Copa Do Mundo 2014: Um Olhar Sobre a Narrativa Esportiva Do Jornal O Globo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS JORNALISMO COPA DO MUNDO 2014: UM OLHAR SOBRE A NARRATIVA ESPORTIVA DO JORNAL O GLOBO BERNARDO BISAGNI PEREGRINO RIO DE JANEIRO 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS JORNALISMO COPA DO MUNDO 2014: UM OLHAR SOBRE A NARRATIVA ESPORTIVA DO JORNAL O GLOBO Monografia submetida à Banca de Graduação como requisito para obtenção do diploma de Comunicação Social/ Jornalismo. BERNARDO BISAGNI PEREGRINO Orientador: Prof. Dr. Fernando Ewerton Fernandez Junior RIO DE JANEIRO 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO TERMO DE APROVAÇÃO A Comissão Examinadora, abaixo assinada, avalia a Monografia Copa do Mundo 2014: um olhar sobre a narrativa esportiva do jornal O Globo, elaborada por Bernardo Bisagni Peregrino. Monografia examinada: Rio de Janeiro, no dia ........./........./.......... Comissão Examinadora: Orientador: Prof. Dr. Fernando Ewerton Fernandez Junior Doutor em Ciência da Informação pela Escola de Comunicação - UFRJ Departamento de Expressões e Linguagens (DEL) – UFRJ Prof. Dr. Paulo Guilherme Domenech Oneto Doutor em Filosofia pela Université de Nice (França) Departamento de Fundamentos da Comunicação - UFRJ Prof. Dr. William Dias Braga Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação - UFRJ Departamento de Expressão e Linguagens (DEL) - UFRJ RIO DE JANEIRO 2014 FICHA CATALOGRÁFICA PEREGRINO, Bernardo Bisagni. Copa do Mundo 2014: um olhar sobre a narrativa esportiva do jornal O Globo. Rio de Janeiro, 2014. Monografia (Graduação em Comunicação Social/ Jornalismo) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Escola de Comunicação – ECO. Orientador: Fernando Ewerton Fernandez Junior Orientador: Fernando Ewerton Fernandez Junior PEREGRINO, Bernardo Bisagni. Copa do Mundo 2014: um olhar sobre a narrativa esportiva do jornal O Globo. Orientador: Fernando Ewerton Fernandez Junior. Rio de Janeiro: UFRJ/ECO. Monografia em Jornalismo. RESUMO Este trabalho tenta entender quais estratégias narrativas um meio impresso busca para ter um conteúdo de relevância numa cobertura de grande porte. No caso, o que se trata aqui é a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil. A metodologia de pesquisa centra-se em 14 textos do jornal O Globo. Estes textos correspondem àqueles que apresentam e descrevem os sete jogos da Seleção Brasileira durante o Mundial de futebol. A partir da análise, discute-se uma questão sobre o futuro dos meios impressos na seara esportiva. O trabalho também apresenta um histórico das Copas do Mundo e da cobertura da imprensa brasileira nos Mundiais. SUMÁRIO 1 – Introdução 2 – A Copa do Mundo 2.1 – Do sonho à realidade de um campeonato mundial de seleções 2.2 – O negócio entra em campo 2.3 – 64 anos depois, o Brasil volta a ser sede 3 – A cobertura da imprensa brasileira na Copa do Mundo 3.1 – Fase inicial 3.2 – A Copa de 1950 e o Maracanazo 3.3 – Os cinco títulos mundiais e as Copas recentes 4 – A Copa do Mundo de 2014 e análise dos textos sobre os jogos do Brasil 5 – Considerações finais 6 – Bibliografia 7 – Anexos 1 – Introdução De quatro em quatro anos, bilhões de pessoas em todo o planeta ficam grudadas, durante um mês, a uma tela de televisão. O que está sendo transmitido não é um programa de auditório, uma série de ficção ou um noticiário. O foco de todos é um gramado verde, onde os melhores jogadores de futebol do mundo representam seus países numa disputa entre 32 nações. Números e adjetivos superlativos não faltam para descrever a força e o alcance da Copa do Mundo, que, em 2014, aconteceu no Brasil. Além de movimentar cifras estratosféricas, o torneio serve como instrumento de diplomacia. Um acontecimento de tal magnitude deixava no ar a pergunta: como a imprensa brasileira iria cobrir o Mundial dentro de casa? Mais do que isso, o que motivou este trabalho foi tentar entender quais estratégias um meio impresso utilizaria para cobrir um evento de tanta relevância tendo a competição de outras mídias muito mais velozes, como a internet e a televisão. Como um jornal lidaria com esse desafio? O que fazem para, no dia seguinte, entregar ao leitor um conteúdo original? Essas questões, praticamente, tornaram-se rotinas dentro do meio jornalístico. Porém, na situação aqui estudada, elas estavam aditivadas, afinal, tratava-se de uma Copa acontecendo no Brasil. A última vez em que isso tinha acontecido fora em 1950, quando as dimensões do evento – e o Brasil – eram outras. Na época, a Seleção Brasileira ainda não tinha conquistado nenhum de seus cinco títulos mundiais, e o país ainda estava longe de passar pela ditadura militar a que seria submetido entre 1964 e 1985. A imprensa, também, era outra. O prazo para a realização deste estudo impôs a necessidade de um recorte. Para tanto, selecionou-se o jornal O Globo, tanto pela relevância do veículo, o terceiro maior em circulação do país1, quanto pela facilidade na coleta do material. Optou-se por analisar os textos que apresentavam os jogos do Brasil – publicados no dia da partida e aqui chamados de textos pré-jogos – e os textos que contavam como foram as partidas – publicados no dia seguinte e aqui chamados de textos pós-jogos. 1 Disponível em http://www.anj.org.br/maiores-jornais-do-brasil. Acessado em 09 de novembro de 2014. 1 Por textos pré-jogos, foram considerados aqueles ligados à ficha do jogo – o quadro que apresenta as prováveis escalações dos dois times e outros detalhes da peleja. Por textos pós-jogos, considerou-se aqueles que, em algum momento, descrevem lances do jogo – a ficha da partida, com detalhes do que se passou em campo, só não apareceu em um texto pós-jogo selecionado. Como a Seleção Brasileira disputou sete partidas – três na primeira fase e mais quatro eliminatórias – o escopo da análise ficou centrado em 14 textos, anexados no fim do estudo. A obra Sobre a Televisão – seguido de a influência do jornalismo e Os Jogos Olímpicos, do sociólogo francês Pierre Bourdieu, e artigos científicos servem de apoio à análise. Mas, acima de tudo, são os próprios textos do jornal carioca que sustentam as observações. Por meio deles, tem-se um painel do que foi a Copa do Mundo de 2014 para a Seleção Brasileira: uma trajetória recheada de expectativa, mas que entrou para a história por meios não muito desejáveis. Antes de chegar ao Mundial passado, é necessário entender o que é a Copa do Mundo. Para tanto, fica reservado o capítulo 2, que apresenta o torneio desde a sua criação, na primeira metade do século XX. Esse trecho do estudo também mostra como uma ideia, feita no início aos trancos e barrancos, tornou-se a galinha dos ovos de ouro da Federação Internacional de Futebol Associado, a FIFA, entidade que rege o futebol mundial. A biografia Jogo Duro – A história de João Havelange, do jornalista Ernesto Rodrigues, foi de valiosa contribuição para se entender o processo de transformação de uma era romântica no mais puro business. A história de como o Brasil foi escolhido para ser a sede da edição de 2014 do Mundial também é abordada no capítulo 2. Mais do que uma simples pretensão de sediar o torneio, a campanha brasileira também passava pelo interesse de crescimento político de Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Sem contar os acordos costurados pela própria FIFA, iniciados a partir da escolha da Alemanha para a sede do torneio de 2006. O recém-lançado e-book A Copa como ela é – A história de dez anos de preparação para a Copa de 2014, do jornalista Jamil Chade, correspondente do jornal O Estado de São Paulo em Genebra e um dos mais ativos na cobertura dos bastidores da FIFA, ajuda a reconstituir esse momento. O terceiro capítulo detalha a história de quem relatou as participações do Brasil nos Mundiais. Tem-se um panorama da cobertura da imprensa esportiva brasileira 2 durante as Copas do Mundo, com o fundamental apoio da obra Os donos do espetáculo – Histórias da imprensa esportiva no Brasil, do jornalista e escritor André Ribeiro. O eixo principal são os cinco títulos mundiais conquistados pela Seleção Brasileira, em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, mas a linha evolutiva também contempla a cobertura das primeiras disputas, em 1930, 1934 e 1938, e o primeiro grande trauma do futebol brasileiro: o Maracanazo. A derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950, a primeira sediada no Brasil, foi amplamente coberta pela imprensa da época. Praticamente, todas as rádios enviaram seus melhores profissionais ao Maracanã, palco da decisão, de modo que os pesos- pesados do jornalismo esportivo de então acompanharam a derrota in loco. Além disto, a imprensa não se resumiu a contar os fatos: foi, quase, co- protagonista do contexto que envolveu aquele jogo decisivo. Tudo porque, antes da partida, jornais estamparam fotos do time do Brasil como se os jogadores já fossem campeões do mundo. Os registros históricos dão conta que os uruguaios se revoltaram com o fato, e, por isso, entraram em campo com mais gana de vencer. Esse trecho do estudo chega até o século XXI, com a conquista do pentacampeonato mundial do Brasil e as mudanças que acometeram a cobertura de um torneio como a Copa do Mundo. Desse modo, a linha evolutiva acompanha a evolução no viés das coberturas – ufanistas no início, críticas depois – e na dimensão delas, que passaram a envolver muito mais profissionais do que antes, muito por causa dos novos suportes midiáticos. Além das mudanças, a conquista dos títulos em 1994 e em 2002 foi marcada pela relação conflituosa entre a mídia e a cúpula da Seleção Brasileira. Nas duas ocasiões, o Brasil embarcou para a disputa do Mundial desacreditado pela imprensa especializada.