.S. & Pansarin. E.R. Segundo Hoehne (1949), espécies de Gavião Peixoto, Guatapará, Ibaté. Ipeúna, Itirapina. Orchidaceae podem ser encontradas em todos os Jaboticabal, Luís Antônio, Matão, Monte Alto, tipos de vegetação no Brasil, sendo as regiões de Ribeirão Bonito, Rincão, São Carlos, São Pedro, Floresta Atlântica e de Cerrado as mais ricas em Torrinha e Trabijú. A área destes fragmentos diversidade (e.g.. Batista & Bianchetti 2003; variou desde um até cerca de 150 hectares. Eles Romanini & Barros 2007). estão em uma região de transição entre os domínios A porção central do estado de São Paulo é do Cerrado e da Floresta Atlântica (Kronka et ai. caracterizada como um ecótono entre os dois biomas 1993; Myers et ai. 2000). Os fragmentos ficam "hotspots" brasileiros: Cerrado sensu lato e Floresta inseridos em um polígono irregular com Atlântica Mesófila Estacionai Semidecidual (Kronka aproximadamente 4500 km: (Fig. 1). et ai. 1993; Myers et ai. 2000). A vegetação nativa Tal polígono é delimitado por oito vértices dessa região vem sendo fragmentada ao longo dos demarcados pelas seguintes coordenadas ° anos devido à intensa atividade econômica. Estima- geográficas: 1 - Monte Alto: 21 14'55"S e 48°29'06"O; se que cerca de 96% do cerrado já foi derrubado, 2- Jaboticabal: 21°14'53"S e 48°16'03"O; 3- Luís °33'05"S principalmente a partir de 1960 (Kronka etal. 1998; Antônio (Estação Ecológica de Jatai): 21 e Soares et ai. 2003). Além do Cerrado, as Florestas 47°43' 11"0;4- Corumbataí: 22013,58"Se47°35'51"0; Mesófilas Estacionais Semideciduais também vêm 5- São Pedro: 22°32' 15"S e 47°55'06"O; 6- Torrinha: sendo devastadas principalmente pelo avanço das 22°23'47"S e 48° 13'58"0; 7- Boa Esperança do Sul lavouras de cana-de-açúcar. Apesar dessa (FazendaJava): 21°5r34"Se48°2r42"Oe,8-Matão: °37'11"S degradação, poucos estudos de florística de 21 e 48°32'40"O (Fig. 1). A altitude varia Orchidaceae têm sido realizados abrangendo esses entre 550 m (na depressão periférica, região de tipos de vegetação no Estado (para exceções veja Charqueada) e por volta de 1000 m (nas cuestas Cardoso & Israel 2005 e Pansarin & Pansarin 2008). basálticas da Serra Geral, entre São Carlos e Em São Paulo estudos florísticos envolvendo Analândia). O clima predominante é o temperado Orchidaceae concentram-se em áreas de Florestas úmido, com inverno frio e seco e verão quente e Ombrófilas, em regiões litorâneas (Barros 1983; úmido (Cwa. Kôppen 1948). Ribeiro 1992; Romanini & Barros 2007). Tal constatação reforça a necessidade de se intensificar Trabalho de campo e laboratório o conhecimento florístico da família para outras Os fragmentos florestais da região central do formações, uma vez que o conhecimento da estado de São Paulo foram visitados a cada dois diversidade das espécies é um dos fatores que meses, desde janeiro de 1996. Porém, entre janeiro subsidiam a preservação dos ecossistemas (e.g., de 2006 e fevereiro de 2009, as visitas foram Pansarin & Pansarin 2008). intensificadas e as coletas passaram a ser semanais. Baseando-se nesses fatos o presente trabalho Durante a realização do trabalho foram realizadas teve como objetivo realizar o inventário florístico das 425 visitas ao campo. Ao menos três fragmentos Orchidaceae da região central do estado de São florestais foram amostrados por município. Paulo. Além disso, foram obtidos dados sobre os Nestes fragmentos florestais, foram estudadas períodos de floração, hábitos, habitais e municípios espécies de orquídeas de três tipos de vegetação: de ocorrência. Em virtude das recentes alterações Cerrado sensu lato. incluindo o cerrado sensu stricta. nomenclaturais realizadas Chase et ai. não por (2009) o campo limpo seco e úmido, o campo cerrado-seco e contemplarem todas as espécies classicamcntc úmido c o cerradão (Coutinho 1978): florestas ripícolas consideradas como Oncidium encontradas na região (incluindo matas ciliares, matas galeria matas de brejo de estudo, o trabalho traz a trasferência de presente e matas de cachoeiras e corredeiras - segundo Durigan O.fimbriatum Gomesa R.Br. para etal. 2004, adaptado); florestas mesófilas estacionais semideciduais que receberam segundo Ramos et ai. Material e Métodos (2007) diferentes denominações por diferentes autores, Local de estudo como floresta latifoliada da bacia do Paraná-Uruguai. Foram visitados 125 fragmentos florestais mata atlântica de interior, floresta latifoliada distribuídos entre 23 municípios da região central semicaducifólia floresta tropical latifoliada mesofítica do estado de São Paulo, como segue: Analândia. perenifólia de terra firme, floresta mesófila semidecídua Araraquara, Boa Esperança do Sul, Brotas, c floresta estacionai semidecidual. Segundo esses Charqueada, Corumbataí. Descalvado, Dourado, mesmos autores, esta vegetação, juntamente com

Rodriguésia 61(2): 243-259. 2010 245 Orchidaceae na região central de São Paulo. Brasil

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Área de Estudo

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entre os 23 municípios visitados do estado de São Paulo, Brasil. Figura 1 - Localização dos 40 principais pontos de coleta distribuídos among 23 municipalities visited in São Paulo state, Brazil. Figure 1 - Location ofthe main 40 points of collections distributed

a floresta ombrófila densa (da encosta atlântica) e a foram herborizados e depositados nos herbários floresta ombrófila mista (mata de araucária), HUFSCar da Universidade Federal de São Carlos, compõem o denominado domínio da floresta compus São Carlos, SPFR da Universidade de São Paulo, compus Ribeirão Preto e UEC da atlântica, a qual (no território nacional) tem sua área Universidade Estadual de Campinas. delimitada e protegida pelo Decreto 750, de 10 de fevereiro de 1993. que proíbe o corte, a exploração e a supressão mesma. Identificação das espécies A coleta de dados foi aleatória, ou seja, em Para a identificação das espécies foram cada visita os fragmentos foram percorridos sem utilizadas as principais obras de referência na demarcação de parcelas. Para todas as espécies taxonomia das Orchidaceae brasileiras (Cogniaux coletadas foram registradas informações sobre 1893-18%, 1898-1902,1904-1906; Hoehne 1940,1942, 1953; Pabst período de floração, hábitos, hábitats, bem como 1945, 1949, & Dungs 1975, 1977; os municípios de ocorrência. Sprunger et ai. 1996). Também, alguns trabalhos Espécies em estado vegetativo foram coletadas mais específicos de Orchidaceae e obras originais no campo e, posteriormente, cultivadas em casa de foram consultados (e.g., Pabst 1950; Garay 1977; vegetação na UFSCar, compus São Carlos, até as Luer 1986a,b,c; Toscano de Brito & Cribb 2005; florações. Todas as espécies foram fotografadas com Romanini & Barros 2007). A divisão em subfamílias câmera digital e também sob lupa estereoscópica foi apresentada de acordo com Chase et ai. (2003). acoplada ao microcomputador, sendo as imagens A determinação das autoridades taxonômicas foi obtidas trabalhadas pelo programa Image Pro Plus realizada de acordo com Kew Monocot (World versão 4.0 (Media Cybernetics. Silver Spring. USA) Checklist of Selected Plant Families 2006). consideradas e utilizadas para auxiliar nas identificações. As espécies foram como raras Os espécimes férteis, coletados durante as quando foram encontrados de um a poucos indivíduos expedições a campo ou que floresceram em cultivo isolados, e em apenas um dos fragmentos visitados.

Rodriguésia 61(2): 243-259. 2010 246 Ferreira. A.W.C.. Lima. M.I.S. & Pansarin. E.R. Resultados Discussão Na região central de do estado de São Paulo Alguns dos gêneros com maior número de foram registradas 218 espécies de Orchidaceae espécies na região de estudo, como Acianthera. distribuídas em 96 gêneros e quatro subfamílias: Habenaria. Epidendrum são também os mais Epidendroideae, Orchidoideae, Vanilloideae e representativos em levantamentos realizados em outras Cypripedioideae (Tab. 1). Dessas, 64 % são epífitas áreas do estado de São Paulo (Romanini & Barros 2007; (140 spp.), 35% terrícolas (77 spp.), 15,5% rupícolas Pansarin & Pansarin 2008). Acianthera, assim como (34 spp.), 0,9% hemiepífitas (duas espécies) e 0,4% Campylocentrum, Cyclopogon, Canleya e Encyclia terrícola micoheterotrófica (uma espécie). Todas as são comuns em ambientes de floresta atlântica, sendo espécies encontradas como rupícolas, eventualmente muito diversos em áreas de floresta ombrófila densa também podem ser encontradas sobre árvores em (Barros 1983; Miller et al. 1996; Romanini & Bamis algumas das áreas aqui investigadas. Os gêneros 2007). Já os gêneros Cyrtopodium, Habenaria e com maior riqueza de espécies foram: Acianthera Pelexia, encontrados em algumas das áreas abrangidas (13 spp.), Habenaria e Gomesa (12 spp.) e pelo presente estudo, são comuns em ambientes de Epidendrum (11 spp.). Das espécies que não Cerrado (Batista & Bianchetti 2003; Batista etal. 2005). puderam ser identificadas (Tab. 1), quatro Assim, a existência de considerável número de espécies (Anathallis sp., Baskervilla sp., Pelexia sp., comuns em ambas formações na porção central do Triphora sp.) parecem ser novas para a ciência. O estado de São Paulo pode estar relacionada com o fato gênero Triphora é referido pela primeira vez para o de a região ser ecotonal, apresentando elementos dos estado de São Paulo. Dentre as espécies biomas da Floresta Atlântica e do Cerrado. Alguns encontradas durante o desenvolvimento do gêneros com considerável número de espécies na região presente estudo, 44,7% são consideradas como de estudo, como Bulbophyllum e Epidendrum, por raras na região de estudo, sendo encontrado de um exemplo, são muito comuns em regiões ecotonais a poucos indivíduos isolados. (Menini-Netoetal. 2007; Pansarin & Pansarin 2008). O habitat com maior número de ocorrências Quando comparados os principais levantamentos de espécies na região central de São Paulo foi fiorísticos realizados no Brasil observa-se que áreas de constatado para a floresta ripícola (195 spp.; 89%), Floresta Atlântica são as que apresentam o maior seguido pelas florestas mesófilas estacionais número de espécies (Pabst & Dungs 1975). As áreas semideciduais (79 spp.; 36%). No campo cerrado ecotonais entre a Floresta Atlântica e o Cerrado foram encontradas 21 espécies (9,6%), enquanto apresentam uma menor riqueza de espécies quando no campo limpo foram registradas 20 spp. (9,1 %) e comparadas a regiões compostas exclusivamente por no cerrado sensu stricto e cerradão 18 spp. (8,2%). Mata Atlântica sensu stricto (Le., floresta ombrófila Algumas espécies, como Oeceoclades maculata densa) (e.g., Romanini & Barros 2007). Essas áreas (Lindl.) Lindl., podem ser encontradas em dois ou ecotonais, no entanto, tendem a ser mais diversas que mais habitats (Tab. 1). regiões de Cerrado. O bioma do Cerrado é uma área de A maioria das espécies catalogadas (139 spp., convergência de muitas fitofisionomias e pode ocorrer 63,4%) floresce no outono, entre os meses de março em áreas acidentadas e possuir florestas galeria, e maio. No verão (entre dezembro e fevereiro) foram intensificando a ocorrência de microhabitats que registradas 136 espécies (62,1 %), enquanto que na favorecem a coexistência de diferentes espécies de primavera foram observadas 103 spp. (47%) em Orchidaceae (Pabst & Dungs 1975). O bioma da floração. O inverno, estação mais seca do ano na Floresta Amazônica é o que apresenta menor número região sudeste, é a estação que apresenta o menor de espécies, embora deva-se considerar que áreas número de espécies em floração (Tab. 1). desse bioma são pouco representadas em Como as recentes alterações nomenclaturais levantamentos florísticos envolvendo a família incluem todas as espécies classicamcnte Orchidaceae (Braga 1977; Silveira etal. 1995; Atzinger consideradas como Oncidium encontradas na et al. 1996; Ribeiro et al. 1999). A homogeneidade da região de estudo, o persente trabalho traz a paisagem e a extensa planície parecem não criar trasferência de Oncidiumfimbriatum para 0 gênero muitos microhabitats; apenas nos ambientes Gomesa R.Br., como segue: amazônicos que apresentam desníveis ou Gomesa fimbriata (Lindl.) A.C. Ferreira, M.I.S. heterogeneidade de fitofisionomias, é que surge uma Lima & Pansarin, comb. nov.; basiônimo: Oncidium maior riqueza de espécies de Orchidaceae (Pabst & fimbriatum Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl. 199.1833. Dungs 1975: Braga 1977; Dressler 1981.1993).

Rodriguesia 61(2): 243-259. 2010 Tabela 1 - Espécies de Orchidaceae encontradas na região central do estado de São Paulo. Hábito: F. = epífita, HE = hemiepifita, R = rupícola, T = terrícola, TM = terrícola micohetcrotrófica em fase adulta. I labitat: CR = Cerrado sensu striclo, CCR = Campo Cerrado, CLE = Campo Limpo Estacionai, CRD = Cerradão, FES = Floresta Atlântica Mesófila Estacionai Semidecidual, FR = Floresta Ripícola. Municípios: AN = Analândia, AR = Araraquara, BE ¦ Boa Esperança do Sul, BR = Brotas, CH = Charqueada, CO = Corumbataí, DE = Dcscalvado, DO = Dourado, GP = Gavião Peixoto, GU = Guatapará, IB = Ibaté, IP « Ipeúna, IT = Itirapina, JB = Jaboticabal, LA = Luís Antônio, MA = Monte Alto, MT = Matão, RB = Ribeirão Bonito, RI ¦ Rincão, SC = São Carlos, SP = São Pedro, TO = Torrinha, TR = Trabijú. T = ocorre cm todos os municípios. ro Floração: JAN = FEV ¦ fevereiro, MAR = março, ABR = abril, MAI = maio, JUN = JUL = AGO = agosto, SET = setembro, OUT = outubro, NOV i u janeiro, junho, julho, I = N novembro, DEZ ¦ dezembro. O* VO Tible 1 - Species oíorchids oceurring al ccnlral région of São Paulo Slate. Brazil. Habit: E = epiphytc, HE ¦ hemiepifita. R ¦ rupiculous. T ¦ terrcslrial. TM ¦ myco-hetcrotrophic. Habitat: CR ro = = = = ¦ o " Cerrado tensa striclo, CCR Campo Cerrado. CLE Campo Limpo Estacionai. CRD Cerradão, FES Floresta Atlântica Mesófila Estacionai Semidecidual. FR Floresta Ripícola. Municipalilics: AN ¦ Analândia. AR Araraquara. BE = Boa Esperança do Sul. BR - Brotas. CH = Charqueada, CO ¦ Corumbataí. DE = Dcscalvado, DO = Dourado. CiP = Gavião Peixoto, GU = Guatapará. IB - Ibaté, IP » Ipeúna. IT Itirapina. JB ; Jaboticabal, LA ¦ Luís Antônio. MA ¦ Monte Alto, MT = Matão. RB = Ribeirão Bonito, RI = Rincão, SC = São Carlos, SP ¦ São Pedro, TO = Torrinha. TR ¦ Trabijú, T ¦ oceurring along ali municipalities. Flowering period: JAN - January. FEV = Fcbruary, MAR ¦ March, ABR ¦ April, MAI ¦ May, JUN = June, JUL = July, AGO w = August, SET = Scptcmbcr, OUT = October, NOV = November, DEZ ¦ Deccmbcr.

Espécie HábitoHabitatMunicípioFloraçãoVoucher

Acianthera aphthosa (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase (FRAN.AR,BR,CH,CO,DE,IP,JUL-AGOHUFSCAR7282 IT,JB,MT,SC,TO,TR Acianlhera aurantiaca (Barb.Rodr.) Campacci * (FRAN, BR, DE. IT, MT, SCOUT-DEZHUFSCAR7283 Acianthera bidentula (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase E,RFR,FES7NOV-MAIHUFSCAR7284 Acianthera bragae (Ruschi) F. Barros E,RFRAN,BR,CH,CO,DE,IT,SCSET-NOVHUFSCAR7285 Acianthera crinita (Barb. Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase * (FRAN, BR, DE, DO, IT, MT, SC,FEV-ABRHUFSCAR7286 SP, TO Acianthera leptotifolia (Barb. Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase (FR,FES7JUN-JULHUFSCAR7287 Acianthera macuconensis (Barb. Rodr.) F. Barros (FR7DEZ-MARHUFSCAR7288 Acianthera pubescens (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase (FR7DEZ-FEVHUFSCAR7289 Acianthera recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase (FR,FES7JAN-MARHUFSCAR7290 Acianthera saundersiana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W. Chase (FRAR, GU, LA, MT, MAMAI-SETHUFSCAR7291 * Acianthera saurocephala (Lodd.) Pridgeon & M.W.Chase (FR,FESAN, BROUT-DEZHUFSCAR7292 Acianthera sp. 1 * (FRBRAGOHUFSCAR7293 Acianthera sp.2 * (FRSCOUT-NOVHUFSCAR7294 Anathallis obovata (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase E,RFR.FESAN, BE BR, CH, DE GR MT, SCABR-MAIHUFSCAR7295 Espécie HabitoHabitat Município FloraçãoVoucher Anathallis sp. (FES SCJAN-JUL UEC 148369. HUFSCAR7296 Aspasia lunata Lindl. * (FR BRNOV-JAN HUFSCAR7297 Aspidogyne argentea (Vell.) Garay 7FR.FES 7NOV-FEV HUFSCAR7298 Aspidogyne longicornu (Cogn.) Garay 7FR BE. CO, DE. GPGU.IB.IT.SET-OUT HUFSCAR7299 MA. MT. RI. SC Barbosella cf. crassifolia (Edwall) Schltr. * E FR.FES DEOUT-NOV HUFSCAR7305 Baskenilla sp. * T FR IT.SCABR-MAI UEC 148371. HUFSCAR7306 Blelia catenulata Ruiz & Pav. T FR.CLE AR, SCOUT-NOV HUFSCAR7307 Brasilionhischrysantha(Barb.Rodr.)R.Singcr.S. Koehlcr&Carnevali E.R FR.FES AN,BR,CH,IB,IP,rT,JB.SET-OUT HUFSCAR7308 MT, MA, SC, SP, TO. TR Brasilionhis consanguinea (Klotzsch.) R. Singcr. S. Koehler & Carnevali E, 5FR. FES AN,BR,CH,IB.IP.rr.JB.JAN-FEV HUFSCAR7309 MT, MA, SC, TO Brasilionhis picta (Hook.) R. Singcr. S. Koehler & CarnevaliERFR AN, BRDEZ-FEV HUFSCAR7310 Brassavola tubcrculata Hook. E.RFR.FES AR. BE. BR, DO. MT, SCJUN-JUL HUFSCAR7311 Bulbophyllum cantagallen.se (Barb. Rodr.) Cogn.(FR.FES AN. BR. DE. ITFEV-ABR HUFSCAR7312 Bulbophyllum cloroglossum Rchb.f.(CRD.FR.FES 7NOV-DEZ HUFSCAR7313 Bulbophyllum dusenii Kraenzl. (FES SCMAR-ABR HUFSCAR7314 Bulbophyllum aff. insetiferum Barb. Rodr. (FES ANAGO HUFSCAR7315 Bulbophyllum ipanemense HoehneE,RFR.FES 7ABR-MAI HUFSCAR7316 Rodr.) (FR 3 - Bulbophyllum laciniatum (Barb. Cogn. BR.IT.SCSET-OUT HUFSCAR7317 (CRD,FES Bulbophyllum plumosum (Barb. Rodr.) Cogn. rr.sc‡set-out HUFSCAR7318 Bulbophyllum tripetalum Lindl. (FR DOFEV-MAR HUFSCAR7319 c Bulbophyllum sp. 1 (FR BR HUFSCAR7320 Bulbophyllum sp.2 (CRD. FES SC HUFSCAR7321 X N Campylocentrum aromaticum Barb. Rodr.(FR DEJAN-FEV HUFSCAR7322 U Campylocentrum brachycarpum Cogn.(FR AN, BR, IT.SC, SPMAR HUFSCAR7323 Campylocentrum grisebachii Cogn.(FR 7MAR-ABR HUFSCAR7324 IV o Campylocentrum micranthum (Lindl.) Rolfe(FR.FES 7FEV-ABR HUFSCAR7325 5c Espécie HábitoHabitatMunicípioFloraçãoVoucher Campylocentrum neglectum Cogn. (FRAN, BR, IT, SCJAN-MARHUFSCAR7326 Campylocentrum pauloense Hoehne & Schltr. (FRAN, BR, IT, SCJAN-MARHUFSCAR7327 \ rhomboglossum Hoehne Campylocentrum & Schltr. (FR7NOV-JANHUFSCAR7328 | M- * u Campylocentrum sellowii (Rchb.í.) Rolfe (FRANFEV-ABRHUFSCAR7329 I N * ui Campylocentrum ulei Cogn. (FRBRABR-JUNHUFSCAR7330 | * Campylocentrum sp.l (FRANJAN-MARHUFSCAR7331 | Capanemia micromera Barb. Rodr. (FR7MAR-ABRHUFSCAR7332 $ * Capanemia gehrthii Hoehne (FR.FESAN, AR, BR, CO, DE, JB,JUL-AGOHUFSCAR7333 f IT, LA, MT, SC, SP, TO Catasetum cernuum Rchb.f. * (FRAN,BR,DO,IT,MT,RB,SCOUT-DEZHUFSCAR7334 (Lindl.) J Catasetumjimbriatum (Lindl.) Paxton E,R,TCR,CRD,7NOV-ABRHUFSCAR7335 FR,FES Catasetum macrocarpum Rich. * (FRAR, MTJAN-FEVHUFSCAR7336 Cattleya x dolosa Rchb.f. ERFR,FESAN, BE, DE, RBABR-JUNHUFSCAR7337 Cattleyaforbesi Lindl. * (FRBROUT-NOVHUFSCAR7338 Cattleya harrisoniana Bateman ex Lindl. * (FRBEGPOUT-NOVHUFSCAR7339 Cattleya loddigesii Lindl. E,RFR,FES7MAI-AGOHUFSCAR7340 Cattleya walkeriana Gardner ERFR,FES,CRDAN,AR,BE,DE,DO,GP,GU,IP MAR-MAIHUFSCAR7341 IT, JB, LA, MT, MA. RB,TO,TR Christensonella vernicosa (Barb. Rodr.) (FR,FESAN, BR, SCNOV-JUNHUFSCAR7342 Szlach., Mytnik, Górniak & Smiszek * Christensonella neowiedii (Rchb.f.) S. Koehler * (FRAN, BR, SPNOV-FEVHUFSCAR7343 * Chytroglossa paulensis Edwall (FRBR, SPOUT-NOVHUFSCAR7344 Cleistes gracilis Schltr. 7FR,CLESCJAN-MARHUFSCAR7345 Cleistes melallina Schltr. 7CCR,CLE BR.ITSCMAR-MAIHUFSCAR7346 Corymborchis fiava (Sw.) Kuntze 7FR,FES7FEV-ABRHUFSCAR7347 Cranichis cândida (Barb. Rodr.) Cogn. 7FRAN,AR,BR,DE,IP,IT,RIMAI-JUNHUFSCAR7348 Cyclopogon argyrifolius (Barb.Rodr.) Barb.Rodr 7OCRBR,IT,SCABRHUFSCAR7349 Cyclopogon calophyllus Barb. Rodr. 7FR,FES7AGO-SETHUFSCAR7350 Cyclopogon congestus (Vell.) Hoehne T,RFES7AGO-SETHUFSCAR7351 £  \D Espécie Hábito HabitatMunicípio FloraçãoVoucher

Cyclopogon elatus (Sw.) Schltr. 7FR.FES7AGO-SET HUFSCAR7352 Cyclopogon variegatus Barb. Rodr. 7FR.FES7AGO-SET HUFSCAR7354 Cyrtopodium eugenii (Rchb. f. & Warm.) Schltr. T.RCR. OCRAN.AR.BR.DE.DO.IT.JB. MAI-JUL HUFSCAR7355 MT.MA.RB.SC.TR * Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne (FRAR.BE.BR.ITJB.MTOUT-NOV HUFSCAR7356 Cyrtopodium hatschbachii Pabst * 7FR.CLEAR,BE,TRAGO-OUT HUFSCAR7357 Cyrtopodium paludicolum Hoehne 7FR.CLEAN.AR.BR.CH,CO,DE,GP. FEV-ABR HUFSCAR7358 IP, IT, MT. MA. RI. SC. TO Cyrtopodium saintlcgcriantim Rchb.f. * (FRAR, MT, MAAGO-SET HUFSCAR7359 Dryadclla aviccps (Rchb.f.) Luer (FR7DEZ-ABR HUFSCAR7360 Elleanthus brasiliensis Rchb.f. * (FRAN, CODEZ-MAR HUFSCAR736I Eltroplectris cf. triloba (Lindl.) Pabst 7CR.CRDAN. AR. ITDE.MT.MA.SC SET-OUT HUFSCAR7362 Encyclia argentinensis (Speg.) Hoehne * (FRDO. RIOUT-DEZ HUFSCAR7363 * Encyclia fava (Lindl.) Porto & Brade E.RCRD.FRFES MAOUT-DEZ HUFSCAR7364 Encyclia oncidioides (Lindl.) Schltr. * (FRDEAGO-SET HUFSCAR7365 Encyclia patens Hook. E.RFR.FES7MAI-SET HUFSCAR7366 * Encyclia pauciflora (Barb. Rodr.) Porto & Brade (FRAN.AR.BR.DOSCOUT-DEZ HUFSCAR7367 Epidcndrum avicola Lindl. (FR.FES7JAN-FEV HUFSCAR7409 Epidendrum caldense Barb. Rodr. * (FRSPABR-JUN HUFSCAR7368 Epidcndrum cristatitm Rui/. & Pav. * (FRITNOV-DEZ HUFSCAR7369 Epidcndrum dcndiobioiilcs Thunb. 7FKCLEAR, BE, BR. IT, MT, SCDEZ-FEV HUFSCAR7370 3 2 Epidendrum dcnsijloritin Hook. E, T.RFR.FES7SET-OUT HUFSCAR7371 ¦> 3J 8. Epidcndrum dcnticiihitiim Barb. Rodr. E,T,RCR.CCR,7ANO TODO HUFSCAR7372 s p FES.FR c Epidendrum difforme Jacq. (FR7ABR-JUN HUFSCAR7373 Epidendrum henschcnii Barb. Rodr. * (FRAN, TOFEV-ABR UEC 148372. z HUFSCAR7374 Epidendrum latilabrc Lindl. (FR7JAN-FEV HUFSCAR7375 Epidendrum martianum Lindl. * T.ROCRITFEV-MAR 1IUI-SCAR7376 | p Epidendrum rigidum Jacq. (FR7DEZ-MAR HUFSCAR7377 Pi Espécie Habito Hábil... Município Floração Voucher

Epidendrum iridactylum Lindl.E CRD.FR.FES BR.IT.SCDEZ-MARHUFSCAR7378 | T Epistephium sclerophyllum Lindl. OCRAR, SCFEV-ABRHUFSCAR7379 g Eulophia alta (L.) Fawc. & RendleT CCR,FR7FEV-MARHUFSCAR7380 | Eurystyles actinosophila < Barb Rodr.) Schltr.E FR.FESAN,BR,CH,DE,GP,IT,FEV-ABRHUFSCAR7381 ro MT, RI, SC, SP| on•p ro Galeandra bcyrichii Rchb.f.T, R CCR.FR,FES AN,AR,DE,IT,JB,MAJAN-MARHUFSCAR7382 | o T Galeandrajunceoides Barb. Rodr. CCRAR, MAFEV-ABRHUFSCAR7383 jÇ Galeandra montana Barb. Rodr.T, R OCRAN. AR, IT, SCFEV-ABRHUFSCAR7384 3> Galeandra styllomisantha (Vell.) Hoehne T CCRAR,ITFEV-ABRHUFSCAR7385 ? E Gomesa crispa (Lindl.) Klotzsch ex Rchb.f. FRAN,IT,BRMAR-MAIHUFSCAR7386 | Gomesa blanchetii (Rchb.f.) M.W.Chase & N.H.WilliamsT. R CR,CCR,CLE AN, IT, BR, SCFEV-ABRHUFSCAR 7438 Gomesa echinata (Barb.Rodr.) M.W.Chase & N.H.Williams E FRBRSET-NOVHUFSCAR 7301 Gomesa fimbriata (Lindl.) A.C. Ferreira, M.I.S. Lima & PansarinE FRAN, BR, IT, SC, SP, TOOUT-NOVHUFSCAR 7300 Gomesa hydrophila (Barb.Rodr.) M.W.Chase & N.H.Williams T, E FR.CLECRD, AN, IT, BR, SCOUT-DEZHUFSCAR 7439 FR,FES Gomesa lietzei' (Regei) M.W.Chase & N.H.WilliamsE FRAN, BR, IT, SC, SP, TOSET-OUTHUFSCAR 7302 E Gomesa praetexta (Rchb.f.) M.W.Chase & N.H.Williams FR.FES13RFEV-ABRHUFSCAR 7440 Gomesapubes (Lindl.) M.W.Chase & N.H.WilliamsE FRAN, BR, IT, SC, SP, TOAGO-OUTHUFSCAR 7303 Gomesa radicans (Rchb.f.) M.W.Chase & N.H.Williams E FRBRFEV-MARHUFSCAR 7444 Gomesa sarcodes (Lindl.) M.W.Chase & N.H.Williams E FRAN, BRNOV-DEZHUFSCAR 7304 Gomesa varicosa (Lindl.) M.W.Chase & N.H.Williams AN,BE,GP,GU, LA, SCFEV-MAIHUFSCAR 7441 Gomesa venusta (Drapiez) M.W.Chase & N.H.Williams E FRBR, SPNOV-JANHUFSCAR 7442 Gongora bufonia Lindl. E FRBRNOV-DEZHUFSCAR 7387 Govenia utriculata (Sw.) Lindl.T FR,CLEAN,AR,BE,BR,CH,IT,NOV-JANHUFSCAR 7388 MT, RI, SC, TO Grobya amherstiae Lindl. E FRBR, TOFEV-MARHUFSCAR 7389 Habenaria fastor Warm. ex HoehneT CLE,FRAR, IT.SCJAN-FEVHUFSCAR 7390 Habenaria glazioviana Kraenzl. ex Cogn.T CLE,FR7FEV-MARHUFSCAR 7391 Habenaria hamata Barb. Rodr.T CR,CLEITMAR-MAIHUFSCAR 7392 Habenaria johannensis Barb. Rodr.T CLEBE,ITJAN-MARHUFSCAR 7393 B Espécie Hábito HabitatMunicípio Floração Voucher Habenaria afí.josephensis Barb. Rodr. 7FRrp.sc FEV-ABRHUFSCAR7394 Habenaria obtusa Lindl. 7CR.OCR.CLE IT.SC FEV-ABRHUFSCAR7395 Habenaria parviflora Lindl. Wclebr, rr DEZ-JANHUFSCAR7396 Habenaria petalodes Lindl. Wfrrr, sc MAR-MAIHUFSCAR7397 Habenaria repens Nutt. * 7OCRBR.IT FEV-MARHUFSCAR7398 Habenaria rodeiensis Barb. Rodr. * 7CLEJB.MA.MT FEVHUFSCAR7399 Habenaria schwackei Barb.Rodr. * 7CLEJB.MA JANHUFSCAR7400 Habenaria trifida Kunth * 7CCRJB,MT DEZ-JANHUFSCAR7401 Hapalorchis lineatus (Lindl.) Schltr. * 7FR,FESAN. BR. SP AGOHUFSCAR7402 Heterotaxis valenzuelana (A. Rich.) Ojeda & Carncvali * E.RFRAN. BR. DE. rr, SC FEV-ABRHUFSCAR7403 Houlettia brocklehurstiana Lindl. 7FRT FEV-ABRHUFSCAR7404 lonopsis ulricularioides (Sw.) Lindl. (CR.CRD,T AGO-SETHUFSCAR7405 FR.FES Isabelia violacea (Lindl.) C. van den Berg & M.W. Chase E,RFR.FEST AGO-SETHUFSCAR7406 Isabelia virginalis Barb. Rodr. (FR.FEST MAI-JUNHUFSCAR7407 Isochilus linearis (Jacq.) R.Br. (FR.FEST DEZ-MAIHUFSCAR7408 Linkesterella caespitosa (Lindl.) Hoehne (FR.FEST JAN-FEVHUFSCAR7410 Leptotes unicolor Barb. Rodr. * (FRBR JUN-JULHUFSCAR741I Ligeophila stigmatoptera (Rchb.f.) Garay 7FR.FESAN,AR,BR,CH,C( NOV-MARHUFSCAR7412 DE. SC, TO Liparis Lindl. 7FR.FEST DEZ-JANHUFSCAR7413 nervosa (Thunb.) j Liparis sp. 7FRBE. IT JAN-FEVHUFSCAR7414 Lockbartia lunifera (Lindl.) Rchb.f. * (FRTO DEZ-FEVHUFSCAR7415 S Macradenia multiflora (Kraenzl.) Cogn.* (FRBR JAN-ABRHUFSCAR7416 C Malaxis cfjaraguae (Hoehne & Schltr.) Pabst 7FRSC JAN-MARHUFSCAR7417 Malaxis sp. * 7FRSC JAN-FEVHUFSCAR7418 S M Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay 7FR.FEST JAN-MAIHUFSCAR74I9 » u I N Microcattleya cattleyoides (Rich.) VP Castro & Chiron * (FRBR JUN-JULHUFSCAR7420 í Microcliilus arictinus (Rchb.f. & Warm.) Ormed 7FRT OUT-NOVHUFSCAR7421 | c Microlaelia lundii (Rchb.f. & Warm.) Chiron & VP. Castro (FRT MAI-AGOHUFSCAR7422 g Espécie Hábito HabitatMunicípio FloraçãoVoucher

Miltonia flavescens Lindl. E.RFR.FES7OUT-NOVHUFSCAR7423 Millonia regnellii Rchb.f. (FR.FESMTJAN-ABRHUFSCAR7424 g * Mormodes sinuata Rchb.f. & Warm. (FRMA, MTFEV-MARHUFSCAR7425 | N i> * U Mormotyca rufescens (Lindl.) M. A. Blanco & Carnevali (FR.FES7JAN-FEVHUFSCAR7426 I N CH Myoxanlhus lonchophyllus (Barb. Rodr.) Luer (FR7JUL-MARHUFSCAR7427 e | Mvmanthuspulvinatus (Barb. Rodr.) Luer * (FRSPDEZ-MARHUFSCAR7428 fr Notylia cf. heinitricha Barb. Rodr. (FRAN, BR, IT.DE.SCAGO-SETHUFSCAR7429 g Notylia cf. lyrata S. Moore (FRAN, AR, BR, CH, CO, DE,AGO-SETHUFSCAR7431 í DO, IT, SC, SP, TO Notylia nemorosa Barb. Rodr. (FRAN, BRJUL-AGOHUFSCAR7432 | Octomeria aloifolia Barb. Rodr. * (FR,FESBR,IT,SCOUT-DEZHUFSCAR7433 Octomeria cf. alpina Barb. Rodr. * (FR,FESANMAI-JUNHUFSCAR7434 Octomeriapinicoia Barb. Rodr. E,RFR,FES7JUN-JULHUFSCAR7435 Octomeria sp. * (FRSCHUFSCAR7436 Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. 7CR.CCR,7JAN-ABRHUFSCAR7437 CRD,FR,FES Ornithocephalus myrticola Lindl. * (FRAN, AR, BR, DE, IT, MT,NOV-JANHUFSCAR7443 MA, SC, SP Ornitophora radicans (Rchb.f.) Garay & Pabst (FRBRFEV-MARHUFSCAR7353 Pabstiella tripterantha (Rchb.f.) F. Barros (FR7JUN-NOVHUFSCAR7445 Pelexia bonariensis (Lindl.) Schltr. 7CR,CCRBR.ITMAI-JUNHUFSCAR7446 Pelexia aff. itatiaye Schltr. 7FRAN, BR, DE, DO, RB, SCAGO-SETHUFSCAR7447 Pelexia laminala Schltr. 7CR.CCRBR,ITJAN-MARHUFSCAR7448 Pelexia laxa (Poepp. & Endl.) Lindl. 7FESDOSET-NOVHUFSCAR7449 Pelexia oestrifera (Rchb.f. & Warm.) Schltr. 7CR.CCRMTJUL-AGOHUFSCAR7450 Pelexia sp.l 7FRITFEV-MARUEC 148368, HUFSCAR7451 Pelexia sp.2 * 7CRSCSETHUFSCAR7452 Phragmipedium vittatum (Vell.) Rolfe * TRFR,CLEBE,AR,DE,GP,IT,SCDEZ-ABRHUFSCAR7453 Phymatidium delicalulum Lindl. * (FRBR, SP, TOMAR-ABRHUFSCAR7454 fj t-j L/l Espécie Hábito HabitatMunicípio Floração Voucher ¦fe. Plcumbotryum atmpurpureum Barb. Rodr. * E FR IT.SC ABR-JUN HUFSCAR7455 Polystachya concreta (Jacq.) Garay & H.R. Sweet * E FR.FES BR JAN-FEV HUFSCAR7457 Polystachya estrellensis Rchb.f. E,R FR.FES T JAN-FEV HUFSCAR7458 Polystachya foliosa (Hook.) Rchb.f. E FR.FES T JAN-FEV HUFSCAR7459 Prescottia oligantha (Sw.) Lindl. * T FR BR. SC AGO-SET HUFSCAR7460 Prescottia stachyodes (Sw.) Lindl. T FR DE. SC AGO-OUT HUFSCAR7461 Prescottia sp. * T OCR IT AGO-SET HUFSCAR7462 Prosthechea caluniaria Lindl. * E FES AN. SC MAI-JUN HUFSCAR7463 Prosthechea glumacea Lindl. * E,R FES AN JAN-FEV HUFSCAR7464 Pseudomaxillariapaniflora (Poepp. & Endl.) Garay * E FR.FES AN, BR FEV-MAR HUFSCAR7465 Psilochilus modestas Barb. Rodr. T FR T DEZ-MAR HUFSCAR7466 Ptemglossa roseoalba (Rchb.f.) Salazar & M.W. Chase T FR.FES AN, BR, DE. DO, IB. IT. ABR-MAI HUFSCAR7467 MT. MA, SC Rodriguczia decora (Lem.) Rchb.f. E,T CR.CRD, T MAR-JUN HUFSCAR7468 FR.FES Rodriguezia obtusifolia (Lindl.) Rchb.f. * E FR MT, SC MAR-ABR HUFSCAR7469 Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay T CR.CCR. T SET-OUT HUFSCAR 7470 CLECRD.FES Sanderella discolor (Barb. Rodr.) Cogn. * FR AN.BR.CH.CO.DE,rT, ABR-MAI HUFSCAR 7471 MT. SC. SP. TO * Saundersia mirabilis Rchb.f. E FR SP. TO OUT-NOV HUFSCAR 7472 51 Sobralia decora Bateman * T FR BR MAR HUFSCAR 7473 * 8. Sanoglottis cf. schwackei (Cogn.) Schltr. T CLE.FR SC SET-OUT HUFSCAR 7474| Sanoglottis fasciculata (Vell.) Schltr. * T FES AN. BR. IT. MT AGO-SET HUFSCAR 7475P Sanoglottis ventricosa (Vell.) Hoehne * T FES AN.BR.IT AGO-SET HUFSCAR 7476 Sauroglossum nitidum (Vell.) Schltr. T FR T JUL-OUT HUFSCAR 7477 N Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr. * E FR AN.BR.MT.JB.SC MAR-ABR HUFSCAR 7478£ U I l\) Scliomhurgkia gloriosa Rchb.f. E CRD.FR.FES T MAI-JUN HUFSCAR 7479? V >o Sophronitis cernua Lindl. aR CRD.FR.FES T FEV-ABR HUFSCAR 7480| l\) O Spccklinia aristulata (Lindl.) Luer E FR AN.AR.BE.BR.DO.DE.SC MAR-ABR HUFSCAR 7481g PC

:¦.. Espécie Hábito HabitatMunicípio Floração Voucher

Specklinia pristeoglossa (Rchb.f. & Warm.) LuerE FRAN, AR. BE. BR, DO. DE AGO-SET HUFSCAR7482 Stanhopea lielzei (Regei) Schltr.E.R FRT OUT-DEZ HUFSCAR7483 Stelis aff. aprica Lindl. E FRAN, GP. LA, SC FEV-ABR HUFSCAR7484 Slelis ephemera (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase E FRIT, SC OUT-JAN HUFSCAR7485 9 Stigmatosemapolyaden (Vell.) GarayT FR,FEST AGO-SET HUFSCAR7486 |B K Trichocentrumjonesianum M.W. Chase & N.H. Williams E FRAR, BE, MT MAR-ABR HUFSCAR7487 O (Rchb.f.) E Trichocentnim morenoi (Dodson & Luer) M.W. Chase & N.H. Williams FESMA, MT OUT-NOV HUFSCAR7488 o Trichocentrum (Lindl.) M.W. Chase & N.H. WilliamsE CRD.FRFES T NOV-JAN HUFSCAR7489 3 pumilum §- UEC 148370. Triphora sp.T FESSC FEV-MAR CD HUFSCAR7490 3 Trizeuxisfalcata Lindl. * E FR MT, SC SET-NOV HUFSCAR7491 Vanilla bahiana Hoehne HE FR JB OUT-NOV HUFSCAR7430, SPFR 11659 Vanilla chamissonis Klotzsch. HE FES.FR 7SET-NOV HUFSCAR7492 Vanilla edwaUii Hoehne HE FR BR, LA, SCDEZ HUFSCAR7493 Warmingia eugenii Rchb.f. * E FR AN,AR,BR,MA,MT,SC,SPNOV-DEZ HUFSCAR7494 Warrea warreana (Lodd. ex Lindl.) C. Schweinf. T FR AN, AR, BR, CO, IB, IP, IT.FEV-MAR HUFSCAR7495 MT, RI, SC, SP Wullschlaegelia aphylla (Sw.) Rchb.f. TM FR ANDEZ HUFSCAR7496 Zygopetalum crinitum Lodd. T FR AN, BR, IT, SCDEZ-FEV HUFSCAR7497 Zygopetalum mackaii Hook. T CR.CLE AN, BR, DE, MT, SCDEZ-ABR HUFSCAR7498 Zygopetalum maxillare Lodd. * E FR BR, IT, SPFEV-ABR HUFSCAR7499 Zygostates lunata Lindl. E FR AN, BR, IT, SCOUT-DEZ HUFSCAR7500

* Espécie rara na região de estudo Material depositado nos herbários HUEFSCAR e UEC = coletor A.W.C. Ferreira Material depositado no herbário SPFR = coletor E.R. Pansarin 256 Ferreira. A.W.C.. Lima. M.I.S. & Pansarin. E.R.

No presente levantamento de espécies de correspondem à parte significativa da diversidade Orchidaceae, notável foi a ausência de espécies vegetal e contribuem positivamente para tornar as dos gêneros Bifrenaria Lindl., geralmente florestas tropicais úmidas um dos mais complexos encontrada em áreas de floresta atlântica ombrófila ecossistemas da Biosfera (Kersten 2006). Segundo densa (Barros 1983; Miller et al. 1996), Cerrado e Nadkarni (1986), a capacidade destas florestas em floresta mesófila estacionai semidecidual (Menini- abrigarem grande número de animais pode ser Neto etal. 2007; Pansarin & Pansarin 2008). e também atribuída ao substrato e sustento providos pelas de Trigonidium Lindl., que ocorre em regiões de epífitas, e por sua respectiva capacidade de retenção floresta atlântica ombrófila densa (Romanini & Barros de nutrientes da chuva, neblina e partículas em 2007), de Cerrado (Batista & Bianchetti 2003) e de suspensão. Os ambientes úmidos, próximos ao mar floresta amazônica (Ribeiro etal. 1999). e em desnível costumam ser as áreas mais ricas em Embora Scuticaria itirapinensis Pabst tenha espécies de Orchidaceae, como ocorre na Serra do sido descrita com base em um espécime coletado Mar, no Brasil, e nas montanhas da Colômbia e do na porção central do estado de São Paulo, em uma Equador (Pabst & Dungs 1975; Dressler 1993). região próxima ao município de Itirapina (Pabst Nossos dados para a região central de São Paulo 1973), ela não foi encontrada no decorrer das sustentam os argumentos sobre a tendência dos expedições de campo efetuadas no presente ambientes mais úmidos serem favoráveis ao levantamento, parecendo estar extinta localmente. estabelecimento de espécies de Orchidaceae. De Segundo histórico de alguns mateiros, essa espécie fato, a floresta ripícola foi a que apresentou o maior ocorria na região do Morro do Baú e na Serra de número de espécies (89%), seguido pela floresta Itaqueri, em Itirapina, tendo sido coletada até seu mesofítica estacionai semidecidual (36%), pelo campo extermínio populacional, ainda na década de 1980. cerrado (9,6%), pelo campo limpo (9,1%) e pelo Cleistes gracilis Schltr., Cleistes metallina cerrado e cerradão (8,2%). Mesmo nos ambientes Schltr., Psilochilus modestus Barb. Rodr. e dentro do Cerrado, existe uma tendência da maioria Triphora sp., apresentam picos de floração das espécies de Orchidaceae estarem concentradas distintos, todos eles com as flores abrindo em campos úmidos e em florestas de galeria (Batista sincronicamente. A tendência de muitas flores & Bianchetti 2003; Batista etal. 2005). abrirem ao mesmo tempo pode estar relacionada à A maioria das espécies de Orchidaceae da região otimização da ação dos polinizadores, um fenômeno central de São Paulo (63,4%) floresce no outono, que tem sido documentado para outras Triphoreae. seguidas pelas que florescem no verão (62.1 %) e pelas como Triphora trianthophora (Sw.) Rydb. que florescem na primavera (47%) (Tab. 1). Esses (Williams 1994) e Psilochilus modestus Barb. Rodr. resultados são semelhantes aos encontrados por (Pansarin & Amaral 2008). Pansarin & Pansarin (2008) para as Orchidaceae da O fato da maioria das espécies (64 %) de Serra do Japi, no interior do estado de São Paulo. O orquídeas na região central de São Paulo ocorrerem fato da maior parte das espécies florescerem na época como epífitas (140 spp.), contrastando com os 35% mais chuvosa e quente (primavera, verão e parte do de terrícolas (77 spp.). pode estar relacionado com outono), coincide com ser esta a época mais favorável a predominância das fisionomias florestais para o metabolismo da maioria das espécies vegetais (florestas mesófilas, matas galeria e cerradões) nessa (Marschner 1995; Nardoto et al. 2006). é também aquela região ecotonal. Em ambientes de cerrado sensu em que a maioria dos insetos polinizadores costuma Stricta existe a predominância de espécies terrícolas estar ativo (muitas espécies podem ser encontradas de Orchidaceae, ficando as espécies epífitas apenas nesse pcrúxlo) ou apresentar maior número concentradas principalmente em matas de galeria populacional (e.g., Agostini & Sazima 2003). (Batista & Bianchetti 2003; Batista et al. 2005). Das espécies encontradas nos locais de De acordo com Dressler (1981, 1993), em estudo durante a realização do trabalho. 44,7% são média, duas em cada três espécies de Orchidaceae raras. O fato de que nessa área há 15 espécies de são epífitas. Devido à dependência da umidade e Orchidaceae em comum com a Lista Oficial das do substrato arbóreo, a diversidade de epífitas pode Plantas Ameaçadas de Extinção do estado de São ser usada como indicador ecológico de qualidade e Paulo (SMA 2004), reforça que esta área deve ser conservação de florestas úmidas. Por exigir prioritária para conservação e preservação. adaptações específicas, o epifitismo pode Alguns fatores naturais, como a dinâmica da proporcionar maior acesso à luz e diminuição da sucessão ecológica parecem estar contribuindo competição (Kersten 2006). As espécies epífitas para o declínio populacional de algumas orquídeas

Rodriguésia 61(2): 243-259. 2010 Orchidaceae na região central de São Paulo. Brasil 257 da região. Populações de Cleistes gracilis e Houlettia UFSCar o auxílio nas idas ao campo; aos brocklehurstiana que ocorrem em fragmentos orquidófilos Anderson Hideki Shitara, José Luis florestais do município de São Carlos, têm sido Teixeira, Osvaldo Roberto Rigon, João Carlos Martins, João Carlos, Aparecido Alves, Alcides afetadas pelo sombreamento resultante do avanço da mata nativa adjacente à área palustre (campo), Medeiros e Rodrigo Pierobon o auxílio nas idas ao onde ambas as espécies de orquídeas ocorrem. campo; ao ilustrador botânico Ricardo Milanetti Prof. Dr. Marcos Inicialmente, a paisagem era dominada por briófitas Degani e ao Arduin (Laboratório - (principalmente Sphagnum sp.), por touceiras de de Anatomia Vegetal UFSCar) o auxílio com as Lagenocarpus sp. (Cyperaceae), e pequenas árvores imagens; aos responsáveis pelo projeto e arbustos esparsos (principalmente espécies de Orchidstudium, Dalton Holland Baptista e Américo Myrtaceae). Desde o início das coletas (1996) até o Docha Neto o apoio nas pesquisas bibliográficas; momento, observou-se que árvores começaram a aos inúmeros proprietários e ao IBAMA (processo colonizar essa área, sombreando e alterando o regime número 02001.003951 /2006-50) e Instituto Florestal hídrico, afetando as populações das referidas de São Paulo (processo número 40.380/2006) a de acesso às orquídeas, que atualmente são encontradas apenas permissão propriedades e autorização e, à CAPES a bolsa de doutoramento em pequenas clareiras, em áreas mais iluminadas. para pesquisa Além dos fatores naturais, o desmatamento concedida ao primeiro autor. para a expansão da lavoura canavieira contribuiu nativa muito para a redução das áreas de vegetação Referências na região ocupada por populações de Orchidaceae Agostini, K. & Sazima, M. 2003. Plantas ornamentais e central de São Paulo. Nos poucos fragmentos que seus recursos para abelhas no campus da Universidade restaram, as coletas indiscriminadas feitas por mateiros Estadual de Campinas, estado de São Paulo, Brasil. e orquidófilos da região têm sido responsáveis pelos Áreas Básicas/Botânica. Bragantia 62: 335-343. Atzinger, N.V.; Cardoso, A.L.R. & Ilkiu-Borges, percentuais de espécies ameaçadas aqui determinado. A.L. Cattleya 1996. Flora orquidológica da Serra das Andorinhas, Muitas populações de Cattleya loddigesii e São Geraldo do Araguaia - PA. Boletim do Museu walkeriana foram dizimadas por ação praticamente Paraense Emílio Goeldi, série Botânica 12: 59-74. de coletores de orquídeas. De forma semelhante, Barros, F. 1983. Flora fanerogâmica da Reserva do Parque Catasetum têm sido populações de fimbriatum Estadual das Fontes do Ipiranga Paulo, Brasil). de macaúbas (São prejudicadas pela derrubada 198 - Orchidaceae. Hoehnea 10: 74-124. ex Mart. - (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. Batista, J.A.N. & Bianchetti, L.B. 2003. Lista atualizada Arecaceae), especialmente na região entre Itirapina das Orchidaceae do Distrito Federal. Acta Botânica e Brotas (A.W.C. Ferreira, observações pessoais). Brasilica 17: 183-201. Assim como a porção central do estado de São Batista, J.A.N.; Bianchetti, L.B. & Pellizzaro, K.F. 2005. Paulo, outras áreas ecotonais nativas de São Paulo Orchidaceae da Reserva Biológica do Guará, DF, também vêm sofrendo com as interferências Brasil. Acta Botânica Brasilica 19: 221-232. antrópicas (Pansarin & Pansarin 2008). Braga, P.I.S. 1977. Aspectos biológicos das Orchidaceae de uma campina da Amazônia Caso medidas fiscalizadoras e preventivas (como Central. Acta Amazônica (suplemento) 7: 1-89. a educação ambiental escolar e das populações que Cardoso, J.C & Israel, M. 2005. Levantamento de têm acesso a essas áreas) não forem tomadas, estima- espécies da família Orchidaceae em Águas de Santa de orquídeas, sobretudo se que muitas dessas espécies Bárbara e seu cultivo. Horticultura Brasileira em (SP) as ornamentais, poderão ser extintas localmente, 23: 169-173. diversas processo semelhante ao que ocorre com Chase, M.W.; Cameron, K.M.; Barrett, R.L. & espécies de Orchidaceae e outras famílias de Freudenstein, J.V. 2003. DNA data and Orchidaceae angiospermas que ocorrem em regiões da Floresta systematics: a new phylogenetic classification. In: Atlântica sensu lato, reduzida a 5-8% de sua formação Dixon, K.W.; Kell, SP.; Barrett, R.L. & Cribb, P.J. origina] (Dean 1995; Morellato & Haddad 2000). (eds.). Orchid conservation. Natural History Publications, Kota Kinabalu, Sabah. Pp. 69-89. Chase, M.W.; Williams, N.H.; Faria, A.D.; Neubig, K.M.; Agradecimentos Amaral, M.C.E. & Whitten, W.M. 2009. Floral Ao tecnólogo Carlos Aparecido Casali, do convergence in Oncidiinae (Cymbidieae; Departamento de Botânica da Universidade Federal Orchidaceae): an expanded concept of Gomesa and de São Carlos (UFSCar) e ao Programa de Pós- a new genus Nohawilliamsia. Annals of Botany 104: Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da 387-402.

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Artigo recebido em 26/06/2009. Aceito para publicação em 30/1 1 /2009.

Rodriguesia 61 (2): 243-259. 2010 Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

fr'1 Bromeliaceae Juss. nos campos rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, Minas Gerais, Brasil1 ias "campos Bromeliaceae Juss. in the rupestres" of Itacolomi State Park, Minas Gerais, Brazil

Thiago dos Santos Coser23, Cláudio Coelho de Paula2 & Tânia Wendt4

Resumo Este estudo relata o levantamento florístico de Bromeliaceae nos campos rupestres do Parque Estadual do Itacolomi (PEI), localizado na região sul da Cadeia do Espinhaço, nos municípios de Ouro Preto e Mariana, estado de Minas Gerais. Para tanto, coletas aleatórias de material fértil foram realizadas mensalmente entre rupestres do PEI, a família encontra-se representada 21 julho de 2006 a junho de 2008. Nos campos por espécies distribuídas em 11 gêneros e três subfamílias. São apresentadas chave de identificação, descrições, ilustrações, informações fenológicas e habitat, distribuição geográfica e comentários sobre os táxons analisados. Palavras-chave: floristica, campos rupestres, status de conservação. Abstract "campos This study reports the floristic survey of Bromeliaceae in the rupestres" of Itacolomi State Park Range, between the cities of Ouro Preto and Mariana, (PEI) located in the southern région ofthe Espinhaço Minas Gerais state. Random collections of fertile material were done monthly between July 2006 and June "campos 2008. In the rupestres of PEI, the family is represented by 21 species distributed in 11 genera and three subfamilies. Key for species, descriptions, illustrations, phenological and habitat observations, geographic distribution and comments about the taxa are presented. Key words: floristic, rocky fields, conservation status.

Introdução riqueza de espécies e endemismo pode ser explicada rica variedade topográfica, litológica A família Bromeliaceae possui representantes pela e climática o estado apresenta, a ocorrência de predominantemente neotropicais. exceto por que permitindo múltiplas formações vegetais e, isolamento das Pitcairnia feliciana (A.Chev.) Harms & Mildbr.. pelo Inclui entre montanhas vizinhas ao longo da que ocorre na África (Smith & Downs 1974). populações Cadeia do Espinhaço (Pirani et al. 1994). aproximadamente 57 gêneros e 3.086 espécies Os campos rupestres (Luther 2006). tradicionalmente organizadas em três ocorrem na subfamílias: Pitcairnioideae, Tillandsioideae e predominantemente Cadeia do Espinhaço, em com altitude variam Bromelioideae (Smith & Downs 1974,1977,1979). áreas que entre 700-2.000 m Lombardi 2007), No território brasileiro, as espécies de bromélias (Viana & desde a Serra do Ouro em Minas Gerais, são reconhecidamente importantes em termos de Branco, até a Bahia, onde recebe de Chapada Diamantina diversidade e abundância, com ocorrência de a denominação (Giulietti & Pirani 1988). Ocorrem, também, em áreas disjuntas aproximadamente 70% dos gêneros (Wanderley & de Ibitipoca Martins 2007) e 40% das espécies conhecidas (Smith como a Serra e Serra da Canastra, em e Chapada dos Veadeiros &Downs 1974.1977.1979). No estado de Minas Gerais Minas Gerais e Serra dos em Goiás, como ilhas florísticas a família está representada por 265 espécies, Pirineus, isoladas (Romero 2002). Possuem alta relevância ecológica distribuídas em 27 gêneros, sendo 98 (37%) endêmicas serem considerados como importantes centros do estado (Versieux & Wendt 2006,2007). Esta alta por

no Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. MG. Parte da Disserucào de Mestrado do primeiro autor desenvolvida Vegetal. 36570000. Viçosa. MG. Brasil. __*____ Federal de Viço» Depto. Biologia 'Autor para cxwrespondència: thiagoscoseiia-yahoo.com.br •Univmid.de 21941 -590. Rio de Janeiro. RJ. Brasil. Federal do Rk> de laneiro. CCS. IB. Depto. Botânica. 262 Coser. T.S.. Paula. CC. & Wendt. T. de endemismo para plantas (Giullietti & Pirani 1988), Para realização do presente trabalho foram contudo, grande número de espécies vegetais e realizadas visitas mensais ao PEI no período de julho seus respectivos processos ecológicos ainda são de 2006 a junho de 2008. A riqueza de espécies de desconhecidos (Zappi et«/. 2002). bromélias foi registrada por meio de caminhadas O Parque Estadual do Itacolomi (PEI) situa-se livrei em regiões selecionadas neste estudo (Fig. no extremo oeste dos domínios da Mata Atlântica, I). Foram coletados materiais botânicos com flores na zona de transição com o Cerrado compondo a e/ou frutos para preparação de exsicatas e para região sul da Cadeia do Espinhaço. A vegetação do cultivo em coleções vivas. PEI, de acordo com a classificação de Veloso et id. As coletas receberam tratamento convencional (1991), é formada por campos rupestres e florestas e foram incorporadas ao acervo do Herbário VIC. A estacionais semideciduais montanas. identificação das espécies foi realizada por meio de Levantamentos preliminares realizados nas áreas literatura especifica, assim como, através do exame dos campos rupestres do PEI (Peron 1989; Paula & de exsicatas identificadas dos seguintes herbários: Goldschmidt 2008) apontaram para a ocorrência de BHCB, EPAMIG. HB. OUPR. R. RB e VIC cerca 10 espécies de Bromeliaceae, o que parece (acrônimos segundo Thiers 2010). subestimado se comparado a outros levantamentos Foi adotada a classificação das subfamílias realizados em outras unidades de conservação de segundo Smith & Downs (1974, 1977. 1979). Os Minas Gerais (Wanderley & Martinelli 1987; Forzza & nomes dos gêneros e espécies seguiram a proposta Wanderley 1998; Wanderley & Forzza 2003). por Luther (2006). A chave analítica e descrições Este trabalho teve como objetivo o foram elaboradas incluindo a amplitude morfológica levantamento florístico das espécies de Bromeliaceae do material examinado do PEI, e quando necessárias ocorrentes nos campos rupestres do PEI, fornecendo foram complementadas com a análise de materiais chave para identificação dos táxons, descrições e adicionais de regiões próximas. As descrições das ilustrações para identificação das espécies espécies seguiram as terminologias adotadas por estudadas. Além disso, são fornecidos dados sobre Radford et ai. (1974). Smith & Downs (1974. 1977, a distribuição geográfica, fenologia. habitat e 1979) e Weberling (1989) e foram padronizadas por comentários taxonômicos das espécies identificadas. subfamílias, gêneros e espécies, sendo os táxons apresentados em ordem alfabética. A distribuição Materiais e Métodos geográfica das espécies foi baseada em Smith & Downs (1974, 1977. 1979), bem como nas coletas O Parque Estadual do Itacolomi (PEI) localiza- realizadas e artigos e revisões recentes se nos municípios de Ouro Preto e Mariana, estado dos taxóns. O estado de conservação de Minas Gerais, entre os meridianos 43°32'30" e das espécies fundamentou-se em Versieux & Wendt (2007). As 43°22'30"'W e os paralelos 20°22'30" e 20°30'(K)-• S ilustrações foram confeccionadas o (Fig. 1). Ocupa uma área de aproximadamente 7.000 com auxílio de um estereomicroscópio. utilizando-se materiais ha sendo o ponto mais elevado, o Pico do Itacolomi. herborizados e/ou preservados em etanol 70%. As com 1.772 m de altitude, cuja presença foi referência estruturas ilustradas incluíram o hábito, se geográfica os bandeirantes durante o século quando para necessário, e reprodutivas XVIII (Messias et ai 1997). julgou partes consideradas importantes o reconhecimento Os campos rupestres do PEI abrangem toda para dos táxons. área acima da cota de 1.200 m. onde predominam os solos claro-arenosos associados ao quart/ito Resultados e Discussão (Messias et ai. 1997), podendo ser encontrado seis No Parque Estadual do Itacolomi a família tipos básicos de formações vegetais: afloramentos Bromeliaceae está representada por 21 espécies rochosos quarti/íticos. campos graminosos. distribuídas cm 11 gêneros e três subfamílias. retraumdo campos brejosos. capão de mata. capão de galeria alta riqueza quando comparada ao número total de e campos ferruginosos (adaptado de Peron 1989). espécies (65 spp.) ocoiTentes nos campos mpestres O clima do PEI é do tipo Cwa. ou seja. clima do estado (Versieux & Wendt 2(X)6). A subfamilia subtropical/lropical de altitude, apresentando Bmmelioideae apresentou a maior riqueza, tanto em verões chuvosos e invernos secos. A precipitação número de gêneros (seis) quanto de espécies (nove). anual média é de 1.217 mm. concentrada nos meses O gênero mais representativo foi Vriesea com seis de novembro a março c a temperatura anual média £ espécies, seguido Aechmea com três. BUlbergia, °C. por de 21 com máxima de 32°C e mínima de 8°C. Lhckia c Tillandsia com duas. Os gêneros Cnptantlius.

Rodriguesia 61 (21: 261 -280. 2010 263 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi

: /\/ Hidrografia Altimetria (m) _____ 660 - 780 _____ 780 - 900 BB910-1030 ___] 1030-1150 1150-1270 H 1270 -1390 ^1390-1520 ____ 1520-1640 ____] 1640 -1760

^\ 2000 0 2000 4000m"^-^_*Jr

Figura 1 - Localização do Parque Estadual do Itacolomi e regiões estudadas. 1. Tesoureiro; 2. Baú; 3. Lagoa Seca; 4. Pico do Itacolomi; 5. Serrinha e 6. Sertão. Figure 1 - Location Itacolomi State Park and regions studied. 1. Treasurer; 2. Trunk;3. Dry pond; 4. Peak Itacolomi; 5. Serrinha and 6. Backwoods.

Neoregelia, Nidularium. Pitcairnia, Ananas e dos campos rupestres: Cryptanthus schwakeanus Racinaea apresentaram cada um apenas uma espécie. (MG), Dyckia cinerea (MG), Neoregelia mucugensis e MG), Vriesea clausseniana Vriesea sp 1 e O presente trabalho acrescenta 14 espécies (BA, (MG), e Vriesea sp2 ao PEI). cinco gêneros ao estudo realizado por Peron (1989) (restritas à conservação, três espécies 10 espécies e três gêneros ao de Paula & Goldschmidt Quanto estão na categoria vulnerável e uma em (2008). Observou-se uma forte influência da flora da perigo de extinção Mata Aüântica com ocorrência de 15 espécies comuns para Minas Gerais, o que faz do PEI uma importante a este domínio, sendo as seis restantes, epidêmicas Unidade de Conservação a ser preservada no estado.

de Bromeliaceae no Parque Estadual do Itacolomi Chave para identificação dos táxons das espécies (MG) 1. Folhas com margens serrilhadas ou serradas; ovário ínfero; fruto baga, sementes sem apêndices Bromelioideae 2. Roseta foliar formando tanque. 3. Flores com até 3 cm compr. 4. Inflorescência laxa, raque exposta; brácteas florais inconspícuas, menores do que 0,4 cm compr.3- Aechmea nudicaulis var. aureorosea 4 Inflorescência congesta raque totalmente recoberta pelas flores; brácteas florais 0,7-1,8 cm compr. 5 Brácteas florais depresso-ovadas, 0,7-1 cm compr., ápice truncado; florescom l,2-l,6cm a)111pr. 1- Aechmea bromeliifolia var. bromeliifolia 5' Brácteas florais largo-ovadas, 1-1,8 cm compr., ápice obtuso; flores com 2,5-2,8 cm COtnpt 2. Aechmea lamarchei 3*. Flores 5-10 cm compr. 6. Escapo pêndulo ou subereto; apêndices petalíneos presentes. 7. Inflorescência levemente alvo-lanuginosa; brácteas florais 0,7-3 cm compr. 5. Billbergia elegans

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264Coser, T.S.. Paula. CC. & Wendt. T.

T. Inflorescência glabra; brácteas florais diminutas, 0,2-0.4 cm compr 6. Billbergiti vittata 6'. Escapo ereto; apêndices petalíneos ausentes. 8. Escapo curto com 4-7,2 cm compr; inflorescência simples, inclusa na roseta 8. Neoregelia mucugensis 8'. Escapo desenvolvido com 16-22 cm de compr; inflorescência composta, exserta da roseta 9. Nidularium marigoi 2\ Roseta foliar não formando tanque. 9. Planta robusta, 140-195 cm alt.; lâmina foliar linear; pétalas lilases 4. Ananas macrodontes 9'. Planta pequena, 6-15 cm alt.; lâmina foliar estreito-triangular: pétalas brancas 7. Cryptanthus schwakeanus 1'. Folhas com margens inteiras ou serradas; ovário supero ou raramente semi-ínfero; fruto cápsula, sementes com apêndices. 10. Plantas rupícolas, saxícolas, terrícolas, nunca epífitas; folhas com margens inteiras ou serradas; sementes com apêndices inteiros Pitcaimioideae 11. Folhas suculentas, margens serradas. 12. Folhas 24-50 cm compr, lâminas 1,2-1,5 cm larg.; brácteas florais 1.5-2,7 cm compr. ... 10. Dyckia cinerea 12'. Folhas 16-20 cm compr, lâminas 2-3 cm larg.; brácteas florais 1-1,4 cm compr 11. Dyckia saxatilis 11'. Folhas herbáceas, margens inteiras 12. Pitcairnia flammea var. flammea 10'. Plantas geralmente epífitas; folhas com margens inteiras; sementes com apêndices plumosos Tillandsioideae 13. Roseta não formando tanque ou, se formando, utriculosa; lâminas estreito-triangulares, ápice longo-atenuado; apêndices petalíneos ausentes. 14. Roseta não formando tanque 15. Tillandsia stricta 14'. Roseta utriculosa. 15. Lâminas foliares com ápice retorcido-involuto; inflorescência recurvada; sépalas 0,3-0,4 cm compr. 13. Racinaea aerisincola 15'. Lâminas foliares com ápice ereto; inflorescência ereta; sépalas 1-1,5 cm compr 14. Tillandsia polystachya 13'. Roseta formando tanque, mas nunca utriculosa: lâminas lanceoladas. lineares a levemente triangulares, ápice obtuso a agudo e apiculado. mas nunca longo-atenuados; apêndices petalíneos presentes. 16. Inflorescência composta, 4-6 ramos 18. Vriesea hoehneana 16'. Inflorescência simples, ou raramente apenas um ramo na base da inflorescência. 17. Flores secundas na antese 17. Vriesea clausseniana 17'. Flores dísticas na antese. 18. Brácteas florais 4-4,5 cm compr.; flores 6,5-7.2 cm compr 16. Vriesea bituminosa 18'. Brácteas florais 1,8-3,8 cm compr; flores 4-6,2 cm compr. 19. Pétalas vermelho-vináceas19. Vriesea regnellii 19'. Pétalas amarelas a amarelo-creme com pequenas máculas purpúreas em direção ao ápice. 20. Brácteas florais largo ovadas. 2,5-3,8 x 2,5-3.7 cm; flores 5-6,2 cm compr; sépalas2,5-3,4x 1,5-2.5cm 20. Vriesea sp\ 20'. Brácteas florais ovadas, 1,8-3 x 1,5-2,3 cm; flores 4,5-4,8 cm compr; sépalas 1,8-2.5x0,9-1,6 cm 21. Vriesea sp2

Rodriguésia 61(2): 261-280. 2010 265 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi Subfamília Bromelioideae truncado (vs. largo-ovadas com ápice obtuso). com baixo risco de extinção 1. Aechmea bromeliifolia (Rudge) Baker var. Espécie considerada para Gerais & Wendt 2007). hromeliifolia in Benth. & Hook. f., Gen. pi. 3: o estado de Minas (Versieux 664.1883.Fig. 2 a-c lamarchei Mez in Mart., Eichler & Planta florida 65.5-105 cm alt., epífita, rupícola, 2.Aechmea Fl. bras. 3(3): 375.1892.Fig. 2 d-f esciófila e heliófila. Roseta infundibuliforme ou tubular. Urban, Planta florida 50-65 cm alt., epífita, terrícola, Folhas 45-72 cm compr.: bainha 17-30,5 x 7-15,5 cm, esciófila. Roseta infundibuliforme. Folhas 35-51,5 cm elíptica, vinosa na face adaxial, verde na face abaxial; bainha 9-12,5 x 5,5-7 cm, elíptica, vinosa na lâmina 28-50,50x3.5-9,5cm. lanceolada a estreito- compr.; face adaxial, verde na abaxial; lâmina 27—40 x 2-3,2 triangular, verde, ápice acuminado. raro cm, linear-lanceolada, verde-avermelhada em ambas apiculado-recurvado, margens serradas, acúleos as faces, ápice agudo, acuminado, recurvado, margens castanhos, 1-5 mm compr. Escapo 57-84,5 cm densamente serrilhadas, acúleos 1 mm compr. Escapo compr., ereto, vinoso, alvo-lanuginoso; bràcteas 35-48 cm compr., ereto, verde-avermelhado, alvo- escapais 4,5-13,5 x 1,3-3 cm, lanceoladas, lanuginoso; bràcteas escapais 4,5-7 x 2,5-3,1 cm, imbricadas, superiores maiores que o internódios elípticas, imbricadas, vermelhas, ápice agudo, e róseas, ápice agudo, acuminado. patentes, apiculado, margens denticuladas em direção ao ápice. Inflorescência 5-14,2 x 2.5-4 cm, em espiga, Inflorescência 4,5 x 3,2 cm, em espiga, estrobiliforme, estrobiliforme, congesta, raque totalmente congesta, raque totalmente recoberta flores, recoberta flores, ereta; bràcteas florais pelas pelas ereta; bràcteas florais 1-1,8 x 1,5 cm, 0,7-1 x 0,9-1,3 cm, mais curtas que as sépalas, geralmente igualando o compr. das sépalas, côncavas, largo- depresso-ovadas, côncavas, coriáceas, vinosas, ovadas, coriáceas nas regiões das carenas, ápice truncado. Flores, 1,2-1,6 cm compr.. membranáceas em direção ao ápice, avermelhadas a sésseis; sépalas 0,5-0,8 x 0,5-0,6 cm polísticas, castanhas, alvo-lanuginosa, ápice agudo a obtuso. compr.. concrescidas por 2-3 mm, verdes ou Flores 2,5-2,8 cm compr., sésseis; sépalas amarelo-esverdeadas, alvo-lanuginosas, ápice polísticas, 1-1,3 x 0,5-0,6 cm, concrescidas 4-6 mm, amarelo- obtuso; 0,9-1.1 x 0.3-0,4 cm. oblongas. por pétalas avermelhadas, alvo-lanuginosas, ápice obtuso; amarelas ou amarelo-esverdeadas, enegrecidas pétalas 1,6-2,1 x 0,5 cm, lanceoladas, amarelas, enegrecidas após a antese, ápice obtuso; apêndices após a antese, ápice obtuso; apêndices 4 3-4.5 mm compr., ápice fimbriados; petalíneos petalíneos mm compr., ápice fimbriado; estames inclusos, filetes estames inclusos, filetes 0,5-0,8 cm compr.. 1,1-1,3 cm compr., antéras 6-8 mm compr.; estilete 1,2- antéras 4-5,5 mm compr.: estilete 0.5-0,8 cm 1,5 cm compr., estigma ca. 2 mm compr., ovário ínfero, compr.. estigma ca. 1 mm compr., ovário ínfero, mm compr. Frutos bacáceos, verdes; sementes ca. 4 mm compr. Frutos bacáceos. verdes; hialinas, ca. 5 mm compr. sementes hialinas, ca. 5 mm compr. Material examinado: 2.IX.2006, fl., T.S. Coser et Material examinado: 2.IX.2O06. fl.. T.S. Coser et al. 29 al. 31 (VIC); fr., 12.X.2007. T.S. Coser & D.M.T. mC):\$X.2006.n..T.S.Coser&G.S.S.AImeida35(VlC): Francino 115 (VIC). 14.VIII.2O07, fl., T.S. Coser 9S&96 (VIC): 14.VIII.2007, Ocorrência no Brasil ES, MG e RJ) fr.. T.S. Coser 97 (VIC). (BA, (Smith 1979). Ocorre restritamente Espécie de distribuição ampla, ocorrendo no Downs nos capões de associadas aos campos ferruginosos. México. Guatemala. El Salvador, Honduras, Guianas, galeria É de A. bromeliifolia Suriname. Trinidade. Tobago. Venezuela. Colômbia. próxima (ver de A. bromeliifolia). Espécie Peru, Bolívia e Brasil (AM, AP, BA. CE. DF. GO, comentários com baixo risco de extinção o MA. MG. MT, PA. RO, RR, SP e TO) (Smith & considerada para de Minas Gerais & Wendt 2007). Downs 1979). No PEI, ocorre principalmente nos estado (Versieux campos ferruginosos. raramente encontrada nos nudicaulis var. aureorosea capões de mata e afloramentos rochosos. 3.Aechmea (Antoine) Smithsonian Misc. Collect. 126:17.1955. Dentre as espécies ocorrentes no PEI, está L.B.Sm. Fig.2g mais de A. lamarchei, diferindo por próxima Planta florida 39-65 cm alt., rupícola, terrícola, apresentar lâmina com margens esparsamente Roseta tubulosa. Folhas 30-54 cm compr.; serradas com acúleos de 1-5 mm (vs. margens heliófila. 13-19,5 x 4-9,5 cm. elíptica a oblonga, verde densamente serrilhadas com acúleos de ca. 1 mm), bainha vináceo na face adaxial. verde na abaxial; lâmina bràcteas florais depresso-ovadas com ápice a

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8,5-37 x 2,3-5 cm, ligulada, verde, ápice obtuso- igualando o comprimento das pétalas, lanceoladas a apiculado, recurvado, margens densamente triangulares, densamente imbricadas, escamosa na serradas, acúleos até 5 mm compr. Escapo 38-55 face adaxial, rósea a vermelhas, ápice acuminado. cm compr., ereto, avermelhado, levemente alvo- margens denticuladas. Flores, 3^4 cm compr.. lanuginoso; brácteas escapais 2-6,5 x 0,7-1,5 cm, polísticas, sésseis; sépalas 1-1,3 x 1 cm compr., elípticas, imbricadas, róseas, ápice agudo. ovadas, côncavas, coriáceas, margens membranáceas, Inflorescencia 7-15 x 2-3,5 cm, em espiga, laxa, concrescida por ca. 3 mm, verde-róseas, ápice obtuso; raque exposta, subereta; brácteas florais até 0,4 cm pétalas 2,5-3 x 0,8 cm, oblongas, provida de duas compr., triangulares, verde-amarelas. ápice agudo. calosidades inconspícuas na base da lâmina, Flores 1,2-1,8 cm compr., polísticas, sésseis; sépalas concrescida por ca. 3 mm. branca na base e lilás em 0,7-0,8 x 0,3 cm, oblongas, verdes na base, amarelo- direção ao ápice, ápice agudo; apêndices petalíneos avermelhadas em direção ao ápice, ápice obtuso, ausci tes; estames inclusos, filetes 1,3-1,8 cm compr., apiculado; pétalas 1-1,2 x 0,4 cm, oblongas, anteias ca. 5 mm compr.; estilete ca. 1,8 cm compr.. vermelhas, ápice obtuso; apêndices petalíneos ca. estigma ca. 3.5 mm compr. ovário ínfero. fundidos, ca. 2 mm compr., ápice fimbriados; estames inclusos, 8 mm compr. Frutos soroses. filetes 0,7 x 0,8 cm compr., anteras 4 mm compr.; Material examinado: 27.XI.2007, fl.. T.S. Coser & estilete 0,9 cm compr., estigma ca. 2 mm compr., D.M.T. Francino 111 & 112 (VIC). ovário ínfero, 5x7 mm compr. Frutos bacáceos, Espécie presente no Equador, Bolívia, Paraguai. verde-amarelados, laranja-avermelhados quando Argenünae Brasil (BA, CE, ES, MG, MS. MT, PE. PR. maduros; sementes 1 mm compr. SP e RJ) (Smith & Downs 1979). Ocorre restritamente Material examinado: 27.XI.2006, fr., T.S. Coser etal. nos capões de mata da região da fenda do biquíni, 46 & 47 (VIC). trilha do sertão, ocorrendo em densas Material adicional: MINAS GERAIS: Ouro Preto, populações. Ananas macrodontes era considerada binômio Serra do Itatiaia, 13.IX.2005. fr., CC. Paula & O.B. de Pseudananas sagenarius Ribeiro 30 (VIC). Ouro Branco, 6.XI.20O6, fl., l.F. Braga (Arruda da Câmara) Camargo, 18 (VIC); 7.XI.20O6, fr., l.F. Braga 19 (VIC). todavia, estudos filogenéticos baseados Ocorrêcia no Brasil (ES, MG, RJ e SP) (Smith em dados moleculares propõem a validação do & Downs 1979). No PEI ocorre nos campos binômio, posicionando o gênero Pseudananas como sinonimia graminosos e nos afloramentos rochosos. de Ananas, tornando assim, o grupo monofilético vai ei al. A espécie é facilmente reconhecida pela forte (Du 2005; Martins et al. 2007). dobra na região superior da bainha, formando um No PEI, a espécie é facilmente distinguível "V". seu tamanho Esta variedade difere das demais por possuir pelo e folhas que podem chegar a 220 cm de comprimento. flores com sépalas manchadas de vermelho e pétalas Usualmente A. macrodontes é vermelhas (Smith & Downs 1979). Considerada com identificada nos herbários como Ananas bracteatus baixo risco de extinção para o estado de Minas (Lindl.) Schult. & Schult. f. Isto se deve a coletas de Gerais (Versieux & Wendt 2007). inflorescencia em estágio juvenil, quando ainda não é possível distinguir o coma apical em A. bracteatus. 4. \nanas macrodontes E. Morren, Belgique Hort. a principal característica que as separam. 28:140.pl. 4,5.1878.Fig. 2 h-i Espécie considerada com baixo risco de Planta florida 100-120 cm alt., terrestre, extinção para o estado de Minas Gerais (Versieux heliófila. Roseta não formando tanque. Folhas 60- Wendt 2007). 220 cm compr., patentes; bainha 6.5-10,5 x 5-9,5 cm, oblanceolada, esbranquiçada, margens 5. Billbergia elegans Mart. ex Schult. & Schult. f. serradas; lâmina 80-210 x 4-5,5 cm, linear, bt Roem. & Schult., Syst. Veg. 7(2): 1265.1830. canaliculada, verde, ápice acuminado. margens Fig.2j-1 esparsamente serradas, acúleos até 5 mm compr.. Planta florida 40-50 cm alt.. epífita. rupícola, antrorsos e retrorsos. Escapo 50-62 cm compr.. saxícola. heliófila ou esciófila. Roseta tubulosa. ereto, raro curvo, verde a vináceo, densamente alvo- Folhas 35-51.5 cm compr.; bainha 10,5-15,5 x 4.5- lanuginoso; brácteas escapais inferiores foliáceas, cm, oblonga, elíptica, verde-avermelhada na face superiores 10-23 x 2-2.5 cm. linear-triangulares, adaxial, vinosa na face abaxial; lâmina 8,5-25,5 x alvo-esverdeadas a róseas, ápice acuminado. 2,6-6 cm, linear a lanceolada, verde, verde- Intlorescência 10-14 x 7-9 cm, em espiga, globosa, avermelhada em ambas as faces, ápice agudo, ereta; brácteas florais 4-5,5 x 1-2 cm, maior ou recurvado, margens serradas, acúleos 1-2,2 mm

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°[ K l° s[ík lcL é/J coJ

- b. bráctea floral; c. flor. Figura 2 - a-c. Aechmea bromeliifolia var. bromeliifolia a. inflorescência; d-f. A. lamarchei - hábito, h-i. Ananas macrodontes - h. inflorescência; - d hábito- e bráctea floral; f. flor. g. A. nudicaulis var. aureorosa - k. flor; 1. bráctea floral, m-o. B. vittata - m. inflorescência; n. flor; o. bráctea i flor j-1. Billbergia elegans j. hábito; 112; Coser 107; m-o Coser 71). floral (a-c Coser 95; d-f Coser 31; g Coser 46; h-i Coser j-1 - a. inflorescence; b. floral bract; c. flower. d-f. A. lamarchei - d. habit; Figure 2 - a-c Aechmea bromeliifolia var. bromeliifolia - habit. h-i. Ananas macrodontes - h. inflorescence; i. flower. j-1. Billbergia e floral bract f. flower g. A. nudicaulis var. aureorosa bract. m-o. B. vittata - m. inflorescence; n. flower; o. floral bract. (a-c Coser 95; d-f Coser 31; elegans - j. habit: k. flower; 1. floral 107; m-o Coser 71). g Coser 46; h-i Coser 112. j-1 Coser

Rodriguesia 61(2): 261-280. 2010 268 Coser. T.S.. Paula. CC. & IVendt. T. compr. Escapo 23-29,5 cm compr., pêndulo ou Folhas 35-110 cm compr.; bainha 18-23.5x3.5-7,5 cm. subereto, castanho-avermelhado; brácteas escapais oblonga a lanceoda. verde-vináceo; lâmina 8,5^45 4,5-7,3 x 1,5-2,5 cm, elípticas, suberetas, superiores x 2.3-5 cm, linear a lanceolada. verde, ápice agudo- imbricadas, vermelhas, ápice agudo-apiculado, acuminado e recurvado, margens densamente margens inteiras e/ou denticuladas em direção ao serradas, acúleos 1-6 mm compr. Escapo 26.5-51 ápice. Inflorescência 15-25,5 x 4,5-7,5 cm. em espiga cm compr., subereto, vermelho; brácteas escapais dupla, laxa, levemente alvo-lanuginosa. subereta a 6-11,5 x 1,3-2,4 cm. elípticas. suberetas. vermelhas, pêndula; raque reta a levemente geniculada; brácteas ápice agudo. Inflorescência 8-27,5 x 10-12 cm, em primárias basais semelhantes às escapais, as espiga dupla laxa glabra, subereta a pêndula; raque superiores menores, 0,6-4,5 x 0,8-1,5 cm, ápice levemente geniculada: brácteas primárias semelhantes obtuso-apiculado; brácteas florais 0,7-3 x 0.3-0.6 cm, às brácteas do escapo; brácteas florais 0,2-0,4 x 0,3 oblongas a ovadas, vermelhas, ápice obtuso. Flores cm, ovadas, vermelho-castanhas, ápice cuspidado. 5,5-7 cm compr., polísticas, sésseis; sépalas 3-3,5 x Flores 5-6.5 cm compr., polísticas; sésseis; sépalas 0,6 cm, lineares, base vermelha, lilás em direção ao 1,9-2,5 x 0,4-0,5 cm, oblongas, base rósea. lilás em x ápice, ápice obtuso; pétalas 4-6 x 0,4-0,7 cm. lineares, direção ao ápice, ápice cuspidado; pétalas 4,3-5 0,4- levemente recurvadas na antese, base verde, ápice 0.6 cm, lineares a oblonceolada, recurvas na antese. azul a lilás, ápice obtuso; apêndices petalíneos ca. base creme, lilás em direção ao ápice, ápice obtuso a mm compr., ápice fimbriado; estames exsertos, levemente cuspidado; apêndices petalíneos ca. 4 mm filetes 4-4,5 cm compr., anteras ca. 5 mm compr.; compr., ápice fimbriado; estames exsertos. filetes ca. 4 estilete ca. 4,5 cm compr., estigma ca. 5 mm compr.. cm compr., anteras ca. 6 mm compr.; estilete 4-4,3 cm ovário ínfero, ca 15 mm compr. Frutos bacáceos. verde- compr., estigma ca. 4 mm compr.. ovário ínfero, ca. 15 avermelhados; sementes hialinas, ca. 2.5 mm compr. mm compr. Frutos bacáceos, verde-avermelhados. Material examinado: 6.VIII.2006, fl., T.S. Coser & Material examinado: 18.IV.2007. fr., T.S. Coser et ai. CC Paula /7(VIC); 1.IX.2006, fl.. T.S. Coserei ai. 24 66, 67& 71 (VIC); 18.IV.2007, fl., T.S. Coseretal. 68, (VIC); 1.X.2006, fl., T.S. Coser & R.S. Araújo 32 & 34 69& 70(VIC); 9.V.2007, fr., 7".5. Coseretal. 76(VIC): (VIC); 13.III.2007, fl., T.S. Coser et ai. 61 (VIC); 6.VI.2007, fr., T.S. Coseretal. 82 (VIC). 27.VI.2007, fr„ T.S. Coser 89 (VIC); I4.VIII.2007, fl.. Presente no Brasil (ES, MG e RJ) (Smith & T.S. Coser 93, 94 & 107 (VIC). Downs 1979). Ocorre nos afloramentos rochosos e Ocorrência no Brasil (BA, ES, MG, PR, RJ, SC capões de mata. e SP) (Smith & Downs 1979). Apresenta ampla Billbergia vittata quando ocorre como epífita distribuição no PEI, ocorrendo em densos ou saxícola e exposta à radiação solar direta, suas agrupamentos populacionais nos afloramentos folhas são vermelho-vináceas e reduzidas (até cerca rochosos, capões de matas, matas de galeria e de 35 cm compr.), em contraste as folhas verdes e campos graminosos. compridas (até cerca de 110 cm compr.) que Dentre as espécies do PEI. está mais próxima usualmente ostenta quando terrícola e esciófila. de B. vittata, da qual difere pela inflorescência Espécie considerada com baixo risco de extinção para levemente alvo-lanuginosa (v*. glabra) e pelas o estado de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). brácteas florais 0,7-3,0 cm compr. (vs. 0,3 cm). Dentro do domínio dos campos rupestres, pode 7. Cryptanthus schwakeanus Mez in Mart., Eichler ser facilmente confundida com B. amoena (Lodd.) & Urban, Fl. bras. 3(3): 203.1891.Fig. 3 a-c Lindl. (espécie de ampla distribuição na Cadeia do Planta florida 6,5-12,5 cm alt.. rupícola. Espinhaço). Contudo, B. elegans apresenta escapo saxícola, terrestre, esciófila ou heliófila;. Roseta não curvo com escamas esparsas pela raque (vs. ereto e formando tanque. Folhas 4-12 cm compr., eretas a glabro), brácteas florais ovadas com ápice obtuso patentes: bainha 0,6-1,6 x 0,8-1,5 cm, ovada, (vs. brácteas florais reniformes e apiculadas) (Smith suborbicular. albo-esverdeada, margens serradas Downs 1979). Espécie considerada com baixo em direção ao ápice; lâmina 4-10,5 x 0,7-1,2 cm, risco de extinção para o estado de Minas Gerais estreito triangular, canaliculada, verde a (Versieux & Wendt 2007). avermelhada, ápice atenuado, margens esparsamente serradas, acúleos 1-3 mm compr. 6. Billbergia viOata Brongn., Portef. Hort. 2:353.1848. Inflorescência composta, séssil, inclusa na roseta; Fig. 2 m-o ramos basais 1-3 flores; brácteas primárias foliáceas. Planta florida 40-70 cm alt.. epífita, saxícola, similares às folhas no formato, textura e margens, terrícola, heliófila ou esciófila. Roseta tubulosa. porém menores; brácteas florais 0,7-0,9 x 0.6-0.9 cm.

Rodriguésia 61(2): 261-280. 2010 269 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi

- floral; c. flor. d-f. Neoregelia mucugensis - d. hábito; Figura 3 - a-c. Cnptanthus schwakeanus a. hábito; b. bráctea hábito; h. inflorescência. (a-c Coser37; d-f Coser54; Coser56). e inflorescência- C flor. g-h. Nidularium marigoi-g. g-h - b. floral bract; c. flower. d-f. Neoregelia mucugensis - d. habit; e. inflorescence; Kieure 3 - a-c Cnptanthus schwakeanus a. habit: - habit; h. inflorescence. (a-c Coser 37; d-f Coser 54; g-h Coser 56). . tlower g-h. Nidularium marigoi g.

Rodriguésia 61 (2): 261-280. 2010 270 Coser, T.S.. Paula. CC. & IVendf, T. triangulares, côncavas, lepidotas, membranáceas, imbricadas. membranáceas, inconspicuamente ápice agudo, serrilhada em direção ao ápice. Flores 2,3- escamosas, as inferiores triangulares e apiculadas, 2,7 cm compr., polísticas, sésseis; sépalas 0,6-0,8 x 0,3 1,2-1,8 x 2-3,1 cm, brancas, margens denticuladas, cm, triangulares, concrescidas por 2-4 mm, fortemente as superiores, ovadas e apiculadas, 3,2—4,2 x 1,8-2,9 carenada ápice agudo; pétalas 1,8-2 x 0,4-0,5 cm, cm, branco-esverdeada, involucrais, margens elípticas, concrescidas por ca. 2 mm, brancas, ápice inteiras, brancas. Inflorescência 55-62 mm compr. obtuso; apêndices petalíneos ausentes; estames (excluindo as pétalas), em rácemo, umbeliforme. inclusos, filetes 1,2-1,6 cm compr., anteras ca. 3 mm inclusa na roseta; brácteas florais externas compr.; estilete ca. 1,3 cm compr., estigma ca. 3 mm assemelhando-se às brácteas escapais superiores, compr., ovário ínfero, ca 3.5 mm compr. Frutos bacáceos, as internas lineares a oblongas, 0,9-2,3 x 0,4-0,8 verdes; sementes ca. 2 mm compr. cm, brancas na base, verde-avermelhadas em Material examinado: 1893, fl., (OUPR-5943); direção ao ápice, ápice agudo. Flores 8-10,5 cm 18.X.2006, fl., T.S. Coser etal. 37 (VIC); 13.XII.20O6, compr., polísticas, pedicelos 1-2 cm compr.; sépalas fl., T.S. Coser & G.S.S. Almeida 50 & 51 (VIC); 17.1.2007, 2,3-3 x 0.8-1,1 cm. oblanceoladas, concrescidas fl., T.S. Coseretat. 52(VIC); 13.111.2007, fr., 7.5. Coser ca. 7 mm, verdes, vináceo em direção ao ápice, ápice etal. 61 & 62 (VIC); 14.111.2007, fr., T.S. Coser etal. 64 agudo; 5-6,3 x (VIC); 9.V.2007, fr., T.S. Coser etal. 81 (VIC). pétalas 1,3 cm. elípticas a oblanceoladas, Endêmica de Minas Gerais (Versieux & Wendt eretas a suberetas na antese, 2006). Ocorre nos afloramentos rochosos e nos concrescida ca. 1 cm, base branca, azulada em campos ferruginosos. direção ao ápice, fortemente retorcido-involutas Cryptanthus schwakeanus é a espécie de após a antese, ápice agudo; apêndices petalíneos ausentes; estames inclusos, filetes 1,9-3 cm, anteras bromelia de menor porte ocorrente no PEI. Suas ca. 1 cm compr.; estilete 3,5 cm compr., estigma ca. folhas podem atingir coloração vermelho-vináceo, 8 mm compr.. ovário ínfero, 12-15 mm compr. Frutos quando exposta diretamente à radiação solar, e verdes habitam ambientes bacáceos, brancos. quando poucos Material examinado: iluminados. Além disso, o substrato e/ou habitat 13.11.2007, fl., T.S. Coser & G.S.S. Almeida54& 55(VIC); 27.VI.2007, fr., T.S. Coser83 & 84 condicionam os indivíduos a variabilidade grande (VIC); 12.X.2007. fr., T.S. Coser &D.M.T. Francino 114. no tamanho da roseta foliar. Segundo Smith & Material adicional: BAHIA: Chapada Diamantina, Downs (1979), a espécie pode ser tratada como 1.1994, fl., cult. nov. H. Cintra s.n.: XI. 1995, E. Leme caulescente, todavia, nenhum indivíduo encontrado 2280 (HB, holótipo); Mucugezinho, 1.1993, fl., cult. nov. no PEI apresentou este hábito. A espécie apresenta P. Nahoum; 11.1996, E. Leme 2239 (HB, parátipo). semelhanças com C. tiradeniesensis Leme, espécie Ocorrência no Brasil (BA e MG) (Leme 1998). ocorrente nos campos rupestres da Cadeia do Ocorre com populações restritas aos afloramentos Espinhaço, diferindo desta por apresentar folhas glabras rochosos, principalmente na região da Lagoa Seca. somente na face adaxial, sépalas menores e pétalas com Neoregelia mucugensis era conhecida apenas calosidades. Espécie citada como vulnerável para o para a Chapada Diamantina, na Bahia (Leme 1998), estado de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). sendo sua área de distribuição ampliada no presente estudo para o estado de Minas Gerais. Ressalta-se 8. Neoregelia mucugensis Leme, Canistropsis, que os indivíduos encontrados no PEI apresentam Bromélias da Mata Atlântica. 83-85.1998. dimensões florais maiores que os indivíduos que Fig. 3 d-f compõem o material tipo, todavia, esta variação Planta florida 25-40 cm alt., saxícola esciófila, morfológica não é suficiente para o estabelecimento heliófila; estolhos laterais à roseta com 14-38,5 cm de um novo táxon. Possui semelhanças com N. compr., catáfilos triangulares, ápice acuminado. bahiana (Ule) L.B.Sm., espécie que ocorre em Roseta infundibuliforme. Folhas 26-40 cm compr.; praticamente toda a extensão da Cadeia do bainhas 12,5-15,5 x 6-8 cm, elípticas a ovadas, Espinhaço. Porém, difere por N. mucugensis verdes com faixas transversais ou manchas vinosas: apresentar sépalas menores e cerca de duas vezes lâminas 11-37 x 3,7-6,2 cm. elípticas, mais largas, pétalas menores, duas vezes mais largas oblanceoladas, verdes, por vezes avermelhadas em c com menor concrescência. Considera-se neste direção ao ápice, ápice com mácula solitária amarelo- estudo a espécie como em perigo de extinção para vinácea, ápice obtuso-apiculado. margens o estado de Minas Gerais devido às pequenas serrilhadas, aculeos ca. 0,6 mm compr. Escapo 4-7,2 populações encontradas, além da reduzida área de cm compr., ereto, branco, glabro; brácteas escapais distribuição no estado.

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi 271 9.Nidularium marigoi Leme. J. Bromeliad Soe. levemente canaliculada, verde, densamente cinéreo- 41(3): 112.Fig. 3 g-h lepdota, ápice atenuado, margens serradas, acúleos Planta florida 24-32 cm alt.. rupícola terrícola, 1-3 mm compr. Escapo 21-69 cm compr., ereto, raramente epifita. heliófila. Roseta infundibuliforme. castanho-avermelhado; brácteas escapais basais Folhas 23-32 cm compr.; bainha 11-14 x 6-8.5 cm, subfoliáceas, superiores 2,5-5 x 0,6-1,2 cm, elíptica. nervada. verde, levemente vinácea; lâmina triangulares, castanhas, ápice atenuado, margens 8-22,5 x 3-4,5 cm, ligulada, verde, vermelho em serrilhadas, acúleos até 1,5 mm compr. Inflorescência direção ao ápice, ápice cuspidado, margens 8,5-50 x 2,5-4 cm, em rácemo, raramente rácemo serrilhadas, acúleos ca. 0,5 mm compr. Escapo 16- heterotético duplo, laxa ou congesta ereta densamente 22 cm compr., ereto, verde; brácteas escapais 6-7 x cinéreo ou ferrugíneo-lepdota; brácteas florais 1,5- 3^,5 cm, lanceoladas, imbricadas, completamente 2,7 x 0,8-1,7 cm, basais maiores que as flores, envolvendo o escapo, verde com ápice vermelho, lanceolado-triangulares, castanho-avermelhadas, ápice agudo, margens serrilhadas. Inflorescência ápice atenuado, margens serrilhadas a inteiras. Flores 6-8 x 6,5-8 cm, em rácemo heterotético duplo, 1,2-1,8 cm compr., polísticas, patentes, pedicelos 2-3 capituliforme; ramos ca. 10, com 3-4 flores, mm compr.; sépalas 0,9-1,4 x 0,7-1 cm, ovais, laranja a x 6-8,5 pedúnculo curto; brácteas primárias 7-8 vermelhas, ápice obtuso; pétalas 1-1,5 x 0,8-1,3 cm, cm, ovadas, vermelhas, margens denticuladas. ápice obovada a depresso-obovada, glabra, ápice obtuso; obtuso, levemente apiculado; brácteas florais 1,9- apêndices petalíneos ausentes; estames inclusos, 2,5 x 0,8-1 cm, oblongo-elíptica, côncavas, filetes 0,8-1 cm compr., livres ou concrescidos acima em direção carenadas. verdes, margens denticulada do anel pétalo-estamíneo por 1-6 mm, anteras ca. 3 ao ápice, ápice agudo. Flores, 5-6,5 cm compr.. mm compr.; estilete ca. 0,2 cm compr., estigma ca. 1,5 sépalas 1,3- polísticas. pedicelos 2-5 mm compr.; mm compr., ovário infero, 5-6 mm compr. Fruto 1,5 x 0,5 cm, oblongas, concrescidas por 2 mm. cápsula; sementes castanho escuras. verdes, ápice acuminado; pétalas 4,3-5,5 x 0,5-0,6 Material examinado: 20.IX. 1896, fl., P. Schwake 12515 cm, oblongas, concrescidas por 6 mm, calosidades (RB); 2.X. 1898. fl., P. Schwake 13777 (RB); 6.IX.1987, longitudinais desenvolvidas, base branca, lilás em fr., M. Peron 274 (RB); 1 .IX.2006, fr., T.S. Coser et ai. 25 direção ao ápice, ápice obtuso; apêndices petalíneos (VIC); 1.IX.2006, fl., T.S. Coser et ai. 26, 27 & 28 (VIC); ausentes; estames inclusos, filetes 4-4,5 cm compr., 17.1.2007, fl.. T.S. Coser et ai. 53 (VIC); 18.IV.2O07, fl., T.S. Coser et ai. 65 15.VIII.20O7, fl., T.S. anteras 7-8 mm compr.; estilete ca. 5 cm compr.. (VIC); Coser & R.S. Araújo 98, (VIC); 15.VIII.2007. fl, T.S. Coser & R.S. estigma ca. 3 mm compr.. ovário infero. ca. 10 mm Araújo 98 (VIC); 15. Vm.20O7, fl., T.S. Coser & R.S. Araújo bacáceos. branco-esverdeaJo. compr. Frutos 100, 101. 104 &106 (VIC); 15.VIII.2O07, fl., T.S. Coser 24 II. 1987, fl.. M. Peron 88 (RB); Material examinado: & R.S. Araújo 102 (VIC); 15.VIII.2007, fl., T.S. Coser & fr.. G. Martinelli 2778 (RB); 27.XI.2006. 2WII.I977. R.S. Araújo 103 & 105 (VIC). fr., T.S. Coser et ai. 45 & 49 (VIC); 13.11.2007, fl., T.S. Espécie endêmica de Minas Gerais (Smith & Coser et ai. 56 (VIC): 12.111.2007. fr.. T.S. Coser & L Downs 1974); em densas Dayrell58(W\C). populações nos afloramentos Ocorrência no Brasil (ES, MG, RJ e SP) preferencialmente rochosos a sudeste do Pico do Itacolomi. (Versieux & Wendt 2006). Ocorre nos afloramentos A espécie apresenta semelhanças rochosos e matas de galeria. com No PEI a espécie é bem delimitada por Dyckia bracteata (Wittm.) Mez e D. trichostachya apresentar inflorescência capituliforme. brácteas Baker que também ocorrem nos campos rupestres o estado de do estado. Segundo Mez (1894) e Smith & Downs primárias grandes e vistosas. Para Minas Gerais, a espécie é considerada com baixo (1974), D. cinerea difere destas espécies por risco de extinção (Versieux & Wendt 2007). apresentar inflorescência cinéreo-lepidota (vs. ferrugínea-lepidota), acúleos da folha com 2,5-3 mm 1,5-2 mm) e estames Subfamília Pitcairnioideae compr. (vs. concrescidos 1 mm acima do anel 2-6 mm em D. 10.Dyckia cinerea Mez in Martius., Eichler & pétalo-estamíneo (vs. bracteata e livre em D. trichostachya). Contudo, Urban. Fl. bras. 3(3): 469.1894.Fig. 4 a-d os indivíduos de D. cinerea encontrados no PEI Planta florida 30-110 cm alt.. terrícola heliófila. apresentam variação nestes caracteres, Roseta não formando tanque. Folhas 24-50 cm compr.. grande na mesma o indumento suculentas; bainha 2.5-4,5 x 2,5-6,5 cm, oval, alva na podendo população da ser cinéreo a ferrugíneo-lepidoto base, castanho escuro no terço superior, margens inflorescência e a serrilhadas; lâmina 20-46 x 1.2-1.5 cm. triangular. concrescência acima do anel pétalo-estamíneo variar

Rodriguésia 61(2): 261-280. 2010 272 Coser. T.S.. Paula. CC. & Wendt. T.

- - Figura 4 a-d. Dyckia cinerea a. hábito; b. bráctea floral; c. flor; d. pétala com estames e anel pétalo-estamineo. - e-h. D. saxatilis e. hábito; f. bráctea floral; g. flor; h. pétala com estames e anel pétalo-estamineo. i-m. Pitcairnia flammca var.flammea - i. hábito; j. bráctea floral; k. flor; 1. sépala; m. pétala, (a-d Coser 27; e-h Coser IIH; i-m Coser 38). Figure 4 - a-d. Dyckia cinerea - a. habit; b. floral bract; c. flower; d. petal with stamens and staminate-pctal ring. e-h. D. saxatilis - e. habit; f. floral bract; g. flower: h. petal with stamens and staminate-pctal ring. i-m. Pitcairnia flammea var. flammea - i. habit; j. floral bract; k. flower; 1. sepal; m. petal. (a-d Coser 27; e-h Coser 118; i-m Coser 38).

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 273 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi x 1,2-1,7 cm linear, verde-vinácea na face de 1 -ó mm. Mediante a imprecisão na delimitação bainha 3-5,5 na face abaxial; lâmina 30-90 cm, linear destes táxons. todos os espécimes coletadas no adaxial, vinácea canaliculada, verde, PEI foram considerados como D. cinérea. Espécie a estreito-elípitea, levemente por na face abaxial, ápice atenuado. considerada como vulnerável para o estado de vezes lanuginosa subereto, verde a vermelho, Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). Escapo 35-52 cm compr., lanuginoso; brácteas escapais inferiores foliáceas, 11. Dyckia saxatilis Mez in C. DC, Monogr. phan. superiores 4—9 x 0,8-1 cm, triangulares, maiores que os 9:518.1896.Fig. 4 e-h internódios, verde-avermelhadas, glabras, ápice Planta florida ca. 65 cm alt.. saxícola, hehófila. atenuado. Inflorescência 30-45 x 4-5 cm, em racemo, Roseta não formando tanque. Folhas 16-20 cm compr., subereta; raque reta lanuginosa; brácteas florais 1,2- suculentas: bainha 3-4 x 6-7 cm. depresso-ovada alva 4,5 x 0,3-0,8 cm, estreito-triangulaes, não carenadas, na base. castanho no ápice: lamina 12-16 x 2-3 cm, verde-avermelhadas, ápice atenuado. Flores 5,5-7 cm triangular, verde, levemente cinéreo-lepidota na face compr., polísticas, pedicelos 8-12 mm compr.; sépalas margens serradas, não carenadas, abaxial. glabra adaxial. ápice atenuado, 2,3-3 x 0,4-0,6 cm, lanceoladas, acúleos 3-4 mm compr. Escapo 33-37 cm compr.: ereto, vermelhas, lanuginosas a glabrescentes; pétalas 5-6 x castanho-vináceo. levemente lanuginoso; brácteas 0,8 cm, espatuladas, vermelhas, glabras, ápice obtuso; escapais 1.5-4.3 x 0,4-0.7 cm. triangulares, castanhas, apêndices petalíneos ausentes; estames exsertos, filetes margens seiTilhadas a inteiras, fortemente nervada ápice 5 cm compr., anteras 8 mm compr.; estilete 5 cm compr., atenuado. Inflorescência 13-21 x 3.5-4.5 cm em racemo, estigma ca. 3 mm compr., ovário ínfero, 5 mm compr. laxa. ereta. levemente lanuginosa: brácteas florais 1- Fruto cápsula, castanhos; sementes caudadas nas 1.4 x 0.5-0,6 cm. menores ou levemente ultrapassando extremidades, ca. 4 mm compr. as sépalas. triangulares, castanhas a enegrecidas, Material examinado: 18.X.2006, fl., 7.5. Coser & R.S. levemente cinéreo-lepidota ápice atenuado. Flores 1,3- Araújo 38 (VIC); 27.XI.2006, fl., T.S. Coser et al. 42 inflexas, 09.V.2007, 1,7 cm compr., polísticas. patentes a levemente (VIC); 12.111.2007, fr., T.S. Coser60(VIC); 0.7-0.8 x 0,6-0,8 cm. fr., T.S. Coser etal. 77 (VIC). pedicelos 2-3 mm compr.; sépalas ovais, laranjo-avermelhadas. levemente lanuginosa, Ocorrência no Brasil (BA, CE, ES, MG, PA, -1.2 laranjas, PB, RJ, SC e SP) & Downs 1974). Ocorre ápice obtuso: péuilas 1 x 0.9 cm, obovadas, (Smith ápice obtuso: apêndices petalíneos ausentes; estames exclusivamente nos afloramentos rochosos. inclusos, filetes 0.7-0.8 cm compr., concrescidos acima A espécie é facilmente distinta por apresentar mm compr., anteras não formando tanque, inflorescência vistosa do anel pétalo-estamíneo por 2-3 roseta ca 23 mm compr.; estilete ca 0,2 cm compr., estigma ca com brácteas florais, sépalas e pétalas vermelhas. 1 mm compr.. ovário ínfero. 5 mm compr. Fruto cápsula Espécie considerada com baixo risco de extinção para Material examinado: Vil. 1894. fl., P. Sckmke 10522 o estado de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). (RB)- 6 IX. 1987. 11, M. Peron 275 (RB); 27.VI.2007, fr., T.S. Coser 88 (VIC); 9.XII.2007, fl., T.S. Coser & Subfamília Tillandsioideae G.S.S. Almeida 118 (VIC). 13. Racinaea aerisincola (Mez) M.A. Spencer & Brasil GO. MG e MT); (Smith Ocorrência no (BA. L.B.Sm., Phytologia 74(2): 153.1993.Fig. 5 a & Wendt 2006). No PEI, & Downs 1974; Versieux Planta florida ca. 35 cm alt., epífita, esciófila. nos afloramentos rochosos. ocorre exclusivamente Roseta utriculosa. Folhas 23-31 cm compr.; bainha saxatilis é facilmente distinguível de D. Dyckia 5-6 x 5-5,5 cm, largo-ovada, ca. de 6-8 vezes mais apresentar menor folhas de 16-20 cinérea por porte, larga a lâmina base alva castanho acima da metade; 24-50cm)com lâminas 2-3 cm de que cm comprimento (vs. lâmina 13-24 x 0,6-0,8 cm, estreito-triangular, verde larguradx U-l J5 cm), brácteas florais l-l,4cm compr. a com manchas ou faixas vináceas, ápice longo-atenuado, 13-2,7 cm). Segundo Forzza & Wanderley (1998) (i«. retorcido-involuto. Escapo 24 cm compr., recurvado, espécie é variável morfologicamente. o que promoveu verde-acastanhado; brácteas escapais 2,3^,3 x 0,3- a sinonímização de D. hilaireana Mez e D. oligantha 0,5 cm, mais curtas que os entrenós, oval a L.B.Sm. Espécie coasiderada com baixo risco de extinção lanceoladas, verdes, ápice atenuado a aristado. o estado de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). para Inflorescência 18x10-12 cm, em espiga dupla pêndula Bot. recurva, raque geniculada; ramos 9,4-7 cm compr., 12. Pitcairniaflammea Lindl. var. flammea, com 14-16 flores, pedúnculos 5-1,5 mm compr., sem Reg. 13:1.1092.1827.Fig.4i-m bráctea estéril; brácteas 1-2 x 0,4-0,7 cm, Planta florida 60-SO cm alt.. rupícola hehófila primárias oval a lanceoladas, semelhante às brácteas do escapo, Roseta não formando tanque. Folhas 34-95 cm compr.;

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 274 Coser. T.S.. Paula. C.C. & IVendt. T.

- Figura 5 a. Racinaea aeiisincola - hábito, b. Tillandsia potystachia - hábito, c. T. stricta - inflorescência. d-g. Vriesea - hituminosa d. inflorescência; e. bráctea floral; f. sépala; g. pétala com apêndices c estame. h-j. I riesea clausscmana h. hábito; i. bráctea floral; j. flor. (a Paula & Gohlschmidi s. «.; b Coser 120; c Coser 30; d-g Coser 117 h-j Coser 79). - - Figure 5 a. Racinaea aerisincola habit. b. Tillandsiu potyttackta habit. c. T. stricta - inflorescence. d-g. Vriesea biiumiimui d. inflorescence; c. floral bract; f. sepal; g. pelai with stamens and appcndices. h-j. Vriesea clausseniana - h. habit; i. floral bract; j. flower. (a Paula & Goldschmidl s. n.\ b Coser 120; c Coser 30; d-g Coser 117 h-j Coser 79).

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 275 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi verde-acastanhadas. ápice atenuado; brácteas florais estilete 4-4,5 cm compr., ovário ínfero, ca. 8 mm 0,4-0.6 x 0,3-0,4 cm, ovais, ecarinadas, lepidotas. compr. Fruto cápsula, sementes castanhas, ca. 30 ápice agudo. Flores dísticas, sésseis; sépalas 0,3- mm compr. fr., T.S. 0,4 x 0,2 cm, ovadas, ápice obtuso; pétalas, gineceu Material examinado: 1.09.2006, Coser et al. 24 14.1.2008, fl., T.S. Coser etal. e androceu não observados. Fruto cápsula; sementes (VIC); (VIC). Material adicional: MINAS GERAIS: Joanésia, mm compr. castanhas, ca. de 17 3.XI.1993, bot. e fl., E.T. Neto & G.S. França 1829 fr.. CC Paula & A. Material examinado: 30.VI.1995. (BHBC); Braúnas, 20.Vffl.2000,£'.r. Neto3140(BHBC). 23656). Goldschmidt s.n. (VIC Ocorrência nos Estados Unidos, México, na Costa Rica. Panamá, República Ocorrência Honduras, Cuba, Jamaica, Haiti, Republica Colômbia, Venezuela, Suriname, Dominicana, Dominicana, Puerto Rico, Colômbia, Venezuela, Equador, Trinidade. Guiana, Peru, Bolívia e Brasil Bolíviae Brasil (AC, BA, CE, ES, MG, MT, PB, PE, CA, ES, PR. RJ. SC e SP) (Smith & Downs (BA, PR e RJ) (Smith & Downs 1977; Versieux & Wendt nos capões de do PEI. 1974). Ocorre galeria 2006). Ocorre nos capões de mata associados aos Paula & Goldschimidt (2008) a Segundo campos ferruginosos. espécie é típica das matas de galeria do PEI. Esses No PEI a espécie é facilmente distinta por à dessa espécie estar autores relatam possibilidade apresentar roseta utriculosa, folhas estreito- rupestres do Parque, sendo extinta nos campos triangulares com ápice longo-atenuado, inflorescência vez em 1995 (VIC 23656). Esta registrada pela última ereta com os ramos apresentando brácteas estéreis e idéia é reforçada não ter sido recoletada na área por flores lilases. Apesar da ampla distribuição geográfica de estudo, mesmo após várias excursões a campo. que a espécie apresenta, poucas são as coletas Espécie considerada em baixo risco de extinção para realizadas para o estado de Minas Gerais. Espécie o estado de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). considerada com baixo risco de extinção para o estado 410. de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). 14. Tillandsia polystachia (L.) L., Sp. pl. 1: 1762.F'g-5b 15. Tillandsia stricta Sol. in Sims, Bot. Mag. 37: t. florida ca 57 cm alt., epífita, semi-heliófila. Planta 1529.1813.Fig. 5 c Folhas 37-46 cm compr.; bainha Roseta utriculosa. Planta florida 14-24 cm alt., epífita, raro ca. de 2-3 vezes mais 8,5-11 x 5,5-7 cm. largo-ovada, saxícola, esciófila ou heliofila. Roseta não formando a castanha na face abaxial. larga que a lâmina, verde tanque. Folhas 6-13 cm compr.; bainha 1-2,5 x 7-12 x 1,2-2,5 cm, estreito- verde na adaxial: lâmina 30-45,5 cm, elíptica, alvo-esverdeada; lâmina 5-11 cm, com manchas xi faixas triangular, canaliculada, verde estreito-triangular, verde, densamente cinéreo- Escapo vermelho-vináceas. ápice longo-atenuado. lepidota, ápice longo-atenuado. Escapo 5-9 cm brácteas 34,5-38 cm compr.. ereto, avermelhado; compr., ereto, verde; brácteas escapais inferiores 9,5-19 x 0,4- escapais basais subfoliáceas. superiores foliáceas, superiores 3-8 x 0,7-1 cm, ovais, lepidotas, verdes com 0.8 cm, estreito-triangulares, imbricadas. róseas, ápice longo-aristado. Inflorescência 4—8 x direção ao ápice, ápice manchas avermelhadas em 3-5 cm, em racemo, globosa; brácteas florais 1,8-4 x cm, em longo-atenuado. Inflorescência 21-30 x 2,5-4 0,8-2 cm, elípticas a ovais, lepidotas apenas no ápice, 6- racemo heterotético duplo, ereta. raque reta; ramos ápice aristado. Flores 1,5-2,5 cm compr., 2-A polísticas, 7.3.5-8 cm compr., com 2-8 flores, pedúnculos curto pediceladas; sépalas 1,2-1,4 x 0,3-0,5 cm, estéreis; brácteas mm compr., com 2-4 brácteas lanceoladas, carenadas, concrescidas por ca. 3 mm, semelhantes primárias estreito-triangulares, as basais alvo-roseas, ápice agudo; pétalas 1,5-1,9 x 0,2-0,5 às brácteas escapais superiores, as superiores 2,5- cm, espatuladas, lilases, ápice obtuso; apêndices maiores o 4 x 0.6-0,8 cm. distintamente que petalíneos ausentes; estames inclusos, filetes ca. 0,8 brácteas pedúnculo. avermelhadas, ápice atenuado; cm compr., anteras ca. 3 mm compr.; estilete 0,8 cm florais 1,7-2 x 0,8-1 cm. ultrapassando o compr., estigma ca. 1 mm compr., ovário ínfero, ca. 4 comprimento das sépalas, estreito-triangulares, mm compr. Frutos cápsula, verdes; sementes carenadas. ápice atenuado. Flores ca. 5 cm compr.. castanhas, ca. 3 cm compr. x 0,4-0,6 dísticas, curto pediceladas; sépalas 1-1.5 Material examinado: 2.IX.2006, fl., T.S. Coser et cm, elípticas. carenadas. ápice obtuso; pétalas 3,8- al. 30 (VIC); 1.X.2006, fl., T.S. Coser & R.S. Araújo 4,5 x 0.5-0.6 cm. sublincares, violetas, ápice agudo; 33 (VIC); 19.IV.2007, fr., T.S. Coser etal. 72 (VIC); 15.VIII.2007, fl., T.S. Coser & R.S. Araújo 108, 109 apêndices ausentes; estames exsertos, petalíneos & 110 (VIC). filetes 4-^.5 cm compr., anteras ca. 0,5 cm compr.;

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 276 Coser. T.S.. Paula. CC & Wendt. T. Presente na Venezuela. Trinidad. Guiana. apresentar brácteas florais de 4-4,5 x 3.8^4.5 cm. Suriname. Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil lisas (vs. 2-3,2 x 2,3-2,7 cm. fortemente nervadas); (BA, ES, MG, PE, PR. RJ. RS. SC e SP) (Smith & flores de 6.5-7,2 cm compr. com pétalas amarelo- Downs 1974; Versieux & Wendt 2006). Ocorre castanhas e apêndices petalíneos de 15-18 mm preferencialmente como epífita nos capões de mata compr. (ti. flores de 4,5-5 cm, pétalas vináceas e associado aos campos ferruginosos. apêndices petalíneos de 9-10 mm ). Espécie A espécie é facilmente diferenciada por não considerada com baixo risco de extinção para o apresentar tanque e pelas folhas cinéreo-escamosas. estado de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). Equivocadamente aparece identificada nos herbários como T. pohliana Mez, contudo. T. stricta 17. Vriesea clausseniana (Baker) Mez in Mart.. difere por apresentar plantas e frutos de menor porte Eichler & Urban. Fl. bras. 3(3): 545.1894. e brácteas florais com escamas apenas no ápice Fig. 5 h-j (vs. completamente lepidotas). Espécie considerada Planta florida 65-145 cm alL, saxícola ou rupícola com baixo risco de extinção para o estado de Minas raro epífita heliófila. Roseta infundibuliforme. Folhas Gerais (Versieux & Wendt 2007). 28-50 cm compr.; bainha 10-16 x 7,5-12 cm, oval, castanha; lâmina 20-35 x 5,5-8 cm, lanceolada a 16. Vriesea bituminosa Wawra, Oesterr. Bot. Z. levemente triangular, verde-amarelada, ápice obtuso- 12:347.1862.Fig.5d-g apiculado. Escapo 49— 108,5 cm compr., ereto, castanho, Planta florida ca. 85 cm alt.. epífita. heliófila. glabro; brácteas escapais 3-5 x 2,5-4,3 cm, largamente Roseta infuldibuliforme. Folhas 35-50 cm compr.; ovadas, envolvendo o escapo, menores que os bainha 13-16x9-13 cm, elíptica, atropurpúrea a internódios. ápice obtuso-apiculado. Inflorescencia x 8- enegrecidas, ápice verde-vináceo; lâmina 27^10 16,5-37,5 x 4.5-7 cm, em racemo. raramente racemo adaxial. vináceo 10 cm. ligulada a linear, verde na face heterotético duplo, ereta, 14-34 flores, raque na abaxial, com uma mácula vinho isolada no ápice, geniculada, coberta por substância gelatinosa; ca. 70 cm compr.. ápice obtuso e apiculado. Escapo brácteas florais 3-4 x 2,2-4 cm, largo-ovadas, brácteas escapais 4,5-6,5 x ereto, castanho-vináceo; coriáceas, margens membranáceas, castanhas com cm, ovadas, imbricadas, castanho-vináceas, 3-3,5 margens e ápice vináceo, ápice obtuso. Flores ápice obtuso e apiculado. Inflorescencia 15-28 cm 4,5-7,2 cm compr., dísticas, secundas a levemente compr., em racemo, ereta raque levemente geniculada na antese, ca. 1 cm de compr.: coberta substância brácteas florais 4- patentes pedicelos por gelatinosa; sépalas 3-3,6 x 1,4-1.8 cm, elípticas, verdes, ápice 4,5 x 3.8-4,5 cm distintamente menores as sépalas, que obtuso; 4,5-5.5 x 1,3-1,6 cm, elípticas a largo-ovadas, lisas, aurículas decurrentes na base, pétalas obovadas, concrescida ca. 3,5 mm. amarelo- vermelhas com ápice e margens vináceo-escuro, por esverdeadas, ápice obtuso; apêndices na antese, ápice obtuso. Flores 6.5-7,2 cm petalíneos patentes 8-10 mm compr., ápice agudo; estames exsertos, compr.. dísticas, na antese. ca. 1.5 patentes pedicelos filete 3^4.5 cm compr.. concrescidos as cm compr. sépalas 3-3.5 x 1,7-2 cm, oblongas. verdes pétalas, anteras 7-10 mm compr.; estilete ca. 4 cm compr.. com margens e ápice castanho, ápice obtuso; pétalas estigma ca. 2 mm compr.. ovário ínfero, ca. 1 cm 3,5—4 x 1,5-1,8 cm. obovadas. concrescidas por ca. 5 compr. Fruto cápsula, verdes; sementes mm, amareladas, ápice obtuso; apêndices petalíneos ca. 20 mm compr. 15-18 mm compr., ápice agudo; estames inclusos, castanhas, Material examinado: 6 VIII.2006, fr., T.S. Coser & filetes 3-3.3 cm compr., anteras ca. 15 mm compr.: CC Paula 21 (VIC); 6.VIII.2006, fl.. 7.5. Coser&C.C. estilete ca. 3,8 cm compr.. estigma ca. 2 mm compr.. Paula 23 (VIC); 12.III.2007. fl.. T.S. Coser & LS. Davrell ovário ínfero. ca. 8 mm compr. Frutos cápsula. 59 (VIC); 19.IV.2007. fl.. LS. Coser et al. 75 (VIC); Material examinado: 28.XII.2007. fl., T.S. Coser A 9.V.2007, fl., T.S. Coser et al. 79 (VIC); 9.V.2007, fr., G.S.S. Almeida 117 (VIC). T.S. Coseretal. SO(VIC); 27.VI.2O07. fl., T.S. Coser90 Ocorrência na Venezuela e Brasil (BA. CE, ES. (VIC); 27.VI.2007. fr.. 7.5. Coser 92 (VIC). MG. RJ e SP) (Smith & Downs 1977; Versieux & Endêmica de Minas Gerais (Smith & Downs Wendt 2006). Ocorre nos capões de mata 1974). No PEI ocorre nos afloramentos rochosos. associados aos afloramentos rochosos. Na região de estudo é facilmente reconhecida Vriesea bituminosa pode ser diferenciada das pelas flores secundas na antese c pelas brácteas espécies de Vriesea (exceto V. regnellii). mesmo llorais largamente ovadas, de coloração castanha quando estéril, pela presença de uma mácula negra no com margens e ápice vináceo. Usualmente, podem ápice da lâmina foliar. Difere de V. regnellii por ser encontrados espécimes com inflorescencia

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi 277

ramificada na base, porém, este ramo é pouco 19.Vriesea regnellü Mez in Mart., Eichler & Urban, desenvolvido. Espécie citada como vulnerável para Fl. bras. 3(3): 548.1894.Fig.6d-g o estado de Minas Gerais (Versieux & Wendt 2007). Planta florida 90-120 cm alt., epífita, saxícola, heliófila. Roseta infuldibuliforme. Folhas 38-52 cm 18.1 riesea hoehnearia L.B.Sm., Proc. Amer. Acad. compr.; bainha 12-17x 10-12 cm, elíptica, castanho- Arts68:150.1939.Fig. 6 a-c escuro, ápice vináceo; lâmina 25^40 x 7-8 cm, linear- Planta florida 160-220 cm alt., saxícola ou mpícola lanceolada, verde a levemente vinácea com uma heliófila. Roseta infundibuliforme. Folhas41,5-68 cm mácula vinho no ápice, ápice obtuso-apiculado. compr.; bainha 14,5-20 x 9,5-11,5 cm, largamente Escapo 58-77 cm compr., ereto, castanho-vináceo; elíptica. castanho-escura; lâmina 29-49 x 5,5-8 cm, bràcteas escapais basais subfoliáceas, superiores levemente triangular, verde-amarelada, ápice obtuso e 4,3-9 x 2,5-3 cm, ovadas, imbricadas, castanho- apiculado. Escapo 98-142 cm compr., ereto, verde, vináceas, ápice acuminado. Inflorescência 32-39 x glabro; bràcteas escapais inferiores foliáceas e 8-10 cm, em racemo, ereta; raque levemente imbricadas, superiores 4-7 x 3-4 cm, ovais, menores geniculada, coberta por substância gelatinosa; ou igualando os internódios. verdes com manchas bràcteas florais 2-3,2 x 2,3-2,7 cm, distintamente castanhas, ápice acuminado. Inflorescência 44-57,5 menores que as sépalas, largo-ovadas, bicarenadas, x 13-17 cm, racemo heterotético duplo, ereta, raque fortemente nervadas, castanhas com ápice e margens reta a levemente geniculada; ramos 4-6,12-20 cm vináceas, patentes na antese, ápice obtuso. Flores compr., com 7-11 flores, pedunculos 2,5-5 cm 4,5-5 cm compr., dísticas, patentes na antese, compr., os laterais sem bráctea estéril, o terminal pedicelos ca. 1 cm compr.; sépalas 2,2-2,6 x 1,6-1,8 com 1-2 bràcteas estéreis; bràcteas primárias 3-4,5 cm, elípticas, castanhas com margens e ápice vináceo, x 3,5-5,5 cm, ovadas a largo-ovadas, verdes com ápice obtuso; pétalas 3,5-4 x 1,5-1,8 cm, obovadas, manchas castanhas, ápice acuminado; bràcteas concrescidas por 5 mm, vermelho-vináceas, ápice florais 2,8-3,2 x 2,2-2,5 cm, ovadas, carena obtuso; apêndices petalíneos 10 mm compr., ápice inconspícua próximo do ápice, verdes com manchas acuminado; estames inclusos, filetes 1,8-2 cm compr., castanhas, ápice obtuso. Flores 6,3-8,4 cm compr., antéras 10 mm compr.; estilete 2,5 cm compr., estigma dísticas, secundas na antese, pedicelos, ca. 1 cm ca. 2 mm compr., ovário ínfero, 8 mm compr. Frutos compr.; sépalas 3,5-4 x 1,8-2 cm, elípticas, verdes, cápsula, verdes; sementes castanhas, 25 mm compr. ápice obtuso; pétalas 5,5-6,3 x 1,6-2 cm, elípticas, Material examinado: VII.2000, fl., CC. Paula & A. concrescida por ca. 2 mm, amarelas, ápice levemente Goldschimidts.n. (VIC-26453); 27.XI.2006,fl., T.S. Coser et al. 44 27.VI.2007, fr., T.S. Coser agudo; apêndices petalíneos 8-10 mm comrr., ápice (VIC); 86 (VIC) ; fr., T.S. Coseróc agudo; estames inclusos, filete 3,9^4,2 cm compr., 27.V1.2007, G.S.SAlmeida 116(\\C). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Itatiaia, antéras ca. 1 cm compr.; estilete 4,5-5,5 cm compr., PARNA Itatiaia, 7.XII.1992, fl., A.F. Costa 432 (RB). estigma ca. 2 mm compr., ovário ínfero, ca. 10 mm Ocorrência no Brasil (MG e RJ) (Mez 1894; Fruto cápsula, verde; sementes castanhas, compr. Smith & Downs 1977). No PEI ocorre exclusivamente ca. 30 mm compr. nos afloramentos rochosos. Material examinado: 27.XI.2006, fl., T.S. Coser etai. 40. No PEI, V. regnellü semelhanças com 41 & 48(V\C); 13.111.2007, fr., T.S. Coser etai. 6i(VIC); possui 9.XII.2007, fl., T.S. Coser &G.S.S. Almeida 119 (VIC). V. bituminosa (vide comentário V. bituminosa), Ocorrência no Brasil (MG, SC e SP) (Smith & V. spi e V. sp2, diferindo destas últimas Downs 1974; Versieux & Wendt 2006). No PEI principalmente por possuir bràcteas florais exclusivamente nos afloramentos rochosos. fortemente nervadas (vs. levemente nervadas e lisas) Vriesea hoehneana foi relatada para Minas e pétalas vermelho-vináceas (vs. amarelas e amarela- Gerais como restrita ao Parque Estadual do Ibitipoca creme com pintas purpúreas em direção ao ápice). Versieux & Wendt consideram e Carangola (R. F. Monteiro, dados não publicados), (2007) que os dados da espécie não são suficientes sendo registrado no presente estudo a terceira a cerca para com avaliação do estado de conservação. ocorrência para o Estado. Pode ser confundida V. crassa Mez. que também ocorre nos campos rupestres, mas difere desta espécie por apresentar 20.Vriesea sp 1.Fig. 6 h-k roseta. escapo, inflorescência, cálice e corola Planta florida 80-150 cm alt., epífita, rupícola, Roseta infuldibuliforme. Folhas maiores (Smith & Downs 1977). No PEI, é facilmente heliófila. 34-62 cm compr.; bainha 11-18 x 10-13 cm, oval-elíptica, distinta por apresentar 1,6-2,2 m altura quando florida e inflorescência com 4-6 ramos. castanha; lâmina 23-42 x 6,5-9 cm, ligulada, verde a

Rodriguesia 61(2): 261-280. 2010 278 Coser. T.S.. Paula. CC. & Wendt. T.

Figura 6 - a-c. Vriesea hoehneana - a. hábito; b. bráctea floral; c. flor. d-g. V. regnellii - d. inflorescência; e. bráctea - floral; f. sepala; g. pétala com apêndices e estame. h-k. Vriesea spl h. inflorescência; i. bráctea floral; j. sepala; - k. pétala com apêndices e estame. l-o. Vriesea sp2 1. hábito; m. bráctea floral; n. sepala; o. pétala com apêndices e estame. (a-c Coser 41; d-g. Coser 44; h-k Coser 36; l-o Coser 43). Figure 6 - a-c. Vriesea hoehneana - a. habit; b. floral bract: c. flower. d-g. V. regnellii d. inflorescence; c. floral bract; f. sepal; g. petal with stamens and appcndiccs. h-k. Vriesea spl - h. inflorescence; i. floral bract; j. sepal; k. petal with stamens and appcndices. l-o. Vriesea sp2 - I. habit: m. floral bract; n. sepal; o. petal with stamens and appcndiccs. (a-c Coser 41; d-g. Coser 44; h-k Coser 36; l-o Coser 43).

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 279 Bromeliaceae do Parque Estadual do Itacolomi levemente castanho-vináceas com uma mancha cm, levemente ovadas, imbricadas, verde-acastanhadas margens vináceas, ápice agudo purpúrea no ápice, ápice subagudo-apiculado. Escapo com a base e e 61-96 cm compr., ereto, castanho, brácteas escapais apiculado. Inflorescência21-41,5x9-10crri,emracemo, 3,5-6,5 x 2,5-3,5 cm, ovais, imbricadas, castanho- ereta; raque levemente geniculada, verde com a base vináceas, ápice agudo a levemente apiculadas. das aurículas marrons, coberta por substância Inflorescência 17,5-48 x 8,5-11,5 cm, em rácemo, ereta gelatinosa; brácteas florais 1,8-3 x 1,5-2,3 cm, ovadas, raque levemente geniculada, coberta por substância ecarenadas, levemente sulcadas, aurículas decurrentes cm, gelatinosa; brácteas florais 2,5-3,8 x 2,5-3,7 na base, castanhas com margens vináceas, ápice distintamente menores que as sépalas, largo-ovadas, obtuso-emarginado. Flores 4,5-4,8 cm compr., dísticas, ecarenadas, levemente sulcadas no final da floração e patentes na antese, pedicelos ca. 1 cm compr.; sépalas em toda frutificação, aurículas decurrentes na base, 1,8-2,5 x 0,9-1,6 cm, elípticas, verdes a castanho- verde-acastanhadas com as margens e ápice vináceo- vináceas, ápice obtuso e levemente emarginado; pétalas escuro, patentes na antese, ápice obtuso-emarginado. x 1,3-1,5 cm, obovadas, concrescidas na base por ca. Flores 5-6,2 cm compr., dísticas, patentes na antese, mm, amarelas a amarelo-creme com pequenas pintas cm, pedicelos 1 cm compr.; sépalas 2,5-3,4 x 1,5-2,2 purpúreas em direção ao ápice, ápice obtuso; apêndices elípticas, verdes com ápice vináceo-escuro, ápice petalíneos ca. 1 cm compr., ápice agudo; estames obtuso e levemente emarginado; pétalas 4-5,2 x 1,5- inclusos, filete ca. 1,7 cm compr., antera, ca. 10 mm 2 cm, obovadas a elípticas, concrescidas por ca. 5 mm, compr.; estilete ca 3 cm compr, estigma ca 2 mm compr., amarelas, ápice obtuso; apêndices petalíneos ca. 12 ovário ca. 1,2 cm compr. Fruto cápsula verde; sementes mm compr., ápice agudo; estames inclusos, filetes ca. castanhas, ca. 3 cm compr. 3,5 cm compr., anteras ca. 11 mm compr.; estilete ca. Material examinado: 27.XI.2006, fl., T.S. Coser & 3,5 cm compr., estigma ca. 2 mm compr., ovário ínfero, G.S.S. Almeida 43 (VIC); 9.XII.2007, fr., T.S. Coser & ca. 15 mm compr. Frutos cápsula, verdes; sementes G.S.S. Almeida s.n. (VIC); 3.VI.2008, fl. T.S. Coser & castanhas, 25-27 mm compr. D.M.T Francino 120 (VIC). Material examinado: 6.VIII.2006, fl.. T.S. Coser & Espécie endêmica do PEI. Ocorre exclusivamente CC. Paula20& 22(VIC); 18.X.2006, fr., T.S. Coser& nos afloramentos rochosos. G.S.S. Almeida 36 (VIC); 3.VI.2008, fl. T.S. Coser & Esta espécie apresenta afinidade com Vriesea D.M.T Francino 120 (VIC). sp 1, da qual difere principalmente pelas brácteas florais Espécie endêmica do PEI. Ocorre exclusivamente menores e mais estreitas, 1,8-3 x 1,5-2,3, não nos afloramentos rochosos e capões de mata. envolvendo as sépalas (vs. 2,5-3,8 x 2,5-3,7 cm, A espécie mais relacionada morfologicamente envolvendo quase que completamente), flores difere a este táxon é Vriesea minor Leme da qual por menores, 4,5^1,8 cm compr. (vs. 5-6,2 cm compr.) e apresentar lâmina foliar verde a levemente castanho- sépalas menores e mais estreitas, 1,8-2,5 x 0,9-1,6 cm no ápice verde- vinácea com uma mancha purpúrea (vs. (vs. 2,5-3,4 x 1,5-2,5 cm) e pétalas menores 3,5-4 cm florais largo-ovadas, 2,5-3,8 x amarelado); brácteas compr., amarelas a amarela-creme com pintas 2-3 x 1,8-2,5 cm), verde- 2,5-3,7 cm (vs. ovadas, purpúreas em direção ao ápice (vs. 4—5,2 cm compr., acastanhadas com as margens e ápice vináceo-escuro amarelas). Vriesea sp2 também apresenta semelhanças mais larga (vs. verde-amarelada), inflorescência maior e com o material tipo de V. minor, diferindo desta além de pela 17,5-48 x 8,5-11,5 cm (vs. 20-30 x 7-8), morfologia das brácteas florais e flores. A espécie, no tamanho, forma e cor das sépalas e diferenças juntamente com Kspl, faz parte de um complexo de das diferenças morfológicas com os pétalas. Apesar espécies que ocorrem nos campos rupestres do estado de V. minor, estudos adicionais materiais tipos e necessita de revisão detalhada para melhor definição. envolvendo todas as espécies deste complexo, se fazem necessários para a definição do taxón. Agradecimentos Os autores agradecem ao Instituto Estadual de 21. Vriesea sp2.Fig.61-o - IEF e aos funcionários do Parque Estadual Planta florida 98-152 cm alt., saxícola rupícola Florestas a autorização e apoio logístico heliófila. Roseta infundibuliforme. Folhas 43-70 cm do Itacolomi para dos trabalhos de campo. A Unidade compr.; bainhas 10-20x8-12,5 cm, elípticas, castanho realização de e Conservação de Bromeliaceae-UPCB/UFV a enegrescida; lâmina 31-52 x 5,5-8 cm, ligulada verdes, Pesquisa Aos colegas E.M.C. Leme, A.F. ápice agudo a obtuso e apiculado. Escapo ereto, 73- o apoio logístico. Costa valiosas discussões sobre a 105 cm compr., ca. 1 cm diâm. na base, glabro; brácteas e R. Moura as delimitação Ao ilustrador botânico escapais basais subfoliáceas, superiores 3-5,5 x 2-3,3 de algumas espécies. R. A. Pinto

Rodriguésia 61 (2): 261 -280. 2010 280 Coser. T.S., Paula. CC. & Wendt. T. Romero. R. 2002. Diversidade da flora dos campos a presteza na elaboração das pranchas; e ao L. F. Gerais. Magnago a ajuda na elaboração do mapa. Ao CNPq as rupestres de Goiás, sudoeste e sul de Minas In: Araújo. E.L.; Moura. A.N.; Sampaio. E.V.S.B.: bolsas de produtividade em pesquisa e doutorado Gestinari, L.M.S. & Carneiro. J.M.T. (eds.) concedida respectivamente, a T. Wendt e ao T.S. Coser. Biodiversidade, conservação e uso sustentável da flora do Brasil. Recife. Pp. 81-86 Referências Smith. L.B. & Downs. RJ. 1974. Pitcairnioideae (Bmmeliaceae). Duval, M.F.; Noyer, J.L.; Hamon. P.; Buso, G.C.; Flora Neotropica. Monograph 14: 1-658. Ferreira, F.E.; Ferreira. M.E, & d*Eeckenbrugge, C. Smith, LB.& Downs, RJ. 1977.Tülandsioideae(Bromeliaceae). 2005. Using cloroplast DNA markers to understand Flora Neotropica. Monograph 14: 663-1492. Arianas and Pseudananas genetic diversity. Acta Smith. L.B.& Downs. RJ. 1979. 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L.M.S. & Carneiro, J.M.T. (eds.). Biodiversidade, conservação e uso sustentável da flora CR. 1974. systematics. Harper & Row, New York. 89lp. do Brasil. Imprensa Universitária. Recife. Pp. 87-89. Artigo recebido em 03/09/2009. Aceito para publicação em 09/02/2010.

Rodriguesia 61(2): 261-280. 2010 Rodriguésia 61 (2): 281 -288. 2010 http://rodrigucsia.jbrj.gov.br

Chrysobalanaceae do Parque Nacional da Brasil Serra da Canastra, Minas Gerais, »V* Chrysobalanaceae of Serra da Canastra National Park, Minas Gerais, Brazil

Paula Katiane Boesing HemsingiZ & Rosana Romero1

Resumo O Parque Nacional da Serra da Canastra está localizado na porção sudoeste do estado de Minas Gerais, Região Sudeste do Brasil. Na área, Chrysobalanaceae está representada por Couepia grandiflora, Hirtella glandulosa, da família Parque H gracilipes, Licania humilis e Parinari obtusifolia. O tratamento para o apresenta chave de identificação, descrições, ilustrações, dados de distribuição geográfica e comentários sobre as espécies. Palavras-chave: campo rupestre, cerrado, florística, unidades de conservação. Abstract Serra da Canastra National Park is located in southwestern Minas Gerais, Southeast Brazil. In the Park, Chrysobalanaceae is represented by Couepia grandiflora, Hirtella glandulosa, H. gracilipes, Licania humilis, and Parinari obtusifolia. A key to the species, descriptions, illustrations, distribution data, and comments about the taxa are provided. Key words: campo rupestre, cerrado, floristics, conservation units.

Introdução Mello-Silva 2004; Morokawa 2009), Asteraceae (Nakajima & Semir 2001), Bignoniaceae (Scudeller apresenta 531 espécies e Chrysobalanaceae 2004), Malpighiaceae (Volpi 2006) e são neotropicais (Prance 18 gêneros. Sete gêneros Melastomataceae (Romero & Martins 2002; Silva & de espécies arbóreas 2007), com um grande número Romero 2008), além de Leguminosae-Papilionoideae 1999). Seus representantes (Tabarelli & Mantovani (Filardi etal. 2007). Dando continuidade aos estudos simples e alternas, flores caracterizam-se pelas folhas fiorísticos nesta importante Unidade de com hipanto, livres (raramente pentâmeras, pétalas Conservação, o presente trabalho apresenta as lateral ou na base ausentes), ovário supero, estilete espécies de Chrysobalanaceae, incluindo chave de et ai 1984; Klein do óvario e óvulos eretos (Barroso identificação, descrições, comentários, dados de Prance 2007). É uma das famílias mais 1984; distribuição geográfica, bem como ilustrações das número de espécies representativas na Amazônia em espécies. (Daly & Prance 1989), com seu principal centro de diversidade nas florestas de terras baixas (Gentry Material e Métodos 1988). No Cerrado, a família está representada por 51 das O Parque Nacional da Serra da Canastra espécies, que ocupam diferentes fitofisionomias 1), localizado formações campestres. savânicas e florestais do (PNSC; Fig. na região sudoeste do estado de Minas Gerais, foi criado em 3 de abril bioma (Sano etal. 2008). de meio do Decreto Federal O Parque Nacional da Serra da Canastra é 1972. por n° 70.355, com da uma área de aproximadamente 200.000 ha. No Plano considerado área prioritária para a conservação de Manejo desta Unidade de Conservação, o PNSC flora de Minas Gerais, por apresentar importância em dois blocos: biológica extrema (Drummond et ai 2005). Até o foi dividido grandes (a) Chapadão momento foram realizados nesta área tratamentos da Canastra: constituída de uma área contínua e 71.525 ha, taxonómicos das famílias Annonaceae (Pontes & regularizada, com dentro dos limites dos Mello-Silva 2005), Apocynaceae (Farinaccio & municípios de São Roque de Minas, Delfinópolis e

'Uruversidadc Uberlândia. MG, Brasil. Federal de Uberlândia. Instituto de Biologia. CP. 593.38400-902. 'Autora para correspondência: paulahemsingfihotmail.com 282 Hemsing. P.K.B. & Romero, R. Sacramento; e (b) Chapadão da Babilônia: com morfológicas das estruturas vegetativas e aproximadamente 130.000 ha da área decretada, e reprodutivas das espécies foram realizadas com ainda não regularizada, dentro dos limites dos base no material coletado, adotando a terminologia municípios de Delfinópolis. São João Baústa do Glória de Radford (1986). As ilustrações foram feitas com Capitólio e Vargem Bonita. Grande parte dos estudos base nos materiais coletados no PNSC. Dados de realizados no PNSC abrangeu a área regularizada, floração e frutificação foram obtidos das etiquetas sendo no presente estudo considerada a área original contidas nas exsicatas. A descrição da família e os do Parque. As coletas realizaram-se no Chapadão da dados de distribuição geográfica foram baseados Canastra e em algumas localidades do Chapadão da em Hooker (1867) e Prance (1972). Babilônia como nas serras de Delfinópolis. município de Delfinópolis, e serras de Fumas, municípios de Resultados e Discussão Capitólio e São João Batista do Glória. A vegetação Foram identificadas cinco espécies de que recobre o Parque Nacional da Serra da Canastra Chrysobalanaceae no Parque Nacional da Serra da é do tipo campestre, savânica e florestal. As Canastra: Couepia grandiflora (Mart.) Benth. ex fitofisionomias que mais se destacam são: campo Hook. f, Hirtella glandulosa Spreng., Hirtella rupestre, campo limpo, campo sujo, campo úmido, gracilipes (Hook. f.) Prance, Licania humilisCham. cerrado, cerrado rupestre, matas de galeria, mata ciliar & Schltdl. e Parinari obtusifolia Hook. f. e mata mesófila semidecídua (IBAMA 2005). Couepia grandiflora, L. humilis e P. Os exemplares herborizados encontram-se obtusifolia habitam preferencialmente formações depositados no Herbarium Uberlandense (HUFU), abertas do Parque Nacional da Serra da Canastra do Instituto de Biologia da Universidade Federal ocorrendo em cerrado, campo sujo e campo de Uberlândia, Minas Gerais e duplicatas foram rupestre. Já Hirtella glandulosa e H. gracilipes doadas aos herbários K, MBM, RB e SPFR (siglas ocorrem em formações florestais, nas bordas de de acordo com Thiers 2009). As descrições matas de galeria e de encosta.

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Figura 1 - Mapa do Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais (adaptado de IBAMA 2005). Figure 1 - Map of Serra da Canastra National Park, Minas Gerais (after IBAMA 2005).

Rodriguesia 61(2): 281-288. 2009 283 Chrysobalanaceae da Serra da Canastra Estudos florísticos no estado de Minas Gerais Tratamento Taxonômico revelaram a ocorrência de três espécies de Chrysobalanaceae R. Br. in Tuckey, Narr. exped. Chrysobalanaceae na Serra do Cipó (Giulietti et al. Zaire: 433.1818. et al. 1987), cinco na Serra do Cabral (Hatschbach Árvores ou (sub)arbustos. Folhas simples, menos 2006) e seis em Grão Mogol (Assis 2003). Pelo alternas, margem inteira, peninérveas; estipulas metade dessas espécies ocorrem no PNSC. Prance caducas ou persistentes. Inflorescéncias em racemos, (1988) citou 23 espécies para o estado de Goiás panículas ou menos freqüentemente cimeiras, axilares (incluindo o amai estado do Tocantins), cinco delas ou terminais, bracteadas. Flores monóclinas, são comuns à Serra da Canastra, ao passo que, das 21 actinomorfas ou zigomorfas, pediceladas, às vezes espécies do estado de São Paulo (Prance 2003), quatro sésseis; cálice pentâmero, imbricado, freqüentemente são encontradas na área. Esses dados mostram que glandular; disco nectarífero no hipanto; corola as espécies de Chrysobalanaceae do PNSC são típicas pentâmera ou apetala (em algumas espécies de Licania), do Cerrado e se apresentam amplamente distribuídas dialipétalas, prefloração imbricada; estames 2 a muitos, neste bioma (Ratter et al. 2003). livres, dispostos em um círculo completo ou unilaterais; As espécies de Chrysobalanaceae anteras glabras, rimosas; estilete filiforme, basal ou encontradas no Parque Nacional da Serra lateral, incluso ou exserto; ovário supero, geralmente unilocular enquadram-se na categoria de não ameaçadas unicarpelar, e biovulado, ou bilocular com um óvulo lóculo; óvulos eretos. Frutos drupas, (LC) segundo os critérios propostos pela IUCN por carnosos ou secos, sem endosperma; semente 1(2). (2001).

Chrysobalanaceae do Parque Nacional da Serra da Canastra Chave para identificação das espécies de Panículas de espigas; flores sem corola 4. Licania humilis '. Panículas ou racemos; flores com corola. 2. Inflorescéncias com tricomas glandulares ou glândulas sésseis. 3. Panículas; bractéolas e lobos do cálice com tricomas glandulares estipitados 2. H. glandulosa 3\ Racemos; bractéolas e lobos do cálice com glândulas sésseis3. H. gracilipes 2\ Inflorescéncias sem tricomas glandulares ou glândulas sésseis. 4 Flores vistosas, 1,5-2 erri compr.; ca. 40 ou mais estames; filetes ultrapassando os lobos do cálice 1. Couepia grandiflora 4' Flores inconspícuas, 4-7 mm compr.; 5-10 estames; filetes não ultrapassando os lobos do cáljCe5. Parinari obtusifolia

campanulado, externamente densamente 1. Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex pubescente; com lobos ovais, agudos no Hook. f. in Martius & Eichler, Fl. bras. 14(2): 46.1867. cálice ápice, tomentosos; Fig. 2 a-c pétalas brancas, ciliadas; estames ca. 40 ou mais, filetes livres, inseridos em um círculo completo, Árvores ou arvoretas 1-5 m alt. Folhas ultrapassando os lobos do cálice; ovário inserido no discolores; 5-8 mm compr., cilíndrico ou peciolo ápice do hipanto, densamente viloso, estilete levemente canaliculado. moderadamente pubescente; piloso apenas no terço inferior. Fruto ca. 1,5 x 2 cm, oblongo. lâmina 10.5-16 x 5-S cm. oblonga. ápice arredondado, examinado: Capitólio: estrada base arredondada, face Material para cachoeira às vezes curto-acuminado, Paraíso Perdido, 6.XI.2008, fr., L.S. Kinoshita 08-111 lanuginosa, acinzentada, adaxial glabra, face abaxial (HUFU). Delfinópolis: Paraíso Selvagem, trilha mata Estipulas ca. para 11-16 pares de nervuras proeminentes. do Canyon, 22.X.2003, fr., J.N. Nakajima et al. 3549 2 mm compr.. subuladas. caducas. Panículas terminais. (HUFU). São Roque de Minas: estrada São Roque de 10.5-23 cm compr., tomentosas, cinza-prateadas; Minas-Sacramento, 18.X. 1994, fl., R. Romero et al. 1394 brácteas e bractéolas 1,5-2 mm compr., ovais, (HUFU, K, MBM, SPFR); 3 km da Guarita de 1,5-2 cm Sacramento, 24.IX. 1995, fl., R. Romero et al. 2732 persistentes, tomentosas. Flores vistosas, hipanto (HUFU, K, MBM, SPFR); 18.XI.1995, fr., R. Romero compr., pedicelo 1,5-4 mm compr.;

Rodriguésia 61(2): 281-288. 2009 284 Hemsing. P.K.B. & Romero. R. et ai. 3119 (HUFU); 19.VIII.1997, fl., R. Romeroetal. Mata do Engenho, 6.XI.2008. fl. e fr., L.S. Kinoshita 4407 (HUFU, MBM); 17.X.1997, fl., J.N. Nakajima 08-119 (HUFU). et ai. 2891 (HUFU. SPFR); estrada para Sacramento. Hirtella glaiululosa é comum no Planalto Central 23.VI11.1997. fl., R. Romero et ai. 4532 (HUFU); ca. 3 do Brasil, ocorrendo também nos cerrados da Amazônia km da R. Mello- portaria de Sacramento, 1 .X. 1999. fl., e da Guiana. No PNSC ocorre em borda de mata de Silva et ai. 1700 (HUFU); estrada 26.IX.2002. principal. encosta e transição cerrado-mata de encosta. Foi fl., R. A. Pacheco et ai. 206 (HUFU, K. SPFR). coletada com flores e frutos de setembro a novembro. Couepia grandiflora ocorre nos cerrados do Difere das outras espécies do Parque de Planalto Central do Brasil. No PNSC ocorre em pela presença tricomas estipitados nas inflorescências. cerrado, campo rupestre e campo sujo. Coletada glandulares bractéolas e lobos do cálice e de sésseis na com flores de outubro a dezembro e com frutos em glândulas porção basal da face adaxial da lâmina foliar. outubro e novembro. Esta espécie se destaca por suas flores relativamente grandes, vistosas e com 3. Hirtella (Hook. f) Prance, Fl. Neotrop. numerosos estames. gracilipes 9:323.1972.Fig. 2 h-j Árvores ou arbustos 3-6 m alt. Folhas 2. Hirtella glandulosa Spreng., Neue Entd. 1:303. concolores; 1-4 mm compr, cilíndrico, 1820.Fig. 2 d-g pecíolo lâmina 5-10.5 x 1,8-4 cm, oblonga a oval, Arvores, arvoretas ou arbustos 2-8 m alt. pubescente; ápice acuminado, base obtusa a arredondada, Folhas discolores; pecíolo 3-4 mm compr.. raramente cuneada, ambas as faces esparsamente cilíndrico, tomentoso quando jovem, hirsuto na a 6 ou 7 de nervuras maturidade; lâmina 8-12.5(-l8) x4-6,5(-8,2)cm, pubescentes glabras, pares na face abaxial. Estipulas 0.8-1 mm oblonga a oval, ápice acuminado a cuspidado, base proeminentes compr.. subuladas. caducas. Racemos terminais. 7- arredondada a cuneada, às vezes subcordada, face 11,5 cm compr., laxos, esparsamente pubescentes; adaxial glabra, exceto pelas glândulas sésseis na brácteas caducas na maturidade, bractéolas porção basal, face abaxial tomentosa, 8-13 pares persistentes, ovais, 4-6 glândulas sésseis e de nervuras proeminentes. Estipulas 5-7 mm compr., translúcidas nas margens. Flor 3-9 mm compr., lineares, caducas na maturidade. Panículas terminais, 5-10 mm compr.; hipanto campanulado, 16-25 cm compr., tomentoso-glandulosas; brácteas pedicelo externamente esparso-pubescente; cálice com lobos e bractéolas 2-5 mm compr.. subuladas. persistentes, agudos no ápice, verdes a arroxeados. raramente densamente tomentoso-glandulosas, tricomas vináceos, com glândulas sésseis e translúcidas; glandulares estipitados. Flores 4-8 mm compr.. pétalas brancas a púrpuras; estames (5)6, livres, filetes pedicelo 1-2,5 cm. glabro: hipanto campanulado. brancos, ápice arroxeado. raramente vináceo, inseridos externamente pubescente; cálice com lobos em semicírculo no hipanto, ultrapassando os Iodos avermelhados a arroxeados, agudos no ápice, do cálice; ovário inserido na parede do hipanto. pubescentes, com numerosos tricomas glandulares hirsuto. estilete hirsuto na base. Frutos não vistos. estipitados; brancas, às vezes lilás apenas pétalas Material examinado: Capitólio: 5.XI.2008, fl., L.S. no ápice; 5 estames, livres, unilaterais, filetes Kmoshita 08-239 MUFV); Cachoeira do Filo. 25.X.2006, brancos a arroxeados, ultrapassando os lobos do fl.. J.N. Nakajima et ai. 4275 (HUFU, K, MBM); cálice; anteras lilás a vináceas; 4 estaminódios, Cachoeira do Cãnion. 26.X.2006. fl., J.N. Nakajima et opostos aos estames; ovário inserido no ápice do ai. 4402 (HUFU); estrada após Paraíso Perdido, hipanto, pubescente, estilete roxo, hirsuto na base. 7.XI.2007. fl., R. Romero et ai 7954 (HUFU, K, MBM); fl.. J.N. Nakajima Frutos 5-10 mm compr., globosos a elipsóides. 25.X.2006. et ai. 4225 (HUFU. K, Material examinado: Delfinópolis: fa/enda do José MBM); estrada para mineradora Gabi Extrações. Onório, 29.XI.2O03, fr„ J.N. Nakajima et ai. 3773 26.X.2006. fl., J.N. Nakajima et ai. 42VK t HUFU. MBM); (HUFU); 29.XI.2003. fl. e fr.. J.N. Nakajima et ai. 3794 8.XI.2007. fl.. R. Romeroetal. S027(HUFU, K. MBM); (HUFU. K. MBM. SPFR); Paraíso Selvagem. córrego Quebra Anzol. 29.IX.2005, fl.. J.N. Nakajima et 11.X.2002, fl. e fr.. R. Romero et ai. 6432 (HUFU. K. ai. 3886 (HUFU. K. MBM); 29.IX.2005. fl.. J.N. MBM, SPFR); 22.X.2003, fl.. J.N. Nakajima etal. 3563 Nakajima et ai. 3916 (HUFU, K. SPFR). Delfinópolis: (HUFU, K, MBM, SPFR); 14.IX.2004. fl. e fr.. J.N. Caehoeirinhas, 22.XI.2000. fl.. A.C.B. Silva 655 (HUFU. Nakajima et ai. 3811 (HUFU, K. SPFR); I4.IX.2004, SPFR); Claro. 11.IX. 1999. fl., SAP. Godoyetal. 1864 fl.. R. Romero et ai. 7064 (HUFU, K); 14.IX.20O4. fl., (HUFU, SPFR); fazenda do José Onório. 26 XL2003, fl., C. A. Faria et ai. 53 (HUFU. K, MBM. SPFR); R. Romero et ai. 3741 (HUFU, K. MBM. SPFR); estrada 14.IX.2004, fl., E.K.O. Hattori et ai 370 (HUFU. K). para Gurita 13.IX.2004. fl.. C. A. Faria etal. 20(HUFU, K); 29.IX.2002, fl.. R. Romero et ai. 6376 São João Batista do Glória: Ribeirão Grande, pousada (HUFU. K. MBM.

Rodriguésia 61 (2): 281 -288. 2009 285 Chrysobalanaceae da Serra da Canastra

Benth. ex Hook. f. (Pacheco 206) - a. ramo fértil; b. flor; c. secção Fi2ura 2 a-c Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) 7064) - d. ramo fértil; e. detalhe da face abaxial da longitudinal da flor d-g. Hirtella glandulosa Spreng. (Romero secção longitudinal da flor. h-j. H. gracilipes (Hook. f.) Prance lâmina foliar mostrando glândulas sésseis; f. flor; g. fértil; i. flor;j. secção longitudinal da flor. (NakaiimaV - ?9/6)-hvr,inora ramo - Zucc.) Benth. ex Hook. f. (Pacheco 206) a. flowering branch; b. flower; c. longttudtnal F.gure 2 -a-c. (Mart & - d. flowenng branch: e. detail ofthe abaxial surface ofthe leaf Z^gtX^^"^^losa Spreng. (Romero 7064) of flower. branch; i. Ilowcr; j. longitudinal section

Rodriguésia 61(2): 281-288. 2009 286 Hemsing. P.K.B. & Romero. R.

SPFR); fazenda Santa Bárbara, 10.IX. 1999, fl., SAP. Godoy Licania humilis ocorre nos cerrados do Planalto et al. 1816 (HUFU, SPFR); 10.X.1999, fl., A.C.B. Silva 40 Central brasileiro. No PNSC ocorre exclusivamente (HUFU, SPFR); fazenda Águas da Serra, 13.III.2003, fl., R. em cerrado. Coletada com flores em setembro e Romeroetal. 6764(HUFU);Guarita, 14.IX.2000,fl.,/l.C.fí. outubro. É facilmente reconhecida por suas panículas Silva586(HUFU, SPFR); Paraíso Selvagem, 4.XII.2002, fl., de espigas congestas e flores sem pétalas. J.N. Nakajima etal. 3316 (HUFU); trilha para Cachoeira do Alpinista, 10.X.2002,fl., R.A. Pachecoetal. 2/J(HUFU,K, MBM, SPFR); 15.IX.2004, fl., R. Romero et al. 7118 5. Parinari ubtusifolia Hooker f. in Martius & (HUFU); 15.IX.2004,fl.,C.A.FarK;tW. (59(HUFU,SPFR); Eichler, Fl. bras. 14(2): 52.1867.Fig. 3 d-f 15.1X.2004, fl.,£.Â10. Hattorietal. 431 (HUFU); 23.V.2O07. Subarbustos, arbustos ou arvoretas 0,4-2 m alt. Ü.J.N. Nakajimaetal. 4502 (HUFU, K, MBM). São Roque Folhas discolores; pecíolo 4-5 mm compr., canaliculado. de Minas: cachoeira Casca D'Anta, 19.X.1994, fl. e fr., J.N. tomentoso; lâmina 4,8-10 x 2,5-6 cm, oval a oblonga, Nakajima et al. 612 (HUFU, K, MBM); 22.IX. 1995, fl., R. raramente elíptica, ápice cuspidado, base arredondada, Romero el al. 3219 (HUFU); estrada para a Cachoeira dos face adaxial glabra, raramente esparsamente pubescente, Rolinhos, 26.IX. 1995, fl., R. Romero etal. 2843 (HUFU, K, face abaxial cinza-prateada, MBM); trilha Paraíso Perdido, 8.XII.2005, í\.,J.N Nakajima pubescente, principalmente nas nervuras, 12-18 de nervuras etal. 4111 (HUFU, MBM, SPFR). pares proeminentes. Estipulas mm Hirtellagracilipes ocorre em matas ciliares e ca. 5 compr., elípticas a lanceoladas, matas de encosta do Planalto Central brasileiro. No caducas. Panículas terminais, 2-6,5 cm compr., ramificadas, PNSC é freqüente nesses ambientes. Foi coletada com pubescentes, sem brâcteas nem bractéolas. flores entre maio e dezembro. Pode ser facilmente Flores inconspícuas, 4-7 mm compr., subsésseis, 2-3 mm compr.; hipanto subcampanulado, reconhecida pelas glândulas sésseis e translúcidas pedicelo nas margens das bractéolas e lobos do cálice, além externamente velutino; cálice com lobos agudos no dos racemos terminais. ápice, pubescentes; pétalas brancas a creme; 5-10 estames, livres, filetes não ultrapassando os lobos do 4. Licania humilis Cham. & Schltdl., Linnaea 2: cálice; ovário inserido na parede do hipanto, 549.1827.Fig.3a-c lanuginoso, estilete não ultrapassando os lobos do cálice, viloso na inferior. Frutos 1,4-1,7 x 1,7-2 Árvores 3-5m alt. Folhas concolores; pecíolo porção 5-6 mm compr., cilíndrico ou levemente canaliculado, cm, oblongos, às vezes elipsóide. Material examinado: São Roque de Minas: densamente tomentoso; lâmina 4-9' 2,5-5 cm, oblonga Chapadão da Canastra, km 45, 22.11.1994, fr., R. Romero et al. 693 a oval, ápice cuspidado, raramente arredondado, base (HUFU); estrada para Retiro de Pedras, 20.IV. 1994, fl. e fr., arredondada, raramente obtusa, face adaxial glabra, R. Romero et al. 973 (HUFU); 16.XII.1998, fl., M. A. 8-10 de face abaxial esparsamente lanuginosa, pares Farinaccio et al. 253 (HUFU); Guarita de Sacramento, nervuras proeminentes na face abaxial. Estipulas ca. 3 14.X. 1994, fl. e fr. R. Romero et al. 1195 (HUFU, K, MBM, mm compr., lineares, caducas. Inflorescências em SPFR) e 1221 (HUFU, K. MBM); 24.IX.1995, fl.,/?. Romero panículas de espigas, 6,5-13,5 cm compr., tomentosas; etal. 2747(HUFU); 19.VI1I.1997,fr.,/?. Romeroetal. 4422 brâcteas e bractéolas 1,3-1,7 mm compr., ovais, (HUFU); posto de observação, 18.X. 1994, fl. e fr., R. Romero etal. /4/2(HUFU);2kmapósCurral de Pedras, 19.X.1994, pilosas; persistentes. Flores inconspícuas, 3-5 mm compr., sésseis, congestas, sem corola; hipanto fl.,/?. Romeroetal. 1319(HUFU); 11.01.1995, fl.,/?. Homero et al. 1728 (HUFU); estrada para a Cachoeira dos Rolinhos, campanulado, externamente pubescente; cálice com 26.IX. 1995, fr., R. Romero et al. 2824 (HUFU); estrada lobos agudos no ápice, estames 10, para pubescentes; Sacramento, 27.1X.1995, fr.,/?. Romeroetal. 2o77(HUFU); livres, filetes inseridos em um círculo completo, estrada para a Fazenda do Fundão, 22.11.1997, fr., J.N. ultrapassando os lobos do cálice; ovário inserido na Nakajima et al. 2248 (HUFU); Vale dos Cândidos, próximo base do hipanto, densamente viloso, estilete piloso ao Córrego das Posses, 27.VI. 1997, fl., R. Romero etal. 4308 na porção inferior. Fruto ca. 2 x 1 cm, elipsóide. (HUFU, K, MBM, SPFR); Chapadão do Diamante, Material examinado: Capitólio: Represa de Fumas, 15.X.1997, fl., J.N Nahi/inm ct al. 2860 (HUFU); estrada cachoeira Feixo da Serra, rio Turvo, 28.IX.2005, fl., R. principal, 26.IX.2O02, fr., R.A. Pacheco et al. 186 (HUFU). Romero etal. 7174(HUFU, K, MBM, SPFR). Delfinópolis: Parinari obtusifolia ocorre em cerrados e Tnlha do Rio Claro, 30.VI.2000, fl., A.C.B. Sta 507(HUFU, áreas abertas do Planalto Central brasileiro. No SPFR); estrada para Condomínio de Pedras, próximo à PNSC é freqüentemente encontrada em campo sujo "casa azul", 17. V.2003, í\., R.A. Pacheco etal. r552(HUFU, e, ocasionalmente, em áreas de cerrado, campo cerrado, MBM); estrada Casinha Branca, 25.X.2003, tt.J.N. para campo rupestre e campo limpo. É reconhecida Nakajima el al. 3698 (HUFU). São Roque de Minas: pelas Cachoeira dos Rolinhos, 21 .IX. 1996, fl., J.N. Nakajima & panículas bastante ramificadas, curtas, 2-6 cm compr., R. Romero 2060 (HUFU, K, MBM, SPFR) e filetes não ultrapassando os lobos do cálice.

Rodriguésia 61(2): 281-288. 2009 287 Chrysobalanaceae da Serra da Canastra

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652) - a. ramo fértil; b. flor; c. secção longitudinal da flor. Fiüura 3 - a-c Licania humilis Cham. & Schltdl. (Pacheco fértil; e. flor; f. secção longitudinal da flor. d-f Parinari obtusifolia Hook. f. (Romero 1195)- d. ramo 652) - a. flowering branch; b. flower; c. longitudinal section of flower. Kieure 3 a-c Licania humilis Cham. & Schltdl. (Pacheco - d. flowering branch; e. flower; f. longitudinal section of flower. d-f Parinari ohlusifolia Hook. f. (Romero 1195)

Rodriguésia 61 (2): 281-288. 2009 288 Hernsing. P.K.B. & Romero. R. Agradecimentos de Condylocarpon isthmicum (Vell.) A.DC. (Rauvofioideae). Dissertação de Mestrado. Ao CNPq e à FAPEMIG o apoio financeiro Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 153p. a realização das expedições de coleta ao Parque para Nakajima, J.N. & Semir, J. 2001. Asteraceae do Parque Nacional da Serra da Canastra, aos curadores dos Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil. herbários SPFR e UEC o envio de materiais, ao Revista Brasileira de Botânica 24: 471-478. ilustrador Filipe de Deus a confecção das ilustrações Pontes, A. & Mello-Silva, R. 2005. Annonaceae do Parque e ao Dr. Jimi Naoki Nakajima a leitura e as sugestões. Nacional da Serra da Canastra. Minas Gerais. Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo Referências 23:71-84. Prance, G.T. 1972. Chrysobalanaceae. Assis, M.C. 2003. Flora de Grão-Mogol. Minas Gerais: Flora Ncotropica 9: 1-409. Chrysobalanaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 21: 169-172. Prance, G.T. 1988. Chrysobalanaceae. In: Rizzo, J.A. Flora Barroso, G.M.; Peixoto, A.L.; Costa, C.G.; Ichaso, C.L.F.; (coord.). do estado de Goiás. Vol. 10. Editora Guimarães, E.F. & Lima H.C. 1984. Chrysobalanaceae. Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 62p. In: Sistemática de angiospermas do Brasil. Vol. 2. Prance, G.T. 2003. Chrysobalanaceae. In: Wanderley, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. P. 15. M.G.L.; Shepherd, G.J.; Giulietti, A.M. & Melhem, Daly. D.C. & Prance, G.T. 1989. Brazilian Amazon. In: T.S. (eds.). Hora fanerogâmica do estado dc São Paulo. Campbell, D.G. & Hammond, H.D. (eds.). Floristic Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 3. Pp. 33-44. inventory of tropical countries. New York Botanical Prance. G.T. 2007. Chysobalanaceae. Rodriguésia 58: Garden, New York. Pp. 401-426. 493-531. Farinaccio, M.A. & Mello-Silva, R. 2004. Asclepiadoidcae Radford, A. 1986. Fundamentais of plant systematics. (Apocynaceae) do Parque Nacional da Serra da Harper & Row, New York. 498p. Canastra, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica Ratter, J.; Bridgewater, S. & Ribeiro, J.F. 2003. Analysis of da Universidade de São Paulo 22: 53-92. the floristic composition of the Brazilian cerrado Filardi. F.L.R.; Garcia, F.C.P.; Dutra, V.F. & São-Thiago, végétation III: Comparison of the woody végétation P.S. 2007. Papilionoideae (Leguminosae) do Parque of 376 áreas. Edinburgh Joumal of Botany 60:57-109. Nacional da Serra da Canastra. Minas Gerais, Brasil. Romero, R. & Martins, A.B. 2002. Melastomataceae do Hoehnea 34: 383-408. Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Gentry, A.H. 1988. Changes in plant community Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 19-24. diversity and floristic composition environmental Sano, S.M.; Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. 2008. and geographical gradients. Annals ofthe Missouri Chrysobalanaceae. br. Cerrado: Ecologia e flora. Vol. Botanical Garden 75: 1-34. 2. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília. Pp. Giulietti, A.M.; Menezes, N.L.; Pirani, J.R.; Meguro, 649-652. M. & Wanderley, M.G.L. 1987. Flora da Serra do Scudeller, V. 2004. Bignoniaceae Juss. no Parque Nacional Cipó: Caracterização e lista das espécies. Boletim da Serra da Canastra - Minas Gerais, Brasil. de Botânica da Universidade de São Paulo 9: 1-151. Iheringia, serie Botânica 59: 59-73. Hatschbach, G.; Guarçoni, E.A.E; Sartori, M.A. & Ribas. Silva, M.A.O. & Romero. R. 2008. Melastomataceae O.S. 2006. Aspectos fisionômicos da vegetação da das serras do município de Delfinópolis, Minas Serra do Cabral, Minas Gerais, Brasil. Boletim do Gerais, Brasil. Rodriguésia 59: 609-647. Museu Municipal de Curitiba 67: 1-33. Tabarelli. M. & Mantovani. W. 1999. A riqueza da Hooker, J.D. 1867. Rosaceae: Chrysobalaneae. In: Martius, floresta atlântica de encosta no estado de São Paulo C.F.P. & Eichler, A.G. (ed.). Flora brasiliensis. (Brasil). Revista Brasileira de Botânica 22: 217-223. Typografia Regia. Monach. Vol. 14, pars 2. Pp. 5-56. Thiers. B. 2009. Index Herbariorum: A global directory - IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. 2005. of public herbaria and associated staff. New York Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Botanical Garden's Virtual Herbarium. Disponível Canastra. IBDF, Brasília. 799p. em . Acesso em Klein, R.M. 1984. Crisobalanáceas. In: Reitz. R. (ed.). outubro 2009. Flora ilustrada catarinense. Herbário Barbosa Volpi. R.L. 2006. Malpighiaceae no Parque Nacional da Rodrigues, Itajaí. 24p. Serra da Canastra. Minas Gerais, Brasil. Dissertação Morokawa, R. 2009. Apocynaceae s. str. do Parque de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, Nacional da Serra da Canastra (MG) c anatomia floral Curitiba. 118p.

Artigo recebido em 25/09/2009. Aceito para publicação em 29/03/2010.

Rodriguésia 61 (2): 281 -288. 2009 Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, Rio de Janeiro, Brasil Malvaceae s. str. ofthe Rio das Pedras Reserve, Mangaratiba, Rio de Janeiro, Brazil

Massimo G. Bovini

Resumo A Reserva Rio das Pedras está localizada no sul fluminense e pertence a um fragmento de floresta pluvial Atlântica, um estudo morfológico e taxonômico das Malvaceae s. str., no possuindo cerca de 1.360 ha. Foi realizado a seis (Abutilon, Malvastrum, Pavonia, Sida, Sidastrum e qual registrou-se 13 espécies pertencentes gêneros Urena), sendo Sida o gênero com maior número de espécies. São apresentadas chave de identificação, descrições e ilustrações das espécies. Palavras-chave: florística. Rio de Janeiro, taxonomia. Abstract and represents a fragment The Rio das Pedras Reserve is located in southern Rio de Janeiro state ofthe Atlantic rain study ofthe Malvaceae s. str. was carried out, forest with about 1,360 ha. A morphological and taxonomic Pavonia, Sida, Sidastrum and Urena), with rcgistering 13 species bclonging to six genera (Abutilon, Malvastrum, and illustrations ofthe species are Sida the most frequent. A key for identification, descriptions presented. Key words: floristic, Rio de Janeiro, taxonomy.

Introdução Bovini et al. (2010) listaram 66 gêneros e 746 táxons para as Malvaceae, sendo 30 gêneros distribuídos Malvaceae s. str. pertence à ordem Malvales três em 393 táxons de Malvoideae (= Malvaceae s.str.). (sensu Cronquist 1988), juntamente com batras Quanto à importância econômica, famílias estreitamente relacionadas. Bombacaceae, possuem representantes de considerável valor, sendo Sterculiaceae e Tiliaceae. Entretanto esta composição utilizadas na ornamentação em todo o mundo, como sempre foi alvo de conflitos de circunscrição entre espécies de Abutilon Mill., Alcea L., Hibiscus L., vários autores (Fryxell 2007). Judd & Manchester Malvaviscus Fabr. e Thespesia Sol., ou ainda, a de caracteres morfológicos e químicos, por (1997), partir serem utilizados na indústria têxtil, como espécies não corroboram com a subdivisão da Ordem de Gossypium L. (algodão) e Urena L. (juta). Malvales sensu Cronquist (1988), apresentando No estado do Rio de Janeiro, embora Bombacaceae, Sterculiaceae e Tiliaceae como grupos remanescentes vegetacionais estejam bem sendo apenas Malvaceae um grupo parafileticos, em Unidades de Conservação, suas monofilético. Com base nesses resultados, a inclusão preservados riquezas florísticas são ainda conhecidas. das Bombacaceae, Tiliaceae e Sterculiaceae, nas pouco Tendo em vista a escassez de estudos em Malvaceae "expandida", ou sensu lato, foi sugerida Malvaceae s. str. para o estado do Rio de Janeiro, cm APG (1998). este trabalho teve objetivo analisar sob o As Malvaceaes. str. são amplamente distribuídas por ponto de vista morfológico e taxonômico as espécies de em todo o mundo, ocorrendo predominantemente Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras, um nas regiões tropicais e raramente encontradas em altas importante remanescente de Mata Atlântica ainda elevações. Possuem aproximadamente 100 gêneros carente de informações sobre sua flora. e cerca de 1.700 espécies (Fuertes 1985). No Brasil,

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Figura 1 - Mapa da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, Rio de Janeiro. Modificado de Agrofoto Aeriifotogrametria S'A (1999). Figure 1 - Map of Rio das Pedras. Mangaratiba, Rio de Janeiro. Adapted from Agrofoto Acrolotogrametria S/A (1999).

Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 291 Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras ou os estames freqüentemente apresentando partes livres tomentosos ou glabros, tricomas simples diversamente distribuídas ao longo do tubo, anteras fasciculados. Estipulas, geralmente caducas. Folhas biesporangiadas, monotecas, rimosas; altemo-espiraladas ou dísticas, pecioladas, simples; reniformes, ovário supero, 3-muitos lóculos, 1-muitos óvulos; lâminas membranáceas ou cartáceas, inteiras ou estiletes livres entre si ou parcialmente concrescidos lobadas. raramente glabras, às vezes com nectários e depois liberando-se em tantos ramos forem na face dorsal. Flores solitárias ou em inflorescências quantos os carpelos ou em dobro do número deles; estigmas de diversos tipos, terminais ou axilares; actinomorfas, capitados. Frutos esquizocárpicos; mericarpos hermafroditas; epicálice presente ou ausente; cálice trígonos, múticos, bi ou triaristados; sementes 5 sépalas; 5 pétalas adnatas à base do gamossépalo, ou tubo estaminal; numerosos estames monadelfos, com glabras pilosas.

espécies de Malvaceae*. str. na Reserva Rio das Pedras Chave para o reconhecimento das Flores e frutos com epicálice. foliar; mericarpos Nectário bem desenvolvido na face abaxial da lamina gloquideados 2 Urena lobato foliar; mericarpos nunca 2'. ^tár^^^ü^^^àmim gloquideados. lateralmente,.^—-- em forma de cunha. FnicáliceEpicálice com três bractéolas; mericarposmencaipu* comprimidos^'»f— 3. UMalvastrum coromandelianum mericarpos trígonos Pavonia sepium 3'. ^c^^^teHè^&^ 1' Flores e frutos sem epicálice. cahce de base arredondada e flores com ate 15 4 Inflorescências em racemos contraídos, axilares; Sidastrum micranthum ou nores s0lUárÍaS; Cálice 8eralmente de base 5" A ^^^^^i^^^^ 20 estames costada ou campanulada. flores com mais de cálice costado. 5 Subarbustos a arbustos eretos ou decumbentes; conmbosasSida limfolia 6. Lâminas foliares lineares; inflorescências ou ovadas; inflorescências em glomérulos axilares 6*. Lâminas foliares rÔmbicas, lanceoladas ou flores solitárias. em axilares; esquizocarpo com 7 Arbustos decumbentes; inflorescências glomérulos Sida urens cinco mencarpo> ...-,Q,-.- ¦ em axilares ou flores solitárias; T. Arbustos eretos; inflorescências glomérulos esquizocarpo com sete ou mais mericarpos. folhas dísticas, margem serreada, ciliada 8 Estipulas largo-lineares, 3-nervadas; Sida planicaulis margem completamente serreada 8' Estipulas lineares; folhas alterno-espiraladas; superior. ou serreada apenas na porção mediana serreada; corola ca. 1,2 cm diâm; 9 Margem da lâmina foliar completamente santaremensis esquizocarpo com 10-13 mericarposSida apenas na mediana superior; 9' Margem da lâmina foliar serreada porção 8-10 mericarpos. corola ca. 1 cm diâm.; esquizocarpo com lâmina foliar de face adaxial 10. Folhas com pecíolos ca. 5 cm compr.; com mericarpos bi-aristados pubescente; esquizocarpo Sida rhombifolia lâmina foliar de face adaxial 10'. Folhas com pecíolos ca. 1 cm compr.; velutina; esquizocarpo com mericarpos múticosSida glaziovii 5'. Arbustos eretos: cálice não costado. peltatum Lâmina'âmina foliar peitada ou de base cordado-imbncadaAbutdon 11. cordada ou sub-cordada. foliar nunca peitada, base profundamente ir lobado, abaixo da região mediana; mericarpos 12 Ramos velutinos; cálice profundamente ' . „ ¦c.,„Ar,ç. Abutilon sellowianum levemente aristados lobado até a região mediana; mericarpos múticos 12' Ramos pubérulos ou glabros; cálice Abutilon bedfordianum

Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 292 Bovini. M.G. Abutilon bedfordianum (Hook.) A. St. -Hil. & e tricomas iguais aos dos ramos. Folhas alterno- Naud., Ann. Sc. Nat. 2( 18): 48.1842. Fig. 2 a-d espiraladas com pecíolos 3—4 cm compr.. indumento Sida bedfordiana Hook., Bot. Mag. 68. t. e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina foliar 4-12,5 3892.1841. x 3-8,5 cm, verde concolor. membranacea cordiforme. Arbusto ereto 1,5-2 m alt. Ramos cilíndricos, freqüentemente peitada ou com a base cordado- pubérulos ou glabros. Estípulas ca. 1 cm compr.. imbricada ápice agudo, margem serreada; face adaxial lineares, pubérulas, tricomas fasciculados. Folhas pubescente. tricomas simples e poucos fasciculados. alterno-espiraladas com pecíolos 2-18 cm compr.. face abaxial velutina. tricomas simples longos e glabros; lâmina foliar 5-25 x 3-21 cm, verde concolor. poucos fasciculados. Flores axilares. solitárias; membranacea, cordiforme, base cordada. às vezes sub- antopódio ca. 2 cm compr., pubescente; epicálice cordada, ápice agudo a cuspidado, margem serreada; ausente; cálice ca. 2 cm compr.. não costado, lobado face adaxial puberula ou glabra. tricomas glandulares até abaixo da região mediana, ca. 1.8 cm compr.. sésseis e raros fasciculados, face abaxial pubescente, velutino externamente, tricomas simples e tricomas fasciculados. Inflorescencias axilares em fasciculados; corola ca. 5 cm diâm.. amarela; estames cimeiras 2-4 floras; antopódio 5-6 cm compr.. mais de 20, filetes parcialmente concrescidos ca. 2 pubescente. Flores com pedicelo ca. 5 mm compr., cm compr., formando um tubo glabro, porção livre pubescente; epicálice ausente; cálice ca. 1,5 cm compr., dos estames aprox. 1 cm compr.; ovário 8-9 locular, não costado, lobado até a região mediana, ca. 0,8 cm 4-5 óvulos por lóculo; estilete ca. 3 cm compr. compr., levemente cuspidados, tomentoso Esquizocarpo ca. 2 cm diâm.: 8-9 mericarpos ca. 1,5 externamente, tricomas fasciculados; corola ca. 4,5 cm x 0,7 cm, levemente aristados, tricomas simples e diâm., amarelada com nervuras vinosas; estames mais fasciculados. Sementes 4-5 com tricomas simples. de 20, filetes parcialmente concrescidos ca. 0,7 cm Material examinado: trilha para o Pico do Corisco, 750 compr., formando um tubo glabro, porção livre dos m, 25.V.2000, fl. e fr., MG. Bovini etal. IS01 (RB. RUSU). estames aprox. 0,4 cm compr.; ovário 13-15 locular, Ocorre nos estados de Minas Gerais. Rio de Janeiro e São Paulo. Na RRP. devido ao difícil 5-6 óvulos por lóculo; estilete ca. 1,2 cm compr. Esquizocarpo ca. 1,5 cm diâm.; 13-15 mericarpos ca. acesso, foi encontrada em local protegido com 1 x 0,7 cm, múticos, tricomas simples diminutos e população bastante reduzida, sobre rochas e com fasciculados. Sementes 5-6 com tricomas simples. forte incidência solar. Material examinado: trilha para a Lagoa Seca. 200-400 Abutilon peltatum caracteriza-se por possuir m, 27.V. 1997, fl., M.G. Bovini et al. 1183 (RB, RUSU). lâminas foliares peitadas ou cordado-imbricadas e Material adicional examinado: Rio de Janeiro. Itatiaia, tricomas glandulares e simples longos nos ramos. 1500 m, 29.V. 1935, fl. e fr., A. Brade 14607 (RB). Assemelha a A. fluviatile (Vell.) K. Schum., o que Espécie de distribuição exclusiva da Região causa enganos nas identificações dos espécimes. Sudeste do Brasil. Na RRP ocorreu em locais ciófilos A princípio, o indumento e a forma da lâmina foliar, em poucas populações. diferem as duas espécies. Sem dúvida, estudos Abutilon bedfordianum possui uma grande abordando estes táxons esclareceriam a validade plasticidade em relação ao porte e coloração da dos mesmos como táxons distintos ou sinônimos. folhas. Há registros em materiais de herbários de indivíduos com 6 metros de altura e folhas bastante Abutilon sellowianum (Klotzsch) Regei. Ind. Semin. discolores. A partir desta segunda característica, Hort. Bot. Petrop. 51.1860.Fig. 2 h-k Fries (1908) atribuiu-lhe algumas variedades. Esta Sida sellowiana Klotzsch in Otto & Dietrich. espécie caracteriza-se por possuir uma pilosidade Allgcm. Gartenzeitung4:9.1836. quase imperceptível nos ramos e folhas, lâminas Iconografia: Monteiro-Filho (1955). fig. 6; foliares com a base cordiforme a sub-cordiforme, Sodré (1989). fig. 1. corola com nervuras vinosas e mericarpos múticos Arbusto ereto 1,5-2 m alt. Ramos cilíndricos, com 5-6 sementes. velutinos. tricomas fasciculados. Estípulas 0,7-1 cm compr.. largo-lineares. velutinas. tricomas fasciculados Abutilonpeltatum K. Schum., Fl. bras. 12(3): 398. e raros simples longos. Folhas altemo-espiraladas com 1891.Fig.2e-g pecíolos 4-21 cm compr.. indumento c tricomas iguais Iconografia: Schumann (1891), tab. 72. aos das estípulas; lâmina foliar 7-34 x 5,5-24 cm. \ erde Arbusto ereto 1,5-2,0 m alt. Ramos cilíndricos, discolor. membranacea cordiforme, às vezes trilohada. pubescentes. tricomas glandulares e simples e longos. base proíundamete cordada. ápice agudo a cuspidado. Estípulas ca. 1 cm compr., largo-lineares, indumento margem serreada; face adaxial velutina. tricomas

Rodriguésia 61 (2): 289-301. 2010 293 Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras

- - b. tubo estaminal; c. fruto; d. mencarpo. e-g. A. peltatum e. ramo Figura 2 - a-d Abulilon bedjordianum a. ramo fértil; fértil ftubo™inal;g.menca^^ h-k Bovini e, al. 1872) et al. 1183; c-d Brade 14607; e-g Bovini e, al. 1801; column; c fru.t; d. mencarp. e-g. A. - e tlowenng - - a. flowenng branch; b. staminal peltatum Fiaure 2 a-d Abutilon Kdfordianum Bovini A. sellowianum - h. flowermg branch;,. stamma. co.umn; j. fru.t; k. mencarp. (a-b SS í staminal co,umn; g mericarp. h-k. h-k Bovini et al. 1872). et al 1183; c-d Brade 14607; c-g Bovini et al. 1801;

Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 294 Bovini. M.G. multiradiados e simples, face abaxial densamente aos dos ramos), face abaxial hirsuta, tricomas iguais velutina tricomas fasciculados. Inflorescéncias axilares aos dos ramos. Inflorescéncias em racemos reduzidos, em cimeiras 2-\ floras, às vezes flores solitárias; axilares. freqüentemente solitárias. Flores com antopódio 5-16 cm compr., velutino. Flores com pedicelo ca. 2 mm compr.. hirsuto. tricomas iguais aos pedicelo aprox. 5 mm compr., velutino: botões com dos ramos; epicálice 3 bracteolas, ca. 4 mm compr., sépalas acuminadas; epicálice ausente; cálice ca. livres, hirsutas, tricomas simples; cálice ca. 5 mm 1,7 cm compr., não costado, lobado até abaixo da compr., lobado até a região mediana, hirsuto região mediana ca 2 cm compr.. velutino externamente, externamente, tricomas iguais aos dos ramos; corola tricomas fasciculados; corola ca. 5 cm diâm., rósea; ca. 1 cm diâm., amarela; estames mais de 20, filetes estames mais de 20, filetes parcialmente parcialmente concrescidos ca 2 mm compr., formando concrescidos ca. 1,5 cm compr., formando um tubo um tubo glabro, porção livre dos estames ca. 1 mm glabro, porção livre dos estames aprox. 5 mm compr.; compr.; ovário 10-14 locular, 1 óvulo por lóculo; ovário 10-15 locular, 3 óvulos por lóculo; estilete ca. estilete ca. 4 mm compr. Esquizocarpo aprox. 6 mm 2,3 cm compr. Esquizocarpo ca. 2 cm diâm.; 10-15 diâm.; 10-14 mericarpos ca. 3x3 mm, comprimidos mericarpos ca 12 x 0.5 cm levemente alistados, tricomas lateralmente cm forma de cunha, 3-aristados. arista fasciculados. Sementes 3-4 com tricomas simples. apical ca. I mm compr. e laterais pouco menores que 1 Material examinado: trilha para o Pico do Corisco, mm compr., tricomas simples longos entre as aristas. 300 m. perto de riacho, 13.VI.2000, fl. e fr., M.G. Bovini Semente única, glabra. etal. 1872 (RB.RUSU). Material examinado: atrás do alojamento, perto do Material adicional examinado: RIO DE JANEIRO: viveiro de mudas. 23.XI. 1999, fl. e fr., M.G. Bovini et al. Rio de Janeiro. Corcovado. 18.1.1972. fl.. D. Sucre8237 s.n. (RB 392087, RUSU). (RB); Jacarepaguá, Represa do Camorim, 28.VII. 1988, Material adicional examinado: RIO DE JANEIRO: fl.. LC. Giordano et al. 438(RB). Silva Jardim, REBIO de Poço das Antas. 30.VIII. 1994. Restrita aos estados de Minas Gerais e Rio fl. e fr., J.M.A. Braga et al. 1306 (RB). de Janeiro, preferencialmente acima de 500 metros Pantropical, ocorrendo principalmente na de altitude em Mata Atlântica. Na RRP foi costa oeste da América do Sul até o nordeste da encontrada no estrato arbustivo em mata úmida. Argentina, mas de acordo com Fryxell (1988) Monteiro-Filho (1955) combinou Abutilon estende-se até as zonas temperadas. Na RRP, foi sellowianum em Backeridesia. com base nas encontrada ao lado do alojamento em populações características dos mericarpos. Como ainda não há isoladas, sob intensa ação antrópica. um estudo detalhado para o gênero Backeridesia Um caráter marcante do gênero Malvastrum são no Brasil, adotou-se neste artigo tal espécie ainda os tricomas fasciculados com quatro raios adpressos como pertencente ao gênero Abutilon. A mesma é na maioria de suas estruturas. Malvastrum caracterizada pelas folhas de grandes dimensões, coromandelianum pode ser confundida com Sida botões com sépalas acuminadas e o cálice planicaulis, mas o indumento das estruturas profundamente lobado. vegetativas com tricomas fasciculados (4 raios) e raramente simples. 3 bracteolas no epicálice e mericarpos Malvastrum coromandelianum (L.) Garcke subsp. 3-aristados. sendo a arista apical maior, a caracterizam. coromandelianum. Bonplandia5:295.1857. Fig. 3a Malva coromandeliana L., Sp. Pl. ed. 1. 2: Pavonia sepium A. St. -Hil.. Fl. bras. merid. 1: 225. 687.1753. 1827. Iconografia: Hill (1982), figs. 63-64; Bovini Iconografia: Gürke (1892). tab. 86; Esteves (2001 a), fig. 3. (2001). fig. 20. Subarbusto ereto 0.6-1,5 m alt. Ranx» cilíndricos, Subarbusto a arbusto ereto 0.5-1.5 m alt. Ramos hirsutos, tricomas fasciculados (4 raios), adpressos. cilíndricos, pubérulos. tricomas fasciculados. Estipulas Estipulas ca. 5 mm compr.. lineares a lanceoladas. ca. 5 mm compr.. lineares, pubérulas. tricomas simples hirsutas, tricomas simples e fasciculados. Folhas e fasciculados. Folhas altemo-espiraladas. com altemo-espiraladas com pecíolos 1-2 cm compr.. pecíolos ca. 15 cm compr.. indumento c tricomas iguais indumento e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina aos dos ramos: lâmina foliar 2.5-11 x 1-4,5 cm, sem foliar 3-6,5 x 1.5-3 cm, sem nectário, verde concolor. nectário, verde concolor, membranácea, ovada a membranácea, ovada a lanceolada, base aguda a lanceolada. base arredondada, às vezes, obtusa, ápice cuneada, ápice agudo, margem serreada, face adaxial agudo, margem serreada. face adaxial praticamente hirsuta, tricomas simples, raros fasciculados (iguais glabra, raros tricomas fasciculados, face abaxial

Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 295 Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras

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- b-d. Sida - b. ramo fértil; c. detalhe do ramo; Figura 3 - Malvastrum coromandelianum a. detalhe do ramo. glaziovii - f. tubo estaminal; fruto; h. mericarpo. Bovini s.n. et al. d. mericarpo. e-h. Sidastrum micranthum e. ramo fértil; g. (a RB392087; b-d Bovini et al. 2804; e-h Bovini et al. 1115). b-d. Sida - b. flowering branch; c. detail of branch; Figure 3 - Malvastrum coromandelianum - a. detail of branch. glaziovii column; fruit; h. mencarp. (a Bovini s.n. et al. RB392087; d. mericarp. e-h. Sidastrum micranthum - e. flowefi..g branch: f. staminal g. b-d Bovini et al. 2804; e-h Bovini ei al. 1115).

Material examinado: trilha do Cambucá, 17. VIII. 1996, levemente pubérula, tricomas fasciculados. fr., M.G. Bovini et al. 1022 (RB, RUSU); trilha a Inflorescências axilares em mônades (flor solitária). para Lagoa Seca, 70-800 m, 14.VIII. 1999, fr„ M.G. Bovini et Flores com 3-6 cm compr., pubescente, pedicelo al. 1669 (RUSU). simples e fasciculados; epicálice 5-7 tricomas Pavonia sepium é amplamente distribuída na bractéolas, ca. 7 mm compr., conatas somente na América do Sul, à exceção do Chile. Na RRP, poucas base, tricomas simples e fasciculados; pubescentes. populações foram encontradas em locais cálice 5-6 mm compr., lobado até abaixo da região sombreados nas principais trilhas. mediana, externamente, tricomas pubescente Fryxell (1999) comenta que Cavanilles (1787) fasciculados; corola ca. 1.2 cm diâm., amarela; estames ca. 4 e Gürke (1892) a confundiram com P. spinifex (L.) mais de 20, filetes parcialmente concrescidos Cav., a qual não ocorre no Brasil. Posteriormente mm compr.. formando um tubo glabro, porção livre este engano permaneceu também em Krapovickas dos estames ca. 1 mm compr., distribuídos ao longo (1978). Sabe-se portanto, que P. sepium pertence a do tubo; ovário 5 locular, 1 óvulo por lóculo; estilete "complexo" um (P. narcissi, P. ramosissima, P. ca 6 mm compr. Esquizocarpo aprox. 6 mm diâm.; 5 sepioides, P. spinifex e P. uniflora) ainda não resolvido. mericarpos ca. 5x3 mm, trígonos, 3-aristados, Os tricomas fasciculados na face abaxial, as flores arista central ca. 3 mm compr., aristas laterais 5 mm amarelas e os mericarpos 3-aristados são características compr.. tricomas retrorsos, faces laterais lisas. que auxiliam a delimitação da espécie. Semente única glabra.

Rodriguesia 61 (2): 289-301. 2010 296 Boiini, M.G.

Sida glaziovii K. Schum.. Fl. bras. 12(3): 322.1891. Estipulas ca. 5 mm compr.. filiformes a lineares, Fig. 3 b-d indumento e tricomas iguais aos dos ramos. Folhas Iconografia: Monteiro-Filho (1936), tab. 3; alterno-espiraladas, com pecíolo ca. 1 cm compr.. Bovini (200 Ia), fig. 4. indumento e tricomas iguais aos dos ramos: lâmina Subarbusto ereto 0,5-1,5 m alt. Ramos foliar 2-12 x 0.4-1,3 cm. verde discolor, membranacea cilíndricos, tomentosos. tricomas simples longos e linear, base obtusa ápice agudo, margem inteira hirsuta multiradiados. Estipulas 6-7 mm compr., lineares, em ambas as faces, tricomas simples longos. indumento e tricomas iguais aos dos ramos. Folhas Inflorescências terminais, corimbosas; antopódio ca. 8 alterno-espiraladas, com pecíolo ca. 1 cm compr.. mm compr.. hirsuto. Flores com pedicelo ca 5 mm compr.. indumento e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina densamente hirsuto; epicálice ausente; cálice costado, foliar 1 -4 x 0,6-3.5 cm, verde discolor, membranacea. aprox. 6 mm compr.. lobado até a região mediana, rômbica a levemente obovada, base aguda a obtusa, agudos, densamente hirsuto externamente, tricomas ápice agudo a obtuso, margem na porção mediana simples; corola ca. 1.3 cm diâm.. alva mácula vinosa na superior irregularmente serreada e inferior inteira; fauce: estames mais de 20, filetes parcialmente face adaxial velutina. tricomas multiradiados, face concrescidos ca. 3 mm compr.. formando um tubo abaxial densamente velutina. tricomas pubescente, tricomas simples, porção livre dos estames multiradiados. Inflorescências em glomérulos aprox. 1 mm compr.; ovário 7-8 locular, 1 óvulo por axilares, raramente flores solitárias; antopódio ca. 3 lóculo; estilete ca. 4 mm compr. Esquizocarpos 5-6 mm mm compr., tomentoso. Flores com pedicelo aprox. diâm.; 7-8 mericarpos ca. 2 x 1 mm, sub-múticos, 1 cm compr., tomentosos; epicálice ausente; cálice trígonos, faces laterais levemente reticuladas. Semente costado, 8-9 mm compr., lobado até a região única, puberulenta na região do hilo. mediana, agudos, tomentoso externamente, Material examinado: trilha do Cambucá, M.G. Bovini tricomas multiradiados; corola ca. 1 cm diâm.. 1016etal., fl. e fr., 17.VIII.1996 (RB. RUSU). amarelo-clara, com mácula vinosa na fauce; estames Material adicional examinado: Pernambuco, rio Formoso, 9.VIII.1954, mais de 20, filetes parcialmente concrescidos ca. 2 fl. e fr., /. Falcão 991 (RB). Rio de Janeiro. Macaé. restinga de Carapebus, fazenda São mm compr., formando um tubo glabro, porção livre Lázaro, 13.V.1995, dos estames aprox. 1 mm compr.; ovário 1 óvulo fl. e fr., M.G. Bovini 780 (RB). Ocorre na África, sul da Ásia. e do México até a lóculo; estilete ca. 3 mm compr. Esquizocarpos por América do Sul. à exceção de Chile sul aprox. 5 mm diâm.; 9-10 mericarpos ca. 3 x2mm. c da Argentina, freqüentemente em baixas altitudes. Na RRP é muito ápice com tricomas simples e fasciculados, múticos, comum no início da trilha do Cambucá, em sua margem. trígonos, faces laterais marginalmente reticuladas. Sida linifolia folhas lineares Semente única, com tricomas na região do hilo. possui e corola alva com mácula vinosa Material examinado: trilha do Cambucá, 17.V.1997, na fauce. fl. e fr., M.G. Bovini cl al. s.n. (RB 360329. RUSU); trilha para a Lagoa Seca, 150 m. 22. IX. 2009. fl.. M.G. Sida planicaulis Cav., Diss. 1:24. t.3. f. 11. 1785. Bovini etal. 2804 (RB). Iconografia: Rodrigo (1944). fig. 19,29 (como Ocorre preferencialmente na Região Sudeste S. acuta): Sodré (1989). fig. 2 (como5. carpinifolia); do Brasil, com raras ocorrências na Região Centro- Bovini (2001a). fig. 4; Krapovickas (2003), fig. 5. Oeste, habitando várias altitudes e ambientes. Na Subarbusto ereto 0,5-1,8 m alt. Ramos RRP foi encontrada na beira da trilha. aplanados, híspidos. tricomas simples longos. Sida glaziovii é caracterizada pelo indumento Estipulas ca. 9 mm compr.. largo-lineares. 3-nervadas. tomentoso em toda a planta, além de possuir uma glabras. Folhas dísticas, com pecíolo ca. 6 mm compr.. coloração verde-clara nas lâminas foliares. diferenciando- indumento e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina se de S. rhombifolia. espécie mais próxima. foliar 2.5-9 x 1 —4.5 cm, verde concolor. membranacea lanceolada, base aguda a obtusa, ápice agudo, Sida linifolia Cav., Diss. 1:14. t.2. f. 1.1785. margem serreada, ciliada. tricomas simples: face Iconografia: Schumann (1891), tab. 57; adaxial praticamente glabra. face abaxial glabra. Monteiro-Filho (1936). tab. 1; Rodrigo (1944). fig. raríssimos tricomas simples na nervura central. 13, t. 27; Ugborogho (1980). fig. 1.1 a; Fuertes (1995). Inflorescências em glomérulos axilares ou flores fig.l; Sivarajan & Pradeep( 1996). fig. 106: Bovini solitárias: antopódio ca. 1 mm compr.. pubescente. (2001a), fig. 5. Flores com pedicelo aprox. 2 mm compr.. pubescente: Subarbusto ereto 0,5-1,5 m alt. Ramos cilíndricos, cálice costado, ca. I cm compr., lobado até a região hirsutos. tricomas simples longos e raro fasciculados. mediana, muitas vezes sobrepostos, apiculados.

Rodriguesia 61(21:289-301.2010 297 Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras membranácea a cartácea, rômbica, base aguda a pubescente externamente, tricomas diminutos a obtuso, margem na fasciculados e simples longos nas margens; corola obtusa, ápice agudo porção irregularmente serreada e inferior ca. 1 cm diâm.. amarela; estames mais de 20, filetes mediana superior tricomas concrescidos ca. 1 mm compr. inteira; face adaxial pubescente, parcialmente face abaxial velutina, formando um tubo com raros tricomas glandulares, fasciculados esparsos, ovário tricomas fasciculados. Inflorescéncias em porção livre dos estames aprox. 1 mm compr.; axilares ou flores solitárias; antopódio 7-10 locular, 1 óvulo por lóculo; estilete ca. 3 mm glomérulos Flores com compr. Esquizocarpo ca. 5 mm diâm.; 7-10 ca. 1,5 cm compr., pubescente. pedicelo compr., cálice costado, mericarpos, ca. 2 x 2 mm, ápice com tricomas aprox. 6 mm pubescente; compr., lobado até a região mediana, fasciculados, 2-aristados, aristas ca. 2 mm compr., 6-7 mm externamente, muitas vezes sobrepostos, trígonos, faces laterais levemente reticuladas. Semente pubescente fasciculados; corola ca. 1 cm diâm., única, com tricomas simples na região do hilo. tricomas poucos 20, filetes Material examinado: trilha do Cambucá, 18.VIII.1996. amarela; estames mais de parcialmente fl. e fr.. M.G. Bovini et al. 1027 (RB. RUSU); trilha das concrescidos menos que 1 mm compr., formando Borboletas. 100-200 m, 09.1.1998, fl. e fr., MG. Bovini um tubo glabro, porção livre dos estames aprox. 1 etal. 1269 (RB.RVSU). mm compr.; ovário 8-10 locular, 1 óvulo por lóculo; Amplamente distribuída no Brasil, exceto na estilete ca. 3 mm compr. Esquizocarpo 5-6 mm diâm.; região amazônica. Na RRP foi encontrada sempre 8-10 mericarpos, ca. 3 x 3 mm, quase glabro no em beiras de trilhas e abaixo de 500 m. ápice, trígonos, 2-aristados, aristas ca. 1 mm compr. Sida planicaulis é caracterizada, Semente única, glabra na região do hilo. aplanados. principalmente, pelos seus ramos Material examinado: trilha do Cambucá, 18.VIII. 1996, característica também possível em outras espécies fl. e fr., M.G. Bovini et al. 1026 (RUSU); próximo ao IX. 2009, fl. desta seção (Distichifolia); estipulas 3-nervadas; alojamento da Reserva, 23. e fr., M.G. Bovini dos et al. 2805 (RB). lâmina glabra na face adaxial; e aristas quase Ocorre em todo o território brasileiro. mericarpos com aprox. 2 mm compr. Sua delimitação a Provavelmente.seja a espécie de Malvaceae com morfológica, já foi bastante discutida em relação mais ampla distribuição no mundo. Na RRP foi forma dos ramos e números de mericarpos, sendo encontrada em beira de trilha sob intensa comum observar identificações distintas em antrópica. herbários, como: S. acata ou S. carpinifolia. Estudos pressão Sida rhombifolia é caracterizada folhas recentes (Krapovickas 2003) indicam que 5. acuta pelas rômbicas com tricomas fasciculados esparsos na ocorre somente no norte e nordeste do Brasil, e que face adaxial, corola amarela sem mácula e os S. carpinifolia é um sinônimo de S. planicaulis. mericarpos bi-aristados. Estima-se Algumas das iconografias citadas acima que aproximadamente 30 nomes estejam envolvidos representam 5. acuta, S. carpinifolia ou 5. planicaulis. entre variedades e sinônimos dessa espécie. sendo reconhecidas após provavelmente Autores como Monteiro-Filho (1936), Rodrigo Krapovickas (2003) como S. planicaulis. (1944) e Waalkes (1966) reconhecem algumas variedades ou subespécies, e Sivarajan & Pradeep Sida rhombifolia L.. Sp. pi. 684.1753. (1994, 1996) as identificam como um de Iconografia: Schumann (1891). tab. 63; grupo espécies formam um complexo. Monteiro-Filho( 1936), tab. 3: Rodrigo (1944). fig. que 37-38.t.28: Waalkes (1966), fig. 21; Fryxell (1985). Sida santaremensis Mont., Monogr. Malvac. Bras. fig. 6; Sodré (1989). fig. 3; Chiea & Silva (1992). fig. Fase. 1.1936. 9-11; Sivarajan & Pradeep (1994). fig. 2: Fuertes 81 - Iconografia: Monteiro-Filho (1936), tab. 8; (1995). fig. 18; Sivarajan & Pradeep (1996). fig. Fryxell (1985), fig. 6; Fuertes (1995), fig. 21; Bovini 82,87; Bovini (2001a), fig. 5; Krapovickas (2003). (2001 a), fig. 6. fig. 113; Verdcout (2004). fig. L Subarbusto ereto 1-1,5 m alt. Ramos Subarbusto ereto 0.2-1 m alt. Ramos cilíndricos, tricomas fasciculados. cilíndricos, tricomas fasciculados. pubérulos, pubérulos, Estipulas 6-7 mm compr., lineares, caducas, Estipulas ca. 5 mm compr.. lineares, caducas. indumento e tricomas iguais aos dos ramos. Folhas indumento e tricomas iguais aos dos ramos. Folhas alterno-espiraladas, com pecíolos ca. 7 mm compr., alterno-cspiraladas, com peciolo ca. 5 mm compr.. indumento e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina indumento e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina foliar 2-7.5 x 1—4,2 cm, verde discolor, membranácea. foliar 1-7.5 x 0,5-3,5 cm, verde discolor.

Rodriguésia 61 (2): 289-301. 2010 298 Bovini. M.G. rômbica a ovada, às vezes lanceolada, base aguda em glomérulos axilares; antopódio imperceptível. a obtusa, ápice agudo, margem serreada; face Flores com pedicelo menor que 3 mm compr. adaxial puberula, tricomas fasciculados esparsos, (subsésseis), hirsuto; cálice costado, 8-9 mm face abaxial velutina, tricomas multiradiados. compr., lobado até a região mediana, acuminados. Inflorescências em glomérulos axilares ou flores sobrepostos, verde escuro nas margens, hirsuto solitárias; antopódio 2-3 mm compr., pubérulo. externamente, tricomas simples (ca. 3 mm compr.); Flores com pedicelo aprox. 5 mm compr., pubérulo; corola ca 1 cmcjjâni..amarek)-alaranjadas;estaniesmais cálice costado, 8-9 mm compr., lobado até a região de 20, filetes parcialmente concrescidos ca 1 mm compr.. mediana, acuminados, muitas vezes sobrepostos, formando um tubo pubérulo, porção livre dos estames pubérulo externamente, tricomas fasciculados; aprox. 2 mm compr.; ovário 5 locular, 1 óvulo por lóeulo; corola ca. 1,2 diâm., amarela; estames mais de 20. estilete ca 5 mm compr. Esquizocarpo ca. 3 mm diâm., 5 filetes parcialmente concrescidos ca. 1 mm compr.. mericarpos ca. 2 x 2 mm. múticos a submúticos, quase formando um tubo glabro, porção livre dos estames glabro no ápice, trígonos, faces laterais levemente lisas. aprox. 1 mm compr.; ovário 10-13 locular, 1 óvulo Semente única glabra. por lóeulo; estilete ca. 3 mm compr. Esquizocarpo Material examinado: trilha do Cambucá, 17.VIII.1996, ca. 7 mm diâm.; 10-13 mericarpos ca. 3 x 3 mm. fl. e fr., M.G. Bovini et al. 1019 (RB, RUSU). quase glabro no ápice, trígonos, 2-aristados, aristas Material adicional examinado: MINAS GERAIS: ca. 1 mm compr., faces laterais marginalmente Viçosa, campus da UFV, 13.V.1982. fl., F. Silveira s.n. 235997, VIC). reticuladas. Semente única, tricomas fasciculados (RB Sida urens ocorre em todo na região do hilo. o território brasileiro. Na RRP foi encontrada em baixas altitudes, em locais Material examinado: trilha do Cambucá, proximidades do Mirante, ca. 70 m, 26.V. 1998, fl. e fr., J.M.A. Braga et com forte incidência solar. Como característica marcante, R. Andreata 4850 (RB, RUSU); trilha do Cambucá, perto a espécie possui o hábito decumbente, flores subsésseis, do Mirante, 23.XI.1998, fl. e fr., M.G. Bovini et J.M.A. cálice com lobos acuminados e verde escuros nas Braga 1571 (RB, RUSU). margens e cinco mericarpos múticos a submúticos. Sida santaremensisocorre em quase todo o Brasil à exceção da Região Sul, que até o momento não se Sidastrum micranthum (A. St. -Hil.) Fryxell, tem registro. Na RRP foi vista somente no início da Brittonia 30:451. fig. 2.1978.Fig. 3 e-h trilha do Mirante, com forte incidência solar. Sida micrantlia SLHil., Fl. bras. Mer. 1:190*1827. A espécie pertence à seção Sidae por possuir Iconografia: Schumann (1891), tab. 59; 10-13 carpídios e folhas rômbicas à ovadas, embora Monteiro-Filho (1936), tab. 1; Bovini (2001a). fig. 7. apresente folhas com margem inteiramente crenada Subarbusto ereto até 1,0 m alt. Ramos até a base. O cálice de grandes dimensões, fortemente cilíndricos, hirsutos, tricomas fasciculados. Estipulas 5-costado e os mericarpos possuindo as mesmas ca. 5 mm compr.. filiformes, indumento e tricomas medidas comprimento x largura, também auxiliam iguais aos dos ramos. Folhas alterno-espiraladas. no reconhecimento da espécie. com pecíolos 2-4 cm compr.. indumento e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina foliar 2,5-9 x 2-7,5 cm, Sida urens L., Syst. Nat. Ed. 10.1145.1759. verde discolor. membranácea, ovada, base cordada, Iconografia: Schumann (1891), tab. 60; ápice agudo, margem crenada; face adaxial hirsuta, Monteiro-Filho (1936), tab. 1; Rodrigo (1944), fig. tricomas fasciculados, face abaxial velutina. 19,24, t. 27; Ugborogho (1980), fig. 4,4a; Fryxell tricomas fasciculados. Inflorescências em rácemos (1985), fig. 2; Fuertes (1995), fig. 3; Bovini (2001a), curtos, contraídos; antopódio ca. 1 mm compr.. hirsuto. fig. 5; Krapovickas (2006), fig. 2. Flores com pedicelo ca. 2 mm compr., hirsuto; cálice Subarbusto decumbente. Ramos cilíndricos, ca. 1 mm compr.. base arredondada, lobado até a hirsutos, tricomas simples longos (ca. 3 mm compr.) região mediana, hirsuto externamente, tricomas e fasciculados. Estipulas ca. 5 mm compr.. filiformes. fasciculados; corola ca. 5 mm diâm.. amarelo-clara; indumento e tricomas iguais aos dos ramos. Folhas estames 10-15. filetes parcialmente concrescidos altcrno-espiraladas, com pecíolos 3^4 cm compr.. ca. 1,5 mm compr., formando um tubo glabro, porção indumento e tricomas iguais aos dos ramos; lâmina livre dos estames ca. 1 mm compr.; ovário 5 locular. foliar 2-8,5 x 1 -4.6 cm. verde concolor, membranácea óvulo por lóeulo; estilete ca 2 mm compr. Esqui/xx-arpo ovada, base cordada, ápice agudo, margem crenada; ca. 4 mm diâm.; 5 mericarpos ca. 3 x 2 mm, múticos, face adaxial híspida, tricomas fasciculados, face tricomas fasciculados. trígonos. faces laterais levemente abaxial híspida, tricomas fasciculados. Inflorescências reticuladas. Semente única, praticamente glabra.

Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 299 Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras Material examinado: trilha para o Corisquinho, 200-300 Urena lobata possui distribuição m, l.XII.1996.fl.efr.,A/.G.5oiw/e/a/. 1115 (RB.RUSU). Neotropical. No Brasil ocorre em todo o território Material adicional examinado: RIO DE JANEIRO: nacional. Na RRP mostra-se presente em ambiente Sucre Niterói, restinga de Itaipu, 8.VIII.1971, fl. e fr., D. degradado e com forte incidência solar. 7630 (RB). Para Robyns (1965) e Waalkes (1966) o gênero Espécie com distribuição restrita ao neotrópico, é monotípico, sendo apenas representado por comumente em todas as regiões brasileiras. ocorrendo diversas subespécies e variedades. Já Sivarajan & Na RRP sua restringiu-se à beira da trilha população Pradeep (1996) e Fryxell (2007) aceitam mais espécies, o Corisquinho. para com base na forma das folhas. A lâmina ovada a Sidastrum micranthum é caracterizada pela obovada, o nectário bem desenvolvido na face abaxial lâmina foliar ovada, inflorescência em racemos da folha e o tubo estaminal com filetes quase totalmente contraídos, flores pequenas e corola amarelo-clara. concrescidos, caracterizam facilmente U. lobata. Dentre as características diagnosticas do gênero, destacam-se as flores com pequenas dimensões, o cálice com base arredondada e o reduzido número de Das 13 espécies de Malvaceae s. str. estames. A espécie em questão é, provavelmente, a encontradas na RRP, dez apresentam distribuição coromandelianaum, que apresenta as menores flores dentre as do gênero. pantropical (Malvastrum Pavonia sepium. Sida glaziovii, S. linifolia, S. Urena lobata L., Sp. pi. 692.1753. planicaulis, S. rhombifolia, S. santaremensis, S. Iconografia: Gurke (1892), tab. 84; Robyns urens, Sidastrum micranthum e Urena lobato), e três (1965). fig. 5; Fryxell (1988). fig. 111; (1992), fig. 15; são endêmicas da Região Sudeste do Brasil (Abutilon Chiea & Silva (1992), fig. 5-8; Sivarajan & Pradeep bedfordianum, A. peltatum e A. sellowianum). (1996), fig. 67; Bovini (2001 a), fig. 7. O gênero Sida foi o mais representativo, com Subarbusto ereto 0,5-1 m alt. Ramos cilíndricos, seis espécies, e pode ser considerado o mais ca. pubescentes, tricomas fasciculados. Estipulas importante, não somente pelo número de espécies, 3 mm compr., lanceolada indumento e tricomas iguais mais também pela abundância de indivíduos aos dos ramos. Folhas altemo-espiraladas, com pecíolos visualizados no campo. ca. 1-2,5 cm compr., indumento e tricomas iguais Abutilon foi o segundo gênero em riqueza de aos dos ramos; lâmina foliar l,5-10x 1-8 cm compr., espécies na RRP, embora o número de indivíduos ou verde discolor, membranácea a cartácea. inteira seja menos abundante do que todos os outros a cordada, 3-5 lobada, ovada a obovada, base obtusa gêneros ocorrentes na área. Destaca-se que ápice obtuso a agudo, margem crenada ou serreada; Abutilon bedfordianum é neste estudo ilustrado face abaxial face adaxial hirsuta tricomas fasciculados, pela primeira vez após o exemplar-tipo. tomentosa, tricomas fasciculados, um nectário bem Em relação ao número de espécies de à desenvolvido sobre a nervura principal próximo Malvaceae s. str. citadas em flórulas para o estado em racemos base. Inflorescências axilares, 2-3 flores do Rio de Janeiro (Bovini 1994, 2001b; Esteves flores solitárias; sem antopódio. reduzidos, às vezes 1997), evidencia-se uma riqueza considerável para aprox. 0,5-1 cm compr., Flores com pedicelo o grupo na RRP, provavelmente as condições 5 bractéolas, pubescente; epicálice ca. 5 mm compr., favoráveis como clima, relevo e solo, associadas à lobado até abaixo da região mediana, pubescente coleta sistemática das Malvaceae na área, cálice externamente, tricomas fasciculados; favoreceram os dados obtidos. corola ca. 1,5 cm ligeiramente menor que o epicálice; Os representantes de Malvaceae s. str. da diâm.. rósea com mácula rosa escuro na fauce; filetes RRP, predominam no estrato herbáceo, geralmente totalmente concrescidos ca. 1,2 cm compr., quase em ambientes com forte incidência solar e pressão formando um tubo porção livre dos estames glabro. antrópica, a exceção das espécies de Abutilon, que aprox. 1 mm compr.; ovário 5 locular, 1 óvulo por predominam no interior da mata. Abutilon peltatum, lóculo; estilete ca. 1.4 cm compr. Esquizocarpo ca. por apresentar distribuição restrita, e estar 8 mm diâm.; 5 mericarpos ca. 5 x 4 mm, trigonos, associado a poucos exemplares depositados em múticos. superfície com tricomas gloquideados, herbários, encontra-se segundo critérios da IUCN simples e fasciculados. Semente única, glabra. em Perigo (B2ab(iv)), demonstrando a Material examinado: trilha do Cambucá, 17. VIII. 1996, fl. e (2001) de floras locais e regionais a Ir. UG llovmictal. 1015 (RUSU); trilha para Pico do Consco, importância para 13VI.2000, fl. e fr. MG. Bovini dal. 1881 (RB. RUSU). taxonomia e conservação.

Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 300 Bovini. M.G. Agradecimentos Fryxell, P.A. 1985. Sidus Sidarum V. The North and Central American species of Sida. Sida 11: 62-91. À Msc. Ula Vidal a infra-estrutura oferecida Fryxell, P.A. 1988. Malvaceae of México. Systematic na RPP, Dra. Regina Andreata como coordenadora Botany Monographs 25: 1-522. do Projeto e convite para realização deste trabalho Fryxell, P.A. 1992. Malvaceae 118. In: Harling, G. & e a Mioco Foshina as ilustrações. Anderson, L. (eds.). Flora do Equador 44. Pp. 1 -141. Fryxell, P.A. 1999. Pavonia Cav. (Malvaceae). Flora Referências Neotropica. Monograph 76: 1 -284. Fryxell. P.A. 2007. Malvaceae. Agrofoto Aerofotografia S/A. 1999. Levantamento In: Greuter, W. & Rankin. R. (eds.). Flora de Ia República de Cuba 13:1 -230. planialtimétrico da RPPN-Reserva Rio das Pedras, Fuertes.F.J. 1995. Sida km 445,5 da BR-101 (Rio-Santos). Escala 1:10.000, (Malvaceae). Flora de Colômbia 17: 1-142. Município de Mangaratiba. estado do Rio de Janeiro. Gurk.-, M. 1892. Malvaceae Angiosperm Phylogeny Group. 1998. An ordinal II. In: Martius, C.F.P. & Eichler, A.G. (ed.). Flora brasiliensis. Typographia classification for the families of flowering plants. Regia, Monachii. Vol. 12. Pp. 457-596. Annals of the Missouri Botanical Garden 85: Hill. 531-553. S.R. 1982. A monograph ofthe genus Malvastrum A. Gray (Malvaceae: Malveae). Rhodora 84: 1-83, Bovini, M. G. 1994. Malvaceae. In: Lima, M.P.M. & 159-254,317-409. Guedes-Bruni, R.R. (org.). Reserva Ecológica de IUCN. 2001. IUCN Red List Macaé de Cima, Nova Friburgo - RJ: aspectos Categories, v.3.1 IUCN Species Survival Commission. fiorísticos das espécies vasculares. Vol. 1. Jardim Gland and Cambridge. 30p. Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp. W.S. 251-254. Judd, & Manchester. S.R. 1997. Circumscription of Malvaceae as determined Bovini, M.G. 2001 a. Malvaceae A. Juss. no Parque Estadual (Malvales) by a cladistic analysis of morphological, do Rio Doce, Minas Gerais. Rodriguésia 52:17-47. preliminary anatomical, palynological and chemical characters. A.F. & Dias, Bovini, M.G. 2001b. Malvaceae. In: Costa, Brittonia 49: 384-405. I.C.A. (org.). Flora do Parque Nacional da Restinga Judd, W.S.; Campbell, CS.; Kellog. E.A.; Stevens, P.F. de Jurubatiba e arredores. Rio de Janeiro, Brasil: & Donogue, M.J. 2002. Plant systematics. A listagem, florística e fitogeografia. Angiospermas, phylogenetic approach. 2" ed. Sinauer Associates, pteridófitas e algas continentais. Série Livros, 8. Sunderland. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Krapovickas, A. 1978. Malvaceae. In: Steyermark, J.A Janeiro. Pp. 89-91. & Huber, O. (eds.). Flora dei Ávila. Ministério dei Bovini, M.G.; Esteves, G.L. & Duarte, M.C. 2010. Ambiente y de los Recursos Renovables, Caracas, Malvaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil, Venezuela. Pags. 589-598. JBRJ. Disponível em . (Monteiro) Krapov. comb. nov.. stat. nov. Carvalho, L.F. & Bovini, M.G. 2006. Solanaceae na (Malvaceae-Malveae). Bonplandia 12: 83-121. Reserva Rio das Pedras. Mangaratiba, Rio de Krapovickas, A. 2006. Las espécies argentinas y de países Janeiro, Brasil. Rodriguésia 57: 75-98. vecinos de Sida secc. Nelavaga (Malvaceae, Cavanilles, A.J. 1787. Dissertatio botânico. 3. Madrid. Malveae). Bonplandia 15: 5-45. Chiea, S.C. & Silva, T.R.S. 1992. Malvaceae. In: Flora Monteiro-Filho. H.C. 1936. Monografia das Malváceas fanerogâmica da Ilha do Cardoso. Vol. 2. Pp. 4-9. brasileiras. O gênero Sida. Rio de Janeiro. Pp. 1 -56. Cronquist, A. 1988. The evolution and classification of Monteiro-Filho, H.C. 1955. Malvaceae brasilienses flowering plants. 2 ed. The New York Botanical novae vel criticae I. Boletim da Sociedade Portuguesa Garden, Bronx, New York. de Ciências Naturais, ser. 2, 5: 119-140. Esteves, G.L. 1997. Malvaceae. In: Marques, M.C.M.; Quinei. C.G.P. & Andreata, R.H.P. 2005. Estudo taxonô- Vaz, A.S.F. & Marquete. R. (org.). Flórula da Apa mico e morfológico das espécies de Apocynaceae Cairuçu, Parati, RJ: espécies vasculares. Série Adans. na Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba. Rio Estudos e Contribuições 14. Jardim Botânico do de Janeiro. Brasil. Pesquisas-Botânica 56: 13-102. Rio de Janeiro. Ministério do Meio Ambiente. Pp. Robyns, A. 1965. Malvaceae. In: Flora do Panamá. Annals 276-282. ofthe Missouri Botanical Garden 52: 497-598. Esteves, G.L. 2001. O gênero Pavonia Cav. (Malvaceae) Rodrigo, A.P. 1944. Las espécies argentinas y uruguaias na Região Sudeste do Brasil. Boletim do Instituto dei gênero Sida (Malvaceae). Revista Museo La de Botânica 15: 125-193. Plata, sér. 2,6:81-212. Fries, R.E. 1908. Studien über die amerikanische Schumann. K. 1891. Malvaceae I. In: Martius, C.F.P. & Columniferenflora. Kongliga Svenska Eichler, A.G. (ed.). Flora brasiliensis. Typographia Vetenskapsakademiens Handlingar42: 1-67. Regia. Monachii. Vol. 12. Pp. 253-456.

Rodriguésia 61(2): 289-301.2010 Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras 301

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Artigo recebido em 13/12/2008. Aceito para publicação em 26/10/2009.

Rodriguésia 61(2): 289-301. 2010 \\ w

Rodriguésia 6112): 303-318. 2010 http: / /rodriguesia.jbrj.gov.br Flora da Usina São José, Igarassu, I Pernambuco: Sapotaceae 'vV Flora ofthe Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Sapotaceae

Anderson Alves-Araújo12 & Marccus Alves1

Resumo Sapotaceae é constituída por 53 gêneros e cerca de 1.100 espécies distribuídas principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. Ocorre preferencialmente em florestas úmidas, geralmente abaixo de 1.000 m, e seu registrados principal centro de diversidade é a América tropical. No Brasil, são 14 gêneros e cerca de 200 espécies, destas, aproximadamente 70 são encontradas na Região Nordeste. Neste estudo é apresentada a flora de Sapotaceae da Usina São José, em Igarassu, Pernambuco. Foram reconhecidos sete gêneros e 16 espécies na área: Chnsophvllum marginatum, C. rufum, C. splendens, Diploon cuspidatum, Manilkara aff. dardanoi, M. salzmannii, Micropholis compta, Pouteria bangii, P. caimito, P. gardneri, P. glomerata, P. grandiflora, P reticulata. P. torta subsp. gallifructa, Pradosia lactescens e Sarcaulus brasiliensis. São apresentados chave de identificação, descrições, comentários e ilustrações, além de uma tabela comparativa entre as espécies. Palavras-chave: taxonomia, florística, Mata Atlântica, Neotrópicos, Brasil. Abstract Sapotaceae has 53 genera and about 1.100 species mainly found in tropical and subtropical regions. They occur especially in lowland moist forests, up to 1,000 m, and their main center of diversity is the Neotropics. In Brazil, 14 genera and about 200 species are registered, almost 70 of which can be found in the Northeast región. The flora of Sapotaceae from Usina São José, Igarassu, Pernambuco, is presented in this study. Seven Chrysophyllum marginatum, genera and 16 species were recognized in the área: C. rufum, C. splendens, Diploon cuspidatum, Manilkara aff. dardanoi, M. salzmannii, Micropholis compta, Pouteria bangii, P. reticulata, P. torta caimito, P. gardneri, P. glomerata, P. grandiflora, P. subsp. gallifructa, Pradosia lactescens and Sarcaulus brasiliensis. Identification key, descriptions, comments, illustrations, and a comparative table for species are provided. Key words: taxonomy, floristics, Atlantic rainforest, Neotropics, Brazil.

& Lorenzi 2005); aproximadamente 70 delas são Introdução encontradas na Região Nordeste (Pennington 2006a). 53 e cerca Sapotaceae é constituída por gêneros Os representantes da família são árvores ou de 1.100 espécies, distribuídas nas principalmente arbustos, monóicos ou dióicos, latescentes (látex alvo). e tropicais do mundo. Ocorre regiões subtropicais As folhas são altemo-dísticas ou altemo-espiraladas e florestas úmidas, preferencialmente em geralmente simples. As flores são unissexuadas ou bissexuadas, abaixo de 1.000 m, e seu principal centro de actinomorfas e gamopétalas, reunidas em fascículos é a América tropical (APG II 2003; diversidade axilares, caulifloros ou ramifloros. Os estames são Pennington 2004). Dentre seus principais gêneros, adnatos e opostos aos lobos da corola e o gineceu é destacam-se Pouteria Aubl. e Chrysophyllum L., sincárpico, com ovário supero (Pennington 2004). com aproximadamente 330 e 80 espécies, De grande relevância na indústria madeireira respectivamente, distribuídas em sua grande maioria pelas de sua madeira e látex (maçaranduba - nos Neotrópicos (Pennington 1990). No Brasil, são propriedades Manilkara spp. e Pouteria spp.; urucuba - Micropholis registrados 14 gêneros e cerca de 200 espécies (Souza

1235. Cidade Universitária, 50670-901, Recife, PE, Bras.l. 'Univcrsid.de Federal de Pernambuco. Depto. Botânica. Av. Prof. Moraes Rego ; Autor para correspondência: sapotaeiagmail.com 304 Alves-Araújo. A. & Alves. M. spp.), Sapotaceae é uma das famílias de angiospermas usuais em taxonomia vegetal (Mori et al. 1985) e os mais ameaçadas pelo avanço dos desmatamentos vouchers depositados no herbário UFP, com (IUCN 2008). No Brasil, no entanto, poucos são os duplicatas distribuídas para o IPA. RB e ULM. trabalhos envolvendo suas espécies. Geralmente, As identificações foram realizadas através de seus representantes surgem como parte integrante bibliografia especializada (Pennington 1990: de levantamentos amplos (Ribeiro etal. 1999), listas Carneiro & Assis 1996; Carneiro & Monteiro 1999; florísticas locais (Carneiro & Assis 1996; Carneiro & Pennington 2006b) e por comparação com amostras Monteiro 1999; Melo & Pennington 2001; Funch et previamente identificadas por especialistas, al. 2002; Alves-Araújo etal. 2008; Bruniera & Groppo- incluindo tipos. A tipologia dos frutos e do padrão Júnior 2008) ou, mais raramente, em trabalhos de de venação seguiu Barroso et al. (1999) e Hickey taxonomia (Monteiro et al. 2007; Pennington 2006b). (1973), respectivamente. Com relação à posição das O objetivo deste trabalho é inventariar e caracterizar flore ;, optou-se por adotar cauliflora e ramiflora com morfologicamente as espécies de Sapotaceae da significados diferentes; entenda-se por caulifloras Usina São José, Igarassu, Pernambuco, contribuindo (Fig. Ia), inflorescências dispostas no tronco; por para o melhor conhecimento das espécies da Mata ramifloras (Fig. 1 b), aquelas logo abaixo das folhas; Atlântica nordestina. e por axilares, aquelas na axila das folhas. Materiais e Métodos Resultados e Discussão A Usina São José (USJ) localiza-se na Zona O presente estudo relata a ocorrência de 16 da Mata Norte, a 28 km de Recife, no município de espécies (Tab. 1) e sete gêneros, sendo Pouteria Igarassu - Pernambuco (7°40'21,25"-7°55'50,92"S (7 espécies) e Chrysophyllum (3) os mais e 34°54'14,25"-35°05'21,08"W) (Trindade et al. representativos em número de espécies. As espécies 2008). Possui uma área total de 280 knre cerca de registradas para a USJ são amplamente distribuídas 100 fragmentos florestais, dos quais seis (entre 30 pelo Nordeste e outras Regiões do Brasil. Frente a e 400 ha) foram selecionados para este estudo. algumas áreas da região sul da Bahia, que são "hotspots" As coletas foram realizadas durante o período consideradas para a Mata Atlântica de 2007-2009, e concentraram-se em seis fragmentos (Amorim et al. 2005,2008), o local de estudo possui selecionados. Adicionalmente, foram incluídas uma elevada diversidade taxonômica. Segundo a informações obtidas a partir das coleções depositadas IUCN (2008), Chrysophyllum splendens Spreng. (Fig. nos herbários ALCB, ASE. BHCB, CEPEC, G, HRB, 1 c), Micropholis cotnpta Pierre e Pouteria grandiflora HST, HUEFS, IPA, JPB, M, P, PEUFR, RB, UFRN. (A.DC.) Baehni (Fig. 1 e) são consideradas ameaçadas, UFP e Z (siglas de acordo com Thiers 2009). As enquanto Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. amostras botânicas foram submetidas às técnicas (Fig. lf)é amplamente cultivada.

Chave de identificação para as Sapotaceae da Usina São José Folhas alterno-dísticas. 2. Ramos jovens glabros a glabrescentes. 3.Ramos com lenticelas; pedicelos 4-5 mm compr.; flores bissexuadas 4. Diploon cuspidatum 3\ Ramos sem lenticelas; pedicelos 1-2 cm compr; flores unissexuadas .... 16. Surcaulus brasiliensis 2'. Ramos jovens pubescentes, pulverulentos a tomentosos. 4.Folhas com venação craspedódroma (Fig. 2a)7. Micropholis compta 4'. Folhas com venação broquidódroma (Fig. 2b) ou eucamptódroma (Fig. 2c). 5. Folhas com venação broquidódroma. 6. Folhas glabras na maturidade, apresentando cicatrizes semelhantes a pontos dourados na face abaxial 13. Pouteria reticulata 6'. Folhas com a face abaxial pubescente a tomentosa, desprovida de cicatrizes semelhantes a pontos douradosChrysophyllum 1. Folhas com face abaxial pubescente e tricomas ferrugíneos geralmente concentrados nas nervuras; pedicelo < 2,5 mm compr.; estames adnatos ao ápice do tubo da corola 1. C. marginatum

Rodriguésia 61 (2): 303-318. 2010 Sapotaceae da Usina São José, PE 305

7". Folhas com face abaxial tomentosa e tricomas dourados amplamente distribuídos; pedicelo > 10 mm compr.; estames adnatos ao terço superior do tubo da corola3. C. splendens 5'. Folhas com venação eucamptódroma. 8. Arbustos; folhas com margem fortemente revoluta e face abaxial tomentosa; flores 6-meras... 2. Chrysophyllum rufum 8'. Árvores; folhas com margem plana e face abaxial glabrescente a pubescente; flores 4-meras . 8. Pouteria bangii Folhas alterno-espiraladas. 9. Folhas com venação broquidódroma Manilkara 10.Folhas com face abaxial glabrescente a glabra; sépalas 6-6,5 mm compr.; tubo da corola > 1 mm compr. (Fig. Id)5. M. aff. dardanoi 10'. Folhas com face abaxial glabra; sépalas 3,5-4,5 mm compr.; tubo da corola <1 mm compr. 6. M. salzmannii 9'. Folhas com venação eucamptódroma. 11.Folhas membranáceas; inflorescências caulifloras não-axilares; estames exsertos 15. Pradosia lactescens 11'. Folhas cartâceas a coriáceas (raramente membranáceas em Pouteria caimito); inflorescências axilares; estames inclusos Pouteria 12. Ramos jovens glabros a glabrescêntes. 13.Folhas atenuadas a agudas na base; lobos da corola 1-2 mm compr.; epicarpo glabro a pubescente9. P caimito 13'. Folhas obtusas a truncadas na base; lobos da corola 5-7,5 mm compr.; epicarpo densamente coberto por emergências pilosas 14. P. torta subsp. gallifructa 12'. Ramos jovens pubescentes, pulverulentos a tomentosos. 14.Ramos com lenticelas; folhas glaucas abaxialmente; cálice 5-mero .... 10. P. gardneri 14'. Ramos sem lenticelas; folhas não glaucas abaxialmente; cálice 4-mero. 15. Folhas com margem revoluta a fortemente revoluta, às vezes buladas; corola 6-8-mera 12. P. grandiflora 15'. Folhas com margem plana, nunca buladas; corola 4-mera. 16. Folhas obtusas a truncadas na base; inflorescências ramifloras; sépalas > 2 mm compr.: epicarpo glabro a densamente piloso na maturidade 14. P. torta subsp. gallifructa 16'. Folhas atenuadas a agudas na base; inflorescências axilares; sépalas < 2 mm compr.; epicarpo glabro na maturidade. 17. Folhas cartâceas: pecíolo até 1 cm compr.; pedicelo < 1 mm compr; flores verdes a creme; ovário 4-locular U. P. glomerata 17'. Folhas cartâceas a coriáceas; pecíolo 1,5-2,2 cm compr; pedicelo > 5 mm compr; flores alvo-rosadas; ovário 2-locuIar8. P. bangii

Chrysophyllum L., Sp.pl.: 192.1753. lanceoladas a oblongas, membranáceas, margem Árvores ou arbustos. Folhas alterno-dísticas; plana, base aguda a cuneada, ápice agudo a obtuso, discolores; venação bnxjuidódroma ou eucamptódroma: face abaxial pubescente, tricomas geralmente estipulas ausentes. Fascículos axilares. Flores concentrados nas nervuras, ferrugíneos; venação bissexuadas: estames epipétalos. inclusos; estaminódios broquidódroma, nervura principal não-canaliculada ausentes. Frutos bacóides campomanesoídios a na face adaxial. Pecíolo 0,5-1 cm compr., não- bacídios; epicarpo list). Sementes com testa lisa brilhante. canaliculado, pubescente. Fascículos 1-5-floros. Flores com pedicelo 1-2,5 mm compr., pubescente 1. Chrysophyllum marginatum (Hook. & Am.) a glabro. Cálice 5-mero; sépalas ca. 1 mm compr., Radlk.. Act. Congr. Bot. Anvers. 1885:170.1887. subtriangulares. ápice agudo a obtuso, face abaxial Fig. 2 b, d pulverulenta. Corola 5-mera; tubo 0,75-1,5 mm Arbustos 3-4 m alt. Ramos jovens pulverulentos, compr; lobos 0,75-1,5 mm compr, glabros, creme, tricomas ferrugíneos. Folhas 2-3.6 x 1,2-2,4 cm. ovados a elípticos, ápice obtuso. Estames 5, 2,7-

Rodriguésia 61 (2): 303-318. 2010 Tabela 1 - Caracteres morfológicos vegetativos e reprodutivos das espécies de Sapotaceae da Usina São José, Igarassu. Pernambuco. Table 1 - Vegetative and reproductive morphological characters ofthe Sapotaceae species from Usina São José. Igarassu, Pernambuco.

Espécies Caracteres Caule Folha Infloresc. ll.ibiioRamos \xn\. Disposição Nerv. Textura Bordo Posição

Chrysophyllum marginatum ArbX D B Me Plano Axilar Chrysophyllum rufum Mart. ArbX D E Co Re vol. Axilar Chrysophyllum splendens Spreng. Arb/ArvX D B Me/Ca Plano Axilar Diploon cuspidatum (Hoehne) Cronquist ArvO D B Ca Revol. Axilar Manilkara aff. dardanoi Ducke. ArvO E B Co Rcvol. Axilar Manilkara salzmannii(A. DC.) H.J. Lam. ArvO E B Co Revol. Axilar Micropholis compta Pierre ArvX D C Ca Plano Axilar Pouteria bangii (Rusby) T.D. Penn. ArvX D/E E Co/Ca Plano Axilar Pouteria caimito

"-" "+" Legenda: Arb = arbusto; Arv = árvore; O = glabros a glabrescêntes; X = pubescentes, pulvcrulentos a tomentosos; Lent.= lenticelas; = ausente; = presente; D = c altemo-dísticas; E = altcmo-cspiraladas; Nerv. = nervação; B = broquidódroma; C = craspcdódroma; E = eucamptódroma; Me = membranácea; Ca = cartácea; Co = J u coriacea; Rcvol. = revoluta a fortemente revoluta; Infloresc. = inflorescência. "-" "+" l-cgcnd: Arb ¦ shrub: Arv = tree: O = glabrous to glabresccnl; X = pubescent, pulvcrulcnt to tomentose; Lent.= lenticels; = absent; = present; D ¦ alternatc-distic; E = alternate- spirally; Nerv. = nervation: B broquidodromous; C = craspedodromous; E - eucamptodromous; Me ¦ membranaccous; Ca = chartaceous: = coriaceous: Rcvol. ¦ revolute to strongly o Co revohlte: Infloresc. = inflorescence. Sapotaceae da Usina Sào José. PE 307

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¦ES ¦£]- "M m^r BP^ vfl\ ¦»» b^b»¦¦¦1¦ma - Figura 1 - Sapotaceae na Usina de São José, Igarassu, Pernambuco a. Pradosia lactescens; b. Pouteria torta Manilkara aff. dardanoi; e. Pouteria f. Pouteria caimiío. subsp. gallifructa; c. Chiysophvllum splendens. d. grandiflora; 1047; Alves-Araújo (a Alves-Araújo 1273;b Alves-Araújo 1172; c Alves-Araújo 733; á Alves-Araújo t 1223; (Alves- Araújo 1203) - lactescens; Kigure 1 - Examples of Sapotaceae from Usina São José, Igarassu. Pernambuco a. Pradosia b. Pouteria torta subsp. aff. dardanoi; e. Pouteria f. foi/teria ca/mito. (a Alves-Araújo 1273; gallifructa; c. Chrysophyllum splendens; d. Manilkara grandiflora; b Alves-Araújo 1172; c ^/v«-/*ra«/0 7i* d Ah-es-Araújo 1047; eAlves-Araújo / 223; f Alves-Araújo 1203)

Rodriguésia 61(2): 303-318. 2010 308 Alves-Araújo. A. & Alves. M. 4,8 mm compr., adnatos no ápice do tubo da corola. Ocorre na Mata Atlântica, com distribuição glabros. Ovário 1-1,2 mm compr.. 5-locular. conhecida para os estados da Bahia. Ceará. Paraíba. globóide, pulverulento; estilete 0,3-0.6 mm compr.; Pernambuco e Rio de Janeiro. De acordo com o material estigma levemente 5-lobado. Frutos 0,5-1 cm compr., examinado, essa espécie foi encontrada em área de elipsóides a subglobóides, ápice agudo: epicarpo capoeira e borda de fragmento. Pennington (1990) a glabro na maturidade, vermelho a negro. Semente citou, duvidosamente, para o Cerrado. Porém essa 1,5,5-8,2 mm compr. informação permanece controversa devido à Material examinado: Mata do Pezinho, 10.V.2007, localização das coletas examinadas por ele. A.C.B. Lins e Silva et ai. 396 (IPA, UFP). Chrysophyilum rufum pode ser diferenciada das Material adicional: BRASIL. MINAS GERAIS: outras espécies do gênero encontradas na área de Cristália, - Botumirim, 14.11.2003, fl. e estrada Cristália estudo por apresentar flores com seis estames e folhas fr, F. França el ai. 4379 (HUEFS). com margem revoluta, tricomas marrons a ferrugíneos Possui ampla distribuição na América do Sul, com na sua face abaxial e venação eucamptódroma. registros para a Argentina. Bolívia. Brasil. Paraguai e Uruguai. Ocorre em diversos ambientes da Mata 3. Chrysophyilum splendens Spreng., Syst. veg. 1: Atlântica e pode ser encontrada formando ilhas de 666.1825.Fig.2f-h vegetação associada às matas de no Cerrado, galeria Arbustos a árvores 2-6 m alt. Ramos jovens apresentando alta plasticidade fenotípica (Pennington tomentosos. tricomas dourados. Folhas 10-19 x 4,5- 1990). Na USJ, a espécie foi encontrada em borda de 9 cm, lanceoladas a oblanceoladas, membranáceas a fragmento, sendo representada um único indivíduo, por cartáceas, margem plana base atenuada a obtusa ápice diferentemente do usual, já que comumente ocorre em obtuso a cuspidado. face abaxial tomentosa, tricomas populações de muitos indivíduos. Pode ser diferenciada dourados; venação broquidódroma, sem nervura das outras espécies do gênero principalmente pelo submarginal. nervura principal canaliculada na face comprimento dos pecíolos e pedicelos. adaxial. Pecíolo 0.6-2 cm compr.. canaliculado, seroso. Fascículos 1-6-floros. Flores com pedicelo 1-2 cm 2. Chrysophyilum rufum Mart., Flora 21 (Beibl. 2): compr., tomentoso. Cálice 5-mero; sépalas 2-2.4 mm 94.1838.Fig.2e compr., ovadas, ápice levemente agudo, face abaxial Arbustos 2-4 m alt. Ramos jovens tomentosos, pubescente. Corola 5-mera: tubo 1,5-2 mm compr.; tricomas ferrugíneos. Folhas 3-5,2 x 1,5-2.2 cm, lobos 1,5-2 mm compr.. pubescentes, verdes, ovados lanceoladas a oblongas, coriáceas a cartáceas. a oblongos, ápice obtuso. Estames 5,1 -2 mm compr.. margem fortemente revoluta, base obtusa, ápice adnatos ao terço superior do tubo da corola, estreitamente atenuado, face abaxial tomentosa, glabrescentes. Ovário ca. 1 cm compr., 5-locular. tricomas marrons a ferrugíneos; venação cônico, pubescente; estilete 1 -1.3 mm compr.; estigma eucamptódroma, nervura principal levemente capitado. Frutos bacídios, 4-5 cm compr.. elipsóides. canaliculada na face adaxial. Pecíolo 0,4-12 cm compr.. ápice agudo; epicarpo pulverulento. vermelho a negro. não-canaliculado. tomentoso. Fascículos 6-10-floros. Semente 1. ca. 2 cm compr. Flores com pedicelo 3-4 mm compr., tomentoso. Cálice Material examinado: Mata da Piedade, 7.XI.2001, fl. e 6-mero; sépalas 1-1.25 mm compr., ovadas a fr.,H.C.H. Silva 77(IPA, UFP); 19.XII.2007. Í\.,A. Alves- triangulares, ápice agudo, face abaxial tomentosa. Corola Araújo et ai. 733 (IPA, PEUFR. UFP). 6-mera; tubo 0,6-0.7 mm compr; lobos 1.4-1,6 mm E endêmica da Mata Atlântica, ocorrendo nos Estados da Paraíba. Pernambuco, Bahia e Espírito compr., pubescentes. verdes a amarelo-esverdcados. ovados a elípticos. ápice obtuso. Estames 6.12-1.8 mm Santo (Pennington 1990), geralmente na borda de fragmentos. E reconhecida no campo, compr.. adnatos ao ápice do tubo da corola. glabros. Ov ário principalmente, 1-1,1 mm compr., 6-locular, ovóide. tomentoso: por apresentar folhas abaxialmente douradas. Possui estilete ca. 1 mm compr.; estigma levemente 6-lobado. grande plasticidade foliar e no número de flores por alguns indivíduos apresentam Frutos bacídios, 1-1.3 cm compr.. obovóides, ápice fascículo: apenas 1 ou 2 flores/fascículo, enquanto outros exibem 3 a 6 obtuso: epicarpo glabro na maturidade, vermelho. Semente 1,0,9-1 cm compr. flores/fascículo. Material examinado: Mata da Piedade. 2.VIII.2001, S.G. Freire & H.C.H. Silva 11 (IPA. UFP). Diploon Cnxiquist, Buli. Torrey Bot Club 73:466.1946. Material adicional: BRASIL. BAHIA: Coração de Árvores até 30 m alt. Ramos jovens glabros, Maria. Estrada para Retiro. 22.IX. 1996, fl., F. França et com lenticelas. Folhas altemo-dísticas; discolores: ai. 1355 (HUEFS). venação bnxjuidódroma; esüpulas ausentes. Fascículos

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Figura 2 - a-c. tipos de venação foliar - a. craspedódroma, em Micropholis compta; b. broquidódroma em Chrysophyllum - da face abaxial marginatum; c. eucamptódroma. em Pradosia lactescens. d. C. marginatum ramo, com detalhe da base - flores; detalhe da flor; h. corola aberta, mostrando foliar, e. C nijuni - ramo com flores, f-h. C. splendens f. ramo com g. -j. ramo com flores; k. detalhe do botão floral; 1. detalhe estames. i. Diploon cuspidahmi - ramo. j-1. Manilkara aff. dardanoi Kimmel 295; b Lins e do lobo da corola dividido em três segmentos e estaminódios bífidos (seta), (a Silva 316; c Alves- Araújo 1273; d Lins e Silva 316; e Freire 11; f-h Alves-Araújo 733;iAlves-Araújo 1237;j-\Alves-Araújo 1047) in Clirysoplnllum marginahan. c. eucaniptodromous, Figure 2 - a-c leaf venation types - a. craspedodromous. in Micropholis cvmptir, b. broquidtxlnTOOus. leaf base. e. rufum - shoot with flowers. f-h. C. splendens- m PnuUia lactescens. d C marginatum - shoot with detail of the abaxial surface of C showing stamens. i. Diploon cuspidatum - shoot j-1. Manilkara aff. dardanoi - j. shoot with f. shoot with flowers; g. detail of flower. h. open corolla. Kimmel 295; b Lins e Sihxi 316; flowers k detail of bud; I. detail of corolla lobe divided in thrce segments and staminodes bifids (arrow). (a c Ahw- 1047) Armijo 1273; d Lins e Sihu 316; e Freire 11; f-h Ah

Rodriguesia 61 (2): 303-318. 2010 310 Alves-Araújo. A. & Alves, M. axilares. Flores bissexuadas; estames epipétalos, 5.Manilkara aff. dardanoi Ducke, An. Bras. Econ. inclusos; estaminódios ausentes. Frutos bacídios; Florest. 3:243.1950.Figs. 1 d, 2 j-1 epicarpo liso. Sementes com testa lisa, brilhante. Árvores 15-30 m alt. Ramos jovens glabrescentes, com escamas na maturidade. Folhas A.Diploon cuspidatum (Hoehne) Cronquist. Buli. 5-9 x 1,9-3,9 cm, elípticas a lanceoladas, coriáceas, Torrey Bot. Club 73:466.1946.Fig. 2 i margem revoluta, base atenuada a aguda, ápice Árvores 6-10 m alt. Folhas 7-11 x 2-4 cm, obtuso, por vezes emarginado, face abaxial elípticas a lanceoladas, cartáceas, margem revoluta. glabrescente a glabra, tricomas ferrugíneos a base atenuada, ápice acuminado a caudado, glabras; dourados; nervura principal canaliculada na face nervura submarginal presente, nervura principal adaxial. Peciolo 3-8 mm compr., canaliculado na face não-canaliculada na face adaxial. Peciolo 6-9 mm adaxial. glabro. Fascículos 4-9-floros. Flores com -1.7 compr., levemente canaliculado. glabro. Fascículos pedicelo 1 cm compr., pulv erulento. Cálice 6-mero: 4-10-fioros. Flores com pedicelo 4-5 mm compr.. sépalas 6-6,5 mm compr.. lanceoladas, ápice agudo, face glabro. Cálice 5-mero; sépalas 1-1,2 mm compr.. abaxial pulverulenta. Corola 6-mera; tubo 1.2-1.5 mm ovadas, ápice agudo a obtuso, face abaxial compr; lobos 4-4.3 mm compr., segmento mediano glabrescente. Corola 5-mera; tubo ca. 0,5 mm compr.; levemente naviculado, ápice obtuso, segmentos laterais lobos 1,8-2.5 mm compr.. glabros, alvos, obovados, lanceolados, glabros, alvos. Estames 6. 2.8-4 mm ápice agudo. Estames 5,1-1.5 mm compr., adnatos compr., glabros; 6 estaminódios, 1,5-2 mm compr.. ao ápice do tubo da corola, exsertos, glabros. Ovário bífidos. Ovário 0,2-0,25 cm compr., 8-locular, 1-1,2 mm compr., 5-locular, ovóide. glabro; estilete ovóide, glabro; estilete }>-4 mm compr.; estigma 0,5-1 mm compr.; estigma puntiforme a capitado. capitado, discretamente 8-lobado. Frutos bacídios, Frutos 2-2,2 cm compr., globóides, ápice obtuso; 2-2,3 cm compr., globóides, ápice obtuso; epicarpo vermelho. epicarpo glabro na maturidade, vermelho a negro. glabro, Semente 1,1,3-1,5 cm compr. Semente 1,1,3-1,5 cm compr. Material examinado: Mata da Usina São José, 5.IX.2001, Material examinado: Mata da Piedade, 6.V.2009, A. S.G. Freire & H.C.H. Silva (PEUFR 43139); Mata da Piedade, Alves-Araújo et al. 1237 (UFP); Mata dos Macacos, 18.XII.2008, fr., J.S. Gomes & M.A. Chagas 291 UFP); Mata de Zambana. 16.VII.20O7, A.C.B. Lins e Silva etal. 392 (IPA, UFP); (PEUFR. 3.IX.2008, fl., A. Alves- 22.X.2005, J.S. Silva-Filha & J.F. Silva-Jr. 53 (PEUFR): Araújo & T. Pontes 1047 (IPA, UFP). 27.VII.2005, D.A.S. Lima et al. 29 (PEUFR); 7.X.2005. No fragmento da Mata de Zambana, foi A.P.P. Oliveira et al. 86 (PEUFR); 20.VI.2003, fl.. I.M.M. encontrado um único indivíduo de grande porte Sá e Silva el al. 132 (PEUFR); Mata da Usina São José, (25-30 m alt.), numa borda recentemente criada para 25.HI.2004,fr../í.C//. Silva & J.S. Gomes381 (PEUFR). construção de um gasoduto. Pode ser diferenciada No campo Diploon cuspidatum pode ser de Manilkara salzmannii por apresentar a face confundida com Micropholis compta, da qual pode abaxial das folhas glabrescente a glabra e sépalas ser distinguida, dentre outros caracteres, pela relativamente maiores. Poderia representar uma venação broquidódroma (em vez de craspedódroma) variação extrema daquela espécie, porém a maioria e ausência de estaminódios (presentes em M. de suas características é mais congruente às de M. compta). Compartilha com Pradosia lactescens dardanoi (cf. Pennington 1990), da qual se estames exsertos. porém diferencia-se pelos distingue principalmente pelas inflorescências fascículos exclusivamente axilares. E a única espécie multifioras (em contraposição às flores solitárias do gênero e possui distribuição Amazônico- de M. dardanoi; Almeida-Júniorcomun. pess.). Atlântica, podendo ser encontrada na Bolívia. Brasil, Guiana, Peru e Venezuela (Pennington 1990.1991). 6.Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J. Lam.. Blumea4:356.1941.Fig. 3 a Manilkara Adans., Fam. pi. 2: 166,574. 1763. Árvores 5-9 m alt. Ramos jovens glabrescentes, Arvores ou raramente arbustos. Folhas alterno- com escamas na maturidade. Folhas 4-10 x 2-6 cm. espiraladas, discolores; venação broquidódroma. oblanceoladas, coriáceas, margem revoluta, base com nervura submarginal; estipulas ausentes. atenuada a aguda, ápice obtuso, emarginado. glabras; Fascículos axilares. Flores bissexuadas; sépalas nervura principal canaliculada na face adaxial. Peciolo distribuídas em dois verticilos; lobos da corola 0,5-2 cm compr., canaliculado na face adaxial, glabro. divididos na base em três segmentos; estames Fascículos 4-9-floros. Flores com pedicelo 1-1.3 cm epipétalos, inclusos, adnatos à base dos estaminódios. compr.. pul verulento. Cálice 6-mero; sépalas 4-5 mm Frutos bacóides campomanesoídios ou bacídios; compr., lanceoladas, ápice agudo, face abaxial epicarpo liso. Sementes com testa lisa, brilhante. pulverulenta. Corola 6-mero; tubo ca. 1 mm compr.;

Rodriguésia 61(2): 303-318. 2010 Sapotaceae da Usina São José. PE 311 lobos 2,5-3,5 mm compr.. segmento mediano Silva et al. 198 (PEUFR); V.2002, fr., H.C.H. Silva et al. 276 10.IV.2003, J.S. Gomes & P.D.R. levemente naviculado. glabros. alvos, ápice obtuso, (PEUFR); segmentos laterais lanceolados. Estames 6, 2,5-3,5 Alencar34 (PEUFR); 11 .VI.2003, K.D. Rocha & CCS. Oliveira 62 Mata da Piedade, 23.XII.2008, mm compr.. 6 estaminodios, 1.5-2 mm compr., (PEUFR); glabros; fr., T. Kimmel 295 (IPA, UFP). bífidos. cm compr.. 8-locular. ovóide, Ovário 0,2-0,25 Está distribuída na Mata Atlântica, sendo estilete 3^4 mm compr.; estigma capitado, glabro; encontrada em praticamente toda a costa brasileira. discretamente 8-lobado. Frutos bacídios, 2-2,5 cm Dentre as Sapotaceae, pode ser facilmente reconhecida compr., ápice obtuso; epicarpo glabro, globóides, no sub-bosque da USJ por apresentar a venação foliar negro. Semente l.ca. 1 cm compr. do tipo craspedódroma e flores pentâmeras bissexuadas. Material examinado: Mata da Usina São José, H.C.H. Silva 196 VI.2002. fl.. H.C.H. Silva & K.D. (PEUFR); Pouteria Aubl., Hist. Guiane 1:85. 1775. Rocha 273 25.111.2004, fl. e fr., H.C.H Silva pi. (PEUFR); Árvores ou arbustos, raramente & J.S. Gomes 380 (PEUFR); Mata da Piedade, geoxílicos. 10.III.2009,A.C.«. Uns e Silva etal. 429(VFP, PEUFR). Folhas alterno-dísticas ou alterno-espiraladas; Está distribuída na Mata Atlântica, sendo venação eucamptódroma ou broquidódroma, com nervura submarginal; estipulas ausentes. encontrada cm praticamente toda a costa brasileira. geralmente Fascículos caulifloros ou axilares. Flores bissexuadas; Na USJ, ocorre em áreas porém com perturbadas, inclusos; solo distintamente arenoso. Apresenta folhas estames epipétalos, estaminodios inteiros. Frutos bacóides bacáceos a bacídios; epicarpo liso glabras e frutos com epicarpo negro na maturidade, Sementes com testa lisa a discretamente características estas a diferenciam de ou rugoso. que brilhante. Manilkara aff. dardanoi. rugosa, 8. Pouteria bangii (Rusby) T.D. Penn., Fl. Neotrop. Micropholis (Griseb.) Pierre, Not. bot. 2:37. 1891. Árvores ou arbustos. Folhas alterno-dísticas; 52:288.1990.Fig. 3 c Árvores 8-15 m alt. Ramos venação craspedódroma ou broquidódroma, com jovens pubescentes, ferrugíneos a dourados. Folhas 6,8-21,1 nervura submarginal; estipulas ausentes. Fascículos tricomas x 2,7-7,8 cm, elípticas a lanceoladas, alterno-dísticas a caulifloros ou axilares. Flores unissexuadas ou alterno-espiraladas, discolores, cartáceas a coriáceas, bissexuadas; estames epipétalos, inclusos ou exsertos; margem base aguda ápice atenuado a acuminado, estaminodios inteiros. Frutos bacáceos; epicarpo plana face abaxial a venação liso a rugoso. Sementes com testa lisa, brilhante. glabrescente pubescente; eucamptódroma nervura principal proeminente na face adaxial. Peciolo 1,5-2,2 cm compr., não-canaliculado, 7. Micropholis compta Pierre, Symb. antill. 5: 125. Fascículos 6-14-floros, axilares. Flores 1904.Fig. 3 b pubescente. com 0,5-1 cm compr., Cálice Árvores 8-12 m alt. Ramos pedicelo pulverulento. jovens pubescentes, 4-mero; sépalas 1,5-2 mm compr., ovadas, ápice tricomas ferrugíneos. Folhas 8-16,3 x 3,2-5,3 cm, obtuso, face abaxial pulverulenta. Corola 4-mera; oblongas. discolores, cartáceas, margem base plana, tubo 0,75-1,5 mm compr.; lobos 0,75-1,5 mm compr., aguda, ápice atenuado, a glabras glabrescentes; alvo-rosados, ápice levemente agudo a venação craspedódroma nervura canaliculada glabros, principal obtuso. Estames 4,1,5-2,5 mm compr., adnatos na Peciolo0,7-12 cm compr.. canaliculado na face adaxial. base do tubo da corola, 4 estaminodios, Fascículos 4- glabros; na face adaxial. glabro a pubescente. 0,5-1 mm compr., lanceoladas a triangulares. Ovário 3^t 9-floros, axilares. Flores bissexuadas; pedicelo ca. 1 mm compr., 2-locular, ovóide, estilete 1- sépalas 3- piloso; mm compr.. pubescente. Cálice 5-mero; 1,5 mm compr.; estigma a capitado. Frutos face abaxial puntiforme mm compr.. ovadas, ápice obtuso, bacáceos, 3-5 cm compr., elipsóides, ápice agudo; Corola 5-mera; tubo ca 4 mm compr.; pulverulenta. epicarpo liso, glabro na maturidade, laranja-amarelado. alvos, ovados, ápice lobos ca. 1,5 mm compr.. glabros, Semente 1, discretamente rugosa, 2-4 cm compr. inclusos, obtuso. Estames 5.1-2 mm compr.. glabros; Material examinado: Mata da Piedade, 2.X.2007, fr., A.LA. Ovário estaminodios. ca. 1 mm compr.. lanceolados. Uma 673 (UFP, PEUFR); 24.IV.2007, fl., A Alves-Araújo et 1.5-2 mm compr., 5-locular. ovóide. pubescente: estilete al. 220 (IPA, UFP); 10.IX.2008, A. Alves-Araújo et al. 1071 1-2 mm compr.; estigma 5-lobado. Frutos 1-1,5 cm (IPA, UFP); 26.XU.2008, fl., A. Alves-Araújo & B.S. Amorim compr.. obovóides a elipsóides, ápice agudo; epicarpo 1087 (IPA, UFP); 23.XII.2008. fl.. T. Kimmel 296 (IPA, glabro na maturidade, amarelo. Sementes não vistas. UFP); 25.XI.2008, fr., T. Kimmel 297 (IPA, UFP); Mata Material examinado: Mata da Usina São José, H. C.H. dos Macacos, 4.X.2007, fr., A. Alves-Araújo et al. 607(IPA, Silva et al. 130 (PEUFR); H.C.H. Silva et al. 168 UFP); 21.XI.2008, fl., A. Alves-Araújo et al. 1081 (IPA, (PEUFR): H.C.H. Silva etal. /97(PEUFR); fl.. H.C.H. UFP); 26.XII.2008, fl., A. Alves-Araújo & B.S. Amorim 1089

Rodriguésia 61 (2): 303-318. 2010 312 Alves-Araújo. A. & Alues. M.

(IPA.UFP);13.VI.2007,A.C.fl.Zj'me5/7vaeía/.i9^(IPA. apresentar base foliar atenuada a aguda e corola menor PEUFR, UFP); 21.U.2007, fl., T. Kimmel 306 (IPA. UFP); que 1 cm compr. Na USJ, pode ser reconhecida pelas 16.IX.2008. fr.. T. Kimmel 307 (IPA, UFP). flores tetrâmeras, com cálice em um único verticilo. Está amplamente distribuída na América do Sul, distinguindo-se de P. glomerata pela corola mais com registros para a Bolívia Equador, Suriname, além curta (1.5-3 mm compr.). Foi encontrada em áreas Distingue-se da Amazônia e Mata Atlântica brasileira. perturbadas e pode se tratar de escape de cultivo. das demais espécies por apresentar ovário bilocular e pelos frutos, que quando imaturos apresentam ápice 10. Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni. fortemente agudo. Compartilha muitas características Candollea 9:233.1942.Fig. 3 g-k com Pouteria coelomatica Rizzini. morfológicas Árvores 12-20 m alt. Ramos jovens pubescentes, tetrâmeras. porém pode ser diferenciada pelas flores tricomas ferrugíneos, lenticelas presentes. Folhas Pennington (1990) a relacionou com P. coriacea 4.8-8,4 x 1,8-3,9 cm. elípticas. altemo-espiraladas. Pierre, uma espécie exclusivamente (Pierre) discolores, cartáceas a coriáceas, margem plana, amazônica. Na USJ, P. bangii pode ser encontrada base atenuada, ápice agudo a atenuado, face abaxial tanto nas bordas no interior dos fragmentos. quanto glauca; venaçâo eucamptódroma, nervura principal levemente proeminente na face adaxial. Pecíolo 0.5- 9. Pouteria caimito & Pav.) Radlk.. (Ruiz 1 cm compr. não-canaliculado, pubescente. Fascículos Sitzungsber. Math.-Phys. Cl. Kónigl. Bayer. Akad. 1 -3-floros. axilares. Flores bissexuadas ou unissexuadas Wiss. 3 d-f Munchen 12(3): 333.1882.Fig. (pistiladas). pedicelo 0.6-2 cm compr., pulverulento. Árvores 6-8 m alt. Ramos jovens glabros a Cálice 5-mero; sépalas 2-3 mm compr.. ovadas, ápice Folhas x 2-3,8 cm. lanceoladas glabrescentes. 5-9,7 obtuso, face abaxial pulverulenta. Corola 5-mera; tubo a elípticas, alterno-espiraladas, concolores, 1-1J5 mm compr.: lobos 2-2.5 mm compr.. glabros. ;du v membranáceas a cartáceas. margem plana, base esverdeados. ápice obtuso. Estames 5,2-2.5 mm compr.. atenuado a agudo, face atenuada a aguda, ápice adnatos ao ápice do tubo da corola, glabros; abaxial glabra; venaçâo eucamptódroma. Pecíolo 0,5- estaminódios 5 (flores bissexuadas) ou 10 (flores 1,5 cm compr.. não-canaliculado, glabro. Fascículos pistiladas), 1,5-2 mm compr., ápice lanceolado. Ovário -3-floros. com 1 axilares ou ramifloros. Flores pedicelo 1.5-2 mm compr.. 2- ou 3-locular, piriforme, pubescente; -2 4-mero; sépalas 3-5 1 mm compr.. glabro. Cálice estilete 1.5 mm compr.; estigma puntiforme a ovadas ápice obtuso, face mm compr., a elípticas, capitado. Frutos bacídios. 1-2 cm compr.. globóides tubo 3-5 mm abaxial glabrescente. Corola 4-mera; a elipsóides, ápice agudo; epicarpo liso, pubescente compr.; lobos 1-2 mm compr., ciliados, alvo- a glabro, amarelo. Semente 1, lisa, 1-1,5 cm compr. esverdeados, ápice obtuso a truncado. Estames 4, Material examinado: Mata da Piedade. 21.XI.20O8, fr.. 2,5^,5 mm compr., adnatos à metade do tubo da A. Alves-Araújo et ai. 1073 (IPA. UFP); 26.XII.2008, fl.. corola, glabros; 4 estaminódios, 1-1,5 mm compr., A. Alves-Araújo & B. S. Amorim 1024 (IPA, UFP); Mata lanceolados. Ovário 2-2,5 mm compr., 4-locular. da Chave, 15.XII.2008, T.N.F. Guerra et ai. 200 (IPA. Mata do Pezinho, 8.V.2007. ovóide. piloso; estilete 4—8 mm compr.; estigma 4- UFP); A.C.B. Uns e Silva et ai. 426 (UFP, PEUFR); 23. V.2007, fr., A. Alves-Araújo et lobado. Frutos bacáceos, 3-5 cm compr., globóides UFP): 7.VII.2008, a elipsóides, ápice obtuso a agudo; epicarpo liso, ai. 299(IPA. T.L Costa45 (IPA, UFP); 5.VIII.2008. fr., U. Knõrrá T. Kimmel47(\PA. PEUFR, ou na maturidade, amarelo. glabro pulverulento UFP); Mau dos Macacos. 16.VI.2007.AC.B. LinseSilva Sementes 1-4, lisas, 2-3 cm compr. etal. 393 (IPA, UFP). Materialexaminado: Matados Macacos. 12.XII.2002, Material adicional: BRASIL. PARAÍBA: João Pessoa, LMM. Sá e Silva et ai. 148 (PEUFR, UFP); 16.1.2003. UFPB-Campus 1.22.IV.2007. fl.. FB. Queiroz06(JPB). l.M.M. Sá e Silva et ai. 150 (PEUFR, UFP). Possui ampla distribuição na America do Sul. com Material adicional: BRASIL. BAHIA: Uruçuca. Parque Mata Atlântica Amazônia Estadual Serra do Conduru. 27.III.2009. fr., A. Alves-Araújo registros para e matas ciliares 1203 (UFP). MINAS GERAIS: Belo Horizonte. Campus do Cerrado. Localmente, pode ser encontrada tanto da UFMG. 5.XII.2008. fl. A. Alves-Araújo 1124 (UFP). nas bordas quanto no interior dos fragmentos, onde Está amplamente distribuída nos Neotrópicos, se nota a formação de um intenso banco de plàntulas possuindo grande importância econômica devido próximo à planta-mãe. Dentre as espécies estudadas, aos frutos comestíveis e sendo cultivada em várias é a única que apresenta face foliar abaxial glauca. regiões da América do Sul. Com base nas amostras lenticelas nos ramos jovens c pedicelo alongado. examinadas, constitui um táxon com ampla variação Apesar de também apresentar flores unissexuadas. morfológica. sendo freqüentemente confundida pode ser diferenciada de Micropholis compta pela com P. torta subsp. gallifructa. da qual difere por venaçâo eucamptódroma. Segundo Pennington (1990).

Rodriguésia 61 (21: 303-318. 2010 313 Sapotaceae da Usina São José. PE

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b. Micropholis compta - ramo com fruto. c. Pouteria Figura 3 - a Manilkara salzmannii - ápice foliar emarginado. - mostrando os estames e os estaminódios; f. bangii - ramo com flores, d-f. P. caimito d. flor; e. corola aberta, gineceu. mostrando estaminódios na flor pistilada; i. corola abeta, mostrando estames g-k P gardneri - g flor- h. corola aberta, transversal. 1. P. - ramo. (a Silva 196; e estaminódios de flor bissexuada; j. gineceu; k. ovário, secção glomerata Alves-Araújo 1073; i-k 06; 1 Alves-Araújo 472). b Kimmel 795- c Kimmel 297; d-f Alves-Araújo 1124; g-h Queiroz compta - shoot with fiuit. c. Pouteria bangii - shoot with flowers. Figure 1 a Manilkara nlzmannii - emarginate apex of leaf. b. Micropholis SIaminodes: E P. - flower. h. open corolla. showing d-f P. caimito - d flower. c open ««lia. ^"^ slamcns *"* gyn«*nm g-k. gardneri g. and staminodes of bisexuate flower; k. ovary. cross staminodes of female llower i open corolla, showing stamens j. gynoecium; - b Kimmel 295; c Kimmel 297; d-f Alves-Araújo 1124; g-h Alves-Araújo 1073; i-k Queiroz MCtion. 1. P glomerata shoot. (a Silva 196: 06; 1 Alves-Araújo 472).

Rodriguésia 61 (2): 303-318. 2010 314 Alves-Araújo. A. & Alves. M.

Pouteria gardneri distingue-se de P. peduncularis eucamptódroma, nervura principal fortemente (Mart. & Eich.) Baehni por apresentar folhas, proeminente na face adaxial. Peciolo 1-3 cm compr.. pedicelos, cálice e corola menores. Contudo, após não-canaliculado, glabro. Fascículos 2-6-floros, axilares. examinar diversas amostras, não foram detectadas Flores com pedicelo 0,6-1,6 cm compr., pulverulento. características morfológicas consistentes para Cálice 4-mero; sépalas 0,6-1.3 cm compr., ovadas, ápice distingui-las neste estudo. obtuso, distribuídas em dois verticilos, as externas com face abaxial pulverulenta as internas com faixa central 11.Pouteria glomerata (Miq.) Radlk., Sitzungsber. pilosa e margem glabra. Corola 6-8-mera: tubo 0,7-1,3 Math.-Phys. Cl. Kónigl. Bayer. Akad. Wiss. cm compr.; lobos 3-5 mm compr., glabros, alvo- München 12(3): 333.1882.Fig. 31 esverdeados, ápice obtuso. Estames 6-8, 3-4 mm Árvores 10-12 m alt. Ramos jovens pubescentes, compr., adnatos ao ápice do tubo da comia, glabros; tricomas ferrugíneos a dourados. Folhas 7-13 x 3-6 estaminódios 6-8,3-4 mm compr., lanceolados. Ovário cm, oblanceoladas, altemo-espiraladas, concolores, ca. 5 mm compr., 6-8-locular, ovóide, piloso; estilete cartáceas, margem plana base atenuada a aguda ápice 0,6-1 cm compr.; estigma 6-8-lobado. Frutos bacáceos. atenuado a obtuso, face abaxial sericea; venação 3-5 cm compr., globóides a obovóides, ápice obtuso; eucamptódroma nervura principal proeminente na face epicarpo liso, pubescente a glabro na maturidade, adaxial. Peciolo 0,4-1 cm compr., não-canaliculado. amarelo. Sementes 1-6. lisas, 1,5-2,2 cm compr. pubescente. Fascículos 2-8-floros, axilares. Flores com Material examinado: Engenho Campinas. 17.XI.2008, fl., pedicelo 0,5-1 mm compr.. pul verulento. Cálice 4-mero; LM. Nascimento 746 & G. Batista (IPA, UFP); Mata da sépalas 1,5-2 mm compr., ovadas, ápice obtuso, face Piedade, 21 .XJ.2008, fr., A. Alves-Araújo et al. 1074 (IPA, abaxial pulverulenta. Corola 4-mera; tubo0,75-l ,5 mm UFP); 2.X.2007, fr., AC.fi. Uns e Silva 445 & V.M. Costa compr.; lobos 0,75-1,5 mm compr.. creme- (UFP); Mata do Pezinho, 17.1.2008, fr., LM. Nascimento & glabros. Batista esverdeados, ápice levemente agudo a obtuso. Estames G. 653 (IPA, UFP); 9.V.2007, fl. e fr., A. Alves- Araújo et al. 234 (IPA, UFP); 17.IX.2007, fl. e fr., A. Alves- 4,1,5-2,5 mm compr., adnatos à base do tubo da corola Araújo etal. 300 (TPA. UFP); 11.1.2008, fr.. A. Alves-Araújo glabros; estaminódios 4,0,5-1 mm compr., lanceolados etal. 831 (IPA, UFP); Mala dos Macacos, 16.VI1I.2007, fr.. a triangulares. Ovário ca. 0.5 mm compr.. 4-locular, A. Alves-Araújo et ai. 539 (IPA, UFP); 15.VIII.2007, fr., A. globóide a ovóide, piloso; estilete 1-2,5 mm compr.; Alves-Araújo et al. 525 (IPA. UFP); 26.XU.20O8, A. Alves- estigma capitado, levemente 4-lobado. Frutos bacáceos, Araújo 1090 & B. S. Amorim (IPA, UFP); 29.11.2007. fl., T. 3-6 cm compr., elipsóides, ápice agudo; epicarpo liso, Kinunel 305 (IPA, UFP); Mata da BR. 21.XI.2008, fr., A glabro na maturidade, amarelo. Sementes 1 -A, lisas, 2- Alves-Araújo et al. 1075 (IPA, UFP); Mata da Zambana 4 cm compr. 15.11.2007, A.C.B. Uns e Silva et al. 397 (IPA, UFP); Material examinado: Mata da Zambana. 28.VII.2007, 19.VII.2008, fl., AC.fl. Uns e Silva et al. 357 (IPA, UFP). E endêmica da fr., A. Alves-Araújo et al. 472 (IPA, UFP). Mata Atlântica brasileira sendo Material adicional: BRASIL. PERNAMBUCO: São registrada desde o Rio Grande do Norte até Santa Lourenço da Mata, Estação Ecológica de Tapacurá, Catarina. Facilmente encontrada nas bordas dos 17.111.2001, fr., T.M.C. Silva & K. Almeida 45 (PEUFR); fragmentos da USJ, constitui um táxon com ampla São Vicente Férrer, Mata do Estado, 9.V.2000, fl., E.M.N. plasticidade fenotípica, podendo apresentar folhas Ferraz et al. 916 (PEUFR). planas ou buladas, margem revoluta a fortemente Está amplamente distribuída na América Latina revoluta e frutos prévia ou tardiamente glabrescentes. desde o México até o Paraguai. Pode ser encontrada Tais caracteres podem, no entanto, ocorrer em nas florestas amazônica e atlântica, além de ter sido indivíduos de populações diferentes ou mesmo denta) registrada em matas de galeria no Cerrado (Pennington de uma mesma população. A variabilidade morfológica 1990). Destaca-se por apresentar flores subsésseis, observada em Pouteria grandiflora evidenciou uma pétalas creme-esverdeadas e ovário 4-locular, sobreposição marcante com P. venosa (Mart.) Baehni. ocorrendo no interior dos fragmentos. inviabilizando a distinção entre as duas espécies neste estudo. Pode serdistinguida dentre as demais espécies 12.Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni. da área com flores 4-meras por apresentar cálice Candollea 9:391.1942.Fig. 4 a-f com dois verticilos (2+2) e 6-8 lobos na corola. Arvores 6-15 m alt. Ramos jovens pubescentes, tricomas ferrugíneos. Folhas 7-16,7 x 3.1-6.8 cm. 13. Pouteria reticulata (Engl.) Eyma. Recueil Trav. oblanceoladas a oblongas, alterno-espiraladas, Bot. Néerl. 33:183.1936.Fig. 4 g discolores, cartáceas a geralmente coriáceas e, por vezes Árvores 7-10 m alt. Ramos jovens pubescentes, buladas, margem revoluta a fortemente revoluta, base tricomas ferrugíneos. Folhas 6-11,4 x 3,8-5,2 cm, atenuada ápice atenuado a obtuso, glabras; venação oblanceoladas a lanceoladas, alterno-dísticas.

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- aberta, Figura 4 - a-f. Pouteria grandiflora a. ramo com fruto; b. flor; c. gineceu; d. corola mostrando os estames e estaminódios; e. ovário, secção transversal, f. semente, vistas lateral e frontal, g. Pouteria reticulata- fruto, aberta, mostrando os estames e estaminódios. h-k. P. torta subsp. gallifructa - h. ramo; i. flor; j. gineceu; k. corola - ramo. Alves-Araújo 1. Pradosia lactescens - porção do caule com frutos, m. Sarcaulus brasiliensis (a-f 1075; 1273). g Freire 19; h-k Alves-Araújo 1172; 1 Alves-Araújo - flower; c. d. open corolla, showing stamens and staminodes; Figure 4 - a-f. Pouteria grandiflora a. fruiting branch; b. gynoecium: - h-k. P torta subsp. - h. branch; i. e. ovary. cross section; f. seed. front and lateral view. g. P. reticulata fruit. gallifructa flower; stamens and staminodes. 1. Pradosia lactescens - portion of stem with fruits. m. Sarcaulus i gynoecium k open corolla. showing 1273). brasiliensis -branch. (a-f Alves-Araújo 1075: g Freire 19; h-k Alves-Araújo 1172;] Alves-Araújo

Rodriguésia 6112): 303-318. 2010 316 Alves-Araújo, A. & Alves, M. discolores. cartáceas a coriáceas, margem plana, base lobos 5-7.5 mm compr., ciliados, alvo-esverdeados. atenuada a aguda, ápice atenuado a agudo, face abaxial ovadas, ápice obtuso a truncado. Estames 4, 1-2 mm pulverulenta a tomentosa nas folhas jovens, mas compr., adnatos à metade do tubo da corola glabros; 4 glabrescente, deixando cicatrizes douradas semelhantes estaminódios. 1-3 mm compr., lanceolados. Ovário 2- a pequenos pontos provenientes da queda dos tricomas 2.5 mm compr., 4-locular, ovoide, piloso; estilete 1 -1.5 cm caducos; venação broquidódroma. Pecíolo 0,8-2,4 cm compr.; estigma 4-lobado. Frutos bacáceos, 3-5 cm compr., canaliculado. glabro na maturidade. Fascículos compr., globóides. ápice obtuso; epicarpo liso ou 4-8-floros, axilares. Flores com pedicelo 3-4 mm compr., rugoso. densamente coberto por emergências pilosas. -4. glabro. Cálice 5-mero; sépalas 1-2 mm compr., ovadas amarelo a marrom. Sementes 1 lisas, 2-3 cm compr. a elípticas, ápice obtuso, face abaxial glabra. Corola 5- Material examinado: Mata da Piedade, 2.V.2008, fl.. mera; tubo 0,5-0,75 mm compr.; lobos 0,5-0.75 mm T. Kimmel 294 (IPA. UFP); 2.III.2009, fl., A. Alves- compr., alvo-esverdeados, hirsutos, ovados, ápice Araújo & A. Melo 1172 (UFP); Mata dos Macacos. 1 l.V 1.2007, J.S. Gomesetal. J/7(IPA. UFP); 13.VI.2007, obtuso. Estames 5,0,5-1 mm compr., adnatos ao ápice A.C.B. Lins e Silva et al. 399 (IPA, UFP). do tubo da corola. glabros. lanceolados; 5 estaminódios, Material adicional: BRASIL. BAHIA: Una, Reserva 0.5-1 mm compr.. glabros, lanceolados. Ovário 0,8-1 Biológica Mico-Lcão, 9.XI. 1993, ir., A. M. Amorim cl al. mm compr., 1 -locular, ovoide. pul vcrulento; estilete 0,8- 1413 (CEPEC, G); Santa Cruz Cabrália, Estação Ecológica 1 mm compr.; estigma puntiforme a capitado. Frutos Pau-Brasil, 13.VII.1985, fr., F.S. Santos 487 (BHCB. bacáceos, 3-4 cm compr., obovóides, ápice obtuso; CEPEC). PERNAMBUCO: Recife. Parque Estadual de epicarpo discretamente rugoso, glabro na maturidade, Dois Irmãos, 22.V.2008, A. Alves-Araújo & A. Melo 997 amarelo a marrom. Semente l.lisa, 1-1,5 cm compr. (UFP); 15.1.2009, A. Alves-Araújo & S. Martins 1125 Material examinado: Mata da Piedade, 27.IX.2001, fl. (UFP). SERGIPE: Areia Branca, Parque Nacional Serra e fr., S.G. Freire & H.C.H. Silva 19 (PEUFR, UFP). de Itabaiana. 5.1.2009, A Alves-Araújo et al. /097(UFP). Está amplamente distribuída nos Neotrópicos, Pouteria torta é amplamente distribuída nos Neotrópicos, ser encontrada desde o México podendo ser encontrada desde o México até a Região podendo até o sul do Paraguai. Pouteria torta subsp. Sudeste do Brasil. Possui grande plasticidade gallifructa ser diferenciada das outras subespécies fenotípica devido, principalmente, à sua ampla pode pelas distribuição e ocorrência em diferentes habitats (Mata folhas glabras e frutos verrugosos cobertos por emergências Na USJ, suas Atlântica, Floresta Equatorial e matas de galeria no pilosas. populações são Cerrado). Pouteria reticulata foi registrada localmente formadas por grandes indivíduos (20-30 m alt.) e há formação de um banco de no interior de fragmento de Mata Atlântica e pode ser grande plântulas próximo à Possui diferenciada das demais espécies principalmente por planta-mãe. grande plasticidade fenotípica o que apresentar cicatrizes remanescentes dos tricomas dificulta sua correta identificação. Como anteriormente caducos na face abaxial da folha, semelhantes a mencionado, é comumente confundida com P. caimiu >. da se diferencia apresentar pequenos pontos dourados. A ausência de lentieelas qual por a base da folha nos ramos, associada às folhas alterno-dísticas com obtusa a truncada e pétalas 1-1,5 cm compr. venação broquidódromo também são bons caracteres Climat., para reconhecer essa espécie. Pradosia Liais, Geol. Geogr. Bot. Brésil: 614.1872. 14. Pouteria torta (Mart.) Radlk. subsp. gallifructa Arvores ou arbustos. Folhas alterno-espiraladas (Cronquist) T.D. Penn., Fl. Neotrop. 52: 487-488. (raramente verticiladas ou dísticas); venação 1990.Fig. 4 h-k eucamptódroma; estipulas ausentes. Fascículos Árvores 10-30 m alt. Ramos jovens pubescentes caulifloros. Flores bissexuadas; estames epipétalos, a glabros. tricomas ferrugíneos. Folhas 6-19 x 5-12.5 exsertos; estaminódios ausentes. Frutos bacídios; cm, oblanceoladas. alterno-espiraladas. discolores. epicarpo liso. Sementes com testa lisa. brilhante. cartáceas, margem plana, base obtusa a truncada. ápice atenuado a obtuso, por vezes emarginado, face 15. Pradosia lactescens (Vell.) Radlk., Silzungsber. abaxial glabra, pubescente a tomentosa; venação Math.-Phys. Cl. Konigl. Bayer. Akad. Wiss. eucamptódroma. Pecíolo 1-5 cm compr.. levemente München 18:407. 1888.Fig. 41 canaliculado, pubescente a glabro. Fascículos 1-3- Árvores 10-20 m alt. Ramos jovens glabros. floros. ramifloros. Flores com pedicelo ca. 1 mm compr.. Folhas 6.5-12.2 x 2,2-3,7 cm. oblanceoladas a puberulento. Cálice 4-mero; sépalas 0,5-2 cm compr.. lanceoladas. concolores. men ibranáceas, margem plana, ovadas a elípticas, ápice obtuso, face abaxial base atenuada, ápice atenuado, glabras; nervura pulverulenta. Corola 4-mera; tubo 5-7.5 mm compr.: principal canaliculada na face adaxial. Pecíolo 0,5-

Rodriguésia 61(2): 303-318. 2010 317 Sapotaceae da Usina São José. PE 1 cm compr., canaliculado na face adaxial, glabro. ápice agudo. Estames 5,1-1,5 mm compr., epipétalos, Fascículos 10-20-floros. Flores com pedicelo 4-5 adnatos no ápice do tubo da corola, inclusos, 5 estaminódios, 0,5-1,5 mm compr., ovados mm compr.. glabro. Cálice 5-mero; sépalas ca. 2 mm glabros; compr., ovadas, ápice obtuso, face abaxial a subtriangulares, glabros. Ovário 5-locular, ovóide, estilete ca. 1 mm compr.; estigma glabrescente. Corola 5-mera; tubo ca. 2 mm compr.; pulverulento; lobos ca. 4 mm compr., glabros, róseos. oblongos, capitado a levemente lobado. Frutos 2-2,5 cm compr., ápice obtuso. Estames 5,6-6.2 mm compr., adnatos elípticos, ápice obtuso; epicarpo glabro a pubescente ao ápice do tubo da corola, glabros. Ovário 1,5-2 na maturidade, amarelo. Semente 1,1-1,2 cm compr. mm compr.. 5-locular. piriforme. pulverulento; Material examinado: Mata dos Macacos, 13.VIII.2007, estilete ca. 2 mm compr.; estigma levemente 5- J.S. Gomes et ai. 318 (PEUFR). adicional: BRASIL. PARÁ: Reserva lobado. Frutos 4-5 cm compr., elípticos, ápice Material Mamirauá, 3.V.2000, fl., M.R. Mesquita 279 (PEUFR). obtuso; epicarpo na maturidade, amarelo. glabro PERNAMBUCO: São Vicente Férrer, Mata do Estado, cm compr. Semente 1, ca. 3 21.1.1999, fr., E.M.N. Ferraz & A.G Bispo 569 (PEUFR); Mata da Santa Helena. 4.IV.2007, Material examinado: 11.11.2000, fr., E.M.N. Ferraz et al. 848 (PEUFR); et al. 398 IPA); Mata fl.. A.C.B. Uns e Silva (PEUFR. 6.XI.2000, E.M.N. Ferraz et al. 825 (PEUFR). 2.VII.2007, fr.. A.C.B. Uns e Silva et al. dos Macacos. Está amplamente distribuída nos Neotrópicos. 391 (PEUFR. IPA); Mata da Piedade, 30.XI.2007, A.C.B. sendo registrada desde o Panamá e Costa Rica até o Lins e Silva etal. 428 (UFP); 14.VIII.2007, fr.. U. Knórr 13 & T. Kimmel (IPA. UFP). Brasil. Dados referentes às características das flores Material adicional: BRASIL. ALAGOAS: Quebrangulo, masculinas foram obtidos a partir da literatura Reserva Biológica da Pedra Talhada, 13.V.2009, fr., A. (Pennington 1990). Diferencia-se das demais espécies Alves-Araújo et al. 1273 (UFP). por apresentar folhas dísticas, flores unissexuadas e de Está distribuída na Mata Atlântica, presença de estaminódios. Além disso, assim como Pernambuco ao Paraná. Registrada exclusivamente Pouteria reticulata, Sarcaulus brasiliensis apresenta para o interior dos fragmentos florestais, Pradosia cicatrizes provenientes da queda dos tricomas, lactescens pode ser diferenciada das demais semelhantes a pequenos pontos dourados na face espécies da USJ pela caulifloria associada a estames abaxial foliar. Na USJ, S. brasiliensis está associada completamente exsertos. à proximidade de cursos d'água. Sarcaulus Radlk.. Sitzungsber. Math.-Phys. Cl. Agradecimentos Kònigl. Bayer. Akad. Wiss. München 12:310.1882. Esta é parte integrante do projeto Árvores ou arbustos. Folhas alterno-dísticas; pesquisa "Sustentabilidade de remanescentes de Floresta venação eucamptódroma ou broqcidódroma; Atlântica em Pernambuco e suas implicações a estipulas ausentes. Fascículos axilares. Flores para conservação e desenvolvimento local.", uma unissexuadas; estames epipétalos, exsertos; cooperação Brasil-Alemanha. Ao CNPq. a concessão estaminódios ausentes. Frutos bacídios: epicarpo da bolsa ao autor. Aos liso. Sementes com testa lisa. brilhante. primeiro professores colaboradores e demais integrantes do projeto "Fragmentos", as valiosas sugestões. A Eduardo 16. Sarcaulus brasiliensis (A. DC.) Eyma. Recueil Almeida Jr., o momento de discussão da identidade Trav. Bot. Néerl. 33:192.1936.Fig.4m taxonômica de Manilkara aff. dardanoi. À Regina Árvores 10-15 m alt. Ramos jovens glabros. seu trabalho como ilustradora botânica. E, Folhas 52-8.6 x 2,5-5.5 cm. oblanceoladas. concolores. Carvalho, fim, à equipe do Laboratório MTV/UFPE. cartáceas. margem plana, base atenuada, ápice por coberta acuminado. glabras na maturidade, face abaxial caducos por cicatrizes provenientes dos tricomas Referências venação semelhantes a pequenos pontos dourados; Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.: Melo, A.; Maciel, broquidódroma, nervura principal não canaliculada J.R.; Irapuan, J.; Pontes, T; Lucena, M.F.A.; Bocage, na face adaxial. Pecíolo 0.5-1 cm compr., não A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of angiosperms canaliculado. glabrescente. Fascículos 2-5-floros. in fragments of Aüantic forest in the state of Pernambuco. Cálice Northeastem Brazil. Bioremediation, Biodiversity Flores com pedicelo 1-2 cm compr., glabro. 5-mero; sépalas ca 2 mm compr.. ovadas, ápice agudo a and Bioavailability 2: 14-26. A.M.; Fiaschi, P.; Jardim, J.; Thomas, W.W. & obtuso, ambas as faces pulverulentas. Corola 5-mero; Amorim, Carvalho, A. 2005. The vascular of fragmented tubo 1.5-2.5 mm compr.; lobos 1,5-2.5 mm compr., plants subtriangulares. forest in southern Bahia. Brazil. Sida 21: 1726-1752. glabros, alvo-amarelados ovados a

Rodriguésia 61 (2): 303-318. 2010 318 Alves-Araújo. A. & Alves. M.

Amorim, A.M.; Thomas, W.W.; Carvalho, A. & Jardim, Mori, S.A.; Mattos-Silva. L.A.; Lisboa, G. & Coradin. J. 2008. Floristics of the Una biological reserves, L. 1985. Manual de manejo do herbário fanerogâmico. Bahia. Brazil. In: Thomas, W.W. (ed.). The Atlantic Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. 97p. coastal forest of Northeastern Brazil. Memoirs of Pennington. T.D. 1990. Sapotaceae. Flora Neotropica the New York Botanical Garden 100: 67-146. Monograph. Vol. 52. The New York Botanical APG II (Angiosperm Phylogeny Group). 2003. An Gardens, New York. 770p. update of the Angiosperm Phylogeny Group Pennington, T.D. 1991. The genera of Sapotaceae. Royal classification for the orders and families of flowering Botanic Gardens, Kew. 307p. plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Pennington, T.D. 2004. Sapotaceae (Sapodilla family). Society 141:399-436. In: Smith, N: Mori, S.A.: Henderson, A.; Stevenson, Barroso, G.M.; Morim, M.P.; Peixoto, A.L. & Ichaso, D.Wm. & Heald. S.V. (eds.). Flowering plants of C.L.F. 1999. Frutos e sementes: morfologia aplicada the Neotropics. Princeton University Press, à sistemática de dicotiledõneas. Universidade Federal ?rinceton. Pp. 342-344. de Viçosa. Viçosa. 443p. Pennington. T.D. 2(X)6a. Sapotaceae. In: Barbosa. M.R.V.; Bruniera. CP. & Groppo-Júnior, M. 2008. Flora da Serra Sothers, C; Mayo, S.; Gamarra-Rojas. C.F.L. & do Cipó. Minas Gerais: Sapotaceae. Boletim de Mesquita A.C. (eds.). Chccklist das plantas do Nordeste Botânica da Universidade de São Paulo 26: 61 -67. brasileiro: angiospermas e gymnospennas. Ministério de Ciência e Tecnologia Brasília. Pp. 143-144. Carneiro, CE. & Assis, M.A. 1996. A família Sapotaceae na litorânea de Picinguaba-Ubatuba/SP. Pennington, T.D. 2006b. Sapotaceae. In: Flora da Reserva planície -366. Arquivos de Biologia e Tecnologia 39: 723-733. Ducke, Amazonas, Brasil. Rodriguesia 57: 251 Ribeiro, J.EL.S.; Hopkias, M J.G; Vicentini. Carneiro, CE. & Monteiro, R. 1999. Pouteria Aubl. A.; Sothers, CA: Costa M.A.S.; Brito, J.M.; Souza M.A.D.; Martins. (Sapotaceae) no estado de São Paulo, Brasil - L.H.P.: Lohmann, L.G.; Assunção. P.A.C.L.; Pereira espécies e distribuição. Naturalia 24: 119-126. E.C.; Silva CF; Mesquita, M.R. & Procópio, L.C. Funch, L.S; Funch, R. & Barroso, G.M. 2002. Phcnology (eds.). 1999. Flora da Reserva Ducke: guia de identificação of and montane forest in the Chapada gallery das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Diamantina, Bahia. Brazil. Biotropica 34: 40-50. Amazônia Central. INPA, Manaus. 798p. Hickey, L.J. 1973. Classification of architecture of Souza, V.C. & Lorenzi. H. 2005. Botânica sistemática: dicotyledonous leaves. American Journal of Botany guia ilustrado para identificação das famílias de 60: 17-33. angiospermas da flora brasileira, baseado em APG IUCN - The World Conservation Union. 2008. IUCN II. Instituto Plantarum, Nova Odessa. 704p. Red List of Threatened Species. Disponível em Thiers. B. 2009. |conünuously updated| Index Herlxiriorum: . Acesso em 05 maio 2009. A global directory of public herbaria and associated Melo, M.M.R.F & Pennington, T.D. 2001. Sapotaceae. staff. New York Botanical Garden's Virtual Herbarium. In: Mamede, M.C.H.; Cordeiro, I. & Rossi, L. (eds.). Disponível em . Lista das espécies vasculares da Serra da Juréia, Acesso em 06 outubro 2009. Estação Ecológica. Boletim do Instituto de Botânica Trindade, MB.; Lins-e-Silva, A.C.B.; Silva, H.P.; 15: 122-122. Figueira, S.B. & Schessl, M. 2008. Fragmentation Monteiro, M.H.D.A.; Neves, L.J. & Andreata, R.H.P. of the Atlantic rainforest in the Northern coastal 2007. Taxonomia e anatomia das espécies de Pouteria région in Pernambuco, Brazil: Recent changes and Aublet (Sapotaceae) do estado do Rio de Janeiro, implications for conservation. Bioremediation, Brasil. Pesquisas, Botânica 58: 7-118. Biodiversity and Bioavailability 2: 5-13.

Lista de exsicatas Alves-Araújo, A. 220(8), 234(12), 299(10), 300 (12), 472 (11), 525, 539 (12), 607 (8), 733 (3), 831 (12). 997 (14), 1024(10), 1047 (5), 1071(8), 1073(10). 1074, 1075(12), 1081,1087,1089(8). 1090(12), 1097(14). 1124(9), 1125,1172(14), 1203(9), 1237(41. 1273 (15). Amorim. A.M. 1413 (14). Costa, T.L. 45 (10). Ferraz, E.M.N. 569, 825, 848 (16), 916 (11). França, F. 1355 (2), 4379 (1). Freire, S.G. 11 (2). 19 (13), s.n. PEUFR 43139 (5). Gomes, J.S. 34 (7). 291 (5). 317 (14). 318 (16). Guerra, T.N.F. 200 (10). Kimmel,T. 294 (14). 295 (7), 296. 297 (8). 305 (12), 306, 307 (8). Knõrr, U. 13(15). 47 (10). I.ima, A.L.A.673 (8). Lima, D.A.S. 29 (4). Uns e Silva, A.C.B. 396 (1). 357 (12). 391 (15), 392 (4). 393 (10), 394 (8). 397 (12). 398 (15). 399 (14). 426 (10). 428 (15), 429 (6), 445 (12). Mesquita, M.R. 279 (16). Nascimento, I..M. 653, 746 (12). Oliveira. A.P.P. 86 (4). Queiroz, F.B. 06 (10). Rocha, K.D. 62(7). SieSilva, I.M.M. 132(4), 148, 150(9). Santos, F.S.487(14). Silva, H.C.H. 77(3). 130, 168(7), 196(6). 197. 198 (7), 273(6). 276 (7). 380 (6), 381 (4). Silva, T.M.C. 45 (11). Silva-Filha, J.S. 53 (4).

Artigo recebido em 22/06/2009. Aceito para publicação em 18/01/2010.

Rodriguesia 61(2): 303-318. 2010 Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 http://rodriguesia.jbrj.gov.br

Revisão de (Rubiaceae — ) para o Brasil1 Revision of Mitracarpus (Rubiaceae -Spermacoceae) from Brazil

Elnatan Bezerra de Souza2. Elsa Leonor Cabral3 & Daniela Cristina Zappi4

Resumo o Brasil, com base em observações de campo e O presente trabalho consiste da revisão de Mitracarpus para estudo de espécimes de herbário. Mitracarpus é um gênero neotropical, distribuindo-se desde o sul dos Estados Unidos até o centro da Argentina, com uma espécie invasora ocorrendo nos Paleotrópicos. O gênero apresenta três centros de diversidade de espécies: o México, o Caribe e o Brasil. Vinte e quatro espécies são reconhecidas, das quais seis novas para a ciência: Mitracarpus albomarginatus, M. buiquensis, M. diversifolius, M. eitenii, M. nitidus e M. robustus. Chave de identificação, nomenclatura, descrições, ilustrações e notas sobre o estado de conservação das espécies são apresentados. Palavras-chave: conservação, neotrópico, Rubioideae, taxonomia. Abstract Brazil. The study is based on field observations and This paper presents the revision of Mitracarpus from study of herbarium specimens. Mitracarpus is a neotropical genus, distributed from the southern United States to central Argentina, with one invasive species oceurring in the Old World. The genus presents three centres of diversity: México, the Caribbean region and Brazil. Twenty four species are accepted, of which six are new to science: Mitracarpus albomarginatus, M. buiquensis, M. diversifolius, M. eitenii, M. nitidus and M. robustus. A key to identify the species, updating ofthe names and their typification, synonymy, descriptions, illustrations status. are provided, together with data on their conservation Key words: conservation, Neotropics, Rubioideae, taxonomy.

Introdução frutos e sementes de gêneros representativos da tribo Spermacoceae, Mitracarpus foi considerado um Mitracarpus Zucc. ex Schult. & Schult. f. com sementes únicas, caráter que poderia (Rubiaceae) é um dos 19 gêneros circunscritos na gênero ser utilizado considerá-lo como uma subtribo tribo Spermacoceae sensu stricto. O gênero pode para distinta & Wunderlin 2002). ser morfologicamente diagnosticado pelo cálice (Terrell dois Após o tratamento taxonômico proposto por formado por quatro lobos, dois maiores e Schumann (1888), as contribuições à taxonomia de menores, pelo fruto capsular com deiscência Mitracarpus consistiram de redescrições em estudos transversal e pela forma do encaixe (depressão) e da de novas espécies, ventral das sementes. Análises moleculares fiorísticos publicação o Caribe e o México 1903, baseadas em dados de rpsló intron e ITS especialmente para (Urban 2007). suportaram o seu monofiletismo, embora sua 1908,1913,1928; Borhidi&Lozada Apubücação s.s. ainda seja de listagens em floras regionais e a descrição de novas posição no ciado das Spermacoceae contudo, a necessidade incerta (Dessein 2003). Em um estudo preliminar dos espécies evidenciaram, de

no Programa de Pòs-Oraduacão em Botânica (PPGBot) da Universidade Estadual de Fem de Santana (UEFS). Pane da lese dc Doutorado do primeiro autor desenvolvida Avenida da Universidade, 850 - Betânia. 62040-370, Sobral. CE. Brasil, [email protected] XnivcrsKiadc Btadual Vale do Acaraú. Coordenação de Biologia. 'Faculud Instituto de Botânica dei Nordeste. Comentes. Argentina. dc Ciências Exactas. Físicas y Naturales y Agrimensura (UNNE), *1 lerbarium. Royal Botanic Gardens. Ke». TAV9 3AA. UK. 320 Souza. EB., Cabral, EL. & Zappi. D.C. uma revisão nomenclatura] e de uma melhor definição Os dados da distribuição geográfica das espécies das suas espécies. Em adição, está o fato de que o foram obtidos a partir das etiquetas das exsicatas e da único tratamento existente é o de Schumann (1888) literatura especializada (Schumann 1888: Bacigalupo para a Flora brasiliensis. onde ele descreveu 10 1974,1993,1996; Porto é-r a/. 1977; Steyermark 1972, espécies e propôs duas secções para Mitracarpus. 1974; Andersson 1992; Delprete et al. 2005). Devido à similaridade morfológica entre amostras herborizadas, espécies deste gênero são Resultados e Discussão comumente confundidas com representantes de Tratamento taxonômico afins, tais como Borreria G. Mey.. grupos Mitracarpus Zucc. ex Schult. & Schult. f. Mant. 3: Small, L., L., L. e 210.1827. Tipo: M. scaberZucc. ex Schult. & Schult. Staelia Cham. & Schltdl. Em conseqüência, muitas f.[M. hirtus (L.)DC.]. coleções de herbário apresentam identificações Spermacoce Jacq. ('non L.'), Icon. Plant. Rar.: imprecisas à identidade ou são quanto genérica, tab. 308. 1788. Staurospermum Thonn.. Beskr. Guin. determinadas com binômios incorretos falta de por PL: 73.1827. Tipo: S. verticillatwn Schumach. & Thonn. uma revisão nomenclatural, o tem causado que Schizangium Bartl. ex DC, Prodr. 4:571.1830. muita confusão nas listagens florísticas. Tipo: S. durum Bartl. ex DC. Com base nessas considerações, realizou-se a Ervas anuais ou ou subarbustos revisão das espécies do centro de diversidade brasileiro, perenes, eretos, ascendentes, ou decumbentes. abrange a maior das espécies sulamericanas prostrados que parte Caules tetrágonos, subtetrágonos ou cilíndricos, de Mitracarpus. Este tratamento é o primeiro passo alados ou não, solitários ou ramificados. a revisão completa do e consiste de profusamente para gênero Estipulas fundidas à base das folhas numa bainha aspectos morfológicos, taxonômicos. distribuição basal, fimbriadas, encimadas por setas lineares ou geográfica e da categoria de conservação das espécies. linear-lanceoladas, geralmente com um coléter apical. Folhas monomórficas, ou raramente Material e Métodos dimórficas (em Mitracarpus diversifolius), opostas O presente estudo foi baseado na análise de ou pseudoverticiladas pela presença de braquiblastos cerca de 1.269 espécimes (Apêndice) provenientes nas axilas, (sub)sésseis ou pseudopecioladas. lâminas de coletas e de herbários do Brasil e do exterior, foliares estreitas, lineares, elípticas, lanceoladas ou citados no material examindado, acrônimos citados ovadas, herbáceas, cartáceas, semisuculentas, ou conforme Holmgren et al. (1990): ALCB. BHCB, BM. (sub)coriáceas; nervuras secundárias impressas ou BR. CEN, CEPEC, CTES, CVRD, EAC, ES A, FLOR. completamente submersas na lâmina. Ramos florais G. HAS, HBR HRB, HUEFS, IAN, IBGE, ICN, INPA. com glomérulos terminais e/ou axilares, pauci ou IPA, JPB, HUVA, K, L, MBM, MEXU, MG, MO, densifloros, raramente com fascículos axilares NY, P, PACA, PEUFR, R. RB, SI, SP, SPF, U, UB, unilaterais (M. diversifolius). subtendidos por 2-8 UEC, VIC, W. brácteas foliáceas. Flores tetrâmeras, sésseis ou As citações das obras príncipes estão de subsésseis, hermafroditas, homógamas, protândricas; acordo com o Taxonomic Literature (Stafleu & hipanto turbinado, obcônico a subgloboso. Cálice Cowan 1976-1986). Os critérios para tipificação estão persistente, com quatro lobos, dois maiores e dois fundamentados no Código Internacional de menores, raramente com lobos subiguais. Corola Nomenclatura Botânica (McNeill etal. 2006). hipocrateriforme ou (sub)infundibuliforme, alva; As espécies foram analisadas, para efeito de tubo glabro ou pubérulo externamente, dotado de avaliação do seu estado de conservação, de acordo anel ou faixa de tricomas moniliformes internamente; com as categorias e critérios da IUCN (2001). fornecendo lobos 4, valvados no botão. Estames 4, subsésseis, subsídios para a priorização daquelas que dever ser inseridos na fauce da corola; anteras oblongas a protegidas através de estratégias de conservação. subelípticas, dorsifixas, subinclusas ou raramente O estudo morfológico foi realizado sob inclusas. Estilete filiforme, bífido; ovário 2-locular, microscópio estereoscópio e as mediadas tomadas cada lóculo com um óvulo fixado ao septo. Fruto com auxilio de um escalímetro. As medidas da corola capsularcom deiscência transversal, abrindo-se em "mitra". foram tomadas considerando-se o comprimento duas partes: a porção superior em forma de desde a base do tubo até a extremidade dos lobos; coroada pelos lobos do cálice persistentes, a as dos lobos do cálice foram tomadas considerando porção inferior formada pela base dos carpelos e a o comprimento das projeções, sem incluir o tubo. parte basal do septo sobre o pedúnculo. Sementes

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 321 oblongóides, obovóides a dorsalmente cuja porção apical, dotada de duas projeções superiores, globosas, "mitra" sem depressões ou portando depressão cruciforme, se assemelha a uma (o chapéu do bispo). O raramente com depressões semicirculares apicais, gênero apresenta três centros de diversidade: no com exotesta lisa, reticulada, retículo-foveolada ou México, no Caribe e no Brasil. O número de espécies papilada, ventralmente com encaixe (depressão) em está em tomo de 50, com 13 registradas para o México "X", "Y-invertido" forma de ou aproximadamente (Borhidi&Lozada2007), 13 para Cuba (Liogier 1963)e retangular ou quadrangular profundamente 10 para Espanhola e Porto Rico (Liogier 1995,1997). impresso e geralmente coberto por excrescência Mitracarpus hirtus (L.) DC. é a espécie mais amplamente granular; prolongamentos do encaixe ventral distribuída ocorrendo de forma subespontânea na evidentes ou não nos ângulos da face dorsal. África Ásia e Oceania (Verdcourt 1975; Nicolson 1977; Mitrucarpus é um táxon neotropical, distribuído Fosberg et ai. 1993; Dessein 2003). No Brasil, são aqui desde o sul dos Estados Unidos até o centro da reconhecidas 24 espécies (Anexo), das quais seis são Argentina. Sua eümologia refere-se à estrutura do fruto. novas para a ciência.

Chave para identificação das espécies de Mitracarpus no Brasil 1. Folhas dimórficas dispostas aos pares; ramo floral com fascículos axilares e unilaterais 6. M. diversifolius 1'. Folhas monomórficas; ramo floral com glomérulos terminais e/ou axilares, não unilaterais 2 Tubo da corola menor do que os maiores lobos do cálice. 3. Folhas pseudoverticiladas pela presença de braquiblastos nas axilas das folhas basais. 4.Erva de pequeno porte, com raízes delgadas; folhas cartáceo-rígidas 15. M. microspermus 4". Subarbusto basalmente lenhoso, com raízes espessas, torcidas e estriadas; folhas semisuculentas 2. M. anthospermoides 3". Folhas opostas, sem a presença de braquiblastos nas axilas das folhas basais. 5.Caules alados na base; lobos menores do cálice filiformes; cápsulas glabras no ápice.. 4. M. brasiliensis 5'. Caules sem alas; lobos menores do cálice estreito-triangulares; cápsulas pilosas ou pubérulas no ápice. 6. Ervas com ca,;les de 15-70 cm compr.; tubo da corola pubérulo-papiloso externamente 11. Aí. hirtus 6'. Ervas com caules de 2-10 cm compr; tubo da corola glabro externamente. 7. Plantas prostradas; folhas pubescentes, margens foliares espessadas; corola 2-2,4 mm compr.9. Aí. eritrichoides T. Plantas eretas ou decumbentes; folhas híspidas, margens foliares não espessadas; corola 1-1,2 mm compr. 17. Aí. parvulus 2'. Tubo da corola com o mesmo comprimento ou maior do que os maiores lobos do cálice. 8. Folhas coriáceo-rígidas, base foliar cordada, subcordada, subauriculada, estreito-atenuada ou truncada. 9. Margens foliares alvo-ciliadas; sementes com exotesta reticulada1. Aí. albomarginatus 9'. Margens foliares não alvo-ciliadas; sementes com exotesta papilada. 10. Erva decumbente ou prostrada; margens foliares sem espessamento 18. Aí. pusillus 10'. Erva ereta; margens foliares espessadas. 11. Folhas híspidas; estames com anteras subinclusas no tubo da corola 19. Aí. recurvatus li'. Folhas glabras, ou pubescentes ao longo da nervura principal; estames totalmente inclusos no tubo da corola 24. Aí. steyermarkii 8'. Folhas herbáceas, cartâceas ou semisuculentas, base foliar atenuada, cuneada, aguda ou oblíqua. 12 Sementes com encaixe ventral quadrangular ou retangular.

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 322 Souza. EB.. Cabral. EL & Zappi. D.C.

13.Subarbusto ereto ou ascendente; caule, bainha estipular e lâminas foliares glabros; corola glabra externamente 12. M. Ikotzkyanus 13'. Subarbusto decumbente; caule, bainha estipular e lâminas foliares pilosos; corola pubérulo-papilosa externamente14. M. megapotamicus 12'. Sementes com outras formas de encaixe ventral. "Y-invertido". 14.Sementes com encaixe ventral em forma de 15.Ervas cespitosas, prostradas ou decumbentes; folhas semisuculentas; margens foliares glabras, espessadas 7. M. eichleri 15'. Ervas ou subarbustos eretos ou ascendentes; folhas cartáceas; margens foliares escabras, não espessadas22. M. salzmaiinianus "X". 14'. Sementes com encaixe ventral em forma de 16.Sementes com depressão cruciforme dorsal. 17. Folhas opostas; tubo da corola glabro externamente 3. M. baturitensis 17'. Folhas pseudoverticiladas; tubo corola pubérulo ou pubérulo-papiloso na porção superior externa. 18. Folhas semisuculentas, 0,5-2 mm larg.; bainha estipular com 1 -3 setas 20. M. rigidifolius 18'. Folhas cartáceas ou subcoriáceas, 2-20 mm larg.; bainha estipular com 3-12 setas. 19. Bainha estipular subcoriácea, com 3 setas; lobos da corola pupilados internamente 23. M. schininianus 19'. Bainha estipular membranacea, com 4-12 setas; lobos da corola glabros internamente. 20. Erva 10-20 cm alt.; caules sem alas; folhas estreito-elípticas ou elípticas 5. M. buiquensis 20'. Erva ou subarbusto 30-200 cm alt.; caules alados; folhas lanceoladas ou linear-lanceoladas, raramente lineares 10. M.frigidus 16'. Sementes sem depressão cruciforme dorsal. 21. Sementes com depressões semicirculares dorsais 13. M. longicalyx 21'. Sementes sem depressões semicirculares dorsais. 22. Subarbusto 70-200 cm alt.; caules alados; glomérulo terminal com 2 brácteas 21. M. robustus 22'. Erva ou subarbusto 7-50 cm alt.; caules sem alas; glomérulo terminal com 4 brácteas. 23. Folhas e caules pilosos; lobos maiores do cálice 3-4 mm compr.; corola pubérula externamente8. M. eitenii 23'. Folhas e caules glabros; lobos maiores do cálice 2-2.5 mm compr.; corola glabra externamente 16. M. nitidus

1. Mitracarpus albomarginatus E.B. Souza, sp. compr., ciliadas. Folhas opostas, sem braquiblastos nov. Tipo: BRASIL. BAHIA: Casa Nova, Fazenda nas axilas, sésseis; lâminas 6-22 x 4-13 mm, ovadas Santarém, Sítio Morrinho, 09°36'38"S, 41°19'43"W. a suborbiculares. cuspidadas, agudo-mueronadas ou 410m, 10.X.2004,fl.efr.,L./5. Queirozetal 9648 apiculadas no ápice, subcordadas ou subauriculadas (holótipo HUEFS).Fig. 1 a-h na base. cartáceo-rígidas, onduladas, espessadas. Haec species M. steyermarkii similis, sedfoliis alvo-ciliadas nas margens, com tricomas maiores nas ovatis ad suborbii ularibus (nec lanceolatis ad linear- porções basais, pubérulas em ambas as faces; secundárias inconspícuas. lanceolatis), corolla 4-5 mm longa dense pubérula nervuras Ramos florais -(2) (nec 5-7 mm longa extus glabra), staminibus com 1 glomérulos terminais; glomérulos 8-16 mm subinclusis (nec omnino in corollae tubis inclusis) et diâm.. globosos, densifloros, subtendidos por 2-8 seminibus reticulatis (nec pupillalis) differt. brácteas foliáceas. Flores subsésseis. pedicelos ca. Hipanto obcônico. Erva decumbente ou prostrada. Caules 6-21 cm 0,5-1 mm compr. glabro. Cálice compr., tetrágonos. híspido-v ilosos. Bainha estipular com pares de lobos subiguais. os maiores 2,5-3.5 mm 1-2 mm compr., hispida, com 5-7 setas, 2-3 mm compr., os menores 2-3 mm compr., lanceolado-

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 323

Figura 1 - a-h. Mitracarpus albomarginatus - a. hábito; b. folha; c. flor; d. corola aberta; e. estilete; f. cápsula imatura; - i. hábito; bainha estipular; k. folha; g. semente, face dorsal; h. semente, face ventral. i-m. M. Anihospermoides j. 1. flor; m. corola aberta, n-v. M. baturitensis - n. hábito; o. bainha estipular; p. folha; q. flor; r. corola aberta; s. cápsula aberta; t-\ temente; t. face dorsal; u. face ventral; v. face lateral, (a-h Queiroz etal. 9648; i Guedes 1241; j-m Félix 2647; n-s Miranda etal. 811; t-v I ulal 886). - Figure 1 - a-h. Mitracarpus albomarginatus a. habit; b. leaf: c. flower; d. open corolla; e. style; f. young fruit; g. seed, dorsal view; - - h. seed, ventral view. i-m. M. anthospermoides i. habit; j. stipular sheath; k. leaf; 1. flower; m. open corolla. n-v. M. baturitensis t-v. seed; t. dorsal view; u. ventral view; v. n. hábil; o. stipular sheath; p. leaf: q. flower; r. open corolla: s. open fruit; lateral view. 2647; n-s Miranda et al. 811: t-v lidai 886). (a-h Queiroz et al 9648; i Guedes 1241: j-m Félix

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 324 Souza. EB.. Cabral. E.L. & Zappi. D.C.

acuminados, fortemente ciliados nas margens. Corola por cicatrizes de bainhas ressequidas. Bainha 4-5 mm compr., hipocraterifomie: tubo 2,5-3 mm compr., estipular, ca. 0.5 mm compr.. glabra, com 1 -3 setas, densamente pubérulo na metade superior externa com estreito-triangulares. 0,6-1,2 mm compr. Folhas anel de tricomas monilifonnes na metade inferior interna: pseudoverticiladas pela presença de braquiblastos lobos 1 -1.5 mm compr., ovados, externamente papilados axilares, sesseis; lâminas 3-7 x 0.5-1 mm, lineares a no ápice, pubérulos na face interna. Estames sesseis; linear-Ianceoladas, agudas no ápice, atenuadas na anteras ca. 0,8-1 x 0,3-0.4 mm, elipsóides. subinclusas. base, semisueulentas, glabras nas margens e nas Estilete 4-4,5 mm compr.; ramos estigmáticos 1 mm faces; nervuras secundárias inconspícuas. Ramos compr., filiformes. Cápsulas 1,2-1,5 x 0,8-1 mm. florais emergentes com 1 -5 fascículos ou glomérulos turbinadas, glabras. Sementes 0,6-1 x 0,5-0,6 mm, terminais paucifloros; glomérulos 4-6 mm diâm., oblongóides ou obovóides. castanho-claras a subtendidos por 2-8 brácteas foliáceas. Flores castanho-escuras; face dorsal com depressão subsésseis. pedicelos ca. 0.5-1 mm compr. Hipanto cruciforme suavemente impressa exotesta reticulada: turbinado, glabro. Cálice com pares de lobos "X". face ventral com encaixe em forma de desiguais, os maiores 1,5-2 mm compr., lanceolados, Material examinado: BRASIL. BAHIA: Juazeiro, os menores ca. 0,5 mm compr., triangulares. Corola 26.11.1962, fl., A.L Costa 1041 (ALCB); Casa Nova, 1,5-2,5 mm compr., hipocrateriforme; tubo ca. 1 mm 9°16'49"S, 41°22'7"W, 18.IV.2004, fl. e fr., T.S. Nunes et compr.. externamente glabro. com anel de tricomas na ai. 1105 (HUEFS). PERNAMBUCO: Orocó, 9°38" 12"S, metade inferior interna; lobos ca. 0.5 x 0,4 mm, ovados, 39°42'50"W,27.rV.2O01,fl.efr.,/cM. Harley etal. 54317 glabros. Estames sesseis; anteras ca. 0,5 x 0,3 mm, (HUEFS). oblongas, subinclusas. Estilete 1-1.5 mm compr.; Mitracarpus albomarginatus assemelha-se ramos estigmáticos ca. 0,5 mm compr. Cápsulas a M. steyennarkii E.L. Cabral & Bacigalupo (Cabral 1,2-1,5 mm compr., obcônicas, glabras. Sementes & Bacigalupo 1997), da qual se distingue pela corola 0,5-0,8 x 0,5-0,6 mm, oblongóides ou globosas, densamente externamente (vs. glabra). puberula castanhas a castanho-escuras; face dorsal sem estames (sub)inclusos no tubo da corola (v.v. pelos depressão cruciforme, exotesta fovéolo-reticulada: complemente inclusos) e sementes reticuladas (v.v. face ventral com encaixe em forma de "X", Mitracarpus albomarginatus ocorre papiladas). esparsamente coberto excrescência em áreas ao longo do Rio São Francisco, entre os por granular. Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Camaçari, Dto. na Bahia, e municípios de Juazeiro e Casa Nova, Arembepe. 10.11.1990, fí..LP. Felix2647(K). Entre Rios. ser Orocó, em Pernambuco. A espécie parece 27. V. 1981, fl. e fr.. BM. Boom & S.A. Mori 983 (CEPEC). endêmica do Sertão do Submédio São Francisco e Lauro de Freitas. Praia de Ipitanga. 14.1.1987, fl. e fr., Sudoeste de Pernambuco, uma das áreas prioritárias M.L Guedes 1241 (ALCB). Mata de São João, 12°31'S, para conservação da flora da Caatinga (Velloso et 38°17-W, 3.11.2001, fl. e fr., M.E Guedes et ai. 8207 ai. 2002). A espécie é considerada ameaçada [EN (ALCB). Salvador. Dunas do Abaeté, 12°58'S, 38°30"W, B2ab (ii. iii. iv)] por apresentar distribuição restrita, 12.IX.1999, fl. e h.,A.T. Rodarteetal. Ji" (ALCB). às margens do Rio São Francisco, onde grandes Mitracarpus anthospermoides caracteriza-se represas e subseqüentes empreendimentos agrícolas pelas folhas semisueulentas. lineares ou linear- têm sido instalados, eliminando parte de suas lanceoladas. glabras, corola externamente glabra. menor populações. Nenhuma das populações conhecidas dos que os maiores lobos do cálice e sementes com encontra-se protegida em unidade de conservação. exotesta fovéolo-reticulada. Esta espécie relaciona- se com M. rigidifolius, com a qual compartilha 2. Mitracarpus anthospermoides K. Schum.. folhas semisueulentas, lineares e sementes com Martius. Eichler & Urban, Fl. Bras. 6(6): 86. 1888. exotesta fovéolo-reticulada. A análise dos materiais Tipo: BRASIL. BAHIA: fl. e fr.. J. Blanchet 1867 do acervo do herbário BR permitiu encontrar um (holótipo Bt; lectótipo BR!, aqui designado; exemplar dc Blanchet 1867 em bom estado de isolectótipo BM!, G!. K!, W!).Fig. 1 i-m conservação e apresentando flores e frutos, o que Subarbusto prostrado, decumbente ou, mais justificou sua escolha como lectótipo de Aí. raramente, ascendente, geralmente formando anihospennoides. Espécie restrita ao Brasil, no litoral touceiras, basalmente lenhoso, com raízes espessas, do estado da Bahia. Ocorre nas restingas herbáceo- torcidas, estriadas. Caules (5-)10-30 cm compr., arbustivas entre os municípios de Salvador c Camaçari. radialmente dispostos, cilíndricos na base. formando pequenas populações com indivíduos tetrágonos nas porções apicais, levemente esparsos, sobre solos arenosos profundos. Quanto a a espécie pubérulos ou glabrescentes, basalmente marcados seu status de conservação, é considerada

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 325 Mitracarpus do Brasil 22.VI.2002, fl. e fr., E.B. Souza 708 (HUVA, HUEFS). S. vulnerável [VU A3c]. A área de ocorrência desta loc., Serra de Baturité, Sítio B. Inácio de Azevedo, V. 1938, espécie vem sendo fragmentada progressivamente fl., J. Eugênio 1120 (RB). DISTRITO FEDERAL: Brasília imobiliários, turísticos e/ou pelos empreendimentos Campus da UnB, 15°45'S, 47°52'W, 5.V.1981, fl., F.C. de suas atividades industriais. Nenhuma populações Silva et al. 428 (IBGE, UB). Planaltina, CP AC, 15°37' S, está localizada em unidade de conservação. 47°42' W, 15.rV.2005, fl., E.B. Souza et al. 1189, 1190 (HUEFS). GOIÁS: Cristalina, 7.IIL 1966, fl. e fr., H.S. Invin 3. Mitracarpus baturitensis Sucre. Rodriguesia etai. 13753 (MBM). Pirenópolis, 15°49'00"S,48°53'00"W, 26(38): 255.1971. Tipo: BRASIL. CEARÁ: fl. e fr.. A. 24.IV. 1994, fl., S. Splett 202 (UB). MATO GROSSO: Nova Lofgren 898 (holótipo RB!).Fig. 1 n-v Xavantina 14°49-46"S,52°17'49"W, 17.rV.20O5,fl.,EB. al. 1226 Santo Antônio do Leverger, Erva ereta (13-)35-70 cm alt. Caules Souza et (HUEFS). 56°05'24"W, 24.IV.2005, fl. e fr., E.B. Souza et tetrágonos a subtetrágonos, com ramos opostos, 15°43'52"S, al. 1319, 1321, 1323 (HUEFS). PARAÍBA: Esperança, ou levemente sob a bainha estipular, glabros pilosos 14.IX.1958, fl. e fr., J.C. Moraes 1900 (JPB, U). Pocinhos, margens, vilosos nas ou densamente híspidos nas 19.V. 1988, fl. e fr., LP. FélLx & M.F. Silva 1096 (JPB, K). faces. Bainha estipular 1-2 mm compr., branco- PERNAMBUCO. Buíque, Sena do Catimbau, 08°37'S, pilosa, com 5-7 setas, 1-1.5 compr., esparsamente 37°10-W, 16.IX.1994, fl. e fr., M.F. Sales et al. 370 (K). ciliadas. Folhas opostas, sem braquiblastos nas Petrolandia,IV.1954.fl.efr.,7. Vidal829, 886(R).PIAUÍ.- axilas, sésseis; lâminas 9-45 x 2-10 mm, estreito- Campo Maior, 15.IV.1992, fl. e fr., M.S. Bona 63 (EAC). elípticas, agudas no ápice, agudas na base, Mitracarpus baturitensis caracteriza-se pelos herbáceas, com margens revolutas, ciliadas; face caules de ramificação oposta, pela corola glabra e sementes com depressão superior glabra ou escabra, ou glabra sobre a externamente pelas dorsal. Muitos exemplares de herbário superfície e pubescente sobre as nervuras; face cruciforme erroneamente identificados como M. scabrellus inferior glabra, com nervura principal proeminente, foram devido aos nervuras secundárias 2-3 pares, (= M. salzmannianus), provavelmente pubescente; folhas estreito-elípticas e inconspícuas. Ramos florais com l-3(-5) caracteres florais e pela Contudo, estas entidades são distintas: glomérulos axilares e terminais; glomérulos 5-7 mm escabras. folhas opostas (vs. folhas diâm.. subtendidos por 2-4 bràcteas foliáceas. M. baturitensis possui em M. salzmannianus) e Flores subsésseis, pedicelos ca. 0,5-1 mm compr. pseudoverticiladas depressão cruciforme dorsal e Hipanto ca. 0,5 mm compr.. obovado, glabro. Cálice sementes com forma de "X" sementes sem com de lobos desiguais, os maiores 1-1.2 mm encaixe ventral em (vs. pares dorsal e encaixe ventral em compr.. ovados ou lanceolados, com uma nervura depressão cruciforme "Y-invertido"). Mitracarpus baturitensis central densamente ciliados, os menores 0,6- forma de parda, sendo referido o Distrito 0.8 mm compr.. lanceolados. ciliados. Corola 2-3 mm é restrito ao Brasil, para os estados do Piauí, Ceará, Paraíba, compr., hipocateriforme; tubo de 1,2-2 mm compr., Federal e para Goiás e Mato Grosso. É uma externamente, com anel de tricomas Pernambuco, Bahia, glabro encontrada entre 40 e 1.000 m de moniliformes na metade interna: lobos ca. 0,6- espécie heliófita, sobre solos rochosos, 0,8 mm compr., ovados. Estames sésseis; antéras ca. altitude, preferencialmente ou sobre inselbergs e afloramentos 0,6 x 0.3 mm compr.. oblongas, subinclusas. Estilete lateríticos, Bioma Caatinga e no Cerrado. 1,8-2.5 mm compr.; ramos estigmáticos ca. 0,5 mm rochosos no Quanto a seu status de conservação, a espécie é compr. Cápsulas globosas, 1-1,5 mm compr.. 0,3-0,5 mm considerada como não ameaçada [NE]. glabras ou pilosas no ápice, pedúnculo compr. Sementes ca. 0,6-1 x0,5 mm, oblongóides brasiliensis M.L. Porto & Waechter, ou castanhas; face dorsal com depressão 4. Mitracarpus globosas. 12:90.1977. Tipo: BRASIL. cruciforme impressa, exotesta fovéolo-reticulada: Rnastr.RioGrandedoSul. "X DO SUL: São Francisco de Paula, face ventral com encaixe em forma de . RIO GRANDE Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Caitité, 14°07S, 4.V. 1975, fl. e fr., J.L Waechter56 (holótipo ICN!). 42°30-W. 13.IV.1980. fl. e fr. R.M. Harley et ai. 21325 Fig.2 a-g (CEPEC. K). Itaberaba, Morro Itibiraba. I2°30"04"S, Erva ereta ou ascendente. 30-45 cm alt. Caules 4O°04-59"W, 23.X.2O05, fl. e fr., E. Melo et aL4139 tetrágonos, alados, pubescentes nas margens. 09°39'12"S, (HUEFS). Paulo Afonso. Raso da Catarina Bainha estipular ca. 2 mm compr., glabra ou com Miranda etai. 811 38°32' 14"W, 10.VIIL2005. fl. e fr., E.B. esparsa, com 7-9 setas, 1,5-2 mm. Serrote Serra D'água pubescência (HUEFS). CEARÁ: Quixeramobim, Folhas opostas, sem braquiblastos nas axilas, sésseis; -?7 VIII 199-» fl efr.,£fi.5í«OJ.í.«.(EAC20138).Sobral, lâminas 20-38 x 5-12 mm, estreito-elípticas, agudas ,Se-mid<.Rt^o.S.üoSàc1Migucl.03<'4r55"S,4(r30-6r-W,

Rodrigues* 61(2): 319-352. 2010 326 Souza. EB.. Cabral. E.L & Zappi. D.C no ápice, cuneadas ou atenuadas na base, herbáceas, herbáceo de 30-45 cm altura (vs. subarbustivo com pubérulas ou glabras na face superior, esparsamente 70-200 cm altura em M. robustus), glomérulo pubérulas sobre a face inferior, ou com ambas terminal subtendido por 4 brácteas (vs. glomérulo superfícies glabras, pubérulas apenas ao longo das terminal subtendido por 2 brácteas), lobos menores nervuras, margens ciliadas; nervuras secundárias do cálice filiformes (vs. lobos menores do cálice 3-5 pares, com vascularização conspícua na face estreitamente triangulares) e tubo da corola menor inferior. Ramos florais com 2-A glomérulos axilares do que os maiores lobos do cálice (vs. tubo da corola e terminais; glomérulos 7-13 mm diâm., densifloros. superando os maiores lobos do cálice). Espécie com mais largos que compridos, os axilares subtendidos distribuição nas Regiões Sudeste e Sul do Brasil e por 2 brácteas foliáceas, os terminais subtendidos noroeste da Argentina (Misiones). No Brasil, sua por 4 brácteas em pares desiguais. Flores subsésseis, distribuição se estende do sudeste de Minas Gerais pedicelos ca. 0,6—1 mm compr. Hipanto obcônico, ao Rio Grande do Sul. Ocorre em campos degradados glabro. Cálice com pares de lobos fortemente desiguais, e beira de caminhos, com floração no verão e no os maiores 2-2,5 mm compr., triangulares, carenados. outono. Quanto a seu status de conservação, a pubescentes nas margens, os menores 0,5-1 mm espécie é considerada não ameaçada [NE]. compr., reduzidos a filamentos sub-hialinos, glabros. Corola 1,2-1,8 mm compr., hipocrateriforme; tubo 5. Mitracarpus buiquensis E.B. Souza & Zappi, sp. nov. Tipo: 0,8-1,2 mm compr., glabro externamente, com ralo BRASIL. PERNAMBUCO. Buíque. anel de tricomas na metade inferior interna; lobos Chapada de São José, Faz. Laranjeiras, 08°37'S, 0,5-0,8 mm compr., ovado-triangulares, finamente 37°10,W,790m,5.V.1995,fl.efr.,A.LaMrêwYm«/. papilosos externamente. Estames sésseis, inseridos 33 (holótipo PEUFR!; isótipo K!).Fig. 2 h-o na fauce da corola; anteras 0,4-0,6 x ca. 0,2 mm. Haec species Mitracarpus salzmannianus subelípticas, subinclusas. Estilete 1,2-2 mm compr., similis, a qua 1-3 glomerulis per ramum florulem filiforme. Cápsulas 1.6-2 x 1-1,6 mm, globosas, glabras; (nee 1-8), corolla 5-6 mm longa (vs. 3-5,2 mm longa), "X" pedúnculo 1-1,2 mm compr. Sementes 0.6-1 x0,6- seminibus ventre formae litterae 0,8 mm, oblongóides, castanhas a castanho-claras; sulcatis dorsal iter cum depressioni cruciformi (vs. face dorsal sem depressões, exotesta fovéolo- seminibus ventre formae littterae Ypsilontis "X". reticulada; face ventral com encaixe em forma de inversae sulcati et dorsaliter non sulcatis) differt. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Delfim Erva 10-20 cm alt., ereta ou ascendente. Caules Moreira, São Francisco dos Campos, 9.VI. 1950, fl. e fr., com ramos dispostos radialmente. formando touceiras. M. Kuhlmann 2491 (SP, HUEFS). PARANÁ: Curitiba. tetrágonos, marginados. híspidos sobre as margens, Parque Iguaçu, 15.XII. 1987, fl. e fr., J.M. Silva443 (MBM). principalmente na base das folhas e região estipular, Capão da Imbuía, 4.III. 1965, fl. e fr., L.T. Dombrowski denso-vilosos nas faces. Bainha estipular 1-2 mm & Y.S. Kuniyos 1573 (MBM). RIO GRANDE DO SUL: compr., hispida com 5-9 setas. 2-1 mm compr.. lineares, Farroupilha 7.II. 1950 fl. e fr.. B. Rambo s.n. (PACA 45724). Folhas de SANTA CATARINA: Campo Belo do Sul. 14.1.1988. glabras. pseudoverticiladas pela presença braquiblastos nas axilas, sésseis; lâminas 10-23 x fl. e fr., A. Krapovickas & CL Cristóbal 41994 (SPF, K). 3- Material adicional examinado: ARGENTINA. 10 mm, estrcito-elípücas ou elípticas, agudo-apiculadas MISIONES: Dept. Guarani. 26°54S. 54° 18'W, 3.XI. 1999, no ápice, atenuadas na base, cartáceas, estrigosas na fl., S.G. Tressens et ai. 6500 (CTES). face superior, híspidas na face inferior, principalmente Mitracarpus brasiliensis assemelha-se a M. ao longo das nervuras. escabras nas margens; nervuras hirtus, da qual se distingue pelo caule alado, pelos secundárias geralmente em 3 pares. Ramos florais lobos menores do cálice filiformes, muito reduzidos, geralmente com 1-2 glomérulos, raramente com inconspícuos, pelo hipanto glabro e por ser uma glomérulo terminal seguido por 2 glomérulos axilares; planta menos pubescente nas folhas e nas flores glomérulos 10-15 mm diâm., o terminal mais (Porto et ai 1977). Os caules geralmente alados na desenvolvido, globoso, subtendido por 4 brácicas base. a forma das folhas e a ausência de braquiblastos foliáceas, os axilares menores, subtendidos por 2 nas axilas foliares relacionam esta espécie a M. brácteas foliáceas. Flores subsésseis. pedicelos 1- robustus. A análise dos caracteres da exotesta das 1.5 mm compr. Hipanto obcônico. pubérulo na porção sementes também ajuda a suportar esta afinidade, superior. Cálice com pares de lobos desiguais, os pois ambas as espécies compartilham o mesmo tipo maiores 3-3.5 mm. linear-lanceolados. acuminados. de escultura. Entretanto, M. brasiliensis se ciliados, os menores 1,8-2 mm compr., estrcitanienie diferencia de M. robustus por apresentar porte triangulares, hialinos. acuminados. Corola 5-6 mm

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Figura 2 - a-g. Mitracarpus brasiliensis - a. ramo floral; b. folha; c. flor; d. corola aberta; e. cápsula jovem; f. semente, - face dorsal; g. semente, face ventral. h-o. M. buiquensis h. hábito; i. bainha estipular; j. folha; k. flor; 1. corola aberta; m. cápsula imatura; n. semente, face dorsal; o. semente, face ventral. p-t. M. diversifolius - p. ramo; q. bainha estipular; r. flor; s. corola aberta; t. estilete, (a Krapovickas & Cristóbal 41994; b-g Rambo s.n. PACA 45724; h-o Laurénio et al. 33; p-t Thomas & Sant Ana 12485). Figure 2 - a-g. Mitracarpus brasiliensis - a. flowering branch; b. leaf; c. flower; d. open corolla; e. young fruit; f. seed, dorsal view; - g. seed. ventral view. h-o. M. buiquensis h. habit; i. stipular sheath; j. leaf; k. flower; 1. open corolla; m. young fruit; n. seed, dorsal - view; o. seed. \eniral view. p-t hí. diversifolius p. branch; q. stipular sheath; r. (lower; s. open corolla; t. style. (a Krapovickas & ( riMohal 41994; b-g Ramho s.n. PACA 45724; h-o Laurénio et al. 33; p-t Thomas A Sant Ana 12485).

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 328 Souza. EB.. Cabral. EL & Zappi. D.C.

compr.. (sub-)infundibuliforme: tubo4-5 mm compr.. compr.. ciliadas. Folhas opostas sem braquiblastos externamente papiloso nos 2/3 superiores, com anel nas axilas, pseudopecioladas. em pares desiguais, de tricomas moniliformes no terço inferior interno; com as folhas maiores e menores alternadas ao longo lobos 1 mm compr., ovados, agudo-apiculados, dos ramos, as maiores 2,5-4 x 1,2-2,6 cm, lanceoladas. finamente papilados. com papilas maiores sobre o as menores 1.2-2,1 cm, ovadas, agudas no ápice, ápice. Estames subsésseis, inseridos na fauce da cuneadas ou levemente oblíquas na base. cartáceas. corola, filetes ca. 0.5 mm compr., anteras 1 x ca. 0,3 escabras nas margens, face superior esparsamente mm. lineares, subinclusas. Estilete 4,5-5 mm compr.. escabra. face inferior glabra; nervuras secundárias filiforme: ramos estigmáticos ca, 0,5 mm compr. 2-4 pares. Ramos florais com 2-15 fascículos Cápsulas 1 x 0.8-1 mm, obcônicas; pedúnculo 2-3 axilares; fascículos 3-7 mm diâm., unilaterais, mm compr.. levemente pubérulas na porção superior. paucifloros. subtendidos por 2 brácteas foliáceas. Sementes 0,8-1 x 0,5-0.6 mm. obovóides. castanhas: Flores sésseis. Hipanto obcônico, glabro. Cálice com face dorsal com depressão cruciforme fortemente pares de lobos desiguais, paleáceos. os maiores 2,2- impressa, exotesta suavemente papilada: face ventral 2.5 mm compr.. lanceolados. acuminados, ciliados, com depressão em forma de "X". os menores 1-1,2 mm compr., estreito-triangulares. Mitracarpus buiquensis é distinguível pela acuminados, ciliados. Corola 4-5 mm compr.. corola (sub)infundibuliforme, densamente puberula hipocratcrifoime; tubo 3-4 mm compr.. glabro externamente, e sementes com exotesta suavemente externamente, com anel de tricomas moniliformes papilada. Esta espécie tem afinidade com M. no terço inferior interno; lobos 1 mm compr., ovados, salzmannianus. da qual se diferencia por apresentar glabros em ambas as faces ou esparsamente corola 5-6 mm compr., puberula externamente (vs. papilados no ápice. Estames subsésseis, inseridos corola 3-5,2 mm compr., pubérulo-papilosa na na fauce da corola; anteras ca. 0,8-1 x 0,2-0,4, metade superior) e sementes com depressão oblongas, subinclusas. Estilete 4-5 mm compr.: "X" cruciforme dorsal e encaixe ventral em forma de (rs. filiforme; ramos estigmáticos ca. 1 mm compr. sementes sem depressão cruciforme dorsal e encaixe Cápsulas e sementes não observadas. "Y-invertido"). ventral em forma de Mitracarpus Mitracarpus diversifolius distingue-se de buiquensis é conhecido somente para a Chapada de todas as outras espécies do gênero pelo seu hábito São José, em Buíque, Pernambuco. Ocorre em caatinga reptante e radicante nos nós. folhas dimórficas aos arbustiva densa sobre solos arenosos profundos. pares, e inflorescéncias unilaterais, paucifloras. A região de ocorrência desta espécie apresenta um Mitracarpus diversifolius é uma espécie somente alto número táxons endêmicos, tendo sido conhecida para o município de Boa Nova, Bahia. considerada uma das 27 áreas de extrema Habita áreas úmidas no chão da floresta de cipó. importância biológica para conservação dentro do Ao contrário da maioria das espécies de Bioma Caatinga (Velloso et al. 2002). Quanto a seu Mitracarpus, geralmente heliófitas, esta é uma status de conservação, a espécie é considerada esciófita com preferência por solos úmidos. ameaçada [ EN) por apresentar populações esparsas, Provavelmente endêmica da Mata de Cipó do sul com poucos indivíduos, em área muito restrita. da Bahia. Quanto a seu status de conservação, a espécie é considerada criticamente ameaçada [CR 6. Mitracarpus diversifolius E.B. Souza & E.L. Cabral, B2ab (iii. v)], especialmente pelo desmatamento e sp. nov. Tipo: BRASIL. BAHIA: Boa Nova Fazenda atividades agropecuárias locais. Cotermaia. entrance 1,2 km E of Boa Nova on road to Dario Meira, 14°22.419'S,40°1 l.305'W,8IOm alt.. 7. Mitracarpus eichleri K. Schum. in Martius. Eichler 18.V.2001, fl., IV. W. Thomas & S. SantAna 12485 & Urban. Fl. Bras. 6(6): 86. 1888. Tipo: BRASIL. (holótipoCEPEC!; isotipo NY, SP!).Fig. 2 p-t BAHIA: s.d../ Blanchet 9ó7(holótipo Bt; lectotipo Ab omnibus speciebus generis hahitu G!, aqui designado; isolectótipo BM!). Fig. 3 a-h prostrata radicanti. foliis dimorphis in paribus Erva prostrada ou decumbente, com raízes dispositis, et inflorescentiis unilaleralihus fibrosas. Caules 35-65 mm compr.. radiados, paucifloris differt. tetrágonos. glabros ou esparsamente pilosos. Bainha Erva reptante, radicante nos nós. Caules 15- estipular 1 mm compr.. esparsamente pubescente 50 cm compr., tetrágonos, com ângulos alados, na margem, com 3(-4) setas (1 -)2.5-3 mm compr.. densamente pubescentes ao longo das margens. Bainha glabras. Folhas opostas, sem braquiblastos nas axilas, estipular 3-5 mm compr.. glabra com 6-7 setas. 2-5 mm pseudopecioladas; lâminas 8-12 x 4-6 mm. ovadas

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Figura 3 - a-h. Mitracarpus eichleri - a. hábito; b. bainha estipular; c. folha; d. flor; e. corola aberta; f. cápsula imatura; g. semente, face ventral; h. semente, face dorsal, i-n. M. eitenii-i. hábito; j. flor; k. corola aberta; 1. cápsula aberta, m-n. sementes; m. face dorsal; n. face ventral. (a-h Noblick 1703; i-n Eiten & Eiten 4438). Figure 3 - a-h. Mitracarpus eichleri - a. habit: b. stipular sheath; c. leaf: d. flower: e. open corolla; f. young fruit: g. seed. ventral view; h. seed. dorsal view. i-n. M. eitenii - i. habit; j. flower; k. open corolla; I. open fruit: m-n. seeds: m. dorsal view; n. ventral view. (a- h Noblick 1703; i-n Eiten & Eiten 4438).

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 330 Souza. EB.. Cabral. EL & Zappi, D.C. a largo ovadas, agudas no ápice, atenuadas na base, espécie é considerada vulnerável [ VU A3c]. Devido semisuculentas, glabras em ambas as faces ou à crescente ocupação do litoral, impulsionada pela escabras na face superior, esparsamente escabras na especulação imobiliária, os habitats ocupados por face inferior, margens espessadas, glabras; nervuras esta espécie têm desaparecido ou sido alterados. secundárias 3—5 pares, levemente perceptíveis na face superior ou inconspícuas, nervura principal impressa na face superior e na face inferior. Ramos 8. Mitracarpus eitenii E.B. Souza & E.L.Cabral, sp. proeminente "Ilha florais geralmente com glomérulos solitários, ou com nov. Tipo: BRASIL. MARANHÃO: Loreto, de terminal seguido 1-3 Balsas région, between the Rios Balsas and Parnaíba. glomérulo por glomérulos "Morros", axilares; glomérulos 5-10 mm diâm., subtendidos por Fazenda Chapada Alta", ca. 35 km S of 2-A brácteas foliáceas. Flores subsésseis; pedicelos Loreto, along trail to Santa Bárbara, 7°24'S, 45°4'W, ca. 1 mm compr. Hipanto obcônico, glabro. Cálice com 350- 400 m, 29.1 V. 1962, fi. e fr., G. Eiten <. Eiten pares de lobos desiguais, os maiores 1,5-2 mm 4433(holótipo UB!; isótipo SP!, K!).Fig.3i-n compr., lanceolados, glabros ou com raros dentículos Haec species Mitracarpus longicalyx similis. esparsos nas margens, carenados, agudo-sctulosos, sed corollae lobis intus puberulis (versus glabris ou oblongos com o ápice portando dentículos in M. longicalyx) et seminibus sine depressionibiis laterais, os menores 1-1,5 mm compr., estreito- semicircularibus dorsalibus differt. triangulares, glabros, hialinos. Corola 3-5 mm compr.. Erva ou subarbusto (7-) 15-50 cm alt., ereto. hipocrateriforme; tubo 2-4 mm compr., pubérulo na Caules tetrágonos. densamente híspido-vilosos, metade superior externa, com anel de tricomas com tricomas longos, híspidos, ao longo das margens, moniliformes na região mediana interna; lobos 1 -1.5 tricomas curtos, adpressos, nas faces. Bainha estipular mm compr., oblongos. Estames subsésseis. inseridos 1,5-2 mm compr., glabra, pubescente somente na fauce da corola; anteras ca. 0,8 x 0.4 mm compr., na área de inserção das setas, com 5-7 setas, 1,5- oblongas, subinclusas. Estilete 3—4,5 mm compr.. 2 mm compr., glabras. Folhas opostas, sem filiforme; ramos estigmáticos ca. 0,5 mm compr. braquiblastos nas axilas, sésseis; lâminas 15—45 x Cápsulas ca. 1,8 x 1 mm, obovóides, glabras, 5-17 mm, (estreito-) elípticas, agudas ou acuminado- pedunculo 0,8-1 mm compr. Sementes ca. 0,7-0,8 x mucronadas no ápice, atenuadas na base, cartáceas, 0,5 mm, oblongóides ou obovóides, castanhas; face densamente ciliadas nas margens, levemente dorsal sem depressões, exotesta fovéolo-reticulada; revolutas, face superior estrigosa face inferior glabra "Y-invertido". face ventral com encaixe em forma sobre a superfície, híspida ao longo das nervuras; amplamente coberto por excrescência granular. nervuras secundárias 4—5 pares, levemente impressas Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Salvador. na face superior, proeminentes na fase inferior. Itapuã. 12°56,S, 38°21' W. 2.III. 1980. fl. e fr.. LR. Noblick Ramos florais com (1—)2—4 glomérulos terminais e et al. 1703 (ALCB). Mata de São João. 9.VI. 1996, fl. e fr., axilares; glomérulos (7-) 13—20 mm diâm., mais largos ESPÍRITO SANTO: Conceição da R. Soeiro 15 (HBR). do que compridos, subtendidos por 2-8 brácteas Barra, Ilha de Gurupi, 1 .XI. 1999, fl. e fr., M. Canal et al. foliáceas; glomérulo terminal geralmente mais 216 (K). RIO DE JANEIRO: Marambaia, 21.1.1917. fl.. desenvolvido do os axilares. Flores subsésseis. A. Uitz 1175 (R). RIO GRANDE DO NORTE: Natal, que Parque das Dunas, 25.VIII.1980, fl. e fr., PPD35. 39 (R). pedicelos ca. 0,5 mm compr. Hipanto obcônico, Mitracarpus eichleri é uma espécies relacionada glabro. Cálice com pares de lobos desiguais, os mm compr., lanceolados, os com M. salzmannianus, com a qual compartilha 0 maiores 3-4 ciliados, mesmo tipo de encaixe ventral das sementes ("Y- menores 1-2 mm compr., estreito-triangulares, 4-7 mm compr.. invertido") e o mesmo padrão de ornamentação da ciliados. Corola hipocrateriforme; exotesta (com células poligonais e paredes anticlinais tubo 3-5 mm compr., pubérulo no terço superior onduladas ou retas). Considerando que o holótipo externo, com anel de tricomas moniliformes no terço foi destruído em Berlim, o isótipo do mesmo, inferior interno; lobos 1-2 mm compr., ovados, depositado no Jardim Botânico de Genebra (G), foi densamente pubérulos na face interna. Estames escolhido como lectótipo (CINB, Art. 9.10). A espécie sésseis, inseridos na fauce da corola; anteras 0,8- é restrita ao litoral do Brasil, nos estados do Rio 1 x ca. 0.3 mm compr., subelípticas. subinclusas. Grande do Norte, Bahia, Espírito Santo e Rio de Estilete 5-6 mm compr.. filiforme; ramos estigmáticos Janeiro. É uma heliófita, característica da vegetação ca 1 mm compr. Cápsulas 1,8-2 xca 1 mm, obcônicas; ca. 1 mm compr. Sementes x pioneira nas restingas e dunas, sobre solos arenosos pedunculo ca. 0,8 0,6 m. castanho-claras; face sem profundos. Quanto a seu status de conservação, a obovóides. dorsal

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 331 depressão cruciforme, exotesta lisa, finamente alva; tubo 1-1,2 mm compr., glabro externamente, "X". reticulada; face ventral com encaixe em forma de com anel de tricomas moniliformes no terço inferior Material examinado: BRASIL. MARANHÃO: Loreto, interno; lobos 0,8-1 mm compr., ovados, pubérulos "Ilha de Balsas" région, between the Rios Balsas and no ápice, papilosos na face interna. Estames Parnaíba. about 35 km South of Loreto, 07°23'S, subsésseis; anteras 0,5-0,7 x ca. 0,3 mm compr.. 45°04'W, 20.VI. 1962. fl.. G. Eiten <. Eiten 4340 (UB). oblongas, subinclusas. Estilete 2-2,5 mm compr., Mitracarpus eitenii apresenta glomerulo ramos estigmáticos inconspícuos. Cápsulas ca. 1 x do os terminal geralmente mais desenvolvido que 1.2 mm, globosas, pubérulas no ápice. Sementes densamente axilares e os lobos da corola são 0,5-0,6 x ca. 0,5 mm, globosas, castanhas a pubérulos na face interna. Alguns exemplares de castanho-escuras; face dorsal sem depressões, herbário são morfologicamente similares aos de M. exotesta fovéolo-reticulada; face ventral com "X". longicalyx. Contudo, esta última espécie tem corola encaixe em forma de com lobos internamente glabros e sementes com Material examinado: BRASIL. GOIÁS: Faina, Serra de depressões semicirculares dorsais. Mitracarpus Santa Rita Dto. Jeroaquara, 26.11.1972, fl., J.A. Rizzo 7700 eitenii é conhecida para a região do vale do Rio (HUFG, HUVA). MATO GROSSO: Cuiabá Chapada dos das Balsas, no município de Loreto, Maranhão. Guimarães, 15°2849"S. 56°03'31"W, 2O.IV.20O5, fl. e etal. 1263,1264, 1265 Barra Habita áreas abertas, no topo de platôs, crescendo fr., E.B. Souza (HUEFS). isoladamente entre rochas, sobre solos marrons, do Garças. 6.V. 1975, fl. e fr., W.R. Anderson 9866 (W). siltosos. Esta espécie tem sua área de distribuição Mitracarpus eritrichoides está relacionada com no bioma Cerrado. O epíteto é uma homenagem ao M. pamilus. da qual se distingue pela corola 2-2,4 mm mm compr.) e folhas de margens Dr. George Eiten, referência mundial em pesquisas compr. (vs. 1-1,2 pelas margens sem espessamentos). Ocorre sobre o Cerrado, professor aposentado da Universidade espessadas (vs. Goiás e Mato Grosso, com de Brasília. Não há dados suficientes | DD) para avaliar nos estados de poucos Mitracarpus eritrichoides a categoria de conservação desta espécie, pois é registros em herbário. é uma conhecida apenas de duas coletas feitas nos anos 1960. erva heliófita que ocorre em áreas de campo cerrado sobre solos de textura arenosa com concreções 9. Mitracarpus eritrichoides Standl.. Publ. Field lateríticas. Quanto a seu status de conservação, a Mas. Nat. Hist.. Bot. Ser. 11:223.1936. Tipo: BRASIL. espécie é considerada vulnerável [VU D2], sendo MATO GROSSO: Diamantino, nascentes do Rio encontrada em poucas localidades, formando Paraguai, XII. 1844. fl. e fr., H.A. Weddell 3090 populações muito restritas, e estando sujeita aos efeitos (holótipo P!).Fig. 4 a-h das atividades agropecuárias em seu habitat natural. Erva de pequeno porte, p.ostrada ou decumbente. Caules 2.5-7 cm compr.. cilíndricos a 10. Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) subquadrangulares. flexuosos, delgados, densamente K. Schum.. Fl. Bras. 6(6): 81.1888. Spermacocefrigida híspidos, com tricomas longos intercalados com Willd. ex Roem. & Schult., Syst. Veg. 3:531.1818. tricomas menores, vilosos. Bainha estipular 0.5-1 mm Tipo: VENEZUELA. Silla de Cavacas, A. Humboldt s.n. B-Willd 2623. compr.. com (2-)3-5 setas 1 mm compr.. glabras. & MA. Bonpland (holótipo foto!). Folhas opostas sem braquiblastos nas axilas, Fig. 4 i-q sésseis: lâminas 4-13 x 1-3 mm. (estreito- )elípticas, Mitracarpus humboldtianus Cham. & Schltdl.. agudo-mucronadas no ápice, obtusas a agudas na Linnaea 3: 58. 1828. Tipo: VENEZUELA. Silla de base. cartáceas. com margens espessadas, ciliadas Cavacas, A. Humboldt & M.A. Bonpland s.n. B-Willd 2623, foto!, aqui designado); na metade superior, face superior glabra a pubescente. (lectótipo com tricomas longos, hialinos. face inferior pubescente BRASIL. RIO DE JANEIRO: F. Sellow s.n. (síntipo Bt), nom. illeg M. ao longo da nervura principal: nervuras secundárias para frigidus. Mitracarpus Standl., Lloydia 2:215. inconspícuas. Ramos florais geralmente com um fruticosus 1939. Mitracarpus vai. (Standl.) glomerulo terminal, raramente com glomerulo frigidus fruticosus Mem. New York Bot. Gard. 23:781.1972. subterminal. 3-7 mm diâm.. globosos. subtendidos Steyerm., Tipo: GUIANA. A.C. Smith 3642 (holótipo F; isótipo por 2-4 brácteas foliáceas. Hipanto obovóide. MO,U!.W!). pubérulo no ápice. Flores subsésseis. Cálice com pares de lobos desiguais; os maiores 1.5-2 mm compr.. Mitracarpus frigidus var. andinas Steyerm., lanceolados. carenados, ciliados nas margens; os Mem. New York Bot. Gard. 23: 779. 1972. Tipo: menores 1-1.2 mm compr.. estreito-triangulares, VENEZUELA. Distrito Federal, O. Kuntze 1643 hialinos. Corola 2-2.4 mm compr.; hipocrateriforme. (holótipo NY).

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 332 Souza. E.B.. Cabral. E.L. & Zappi. D.C.

Mitracarpus frigidus var. orinocensis Material selecionado: BRASIL. AMAZONAS: Pico Steyerm., Mem. New York Bot. Gard. 23:780.1972. Rondon, 01°32'N, 62°48'W, 3.II.1984, fl. e fr.,/ Pipolyet Tipo: VENEZUELA. Amazonas, J.J. Wurdack & LS. al. 6611 (K). BAHIA: Abaíra, 13°19'S, 41°54-W, 20.XI.1993, fr., W. Ganev 2528 K). da Andderley 42698 (holótipo NY, foto!; isótipo VEN). (HUEFS, Serra Serrinha, 12o20,S,41o5rW,26.IV.1994,fl.efr., W. Ganev Mitracarpus var. Steyerm., frigidus peruvianus 3135 (HUEFS, K). ESPÍRITO SANTO: Itaguaçu, Alto Mem. New York Bot. Gard. 23:780.1972. Tipo: PERU. Limoeiro, 10.V.1946, fl. e fr., AC Brade et al. 18059 Amazonas, E.L. Evinger 513 (holótipo NY, foto!; (RB). PERNAMBUCO: Buíque, Parque Nacional de isótipo US, VEN). Catimbau, 22.IX.2004, fl. e fr., A.M. Miranda & M. Grillo Erva perene ou subarbusto 0,3-1 (-2) m alt.. ereto 4465 (HUEFS). PIAUÍ: São João do Piauí, 08°2r29"S, ou ascendente. Caules fortemente tetrágonos, alados, 42°1448"W, 14.IV.1994, fl. e fr., M.S. Bona & J.H. Carvalho 462 PARAÍBA: Serra Branca, glabros ou pubérulos nas faces, híspidos ou (CTES). sobre as alas, tricomas 07°30'29',S, 36°45'49"W, 21 .V.2O02, fl., M.F. Agra etal. pubescentes geralmente 5929 (HUEFS). MINAS GERAIS: Itabirito, Serra do retrorsos, mais densos na região estipular. Bainha Itabirito, 8.II.1968, fl. e fr., H.S. Irnin et al. 19600 (K). estipular 2-3 mm compr., coriácea glabra ou pubérula RIO DE JANEIRO: Porciúncula, Pedra da Elefantina, fl., com 4—8(—12) setas, 2-7Í-12) mm compr., estreito- J.P.P. Carauta el al. 4518 (UB). RORAIMA: Serra da triangulares, acuminadas, glabras, geralmente com Lua, 02°25-29'N, 60°11-14'W, 24.1.1969, fl., G.T. Prance coléter apical. Folhas pseudoverticiladas pela etal. 9431 (K). SANTA CATARINA: Mafra, 7-9 km W presença de braquiblastos nas axilas, sésseis; lâminas of Tinguí on the road to Mafra, 2.H.1957, fl. e fr., LB. 11-9 x (2-)5-20 mm, lanceoladas ou linear- Smith & R.M. Klein 10609 (R). lanceoladas, raramente lineares, agudo-mucronadas Material adicional examinado: VENEZUELA. Los Flores, Sierra de El Ávila, 15.XII.1938, fl. e fr., A.H.G. no ápice, atenuadas ou cuneadas base, cartáceas, face Alston 5537 (U). superior escabra, estrigosa ou glabra, face inferior Mitracarpus frigidus é similar a M. robustus; escabra até sobre a superfície laminar, glabras glabra contudo, a primeira espécie é distinguível ou sobre as nervuras, margens ciliadas, pilosas principalmente por apresentar folhas escabras ou raramente nervuras secundárias glabras; pseudoverticiladas (vs. opostas), inflorescências 2-3 ou inconspícuas. Ramos florais pares, geralmente com 1-3 glomérulos por ramo floral (vs. 2-14), com um terminal, ou seguido 1-2 glomérulo por glomérulo terminal subtendido por quatro brácteas glomérulos axilares, (10—)12—19(—25) mm diâm., (vs. duas) e sementes com depressão cruciforme subtendidos por 2-4 brácteas foliáceas, reflexas. dorsal (vs. sementes sem depressões dorsais). O Flores subsésseis, pedicelo inconspícuo. Hipanto exame dos espécimes e/ou fotos dos tipos das obcônico, ou no ápice. Cálice com glabro pubérulo diversas variedades publicadas sob M. frigidus de lobos desiguais, os maiores 3-5 mm compr., pares indicam um gradiente de variação morfológica que (linear-) lanceolados, longamente acuminados, expressa os aspectos adaptativos das populações ciliados nas margeas, os menores (1,2-)2-3 mm compr., ao longo da ampla faixa de distribuição desta estreito-triangulares, hialinos, longamente espécie. Os caracteres florais e aqueles relativos acuminados, ciliados nas margens. Corola (3,5-)5-9 a frutos e sementes são, contudo, coerentes com mm compr.. hipocraterifonrie; tubo mm compr., (3-4-7 o conceito de M. frigidus. Vale salientar, que externamente, com anel de (pubérulo-) papiloso M. humboldtianus é um nome rejeitado para tricomas moniliformes no terço inferior interno; lobos M. frigidus, uma vez que fere o Art. 51.1 do CINB 1,5-2 mm compr., ovados, subobtusos até agudos, (vide comentários sob M. robustus). As coleções papilosos ou pubérulos externamente, esparsa ou Humboldt & Bonpland s.n. e Sellow s.n, indicadas densamente pubérulos internamente. Estames na publicação de Mitracarpus humboldtianus, são inseridos na fauce da corola; filetes 0,5-1 mm compr.; sintipos. Dentre elas, a coleção remanescente de anteras 1-1,5 x ca. 0,3 mm, lineares, subinclusas. Humboldt & Bonpland s.n. foi, então, escolhida Estilete (3-)6-9 mm compr., filiforme; ramos como lectotipo (CINB, Art. 9.10). Espécie com ampla estigmáticos 0,5-1 mm compr. Cápsulas 1,5-2 x ca. distribuição, ocorrendo na Colômbia, Venezuela, 0,5-1,5 mm, obcônicas. glabras ou pubérulas na parte Guiana Francesa e Brasil. No Brasil, ocorre desde o superior. Sementes 1-1,2 x ca. 0,8 mm, oblongóides estado de Roraima até o de Santa Catarina (Delprete ou globosas, castanhas a castanho-escuras; face et al. 2005), como espécie heliófita até esciófita, dorsal com depressão cruciforme profundamente encontrada de 150 m a 2.970 m altitude. Habita solos impressa, exotesta fovéolo-reticulada; face ventral arenosos, geralmente com preferência áreas "X". por com encaixe em forma de mais úmidas, sobre afloramentos rochosos e

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 333

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Figura 4 - a-h. Mitracarpus eritrichoides- a. hábito; b. bainha estipular; c. folha; d. flor; e. corola aberta; f. cápsula i-q. M.frigidus - i. ramo floral; bainha estipular; k. folha aberta; g. semente, face ventral; h. semente, face dorsal, j. imatura; semente, face dorsal; semente, face ventral. glabra. 1. folha pilosa; m. flor; n. corola aberta; o. cápsula p. q. r-y. M. Ihotzkyanus - r. hábito, s. bainha estipular, t. folha. u. flor; v. corola aberta; w. cápsula aberta; x. semente, face i Alston 5537; Ganev 2528; 1-q Ganev 3135;r Lobão et al. ventral; y. semente, face dorsal, (a-h Souza et al. 1265; j-k 6A; s Carauta 166; t Lhotzkv 13: u-w Ferreira 9; x-y Lhotzky 13). open corolla; f. open fruit; seed, ventral Figure 4 - a-h. Mitracarpus eritrichoides - a. habit; b. stipular sheath; c. leaf; d. flower; e. g. - leaf. I. leaf: m. flower; view; h. seed. dorsal view. i-q. M.frigidus i. flowering branch; j. stipular sheath; k. glabrous pubescent view; seed, ventral view. r-y. M. Ihotzkyanus - r. habit. s. stipular sheath. t. leaf. n. open corolla; o. young fruit; p. seed, dorsal q. view. et al. 1265; i Alston 553 7; u' flower; v. open corolla: w. open fruit. x. seed. ventral view; y. seed, dorsal (a-h Souza j-k Gane\- 13). 2528; 1-q Gana 3135; r Lobão et al. 6A; s Carauta 166; t Lhotzky 13; u-w Ferreira 9; x-y. Lhotzky

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 334 Souza. EB.. Cabral. EL. & Zappi. D.C. inselbergs. Ocorre também como planta ruderal em lanceolados, ciliados nas margens e ao longo da capoeiras, vegetação secundária e margens de nervura, os menores 1-1,2 mm compr., (estreito-) caminho. Quanto a seu status de conservação, a triangulares, ciliados. Corola (1,2-)2-3 mm compr.. espécie é considerada não ameaçada [NE]. hipocrateriforme; tubo 1,4-2 mm compr., pubérulo- papiloso ou esparsamente piloso na metade superior U.Mitracarpus Itirtus (L.) DC., Prodr. 4:572.1830. externa, com anel ralo de tricomas moniliformes na Spermacoce hirta L., Sp. PI. ed. 2. 148. 1762. Tipo: região mediana interna. Estames sesseis, inseridos na JAMAICA, s.d, s.c. (holótipo LINN. 125.4 foto!). fauce da corola: anteras ca. 0,4-0,5 x 0,2-0.3 mm. Mitracarpus scaberZucc. ex Schult. & Schult. subelípticas, subinclusas. Estilete 1,5-2,2 mm f., Mant. 3. 210, 399. 1827. Tipo: SENEGAL. 'In compr., filiforme; ramos estigmáticos ca. 0,3-0.5 mm sabulosis prope Forte Luis", J.G. Zuccarini s.n. compr. Cápsulas 2-2,3 x ca. 1 mm, turbinadas, (holótipo Bt; duplicatas não localizadas). pilo.as na metade superior; pedúnculo 1-1,2 mm Mitracarpus diffitsus (Willd. ex Roem. & Schult.) compr. Sementes 0,6-0,8 x 0,5-0,6 mm, oblongóides Cham. & Schltdl. Linnaea 3:363.1828. Spennacoce ou subelipsóides, face dorsal sem depressões, diffusa Willd. ex Roem. & Schult., Syst. Veg. 3:531. exotesta fovéolo-reticulada; face ventral com "X". 1818; H.B.K. Nov. Gen. & Sp. 3: 343. 1819. Tipo: encaixe em forma de "in Material selecionado: BRASIL. VENEZUELA, ripa fluminis Apure, provinciae ALAGOAS: 1838, fl. Varinensis". A. Humboldt & M.A. Bonpland s.n. e fr., G. Gardner 1334 (K). AMAZONAS: Juruá, Vila Bonfim, X.1900, fl. e fr, E. Ule 5129 BAHIA: B-Willd 2630, foto!), syn. nov. (K). (holóüpo Barreiras, 12o06,43"S,45°09,47"W, 13.IV.2005,fl.efr., Mitracarpus villosus (Sw.) DC, Prodr. 4:572. EB. Souza et ai. 1136. //ic?(HUEFS). CEARÁ: Quixadá, 1830. Spermacoce villosa Sw., Prodr. Veg. Ind. Occ. Faz. Não-me-Deixes, 15.IV.2000, fl., R.C. Costa s.n. 29: 1788. Tipo: JAMAICA. O. Swartz s.n. (BM!) (EAC 32009). DISTRITO FEDERAL: Faz. Água Limpa Mitracarpus senegalensis DC, Prodr. 4: 572. 10.IV. 1980, fl., HL César435 (EAC). ESPÍRITO SANTO: 1830. Tipo: SENEGAL. CH. Bacle, G.S. Perrottet & Itabapoana, 19.11.1976, (\..A. Glaziou 9920 (P). GOIÁS: F.M.R. Leprieurs.n. (G!). GUINÉ. P. Thonnigs.n. Caiapônia, 23 km E of Caiapônia on road to Montividéu, 4.II.1959, fl. e fr, H.S. Irwin et ai. (G!), nom. Illeg. para Staurospennum verticillatum. 2577 (R). MATO GROSSO: Mitracarpus verticillatus (Schumach. & Thonn.) Chapada dos Parecis, 14°09-43"S, 57°08' 11"W, 21 IV.2005, fl., E.B. Souza etal. 1292 MINAS Vatke, Linnaea 40: 196. 1986. Staurospennum (HUEFS). GERAIS: Joaquim Felício, 17°H'34"S, 44°11'56"W, verticillatum Schumach. & Thonn., Beskr. Guin. PI.: 30.111.2005, n. e fr., E.B. Souza et ai. 1057 (HUEFS). 73.1827. Tipo: GUINÉ. H.C.F. Schumacher s.n. (C). PARÁ: Monte Alegre, 29.X.1873, fl., J.W.H. Trail 437 Erva 15-50(-70) cm. alt., ereta, ascendente ou (K). PERNAMBUCO: Gravata, Serra das Russas, decumbente. Caules cilíndricos, subtetrágonos a 2.VIII.I996. fl. e fr., EB. Souza 132, 141 (PEUFR). RIO tetrágono-marginados, solitários ou com 1-7 DE JANEIRO: Petrópolis, road to Faz. Inglesa. 111.1951. ramificações laterais, às vezes apicalmente flexuosos, íl.. /. Roclia e Silva 67 (R). RIO GRANDE DO SUL: Santiago, 4.IV. 1975, fl., M.L Porto 1412 geralmente com manchas vináceo-púrpuras nos (ICN). SANTA Porto entrenós, híspido-vilosos nas margens, vilosos nas CATARINA: União, Pinheiral, 20.XII.1956, fl. e fr., LB. Smith & R. Reitz 8873 (R). SÀO PAULO: Itapeva. faces, ou densamente vilosos a Bainha glabrescentes. Itanguá. 1.1958. fl. e fr.. J. Vidal s.n. (R 147013). estipular 2-3 mm compr., glabra com 5—9(—11) setas, PARANÁ: Volta Grande. 4.II.1904, fl. e fr., Dusen s.n. 2-4 mm compr. Folhas opostas sem braquiblastos (R 24646). TOCANTINS: Arraias, rod. Arraias-Paranã. nas axilas, sesseis; lâminas (15-)2O-30(^0) x (2)4- 12.11.1994, fl. e fr., G. Hatschbach et ai. 60465 (MBM). 1CX—12) mm, (estreito-)elípticas, agudo-mucronadas Mitracarjms hirtus é reconhecível por apresentar no ápice, atenuadas ou cuneadas na base, cartáceas, folhas opostas, elipticas ou estreito-elípticas, de ciliadas na margem, denso-estrigosas, escabras a margens ciliadas, corola com tubo menor do que os glabrescentes na face superior, denso-híspidas ao maiores lobos do cálice, cápsulas pilosas no ápice c longo das nervuras, estrigosas a escabras até sementes sem depressões dorsais. Apresenta muitas glabrescentes na face inferior; nervuras secundárias variações fenotípicas no porte, na forma e no tamanho 3^4 pares. Ramos florais com (1—)2—3—(5) glomérulos das folhas e densidade e qualidade do indumento. terminais e axilares, 5-15 mm diâm., subtendidos A grande variação inter e intrapopulacional levaram por 2-4 brácteas foliáceas, patentes. Flores à publicação de alguns binômios, que refletem os subsésseis. pedicelos ca. 0,5 mm compr. Hipanto diversos morfotipos encontrados dentro de sua obcônico, piloso na metade superior. Cálice com faixa dc distribuição. É o caso de M. diffusus, que pares de lobos desiguais, os maiores 1.5-2 mm compr.. representa um morfotipo com caules prostrados ou

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 335 Mitracarpus do Brasil decumbentes e com corolas diminutas. Os caracteres compr.. filiforme; lobos estigmáticos ca. 0,5 mm da cápsula e das sementes são. entretanto, similares em compr. Cápsulas 1,5-1,8 mm compr., obcônicas, todos os exemplares examinados, o que não justifica pubérulas ou glabras na porção superior, pedúnculo uma separação em nível de espécie. É a espécie mais ca 0.5-0.8 mm compr. Sementes 0,8-12 x 0.5-0.6 mm, face amplamente distribuída do gênero, ocorrendo desde oblongóides. castanhas a castanho-escuras; o sul dos Estados Unidos, América Central e Caribe dorsal sem depressões, exotesta finamente até o norte da Argentina. Sua ocorrência como planta reticulada: face ventral com encaixe retangular introduzida é reportada para a África, Ásia e Ilhas profundamente impresso, expandido nos ângulos. do Pacífico (Fosberg et al. 1993; Verdcourt 1975; Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Ituberá, Nicolson 1977). No Brasil, sua distribuição é ampla, 13°42" 27"S, 39°00'53"W, 21 .VI.2005, fl. e fr., J.G. Jardim ESPÍRITO SANTO: Guarapari, sendo registrada em todos os estados. et al. 4642 (HUEFS). praticamente ES-060 entre Setiba-Guarapari, 26.V. 1987, fl. e fr., O.J. Mitracaqms hirtus é uma heliófita até esciófita planta Pereira etal. 906 (SP). RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro, condições e não apresenta grandes preferências por Pedra da Gávea, 13.1.1963, fl. e fr.. J.P.P. Carauta 166 físicas de solo. Habita margens de caminhos, capoeiras, (K. RB): Restinga de Itapeba. 13.XII. 1962, fl., S. Ferreira orla de matas e áreas de culü vo e pastagens. Encontrada 9(K). Saquarema, REE de Jacarepiá, 14.VIII.1995, fl., A. desde o nível do mar até 1500 m de altitude. Quanto a Lobão et al. 6A (RB). seu status de conservação, a espécie é considerada Mitracarpus lhotzkyanus apresenta folhas não ameaçada [NE]. pseudoverticiladas, glabras em ambas as faces, glomérulos terminais, densifloros, tubo da corola 12. Mitracarpus lhotzkyanus Cham., Linnaea 9: superando os maiores lobos do cálice e sementes 219.1834. Tipo: BRASIL. RIO DE JANEIRO: IX. 1829, com encaixe ventral retangular. O padrão de fl. e fr.. J. Llwtzky 13 (holótipo LE; isótipo K!). escultura das sementes relaciona esta espécie com Fig. 4 r-y M. megapotamicus. Entretanto, M. lhotzkyanus se Subarbusto 30-50 cm alt., ascendente ou distingue por ser uma planta mais robusta e glabra decumbente. Caules subtetrágonos, glabros castanhos nos caules e nas folhas, pelas folhas de margens não quando secos. Bainha estipular 2.5-3 mm compr., ciliadas e pela corola sem papilas na face externa. glabra, com 3-4 setas 1,5-2 mm compr. Folhas Esta espécie ocorre ao longo do litoral, desde o sul pseudoverticiladas pela presença de braquiblastos da Bahia até o Rio de Janeiro. Espécie heliófita comum nas axilas, sésseis; lâminas 10-40 x 3-13 mm, estreito- em áreas de restinga, desenvolvendo-se sobre solos elípticas ou elípticas, às vezes levemente falcadas, arenosos profundos ou sobre solos recém-formados cartáceas. agudas no ápice, atenuadas ou cuneadas em afloramentos rochosos. Quanto a seu status na base. glabras em ambas as faces, margens levemente de conservação, a espécie é considerada quase recurvadas, glabras; nervuras secundárias 2-3 pares, ameaçada [NT]. inconspícuas na face superior, a nervura principal impressa na face superior, proeminente na inferior. 13. Mitracarpus longicalyx E.B. Souza & M.F. Ramos florais com um glomérulo terminal, ou seguido Sales. Brittonia 53:482.2001 (2002). Tipo: BRASIL. por um glomérulo axilar. 8-15 mm diâm.. densifloro. CEARÁ: Aiuaba. Distrito Lagoa da Boiada. Sítio subtendidos por 2-4 brácteas foliáceas. patentes. Vale do Boi, 6°34'S, 40°17'W, 500 m, 5.IV.2000, fl., Flores subsésseis. pedicelos ca. 0,3-0,4 mm compr. E.B. Souza et al. 508 (holótipo EAC!; isótipo Hipanto turbinado, pubérulo. Cálice com pares CTES!, IPA!, K!, MO, NY, PEUFR!, UB!, US). de lobos desiguais, os maiores 1,2-2 mm compr.. Fig. 5 a-i lanceolados. carenados. ciliados, os menores. 0,5- Erva 30-40 cm alt., ereta, ascendente ou 0.8 mm compr.. estreito-triangulares. acuminados. decumbente. Caules tetrágonos a subtetrágonos, ciliados; tubo do cálice desenvolvido no fruto, 1- geralmente com ramificações opostas, densamente 1,2 mm compr. Corola 4-5,5 mm compr.; tubo 3- pubescentes na região estipular e ao longo das 4 mm compr.. hipocrateriforme. externamente glabro, margens, vilosos nas faces, com tricomas curtos, com anel de tricomas moniliformes no terço inferior antrorsos. Bainha estipular 3-4 mm compr., interno; lobos 1-1.5 mm compr., ovados, externamente pubescente, com 5-9 setas, 2-3 mm compr., glabras. na face Folhas opostas, sem braquiblastos nas axilas, sésseis; pubérulo-papilosos. finamente pilosos interna. Estames subsésseis, inseridos na fauce da lâminas 23-28 x 5-9 mm, elípticas ou estreito-elípticas, corola; filetes ca. 0,2 mm compr.; anteras ca. 1 x 0,3- cartáceas, agudo-mueronadas no ápice, atenuadas ciliado- 0.4 mm. subelípticas. subinclusas. Estilete 4-4,5 mm na base, margens basalmente pubescentes,

Rodriguesia 61 (2): 319-352. 2010 336 Souza. EB.. Cabral. EL & Zappi. D.C. escabras em direção ao ápice, densamente escabras antrópica, particularmente causada pela pastagem ou estrigosas na face superior, glabras sobre a superfície extensiva e pelas queimadas (Souza & Sales 2001 e com tricomas ao longo nas nervuras ou densamente 12002 ]). Quanto ao status de conservação essa espécie pubescentes sobre toda a superfície na face inferior; é considerada como não ameaçada [NE]. nervuras secundárias 3^4 pares. Ramos florais com 1—3(—5) glomérulos terminais e axilares; glomérulos 14. Mitracarpus megapotamicus (Spreng.) O. terminais, 9-12 mm diâm., subglobosos, densifloros, Kuntze. Revis. Gen. Plant. 3(2): 121.1898.S/*7.H»jax-»' os axilares 6-9 cm diâm., sublendidos por 2-4 (raramente megapotâmica Spreng.. Syst. Veg. 4(2): Cur. Post. "Rio 6-8) brácteas foliáceas, geralmente púrpuras na 40.1827. Tipo: BRASIL. Grande", s.d., fl. e fr., base. Flores pediceladas, pedicelos ca. 1 mm compr. J. Sellow s.n. (holótipo Bt; duplicatas não Hipanto turbinado, glabro. Cálice com pares de lobos localizadas).Fig. 5 j-p desiguais, os maiores, 2-3 mm compr., lanceolados, Mitracarpus sellowianus Cham. & Schltdl.. ciliados, os menores, 1-1,5 mm compr.estreito- Linnaea 3: 361. 1828. Tipo: BRASIL. "Brasilia triangulares, branco-hialinos, ciliados. Corola 3-5 mm meridionalis", s.d., J. Sellow s.n. (holótipo Bt; compr., hipocrateriforme; tubo 2-3,5 mm compr., lectotipo G! aqui designado). externamente glabro ou finamente pubérulo na Mitracarpus cuspidatus DC, Prodr. 4: 572. porção superior, com anel de tricomas moniliformes 1830. Tipo: URUGUAI. Montevideo, s.d., Sellow na metade inferior interna; lobos 1-1,5 mm compr., s.n. (holótipo G!). ("Mitracarpuni cuspidatum"). ovado-triangulares. Estames sésseis, inseridos na Mitracarpuspeladilla Griseb., Abh. Kõnigl. fauce da corola; filetes ca. 0,3-0,4 mm compr.; anteras Ges. WLss. Gottingen 24:158.1879. Tipo: ARGENTINA. ca 0,8-1 x0,4 mm, subelípticas, amarelas, subinclusas. Palmar Grande, s.d.,s.c. (GOET). Estilete 3,5-4(-5) mm compr., filiforme, ramos Mitracarpuni selloanus var. latifolius f. estigmáticos 0,8-1 mm compr. Cápsulas 1,5-2,2 x latifolius Chodat & Hassl., Buli. Herb. Boissier, Ser. 1-1,2 mm, obovóides, glabras, pedúnculo ca. 1 mm 2,4:190.1904. Tipo: PARAGUAI. Prope Chocolo, compr. Sementes 0,8-1 x 0,5-0,6 mm, obovóides; XII., fl. e fr., E. Hassler 6611 (holótipo G!; isótipo face dorsal com depressões semicirculares apicais, BM!,K!,P!,W!). formadas a partir dos prolongamentos da depressão Mitracaqntm selloanus var. latifolius f. robustus ventral, exotesta reticulada; face ventral com encaixe Chodat & Hassl., Buli. Herb. Boissier, Ser. 2,4:190. "X". em forma de 1904. Tipo: PARAGUAI. Prope Concepcion. IX, fl., E Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Feira de Hassler 7520(holótipoG!; isótipo BM!, K!, P!, W!). Santana, Compus UEFS, 30.VIII. 1995, fl. e fr., LP. Queiroz Mitracarpuni selloanus var. latifolius f. tenellus 4^0(HUEFS);12°15'S,38°58'O6"W,26.VI.1982,fl.e Chodat & Hassl., Buli. Herb. Boissier, Ser. 2,4:190. fr., C.M.B. Lobo 19 (HUEFS). CEARÁ: Aiuaba. Distr. 1904. Tipo: PARAGUAI. Prope San Estanislao. VIII. Barra, 6.IV.2000, fl., EB. Souza et al. 514 (EAC. IPA, K, UB, HUVA). PERNAMBUCO: Petrolina, CPATSA. fl., E. Hassler4272 (holótipo G!; isótipo BM!, K!). 25.VII.1984, fl. e fr., G.C.P. Pinto 134 (HBR. MG). PIAUÍ: Mitracarpusfelipponei Beauverd. Buli. Soe. Itaueira, 21.III. 1984. fl. e fr., R.P. Orlandi 590 (MG). Bot Genève. Ser. Z12:15.1920 (1921). Tipo: URUGUAI. Mitracarpus longicalyx caracteriza-se pelas Montevideo, Malvin. prope Montevideo, V.I919, brácteas involucrais freqüentemente púrpuras na base. fi. e fr.. F. Felippone 3229(holótipoG!). tubo do cálice desenvolvido no fruto (1 x 1,5 mm Mitracarpus megapotamicus (Spreng.) compr.) e pelas sementes com depressões dorsais Standl.. Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. 7:33. 1931. semicirculares nos ângulos superiores. Esta espécie Spermacoce megapotâmica Spreng., Syst. Veg. "Rio apresenta exotesta reticulada com o mesmo padrão 4(2): Cur. Post. 40. 1827. Tipo: BRASIL. de escultura encontrado em M. albomarginatus e Grande", s.d., fi. e fr.. /. Sellow s.n. (holótipo Bt; M. nitidus. Apresenta distribuição geográfica restrita duplicatas não localizadas). à região do semi-árido do Brasil, havendo registros Erva ou subarbusto (7-)10-30(-50) cm alt.. para os estados do Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia. ereto ou decumbente. Caules tetrágonos nas porções Esta espécie ocorre sob a forma de planta anual em superiores, cilíndricos na base, vináceos, pubérulos. áreas de caatinga, formando pequenas populações no hispido vilosos ou glabrescentes. Bainha estipular 2- estrato herbáceo sazonal. Ocorre preferencialmente 3,5 mm compr., puberula, com (3-)7-9(-l 3) setas 2- em solos ácidos de saturação com sódio, de baixa 7 mm compr.. glabras até densamente ciliadas. Folhas fertilidade, com textura arenosa. O habitat (em baixa pseudoverticiladas pela presença de braquiblastos precipitação sazonal e está sujeito a forte ação nas axilas, sésseis ou pseudopecioladas; lâminas (9-)

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 337

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Figura 5 - a-i. Mitracarpus longicalyx - a. ramo floral; b. bainha estipular; c. folha; d. flor; e. corola aberta; f. cápsula - ramo floral; k. aberta, g-i. semente; face dorsal; h. face ventral; i. face lateral; j-p. Aí. megapotamicus j. folha; g. - 1. bainha estipular; m. flor; n. corola aberta; o. cápsula aberta; p. semente, face ventral. q-w. Aí. microspermus q. hábito; r. bainha estipular; s. flor; t. corola aberta; u. cápsula aberta; v. semente, face ventral; w. semente, face dorsal, (a Queiroz et ai. 4440; b Souza et ai. 508; c-i Lobo 19; j-p Krapovickas & Cristóbal 44397; q Hatschbach & Kummrow 38519; r Silva et ai. 4078; s-w Hatschbach & Kummrow 38519). Figure 5 - a-i. Mitracarpus longicalyx - a. fiowering branch; b. stipular sheath; c. leaf; d. flower; e. open corolla; f. open fruit. g-i. seed; - flowering branch; k. leaf; I. stipular sheath; m. flower; n. open g. dorsal view; h. ventral view; i. lateral view. j-p. M. megapotamicus j. - habit; r. stipular sheath; s. flower; t. open corolla; u. open fruit; eOfoUa. o, open fruit; p. seed. ventral view. q-w. M. microspermus q. v. seed. ventral view; w. seed. dorsal view. (a Queiroz et ai. 4440; b Souza et ai. 508; c-i Lobo 19; j-p Krapovickas & Cristóbal 44397; Kummrow 38519). q Hatschbach & Kummrow 38519; r Silva et at. 4078; s-w Hatschbach &

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 338 Souza. E.B.. Cabral, E.L & Zappi. D.C.

15-30Í-70) x (2-)5-12(-24) mm, (estreito-)elípticas, superando os maiores lobos do cálice e sementes ou lineares, agudas, acuminadas ou acuminado- sem depressões dorsais, com encaixe ventral mucronadas no ápice, atenuadas na base, cartáceas. quadrangular ou retangular. Caracteres como caules ciliadas a ciliado-escabras nas margens, face superior e folhas densamente pilosos. glomérulos apicais. escabra, estrigosa ou hirta, face inferior corola pilosa externamente e sementes com encaixe esparsamente escabra, densamente estrigosa ou ventral quadrangular ou retangular, relacionam Aí. puberula; nervuras secundárias 3-5 pares, não megapotamicus com M. hasslerianus. uma espécie evidentes ou conspícuas na face inferior. Ramos endêmica do Paraguai. Entretanto. M. hasslerianus florais geralmente com um glomérulo terminal, ou é uma planta mais robusta, ereta ou apoiante. até seguido por I -2 glomérulos axilares; glomérulos (7-) 1 m alt., com caules fortemente tetrágonos e levemente 10-20 mm diâm., globosos. densifloros. subtendidos alados, lobos menores do cálice partidos e sementes por 2^ brácteas foliáceas. Flores pediceladas, sublenticulares. Analisando as coleções do herbário pedicelos ca. 0,5 mm compr. Hipanto turbinado, de Genebra, não foi possível localizar duplicatas de glabro ou levemente pubérulo. Cálice com pares de Sellow s.n. correspondentes ao tipo de Spermacoce lobos desiguais, os maiores 2-2,5 mm compr.. megapotamica. contudo foi encontrado um isótipo lanceolados, ciliados, os menores 0,6-1 mm compr.. de M. sellowianus. A coleção se apresenta em bom estreito-triangulares. basalmente ciliados. Corola estado de conservação e possui flores e frutos, o que (3.5-)5-8 mm compr.. hipocrateriforme; tubo 2-6 motivou sua escolha como lectótipo de M. sellowianus mm compr., pubérulo-papiloso a papiloso na porção (CINB, Art. 9.10). Espécie com distribuição geográfica apical externa, com anel de tricomas moniliformes no Brasil. Bolívia. Paraguai, Argentina e Uruguai. No na metade inferior interna; lobos ca. 1 mm, ovado- Brasil, ocorre nos estados do Mato Grosso do Sul triangulares, papilosos externamente, pubérulo- e Rio Grande do Sul. Espécie heliófita. seletiva papilosos internamente. Estames subsésseis, xerófita. habitando campos arenosos ou pedregosos. inseridos na fauce da corola; filetes ca. 0,5 mm Quanto ao status de conservação, essa espécie é compr.: anteras ca. 0,6-1 x 0,4 mm compr.. considerada como não ameaçada [NE|. subelípticas. subinclusas. Estilete 4-8 mm compr.. filiforme; ramos estigmáticos ca. 0.5 mm compr. 15. Mitracarpus microspermus K. Schum., Martius. Cápsulas (0,8-) 1,2-3 x (0,6-) 1-2,5 mm. obovóides, Eichler & Urban. Fl. bras. 6(6): 83.1888. Tipo: BRASIL. "In glabras ou levemente puberula na porção superior, Guiana Anglica ad fiuvium Rio Branco" Rio Branco. pedúnculo ca. 0,5 mm compr. Sementes 0.8-2 x 0,6- 1840. fl. e ft., /f. Schomburgk 856 pro parte (holótipo 1.5 mm, oblongóides, obovóides ou subglobosas, Bt; lectótipo BM!. aqui designado). Fig. 5 q-w castanhas a castanho-escuras; face dorsal sem Mitracarpus minutiflorus K. Schum.. Fl. bras. depressões, exotesta suavemente reticulada; face 6(6): 80.1888. Tipo: BRASIL. GOIÁS: "inter urbem ventral com encaixe retangular ou quadrangular doía: et Cavalcante". W.J. Burchell 7820(holótipo profundamente impresso. Bt; lectótipo BR!, aqui designado; isolectótipo K!). Material selecionado: BRASIL. MATO GROSSO DO syn. nov. SUL: Corumbá, Serra do Urucum, 15.111.1972. fl. e fr., Erva 2,5-10 cm alt., cespitosa, prostrada, G. Hatschbach 29525 (MBM). RIO GRANDE DO SUL: ascendente ou ereta. Caules cilíndricos, delgados, Porto Alegre, Morro das Abertas. 14.VIII.1979. fl.. efr., ou com tricomas adpressos voltados J.E.A. Mariath 737(HAS). pubérulos glabros. Bainha estipular ca. 1 Material adicional examinado: PARAGUAI: BOQUERÓN: para cima. mm compr., com 24 km SE Mariscai Estigarribia, 12.XII. 1992, fl. e fr.. A. superfície glabra somente com longos tricomas na arca Krapovickas & CL Cristóbal 44397 (G). de inserção das setas, com 3-5 setas. 1-2 mm compr.. Mitracarpus megapotamicus é uma espécie glabras. Folhas pseudoverticiladas pela presença de altamente variável fenotipicamente. apresentando braquiblastos nas axilas, sésseis; lâminas 6-12 x 0,5-1 muitas variações intra e intcrpopulacionais ao longo mm. lineares, apiculadas no ápice, atenuadas na base. de sua faixa de distribuição. Porto et al. (1977) cartáceo-rígidas. esparsamente escabras ou glabras na verificaram esta variação ao mencionar que M. lace superior, glabras na face inferior, margens megapotamicus apresenta ampla variação na espessadas, glabras ou ciliadas. recurvadas ou intensidade e no tamanho dos tricomas no fruto e revolutas: nervuras secundárias inconspícuas. Ramos nos lobos do cálice. Esta espécie apresenta hábito florais com 1 -3 glomérulos terminais; glomérulos 3- decumbente, com folhas pseudoverticiladas. 5 mm diâm., globosos, paucifioros. subtendidos por glomérulos apicais densifloros. tubo da corola 4-8 brácteas foliáceas. Flores subsésseis; pedicelos

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 339 ca. 0,5 mm compr. Hipanto obcônico, glabro ou pertencentes a duas espécies receberam um mesmo levemente pubérulo no ápice. Cálice com pares de número de coletor, o que levou Schumann (1888) a lobos desiguais, os maiores 1,5-2 mm compr., linear- reconhecer parte da coleção como uma espécie lanceolados, marginados, ciliados na base, os distinta, fazendo a publicação de M. microspermus. menores 1 mm compr.. lineares, hialinos, ciliados na A outra parte da coleção, com corolas maiores, foi base. Corola 1,2-1,8 mm compr., tubo 1-1,2 mm separada como material tipo de M. scabrellus. material compr., externamente glabro; lobos ca. 0.5-0,6 mm Devido ao desaparecimento do original em Berlim, e compr., ovados, papilosos no ápice, com anel ralo estudado por Schumann (1888) por de tricomas moniliformes na metade inferior interna. apresentar bom estado de conservação, portando Estames sésseis; anteras ca. 0,4 x 0,2 mm compr.. frutos e sementes, a coleção Schomburgk 856 pro oblongas, subinclusas. Estilete 1-1,2 mm compr., parte, do Herbário BM, foi escolhida como lectotipo filiforme; ramos estigmáticos ca. 0,3 mm compr. de M. microspermus. Por outro lado, a coleção Cápsulas 1,2-1,5 mm compr., obovóides, glabras. Burchell 7820, do Herbário BR. foi identificada pelo Sementes ca. 0,8 x 0,6 mm, obovóides; face dorsal próprio Schumann como M. minutiflorus. Este com depressão cruciforme conspícua ou suavemente binômio aparece na chave de identificação do seu impressa, exotesta fovéolo-reticulada; face ventral tratamento de Mitracarpus para a Flora brasiliensis, com encaixe em forma de "X". contudo, por razões ainda desconhecidas, a Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Riachão das descrição da espécie não consta no texto daquela Neves, 13°46'49"S. 44°54-39"W, 6.IV.2005. fl. e fr., J.G. publicação. A análise da coleção Burchell 7820 Canalho-Sobrinho et al. 410 (HUEFS). DISTRITO indica que se trata de um exemplar de M. FEDERAL: Guará, 18.I11.1968, fl. e fr., H.S. Invin etal. microspermus, uma vez que os caracteres das 21398(K). GOIÁS: Cavalcante. 10.111.1969. fl. e fr.. H.S. folhas, flores e sementes correspondem à descrição Irwin et al. 24229

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 340 Souza. EB., Cabral, EL & Zappi, D.C

Subarbusto 15-30 cm alt., ascendente, e sementes: lobos do cálice basalmente ciliados. basalmente lenhoso. Caules cilíndricos na base, corola 3,5-4 mm compr., com tubo superando os tetrágonos nas porções superiores, esfoliantes. maiores lobos do cálice, glabra externamente, glabros ou levemente pubérulos na região estipular. porção superior da cápsula glabra e sementes com Bainha estipular 2-2.5 mm compr.. glabra, somente o lobo basal estreito e prolongamentos apicais do com tricomas esparsos na margem, com 5-6 setas encaixe ventral curtos em M. nitidus; e lobos do cálice 2-A mm compr., glabras. Folhas pseudoverticiladas com margems completamente ciliadas. corola 1.2-3 mm pela presença de braquiblastos nas axilas, sésseis; compr., com tubo menor ou aproximadamente do lâminas 17-45 x 3-9 mm, linear-lanceoladas, tamanho dos maiores lobos do cálice, pubérulo- lanceoladas ou ovadas, herbáceas, acuminadas no papilosa externamente, porção superior da cápsula ápice, atenuadas na base. brilhantes na face superior, pilosa e sementes com lobo basal amplo e glabras em ambas as faces, margens revolutas. glabras prolongamentos apicais do encaixe ventral longos ou esparsas a densamente escabras, nervura principal em M. hirtus. Espécie somente conhecida de Morro impressa acima, proeminente abaixo; nervuras do Chapéu. Bahia. Habita áreas acima de 900 m de secundárias 2-3 pares, ou inconspícuas. Ramos altitude, em relevos tabulares com solos arenosos florais com 1-3 terminais e axilares; glomérulos profundos. Populações desta espécie são simpátricas glomérulos 10-17 mm diâm.. globosos. subtendidos com as de M. rigidifolius Standl. O epíteto se refere às 2-4 brácteas foliáceas. Flores subsésseis; por folhas com face superior brilhante quando em estado ca. 0,5 mm compr. Hipanto obcônico, pedicelos natural. Quanto ao status de conservação essa espécie Cálice com de lobos desiguais, glabro. pares é considerada como vulnerável [ VU D2|. A pequena virgados, os maiores 2-2,5 mm compr., estreito- área de ocorrência desta espécie está ameaçada pela lanceolados. longamente acuminados, os glabros, remoção de areia para construção civil e pelo acúmulo menores 1-1,5 mm compr., estreito-triangulares, de lixo lançado de forma desordenada. acuminados, glabros. Corola 3,5-4 mm compr.. tubo 2,5-3.5 mm compr.. (sub)infundibuliforme; 17. Mitracarpuspanulus K. Schum., in Martius. externamente, com anel de tricomas glabro Eichler & Urban. Fl. bras. 6(6): 84. 1888. Tipo: moniliformes do centro do tubo internamente: "ad próximo BRASIL. TOCANTINS: Porto ReaC [hoje Porto lobos ca. 1 mm compr., ovados, levemente glabros, Nacional), s.d., W.J. Burchell 8674 (holótipo Bt; inseridos papilosos no ápice. Estames subsésseis, lectótipo BR!, aqui designado; isolectótipo K!, P!). na fauce da corola, anteras ca. 0,8 x 0.4 mm. Fig.6 k-p oblongas, subinclusas. Estilete ca. 4 mm compr.. Erva 5-10 cm alt., cespitosa, ascendente ou filiforme. Cápsulas 1-1,2 mm compr.. obcônicas. decumbente. Caules cilíndricos, estreitos, púrpura- Sementes ca. 0.6-0,8 x 0,4 mm. oblongóides. glabras. escuros, com tricomas longos, híspidos. entrepostos castanho-claras. exotesta fovéolo-reticulada; face com tricomas curtos, adpressos. vilosos, densamente dorsal sem depressões; face ventral com encaixe distribuídos. Bainha estipular 1 -1.2 mm compr.. híspida em forma de "X". com 5-7 setas, 1-2 mm compr. Folhas opostas sem Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Mono do axilas; Chapéu. 11°35S, 41o04'W. 700 m, 8.VI.1984, fl. e fr.. braquiblastos nas lâminas 7-15 x 1-4 mm, E.F. Almeida & MC. Ferreira 310 (ALCB, CEPEC. estreito-elípticas ou lineares, agudo-mueronadas no HBR. RB); 11°35'S, 41°12W. 1000 m. 30.V. 1980, fl.. ápice, atenuadas na base, cartáceas, ciliado- R.M. Harley et al. 22756 (CEPEC. CTES, K); BA-052 aculeadas nas margens, híspidas em ambas as faces em direção a Utinga, 30.VIII. 1990, fl. e fr., J.L Hage et ou híspidas na face superior, glabras na superfície al. 2310 (CEPEC, CTES); Tabuleiro dos Tigres, inferior, somente com tricomas ao longo da nervura 11°36'04"S, 41°09-47"W. 1093 m, 17.VI.2004, fl. e fr.. nervuras secundárias inconspícuas. Ramos EB. Souza & C.O.C. Ramos 917. 921 (HUEFS); Estrada principal; florais geralmente com 2 glomérulos. ou portando paraMorrão. 1 l^irMlIO^TW. 1099m, I7.VI.20O4. 11. c fr.. EB. Souza & C.O.C. Ramos 929(HUEFS). Serra somente um glomérulo terminal; glomérulos 4-6 mm das Guaribas, 1 l^WS^PUWW, 1105 m, 18.VI.2004, diâm.. globosos. o terminal subtendido por 4 brácteas fl. e fr., EB. Souza et al. 933, 936 (HUEFS). foliáceas, em pares desiguais, o axilar subtendido Mitracarpus nitidus apresenta-se mais por 2 brácteas foliáceas. Flores subsésseis; relacionado com M. hirtus, especialmente pelo pedicelos ca. 0.5 mm compr. Hipanto obcônico. hábito ascendente e pela morfologia e escultura levemente pubérulo na porção superior. Cálice com das sementes. Entretanto, ambas as espécies pares de lobos desiguais, os maiores 2-2,2 mm podem ser separadas pelo exame das flores, frutos compr., carenados. apiculados, ciliados. os menores

Rodriguésia 6112): 319-352 2010 341 Mitracarpus do Brasil

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folhas; e. flor; f. corola aberta; estilete; Figura 6 - a-j. Mitracarpus nitidus - a. hábito; b. bainha estipular; c-d. g. M. - k. habito, 1 bainha estipular; h. cápsula imatura; i. semente, face dorsal; j. semente, face ventral. k-p. parvulus - hábito, r. bainha est.pular; s. folha; t. flor; u. corola m. folha; n. flor; o. corola aberta; p. cápsula imatura, q-u. M pusillus q. 8674; Souza et al 1053; r-u Pirani et al 5310). aberta, (a-j Souza & Ramos 912; k Eiten & Eiten 3573; 1-p Burchell q leaves: e. flower; f. open corolla; g. style; h. young fruit; ,. seed KiSure 6 a-j. Mitracarpus nitidus - a. hab.t; b. stipular sheath; c-d. - sheath; m. leaf; n. flower; o. open corolla; p. young fruit. dorsal view seed ventral view k-p U. panulus k. habit; 1. stipular Eiten 3573; 1-p Burchell - leaf;.. flower. u. open corolla. (a-j Souza & Ramos 912; k Eiten & H-u: U puÒL l habit: r. stipular sheath; s. 8674; q Souza et al. 1053; r-u Pirani et al. 5310).

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 342 Souza. EB.. Cabral. EL & Zappi. D.C.

1-1,5 mm compr., (estreito-(triangulares, ciliados. 5-7 cm compr.. com entrenós basais 1—4 mm compr.. Corola 1-1,2 mm compr.. hipocrateriforme; tubo 0.5- densamente cobertos pelas folhas, entrenós terminais 0.6 mm compr., externamente glabro, com anel esparso até 40 mm compr.. tetrágonos, marginados, densamente de tricomas moniliformes na metade inferior interna; híspidos. Bainha estipular 1-1,2 mm compr.. lobos ca. 0,5 mm compr., ovados, com tricomas pubescentes. com 5-7 setas, Mmm compr.. glabras. papilosos no ápice, internamente finamente Folhas pseudoverticiladas pela presença de pubérulos. Estames sésseis; anteras ca. 0,3-0,5 x braquiblastos nas axilas, sésseis; lâminas 5-22 x ca. 0.2 mm., oblongas. subinclusas. Estilete 1-1,5 1-10 mm, ovadas, lanceoladas ou linear-lanceoladas. mm compr., ramos estigmáticos ca. 0.5 mm compr. acuminado-aristadas no ápice, subcordadas ou Cápsulas 1,2-2 x 1,2-1,5 mm, obovóides, pubérulas truncadas na base, cartáceo-rígidas. cinéreo- na porção superior, pedúnculo ca. 0,5 mm compr. híspidas em ambas as faces, ciliadas nas margens; Sementes 0,6-0,9 x ca. 0,5 mm, obovóides, castanhas, nervuras secundárias inconspícuas Ramos florais exotesta reticulada; face dorsal sem depressões; face com um glomérulo terminal, 5-15 mm "X". geralmente ventral com encaixe em forma de diâm.. subgloboso, congesto, subtendido por 6-8 Material selecionado: BRASIL. MATO GROSSO: brácteas involucrais, foliáceas. Flores pediceladas. road, 23.III. 1968. Xavantina km 280 Xavantina-Cachimbo pedicelos ca. 1 mm compr. Hipanto obcônico, Plúlcox & A. Ferreira 4621 (K). MINAS GERAIS: fl. e fr., D. Cálice com pares de lobos desiguais, Widgren s.n. (R 150742). PARÁ: Marabá. pubescente. 1845.fl.efr.,/ os maiores 2-2,8 mm. linear-lanceolados. carenados. 4.rV.1974,fl.efr.,G.5. Pinlieiro& J.F.V. Canalha 69 {RB). na metade inferior das TOCANTINS: Aliança do Tocantins. 1l°02'S.48o43'W. aristados, ciliado-híspidos 22.rV. 1980. fl. e fr., £. Mileski 320 (HBR): Porto Nacional. margens, os menores 1-1,5 mm compr., triangular- 1 LIII. 1962. fl., G. Eiten & LT. Eiten 3573 (SP). lanceolados, aristados, ciliado-híspidos na base. Mitracarpus panulus caracteriza-se por seus Corola 3—4.5 mm compr.. hipocrateriforme; tubo 2- caules cobertos por tricomas menores, adpressos, 3 mm compr., pubérulo na metade superior externa, entrepostos com tricomas longos híspidos, folhas com anel de tricomas moniliformes na metade híspidas. tubo da corola menor do que os maiores interna; lobos 1 -1.5 mm compr.. ovados, subagudo- lobos do cálice e sementes sem depressões dorsais. apiculados. papiloso-pubérulos externamente, Mitracarpus parvulus apresenta afinidade com M. finamente pubérulos internamente. Estames microspermus e com M. erilrichoides. Entretanto, inseridos na fauce da corola; filetes ca. 0.3-0,5 mm M. parvullus distingue-se de M. microspermus por compr.; anteras ca. 0,8-1 x 0,4 mm compr.. oblongas, suas folhas opostas (vs. pseudoverticiladas em M. subinclusas. Estilete 3-3.5 mm compr.; ramos microspennus), sem margens espessadas, densamente estigmáticos ca. 0,8 mm compr. Cápsulas ca. 1,2 x pilosas sobre as lâminas, e pela bainha estipular com 1 mm. obcônicas, pubérulas no ápice. Sementes 5-7 setas (vs. 3-5). Por outro lado, distingue-se de ca. 0,8 x 0,5 mm, obovóides ou globosas, castanhas; M. erilrichoides por apresentar hábito ascendente (v.v. face dorsal sem depressão cruciforme, exotesta "X". prostrado). com margens foliares sem espessamentos papilada; face ventral com encaixe em forma de (vs. espessadas) e corola menor. 1-1.2 mm compr. Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Serra mm). O exemplar BurchellH674. depositado do Cabral. 17°41'57"S. 44°16' 15"W. 26.1.2004, fl.. JR. (vs. 2-2,4 '56"W. no acervo do Herbário BR. foi escolhido como lectótipo Pirani et al. 25310 (K. SPF); 17°4r34"S. 44°11 fl.. EB. Souza ei al. 1053 (HUEFS). Buenópolis. de M. panulus por ser mais completo, apresentando 30.111.2005. flores e frutos. Espécie com distribuição no Brasil e 28.IX.1949, fl. e fr., M. Magalhães4560 (RB). na Venezuela. No Brasil, a espécie é reportada para Mitracarpus pusillus caracteriza-se por seu os estados do Pará, Tocantins. Mato Grosso e Minas porte herbaceo, prostrado ou decumbente, caules Gerais. Ocorre em áreas de Cerrado sobre solos densamente híspidos. folhas coriáceas. rígidas, híspidas argilosos. Quanto ao status de conservação, essa em ambas as faces, glomérulos subtendidos por 6-8 espécie é considerada como não ameaçada (NE]. brácteas involucrais. e sementes com exotesta papilada. Mitracarpus pusillus é afim de M. steyermarkii, 18. Mitracarpus pusillus Steyerm.. Brittonia 30:36. com a qual compartilha folhas (linear- (lanceoladas. 1978. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS: wet campo. rígidas, e sementes papiladas. Entretanto. M. pusillus Serra do Cabral, summit ca. 8 km W of Joaquim se distingue de M. steyermarkii por apresentar hábito Felício, 1200 m. 7.III. 1970, fl.. H.S. Invin etal. 27120 prostrado ou decumbente (vs. hábito ereto). folhas sem (holótipo UB!;isótipoNY).Fig.6q-u espessamentos (vi. folhas fortemente espessadas) subinclusas anteras inclusas). É Erva de pequeno porte, decumbente ou e anteras (vs. da Serra do Cabral, MG, ocorrendo em prostrada, cespitosa ou formando almofadas. Caules endêmica

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 343 solos arenosos entre afloramentos rochosos, na Material examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL: Reserva Ecológica do IBGE, 20.IV. 1982, fl. e fr., B.A.S. vegetação de Campo Rupestre. Quanto ao status Pereira 238 IBGE). GOIÁS: Alto Paraíso de Goiás. de conservação, essa espécie é considerada como (K, 14°04'21"S, 47°30'00"W, 26.IV.1998, fl. C. Munhoz et vulnerável D2J, ocorrendo em apenas uma [VU ai. 722 (UB); Chapada dos Veadeiros, 5-15 km S of localidade com área de ocupação menor que 20 km:. Veadeiros to São João da Aliança, 21VII. 1964, fl., G. T. Prance & N.T. Silva 58281 (U). 19. Mitracarpus recurvatus Standl., Publ. Field Mus., Mitracarpus recun-atus caracteriza-se por seu Bot Ser. 8:384.1931. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS: hábito ereto, folhas coriáceas, "prés pseudoverticiladas, Paracatu, de porto". 1894, fl. e fr.. A. Glaziou rígidas, pungentes, híspidas em ambas as faces e 21511 (holótipo K!; isótipo G!, P!). Fig. 7 a-g com margens espessadas e glabras, e sementes com Mitracarpus microphyllus Glaziou. Buli. Soe. exotesta papilada. Os caracteres das folhas e da Bot. France 56 (Mém. 3d): 364.1909. Tipo: BRASIL. das sementes aproximam esta espécie de "prés escultura MINAS GERAIS: Paracatu, de porto", 1894, M. stexennarkii, da qual se distingue pela corola menor fl. e fr., A. Glaziou 21511. nomen nuduni. (3^5^,5 mm compr. vs. 5-7 mm em M. steyermarkii) Erva ou ascendente, 6-10 cm alt., ereta e pelos estames com anteras subinclusas (vs. anteras basalmente lenhosa, geralmente formando almofada. inclusas). A publicação do binômio M. microphyllus Caules de entrenós basais muito curtos. 1-5 mm por Glaziou (1909) não foi acompanhada por uma compr.. completamente encobertos pelas folhas, os descrição ou diagnose, nem por uma ilustração do terminais mais longos, até 23 mm compr., material tipo, razão pela qual se considerou o mesmo densamente híspidos. Bainha estipular 1-2 mm um "nomen nudum", conforme a recomendação 50B compr., pilosa, com 3-7 setas. 1-3 mm compr.. do CINB. Espécie com distribuição geográfica em rígidas, glabras. Folhas pseudoverticiladas pela Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. Habita o campo presença de braquiblastos nas axilas, sésseis; limpo, sobre solos arenosos úmidos, em vegetação lâminas 3-5 x 0.5-2 mm, lineares a linear- de Cerrado. Quanto ao status de conservação, essa lanceoladas. acuminado-apiculadas no ápice, espécie é considerada como quase ameaçada [NT], estreito-atenuadas na base, coriáceo-rígidas, apesar de ocorrer em uma área restrita, todas as recurvadas, híspidas em ambas as faces, pungentes, populações conhecidas encontram-se sob proteção margens espessadas, glabras; nervuras secundárias em unidade de conservação. inconspícuas. Ramos florais com 1-2 glomérulos, ou somente com um glomerulo terminal; raramente 20. Mitracarpus rigidifolius Standl., Publ. Field em fascículos paucifloros, inseridos nas axilas das Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 8:384.1931. Tipo: BRASIL. folhas superiores; glomérulos 6-Th mm diâm.. BAHIA: Serra do São Ignácio, II. 1907, fl. e fr. E. Ule globosos, densifloros. Flores subsésseis. pedicelos 7559 (holótipo K!).Fig.7h-p ca. 0.5 mm compr. Hipanto obovóide. densamente Subarbusto 30-100 cm alt., ascendente, alvo-viloso. Cálice com pares de lobos desiguais, geralmente cespitoso, basalmente lenhoso. Caules raramente subiguais, os maiores 2-3 mm compr., subtetrágonos, marrom-escuros a castanhos, lanceolados. longo-acumindos. ciliados, brancos esfoliantes, marginados, glabros ou levemente nas margens, os menores 1,5-2,8 mm, estreito- pubérulos nas margens, com muitos nós vegetativos. triangulares, longo-acuminados. compr., ciliados. Bainha estipular 2 mm compr., glabra, com 1-3 setas Corola 3,5—4,5 mm compr., hipocrateriforme; tubo desiguais, seta central 2-2,5mm compr., setas 1.5-2 mm compr., esparsamente pubérulo-papilosa laterais 0,5-0,8 mm compr., glabras, coléteres na metade superior externa, com anel de tricomas intercalares presentes. Folhas pseudoverticiladas moniliformes no terço inferior interno, lobos 1- pela presença de braquiblastos nas axilas, sésseis; 1,5 mm compr., ovados, finamente pubérulos lâminas 12^12 x 0,5-2 mm, lineares, acuminadas no internamente, papilosos no ápice. Estames subsésseis. ápice atenuadas na base, semisuculentas, glabras, inseridos na fauce, anteras ca. 0.8 x 0,4 mm compr.. margens ligeiramente curvas, glabras; nervuras oblongas, subinclusas. Estilete 2.5-3 mm compr., secundárias imersas no mesofilo. Ramos florais com filiforme. Cápsulas 0,8-1 x 1-1.2 mm compr., um glomerulo terminal 12-19 mm diâm., globoso, subtendido 4 brácteas foliáceas, reflexas. obcônicas. hirtas na porção superior. Sementes ca. por geralmente 0,6-0,8 x 0.5-0,6 mm. obovóides, face dorsal sem Flores subsésseis, pedicelos ca. 0,4-0,5 mm compr. com de depressão cruciforme, exotesta papilada; face Hipanto turbinado, glabro. Cálice pares lobos "X". ventral com encaixe em forma de fortemente desiguais, os maiores 1,2-1,5 mm compr..

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 344 Souza. EB.. Cabral. E.L & Zappi. D.C.

- J:ic ^ W,|J çp

Figura 7 a-g. Mitracarpus recunatus - a. hábito; b. bainha estipular; c. folha; d. flor; e. corola aberta; f. cápsula aberta; g. semente, face ventral. h-p. M. rigidifolius - h. hábito; i. bainha estipular; j. folha; k. flor; I. corola aberta; m. estilete; n. cápsula imatura; o. semente, face ventral; p. semente, face dorsal, (a Pereira 238; b-f Glaziou 21511; g Munhoz et al. 722; h França 2830; i-n Harley et al. 16651; o-p Ule 7559). Figure 7 - a-g. Mitracarpus recunatus - a. habit; b. stipular sheath; c. leaf; d. flower; c. open corolla; f. open fruit; g. seed, ventral view. rigidifolius - h-p. M. h. habit; i. stipular sheath; j. leaf; k. flower; 1. open corolla; m. style: n. young fruit; o. sccd, ventral view; p. seed. dorsal view. (a Pereira 238; b-f Glaziou 21511; g Munhoz etal. 722: h França 2830; i-n Harley et al 166U o-p Ule 7559).

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 345 lanceolados, escabros nas margens, os menores 21. Mitracarpus robushis E.B. Souza & E.L. Cabral, 0,6-1 mm compr., triangulares, escabros nas margens. sp. nov. Tipo: BRASIL. CEARÁ: Mun. Porteiras, Corola 5-6,5 mm compr., (sub)infundibuliforme; tubo Chapada do Araripe, 07°28'S, 39°08'W, 930 m, 4—5 mm compr., densamente pubérulo-papiloso 30.111.2000, fl., P. Delprete, E.B. Souza, F.S. externamente, com faixa deasa de tricomas monilifonnes Cavalcanti & L.W. Lima-Verde 7316 (holótipo (1-1,6 mm compr) na região mediana interna; lobos 1- EAC; isótipo HUEFS. NY).Fig. 8 a-g 1,5 mm compr., ovados finamente pubérulos Mitracarpus frigidus var. humboldtianus internamente. Estames subsésseis; filetes ca. 0.5 mm sensu K. Schum. in Martius, Eichler & Urban, Fl. compr.; anteras 1-1,2 x ca 0.5 mm compr., subelípticas, bras. 6(6): 82.1888. [Tab. 85], nom. illeg. subinclusas. Estilete 5-5,5 mm compr.: ramos Haec species M. frigido similis, ab qua foliis estigmáticos ca. 0,5 mm compr. Cápsulas 2-2.5 mm oppositis (nec pseudoverticillatis), inflorescentiis compr., obcônicas. glabras; pedúnculo ca. 0.5 mm cum 2-14 glomerulisper ramumfloralem (vs. 1-3 compr. Sementes 1-1,2 x 0,6-0,8 mm, obovóides, in M. frigido), glomérulo terminali cum 2 bradeis castanhos escuras a negras; face dorsal com depressão involucralibus (nec 4 bradeis) et seminibus sine cruciforme impressa exotesta retículo-foveolada; face depressionibus dorsalibus differt. "X"; ventral com encaixe em forma de prolongamentos Subarbusto 0,7-l,5(-2) m alt. Caules do encaixe ventral evidentes nos ângulo da face dorsal. ascendentes, às vezes flexuosos, tetrágonos, Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Gentio do fortemente alados nas porções basais, densamente etal. Ouro, 11°16*S. 42°4rW, 30.VI. 1983, fl., L Coradin pubérulos ou glabros. Bainha estipular 3-5 mm compr., 6304 1 i°0TS,42044'W, fl.. R.M. Harley (K); 24.11.1977, coriacea. glabra, com 5-7 setas (3-)5-8(-10) mm et al. 19042 G). Morro 11°36'04"S, (K, do Chapéu. compr., rígidas, canaliculadas ou estriadas, geralmente 4I°0947"W. E.B. Souza Ramos 911. 918, 920 & C.O.C. coléter apical. Folhas opostas sem (HUEFS); 11°35*35"S. 41°07,39"W, 2.V.1999. fl., F. portando nas axilas, França 2830 (CEN, HUEFS). Umburanas: 10°20-S, braquiblastos geralmente pseudopecioladas; elípticas a estreito-elípticas, 41°20'W, 8.III.1974, fl.. R.M. Harley et al. 17015 (K). lâminas 20-90 x 3-28 mm, Xique-Xique: 1 lo06-S.42o43'W,24.VI.I9%,fl.efr.,/,CD cartáceas, agudas a acuminadas no ápice, (longo-) 3029 (HBR). atenuadas na base, pubérulas em ambas as faces, com denso arranjo Mitracarpus rigidifolius é reconhecido por ou glabras na face superior, de nervuras na face inferior; seu porte subarbustivo, cespitoso, folhas tricomas ao longo das Ramos florais pseudoverticiladas, lineares, semisuculentas, nervuras secundárias 4-6 pares. com terminais e axilares; glabras, glomérulos terminais globosos, corola com (2-)4-8(-14) glomérulos uma faixa densa de tricomas na região mediana glomérulos 6-14 mm diâm., globosos, subtendidos interna, e sementes com depressão cruciforme na por 2 brácteas foliáceas. Flores subsésseis, mm compr. Hipanto turbinado, face dorsal. As características do porte, da bainha pedicelos ca. 0,5-0,7 estipular, das folhas, das inflorescências, da carola, pubescente ou puberulo. Cálice com pares de lobos dos frutos e sementes relacionam esta espécie com desiguais, os maiores 1,5-2 mm compr., lanceolados, M. bicrucis Bacigalupo & E.L. Cabral, uma espécie longamente acuminados, ciliados nas margens, verdes, m compr., estreito-triangulares, reportada para a Bolívia (Bacigalupo & Cabral 2005). os menores 1-1,5 Entretanto. M. rigidifolius é distinguível de M. ciliados nas margens, sub-hialinos. Corola 3,5-4 mm tubo 2,5-3 mm compr., bicrucis por ter folhas pseudoverticiladas [vs. compr., hipocrateriforme; metade superior externa, com anel de folhas opostas) e glomérulo terminal subtendido puberulo na moniliformes no terço inferior interno; por 4 brácteas foliáceas (vs. glomérulo terminal tricomas x 0.6-0,8 mm, ovados, esparsamente subtendido por 8 brácteas foliáceas). Espécie lobos 0,8-1 endêmica do estado da Bahia, ocorrendo nos pubérulos a pubérulo-papilosos, raramente glabros. municípios de Morro do Chapéu, Umburanas, Estames subsésseis; filetes ca. 0,5 mm compr.; Xique-Xique e Gentio do Ouro. entre 500-1100 m anteras ca. 0,5-0,6 x 0,2-0,3 mm, oblongas, de altitude. Habita áreas de solos arenosos subinclusas. Estilete filiforme 4-4,5 mm compr.; ca. 0,5-1 mm compr. Cápsulas profundos, entre afloramentos rochosos, tanto em ramos estigmáticos x compr., obcônicas, na vegetação de Campo Rupestre quanto em áreas de 1,5-2 0.8-1 mm pubérulas x 0,5-0,6 Cerrado. Quanto ao status de conservação, essa porção apical. Sementes ca. 0,8-1 mm, espécie é considerada como vulnerável [ VU B2ab oblongóides ou obovóides, castanhas; face dorsal menor 2.000 sem depressões, exotesta fovéolo-reticulada; face (iii)], por sua área de ocupação que "X". knr. com menos de 10 localidades conhecidas. ventral com encaixe em forma de

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Material selecionado: BRASIL. BAHIA: Barra da corresponde ao tipo de M. frigidus. Esta nova Estiva, 13°50'S, 4I°14'W, 23.XI.1992, fl. e fr.. M.M. espécie é aqui publicada como M. robustus. A et al. 5722 HUEFS). Morro do Chapéu, Arbo (K, presença de caules geralmente alados na base, a 11°36'04"S, 41o09'47"W, 17.VI.20O4, fl. e fr„ E.B. Souza forma das folhas e a ausência de braquiblastos C.O.C. Ramos 919 Mucugê, 12°59'29"S, & (HUEFS). relaciona esta espécie com M. brasiliensis. uma 41°20,33"W, 10.VI.2004, fl. e fr., E.B. Souza etai. 895 espécie da região sul do Brasil (Porto et al. 1977). A (HUEFS). Salvador, 13°05'24"S, 38°35'58"W, análise dos caracteres e da escultura das 28.X.1997, fl. e fr., G.A. Faria 92 (HBR). S. loc.: Cruz polínicos de Cosme. VII.1835, fl.. B. Luschnath 93. 95 (BR); fl. e sementes também ajuda a suportar esta estreita fr., J. Lhotzky s.n. (BM, G, K, P, W); 1831, fl. e fr., /. afinidade, pois ambas as espécies compartilham Blanchet 263 (G); 1832, fl. e fr.,/ Blanchet 166. (SP. G). sementes com o mesmo tipo de escultura, além de 462 (G); 1834, fl., J. Blanchet s.n. (G); 1846 fl., / Blanchet grãos de pólen reticulados. Entretanto. M. robustus s.n. (G); IV. 1831, J. Lhotzky s.n. (G); fl., GH. Langsdorff se di ferencia de M. brasiliensis por apresentar porte 1057 (K, BM, W, G, P); fl., J. Uiotzky Fl. bras. Mart. mais robusto com 70-200 cm altura (vs. 30—45 cm 600(K, BM,W,G,P). CEARÁ: Crato, 07o16,S,29°27W. altura), glomérulo apical subtendido por 2 bràcteas 28.111.2000. fl., P. Delprete et al. 7297 (EAC. NY). (vs. 4 bràcteas em M. brasiliensis), lobos menores do Barbalha, 07°23'S, 39°17'W, 30.111.2000. fl., P. Delprete cálice estreitamente triangulares (vs. filiformes em M. etai. 7313 (EAC, NY). DISTRITO FEDERAL: Brasília brasiliensis) superando os maiores lobos 22.111.1978, fl., E.P. Heringer 18087 (RB). ESPÍRITO e corola SANTO: Linhares, 15. VIII. 1965. fl. e fr.. AP. Duarte 8876 do cálice (vs. corola menor do que os maiores lobos (RB, UB). MINAS GERAIS: Belo Horizonte, Morro do cálice em M. brasiliensis). Espécie com das Pedras, 30.VII.1945, fl. e fr., LO. Williams & V. Assis distribuição geográfica no Brasil e na Guiana 8023 (BM, BR, G, K, R, RB. U). Juiz de Fora, Faz. Francesa. No Brasil, sua ocorrência está registrada Cachoeirinha, 17.VI.1946, fl. e fr., L Roth 1716 (RB). para o Distrito Federal e para os estados do Ceará, Ouro Preto, 19.11.2002, fl., V.C. Souza et al. 28029 Rio Grande do Norte. Paraíba. Pernambuco, Sergipe, (HUEFS). Viçosa, Agricultura! College lands. 19.V. 1930, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. fl., Y. Mexia 4717 BM, U, G). Sem indicação de (K, Planta comum em solos argilosos ou areno- localidade: 1816. fl., A. St.-Hilaire 2306 (P); fl. e fr., St.- argilosos, em solos lateríticos, em margens de Hilaire 277(P); fl. e fr., P. Claussen 157(C, P); fl. e fr., P. estrada ou de matas. Encontrada de 40- Claussen 287a (BR); fl. e fr., P. Claussen 289a (BR); periferia 1840, fl. e fr, P. Claussen 608 (BR). PARAÍBA: Areia, 1350 m de altitude. Quanto ao status de Escola de Agronomia do Nordeste, 30.X.1944, fl. e fr., conservação essa espécie é considerada como não J.M. Vasconcelos 349 (RB). S. loc.: 4.VI.1959, fl., J.C. ameaçada [NE]. Moraes 2144 (U). PERNAMBUCO: Caruaru, Distr. Murici, 6.IX.1995, fl. e fr., AB. Marcon 68 (PEUFR). 22. Mitracarpus salzmannianus DC. Prodr. 4:571. Recife, Dois Irmãos, fl. e fr., E.B. Souza 28 (PEUFR). 1830. Mitracaqms frigidus var. salzmannianus (DC.) RIO DE JANEIRO: Petrópolis. Vale Bom Sucesso, in Martius, Eichler & Urban. Fl. bras. 6(6): 82.1888. D. P.I.S. Braga 27577(HUEFS). 13.IV.1968, fl., Sucre & Tipo: BRASIL. s.L. 1827-1830, fl. e fr., P. Salzmann RIO GRANDE DO NORTE: Natal, Dunas de Mãe Luíza s.n. (holótipoG!; isótipoK!).Fig. 8h-o 11 .IX. 1953, fl. e fr., S. Tavares346 (HST). Nísia Floresta, M. rudis Benth., Hookerís J. Bot. Kew Gard. Pirangi do Sul. Riacho do Cinzeiro, 8.IX. 1953, fl. e fr., S. Tipo: GUIANA. 1837. Tavares 296 (HST). SERGIPE: Areia Branca, Estação Misc. 3:238.1841. R. Sclumúmrgk Ecológica da Serra de Itabaiana 16.IX.1995.fl..AÍ. Landim 409(holóüpoK!;isóüpoG!,W!),s\7i./im-. "in et al. 682 (HUEFS, UB). TOCANTINS: província Mitracarpus scabrellus Benth.. Hooker's J. Goyaz ad Porto Real" latualmente mun. Porto Nacional], Bot. Kew Gard. Misc. 3:238.1841. Tipo: BRASIL. fl., W. J. Burchell 8713 (BR. P). Rio Branco (agora estado de Roraima), 1840, R. Mitracarpus humboldtianus é um nome Schomburgk 856 pro parte (holótipo Bt; lectotipo supérfluo para M.frigidus. Chamisso & Schlechtcndal K!. aqui designado; isolectótipo US). syn. nov. (1828) propuseram um novo epíteto -por considerarem Mitracarpus discolor Miq., Linnaea 18: 616. o anterior pouco conveniente, justificativa não 1845. Mitracarpus frigidus var. discolor (Miq.) K. aceita pelo Código Internacional de Nomenclatura Schum., in Martius, Eichler & Urban. Fl. bras. 6(6): "in Botânica (Art. 51.1 e Art. 56.1). Sendo M. 82. 1888. Tipo: SURINAME, savanis ad humboldtianus um nome ilegítimo. M.frigidus var. Onoribo", s.d.. F. W.R. Hostmann 299 (holótipo U!; humboldtianus também o é (Art. 11.4, CINB), mas isótipo G!).Ji.vn. nov. o táxon ilustrado na Flora brasiliensis (Schumann Erva ou subarbusto, ereto, ascendente ou 1888, tab. 85) merece reconhecimento, pois não decumbente (10-)25-l(X)cm alt. Caules tetrágonos.

Rodriguesia 61(2): 319-352. 2010 Mitracarpus do Brasil 347

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Figura 8 - a-g. Mitracarpus robustus - a. hábito; b. bainha estipular; c. flor; d. corola aberta; e. estilete; f. cápsula aberta; semente, face ventral. h-o. li. sahmannianus - h. ramo floral; i. bainha estipular; j. folha; k. flor; 1. corola g. - aberta; m. cápsula aberta; n. semente, face dorsal; o. semente, face ventral. p-z. M. steyermarkii p. hábito; q. bainha estipular; r. folha; s. flor. fase estaminada; t. flor aberta, fase estaminada; u. flor aberta, fase pistilada; v. flor, fase face ventral. Duarte 8876; h Souza 965; i-o pistilada; w. cápsula aberta; y. semente, face dorsal; z. semente, (a-g Orlandi 95). Schomburgk. 856 pro parte; p-w Proença et al. 2522; y-z ventral view. FiKure 8 - a-g Mitracarpus robustus - a. habit: b. stipular sheath; c. flower; d. open corolla; e. style; f. open fruit; g. seed, 1. open corolla; m. open fruit; n. seed, dorsal view; h-o. U sakmaimiam* - h. flowering branch; i. stipular sheath: j. leaf; t flower; - stipular sheath: r. leaf; s. flower, staminate t. open flower, staminate o. seed, ventral view p-z. M. stm-rmarkii p. habit: q. phase: w. open fruit; seed, dorsal view; z. seed, ventral view. (a-g Duarte phase; u. open flower. pistilate phase; v. flower. pistilate phase: y. 8876; h Souza 96!. i-o Schomburgk. 856 pro parte; p-w Proença etal. 2522; y-z Orlandi 95).

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 348 Souza. E.B.. Cabral. EL. & Zappi. D.C. escabros ou híspidos nas margens, escabros nas 43°20-49"W, 4.IV.1952, fl.. LB. Smith 6358 (BR). RIO DO NORTE: 43°20-W, faces, raramente glabros nos entrenós, tricomas GRANDE Pendências, 15°36-S. menores antrorsos. Bainha estipular 1-2 mm compr.. 10.IV.2002. fl., D.L Santana & LA. Paraguassu 624 RORAIMA: Boa Vista, Rio Branco, fl.. J.G. com (3—)7—11 setas 1-5 mm compr. (ALCB). pubescente, Kuhlmann 867 (RB). SERGIPE: Indiaroba, Pontal, filiformes, Folhas glabras. pseudoverticiladas pela 19.VIII.1995. fl., G. Hatschbach etal. 63222 (MBM). braquiblastos nas axilas, sésseis, presença de Mitracarpus salzinannianus apresenta ampla lâminas x 2-15(-30) mm. discolores; (10-)20-35(-70) variação morfológica ao longo de sua faixa de elípticas, estreitamente elípticas ou lineares, agudo- distribuição, no que se refere aos mucronadas no ápice, atenuadas na base, cartáceas, principalmente caracteres vegetati vos. O varia desde ervas eretas escabras em ambas as faces, ou densamente estrigosas porte até subarbustos ascendentes ou decumbentes, de na face superior, ou estrigosas na face pubescentes 10-100 cm altura, com folhas variando em tamanho inferior, margens escabras, nervuras secundárias e foi ma e densidade do indumento. Os caracteres 2-3 ou inconspícuas. Ramos florais com (1-) pares, florais e das sementes, contudo, são mais 2^»(-8) glomérulos terminais e axilares; glomérulos conservativos, o que indica haver um contínuo entre 5-21 mm diâm., globosos, subtendidos por 2^4 todos os morfotipos examinados. Estas observações brácteas foliáceas. Flores pediceladas, pedicelos levaram à sinonimização de M. discolor. M. scabrellus ca. 0,4-0,5 mm compr. Hipanto turbinado, glabro. rudis variações morfológicas inseridas ao Cálice com de lobos desiguais, os maiores e M. como pares salzinannianus. 1,2-3,5 mm compr., lanceolados, aristados, ciliados, os longo do faixa de distribuição de M. razão da semelhança do do caule e das menores (1 -) 1,2-2 compr.. estreitamente-triangulares. Em porte, hialinos. ciliados nas margens. Corola (3-)4,5-5,2 mm folhas de alguns morfotipos, esta espécie é muito compr., hipocrateriforme; tubo (2,5-)3^4 mm compr., confundida com M.frigidus. Contudo, M. salzinannianus é distinguível apresentar 1-8 pubérulo-papiloso na metade superior externa, com por glomérulos por anel de tricomas moniliformes inserido na região ramo floral (vs. 1-3 glomérulos por ramo floral em mm mediana interna; lobos (0,5-)l-l,2 mm compr., M.frigidus), lobos maiores do cálice 1,2-3,5 Estames compr. [vs. 3-5 mm compr.), encaixe ventral das ovados, pubérulo-papilosos externamente. "Y-invertido" fauce da corola; anteras ca. sementes em forma de (vs. em forma sésseis, inseridos na "X') 0,5-0,8 x 0,4 mm compr., oblongas, subinclusas. de e face dorsal das sementes sem depressões Estilete (3-)4-5 mm compr., filiforme; ramos (vs. face dorsal das sementes com depressão estigmáticos ca. 0,5 mm compr. Cápsulas (1,2-) 1,5- cruciforme). M. salzinannianus apresenta estreita 2,5 mm compr., obovóides, glabras; pedúnculo (0,5-) afinidade com M. eichleri. espécie típica do litoral 1 -1,5 mm compr. Sementes 0.8-1,2 x 0,5-0,6 mm. brasileiro entre o Rio Grande do Norte e o Rio de oblongóides ou globosas. castanhas; face dorsal Janeiro, com a qual compartilha os lobos maiores sem depressões, exotesta fovéolo-reticulada; face do cálice aristados e o mesmo tipo de encaixe "Y-invertido". ventral com encaixe em forma de ventral e escultura das sementes. Considerando que Material selecionado: BRASIL. ALAGOAS: Piaçabuçu. 0 material original consultado por Schumann foi Cruiri Seco, 24.IX.1987. fl. e fr., M.N.R. Staviski et al. destruído em Berlim (Stafleu & Cowan 1976) e de 1039 (SPF). BAHIA: Feira de Santana, 12°27-35"S, acordo com indicações de Steyermark (1972). a parte 41°26'25"W, 11.IX.2004, fl., E.B. Souza 965 (HUEFS). da coleção Schomburgk 856 pro parte, depositada CEARÁ: Fortaleza. Campus do Piei. 4.VI.1993. fl. e fr.. nos herbários de K e US, foi escolhida como lectotipo s.n. 20236). ESPÍRITO EB. Souza & A.R.M. Silveira (EAC de M. scabrellus Benth. Estes espécimes SANTO: Presidente Kennedy, Praia das Neves, 6 km N possuem tubo da corola menor do os maiores lobos do da divisa com o RJ, 12.V.I983, fl. e fr., D. Araújo 5610 0 que da mesma coleção, depositada (UB). MARANHÃO: Carolina,07<>20,S.47o28-W, 1828- cálice. A outra parte 1830, fl. e fr., W.J. Burchell 9033 (K). PIAUÍ: Parnaíba no herbário BM, com tubo da corola menor ou Ilha de Santa Izabel. 4.X.1973. fl.. D. Araújo et al. 459 aproximadamente do mesmo comprimento que os (RB). MINAS GERAIS: Divisópolis, 15°42,23"S, maiores lobos do cálice, é o tipo de M. inicrospennus 40°01 •35"W. 6.II.2002. fl. e fr., J.R. Pirani et al. 4987 (K). K. Schum. Mitracarpus salzinannianus é uma PARÁ: Oriximiná. Rio Trombetas. 13.VII.1980. fl. e fr.. espécie amplamente distribuída, ocorrendo na Guiana CA. Cidetal. 1490(RB). Santarém, III. 1850, fl.. R. Spruce Suriname, Guiana Francesa e Brasil. No Brasil, sua 665 P). PARAÍBA: Mamanguape. Capim Azul. (BM, ocorrência é registrada para os estados de Roraima, Estação Ecológica. 18.VIII.1988, fl. e fr.. LP. Félix A Pará. Maranhão. Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, C.A.B.Miranda 31 (JPB). PERNAMBUCO: Ipojuca. Paraíba Pernambuco, Alagoas, Sergipe. Bahia Goiás, Serrambi, 29.V. 19%. fl. e fr., EB. Souza 111.112 (PEUFR). RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro. 23°00'13"S. Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Espécie

Rodriguésia 61 (2): 319-352. 2010 349 Mitracarpus do Brasil heliófita, encontrada desde o nível do mar até 930 m Mitracarpus schininianus se caracteriza por de altitude, em ambientes de savana, restingas, seus caules alongados partindo da base, geralmente tabuleiros costeiros e campos rupestres. Planta sem ramificações, bainha estipular subcoriácea, comum em solos arenosos, habitando dunas, campos glabra, com 3 setas glabras, folhas opostas, cartáceas, lobos ou chapadas; também presente como ruderal em áreas pseudopecioladas, elipticas, glabras, corola de cultivo, nas capoeiras e beira de caminhos. Quanto do cálice com margens irregulares, ao status de conservação essa espécie é considerada (sub)infundibuliforme e sementes com depressão caracteres das sementes como não ameaçada [NE]. cruciforme na face dorsal. Os de M. schininianus relacionam esta espécie a M. 23. Mitracarpus schininiunus E.L. Cabral, Medina frigidus, pois ambas compartilham sementes com & E.B. Souza, Candollea 64:154.2009. Mitracarpus depressão cruciforme dorsal e padrão similar de distingue-se frigidus K. Schum. var. glaberrimus Chodat & escultura. Contudo, a primeira por Hassl. BuU. Herb. Boissier ser. 2,4: 191.1904. Tipo: apresentar bainha estipular com 3 setas (vs. 4-12 PARAGUAI. CANINDEYÚ: Iter ad Yerbales, setas em M. frigidus), folhas sem braquiblastos (vs. montium Sierra de Maracayú, s.d., fl. e fr., E. Hassler folhas pseudoverticiladas pela presença de 5027 (lectótipo G!). braquiblastos) e corola (sub)infundibuliforme (vs. Subarbusto ereto ou apoiante 3O-60(-80) cm corola hipocrateriforme). Espécie com distribuição alt. Caules cilíndricos a obscuramente tetrágonos, geográfica no Nordeste do Paraguai (Amambay, etal. 2009). Aqui é glabros, com entrenós longos 4-8 cm compr. Bainha Canindeyú e San Pedro)(Cabral vez citada o Brasil, estipular 3-5 cm compr., subcoriácea, glabra, com 3 pela primeira para Mato setas 1,3-2 mm compr. Folhas opostas, sem compreendendo os estados de Tocantins, Grosso e Mato Grosso do Sul. Habita os campos braquiblastos nas axilas, pseudopecioladas; rochosos. lâminas 40-60 x 8-16 mm, elipticas, agudas no ápice, cerrados, em solos arenosos ou Quanto ao status de conservação essa espécie é atenudas na base, cartáceas, margens glabras, glabras considerada como não ameaçada [NE]. em ambas as faces; nervuras secundárias 2-3 pares, ou inconspícuas. Ramos florais com 2-4(-5) 24. Mitracarpus steyermarkii E.L. Cabral & glomérulos terminais e axilares; glomérulos 10-20 mm Bacigalupo. Acta Bot. Bras. 11(1): 50. 1997. Tipo: diâm., subtendidos por 2^4 brácteas involucrais, BRASIL. BAHIA: Barreiras, 7 km S of Rio Piau, ca. foliáceas. Flores pediceladas, pedicelos ca. 1 mm compr. 150 km SW of Barreiras, 850 m, 13.IV. 1966, fl., H.S. Hipanto obcônico, glabro. Cálice com lobos desiguais, Irwin et ai 14690 (holótipo K!).Fig. 8 p-z os maiores triangulares, agudos, com margens irregulares, Erva ereta (3-)5-10(-l 8) cm alt. Caules solitários ciliadas, 2-2,5 mm compr., os menores estreito- ou com 2-3 ramificações laterais, entrenós fortemente triangulares, acuminados, com margens irregulares, encurtados, subtetrágonos, densamente híspidos. ciliadas, 1 -1.4 mm compr. Corola 3,5-5 mm compr., Bainha estipular 2-5 mm compr, glabra, com (5-)9-11 (sub)infundibuliforme: tubo 2-3,5 mm compr.. com (-19) setas, 3-6 mm compr., glabras ou esparsamente com anel tricomas curtos no terço superior externo, barbeladas, ligeiramente encobertas pela base foliar. interno; de tricomas moniliformes no terço inferior Folhas opostas, sesseis; lâminas 15-35 x 4-10 mm, lobos ca. 1 mm compr., triangulares, densamente ovadas, lanceoladas a linear-Ianceoladas. agudas ou papilados. Estames subsésseis. filetes ca 0.6 mm compr, acuminadas no ápice, atenuadas na base, (subcoriáceas, x subinclusas. Estilete anteras ca. 0,8-1 0,5 mm compr, rígidas, glabras em ambas as faces ou somente com ramos estigmáticos ca. 6,5-7 mm compr., filiforme; pubescência ao longo da nervura principal na face mm compr.. densamente papilosos. Cápsulas 1,8- inferior, as margens fortemente espessadas, glabras 0,8- x 1,5-1,7 mm, subglobosas. glabras. Sementes na maior extensão, basalmente pubescentes; nervuras U x 0,9 mm, oblongóides; face dorsal com depressão secundárias inconspícuas. Ramos florais com cruciforme impressa, exotesta fovéolo-reticulada; solitários ou raramente com "X". glomérulos glomérulo face ventral com encaixe em forma de subterminal, 13-21 mm diâm., semi-globosos, GROSSO: Material selecionado: BRASIL. MATO densifloros, subtendidos por 6-8 brácteas involucrais, í\. cfr., H.S. Irwin ei Xavantina. Serra Azul. 15.VI.I966. foliáceas. Flores pediceladas. pedicelos 0,3-0,5 mm ai 17170 NY, UB). MATO GROSSO DO SUL: (K. compr. Hipanto obcônico, glabro. Cálice com pares Três Lagoas. 20"47WS, SI^IWW. 22.V.1964. fi. e de lobos subiguais, os maiores, 3-5,5 mm compr., fr., J.C. Gomes-Jr. 1781 (HUEFS. UB). TOCANTINS: carenados, escabros, os menores Chapada das Mangabeiras, 09°93-S, 47"22,W, linear-lanceolados, 20.111.1978, fl., W.N. Fonseca /o7(HBR, RB). 2,5-4,5 mm compr., linear-lanceolados, escabros nas

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 350 Souza, EB.. Cabral. EL & Zappi. D.C. margeus. Corola 5-7 mm compr., hipcxrateriforme: tubo inseridos na base do tubo da corola e estilete curto, 3,5-5 mm compr.. externamente glabro, com anel de apenas superando o disco nectarífero. indica se tratar tricomas moniliformes na porção mediana interna; de um espécime de Borreria seção Pseudodiodia. lobos 1,5-2 mm compr., ovados, levemente papilosos na superfície interna. Estames sésseis, inseridos no Mitracarpus rizzinianus Machado, Publ. Minist. tubo da corola; anteras 0,8-1 x 0,4-0.5 mm., Agric. Cons. Nac. Prot. Ind. Hist. Nat. 103(5): 47. oblongas. inclusas. Estilete 5-6 mm compr.. filiforme: 1954. Holótipo: O. Machado 236 (RB!). A análise ramos estigmáticos ca. 1 mm compr. Cápsulas 1.4-1.8 da morfologia floral e dos frutos indicou tratar-se de mm compr., obovóides, glabras. com tubo do cálice um espécime de Staelia wgataÇffíDd. ex Roem. & expandido até 1.2 mm compr. Sementes 0.6-0,8 x ca. Schult.) K. Schum., conforme foi constatado por 0,5 mm, obovóides, castanhas a castanho-claras; face Sucre & Costa (1970) a partir da análise do padrão de dorsal sem depressão, exotesta papilada; face ventral vena ;ão foliar e dos demais caracteres morfológicos. com encaixe em forma "X". Material selecionado. BRASIL. BAHIA: Barreiras. Agradecimentos 13.1 V. 1966, fl.. H.S. /n»-in et al. 14690 (K). GOIÁS: Posse. 14TO'59"S, 46°17,03"W, 14.IV.2005, fl. e fr, EB. Souza À Carlianne O.C. Ramos, a colaboração no etal. 1171,1173 (HUEFS). MINAS GERAIS: Januária, trabalho de campo: a Roberto Salas, a ajuda com a 18.IV.1973, fl. e fr., W.R. Anderson 9019 (UB. NY). elaboração de desenhos e digitalização das imagens; TOCANTINS: Mateiros. 10°33'S. 46°08'W. 8.V.2(X)1. aos assessores anônimos pelas críticas e fl.,C. Proenca etal. 2522 (UB). Serra do Jalapão, I0°14'S, sugestões; aos curadores dos Herbários visitados. 46°57'W, 27.IV. 1978. fl. e fr., R.P. Orlandi 95 (HBR). todo o apoio e colaboração prestados ao trabalho; Mitracarpus steyermarkii é uma espécie ao Prof. Cássio van den Berg. a composição das distinguível por seu porte reduzido, ereto, com caule diagnoses latinas; aos professores Alessandro solitário ou pouco ramificado, com escassos nós Rapini, Flávio França, Cláudia Elena Carneiro e vegetativos, folhas (linear-) lanceoladas fortemente Maria Regina de Vasconcelos Barbosa, as críticas (sub)coriáceo-rígidas, glomérulos terminais globosos, e sugestões na elaboração dos artigos; ao Prof. densifloros, lobos do cálice subiguais, estames Piero Delprete, as sugestões e literaturas enviadas; inclusos no tubo da corola e sementes papiladas. aos colegas do Royal Botanic Gardens. Kew, o apoio Mitracarpus steyermarkii tem afinidade com M. e contribuição prestados; ao programa KLARF recurvatus e M. pusillus, espécies endêmicas ou com (Kew Latin American Research Fellowships distribuição restrita no cerrado e no campo rupestre, Programme), a bolsa que propiciou o estágio em Kew e respectivamente. Estas três espécies compartilham a visita aos herbários europeus, e à Fundação Cearense folhas rígidas, e sementes com exotesta papilada. de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnologia) Espécie com distribuição geográfica restrita às áreas (FUNCAP) a bolsa de doutorado do primeiro autor, de cerrado arenoso do sudeste de Tocantins, oeste que permitiu o desenvolvimento da pesquisa. da Bahia, leste de Goiás e noroeste de Minas Gerais. Quanto ao status de conservação, essa espécie é Referência considerada como vulnerável [VU B2ab(iii)|. A área Andersson. L. 1992. A provisional checklist of de ocupação é menor do que 2.000 km:, com menos Neotropical Rubiaceae. Scripta Botânica Bélgica 1: de 10 localidades conhecidas. Nenhuma de suas 1-230. populações encontra-se dentro de áreas protegidas e Bacigalupo, N.M. 1974. Rubiaceae in Burkart. A. Flora o crescente avanço mecanizado das fronteiras ilustrada de Entre Rios. Vol. 6. INTA, Buenos Aires. agrícolas ameaça o seu habitat natural. Pp. 3-50. Bacigalupo. N.M. 1993. Rubiaceae. In: Cabrera, A.L. Nomes excluídos Flora de la Província de Jujuy - Republica Argentina. Vol. 13. INTA. Buenos Aires. Part. 9. Pp. 375-437. Mitracarpus Huber. Buli. Herb. Boissier 2( 1): filipes Bacigalupo. N.M. 1996. Flora dei Vale de Lerma. Aportes 326. 1901. Holótipo: /, Huber63 (G!). Isotipo deste Botânicos de Salta 4: 1-52. material encontrado no Herbário RB(!). Trata-se de Bacigalupo. N.M. & E.L. Cabral. 2005. Borreria um espécime de Staelia. santacruciana y Milrcarpus bienais (Rubiaceae Spermacoceae), nuevas espécies de Bolívia. Mitracarpus flagellatus Sucre. Loefgrenia 38: 2. Darwiniana 43: 69-75. 1969. Holótipo: J.M. Pires & GA. Black 2546 (IAN!). Borhidi, A. & Lozada. L. 2007. Estúdios sobre Rubiáceas A análise da morfologia floral, com estames Mexicanas XII. El gênero Mitracarpus Zucc. ex

Rodriguésia 61(2): 319-352. 2010 351 Mitracarpus do Brasil

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Artigo recebido em 08/12/2009. Aceito para publicação em 15/04/2010.

Rodriguesia 61(2): 319-352. 2010 352 Souza, E.B., Cabral. E.L. & Zappi, D.C.

Anexo - índice dos taxa. Em negrito estão os binômios aceitos neste tratamento. Os números entre parêntesis se referem à ordem seguida no tratamento taxonômico.

Mitracarpus alhomarginatus E.B. Souza (1) M. megapotamicus (Spreng.) Standl. (14) M. anthospermoides K. Schum. (2) M. microspermus K. Schum. (15) M. baturitensis Sucre (3) M. minutiflorus K. Schum. = M. microspermus M. brasiliensis M.L. Porto & Waechter (4) M. microphyllus Glaziou = M. recunatus M. buiquensis E.B. Souza & Zappi (5) M. nitidus E.B. Souza & Zappi (16) M. cuspidatus DC. = M. megapotamicus M. parvulus K. Schum. (17) M. diffusus (Willd. ex Roem. & Schult.) Cham. & Schltdl. M. peladilla Griseb. = M. megapotamicus = M. hirtus M. pusillus Steyerm. (18) M. discolor Miq. ¦ M. salzmannianus M. recunatus Standl. (19) M. diversifolius E.B. Souza & E.L. Cabral (6) M. rigidifolius Standl. (20) M. eichleri K. Schum. (7) M. rizzinianus Machado = Slaelia virgata M. eitenii E.B. Souza & E.L.Cabral (8) M. robustus E.B. Souza & E.L. Cabral (21) M. eritrichoides Standl. (9) M. rudis Benth. = M. salzmannianus M. felipponei Beauverd = M. megapotamicus M. salzmannianus DC. (22) M. Jilipes Huber ¦ Slaelia sp. M. scaber Zucc. ex Schult. & Schult. f. = M. hirtus M. flagellalus Sucre = Borreria sp. (seção Pseudodiodia) M. scabrellus Benth. = M. salzmannianus M.frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) K. Schum. (10) M. schininianus E.L, Cabral, Medina & E.B. Souza (231 M. frigidus var. andinus Steyerm. = M. frigidus M. sellowianus Cham. & Schltdl. = M. megapotamicus M. frigidus var. discolor (Miq.) K. Schum. = M. M. selloanus var. latifolius {. latifolius Chodat & Hassl. = salzmannianus M. megapotamicus M.frigidus var. humboldtianus (Cham. & Schltdl.) K. Schum. M. selloanus var. latifolius f. robustus Chodat & Hassl. = ¦ M. robustus M. megapotamicus M. frigidus var. salzmannianus (DC.) K. Schum. = M. M. selloanus var. latifolius f. tenellus Chodat & Hassl. • M. salzmannianus megapotamicus M. fruticosus Standl. = M. frigidus M. sellowianus Cham. & Schltdl. = M. megapotamicus M.frigidus var. fruticosus (Standl.) Steyerm. = M.frigidus M. senegalensis DC. = M. hirtus M.frigidus K. Schum. var. glaberrimus Chodat & Hassl. = M. steyermarkü E.L. Cabral & Bacigalupo (24) M. schininianus M. verticillatus (Schumach. & Thonn.) Vatke = M. hinus M. frigidus var. orinocensis Steyerm. = M. frigidus M. villosus (Sw.) DC. = M. hinus M. frigidus var. peruvianus Steyerm. = M. frigidus Schizangium Bani. ex DC. = Mitracarpus M. hirtus (L.) DC. (11) Spermacoce diffusa Willd. ex Roem. & Schult. ¦ M. hirtus M. humboldtianus Cham. & Schltdl. = M. frigidus S.frigida Willd. ex Roem. & Schult. = M.frigidus M. lhotzkyanus Cham. (12) S. megapotamica Spreng. = M. megapotamicus M. longicatyx E.B. Souza & M.F. Sales (13) Slaurospermum Thonn. = Mitracarpus M. megapotamicus (Spreng.) O. Kuntze (14) S. verticillatum Schumach. & Thonn.. Beskr. = M. hirtus

Rodriguesia 61(2): 319-352. 2010 Rodriguésia

Instruções aos Autores Os manuscritos submetidos a Rodriguésia devem exceder o enfoque essencialmente descritivo, evidenciando sua relevância interpretativa relacionada à morfología, ecologia, evolução ou conservação. Estimula-se que isso seja feito através de uma seçào de Discussão ou Conclusão. ou a do corpo Artigos de revisão ou de opinião poderão ser aceitos mediante demanda voluntária pedido os manuscritos editorial. Os manuscritos deverão ser preparados em Português, Inglês ou Espanhol. Ressalta-se que enviados em Língua Inglesa terão prioridade de publicação. tenham A Rodriguésia aceita o recebimento de manuscritos desde que: todos os autores do manuscrito aprovado sua submissão; os resultados ou idéias apresentados no manuscrito sejam originais; o manuscrito enviado sido recusada não tenha sido submetido também para outra revista, a menos que sua publicação tenha pela de submissão, Rodriguésia ou que esta receba comunicado por escrito dos autores solicitando sua retirada do processo Rodriguésia; se o manuscrito tenha sido preparado de acordo com a última versão das Normas para Publicação da a não ser com aceito para publicação e publicado, o artigo (ou partes do mesmo) não seja publicado em outro lugar, consentimento do Editor-chefe; sua reprodução e o uso apropriado de artigos publicados na Rodriguésia não Editor- apresentem fins lucrativos e tenham propósito educacional, qualquer outro caso deverá ser analisado pelo seus autores. chefe; o conteúdo cientifico, gramatical e ortográfico de um artigo seja de total responsabilidade de Envio de Manuscritos O endereço para o site de submissão eletrônica é: http://rodriguesia-seer.jbrj.gov.br/index.php/rodriguesia

Forma de Publicação Os artigos devem ter no máximo 30 laudas, aqueles que ultrapassem este limite poderão ser publicados após avaliação do Corpo Editorial. O aceite dos trabalhos depende da decisão do Corpo Editorial. Artigos: somente serão aceitos artigos originais nas áreas anteriormente citadas para Biologia Vegetal, História da Botânica e Jardins Botânicos. corpo editorial, Artigos de Revisão: serão ar.eitos preferencialmente aqueles convidados pelo porém, eventualmente, serão aceitos aqueles provenientes de contribuições voluntárias. e outros Opinião: cartas ao editor, comentários a respeito de outras publicações e idéias, avaliações textos que caracterizados como de opinião, serão aceitos. sucintas e conclusivas (não Notas Cientificas: este formato de publicação compõe-se por informações serem inclusas em um artigo sendo aceitos dados preliminares), as quais não se mostram apropriadas para cientifico típico. Técnicas novas ou modificadas podem ser apresentadas. e Editor(es) Assistente(s), Os manuscritos submetidos à Rodriguésia, serão inicialmente avaliados pdo Editor-Chefe aiviado o i«^^ os quais definiram sua área especifica: em seguida o nanusoito saá para e sugestões dos revisores e a decisão do de Área então, enviará o mesmo para dois consultores ad hoc. Os comentários necessário, realizadas modificações de Editor de Área serão enviados para os respectivos autores, a fim de serem, quando dos ad hoc e Editor de Área forma e conteúdo. Após a aprovação do manuscrito, o texto completo com os comentários modificar a recomendação dos serão avaliados pelo Editor-Chefe. Apenas o Editor-chefe poderá, excepcionalmente, Editores de Área e dos revisores, sempre com a ciência dos autores. ao autor indicado para correspondência, Uma prova eletrônica será enviada, através de correio eletrônico, dias úteis a da data de recebimento, ao Corpo para aprovação. Esta deverá ser devolvida, em até cinco partir Editorial da Revista. as normas serão devolvidos. Os manuscritos recebidos que não estiverem de acordo com

os autores interessados devem Para consulta à íntegra de nossas normas de publicação acessar o endereço! http://rodriguesia.jbrj.gov.br Rodriguésia

Instruciones a los Autores Los manuscritos enviados a Rodriguésia deben superar el enfoque descriptivo, destacando su importância interpretativa en relación con Ia morfologia, ecologia y conservación. Se alienta que esto se hace a través de una sección de Discusión o Conclusión. Artículos de revisión o de opinión serán aceptados solo por pedido dei Cuerpo Editorial. Los manuscritos deberán ser preparados en português, inglês o espaftol. Resaltándose que los manuscritos enviados en Lengua Inglesa tendrán prioridad para su publicación. Rodriguésia, acepta los manuscritos enviados desde que! todos los autores dei manuscrito hayan aprobado su envíol los resultados o ideas presentadas en el manuscrito sean originales; el manuscrito enviado no haya sido sometido también a otra revista, a menos que su publicación haya sido rechazada por Ia revista Rodriguésia o que esta reciba un comunicado por escrito de los autores solicitando ser retirada dei proceso de evaluación; el manuscrito haya sido preparado de acuerdo con Ia ultima versión de las Normas para Publicación de Rodriguésia; si es aceptado para publicación y publicado, el articulo (o partes de este) no hayan sido publicados en otro lugar, a no ser con el consentimiento dei Jefe Editorial; su reproducción y el uso apropiado de los artículos publicados en Rodriguésia no presentan fines econômicos y tienen un propósito educacional, cualquier otro caso deberá ser analizado por el Jefe Editorial; el contenido científico, gramatical y ortográfico de un artículo es en su totalidad responsabilidad de los autores. Preparación dei Manuscrito La dirección para el sitio de envio electrónico es: httpV/rodriguesia-seer.jbrj.gov.br/index.php/rodriguesia

Forma de Publicación Los artículos deben tener un máximo de 30 páginas, aquellos que ultrapasen este limite podrán ser publicados después de ser evaluados por el Cuerpo Editorial. La aceptación de los trabajos depende de Ia decisión dei Cuerpo Editorial. Artículos: solamente serán aceptados artículos originales en las áreas anteriormente citadas para Biologia Vegetal. Historia de Ia Botânica y Jardines Botânicos. Artículos de Revisión: serán aceptados preferencialmente aquellos que sean propuestos por el Cuerpo Editorial, pero, eventualmente, se aceptaran aquellos provenientes de contribuciones voluntárias. Opinión: cartas al editor, comentários al respecto de otras publicaciones e ideas, evaluaciones y otros textos que son caracterizados como de opinión. serán aceptados. Notas Científicas: este formato de publicación se compone por informaciones sucintas y conclusivas (no se aceptan datos preliminares), las cuales no son apropiadas para ser incluídas en un artículo científico tipico. Técnicas nuevas o modificadas pueden ser presentadas. Los manuscritos sometidos a Rodriguésia. serán inicialmente evaluados por el Jefe Editorial y Editor(es) Asistente(s), los cuales definirán su área específica; enseguida, el manuscrito será enviado para el respectivo Editor de Área El Editor de Área, será el encargado de enviado para dos consultores ad hoc Los comentários y sugerencias de los revisores y Ia decisión dei Editor de Área serán enviados para los respectivos autores, con d fin si fuese necesario de realizar las nxxlificaciones de forma y contenido. Luego de Ia aprobación dei manuscrito, d texto completo con los comentários de los ad hoc y Editor de Área serán evaluados por d Jefe Editorial. Solo el Jefe Editorial podrá, excepcionalmente, modificar Ia recomendación de los Editores de Área y de los revisores, siempre con d conocimiento de los autores. Una prueba electrónica será enviada, a través dei correo electrónico, al autor indicado para Ia correspondência, para su aprobación. Esta deberá ser devuelta, en hasta cinco dias útiles a partir de Ia fecha de recibo, al Cuerpo Editorial de Ia Revista. Los manuscritos recibidos que no estén de acuerdo con las normas descritas a seguir, serán devueltos.

Para Ia consulta de nuestras directrices de publicación, los autores interesados deben visitar Ia dirección: http://rodriguesia.jbrj.gov.br Rodriguésia

Instructions to Authors Manuscripts submitted to Rodriguésia must go beyond the purê descriptive approach, revealing interpretation related to morphology, ecology or conservation. Such interpretation is expected to appear under a separate section (Discussion or Conclusion). Articles that contain only nomenclatural approach will not be accepted. Opinion or review articles may be accepted through voluntary demand or at the request of the editorial board. Manuscripts should be prepared in Portuguese, English or Spanish. Manuscripts submitted in English will be given priority for publication. The Rodriguésia accepts manuscripts provided that ali authors have approved the manuscript submitted; the results or ideas presented in the manuscript are original; the manuscript has not been submitted to another journal, unless the manuscript has been refused by that other journal or the author asks that other journal to withdraw the manuscript from the submission process; the manuscript has been prepared in agreement with the latest version of the Guidelines for Publication in Rodriguésia. If accepted and published, the article (or its parts) cannot be published elsewhere, except with the consent of the Editor-in-chief. The reproduction and proper use of articles published in Rodriguésia can not receive any profit and must have educational purpose. Any other cases must be examined by the Editor-in-chief. The scientific content, grammar and spelling within an article are the sole responsibility of its author.

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Author Guidelines Article size is mostly limited to a maximum of 30 pages. Longer articles may be approved upon evaluation by the Editorial Board. Acceptance of the manuscripts depends on decisions from the Editorial Board. Original papers: only original papers will be accepted in the following áreas: Plant Biology, History of Botany and Botanic Gardens. Reviews: preference will be given to articles invited by the Editorial Board, however, voluntary contributions are welcome. Letters: letters to the editor, comments on other relevant publications and ideas, evaluations and others are welcome conclusive information Short Communication: this publication format is composed by succint and (preliminary data are not accepted) that are not approppriately included in an original paper. New techniques or their modification can be presented. and assistant editors, in Original papers submitted to Rodriguésia will be evaluated by the Editor-in-chief order to define its specific área: then the manuscript will be sent to the Area-editor, who will send it to two ad to the hoc reviewers. Comments and suggestions of reviewers and the Area-editor decision will be sent back authors for any eventual modification of format and/or content. After the manuscript is approved, the complete text with comments from reviewers and Area-editor will be evaluated by the Editor-in-chief. Only the Editor- always in-chief may. exceptionally. change the recommendations made by the Area-editor and reviewers, informing the authors. author, for his approval. This will have to An elecfronic proof will be sent by e-mail to the corresponding be refumed in up to three working days from receivership, to the Editorial-board of the Journal. Manuscripts that do not follow the norms below will be returned.

To access the full text of our Guidelines, please access the following: http://rodriguesia.jbrj.gov.br SUMÁRIO/CONTENTS

Artigos Originais / Original Papers Crescimento inicial de plantas Euterpe edulis Mart. em diferentes condições de luz, água e nutrientes / 157 Initial growth of seedlings of Euterpe edulis Mart. under difterent conditions of light. water and mineral nutrients M. Neiiliiirgcr. l.V. Soii/a & M.T.S. Paulilo

Sistema reprodutivo e polinização de Senna multijuga (Fabaceae) em Mata Atlântica Montana / Breeding n>? system and pollination of Senna multijuga (Fabaceael in a montane Atlantic Forest

M. Wolouski « L Freitas

Morfoanatomia do sistema subterrâneo de Smilax subsessiliflora ISmilacaceae) / Morphoanatomy of theisi underground system of Smilax subsessiliflora ISmilacaccael

A.R. (iiiim.iràcs. (\(i. Cosia & R.H.P. Atuirei!.!

O significado cultural do uso de plantas da caatinga pelos quilombolas do Raso da Catarina, município de jeremoabo, Bahia, Brasil / The cultural significance of use of caatinga plants by Quilombolas of lhe Raso Catarina, leremoabo district, Bahia, Brazil

V.S. Alui. «l.i » I.RS.I. Bandeira

Fungos causadores de ferrugens (Uredinalesl da Reserva Biológica do Lago Piratuba, Amapá, Brasil / 2x1 Rust fungi lUredinales) from Piratuba Lake Biological Reserve, Amapá state, Brazil

l.F. França. U.M.P. SotãoS S.V. Costa-Neto

Samambaias e licófitas do Parque Ecológico do Gunma, município de Santa Bárbara do Pará, estado do 22-1 Pará, Brasil / Ferns and lycophytes from Gunma Ecological Park, Santa Bárbara do Pará municipality, Pará state. Brazil

J.M. Coita * M.R. Pietrobom

233 Additions to the genus Lessingianthus (Asteraceae, Vernonieael from South America / Adições ao gênero Lessingianthus (Asteraceae. Vernonieael da América do Sul

M. Dematte» & M.B. Angulo

243 Orchidaceae na região central de São Paulo, Brasil / Orchidaceae in the central portion of Sâo Paulo state. Brazil

A.W.C.rerreira. M.I.S. Lima* E.R. Pansarin

Bromeliaceae |uss. nos campos rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, Minas Gerais, Brasil / Bromeliaceae 2b t "campos luss. in the rupestres" of Itacolomi State Park. Minas Gerais, Brazil . Paula K T. Wendl

Chrysobalanaceae do Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil / chrysobalanaceae of 2a' Serra da Canastra National Park, Minas Gerais, Brazil

P.K.B. Ileiiisini| K H. Homero

Malvaceae s. str. na Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, Rio de Janeiro. Brasil / Malvaceae s. str of the «•• Rio das Pedras Reserve, Mangaratiba, Rio de lanelro. Brazil

M.ít Hovini

'" Flora da Usina São José, lgarassu, Pernambuco: Sapotaceae / Flora of the Usina sao José, lgarassu. Pernambuco 1 Sapotaceae

A Mwk Ar.,l,|..,V " !st*t - Revisão de Mitracarpus (Rubiaceae - Spermacoceae) para o Brasil / Revision of Mitracarpus (Rubiaceae Spermacoceael from Brazil

1 It. s.,11/... 1 1. c ..i.t.il • l).< . Zapp<

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