O Mediterrâneo queenche asmesquitas Marcos Ana www.ipsilon.pt 12 Junho 2009 Sexta-feira “Périplo”, umaviagem deMiguel Portas eCamilo Azevedo Book Expo America Expo Book Jeff Nichols Tornados

CAMILO AZEVEDO ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO Nº 7010 DO PÚBLICO, E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

E-mail: Soares Mariana Carla Noronha, Jorge Guimarães, Designers Directora dearte Simon Esterson, Kuchar Swara Design Fernandes, Vítor Belanciano Inês Nadais, ÓscarFaria, Cristina Conselho editorial Joana Henriques Gorjão (adjunta) 28 Editores Director Ficha Técnica 26 MatosMaria Avignonfalava em ao chega O espectáculo de que se Sónia 24 Tem cartabranca no CCB Camané electricidade de hoje Swing de ontem, Tornados 22 inspiradores dadécada alternativa americana, mais Um dos grupos, fafacção Dirty Projectors Caçadeira” Conta-nos “Históriasda Jeff 12 O que vamos ler ExpoAmerica Book 16 Almodóvar ser adaptadas ao cinema por 6 resistente ao franquismo vão As memórias de um Marcos Ana Mediterrâneo Fizeram umaviagem pelo Azevedo Miguel Portas eCamilo Sumário Ncos 20 Nichols

Mark Porter, [email protected] José Manuel Fernandes Vasco Câmara, Ana Carvalho, Sónia Matos IsabelCoutinho,

P H IL M C C Público FlashEspaço A R T E por Mandela. poema frequentemente recitado novo títulopara ofilmeaum foi encontrar o Eastwood do país. esperando assimsarar asferidas Mundo deRugby, em1995, aTaça dodesporto: organizando numa linguagem universal, o Apostou,internacional. então, dividida. Eera imagem essaasua eracialmente, economicamente doSulcontinuava,a África dequeMandela tinhaconsciência unido. Acabado desereleito, construir aimagem deum país (MattDamon),paraPienaar Francois sul-africana, “rugby” daequipaesforços de aocapitão (Morgan Freeman) uniuosseus verídica, decomoNelsonMandela Human Facor”, ahistória, conta Anteriormente intitulado“The de2010.para aoinício do mundo aestreia marcada está “Invictus” -para orestocineasta, donovoamericano filmedo Dezembro, aestreia nomercado para11 deacautele. Anuncia-se, tempo. ManoeldeOliveira que se doseu prolíficosmais cineastas desmerecer otítulo deumdos farátudoparanão Eastwood sucedido nasbilheteiras),Clint bemeste oseufilmemais (“Changeling” e“Gran Torino”, num espaço depoucos meses deter estreadoDepois filmes dois que seacautele) (Oliveira Clint Eastwood Vem aímaisum propriedades alucinogénias inglês demandrágora, de planta “Mandrake” para éa tradução contemporânea pagãos emúsica “Mandrake”: rituais Pereira apresenta Videasta Tiago N / R E U

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S O concerto deLisboana magistralmente tocadas. Só aquelasmelodias nem vemos mais nada. pairar noar. Nãoouvimos hipnotiza. Ficamosa Norberto Lobo Casa doAlentejo, nodia acordes deguitarras. 5 deJunho, foiintenso... Overdose denotase para nósepara ele. arrebata, Oliveira? como prolífi Clint, tão co Danny Rogers, YouTube. Para no vistos mais dos tornou-se espectáculo do “clip” eumespectadores, 100 milhõesde porcerca devisto prémios foi MTV dosO episódio ruído depromoção.” dorestante distinguir muito antigasparase armas utiliza Cohen Borkowski “Baron PR. empresa depromoção Borkowski, fundadorda Mark “Guardian” aofilmes, comodisse para quem promove os faz deSacha“umsonho” mesmoque Eéisso coisa. Não, nãoviramgrande Ou “trailers” dessefilme? emJulho? aosecrãs chega in aMesh T-Shirt”, que Presence ofaGay Foreigner inthe Uncomfortable Heterosexual MalesVisibly for thePurposeofMaking Journeys Through America filme “Bruno:Delicious viram, poraí,posters do o rosto deEminem? Já desceu oseutraseiro sobre “gay”, deshows demoda-, apresentador australiano, e pele deBruno-o Awards, emque Sacha,na Movie dosMTV Lembram-se promoção dosfilmes. de estratégia easua Cohen SachaBaroninternacional: naimprensade análise adarorigemestão atextos darão umlivro. Parajá “proezas” deleumdia “marketing”. As de estreia Mudar debina experimental queoálbum mas menosinovador e mais maduro eseguro, levitar. Estetrabalho soa casa semcomeçarmosa na tranquilidade de que dápara ouvir sentado novo álbumPata Lenta, trazer para casa,oseu que pudemosfi Valeu-nos aMetadona um acrobata doum acrobata A foto diz tudo: eis A fotodiztudo:eis Sacha Baron “marketeer” “marketeer” dos nossos tempos Cohen, Cohen, nalmente certa executadacerta daforma por amigos. aideia Com esãopartilhadas escritório parapassam deescritório imprensa. Asimagens plástico, 39anos João Semog, artista rápida. Norberto, olobodapata seu habitat natural, unhas. Toca emLisboa, palhetas nolugar das aguçada, olhovivo e ágil, deaudição muito embora extremamente virtuoso, manso de 2007. Um lobo colocar uma história na umahistória colocar viral. Não se trata jáde viral. Nãosetrata dos formatoshabituais. valor hoje.Têm umpoder “As imagens têmmuito se nomeiodoruídoe espectador, distinguir- memória do se inscreva na de umaimagem que esforços na criação esforços nacriação concentrar osseus de Baron éessa: Week”, aproeza editor da“PR nos MTVMovie Awards Baron Cohen conoBruno teci- acon- um correcta, mais publicamos? tudo naimagem que militar.operação Nãoestá dignadeuma disciplina precisa, organização acontecimentos: promotor de SachaBaronEis Cohen, anúncio pago.” vezes doque mais um valemdez única uma ima-gem ou mesmo único mento Ípsilon •Sexta-feira 12 Junho 2009• 3

FRED PROUSER/REUTERS

4 baterista Tiagobaterista a presença do Jorge, com que contará naestreiaacentuado no São Talestabelecido. será alterações ao“guião” pré- operar, apresentação, emcada imagens que recolheu para banco dedados desonse Tiago Pereira arecorrer ao emaberto, com espectáculo definido, “Mandrake” éum Apesar deter umfiocondutor para “arredar odemónio”. McKenna eladainhas alentejanas Relvas, opensamento deTerence Tiago Guillul, osadufes deJosé deTóguitarra de Trips, ascantigas simbólico: ogwanamarroquino ea nomesmopatamar projectadas todasasexperiênciascoloca mágico, pagão, anula otempo e tendo porbaseaideiaderitual que,é uma“trip” sonoraevisual “Mandrake”espectáculo, que dátítuloao planta deacordoBem coma disponíveis aoolhar. imagens, nosecrãs projectadas familiares pelafusãodesonse adescobrirem-seancestrais, se comasvozes derituais separadamente, acomplementar- Filipe Valentim, filmados Tiago Guillul,ErnstReijseger ou Mestre, BFachada, José Relvas, (dos GalandumGalundaina),Pedro como Tó Trips, Paulo Meirinhos alucinogénios. Músicoscogumelos depropriedades espirituais as elogiam americanos arquivos vídeodosanos50,onde populares eimagens a resgatadas responsosrecitando erezas alentejanas etransmontanas de proveniências diversas: anciãs Tiago Pereira recolhas projectará constituída portrês onde ecrãs, Uma vídeoperformance, estreia Eque nacional. terá visto? onde“Mandrake”Lisboa, terá aoCinemaSãoJorge,deslocar em opúblicoque,depois, dia24,se MACBA, emBarcelona. Sabê-lo-á, no àestreia assistiu doespectáculo Já osaberá opúblicoque, dia10, diferente. substancialmente mesmas premissas, maséobra “Mandrake” das podepartir Oral Contemporânea”. recenteou paraomais “Tradição Burros CaemdeEstômago Vazio” presente. Essafoi abasepara “11 do integrante tomá-la comoparte contemporaneidade que a resiste deuma noção emconfronto comcolocando-a reflexão sobre aculturapopular, central doseutrabalho:a aquilo que temconstituídoofoco sobremomento, debruçado Pereira desenvolve neste Tiagoprojecto que ovideasta pagãos.“Mandrake” éorituais emdesde hátemposimemoriais Lisboa “Mandrake”, dia24, S. Jorge, Tiago Pereira apresenta •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 utilizada Flash na Eskimo, deLindstrom &Prins EP dosSlightDelay (Tiago +DJAl) Internasjonaledoisnorueguesa (“Nightofthebath”)& Alçada na dosMendes ummáxi-single mais Para ospróximos temposhaverá novidades poraqui. nãoseficam ingleses Idjut Boys. Masas contendo umaremistura dos na inglesaClaremont 56, Cream),+ Pedro dosCoty Alçada (Tiago Mendesprojecto &Alçada do “Coaster”, máxi-single, Tiago Mirandaeditouumoutro “Mucho swash”. Recentemente, com oDJalemãoKaos. Chama-se Tiago, de umaparceria resultante nas próximas semanas umEPde evoluptuosas,sensuais vai editar pelaselectrónicas conhecida “glamourosas”mais domomento, Candy edosChromatics, umadas AeditoradosGlassseus serviços. seinteressaconceptual, pelos e visual identidade musical, deumasingulareditora apartir uma felizesdecomocriar mais Do ItBetter, umdosexemplos Italians que aamericana também agora sabe-se Mindless Boogie, nova-iorquina Rong Music oua editorascomoa importantes em lançados vários discos deDezperados, etc.).Depois The SeaPower andChange, Slight Delay, Mendes &Alçada, GalaDrop, (Loosers, portugueses ainúmerospertencente projectos editora dejazzRuby Red, produtor, DJeresponsável pela estava Tiago Miranda,músico, Entreinternacional. essesnomes universo dedança damúsica no visibilidade conhecido Club, Disco Social etc.)que têm (Photonz,Moulinex,portugueses de umasérieprojectos abordado oassunto, apropósito Já oanopassadotínhamos com Tiago Miranda ItBetter Italians Do Tiago Miranda duração daperformance. duração quarenta minutos de sonora, improvisada, aos mais umatexturamais Angelino aacrescentar Thomas, enaRong Nelson”. Music, “Melody respectiva- you feelit?”e mente “Can dos actores fundadoresdos actores do em Antuérpiaeque juntou três estreia que aconteceu em2006 chamaram “ou/não”, uma Alan Ayckbourn aque de textos deHarold ede Pinter Tg vez desta umamistura Stan, dosflamengos um espectáculo lugar dereencontros, está cá E porque ofestival ésempre contemporânea (dias13e14). do séculoXIXcomamiséria damiséria (n. 1941) fazaligação Lautréamont, ondeLanghoff Maldoror”, docondede excertos de“Cantos de montagem de Ducasse”, AssimfalavaPaciente, Isidore “Deuscomo o seuespectáculo. Viena evem abrirofestival com ópera, édirectordoFestival de comoencenador de conhecido Bondy (n.1948),hojemais fora). está apatroa enquanto masoquistas sado- a encenarrituais que sãoduas, (ascriadas, Genet Peter Steinnouniverso deJean Schaubühne logoa aseguir homem que dirigiua Berlim, eéomergulhodo am Rosa-Luxemburg-Platz, de é umaprodução daVolksbühne Isidore “As Ducasse”. Criadas” Assimfalavacomo Paciente, com“Deus Matthias Langhoff, Bondy, com“As Criadas”,e Almada, de4a18Julho: Luc Festival de Internacional suíços que no São dois vãoestar de Almada no Festival ou osStan Langhoff Matthias Luc Bondy, Luc Bondy mergulha emJean Genet:“As Criadas” grupo que Portugal adora Jolente DeKeersmaeker,(

13 deJulho) -,eo (6, 7,actor” 12e sobre deser aarte reflexão profunda Novarina -“uma francês Valère aos Actores”, do Silva Melo empalcocom“Carta para(re)veroportunidade Jorge E nestefestival háa teatro”, dizoencenador. deumbelopedaço carne título, dá“o osso, onervo ea que, arimarcomo espectáculo éum Communauté Française, belga Théâtre Nationalde la Philippe Sireuil, produção do encenado por Marie Piemme, de morder osamigos”, deJean- seu donosobre anecessidade como 11). “Diálogo deumcão paixão epelodesejo(dias10 Zerlina,mas esta, émovida pela Broch mete criadas, -também “Zerlina”, doalemãoHermann Cantarella, que vez desta traz do encenador francês Robert vai poderrever umespectáculo ano passado viu“Hippolyte” com aCulturgest. Paraquem no Julho, umaco-apresentação Vercruyssen). Éa11e12de Damiaan DeSchrijver eFrank Matthias Langhoff comoPaciente,“Deus Assimfalava Isidore Ducasse”, de , segundo Lautréamont “Menina Else”,deSchnitzler, que já estrearam como comespectáculos portuguesas participações habituais Saavedra, háaindaas dia7), deInês encenação frisamos”, Maravillosa e (com“Cortamos e 12,respectivamente) eLa por GuillermoCalderón, dia16 encenados espectáculos dois (com “Neva” e“Diciembre”, argentina Teatro enelBlanco companhias chilenae comas latino-americano, sobreAlém dociclo teatro como anunciam (dias17 e18). seu,“Turbo-Folk”, espectáculo pop nalinhadeoutro pelo Teatro Praga,ummusical “Demo, Praga”, ummusical paraofestival é Outra criação explosão decólera epaixão”. torrencial”,“um abismo “uma deFunès”(12e13), “Para Louis prolongamento dessetexto em com Rita Durão,com Rita ou “Vieira daSilva par“Vieira elle même”,com Paschoal. Maria José Tg Stan segundo os Ayckbourn e Alan Harold Pinter <;IJ?L7B www.casadamusica.com | T 220 120

TEMOS PARA OFERECER 10 CONVITES DUPLOS PARA O CONCERTO DO DIA 03 DE JULHO. SEJA UM DOS 10 PRIMEIROS LEITORES A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL COMPLETO NA CASA DA MÚSICA. A esquerda falhou nos países islâmico O Sul do Mediterrâneo andou devagar milhares de anos. De repente, levou com culpa, reconhece Miguel Portas. “Périplo”, com texto de Miguel Portas e fotografi as

Das montanhas do Iémen aos desertos da Líbia, dos cemitérios do Cairo aos rios da Mesopotâmia, dos “souks” de Alepo aos palácios de Petra, o livro “Périplo” vai até onde acaba a oliveira na margem sul do Mediterrâneo. A série documental que Miguel Por- tas fez em 2003-4 com o realizador Camilo Azevedo tinha as duas mar- gens do Mediterrâneo e vem em DVD no fim do livro. Mas o que agora está em 350 páginas de texto e fotografias é outra coisa, antes e além das filma- gens. Algo entre o ensaio histórico e a viagem, um périplo no tempo e nestes espaços sem paralelo em Portugal. O Norte ficará para um futuro volume. Camilo Azevedo fez a maior parte das fotografias em viagens de pes- quisa, antes de filmar. Miguel Portas escreveu o texto depois da série, mui- tas vezes recorrendo a viagens poste- riores. Há lugares que estão no livro e não estão na série, como Jerusalém. Texto e fotografia são dois discursos paralelos, que frequentemente con- fluem. Neste mundo maioritariamente islâ- mico, mas também judeu e cristão, o ateu Miguel Portas demora-se nas reli- giões, e defende ao longo do livro a necessidade de dialogar com elas. Não o fazer é ignorar a maioria, e isso foi o que a esquerda fez, erradamente, quando pactuou com as ditaduras Capa nacionalistas árabes. E os pobres vol- taram-se para o islamismo político. Miguel Portas diz que gostava de ter lançado “Périplo” semanas antes da campanha oficial para as europeias, mas o livro ficou pronto apenas dias antes. As duas primeiras apresenta- ções, em Lisboa e Mértola, acabaram por aparecer no portal do Bloco de Esquerda, confundindo-se com a cam- panha. “Mas ainda não era campanha oficial”, justifica Portas. “O lança- mento em Coimbra, já em plena cam- panha, não o anunciei.” De resto, diz, “é uma questão de pura formalidade”, porque a pré-campanha já vem de Outubro. “As pessoas têm várias dimensões e nunca dissociei as parti- dárias e as não-partidárias, desde que cumpra a lei.”

Dizes que “Périplo” não é um livro de história, não é um ensaio, não é uma reportagem, mas um pouco de tudo isto. Porque é que aparece tão pouca gente a falar? Foi uma opção. O documentário é que suscitou o livro, e no documentário tivemos condições de filmagem sob vigilância, porque em nenhum daque- les países se filma sem polícia. Mesmo quando iam às ruínas perdidas da Líbia? Ou sobretudo na Líbia? Sobretudo na Líbia. E no Egipto os mecanismos de defesa eram muito grandes. Depois havia um outro pro- blema. Ou se fala árabe ou a comuni- cação é difícil com as pessoas comuns.

6 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 u completamente os do Mediterrâneo colonialismo, ditaduras, globalização - e refugiou-se nas mesquitas. A esquerda tem de Camilo Azevedo, é uma viagem no tempo e no espaço. Alexandra Lucas Coelho

E portanto tinha que existir a media- gens introspectiva. ção de um intérprete, o que não per- Tal como a parte em que falas mitia confirmar a veracidade das res- do deserto. postas porque era agente de polícia. Há elementos intimistas, como há Os intérpretes eram-vos outros que são quase de guia. atribuídos? Isto começou por ser um livro de Eram. Mas mesmo quando a mediação fotografias legendadas, com base no é através de uma agência, eles têm que acervo do Camilo, à roda de 10 mil fazer um relatório de informação. É fotos. Depois, os primeiros ensaios assim na generalidade daqueles paí- que fiz não me satisfizeram. Tentei ses. textos curtos sobre grupos de fotogra- Nunca encontrei essa realidade. fias, mas ninguém compra um livro Tem a ver com a câmara? para ver nele a mesma coisa do docu- Tem. Com um pedido de filmagens. mentário. Comecei a construir capí- Indo a lugares históricos, num registo tulos. cultural, estas eram as condições. O primeiro, dos mesopotâmicos, Depois, eu podia ter feito intervir bas- era demasiado curto comparado com tante mais gente [a falar], mas isso os outros. Decidi, a partir dos meso- tornaria o livro dependente das potâmicos e dos rios [Tigres e Eufra- minhas visitas políticas, nomeada- tes], resumir o livro do ponto de vista mente à Palestina, Líbano e Egipto, e da grande viagem histórica. Portanto, eu não quis que o livro fosse de actu- esse capítulo é uma espécie de apre- alidade. Pareceu-me mais interessante sentação. perceber porque tenho sobre a con- O seguinte, do Egipto, é muito mais juntura política daqueles países as viajante. Mas amarrei-me a um escrito opiniões que tenho, e para isso era pouco conhecido do Eça de Queirós pouco relevante a reportagem de cir- [“O Egipto”]. Por que é que o Eça cunstância. jovem via o Egipto daquela maneira? Interessava-me a grande paisagem Quase sigo a reportagem dele. civizacional, as tendências longas da Há um outro capítulo com base num História, que podem determinar com- livro, o do Cairo, mas o propósito é portamentos ou ajudar a desmistificar revelar uma novidade. Porque conflitos. Mais do que fazer um relato se vemos a grande das minhas viagens na Palestina, pare- histó- ceu-me importante, por exemplo, trabalhar sobre as origens do povo judeu ou do juda- ísmo. É dos capítulos mais marcados pela História. Aí, tinha duas opções. Ou fazia reportagem nos dois lados, mas não tenho conhecimento para tirar um ponto de vista suficien- temente original face a tanta coisa escrita e editada, ou fazia um mer- gulho em certas histórias da Histó- ria para proporcionar a um público português - e este livro está escrito Miguel Portas em Assuão, Egipto para portugueses - análises pouco conhecidas cá. Mas há momentos em que aparecem resquícios dos cadernos de viagem, com diálogos. Aproveitar mais isso podia distrair a estratégia do livro? “Em nome da Tive medo de o contaminar de repor- modernidade, tagem. A minha preocupação foi que tanto fosse acessível ao meu filho mais a esquerda aceitou velho, que gosta de História, como a um professor, a um jornalista, como a ditadura. O que retaguarda na qual a actualidade se inscreve. Não achei que fosse capaz deixou o campo de fazer sobre a actualidade melhor do que tem sido feito. aberto às redes Os capítulos também variam. Há sociais do islamismo uns que têm mais História, outros mais viagem, com algumas peripécias. político. Digamos que Como quando estava na Estrada dos Sudaneses, na Líbia, e me deparo com os pobres passaram a um concerto de relâmpagos. Foi aí que tive a minha luz, que descobri o prin- reconhecer-se no cípio da racionalidade na religião. Isso Petra, na Jordânia tem mais a ver com a literatura de via- islamismo político”

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 7 ria do Mediterrâneo em [Fernand] Braudel, podemos ver outra grande história em [Schlomo Dov] Goitein [erudito judeu que estudou milhares de documentos de mercadores judeus dos séculos IX-XIII, uma micro-história do quotidiano]. Entre Braudel e Goitein estão as grandes coordenadas do entendimento do Mediterrâneo. A van- tagem do Goitein é que era desconhe- cido em Portugal. E orientei esse capítulo para as mulheres, porque o capítulo seguinte seria sobre as mulheres. Portanto, cada capítulo foi tendo a sua própria história. Do Iémen à Líbia, quais são os teus lugares de eleição? O vale de Hadramaut, a grande paisa- gem do oásis em forma de rio e da arquitectura de terra... Comboio entre No Iémen. Damasco e Amã ... Aliás, se tivesse que escolher um país seria o Iémen. Não é só o vale de Hadramaut. São aquelas montanhas do Centro e do Norte, todas em socalco, com quatro, cinco vezes a dimensão do Douro. É o único país onde vi que a história fazia efectivamente parte do presente, como força propulsora. Constrói-se Camilo e a cadeira de plástico como sempre se construiu. No mundo árabe, é a única arquitectura espam- Biblioteca de panante para fora. Normalmente, a Um café com TV e cadeira de plástico era onde Camilo de Azevedo queria ter ouvido Obama. Alexandria arquitectura do mundo árabe é cega para fora, porque o espaço público é Entre 10 mil fotografi as, porque almofadões no soalho que na cara com um véu que está num o da família no pátio. No Iémen, não. é que Camilo Azevedo quis verdade são sacos de lã grossa, armazém de estátuas na Líbia. E é assim no Sul [com vários andares esta capa para o livro? “Por marvilhosamente bordados. Ganhou Camilo. em terra] e em Sana [a norte], com causa dos naipes de verde, “Isto são as malas deles, o que E enquanto Miguel ia construção de pedra, cada andar cons- deste desleixo, do árabe que usam para transportar.” E há um escrevendo e reescrevendo truído geração a geração. mete as mãos à cabeça, na sua tabuleiro cinzelado de Alepo, na foram trocando e-mails. Camilo Pelo choque negativo, um outro cadeira de plástico a olhar para Síria, símbolo do que se traz ao estava em Xangai. lugar foi o Vale do Jordão [que atra- a televisão. Este é o sítio onde visitante, chá, café, alimento. Do périplo que deu origem vessa Israel e a Cisjordânia, ao longo eu gostava de ter estado a ouvir É mais fácil quando o ao livro, “a grande magia foi o da fronteira com a Jordânia]. Creio o Obama.” Concretamente, o visitante não tem uma câmara. nevão em Istambul”, que deu que quando Moisés chegou ao cimo discurso em Al Azhar, Cairo, Quando tem é isto: “Filmei imagens maravilhosas na série. do Monte Nebo com 120 anos e Deus a 4 de Junho. “Acho que foi o na Líbia com um pelotão de Mas o livro não tem Istambul. lhe disse “Aqui tens a Terra Prome- mais importante que Obama polícias, no Egipto tinha oito Então do que está no papel, tida”, o tipo disse: “Se esta é a Terra fez. Ele faz aquele discurso e polícias, o polícia-polícia, o que lugares escolhe Camilo? Prometida, por aqui me fico” - e nós fazemos o discurso das polícia que vigia o polícia, toda “Damasco. Porque gosto de pimba, morreu no Monte Nebo. É bru- maravilhas portuguesa, com a imaginação de polícias.” conversar, daqueles cafés em tal, a secura. É uma terra abaixo do todo o preconceito. Ele está a Os polícias não gostam, por que se bebe chá com tempo, nível do mar, um ar abafado, um rio léguas de nós.” exemplo, de imagens como a do daquele ambiente espiritual da Jordão que se salta de um pulinho, Camilo Azevedo, 52 anos lixo nas traseiras. Mas Camilo grande mesquita.” pouco mais que um riacho, um mar - formado na Escola de Cinema também as tem, também as fez. É difícil escolher. Também que é Morto, tudo terrível. de Lisboa no caldo de 1975, em Este Sul do Mediterrâneo é tudo há Gadamés, uma povoação Cairo, Cidade dos Belíssimo mas estéril. tempos assistente de Paulo isso. O esplendor arruinado na Líbia, toda em terra batida, vivos e dos mortos De cima, parece estéril. Está longe da Rocha, Oliveira, mas também dos impérios, o islão a braços fresca como não são as casas ideia de paraíso. de Agustina Bessa-Luís, hoje com a publicidade, a cadeira de modernas de cimento. “Foi Depois, se tivesse que escolher uma realizador na RTP - conhece bem plástico no café com a televisão o sítio mais fantástico. Os cidade, há três, Lisboa, Nápoles e as ditas “maravilhas”. Realizou, ou no pátio da Biblioteca de polícias levaram o Cláudio e o Istambul, que têm tanto em com Paulo Varela Gomes, Alexandria – essa arquitectura Miguel a beber chá no deserto comum... “O Mundo de Cá” e “Malta de espantar, mas oca de livros, e eu aproveitei para ir passear Mas aí já estás no Norte. Portuguesa”. E com Miguel num país onde tanto dinheiro sozinho em Gadamés, tomar o ... Não, se tivesse que escolher uma Portas “O Mar das Índias”. falta à educação elementar. Para fresco. E havia uma festa em cidade escolhia Alepo [Síria]. É muito Para cada um destes trabalhos Camilo, talvez nada simbolize que se davam presentes, e os bonita, de uma pedra amarelada, tem fez várias viagens. Já tinha melhor todo este contraditório velhinhos vieram dar-me um muito boa construção, muito varan- visto muito quando se meteu mundo do Sul do Mediterrâneo presente.” dim de madeira, e a pedra e a madeira em “Périplo”, projecto com do que a cadeira de plástico. Houve ainda isto, em combinam bem. E tem um “souk” Cláudio Torres e Miguel Portas, “Temos que tentar ser justos Gadamés. “Foi dos sítios onde denso, fantástico, talvez o mais denso impulsionado por Luís Leiria com as coisas”, diz. Vê a actual conversei mais com o Cláudio.” que conheci. É muito mais bonito e (autor do glossário no livro). campanha das maravilhas como Que os acompanhou à Síria, interessante que Damasco. Basta entrar em sua casa, o oposto disso. “Depois de ‘O à Líbia e a Marrocos. “Ele era Pensei que ias escolher Beirute. um quinto andar nas Avenidas Mundo de Cá’, pensei que já um fi ltro, um conhecimento Tenho muita ambivalência em relação Novas, em Lisboa, para não se ia fazer televisão que nós não tínhamos, uma a Beirute. É, de longe, onde se respira adivinhar o que viu. A porta sobre o império desta forma muito peculiar de ver mais liberdade. abre-se para tectos em abóbada, forma bacoca, cheia de o mundo. Para ele também foi Jordânia, estação de E rapidez de reconstituição. paredes azul-anil, uma erros. Irrita-me a história uma grande viagem. O que comboios Destruição e reconstituição são abso- velha porta do Rajastão, do português ‘light’. ele queria era ir beber aquele lutamente vertiginosas. É uma cidade Toda a história do que islão que sonha e onde nunca agradável para se estar, mas não diria “Filmei na Líbia é aquele sofrimento, tinha tido oportunidade de ir. que é bonita. Tem um enorme excesso aquela intolerância, Mesmo Marrocos, só conhecia o de construção e é dura. com um pelotão não se compadece Marrocos da sua vida.” No livro em que visita algum com o discurso das Nos países mais vigiados deste Sul, “Mediterrâneo, de polícias, no maravilhas.” por polícias, Síria e Egipto, Ambiente e Tradição”, Foi nesta casa poucas vezes Camilo fi lmou às Orlando Ribeiro defende que Egipto tinha oito que discutiu muito escondidas. Uma delas foi num o Mediterrâneo é um todo, polícias, o “Périplo”, o livro, cibercafé à noite, na Líbia. uma unidade para além das com Miguel Portas. E depois há tudo o que não diferenças religiosas, com um polícia-polícia, o “São dois discursos, se fi lma mas fi ca. Como aquele carácter de permanência que o fotografi as e texto. café, também na Líbia, onde um progresso ofusca sem destruir. polícia que vigia Há convergências e homem o puxou para dentro de Disse-o em fins de 50, começos divergências. Sou talvez uma porta e do lado de lá havia de 60. Ainda é possível dizer o polícia, toda a um bocadinho menos uma rapariga que tinha uma isto? ideológico que o Miguel. coisa para lhe perguntar, a ele, Que há uma unidade, creio que há - a imaginação de Sou muito visual.” Miguel estrangeiro vindo do Ocidente: do tempo, mais que a dos lugares. Ou polícias” queria para a capa a foto do “Explique-me como é o mundo lá seja, não é a unidade da paisagem, é busto de Perséfone a cobrir a fora.” A.L.C a da persistência do tempo. A ideia de Camilo de Azevedo que a vida mudou, mas muito pouco Amã, Jordânia ao longo de muitos séculos. A ideia de

8 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 Wdi Rum, Jordâniaa

que as mudanças passaram pelas ou porque se tinha que fugir ou por- que as sociedades do Norte puderam ligadas às mesquitas que fazem comunidades, mas que elas as absor- que não se tinha como ficar. Rara- fazer em 150 ou 200, ou seja, a ace- “Hoje não tenho uma aquilo que o Estado não faz. veram para mudar o menos possível. mente partir é uma escolha. É uma leração dos tempos no presente. Onde crença particular no No fundo, é o princípio das antigas Como o Mediterrâneo tem um excesso escolha só para quem pode. tive a melhor ideia disto foi em Sana, fundações em que se alicerçou a socie- de História, aprendeu a lidar com ela Género Bruce Chatwin. no Iémen. O camelo ainda é meio de homem. Transitei do dade otomana, e até a sociedade árabe dessa forma. Isso mantém-se. Exacto. O Chatwin sustenta que o via- transporte e o último todo-o-terreno inicial. A ideia da fundação ligada à O que acho é que a aceleração dos jante é um nómada e eu discuto isso. também. A sociedade é a do petróleo cristianismo para o dízima. O império nunca foi centrali- últimos 150 anos, em particular dos No caso do Chatwin, é um luxo. e ao mesmo tempo tão arcaica, con- zado, os estados são um produto últimos 50, é de tal modo poderosa Para mim, é um luxo. É uma dádiva servadora e fechada como os sauditas marxismo bastando- recente. Os sistemas de dominação que curto-circuita todos os adquiridos que tenho, uma possibilidade. das areias. Foi aí que tive a noção de naquele mundo foram sempre muito anteriores. Mas não rebentou com Como o rei Faisal diz a Lawrence como é difícil a comunidades tribais me acreditar no fractais, em mosaico, intercomunitá- eles. Há uma tentativa desesperada da Arábia: só os ocidentais lidarem com a avalancha de moder- homem. Substituí rios. E este princípio de autogoverno de resistir à instantaneidade como escolhem o deserto. nidade e ao mesmo tempo com o facto foi seguido mesmo pelo mais perene forma de vida. Acho que é isso que Exactamente. O que se passa no Medi- de os modernistas que os dirigiram uma crença por dos impérios, o romano. Só é brutal explica os fundamentalismos, essa terrâneo tem que ver com uma ten- serem ditadores. se há dissensões no topo, ou uma sedi- dificuldade de entender a fusão dos dência humana muito antiga, mas com Ficaram sem saída. A certa altura, outra. E hoje estou ção que corre o risco de contaminar tempos. É a resistência do clã que se decisões de policiamento muito a mesquita transformou-se num o vizinho. Fora disso, procura convi- adapta ao sistema político moderno, modernas. A decisão de fechar o Medi- reduto de identidade e de liberdade. convencido de que o ver com os poderes locais, É essa a transformando as lideranças de clãs terrâneo é da Europa. E aquilo que é Esta avalancha do moderno é de tal história do Mediterrâneo. Os poderes em lideranças modernas dos partidos. horroroso nas políticas de imigração modo violenta sobre uma sociedade homem é capaz do locais sempre foram fortíssimos. É o modo como a penetração da cul- - a expulsão e o repatriamento - deixa habituada a andar devagar que fica pior e do melhor, e Grande náufraga do falhanço tura americana é espantosamente de ser função de um estado para pas- difícil lidar com a vertigem. nacionalista é a esquerda laica. compatível com o arcaísmo da vida sar a ser função de Bruxelas. A Europa Eu não procuraria convencer o meu que não há nenhum No Egipto, na Palestina - o que é na família alargada. Poucos países está nesta posição extraordinária de avô, se ele fosse vivo, de coisas que que aconteceu? conseguem concentrar tão bem essas ter uma política de expulsão sem ter pudesse pensar. Estou convencido de destino escrito. Não A esquerda é vítima quer da força da contradições como o Líbano. É uma uma política de entrada nem de inte- que aquilo que lhe pudesse dizer não religião como resistência identitária espécie de grande concentrado do gração. Mais, consome 50 por cento era aquilo que ele ouviria. Se isto é há uma bondade quer das ditaduras. Às vezes, a dife- Império Otomano, da globalização e do orçamento em expulsões e repa- assim entre gerações num país ociden- rença entre estar no Governo ou na da resistência à globalização, ao triamentos. talizado, como não há-de ser nas ter- inata que, no fim, prisão é a diferença de uma atitude mesmo tempo. Isto é absurdo por razões humanas ras em que a intromissão do Ocidente triunfe sobre o mal. ou do modo como acordou naquele As religiões são chapéus de chuva, e porque dá alimento a posições sobre é tardia, e onde as boas ideias chegam dia o líder nacionalista. Não há meio atrás dos quais se abrigam as velhas a imigração como as mais recentes do com o colonialismo? Digamos que o É possível, aliás, que o termo. Com excepção do Líbano e da realidades clânicas. parlamento italiano, que criminalizam europeu leva duas malas. A mala dos Palestina. A imigração, que transformou quem ajude um emigrante sem papéis, direitos individuais e da revolução e mal triunfe. Tenho a No Líbano, o [historiador de o Mediterrâneo num espaço de ou seja, criminalizam a humanidade. a mala do colonialismo e imperialismo esquerda] Samir Kassir acabou morte, com centenas a tentarem São pura e simplesmente protofascis- económico. certeza absoluta que morto em 2005. atravessá-lo, é uma mudança tas, não têm outro paralelo que não Para voltar aos ditadores. Uma Aí as tradições são outras, é muito decisiva no equilíbrio de que nos anos 30 na Alemanha. E Bruxelas explicação para o reforço das se quiser algum bem mais complicado. Há um bom exem- falava Orlando Ribeiro? foi incapaz de contestar aquele tipo mesquitas - depois aproveitado tenho que lutar plo, o caso da Síria. Tem dois ou três O livro acaba justamente com a imi- de legislação porque se inclui no qua- pelo islamismo político - é a partidos comunistas. Dois estão no gração. Adopto a ideia de que neste dro legal da directiva de retorno. falência pós-colonialista.... muito, e que vale Governo, o outro está na prisão. Mas mar sempre se perseguiram os para- Uma das perguntas para a qual Do nacionalismo árabe, clara- podia ter sido ao contrário. ísos na terra, e que a viagem é uma não tens resposta definitiva: mente. a pena fazê-lo.” A esquerda foi cúmplice da moder- busca do paraíso terreal. Para concluir por que é que se enchem as ... dos serviços públicos e de nidade dos regimes nacionalistas, com a ideia - do Cláudio Torres [co- mesquitas a sul e se esvaziam as todas as redes que é suposto mas essa modernidade foi imposta à autor do documentário] - de que o igrejas a norte? o Estado construir. Esta é bruta. Nunca se procurou trabalhar paraíso terreal mora dentro de cada Ensaio uma resposta, acho que é pelo a história do crescimento com o tempo. Todos aqueles líderes, um, tem a ver com a força que leva as menos parte da resposta. A dificul- do Hamas, da Irmandade de Ataturk [Turquia] ao xá da Pérsia pessoas a partirem. Sempre se partiu dade de fazer em 50 anos o caminho Muçulmana: redes sociais ao Nasser [Egipto], tinham os olhos

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 9 Passeio de barco na baía de Alexandria

postos no Ocidente e nas ideias baixo dele, e com a cobertura dele, pre dificuldade em compreender o der. Que a minha vida teve algum sen- ocidentais que transformavam a reli- todos os sistemas de poder na socie- fenómeno religioso. O que faço no tido - e só entendo a minha vida com gião num produto do passado e da dade se reconstituíram em ligação livro é um exercício que hoje muita outros. ignorância. Tentaram afrontar a reli- íntima com os israelitas, porque já gente na esquerda faz: tentar com- Se fosses um homem de gião ou nacionalizá-la. não é possível fazer comércio na preender o fenómeno religioso esquerda no Egipto, o que farias? “Périplo” é o livro de um não- Palestina sem ser com empresas isra- depois de a fractura entre religião e No Egipto, não sei bem. Não há crente. Mas compreendes quem elitas. Então, são as próprias circuns- ciência ter deixado de ser o que era. nenhum partido em que me pudesse procura negociar dentro dos tâncias de um território ocupado, Hoje a ciência não tem que se opor à reconhecer. Seria provavelmente um limites da tradição religiosa, em com segmentos de autogoverno, diga- fé para resolver problemas de ordem activista social ou cultural, um jorna- vez de quebrar. mos, que colocam as novas lideranças filosófica que decorrem estritamente lista procurando ser sério, um escri- Isso tem a ver com o modo como olho palestinianas, que vieram do exílio, da crença. Não há resposta científica tor procurando ganhar espaço de para as pessoas hoje, que não é como Perséfone no na estrita dependência do inimigo. para algo que decorre da fé. O facto liberdade. A minha política seria a olhava. E o modo como hoje respeito armazém de estátuas Ao fim de alguns anos, isto não só cor- de eu não ter religião, e de pensar minha forma de ser útil nesse os tempos longos da história. Isto na Líbia rompe completamente como acaba que a religião é um produto dos mundo. parece estranho vindo da esquerda por deixar a maioria do povo entre- homens, permite-me ter a distância Ou seja, não é possível fazer radical, mas tem a ver com uma con- gue às correntes menos comprome- que de algum modo um jornalista política de esquerda no Sul do clusão política a que cheguei também tidas com os laços económicos com pode ter. Não parto para a análise da Mediterrâneo? em Portugal. Uma pessoa de esquerda “A Europa Israel. religião com um “parti pris” de ateu. É possível. No Egipto, é que não há, nunca deve deixar de lutar por trans- está nesta posição Seres ateu e de esquerda é uma Parto para a análise da religião como neste momento, forças visíveis. No formações, mas deve resistir à tenta- liberdade ou uma incapacidade fenómeno humano, que é o que me Líbano, é um pouco diferente. Ou na ção de as impor à bruta. E a esquerda extraordinária de ter neste mundo? Reconhecendo interessa. Palestina, onde eu estaria com a do século XX nunca soube resistir à que a esquerda não soube As religiões são profundamente esquerda da Terceira Via, nem Hamas pior das tentações do poder, que é o uma política de dialogar com a religião, parece- desconhecedoras das suas vizinhas. nem Fatah, que não se conseguem poder. Ou seja, a ideia de que, em te inevitável que esse diálogo Os sunitas desconhecem tanto os xii- entender entre si. Apesar de tudo, na nome da razão, a pode impor de qual- expulsão sem ter uma aconteça, e que tudo terá que tas quanto os católicos desconhecem Palestina há uma possibilidade de a quer forma. ser discutido dentro dos limites os protestantes. Em Alepo, em 2007, esquerda laica se afirmar se não esti- Para mim, os fins não justificam os política de entrada dessa religião? num encontro ecuménico, defendi ver dividida. meios. E como entendo que a política Não só penso que o diálogo é indis- isto: pelo menos podemos concordar Não me esqueço de um momento deve ser feita com a maioria, deve ser nem de integração” pensável, como o diálogo com o isla- que o homem inventa Deus à sua em Gaza, num encontro com vários a possibilidade de a maioria se apro- mismo político é absolutamente semelhança. E no fim eles declara- deputados, em que eu e a [eurode- priar da política, isto é incompatível indispensável. A ideia de que não se ram-me crente: você acredita no putada] Luisa Morgantini estamos a com impor valores à bruta. A batalha pode ou deve dialogar com o isla- homem. E eu disse que sim. Tive que discutir com eles: “Porque é que con- pela hegemonia ao nível dos valores mismo político é um enorme erro. É dizer. Mas, de facto, hoje não tenho tinuam a atirar ‘rockets’? Isso não implica trabalhar com o factor o equivalente a dizer que não se deve uma crença particular no homem. presta para nada, não tem nenhum tempo. dialogar com aqueles povos. Porque, Transitei do cristianismo para o mar- efeito militar, só une a sociedade isra- Se tivesses que apontar os se houvesse eleições realmente demo- xismo bastando-me acreditar no elita contra vocês. Que falta de sen- falhanços da esquerda no Sul do cráticas, os que mandam não se homem. Substituí uma crença por tido nisso!”. E um homem da FDLP Mediterrâneo, quais seriam? aguentavam nem seis meses. outra. E hoje estou convencido de que [partido de esquerda] levanta-se e Em nome da modernidade, a aceita- O islamismo político ganharia. o homem é capaz do pior e do melhor, diz: “São capazes de ter razão, mas ção da ditadura. O que deixou o Ganharia. Depois havia de perder, e que não há nenhum destino escrito. digam-me lá o que faz um gato numa campo aberto às redes sociais do isla- mas abria-se o jogo. O partido que Não há uma bondade inata que, no jaula? Pelo menos tem que mostrar mismo político. Digamos que os actualmente governa a Turquia não fim, triunfe sobre o mal. É possível, as garras. Isto são as nossas garras. A pobres passaram a reconhecer-se no é outra coisa que não uma variante aliás, que o mal triunfe. Tenho a cer- gente sabe que não serve para nada, islamismo político. da Irmandade Muçulmana. teza absoluta que se quiser algum mas temos que mostrar qualquer E não na esquerda. Um Então, neste universo muito bem tenho que lutar muito, e que vale coisa”. tremendo falhanço. mais próximo do islamismo a pena fazê-lo. Mas hoje a minha rela- Estamos vivos. Brutal. Há um outro dado, que se per- político do que há décadas - e já ção com a crença na humanidade Estamos vivos. Eu consigo compre- cebe bem na Palestina. Arafat é o líder vimos como a esquerda também resume-se a quase uma atitude ego- ender isto. A questão deles não é a nacionalista que tem que fazer com- foi responsável por isso -, o que é ísta: poder chegar ao fim da vida e eficácia. A eficácia deles é demons- promissos com todos os chefes que que a esquerda tem a fazer? achar que, apesar de tudo, fui útil, trarem que estão vivos. vieram com ele de Tunes, mas ainda A esquerda árabe é tributária da for- não sacaneei o próximo, não fiz coisas é o pai de uma nação sem estado. Por mação marxista europeia e teve sem- de que me tenha mesmo que arrepen- Ver crítica de livros págs. 36 e segs.

10 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009

A morte fi ca-nos tão bem na próxima temporada Duas “samba ladies” de biquíni e penas coloridas desfi lavam à hora certa pelos “stands” da Book Expo America, em Nova Iorque. Mas não dava para disfarçar: doença, morte, luto são temas dos livros que vêm aí. Isabel Coutinho, em Nova Iorque

Famílias disfuncionais, cancro, doen- lha”. O estranho é que ninguém da Outra história de sobrevivência é a ças, drogas, álcool, um escritor que família lhe contou que ele tinha can- de Alex Lemon, poeta norte-ameri- morreu (Robert Jordan) e deixou um cro. Nem que a morte andava dema- cano que em Janeiro de 2010 vai editar manuscrito inacabado que um outro siado perto. as memórias. “Happy - a memoir” é a escritor, Brandon Sanderson, está a O editor Robert Weil, que apresen- aposta da editora Alexis Gargagliano, concluir. Ao fim de meia hora a assistir tou o livro na Book Expo America da Scribner. “Quando me enviaram ao “Editor’s Buzz”, o painel na Book (BEA), a feira dedicada ao sector pela primeira vez o manuscrito tive Expo America onde os editores falam livreiro que se realizou no final de Maio dúvidas. Não estava certa de querer dos seus livros para os próximos no Jacob K. Javits Convention Center ler a história de um universitário que meses, ficava-se deprimido. de Nova Iorque, falou de uma infância abusou de drogas”, disse. Mas uma

Uma das apostas para a “rentrée” é “tão aterradora que poderia ter sido viagem de avião depois, já estava con- Livros a história de uma infância invulgar inventada por Kafka”. vencida. Para Alexis este é o tipo de contada em BD. “Stitches”, o livro de David Small cresceu em Detroit nos livro que nos faz lembrar o que é estar- memórias de David Small, será publi- anos 50 numa família disfuncional. A mos vivos. Alex Lemon era o rapaz que cado em Setembro na W.W. Norton. mãe era lésbica não assumida. O pai engatava todas as raparigas na facul- Este premiado ilustrador e autor de era infeliz, a avó tinha problemas psi- dade, era o rapaz das festas e a estrela livros infantis norte-americano nasceu cológicos e o irmão só voltou a falar da equipa de basebol. Na universidade com problemas de saúde. O pai, que com David agora, quando ele lhe a sua alcunha era “Happy”. Um dia era médico, tentou resolvê-los com enviou o manuscrito a avisar que ia ser acordou de manhã sem conseguir radiografias e injecções. Aos 11 anos publicado. mexer parte da cara. Tinha 19 anos, apareceu-lhe no pescoço um caroço É uma história de abusos. Os pais sofrera o seu primeiro Acidente Vas- que todos pensavam ser um quisto um dia proibiram-no de ler “Lolita” e cular Cerebral. Seguiram-se vários e sebáceo. Quando, finalmente, David queimaram-lhe o livro no quintal. “É anos de tormento. Small foi operado, três anos e meio um filme mudo disfarçado de livro”, “O cancro está quase omnipresente depois, acordou com uma cicatriz na acrescentou o editor Bob Weil na apre- em livros de ficção e de não-ficção”, garganta e uma única corda vocal. Dei- sentação. Mas apesar disto tudo, explica José Prata, editor da Lua de xou de ter voz e o silêncio, que nele quando se pega em “Stitches” não se Papel e da Caderno que esteve na era habitual, “deixou de ser uma esco- consegue largar o livro antes do fim. BEA. “São histórias de todo o tipo e

James Ellroy só há um Atenção aos impostores, no Facebook James Ellroy só há um. E promete conversar com os leitores sobre o novo romance, a partir de Setembro, quando chegar “Blood’s a Rover”.

É impossível decifrar os falar. Foi o rei da festa. Disse tell you that it is all true and not edição especial de “Blood’s a James Ellroy rabiscos de James Ellroy na adeus, fez caretas, imparável... at all what you think”. (“Estou Rover” distribuída na feira que dedicatória que escreveu num “Blood’s a Rover” é o fi nal aqui para vos dizer que é tudo está uma pequena maravilha. exemplar de “Blood’s a Rover”, daquilo a que ele chama a sua verdade e nem tudo como vocês Ellroy escreve aos leitores uma apanhar a sua o seu próximo livro que será “American Underworld Trilogy”, pensavam”. E continua: “Vocês carta: “Queridos livreiros, aqui gravidade visceral publicado pela Alfred Knopf onde inclui “American Tabloid” vão ler com alguma relutância está o meu novo romance em toda desde agora e no fi nal de Setembro. Estava e “The Cold Six Thousand”. A e capitular no fi m. As páginas a sua magnifi cência melífl ua e de até à data do seu a escrever em pé, todo torto determinada altura, neste livro que se seguem vão forçar-vos a macho-ferido. A Knopf vai lançar lançamento. (...) O com o livro inclinado, e tinha à por onde passam alguns anos sucumbir. Vou dizer-vos tudo.”) esta bomba atómica em forma romance abarca o frente uma gigantesca fi la de da História norte-americana (de Um começo assim promete. de livro no dia 22 de Setembro. período entre quem foi à BEA para o ouvir 1968 até 1972), lê-se: “I am here to Mas é na contracapa desta O vosso trabalho é curti-la e 1968-72. É um

12 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 O editor Robert Weil, que apresentou o livro de David Small, falou de uma infância “tão aterradora que poderia ter sido inventada por Kafka”

vários desses livros que reflectem sobre a doença fogem ao gueto da literatura barata. Há uma série de autores de prestígio que estão a escre- ver livros que reflectem sobre estes temas. Alguns destes livros são escri- tos por professores, por doutorados, são de auto-ajuda mais ao menos dis- farçada. Como se o género da auto- ajuda estivesse a sofrer um ‘upgrade’”, conclui o editor de “O Segredo” em Portugal. Embora a Marta Ramires, editora da Casa das Letras, parecesse que na BEA não havia nenhuma nova tendên- cia a merecer destaque (“estava tudo muito parado”) notou que os livros de memórias e a não-ficção eram predo- minantes. Surgem obras que mistu- ram memórias com auto-ajuda e dá como exemplo o livro-testemunho do actor Patrick Swayze, que luta contra o cancro . E “Resilience”, as memórias de Elizabeth Edwards, mulher do polí- tico John Edwards, doente com cancro da mama. Os livros de reflexão política pare- cem ter acabado com as eleições norte- americanas. “Já ninguém tem livros a reflectir sobre o Iraque ou Guntá- namo”, comenta José Prata. “E como a resposta do mercado à crise finan- ceira foi muito rápida, praticamente esgotaram-se os livros sobre a origem da crise.” Não existiam na feira. Pas- sou-se agora a uma segunda fase, em que se publicam narrativas, histórias paralelas à crise, de alguns dos prota- gonistas. “Está a fazer-se uma espécie de micro-história da crise”, afirma.

Segredo em torno de Dan Brown Sempre a uma hora certa, as “samba ladies”, duas meninas de biquíni e penas coloridas pelas costas abaixo desfilavam rodeadas por músicos que tocavam ao vivo. Eram o contra- ponto aos livros com temas depres- sivos que se viam nos “stands”. “Stitches” livro de memórias de David Small em formato BD: um dia David acordou com uma cicatriz na garganta e uma única corda vocal

sacana de um romance histórico, livro. Tome consciência da sua lato no que abarca, profundo “Blood’s a Rover” grandiosidade. Encontrem-me na exploração da sua era, cheio é o final daquilo a que no Facebook e digam-me o que das minhas típicas maluquices acharam (coloquem mensagens e imbuído de uma altíssima Ellroy chama a sua no meu muro!). O vosso, James capacidade de acreditar e com Ellroy”. os corolários da conversão “American Durante a conferência política e revolução. Oh, yeah explicou que foi o seu editor - este é mesmo um livro para Underworld Trilogy”, que lhe pediu para fazer isto estes tempos. O livro oferece-vos (ele nem usa computador), o Howard ‘Dracula’ Hughes, o onde inclui mas promete interagir ‘Gay’ Edgar Hoover e o ‘Tricky “American Tabloid” com quem no Facebook lhe Dick’ Nixon. Tem os diabólicos escrever a comentar a obra. olhos da máfi a vigiando a e “The Cold Six Mas atenção: há um só James República Dominicana. Tem Ellroy no Facebook - aquele voodoo no Haiti (...) e a minha Thousand” que tem uma foto dele igual à melhor personagem feminina: dos livros. Todos os outros são a Red Goddess Joan. Leia este impostores. I.C.

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 13 Lorrie Moore não gosta de falar quando se reformou aos 70 em público. Por isso arranjou anos. Também era um livro um estratagema para a sua Lorrie Moore regressa com sobre jovens raparigas que conferência na Book Expo andavam na universidade e America onde falou sobre o todos os editores o rejeitaram. novo romance. Fingiu que Nunca o conseguiu publicar levava cartões com perguntas a grande obra da “rentrée”? e para ele, que na vida nunca que leitores lhe tinham feito. falhara em nada, isso foi Respondia a umas e a outras O romance mais esperado de Lorrie Moore vai chegar às livrarias americanas em Setembro: “A complicado. Quando o avô de não. Explicava porquê. Por Gate at The Stairs” é o regresso da autora de “Pássaros da América”. Não publicava desde 1998. Lorrie Moore morreu, a família exemplo, à pergunta: “Não quis queimar o manuscrito. publica há 11 anos”, respondeu: Alguém teve a ideia de o salvar “Vamos passar à frente de uma década: o seu último seu livro possa ser considerado acaba de adoptar um bebé e entregou-o à neta. Por isso com esta pergunta”. Mas lá livro é de 1998. “sobre o 11 de Setembro”, e que a seus olhos lhe desde essa altura que Moore foi dizendo que a vida de “A Gate at The Stairs” conta mas encontra-se na sombra parece extremamente sabe que “um romance é uma divorciada, de mãe de um rapaz a história de uma rapariga desse acontecimento. É glamorosa. Para a autora coisa muito assustadora”. adolescente, com um ex-marido de 20 anos que está a entrar um livro sobre uma jovem é um romance sobre o Esperemos que não precise que lhe envia mensagens por na vida adulta pouco depois rapariga que abandona colapso de uma cidade de mais 11 anos para escrever correio electrónico que ela dos acontecimentos do 11 a quinta onde vive no e de um país e sobre os o próximo, já que este pode deveria apagar antes de ler, de Setembro. É um romance Midwest para ir para mistérios de se formar bem vir a ser a grande obra da foram razões para a ausência. “divertido, emocionante e a universidade ou não uma família. “rentrée”. I. C. A autora de “Pássaros da poderoso”, escreve a editora numa grande E a propósito América” e de “Como a Vida” Victoria Wilson, da Alfred Knopf, cidade. Conta- desta incursão na (Relógio d’Água) está de numa carta que acompanha a nos o que lhe personagem de uma regresso com “A Gate at The edição distribuída na BEA. “Num acontece durante universitária de 20 Stairs”, romance que vai para minuto estamos a rir-nos às esse ano, em anos - está “na idade “A Gate at The Stairs” as livrarias norte-americanas gargalhadas e no outro sentimos que arranja um da paixão” - Moore a 8 de Setembro. Mais como se tivéssemos levado um emprego de ama lembrou o romance é um romance pós conhecida pelos seus livros de murro no estômago”. em “part-time” que o avô, prestigiado contos, não publicava há mais Moore não considera que este numa família que académico, escreveu 11 de Setembro

Lorrie Moore não publicava desde 1998 David Small, o autor de “Stitches” Distribuíam convites para caipiri- nhas no pavilhão do Cool-er, onde um novo leitor de eBooks britânico estava a ser apresentado. Era impos- sível escapar-lhes. Quando tudo mudou Dos gigantescos cartazes onde se anunciava o novo Dan Brown, “The Lost Symbol”, também ninguém para a mulher americana, escapava. Estavam pendurados logo à entrada, uns a seguir aos outros, todos iguais e com a mesma mensa- gem. O livro mais esperado dos últi- segundo Gail Collins mos anos irá para as livrarias norte- “Há uma série de americanas no dia 15 de Setembro e A revolução na vida das mulheres norte-americanas nas últimas décadas é o tema do será publicado pela Doubleday, chan- autores de prestígio cela da Random House que pertence novo livro de Gail Collins. Vai ser publicado em Outubro. ao grupo Bertelsmann. Sabe-se que que estão a escrever terá outra vez Robert Langdon, como Gail Collins, a actual colunista no seu jornal, um artigo sobre personagem principal, mas não se livros que reflectem do “The New York Times”, foi as mulheres na mudança do sabe mais nada. a primeira mulher a estar no milénio. Leu vários livros e “Só cinco pessoas do mundo inteiro sobre estes temas cargo de editora das páginas percebeu que não havia muita é que tiveram acesso ao manuscrito editoriais daquele jornal (de coisa relacionada com as que está em posse da Random [doença, morte, luto]. 2001 a 2007). Este dado da mulheres. Compreendeu que House”, explica João Gonçalves, Alguns destes livros sua biografi a só vem provar a atitude histórica de olhar director de “marketing” do grupo a actualidade do livro que para as mulheres como seres Bertelsmann em Portugal e que este são escritos por lança em Outubro, “When menos inteligentes e mais ano foi à BEA. “Com enormes medi- Everything Changed - The fracos vinha desde o início da das de segurança e acordos de confi- professores, Amazing Journey of American civilização e decidiu que era dencialidade como costuma aconte- Women from 1960 to the sobre isto que queria escrever. cer nestes casos”, continua. Por isso por doutorados, Present” (Little, Brown). Quando começou a investigação “The Lost Symbol” não foi distribuído Na Book Expo America Gail percebeu que tinha um profundo na feira, nem se falou dele. são de auto-ajuda Collins lembrou que em 1960 desconhecimento sobre a forma fi m, e ainda tinha muito para Ainda houve outras ausências de mais ao menos as norte-americanas tinham como algumas coisas tinham contar. “When Everything livros importantes. Ninguém falou de que pedir permissão aos acontecido. E percebeu, também, Changed” termina no ano “Inherent Vice”, de Thomas Pynchon disfarçada. Como maridos para se habilitarem que no espaço de poucas de 2008, quando Hillary que estará à venda em Agosto e será a um cartão de crédito. O seu décadas tudo mudou. Clinton foi candidata às um dos livros do Verão, e também se o género da livro fala das mudanças que A sua investigação mistura eleições presidenciais norte- não havia rasto de exemplares de aconteceram nas últimas política, moda, cultura popular, americanas. E como é estranho “The Humbling”, de Philip Roth, que auto-ajuda estivesse décadas em relação aos economia, sexo, famílias, ler a determinada altura que a a Houghton Mifflin Harcourt vai direitos das mulheres. Não trabalho. Entrevistou centenas revista “Newsweek” escreveu publicar em Novembro. a sofrer um é a primeira vez que Gail se de mulheres. Este livro é uma que as mulheres não podiam Há 14 anos que se esperava um novo ‘upgrade’” José Prata, dedica a este assunto. O seu sequela, porque quando estava ser escritoras... I. C. romance de Pat Conroy (autor de “O livro anterior, “America’s a escrever “America’s Women” Príncipe das Marés”) e ele já existe. É editor Women: Four Hundred Years já ia em 1960, a dois capítulos do “South of Broad”, será editado pela of Dolls, Drudges, Helpmates Doubleday em Agosto, e foi distribuído and Heroines”, foi um best- Na BEA Gail Collins na BEA apesar de o escritor não ter ido seller em 2003. Na “When Everything Changed” à feira como estava marcado. O agente conferência que deu termina em 2008, quando lembrou que em explicou que o médico de Conroy lhe na BEA explicou Hillary Clinton foi candidata 1960 as norte- recomendou que não fizesse a viagem que tudo começou às eleições presidenciais até Nova Iorque por estar ainda a recu- quando lhe pediram, norte-americanas americanas tinham perar de uma intervenção cirúrgica. De regresso também está Lorrie Moore que pedir permissão com “The Gate At The Stairs” (ver caixa); Richard Russo (autor de “A aos maridos para Ponte dos Suspiros” e prémio Pulit- zer), com “That Old Cape Magic”, se habilitarem romance onde conta a história de um a um cartão casamento e James Ellroy com o final de uma trilogia. Entre as doenças e o de crédito Dan Brown haverá outras escolhas. Este ano vamos ter literatura a sério.

14 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 16 JUN Dias das SÃO JIMMY JOYCED! histórias DONAL O’KELLY AUTORIA E INTERPRETAÇÃO LUIZ SORCHA FOX ENCENAÇÃO (im) JUN ~O9 TERÇA ÀS 18H30 JARDIM DE INVERNO teatro prováveis ENTRADA LIVRE M/16 irlandês da actualidade

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Marcos Ana tem agora 89 A vida de Marcos Ana anos e continua com a vitalidade e o optimismo que, há meio século, fizeram dele um símbolo da resistência ao vai dar um fi lme franquismo

Marcos Ana passou 23 anos da sua vida encarcerado pelo regime franquista. Em 2007 decidiu fi cuja tradução portuguesa, “Digam-me Como É Uma Árvore”, chega agora às livrarias. Almo d

16 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 A vida deste homem dava um filme. antes de fazer o filme e eu terei de forte em muitos países. Vimos que a Este homem chama-se Marcos Ana. ajudá-lo naquilo que ele quiser, claro. partir do cárcere havia a possibilidade Um pseudónimo que Fernando Ele é que é o génio, é ele que tem de de contribuir não só para a nossa liber- Macarro Castillo escolheu nos anos 50 fazer o filme, mas claro que colabora- dade mas para a liberdade de Espa- para homenagear e honrar pai e mãe, remos. Tornei-me muito amigo dele, nha”, diz Marcos Ana, que não perdeu camponeses pobres da província de vemo-nos com frequência e ele está nem o sentido da poesia nem o do Salamanca. O pai morreu durante a muito tocado pelo tema.” humor: “Agora só escrevo poemas Guerra Civil de Espanha, vitimado quando me enamoro, por exemplo. E pelos bombardeamentos da aviação Um poeta necessário isso, tendo a idade que tenho, demons- nazi aliada de Franco. A mãe morreu Marcos Ana nasceu qm 1920 numa tra que perco o sentido da realidade anos depois. Morreu “de franquismo”, aldeia de Salamanca. Teve uma infân- com bastante frequência...” Está a pre- como o poeta Miguel Hernandez. Mar- cia pobre e uma educação católica. parar uma antologia dos seus poemas cos Ana tem agora 89 anos e continua Foi, aliás, quando distribuia propa- “dispersos pelo mundo”, poemas que com a vitalidade e o optimismo que, ganda religiosa que teve uma “ilumi- lançou do cárcere “como um náufrago há meio século, fizeram dele um sím- nação” política, ao ouvir num comício que lança uma garrafa ao mar sem bolo da resistência ao franquismo. um dirigente das Juventudes Socialis- saber onde vai parar”. Mas continua a Conversámos com ele no Instituto Cer- tas Unificadas. Filiou-se e participou não separar poesia e militância polí- vantes de Lisboa, onde apresentou ao lado dos republicanos, tanto tica: “Essas coisas vão a par. Em pri- “Digam-me Como É uma Árvore”, o quanto a idade adolescente lho per- meiro lugar, não sou um intelectual, livro das suas memórias “da prisão e mitiu, na Guerra Civil, na frente de como houve outros, que tropeçaram da vida” que a Guerra e Paz acaba de Madrid. Não tendo conseguido fugir nos ideais da classe trabalhadora e a publicar. de Espanha no final da guerra, foi apoiaram. Comigo foi ao contrário: sou A vida deste homem dará um filme, encarcerado, como milhares de outros um filho da classe operária que num que Pedro Almodóvar vai realizar. espanhóis vencidos. Tinha então 19 determinado momento tropeçou na Quando o livro saiu em Espanha, há anos e só voltou à liberdade nas vés- poesia e começou a escrever. Sou um dois anos, o diário “El Pais” publicou peras de completar 42 anos. Na pri- revolucionário que, além disso, um excerto, o episódio sobre “o pri- são, tornara-se entretanto, a partir de escreve poemas. Mas o fundamental meiro amor de Marcos Ana”, a história meados dos anos 50, um “poeta mili- é a minha atitude revolucionária de como um prisioneiro político do tante” lendário, símbolo da resistência perante a vida e as coisas, que está franquismo conhece finalmente o à ditadura franquista. acima de tudo. Foi a vida que escolhi, amor, nos braços de uma terna pros- “Comecei a escrever poesia porque a vida dura. Se ao mesmo tempo há tituta madrilena, depois de ter passado era também uma maneira de ser útil poemas, são os poemas de um revolu- 23 anos na prisão. “Pedro Alomodóvar no cárcere Em Burgos, criei uma ter- cionário. Como dizia Gabriel Celaya, telefonou imediatamente para a edi- túlia na prisão, com os companheiros ‘a poesia é uma arma carregada de tora e disse que queria comprar os que tinham inquietações artísticas e futuro’. E assim a via eu também e direitos do livro para levá-lo ao écrã e culturais. No princípio era uma assim a continuo vendo”. faremos o filme seguramente já na pró- maneira de conseguirmos ter o prazer xima Primavera”, conta Marcos Ana, de criar, mas logo nos demos conta de Viver em juventude que está “muito contente” com a ideia: que era também uma arma. E então Por causa da repressão política do fran- “Não conhecia Almodóvar pessoal- utilizei a poesia para que se conhe- quismo, Marcos Ana chegou tarde à mente. Sabia que era um homem com cesse o drama dos presos políticos. Por sua própria juventude. Mas quando talento, evidentemente, mas parecia- isso digo muitas vezes: não sei se sou ela chegou não perdeu tempo a lamen- me um homem um pouco distante, um poeta bom ou mau, o que sei é que tar o tempo perdido. Libertado no final um pouco excêntrico. Quando o fui um poeta necessário. Os meus poe- de 1961, exilou-se em França, onde conheci pessoalmente, dei-me conta mas foram necessários. Porque com dirigiu, a partir de Paris, uma organi- de que é um homem com uma grande eles bati à porta do mundo e criei um zação de solidariedade com os presos densidade humana, uma sensibilidade movimento de solidariedade muito políticos espanhóis e respectivas famí- à flor da pele, e que tinha de facto lido lias. Nessa condição, viajou muito, o meu livro, trazia-o cheio de anota- amou outro tanto, teve um filho. Só ções, na primeira vez que nos vimos. voltou a Espanha depois da morte de Estou muito contente porque o filme Franco, quando se iniciou a transição será outra maneira de contar a nossa “Para mim o amor para a democracia. Hoje continua história a pessoas que não lêem mas é a aventura mais sendo combativo (não deixou de ser que vão ao cinema”. Aliás, Almodóvar militante comunista) e jovial. Confessa- disse a Marcos Ana que este livro de apaixonante se até um “romântico”: “Para mim o memórias “não dava para fazer um amor é a aventura mais apaixonante filme, dava para fazer três ou quatro do ser humano do ser humano e por natureza sou um filmes, de diferentes géneros. Também romântico. Fui-o na luta, fui-o no amor, lhe interessou muito, por exemplo, a e por natureza sou fui-o na vida. Creio que é uma atitude. história da rapariga com o ataúde”. É É como com a juventude. Claro que a a história de uma rapariga que pro- um romântico. biologia tem as suas leis e essas leis mete ao irmão, jovem prisioneiro polí- Fui-o na luta, fui-o no cumprem-se. Mas para mim a tico condenado à morte, que não dei- juventude também é uma xará que o enterrem na vala comum amor, fui-o na vida. atitude e eu sempre tive que era de regra nesses casos e naquele essa atitude de viver em tempo. E assim, na madrugada em que Creio que é uma juventude. Além disso, creio o irmão é fuzilado, ela dirige-se ao que a arte de viver jovem cemitério onde a execução ocorrera, atitude” é a arte de manter transportando à cabeça um caixão jovens as ideias”. improvisado... “É uma cena de Poderá sur- Buñuel”, reconhece Marcos Ana: “Na preen- verdade, há muito material ‘fotográ- fico’ no livro. Não é novidade para mim, porque há anos, em França, quando ainda não tinha escrito o livro, só pelas coisas que eu contava nas con- ferências a que ia, havia realizadores interessados em levar a minha vida ao cinema. Não é uma surpresa que Almo- dóvar se tenha interessado”. Marcos Ana só não sabe ainda que género de colaboração poderá dar agora ao rea- lizador: “Ainda não falámos sobre como é que se vai fazer, mas ele disse- me que temos de conversar muito

Para Almodóvar, o livro de memórias de Marcos Ana “não

dava para fazer um filme, dava VA LE RY H AC H E /A FP para fazer três ou quatro filmes, de diferentes géneros” u fi nalmente publicar as suas memórias da prisão e da vida, o dóvar está de olho nelas para um fi lme. Mário Santos

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 17 AFP

der que só agora tenha decidido termina em 1977, porque para o perí- Marcos Ana lutou ao lado dos publicar as suas memórias, mas ele odo da transição democrática já não republicanos na Guerra Civil explica-se: “Quando fui libertado, o me serviria a linguagem que utilizei Espanhola aparelho clandestino do Partido aqui, uma linguagem mais poética, [Comunista Espanhol] tirou-me logo nalguns casos lírica. Procurei, sobre- de Espanha e dediquei a minha vida a tudo, surpreender a realidade do que lutar pelos companheiros que conti- vivi pelo lado mais humano e mais pró- nuaram na prisão. Não tinha tempo ximo do coração das pessoas. É calcu- para nada, andava como um sonâm- ladamente pouco analítico, para que bulo de um país para outro.” Marcos as pessoas o leiam com paixão, para Ana recorda uma noite passada em que chorem e riam com o livro. Os casa de Pablo Neruda, na Isla Negra, jovens que o têm lido mandam-me no Chile, pouco depois de ter sido cartas belíssimas.” E recorda o caso libertado. Conversaram até “altas de uma mãe que lhe pediu, “cho- horas da madrugada”, e então Neruda rando”, que autografasse um exemplar disse-lhe: “Somos uns insensatos, do livro “para um rapaz que tem 24 deveríamos ter tido um gravador aqui. anos e se quer matar”. Conta Marcos Terias um livro comovente. Pensa que Ana: “Assinei o livro e escrevi: ‘Se te até as coisas mais humanas acabam puder ser útil, a minha morada é esta, por se mecanizar e tu escreverás algum os meus telefones são estes. Telefona- dia, mas asseguro-te de que nunca as me, se precisares de mim’. E este rapaz “Nunca me ocorreria tuas recordações terão a comoção que telefonou-me pouco tempo depois e falar à juventude tiveram esta noite.” Porquê? “Porque disse-me obrigado pelo seu livro, obri- então estava tudo muito fresco em gado pela dedicatória que sei de como um apóstolo, mim. Inclusivamente, fazia interven- memória, e prometo-lhe que vou viver, ções públicas que às vezes não conse- porque quando um homem como você como um mártir, guia terminar. Saltavam-me as lágri- foi capaz de sobreviver a tanta dificul- mas, ficava sufocado, porque tinha dade, eu sou um miserável se não for por ter estado 23 anos presente o rosto dos meus irmãos que capaz de resolver os meus problemas. tinham ficado na prisão. Se tivesse Prometo-lhe que vou voltar para a uni- no cárcere. Os jovens escrito então talvez tivesse tido mais versidade e que vou viver, e a única querem que falemos força, mas não pude, porque não tinha coisa que lhe peço em troca é que me tempo. Escrevi-o agora porque me dei permita conhecê-lo para poder dar-lhe com eles ao seu nível conta de que não tinha nenhuma razão um abraço. Só por causa disto já teria nem nenhum direito de ocultar o que valido a pena ter escrito o livro.” Um e creio que temos tinha vivido, e porque escrevê-lo podia livro escrito contra o esquecimento servir para que as novas gerações, mas, sobretudo, um livro que é “uma muito a aprender sobretudo, soubessem o que se passou canção à vida e à liberdade”. em Espanha, por que perdemos a Marcos Ana acredita que “há muita com as ideias guerra, a razão daquela guerra, a vida gente que, sem o saber, está à espera da juventude” nos nossos cárceres. Tinha de escrever de que lhe chegue uma mensagem.” este livro.” Inclusive os jovens alegadamente Em Espanha foram vendidos mais desinteressados da política. Ou sobre- de 60 mil exemplares de “Digam-me tudo os jovens: “Nunca me ocorreria Como É Uma Árvore” e a obra já foi falar à juventude como um apóstolo, fazendo a mim”, foi a resposta. Que traduzida para francês, italiano e por- como um mártir, por ter estado 23 continua a valer. Ana define-se hoje tuguês. O livro é de memórias mas o anos no cárcere. Os jovens querem que como “um comunista que procura autor continua decididamente virado falemos com eles ao seu nível e creio diferenciar as ideias das infraestrutu- para o futuro e entusiasmado, porque que temos muito a aprender com as ras. A bondade das ideias está aí. Con- De 28 de MAIO a 21 de JUNHO tem recebido mensagens de correio ideias da juventude. Muitos compa- tinuo a ser comunista porque a bon- Tradução: José Maria Vieira Mendes; Adaptação e Encenação: Christine Laurent; Cenário electrónico de “jovens que pela lingua- nheiros que são velhos lutadores dade das ideias está acima dos equívo- e figurinos: Cristina Reis; Desenho de luz: José Álvaro Correia. gem se vê que não são jovens politiza- crêem que a sua experiência é impor- cos dos homens e dos partidos e há Interpretação: Rita Durão dos, mas que se mostram surpreendi- tante, e é-o, mas se a pusermos em que continuar lutando por elas.” De 3ª a Sábado às 21.30h. Domingo às 16.00h TEATRO DO BAIRRO ALTO dos ao saberem, agora que lêem o sintonia com o tempo em que vivemos. Marcos Ana acaba de ser proposto R.Tenente Raul Cascais, 1A. 1250 Lisboa Telef: 213961515 / Fax 213954508 livro, o que aconteceu em Espanha.” Porque se a temos como um patrimó- para o Prémio Príncipe das Astúrias: e-mail: [email protected] http://www.teatro-cornucopia.pt Foi, aliás, para esses jovens que Marcos nio pessoal e não a actualizamos, essa “Se me derem o prémio, irei recebê-lo Bilhetes à venda nas lojas Worten, Fnac, Viagens Abreu, El Corte Inglps e www.ticketline.sapo.pt Ana escreveu: “Escrevi este livro não experiência converte-nos num obstá- mas em nome dos milhares de homens Apoio a pensar nos meus camaradas ideoló- culo aos impulsos e às ideias da juven- e mulheres que em Espanha perderam Estrutura financiada pelo 2009 M/12 gicos, mas sobretudo para essa imensa tude. O ideal é que a experiência dos a vida e a liberdade por lutarem pela maioria de gente que não nos conhece mais velhos e os impulsos da juven- democracia. Tal como o meu livro. e que tem de nós uma ideia pré-con- tude caminhem juntos para mudar o Quero que se veja no meu livro, não a cebida. E sobretudo escrevi-o a pensar mundo.” minha história, mas a história de uma na juventude, para que a juventude se Conta Marcos Ana que uma vez um geração, ainda que seja eu o protago- www.ipsilon.pt mobilize. Quis que fosse um livro sim- polícia lhe perguntou, “iracundo”, por nista de muitas coisas. Mas sou apenas ples, para que as pessoas o leiam com que causa lutava ele, afinal. “Lutamos mais um.” facilidade, inclusivamente as pessoas por uma sociedade na qual ninguém que estão afastadas da política. Por isso lhe possa fazer a si o que você me está Ver crítica de livros págs. 36 e segs.

18 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 -/.Í,/'/3

ANA BRITO E CUNHA $!6!').! GUIDA MARIA SÃO JOSÉ CORREIA $%%6%%.3,%2

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No papel, “Histórias de Caçadeira” é Lance Hammer (cujo “Ballast” venceu mascar tabaco. Esse era o meu grande “Histórias da a história de um feudo de sangue o IndieLisboa este ano), rodado com “Há bastante tempo medo: que tudo tombasse no cliché. Caçadeira”: numa cidadezinha rural do Sul ame- meia-dúzia de tostões em exteriores A maior parte dos cineastas nunca fize- um feudo de ricano, entre dois grupos de meios- do Arkansas profundo, com um elenco que há uma sede ram justiça ao Sul porque o vêem sem- sangue numa irmãos filhos do mesmo pai e mães onde o veterano Michael Shannon grande de um cinema pre de modo pré-concebido, como um cidadezinha diferentes, criados em lados diferen- (nomeado este ano para o Óscar de sítio atrasado e provinciano. Só quando rural do Sul tes da cidade. Podia ser um western melhor secundário por “Revolutionary realista, e filmes vi “O Arremesso” [Billy Bob Thornton, americano, antigo, um rapidinho de Roger Cor- Road”) coabita com actores locais sem 1996] é que vi um filme sobre o Sul entre dois man, um melodrama social; nas mãos experiência prévia. Momentos esco- como o meu são um em que as pessoas soavam como gente grupos de do realizador e argumentista Jeff lhidos de uma conversa longa e ani- que eu conhecia. meios-irmãos Nichols, 31 anos, natural de Little mada, onde se falou de dinheiro, de produto disso. Mas Quis fazer um filme sobre gente filhos do Rock, Arkansas, é uma das mais aus- família e de um cinema que já ninguém real? mesmo pai e piciosas estreias americanas dos últi- quer fazer. pergunto-me de onde Sim, sim. Não trabalho em estruturas mães Cinema mos anos e mais uma acha para a Ainda existem feudos como o esses filmes virão narrativas clássicas em três partes - diferentes, fogueira do novo neo-realismo que que conta hoje? tudo começa com as personagens, criados em prolifera no actual cinema indepen- Na verdade, não sei. Imaginamos uma agora, num mercado escrevo a partir daí e deixo-me levar. lados dente transatlântico, conjugando história que nos parece dar um filme, E é interessante, porque tive o Mike diferentes da uma extrema economia de meios mas depois temos de fazer com que onde o financiamento Shannon, que é o melhor actor do cidade com um olhar atento e desencantado ela se transforme em algo que pudesse mundo [risos], e depois alguém como sobre a América profunda e uma ins- realmente acontecer. Era esse o meu independente não só o G. Alan Wilkins, que nunca tinha piração da “nova Hollywood”. objectivo: o que faríamos confronta- entrado num filme e provavelmente Ou, nas palavras do seu realizador dos com esta situação? Sou o mais começou a secar nunca mais vai fazer nenhum. Não se - ao telefone de Austin, Texas, dois novo de três irmãos, temos uma rela- como está cada vez pode trabalhar com ele da mesma anos depois de ter completado o filme, ção muito próxima, e a possibilidade maneira que com o Mike, que é um ano e meio depois da estreia ameri- de perder um deles foi a âncora emo- mais resguardado” supercomputador extremamente pre- cana, no momento em que o filme cional do filme. Uma das coisas que ciso a quem se dá toda a informação e chega finalmente a Portugal - “um ouvi, e que considerei um elogio, foi que a processa muito depressa. Para filme de Sam Peckinpah que deu para que noutras mãos ele não resultaria - mim, enquanto realizador, o impor- o torto”, gémeo do cinema de David seria um filme pitoresco sobre um tante era: eles parecem reais? Eles Gordon Green (amigo de Nichols e co- feudo familiar no Sul dos EUA, com soam reais? Estou a dar-lhes o produtor do filme), Kelly Reichardt ou tiros e saloios de jardineiras a espaço suficiente para eles se

20 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 ande espingarda primeiras obras americanas em muito tempo: um fi lme que se inscreve no presente do cinema l do fundo dos tempos. Jorge Mourinha

comportarem de um modo realista? E coisa do cineasta estreante - como não lhem colocar a câmara e como a Jeff Nichols é isso que é difícil. sei se vou ter hipótese de fazer outro movem. Kurosawa e Hitchcock eram em conversa Isso coloca-o ao lado de filme, meto o máximo de coisas neste. a mesma coisa: encontraram um com Michael uma nova geração de filmes E o que começou de facto como um modo de contar uma história dentro Shannon, americanos neo-realistas... desses filmes dos anos 1970 tornou-se da selecção dos planos. Isso é para que diz ser Muitas vezes o cinema independente inevitavelmente diferente, mais pes- mim muito importante - tínhamos um “o melhor é uma reacção àquilo que se está a pas- soal. orçamento mínimo e eu queria rodar actor do sar no “mainstream”. Há bastante Uma espécie de Peckinpah com em película, o que é complicado mundo” tempo que há uma sede grande de um a violência deixada de fora... quando não se tem dinheiro. cinema realista, e filmes como o meu Certo. A abordagem da violência em Continua a ser difícil montar um são um produto disso. Mas pergunto- “Histórias de Caçadeira” - e isto pode filme independente nos EUA? me de onde esses filmes virão agora, ser visto como uma alegoria do pró- Cada vez mais. Era suposto ter arran- num mercado onde o financiamento prio filme como um todo - nasceu das cado com um projecto chamado independente não só começou a secar restrições de produção. Não podíamos “Goat” [baseado num livro de Brad como está cada vez mais resguardado. andar aos tiros por todo o lado, por- Land sobre as praxes universitárias]; Como é que esses filmes serão feitos e tanto por um lado é uma decisão prá- tínhamos o financiamento assegurado como se mata essa sede, quando o que tica: esta é a maneira mais poderosa e estávamos a duas semanas de come- se pede é género, fórmula, actores de mostrar a violência dentro das nos- çar quando os financiadores se retira- conhecidos, o tipo de equação que sas possibilidades. Mas depois come- ram. À falta de melhor, tenho estado permite aos financiadores cobrirem çamos a pensar se estamos apenas a a escrever e tenho uma mão-cheia de os riscos... O que é assustador é que ceder em algo ou se essa concessão se guiões que estou a tentar produzir. em 2007 houve alguns dos melhores pode tornar num elemento do próprio Mas a reacção que tenho das pessoas filmes que vi em muito, muito tempo. filme - o que me parece correcto para é, “’Histórias de Caçadeira’ é óptimo, “Promessas Perigosas” [David Cronen- uma meditação sobre a vingança. E aí parabéns por teres conseguido fazê-lo, berg, 2007], “Este País Não É para tudo começa a fazer sentido. Não só é tens um filme de terror ou um filme Velhos” [Joel e Ethan Coen, 2007], viável como é mesmo assim que deve de género?” Portanto tenho andado a “Haverá Sangue” [Paul Thomas Ander- ser feito, e isso começa a influenciar a bater com a cabeça contra este novo son, 2007] e “O Assassinato de Jesse própria montagem. Penso que o paradigma... James pelo Cobarde Robert Ford” cinema independente consiste essen- [Andrew Dominik, 2007] foram qua- cialmente em gerir concessões - como Ver crítica de filmes págs. 44 e segs tro dos filmes mais brilhantes feitos na é que conseguimos construir o melhor última década, são o tipo de histórias filme a partir dos materiais que e o modo de contar uma história de temos? que quero fazer parte, e em todos eles Falou de Peckinpah. Há sentimos que os realizadores estão a algum realizador, clássico ou ter uma oportunidade de fazer o que contemporâneo, com quem querem. sinta especial afinidade? Todos eles têm uma Claro que há realizadores, como John sensibilidade muito anos 1970 - Ford ou David Lean, que tiveram era algo que você procurava em grande impacto. Mas é-me mais fácil “Histórias de Caçadeira”? escolher filmes específicos, como É curioso, porque comecei por ter ape- “Tender Mercies” [Bruce Beresford, nas o título e a imagem da personagem 1982], “O Presidiário” [Stuart Rosen- principal ter marcas de tiro de caça- berg, 1967], “Lawrence da Arábia” deira nas costas sem que soubéssemos [David Lean, 1962], ou mesmo “A porquê. E a partir daí comecei a pen- Vida É um Jogo” [Robert Rossen, sar, OK, como é que consigo fazer a 1961]. Todos estes realizadores têm partir destes elementos algo que o Sam na minha opinião uma enorme arte Peckinpah faria? Tive muito aquela na selecção dos planos, onde esco-

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 21 Se muda de página sempre que lê a A desordem inteligível prescindir do desejo de abstracção e que a música que compunha era qual- deles, enquanto pessoas e instrumen- palavra génio aplicada por dá cá aquela Nós também não. Embora tenhamos de inovação.” quer coisa que não contemplava a tistas.” palha esteja como se estivesse em casa. tido um primeiro vislumbre de que “Rise Above” admirava-se. Con- ideia de colectivo. Mas neste disco Essas pessoas são Nós também. Sente-se. Tome um café. poderíamos estar perante um génio templávamo-lo de todos os ângulos. dei por mim a pensar em todas estas (voz, guitarra), Leia o jornal. Sirva-se. Oiça o álbum ao ouvir “Rise Above”, anterior Parecia perfeito. “” pode (voz, teclas), Brian Mcomber dos americanos Dirty Projectors e tal- álbum do grupo, recriação feita de conter mais imperfeições, mas (bateria), vez a tentação, apenas a tentação, de memória, de um outro álbum, deixa-se amar. Como acon- (baixo) e Haley soltar a palavra genial surja. “Damaged”, disco de 1981 do grupo teceu com outros gru- Dekle (voz). Depois recomponha-se. Não punk Black Flag. Confusos? Não vale pos (Velvet Inicial- recorra à conveniência fácil de tentar a pena. Dave gosta de operar assim. Under- explicar, apenas porque é difícil expli- Com conceitos. Um outro disco, “The ground, car, um disco como “Bitte Orca” Getty Address”, girava à volta das dessa forma. noções de imperialismo cultural e Dave Longstreth, a alma e a razão misticismo Azteca. de ser do grupo, não é genial. É alguém Recentemente tocaram ao vivo, com ideias, capaz de as explorar, uti- em Nova Iorque, na companhia de lizando as possibilidades expressivas Björk, e ele compôs uma série de da música. Tem insuficiências, como temas para a ocasião inspirados todos. Nem sequer se pode dizer que na observação de baleias. as supere, mas gere-as melhor do que Estão a ver? São ideias pré- a maioria porque as identifica. Foi vias que, supostamente, assim que ganhou confiança. Uma estão lá para contaminar estrutura que hoje lhe permite arris- o resultado final. Apenas car, mas que não nasceu do nada. Sur- um método como outro giu depois de muitas chapadas. qualquer. “Ah, ah, ah, ah....”, ri-se com prazer, Quando se ouvia lembrando portas fechadas, tentativas “Rise Above” não se goradas, horas de ensaios inconse- vislumbrava o rasto quentes, cinco discos e muitas outras da obra dos Black cassetes lançadas a que apenas meia Flag. O que tínha- dúzia de aficionados ligaram. A partir mos era canções desta semana, na altura em que é lan- alienígenas, har- çado o novo disco, vão apelidá-los de monias anómalas, “geniais”, “talentosos” ou “banda irritações espontâ- mais inteligente da pop”. neas de guitarras, Está escrito. 2009 é o seu ano. Pri- vozes estranhas, meiro vieram elogios dos vizinhos lá amálgama sonora do bairro, esse mesmo, Brooklyn, excêntrica (guitar- Nova Iorque. Entre eles Vampire ras tribalistas, Weekend (dois deles chegaram a momentos de folk tocar com Dave há anos); TV On The artesanal, sonhos Radio, com quem andam agora em desfeitos de rock e digressão; ou Grizzly Bear - Chris sabe-se lá o que Taylor, membro destes, foi o co-pro- mais) amparada por dutor do anterior disco do grupo. blocos estáveis. Depois, mais louvores e colaborações Às vezes parece que com David Byrne e Björk, “duas das esta música estaria pessoas que mais admiro e respeito melhor numa galeria de neste meio”, diz Dave. arte do que num palco Agora surge o novo álbum. Ele é rock. Mas agora há “Bitte esganiçado a cantar. Para compensar, Orca”, o disco onde, não os três membros femininos do grupo prescindindo de procurar cantam com tal harmonia que pare- novos territórios sónicos, con- çam vindos de outra planeta. É uma seguem organizar a desordem de obra de arte-pop, canções livres res- forma mais inteligível. É isso, estão pirando África, folk enviesada, rock mais perceptíveis. fantasista, dissonâncias da clássica Esse movimento já havia sido ence- ou melodias R&B, sem ser nenhuma tado no disco anterior. Há um ano, dessas linguagens em particular. em entrevista, Dave dizia-nos que É um idioma só deles. E Dave, 28 sentia que algo estava a mudar. Agora Talking anos, agora está preparado. “Às vezes confessa-nos o que realmente Heads, dizem-nos que estamos a ir na direc- mudou. Can ou Ani- ção certa, mas quando não temos a “Desta vez não havia uma temática. mal Collective) mente certeza, é difícil de acreditar, não é? Não existiu nada a pré-determinar a este é o disco de um Dave compôs Durante anos, não estava preparado feitura das canções. Foram sendo fei- grupo que se encontra as melodias e as para que gostassem das minhas coi- tas enquanto andávamos em digres- enquanto grupo, conseguindo par- fracções de guitarra. sas. Agora estou. Sinto-me satisfeito são, sem nenhum motivo de inspira- tilhar essa satisfação com o comum pes- Algumas canções foram mesmo pelo que faço e pela forma como o ção. Neste disco deixei que as can- dos mortais. Em vez de projectar con- soas com quem criei fortes laços afec- preparadas em Lisboa, onde perma- estou a fazer. Acredito apenas em ções fossem simplesmente canções. ceitos, Dave abriu-se à dinâmica dos tivos. Nesse sentido, cada uma das neceu uma semana com a namorada pessoas a dar o seu melhor. Génios Apenas quis fazer música mais músicos à sua volta. canções foi também pensada tendo Amber Coffman depois de terem não existem. Sei lá o que é isso.” expressiva e directa, embora sem “Durante muito tempo pensava em conta a personalidade de cada um actuado em Junho de 2008, na ZDB, Os génios não existem Os Dirty Projectors correm o risco de ser mais admirados do que amados. Mas “Bitte Orca”, o magnífi co novo álbum, vale esse risco. “Os génios não existem” diz-nos, com toda a razão, Dave Longstreth - mas no seu caso a dúvida fi ca no ar. Vítor Belanciano

Não sei se o que faço é apreensível por todos, mas sei que faz s

22 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 “Durante muito em Lisboa, e na Fundação Serralves, no Porto. tempo pensava Depois, no Verão, juntaram-se todos em Portland, Oregon, onde já que a música que viveu. “Conheço muito bem a cidade e, depois, um amigo construiu lá um compunha era centro artístico, situado num velho edifício, e convidou-nos para o habi- qualquer coisa que tarmos. Era a situação perfeita para não contemplava nós e aceitámos de imediato.” Ele cresceu no Connecticut, onde a ideia de colectivo. o pai geria um centro médico e a mãe era advogada do estado. Foi o irmão, Mas neste disco dei artista plástico, cinco anos mais velho, que o contaminou com o vírus por mim a pensar da música. Acabou na universidade de Yale a estudá-la. Esteve lá pouco em todas estas tempo, desiludiu-se com os cânones, pessoas com quem ele que gosta de os desafiar. Mudou- se para Portland, começando a actuar criei fortes laços ao vivo regularmente em espaços precários, ao mesmo tempo que ia afectivos” lançando discos, em edições semi- artesanais. Um vício que ficou foi o Dave das cassetes, de tal forma que “Bitte Orca” é agora também editado nesse Longstreth formato. Mais tarde, regressou a Yale, com- pletando a formação. “Na universi- dade aprendi muito sobre orquestra- ções, por exemplo. Foi importante, mas ter tocado informalmente em muitos sítios antes permitiu-me con- viver com pessoas que criam música apenas pelo prazer de o fazer, o que foi fundamental também. Olho para mim e vejo um autodidacta.” O espí- rito “do-it-yourself” levou-o quando foi viver para Nova Iorque, partici- pando activamente na afirmação cria- tiva do bairro de Brooklyn. Hoje quando contempla o futuro não fica preocupado. Algumas das figuras que admira (William Blake, John Coltrane, Gustav Mahler ou Richard Wagner) passaram a vida a tentar comunicar o seu universo, diz ele, porque ergueram obra vasta, diversa e complexa. Ele, por enquanto, só tem que “explicar por- que é que o último álbum é diferente do anterior”. “Não sei se aquilo que faço é apre- ensível por todos, mas sei que faz sentido para mim. A forma como me Dave aproximo das coisas é intuitiva, não Longstreth, tem nada demais”, conclui, antes de à esquerda começar a falar de Lisboa. Fala daquilo que toda a gente fala. Da luz. Dos passeios que deu. Das ruas inclinadas. Das pessoas que conheceu. Dos restaurantes. Por momentos quase caímos na tentação de afirmar o seu génio, mas depois começou a explicar, com pormenores de degustação, que não existe nada melhor no mundo do que as sardi- nhas de Lisboa. Foi mesmo a tempo.

Ver crítica de discos págs. 41 e segs. Música

z sentido para mim

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 23 Música

Os Tornados entram em campo: Tiago Gil, Marco Oliveira, Manuel Oliveira, Nuno Silva, Miguel Lourenço e Hélder Coelho

O vocalista fala da “Catraia” e de uma A banda cita Quentin Tarantino e e andamento cool, pegam numa ideia Dançante com Os Tornados”, assim tas para a banda. Antigamente, as pes- ida ao cinema. Anda de “cerveja a ver- percebemo-la: “O Tarantino vai bus- de romantismo à antiga e atiram-se ao rezava o convite. “Está em desuso e soas iam aos concertos para dançar. ter pelo baile” e o baile é isso mesmo: car pormenores fantásticos de certos baile com um “twist do contrabando” pareceu-nos interessante”, explica o As bandas estavam lá para servir um festa rock’n’roll em que o público imaginários e recria-os de uma forma entoado em pose de galã e com pinta guitarrista Tiago Gil. Descreve: “serviu- propósito.” Tiago Gil: “O que nos dá dança e a banda serve música ao muito actual”, aponta o guitarrista de canalha - num momento sussurram- se o chá, uns scones...” Interrompe-se energia é ver o pessoal a dançar. Nós público. Eles de fatos impecáveis, as Manuel Oliveira. Marco, teclista e se fugas para Paris, no outro dispara-se e esclarece: “É o ambiente ideal para tocamos e entretemos.” guitarras com som reverberante, irmão de Manuel, acentua: “Esta reci- “sai da minha beira / eu não me os Tornados? Não, não é. Os Tornados muito surf-rock, o órgão Farfisa a espa- clagem cultural, se assim se pode cha- recordo de ti / não faço puta de ideia querem é noite e rock’n’roll. Faltava Nada de ironia pós-moderna lhar luz faiscante por todo o cenário mar, é uma opção criativa como outra / do que fazes aqui”. vinho e cerveja.” Faltava outra coisa, Os Tornados editam agora o primeiro e a secção rítmica a manter a dança qualquer. E é, decididamente, muito essencial para perceber o que é real- álbum mas a sua história é antiga. no ritmo certo. contemporânea.” Falta vinho nos chás mente a banda. Marco e Manuel Oliveira são irmãos e À sua frente, um par em movi- Olhando para muito do que é a A determinado momento da con- o baterista Hélder Coelho é primo de mento. Olhos nos olhos, dança esta música popular actual, não podemos dançantes versa, estão eles a suar nos seus fatos, ambos. Tiago Gil e Manuel são amigos música-fantasia que serve os dois e deixar de concordar. Olhando para Ouvimos os Tornados pela primeira que o sol batia forte numa esplanada de infância e Nuno Silva era presença ninguém mais. Assim é o vídeo de este revivalismo de tudo o que foram vez na colectânea “Novos Talentos junto ao Tejo, e contam-nos dos seus assídua em casa dos Oliveira. Enquanto “Catraia” e, nele, há-de ouvir-se um os anos 1980, do exigente pós-punk FNAC” de 2008. “Veludo azul”. O concertos. Das investidas espanholas estudantes universitários, decidiram berro a apimentar a canção e o som transformado em caricatura (vide título apontava para David Lynch, a e de uma actuação em Évora: “Ao pri- marcar um ensaio. de um “theremin” erguendo o baile White Lies) à simples celebração nos- música era um híbrido de Del Shan- meiro acorde o pessoal começa logo a O plano era fazer uma banda para ao espaço sideral. tálgica de memórias passadas (vide non, o de “Runaway”, com um correr e a dançar.” De como nos maio- tocar em bares. Estavam convocados Eis a apresentação d’Os Tornados, os concertos temáticos que se orga- ambiente de bar perdido em auto- res centros urbanos, “as pessoas ficam quatro músicos, apareceram seis. banda portuense que se estreia com nizam a intervalos regulares), chega- estrada deserta. mais atentas, a tentar perceber o que Não foi a única surpresa. A meio do “Twist do Contrabando”. É um álbum mos aos Tornados e à música dos Imaginamo-lo ocupado por pessoal: se passa em palco, a olhar em volta ensaio, já estava posta de parte a ideia onde o rock’n’roll cumpre a sua fun- Tornados e parecem-nos algo de novo uma femme-fatale, uns quantos de para ver se podem dançar”. peregrina da banda de bares. Nas- ção primordial, pôr o povo a dançar. e entusiasmante. aspecto soturno e uma banda em Depois, o vocalista e guitarrista ciam os Contrabando. Em 2006, pas- É um álbum que vai lá trás, aos sons Pegam em música historicamente palco. Portanto, com “Veludo azul” Nuno Silva dirá isto: “Hoje em dia as sam a Conjunto Contrabando, entre- de Ventures e Link Wray, ao “yé yé” desconsiderada e, enquanto parte de conhecemos os Tornados e obrigámo- pessoas idolatram tanto as bandas que tanto rebaptizados Tornados, estes português do Conjunto Académico uma geração a vem legitimando (as nos a prestar atenção. vão aos concertos para ver e não para Tornados que começaram por mer- João Paulo, dos Tártaros ou dos Titãs, compilações “Portuguese Nuggets” Meses depois, já com “Twist do Con- dançar.” Ora, se há coisa em que os gulhar nos sons da década de 1960, e recupera-os naquele ponto em que são disso exemplo meritório), os Tor- trabando” no horizonte, soubemos de Tornados são conservadores, é nisto: pré-psicadelismo, e que se descobri- a mera reprodução dá lugar a algo nados descobrem-lhe uma vitalidade um concerto de apresentação peculiar. sobem a palco para servir quem os vê. ram verdadeiramente enquanto mais intemporal. insuspeita. Depois, guitarras em punho Nada de boémia nocturna. “Um Chá “Não há mal nenhum em estar de cos- banda ao depararem com o verda- Os Tornados têm pose de galã e pinta de canalha Em “Twist do Contrabando” o rock’n’roll cumpre a sua função primordial, pôr o povo a dançar. Vai lá t Wray, ao “yé yé” português do Conjunto Académico João Paulo, e recupera-os como matéria intemporal. A

24 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 deiro baú de raridades que é o rock’n’roll português do período. Pela forma como discorrem sobre uma série de nomes que apenas agora começam a ser redescobertos, per- cebe-se o fascínio que têm por aquele som e imaginário. Nuno Silva destaca os Tártaros como unânimes entre a banda: “Pela atitude e pelo som, por- que são do Porto.” Acrescenta-lhes o Conjunto Mistério e elege o Conjunto Académico João Paulo, “ainda que menos rock”, como “a banda que tinha o som ‘maior’, mais refinado”. E Tiago Gil lembra-se de nomes como Tecla 6 e Iniciadores, “com um lado de bailarico que é meio baile, meio surf-rock”. E Nuno destaca o mítico “I am a chancho”, dos Steamers, e elogia a sua descoberta mais recente, o angolano Conjunto Oliveira Muge. Revela que, ao vivo, os Tornados tocam por vezes “O vento mudou”, canção que Edu- ardo Nascimento levou ao Festival da Canção de 1967 - por uma simples razão: “É um grande som e essa é a nossa forma de o homenagearmos.” Aquilo é importante. Não há nos Tornados quaisquer sinais de ironia pós-moderna. Isto é sério: acreditam naquela música, acreditam que, utili- zando-a como referência, “não como espelho”, distingue Tiago Gil, é possí- vel criar algo de novo. Cantam em por- tuguês por razões óbvias: porque as suas referências o faziam (“nessa cena dos anos 1960 havia algo de caracte- rístico, não eram apenas reproduções dos Shadows”), porque, resume Nuno Silva, “nunca andei de Cadillac, o mais próximo foi um Toyota Starlet”. Agora, que nos dizem que isto que ouvimos em “Twist do Contrabando” não é a descoberta de um som, antes mero ponto de partida - “este é o disco que fizemos agora, do futuro não sabemos” -, já sabemos que os encontraremos brevemente em con- “Não há mal nenhum texto diferente. “Efeitos Secundários”, estreia em em estar de costas longa-metragem de Paulo Rebelo, co- argumentista de “O Fantasma” e para a banda. “Odete”, de João Pedro Rodrigues, chegará às salas em Setembro. A banda Antigamente, sonora desse melodrama inspirado em Douglas Sirk e filmado no Monte da as pessoas iam aos Caparica foi composta pelos Tornados. concertos para A culpa foi de “Veludo azul”, a canção que Paulo Rebelo apanhou um dia na dançar. As bandas rádio e lhe deu a certeza de ter desco- berto a banda que procurava. estavam lá para Os Tornados, que não são pessoal para perder tempo, seguiram as indi- servir um propósito”, cações do guião e as sugestões do rea- lizador e, em mês e meio, tinham 19 diz Nuno Silva. Tiago temas prontos. “O filme é um melo- Gil: “O que nos drama e obrigou-nos a uma abordagem um pouco diferente. Temos lá coisas dá energia é ver mais bailarico, outras mais garage, psi- cadelismos com cítaras, twists, ambien- o pessoal a dançar. tes musicais diversos.” Ou seja, criaram uma fantasia diferente. Isso, contudo, Nós tocamos fica para mais tarde. Por agora, é tempo de virar costas e entretemos” ao palco e deixar soar o “Twist do Con- trabando”. Nós dançamos. Os Torna- dos agradecem.

Ver crítica de discos pág. 41 e segs.

á trás, aos sons de Ventures e Link l. Apresentam-se os Tornados. Mário Lopes

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 25

NUNO FERREIRA SANTOS

Leveza, delicadeza e jazz

Camané convidou Mário Laginha a reescrever para a Orquestra Metropolitana de Lisboa os temas de “Sempre de Mim” e mais alguns fados antigos. No palco do CCB vão estar Camané com o trio habitual, o piano de Laginha e a Orquestra. Mais que grandiosidade, esperem delicadeza e jazz. João Bonifácio

De vez em quando o Centro Cultural último disco”, o extraordinário “Sem- nhar, isto podia tornar-se problemá- de Belém, em Lisboa, convida um pre de Mim”, mas também terá “alguns A estrutura do tico. Laginha admite que na concepção compositor ou intérprete a criar de temas mais antigos”. A maior parte dos do alinhamento (definido pelos três) raiz um espectáculo e levá-lo à cena arranjos é de Laginha, havendo igual- concerto é curiosa: houve temas que propôs porque achou no CCB. Chamam a essa iniciativa mente um do pianista Filipe Melo, para todos os músicos “que a relação deles com o tempo não Carta Branca, em referência à liber- “Mais um fado no fado”, e outro do ia ser dramática”. Noutros, em que há dade total que é oferecida aos criado- incontornável Zé Mário Branco, para estão sempre juntos pausas e interrupções, viu-se obrigado res. O percussionista Pedro Carneiro “Luz de Lisboa”. Laginha realça a pre- “a fazer uma escrita muito clara, para e o compositor Jorge Palma foram dois sença de vários temas de Zé Mário no palco, embora o maestro saber que vai ali haver uma dos portadores da Carta Branca e Branco, que qualifica, após estudá-lo suspensão”. agora é a vez de Camané: segunda-feira para este espectáculo, como “um com- aconteçam sempre Mas esses possíveis empecilhos teremos a oportunidade única de ver positor incrível”. parecem ter sido bem contornados, Música a obra do fadista reescrita para as pau- A estrutura do concerto é curiosa: coisas diferentes pelo menos a ter em conta a opinião tas da Orquestra Metropolitana de Lis- todos os músicos estão “sempre jun- sempre exigente do principal interve- boa e o piano de Mário Laginha. tos no palco”, embora aconteçam niente, Camané: “No ‘Abandono’, que Esta não é, no entanto, a primeira “sempre coisas diferentes”. “Pode Camané confessa que não deu gran- é um fado irregular, com muitas para- vez que Camané trabalha os seus temas acontecer uma música nova com gui- des indicações a Laginha. “Ele é muito gens e tempos incomuns, quem dá o com orquestra. O ano passado o Teatro tarras e orquestra, e a seguir um fado generoso e gosta de acompanhar can- tempo sou eu a cantar e a orquestra Municipal de Portimão convidou-o a tradicional só com guitarras”, disse tores. Fez os arranjos para a minha tem de me seguir. Mas acho que tal tocar com a Orquestra do Algarve na Camané. Segundo Cesário Costa tere- forma de cantar”. Laginha teve por- como ficou vai resultar muito bem”. A maior parte inauguração do novo teatro. Na altura mos direito a ver Camané com o seu tanto de se desunhar, passe a expres- Assegura ainda que “os silêncios foram dos arranjos é o fadista convidou Mário Laginha para habitual trio (guitarra portuguesa, são. Pensou no universo da Broadway respeitados, bem como os tempos e a de Mário fazer alguns arranjos e o encontro foi guitarra de fado e viola-baixo), como referência, mas chegou à con- ligação com as palavras”. Laginha, que gratificante ao ponto de Camané ter Camané com o piano de Laginha, clusão que “não é transportável para Inquirido sobre se o concerto resul- Camané sentido “imediata identificação” com Camané com Orquestra, Camané com aqui”. Realça que à excepção dos tra- tará num disco, responde com recurso considera Laginha e Cesário Costa, o então direc- piano e Orquestra e ainda Camané balhos de Carlos do Carmo “não há ao seu usual modo de auto-descon- “muito tor da Orquestra do Algarve e actual com trio, Laginha e Orquestra. muitas referências para isto” pelo que fiança: “Não faço ideia se vão gravar generoso” no director da Metropolitana de Lisboa. Garantidos no alinhamento estão, teve “de experimentar”, “de usar as ou não. Espero mesmo não saber se seu “métier” “Logo na altura combinámos encon- além dos dois temas já mencionados, cordas de uma maneira que fosse cria- vão gravar, que é para não ficar ner- trarmo-nos outra vez porque tivemos “À mercê de uma saudade”, “Asas tiva e respeitasse o fado”. voso”. Mas não deve haver pro- muito prazer a trabalhar juntos”, disse fechadas”, “Lembra-te sempre de Cesário Costa exemplifica essas blemas: Cesário Costa assevera ao Ípsilon o fadista, a partir da Argen- mim”, “Esse silêncio”, “Marcha de Lis- experiências: “Há certas partes em que que “houve todo um trabalho tina onde esta semana deu concertos. boa”, “Te Juro”, “Abandono” e “Mar- normalmente temos a guitarra a con- feito para que a subtileza do O espectáculo do Algarve serviu de garida” (de Laginha, a partir do poema duzir e essa parte agora é feita pela Camané estivesse presente, de embrião para o do CCB, mas, de de Álvaro de Campos). harpa. Ou então por vezes há uma tuba modo que o Camané não estivesse acordo com Camané, este “tem mais Já houve experiências de fado com presente na instrumentação, o que dá ao serviço da Orquestra. Que- arranjos, mais temas com orquestra, orquestra, no entanto, segundo Cesá- um colorido muito diferente”. remos oferecer leveza e é mais completo”. rio Costa, o que distingue este con- Num trabalho destes há especifici- delicadeza para o certo é a “presença do piano e dos dades a ter em conta. Por exemplo: no Camané brilhar”. No palco do CCB arranjos do Laginha, que trazem um fado, o tempo é muitas vezes ditado O que podemos esperar ver no palco lado jazzístico raro à união entre pelo cantor, e os instrumentistas vão Ver agenda de concer- do CCB? O concerto será “baseado no orquestra e ao fado”. atrás. Com uma orquestra a acompa- tos págs. 39 e segs

26 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 DOM 28 JUN SALA SUGGIA 22:00 www.casadamusica.com | T 220 120

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!UDITvRIO DE %SPINHO \ !CADEMIA 2UA N›  %SPINHOTEL FAX  E MAILAUDITORIO MUSICA ESPPTWWWMUSICA ESPPTWWWAUDITORIODEESPINHOBLOGSPOTCOM O amor também pode acontecer Mas, ironia do destino, sem o saber nenhuma actriz para o papel. “Não O teatro na Letónia E mais Alvis Hermanis não desen- assim, por carta, com um objecto de a malvada Ada acaba por garantir a temos esse tipo de actriz em Riga. Que volve porque acha que deve deixar desejo imaginário. O amor pode Sónia a felicidade que nunca teria, o tipo de actriz é não sei explicar, tem a é sempre “humano, as análises para os críticos. E porque

GINTS MALDERIS acontecer assim? O amor é assim, diz ser amada, mesmo que seja tudo ilu- ver com sentimentos irracionais. A não é o teatro que lhe interessa, é “a Alvis Hermanis, encenador letão de são: as cartas de amor (que neste caso escolha tem que encaixar com o que doce, ternurento, vida”. “Não estou interessado em tea- “Sónia”, peça de Tatiana Tolstaia: se podem dizer ridículas), o pacto do se tem na cabeça. Assim a personagem tro. Quando ensaio a minha atenção subjectivo, depende mais de nós do encontro à distância que põe os dois fica mais abstracta: não é sobre uma romântico”. “Tem está toda virada para a vida, para que do outro. “Não é preciso um par- amantes a olharem para a mesma mulher em particular, é sobre mulhe- como os seres humanos se expressam ceiro real para se estar apaixonado. estrela, todos os dias, à mesma hora... res em geral. É disto que gosto.” este lado de tratar na vida. O teatro é apenas um instru- Basta imaginar. Essa é a essência do Neste jogo nem é preciso existir os actores e o público mento. Agora é claro que não se leva amor.” Isso é “Sónia”. alguém de carne e osso do outro lado. Burlesco a realidade para o palco, tem que se Sónia, a figura central da peça, ima- Contra tudo e contra todos, no centro Alvis Hermanis tira também partido de forma doce, transformar poeticamente essas ima- ginou tanto que, durante anos, amou de uma paródia jocosa, Sónia insiste de uma tradição do burlesco em que gens.” o fantasma de um homem, Nikolay. na paixão. os papéis femininos eram interpreta- romântica” As dele, pelo menos em “Sónia”, Ele, por uma razão inventada - o dever Depois a II Guerra chega. E nem o dos por homens. Chegou a imaginar são feitas com coisas concretas, cenas para com os três filhos -, não se podia narrador sabe o que aconteceu aos uma marioneta gigante a figurar Sónia Alvis Hermanis da vida privada. Um frango na vida é encontrar com ela. Mas ele não existe. dois - imagina. - porque queria que ela fosse menos um frango em palco e pode-se até Sónia acredita em tudo, é uma tonta, Resta acrescentar que, para fazer marcada psicologica e sociologica- fazer da sua preparação um pequeno constata o narrador. Tonta por amor. de Sónia, Alvis Hermanis (n. 1965) mente do que no original. “O actor espectáculo. Mas os “rituais do dia- Tonta ao ponto de cair na armadilha escolheu não uma actriz mas um masculino, massivo, mudo [a perso- a-dia, a forma como as pessoas fun- de uma mulher, Ada, que se quis vin- actor, Gundars Abolins. O que torna nagem não fala], concreto, atento aos cionam fisicamente são baseados em gar de uma coisa pequena qualquer este jogo ainda mais rebuscado: ele é detalhes, impôs-se quase natural- coisas muito lógicas e precisas e isso e recruta uma trupe para a ajudar na um homem com peso e, de facto, não mente”, disse numa entrevista ao jor- actor que fala não está habituado a sempre foi uma obsessão minha”. missão de inventar uma personagem, é difícil imaginar esta história com um nal do festival de Avignon, França, representar. Não porque o burlesco “Sou muito lógico e preciso sobre a Nikolay, e escrever falsas cartas de tipo de mulher doméstica, fisicamente onde “Sónia” esteve no ano passado seja uma tradição do teatro letão. forma como uma acção física é repro- amor (o verdadeiro pesadelo de quem mais para o masculino. E é fácil esque- (foi o “buzz” do festival). A contrace- Influenciado por duas culturas, a duzida em palco. Porque isso é como está apaixonado, ser tudo ilusão). cermo-nos que ali está um homem, a nar com ele, e a fazer o papel de nar- russa - que tem por base as emoções, nós, seres humanos, existimos. Nós Para Ada todos olham; Sónia é feia. inspirar-nos absoluta ternura - ou não, rador, tem um não actor, Jevgenijs o jogo dos actores, a acumulação de não filosofamos, passamos o tempo Ada é a número um em ténis e canoa; depende se o nosso olhar é mais cínico Isajevs, técnico do Teatro Nacional de objectos e de décors - e a alemã - mais a fazer coisas de uma forma muito Sónia tem jeito para cozinhar (a cena ou mais romântico. Riga, que Hermanis dirige. intelectualizada, e de uma perfeição lógica, precisa e detalhada.” em que prepara um frango para ir ao Ao telefone no carro, em viagem E aqui volta-se ao burlesco: Her- cenográfica e visual - o teatro na Letó- Se virem o actor Gundars Abolins forno em palco, mimando-o, é memo- para férias, o encenador diz que a manis quis este contraste entre as nia é sempre “humano, doce, ternu- enquanto Sónia a mexer no frango rável). Ada é astuta, Sónia ingénua. A opção nunca teve a ver com nada duas personagens, as únicas em rento, romântico”. “Tem este lado de percebem o que ele quer dizer. história de amor continua, por carta, ligado à transexualidade. Tomou-a palco, uma triste e outra alegre, uma tratar os actores e o público de forma sempre. simplesmente porque não encontrava muda e outra a falar, sendo que o doce, romântica.” Ver agenda de teatro pág. 34 e segs. Com cartas de amor me enganas Teatro

O encenador letão escolheu um homem para fazer o papel de Sónia

Foi um dos espectáculos de que mais se falou no Festival d’Avignon do ano passado. A ternura de “Sónia”, do encenador letão Alvis Hermanis, chega ao Teatro Maria Matos, em Lisboa. De 18 a 20 de Junho, espectáculo do ciclo “Dias das histórias (im)prováveis”. Joana Gorjão Henriques

28 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 COMEMORAÇÃO 20 ANOS FUNDAÇÃO DE SERRALVES 10 ANOS MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA

MÚSICA TONY CONRAD & GENESIS P. ORRIDGE 14 JUN 2009, 22h00, AUDITÓRIO c/ o convidado Morrison Edley (PTV3/Psychic TV)

APOIO MÚSICA APOIO À DIVULGAÇÃO COM O APOIO “The Cotton Fabric Paintings # 17” (2007), de Pedro Cabrita Reis, e o vídeo “A hot afternoon 3. Perfor- mance in Lisbon on 4 April 1978”, da italiana Gina Pane, conduz o espectador através de obras signifi- cativas de artistas como Bruce Nau- man - trabalhos nos quais se pode ler Arriscar um comentário, muitas vezes no pro- longamento dos textos de Samuel Beckett, ao absurdo e à violência pre- sentes no quotidiano -, Robert Gober, com arte Jeff Koons, Francis Bacon, Richard Hamilton, Mario Merz, Giovanni A exposição no Museu Colecção Berardo, “Arriscar o Real”, inclui Anselmo, Carl Andre, Frank Stella e Marcel Duchamp. obras de Dan Flavin emprestadas por Panza di Biumo. Também Da arte conceptual, com a sua variante de crítica institucional, à arte lá estão Donald Judd, Bruce Nauman, Caetano Dias... Uma pop, passando pela arte povera e che- gando aos nossos dias, a exposição permanente tensão até 30 de Agosto, em Lisboa. Óscar Faria abarca assim um largo espectro de leituras. Uma das grandes novidades da mos- tra é a inclusão de sete esculturas de Dan Flavin provenientes da Colecção Panza, começada a reunir, em 1956, pelo conde Giuseppe Panza di Biumo e sua mulher, Rosa Giovanna Panza di Biumo - o acervo iniciou-se com a aquisição de obras de Antoni Tàpies, Jean Fautrier e Franz Kline e hoje é considerado um dos mais significati- vos do mundo, com cerca de 2500 trabalhos, destacando-se os núcleos de arte minimal e conceptual. Místico disfarçado No Museu Berardo são mostradas cinco peças de Flavin dedicadas a Donald Judd, todas de 1987, e ainda duas outras com envios em título para dois nomes, Anne e Caroline. Entrevistado por Gisella Gellini, o Exposições coleccionador nota: “As primeiras peças de Flavin com lâmpadas fluo- rescentes constituíram uma verda- deira revolução, pois introduziram a luz real, ainda que artificial.” E acres- centa que, para si, o artista norte- americano era um místico “disfar- çado”: “Por trabalhar na década de 1960, não podia falar em misticismo, mas tinha dentro de si esse impulso inato, eu diria mesmo reprimido, que precisava de ser exprimido.” O conde Panza di Biumo chegou mesmo a convidar Flavin a realizar uma das suas obras, o “Varese Corri- Ao centro, dor”, nas cavalariças Villa Menafoglio uma das peças Litta Panza, construída no século de Dan Flavin, XVIII em Biumo, lugar que alberga de 1987, parte da sua colecção - cada espaço dedicadas a recebe a obra de um único artista. Donald Judd. Como sublinha na entrevista a À esquerda, Gellini, a necessidade de expor apro- “Epiphany”, priadamente e de forma duradoura de Richard uma série de trabalhos “ambientais” Hamilton, pesou no convite realizado não só a outraa das Flavin, mas também a Irwin, James obras em Turrell e Maria Nordman: “Comecei “Arriscar o a coleccionar as obras de Flavin em Real” 1966 e de outros artistas de Los Ange- les em 1968, e achei que esta evolu- ção da luz era uma mudança radical, algo de extrema importância na his- O início de “Arriscar o Real”, a nova O confronto entre uma escultura tória da cultura. Portanto, dedicar-lhe apresentação da Colecção Berardo, pós-minimalista de Richard Serra e o uma grande parte do espaço dispo- no Museu Berardo, em Lisboa, pode vídeo “O Mundo de Janiele”, de Cae- nível era uma escolha necessária, mas servir de mote àquilo que se passa tano Dias, é outro exemplo dado pelo era também uma oportunidade de durante o percurso proposto por comissário da exposição, que aponta expor de um modo permanente e Larys Frogier, o comissário. também para as questões políticas correcto estas obras de arte que rara- Em confronto, as obras de Dan Fla- inerentes à obra do artista brasileiro, mente estão expostas de forma ade- vin e de Donald Judd - este último no qual se observa uma menina a quada.” tinha as janelas do seu loft nova-ior- dançar com um “hula hoop”, Por ocasião da exposição actual, o quino, situado no Soho, emolduradas enquanto a câmara faz um movi- Museu Berardo dá início à publicação por um trabalho em néon do seu mento contrário, de 360 graus, reve- de uma nova colecção de livros, inti- amigo e vizinho. De um lado, o lando o espaço em volta: uma O vídeo “O Mundo tulada “Sem Título” e com design do “objecto sem qualidades”, de Judd; favela. de Janiele”, de atelier R2. Até ao final de 2009 serão do outro, uma das luminosas home- Não existe escapatória para esta Caetano Dias lançados “Arriscar o Real. Fábricas nagens de Flavin ao construtivista oposição entre corpo e realidade, em da Figura na Arte do Século XX”, de russo Vladimir Tatlin. vários destes encontros entre obras Larys Frogier - um questionamento O diálogo entre dois tipos de mini- díspares concebidos por Frogier, “As primeiras peças de das acepções de figura e de real na malismo, termo aceite com reticên- numa exposição dividida em três sec- Flavin com lâmpadas história de arte dos últimos cem anos; cias por ambos os artistas norte-ame- ções: “Espaços reais: a figura em “Paisagens Oblíquas. A Permanência ricanos, é afectado pela tensão entre recuo”; “O real para lá dos limites: a fluorescentes da Paisagem na Arte”, de Eric Corne obras que se queriam objectivas, no figura em actos”; e “O real traumá- e “Casa de Bonecas. Propostas Con- caso de Judd, ou intencionalmente tico: a figura sob todos os seus esta- constituíram uma temporâneas Sobre a Mulher e a Sub- políticas e poéticas, em Flavin. dos.” jectividade”, de Ana Rito. Há, portanto, uma permanente Esta nova leitura da Colecção verdadeira revolução” tensão ao longo de “Arriscar o Berardo, onde se podem encontrar Ver agenda de exposições pág. 32 e Real”. algumas aquisições recentes, como Panza di Biumo 33

30 • Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 APRESENTAÇÃO AO VIVO LANÇAMENTO EXPOSIÇÃO AGENDA CULTURAL FNAC entrada livre

AO VIVO NORBERTO LOBO Pata Lenta Pata Lenta celebra o amor, a paz e a luz que encontra na liberdade.

13.06. 18H30 FNAC CHIADO 30.06. 21H30 FNAC COLOMBO 11.07. 22H00 FNAC COIMBRA

AO VIVO :PAPERCUTZ Lylac São um dos poucos grupos a sair de Portugal para a cena internacional independente de música electrónica. O álbum de estreia Lylac inclui remisturas de artistas reconhecidos como Neotropic, The Sight Below, Spandex e Signer.

16.06. 19H00 FNAC CHIADO

AO VIVO MADAME GODARD Aurora Aurora e a sua música graciosa, burlesca e tropical aquece os nossos dias.

17.06. 19H00 FNAC BRAGA 21.06. 18H00 FNAC VASCO DA GAMA

AO VIVO GOMO Nosy De regresso aos discos em 2009, Gomo mantém-se fiel ao formato canção com uma estética pop/rock onde a sátira e o humor estão sempre presentes.

18.06. 19H00 FNAC BRAGA 18.06. 22H00 FNAC GAIASHOPPING

EXPOSIÇÃO TEJO Fotografias de Neni Glock Esta exposição é o resultado de dez anos de trabalho persistente, durante os quais Neni Glock observou e retratou o lado simultaneamente duro e poético do nosso rio Tejo.

19.06. - 08.07.2009 FNAC CHIADO

Consulte a agenda cultural Fnac em http://cultura.fnac.pt/Agenda

Apoio: 32 à Tout Asservie” “Oisive Jeunesse, •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 Exposições Robert Rauschenberg. Contudo, no antespor umadécada criados por exemplo, dos“combines”, ecos, definição, podiamencontra-se novatridimensional”, Nesta disse. -“trabalho tradicionais disciplinas entremas qualquer coisa aquelas eram nempintura,escultura, que não obras, “specific objects”, apresentou umasérie de o artista doséculoXX.Nessamostra, da arte constitui umareferência dahistória propôs umaexposição que hoje em Nova Iorque, DonaldJudd de1963,Em finais naGreen Gallery, mmmmm T. 915769723. Até 20/6. 3ªaSáb. das12hàs20h. R.Reinaldo MARZ-Galeria. Ferreira,Lisboa. 20A. De BrunoPacheco. Ainda não Pacheco. avesso naMarz, porBruno viradodo O minimalismo da arte As ilusões De váriosautores. Arriscar oReal Continuam Instalação. Inaugura 18/6 às21h30. 217823474. das10hàs18h. Até30/08. 3ªaDom. Perdigão. Rua Dr. NicolauBettencourt. Tel.: Centro deArteModerna-JoséLisboa. deAzeredo De Pedro Morais. de Terra Batida Mu. Lua emChão Outros. Pintura, Instalação, Inaugura 18/6 às21h30. 217823474 .Até 30/08. das10hàs18h. 3ªaDom. Perdigão. Rua Dr. NicolauBettencourt. Tel.: Centro deArteModerna -JoséLisboa. deAzeredo Zobernig por Heimo A Colecção doCAM Desenho,Pintura, Outros. Inaugura 18/6 às21h30. 217823474. das10hàs18h. Até30/08. 3ªaDom. Perdigão. Rua Dr. NicolauBettencourt. Tel.: Centro deArteModerna -JoséLisboa. deAzeredo daSilva,Cristino Pepe Diniz. Calhau, MichaelBiberstein, Desenho, Outros. das 10hàs19h30. Inaugura 15/6 às19h30. Tel.: 2C. Ciências, Até 213460948. 18/09. 2ªa6ª GaleriaRatton. RuaLisboa. daAcademia das De MariaBeatriz. Oisive Jeunesse, àTout Asservie Pintura. De 13/06 a02/07. das10hàs20h. 2ªaDom. Centro Cultural Loja3. deBelém, Tel.: 213617100. GaleriaArtePeriférica.Lisboa. Praça doImpério- De João Gaspar. De umQuarto, noQuartoPiso Inauguram Agenda Óscar FariaÓscar Fernando Basto, Armando Cargaleiro, Areal, Manuel De António da Colecção Aspectos

Centro Cultural Tel.: deBelém. 213612878. Até 26/07. Museu ColecçãoLisboa. Berardo. Praça doImpério- Hara. Cristóbal De MabelPalacín, Photoespaña 2009 Fotografia. Até213237335. 10/07. 2ªa6ªdas12hàs20h. SededaMundial-Confiança. Tel.:Chiado, 8-Edifício Chiado8-Arte Contemporânea.Lisboa. Largo do De Jorge Molder. Pinocchio Instalação. Dom. das 13h às 18h. 212724950. Até 13/09. Sáb. 3ªa6ªdas10hàs18h. e Contemporânea. R.Cerca, 2/Pç. Tel.: Camões. daCerca Casa Almada. -Centro deArte De Vasco Araújo. Happy Days Design, Outros. das10hàs20h. 3ªa5ªeDom. 10h às22h. Augusta 24.Tel.: 218886117. Até 13/09. 6ªeSáb. das Rua MUDE-Museu doDesignedaModa. Lisboa. Retratos Políticos Ombro aOmbro: Publicações. Objectos, NaBiblioteca. 19h. 210. Tel.: 226156500. Até 30/08. 2ªa Sáb. das10hàs Porto. Museu deSerralves. Rua João deCastro, Dom Daniel Buren Escultura,Outros.Pintura, eFeriados Sáb.,17h. Dom. das10hàs20h. 210. Tel.: 226156500. Até 27/09. 3ªa6ªdas10hàs Porto. Museu deSerralves. Rua João deCastro, Dom De váriosautores. Serralves 2009-aColecção Outros.Instalação, 18h30). das10hàs19h(última5ª, Sáb. admissãoàs eDom. 6ª das10hàs22h(última admissãoàs21h30).2ªa Centro Cultural Tel.: deBelém. 213612878. Até 30/08. Museu ColecçãoLisboa. Berardo. Praça doImpério - De DanFlavin. Dan Flavin naColecção Panza Outros.Pintura, 18h30). das10hàs19h(última5ª, Sáb. admissãoàs eDom. 6ª das10hàs22h(última admissãoàs21h30).2ªa Centro Cultural Tel.: deBelém. 213612878. Até 30/08. Museu ColecçãoLisboa. Berardo. Praça doImpério - tentando assimcontrariar o tentando nochão, directamente peças duas autor sempre resistiu. era minimal,umtermoaque este deJudd aformafinaldoobjecto caso Sem título,Sem 2009, umapeçacom21cactosem vasos deplástico Na Green Gallery, Judd instalou o volume interior.” simultâneo “o topo, aformaglobale em que definissem caixas, europeias através deobjectos, artísticas daspráticas ilusionismo De João Paulo Feliciano. Lições de Música,Vol. II Fotografia. às 18h(última admissãoàs17h30). NoLounge. das10h admissão às21h30).2ª,4ª,5ª,Sáb. eDom. 213585200. Até 05/07. 6ªdas10hàs22h(última Pedro Álvares Cabral deAlcântara -Doca Norte.Tel.: Museu doOriente.Lisboa. Av. Brasília -Edifício De Nuno Félix daCosta. Portulíndia Vídeo, Outros. Kenneth Ciclo 15h Anger. às23h. Alto.Bairro Tel.: 213430205. Até 01/08. 4ªaSáb. das 59 Rua GaleriaZédos - Bois. Lisboa. daBarroca, Brian Butler. António Poppe, Alexandre Estrela, Kenneth Anger, Joachim Koester, Manuel Markus Ocampo, Selg, Meese, Jannis Varelas, John Bock, De Tamar Guimarães,Jonathan / Bright Morning Star Estrela Brilhante daManhã Vídeo. 79. Até 04/07. 4ªaSáb. das14h às20h. Arte ePesquisa. Diem R.deOSéculo, Carpe Lisboa. De João Tabarra. Sea (C) Fotografia,Objectos, Outros. às 18h(última admissãoàs17h45). da CGD. Tel.: 222098116. Até 27/06. 2ªaSáb. das10h Porto. Culturgest. Avenida dos Aliados, 104-Edifício - ExtendedCaption(DDDG) Dexter Sinister Fotografia. admissão às18h30). e Feriados5ª, Sáb., Dom. das10hàs19h(última 6ª das10hàs22h(última admissãoàs21h30).2ªa Tendo comopanodefundoesta Internet papel. Adiversidade dostrabalhos pinturas, esculturaseobrassobre conjunto detrabalhosrecentes: na GaleriaMarz, um emLisboa, 1974)Bruno Pacheco(Lisboa, revela doavesso, masvirando-a história, Fotografia. NaRua nº31. 20h. Anchieta, R.Garrett.Lisboa. Até 18/07. 4ª aSáb. das14h às Botelho. De Catarina Dias Úteis Fotografia.Instalação, Sáb. das10hàs20h. Manutenção, 80. Tel.: Até 218624122. 04/07. 3ªa GaleriaFilomenaSoares.Lisboa. Rua da João Penalva Fotografia, Desenho. das 13hàs20h. Stephens, 4.Tel.: 213476280. Até 20/06. 3ªaSáb. GaleriaQuadradoLisboa. Largo Azul -Lisboa. dos De Pedro Tropa. Cahier deCent Dessins Vídeo,Instalação, Fotografia. das 10hàs18h. 6ª das14h30 Sáb. Dom. às18h. das10hàs00h. Solar deS.Roque. Tel.: 252646516. Até 21/06. 3ªa Vila doConde.Solar-GaleriadeArteCinemática. De DanielBlaufuks. Viagens comaMinhaTia Desenho.Pintura, Sáb. das15h às19h. Bombarda, Tel.: 572. 226063699. Até 01/07. 3ªa Porto. GaleriaPorAmoràArte. R.Miguel Unsinn. Colectivo PaulaGubernat, Cruz, De DanielaSteele,Kasia Colectiva Esculturas, Objectos. Vídeo, Fotografia, Desenho, 19h30. 3ª a6ªdas10hàs19h30. 2ªeSáb. das15h às Bombarda, 526/536. Tel.: 226061090. Até 30/07. Porto. GaleriaFernando Santos. R.Miguel connosco. Venha construirestesite suplemento, éoutro desafi www.ipsilon.pt Estamos online.Entre em . Éomesmo o. o. ¬Mau ☆Medíocre ☆☆Razoável ☆☆☆Bom ☆☆☆☆Muito Bom ☆☆☆☆☆Excelente

“Doodling Infi nity, 2005/09”

coloca em questão as regras cores, linhas, formas. Bruno Pacheco Lesson”, um óleo no qual se vê um escultórica, dada não só pelas cores Na outra sala da galeria, no piso definidas por um programa fechado, não permite uma aproximação grupo de pessoas a analisarem uma escolhidas, mas pelo facto de a sua inferior, um continente de cactos, como era o do minimalismo. imediata do espectador às obras, cria pequena árvore em tudo idêntica à aparição ser mediada por uma essa natureza sem fim, sobre um Se, por um lado, a arte vive numa uma distância que tanto pode ser vista anteriormente. Somos levados, luminosidade próxima daquela que fundo plástico: como se a época designada como sendo a da dada por um filtro de uma dessa forma, a identificarmo-nos nos é dada a ver através de binóculos individualidade de cada planta condição “pós-médium”, não é determinada tonalidade, pela com as personagens que rodeiam próprios para a visão nocturna -, transpusesse o serialismo industrial menos verdade que hoje se assiste a perspectiva ou pelo enquadramento aquela manifestação da natureza: convivem com uma peça de chão e o acaso pictórico - o artista usa os uma expansão permanente dos escolhidos ou mesmo pelo humor na também nós tentamos decifrar cada formada por cimento e dois recipientes como paleta. Na parede, limites da pintura e da escultura. escolha do tema. um dos objectos da exposição. recipientes em plástico. O “Box”, um óleo sobre tela onde vê Bruno Pacheco põe assim num Se, no piso térreo da galeria, está Pinturas de grandes dimensões, mimimalismo levado às últimas uma caixa aberta: nem pintura, nem mesmo plano conceptual um óleo patente “Arbusto (Red Bush)” - e entre as quais “Shoreline”, uma consequências, colocado de pernas escultura. Objectos sem nenhuma sobre tela e uma peça com 21 cactos logo aí somos tentados a ver aquela linha de costa desenhada por um para o ar: formas simples e banais, especificidade particular. em vasos de plástico, sendo estes imagem como uma explosão -, na cetáceo e “Orange Tree” - uma obra tinta seca e a crueza do aglomerante Comentários sobre as ilusões da colocados sobre recipientes no cave, o artista instalou “Bush com uma estranha dimensão - baixo materialismo, portanto. arte. mesmo material. É contudo em “Not Yet Titled (First Draft)”, que essa situação se torna mais evidente: numa caixa montada sobre uma parede podem desfolhar-se uma série www.cooljazzfest.com de molduras que contêm um número significativo de papéis. Quando fechada, a caixa é uma escultura, quando aberta, ela transforma-se apresenta num mostruário de pequenas pinturas, colocadas nas páginas de forma a potenciarem inesperados diálogos - como se as imagens, aparentemente distantes entre si, se prolongassem umas nas outras. Uma pintura pode ser, assim, entendida na sua objectualidade. Ela já não é só aquilo que representa, mas também aquilo que de facto é: JOSHUA REDMAN JAZZANOVA Resort 9JUL 10JUL De Pedro Valdez Cardoso. Faro. Galeria Artadentro. R. Rasquinho, 7. Tel.: CASCAIS CASCAIS 289802754. Até 18/07. 3ª a Sáb. das 15h às 19h. Escultura. CIDADELA CIDADELA Transparências De Leonor Brilha, Vanessa Chrystie. Porto. Galeria Arthobler. R. Miguel Bombarda, 624. Tel.: 226084448. Até 02/07. 3ª a Sáb. das 15h CASCAIS PARQUE às 19h30. MARECHAL CARMONA Fotografia, Pintura. 14JUL ELIANE ELIAS 1ªPARTE Revolution-Patriotism, BOSSA NOSSA Raft / Dark Days 15JUL ANTÓNIO De Costa Vece. ZAMBUJO CONVIDA IVAN LINS Lisboa. Carpe Diem Arte e Pesquisa. R. de O LISA CONVIDA MARIZA Século, 79. Até 04/07. 4ª a Sáb. das 14h às 20h. 19JUL BUIKA Instalação. EKDHAL 21JUL MAFALDA VEIGA Pancho Guedes HIPÓDROMO 22JUL KATIE - Vitruvius Mozambicanus MELUA 29JUL JAMES Lisboa. Museu Colecção Berardo. Praça do 23JUL Império - Centro Cultural de Belém. TAYLOR 31JUL SEAL Tel.: 213612878. Até 16/08. 6ª das 10h às CASCAIS 22h (última admissão às 21h30). 2ª a Dom. e MAFRA JARDIM DO CERCO Feriados das 10h às 19h (última admissão às PARQUE 16JUL VAYA CON DIOS 17JUL 18h30). Arquitectura, Desenho, Escultura, MARECHAL VADIOS CAMANÉ, MÁRIO LAGINHA, Pintura. CARMONA BERNARDO SASSETTI E CONVIDADO Com Piada CARLOS BICA De Jarbas Lopes. Lisboa. Baginski Galeria/Projectos. R. Capitão Leitão, 51/53. Tel.: 213970719. Até 31/07. 3ª a Sáb. das 13h30 às 19h30. Desenho.

Exposição Solar De Miguel Palma. Lisboa. Baginski Galeria/Projectos. R. Capitão Leitão, 51/53. Tel.: 213970719. Até 31/07. 3ª a Sáb. das 13h30 às 19h30. Bilhetes à venda na Ticketline (www.ticketline.pt), Lojas Fnac, Posto de Turismo de Mafra e locais habituais. Escultura. Patrocinadores Principais: Patrocinadores Oficiais: Media Partners: Hotel Oficial: Organização: Doodling Infi nity, 2005/09 De Joana Rosa. Lisboa. VPFCream Arte. Rua da Boavista, 84 - 2º. Tel.: 213433259. Até 20/06. 2ª a Sáb. das 14h às 19h30. Desenho.

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 33 34 •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 Teatro/Dança se esta noitecelebrara se esta espera- emLisboa, Braço dePrata, contentores. EmplenaFábrica do pronta emetidanos carga a sua António Variações emespírito, com Aqui cervejas e pipocas, háfarturas, Tel.: às21h30e23h. 218686105.e Dom. Material deGuerra, 1.Até 14/06. 3ª,4ª,5ª,6ª,Sáb. FábricaLisboa. doBraço dePrata. R.daFábrica do André Murraças. De André Encenação: Murraças. Experiência Variações Amaral Cardoso António Variações. 25º aniversário de damorte popular,e festa nanoite do memória Interactividade, contentores metida nos Variações A carga Emílio Gomes, Ivo Emílio Gomes, Bastos. Marcos Diana Sá, Barbosa.Com Encenação: Pires. Lucas De Jacinto Silenciador e reservas: 916648204 ou218140825. Tel.: às16h. 21h30. Dom. 214927315. 5€.Informações Mattos, De17/06 2. a28/06. 3ª,4ª,5ª,6ªeSáb. às Amadora. Espaço Cultural Recreios. Av. Santos Silva. José Peixoto. Jorge João Com Lagarto, De Bernard-Marie Koltès. Encenação: Algodão Na dosCamposde Solidão 27/06. 5ª,6ªeSáb. às21h30. Tel.: 219383100. 10€ R.Angola. CCdaMalaposta. Olival Basto. De18/06 a Pereira. Pedro Barbeitos,Rute Rocha, Tiago Alexandre Com encenação). Pedro, José de Mateus(assistente Encenação: De Pedro Barbeitos,Rute Rocha. Fernando eGabriela Estreiam Teatro Agenda A Ceia dosCardeais 253203800. 26/06. 3ª,4ª,5ª,6ª,Sáb. às21h30. Tel.: eDom. Braga. Theatro Circo. Av. Liberdade, 697. De16/06 a Bustorff. Rui Ana Encenação: Madeira.Com deTeatroCTB -Companhia deBraga. De Franz-Xavier Kroetz. Companhia: Concerto àlaCarte 13/06. Sáb. às21h30. Tel.: 20€e15€. 223401905. Porto. Teatro Carlos Alberto. R.Oliveiras, 43. Dia 213257650. entrada livre (sujeitaàlotaçãodasala). Cardoso, 16/06. Dia 38-58. 3ªàs18h30. Tel.: TeatroLisboa. Municipal deS.Luiz.R.AntºMaria Fox. DonalO’Kelly. Com De DonalO’Kelly. Sorcha Encenação: Jimmy Joyced! 217905155. 12€(5€para -30 anos) De 17/06 a19/06. 4ª,5ªe6ªàs21h30. Tel.: Culturgest.Lisboa. R.Arco daCGD. doCego -Edifício Público Espaço Joana Joana Encenação: Filipe La FilipeLa Encenação: Féria.De FilipeLa Piaf a 12€(sujeitos adescontos). às22h00. Tel.:Dom. 8€ 212336850. Até 28/06.Barris. 5ª,6ª,Sáb. e Palmela. Teatro Vale OBando. de Luz. Só, Sílvia Almeida,Filipe Miguel Moreira, Paula AdelaideCom João, Moreira, João Brites. Miguel Encenação: Correia. De Natália Crucifi 219233719. 14/06. 6ªeSáb. às16h00. às21h30. Dom. Tel.: Sintra. deTeatro. Casa R.Veiga 20. daCunha, Até Matias. Carla Dias, Nuno Correia Pinto, Tiago NunoEncenação: Correia Pinto. Com deTeatroCompanhia deSintra. De Alfred Jarry. Companhia: Ubu Rei Continuam obrigatório: 2,5€. 12/06. Tel.: 6ªàs22h. 232480110. Consumomínimo TeatroViseu. Viriato. Lg.MouzinhoAlbuquerque. Dia Cláudia Cláudia Gaiolas.Com Gaiolas. Tiago Rodrigues (texto). Encenação: De Cláudia Gaiolas, Amanhã A Partirde 218438801. 5€a10€. 23h. Dom. às 17h. Tel.: 14/06. Sáb. 6ªàs19h. às17h e Contreiras, De12/06 52. a Maria Matos. Av. Frei Miguel TeatroLisboa. Municipal Chinoiserie 13/06.Dia Sáb. Tel.: às22h. 253424700. 5€e7,5€. Guimarães. CCVila Flor. Av. D. Afonso Henriques, 701. Alardo. Batarda. Beatriz Com De Manfred Karge. Carlos Encenação: De Homem Para Homem 252371297. Entrada livre. Sinçães. De15/06 a16/06. 2ªe3ªàs15h. Tel.: Vila Nova deFamalicão. dasArtes.Pq. Casa de Simão Barros. Hélder Melo,Com Romeu Pereira, GilFilipe. Encenação: De Júlio Dantas. apeteceu escrever gostou tanto quelhe concerto, DVD viu e disco, álbum,canção, teatro, livro, exposição, seu. Quefi Este espaçovai ser Os contentores sãosímbolosdomais-ou-menos-ícone cado lme, peçade Menina Else nós depoispublicamos. [email protected]. E 500 caracteres para Envie-nos umanotaaté com oqueescrevemos? ou nãoconcordando sobre ele,concordando ¬ Mau ☆ De LudmillaRazoumovskaia. Serguéiévna Querida Professora Helena às17h00.Dom. Tel.: 218929070. 18€ a22€. das Nações.Até 31/12. 3ª,4ª,5ª,6ªeSáb. às22h00. dos Al. Oceanos Casino. Lisboa. Lote 1.03.01 -Parque Maria, SãoJosé Correia. Medina. AnaBritoeCunha,Guida Com De Eve Ensler. Isabel Encenação: Monólogos daVagina às16h00.21h30. Dom. Tel.: 213961515. 15€ Raúl 1A.Até Cascais 21/06. 3ª,4ª,5ª,6ªeSáb. às TeatroLisboa. Alto. daCornucópia-Bairro R.Tenente Durão. Rita Laurent. Com Christine De Arthur Schnitzler. Encenação: Menina Else Tel.: 210994142. 6€. 13/06. 6ªeSáb. às22h00(nos dias30/05 e5,613/6). KabukiLisboa. -Centro d’Arte. Até 10B. R.Newton, Ricardo Bargão. Ricardo Bargão. Com De Fernando Pessoa. Encenação: Das Pessoas emPessoa Tel.: 223392200. 6ª eSáb. às17h00. às21h30. Dom. Porto. Teatro Pç. Rivoli. D. João I.Até 31/12. 3ª,4ª,5ª, Pereira, ArménioPimenta. Barbosa, Silvano Magalhães,Jorge Madureira, BrunoGalvão, Nuno Drummond, Ricardo Loscar, Ruben Paula Sá,Mafalda Noémia Costa, Féria. Wanda SóniaLisboa, Com Stuart, Medíocre Encenação: João Hugo Mota.Encenação: Com Franco, Marco Paiva, Maria 21h30. Dom. às16h00.21h30. Dom. Tel.: 217221770. Ana Filipe,Tânia Alves, Rui Espanha. AtéEspanha. 30/06. 4ª,5ª,6ªeSáb. às TeatroLisboa. Pç. daComuna. Neto. 10€ (sex. a dom.); 7,5€ 10€ (sex.adom.); e (jovens ☆☆ terceira equi.). idade)e5€(qua. Cristóvão Campos, Cristóvão Campos, AntónioCordeiro,Com AnaNave.Encenação: R. Angola. Até 14/06. 4ª,5ª,6ªe CCdaMalaposta. Olival Basto. Razoável Pedras nosBolsos Sáb. às16h00. às21h30. Dom. Encenação: Manuel Manuel Encenação: Morgado, Rui Unas. De Simon Stephens. De SimonStephens. Coelho. Com Diogo Tel.: 219383100. 10€ Harper Regan ☆☆☆ Bom ☆☆☆☆ Cruz, Maria Amélia Matta, Sofia Dias. Cruz, MariaAméliaMatta, SofiaDias. Branco,Dinarte João Ricardo, Luísa se aceitam reservas). Entrada livre nolimite dos lugares disponíveis (não 14/06. às16h Sáb. Tel.: e23h00. eDom. 213585200. Álvares Cabral deAlcântara -Doca Norte.De13/06 a Museu doOriente.Lisboa. Av. Brasília Pedro -Ed. Dança Ásia-Europa Pointe toPoint -Encontro de 17/06. Dia Cortez Pinto. 4ªàs21h30. Tel.: 244834117. TeatroLeiria. José LúciodaSilva. R.Dr. Américo Donlon. VascoGraça, Wellenkamp, Marguerite OlgaRoriz,Coreografia: Rui Lopes deBailado. Nacional Companhia Strokes Through TheTail Isolda +ÀFlordaPele +Fauno + Sáb. às21h30. Tel.: 258809382. R. MajorXavier De18/06 Costa. a20/06. 5ª,6ªe Viana Teatro doCastelo. Municipal SádeMiranda. Alexandre, Pedro Santiago Cal. Rafaela Salvador, Sylvia Rijmer, Bruno Olga Roriz. Câmara, Bailarino:Catarina OlgaRoriz.Companhia Coreografia: Nortada Estreiam Dança 213965360. 28/06. 5ª,6ªeSáb. às17h00. às21h45. Dom. Tel.: ABarracaLisboa. -Teatro Até LgSantos, 2. Cinearte. Sérgio Moura Afonso, SusanaCosta. Borges, Fernandes, Rita SérgioMoras, Carla Alves, Jorge Pedro Gomes, Guerra, João D’Ávila, Adérito Lopes, Maria doCéu Guerra.Com do Céu D’Almeida Maria (música). Encenação: De Nikolai Gogol, AntónioVictorino O Inspector-Geral 16h00. Tel.: 226063000. Até 30/06. 3ª,4ª,5ª,6ªeSáb. às às21h45. Dom. Porto. Teatro Alegre. doCampo R.dasEstrelas s/n. Loureiro, Nuno Preto, Rui Pena. Cardoso, Silva, Joana Jorge Duarte Faria, Alexandra Calado, Cristina Claudio Hochman. Adriana Com Encenação: Colectiva. De Criação Porto emDirecto Tel.: 213250835. Até 14/06. 4ª,5ª,6ªeSáb. às16h15. às21h45. Dom. TeatroLisboa. NacionalD. MariaII.Pç. D. Pedro IV. Muito Bom ☆☆☆☆☆ Excelente

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“Experiência Variações”. explica. “Cada um é uma faceta dele conheça-se a cidade “Experiência Há exactamente 25 anos, Portugal ou um aspecto da história de Portugal Variações”, passando directamente perdia alguém que não será bem “um a que ele também está ligado.” para a barbearia. Num dos espaços ícone, mas certamente uma Formado o puzzle, o resultado é um mais luminosos e mais plásticos, o referência”, diz André Murraças, misto de performance, teatro, artes actor Carlos António, que faz de performer, criador, encenador. plásticas e um punhado de tecnologia. Variações, vai estar num monólogo “Morreu na noite de 12 para 13 de No último contentor estará alguém a em “loop” a falar da importância do Junho e acho que iria gostar que dedilhar no YouTube a vida e obra de corte de cabelo: “Ele diz que é um passássemos um Santo António com Variações - mais precisamente versões criminoso, um guerreiro da beleza e ele presente”, comenta entre os da “Canção do engate”, espelho que tem esse poder e essa missão”, contentores alguém que é seu fã, multigéneros da versatilidade e lembra. “Ele dizia que as tesouras “absolutamente”. transversalidade do cantor. “É o que pagavam a música.” Desta vez, Murraças não faz um existe dele, o que ficou.” Murraças leu a biografia “Entre “one-man show”, mas também não se Na web moram as possibilidades Braga e Nova Iorque”, de Manuela resguarda - simplesmente presta documentais, mas também o tributo, Gonzaga, tirou dúvidas com a autora e tributo a Variações após um convite, “as dedicatórias”. No fundo, o final do depois esqueceu tudo - quis-se centrar que já tem dois anos, da produtora percurso desta espécie de “parque na sua experiência de António Cassefaz. Guardado o projecto para a temático” Variações é a ideia de que é Variações, no que mais admira nele. data redonda, agora ele está em oito um doutor em portugalidade e um “O lado de inovação, progressista, contentores, desde dia 9 e até dia 14, artista para todos. Aos olhos de mas com aquela coisa do que é ser no âmbito das Festas da Cidade. Murraças o “camaleão musical” está português, do desleixo, do não Os contentores são símbolos do subdividido em oito parcelas, oito cuidarmos de nós, do deixarmos para mais-ou-menos-ícone: “O Variações é aspectos dele e de Portugal e da sua amanhã... esse fado.” E continua a tão complexo, tão cheio de caixinhas. memória sensorial de Variações. questionar-se: “Ele morreu com o O que é engraçado é que todas essas Primeiro, a piscina de neve que segundo álbum ainda por sair. Resta facetas nunca se misturam: a origem simboliza as viagens, descalço, até à perguntar o que ainda vinha daí. É tão minhota, a vinda para Lisboa, as escola, a sua infância, nos arredores forte aquele início e o quanto ainda viagens ao estrangeiro, o lado de de Braga - e pede-se ao visitante que se nos marca, que te perguntas: ‘Se este barbeiro/cabeleireiro de que ele divirta na piscina de bolinhas brancas. homem continuasse vivo, onde é que gostava muito mas que servia para Depois, a viagem, a primeira, de Braga todos nós estávamos, musicalmente, pagar as contas para ser músico...”, até Lisboa. Chegado a Lisboa, culturalmente?’”

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 35 36 MIGUEL MANSO/ARQUIVO aparente Chico Buarque, asimplicidade é, nestequartoromance de Aforçamaiordanarrativa •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 Livros mmmmn Quixote Dom Chico Buarque Leite Derramado Jorge Marmelo damemória. mecanismos os precários (ecriativos) Chico Buarque explora Novo romance dobrasileiro labirinto gagá noseu O velho Ficção contemporâneos da língua contemporâneos dalíngua notáveisdos mais escritores fosse,confirmação, sepreciso deum Buarque, Derramado”, “Leite romance dobrasileiro Chico personagem donovo principal linhagem. Vejam-no porque éelaa suposto passadoilustre dasua semnexodesfiando histórias sobre o pelamorfina,gagáe entorpecido centenário emeiolouco, arruinado, entrevado, dehospital, numa cama quatrocentos “e lávaifumaça”. dom Manuel I”lánosidosdemil de “alquimista emédicoparticular Eulálio Ximenezd’Assumpção, Marquês doPombal, eatédodoutor d’Assumpção, conselheiro do herdeiro deEulálioPenalva Conheçam-no agora que Conheçam-no está cidade doPorto,cidade comerciantes da prósperos descendente de Junho de1907, a16de nascido d’Assumpção, Montenegro Eulálio Conheçam que ruínaque aromântica sobrou desmoronada. do Mais aristocracia p supostamente umcavalheirohomem cortês, revelandonarrador vai-se um (o proverbial leitederramado),o dopassado todos comosfantasmas a ebaralhando-os circunstância, ora àmãe,aalgummaqueiro de oraàfilha, enfermeira predilecta, saborosíssima. éumaprosaresultado O antológico). absolutamente final dolivro, é,porfalarnisso, do narradojáperto Assumpção, internamento dosenhor o resulta banho doqual no uma ironia (oacidente finíssima por mesmo torrencial, eservido fluenteelímpido,absolutamente narradas, é peripécias o estilo, adespeitodasdelirantes tempos euma“linguagem acurada”, centenário, commodosdeoutros deumhomem se dodiscurso de umvelho senil.Porém, tratando- dacoloquialidade pois, socorre-se, eu estava agora”), ChicoBuarque damemória não seiemqual camada que já delembranças, lembranças de elembranças lembranças, asminhas memória (“Sãotantas da complexidade dosmecanismos suspiro. a mão, àesperadoseuderradeiro estivesse esegurando-lhe escutando eo doenfermoAssumpção da cama pudesse ocuparumlugarnaborda umdosleitorescomo secada simplicidade aparente. eé Lê-se romancequarto deChicoBuarque, a maiordanarrativaforça é,neste de“Budapeste”.A metaliterários narrativa ouosartifícios não tem aseufavor asofisticação de experimentalismos e formais, “Benjamim”, desprovido, portanto, doqueestilísticos, “Estorvo” e atrevido, e emtermoslinguísticos escrevia canções. -jáoera quando apenas portuguesa Dirigindo-se confusamenteoraà Dirigindo-se sobrePara reflectir a Derramado”“Leite émenos roveniente de uma uma de roveniente ¬ Mau ☆ “dores nosossosenasescaras”, enfermeira. atrasada”, diz à menstruação novela, nasmensagens docelular, na meus, para pensarnogalãda você esquece dos osolhosemcima quando achoumadelícia “Também surpreendente fescenina: vitalidade manifestar, deuma ainda,sinais precisava enrabaroBalbino”) e queuma ideia,encasquetei (“Durante umperíodo, para você ter perversões pouco aristocráticas velhaspara passaremrevista e sucessivamentereconstruindo-a meu atremer junto”), seu corpotremia inteiro, levandoo Matilde (“ela dizia,euvou, Eulálio, e enreda de namemóriasensual ealgovelho tarado. patarata do dasdissertações interstícios destrambelhado que sobra nos explora commestriaohumor seu zénite. e ChicoBuarque sabe-o o confusamente opassadoalcança para reinventarcapacidade a damorte um velho tontoàsportas massónafigurade perfeitamente, pandemónio”, sabemo-lo memória édeveras um que aindanãoaconteceram”. “A é “esquisito decoisas terlembranças que constatar deAssumpção depois extraviar”, napágina114, lê-se pouco se para ahipótese deahistória como seassimtirassecópiasdela, repete sempre amesmahistória, etudooresto.Botafogo se algumavez existiu amansãode internada num sanatório;oumesmo morreu, fugiuou foi invencionice; seMatilde ou falsificação épuroconta delírio, exactidão seoque ele com estabelecer sejapossíveljamais dado passo, semque a linha”, dizovelho a momento algumperdi em um hindusemcasta, vivendo nascondiçõesde desatinos dotempo: “Mesmo do RiodeJaneiro, edetodosos eurbanística explosão demográfica soterradasoba pertenciam, aque osAssumpção civilização desaparecimento daorgulhosa transformada nacausa do noleitohospitalar,por Assumpção peito nolavatório debanho. dacasa despejando (derramando) oleite do aprópriaalimentar filha, mulher, Matilde,serecusará a prenúncio dodescalabro, essa bem. Oque sesabeéque, como vergonha nãosesabe ouciúme, linhagem -,aqual perdeu por aclareada deumafalsa edotada -eporelas necessidades decasta (alegadas) moldada àssuas umamulher insensatamente mestiça de umhomemque amou ésobretudoAssumpção oque resta se aconselharcomele?”), rei costumava Alberto virdaBélgica da PrimeiraRepública, conteique o influente(“papai foi opolíticomais famíliailustredessa hipotética Medíocre Tetraplégico, arruinado ecom Vezes se Assumpção semconta “É para sipróprio que umvelho A cenaérepetidamente revivida ☆☆ Razoável John Updike ☆☆☆ Bom ☆☆☆☆ de Updike nãoenvelheceu. viúvas eenvelheceram. Masaescrita voltaram acasar,“bruxas” ficaram Ficção Saídas escapar àescravidãoescapar doshomens. juntar-se aeles para decide oslobos,e ancestrais, apelo dosseus traduções), o anteriores selva, em floresta” (ouda o “apelo da que ouve então paragens. É áridas egeladas puxar trenós em detrabalho ea cão atornar-seforçado um seu dono, ouseja,raptado, Bucké de Traiçoeiramente levadodecasa e perigos inesperados. ou o National Book Award,ou oNationalBook entre tinha ganhoaindaoPEN/Faulkner tinha oprestígio que tem hoje,nem Prize 2008. doManBooker Ghosh foifinalista deaventuras.intrigas eumahistória dezenas depersonagens, e episódios histórico, umasagacomplexa com simultaneamente umromance Dumas eTolstoi. “MardePapoilas”é obras deMelville, Dickens, Conrad, Muito Bom a RhodeIsland. Claro que as fê-las regressar,fê-las num Verão, Alexandra, Jane eSukie suas personagens personagens suas século -regressou às Updike -que morreu do último meio do últimomeio em Janeiro efoium literatura americana literatura americana dos gigantes da foi publicadoem1871 Sexual” e aSelecção “A OrigemdoHomem ☆☆☆☆☆ 1978. DeLillonão originalmente em foi publicado romance doautor e dosextoTrata-se Relógio D’Água Miguel Silva) deJosé (tradução Don DeLillo Cão emFuga aventuras, trabalhos se vê metidoem chamado Buckque cão sossegado deum É ahistória Relógio D’Água Serras Pereira) deMiguel (tradução Jack London O Apelo daFloresta a comparando-o romance, aeste elogios nos hiperbólica inglesafoi A crítica Presença Mendonça) deMarta (tradução Amitav Ghosh Mar dePapoilas Eastwick”, John John Eastwick”, “As Bruxasde de século depois de quarto Um Civilização Baptista) deIsabel (tradução John Updike Eastwick As Viúvas de Jack London Excelente MUSEU DO ORIENTE férias

As memórias de Marcos Ana são menos políticas do que puramente humanas BANHA ANA de Assumpção mantém sempre um pé Regressou a Espanha após a morte na gloriosa fazenda do pé da serra, do ditador e iniciado o processo de na mansão de Botafogo, nas transição para a democracia. Em outros prémios. A acção desenvolve- conversas de família em Francês 2007 decidiu finalmente publicar as se em torno da hipotética existência (para que os empregados não suas memórias “da prisão e da vida”, de um filme pornográfico de Adolf compreendessem) e nas suítes do cuja tradução portuguesa, “Digam- verão Hitler e da investigação que uma Ritz, como se a memória de tudo me Como É Uma Árvore”, chega jornalista para tentar deslindar a isso fosse a condição para continuar agora às livrarias. história. a justificar o facto de permanecer O título do livro vem de um poema vivo e, ao mesmo tempo, uma do autor escrito na prisão de Burgos As Duas Casas privação imensa: “Qualquer coisa em 1960. Marcos Ana começara a Ana Teresa Pereira que eu recorde agora, vai doer, a escrever poemas em meados dos a Relógio D’Água memória é uma vasta ferida.” A anos 50, poemas de combate Ana Teresa Pereira (n. 1958) publicou espaços, o lúbrico velhinho vai político e urgência humana que no início dos anos tendo consciência da real situação eram uma forma de protesto contra 90 (na Caminho, a em que se encontra: “Seria até a opressão franquista. Os processos sua primeira cômico, eu aqui, todo cagado nas rocambolescos como esses poemas editora) uma série fraldas, dizer a vocês que tive berço. eram passados clandestinamente oriente de cinco livros de Ninguém vai querer saber se para fora das prisões são recordados aventuras juvenis que, como os de porventura meu trisavô em “Digam-me Como É Uma Enid Blyton, tinham cinco “heróis”, desembarcou no Brasil com a corte Árvore”. Um deles consistia em um cão incluído. Duas dessas portuguesa. (...) não há passante que contrabandear os poemas de histórias são aqui reeditadas: “A Casa não afrouxe o passo para me espiar, memória: um prisioneiro cuja das Sombras” e “A Casa do como a um desastre à beira da libertação estivesse próxima Nevoeiro”. estrada”, comenta. memorizava o texto e, uma vez em Conheçam, pois, Eulálio liberdade, passava-o para o papel. Os Olhos de Himmler Rui Nunes Montenegro d’Assumpção e escutem Resultado previsível verificado Relógio D’Água as suas últimas palavras, a muito depois, já em liberdade, por “da rua, as vozes derradeira confissão e o delírio final Marcos Ana: os versos impressos descem, escondem- de um velho cavalheiro louco. Vale com o seu nome nem sempre eram se no sussurro, absolutamente a pena. exactamente aqueles que ele desoculta-as um escrevera. Mas foram esses versos 6 a 10 de Julho 3 a 7 de Agosto riso, a claridade que, naqueles anos, transformaram ténue da garagem Memórias Marcos Ana num “poeta militante”, 20 a 24 de Julho 17 a 21 de Agosto escurece ainda símbolo e voz dos presos políticos mais, sombras móveis do franquismo. Essa condição que ora tapam um A páginas tantas Ganesh Chaturthi - simbólica, de uma vida que pilar, ora um Memórias de 10.00 – 13.00 A Índia vem ter bocado de representa e testemunha outras, de parede, ora o uma narração que poderia ter outros contigo! caixote, ora a um homem narradores e protagonistas, é uma 10.00 – 13.00 água das das características deste livro. Como poças, diz no prólogo Saramago, Marcos Tapetes mágicos Quem é quem! sombras que Um testemunho de Ana não só “rejeita toda e qualquer 14.00 – 17.00 14.00 - 17.00 procuram”... A vitalidade e optimismo, sem tentação de olhar-se, complacente, Rui Nunes escrita ficcional ao espelho, como o despedaça para de Rui Nunes não sombra de ressentimento. que, nos seus múltiplos fragmentos, tem muitos pontos de Mário Santos venha reflectir-se a face dos seus contacto com a dos seus companheiros de infortúnio”. contemporâneos portugueses. Este é 13 a 17 de Julho 10 a 14 de Agosto O livro recorda uma infância muito o seu livro mais recente. Digam-me como é uma Árvore pobre e católica (Marcos Ana é um 27 a 31 de Julho Marcos Ana 24 a 28 de Agosto pseudónimo formado pelos nomes (tradução de Maria do Carmo Abreu) Ensaio próprios do pai e da mãe do autor; Guerra e Paz, € 19,80 Há fantasmas à solta vítima, o primeiro, de um A rota das especiarias A Origem do Homem no museu e a Selecção Sexual mmmnn bombardeamento durante a Guerra 10.00 – 13.00 Charles Darwin Civil; vítima, a segunda, da 10.00 – 13.00 (tradução de Ausana Marcos Ana passou “normalidade” franquista), o A. M. Varela) 23 anos da sua vida despertar da consciência política e Relógio D’Água O Oráculo do Velho Estrela, estrelinha, o encarcerado pelo social à entrada da adolescência, a Não é tão icónico Mandarim que me dará como quanto “A Origem regime franquista. guerra, o “turismo penitenciário” das Espécies”, cujos Um triste recorde (naqueles anos em que a fúria 14.00 – 17.00 prendinha? 150 anos se estão para um preso persecutória dos vencedores 14.00 – 17.00 comemorando actualmente, mas é político. transformou colégios e conventos em igualmente grandioso e Nascido numa prisões), o exílio e as digressões de desafiador. “A Origem do família de campesinos “trabalho solidário” pela Europa e Homem e a Selecção pobres da província de Salamanca, foi América Latina, os encontros (os Duração: 5 dias • Público-alvo: 6-12 anos Sexual” foi publicado em militante comunista desde a juventude poetas Miguel Hernández, Rafael Preço: € 35.00 p/ participante 1871 (embora o autor nele e tinha 16 anos quando a Guerra Civil Alberti, Pablo Neruda, a rainha trabalhasse desde os anos espanhola começou. Como milhares Elisabeth da Bélgica, Che Guevara...), A marcação deverá ser efectuada até 7 dias antes 30 do século XIX) e de outros republicanos vencidos que e termina quando começa a da realização da oficina nele Darwin insere decididamente os não conseguiram fugir a tempo de democratização da vida pública em Espanha, foi preso em 1939. Por duas Espanha, no final dos anos 70. macacos na nossa mecenas principal: mecenas do serviço educativo: vezes foi condenado à morte, pena Mas surpreendentemente, e só Museu do Oriente árvore Av. Brasília genealógica e depois comutada em 60 anos de aparentemente em contradição com Doca de Alcântara (Norte) afirma a prisão. No final de 1961, Franco que o que dissemos, estas memórias 1350-352 Lisboa unidade amnistiou os condenados políticos são menos políticas do que Tel: 213 585 299 fundamental que estivessem há mais de 20 anos puramente humanas, afectivas, [email protected] apoios: da família ininterruptos na cadeia. Marcos Ana íntimas e até calculadamente (?) humana, exilou-se então em França, passando “ingénuas”. Marcos Ana conta www.museudooriente.pt para lá das a dirigir em Paris uma organização de “histórias comoventes”. De sonhos, raças. ajuda aos presos políticos do lutas e “solidariedade”. Palavra que franquismo e respectivas famílias, rima aqui mais vezes com emoção do que era simbolicamente presidida que com ideologia. Por exemplo, a Charles Darwin por Picasso. história (recordada com

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 37 homem. Coisa rara. homem. Coisa as memóriasdeumhomem.Um ouavós”.que tenhamdospais São não quero arecordação conspurcar tempodepois filhos enetostanto torturadores: “porque devem ter nem osseusdirectos fraquezas”, companheiros que “tiveram alguém que nãonomeianemos ressentimento. Sãoasmemóriasde optimismo, semsombra de um testemunho e devitalidade prostituta madrilena. primeira vez comuma oamorcarnal seu longo cativeiro, conheceupela desairdo Ana, aos42anos,acabado Pedro Almodóvar) decomoMarcos compreensivelmente teráfascinado (que Ouahistória sujeitos atortura. ícone religioso, reconfortou ospresos retrato que, comoum deLenine 38 mmmmn Almedina Miguel Portas eCamilodeAzevedo Périplo Alexandra LucasCoelho é umviajantegenuíno. mostra comoMiguelPortas Azevedo sabever, olivro mostrava comoCamilo Se asériedocumental O Sul denós Viagem tudo oque para precisa seroque é,de problema dolivro. Um livro recorre a Reportagem? Masessenãoéum Escrito aos87Escrito anos,estelivro é •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 confessado embaraço) de certo confessado embaraço)decerto Livros História? Ensaio? Viagem? Fotografia? “Périplo”: arrumar num jornal— delivros secção — ouparauma para umlivreiro Talvez sejadifícil Darwin civilização paisagem da grande queria a actualidade, não queriaa Miguel Portas contemporâneas, olivro parece antiguidade àsartistas da guerreiras, dasestátuas ocupada”, às edascamponesas uma mulher que nãoesteja omundo mediterrâneo.acaba onde aoliveira ouseja,onde acaba, que começam nómadas dosdesertos agricultura entre osriosaos de um“kilim” àcozedura dopão, da deKadhafi,dotecer megalómanos de Ur eUruk aos“pipelines” dasantiquíssimascolectiva, cidades vida doshomensnasua mistério movidoperpetuamente pelo é umgenuíno viajante, humor demelancolia. eumaponta direcções, sentido de comargúcia, de MiguelPortas seestendeemtantas mostra comoacuriosidadeenérgica expressivos edensos,olivro “Périplo” Azevedo apanhapormenores bem comoorealizador Camilo compor agrande paisagem. opergaminho,habitar ajudar a que poderiam micro-histórias são essesrostos comnomeevoz, nodeserto,vegetação oudeágua aolivro,falta de comoafalta grande paisagem dacivilização. queriaqueria a aactualidade, Não diálogos epersonagens actuais. optoupornãoaproveitarPortas delas comoeurodeputado, Miguel vontade dopovo. oque nãofavorecepoliciais, oà deagentestinham vigilância asviagenspolítica: para filmar doque devivos.fascínio) histórias e gregos, que enleiamPortas num romanos egípcios, mesopotâmicos, (porexemploda História dosmitos falar, agora. uma janelaondeaparece alguéma muito devez seabre emquando emque porMiguelPortas, traçado um fresco notempoouespaço Líbios). Mas ésempre, sobretudo, (Povosimpressionistas dodeserto, mais ehácapítulos Israelitas) (Mesopotâmicos, históricos mais elementos évariável. Hácapítulos devárias viagens.notas poemas) eàsimpressões, reflexões e antigos, novos ensaios,romances, doMediterrâneo,História arquivos (Bíblia,Toraconcretas eCorão, Maiorias). Recorre amuitas leituras Cairo;imperiais; Líbios; Israelitas; Urbanos Egípcios; e deserto; Povostemáticos (Mesopotâmicos; do prefácio, epílogo eoitocapítulos em posterior àsérie.Estrutura-se de viagens anteriores àfilmagem. origem aestelivro. Sãofotografias “Périplo”,documental que deu Neste mundo, “nunca seencontra Nesse sentido, oautor destetexto Mas deresto, se asériemostrava Então, sealgo háque porvezes E dasviagens posteriores, muitas deumacondicionante Isto resulta Em suma,hámuito histórias mais umdestes O pesodecada Já otexto deMiguelPortas é preferência algo novo. novo. algo preferência Azevedo dasérie napreparação aolongofotografias de350 tiradas pelo realizador Camilo tiradas pelorealizador entre 10mil,essencialmente correspondem aumaescolhade páginas. Asfotografias “Périplo” intercala texto e parte de nós. parte sevê:nunca comooSuléaoutra vemos éoque desteladoquase oque daglobalização, nacionalistas, colonialismo, dasditaduras do paratrásdepois ficando espanhola, autopiadequem foi onde seavista Gibraltar, acosta diantedoMediterrâneo,socalcos de viajantes destemundo, Battuta. Ibn em Tânger, domaiordos acidade ruínas anunciam odeserto. grande palmeiraldePalmira,ondeas de temploemtemplo. ao Chegamos comohátrês faluca milanos,parando com umvéu. SubimosoNilonuma Líbia paraver Perséfone cobriracara na Entramos noarmazémdasestátuas vento porque nãohájanelas. ao Damasco paraAmãcomacara para omovimento. etextoque fotografias convergem destelivro,fascínio eomomentoem do Mediterrâneo. Esseéogrande doSul vezes países em tantos tantas terãoestado viajantes portugueses dedireitos”. eaigualdade laicidade do que sobre dezdiscursos a “faz pelasmulheres milvezes mais escrevecomo esta, MiguelPortas, bárbaro, ignorante”,uma“fatwa” islâmico é,alémde integrismo Setembro, quando “o terrorismo do conversou em2008.Nopós-11 de libanês comquem MiguelPortas direitos dasmulheres doimãxiita pró- contemporânea éada“fatwa” conviviam. ostrêsquando aqui monoteísmos quotidiano doshomenscomuns, Cairo que vieramtrazer luzsobre o XIII encontradosnuma sinagoga do mercadores judeusdosséculoIX- milhares dedocumentos de doCairo,a chamada Geniza deumpúblicoalargado,conhecida é com ashipóteses. ounão concorde-se na observação, doque delesseextraicruzamentos, livro valeriasópeloestímulo desses eruditos, malditoseleigos, eeste sobre oMediterrâneo, cruzando política. história sedesdobraétodauma destas denúncia dosregimes árabes. miseráveis que clamorosa sãoamais aos subúrbioscommilhõesde fachadas evaiportrás,àslixeiras, Cairo. sobre reflecte MiguelPortas as indecifrável demetrópoles comoo altura, àexpansão aparentemente Iémen comarquitectura deterraem construíram, desdeumvale no modo comoshomenssempre aolharparao grande urbanista) amador(filhodeum o urbanista edigere,integra látambém masestá viajante sejaateu. pequena nestelivro, aindaque o neste mundo, nãoéparte também masculina. tradicionalmente pública, contraponto àgrandepraça sempreestar disponível para esse Aí, sentados naquele café em naquele café Aí, sentados E nofim,sim,talvez nosachemos vamosdecomboio Então Mas alémdasleituras,poucos Em contraponto, umaleitura Uma dessasleituras, pouco dedicoutempoaler Miguel Portas A formacomoumagrandecidade que láamatriz tudo política Está E seareligião pequena nãoéparte Internet ¬ Mau ☆ Coutinho Isabel irão para aslivrarias corrigidas deobras que são provas não promoção. Naverdade usados como forma de Estes exemplares são netgalley.com/ http://www. Net Galley com/ harpercollins. http://shop. HarperCollins Shop symtio.com/ http://www. Symtio Medíocre connosco. Venha construirestesite suplemento, éoutro desafi www.ipsilon.pt Estamos online.Entre em ☆☆ Razoável uma boaideia NetGalley, Ciberescritas rescritas) (Ciberescritas jáéumblogue http://blogs.publico.pt/cibe- [email protected] de livros, ilustrações,documentosWord ouPDFs. preparada parareceber doseditores fi está etambém ou não. grátis ONetGalleyéumserviço essepedido seaceita depois leitura.Oeditordecide a sua para epodefazerumarequisição editores alidisponibilizam público detodososlivros eque que os irãoserpublicados afuncionar.possuem umKindle,masaindanãoestá o PDFserenviado através daAmazonparaaqueles que no site.Nofuturo poderá viraexistir apossibilidadede onlineatravésestão deumprograma deleituraque existe têm apossibilidademês. Ouentão delerolivro enquanto em PDFprotegida aque podemter acessodurante um olivrodescarreguem paraoseucomputador,e numa livreiros, professores, bibliotecários, etc-acedamaosite bloggers, mensagens -jornalistas, paraque osseus contactos einformaçõessobrematerial depromoção olivro eenviam “provas obrasaque algum nãocorrigidas”dassuas juntam “galleys”,fazem “upload” dassuas onlineas é,colocam isto pessoas que lêemeque recomendam livros”. Oseditores representados para ANetGalley é“umserviço naBEA. do NetGalley. Já noanopassado, Angeles, emLos estavam livraria, láaparece aprimeirareferência num jornal. efi a paginação comotempopara sobre Contem eleeaescrever acrítica. que levaalerumlivro, otempoque levaarefl mais entregues nasredacções otempo Juntem dosjornais. aisso e jáestarem àvenda livros que aindanãotinhamsido era comum passarmospelaslivrarias num fi seestejamamodifi as coisas e,se apostas obrasquefalatório àvolta sãoassuas destas umgrande aseditoraspretendemantecedência criar uma nova formadevender livros electrónicos. Sony Reader. Istoéfeitoatravés Symtio, doscartões que são noiPhone,num depois eno computador e EPUB)lê-los descarregar, assim,oslivros (PDF emformatoelectrónico nos próximos meseseestiver napossedocódigo pode de acessonoverso. Quemforao“site” daHarperCollins dealgunsdesseslivros, comascapas comumcódigo postais obrasemformatoelectrónico. destas algumas por distribuir decustos,optaram contenção ano anovidade em éque oseditores norte-americanos, em2010.Este e algumassóserãomesmopublicadas deSetembro apartir para aslivrarias norte-americanas Na verdade sãoprovas nãocorrigidasdeobrasque irão Unidos. nosEstados ser publicados impressos doslivros que duranteospróximos mesesvão “galleys”que passassemporláastais -exemplares N Quem está inscrito na NetGalley tem acesso a um catálogo na NetGalleytemacessoaumcatálogo inscrito Quem está comoo alguémdeviafazereraum“website” O que porcá Ao naBEAoslivros distribuir assimcomtanta Foi oque que aconteceucomaHarperCollins, distribuiu Estes exemplares sãousadoscomoforma depromoção. ☆☆☆ . Éomesmo Bom bloggers, livreiros,bloggers, eatodosos bibliotecários aosjornalistas, costumam serdistribuídos uma palavra nova: “e-galleys”. Nafeira decorreu hásemanasemNova Iorque, aprendi Expo (BEA),que daBook America edição esta nalmente, semanas depois do livro estar na dolivronalmente, semanasdepois na estar ☆☆☆☆ o. o. Muito Bom car, atéhábempoucotempo às livrarias. Por embora cá, em que achegar estesestão livros nasemana exactamente erecensões a temos críticas inglês ounum jornalamericano numquando pegamos jornal que das mesmas.Éporisso farão umamelhordivulgação se prepararem eseguramente tempopara delas, têmmais gostarem e osjornalistas os livreiros eosbibliotecários cheiros áudio, trailers ☆☆☆☆☆ m-de-semana m-de-semana Excelente ectir ectir cópia cópia apresentará oespectáculo“Estilhaços” No Musicbox, Adolfo Luxúria Canibal lsrçoCientífica Ilustração em Mestrado e.2 5 310 13 754 21 Tel. ISEC . lmd a ihsd ors179 Torres de Linhas das Alameda nttt ueird dcçoeCiências e Educação de Superior Instituto Concertos por clubes e auditórios lisboetas por clubeseauditórios lisboetas senão vejamos: entre 18e27deJunho, claro, Pois Poderá? provocatório. que celebraapalavra poderáparecer Chamar Festival aumfestival Silêncio! Mais informações emwww.festivalsilencio.com 37. Tel. 218824510. Entrada livre. Mártires Campo Institut. Goethe Lisboa. daPátria, 91. Tel. 213111400. Entrada livre Instituto Franco-Português.Av.Lisboa. LuísBívar, Sodré. De18a27/06. Tel.: 213430107. 10€ do MusicBox. 24-Cais Lisboa. R.Nova doCarvalho, Silent Party. Festival Silêncio-Absolut Poetry conferências. leituras, concertos, De 18a27deJunho, é deouro A palavra Pop celebrar-se-á apalavracelebrar-se-á elamesmo, proferida esoletrada semoutro enquadramento. Celebrar-se-á enquadramento. Celebrar-se-á toda a sua capacidade capacidade toda asua expressiva quando seunea aieed omçoaaçd,[email protected] avançada, Formação de Gabinete . 7012Lisboa 1750-142 Mário Lopes Mário algo mais. algo mais. . Expliquemo- Silêncio, Silêncio, o Festival nos. Entre 18de Lisboa acolherá acolherá Lisboa 27 deJunho, Marilyn Mansonandaamostrar onovo High EndOfLow” álbum“The projecto projecto lsrçoArtística Ilustração desen- . :2 5 319 13 754 21 F: Ilustração Ride a tomar conta dos pratos. dospratos. Ride atomarconta DaRage NBC eBob Sense,comDJ protagonizado pelosMCsSagas,Ruas, umespectáculo seguinte, e,nodia Simões poranfitrião(dia26) concurso dePoetry SlamcomJP e Viviena Tupikova, dia25),um RogérioLeão, GabrielGomes, Samora Malditos (MárioCesariny porRodrigo deWordsongconcertos (dia20),Os além de“Estilhaços”,incluem “Absolut Poetry -Spoken World” que, ouparaasnoites Franco-Português, Na Escuridão”, dia25noInstituto Jacques Prévert: “A Voz dosPoetas... a paraasessãodedicada também violoncelo deValentine Duteuil. Bien” éoseuprimeiro romance) edo de Kétnhévane Davrichewy (“Tout Ira Honoré, vaiaoencontro daspalavras três bandassonoras para Christophe Português: Alex Beaupain, autor de Bien”, dia25, noInstituto Franco- Silêncio, realce naturalpara“Tout Ira por músicos). declamadores serem acompanhados os éhabitual em palcoenaSuécia formatos (emNova Iorque, hábeatbox foi desmultiplicando emdiversos medida que seinternacionalizou, se defensores deummovimento que, à Unidos, Estados umdosmaiores músico Saul eescritor Williams é,nos dopúblico-o apartir seleccionado posteriormente avaliada porumjúri autoria, da sua que será habitualmente poética, uma criação minutos parainterpretar empalco em que váriosdeclamadores têm três do“freestyle” dohiphop, semelhança depoesia”.slam”, À “batalhas numa sessãode“poetry participarão Marc-Uwe eoactor Banzai Kling John emFrança polaco radicado mente”),oanglo- no álbum“(Pratica) Ventura que ouvimos (seupai,poeta “Estilhaços” eSamTheKid,Viriato apresentará oespectáculo 19, Adolfo Luxúria Canibal Anarquista”). NoMusicbox, aindadia encenada d’”O Banqueiro FilipeVargasactor faráumaleitura Verlag, falarádopanorama alemãoeo daeditoraArgon-Kilian Kissling, audiolivros (dia19, noGoethe-Institut, explicamos). slam”“poetry (já sessões despoken-word euma sets eVJsets,leituras encenadas, DJ Debates, conferências, concertos, editora 101Livros epeloMusicbox. Instituto pela Franco-Português, pelo volvido peloGoethe-Institut, Ao longo dosdezdias,destaque doFestivalNa programação eserãolançados Discutir-se-á . info @ isec.universitas.pt 09 muito plenamente definido. temfiocondutorhá história que esta “Sweet dreams” -sópara comprovar “Beautiful people”ou aversão de que, noPorto, certamente seouvirão mas éoMarilyn Mansondesempre e americana. “simpático” damentalidade apresenta comodiagnósticopouco “We’re from America” que se you like theydointhemovies” eum asaswastika”, “Pretty “Iwannakill Bowie. Tem como títulos-choque com oglamcomoexplicado por se aventura “flirts” peloshabituais peso rock industrialdopassado, que Portugal. Porto, noregresso única a data do passarápeloColiseu quarta-feira, a mostrá-lomundo forae,dia17, muito pesadoemuito violento”. Anda comosendo“implacável, classifica-o emblemático,seu álbummais e de“Antichristmental o Superstar”, nasceudomesmoespaço disco entusiasmadíssimo.está Afirma que o dabanda,eMarilyn clássica Manson daformação Ramirez,Twiggy baixista mês passado. que editouo odisco End OfLow”, High anos.Ouseja,2009e“The Dois umpouco. ia que esperássemosmais estava paravir. Seosoubesse, dir-nos- vampiresca. etranspirava luxúria flattery” “Mutilation themostsincere is form of como dedicava-lhe canções telediscos, metia anova namoradanos silêncio. Ohomemestava apaixonado, o renascimento apósquatro anosde Drink Me”, oálbumde2004,marcava Me, Marilyn Manson,“Eat Segundo (portas abrem às20h).Tel.: 223394947. 25€a35€. R.PassosPorto. Coliseu. Manuel, 137. 4ªàs21h00 Marilyn Manson senhor p Nova visitado há cinco anos, com “Best Of”, eis eis Of”, anos,com“Best há cinco deumaestreia Depois prometedora, 22h00. Tel.: 213103400. 10€. SãoJorge. Cinema Lisboa. Av. Liberdade, 175. 3ªàs Gomo de Nosy A primeira vez Marilyn deregresso Mansonestá Do álbum,sabemosque recupera o Foi gravado comoregressado Claro que Mansonnãosabiaoque rovocação 8 ECTS 180 www.mestradoilustracao.com.pt Candidaturas oaaifraã addtr online candidatura e informação a Toda M.L. Gomo apresenta osegundoálbum,“Nosy” ªfase 1ª Ípsilon •Sexta-feira 12 Junho 2009• 5d uh 8d Julho de 18 a Junho de 15 pelos palcos. primeiraincursãode“Nosy” nesta formato concerto? Éoque severá parao serãoadaptadas características antecessor. éque Como estas maduro mais um disco ericoque o Não possuiovigor daestreia, masé inevitavelmen novo, O criava essailusãodesimplicidade. primeiro álbumpossuía essafrescura, O em três eficientes. frasesmusicais ou reconstruir emoçõescomplexas deevocar tem nadaque saber: trata-se pop emGomo, aparentemente, não electrónicos eosarranjos coloridos.A sucedendo comosmovimentos omesmo mantêm-se, das guitarras uma sonoridadecaleidoscópica. alargado,soluções mais reagindo a voz procura deGomo umnaipede sólidas ecomprimidasa são mais relação aoseuantecessor. Ascanções em ediferenças semelhanças naturais com Éumdisco álbum, “Nosy”. Gomo, deregresso comosegundo Paulo Gouveia, verdadeiro nomede curta existência, mas a sua masasua existência, curta Ensembletem aindauma Electric Fundado em2007, oSond’Ar-te Tel.: 214848900. Entrada livre. Humberto 6ªàs20h30.Sáb. IIdeItália. às21h00. Centro CulturalCascais. Av. deCascais. Rei eelectrónica artístico (director sonora),MiguelAzguime projecção Paula Azguime(desenhodesome Marco Perreira (instrumentistas), Pinto, AnaTelles, Lidegran, Suzanna Streitová,Monika Duarte Nuno Frances Lynch (soprano) Pedro Amaral(direcção) Sond’Ar-te ElectricEnsemble Fernandes agrupamento. ao primeiro CDdo delançamento também Um que concerto serve Electric Sond’Ar-te inovador do O percurso Clássica Mas, no geral, os esboços melódicos Mas, nogeral, osesboçosmelódicos Vítor Belanciano Vítor Cristina Cristina te, é diferente. te, édiferente.

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40 Francisco. Damas, Pedro Carneiro ePedro novas obrasdeAnaSeara,João comleituras de uma sessãopública Ensemblerealiza ainda te Electric oSond’Ar-Centro CulturaldeCascais, Pedro Oliveira. no Nodia12,também Miguel Azguime,e“Timshel” deJoão inclui“Derrièredisco sonDouble”,de apresentado no finaldoconcerto o primeiro CDdogrupo, que será Music Portugal também eque integra deumaencomendadaMiso resulta Religions”, dePedro Rocha, que Azguime, e“To aWorld Free From Nie”, para pianosolo, deMiguel Será possível ouvir“Del’étant qui le recentes autores de dois portugueses. Lynch -comcomposiçõesmais Frances britânica cantora daexcelente participação Schoenberg, coma Lunaire”, de passado -o“Pierrot música doséculo uma dasobras-chave da filosofia aocombinar representativo dessa ébem Cascais) 21h30, noCentro Culturalde do séculoXX. dorepertório páginas emblemáticas de paralelo comaapresentação em comelectrónica, de câmara denovas peças ecriação divulgação e pretende serumfocode maestro ecompositor Pedro Amaral de oito músicos dirigidapelo Studio. Azguime noMiso doprojecto)eporPaula artístico director por MiguelAzguimetambém desenvolvida aolongo deváriosanos decorrentes daexperiência epesquisa acústicos emeioselectrónicos, forma estruturanteinstrumentos a nível europeu que combinade França). no estrangeiro (Espanha, Polónia e várias apresentações emPortugal e relevante einovadora, incluindo dirige ogrupo O maestro Pedro Amaral Além da peça dePedroAlém dapeça Rocha, o O próximo (dia13, concerto às fixa O grupotemumaformação deumdosrarosTrata-se ensembles actividade musical temsido musical actividade •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 Concertos em Alcobaça Cistermúsica, Festival Neves no Ana Ester e flauta transversal). (voz,peças piano, decordas quarteto que reúne osefectivos dasrestantes O’Neill, recorre aumainstrumentação deumpoemaAlexandre Partindo compositora SofiaSousaRocha. encomendada pelofestival àjovem umanovaabsoluta partitura de cordas. de Percy Shelley, paravoz equarteto tramonto”, deRespighi, sobre texto decordas;piano equarteto e“Il expressionista paravoz, esimbolista, Chausson, páginadeinfluência a “Chanson perpetuelle”,de traduzidos porEvariste Désiré Parny; dailhaBourbon tradicionais depoemas apartir compostas acompanhar o canto, correspondendo correspondendo acompanhar ocanto, para formações instrumentais explora obrasque usampequenas paravozrecital epiano, oprograma (flauta transversal). Inácio Guenrik Elessin(violoncelo)eNuno (violino), Alexandre Delgado(violeta), José Pereira (violino),Arthur Soulès formado porAlexei Eremine (piano), Neves eoEnsembleContrapuntus, semana, pelasoprano AnaEster destefim-de- oconcerto destaque apresentadas emconcerto. Merece europeia vezes que poucas são e damúsica portuguesa história comum enalgumaspreciosidades da Delgado -emprogramas forado Alexandre compositor evioletista -o doseudirector artístico é aaposta até dia20, emAlcobaça Cistermúsica, Uma distintivas dasmarcas doFestival Sapinho, dia13, às21h30. Benedita (Alcobaça), Centro Cultural Gonçalves Ana EsterNeves (soprano) Ensemble Contrapunctus Música deAlcobaça Cistermúsica -XVII Festival de música decâmara Preciosidades da Será aindaapresentada emestreia Em vez do tradicional formato do Em vez formatodo dotradicional assim aumaabordagem mais violoncelo e foram violoncelo eforam ampla ediversificada do ao piano, àflauta eao conceito de música de de conceito demúsica Ravel, que recorrem câmara, que é o que éo câmara, madécasses”, de de madécasses”, principal fio fio principal “Chansons “Chansons interpretadas as interpretadas as deste ano. Serão condutor daedição C.F. Sara Tavares Sara John Holmes La Prohibida +DJ Andy + Punch Entrada livre. Arraiolos. Praça LimaeBrito..6ªàs22h00. Deolinda 14€. Moniz. 6ªàs21h30. Tel.: 212739360. 17€. Pré-venda: TeatroAlmada. Av. Municipal. Professor Egas Ánchel(flauta). Cristina Com Joana Musical: Direcção Carneiro. Orquestra Gulbenkian 21h30. Tel.: 271205241. 5€. Guarda. Teatro Reis, 6ªàs 12. R.Batalha Municipal. PedroGraci (guitarra). HipauchaLeandro (contrabaixo), solo), BielBallester(guitarra Com BielBallesterTrio Tufeiras. 6ªàs22h00. Tel.: 249839190. 20€a30€. Torres Novas. Palácio dos Desportos. das Bairro Mariza sexta 12 Agenda Tanira +Stygiens (dia). Passe Festival: 15€. Sáb. às18h00. Tel.: 226057080/2. 7,5€ Porto. Palácio R.D. deCristal. Manuel II. Divertidos Mosca Tosca +Os 227335860. 15€ a30€. Sales -Silbalde.Sáb. às22h00. Tel.: Espinho. Nave Polivalente. Lugar de Mariza 289888100. 20€a22€. Figuras -EN125.Sáb. às22h00. Tel.: Faro. Teatro Hortadas Municipal. Mayra Andrade 103. Sáb. às22h00. Tel.: 213143399. 10€. LXFactory.Lisboa. R.Rodrigues Faria, Xeg +Tekilla +Skunk Berio. Obras deBritten,Azevedo e 18h00. Tel.: 214815901. Entrada livre. Verdades deFaria. Av. 1146 Sabóia, Sáb. -B. às Museu daMúsicaMonte Estoril. Portuguesa -Casa SérgioAzevedoCom (comentários). SérgioAzevedo. Musical: Direcção Música deLisboa Ensemble daEscolaSuperior de Quinteto deSopros Giv’’Me Five às 21h30. Tel.: 271205241. 7,5€. Guarda. Teatro Reis, Sáb. 12. R.Batalha Municipa. J.D. Allen(saxofone tenor). (contrabaixo), Derrell Green (bateria), (piano),DwayneGrissett Burno JeremyCom Pelt (trompete), Danny Jeremy Pelt Quartet sábado 13 23h00. Tel.: 22.2444223. R.JoséPorto. ArmazémdoChá. Falcão, 180. 6ªàs Wire +Slimmy +rasheed The Happy Mothers +Chemical Sodré. 6ªàs01h30. Tel.: 213430107. do MusicBox. 24-Cais Lisboa. R.Nova doCarvalho,

Mariza Com Pedro Com (piano). Gomes Pedro Gomes Torres às22h00. -Vizela. Entrada Dom. livre. São Paio Vizela. Parque dasTermas. Rua Dr. Abílio Deolinda às22h00. Tel.:Dom. 226156500. 12€.Pré-venda: 10€. Porto. Museu deSerralves. João 210. deCastro, R.Dom Tony Conrad &GenesisP. Orridge 14domingo Rachmaninoff eSchumann. Brahms, Tchaikovsky, Gluck, Christoph Obras deJohann SebastianBach, Sáb. às17h00. Tel.: 219233200. 20€. Seteais. Palácio deSeteais.R.Barbosa duBucage, 10. (piano). JianWangCom (violoncelo), Fang Yuan Jian Wang eFang Yuan 15€. 21h45. Tel.: 226057080/2. 7,5€ (dia).Passe Festival: Porto. Palácio R.D. deCristal. Manuel II.Sáb. às quarta 17 2ª às19h00. Tel.: 213612400. 10€ Centro CulturalLisboa. Praça deBelém. doImpério. (bateria). Moreira (contrabaixo), Marco Franco Rui (piano),Bernardo Com Caetano Rui CaetanoTrio Ver textopág. 26 2ª e3ªàs21h00. Tel.: 213612400. 5€a25€. Centro CulturalLisboa. Praça deBelém. doImpério. Metropolitana deLisboa. (contrabaixo). Orquestra Com Carlos (viola),Paulo Proença Paz portuguesa), José Manuel Neto(guitarra (piano),Camané(voz), Mário Laginha Com Costa. Cesário Direcção Musical: Orquestra Metropolitana de Lisboa Camané, MárioLaginhae segunda 15 Obras deBeethoven eProkofiev às18h00. Tel.:Dom. 220120220. 5€. Pç. daMúsica. Porto. Casa MouzinhodeAlbuquerque. A (aoJardim Constantino).4ªàs Alípio Carvalho Neto: Diggin’ Lisboa. EspaçoAPAVLisboa. &Cultura. Rua José 135- Estevão Mota (bateria), Gil Gonçalves (tuba). (tuba). GilGonçalves (bateria), Mota Neto(saxofone), AlípioC. Com André 18h30. Tel.: 213587915. Deolinda Xeg Mau +BuddaPower Blues Cabaret! +EnaPá2000Monstro Irmãos Catita +Caisdo Sodré Gimba +José Cid+ZéPedro +Os Jazz noFarol. 5ª às22h30. Tel.: 214815380. Entrada livre. Farol-MuseuCascais. Rua deSantaMarta. doFarol. (percussão). Nakatani Edwards (contrabaixo), tatsuya RafaelToralCom John (amplificador), Rafael Toral Trio doMundoMúsicas Festim -Festival de Internacional (sujeito adescontos). de Valdemouro. 5ªàs22h00. Tel.: 5€ 234811300. Estarreja. Cine-Teatro Rua Municipal. doVisconde Hermeto Pascoal 213240580. 28€. 5ª às21h30(portasabrem às20h30).Tel.: Coliseu dosLisboa. Recreios. R.PortasSt. Antão,96. Dream Theater quinta 18 Entrada livre. República. 5ªàs21h30. Tel.: 239855636. Coimbra. Teatro Académico deGilVicente. Pç. Corisco. Realejo Minguante, Roncos, Quarto Jara, BrigadaVictor DiaboaSete, Com Sementes deumPovo queCanta 5ª às22h00. Tel.: 213612400. Entrada livre. Centro CulturalLisboa. Praça deBelém. doImpério. (contrabaixo), Jorge Moniz (bateria). Resende (piano),João Custódio Júlio MárioDelgado(guitarra), Com Jorge Moniz Quarteto Alto.Bairro 5ªàs23h00.Tel.: 213430205. 6€. 59 Rua GaleriaZédos - Bois. Lisboa. daBarroca, Engelhardt (percussão). Raimund Ricardo Freitas (guitarra), (trompete), (trombone), Eduardo Lala soprano), Johannes Krieger (clarinete baixo Lopes e Gonçalo Com Interlúnio 22h00. Tel.: 266743133. 6€.Passe: 10€. Évora. Arena. Av. General Humberto Delgado. 5ªàs Sara Tavares +Dazkarieh e Sáb. às22h00. Tel.: 266743133. 6€.Passe: 10€. Évora. Arena. Av. General Humberto Delgado. 5ª,6ª 09 Internacional de Música de Évora Tocar deOuvido -Festival Festa doGui.Ajudar nãodóinada. 213467090. 10€. Maxime.Pç. 5ªàs22h30.Lisboa. Alegria, Tel.: 58. Homenagem a a Homenagem Michel Gia- Joana Carneiro cometti. ¬Mau ☆Medíocre ☆☆Razoável ☆☆☆Bom ☆☆☆☆Muito Bom ☆☆☆☆☆Excelente

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POP alguns desses projectos, ao lado dos Mark E ora em modo garage-rocker entusiasmante, Dirty Projectors, parecem ora refugiando-se num tom confessional, naturalmente convencionais. “Rise Above”, o auto depreciativo No labirinto anterior disco, já era uma obra maior. Mas agora conseguem criar um longa-duração ainda mais dos Dirty inspirado, emotivo e directo. Algumas canções parecem ensaios Projectors formais abstractos, mas amparados por harmonias vocais calorosas e mudanças de temperatura e de direcção desconcertantes. São “Bitte Orca” é mais uma canções com um centro notável fantasia nascida da reconhecível, mas distorcidas e desestruturadas por ritmos mente de . complexos. É um território sónico Vítor Belanciano livre, odisseia por elementos dos mais diversos idiomas (rock, blues, R&B, country, Ópera, clássica, pop Dirty Projectors africana), de onde sobressaem Bitte Orca guitarras que evocam África, Domino, distri. Edel orquestrações circulares e vozes folk Tendo por subtítulo “12 Songs Of man”, a última canção, são de resto Discos mmmmm harmoniosas. Desire”, “Hombre Lobo” não se exemplares: “Well it’s another warm Ao lado dos TV On The Radio ou limita a recuperar o som mais cru de day / in the city of cold hearts” seria Que música é dos , os Dirty “Souljacker”: é como se a arranque perfeito para a maioria das esta? A pergunta Projectors afirmam-se personagem adolescente e canções de E. A diferença, neste não se faz quando decididamente como um dos desadequada desse disco tivesse caso, está na concisão e na a música é grupos, da facção alternativa crescido e as inseguranças e inspiração das canções. São indecifrável. americana, mais inspiradores desta angústias anteriores cavassem mais imediatas e de arestas pouco Fazemo-la quando década. fundo. O homem está neurótico e limadas e impõem-se perante nós ela guarda insaciável e ouvem-se berros pela sua urgência. E são, ao mesmo qualquer coisa de familiar, com a distorcidos em “Prizefighter” e um tempo, curtas preciosidades pop qual nos possamos relacionar um O regresso blues-rock demoníaco na que se alojam no subconsciente às pouco, ao mesmo tempo que se nos do lobisomem contagiante “Tremendous primeiras audições. apresenta desconhecida. Como dynamite” - “She’s tremendous “Hombre Lobo” não será escreveu David Byrne, a música dos dynamite!”, grita o lobisomem. Mas considerado um dos grandes álbuns Eels Dirty Projectors parece feita por o homem, que não consegue manter dos Eels, mas é um óptimo disco de Hombre Lobo - 12 Songs Of Desire alguém que leu vagamente sobre a a fachada todo o tempo, é um tipo um escritor de canções inspirado. E Works; distri. Popstock estrutura da música pop, sem de coração destroçado que canta Mário Lopes realmente a ter ouvido. Mas não é mmmnn “the look you give that guy / I wanna apenas o edifício sónico. Também a see / looking right at me” na Pink Mountaintops forma de cantar e de tocar guitarra Depois do épico belíssima melancolia Beatlesca de Outside Love de Dave Longstreth, alma e razão de “Blinking Lights “The look you give that guy”, que, Jagjaguwar; distri. Sabotage ser dos Dirty Projectors, é invulgar. And Other Revela- trovador de guitarra e voz em Canta como se fosse um bom cantor tions”, depois de ambiente nocturno, se compraz na mmmnn a tentar ser mau. Canta como se uma compilação dor da saudade: “the longing is a fosse um mau cantor a tentar ser de êxitos e pain / a heavy pressure on my chest Stephen McBean é bom. Canta à sua maneira, com raridades (“Meet The Eels”), um / (...) The longing is a friend / a way um homem com modulação dramática, enquanto livro (“Things The Grandchildren to stay close”. duas cabeças. produz acrobacias desorientadoras Should Know”), e um documentário “Hombre Lobo”, com Mark E Uma gere os Black com a guitarra que se revelam, sobre o pai, o físico Hugh Everett III, protegido por longa barba, com os Mountain e vive afinal, precisas. Mark E regressa em modo conciso. Eels ora em modo garage-rocker envolta num Pode dizer-se que alguns dos “Hombre Lobo” tem 12 canções que entusiasmante, ora refugiando-se psicadelismo sujo, álbuns mais sedutores deste ano caberiam num LP de vinil e marca o num tom confessional, com pesados riffs herdados dos Black possuem características semelhantes regresso da barba desgrenhada de naturalmente auto depreciativo, é Sabatah a desenharem espirais (Animal Collective, Micachu and the “Souljacker”, o disco “voodoo-rock” um álbum onde se reflectem aqueles negras em seu redor. A outra lidera Shapes, Telephate, Grizzly Bear, de 2001. que são, desde sempre, os temas da os Pink Mountaintops, que, durante etc). É verdade. Mas mesmo assim, banda de “Daisies Of The Galaxy”. dois discos, foram o projecto lo-fi e Os primeiros versos de “Ordinary caseiro de McBean: em vez dos riffs dos Black Mountian havia muralhas de distorção à maneira dos Jesus and Mary Chain, em vez de longos breaks de bateria, havia backbeats desenhados em caixas de ritmos baratas. Mas a essa base acrescentam-se, em “Outside Love”, cordas sumptuosas, melodias frágeis cantadas por Lolitas, percussões massivas, melódicas e flautas. O produto final é uma espécie de mundo em que as primas rurais das Ronettes pegam em guitarras slide para criarem um Gospel rosa, em que o amor é motivo de lamentos cantados em coros catárticos à procura da redenção do Senhor. The Dirty Projectors: um dos grupos, da facção alternativa americana, mais inspiradores da década “Outside Live” começa com grandiloquência: “Axis: thrones of love” tem entrada à Phil Spector, com piano, pandeireta e percussão pesada para depois, em fundo, surgirem coros e cordas plangentes. Em “Execution” temos bateria em

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 41 JODY ROGAC muitos ebonsanos. por mantenha osenhorMcBean masderesto, quedisparatados, Deus outrês soul. Hádois temas à parachegar etudoisto country à noindierock, vai-se Começa-se coro sempre asubirnorefrão. a anteciparemtremendo umdepois soul menosseespera,metais quando slide,rock, coros háguitarra e, numa decrooning espraia-se espécie country, emregisto começa avoz “And chega depois Ithankyou”: improvável charangafolk-rock. E flautas desafinadas emfundonuma desce porentre órgãosdecirco, melodia de“Come Down” sobee Magnetic Fieldseéóptima.A deversão espécie negativa dos soaauma saído daLouisianna: órgãos crepitantes, violinoébrio com linhasdebanjodobradas por temos umacaravana country-pop, coros assomarem. Em“Holiday” os para depois acústica guitarra Clark, comcordas adobrarem a próxima douniverso deGene “Vampire” meiacountry, começa pares deenormescanções: dois Chain.Háand Mary mais dosJesus com clarainfluência tudo vintage, melodiaarrastada, 42 por muitos ebonsanos Mountaintops) (Pink Stephen McBean QueDeusmantenha osenhor •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 backbeat, ruído,backbeat, órgãos Discos João Bonifácio Carvalho ValentimArthouse; distri. de doContrabando Twist Os Tornados mmmmn por umTarantino Tipos português. ambiente debaile1960filmado explícito romantismo, deum Contrabando” vivem daquele do de“Twist canções catorze rock’n’roll, não, nãopode.As Tornados, nouniverso do elevada? Nouniverso dosportuenses vestido”. Pode haver mais aspiração orock’n’rollDançar /Etirar-te o quero noitecontigo épassaresta / oque eu que ouvimos:“Tudo isto canta eovocalista sobre acanção Farfisa luminoso estende umtapete acordes reverberantes, oórgão dolente,timbalões, aguitarra, toca música. Oritmoémarcado nos Os Tornados: swing deontem, electricidadedehoje “vagueando pelafeiradecopoa “vagueando verter” epandeiretas chocalhando para nosso chocalhando prazer, guitarras tremeluzentes, falsetes de rockabilly ou theremins silvando escapadelas sci-fi - sci-fi escapadelas tudo oque a mitologia rock’n’rollmitologia nos ensinou sera encarnação do encarnação últimos anos-e cool. Ao mesmo reavaliada nos recuperada e que é a sua que éasua o forma perfeita resumem de fim, OsTornados ao achegar está à espera”, disco E aliem“Denovo tempo, neste felizmente felizmente disco dos disco Mistério, Tornados, pega- se numa história Conjunto Conjunto Paulo ou tempo durante muito Académico João desconsiderada Conjunto Conjunto Sheiks, português de português - adorock Público Espaço Popstock distri. Rough Trade; Complications Further Jarvis Cocker mesmo dehoje. é ontem, aelectricidade povo abailar. O“swing” éde parapôro canções têm catorze 2009 éoanodosTornados eeles eafinalnãoénada disso. actual, rodopio eglamourretro muito Toca-se um“Veludo azul”, pianoem faculdade armadosemShadows. 1960, andavam aanimarbailesde de bandas anónimasque, nadécada homenageiam-se ascentenas de “Coimbra” emversão rock e sentidos.Toca-se emdois faz-se um mmmnn fundo ecoro norefrão. Atoada arrastado, combateriapoderosa em acelerado eposteriormente num riffclássicode guitarra, abre comotemahomónimo, assente ouàbalada.Odisco ao disco-sound aqui ealihajadesviosemdirecção riffs másculosdorock, mesmoque os estão Complications” “Further gozo em berrar. Nocernede nítido que oex- “clown” voltou ater (onovo )é Complications” disco ganho vergonha. Masem“Further Cockeros Pulpconseguiam. tinha golpe deasaeacoesãonosomque masaque faltavaclássicas sempre o que aspiravamcanções aser respeitável pop, eminência fazendo pareceu querer reescrever-se como abandonou apersona-Pulpe asolo, anos, disco dehádois burguesas. Pelo que noseuprimeiro relações sexuais comraparigas sobre revoltas porviade sociais enquanto cantava (esganiçado) chão, vestido deplumasrosa, futuro emcontinuar arebolar no idade fez-lhever que nãohavia perder noseupróprio boneco. A que dese iconoclasta, corriaorisco entesoadoe palhaço dacidade, de Era umaespécie violentas. sociais debochado que gerava observações sobre ele,concordando ou que lheapeteceuescrever DVD viu egostoutanto álbum, canção, concerto, livro, exposição, disco, Que fi Este espaçovai serseu. lme, peçadeteatro, vitalidade. Omovimentovitalidade. injecta-se-lhe nova injecta-se-lhe M.L. desesperado e histriónico, “clown” um única: umafigura criou Jarvis Cocker Ao lemedosPulp, publicamos. publico.pt. Enósdepois caracteres para ipsilon@ nos umanotaaté 500 que escrevemos? Envie- não concordando como mmmmn Tone ofaPitch Imaginário André Fernandes Jazz J.B. sacana. deste moralista idade, àvoz eaohumor lascivos) melhorà adequa-se coros kitch,metais femininosquase “You’re inmy eyes” (baixos roliços, barulhentos, oterritóriode deriffs berrar porcima que tenhaouvi-loa muita graça àvozna perfeição deCocker. Por (“You’re inmy eyes”), que assenta comumtema“disco”acabar muito, muito boae“Slush”) antes de ao universo Pulp(“Caucasian blues”, (“Fuckingsong”)epilhagensguitarra “Homewrecker!”), à disparates saxofones furibundos(uma óptima “Hold still”), temas dominados por baladas (“Inever saidIwas deep”, seguir, entre proto- dispersando-se controlada. perde Odisco coesãoa sarcástico, mascomavoz mais Cocker regressa aoseuregisto balada) éque oritmoamainae emregisto harmonias deguitarras anos 70, compianogingão, coros e (aproximação aosomdosStones dos “Pilchard” esóem“Leftovers” dominam também guitarras belo riff de guitarra suja.As belo riffdeguitarra do finaldosanos60, comum devedora dogarage rock “Angela”, canção segundo tema, segundo Em “Further Complications” voltou oex- “clown” Cocker se no mantém- disco anterior,disco “Cubo” (um dos como Mantendo onível alcançado momentode“scratch”.delicioso DJRidenum destaque particular “Imaginário”, que temaindaem éotemaque lhedátítulo,disco companhia. Um dospontos altos do e Frazão Sassetti, Laginha, forma através de dasboasdinâmicas de boascomposiçõesque ganham Fernandes desvenda umconjunto Andrédomínio instrumental, sem urgência. Paraalémdopeculiar construindo improvisações seguras, fraseado revela maturidade, Fernandes ofiocondutor. Oseu de naturalmente aguitarra coerência que marcaodisco, sendo de músicos diferentes háuma Apesar dasparticipações (scratch). Cavaleiro eDJRide (bateria) Moreira (contrabaixo), Marcos Cabaud (contrabaixo), Bernardo (piano eFender Rhodes),Demian os convidados Bernardo Sassetti juntou Alexandre (bateria), Frazão (contrabaixo) e Nelson Cascais Laginha (pianoeFenderLaginha Rhodes), André Fernandes aventura-se equipa. Aos Mário jáhabituais por novas paletassonoras Fernandes renovou asua guitarrista André guitarrista melhores discos novo o disco nacionais de2007), nacionais Para este André Fernandes Catarino aventura-se sonoras. novas paletas em também Nuno Nuno ¬Mau ☆Medíocre ☆☆Razoável ☆☆☆Bom ☆☆☆☆Muito Bom ☆☆☆☆☆Excelente

Bjorn Turoque, o punk que simula tocar power-chords em “Air Guitar Nation” Pegando em Poe, Corman investe num romantismo mórbida e obsessivamente tumular

Ligeia”), com “Ciclo Poe” (“House of Usher”, “Pit Kitty - depois, ouve-se uma canção Romantismo inspiração nos and the Pendulum”, “Masque of the dos Extreme e o homem fica ali, escritos de Edgar Red Death”...) mas é, como todos, braços contra o ar e expressões Allan Poe, fre- indispensável. faciais de metaleiro empenhado, a tumular quentemente cru- sentir-se no topo do mundo. Ele é o zando no mesmo campeão do filme. A morbidez de Edgar Allan título elementos Heróis da Bjorn Turoque é a sua Némesis. O Poe ao ritmo do “thriller”. colhidos em punk que salta em Pogo pelo palco, histórias e poemas simulando tocar power-chords e Luís Miguel Oliveira diferentes. São um guitarra rasgando t-shirts para mostrar o torso ponto central na obra de Corman, e adornado com a manifesto “make air, Sepultado vivo DVD por pelo menos duas razões. A pri- not war” - Bjorn perde Premature Burial meira, por serem filmes que, mesmo invariavelmente para C-Diddy. De Roger Corman Um micro-universo realizados com pouco dinheiro, Filmado em 2003, com algum Edição Divisa rock’n’roll: gente que quer aparecem desprovidos do folclore destaque no circuito de festivais em mmmmn “trash” que ainda faz, equivocamen- sentir-se como os ídolos. 2007 e agora editado em DVD em te, muita da fama de Corman. Bem Mário Lopes Portugal, o documentário mostra-nos Sem extras pelo contrário, são filmes quase lu- um micro-universo rock’n’roll, Na obra de Roger Corman como xuosos (cenários, fotografia), muito povoado de gente que quer sentir-se Air Guitar Nation realizador o chamado “Ciclo Poe” “clássicos”, onde se revela toda a como os seus ídolos. C-Diddy De Alexandra Lipsitz ocupa um lugar central. Oito filmes, fineza e sofisticação da “mise-en- reconhece que não tem talento Zon Lusomundo dirigidos entre 1960 (“House of scène” do cineasta americano. E a musical, mas quando se encaminha Usher”) e 1964 (“The Tomb of segunda razão, de alcance mais mmm n dos camarins do Roxy, em Los Roger Corman vasto: este “ciclo” constitui o mais Angeles, para o palco da final ameri- sistemático (mesmo “serialista”) Sem extras cana de “air guitar”, comenta: “O projecto de adaptação cinematográ- A determinado Iggy Pop já tocou aqui, vou juntar-me

RUI GAUDÊNCIO RUI fica de Poe, autor “infilmável” e de momento, o pivot aos grandes”. Bjorn Turoque até facto muitíssimo pouco filmado. da CNN comenta tinha uma banda, mas não ia a lado “Sepultado Vivo”, baseado no tudo aquilo de nenhum e ele decidiu pôr a guitarra “Premature Burial” e estreado em forma eloquente e de lado e dar um passo em direcção 1962, foi o terceiro momento do sucinta. “Aqui está ao estrelato. “ciclo”. Tem, em relação aos outros uma das coisas Quando o cenário passa dos EUA filmes, uma variação: é o único sem mais parvas que já para a Finlândia - é lá que se Vincent Price, aqui substituído por vi”. A “coisa” era organiza, em Oulu, o campeonato um Ray Milland a trabalhar num um concurso de “air-guitar”, o acto mundial - torna-se tudo mais sério. registo perturbado menos de simular tocar uma guitarra sem Ficamos a saber que o júri define as “flamboyant” do que o de Price mas guitarra. É um karaoke das seis pontuações segundo os critérios não menos intenso. Milland é Guy cordas: aquilo que fazemos no recato “carisma, sentimento, originalidade, Carrell, aristocrata propenso a do quarto com os Deep Purple em mérito artístico, capacidade técnica e ataques de catalepsia e horrorizado volume considerável, aquilo que destreza do ar”. Vemos os com a perspectiva de durante algum outros escolhem fazer em escuras concorrentes numa “cidade deles vir a ser enterrado pistas de discoteca quando se ouvem olímpica”, montada num bosque, prematuramente. Como nos outros guitarradas monumentais. O que “Air onde lhes é dada formação e onde se “filmes Poe” de Corman a adaptação Guitar Nation” nos mostra é que ensina a cartilha filosófica da “air é prodigiosamente inteligente: pega esses momentos reservados a festins guitar” - “o que importa não é o no “motivo” da história e, sem ébrios ou a epifanias adolescentes indivíduo, é a ‘air-guitar’”-, e deturpação do seu espírito, podem ser levados muito a sério. seguimos aqueles dois americanos transforma o que era um sussurro, O pivot da CNN diz “aqui está uma que se juntam a australianos, um monólogo interior à beira da das coisas mais parvas que já vi”. O austríacos, finlandeses, ingleses, loucura, numa narrativa “objectiva” e guru da air-guitar, Zac Munro, diz belgas ou noruegueses numa pormenorizada, com um espaço que “é uma forma superior de arte competição de egos e coreografias “habitável” pelo espectador. Uma performativa; meditação delirantes. espécie de “racionalização” da instantânea” e nós, enquanto vemos No dia da competição, são vistos loucura subjacente ao texto de Poe. o documentário de Alexandra Lipsitz por cinco mil pessoas em delírio de Ou um ponto de vista sobre ela, a que acompanha dois americanos, C- concerto rock e analisados por um partir do qual Corman fica com as Diddy e Bjorn Turoque, a caminho da júri, tal como em concurso televisivo mãos livres para criar ou recriar o glória no campeonato mundial, na de bailaricos. Nunca chegamos a imaginário doente das personagens Finlândia, não deixamos de achar perceber se levam tudo aquilo tão a (a cena do pesadelo de Milland, uma que aquilo é idiota - mas uma idiotice sério quanto parece. Parte da piada coisa “pré-psicadélica”) e investir que resultou num filme que é do documentário, de resto, reside num romantismo mórbida e entretenimento puro. nessa incerteza. obsessivamente tumular (o cenário C-Diddy, actor e comediante, filho Concursos de “air guitar” são das do mausoléu, as cenas com Milland de emigrantes coreanos, veste coisas mais parvas que já vimos, mas no seu interior), sem que o filme túnicas orientais, calças de rocker nunca imaginámos que seguíssemos deixe de responder às regras de um dos anos 1980 e, cereja no topo do tão interessados os 80 minutos de “thriller”. Não é o melhor filme do bolo, adorna o peito com a Yellow um filme a eles dedicado.

SŽrie ’psilon. Û1,95

premiado em veneza 1982 german film prize 1983 LEÌO DE OURO OURO PARA FOTOGRAFIA PRATA PARA PRODU‚ÌO

Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 43 44 •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 Cinema “Filmmaker”, Jeff Nicholsresponde Numa àrevista entrevista 19h20, 21h30, 24h; Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h30, 15h30, 17h30, 00h15; Medeia22h, Monumental:Sala3:5ª6ª 22h6ªSábado2ª14h, 20h, 20h, 16h, 18h, 16h,18h, Lisboa: Medeia King: Sala1:5ªDomingo 3ª4ª14h, MMMnn Ligon, Barlow Jacobs. M/12 Douglascom Michael Shannon, De Jeff Nichols, Shotgun Stories Histórias deCaçadeira tragédia. da e contra oespectáculo filmada contrao”western” um “western” trágico–mas que podiaser de vingança “indie” americano, história Um exemplar donovo trágico, sem “western” Como um da tragédia montagem para contrariar oespectáculo nos planoseumarespiração na Jeff Estreiam Nichols usaolaconismo, osilêncio “western”, sem tragédia Vasco Câmara Público Espaço nunca mais foram filmadas assim... foramfilmadasassim... mais nunca foramfilmadas, ou que mais nunca encontro depersonagens epaisagens entretanto perdida.respiração Eao aoencontro deuma cineastas Realizadores deCannes),evemos e Joshua Safdie (Quinzenados (2009),deBen someRosemary” Get exibiu –ou deummaravilhoso “Go Reichardt –filmesque oIndieLisboa “Wendy (2008),deKelly andLucy” Broadway” (2008),deSeanBaker, de Hammer,de Lance de“Princeof de“Ballast”(2008), Lembramo-nos sobrecontar onovo “indie”. a Parece umahistória está... seresta algures entre osanos60e70, lá adulto, foihámuito eisso tempo, era em queamericano ocinema que oregresso étambém aotempo – tobasics” paraum“back disposição novo “indie”encontramos a que vamostendocomo contacto anacrónico). anos éalgo que podesoar de31 o que dito porumcineasta por“Lawrencemarcado daArábia”, Nicholsficoude... (Eháoutra coisa: mexe, ousósemexe tem quando nãose narrativa, acâmara porisso vídeo, ofilmetem diálogos porisso e nãousou o vestimentas, porisso contemporâneoesuas cinema contraacorrente(2007): estar do que vem primeiralonga comesta ao Caçadeira”, explicita aindamais de intenções, nosite de“Histórias de nota e-branco, diz.Nasua anos 60, nosul americano, eapreto- que lugar, filmaria?”: ameiodos pudesse escolher, em emque época, dogéneroassim aumapergunta “se [ Ferreira. Tomas Alfredson pedras. Escreveu Vergílio Mas aspalavras são submete-nos aimaginá- para ofundodaneve, e acções queomite. Atira-as tais sãoasinúmeras as imagenssãopedras, por vezes, insinua que “Deixa-me Entrar”“Deixa-me Não éaprimeiravez que, no ], ¬ de vampiros sobre e sensações. História deemoções libertador um verdadeiro veículo, as omissõestornam-se e propõe oonirismo. E Recusa abanalização, a realidade dafi fronteira que nossepara, las, transpondo aténue Mau ☆ tendência paraaaridez). tendência decerta Caçadeira”, participa de “Shotgun Stories”, “Histórias para aabstracção, caminhar deotítulo (eatéofacto vinganças pós-11/09 contra avacuidade das surdina um“tema”, umdiscurso em programa, comoseouvíssemos corre como deseevidenciar orisco dofilme visão aumasegunda isso trabalha parafrustrareuforias–e anseiam comeuforia.MasNichols personagens eosespectadores duelo final,aquilo peloqual as “western” que vaipreparando o atribuir identidade... Podia serum setivessemos pais esquecido de lhes chamados Son,Boy eKid–comose do lado dos“abandonados”, realizador. contada Eéumahistória do sãoasdainfância adormecida personagens paisagem eesta deNichols–estas natal estado nodormenteArkansas, Passa-se religião, comnova mulher. criou deconvertidoesse pai,depois à alcoólico abandonou eaqueles que grupos defilhos,aqueles que umpai família dosul americano, entre dois entre facçõesdeuma vingança duas de deCaçadeira”, história “Histórias televisivo. dorealismo pragmatismo clássicoecomo restos docinema fazendoumasíntesecomos ecrã 60, passoudopequeno paraogrande Arthur Penn, ageração que, nosanos Rosenberg Stuart ou Ritt, Martin Caçadeira”, assimdesde nunca mais ou, pararegressarmos de a“Histórias (modelos visíveis nosfilmescitados), de John Cassavetes aBarbara Loden Medíocre Nicholas, dizíamos,trabalha É poresteterritórioque anda cção. ☆☆ Razoável ☆☆☆ Urbanística Gestão de Arquitectura anos, Estudante Figueiredo, 24 André Logrado de colocam opé... Eu direi, cuidadoonde ignomínia, diráamaioria. a adolescência,que Bom ☆☆☆☆ Lisboa: UCI Cinemas -ElCorte Inglés:Lisboa: UCICinemas Sala14: 5ª Mnnnn Guillermo Francella. M/12 com Gael García Diego Luna, Bernal, De Carlos Cuarón, Rudo yCursi Rudo eCursi Carver). McCarthyCormac ouRaymond assumidas paracomouniverso de paraalémdasdívidas(isto RosenbergHand Luke”, deStuart oude“Cool“Hud”, Ritt, de Martin de Terrence dolado Malick de emais menosdolado dapoesia filme está tenhaassumidoqueentrevista oseu que Não numa époracaso campo). sempre está forade como amorte daserpente; aformacom oepisódio aselipses ser umajuste decontas; eimpedeoque chega podia polícia (asequência emque a “bíblica” que contrariaumadimensão datragédia anunciada, espectáculo montagem que contrariao planos eexercita na umarespiração nos armas olaconismo, osilêncio deCaçadeira” –usacomo “Histórias distintivoquando –éomais em interessar peloirmãocommedo. E na narrativa. nosfaz Ouquando como quem diz:àprocura delugar terrenos deSon,Boy eKid,que é ocarro no lugar paraestacionar desastre ambulante,àprocura de cheio depensos,elepróprio Shampoo –que éafigura doagoiro: apersonagemsentido deirrisão – desde logo quando constrói com meticulosamente essafrustração Muito Bom ☆☆☆☆☆ Excelente Jorge Luís M. Mário Vasco As estrelas do público Mourinha Oliveira J. Torres Câmara Deixa-me Entrar mmmmn mmnnn mmmnn mmmnn Exterminador Implacável- A Salvação mmmnn mnnnn nnnnn nnnnn À Noite no Museu mmnnn mmnnn nnnnn nnnnn Cada um o seu Cinema nnnnn mmmnn mmmnn mmmnn Um Conto de Natal mmmmn mmmnn mmnnn mmnnn Génova mnnnn nnnnn nnnnn nnnnn Histórias de Caçadeira mmmmn nnnnn nnnnn mmmnn Rudo e Cursi mnnnn nnnnn nnnnn nnnnn Traidor mmmnn nnnnn mmnnn nnnnn O Último Condenado à Morte a nnnnn nnnnn nnnnn

Sábado 2ª 3ª 4ª 14h20, 16h40, 19h, 21h50, 00h10 nominais, porque o resto (incluindo existência, e “Génova” é um “Conto de Natal”: 6ª 14h20, 16h40, 19h, 21h50 Domingo 11h30, 14h20, a fotografia “queimada” e o final excelente exemplo disso: esta 16h40, 19h, 21h50, 00h10; a irritante ambíguo que hoje significam à história de um professor complacência Porto: Arrábida 20: Sala 9: 5ª 6ª Sábado Domingo distância “filme independente”) universitário e das suas duas filhas 2ª 14h20, 16h45, 19h15, 21h45, 00h20 3ª 4ª 16h45, com que 19h15, 21h45, 00h20; passa sem deixar rasto nem que se mudam para Génova para Desplechin memória. J.M. “exorcizar” a morte da mãe num se diverte Fecha-se o “círculo” da vaga acidente de automóvel parece uma mexicana: “Rudo e Cursi” marca o ideia em busca de uma história, um Génova “reencontro” da equipa do esboço de filme que ainda não Genova aclamado “E a Tua Mãe Também”, encontrou a sua forma definitiva. Há De Michael Winterbottom, com Gael García Bernal e Diego Luna bons momentos – sobretudo no lado com Colin Firth, Hope Davis, Monica de novo nos papéis principais e o observacional do comportamento Bennati. M/12 director original, Alfonso Cuarón, a das filhas, excelentemente produzir (com os conterrâneos Mnnnn interpretadas por Willa Holland e Guillermo del Toro e Alejandro Perla Haney-Jardine, e no ambiente González Iñárritu) a estreia na Lisboa: Medeia Saldanha Residence: Sala 6: 5ª 6ª fantasmagórico que Winterbottom realização do irmão (e argumentista Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h50, 15h50, 17h50, consegue criar a espaços — mas não 19h50, 21h50, 00h30; ZON Lusomundo Alvaláxia: daquele filme) Carlos. Mas a 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h40, 16h20, chega invocar a sombra tutelar de genealogia é mais interessante do 18h40, 21h25, 23h40; “Aquele Inverno em Veneza”, de que o resultado: “Rudo e Cursi” não Nicolas Roeg, e estar disposto a passa de uma comédia de costumes Há uma bulimia criativa intrigante correr riscos para daí resultar simpática mas dramaticamente no britânico Michael Winterbottom automaticamente um filme. J.M. previsível sobre a ascensão e queda que o vê saltar de projecto em de dois irmãos provincianos projecto e de género em género, erguidos a futebolistas-sensação que alinhar filme atrás de filme atrás de Continuam atacadas de uma infinita melancolia. contemporânea de neutralizar, se cedem às tentações da grande filme com uma voracidade Depois, vamo-nos apercebendo de não mesmo infantilizar, a carga cidade. O filme tem graça, sim – mas insaciável. E essa espontaneidade é que nada neste “conto moral” vai simbólica tradicional dos mitos do Um Conto de Natal a graça que tem deve-se sobretudo à estimulante numa altura em que para muito para além do cliché, vampirismo. “Deixa-me Entrar” não Un conte de Noël presença irresistível de Guillermo muito cinema parece desenhado caricaturando as regras escapa completamente a isso, com o De Arnaud Desplechin, Francella no papel do “olheiro” por comité. O risco, claro, é melodramáticas, mais interessado seu maniqueísmo corriqueiro e com Catherine Deneuve, Jean-Paul Batuta, uma criação assombrosa que que essa no efeito imediato do que no “sublimado”, entre um mundo Roussillon, Anne Consigny. M/12 “rouba” o filme às suas vedetas vertigem essencial. Assim, tudo soa a “déjà “feio” (o dos adultos na Suécia de de fazer MMnnn vu”, numa irritante autocomplacênci finais dos anos 70) e um mundo, filmes se com que o realizador se diverte. E, digamos, “cândido” (o do miúdo torne no Lisboa: Medeia King: Sala 3: 5ª Domingo 3ª 4ª no entanto, surge um curioso olhar protagonista). Por outro lado, único 15h, 18h15, 21h30 6ª Sábado 2ª 15h, 18h15, 21h30, sobre a família e sobre a memória do tratando-se de uma história de 00h30; motivo cinema que acaba por resgatar parte infância desamparada, a condição Porto: Medeia Cidade do Porto: Sala 4: 5ª 6ª para a sua Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 15h, 18h15, 21h30; exercício no vazio em que “Conto de da “vampira” assemelha-se à de um Natal” se constitui. M.J.T. “amigo imaginário” e ganharia a ser A uma primeira leitura, parece que explorada enquanto tal, deixando-a “Conto de Natal” resolve alguns dos na sombra - o que o filme não faz, Deixa-me Entrar impasses narrativos da costumeira preferindo a enésima injecção sobre Låt den rätte komma in / Let the “chateza” dos filmes de Arnaud a dificuldade existencial dos Right One In Desplechin, com personagens vampiros. Ainda assim, se se deixa De Tomas Alfredson complexas, sobretudo ver sem extraordinária maçada, e com Kåre Hedebrant, Lina a de Catherine visto que Alfredson filma com Leandersson, Per Ragnar. M/16 Deneuve, cuidado mas sem muita imaginação MMnnn (toda guardada para o “clou” na piscina), é por causa da sobriedade Lisboa: Medeia Monumental: Sala 1: 5ª 6ª (e, no caso dela, mesmo alguma Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 16h45, rudeza) do par protagonista. Luís 19h15, 21h45, 00h15; Miguel Oliveira Porto: Arrábida 20: Sala 4: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 14h, 16h35, 19h10, 21h50, 00h35 3ª 4ª 16h35, 19h10, 21h50, 00h35; Exterminador Implacável: A Salvação “Esqueça Terminator Salvation “Rudo e Cursi”: uma comédia ‘Crepúsculo’”, diz De McG, de costumes simpática mas uma frase usada com Christian Bale, Sam dramaticamente previsível pela publicidade Worthington, Bryce Dallas Howard, ao filme, e a Helena Bonham Carter. M/12 verdade é que há algo de Mnnnn Michael Winterbottom salta de fi lme ligeiramente para fi lme, de género para género... mas irritante nesta Lisboa: Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 5: 5ª Domingo 13h10, 16h10, 18h40, 21h25 6ª onde está o cinema? moda

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Ípsilon • Sexta-feira 12 Junho 2009 • 45 46 •ÍpsilonSexta-feira 12 Junho 2009 23h45 2ª3ª4ª16h, 18h25,21h15;23h45 ZONLusomundo Sábado13h15,21h15, 18h25,21h15, 23h45 16h, Domingo 13h15, 16h,18h25,21h15 6ª16h,18h25, 4ª 21h50, 00h20;UCIFreeport: Sala1:5ª Shopping: Sala4:5ª6ªSábadoDomingo 2ª 3ª 18h40, Castello 21h20, Lopes-RioSul 23h50; 15h30, 18h40, 6ª2ª3ª4ª15h30, 21h20, 23h50 Shopping: Sala2:5ªSábadoDomingo 12h55, 4ª 15h40, 18h40, 21h30;Castello Lopes-RioSul Sábado 12h45, 15h40, 18h40, 21h30, 00h202ª3ª 18h40, 21h306ª15h40, 18h40, 21h30, 00h20 Barreiro: Sala4:5ªDomingo 12h45, 15h40, 21h25, 00h15; Lopes-Fórum Castello 6ª SábadoDomingo 15h35, 18h25, 2ª3ª4ª13h, 21h30, 24h;ZONLusomundoVasco daGama:5ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h30, 16h15, 18h50, 21h10, 24h;ZONLusomundoTorres Vedras: 5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h10, 15h50, 18h30, 00h20; ZONLusomundoOeiras Parque: 5ª6ª 21h20 6ªSábado15h20, 18h20, 21h20, Miraflores: 5ªDomingo 2ª3ª4ª15h20, 18h20, 21h45, 00h20;ZONLusomundoDolce Vita Colombo: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 12h45, 15h20, 21h25,00h05; 18h, ZONLusomundo Colombo: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª Domingo 2ª3ª4ª21h20, 00h15; ZONLusomundo Lusomundo CascaiShopping: 5ª6ªSábado 4ª 13h10, 15h50, 18h30, 21h10, ZON 23h55; CascaiShopping: 5ª6ªSábado Domingo 2ª3ª 18h30, 21h20, 00h10;ZONLusomundo 5ª 6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª13h40, 16h, 21h30, 23h40, 00h10;ZONLusomundoAmoreiras: Sábado Domingo 15h40, 2ª3ª4ª13h, 18h20, 21h, 21h25, 24h;ZONLusomundoAlvaláxia: 5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h20, 16h35, 19h05, 21h30, 24h;UCIDolce Vita Tejo: Sala2:5ª6ª 15h30, 18h30, 21h30Domingo 11h30, 15h30, 18h30, 5ª Sábado2ª3ª4ª15h30, 18h30, 21h30, 24h6ª -ElCorteInglés:19h15, 22h;UCICinemas Sala5: 14h15, 16h45, 00h306ª14h15, 19h15, 22h, 16h45, Inglés: Sala9:5ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª -ElCorte19h30, 00h30;UCICinemas 22h, 5ª 6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª14h30, 17h, 21h45; Teatro: Medeia Monumental:Sala4-Cine Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h10, 16h40, 18h40, 21h30;Medeia Fonte Nova: Sala2:5ª6ª 13h50, 16h,18h40, 21h302ª3ª4ª13h50, 16h, 13h50, 16h,18h40, 21h30, 24hDomingo 11h30, 13h50, 16h,18h40, 21h30, 24hSábado 11h30, ClassicAlvalade: Sala3:5ª6ª00h10; CinemaCity 00h10 6ª2ª3ª4ª14h, 16h10, 18h20, 21h35, Sábado Domingo 11h45, 14h, 16h10, 18h20, 21h35, PequenoCampo Praça deTouros: Sala2:5ª 4ª 13h45, 15h55, 18h30, CinemaCity 21h45, 23h55; 11h35, 13h45, 15h55, 18h30, 6ª2ª3ª 21h45, 23h55 Beloura Shopping: Sala1:5ªSábadoDomingo 14h, 16h10, 18h30, 21h55, 00h05; CinemaCity 14h, 16h10, 18h30, 21h55, 00h05 Sábado2ª3ª4ª Alegro Alfragide: Sala8:5ª6ªDomingo 11h50, 4ª 13h40, 15h50, CinemaCity 18h05, 21h35,23h45; 11h30, 13h40, 15h50, 6ª2ª3ª 18h05, 21h35,23h45 Alegro Alfragide: Sala7: 5ªSábadoDomingo Domingo 2ª3ª 4ª21h40, 00h10;CinemaCity Lopes -Loures Shopping: Sala 5:5ª6ªSábado 2ª 3ª4ª13h20, 16h, 18h40, Castello 21h10, 23h40; - Loures Shopping: Sala 1:5ª6ªSábadoDomingo Sábado 14h, 16h30, 21h45, Lopes 24h;Castello 19h, Domingo 2ª3ª 4ª14h, 16h30, 21h45 6ª 19h, 18h40, Lopes-Londres: 21h25;Castello Sala2:5ª 16h10, 18h40, 21h25,00h202ª3ª4ª16h10, “Exterminador Implacável:“Exterminador Salvação” queriaserjogode computador 16h10, 18h40, 21h25,00h20Sábado13h10, Cinema dos outros. forimpossívelquando uns distinguir filmes. Oimpasseresolver-se-á queremjogos decomputador ser computador, comoalguns tanto Salvação” queria serumjogo de “Exterminador Implacável: não explorada. Nofundo, este passa deumaalínea,enunciada mas não natureza -masmesmoisso sobretudo comMarcus dupla easua àspersonagensalguma atenção - explosão, muita barulheira).Há (muitas luzinhas,muita de artifício condimento deumfestival defogo pobremente comosimples servido erevisto, visto para darestá nessa “revolução” -tudooque tem doque mais umimpasse registar seja, vive denãopoder nafrustração sequela,esta prequela, ouláoque americano. Dir-se-ia quedo cinema determinante na“revolução digital” anos 80e90, umcapítulo Os “Exterminadores” foram,nos 21h40, 00h102ª3ª4ª15h40, 18h40, 21h40; 18h40, 21h40, 15h40, 00h10Sábado13h, 18h40, 5ª Domingo 15h40, 13h, 18h40, 21h406ª15h40, 21h40, 00h30;Castello Lopes-8ªAvenida: Sala 1: Sábado Domingo 2ª3ª4ª12h50, 15h30, 18h20, 00h30; ZONLusomundoParque Nascente: 5ª6ª Domingo 2ª3ª4ª12h30, 15h30, 18h30, 21h40, Lusomundo NorteShopping: 5ª6ªSábado 13h20, 15h50, 18h30, 21h30, 00h15; ZON Marshopping: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª4ª 18h40, 21h30, 00h10;ZONLusomundo 13h20, 18h40, 16h, 21h306ªSábado13h20, 16h, Lusomundo MaiaShopping: 5ªDomingo 2ª3ª4ª Sábado 13h10, 15h40, 18h20, 21h30, 00h30;ZON Domingo 2ª3ª4ª13h10, 15h40, 18h20, 21h306ª 21h30, 00h15 ;ZONLusomundoGaiaShopping: 5ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h10, 15h50, 18h40, 21h50; ZONLusomundoDolce Vita Porto:5ª6ª Sábado Domingo 2ª3ª4ª14h, 16h30, 19h30, 21h45; doPorto:Sala1:5ª6ª Medeia Cidade Domingo 15h, 17h30, 21h45 2ª3ª4ª15h30, 21h45, 00h05 17h30, Sábado15h, 21h45, 00h05 -Penafiel:21h45; Cinemax Sala2: 5ª 6ª15h30, 00h05 Domingo 15h,17h30, 21h45 2ª3ª4ª15h30, 15h30, 21h45, 00h05 17h30, Sábado15h, 21h45, daPraça -Cinema :Sala1:5ª6ª00h35; Cinemax 00h353ª4ª16h50,19h25, 22h, 19h25,22h, 12: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª14h10, 16h50, 4ª 16h20, 18h55, 21h30, 00h05; Arrábida 20:Sala Domingo 2ª13h40, 16h20, 18h55, 21h30, 00h05 3ª Porto: Arrábida 20:Sala15: 5ª6ªSábado 21h20, 00h10; Sábado Domingo 2ª3ª4ª13h10, 18h40, 16h, 00h15; ZONLusomundoFórum Montijo:5ª6ª 4ª 13h20, 16h, 18h40, 21h35,23h40, 21h, Almada Fórum: 5ª6ªSábadoDomingo 2ª3ª L.M.O. Internet Pina Ribeiro Ribeiro Pina La Chambre Verte O QuartoVerde De Monta Bell. Torrent A Torrente De Robert Mulligan. The Other O Outro De Robert Aldrich. Apache O Último Apache 15 Segunda, R. Barata Salgueiro, 39 Tel. Lisboa. 213596200 Cinemateca Portuguesa De Monta Bell. De Monta Bell. Upstage Desilusões doPalco De David Lean. Doctor Zhivago Doutor Jivago Zanussi. De Krzystof Iluminacja A Iluminação De Robert Mulligan. The Nickel Ride De Mario Monicelli. I Soliti Ignoti Gangsters Falhados Quarta, 17 De MikioNaruse. Tsuma Esposa De Jacques Tourneur. Stars inMy Crown De Robert Mulligan. Up theDown Staircase O Último Degrau De Monta Bell. After Midnight Depois daMeia-noite De Howard Hawks. Ceiling Zero Entre Nuvens Terça, 16 De MikioNaruse. Shu-u Chuva Súbita Truffaut.De François Ribeiro Ribeiro Ribeiro connosco. Venha construirestesite suplemento, éoutro desafi www.ipsilon.pt Estamos online.Entre em 22h -SalaLuísdePina 19h -SalaFélix Ribeiro 19h30 -SalaLuísdePina 21h30 -SalaFélix Ribeiro 22h -SalaLuísdePina 22h -SalaLuísdePina 15h30 -SalaFélix 15h30 -SalaFélix 15h30 -SalaFélix 19h -SalaFélix Ribeiro 19h30 -SalaLuísde 19h -SalaFélix Ribeiro 19h30 - Sala Luís de 19h30 -SalaLuísde . Éomesmo 21h30 -SalaFélix 21h30 -SalaFélix o. o.